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CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PARA A GESTÃO DE PESSOAS 1
Nicole Landivar Cabrera2
Maria Paula Pereira Matos de Almeida3
Resumo: Este estudo teve como objetivo principal, compreender a contribuição da neurociência
para a gestão de pessoas. Caracteriza-se por uma pesquisa bibliográfica, com revisão não
sistemática da literatura. A classificação desta pesquisa é descritiva de abordagem qualitativa.
Para a obtenção dos dados, foram utilizados artigos científicos e, como fonte, as bases de dados
Scielo, Redalyc, Pepsic e Google Acadêmico. Neste estudo, foi abordada a psicologia
organizacional para melhor compreensão dos processos mentais na área. É uma ciência aplicada
ao estudo do comportamento humano no trabalho tanto em nível individual, grupal e
organizacional. Os dados evidenciam que a neurociência contribui com o desenvolvimento
pessoal, estimula o processo de aprendizagem, otimiza habilidades, assim como minimiza os
níveis de estresse existente nas organizações.
Palavras-chave: Neurociência. Gestão de Pessoas. Psicologia Organizacional.
Abstract: This study aimed to understand the contribution of neuroscience to the management
of people. It is characterized by a bibliographical research, with non-systematic review of the
literature. The classification of this research is descriptive of qualitative approach. To obtain
the data, scientific articles were used and, as a source, the databases Scielo, Redalyc, Pepsic
and Google Scholar. In this study, it was also approached the organizational psychology to
better understand the mental processes in the area. It is a science applied to the study of human
behavior at work both at the individual, group and organizational levels. The data show that
neuroscience contributes to personal development, stimulates the learning process, optimizes
skills, and minimizes stress levels within organizations.
1 INTRODUÇÃO
Na realidade organizacional, pensada nas diversas instituições, existe uma preocupação
em potencializar ao máximo o desempenho do indivíduo e a própria instituição com vistas à
obtenção de melhores resultados. Diante da urgência de intensificar o rendimento das pessoas,
surge a necessidade de compreender o funcionamento do cérebro e o comportamento humano
1 Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação em Psicologia da Universidade do Sul de
Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo (a). 2 Nicole Landivar Cabrera acadêmica do curso de Psicologia. E-mail: [email protected] 3 Maria Paula Mattos professora orientadora. Mestre em Ciências da Saúde (Universidade do Extremo Sul Catarinense).
E-mail: [email protected]
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dentro do contexto organizacional. A neurociência complementa tais estudos e apresenta
notável contribuição para a gestão de pessoas. Hamel (2010) afirma que a gestão de pessoas
tem de ampliar e agregar as capacidades humanas para criar condições que inspirem e
incentivem as pessoas à tarefa de darem o melhor de si e possam, assim, fazer coletivamente o
que não poderiam fazer individualmente.
Estudos apontam que a neurociência propõe conhecer e compreender o processo do
desenvolvimento do ser humano e, com isso, auxiliar no entendimento do comportamento
através do estudo do cérebro humano. Este campo tem grande relevância para diversos
estudiosos e cientistas pela possibilidade da compreensão dos pensamentos, emoções,
comportamentos, sonhos e imaginação, que são fenômenos que constituem o ser humano
(RIBEIRO, 2013).
Pesquisas recentes mostram dados significativos decorrentes do cérebro humano, como
a capacidade da evolução, adaptação a situações e lugares novos, assim como a aprendizagem,
desenvolvimento de habilidades em diferentes contextos, entre outros. Segundo Relvas (2011),
por muitas décadas, acreditava-se na ideia de que o cérebro permanecia igual por toda a vida,
mas os estudos realizados comprovaram que o cérebro muda a cada experiência. Nesse sentido,
e tendo em vista o avanço das tecnologias, surge o interesse em compreender como este
conhecimento colabora para a gestão de pessoas. O interesse é buscar por mudanças assertivas
e baseadas em evidências científicas, na espera de bons resultados, permitindo um novo olhar,
mais amplo, do comportamento do ser humano dentro do campo da neurociência e no contexto
organizacional.
A neurociência é um campo da ciência que foca o estudo do sistema nervoso central
(SNC), como: funcionamento, desenvolvimento e estruturas. Explica o funcionamento das
células nervosas dentro do encéfalo, auxilia na compreensão da atividade do cérebro
relacionado à psique e ao comportamento humano, à forma como são produzidos todos os tipos
de conduta e demonstra como isso é influenciado pelo ambiente. Relvas (2011 p. 22) afirma
que “A neurociência é uma ciência nova, que trata do desenvolvimento químico, estrutural,
funcional e patológico do sistema nervoso. As pesquisas científicas começaram no início do
século XIX”. Através do estudo do cérebro humano, é possível compreender da melhor forma
o seu funcionamento que se encontra em constante desenvolvimento.
Todo o conhecimento científico exige responsabilidade na sua utilização, sendo que,
para aplicar a neurociência na gestão de pessoas, é necessária uma formação correta a partir de
um aprofundamento teórico e de estudos científicos. Chiavenato (2014) coloca que a principal
vantagem competitiva das empresas decorre das pessoas. Partindo deste enunciado, a gestão de
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pessoas se refere ao conjunto das estratégias que são empregadas no interior das organizações
com o finalidade de potencializar as habilidades de seus colaboradores. Na gestão de pessoas,
os funcionários são seres humanos com inteligência, conhecimentos, competências e
habilidades que se preparam para os possíveis desafios. Segundo Chiavenato (2000), o capital
humano é de extrema importância para uma empresa, para o autor, a ordem e o foco dos
colaboradores é o significado de produtividade, qualidade e competitividade. A neurociência
na organização vem para estimular novas habilidades, não só nos relacionamentos interpessoais
como também nas práticas realizadas na organização. Hamel (2010) argumenta que as empresas
precisam de inovação em gestão para impulsionar o sucesso empresarial.
