UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
CURSO DE ECONOMIA
CRÉDITO RURAL ESPECIAL NA PEQUENA PRODUÇÃO:
UM ENFOQUE NO PAD HUMAITÁ PERÍODO DE 1988 A 1995
JOÃO DE JESUS SILVA MELO
Monografia apresentada ao Departamento de Economia da Universidade Federal do Acre - UFAC, como pré-requisito parcial para obtenção de grau de Bacharel em Ciências Econômicas, sobre orientação do professor Carlos Alberto Franco da Costa.
Rio Branco - AC
Agosto – 1997
Esta Monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Economia, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Econômicas,
outorgado pela Universidade Federal do Acre - UFAC, e encontra à disposição dos
interessados na Biblioteca Central da referida Universidade.
A citação de qualquer trecho desta Monografia é permitida desde que
seja de conformidade com as normas técnicas permitida pela ética científica.
____________________________
João de Jesus Silva Melo
Monografia Aprovada Em: ____ / ____ / _____.
_____________________________________
Carlos Alberto Franco da Costa
Orientador
_____________________________________
Membro
_____________________________________
Membro
A minha querida mãe
MARIA ODETE SILVA MELO
pela sabedoria, garra, coragem e determinação
em saber enfrentar o mundo
com todos os seus obstáculos
OFEREÇO
Aos meus filhos
Alexandre e
Alessandra Torres Melo,
Ao meu pai e companheiro
JOSÉ MELO CORDEIRO e
minha companheira de labuta
IOLENE SILVA DE MORAES,
A todos meus irmãos e sobrinhos
DEDICO ESTE TRABALHO
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo, principalmente, pela oportunidade de está sempre
próximo d'ELE.
À Universidade Federal do Acre - UFAC, em especial ao Departamento de
Economia, pelos conhecimentos adquiridos durante esta jornada, em especial ao prof.
CARLOS ALBERTO FRANCO DA COSTA, pela valiosa orientação e amizade
transmitida durante o curso.
Ao prof. Reginaldo de Castela, pelo apoio indispensável durante o curso.
Aos bibliotecários da UFAC - Raimundo, Carlinhos e seu José pelo
empréstimos das obras a serem consultadas.
Aos amigos de turma que conviveram comigo durante este árduos anos de
batalha.
Ao Nilson Josuá Costa, pela co-orientação, dedicação e paciência que teve
para comigo, além do incentivo e fornecimento de dados que complementaram este
trabalho.
Ao Raimundo Sampaio, Maria do Socorro Silva, pelo apoio e colaboração
na execução e arte final do trabalho.
Ao José Jesus S. Lima e Valdomiro Rocha, pelo aprendizado mútuo,
convivência, amizade e companheirismo.
Às bibliotecárias da EMATER-ACRE, Terezinha de Jesus, Maria do
Socorro e Ivanilde, por ajudar-me na busca dos assuntos pesquisados, bem como o
empréstimos das obras e acesso aos documentos da Instituição.
Aos colegas extensionista da EMATER-Acre, do INCRA, IBGE e BASA
pelo apoio e estímulo.
Ao Altamir de Souza, coordenador de operações da EMATER-Acre e
membro da Comissão do PROCERA, pelas informações creditícias que à minha pessoa
foi cedida e que foram de fundamental importância na elaboração deste trabalho.
A todos os amigos que diretamente ou indiretamente contribuíram para a
concretização deste trabalho, os meus agradecimentos e reconhecimento.
LISTA DE TABELAS
TABELA
I - RELAÇÃO DE DEPÓSITOS À VISTA/PIB, E DÍVIDA PÚBLICA
FEDERAL/HAVERES FINANCEIROS TOTAIS............................ 25
II - CRÉDITO RURAL - RECURSOS APLICADOS (1980/1991)...... 26
III - CRÉDITO RURAL - SALDO DAS APLICAÇÕES DA
POUPANÇA RURAL - 1987/82 (US$ MILHÕES)....................... 30
V - NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR LAVOURAS NO ACRE .. 48
V - CRÉDITO RURAL - 1985.................................................................. 53
VI - CRÉDITO RURAL-N. º DE PROJETOS EXECUTADOS EM 1986 53
VII - CRÉDITO RURAL - 1987................................................................
54 VIII - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS PELA
EMATER-ACRE ............................................................................ 60
IX - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS PELA
EMATERACRE1994......................................................................... 60
X - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS PELA
EMATER-ACRE, POR MUNICÍPIOS - 1995....................................... 62
XI - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS, CONTRATADOS
E EXISTENTES, POR MUNICÍPIOS - 1996 .................................... 64
XII - USO DA TERRA NO PAD HUMAITÁ NO ANO DE 1.988 ................. 65
XIII - PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO PAD HUMAITÁ - 1.995...................... 67
XIV - PRODUÇÃO BOVINA NO PAD HUMAITÁ - 1.988/95....................... 71
XV - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ESPECIAL ELABORADOS E
CONTRATADOS DE 1.988/95................ 82
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICOS
I - BRASIL - CRÉDITO RURAL (1.980/1.992) .......................... 23
II - USO DA TERRA COM CULTURA DE SUBSISTÊNCIA NO
PAD HUMAITÁ ..................................................................... 65
III - USO DA TERRA EM ( % ) NO PAD HUMAITÁ .................. 66
IV - PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO PAD HUMAITÁ .................... 67
V - PRODUÇÃO DE LAVOURA BRANCA EM ( % ) NO
PAD HUMAITÁ ....................................................................... 68
VI - CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE BOVINOS NO
PAD HUMAITÁ DE 1.988/95. ............................................... 72
VII - CRESCIMENTO DE PRODUTORES DE BOVINOS NO
NO PROJETO HUMAITÁ - 1.988/95................................... 72
VIII - PROJETOS DE CRÉDITO RURAL SUBSIDIADO (ESPECIAL)
ELABORADOS (E) E CONTRATADOS (C ) EM 1.988/95.... 82
RESUMO
O presente trabalho procurou estudar no espaço temporal de oito anos (1.988/95), a
dinâmica do crédito rural subsidiado na pequena produção - Crédito Rural Especial, dando
como enfoque principal o PAD Humaitá.
Para concretização do presente estudo foi realizada uma pesquisa de campo com
levantamentos em épocas diferentes, onde foram entrevistados cinqüenta e dois pequenos
produtores rurais em toda área do Projeto.
Como resultado obtido, observou-se que novo processo de concentração fundiária
encontra-se em andamento naquele Projeto, em decorrência da precariedade e da pouca
eficácia de infra-estrutura e apoio aos produtores assentados.
Verificou-se que não houve uma evolução da produção e nem da produtividade
na área agrícola, como também o extrativismo deixou de ser uma alternativa econômica
satisfatória, como se via em anos anteriores.
Apesar da introdução do crédito rural altamente subsidiado como o PROCERA e
FNO-ESPECIAL (PRORURAL), além do FNO-NORMAL, a situação sócio-econômica
das famílias rurais mantêm-se a um nível bastante baixo, onde várias famílias vivem em
condições sub-humanas e somente com o mínimo para sua sobrevivência.
As rendas advindas da produção agrícola, mesmo as financiadas, mantiveram-
se, praticamente, as mesmas do que as não financiadas, girando em torno de dois (02)
salários mínimos mensais, todavia, o que vem se consolidando é a expansão progressiva
da pecuária como alternativa econômica viável para pequenos e médios produtores rurais
do PAD Humaitá.
PALAVRAS-CHAVE:
Crédito Rural, Produção Agrícola, Alternativa Econômica, PRORURAL.
"A política de crédito rural com juros subsidiados não é um
instrumento eficaz de incentivo à agricultura, isto é, consegue
resultados pequenos relativamente aos custos que acarreta
para o Governo e para a economia. Uma vez que o crédito
pode ser fungível, o produtor pode aplicá-lo em uma
atividade mais rentável e não aquela atividade para a qual o
emprestador a destinou."
(João de Jesus S. Melo - 1.997)
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS..............................................................................................................6
LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................................7
RESUMO...................................................................................................................................8
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................13
O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA............................................................................13
CAPÍTULO I...........................................................................................................................18
CRÉDITO RURAL ESPECIAL............................................................................................18
A ORIGEM DO CRÉDITO E O CRÉDITO RURAL........................................................18
1.2 – Crédito Rural no Brasil.................................................................................................20
CAPÍTULO II.........................................................................................................................42
CRÉDITO RURAL E O ESTADO DO ACRE....................................................................42
2.1 - Breve Histórico - Jurídico..............................................................................................42
2.2 – Características da Pequena Produção Rural Acreana...............................................44
CAPÍTULO III........................................................................................................................55
O CRÉDITO RURAL NO PROJETO HUMAITÁ.............................................................55
3.1 - Características Física s e Sócio-econômicas do Projeto de Assentamento (PAD)
Humaitá...................................................................................................................................55
3.2 - Crédito Rural e Assistência Técnica no PAD Humaitá...............................................57
3.3 - Crédito Rural e Uso da Terra........................................................................................63
3.4 - Pecuarização e Concentração Fundiária......................................................................70
3.4.1 - Pecuarização no PAD Humaitá..................................................................................70
3.4.2 - Concentração Fundiária, o primeiro passo para o retorno do Latifúndio no
Projeto Humaitá......................................................................................................................74
CONCLUSÃO.........................................................................................................................77
1 - USO DA TERRA E ESTRUTURA DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA.................77
2 - A ESTRUTURA DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA, DO CRÉDITO RURAL E
FINANCIAMENTO NO ACRE E NO PAD HUMAITÁ...................................................78
BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................84
ANEXO I..................................................................................................................................86
PROCERA:.............................................................................................................................86
ANEXO II................................................................................................................................97
FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO NORTE - FNO................97
PROGRAMAS DE FINANCIAMENTOS DO SETOR RURAL.....................................102
Programa de Apoio à Reforma Agrária - PROCERA......................................................102
Programa de Apoio à Pequena Produção Familiar Rural-PRORURAL........................102
Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo - PRODEX...........................102
Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura PRODAGRI..........................104
Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Pecuária - PRODEPEC.............................105
Programa de Apoio à Preservação e Sustentação do Meio Ambiente PROSUMAM.. .105
Programa de Apoio às Microempresas de Atividades Selecionadas PROMICRO.......110
Programa de Desenvolvimento Industrial - PRODESIN..................................................110
Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria - PROAGRIN....................111
Programa de Desenvolvimento do Turismo Ecológico - PRODETUR............................111
Programa de Apoio ao Turismo Convencional - PROGETUR........................................112
Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica - PROCATEC.......................................112
ANEXO III............................................................................................................................116
CRÉDITO RURAL ESPECIAL..........................................................................................116
QUESTIONÁRIO.................................................................................................................116
INTRODUÇÃO
O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA
Nos países em desenvolvimento com capitalismo tardio, como o caso do Brasil, o
Estado assume um papel fundamental no financiamento dos investimentos em áreas as
quais a iniciativa privada não tem interesse em investir, devido ao elevado volume de
capital inicial necessário e aos longos prazos de maturação dos investimentos.
No Brasil, com as mudanças ocorridas no cenário sócio-econômico e político, na
década de 60, a economia, condicionada pelo processo de internacionalização das relações
de produção capitalistas, deu início a um novo ciclo de expansão na economia nacional.
Nesse momento histórico, o Estado sob pressão de distintos grupos econômicos, elaborou
um plano de integração da Amazônia à economia do País.
Tomando por relevância a “segurança nacional” e a necessidade de garantir novos
mercados consumidores, o Governo Federal implantou uma série de políticas econômicas
na Amazônia que foram de encontro aos interesses do capital monopolista internacional.
Segundo Oliveira (l.99l:63/64), “a política desenvolvida pelos governantes, a partir
de 1.964, no que tange ao assentamento do homem à terra não tem se mostrado viável às
necessidades dos pequenos produtores. Uma vez que os projetos de colonização
direcionados para a Amazônia, pelas características apresentadas não objetivaram
favorece ao pequeno produtor – o pequeno trabalhador rural – e sim amenizar tensões
sociais e conflitos ocorridos pela expulsão de terras em outras regiões do país, bem como
conter possíveis revoltas que colocassem em risco a estrutura vigente.”
Mediante a expansão do capitalismo na Amazônia, o trabalhador rural sentiu
concretamente a ação da selvageria desse modo de produção com relação à posse da terra.
Contudo, a resposta que o homem do campo dá a essa violência é diferente daquela
violência dada pelo operário fabril, pois a partir do momento em que este sente-se
ameaçado pela exploração do capital, cria-se com maior rapidez uma consciência coletiva
de classe acerca da violência que lhes fora imposta pelo capital, através da exploração da
força de trabalho, visando a extração da mais-valia. Enquanto, o Homem do campo
encontra-se em situação adversa: está envolvido em circunstâncias diferentes, este
trabalho isolado em sua propriedade, sem acesso à informação, além de não ter plena
consciência de que é o próprio Estado, enquanto representante de classes dominantes é
quem o expropria para atender as necessidades do capital, e ao mesmo tempo aponta
soluções que lhes são viáveis e assim, joga o homem à terra – montando os projetos de
colonização direcionados para a Amazônia que não visam oferecer as condições mínimas
necessárias aos pequenos produtores, assim como, deixa o mesmo vulnerável a expansão e
ataques do “grande” capital.
No Estado do Acre, a expulsão dos trabalhadores rurais, em especial os seringueiros,
quase sempre marcada pela violência, acentuou-se na primeira metade da década de 70,
quando a corrida pelas terras do Acre foi muito intensa. Entretanto, a política do Governo
Militar, para esse projeto de desenvolvimento, não pode ser compreendido, separado da
política de ocupação das terras amazônicas contidas no Estatuto da Terra ( Lei n.º 4.504,
de 30 de novembro de l.964).
Como conseqüência desta política desencadeou-se um intenso processo de
transferência de terras, aliados a uma certa decadência dos seringais nativos, em virtude
da existência de dívidas das empresas seringalistas junto ao Banco da Amazônia S/A
(antigo Banco de Crédito da Borracha). Essas empresas seringalistas, para se verem livres
de suas dívidas, entregavam suas terras para os empresários oriundos da região centro-sul,
que, junto com as terras compradas a baixos preços recebiam incentivos financeiros via
políticas governamentais. Essas políticas foram implantadas com a criação da
Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia – SUDAM e do Banco da Amazônia
S/A, l.966. Na década de 70, o governo federal adotou o Programa de Integração Nacional
– PIN. Criou-se o Programa de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agroindústria do
Norte e Nordeste – PROTERRA. Esse conjunto de medidas aliados a insolvência da
classe seringalista e seus credores, e a chegada de capitais nacionais e estrangeiros,
atraídos pelos subsídios e pelo baixíssimo preço da terra, altera a situação dos seringueiros
e trabalhadores rurais na região.
Com todos esses fatores favoráveis à penetração do capital, o governo adotou uma
política que privilegiou a expansão da pecuária, como substituto ao processo extrativista,
mas, sem levar em consideração a situação dos seringueiros e posseiros. Este estímulo à
produção pecuária ocasionou um processo migratório rural-urbano, aumentando
consideravelmente a população das periferias das cidades.
A evolução da população acreana na década de 70, mostra que enquanto a população
urbana obteve um crescimento de 122% , a população rural cresceu apenas 8,6%.
Com a chegada de novos capitais, além dos movimentos internos da força de
trabalho, o Acre passou a receber migrantes de outras regiões do País. Isso fez com que os
governos federal e estadual redirecionassem suas políticas, ampliando os projetos de
colonização, para aliviar as tensões sociais tanto no campo como na cidade.
Assim, o Estado do Acre, segundo Silva,(l.982:41), foi palco de um acelerado
processo de expropriação e exploração do pequeno produtor rural e do seringueiro pelo
grande capital monopolista sob proteção do Estado; o que ocasionou um constante
deslocamento desses trabalhadores rurais para a cidade que culminou com o surgimento
de inúmeros bairros periféricos, gerando grandes problemas de ordem social.
Porém Martins (l.991: 46), a propriedade da terra vem se tornando cada vez mais
inacessível a um número enorme de lavradores que dela necessitam para seu trabalho,
para especulação ou negócio. A situação agrava-se ainda mais para os pequenos
produtores agrícolas, uma vez que estes estão sendo expulsos de suas áreas de terra para
serem substituídas pelas “patas dos bois”, isto é, dando lugar às extensas pastagens.
A penetração da pecuária extensiva no Estado do Acre, em áreas antes ocupadas por
posseiros extrativistas, geraram zonas de tensão social e criam-se os primeiros espaços de
atuação do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – no Estado do
Acre, através de desapropriação e execução de projetos de colonização e assentamento
nestes locais.
Atualmente, existem 06 (seis) Projetos de Assentamento Dirigidos (PAD’s) criados
pelo INCRA, no Estado do Acre:
0l) PAD PEDRO PEIXOTO, abrangendo uma área de 317.588 ha, localizado nos
municípios de Rio Branco, Senador Guiomard dos Santos, Plácido de Castro e
Acrelândia.
02) PAD BOA ESPERANÇA, localizado no município de Sena Madureira, com
uma área de 292.000 ha.
03) PAD QUIXADÁ, situado no município de Brasiléia, divisa com Assis Brasil,
com uma área de 121.789 ha.
04) PAD SANTA QUITÉRIA, localizado também no município de Brasiléia.
05) PAD SANTA LUZIA, no município de Cruzeiro do Sul. Possui uma área de
69.700 ha.
06) PAD HUMAITÁ, no município de Porto Acre, abrangendo uma área de 63.861
ha. ( o qual trata-se de nosso objeto de estudo ).
Muito embora tenha-se criado os projetos de assentamento dirigido (PAD’s) no
Estado do Acre, com a finalidade de garantir a posse da terra para o homem do campo e
soerguer a produção agrícola, contudo tais objetivos não estão sendo alcançados,
contribuindo para isso, os mais variados fatores: as condições mínimas de saúde,
educação, habitação, armazenamento, escoamento da produção, o qual está ligado com a
conservação das estradas que é um dos pontos nevrálgicos de estrangulamento, devido a
falta de recursos por parte dos órgãos executores e do Estado para montagem de tais infra-
estruturas. Com isso, a perspectiva é de que, se forem dadas as condições efetivas para
tais projetos desempenharem suas funções ou seu papel, problemas de ordem social se
aguçarão ainda mais, aumentando o fluxo migratório do campo para a cidade, bem como
uma acelerada reconcentração de terras. Para tal, essas perspectivas vem se tornando cada
vez mais próximas, com o asfaltamento das rodovias federais em nosso Estado – BR 317 e
BR 364.
O simples fato de um recebimento de um lote de terra, numa área de mata bruta,
distante dos centros urbanos, dentro das condições climáticas da Amazônia, não viabiliza
a produção agrícola, especialmente de um agricultor que já chega descapitalizado em
nossa região. O compromisso do órgão de assentamento, em termos de montagem de
infra-estrutura administrativa e viária são insuficientes. Depois da abertura de estradas e
ramais, fica a questão mais difícil e onerosa é a sua conservação frente a chuvas
torrenciais que variam entre 04 a 06 meses no ano.
Sem condições de armazenar e escoar sua produção, o produtor mal consegue
sobreviver. As grandes perdas da safra agrícola, os baixos preços obtidos pela
dependência de intermediários ou “marreteiros”, inviabilizam os empréstimos bancários e
um mínimo de capitalização para a introdução de culturas permanentes que possam
garantir no futuro um nível de renda melhor. Estas condições se agravam com as
moléstias, notadamente na zona rural: malária, hepatite, verminose, entre outras,
debilitando o trabalhador rural e exaurindo os parcos recursos.
Se não forem dadas as condições concretas para o assentamento do produtor, se
repetirá mais uma vez, o que já vêm ocorrendo tradicionalmente na história do meio rural
brasileiro, particularmente no Estado do Acre, a concentração de terras, agora nas mãos de
grandes grupos empresariais e o agravamento das condições de vida da grande maioria da
população nacional e estadual.
CAPÍTULO I
CRÉDITO RURAL ESPECIAL
A ORIGEM DO CRÉDITO E O CRÉDITO RURAL
1.1 Histórico.
O crédito em seu sentido mais amplo, já existia desde as primeiras tentativas de
organização do homem em Comunidade. Sempre que o homem reúne-se em Núcleos
Populacionais, organiza um sistema, por mais primitivo que seja, de produção de bens que
necessita da existência de crédito.
Quando o homem sentiu que não poderia sobreviver à base, simplesmente de coleta
de frutos, caça e pesca em função da escassez das mesmas, devido ao crescimento
populacional, modificou seu sistema de vida que anteriormente era totalmente predatório.
Então surgem os núcleos populacionais, que passariam a produzir sua alimentação
básica de acordo com sua tendência ou especialização, isto é, agricultura, pecuária ou
especialização natural. Mediante essa especialização gerou-se a necessidade de permuta
dos produtos excedentes de uma comunidade, pelos que esta comunidade perecia e
sobejava, em outras.
O aparecimento da permuta ou troca, a forma mais simples de comércio, trouxe a
um elemento novo nas relações entre os homens, a chamada “confiança”, que significa o
requisito essencial ao crédito. Assim, o elemento núcleos populacionais especializado na
colheita ou no cultivo de plantas, que desejava trocar os seus produtos pelos de outros
núcleos, que necessitou dar ou receber confiança ou oferecer algo, em promessa de
pagamento futuro, pois nem sempre as colheitas coincidiam com caça mais abundante ou
disponibilidade dos produtos em outros núcleos.
