Convenção de Minamata sobre Mercúrio
Tatiana Pierre Francisco
Assistant Project Manager – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos
Ministério do Meio Ambiente
São Paulo, 23 de outubro de 2018
Seminário para Atualização sobre o Mercúrio e a Convenção de Minamata sobre Mercúrio
Conteúdo
1) Contexto
2) Ciclo do Mercúrio
3) Processo de Negociação da Convenção.
4) Conteúdo da Convenção
5) Entrada em Vigor
6) Ratificação e Promulgação da Convenção por parte do Brasil 7) Perspectivas
Contexto
O Mercúrio é um metal naturalmente encontrado na crosta terrestre, ocorrendo no ar, no solo e na água. Extraído do cinábrio.
Mercúrio e compostos: metálico ou elementar (Hg), mercúrio inorgânico e mercúrio orgânico.
Amplamente utilizado ao longo da história: - encontrado em tumbas egípcias com cerca de 1500 a. C, sendo usado em rituais religiosos até hoje.
- alquimia. - utilizado pelos povos pré-colombianos para extração de ouro. - uso no Brasil Colônia, e até hoje, na mineração artesanal de ouro. - curtição de feltro. - usos industriais. - uso em produtos.
Contexto
Acordo internacional que objetiva proteger a saúde humana e o meio ambiente das emissões e liberações antropogênicas de mercúrio e de compostos de mercúrio. Por quê ? Até 1900, a economia da cidade de Minamata era baseada na exploração agricultura e pesca.
Contexto
- Em 1908, a Chisso Corporation iniciou a produção de fertilizantes na
cidade.
- Com o acelerado desenvolvimento industrial no país, em 1931, a Chisso iniciou a
produção de acetaldeído, utilizado na produção de material plástico.
japonesa de
- Uso do sulfato de mercúrio como catalisador do processo.
- A empresa era responsável por 1/3 da produção
acetaldeído: + de 40 mil toneladas.
- Os efluentes industriais (com compostos de mercúrio) eram descartados
sem tratamento nas água da baia de Minamata.
Contexto
incapacidade
locomoção,
Doença de
- Notou-se alta mortandade de peixes e crustáceos na baia.
- Gatos começaram a apresentar sintomas incomuns:
motora seguido de morte.
- Pessoas começaram a apresentar dificuldades de
convulsões e perda progressiva da fala.
- Universidade de Kumamoto começou a investigar a
Minamata na região da baia.
- Identificação da causa da doença: exposição ao metil mercúrio.
Contexto
Contexto
- Efeitos da Exposição ao metil mercúrio:
sistema nervoso rins cardiovascular pulmões pele
- Atravessa a barreira placentária alterando a formação dos fetos.
- Mais de 2000 pessoas/fetos contaminadas.
Contexto
2) Ciclo do Mercúrio
Ciclo do Mercúrio
Ciclo do Mercúrio
3) Processo de Negociação
Processo de Negociação da Convenção
2001: o Conselho de Administração do Programa das Nações Unidas solicita ao PNUMA uma avaliação global sobre mercúrio e seus compostos (Decisão 21/5). 2002: publicação do Global Mercury Assessment. 2003: Conselho de Administração do Programa das Nações Unidas instiga os governos a adotarem metas para reduzir as emissões de mercúrio. 2007: Conselho de Administração do Programa das Nações Unidas solicita uma nova avaliação global (Decisão 24/3). 2008: publicação Global Atmospheric Mercury Assessment: Sources, Emissions and Transport.
2009: o Conselho concordou que as ações voluntárias até a data não foram suficientes. Indica a preparação de um instrumento global juridicamente vinculante para o tema. 2010: estabelecimento de um Comitê de Negociação Intergovernamental (INC) para elaborar um acordo internacional.
* mandato de cinco reuniões para concluir os trabalhos.
Processo de Negociação da Convenção
Processo de Negociação da Convenção
Reuniões Regionais na América Latina e Caribe Kingston/Jamaica (INC-1) 2010
Cidade do Panamá (INC-2 e INC-3) 2010 e 2011
Brasília/Brasil (INC-4) 2012 GRULAC - Brasília, maio de 2012
Bogotá/Colombia (INC-5) 2012
Processo de Negociação da Convenção
Adoção da Convenção de Minamata
Conferência Diplomática
Reunião dos Plenipotenciários 11 de outubro de 2013 em Kumamoto, Japão
92 países assinaram na ocasião
Processo de Negociação da Convenção
Processo de Negociação da Convenção (Brasil)
Comissão Nacional de Segurança Química (CONASQ)
GT Mercúrio
1ª fase) subsidiar a negociação do instrumento globalmente
vinculante sobre mercúrio.
2ª fase) subsidiar o processo de ratificação e a implementação
da Convenção.
Institui (2011)
MMA Ministério do Meio Ambiente - coordenador
MS Ministério da Saúde
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
MRE Ministério das Relações Exteriores
MME Ministério de Minas e Energia
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MT Ministério dos Transportes
MI Ministério da Integração Nacional
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
FIOCRUZ* Fundação Osvaldo Cruz
FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho
USP* Universidade de São Paulo
UnB* Universidade de Brasília
ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química - Indicou a ABICLOR (Associação
Brasileira das Indústrias de Álcalis, Cloro e Derivados)
ABEMA Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente
CUT Central Única dos Trabalhadores
ONG’s Organizações Não-Governamentais – Representada pela FBOMS – Fórum Brasileiro
de ONGs e Movimentos Sociais
Processo de Negociação da Convenção (Brasil)
4) Conteúdo
Conteúdo da Convenção Mercúrio: com 95% de pureza. Compostos: cloreto de mercúrio (I) (também conhecido como calomelano), óxido de mercúrio (II), sulfato de mercúrio (II), nitrato de mercúrio (II), cinábrio mineral e sulfeto de mercúrio. Usos Permitidos: (a)Produtos essenciais para a proteção civil ou uso militar; (b) Produtos para pesquisa, calibração de instrumentos, para uso como padrão de referência; (c) Onde não houver alternativas livres de mercúrio viáveis para peças de reposição, interruptores e reles, lâmpadas fluorescentes de catôdo frio e lâmpadas fluorescentes de eletrodo externo (LFCF e LFEE) para painéis eletrônicos e aparelhos de medição; (d)Produtos utilizados em praticas tradicionais ou religiosas; e
(e) Vacinas contendo timerosal como conservante.