Este trabalho tem, como objetivo, descrever as aplicações e contribuições da
neurociência para a gestão de pessoas com base em pesquisas científicas publicadas, seguindo
as palavras-chave como: neurociência, gestão de pessoas e organização. Desta forma,
demonstra relevância para a comunidade acadêmica por se tornar fonte de referência para
futuros trabalhos sobre o tema. Ainda para o meio científico, poderá demostrar importância ao
permitir o desenvolvimento de estratégias baseadas na neurociência para potencializar o capital
humano nas organizações. Para a comunidade em geral, proporcionará um melhor
entendimento e também servirá como fonte de informação científica.
1.1 NEUROCIÊNCIA: HISTÓRIA
Existe grande interesse do meio científico, como também da população em geral, em
querer compreender as sensações, motricidade e emoções do ser humano, fenômenos que se
relacionam com o sistema nervoso. A neurociência é o resultado das várias tradições científicas:
anatomia, embriologia, bioquímica, neurologia e psicologia. Também se relaciona com outras
disciplinas científicas como: a ciência da computação ou a bioengenharia. Todas estas se
complementam para compreender o Sistema Nervoso Central e todas suas funções (CAVADA,
2012). Descartes, um dos mais importantes filósofos do século XVII, acreditava que o cérebro
controlava a conduta humana no que refere às habilidades motoras e que as habilidades
cognitivas residiam no espírito. Para o autor, os seres humanos possuem um intelecto e uma
alma recebida por Deus. Descartes apresentou grande dificuldade em relacionar corpo e mente
(UCHE, 2018).
Castro e Fernandez (2012) reportam-se ao pensamento de Aristóteles (384-322 a.C.),
um dos pensadores com maior influência na cultura ocidental. O autor afirmava que o centro
do intelecto do ser humano se encontrava no coração sendo este órgão o responsável pelo
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raciocínio. O famoso médico grego Hipócrates, por volta de 460 a.C., acreditava que o cérebro
era a única sede da razão e centro de todas as sensações do corpo (CASTRO; FERNANDEZ,
2012). Surgiu a pergunta na história da neurociência: Qual seria a localização das funções no
cérebro? O neuroanatomista Franz Joseph Gall foi pioneiro no estudo da localização das
funções mentais no Sistema Nervoso Central com seus revolucionários conceitos. O autor
garantiu que o cérebro não seria um só órgão, pois consistia em várias partes e cada uma delas
se relacionava com a função mental (CAVADA, 2012).
Paul Broca também contribuiu na neurociência com a descoberta da área de Broca,
centro da fala no cérebro. O autor estudou cérebros de pacientes afásicos (sujeitos incapazes de
falar). Broca acompanhou vários pacientes que, em sua maioria, apresentaram lesões no
hemisfério cerebral esquerdo (CARVALHO, 2018).
No século XX, o sistema nervoso central teve um novo significado com estudos
científicos dos tecidos da anatomia e o surgimento e desenvolvimento do microscópio. Nesse
século, o psiquiatra Hans Berger criou o eletroencefalograma (EEG) e descobriu que a alteração
das ondas elétricas no cérebro aumenta a excitação neuronal. O EEG é um estudo da atividade
elétrica do cérebro humano com foco na atividade excitatória ou inibitória (MARUEIRA;
FLORES, 2018).
Outro cientista que contribuiu de forma expressiva nos estudos científicos foi Santiago
Ramón Y Cajal. O autor formulou a doutrina neuronal do sistema nervoso central formado por
células independentes, cujo conhecimento teve uma importância fundamental para a
neurociência e para novos estudos científicos que permitiram uma melhor compreensão do
cérebro humano. No século XXI, a neurociência tem um enfoque multidisciplinar de todos os
questionamentos relacionados com o sistema mais complexo da natureza, sendo o cérebro
humano. As contribuições da neurociência apresentam um profundo conhecimento sobre a
percepção própria, relacionamentos interpessoais e auxiliam na compreensão de como o ser
humano interage com o mundo (CAVADA, 2012).
1.2 NEUROCIÊNCIA: CONTRIBUIÇÕES
Para Boni e Welter (2016), a neurociência busca descrever a atuação de milhões de
células nervosas no encéfalo responsáveis pelo comportamento humano, compreender como
estas células se relacionam no contexto do indivíduo, além de estudar formas de aprender novos
comportamentos por meio de conhecimentos adquiridos e vivenciados.
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Conforme Alcover e Rodríguez (2012), cada indivíduo possui um cérebro único, com a
possibilidade de se transformar e permitir novos conhecimentos e habilidades ao longo da vida.
Estas conectividades neuronais e mudanças experimentadas pelo cérebro são fenômenos
denominados de plasticidade cerebral ou plasticidade sináptica. Esta se refere às formações de
aprendizagens e das adaptações ao meio ambiente, através das modificações nas estruturas
neuronais. Para compreender este processo, é necessário citar o papel das sinapses, que são
zonas ativas do contato direto entre uma terminação nervosa e outros neurônios, células
musculares ou células glandulares. Nelas, participam os neurotransmissores que permitem
funções específicas do sistema nervoso para aprendizagem (ALCOVER; RODRIGUES, 2012).