Surge assim, o Crédito, que provêm do latim creditum, de credere, que significa ter
confiança. Daí a definição de crédito: é a confiança pela qual os indivíduos se inclinam a
fazer empréstimos ou conceder prazos para pagamento. O crédito na sua forma mais
rudimentar, que correspondia a entrega de uma riqueza presente, sob promessa de um
pagamento futuro.
Com o aumento das trocas e o surgimento das novas aspirações entre as
populações, essas formas primitivas de comércio traziam algumas dificuldades e, a maior
delas talvez fosse em relação ao valor entre bens a permutar. Com isso surgiu a
necessidade de se criar um padrão de valores mais ou menos fixo que não estivessem
sujeitos a maior ou menor abundância das colheitas, nem as injunções de solo e clima, e,
fosse ao mesmo tempo aceito por todas as comunidades. A esse padrão de valores que
dificultava as trocas, e denominador comum para todas as riquezas, foi criado e passou a
chamar-se moeda.
O surgimento ou criação da moeda possibilitou o desenvolvimento mais acentuado
do comércio e consequentemente do crédito fornecido e obtido pelos comerciantes. A
conseqüência natural deste desenvolvimento foi a criação pelos Estados, de legislação
específica sobre as condições em que estas operações comerciais deveriam ser realizadas,
com o objetivo de resguardar os interesses – O Crédito Comercial.
A essa altura da história da humanidade, a agricultura baseava-se na abundância dos
recursos naturais, em um sistema ainda predatório de exploração da terra, em uma
estrutura simples de produção – Agricultura Tradicional – na qual as necessidades de
recursos de capital são inexpressivas e a tecnologia incipiente. E as necessidades de
transformações ou elaboração de bens econômicos a partir de produtos primários por
aquela agricultura tradicional eram satisfeitas pelo simples artesanato.
Mas com o crescimento populacional a agricultura tradicional tornou-se incapaz de
atender a demanda crescente de alimentos, vestuário e demais produtos primários
essenciais. Surgiram novas técnicas de produção, novos equipamentos, incorporaram
terras improdutivas que exigiram novos gastos e inversões, pois tecnologia nova se
alimenta de Capital.
Tentou-se, então, a concessão de crédito aos agricultores, aplicando-se as leis, os
regulamentos, as tradições do crédito comercial já organizado e apareceram muitas
dificuldades, na aplicação deste tipo de crédito.
Essas experiências iniciais levaram à conclusão da obrigatoriedade de modificações
profundas no crédito comercial, para sua aplicação às atividades agrícolas.
E ao dar início às adaptações necessárias, observou-se que realmente se estava
criando uma nova modalidade altamente especializada de crédito, destinada a atender a
agricultura. A esta nova modalidade foi onde se originou o que hoje conhecemos como
Crédito Rural.
Então, pode-se afirmar que o Crédito Rural surgiu da incapacidade do Crédito
Comercial em atender as necessidades fundamentais da agricultura. Foi imperativo que se
estabelecessem normas especiais, regulamentos, tradições, etc..., para o crédito rural, isto
significaria dizer que se criasse para a agricultura um crédito especializado.
1.2 – Crédito Rural no Brasil
Segundo Aguiar (l977:16) a primeira definição verdadeira e atuante de crédito rural
surgiu somente ao império da Lei n.º 4.829 de 05 de novembro de l.965, no seu art. 2º :
“Considera-se Crédito Rural o suprimento de recursos financeiros por entidades públicas e
estabelecimentos de crédito particulares a produtores rurais ou às suas cooperativas para
aplicação exclusiva em atividades que se enquadram nos objetivos indicados na legislação
em vigor”.
O crédito rural consiste no suprimento adequado, e oportuno de recursos financeiros
aos seus beneficiários, por estabelecimentos de crédito oficiais e particulares integrantes
do Sistema Nacional de Crédito Rural – SNCR1, para atendimento das reais necessidades
de capital para custeio, investimento e comercialização da produção agropecuária.
Em 1.965, ao ser criado o Sistema Nacional de Crédito Rural – SNCR, também se
desencadeava a industrialização da agricultura brasileira, implantado no programa de
substituições de importações. A própria Lei n.º 4.829 retrata o contexto histórico em que
o sistema foi criado; Oliveira ( l.995:20 ), resume seus objetivos nos seguintes itens:
1 - estimular o incremento ordenado dos investimentos rurais, inclusive para
armazenamento, beneficiamento e industrialização dos produtos agropecuários, quando
efetuados por cooperativas ou pelo produtor na sua propriedade rural; 2-favorecer
custeio oportuno e adequado da produção e a comercialização dos produtos
agropecuários; 3- possibilitar o fortalecimento econômico dos produtores rurais,
notadamente pequenos e médios; 4- incentivar a introdução de métodos racionais de
produção, visando ao aumento da produtividade e à melhoria do padrão de vida das
populações rurais e à adequada defesa do solo.”2 O Crédito Rural não tem o simples
objetivo de propiciar a aplicação de capitais das instituições financeiras, mas a de
substituir a poupança dos beneficiários, que devem destinar recursos próprios à execução
dos empreendimentos assistidos, observando-se os limites de participação obrigatória ou à
sua falta, as disponibilidades existentes.
No entanto, não constitui função do Crédito Rural, o subsídio de atividades
deficitárias ou antieconômicas; financiamento de pagamentos de dívidas; possibilitar a
recuperação de capital investido; favorecer a retenção especulativa de bens; antecipar a
1 - O Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) é formado pelas seguintes instituições: Banco Central do Brasil, Banco do Brasil, bancos regionais de desenvolvimento, bancos estaduais, bancos privados, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, cooperativas e órgãos de assistência técnica e extensão rural. 2 ? - Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) – Lei n.º 4.829, de 05 de novembro de l.965 – Art. 3º.
realização de lucros presumíveis; amparar atividades sem caráter produtivo ou aplicação
desnecessárias como criação de cavalos de corrida ou de lazer, etc... .
Assim Sayad ( l.984:94 ) relata que “... a legislação pretendia que o Sistema
Nacional de Crédito Rural – SNCR, incentivasse a produção agrícola, protegesse os
pequenos produtores rurais e promovesse a modernização da agricultura.” Pode-se
acrescentar a essa modernização agrícola, que esse programa de crédito rural pretendia
garantir maior parcela de recursos financeiros para a agricultura, já que os bancos
comerciais privados, sem apoio desta legislação, não atendiam satisfatoriamente. Além
disto, muitos analistas que apontavam que um desempenho mais razoável do setor
agrícola, quer em termos de crescimento da produção, quer em termos de produtividade,
dependia da oferta mais firme e estável de recursos financeiros. A modernização, em
especial, era objeto prioritário da política de financiamento.
Por outro lado, a Lei 4.829 e, o estabelecimento do Programa Nacional de Crédito
Rural complementavam as reformas econômicas do período, garantindo financiamento às
atividades rurais, ao mesmo tempo em que se reformulava o mercado financeiro geral pela
lei da Reforma de Mercado de Capital.
Quanto a questão para se obter o crédito rural têm-se que observar alguns critérios
exigíveis tais como: o de ser produtor rural, seja pessoa física ou jurídica; cooperativa de
produtores rurais; e ainda pessoas físicas ou jurídicas que embora, sem conceituar-se
como produtor rural, se dedica à pesquisa ou à produção de sementes ou mudas
fiscalizadas ou certificadas, pesquisa ou produção de semens para inseminação artificial,
conjuntamente com seus serviços no imóvel rural, prestação de serviços mecanizados, de
natureza agropecuária em imóveis rurais, inclusive para proteção do solo; indústria da
pesca e por fim medição de lavouras.
Entretanto, os não beneficiários do crédito rural são os estrangeiros residentes no
exterior; adquirentes de produtos agropecuários e seus intermediários; associação de
produtores rurais, exceto para exploração direta; sindicato rural; parceiro ou meeiro, se o
contrato entre ambos restringir o acesso de qualquer das partes ao financiamento.
O crédito é o elemento-chave das transformações na agricultura. Na medida em que
este instrumento é definido numa sociedade em que historicamente, as forças dominantes
têm se apropriado em maior proporção dos benefícios gerados pelo Estado, é de se esperar
que agora o processo não seja diferente. A estrutura fundiária que se formou ao longo do
tempo passa a funcionar como elemento estratégico na captação desses recursos. Por um
lado, se apresenta como garantia real ao capital financeiro e por isso, como absorvedor de
magnitudes significativas do crédito rural.
Por outro lado, esta concentração é conveniente à administração bancária, pois ela
representa menor custo para o agente financeiro.
Chega-se a uma conclusão que, o caráter das forças dominantes, menor custo
operacional para o agente financeiro e a concentração de terras são barreiras ao acesso do
campesinato ao crédito rural, especialmente aos financiamentos de investimentos.
Szmrecsanyi ( l.983:226 ), ao analisar os efeitos das políticas agrícolas chega a
afirmar que : “a concentração financeira pode ser sintetizada pelo fato de que 80% dos
estabelecimentos agropecuários do país não recebem crédito rural oficial, enquanto que
01% dos seus maiores mutuários – ou seja, aproximadamente, 10.000 (dez mil) grandes
produtores – recebem nada menos que 40% do total dos recursos disponíveis. Talvez não
por coincidência, esse índice de concentração é bastante similar ao da concentração
fundiária constatável através de dados do Censo Agropecuário3”. É importante perceber
que nenhum dispositivo foi incluído neste instrumento que facilitasse ao pequeno produtor
a dele se beneficiar.
Assim a agricultura que até então, tinha sua base técnica fundada na força de
trabalho e na terra, vai experimentar uma nova composição técnica.
A implantação da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – em
l.973, como geradora de tecnologia, é o segundo instrumento necessário às
transformações. Neste sentido, as tecnologias desenvolvidas guardam um determinado
critério: sua geração é determinada pelas estruturas capitalistas. Melhor compreendendo,
às tecnologias guardam relações com as dimensões das máquinas e equipamentos por um
lado e por outro a estrutura fundiária está ajustada à demanda e oferta das indústrias. Por
sua vez, as variedades criadas só traduzem sua potencialidade na medida em que os solos
sejam adaptados às sua exigências, ou seja, pela complementação de adubos químicos e,
estes necessitam de tração mecânica. A tecnologia pecuária segue esta mesma direção,
pois o melhoramento animal requer determinado sistema de criação associado a alimentos
industriais.
3 - Szmsecsányi, Análise Crítica das Políticas para o setor agropecuário, p. 226.
Andrade ( l.988: 10), faz observação à política agrícola, ligada ao crédito rural e às
tecnologias ao afirmar que: “é o crédito rural subsidiado que garante acesso a essas
tecnologias. Assim, verifica-se um aumento substancial de tratores, colheitadeiras e
implementos diversos em operação na agricultura. Esses equipamentos são
essencialmente poupadores de mão-de-obra, embora seu uso na agricultura não
signifique uma generalização em todas as fases da cultura. Contudo, o emprego deles
resulta em liberação da força de trabalho da agricultura, mesmo que esta passe a
demandar mais trabalho em outras etapas do ciclo produtivo. Temos, de qualquer forma,
maior quantidade de capital constante relativo ao capital variável4”.
Segundo Marx, isto representa uma elevação da composição técnica do capital5. O
que se traduz daí é que, para transformação da base técnica a da agricultura, houve
necessidade de um maior volume de capital e que se torna possível pela
institucionalização do crédito rural subsidiado, que por sua vez é captado em maior
volume pela grande propriedade. Pode-se dizer, então, que com a elevação da composição
técnica do capital na agricultura, se estabelece um mínimo de recurso financeiro para que
a produção, seja agrícola ou pecuária, se dê segundo o nível técnico atingido.
O modelo assim definido ressalta em algumas conseqüências junto ao pequeno
produtor. Estas são mais fortes nas regiões onde o crédito e a tecnologia se concentram e,
por conseqüência, em menor intensidade no Norte e Nordeste.
Em 1.980 o volume de recursos aplicados no crédito rural pelas instituições
financeiras já havia iniciado uma trajetória de queda que foi se agravando anualmente
(gráfico 01).
A política monetária tornou-se mais contracionista em 1.981, reduzindo o montante
aplicado pelo SNCR em 13% em relação ao ano anterior. Essa tendência foi interrompida
apenas em 1.985 quando o governo corrigiu os VBC (Valor Básico de Custeio) e elevou
os limites de financiamento dos principais produtos de consumo interno, visando
estimular a produção agrícola.6
4- Andrade, Assistência técnica, extensão rural e a pequena produção: uma proposta de ajustamento, p. 10
5 - Marx, O Capital, liv. I, vol. 02, p. 713, assim define a composição técnica do capital “... é determinada pela relação entre a massa dos meios de produção e a quantidade de trabalho necessário para eles serem empregados
6 -Segundo Servilha (l994) os mini e pequenos produtores passaram a receber 100% do VBC e os médios e grandes 80%.
De fato, o saldo das aplicações do SNCR em 1.980 foi cerca de 04% inferior ao
observado em 1.979, apesar de continuar elevado (em torno de US$ 31 bilhões). Contudo,
esse ligeiro declínio indicava que o Sistema não seria sustentado nos anos 80, quando se
considerava cada vez mais necessário o controle dos gastos públicos, da política
monetária, e, consequentemente, da inflação.
A desaceleração do crescimento econômico estava prevista no diagnóstico do III
Plano Nacional de Desenvolvimento (1.980 / 1.985), sinalizando o corte do crédito ao
setor produtivo no decorrer do qüinqüênio. A dívida externa brasileira havia crescido
cerca de 8,0% de 1.979 para 1.980 e a inflação estava beirando a casa dos 100% anuais.
Ao mesmo tempo, a crise energética agravava os problemas relacionados com a
balança comercial, com um déficit de US$ 2,8 bilhões em 1.980. A saída apontava para a
redução das importações e para o aumento das exportações brasileiras, visando evitar o
agravamento do desequilíbrio. Decidiu-se então que a produção das culturas exportáveis
(café, cacau, soja, laranja e açúcar, principalmente) deveria ser estimada.
Consequentemente, a pressão sobre o crédito rural aumentou.
Evitando financiar a agricultura através de emissões (de títulos ou moedas), que
poderiam pressionar o já elevado déficit público (6,7% do PIB em 1.980), o Governo
decidiu aumentar o percentual das exigibilidades sobre os depósitos à vista, em l.980,
passou de 17% para 20% (resolução 671 do BACEN). Espera-se, com isso, que a pressão
por crédito fosse dividida entre o setor público e privado.
Entretanto, como o saldo dos depósitos à vista reduziu de 8,4% do PIB em 1.979
para 7,4% em 1.980 (Tabela 01), o aumento do percentual das exigibilidades foi
insuficiente para aumentar a participação das aplicações compulsórias dos bancos no
crédito rural. Diferentemente, segundo Servilha (1.994), houve redução de 11% para 10%
na relação exigibilidade/crédito agrícola total de 1.979 para 1.980, o que resultou na
participação do crédito rural.
Diante disso, em 1.980 a responsabilidade pelo financiamento da agricultura ficou
com os bancos oficiais. Contudo, o vinculo contábil existente entre esses bancos e o
Tesouro Nacional fez com que a pressão decorrente do financiamento agrícola acabasse
nas mãos da União, que continuou o autofinanciamento através de emissões monetárias.
Em 1.981, o percentual das exigibilidades é novamente alterado de 20% para 25%
dos depósitos à vista, através da Resolução BACEN n.º 698 de 17 de junho. Apesar disso,
os recursos aplicados no crédito rural registraram quedas sucessivas naquele ano, em
1.982, 1.983 e em 1.984 de -13,27%, -3,17%, -24,52% e –38,92%, respectivamente
(Tabela 02).
Em 1.984 a relação depósitos à vista / PIB chegou a apenas 3,3%. A deterioração
dos depósitos deveu-se em parte ao avanço da inflação que saltou dos 110% anuais em
1.980 para 223% em 1.984. Para se precaver das perdas inflacionarias, o público
TABELA I
RELAÇÃO DE DEPÓSITOS À VISTA/PIB, E DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL/HAVERES FINANCEIROS TOTAIS-(%)
Ano Dep.Vista / PIB Dívida Púb./ total haveres
1.980
1.981
1.982
1.983
1.984
1.985
l.986
l.987
1.988
1.989
1.990
7,4
7,5
5,9
3,9
3,3
3,7
9,0
3,5
1,8
1,0
2,0
19,5
28,7
32,4
36,7
37,9
42,5
48,3
54,2
42,5
53,5
ND
Fonte: Servilha (1.994)
TABELA II
CRÉDITO RURAL – RECURSOS APLICADOS(1.980/1.992)
Ano Cr$ mil Variação Anual Índice US$ milhões1.980 130.947.272 -4,37 100 26.305,l91.981 113.577.943 -13,27 86 22.815,971.982 109.985.769 -3,17 83 22.094,361.983 83.025.027 -24,52 63 16.678,391.984 50.712.476 -38,92 38 10.187,321.985 72.316.544 42,60 55 14.527,221.986 107.836.696 49,11 82 21.662,651.987 85.007.886 -221,17 64 17.076,711.988 59.986.026 -29,44 45 12.050,221.989 54.777.478 -8,69 41 11.003,911.990 31.291.700 -42,87 23 6.285,991.991 32.275.520 3,l7 24 6483,631.992 35.799.339 10,91 27 7.191,5l
Fonte: BACEN, 1993.
Obs.: Os valores nominais foram deflacionados pelo IGP/DI, da média para a ponta, a
valores de 1.992 e convertidos pelo dólar (US$) médio do mesmo ano.
evitava os depósitos à vista, não remunerados, optando por aplicações financeiras
indexadas.
Nota-se que, em 1.985 e 1.986, o crédito rural apresentou sinais de recuperação,
atingindo o crescimento real de 39,46% e 54,61%, respectivamente. Parte desse
movimento explica-se pelas medidas implementadas pelo Governo para reverter a queda
de 8,0% da safra 1.985/86, como correção dos preços mínimos e do VBC dos produtos da
cesta básica. A monetização da economia com a queda da inflação provocada pelo Plano
Cruzado, também contribuiu para o crescimento das operações de crédito rural. A
base monetária registrou um aumento de 293,% de 1.985 para 1.986 e os depósitos à
vista, 306,%, no mesmo período.7
Entretanto essa fonte do crédito rural não foi sustentada. De 1.986 para 1.987 a
queda no volume aplicado chega a –22,32%; em 1.988 registra-se nova baixa de –
29,73%. Esse movimento continua em 1.989, com a política ortodoxa implementada pelo
Plano Verão e em 1.990, atingindo um decréscimo anual de –8,48% e –42,86%
respectivamente. Com esses resultados o crédito rural perdeu a característica de principal
instrumento de política agrícola do País. Os recursos alocados pelo SNCR caem para o
patamar do início dos anos 70, quando o Sistema recém criado alocava cerca de US$ 6,0
bilhões.
Existem outros motivos que explicam a redução das aplicações dos bancos no
crédito rural, além da queda dos depósitos à vista. Servilha (1.994:166) relacionou alguns
deles entre os quais:
a) redução da participação das autoridades monetárias na concessão do crédito
rural (...);
7 - Abreu, Marcelo P. (1990), p.412.
b) limitação dos níveis de adiantamento, com uso mais intensivo de recursos
próprios por parte dos agricultores; e,
c) gradual aproximação dos custos dos empréstimos – até então altamente
subsidiados – com os custos vigentes no mercado financeiro.
A esses, podem se adicionar outros, de caráter orçamentário e institucional, que
alteraram o relacionamento entre o Tesouro e as autoridades monetárias no decorrer dos
anos 80.
Em 1.988, com a promulgação da Nova Constituição, a reforma orçamentária foi
concluída, devolvendo ao Congresso Nacional poderes para examinar, emitir parecer e
emendar o Orçamento Geral da União.
A Constituição de 88, também proibiu a emissão de títulos da dívida pública para
financiar a iniciativa e o remanejamento de verbas orçamentárias sem indicação das fontes
dos recursos que deverão complementar gastos adicionais não especificados na Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO), criada especificamente para orientar a elaboração da lei
orçamentária anual. Dentre os avanços relativos às questões orçamentárias tratados na
Constituição atual, também se incluiu a necessidade de cada órgão da administração direta
e indireta encaminhar o demonstrativo das receitas previstas e despesas fixadas anexo ao
Orçamento das Empresas Estatais, junto com o da Seguridade Social, o Fiscal e o das
Operações de Crédito, passou a compor o Orçamento Geral da União.8
Mediante Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) n.º 1.188, de 05 de
novembro de 1.986,9 foi criada a Poupança Rural, a qual o Banco Central (BACEN), em
12 de fevereiro de 1.987 autorizou o Banco do Brasil S. A. a operacionalizar a referida
caderneta. Inicialmente, a poupança rural seria captada apenas pelo Banco do Brasil (BB).
Depois, através da Circular n.º 1255, de 17 de novembro de 1.987, o Banco Central
estendeu a modalidade de captação de recursos ao Banco da Amazônia (BASA), ao
extinto Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC) e ao Banco do Nordeste do
Brasil (BNB).
Os saldos existentes nas contas de poupança rural dos bancos autorizados pelo
Banco Central a atuarem neste segmento estão sujeitos ao encaixe obrigatório de 15,% e
às exigibilidades de aplicação em crédito rural, equivalentes a no mínimo 65,%.
8
? - Oliveira, Jader José de, (1.995), p. 53.9 - Diário Oficial da União (DOU), de 08 de setembro de 1.986.