Art 1º Objetivo
Art 2º Definições
Art 3º Fontes de oferta de mercúrio e comércio
Art 4º Produtos com mercúrio adicionado
Art 5º Processos de manufatura
Art 6º Isenções
Art 7º Mineração de ouro artesanal e em pequena escala
Art 8º Emissões
Art 9º Liberações
Art 10º Armazenamento provisório
Art 11º Resíduos
Art 12º Áreas contaminadas
Art 13º Mecanismos financeiros
Art 14º Capacitação, assistência técnica e transferência de tecnologia
Conteúdo da Convenção
Artigo 3º: Fontes de oferta de mercúrio e comércio
i) Maior controle da importação/exportação de mercúrio com troca de
formulários prévios de consentimento.
ii) Apenas para os usos permitidos ou destinação adequada.
iii) Identificação de estoques de mercúrio > 50 toneladas métricas.
Artigo 4º: Produtos com mercúrio adicionado
i) Proibição de fabricação, importação e exportação de determinados produtos
a partir de 2020: baterias, comutadores e relés, lâmpadas fluorescentes,
cosméticos, pesticidas e equipamentos de saúde.
ii) Ações para reduzir o uso de amalgamas dentários. Sem data de proibição.
Artigo 5º: Processos de manufatura
i) Maior controle de determinados processos industriais que utilizam
intencionalmente o mercúrio.
ii) Banimento de mercúrio na produção de Cloro-Álcalis a partir de 2025.
Conteúdo da Convenção
Artigo 7º: Mineração de ouro artesanal e em pequena escala.
i) Não proíbe o uso de mercúrio na atividade.
ii) Elaboração de um Plano de Ação Nacional.
iii) Objetivos e metas para redução, eliminação de mercúrio, controle de
processos de amalgamação, incentivo à formalização, estimativas de emissões e
liberações de mercúrio, questões de saúde etc.
iv)Foi produzido um guia para elaboração do Plano.
Artigo 8º: Emissões
i) Maior controle para as emissões de mercúrio de processos industriais que
não utilizam o mercúrio de forma intencional: termelétricas à carvão, caldeiras
industriais à carvão, processos de fundição e ustulação, incineração de resíduos e
produção de cimento klinker.
ii) Elaboração do inventário nacional de emissões em até 5 anos.
iii) Foi produzido um guia BAT/BEP para os processos listados.
Conteúdo da Convenção
Artigo 9º: Liberações
i) Indicação que devem ser empregados esforços para identificação das
fontes de liberações de mercúrio.
ii) Elaboração do inventário nacional de liberações em até 5 anos.
Artigo 10º: Armazenamento Provisório
i) Armazenamento adequado de mercúrio que ainda será utilizado nos usos permitidos.
ii) Foi produzido um guia de boas práticas.
Conteúdo da Convenção
Artigo 11º: Resíduos
i) Somente podem ser exportados para destinação final adequada.
ii) O mercúrio recuperado, reciclado ou reutilizado só podem ser
utilizados nos usos permitidos.
iii) Foi produzido um guia para gestão de resíduos de mercúrio.
Artigo 12º: Áreas Contaminadas
i) Indicação de que os países deverão adotar medidas para identificar e
gerir os riscos de áreas contaminadas por mercúrio.
ii) Um guia ainda será produzido.
Artigo 16º: Aspectos de Saúde
i) Esta questão é transversal a toda a Convenção, devendo
sempre ser considerada.
Conteúdo da Convenção
5) Entrada em vigor
Entrada em Vigor
A Convenção ficou aberta para ratificação desde novembro de 2013.
Entrada oficial em vigor após a 50ª ratificação.
50ª ratificação foi atingida em maio de 2017.
16 de agosto de 2017 - a Convenção entrou em vigor no mundo.
6) Ratificação e Promulgação
Ratificação da Convenção por Parte do Brasil
09/09/2014 – Encaminhamento para a Casa Civil com endosso de 5 Ministérios
(MMA, MME, MDIC, MS e MRE)
03/11/2014 – Encaminhamento para o Congresso Nacional - MSC 355/2014. 13/06/2017 – Aprovada na Câmara dos Deputados. 20/06/2017 – Aprovada no Senado. 07/07/2017 – Decreto Legislativo 99/2017. 08/08/2017 – Depósito do instrumento de ratificação na sede das Nações Unidas. 14/08/2018 – Decreto Presidencial de Promulgação (Decreto nº 9.470/2018).
7) Perspectivas
- Sensibilização quanto aos compromissos assumidos pelo Brasil
- Necessidade de planejar e implementar medidas para promover o aprimoramento
da gestão e uso do mercúrio
- Fortalecimento da capacidade institucional e recursos humanos
- Articulação interinstitucional
- Desenvolvimento de estudos (serão apresentados na segunda apresentação).
- inventário de emissões e liberações, análise do quadro regulatório, capa-
cidade laboratorial para análise de mercúrio etc.
- Definição de temas prioritários (garimpo, produtos, gestão de resíduos etc.)
Perspectivas
Obrigada!