Em situações de capacitação e treinamento de funcionários, por se tratar de um processo
de aprendizado, os neurônios são ativados para que vivenciem a experiência aprendendo novos
comportamentos. Para entender melhor este processo de aprendizagem, é importante mencionar
o grupo de neurônios chamado espelho cuja finalidade é refletir sobre atividades que estão
sendo observadas e, com isto, ter a representação mental da mesma. Conforme Ferreira,
Cecconello e Machado (2017), os neurônios espelho disparam ao compreender as ações de
outras pessoas. O fenômeno indica que este tipo de neurônio tem um papel na interpretação da
ação alheia, pois o observador, para saber identificar as ações do outro, deve ter a capacidade
de relacionar a intenção com os movimentos motores. Isso indica que os neurônios espelho
estão ligados ao processo de aprendizagem por meio da imitação.
Segundo Ferreira, Cecconello e Machado (2017, p.155),
O neurônio espelho quando em ação, parecem reproduzir internamente esses padrões
de ativação neuronal no observador, resultando possivelmente numa emulação do
comportamento, um entendimento da intenção e, consequentemente, a possibilidade de
gerar empatia para com o outro. Durante o diálogo entre duas pessoas, devido ao fato
de ambas terem NE, ocorreria uma imitação recíproca facilitada, estando na base das
relações sociais e da empatia.
Segundo Silva e Barbosa (2015), o neurônio espelho é uma célula nervosa que é ativada
em duas situações: ao executar uma ação e ao observar um indivíduo executando uma ação.
Com todo o avanço da tecnologia e da comunicação, exige-se desenvolvimento de novas
técnicas nas Organizações para, assim, transformá-las junto com seus colaboradores para que
tenham uma visão global e atual de seus processos. Por meio da ativação dos neurônios espelho,
desenvolvem-se e potencializam-se a suas habilidades para gerar um novo comportamento
(SILVA; BARBOSA, 2015).
A neurociência também contribui com ferramentas de muita relevância para a área
organizacional, como técnicas de meditação e relaxamento baseadas no controle da respiração.
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Tais ações comprovam eficácia por meio de estudos científicos, com a capacidade de gerar
mudanças no Sistema Nervoso Central. Segundo Delgado et al. (2010), desde os anos 1960 e
1970, alguns psicólogos como Antonio Blay e Alan Marllat, que foram pioneiros em aplicar
clinicamente a meditação, demonstraram melhorias positivas em seus pacientes. Nas últimas
décadas, esta ferramenta está sendo aplicada para melhorar a atenção, o índice fisiológico e
psicológico e, assim, desenvolver novas conexões neurais. Dessa forma, por meio da
plasticidade, o sistema nervoso central consegue adequar-se a determinadas condições e tarefas
aliviando o estresse que muitas vezes aparece pelas exigências do trabalho.
1.3 GESTÃO DE PESSOAS
A preocupação de uma empresa para alcançar as metas e objetivos começa por
desenvolver as pessoas que nela trabalham, conferindo total importância na orientação dos
comportamentos dos colaboradores e, assim, alcançar objetivos relevantes para a organização.
Conforme Bianchi, Quishida e Foroni, (2017), a gestão de pessoas é um processo que foca o
crescimento da empresa e também o colaborador, valorizando os esforços de cada um e suas
expectativas. Visa, também, a potencialização das habilidades, motivando os sujeitos a
desempenharem suas funções acompanhados de um olhar humano. O estudo da gestão de
pessoas é relacionado com conceitos teóricos da Psicologia, estratégia e também finanças.
Segundo Chiavenato (2014, p.36):
A organização indica os objetivos que pretende alcançar, focalizando a missão e a
visão, e oferecendo oportunidades de crescimento profissional que fortaleçam seu
negócio. As organizações bem-sucedidas proporcionam às pessoas um ambiente de
trabalho acolhedor e agradável, com plena autonomia e liberdade para escolher a
maneira de realizar seu trabalho.
São as pessoas que imprimem sentido e vida à empresa com habilidades e características
que dão movimento e ação dentro da organização. Castanheira e Falco (2012) argumentam: as
organizações estabelecem normas e regras necessárias para seus colaboradores, em consonância
com as políticas da empresa, uma vez que as tarefas definidas devem ser executadas. O termo
talento humano é considerado o recurso de grande relevância para o funcionamento de qualquer
empresa por meio de motivações, estímulo do potencial e uso de ferramentas adequadas. Assim,
a organização terá os resultados esperados.
Existem seis aspectos considerados fundamentais para os processos da gestão de pessoas
e estes são: agregar pessoas (recrutamento, seleção, integração), aplicar pessoas (modelagem
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do trabalho, avaliação do desempenho), recompensar pessoas (remuneração, benefícios,
incentivos), desenvolver pessoas (treinamento, desenvolvimento), manter pessoas (higiene e
segurança, qualidade de vida e relações com empregados), monitorar pessoas (banco de dados,
sistemas de informações gerenciais). São estes processos que conferem a estrutura para resultar
em um produto especificado (CHIAVENATO, 2014).