Segundo a Resolução n.º 1.898 do BACEN, de 29 de janeiro de 1.992, os recursos
remanescentes podem ser destinados para:
a) aquisição de títulos da dívida pública federal, estadual, municipal e do Banco
Central do Brasil;
b) crédito agrícola complementar;
c) depósitos interfinanceiros;
d) empréstimos em geral, inclusive das carteiras comercial e industrial, por
prazo mínimo de 180 (cento e oitenta) dias;
e) operações de capital de giro para empresas que industrializem produtos
agropecuários, e
f) financiamento para habitação rural.
Em 1.987, os recursos da poupança rural já respondiam por 24% das fontes do
crédito rural e no ano seguinte tornaram-se mais representativos do que os recursos do
Tesouro Nacional (24,5%) e os obrigatórios (35,8%), tendo atingido 36,2% (Tabela 03).
A medida que as fontes Tesouro e obrigatórias eram exauridas, aumentavam as pressões
sobre a caderneta de poupança rural que, em 1.989, lastreava mais da metade dos recursos
do crédito rural. Note-se que em 1.988 foi concluída a reforma orçamentária, o que
aumentou, tanto o controle sobre o dispêndio, como sobre a remuneração dos recursos
alocados no Tesouro.
Em 1.988, também ocorreu a primeira anistia constitucional aos produtores rurais,
equivalente à correção monetária incidente aos seus financiamentos, o que contribuiu para
aumentar o risco do crédito rural e fazer com que os bancos reavaliassem suas carteiras
agrícolas. Embora não se possa afirmar que foi apenas reflexo de 1.988, sabe-se que o
episódio também fez com que as aplicações das fontes obrigatórias e livres caíssem dos
35% que haviam representado em 1.988 para 22% em 1.989, ano em que o Plano Verão
implementou uma política monetária bastante ortodoxa, elevando os juros reais e,
consequentemente, o risco dos empréstimos agrícolas.
O simples fato da caderneta de poupança substituir as fontes tradicionais de
recursos do crédito rural seria suficiente para explicar o aumento do custo dos
empréstimos agrícolas. O Plano de Safra 1.994 /95, por exemplo, fixou que os recursos da
poupança rural seriam aplicados da seguinte forma:
a. a parte compulsória (no mínimo 65%), aplicados no financiamento a
pequenos produtores, seria remunerada por 50% da Taxa Referencial de
Juros (TR) mais juros de 6,0%; se os empréstimos fossem aos produtores
enquadrados como os demais, os encargos financeiros seriam a TR mais
juros de 11% ao ano (11,5% quando o produto financiado fosse cana-de-
açúcar); e
b. a parte livre (até 20%) aplicada a juros de mercado.
TABELA III
CRÉDITO RURAL – SALDO DAS APLICAÇÕES DA POUPANÇA RURAL – 1.987/1.992(US$ MILHÕES)
Ano CRÉDITO TOTAL POUPANÇA %
1.985 36.611,43 -0- -0-
1.986 54.594,28 -0- -0-
1.987 40.643,72 9.706,06 23,88
1.988 30.369,02 11.004,00 36,23
1.989 27.732,20 14.314,76 51,62
1.990 15.843,42 3.170,15 20,01
1.991 16.345,92 5.278,90 32,29
l.992 16.758,82 8.374,13 49,97
Fonte: BACEN.
Obs.: 1) Os valores nominais foram corrigidos pelo IGP/DI a valores de
l.992 e depois convertidos pelo dólar (US$) médio do mesmo ano;
2) Os saldos das aplicações normalmente superaram as liberações
ocorridas no mesmo ano.
A Constituição de 88 determinou que 3,0% dos 47% relativos ao “produto da
arrecadação dos impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos
industrializados” da União seriam aplicados em programas de financiamento do setor
produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.10
Com a Lei n.º 7.827, de 27 de setembro de 1.989, o artigo 159, que criou a
contribuição citada, foi regulamentado, dando origem aos chamados Fundos
Constitucionais do Nordeste (FNE), do Norte (FNO) e do Centro-Oeste (FCO). Os dois
primeiros passaram a ser operacionalizados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e
pelo Banco da Amazônia S.A (BASA), respectivamente. O FCO, em razão da
inexistência de um banco de desenvolvimento da Região Centro-Oeste, ficou a cargo do
Banco do Brasil.11 Segundo Afonso et.alli (1.993), em 1.993, os recursos oriundos dos
Fundos Constitucionais destinados ao financiamento agrícola somaram US$ 772 mil,
cerca de 0,04% dos recursos livres. Entretanto, somando-se todos os recursos aplicados no
crédito rural através de fundos, chega-se ao percentual de 5,52%, em 1.993.
A Lei n.º 8.023, de 12 de abril de 1.990, que alterou a legislação do Imposto de
Renda sobre o resultado da atividade rural, previu que os contribuintes que mantivessem
depósitos vinculados ao financiamento agrícola poderiam reduzir em até 100% da base de
cálculo do imposto, o saldo médio ajustado desses depósitos.
Coube ao Banco Central regulamentar as condições de captação e de aplicação
desses recursos pelas instituições financeiras, que estão expressas no Manual de Crédito
Rural (MCR), capítulo 06, seção 03. Os bancos podem receber esses depósitos desde que
sejam da seguinte forma:
a) sem emissão de certificado;
b) modalidade nominativa intransferível; e
c) prazo e remuneração livremente ajustados entre as partes.
Dessa forma, as pessoas físicas e jurídicas com atividade rural estavam sendo
beneficiadas com o incentivo fiscal, com os rendimentos das aplicações financeiras e com
o retorno do depósito em forma de crédito rural. De acordo com o documento, os recursos
devem ser prioritariamente aplicados em financiamentos que se enquadrem nas normas
10 - Art.: l59, inciso I, alínea “c”.11 - Afonso, Perters & Furoni (l993).
fixadas para as exigibilidades (60% no mínimo), prevendo que os empréstimos sob
condições de aplicação dos recursos livres não podem ultrapassar 40% dos depósitos
vinculados.
Com isso, em 1.992 e na maior parte das operações financiadas com esses recursos
os juros não ultrapassavam 12,5% ao ano mais a variação da TR.
Caso a instituição financeira não consiga aplicar os recursos sob essas condições,
resta-lhe duas alternativas:
1) repassar o saldo à outra instituição, através da utilização do depósito
interfinanceiro vinculado ao crédito rural (DIR)12, ou
2) recolher os recursos ao Banco Central, sem qualquer remuneração por um
período não inferior a 30 dias.
Entre as fontes de recursos do crédito rural que passaram a figurar no MCR 6-1, a
partir de 1.990 encontra-se a caderneta de poupança livre. Contudo, resolveu-se estancar
essa fonte, uma vez que mantê-la poderia reduzir ainda mais os recursos necessários ao
financiamento habitacional. Além disso, as pressões do setor rural por crédito e a
inexistência de fontes de recursos estáveis para o financiamento da agricultura
provavelmente atingiram o percentual de exigibilidade fixado sobre a poupança livre,
elevando-o.
Mediante o contexto acima exposto pode-se afirmar que a história da agricultura
brasileira discutida por vários autores sob pontos de vista bastante divergentes: há aqueles
que dizem que a década de 80, foi de grandes vitórias devido a intensificação da
modernização no campo apoiada pela agricultura empresarial, sustentada pela propriedade
privada e viabilizada pela integração de grandes volumes de capitais financeiro,
comercial, industrial e por fim agrícola. Há, por outro lado, aqueles outrora defensores da
pequena produção, da reforma agrária, “defensores” de uma sociedade mais justa, os
intelectuais e tecnocratas que reagem de forma política, dizendo que essa modernização
chegou tão rapidamente que fôra entendida como anacrônica, e, que resultaria em uma
alternativa não mais tão viável de reorganização dos setores produtivos da agricultura.
Quando se faz uma análise, a grosso modo, do período de l.980 a l.984, esse é
enfatizado como um período de crise e retração, Martine (l.99l), o relata assim: “ O
12 - DIR: Depósito Interfinanceiro vinculado ao crédito rural é uma conta de aplicação dos bancos comerciais particulares no Banco do Brasil à forma do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), com diferença de o prazo de resgate do DIR é de no mínimo l80 dias, enquanto que o CDI vence em 01 dia.
padrão de financiamento baseado no crédito fortemente subsidiado, fraquejou no final da
década de 70, e entrou definitivamente em crise a partir de 1.980. Entre 1.985 e 1.987, as
aplicações totais na agricultura e pecuária caíram, de 250 bilhões para 124 bilhões de
cruzados, em valores constantes. O crédito para investimento foi o mais afetado 13. Assim,
a agricultura como um todo perdeu o tratamento preferencial que desfrutava em suas
relações com o setor financeiro”.
O último ciclo militar após o golpe de 1.964, o Governo Figueiredo (79/85), dizia
que na sua meta de trabalho, a agricultura seria prioridade, principalmente às que
destinavam-se ao mercado externo, mesmo havendo percas nas relações de trocas.
Entretanto, após a moratória do México, com a crise de 1.982, a situação brasileira
agravou-se ainda mais, pois houve uma queda no fluxo de capitais externos ao país, e com
isso veio os arrochos salariais e cortes nas importações, a fim de reduzir o consumo
interno, liberar os excedentes exportáveis na busca de gerar saldos comerciais, fazendo
frente aos serviços da dívida externa, onde se constata pelas diversas “cartas de intenção”
enviadas ao FMI - Fundo Monetário Internacional.
Fato importante, também é a retirada dos subsídios ao crédito agrícola que dizia-
se ter encontrado já uma estrutura tecnologicamente forte e capaz de reagir aos estímulos
de mercado, onde o Estado passou a manipular sistematicamente os preços mínimos, no
início da década de 80.
Contudo, um fator que teria favorecido a manutenção de taxas baixas, porém com
um razoável crescimento do produto agrícola foi a incorporação de novas áreas com o
plantio de soja, que valorizou o capital via valorização da terra, como a necessidade de dar
outros e novos usos às terras supervalorizadas do sul do País.
No entanto, com essa aparente maturidade do setor agrícola nessa época foi de
caráter potencial e não real, visto que a retirada do crédito subsidiado genérico foi
substituído pelo crédito dirigido ainda mais subsidiado, isto é, “apesar de não exatamente
haver uma eliminação do tratamento creditício prefencialmente, senão maior seletividade
dos beneficiários que paradoxalmente, passaram a ser mais subsidiados que antes” .14
Observando-se a seletividade desses beneficiários, ver-se que os produtos de maior
peso no desempenho favorável da agricultura nessa fase são aqueles que dispunham de
maior mecanismo de valorização, incentivos e subsídios, além do fator crédito e de preços
13 - IPLAN/CAA – Dados conjunturais, maio 1.987, p.19.14 - Delgado (l.988).
mínimos: laranja, soja, cana-de-açúcar (protegida pelos múltiplos mecanismos do
Próalcool), cacau e o algodão, todos em média favorecidos e beneficiados por
mecanismos especiais relacionados aos ajustes externos ou fatores externos.
Com isso, observa-se que o período correspondido entre l.980 a l.984, o Governo
praticou uma política agressiva de produção, onde houve a contenção do crédito, assim a
rentabilidade de determinados segmentos, sejam empresariais ou agro-industriais foram
conseguidos via o controle de preços.
Após o primeiro qüinqüênio da década de 80, marcado por recessão e crise; em
1.985, no Governo Sarney dá-se início à recuperação dos gastos governamentais aliado ao
crescimento das contas relativas aos estoques reguladores e às aquisições feitas pelo
Governo Federal para dar sustentação à política de preços mínimos.
Segundo Buainain (l.987), “A política de crédito rural tornou-se claramente
expansiva, com um aumento real de quase 30% em relação ao ano anterior. Os valores
básicos de custos foram reajustados, em média 20% em termos reais, espelhar melhor os
custos de produção. Os preços mínimos (...) foram considerados pelos próprios
produtores como adequados e remuneradores. Ao lado dessas medidas de estímulo à
produção procurou-se interferir no padrão de crescimento anterior, o qual favorecia
culturas mais ligadas à balança comercial e os grandes produtores e empresas rurais,
mostrando que estava havendo uma inflexão na orientação da política agrícola para 85 /
86 em relação aos anos anteriores.”
Dessa forma anteriormente citada é que pode ver-se a preocupação do Governo
para restabelecer condições diferenciadas à concessão do crédito rural, favorecendo, assim
os pequenos produtores e a produção de culturas alimentares básicas, como: arroz,
milho, mandioca, e feijão, indicando que a política agrícola voltava a crescer de forma
acelerada.
Como se explica que após 10 anos, onde produção e produtividade se encontravam
quase que estagnadas, começam abruptamente a sair as “supersafras e/ou quase
supersafras”, já que o fato para mudanças positivas eram bastante desfavoráveis numa
conjuntura externa ?
Para mostrar como foi conseguido tal aumento e suas conseqüências, Delgado
(1.988), publica em seu trabalho alguns pontos bastante pertinentes, onde o autor assim se
expressa: “... o Programa Social do primeiro ano da Nova República foi marcado por um
trabalho na melhoria da situação de nutrição e implementação do Plano Cruzado vindo
incrementar a demanda interna, onde houve o início da recuperação econômica,
sustentadas pelos incentivos à exportação industrial, dinamização do emprego urbano,
seja na indústria, comércio ou serviços que impulsionou a demanda interna de produtos
agrícolas, mediante um planejamento que tivesse necessidade de recuperar a oferta
interna de bens-salário, passando assim a combinar fatores como a exportação de
produtos agropecuários e agroprocessados, com a necessidade de atender melhor a
demanda crescente do mercado interno. Esta adoção voltada para o mercado interno foi
feita através da garantia de preços para os produtos mais elevados da cesta básica, taxas
de juros reais negativas para o crédito rural, aumento do volume de crédito disponível
para o custeio e investimento rural e sustentação de perdas de safras via PROAGRO -
programa de proteção ao crédito agropecuário.” E, o resultado dessa bateria de medidas
produtivas foi o anúncio e a realização de uma supersafra, recuperando o mercado interno
e expandindo o consumo.
O Plano Cruzado, em particular, aumentou o poder aquisitivo da população
trabalhadora a ponto de obrigar a importação de produtos que, aparentemente sobravam,
pois se expandia o consumo; contribuindo para ajudar a aumentar a oferta da safra
seguinte, contudo, com a nova recessão industrial a situação do assalariado tornou-se mais
desfavorável, a qual veio acompanhada do recrudescimento inflacionário e de uma nova
crise que obrigava o Governo a adotar medidas tomadas na primeira crise, como o
encarecimento do crédito e à sustentação de uma política de preços ativos.
Enquanto isso, no setor externo, já no final da década de 80, pela primeira vez
desde as crises existentes, o processo se inverteu devido a uma conjuntura climática na
América do Norte, onde houve quebra das safras e estas quebras foram altamente
favoráveis, tanto em termos de volume global de produção como os seus impactos sobre o
saldo comercial.
Em 1.990, o Governo Federal decreta um outro plano de combate o inflação, no
início do ano – o Plano Collor, em março – que atingiu mais uma vez a comercialização
da safra, onde de um lado, deixou a maioria dos agricultores com dificuldades para dar
continuidade às atividades pertinentes a todas as fases do cultivo e de outro, a correção
dos financiamentos rurais bastante acima dos preços mínimos impedindo que os
produtores rurais saldassem suas dívidas, com os recursos financeiros bloqueados. Em
agosto do mesmo ano, é anunciado pelo Governo as Diretrizes de Política Econômica para
a Agricultura onde estava enunciado a nova política agrícola do Governo Collor, que
constava basicamente de: uma nova política de preços; uma nova política de investimento;
um programa de competitividade agrícola; um programa de regionalização da produção.
Contudo, poucas foram as medidas implementadas com referência às novas regras para o
crédito rural e para os preços mínimos.
Referindo-se ao crédito rural, foi mantida a mesma sistemática anterior, o qual
corrigia os empréstimos rurais pela inflação passada e de fixar os limites de recursos
emprestados em função do tamanho do módulo rural e renda do produtor, o que facilitou
ao sistema bancário praticar uma “taxa média de juros” para os empréstimos rurais bem
mais elevada que nos anos anteriores. Com relação aos preços mínimos, Graziano da
Silva (1.996:l38), diz que as alterações foram mais profundas: “houve uma
regionalização, de modo a descontar o valor do frete entre os locais de produção e de
consumo. O objetivo dessa regionalização era evitar as aquisições significativas por
parte do governo e para simultaneamente estimular a transferência das agroindústrias
para as proximidades das áreas produtoras. Também foi eliminada a correção mensal
dos valores fixados, mantendo-se apenas a correção com base na variação da inflação
passada na época da aquisição. A não-indexação dos preços mínimos contribuiu para
derrubar ainda mais os preços pagos aos produtores ao longo do ano de 1.990, levando a
uma situação paradoxal: queda na produção e queda nos preços recebidos.”15
A Nova Política Agrícola, do governo Collor, foi completada por uma série de atos
administrativos que terminaram por desmontar o que restava do precário e combalido
aparelho governamental para o setor. A Comissão de Financiamento da Produção - CFP,
CIBRAZEM- Companhia Brasileira de Armazenamento e COBAL- Companhia Brasileira
de Alimentação, foram fundidas na CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento,
subordinada de fato – e agora de direito – ao Ministério da Economia, Fazenda e
Planejamento; foram instintos o Instituto do Açúcar e Álcool - IAA, o Instituto Brasileiro
do Café - IBC, a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural -
15 - Como assinala a Retrospectiva da Agropecuária da CEA/FGV (1981:7), também contribuiu para essa queda dos preços agrícolas a tendência declinante dos preços dos produtos exportados, agravada em 1.990 pela defasagem cambial, que afastou os exportadores do mercado, reduzindo a demanda.
EMBRATER e o Banco Nacional de Crédito Cooperativo, sem que suas atribuições
fossem transferidas para outros órgãos.16
Em resumo, Graziano da Silva (1.996:140),afirma que a “nova política agrícola
consubstanciada no intempestivo desmonte do aparelho estatal voltado para agricultura,
ao lado de uma política de preços desenhada na verdade para evitar uma intervenção
governamental de peso, fosse no financiamento, fosse na aquisição de safra, revelou-se
desastrosa já no seu primeiro ano. Foram os estoques de safras anteriores e das
importações feitas na época do Plano Cruzado, aliados ao brutal quadro recessivo
(desemprego, achatamento salarial, etc...), que impediram que a redução da quantidade
colhida na safra 1.990 / 91 resultasse em escassez no mercado. Evitou-se assim que a
quebra de safra se traduzisse numa alta de preços; por outro lado, os baixos preços
obtidos pelos produtores representavam um desestímulo ainda maior para o plantio da
safra seguinte.”
O que houve na verdade foi que a “nova política agrícola” anunciada no primeiro
ano do governo Collor, menos que uma opção ideológica pelo mercado, foi premida pela
crise fiscal do Estado Brasileiro. De fato, o desmonte, conjuntamente com enxugamento
da máquina governamental deveu-se em muito à falta de disponibilidade de recursos. Para
os defensores do livre mercado e da redução das interferências do Estado na produção e
no comércio agrícola, o governo se precipitara nesta reversão de rumo das diretrizes para
o setor rural. Argumentavam que o livre comércio não funcionara antes porque os
estoques que o próprio governo possuía haviam sido vendidos a preços baixos para manter
o tabelamento da cesta básica, essencial à política de controle inflacionário. O teste de fato
seria agora, na safra 1.991 / 92, quando os excedentes já tinham sido enxugados e os
preços começavam a reagir.
Mas a expectativa de um “choque agrícola”, numa espiral inflacionária que
retomava seu ímpeto ascendente poderia ser explosiva. E o governo resolveu não pagar
para ver, isto é, o Governo Collor percebeu logo os riscos de repetição de uma safra
inferior à demanda doméstica e inverteu a política agrícola em meados de l.99l, lançando
um pacote agrícola que agradou os produtores, só que deixou uma grande dúvida: até que
16 - A Retrospectiva da Agropecuária do CEA/FGV (1.991:3) cita, por exemplo, que a extinção do IBC provocou temporariamente a suspensão das exportações de café simplesmente porque não se sabia quem deveria emitir certificados de origem exigidos pelo Acordo Internacional do Café, do qual o país é um dos principais signatários.
ponto o Estado terá condições financeiras para continuar desempenhando esse papel nos
anos futuros.
Na verdade, essa “nova política agrícola neoliberal”, do Governo Collor
representou o abandono das políticas agrícolas implantadas nos anos 80. Segundo
Gasques & Villa Verde ( l.99l:359-60 ), “ a causa maior da redução de recursos para a
agricultura foi a política de estabilização adotada a partir de março de l.990 (...) Em
substituição a emissão de títulos,17o governo passou a aplicar recursos mediante o
retorno de operações anteriormente realizadas que se converteram em receitas sob a
forma de amortização de empréstimos. Essa nova sistemática marcou todas as aplicações
em políticas agrícolas realizadas em l.990.”
Os autores enfatizam que contribuiram também para a redução dos dispêndios
públicos a saída do governo de algumas atividades e a maior seleção de beneficiários na
utilização dos recursos, quase sempre em detrimento dos pequenos e médios produtores
rurais, que vinham sendo beneficiados pela política de preços mínimos implantados após
l.985.18
É difícil imaginar que a modernização da agropecuária brasileira, que tanto
dependeu do Estado para os seus passos iniciais, possa continuar nos anos 90 com tão
pouco apoio; ainda que se alegue que grande parte das novas tecnologias de produtos
sejam de origem privada – como no caso das inovações decorrentes das novas
biotecnologias e da microeletrônica – a base para sua adaptação/adoção em nosso país tem
que ser criada pelo Estado. Não tem sido outro o papel dos institutos de pesquisas e das
estações experimentais mantidos pelo poder público em nosso país, hoje quase que falidos
ou totalmente sucateados.