Nesse sentido, o talento humano dentro da organização vem para fortalecer o trabalho
em função das competências individuais de cada pessoa, alcançando metas, respeitando as
etapas de planificação, execução e controle. Nos dias atuais, as pessoas, dentro da organização,
possuem a capacidade de fazer transformações de serviço com os clientes, o que sinaliza o
potencial de trazer melhorias e inovações. Devido ao potencial desenvolvido, capacidades,
conhecimentos e habilidades, a pessoa na empresa representa uma vantagem competitiva
perante a outras organizações, pois se constitui única e difícil de se imitar. Quando a
organização faz com que as estratégias definidas frente ao recurso humano estejam totalmente
alinhadas com as estratégias definidas pela gestão, a coerência destes aspectos implica que os
processos executados pelos colaboradores confirmem um resultado eficaz e apropriado
(MONTOYA; BOYERO, 2016).
Para poder planejar, organizar e dirigir a gestão de pessoas na organização, é importante
mencionar o papel do líder. O gestor, ao assumir seu cargo, precisa de uma habilidade para
comandar os colaboradores, pois é ele que motiva, treina, estimula, escuta e se comunica com
as pessoas. Muitos dos desafios que o líder enfrenta estão relacionados a diferentes pessoas com
diferentes culturas, o que muitas vezes gera conflitos. Nesse contexto, o gestor precisa saber
compreender as necessidades e aspectos que envolvem o relacionamento interpessoal.
Para De Falco e Castanheira (2012), um dos grandes desafios que um gestor enfrenta é
gerenciar negócios que possam ir além dos lucros, pois, uma gestão que valoriza a qualidade
do trabalho obterá os resultados esperados.
Dentro da organização, o trabalho do psicólogo também ocupa um espaço importante,
colocando em prática a sua formação e seu conhecimento. Ao aplicar os princípios e
ferramentas da psicologia, o profissional é capaz de verificar o clima laboral entre funcionários
como também, individualmente, avalia o comportamento humano e intervém quando
necessário, entre outras funções. O profissional psicólogo dentro da organização atua como
facilitador e mediador dos grupos que a compõem, considerando o bem-estar dos indivíduos, o
contexto e a dinâmica da empresa (CAMPOS et al., 2011).
O psicólogo, como atribuição que lhe é peculiar, estuda e avalia a relação do ser humano
socialmente. Na organização, o profissional foi se adaptando e se desenvolvendo, a fim de
8
acompanhar as mudanças do mundo globalizado e mostrar novas habilidades que atendam às
diversas necessidades do mercado de trabalho. Conforme Oliveira e Caldeira (2015), o rápido
avanço da tecnologia e o grande crescimento do mercado de trabalho faz com que as pessoas
se adaptem e se adequem aos novos processos e novos padrões. As organizações focam nos
resultados e no lucro, mas não podem deixar de lado a qualidade de vida do trabalhador que
presta seus serviços. É aqui que o psicólogo atua, conhecendo e compreendendo o lado psíquico
do ser humano.
O psicólogo organizacional propõe fortalecer a saúde do colaborador e da empresa. Para
isso, é necessário que ele se aprofunde e estude as diversas culturas que surgem, o clima, as
metas estabelecidas, o trabalho em si acompanhado dos processos operacionais e as relações
interpessoais dentro da organização (OLIVEIRA; CALDEIRA, 2015).
1.4 NEUROCIÊNCIAS NA GESTÃO DE PESSOAS
A neurociência traz contribuições importantes para os processos da gestão de pessoas:
1 - Agregar pessoas: segundo Chiavenato (2014), este processo envolve práticas de
recrutamento e seleção e pode ser compreendido como qualquer atividade da organização para
encontrar e estabelecer uma relação de trabalho com pessoas. A neurociência contribui com a
neurociência social. Conforme Piemontesi (2014), a neurociência social cognitiva e afetiva é
um campo de estudo interdisciplinar que responde a questões fundamentais sobre a capacidade
do indivíduos de poder entender-se e enterder os outros indivíduos. Existem maneiras de tentar
compreender a experiência alheia como: a teoria da mente (habilidade cognitiva de
compreender e predizer comportamentos dos outros por meio do neurônio espelho), empatia e
emoções. Segundo Turner (2014), a neurociência social possibilita a capacidade das pessoas de
criar suas próprias teorias sobre como as mentes operam em situações sociais. A neurociência
social revela que as expressões culturais e sociais são um produto do nosso cérebro (TURNER,
2014). Através do conhecimento do cérebro humano, a neurociência vem se aproximando nessa
área com suas ferramentas que geram uma mudança positiva para a gestão de pessoas
(FERREIRA, 2014).
2 - Aplicar pessoas: na adaptação dos colaboradores na organização, englobam-se assuntos
como cultura da empresa, equipe de trabalho, motivação entre outras, sendo que a adaptação é
algo intrínseco ao ser humano. A gestão de pessoas tem um papel significativo para auxiliar na
adaptação do cargo. Fatores como o ambiente, satisfação e adaptação são de extrema
importância na organização (BOHNEN, 2012). A adaptação tem relação com a plasticidade
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neural. Para Boni e Welter (2016), adaptação é a capacidade do organismo em adaptar-se às
mudanças ambientais externas e internas, pois um cérebro ao receber estímulos faz com que a
conexão entre as células nervosas aumente; é capaz de se desenvolver por meio de novas
conexões sinápticas através do comportamento e experiências do indivíduo. Por meio da
plasticidade neural, o desenvolvimento do cérebro se encontra em constante mudança e pode
ter um efeito na estrutura física do cérebro (ALCOVER; RODRIGUEZ, 2012).
3 - Recompensar pessoas: conforme Chiavenato (2014), utiliza-se do processo de gestão de
pessoas para incentivar os funcionários podendo satisfazer suas necessidades individuais,
incluindo recompensas, remuneração e benefícios. Neste campo, a neuroeconomia busca
compreender a forma de tomar decisões humanas, a habilidade de poder processar diversas
alternativas, suas ações e quais serão os efeitos. Segundo Chavaglia (2018), é uma tentativa de
assumir boas decisões comportamentais dos agentes econômicos, para diferentes situações que
são apresentadas na vida do ser humano sendo um ser econômico. Muitos fatores interferem
numa decisão racional, o lado emocional interfere em grande parte pois muitas vezes o
indivíduo associa determinada compra ao prestígio pessoal, ou também por imitar tendências.
Na gestão de pessoas, a neuroeconomia vem contribuir em grande medida pelo fato de que
existem as tomadas de decisões de maneira coletiva, no que diz respeito ao bem comum. Uma
decisão inapropriada e irracional pode levar a organização a enfrentar problemas econômicos
como também interferir negativamente nos colaboradores (CHAVAGLIA, 2018).
4 - Desenvolver pessoas: é um processo da gestão de pessoas que se caracteriza por capacitar
os funcionários. Tem como objetivo estratégico o crescimento e a sustentabilidade das
organizações para enfrentar as rápidas mudanças que os tempos atuais junto com a globalização
estão proporcionando (CHIAVENATO, 2014). Desenvolver pessoas no interior da organização
possibilita aquisição de estratégias e conhecimento como ao aplicar o neuromarketing. Segundo
Colaferro e Crescitelli (2014), busca-se compreender como ocorre o processo de tomada de
decisão a partir das atividades cerebrais do consumidor. Conforme Lima (2016), o
neuromarketing parte de estímulos assertivos de consumo como, por exemplo, atenção ao
produto por meio de elementos geradores de vínculos emocionais no conteúdo da propaganda,
elementos visuais que facilitem a comunicação, elementos criativos e de design, tecnologias
que gerem o interesse, luzes e som agradáveis também contribuem ao estímulo do consumo
(LIMA, 2016).
Assim como o neuromarketing, existe a neurolinguística que também mantém relação
com a neurociência, uma ferramenta para desenvolver a linguagem das pessoas, estudando os
mecanismos do sistema nervoso central (SNC). Esse campo auxilia no conhecimento e na
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compreensão da linguagem. Romero e Jacquin (2011) afirmam que neuro é o princípio básico
de que todo comportamento é o resultado de processos neurológicos e a linguística trata de
processos nervosos organizados sequencialmente em estratégias através do sistema de
linguagem e comunicação. Conforme Castillo (2017), nas relações humanas, tanto na
organização como fora dela, é muito importante a comunicação, por ser um dos processos
fundamentais que o ser humano possui, pois este é um intercâmbio de informações de todas as
perspectivas. Quando a comunicação é eficaz é porque o ser humano desenvolve um equilíbrio
e organização do seus pensamentos e suas ideias. A neurolinguística estuda a relação entre a
linguagem e o cérebro, no ambiente laboral, e permite uma melhor negociação e comunicação
(ROMERO; JACQUIN, 2011).
5 - Manter pessoas: segundo Chiavenato (2014), é o processo utilizado para criar condições
ambientais como também psicológicas satisfatórias para as atividades das pessoas. Nessa ótica,
cabe mencionar a importância da prática do relaxamento e meditação. Estudos evidenciam
que a realização da meditação e do relaxamento podem ter influências positivas no cérebro
humano, pois são habilidades que permitem modular a cognição mas também o comportamento,
gerando uma adaptação saudável ao meio. Pôr em prática essas atividades possibilita ao cérebro
estimular novas conexões neuronais, assim como novos padrões de funções mentais
(MENEZES; DELL’AGLIO; BIZARRO, 2011).
6 - Monitorar pessoas: neste processo, o papel do líder é de definir os resultados, é ser
responsável pela mediação da performance de equipe de trabalho, verificar se o rendimento é
de qualidade, focando, assim, uma melhoria contínua de forma a evitar possíveis defeitos em
todos os níveis e funções da organização (BARBOSA; GAMBI; GEROLAMO, 2017). Uma
ferramenta eficaz para que o líder compreenda os processos de funcionalidade do cérebro
humano, com vistas ao componente cognitivo no trabalho, é a neuroliderança. Poderá, dessa
forma, influenciar positivamente através de seu papel de líder, com uso de técnicas de
relaxamento e de meditação. A neuroliderança pretende melhorar as capacidades no
desempenho como líder, nas suas decisões, equilibrar a suas emoções, melhorar as relações no
ambiente de trabalho e a motivação da equipe. Contribui de forma positiva, não só aprimorando
as relações e a empatia, mas também auxiliando no processo racional, levando estas
características do líder para a gestão (OTALORA, 2017).