Pode-se concluir que a política de crédito rural com juros subsidiados não é um
instrumento eficaz de incentivo à agricultura, isto é, consegue resultados pequenos
relativamente aos custos que acarreta para o Governo e para a economia. Esta
17 -“ Até l.989, os financiamentos dos compromissos do governo federal eram realizados em grande parte através de títulos públicos federais no mercado e cuja participação no financiamento da despesa pública neste setor foi de 84%”(Gasques & Villa Verde, l99la: 359)18 - Segundo Gasques & Villa Verde (l99la: 363), essas alterações se deram da seguinte forma: na conta do trigo, os preços de venda aos moinhos foram reajustados de modo a reduzir os subsídios; as políticas de açúcar e café sofreram redução em decorrência da privatização das operações de aquisição do açúcar para beneficiamento e exportação; e no café, pela transferência ao Fundo de Defesa da Economia Cafeeira das operações de empréstimos para aquisição desse produto. Ainda segundo os autores, a redução de dispêndios efetivos no crédito se deve à orientação de aplicar os recursos oriundos do Tesouro apenas com mini e pequenos produtores e suas cooperativas; e no caso dos preços mínimos, pela exclusão dos grandes produtores e beneficiadores. Ale registrar, todavia, que isso é o que pretendia a legislação vigor, não havendo todavia ainda evidências empíricas que comprovassem a sua efetividade.
característica decorre do fato do crédito ser fungível, isto é, poder ser aplicado na
atividade mais rentável e não aquela atividade para a qual o emprestador a destinou. Isto
significa que, se a agricultura necessita de incentivos, por causa da política cambial, da
proteção tarifária aos insumos que compra, da pequenez e do nível de renda insatisfatório
do mercado de alimentos, estes incentivos deveriam ser fornecidos através de políticas de
preços e não políticas de juros subsidiados.
A distribuição de crédito rural e, consequentemente, de subsídios é, provavelmente,
tão ou mais concentrada do que a distribuição de terras e de riquezas. Assim, a utilização
do crédito rural como instrumento de incentivo à agricultura tem efeitos perversos sobre a
distribuição da renda. Esta característica pode ser, em parte, corrigida pela elevação dos
juros do crédito rural. Entretanto, não se deve esperar que a política bancária de
distribuição de empréstimos possa ser utilizada, mesmo com juros mais elevados, para
promover políticas de redistribuição de rendas. A política de redistribuição de renda deve
se apoiar em outros mecanismos.
A elevação das taxas de juros provavelmente aumentará a participação do sistema
financeiro privado no financiamento rural. Entretanto, no Brasil, como em diversos outros
países do mundo, a presença do Estado no financiamento à agricultura, assim como às
pequenas e médias empresas urbanas, parecem imprescindíveis.
Os subsídios agrícolas não podem ser mais responsabilizados significativamente
pela expansão das contas monetárias do Governo. A extinção imediata dos subsídios do
crédito rural, mesmo que desconhecendo os limites e as dificuldades mencionadas em
itens anteriores, não conseguiriam aliviar as contas monetárias do Governo em mais de
10%. O setor agrícola deveria ser poupado de contenções ainda maiores, ou de elevações
adicionais das taxas de juros, a fim de proteger o nível de investimentos do setor e a
produção agrícola corrente.
CAPÍTULO II
CRÉDITO RURAL E O ESTADO DO ACRE
2.1 - Breve Histórico - Jurídico
O Estado do Acre, com uma área de l5.258.900 ha. ( quinze milhões, duzentos e
cinqüenta e oito mil e novecentos hectares ), foi incorporado ao territórios nacional
através do Tratado de Petrópolis, celebrado em 17 de novembro de 1.903, com a Bolívia,
e executado em 10 de março de 1.904 pelo Decreto n.º 5.161.
O Acre, após ser incorporado ao Brasil, passou a Território e, por último, a Estado,
em 15 de junho de 1.962.
Com o surgimento do Território, abrangido por áreas adquiridas pelo referido
Tratado, as terras do Acre, somente, em 1.912, vieram a ter disciplinamento jurídico,
através da Lei n.º 2.543-A, de 05 de janeiro de 1.912. Entretanto, para aplicar a Lei, não
havia um órgão encarregado; o Governo não deu condições para seu cumprimento.
O Decreto n.º 10.105, de 05 de março de 1.913, veio aprovar o novo regulamento de
terras devolutas da União e, em seu artigo 3º, reconheceu como legítimo os Títulos
expedidos pelos governos da Bolívia, do Estado do Amazonas e do Ex-Estado
Independente do Acre, antes da fundação de cada departamento, em virtude da Lei n.º
5.188, de 07 de abril de 1.904.
Decorridos alguns anos, finda a 2a Guerra Mundial, sem haver, até então, uma
regularização fundiária para as terras do Acre, surgiu o Decreto n.º 9.760 / 46, que veio
ratificar os compromissos assumidos pelo Brasil em Tratado ou Convenção de limites e
esclarecer quais as terras que não seriam consideradas devolutas, enumerando-as no art.
5º, alíneas “e” e “f”, combinados com o seu Parágrafo Único.
Para aplicabilidade do referido dispositivo legal, surgiram várias dúvidas, o que
tornou-se motivo de estudo e consultas. O problema maior é que as terras do Acre estão
por registros imobiliários, com presunção “juris tantum” de domínio (* juris tantum
–concepção latina: Exprimindo o que resulta ou é o resultante do próprio Direito, serve
para designar a presunção relativa ou condicional, e que, embora estabelecida pelo Direito
como verdadeira, admite prova em contrário), cujas cadeias dominiais, levantadas e
analisadas, não batem, na origem, com um documento legítimo que provem o destaque da
terra do patrimônio público e, em conseqüência, face a quebra de elo, eram registros
passíveis de nulidade, cuja nulidade foi sanada com a Emenda 77 / 78, que surgiu após o
entendimento de que todos os imóveis que se encontrassem nas condições estabelecidas
pelas letras “e” e “f” do Decreto-Lei n.º 9.760 / 46, na data de sua edição tinha domínio e,
não posse.
Trata-se de uma deliberalidade da União reconhecer o domínio por ocupação
daqueles que se enquadram nas situações previstas no referido dispositivo legal, com as
restrições de seu Parágrafo Único e que comprove a ocupação e exploração do imóvel, em
05 de setembro de 1.946.
O Estado do Acre está situado dentro dos limites da Faixa de Fronteira de 150
quilômetros, zonas consideradas indispensáveis à defesa do País e em áreas declaradas
indispensáveis à segurança e ao desenvolvimento nacional de acordo com a Lei n.º 6.634 /
79 e Decreto-Lei n.º 1.164 / 71.
A Superintendência Regional/INCRA, a extinta Coordenadoria Regional da
Amazônia, através de Comissões Especiais de Terras Devolutas da União, vem
promovendo a discriminação de terras do Estado do Acre, cujo procedimento é
disciplinado pela Lei n.º 6.383 / 76.
Com base na referida lei, no triênio 1.977 / 79, foram criadas 22 Comissões
Especiais no estado e discriminados 154 seringais, compreendendo uma área de
3.0l9.054,1474 ha ( três milhões, dezenove mil e cinqüenta e quatro hectares, quatorze
ares e setenta e quatro centiares).
Quanto à situação jurídica da documentação das terras do Acre, são considerados
como legítimos os Títulos Definitivos expedidos pelos Governos da Bolívia, do Estado do
Amazonas e do Ex-Estado Independente do Acre, antes da fundação de cada
departamento, em virtude da Lei n.º 5.l88, de 07 de abril de 1.904, e reconhecido o
domínio por ocupação dos detentores de imóveis rurais que se enquadram nas condições
estabelecidas pelas alíneas “e” ou “f” do Decreto-Lei n.º 9.760 / 46, de acordo com a
Emenda-77 / 78.
A Superintendência Regional vem coordenando, controlando e executando a
colonização oficial do Estado do Acre, através de Projetos de Assentamento Dirigido -
PAD,s, nos municípios de Cruzeiro do Sul, Senador Guiomard, Plácido de Castro, Rio
Branco e Sena Madureira, onde as áreas destinadas aos projetos foram objetos de
desapropriação.
2.2 – Características da Pequena Produção Rural Acreana
A economia acreana era baseada no monoextrativismo gumífero, com uma estrutura
global e complexa, se configurando em um longo processo histórico que tem início com a
ocupação do espaço geográfico e econômico do Acre na segunda metade do século
passado, sob a égide do capitalismo, quando o capital industrial já exercia seu domínio a
nível internacional. Este fato é importante para entender a forma de processo de trabalho
ali implantada, as relações de produção, a estrutura fundiária, as oscilações de
desenvolvimento e estagnação da economia, bem como os movimentos demográficos.
Aliado à forte pressão da demanda externa, outro fator contribuiu para a ocupação das
terras acreanas. As grandes secas que assolaram o Nordeste, após l.877, vieram dificultar
ainda mais a sobrevivência da população, na já decadente economia nordestina. Com isso,
grandes levas de nordestinos, principalmente de cearenses, foram deslocados para a
Amazônia, penetrando por territórios que o Brasil reconhecia como bolivianos e que mais
tarde foram reivindicados também pelo Peru.
A função, que lhe foi atribuída na divisão internacional do trabalho, foi a de simples
produtor e exportador de borracha natural, necessária, então, ao desenvolvimento da
indústria automobilística dos países centrais. À extração da borracha como atividade
econômica fundamental, se desenvolve, em função das necessidades do capital industrial e
financeiro. Dentro dessa perspectiva todas as outras atividades, como o comércio, os
transportes, etc.., eram totalmente subordinadas à atividade de extração gumífera. Essa
subordinação explica a enorme sensibilidade da atividade econômica em relação as
flutuações da atividade extrativista. Atividade que determinou do mesmo modo a
organização do espaço e a integração dele ao resto do território brasileiro via curso
natural dos rios através dos quais o então Território do Acre se comunicava com Manaus e
Belém, centros gravitacionais e articuladores do extrativismo. As cidades acreanas foram
fundadas às margens dos rios, em locais onde originalmente haviam os seringais.
A agricultura no auge da economia da borracha não somente aparece como um sub-
setor absolutamente dependente, mas, sobretudo, como uma atividade secundária, cuja
função consiste em amortecer as flutuações do ciclo extrativista, notadamente no que diz
respeito ao abastecimento de alimentos para força de trabalho em época de recessão. Com
isso resolvia-se, de resto, as dificuldades de caixa dos patrões/seringalistas nesses
períodos críticos. É necessário sublinhar então que a produção de alimentos variava
inversamente em função da atividade extrativista. Como afirma Duarte (l.987:l6), (...)
Várias frotas se encarregavam de fazer o escoamento da produção da borracha e
abastecer os seringais de mão-de-obra, de mercadorias necessárias à sua sobrevivência e
de instrumentos de trabalho.
Vale salientar que pelo aviamento (fornecimento de gêneros alimentícios), que
definia a relação de produção essencial da borracha, o barracão (sede do seringal,
residência do administrador), fornecia também produtos agrícolas básicos como arroz,
feijão, farinha, que poderiam ser produzidos no Acre e no entanto eram importados. Pode-
se resumir a questão de maneira seguinte: “O produtor direto (seringueiro) não era
agricultor e não devia exercer atividade agrícola. O espaço rural, portanto, não tinha
uma vocação agrícola, pois que a terra era considerada um suporte à atividade
extrativista. O valor da terra, destarte, estava associado ao fato de nela existir ou não
seringueiras e castanheiras.”19
A partir de l.876, os ingleses fizeram um trabalho de coleta e aclimatação de
semente e experimentação da cultura da hevea fora da Amazônia, introduziram várias
plantações racionais no Sudeste Asiático. Segundo Oliveira (l.982:32): “A borracha
racional é uma agricultura tipicamente capitalista, organizada em moldes técnicos e
empresariais e com ganhos crescentes em produtividades. Representa uma intervenção
19 - ACRE. Comissão Estadual de Planejamento Agrícola. Núcleo de apoio rural integrado (1.984: 05).
direta de capital produtivo na organização da produção e como tal é uma forma superior
de volume e escala de produção.”
Com a entrada em produção dos seringais de cultivo racional no Sudeste Asiático, a
produção asiática de borracha passou a superar a produção brasileira. Em l.9l2, a produção
brasileira atinge a cifra máxima de 43.000 toneladas. Em l.9l3, a produção brasileira caiu
para 39.560 t, enquanto que a produção da Ásia apontava 47.6l8 toneladas. No final da
década, em l.9l9, nossa produção de borracha era de 34.285 toneladas contra 381.860 t.
produzidas pela Ásia, segundo Teixeira (l.980:53). Isso foi o início do declínio brutal e
real da economia acreana, a qual se amparava em atividades ligadas ao extrativismo.
Durante o período em que ocorreu a II Guerra Mundial, marcado por um período
de retomada da atividade extrativista, onde a economia da borracha tem novo impulso.
Com a ocupação da Malásia e Ceilão pelos japoneses, os países aliados ficaram privados
do fornecimento da borracha. Como essa matéria prima havia se tornado indispensável às
economias industriais, o capital industrial voltou a interessar-se pela borracha nativa
produzida na Amazônia.
Segundo Duarte (1.987:18): “Em l.942, através do Decreto Lei 4.451, foi criado o
Banco de Crédito da Borracha, com capital brasileiro e americano. Este Banco tinha as
atribuições de estimular a produção e regularizar os preços e a comercialização da goma
elástica. Esta regularização era conseguida através do monopólio estatal da borracha,
eliminando-se assim os intermediários.
Foi desenvolvido um plano de saneamento na Amazônia, com o auxílio da
Fundação Rockffeler. Mais tarde, este serviço se transformou no SESP – Serviço Especial
de Saúde Pública.
Para o recrutamento de trabalhadores em outras regiões, a fim de suprir mão de
obra os seringais desfalcados , foi criado o Serviço Especial de Mobilização de
Trabalhadores para a Amazônia – SEMTA, sendo substituído pela Comissão de
Encaminhamento de Trabalhadores para a Amazônia – CAETA.”
Foi um período de imigração, dessa vez com intervenção do Estado e com a
finalidade de aumentar a produção gomífera como uma contribuição brasileira ao esforço
de guerra dos aliados. Novamente, grandes contingentes de nordestinos foram
transportados para o Acre e outras partes da Amazônia. Foram os chamados Soldados da
Borracha, com muitas promessas e com muitas esperanças, se internaram nas florestas
com a finalidade de extrair a borracha. Pensavam estar servindo à Pátria, quando na
verdade estavam servindo apenas aos interesses do capital. Com esse novo afluxo de
nordestinos, no Censo de l.950, o Acre apresentou um acréscimo de 34.987 habitantes,
com relação ao de l.940.
Esse período de surto foi curto e uma vez terminada a guerra, iniciou-se um novo
declínio da atividade de extração da borracha na região. É a partir desse momento que
começa a se estruturar a atual economia característica do Acre. Desativaram muitos
seringais e outros foram literalmente abandonados. Os soldados da borracha que
constituiu-se de uma força de trabalho excedente, vão de encontro a zona urbana
periférica de Rio Branco, visando dar início a uma nova e pequena produção de alimentos
e outros engrossam o cinturão de miséria, aumentando o contigente populacional, produto
esse, do fenômeno êxodo rural.
No final da década de 60 e na década de 70, o Estado buscou reorientar e a reordenar
a economia via a implantação de assentamento e possibilitou o desenvolvimento do sub-
setor pecuário, expressão da nova frente capitalista. Com isso, a estruturação e a ocupação
espacial não se deram em função de uma necessidade do mercado interno, uma vez que a
expansão da pecuária destinava-se à exportação. À terra foi lhe atribuída a função de
suporte da pecuária, sendo que, de resto, era objeto de especulação fundiária. “Como
conseqüência desse processo ocorre a expulsão de pequenos extratores (seringueiros) que
também eram pequenos produtores de alimentos. Isso originou um déficit na oferta de
produtos alimentares e intensificou o êxodo rural na década de 70. A própria expansão
de Rio Branco provocou a desapropriação de produtores antigos.”20
A mudança da tradicional função agro-extrativista do meio rural para uma função
pecuária não se acompanhou no sub-setor agrícola de um aumento de produção e nem
produtividade, o que houve foi a liberação de mão-de-obra que aumentou o contigente
migratório para a cidade ou, que em parte foi recolocada nos projetos de assentamento;
contudo a explicação da crise de alimentos se encontra no bojo desse processo de
reestruturação agrária.
Novas levas de imigrantes começaram a chegar no Acre, completando o quadro
característico da agricultura e da pequena produção de alimentos. Esses novos imigrantes
provinham do Centro-Sul do país, sendo agricultores em sua plenitude e detentores de
20 - CEDEPLAR. Migrações internas na região Norte. O caso do Acre.(1.979) –CEPA (1.984:06).
conhecimentos técnicos e com grande experiência agrícola, contudo esses trabalhadores
rurais não detinham mais a posse de suas terras de origem.
Consolida-se, assim, na etapa atual a pequena produção de alimentos como um
componente fundamental no conjunto da economia, pelas suas funções de fomentadores
de alimentos aos próprios produtores diretos; abastecimentos dos mercados urbanos;
constituindo-se em um mercado consumidor de bens industriais fornecidos pelo comércio;
e, por último, ser uma fonte de emprego que fixa o homem em seu espaço rural.
A pequena produção estadual é constituída por uma organização econômico-social,
cultural e de ocupação do espaço rural. Compreendida em termos de organização social, a
pequena produção é uma forma de organização produtiva não capitalista integrada a
“jusante e a montante” ao resto da economia, pois a compreensão da relação que existe
entre a pequena produção agrícola e o resto da economia permite a compreensão do papel
da agricultura acreana, dos seus sistemas produtivos, da transferência dos seus excedentes
produzidos e da sua função na economia global.
Em se tratando de agricultura em geral e da pequena produção, em particular, o
primeiro aspecto relevante na caracterização é o reduzido tamanho dos extratos de áreas.
Segundo o IBGE (Tabela IV) a metade (49,52%) dos estabelecimentos no Estado do
Acre, têm menos de 100 hectares, e cobrem apenas 07,82% da área agrícola total do
Estado. Cumpre ressaltar também que, em relação às dimensões das áreas de lavouras,
86,08% dos estabelecimentos têm uma área de lavoura inferior a 05 hectares. (Tabela IV)
TABELA IV
NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS POR ÁREA DE LAVOURA DO ACRE
SUPERFÍCIE EM HA N.º DE ESTABELECIMENTOS %
Menos de 0l 2.431 11,l6
De 0l a menos de 02 6.579 30,21
De 02 a menos de 05 9.735 44,70
De 05 a menos de l0 2.296 10,54
Mais de l0 734 3,37
FONTE: IBGE. Sinopse Preliminar Censo Agropecuário-l.980
Na pequena produção, a força produtiva fundamental é a força do trabalho que, em
sua maioria é proveniente do núcleo familiar, onde os instrumentos de trabalho são de
caráter privado; acontecendo o mesmo com a terra que tem esse caráter de propriedade
privada ou de posse particular, embora possa existir precariedade nesse aspecto.
A utilização de instrumentos de trabalho arcaicos como: o facão (terçado), o
machado, a enxada, a foice, etc., é um bom reflexo do baixo nível de desenvolvimento
tecnológico, muito embora esteja tornando-se crescente o uso de plantadeiras manuais,
pulverizadores e mesmo a moto-serra acompanhada de pouca mecanização agrícola.
Os produtos agrícolas, oriundos da pequena produção são fundamentalmente aqueles
que constituem a base da alimentação regional: feijão, milho, mandioca e arroz, os quais
são produtos de cultivo temporário, acompanhados da carne bovina e alguns frutos.
Definindo a pequena produção como sendo uma atividade produtora de alimentos.
Segundo dados obtidos a partir da Sinopse Preliminar do Censo Agropecuário de
1.995 do total das áreas de culturas permanentes e temporárias, 89,77%, correspondem, no
Estado, às áreas de lavouras temporárias, ao passo que 10,23% são correspondentes às
áreas de culturas permanentes.
A pequena produção ocorre dentro do quadro de uma agricultura do tipo itinerante,
cujo ciclo guarda uma estreita ligação com o clima tropical úmido, isso significa que ao
analisar o sistema de conservação do solo, esse reside na rotação ou então, deslocamento
sucessivo da área de cultivo com repouso prolongado das áreas já utilizadas. Assim, uma
vez terminado o ciclo produtivo de uma área, essa é abandonada por um período que varia
entre 06 – 08 anos, onde a natureza se encarregará, então de reconstituir a capacidade
produtiva, isto é, a fertilidade do solo, ou simplesmente é utilizada para o plantio de
pastagens.
A pequena produção de alimentos é de uma importância capital no conjunto da
economia porque é sob esse sistema que se organiza a agricultura acreana. Trocando em
miúdos, a maioria dos produtores de alimentos agrícolas bem como os mais produtivos,
quer dizer os responsáveis pela quase totalidade dos volumes produzidos, são oriundos da
pequena produção.
Segundo a Comissão Estadual de Planejamento Agrícola - CEPA (l.984:l0 / 11), no
relatório: Problemática do Pequeno Produtor Rural do Acre, analisa ainda mais em
detalhes a função da agricultura, que na prática significa a pequena produção, afirmando
que:
1- o sub-setor agrícola tem, via a pequena produção de alimentos, a função de
fornecer produtos de auto-consumo para a própria força de trabalho familiar.