2 MÉTODO
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Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, pois se trata de uma revisão
não sistemática da literatura. Reúne artigos científicos publicados entre os anos 2010 e 2018
selecionados nos idiomas Português e Espanhol. O critério de seleção constitui-se da relação
entre Neurociência e a Gestão de Pessoas. Uma pesquisa bibliográfica consiste em resumir
ideias já debatidas e discutidas por autores que tratam sobre um tema ou uma questão específica,
reunindo as informações e dados que serão de auxílio para a base da construção da pesquisa
proposta partindo do tema escolhido (LORETI et al., 2017).
Nesse sentido, a revisão de literatura fornece uma visão geral acerca de um tema,
descreve e analisa as evidências e conhecimentos existentes e que foram cientificamente
comprovados. A classificação desta pesquisa é descritiva. Conforme Araújo e Borges (2018), a
pesquisa de classificação descritiva tem, como objetivo, descrever as características por meio
de uma análise do objeto de estudo, conhecendo o assunto sem manipulá-lo ou modificá-lo. A
abordagem utilizada será qualitativa, um método de investigação científica que tem, como
principal objetivo, interpretar o caráter subjetivo do assunto abordado. Observa, compreende e
descreve o problema, busca uma melhor interpretação sobre determinados assuntos que se
relacionam com o problema da pesquisa (ARAÚJO; BORGES, 2018).
As bases científicas utilizadas para reunir o material coletado foram: A Scientific
Electronic Library Online (Scielo), Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe,
Espanha e Portugal (Redalyc), Psicologia da União Latino-Americana de Entidades de
Psicologia (Pepsic), ferramenta de Google focado e especializado na procura de conteúdo e
literatura científico-acadêmica (Google Acadêmico). Estas bases proporcionaram acesso ao
conhecimento e ao levantamento dos dados por meio de artigos científicos publicados, seguindo
o critério de seleção das palavras-chave: neurociências, gestão de pessoas, psicologia
organizacional e organização.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a pesquisa realizada nas bases de dados Scielo, Redalyc, Pepsic e Google
Acadêmico, foram encontrados 15 artigos científicos que atendiam aos objetivos gerais do
estudo. Optou-se pela utilização de artigos tanto na língua portuguesa como também na língua
espanhola, o que contribuiu para um levantamento de dados mais amplo, considerados
relevantes para a finalidade do estudo. Em seguida, são apresentados os dados coletados dos
artigos científicos, elaborados em formato de quadros, com dados pertinentes aos objetivos
centrais da pesquisa bibliográfica.
12
Quadro 1 – Neurociência AND – Gestão de Pessoas
Artigos Autores Ano Localidade Tipo e estudo Objetivos Resultados
1 Piemontesi S. 2010 Córdoba,
Argentina.
Pesquisa
bibliográfica
estudo de caráter
descritivo e
exploratório.
Possibilitar
melhor
compreensão
sobre os
processos
básicos da
neurociência
social cognitiva e
afetiva.
Processos sócio
emocionais,
tipos de
transtornos
devido a uma
compreensão
social.
2
Carlos
Alcover e
Fernando
Rodríguez
Mazo.
2012 Madri,
Espanha.
Pesquisa
bibliográfica de
caráter descritivo.
Identificar o
significado e
o valor que
William James
deu ao conceito
de plasticidade
em sua análise
do hábito, e revê
o significado
desse conceito
em neurociências
sociais.
Plasticidade,
aprendizagem,
aquisição de
habilidades,
novos circuitos
neuronais.
3 Turner S.
2014 São Paulo,
Brasil
Pesquisa
bibliográfica,
estudo descritivo
de uma
abordagem
observacional.
Ampliar a
compreensão da
sociedade em
relação à
Neurociência
Padrão de
ciência social,
correlatos
cerebrais,
empatia da
criança além da
socialização.
4 Silva Alva e
Barbosa G
Iris.
2015 Belo
Horizonte,
Brasil.
Pesquisa
bibliográfica de
caráter
exploratório
sobre algumas
descobertas da
neurociência na
área de gestão de
pessoas.
Identificar
contribuições da
neurociência
destacando o
cérebro e o
comportamento
humano numa
visão
diferenciada na
gestão.
Importância da
observação,
organização
prioriza às
pessoas,
modernização na
forma de gerir
pessoas.
5 Ruíz Castillo,
Aliro
Gregorio.
2015 Caracas,
Venezuela.
Pesquisa
bibliográfica sob
um nível
explicativo.
Compreender o
modelo
comunicacional
focado em
programação
neurolinguística
destinada a
otimizar as
relações
humanas.
Utilizando como
base a
neurociência.
Comunicação
como base,
neurolinguística
como suporte
adequado.
(continuação)
13
(continuação)
6 M. Boni e
M. P. Welter.
2016 Itapiranga
SC, Brasil.
Pesquisa
bibliográfica de
caráter
exploratório.
Compreender as
atribuições da
neurociência
cognitiva e da
plasticidade
neural no
desenvolvimento
cerebral, bem
como as bases
neurológicas para
a aprendizagem.
Descrição das
principais partes
dos neurônios,
plasticidade
neural,
aprendizagem
contínua.
7 Thomé
Ferreira, W.
Weber
Cecconello e
Mariana R.
Machado
2017 Belo
Horizonte,
Brasil.
Pesquisa
bibliográfica de
caráter descritivo
e exploratório.
Propor
questionamentos
entre os
neurônios
espelho e
habilidades
sociais, e
benefícios na
neurociência.
Neurônios
espelho são
essenciais no
entendimento,
capacidade de
imitação para
comportamentos,
adaptação social.