São os tradicionais produtos da chamada agricultura branca;
2- a pequena produção ocupa um lugar de destaque no Quadro de participação
relativa da Produção Interna Bruta Regional, contribuindo na geração de
produção física e, portanto, de renda e ocupação de mão-de-obra. Em relação
ao PIB Regional, parece que este aspecto de ocupação de mão-de-obra é
primordial na medida em que parte dos volumes produzidos são destinados à
própria reprodução da força de trabalho, através do auto-consumo. Esse fato
pode não aparecer em uma simples quantificação dos níveis de renda monetária
regional, calculados a partir dos volumes comercializados. Portanto, um dos
fatores que traduz a importância desse sub-setor é a sua capacidade de absorver
mão-de-obra, fixando-a no espaço rural. Dados que ilustram esta questão,
mostram que em l.970, a população economicamente ativa no Estado do Acre
estava distribuída da seguinte maneira: 66,68% no setor primário; 6,17% no
setor secundário e 25,22% no setor terciário.21
3- O sub-setor agrícola é um mercado consumidor de bens industriais (roupas,
instrumentos de trabalho, artigos domésticos, etc.,) fornecidos via comércio
urbano.
A transferência e apropriação de excedentes de valor criados pela pequena produção
se explica globalmente pela relação entre o sub-setor agrícola e outros setores da
economia, mas na prática aparece na venda de produtos agrícolas e na compra de bens não
agrícolas pelos produtores diretos. Um dos elementos importantes neste aspecto é o
atravessador ou marreteiro, assim os excedentes gerados pelos produtores diretos são
transferidos a outros setores econômicos, bem como por exemplo ao comércio. Em
realidade a pequena produção participa grande medida no financiamento da atividade
21 - Assessoria de Planejamento e Coordenação. XIX Anuário Estatístico do Acre, l.980, p. 70
comercial do Acre. Os excedentes são transferidos a outras áreas, à zona urbana em
detrimento da zona e do espaço rural.
Os excedentes também se transferem a outras classes sociais, escapando das próprias
mãos dos produtores diretos. É conhecido que os intermediários são agentes que
desempenham um papel importante na articulação sub-setor agrícola / resto da economia.
É através deles aliás, que opera a transferência e apropriação dos excedentes criados pela
pequena produção. A comercialização, via intermediários, constitui portanto uma das
características da pequena produção de alimentos. Seria errado considerar, entretanto, que
os intermediários, têm o exclusivo papel de comerciantes, quer dizer, de simples
compradores ou mesmo vendedores de produtos. Na realidade os intermediários tem
outras funções no seio do sistema de organização da pequena produção.
As principais funções dos intermediários, entre outras que a de colonização são as
seguintes:
a) Função de banqueiro ou melhor de usuário, com efeito, não poucas vezes que o
intermediário empresta, adianta dinheiro na compra antecipada da produção aos
produtores quando esses passam por momentos difíceis (acidentes, doenças,
etc.,). É claro que eles o fazem cobrando juros elevados e com a certeza e aval de
futuras transações;
b) Os intermediários até certo ponto desempenham às vezes um papel de
“previdência social”, prestando serviços tais como aviamento de remédio,
transporte de doentes, empréstimos em caso de doença. O atrelamento do
produtor ao intermediário é um preço caro, à pagar;
c) Os intermediários, dispondo de transporte próprio, constituem um verdadeiro
meio de transporte. Com efeito ele é, o único que “ousa” trafegar os ramais que,
na maioria dos casos, apresentam condições precárias. Não existem, nesse
sentido, soluções alternativas para o escoamento da produção da parte do
pequeno produtor;
d) Os intermediários mantém, além do mais, vínculos de compadrio, isto é, cria-se
uma amizade com muitos dos seus fregueses nos ramais por onde trafega.
Dito isso, aparece claramente que uma política de mudança do sistema de
articulação do sub-setor agrícola com o resto da economia deve visar a substituição do
sistema de intermendiação insistindo não somente na função de comercialização do
intermediário mas em todas as outras funções e serviços prestados por eles. Do contrário
qualquer política adotada será realmente ineficaz.
No que se refere às categorias de pequenos produtores, voltados à agricultura, a
pequena produção inclui 03 tipos, segundo a localização e segundo a situação fundiária:
1- Os colonos dos NARI’s; áreas de colonização estadual; antigas colônias
agrícolas em fase final de regularização fundiária;
2- Os posseiros produtores de alimentos, espalhados por todo por todo o Estado.
muitos deles em áreas de seringais;
3- Os parceleiros dos projetos de assentamento (INCRA). Nesse grupo,
principalmente participavam os imigrantes e seus familiares provenientes do
Centro-Sul do país.
No Estado do Acre, as atividades de Crédito Rural, se direcionaram na sua maioria,
para orientação e acompanhamento da execução de empreendimentos implantados em 83 /
84 e alguns projetos na área de pecuária e guaraná que foram contratados no corrente
exercício de l.985, através de recursos do POLAMAZÔNIA.
O setor gomífero, apesar de ser um dos sustentáculos da economia estadual, a
exemplo do ano de l.984, continuou paralisada as tomadas de projetos e contratação de
novos empreendimentos, ocasionado principalmente por:
- Acordo feito entre os órgãos responsáveis pelo setor, de procurar regularizar a
situação dos projetos contratados nos anos anteriores;
- As altas taxas dos encargos financeiros, fizeram com que os produtores se
desinteressassem por novos financiamentos.
Na área agrícola, nas chamadas culturas de subsistência, que até o ano 82 havia
grande procura de crédito para custeio, a exemplo de 83 / 84 persistiu uma retração na
demanda de financiamento.
O que pode se enfatizar é que na área de crédito rural, os projetos a serem
financiados eram descriminados por área de ação, conforme apresenta quadro abaixo:
TABELA V
CRÉDITO RURAL – 1.985
PROJETOS N.º DE PROJETO ÁREA (H A)
Pecuária de Corte 54 1.301
Pecuária de Leite 21 755
Apicultura 01 0
Suinocultura 02 0
Horticultura 01 0,5
Investimento Agrícola 01 0
Guaraná 45 198
Fruticultura 01 02
FONTE: EMATER-ACRE (1.985).
Embora os trabalhos de assistência técnica, conjuntamente com os serviços de
extensão rural sejam prioritariamente voltados para a pequena propriedade rural, bem
como, a política de estímulo do Governo Federal também se inclinou ao pequeno
produtor; o ano de l.986 face aos reflexos de um período cujos benefícios creditícios eram
assegurados aos médios e grandes investidores, foi marcado ainda pela significativa
participação do médio e grande produtor.
TABELA VI
CRÉDITO RURAL - N.º DE PROJETOS EXECUTADOS EM 1986
CRIAÇÃO PEQUENO MÉDIO GRANDE TOTAL
N.º PROJETOS 90 39 14 143
CULTURA PEQUENO MÉDIO GRANDE TOTAL
N.º PROJETOS 10 02 05 17
Fonte: Emater Acre - 1986
Durante o ano de 86, tendo em vista as altas taxas de juros e a escassez de recursos
financeiros oficiais, o produtor rural foi orientado, no sentido de buscar alternativas para
o processo produtivo sem depender obrigatoriamente do Crédito Rural, daí as ações
nessas áreas, principalmente em culturas, terem sido insignificantes.
O objetivo básico do Crédito Rural é incentivar a introdução de métodos racionais
de produção, visando o aumento de produtividade para a melhoria de vida do produtor e
de sua família. Porém, com a política de Crédito Rural implantada em nosso país, a
demanda vem sofrendo ao longo dos anos retrações significativas em função da
inviabilidade econômica para o produtor.
Durante o ano de l.987, os órgãos ligados a agropecuária, principalmente de
assistência técnica e extensão rural direcionou seus trabalhos quase que exclusivamente
para as atividades de bem-estar social da população rural, através da conscientização
extensionista para o associativismo das comunidades como meio de superar essa situação
de descapitalização contínua do produtor rural.
Pouco se realizou com respeito ao crédito rural, fato acontecido foi o
acompanhamento e orientação aos projetos já existentes de pecuária, guaraná, seringueira
e outros, contratados em anos anteriores e outras operações, conforme o quadro a seguir:
TABELA VII
CRÉDITO RURAL – 1.987
ATIVIDADES N.º DE PROJETOS ÁREA ( HA.)
Pecuária de Corte 16 334
Arroz 31 326
Milho 49 1.271
Mandioca 84 337
Banana 09 29
FONTE: EMATER – ACRE ( 1.987 ).
CAPÍTULO III
O CRÉDITO RURAL NO PROJETO HUMAITÁ
3.1 - Características Física s e Sócio-econômicas do Projeto de
Assentamento (PAD) Humaitá.
Em estudos realizados pela Universidade Federal do Acre - UFAC,
caracterizações físicas e sócio-econômicas do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá
encontram-se discriminadas com os seguintes aspectos:
O Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá está localizado no Município de
Porto Acre, distancia-se aproximadamente a 33 km da capital Rio Branco. O Projeto foi
criado através da Resolução Federal n.º 117 de 08 de junho de 1.981, com uma área total
de 63.861 ha., formado pelas terras pertencentes aos antigos seringais Boa União,
Preferência, Humaitá e Curupaity.
A localização e confrontações de limites, geograficamente está compreendido
entre as linhas longitudinais 68º00'00" Wgr e 67º00'00" Wgr e entre as latitudes
09º20'00" S e 10º00'00" S. Confrontando-se ao norte com o seringal Bom Destino e parte
excluída do seringal Humaitá; ao sul; com os seringais Bagaço, Nova União, Colibri,
Quixadá, Extrema e Panorama; a leste com a BR-317 e Rio Acre; e a oeste com o seringal
Novo Andirá.
Como vias de acesso e comunicação, a área é servida pela Rodovia Estadual AC-
22, a qual liga Rio Branco a Porto Acre, composta de pavimentação asfáltica, que corta o
Projeto ao meio. A parte leste da área é tangenciada pela BR-317, que liga Rio Branco-
Ac. a Boca do Acre - AM., com pavimentação em terra. É servida ainda pelo Rio Acre,
com acesso durante todo o ano.
Os meios de comunicação existente mais comuns são: rádio, televisão e em
alguns caso, o telefone.
O relevo não apresenta grandes desníveis topográficos, havendo a predominância
de uma topografia suavemente ondulada com algumas depressões.
Com relação da pedologia, ocorre com predominância nesta área os solos comuns
à Amazônia, os quais são um tanto meteorizados, pertencentes ao grupo podzólico
vermelho amarelo, originário de rochas cristalinas. Apresentam um horizonte "A" com
espessura de 20 a 25 cm, com textura franco-arenoso, franco-argiloso siltoso, muito
friável, ligeiramente plástico e não pegajoso. Possuem baixos teores de fósforo
assimilável.
A rede hidrográfica da região apresenta com destaque o Rio Acre, que permite
navegabilidade em qualquer época do ano, tem ainda uma quantidade de igarapés de
médio e pequeno porte.
Possui uma vegetação com cobertura da florestas subcadufólica amazônica, de
composição uniforme, com grande variedade de espécies. Destacando-se algumas
espécies de grande valor econômico como o mogno, cedro vermelho, a sucupira e a
massaranduba.
No ano de l.986, o INCRA realizou em seu laudo de vistoria com informações
disponíveis com relação ao uso econômico da terra de que dispõem o PAD Humaitá.
A área destinada à exploração agropecuária é de 31.680,5 ha., já que 50% deve
ser destinada à reserva florestal, segundo normas do Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e Recursos Renováveis - IBAMA. Deste total, encontravam-se explorado
l3.612 ha., entre áreas de lavoura e pastagens, correspondendo a 43% da destinada à
exploração.
Considerando-se área efetivamente explorada como referência, têm-se que 36,6%
são pastagens, 46,5% lavouras temporárias e 16,9% com lavouras permanentes.
As lavouras temporárias comportam as culturas tradicionais de subsistência,
arroz, feijão e mandioca, que fornecem a base alimentar das famílias dos agricultores.
Dentre as lavouras permanentes, a maior parcela de área é ocupada com
frutíferas (l2,3% da área explorada ou 73,2% da área de lavoura permanente), onde ganha
destaque a bananicultura e a citricultura, correspondendo as demais frutíferas a pomares
de fundo de quintal.
As culturas permanentes de alto valor comercial (café, cacau, castanha, guaraná,
seringueira e madeiras de lei), as quais se encontravam-se em fase de implantação,
contudo ocupando 4,5% da área explorada. No caso da cacuicultura, tinha o apoio e
atuação da Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira - CEPLAC no Projeto.
A unidade de produção da área do PAD Humaitá é em média de 70 hectares, mas,
de acordo com a Lei n.º 4.771/67/PR, destinadas à Amazônia Legal, é exigido que os
produtores rurais deixem 50% de suas áreas como reserva florestal, diminuindo esta
disponibilidade para 35 hectares como área a ser trabalhada.
Pode-se dizer que as dimensões sócio-econômicas em que vivem os pequenos
produtores rurais trouxeram reflexos no processo decisório. Isto porque, um ambiente
hostil, com meios insatisfatórios, inevitavelmente, estabelece o nível que se pode
atingir os objetivos desejados para que o homem do campo possa se fixar na terra e dela
tirar seu sustento.
3.2 - Crédito Rural e Assistência Técnica no PAD Humaitá
O objetivo do crédito rural é incentivar a introdução de métodos racionais de
produção que incentivem o aumento da produtividade buscando a melhoria de vida do
produtor e de sua família.
No ano de l.988, a EMATER-ACRE teve um papel fundamental na implantação
de micro empresas produtivas, onde os técnicos desenvolveram ações junto as
comunidades rurais, efetuando levantamento da clientela, fazendo entrevistas e colhendo
propostas para efetivar as contratações de projetos de crédito rural.
No Projeto de Assentamento Humaitá, a EMATER-ACRE elaborou junto as
comunidades locais, 250 projetos do PROCERA nas mais diversas atividades ou linhas de
ações, onde os itens financiados foram basicamente reprodutores bovinos, animais para
tração, arame para cerca, habitação, motosserras, motores diversos, barco para transporte
da produção, casa de farinha, paióis para armazenagem de grãos, engenho de cana-de-
açúcar, carroças, currais, terreiros para café, açudes, máquinas de costura, moto bomba,
pulverizadores costais, pastagens, culturas de subsistência (arroz, milho, feijão,
mandioca), culturas perenes (café, citrus) e culturas diversas (frutíferas, abacaxi, mamão,
maracujá e banana).
As atividades de crédito rural na EMATER-ACRE se direcionaram aos pequenos
produtores assentados nos Projetos de Colonização e Reforma Agrária. Os trabalhos de
tomadas de propostas tiveram início no segundo semestre de l.987, com as contratações
dos recursos ocorrendo em 1.988/89 e 90.
O Programa Especial de Crédito Rural e Reforma Agrária - PROCERA -, tem uma
importância social muito grande para os mini e pequenos produtores assentados pelos
seguintes motivos:
- Permite o acesso ao Crédito Rural, dar garantias.
- Os juros são subsidiados, proporcionando ao tomador retorno garantido.
- Propicia ao pequeno produtor, investimentos de estruturação que lhe asseguram,
uma maior estabilidade econômica e familiar.
- Fixação do homem no meio rural.
As atividades de Crédito Rural, se direcionaram na sua maioria para o
acompanhamento e orientação técnica aos produtores dos projetos do Projeto de
Assentamento Humaitá que haviam recebido os recursos do PROCERA da primeira fase
nos anos de 88/89 e 90.
No exercício de l.990, o crédito rural elaborou 20 projetos, dos quais beneficiou
somente 12 produtores, coube ainda realizar o acompanhamento aos produtores que
estavam com seus projetos definitivos do PROCERA - 2a (Segunda) fase elaborados desde
l.989, cabendo a assistência técnica e a extensão rural, fazer o acompanhamento na
aplicação desses recursos e prestar orientação técnica aos financiados.
Com a mudança de governo no mês de março, e a implantação de uma nova
política econômica no país, os recursos do PROCERA, que são oriundos do INCRA,
foram suspensos imediatamente, ficando os serviços de assistência técnica e extensão
rural com os projetos definitivos parados, o que beneficiaria 284 pequenos produtores do
Projeto de Assentamento Humaitá.
Em cumprimento ao Art.159, inciso I, alínea c da Constituição Federal, foi criado
o Programa de Aplicação dos Recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do
Norte - FNO., constituindo-se no momento, na única fonte de recursos para produtor rural
do nosso Estado e por conseqüência do Projeto de Assentamento em estudo.
Em l.99l, com a nova política econômica e as Linhas de Crédito Rural existentes
nos agentes financeiros, com encargos financeiros mais a taxa referencial e exigências de
garantias reais os pequenos produtores rurais, público prioritário da assistência técnica e
extensão tem acesso restrito, sendo beneficiados uma minoria de médios e grandes
produtores.
Para que os pequenos tenham acesso ao Crédito Rural, torna-se necessária Linhas
de Crédito com encargos financeiros subsidiados e normas operacionais mais acessíveis a
região Amazônica.
No ano seguinte, as ações referentes ao Crédito Rural, em quase nada se
modificaram com relação ao ano de l.99l, quanto ao número de pessoas beneficiadas. Tal
fato se explica pelas normas operacionais definidas pelos agentes financeiros, tais como:
encargos financeiros mais a taxa referencial e as garantias, que tem dificultado a
aplicabilidade dos recursos disponíveis .
Por outro lado vale ressaltar que o esforço integrado das instituições, captaneadas
pelo governo estadual, proporcionaram as condições mínimas necessárias ao acolhimento
de propostas ao acompanhamento técnico na execução dos projetos contratados.
Para um avanço mais considerável, faz-se necessário uma profunda avaliação e
revisão das linhas de crédito existentes, visando adaptá-las as reais necessidades dos
pequenos e médios produtores rurais.
A linha de Crédito Rural teve grande importância dentro do meio rural acreano e
em especial no Projeto Humaitá no ano de l993, como fonte de capital para investimento
agropecuário, ficando muito a desejar no aspecto de custeio agrícola. A EMATER-ACRE
elaborou junto aos agentes financeiros, os projetos quantificados, adequando-os às reais
necessidades das unidades produtivas. (tabela abaixo)
TABELA VIII
PROJETOS ELABORADOS PELA EMATER ACRE
Linha de Crédito 1990
Estado Humaitá
1991
Estado Humaitá
1992
Estado Humaitá
1993
Estado Humaitá
Procera 208 20 232 - - - 1.503 192
Prorural - - - - - - 538 85
Fonte: Emater Acre
No ano de l.994, os pequenos produtores rurais assentados no Projeto Humaitá,
buscaram viabilizara seus empreendimentos através de uma significativa demanda de
recursos do PROCERA, PRORURAL E FNO Normal, conforme pode ser observado a
seguir:
TABELA IX
PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS PELA EMATER-ACRE - 1994
Municípios Procera Prorural FNO Normal
Elaborados Contratados Elaborados Contratados Elaborados Contratados
Cruzeiro do Sul 358 354 360 355 06 06
Tarauacá 48 - 30 09 08 -
Feijó - - 26 - 08 -
Brasiléia 20 - 438 201 18 04
Xapurí - - 35 35 17 -
Acrelândia 22 11 25 - - -
Rio Branco 428 169 127 03 06 02
Bujarí 06 05 10 10 02 -
Plácido de Castro 65 06 49 49 - -
Porto Acre-Humaitá 29 - 23 15 - -
Sena Madureira 10 - 09 - 10 -
Senador Guiomard - - - - 02 -
Total do Estado 986 545 1.132 677 77 12
Fonte: Emater/Acre (1.994)
A EMATER-ACRE dentro de suas possibilidades procurou viabilizar a demanda de
Crédito Rural pelos produtores, entretanto, devido a falta de recursos e a burocracia dos
órgãos federais, pouco mais de 57% dos financiamentos pretendidos foram aprovados. A
nível de Estado do Acre, o total dos recursos liberados aos produtores rurais, de acordo
com as linhas de crédito, foi o seguinte:
PROCERA ................................................................R$ 1.429.270,00
PRORURAL .............................................................R$ 2.966.515,00
FNO NORMAL .........................................................R$ 219.000,00
Atualmente, o crédito rural , através dos programas do Governo Federal Fundo
Constitucional do Norte (FNO) e do Programa de Crédito Especial da Reforma
Agrária (PROCERA), constitui-se no principal instrumento de política agrícola do
Estado, o qual tem possibilitado à dezenas de produtores melhorias significativas na
unidade produtiva e, consequentemente, na renda familiar.
Em l.995, a EMATER-ACRE manteve seu trabalho de acompanhamento e
orientação aos 3.594 (no Estado) e 463 (no Humaitá) produtores contemplados em
anos anteriores, bem como, viabilizou 1.120 novos projetos para captação de
recursos, sendo que apenas 473 projetos foram contratados e liberados pelo banco.
Em decorrência da fragilidade operacional dos agentes financiadores,
somente 42% dos projetos elaborados foram efetivamente liberados. O total de
recursos liberados aos produtores de acordo com a linha de crédito, foi o seguinte:
PROCERA .................................................................R$ 1.049.305,00
PRORURAL ..............................................................R$ 632.386,00
FNO NORMAL .........................................................R$ 979.115,00
TABELA X
PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS PELA EMATER ACRE POR MUNICÍPIOS - 1995
Municípios Procera Prorural FNO Normal
Elaborados Contratados Elaborados Contratados Elaborados Contratados
Cruzeiro do Sul 17 17 31 - - -
Tarauacá 31 29 10 - 10 -
Feijó - - 23 - 09 09
Brasiléia - - 190 81 - -
Xapurí - - 05 - 25 04
Acrelândia 95 86 48 - 03 -
Rio Branco 120 84 74 - 20 04
Bujarí - - - - 06 03
Plácido de Castro 70 58 89 - 08 -
Porto Acre/Humaitá 30 26 01 - 07 01
Sena Madureira 36 - 54 - 14 -
Senador Guiomard - - - - 06 02
Epitaciolândia - - 23 23 08 08
Mâncio Lima 24 24 - - - -
Nova Califórnia - - 39 - - -
Manuel Urbano 14 14 - - -
Total do Estado 437 338 587 104 116 31
Fonte: Emater Acre
Em 1.996, o crédito rural teve uma significativa participação no processo de
desenvolvimento rural, devido a operacionalidade do sistema de contratação dos projetos
elaborados pela EMATER-ACRE. O Programa do governo Federal Fundo constitucional
do Norte (FNO) apresentou melhorias significativas na sua funcionalidade e consolidou-
se como instrumento de política agrícola do Estado, possibilitando investimentos à 1.358
produtores rurais no Estado na ordem de R$ 12.863.880,00 (doze milhões oitocentos e
sessenta e três mil, oitocentos e oitenta reais) e 36 pequenos produtores rurais no PAD.
Humaitá, sendo 05 no PROCERA, com valor médio de 4.760,00 (quatro mil setecentos e
sessenta reais) e 3l produtores no PRORURAL com o valor médio de 8.598,00 (oito mil
quinhentos e noventa e oito reais) para cada produtor.
Os recursos contratados segundo as linhas de créditos, bem como, o número de
projetos elaborados e contratados no Estado, capital e Projeto Humaitá, encontram-se a
seguir:
PROCERA ................................................................R$ 1.494.538,00
PRORURAL .............................................................R$ 8.263.042,00
FNO NORMAL .........................................................R$ 3.106.300,00
3.3 - Crédito Rural e Uso da Terra
Na área do PAD Humaitá o uso da terra segue, basicamente, as categorias
contempladas pelo estudo que são: a) lavoura permanente (envolve as culturas ditas
perenes e semi-perenes, como abacaxi, banana, mamão, maracujá e cana-de-açúcar); b)
lavoura temporária; c) pastagem; d) descanso; e) mata.
Em l.988, a UFAC realizou uma pesquisa em todo o Projeto de Assentamento
Humaitá, envolvendo todas as 951famílias assentadas pelo INCRA (100%), onde
observou o comportamento econômico das lavouras brancas, naquela área.
TABELA XI
PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ELABORADOS, CONTRATADOS E EXISTENTES POR MUNICÍPIOS- EMATER/ACRE - 1.996
MUNICÍPIOS
PROCERA TOTAL PRORURAL TOTAL FNO NORMAL TOTAL TOTAL
GERALProjeto
Elaborado
Projeto
Contratado
Projeto
Remanescente
Projeto
Existente
Projeto
Elaborado
Projeto
Contratado
Projeto
Remanescente
Projeto
Existente
Projeto
Elaborado
Projeto
Contratado
Projeto
Remanescente
Projeto
Existente
Cruzeiro do Sul 22 19 875 894 32 26 293 319 01 - 16 16 1229
Tarauacá - - 19 19 14 - 23 23 07 07 12 19 61
Feijó - - - - 30 29 - 29 09 09 18 27 56
Brasiléia 42 - 750 750 28 28 359 387 05 03 12 15 1152
Xapuri - - - - 58 58 47 105 19 19 25 44 149
Acrelândia 27 15 458 473 265 265 93 358 03 03 04 07 838
Rio Branco 187 187 1.108 1.295 101 85 200 285 23 22 22 44 1.624
Bujarí 01 01 41 42 08 - 10 10 02 02 06 08 60
Plácido de Castro 11 03 320 323 268 268 197 465 04 04 05 09 797
PortoAcre-Humaitá 07 05 463 468 43 31 77 108 03 03 06 09 585
Sena Madureira 38 38 710 748 104 77 - 77 12 08 18 26 851
Mâncio Lima 38 36 340 376 48 11 54 65 - - - - 441
Manoel Urbano 10 10 14 24 27 13 - 13 - - - - 37
Epitaciolândia - - - - - - 72 72 - - 04 04 76
Assis Brasil - - - - - - 39 39 - - - - 39
Sen. Guiomard - - - - 70 70 36 106 05 03 07 10 116
Total do Estado 383 314 5.098 5.412 1.096 961 1.500 2.461 93 83 155 238 8.111
Fonte: Emater Acre (1996)
TABELA XII
USO DA TERRA NO PAD HUMAITÁ NO ANO DE 1.988
USO ATUAL
DA TERRA
ÁREA
PLANTADA (ha)
% PRODUÇÃO
(t)
PRODUTIVIDADE
POR ÁREA (ha)
Arroz 1.204 1,9 1.380,5 1.500
Feijão 466 0,7 125,4 500
Milho 1.600 2,5 2.029,2 2.000
Mandioca 735 1,2 20.205,4 18.000
TOTAL 4.005 6,3 23,740,5 -
Fonte: EMATER/ACRE - 1.989
Fonte: EMATER/AC, 1989
Fonte: Convênio INCRA/FAO/PNUD/UFAC - Pesquisa sócio-econômica
Após sete anos da realização da primeira pesquisa de levantamento da produção
agrícola no Projeto Humaitá, no ano de 1.995, houve o segundo levantamento, abrangendo
o universo de 100% dos produtores/parceleiros, cuja finalidade era realizar o
levantamento da propriedade para ver a percentagem de empréstimos do Crédito.
O levantamento foi realizado pela EMATER-ACRE, órgão responsável pelo
Rural Especial (PROCERA/PRORURAL), que seria destinado aos assentados no tocante
ao levantamento da propriedade, elaboração do projeto e assistência técnica, eis os dados
que foram coletados:
TABELA XIII
PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO PAD HUMAITÁ - 1.995
CULTURA PRODUTORESÁREA
PLANTADA (ha)
PRODUÇÃO
(toneladas)
PRODUTIVIDADE
(kg/ha)
ARROZ 427 588 882 1.500
FEIJÃO 494 509 254,5 500
MILHO 461 781,4 1.562,8 2.000
MANDIOCA 330 418,5 7.533 18.000
Fonte: CPLAN - EMATER/ACRE, 1995
Fonte: CPLAN-EMATER/ACRE - 1.995
Fonte: Convênio INCRA/FAO/PNUD/UFAC - Pesquisa Sócio-econômica.
TABELA XIII
PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO PAD HUMAITÁ - 1.995
CULTURA PRODUTORES ÁREA
PLANTADA
PRODUÇÃO PRODUTIVIDADE
kg/há
ARROZ 427 588 882 1.500
FEIJÃO 494 509 254,5 500
MILHO 461 781,4 1.562,8 2.000
MANDIOCA 330 418,5 7.533 18.000
Fonte: EMATER-ACRE - 1.995
Levando em consideração à confrontação dos dados sobre as culturas
pesquisadas, observamos que a lavoura de arroz que chegara a atingir a cifra de 1.380,5
toneladas para uma área de plantio de 1.204 ha., com um total de 981 produtores no ano
de 1.988.
Entretanto no ano de 1.995, a produção atingiu o patamar apenas de 882 toneladas,
reduziu-se para uma área de 588 ha., e somente 427 pequenos produtores trabalharam com
o cultivo do arroz. A produtividade manteve-se constante, em torno 1,5 toneladas, o que
houve foi a redução do plantio de 48% da área. Consequentemente a produção também foi
afetada, tendo uma queda de forma vertiginosa, com uma redução de 64%. Tal fato é
atribuído ao baixo preço da cultura e ao alto custo de produção, devido as condições
edafoclimáticas, que contribuem para o grande número de pragas e doenças.
A área destinada ao cultivo da mandioca, também teve uma redução de 43,6%,
pois em 1.988, esta correspondia 735 ha., caiu para 418,5, em 1.995, reduzindo-se em
316,5 ha. A produção caiu bruscamente de 20,5 para 7,5 toneladas, redução de 63,4%.
Segundo alguns colonos, o fato nesta queda da produção deu-se devido ao longo período
de estiagem n o ano de 1.995.
Pedro Nagib Bertoleza (1.997) relata a queda do feijão e do milho, fazendo um
comparativo entre o ano de 1.988 e 1.995, ao relatar que:
“Com relação a plantação de feijão, a área plantada em 88 foi menor
que a de 95 - 466 contra 509 hectares. Sua produção também foi menor -
125,5 contra 254,5 toneladas. Esses fenômenos ocorreu, segundo os
moradores, devido o consórcio de culturas arroz/milho/capim e quando se
colhia as duas primeiras o capim já havia se tornado em pastagem: A gente
tinha pressa em fazer o pasto para os bezerros, senão eles iam morrer de
fome e eu não queria perder um animal com tanto sacrifício que tive para
adquirir”.22
E prossegue a entrevista –
“O milho também foi um produto que teve sua produção reduzida de forma
bastante acentuada. Da produção de 2,29 toneladas do produto em 1.988, foi
reduzida para apenas 1,56 toneladas em 1.995. Segundo os plantadores, esse
22 - Entrevista concedida a Pedro Nagib da Silva Bertoleza pelo parceleiros do Projeto Humaitá, em setembro de 1.996.
fato se dá pelo consorcio do milho com o capim, quando da broca de capoeiras
para a formação de pastagens”.
“Como agora existe menos capoeira, menor se dá o consórcio”. – conclui.
Assim nota-se que as áreas agro-pastorís, crescem com bastante intensidade, pelo fato de
que esta encontra-se consorciada com quase todas as lavouras ditas de subsistência,
contribuindo para a formação de pastagens racionais, o que motiva, ou melhor incentiva a
pecuarização nos lotes, estimulando a concentração fundiária no Projeto Humaitá.
3.4 - Pecuarização e Concentração Fundiária
3.4.1 - Pecuarização no PAD Humaitá
No Acre, a grande procura por suas terras, por parte dos empresários de fora ,
ocorreu na década de 70, via incentivos fiscais com o objetivo de atrair investimentos
nacionais e estrangeiros para o desenvolvimento da região, conforme o plano de
valorização da Amazônia.
Nos apelos feitos pelo Governador Wanderley Dantas (1.970/74), ao empresariado
do centro-sul, os incentivos fiscais do Decreto-Lei 291/67, bem como adoção da
agropecuária como atividade econômico básica a ser desenvolvida, foram argumentos
principais utilizados em sua política de abrir as porteiras do Acre. Além dos inúmeros
incentivos por parte do Governo Federal, o governo estadual oferecia os serviços dos
órgãos estatais para elaboração de projetos agropastoris e a necessária estrutura de apoio á
implantação dos projetos. Como apoio financeiro, oferecia os recursos do BANACRE,
BASA e Banco do Brasil, com juros baixíssimos e longo prazo de carência e pagamento.
Argumentava ainda sobre a fertilidade das terras, seu potencial madeireiro, o rentável
extrativismo vegetal e a heveicultura, mas a cima de tudo, o baixíssimo custo das terras e
a crescente demanda do mercado, como também a facilidade de em um futuro próximo se
exportar pelo Oceano Pacífico
Mediante tanta facilidade, iniciou-se o processo de especulação fundiária,
conjuntamente com a insolvência dos seringais, conforme alertava o deputado Nabor
Júnior (1974), em uma reunião da CPI do Sistema Fundiário.
(...), a partir do momento em que o BASA passou a se retrair ou a conceder
empréstimos aos seringalistas em época inadequada, impedindo que eles
abastecessem os seringais e levando-os ao declínio (...), o BASA é o responsável
direto pela transferência do domínio das terras do Acre, onde se exercitava a
extração da borracha para estes investidores do Sul, que hoje pensam
exclusivamente na implantação de projetos agropecuários.
A estrutura fundiária do Acre que já era super concentrada, em função das
características extrativista da borracha, agravou-se ainda mais a partir das ultimas três
década quando inicia-se o processo de desmatamento intensivo, aliado ao formação das
grandes pastagens, expulsão dos seringueiros e êxodo rural, contribuindo para o
crescimento dos bairros periféricos e das favelas ao redor das cidades.
O crescimento da pecuária como forma de reduzir a intensidade de mão-de-
obra de que se ocupa a agricultura, sempre foi a principal fonte de renda dos grandes
latifundiários, e agora vem se tornando uma das principais fontes de recursos dos
médios e pequenos produtores naquela localidade.
Como fonte informativa desse crescimento acelerado da pecuária no projeto
estudado, o comparativo do Censo do IBGE-ACRE, nos dá maiores detalhes, conforme
mostra-nos a tabela abaixo:
TABELA XIV
PRODUÇÃO BOVINA NO PROJETO DE ASSENTAMENTO HUMAITÁ - 1.988/95
ANO PRODUTORES PASTAGENS (ha) CABEÇAS
1.988 355 3.033 3.072
1.995 657 7.793 12.264
Fonte: Anuário Estatístico IBGE (1.996)
Para maior ilustração, o gráfico XVI, mostra o crescimento de 1.988 e 1.995,
como também seus avanços em termos percentuais.
Fonte: BERTOLEZA (1.997)
No Censo agropecuário de 1.988, o número de criadores de gado do Projeto,
restringia-se apenas a 355 parceleiros, com uma média de 9,4 animais bovinos por
produtor, cujo o rebanho era composto de 3.072 cabeças. Entretanto, em 1.995, com a
grande intensidade do crédito rural naquela localidade, o número de criadores passou para
657 pequenos produtores e o rebanho praticamente quadruplicou-se, indo para o patamar
de 12.2064 cabeças, subindo a média de 9,4 para uma média de 19 cabeças por produtor.
Nesse intervalo de tempo compreendido de sete anos, apenas 142 parceleiros residente no
Projeto, isto é, apenas 17,78% desses produtores ainda não possuíam criação bovina.
Mesmo com esse aumento tão grande na pecuária, o desmatamento para a
formação de pastagem não teve o mesmo ritmo, uma vez que passou de 3.033 ha. , em
1.988 para uma cifra de 7.793 ha., em 1.995, ou seja, 257% de aumento da área de
desmatamento.
Para explicar tamanho contraste entre desmatamento e formação de pastagem, é
que o colono não desmata apenas pelo fato de transformar sua área de mata em área de
pastoreio, isto é, área de pecuária, pois em um primeiro plano, ele cultiva a terra com as
lavouras brancas para em seguida executar o plantio do capim.
Fonte: BERTOLEZA (1.997).
Apesar de ainda está crescendo a pecuarização no Projeto, não é tão alarmante,
pois, o rebanho existente ainda é de pequeno porte, servindo somente para atender
algumas necessidades primárias e/ou imediatas dos produtores, levando-se em conta que
a produção média fica em trono dos 15 litros de leite por produtor.
Em entrevista concedida por produtores a Pedro Nagib Bertoleza, este explicam o fato da
criação bovina pelo seguinte aspecto:
"Prá quê ficar perdendo tempo com a história de plantar arroz., macaxeira e
feijão, se com o leite do gado, eu vou na feira e compro tudo isso ? Além do mais, dá
menos trabalho criar gado. Nasce menos mato menos mato no campo do que no roçado."23
"O governo não dá condições da gente trabalhar. Os financiamentos são para uns
poucos. Quem mora na beira do asfalto tem mais facilidade. As estradas são ruins, as
23 - Entrevista realizada por Pedro Nagib da Silva Bertoleza, aos parceleiros do PAD Humaitá (1996).
pontes estão caindo e não dá nem prá gente tirar a produção no inverno porque aqui não
passa transporte."24
Logo se ver que na visão do parceleiro e do ponto de vista das transformações
econômicas que vem ocorrendo, a criação de gado é a atividade que reveste de alguma
importância, onde eles conseguem acumular algumas reservas que são aplicadas na
aquisição de terra quando aparecem lotes à venda. Tendo o gado como reserva financeira,
o colono só o vende quando há uma necessidade imediata ou para investir em um bem de
futuro promissor (terras).
Assim a criação de gado vai ocupando cada vez mais espaço na pequena
propriedade em detrimento à expansão das lavouras. A pecuária é considerada uma
atividade rentável e menos dispendiosa do que a agricultura; onde muitos colonos
pretendem se dedicar a esta atividade e reduzir as áreas com lavouras aos mínimos
necessários ao consumo. Representa no seu ponto de vista a mais viável forma de
capitalização do produtor.
3.4.2 - Concentração Fundiária, o primeiro passo para o retorno do
Latifúndio no Projeto Humaitá.
Em 1.988, data em que foi realizada a pesquisa sócio-econômica, o PAD Humaitá
possuía um total de 951 famílias rurais assentadas, caracterizadas em sua totalidade como
pequenas propriedades. Mesmo assim , já acontecia a rotatividade com a venda de terras,
mas geralmente acontecia a relação um comprador para cada parcela.
Entretanto, com a realização da nova pesquisa de 1.995, já notou-se mudanças no
processo de negociações de compra e venda. De um total de 951 parcelas existentes em
1.988, designadas de minifúndio produtivo, passa para 768 pequenas propriedades em
1.995, causando mudanças no quadro anteriormente pesquisado que ficou assim
distribuído: 03 grandes produtores, 28 médios e 768 pequenos produtores. E com isso
queremos mostrar que em um período de apenas sete anos 31 pessoas açambarcaram 183
parcelas do Projeto, contribuindo negativamente para uma concentração de terras em
19,24%, ocasionando mudanças no aspecto social e contribuindo para formação de um
24 - Idem
novo mapa geo-sócio-econômico daquela localidade e alterando as relações sociais e de
trabalho de uma parcela de sua população. Por conseguinte, nota-se que a concentração e
acumulação de terras, localizou nas áreas mais favorecidas e de fácil acesso, como às da
margem do Rio Acre e nas estradas asfaltadas, que com pouco investimento de capital
tornam-se cada vez mais valorizadas.
Quando se verifica o percentual de 19,24%, observa-se que este encontra-se a um
nível de concentração abaixo da média brasileira que gira em torno 22,0% e,
consequentemente, bem mais abaixo do nível que atinge a Região Norte que é 27,0% e,
sempre em lugares favorecidos.
Segundo em levantamento da FAO no Brasil, esse fenômeno ocorre devido a
distância vinculada à deficiência de meios de transporte, o que leva o produtor a 'sérios
prejuízos em suas safras, com relação ao escoamento da produção, declínio da fertilidade
da terra, baixo preços e deficiência no armazenamento em seus lotes:
"Decepcionado com a lavoura, o agricultor forma pastos nas suas terras do arroz
e muda de atividade. Abrem-se três leques de possibilidade:
a) Vende ou arrenda o lote para fazendeiros pecuaristas;
b) Ele se dedica à pecuária;
c) Ele se dedica à venda de madeira de forma crescente. Obviamente que esta
alternativas podem acontecer de forma combinada, ou seja, arrendando parte de
suas terras, cortando madeira, e colocando o gado para nelas pastar."25
Fato importante a ser destacado é a questão do abandono dos lotes pelas famílias
que recusam-se a vender sua propriedade, mas buscam a posse de um lote de terra na área
urbana do Projeto do Humaitá, nas proximidades da sede do INCRA - entrada do Projeto -
, ou na localidade denominada "V", passando a residir em condições sub-humanas,
enfrentando todas as mazelas da vida periférica das cidades, no mais das vezes, sem
energia elétrica, sem saneamento básico e sem qualquer infra estrutura que lhes dê a
dignidade de um ser humano.
Todavia, o que mais leva estas famílias a sujeitarem-se a essas intempéries do
convívio social é o fator EDUCAÇÃO que está diretamente ligado a seus filhos, pois nos
ramais onde residem, as condições escolares só perduram o ensino primário, isto é, até as
25 - INCRA: Principais indicadores da Reforma Agrária, (1.992), apud Bertoleza (1.997).
quatro primeiras séries do primeiro grau e ao chegar o final desta jornada, os pais fazem o
possível para verem seus filhos terem seu ingresso no ginásio, persistindo até o segundo grau.
Por fim, existe a questão da deficiência no aspecto SAÚDE, que também
contribui para que haja um número maior de vendas das parcelas e assim aumentando a
concentração fundiária no Projeto de Assentamento Dirigido (PAD) Humaitá.
CONCLUSÃO
1 - USO DA TERRA E ESTRUTURA DA PRODUÇÃO
AGROPECUÁRIA
Nas condições, posse e uso da terra, o INCRA, conseguiu emitir a titulação
definitiva de apenas 626 pequenos parceleiros, de um universo de 951 existentes no
projeto desde sua implantação; e uma das causas principais na demora dos parceleiros
ainda não adquirirem seus títulos definitivos é devido às constantes mudanças de
proprietários das unidades produtivas.
Os resultados obtidos sobre as condições de uso da terra, revelam que há um
decréscimo da área média destinada à culturas temporárias e um aumento significativo da
área destinada à pastagem, o que reforça ainda mais a afirmativa anterior do surgimento
de um novo modelo de exploração econômica no Projeto de Assentamento Humaitá.
Nosso trabalho de campo, revelou que as áreas em processo de desmatamento
estão ocorrendo com maior freqüência, mais intensidade e em maiores escalas. Segundo
Bertoleza (1.997) - a quantidade de terra desmatadas no ano de 88, somando-se às de
pastagem e roçados eram em média de 4,5 hectares por colono. Ao passo que no ano de
1.995 essa área subiu para 10,4 hectares por colônia. No mais das vezes, esses
desmatamentos ocorrem sem orientação, ocasionando sérios riscos ao ecossistema,
danificando assim a fauna, a flora e o sistema hídrico.