Fonte: Pesquisa bibliográfica elaborada pela autora, 2019.
Ao reunir o marcador neurociências AND e o marcador gestão de pessoas no banco de
dados, encontram-se 7 artigos entre os anos 2010 a 2017. De tais estudos científicos, o ponto
em comum é de como a neurociência contribui no desenvolvimento cerebral por meio da
plasticidade neural. Para Alcover e Rodriguez (2012), o cérebro se modifica pela aprendizagem
adquirindo habilidades, influências interpessoais e sociais além de outras variáveis do contexto,
estabelecendo relações e circuitos neuronais que transformam seu funcionamento. Isto permite
uma constante adaptação e aprendizagem ao longo da vida do ser humano. Corroborando a
ideia, Boni e Welter (2016) afirmam que a plasticidade neural é o ponto crucial da existência
do ser humano, pois, a partir de determinados estímulos, as mudanças na localização dos
processos de informação do cérebro ocorrem de acordo com as novas experiências vivenciadas.
Estes estudos também trazem a compreensão das habilidades sociais como comportamentos
aprendidos. Segundo Ferreira, Cecconello e Machado (2017), uma das influências para
desenvolver habilidades sociais é a relação do ser humano com seu meio, uma forma aprendida
de respostas que compõem o modo da pessoa agir, sendo uma capacidade para poder expressar
suas emoções opiniões e atitudes no contexto social. Estes estudos abrangem aspectos técnicos-
científicos, como pesquisas de compreensão e questionamento, mas que se diferenciam pois
seguem diferentes linhas de abordagens. O ponto principal a ser considerado é que trazem dados
relevantes com a finalidade de alcançar os objetivos centrais da pesquisa bibliográfica.
14
Quadro 2 – Neurociência AND - Psicologia Organizacional
Artigos Autores Ano Localidade Tipo e estudo Objetivos Resultados
1 Arlinthon
David
Romero,
Maria
Claudia
Pomares
Jacquin.
2011 Magdalena,
Colombia.
Revisão
bibliográfica
exploratória.
Determinar a
relação conceitual
e prática
de Programação
Neurolingüística
com Psicologia e
Neurociências.
Atitudes e
aptidões uma
vital importância,
processos
práticos da
Psicologia levam
à execução.
2
Carolina
Baptista
Menezes,
Débora
Dalbosco
Dell’Aglio
e
Lisiane
Bizarro.
2011 Porto Alegre
RS, Brasil.
Revisão
bibliográfica
de artigos sem
limite de data.
Discutir a interface
entre alguns
pressupostos da
meditação e da
ciência psicológica
no que tange ao
bem-estar.
Meditação como
prática eficaz,
Meditação e
compreensão de
processos
psicológicos.
3 Fernanda
Oliveira
Santos,
Patrícia
Caldeira.
2014 Bahia, Brasil. Revisão
bibliográfica
exploratória,
reunindo artigos
até o ano 2014.
Investigar quais as
possibilidades de
atuação do
psicólogo
organizacional no
mercado de
trabalho.
Desafios para o
psicólogo
organizacional,
desenvolvimento
do psicólogo.
4 Lina Maria
Otalora.
2017 Bogotá,
Colombia.
Pesquisa
bibliográfica
de caráter
dedutivo de uma
abordagem
qualitativa
Analisar as
características de
líderes masculinos
e femininos na
visão da
neurociência no
ambiente
organizacional.
Mulheres líderes
demonstram
habilidade de
socializar,
homens líderes
focados no
planejamento.
5 R Carvalho
e M
Carvalho.
2018 Minas Gerais,
Brasil
Pesquisa
bibliográfica.
Tecer interseções a
respeito da
linguagem do
ponto de vista da
neurociência.
Regiões cerebrais
estão envolvidas
com a linguagem,
linguagem
simples e direta
contribui um
melhor
entendimento.
6 José
Chavaglia
Neto,
José
António
Filipe.
2018 Lisboa,
Portugal.
Revisão
bibliográfica de
caráter
exploratório.
Verificar técnicas
de neuroeconomia
de medição
neurocientíficas
que explicam
decisões
econômicas e
cientificas.
Neuroeconomia
representa uma
extensão e
evolução lógica
da análise
econômica.
Fonte: Pesquisa bibliográfica elaborada pela autora, 2019.
Ao reunir os marcadores neurociências AND e psicologia organizacional, foram
selecionados 6 artigos científicos entre os anos 2011 a 2018, selecionados na base de dados
citada com a finalidade de alcançar os objetivos da pesquisa e para uma melhor compreensão
15
da psicologia organizacional. Há muitas possibilidades do uso da neurociência nessa área, uma
delas aparece no quadro acima e é a meditação. Segundo Menezes, Dell’ Aglio e Bizarro (2011),
essa prática é vista como um treino da concentração que leva à superação da distração, quando
a pessoa se encontra em bom nível de concentração sofrerá menos desequilíbrio. Numa
perspectiva de qualidade de vida, este processamento será eficaz pois a pessoa avalia diferentes
âmbitos da sua vida. Romero e Jacquin (2011) afirmam que a neurociência irá proporcionar
uma mudança significativa aos processos implícitos em que se manifeste o ser humano em
termos organizacionais. Estes artigos abordam os fenômenos psicológicos presentes nas
organizações, cujos pontos em comum são: mapeamento entre características e as práticas do
ser humano dentro dos aspectos da neurociência. Chavaglia (2018) afirma ser uma ciência
multidisciplinar com aplicações valiosas para os avanços de todas as áreas. Por outra parte,
estes estudos demonstram em suas particularidades no que tange à psicologia e ao profissional
da área em atividades voltadas a neurociência sejam elas abordadas em teoria e em práticas.