A estrutura agropecuária mostra-nos que a produção agrícola, não teve aumento na
produção e a produtividade tornou-se a mesma, com rara exceção na produção de feijão;
em contrapartida as demais culturas como o milho, mandioca e o arroz tiveram redução
significativa nos índices de 68%, 63,5% e 64%, entre os anos de 1.988 e 1.995. No
entanto, a pecuária apresentou um crescimento de 392% no intervalo dos sete anos
estudados, indo ao contrário dos objetivos de implantação do Projeto de Assentamento.
No que diz a respeito à produção extrativista nativa, pode-se afirmar que esta
atividade não representa mais uma alternativa econômica para o conjunto da população;
porém a exploração madeireira de forma racional é a única que ainda perdura, no
assentamento como forma de complementação renda familiar por alguns parceleiros do
PAD Humaitá.
2 - A ESTRUTURA DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA, DO CRÉDITO
RURAL E FINANCIAMENTO NO ACRE E NO PAD HUMAITÁ.
No Acre, os baixos rendimentos da terra e do trabalho, as reduzidas áreas
cultivadas, o sistema de cultivo e uso da terra pelos colonos, reflete o baixo grau de
absorção das informações técnicas transmitidas aos colonos e a sua resistência ou
impossibilidade em aceitar novas adaptações tecnológicas e adotar novas técnicas.
O produtor é sempre muito resistente às mudanças, principalmente os pequenos
que dependem de sua produção para sua subsistência. A mudança representa uma
incerteza, um salto no escuro. É como alguns profissionais da área de pesquisa e extensão
ouvir frases como estas:
"... não acho necessário assistência técnica, o caboclo tem que
saber se orientar, porque se a não der bons resultados, quem perde o
trabalho é o colono e não o técnico..." "...o técnico uma vez veio aqui
ensinar a gente plantar, mandou que fizesse leira no mato cortado e eu falei
que não dava certo, por que o mato espalhado mantém o chão molhado..."
"... os técnicos orientam, mas a gente não aplica os ensinamentos deles
porque não dá certo..." "... quando dá praga na plantação quem resolve é a
providência divina..."
Estes fatos indicam que o colono, isto é, o pequeno produtor rural não está de fato,
disposto a absorver uma orientação na qual ele não confia e que não vai mudar essa
tradição transmitida de geração para geração
Por outro lado, o produtor rural tem uma imagem negativa do técnico sendo até
mesmo cético em relação as informações prestadas por eles.
" ... a orientação dos técnicos é muito fraca, eles deveriam ter mais
disposição para o trabalho..." "...quando vieram aqui não orientaram
nada..." " eles fizeram teste noa terrenos do vizinho empregando adubo no
cultivo de arroz, mas não deu nada..." "eles não entendem nada de lavoura ,
são muito fracos...".
Para o parceleiro, os técnicos ligados ao ramo agropecuário, precisam aprender na
prática aquilo que eles estudaram, muita vezes, em regiões de condições naturais muito
diferentes daquelas em que estão trabalhando.
No Acre as atividades de créditos e financiamento rural, em anos anteriores ao ano
de 1.988, se direcionaram na sua maioria para alguns projetos de pecuária e custeio
agrícola, pois a posição dos parceleiros em relação ao financiamento bancário é de medo.
Para alguns produtores rurais menos esclarecidos, a assistência técnica e o
financiamento bancário são fatores prejudiciais para a sua permanência no campo. O
parceleiro, acha que o técnico vai até a sua propriedade para oferecer financiamento
bancário, mas segundo o produtor, o que eles querem:
"... é derrubar o colono..."
"... é tirar a camisa do produtor..."
"... é vender coisas que o colono não precisa ."
Diante de tanto insegurança, o produtor rural ainda é receoso em aceitar o
financiamento agropecuário, pois na situação em que se encontra a pequena produção no
que tange ao nível tecnológico e a precariedade das condições de transporte para o
escoamento da produção, associado a um antecedente histórico de endividamento
permanente do sistema de aviamento, faz com que o produtor rural se esquive em fazer
financiamento, mesmo a juros baixos e subsidiados. O temor de todos é perder a colônia
conforme se pode perceber nesta narrativa:
"... nunca precisei de banco e não quero ficar endividado..." " ...não faço
financiamento, porque se não der legume suficiente para pagar , eles ficam
até com a colônia...." "A coisa que tenho mais medo neste mundo é ficar
devendo o banco, por isso não faço financiamento...".
Contudo aqueles que demonstram fazer o financiamento especial como o
PROCERA e PRORURAL, com interesse de melhorar seu nível de vida sócio-
econômico, enfrentam problemas de ordem burocráticas por parte dos agentes financeiros
e/ou por parte do agente fundiário, pois não possuem os documentos necessários
concedidos pelo INCRA, tais como o cartão de assentamento, declaração de assentado ou
licença de ocupação, ficando marginalizados por não possuírem alguma coisa que
comprove a posse ou propriedade da terra, mesmo sendo até posseiro de antigos seringais.
O Crédito Rural de financiamento de parte do PROCERA E DO FNO Especial, a
partir 1.994, com novas normas e alterações de normas anteriores e visava reduzir a
pecuarização e reiniciar o processo de incentivo de culturas permanentes, como a
citricultura, maracujá, pupunha. Contudo, a pecuarização continuou intensificando, pois
parte dos produtores implantavam as culturas permanentes com recursos próprios, ficando
com os recursos financiados para investir na bovinocultura como forma de assegurar a
quitação do débito contraído com o financiamento.
Porém, mesmo com tanto malabarismo por parte do colono, o índice de
inadimplência entre os produtores financiados é muito grande. Neste contexto, a
EMATER, através de seus extensionistas, é o órgão responsável pela "informação
creditícia, levantamento da propriedade, elaboração do projeto, acompanhamento do
processo de empréstimo e supervisão crédito rural."26
O Banco ao conceder o financiamento, em si, exige a apresentação do projeto de
aplicação dos recursos, aprovado pela EMATER, para concessão do crédito. Assim os
produtores com financiamento bancário passam a ter prioridade sobre aqueles que não
tiveram acesso ao crédito rural. A assistência e orientação técnica e financeira são duas
questões que guardam entre si um certo grau de interação.
A assistência técnica e orientação creditícia é um direito do proprietário e um dever
do Estado, não podendo ser restringido à condições determinadas, mas extensiva a todos os
produtores rurais de forma a melhorar as condições de vida e ampliar a produção
agropecuária. O financiamento bancário não se constitui em uma pré-condição necessária
para aumentar a produção, a produtividade, e, melhorar as condições de vida do pequeno
proprietário, este vem acompanhado de uma série de fatores endógenos à pequena produção,
tais como: escoamento, armazenamento, transporte, comercialização entre outros.
26 - Segundo a Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural (ABCAR): "Crédito rural supervisionado é um tipo de crédito educacional que inclui ensinamentos sobre a administração da propriedade e do lar, além do financiamento para ajudar as famílias rurais a melhorar as condições de vida. (...) inclui a análise dos recursos de que a família rural dispõe, os melhoramentos que poderão ser feitos, as necessidades de capital para realizar as melhorias, a solidez financeira das operações e um plano para atingir os objetivos". ABCAR - Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural apud Rodrigues , 1994:164).
Portanto, chegamos a concluir que o CRÉDITO RURAL SUBSIDIADO
(ESPECIAL), é mais uma forma de subordinação do produtor rural ao capital financeiro,
pois seu vínculo e dependência ao capital mercantil é bem mais antigo.
Para que se conceda o financiamento bancário é necessário introduzir algumas
mudanças na concepção dos parceleiros assentados, com relação ao sistema de cultivo e
uso da terra conforme já se referiu anteriormente, respeitando a experiência do pequeno
produtor e adaptando sua prática às novas tecnologias produtivas.
Não é através do crédito rural que vai se conseguir aumentar a produção e
melhorar as condições de pobreza dessa classe de produtores, mas através de medidas
educacionais que o faça Ter maior participação e permitam a eles apontarem as soluções
para os problemas que os afetam.
Segundo Manoel Calaça (1983:216):
" O pequeno produtor apesar de deter a posse e propriedade da terra e dos
instrumentos de trabalho necessários ao cultivo, não deixa de ser um
proletário, transvertido de proprietário - um trabalhador para o capital. O
lucro e a renda da terra são expropriados pelos bancos sob forma de juros,
e pelo intermediário que se interpõe no processo de comercialização, tanto
dos produtos que vende quanto dos produtos que compra."
TABELA XV
PROJETO DE ASSENTAMENTO HUMAITÁ
PROJETOS DE CRÉDITO RURAL ESPECIAL ELABORADOS (E) E
CONTRATADOS (C) DE 1988 À 1995.
PROGRAMA 1988 89 90 01 92 93 94 95
E C E C E C E C E C E C E C E C
PROCERA 250 208 80 64 20 12 - - - - 192 166 - - 18 13
PRORURAL - - - - - - - - - - 85 62 23 15 - -
Fonte: Coordenaria de Operações -EMATER/ACRE (1997)
Observação:
PROCERA: Valor médio de recursos por produtor - R$ 4.760,00
PRORURAL: Valor médio de recursos por produtor - R$ 8.598,00
t
BIBLIOGRAFIA
&
ANEXOS
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ANEXO I
PROCERA:
Normas de Administração, Gerais e Operacionais.
CAPÍTULO I
OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS
DO OBJETIVO
Artigo 1º - As presentes normas visam a atualizar e consolidar as Normas Operacionais
do PROGRAMA DE CRÉDITO PARA A REFORMA AGRÁRIA-PROCERA,
disciplinadas pelos seguintes instrumentos legais:
Votos do Conselho Monetário Nacional-CMN n.º 46/85; CMN n.º 232/90; n.º 86/92;
Portarias Interministeriais n.º 218/92; n.º 546/95.
Votos CMN n.º l27/94, CMN n.ºs 101/95; 123/95; 134/95 e 135/95.
Lei n.º 9.126, publicada no D.O.U. de 13 de novembro de 1.995
DA DESTINAÇÃO DO CRÉDITO
Artigo 2º - O PROCERA apoiará a implantação de projetos de desenvolvimento
econômico nas áreas de assentamento que atendam estas Normas Operacionais, com as
seguintes condições:
O apoio financeiro será concedido para aplicação na estruturação da capacidade produtiva
dos agricultores assentados exclusivamente em projetos criados ou aprovados pelo
INCRA, com vistas à consolidação e a sustentabilidade das unidades produtivas;
Para cada assentamento poderá ser concedido apoio financeiro em mais de uma etapa,
decorrente da diversidade de estágios de conhecimento da área e da maturidade sócio-
economica e organizacional do assentamento;
Os projetos deverão estar compatíveis com o “Relatório Técnico de Avaliação do
Potencial da Área”, relativo a cada assentamento, elaborado, por recomendação do
INCRA, por equipe técnica especialmente credenciada para tal, e apreciada pela Comissão
Estadual do PROCERA;
Os assentados participarão na elaboração, implantação e avaliação dos projetos;
Os financiamentos para repasse através de cooperativas ou aqueles deferidos a
associações para o desenvolvimento de suas atividades, utilizando os tetos individuais
serão concedidos com base em projetos que contarão, na sua elaboração, com a
participação das respectivas diretorias e deverão ser aprovados pela Assembléia Geral da
organização.
Artigo 3º - Os créditos ao amparo do PROCERA poderão ser aplicados para atender às
seguintes finalidades:
Investimentos destinados à implantação da infra-estrutura produtiva e sua
operacionalização, sendo:
aquisição, transporte e aplicação de calcário;
proteção e recuperação de solo, inclusive preparo de área;
fundação e manutenção de culturas permanentes ou longa duração;
construção, ampliação ou reforma de cercas, galpões, armazéns e outras benfeitorias e
instalações vinculadas à produção agropecuária;
eletrificação rural;
aquisição de material reprodutivo ou reprodutores e matrizes de bovinos, de corte, de leite
e animais de serviço;
aquisição de animais de pequeno porte;
aquisição e instalações de máquinas, veículos automotores, implementos, utensílios
agrícolas e equipamento de irrigação, conjuntamente com a realização de obras de
irrigação e drenagem;
construção, reforma ou ampliação de obras de captação de água
formação, melhoria e recuperação de pastagens;
construção e instalação de biodigestor;
aquisição e instalação de equipamentos para aproveitamento de recursos hídricos
disponíveis;
aquisição e instalação de equipamentos e armazenagem de produtos agropecuários;
outros investimentos considerados prioritários, segundo as peculiaridades regionais, a
critério da Comissão Estadual.
custeio, prioritariamente para:
lavouras destinadas à produção de alimentos básicos, desde que economicamente viáveis;
aquisição pelas cooperativas, de bens de consumo para fornecimento aos cooperados;
outras finalidades não discriminadas, desde que compatíveis e necessárias à
consecução dos objetivos e metas dos planos de assentamento, com a participação da
comunidade assistida.
Artigo 4º - Não poderão ser amparados pelo PROCERA operações com as seguintes
finalidades:
Aquisição de animais para recria e engorda;
Aquisição de veículo automotores, por grupos de menos de 10 produtores associados;
Implantação de irrigação em área superior a 04 ha., por produtor.
Artigo 5º - Os planos de aplicação de recursos, assim como os projetos técnicos a serem
apoiados no âmbito do PROCERA, deverão estar vinculados e articulados a cada Projeto
de Assentamento aprovados pelo INCRA, devendo ser formulados, em cada caso, com a
indispensável e necessária participação dos grupos de produtores a serem contemplados e
atendidos as exigências da Política de Assentamento do INCRA.
DOS MUTUÁRIOS
Artigo 6º - Fica o BANCO autorizado a realizar operações de crédito no âmbito do
PROCERA, destinadas a apoiar agricultores assentados, isentos de restrições cadastrais,
integrados a Projetos de Assentamento, Colonização e Extrativistas criados ou aprovados
pelo INCRA.
Artigo 7º - As operações de crédito, destinados a apoiar os produtores que atendam as
condições estipuladas no artigo anterior, poderão ser contratadas individualmente; em
grupo; e com cooperativas, associações ou entidades assemelhadas, legalmente
constituídas, exclusivamente para assentados em Projetos de Reforma Agrária, criados ou
aprovados pelo INCRA.
Parágrafo 1º - As cooperativas consideradas aptas pela Comissão Estadual a promover o
desenvolvimento dos assentamentos executados no âmbito da política governamental de
reforma agrária, poderão participar como intervenientes nas operações de crédito no
âmbito do PROCERA, com a finalidade específica de receber e repassar recursos e
prestar, aos mutuários finais do programa, assistência e orientação na aplicação desses
recursos.
Parágrafo 2º - Só poderão ser consideradas aptas as cooperativas com mais de 180 dias
de registro do Estatuto, e situação contábil devidamente escriturada.
Parágrafo 3º - As associações de produtores rurais, para serem apoiadas pelo PROCERA,
deverão ter seus estatutos de conformidade com diretrizes gerais estabelecidas pelo
INCRA, e aprovadas em assembléia geral.
Parágrafo 4º - Os créditos para aquisição de bens essenciais como, insumos, materiais e
implementos agrícolas, salvo motivo de força maior indicados pelo serviço de assistência
técnica, deverão, preferencialmente, ser contratados de forma coletiva.
Parágrafo 5º - Aquisição de máquinas e implementos, motores, veículos e plantel
pecuário serão acompanhados e assessorados por técnicos indicados pela Comissão
Estadual e quando houver maior necessidade, pela organização dos produtores.
DAS CONDIÇÕES E PROCERDIMENTOS OPERACIONAIS
Artigo 8º - Os créditos contratados ao amparo do PROCERA sujeitam-se às seguintes
condições operacionais definidas pelos votos do Conselho Monetário Nacional em
vigência:
limite se de crédito:
1 – O teto por produtor para investimento é de até R$ 7.500,00 ( sete mil e quinhentos
reais) podendo ser concedido individualmente ou através de cooperativas ou associações;
2 – Exclusivamente no caso de cooperativas não serão computadas no teto do produtor
individual os recursos concedidos a cada cooperado para integralização de quotas-partes
do capital social; para tanto fica estipulado outro valor para investimento de até R$
7.500,00 ( sete mil e quinhentos reais). Referidos recursos serão concedidos através de
Projetos Produtivos em que o assentado seja solidário na concessão.
3 – O teto deve ser apurado mediante cômputo do valor nominal do crédito em
formalização, mais o saldo devedor de créditos anteriores ao abrigo do PROCERA, bem
como de operações lastreados com 10% dos recursos do Fundo Constitucional de
Financiamento do Centro-Oeste – FCO, Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste – FNE e Fundo Constitucional de Financiamento do Norte – FNO, acrescidos de
eventuais parcelas a utilizar, inclusive de empréstimos contraídos através de outro Agente
Financeiro. A informação sobre a existência de débito em outra instituição deve ser
consignada no projeto pela Assistência Técnica;
4 – Nos financiamentos de custeio a serem concedidos aos produtores assentados do
PROCERA, o limite de crédito será de R$ 1.000,00 ( mil reais ) a cada produtor, por ano.
valor, disponibilidade e movimentação de recursos:
1 – O desembolso poderá ser feito diretamente ao beneficiário, mediante o crédito em
conta ou através de pagamento ao fornecedor de bens e serviços; após cumpridas as
exigências do Art. 7º parágrafo 5º;
2 – As liberações das parcelas do crédito concedido ocorrerão nas épocas estipuladas no
instrumento de crédito, salvo recomendações em contrário da Assistência Técnica;
3 – A movimentação de recursos no Agente Financeiro, decorrente de operações
contratadas com cooperativas ou associações de produtores, será efetuada
obrigatoriamente em conta bancária vinculada ao respectivo financiamento, obedecido o
teto individual.
c) encargos financeiros as para os mutuários adimplentes, para investimento e
custeio:
1 – Juros de 12% a. a;
2 – Rebate de 50%, sobre as parcelas, calculado sobre o principal e encargos do
período.
prazos:
l – custeio:
- assentados de primeiro ano - até dois anos;
- assentados há mais de um ano – em função do ciclo da cultura, até um
ano;
2 – investimento, admitido prazo de carência de até dois anos:
- financiamento através de projeto integrado de investimento - até sete anos (inclusive
carência);
financiamento isolados destinados a:
aquisição de animais – até cinco anos (inclusive carência);
- calagem – até quatro anos (inclusive carência);
- demais – até sete anos (inclusive carência);
3 – Excepcionalmente, nos casos de financiamento para culturas que requeiram prazos
maiores de produção, os prazos de carência e amortização poderão ser ampliados por
recomendação da Assistência Técnica ao Agente Financeiro, ouvida a Comissão Estadual;
forma de pagamento:
as obrigações financeiras decorrentes do crédito concedido no âmbito do Procera serão
pagas em prestações sucessivas, semestrais ou anuais, em datas a serem fixadas de acordo
com a natureza das culturas econômicas desenvolvidas e com a época de obtenção dos
rendimentos das atividades;
f) garantias:
custeio – penhor da safra ou aval de outro produtor assentado.
Investimento:
- como regra geral, admite-se apenas o aval em garantia do crédito concedido,
podendo ser prestado por outro produtor assentado no mesmo projeto, independentemente
de sua capacidade econômica-financeira. Nos financiamentos às cooperativas, para
repasse aos associados, e associações de produtores rurais ou entidades assemelhadas,
deve ser exigida sempre a garantia pessoal dos produtores a serem financiados;
- penhor dos bens adquiridos com o financiamento;
3 – a critério do Agente Financeiro, e em benefício da agilização das
operações e redução de seu custo, poderão ser dispensadas formalidades
jurídicas que não forem absolutamente necessárias para a validade dos
contratos.
Artigo 9º - Os mutuários só poderão ter acesso a novo crédito objetivando a
complementação ou ajuste dos investimentos anteriores financiados pelo PROCERA ou
por programa específico dos Fundos Constitucionais – se as operações anteriores
estiverem em situação de regularidade, e observando o teto estabelecido no item “a” do
Art. 8º, retro.
Parágrafo Primeiro – No caso de renegociação da dívida o mutuário não terá acesso a
novo crédito ou complementação e ajuste dos financiamentos.
Parágrafo Segundo – Os assentamentos considerados emancipados pelo INCRA não
poderão ser objeto de novos créditos no âmbito do PROCERA.
Artigo 10º - O mutuário do PROCERA que alienar o imóvel após a titulação ou durante a
vigência do contrato ou, ainda, tiver obtido crédito com propósito meramente especulativo
ou sem ânimo de produção ou não ter aplicado o crédito conforme o projeto técnico
apresentado, ficará sujeito às sanções abaixo, conforme a cláusula a ser inserida no
instrumento que formalizar cada operação:
pelo Agente Financeiro: restituição da totalidade dos recursos recebidos,
sem direito a rebate, acrescidos de juros de 12% a.a., incidentes a partir da primeira
liberação;
pelo INCRA: inabilitação para obter novos créditos no âmbito do PROCERA.
Parágrafo Único – Os mutuários facultarão aos órgãos executores a livre acesso
aos imóveis em que o crédito for aplicado, para fins de acompanhamento e fiscalização
periódica e atualização ao agente financeiro em fornecer ao INCRA dados sobre sua
situação contábil.
DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Artigo 11º - A assistência técnica será obrigatória e sem ônus para os mutuários dos
créditos concedidos no âmbito do PROCERA.