São estudos com objetivos diversos alcançando o propósito da pesquisa bibliográfica.
Quadro 3 - Neurociências AND - Organização
Artigos Autores Ano Localidade Tipo e estudo Objetivos Resultados
1 Luis Carlos
Delgado,
Pedro
Guerra,
Pandelis
Perakakis e
Jaime Vila.
2010 Granada,
Espanha.
Estudo descritivo e
investigação de
campo.
Conhecer os
benefícios da
meditação e
relaxamento.
Atenção plena
em relação ao
relaxamento,
metacognição
emocional,
enfrentamento
da preocupação
crônica.
2
Claudia
Almeida
Colaferro e
Edson
Crescitelli.
2014 Vitória ES,
Brasil.
Uma pesquisa
exploratória
envolvendo
levantamento
bibliográfico e
investigação de
campo.
Investigar as
novas
informações que
podem ser
obtidas por meio
do
neuromarketing e
se elas ajudam na
elucidação do
conhecimento
sobre os
consumidores.
Entendimento
das reações dos
consumidores,
nova
perspectiva de
informações
sobre o estudo
do
comportamento
do consumidor.
Fonte: Pesquisa bibliográfica elaborada pela autora, 2019.
Ao reunir os marcadores neurociências AND e organização, encontram-se 2 artigos
científicos que têm como semelhanças uma busca pelo conhecimento do indivíduo a fim de
entender suas angústias e motivações, conhecer os aspectos físicos que interferem na qualidade
16
de vida e tomadas de decisões, por exemplo criando um ambiente favorável para o consumidor
também para o colaborador. Assim corroboram Colaferro e Crescitelli (2014), ao entender que
o comportamento do consumidor e do colaborador em uma sociedade marcada pela
complexidade é uma tarefa desafiadora. Assim, a aplicação da neuromarketing pode oferecer
ganhos na compreensão das reações das pessoas que estão envolvidas. As diferenças destes
estudos são entre os objetivos. Um visa lucro, no aumento de vendas, aproximação do cliente;
o outro, aproximar o colaborador por meio do equilíbrio emocional e o enfrentamento da
preocupação. Apontam Delgado et al. (2010) que uma das formas assertivas para o
entendimento da atenção plena é formular-se os seguintes questionamentos: “para que” e
“como” avaliando emoções e sensações para conseguir uma estabilidade emocional evitando
pensar de forma desorganizada de um determinado problema. Do mesmo modo, estudos
psicofisiológicos da meditação apontam que esta prática atinge claramente a função do sistema
nervoso central. Ambos estudos buscam coletar informações a partir de experiências no intuito
de auxiliar a organização e são considerados válidos para alcançar os objetivos da pesquisa
bibliográfica.
Ao observar os quadros apresentados, verifica-se a importância de aplicar a
neurociência na área organizacional, pois a rotina e o hábito mantido ao longo dos anos refletem
no funcionamento neuronal. Levando-se em consideração os dados, pode-se observar como a
neurociência oferece ferramentas e aplicações que não só possibilitam mudanças nos padrões
neuronais como também proporcionam saúde e qualidade de vida, reformulando atitudes dentro
da cultura organizacional. De forma geral, as pesquisas apontam para a relevância de conhecer
as contribuições da neurociência e sua eficácia na otimização dos processos organizacionais,
modificando a nossa percepção ao revelar como se dá a formação de novos neurônios e em que
medida o cérebro tem capacidade de se readaptar frente a um estímulo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho buscou compreender e descrever as aplicações e contribuições da
neurociência para a gestão de pessoas, a partir de uma revisão bibliográfica. Foram utilizados
artigos publicados nas bases de dados científicos: Scielo, Redalyc, Pepsic e a ferramenta de
Google focado na procura de conteúdo e literatura científico-acadêmica (Google Acadêmico).
Sustentando as diretrizes norteadoras da pesquisa, os objetivos foram atendidos de maneira
satisfatória, a partir das informações e dados levantados nota-se tamanha relevância da
neurociência dentro das organizações, em especial no que se refere à área de gestão de pessoas.
17
Atualmente, existe uma tendência científica em estudar os processos cerebrais que podem e
devem ser desenvolvidos nas práticas do psicólogo organizacional.
Adentrando em cada um dos seus processos, a neurociência pode ser aplicada com suas
ferramentas trazendo, assim, maior qualidade de vida no trabalho, desenvolvendo e
aprimorando o desempenho. Participa como uma fonte de conhecimentos científicos, auxilia
nas diversas funções laborais e apura aspectos psicológicos e sociológicos dos colaboradores.
A neurociência consegue estudar os profundos mecanismos do funcionamento do cérebro
modificando-o e desenvolvendo-o. A partir dos estudos realizados, a atuação do psicólogo em
campo pode desenvolver novas pesquisas com o intuito de ser melhor explorada a relação entre
a neurociência e a área organizacional, além de já conseguir aplicar o conhecimento até agora
desenvolvido. Diante disto, conclui-se que futuros estudos são indispensáveis para a obtenção
de mais informações sobre o tema e, assim, permitir uma compreensão mais aprofundada.
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