Artigo 12º - As atividades de assistência técnica deverão ser desenvolvidas com a efetiva
participação dos produtores e em busca do desempenho de duas funções básicas junto aos
projetos de assentamento, ambas a serem implementadas de forma coordenada e
integrada:
a) de caráter técnico-econômico, diretamente vinculada à formalização, execução e
acompanhamento das ações e atividades relacionadas à estruturação econômica das
unidades produtivas;
b) de caráter técnico-social, relacionada com o estímulo, apoio e assessoramento às
famílias beneficiadas, visando a melhoria de sua condições de vida, especialmente nos
aspectos de habitação, saneamento, educação, nutrição e organização comunitária.
Artigo 13º - As ações e atividades objetos do crédito concedido deverão,
forçosamente, estar respaldados em projetos, planos ou propostas, especialmente grupais,
a serem elaboradas pelas entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural, pública ou
privadas, credenciadas pelo INCRA, com prioridade para as empresas estaduais de
Assistência Técnica e Extensão Rural e as indicadas pelos mutuários, através de suas
associações.
Parágrafo Único – A complexidade dos planos e projetos deverá apresentar o
mínimo indispensável de elementos, de acordo com a natureza da atividade financiada e o
volume de recursos.
Artigo 14º - São atribuições específicas da Assistência Técnica no âmbito do
PROCERA:
Avaliar a área objeto do assentamento, com a finalidade de determinar as melhores
alternativas de modelos de exploração agropecuária a serem adotados pelo mutuários do
PROCERA.
Formular os projetos de desenvolvimento econômico das áreas objeto dos assentamentos e
seus respectivos planos de aplicação, de acordo com as normas do PROCERA,
encaminhando-os às Comissões Estaduais. Aqueles aprovados serão então encaminhados
ao Agente Financeiro;
Acompanhar os projetos a que se refere a alínea anterior, compreendendo a orientação
técnica indispensável à consolidação da unidade produtiva e das condições de vida da
família assentada.
Prestar orientação técnico-gerencial às cooperativas e outras associações de produtores
nas operações de repasse, principalmente nas fases de cadastramento dos produtores,
tomada de propostas e formalização, desembolso e reembolso do crédito.
Avaliar os investimentos executados pelos beneficiários do crédito;
Recomendar alterações no cronograma de desembolso das parcelas do crédito concedido e
eventuais ajustes, com comunicação do Agente Financeiro de problemas e/ou
irregularidades porventura ocorridos;
Elaborar relatórios relativos à assistência técnica e supervisão técnica prestadas em cada
projeto de assentamento, encaminhando-os ao Agente Financeiro e ao INCRA.
Indicar modelos exploratórios para cada região típica de exploração.
Apresentar plano anual de assistência técnica.
DO AGENTE FINANCEIRO
Artigo l5º - O BANCO, além da condição de administrador do PROCERA e gestor do
Fundo Contábil Especial, de caráter rotativo, é o seu Agente Financeiro encarregado de
efetuar as operações de crédito com os mutuários.
Parágrafo Único - Compete ao Banco, como agente financeiro as seguintes atribuições:
Elaborar a ficha cadastral dos proponentes do crédito; a critério do Banco essa tarefa pode
ser delegada ao INCRA ou órgão de assistência técnica;
Acolher os projetos, planos e propostas de crédito, elaborados pela entidade de
Assistência Técnica, desde que atendam às normas do PROCERA, e após aprovação na
Comissão Estadual;
Efetuar as contratações dos financiamentos com os mutuários finais, aprovados pela
Comissão Estadual do PROCERA, com estrita observância das normas específicas do
programa, desde que o assentado esteja isento de restrições cadastrais;
Proceder as liberações correspondentes às operações contratadas, de acordo com os
esquemas de desembolso estabelecidos nos projetos de financiamento e nos respectivos
instrumentos de crédito, conforme calendário agrícola;
Fiscalizar as operações de crédito;
Fornecer aos órgãos de coordenação do PROCERA as informações necessárias ao
acompanhamento e avaliação do segmento de Crédito Especial de cada Projeto de
Assentamento;
Articular-se com a Assistência Técnica, objetivando atingir o adequado e eficiente
desempenho de suas funções no processo de Reforma Agrária;
Efetuar a cobrança da dívida decorrente dos financiamentos concedidos, recolhendo ao
Fundo Contábil as importâncias provenientes das amortizações efetuadas pelos mutuários
até 10 dias úteis após seu recebimento, comunicando previamente ao INCRA e à
Comissão do PROCERA qualquer irregularidade eventualmente ocorrida;
Tomar medidas destinadas a assegurar o cumprimento das obrigações assumidas pelos
Mutuários Finais nos contratos celebrados no âmbito do PROCERA, inclusive aquelas
necessárias à recuperação do crédito concedido, no caso de inadimplemento.
A contratação dos projetos após aprovação das Comissões e descentralização de recursos
deverá ser feita num prazo máximo de 30 dias;
Quando da contratação informar detalhadamente ao mutuário os encargos financeiros e os
prazos de pagamento.
Artigo l6º - O Banco debitará à conta do Fundo, as taxas de administração e de
remuneração de serviços estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.
DAS ATRIBUIÇÕES GERAIS DOS ÓRGÃOS CONVENENTES
Artigo 17º - Compete ao INCRA:
Coordenar o Programa Especial de Crédito para a Reforma Agrária – PROCERA;
Indicar os projetos de assentamento que receberão o crédito do PROCERA;
Supervisionar e acompanhar o desenvolvimento das atividades inerentes à assistência
técnica no âmbito do PROCERA;
Comunicar ao Banco os projetos de assentamento considerados emancipados e
consequentemente inelegíveis à aplicação de recursos ao amparo do PROCERA;
Alocar recursos orçamentários e financeiros e repassá-los ao Fundo Contábil do
Programa;
Efetuar anualmente a avaliação global do PROCERA com o Banco;
Presidir a Comissão Nacional e as Comissões Estaduais do PROCERA.
Artigo 18º - Compete ao Banco – Além das atribuições e dos encargos definidos no
artigo 15º , observar o seguinte:
O acatalamento das decisões da Comissão Estadual do PROCERA, tomadas por
consenso, e da Comissão Nacional, atendidas as normas do PROCERA;
Participar na Comissão Estadual do PROCERA, da análise da viabilidade dos projetos de
aproveitamento econômico encaminhados pela Assistência Técnica;
Participar na Comissão Estadual do PROCERA, das deliberações sobre as operações de
apoio financeiro;
Encaminhar ao INCRA as informações consideradas relevantes sobre o desenvolvimento
das atividades inerente ao PROCERA;
Creditar mensalmente até o 10º dia útil do mês subsequente, à conta movimento do
Fundo Contábil do Procera, os valores decorrentes de eventuais rendimentos financeiros
dos recursos porventura disponíveis, com base na Taxa Referencial (TR), ou outro índice
legal que venha substituí-la.
CAPÍTULO II
SISTEMÁTICA OPERACIONAL PARA APOIO FINANCEIRO NO ÂMBITO DO PROCERA
Artigo19º - O PROCERA – Programa Especial de Crédito para a Reforma Agrária
objetiva conceder apoio financeiro aos trabalhadores rurais participante do Programa de
Reforma Agrária.
Artigo 20º - Tendo em consideração que o estabelecimento de assentamentos constitui-
se em processo pelo qual os agricultores, e os profissionais de assistência técnica e
extensão rural, vão, gradativamente, amadurecendo seu conhecimento acerca da área
disponível e, em conseqüência, das melhores opções para seu aproveitamento, o
PROCERA poderá acolher vários projetos de solicitação de crédito referentes a um
mesmo assentamento. Nessa medida, o grau de comprometimento de recursos por
agricultores, ou comunidades de agricultores, e a complexidade dos projetos são,
naturalmente, menores na primeira operação de crédito realizada em cada assentamento.
Artigo 21º - Assim, pode-se estabelecer a seguinte sistemática operacional para a
proposta inicial de crédito beneficiando cada assentamento:
Tão logo emitido na posse de cada área, o INCRA providenciará a confecção do
“Relatório Técnico de Avaliação do Potencial da Área”, a ser elaborado por entidade
habilitada para tal;
Em articulação com os órgãos envolvidos no processo de Reforma Agrária,
especialmente com a instituição incumbida de prestar os serviços de extensão rural e
assistência técnica, o INCRA providenciará, em cada assentamento, a seleção e a
destinação das terras para cada família mutuária, nos termos da Norma Oficial de
Cadastro e Seleção de Trabalhadores Rurais;
Tão logo o projeto de assentamento seja considerado apto a pleitear recursos do
PROCERA, os encarregados da prestação de assistência técnica de cada assentamento
encaminharão o plano ou projeto elaborado à Comissão Estadual, a qual emitirá, quando
couber , parecer favorável objetivando a concessão do crédito pleiteado;
O parecer da Comissão será remetida a Assistência Técnica e deverá ser acompanhado,
necessariamente, de informações sobre os assentados e sobre as características do projeto;
A concessão de recursos adicionais a cada assentamento, até o teto individual indicado nas
Normas do PROCERA, poderá ser realizada mediante o encaminhamento ao Banco, pela
Comissão Estadual do PROCERA, de Projeto de Desenvolvimento Integrado do
Assentamento (P.D.I.). No caso de Projetos de Assentamento, cuja fase mais avançada e
complexa de desenvolvimento permita a elaboração do “Projeto de Desenvolvimento
Integrado (P.D.I.), pode ser dispensada a elaboração do “Relatório de Avaliação do
Potencial da Área”, pois itens referidos neste deverão estar contidos naqueles.
Fonte: Gabinete do Ministro Extraordinário de Política Fundiária Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária /I N C R A - Diretoria de Assentamento, Brasília – março de l.997.
ANEXO II
FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO NORTE - FNO
MANUAL DE ORIENTAÇÃO AO BENEFICIÁRIO
O Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - FNO, foi criado pela
Constituição de l.988 e regulamentado pela Lei 7.827, de 27 de setembro de l.989. Seus
recursos são provenientes, basicamente, dos impostos sobre produtos industrializados e
renda, cabendo sua administração ao Banco da Amazônia S/A.
O objetivo principal do Fundo é contribuir para o desenvolvimento econômico e
social da Região Norte, cuja ação se dá mediante a execução de programas de
financiamento voltados para o desenvolvimento das atividades produtivas da Região, de
forma compatível com o Plano de Desenvolvimento da Amazônia.
ÁREA DE ATUAÇÃO
Os recursos do FNO são destinados a atender toda a Região Norte,
compreendendo os seus sete Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia
e Tocantins
OS BENEFICIÁRIOS
São beneficiários do FNO os produtores e empresas ( pessoas física e jurídicas )
e suas associações e cooperativas de produção que desenvolvam atividades produtivas nos
setores agropecuário, mineral, industrial, agro-industrial e turismo.
O CRÉDITO BANCÁRIO
O crédito bancário é o empréstimo de recursos financeiros que o produtor ou a
empresa precisa para desenvolver a sua atividade produtiva. Esses recursos servem para
os beneficiários promoverem os investimentos necessários para os seus investimentos.
Para a obtenção do crédito bancário é necessário que o beneficiário se dirija a
uma agência do BASA ou dos Bancos Estaduais conveniados, como também, a um dos
escritórios locais dos órgãos de assistência e orientação técnica dos Estados (EMATER,
SEBRAE e outros) conveniados, mais próximos de sua propriedade ou empreendimento,
para obter as informações sobre enquadramento de atividade, garantias, encargos
financeiros, limites de crédito, prazos, assistência técnica e outras condições de
financiamento.
Estando o beneficiário devidamente esclarecido pelas agências bancárias
operadoras do FNO ou órgãos de assistência técnica, sobre a(s) sua(s) e atividades e
condições de crédito e procedimento para a obtenção do empréstimo de seu interesse, é o
momento de tomar as providências para o cadastro bancário.
O CADASTRO
O cadastro ou ficha cadastral é um formulário utilizado pelos bancos para
registrar as informações de seus clientes, pessoas físicas e jurídicas, necessárias para a
comprovação da idoneidade e formação de conceito.
Para elaboração do cadastro é necessário que o beneficiário, ao se dirigir ao
banco de sua preferência, forneça as informações exatas e os documentos de sua pessoa
e /ou empresa para o seu correto preenchimento.
Cabe esclarecer que, feito o cadastro, é necessário atualizá-lo a qualquer época,
sempre que ocorrer situações que possam afetar as informações constantes no mesmo ou,
conforme determinam as normas bancárias.
Cadastro pronto, é o momento de providenciar a elaboração do plano, proposta
ou projeto de financiamento para habilitação ao crédito junto ao banco. Antes, porém, é
recomendável ter o conhecimento exato da função da assistência técnica.
ASSISTÊNCIA TÉCNICA
A ação da assistência técnica deve se iniciar com a elaboração do plano,
proposta ou projeto, a partir de visita do técnico ao imóvel rural ou empresa industrial.
Sua função é orientar o agricultor ou empresário quanto à melhor alternativa
técnica para alcançar os objetivos pretendidos em seus empreendimentos com apoio do
crédito.
A assistência técnica especializada será obrigatória para todos os beneficiários
do crédito rural. No crédito industrial, será exigida para os beneficiários do Programa de
Apoio às Micro-Empresas de Atividades Selecionadas - PROMICRO, podendo ser
exigida, também, para os beneficiários dos demais Programas, a critério do Banco.
Os serviços de Assistência Técnica, como também, de fiscalização e avaliação
dos bens a serem oferecidos em garantias, somente poderão ser executados por empresas
públicas convêniadas, técnicos dos Bancos operadores ou profissionais autônomos
credenciados junto ao BASA.
ELABORAÇÃO DA PROPOSTA DE FINANCIAMENTO
Para este fim é recomendável que o beneficiário procure, preferencialmente, o
órgão oficial de proximidade de sua propriedade/empreendimento, principalmente,
quando se tratar de mini e pequeno produtor / empresa rural ou micro empresa industrial.
O plano, proposta ou projeto de financiamento deve ser elaborado em modelo
próprio, constante nas normas operacionais do FNO, estabelecidos pelo BASA, contendo
todas as informações e documentos exigidos de acordo com a finalidade do crédito.
Concluído o plano, proposta ou projeto é hora do beneficiário fazer o
encaminhamento ao banco. Para isso, deve procurar a agência onde já possui o cadastro.
ENCAMINHAMENTO DA PROPOSTA AO BANCO E A ANÁLISE
Encaminhando o plano, proposta ou projeto ao Banco, este fará a conferência
para verificar se atende às necessidades de informações e documentos julgados essenciais
para a análise. Caso não atenda às exigências, será devolvido ao cliente para
complementação. Procedida a análise, o beneficiário será comunicado oficialmente pelo
Banco sobre a sua conclusão que pode ser favorável ou contrária ao crédito.
Sendo a proposta merecedora de parecer favorável, o beneficiário será convocado
pelo Banco para apresentar os documentos indispensáveis à contratação do crédito.
A CONTRATAÇÃO DO CRÉDITO
Apresentado os documentos básicos indispensáveis à contratação do crédito, o
beneficiário estará apto a assinar o instrumento contratual que será estabelecido de acordo
com a natureza do seu crédito e o tipo de garantia vinculada à operação.
Os instrumentos contratuais, normalmente utilizados nas operações de crédito do
FNO são: a Cédula de Crédito, o Contrato e a Nota de Crédito Rural (NCR). Esta é
utilizada somente nos casos de financiamentos à pequenos produtores rurais quando não
existe vinculação de garantias em suas operações.
Entende-se como garantias reais, o penhor, a alienação fiduciária e a hipoteca e,
como garantias pessoais, o aval e a fiança.
Assinado o instrumento contratual, este, obrigatoriamente, deverá ser registrado
em cartório para que goze dos efeitos legais para ambas as partes contratantes, devendo o
beneficiário receber toda a orientação do banco nesse sentido.
O DESEMBOLSO
O desembolso é a liberação do dinheiro emprestado, por parte do banco, ao
beneficiário, devendo ocorrer de uma só vez ou em parcelas, de acordo com o esquema
estabelecido no cronograma das inversões definido pela análise.
No caso de desembolso parcelado, a liberação das parcelas posteriores à primeira,
está condicionada à comprovação da correta aplicação de cada parcela anteriormente
liberada, bem como, à comprovação da aplicação da co45ntrapartida de recursos próprios
do beneficiário, quando for o caso.
O REEMBOLSO
O reembolso é o pagamento do empréstimo, em dinheiro, obtido pelo beneficiário
junto ao banco, devendo ser feito em parcelas, conforme estabelecido na análise e
obedecidos os prazos de vencimentos fixados no instrumento contratual.
PROGRAMA DE APLICAÇÃO DOS RECURSOS PARA 1996
O programa de Aplicação dos Recursos do FNO para 1996 atua, de forma
compatível com o Plano de Desenvolvimento da Amazônia (PDA) e com as grandes
políticas nacionais, através de programas de financiamento, operacionalizados mediante
quatro linhas de ação estratégicas:
- Criação de Oportunidades de Trabalho e Geração de Renda
- Crescimento Econômico Sustentável
- Preservação e Sustentação do Meio Ambiente
- Capacitação Tecnológica
As ações estratégicas nortearão A ALOCAÇÃO DOS RECURSOS DO Fundo e
serão desenvolvidas através da operacionalização de doze programas de financiamento,
conforme a seguir:
Ação Estratégica: CRIAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE TRABALHO E GERAÇÃO DE RENDA
Programas de Financiamento SetorPrograma de Apoio à Reforma Agrária - PROCERA RURALPrograma de Apoio à Produção Familiar Rural Organizada – PRORURAL
RURAL
Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo - PRODEX RURALPrograma de Apoio às Microempresas de Atividades Selecionadas – PRORURAL
INDUSTRIAL
Ação Estratégica: CRESCIMENTO ECONÔMICO SUSTENTADOProgramas de Financiamento Setor
Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura - PRODAGRI RURALPrograma de Apoio ao Desenvolvimento da Pecuária -PRODEPEC
RURAL
Programa de Desenvolvimento Industrial -PRODESIN
INDUSTRIAL
Programa de Desenvolvimento da Agroindústria -PRORURAL
AGROINDUSTRIAL
Programa de Apoio ao Turismo Convencional -PROGETUR
TURISMO
Ação Estratégica: PRESERVAÇÃO E SUSTENTAÇÃO AO MEIO AMBIENTEProgramas de Financiamento Setor
Programa de Apoio à Preservação e Sustentável Do Meio Ambiente – PROSUMAM
RURAL
Programa de Desenvolvimento do Turismo Ecológico -PRODETUR
TURISMO
Ação Estratégica: CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICAProgramas de Financiamento Setor
Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica -PROCATEC
RURAL INDUSTRIAL
PROGRAMAS DE FINANCIAMENTOS DO SETOR RURAL
Programa de Apoio à Reforma Agrária - PROCERA
O Objetivo
Apoiar os projetos de assentamentos elaborados e/ou aprovados pelo INCRA, em
áreas previamente selecionadas, destinadas ao desenvolvimento de atividades produtivas,
capazes de dar sustentação econômica à família do mini e pequeno produtor rural.
O Que Financia
Os investimentos fixos/semifixos e o custeio necessários ao desenvolvimento das
atividades da agricultura, da pecuária e do extrativismo.
Os Beneficiários
Mini e pequenos produtores rurais e suas associações e cooperativas de produção.
Programa de Apoio à Pequena Produção Familiar Rural-PRORURAL
Os ObjetivosPossibilitar o acesso de mini produtores ao crédito de fomento, através de suas
organizações e cooperativas de produção, visando o aprimoramento técnico das atividades
produtivas e a superação da agricultura itinerante através da adoção de sistemas de
produção diversificados e sustentados.
Fortalecer a produção familiar, propiciando meios de trabalho e de renda ao
trabalhador rural artesanal e sua família e a melhoria das suas condições de alimentação.
O Que Financia
A integralização de quotas-partes de capital social, para formação de cooperativas
de produção; os investimentos fixos e/ou semifixos e o custeio, necessários para
desenvolver as atividades da agricultura e da pecuária e de beneficiamento primário da
produção agropecuária (micro agroindústrias).
Os Beneficiários
Mini produtores rurais e suas associações/cooperativas de produção.
Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo - PRODEX
Os Objetivos
Apoiar o desenvolvimento das atividades extrativistas de forma sustentável,
através do uso de tecnologias eficazes para a melhoria da produtividade e conservação do
meio ambiente.
Incentivar a diversificação das atividades extrativistas visando, contribuir para
elevar a produção e propiciar ou aumentar a renda dos trabalhadores extrativistas e suas
famílias.
Apoiar a consolidação das reservas extrativistas.
O Que Financia
A Integralização de quotas-partes de capital social das cooperativas de produção;
os investimentos fixo e/ou semifixo e o custeio associado ou isolado (custeio isolado,
exceto para pesca artesanal), necessários para o desenvolvimento das atividades de:
- Extrativismo vegetal, através de exploração com manejo sustentável de
espécies nativas da Região, tais como plantas medicinais, seringueira,
castanheira, açaizeiro e babaçuzeiro, entre outras (exclusive espécies florestais
madeireiras);
- Reabilitação de áreas alteradas e/ou em degradação através de sistemas
florestais (manejo, reflorestamento e adensamento) e agroflorestais
(silviagrícolas e agrosilvipastoris);
- Pesca artesanal;
- Agroindustrialização da produção extrativista.
Os Beneficiários
Mini e pequenos produtores extrativistas, isoladamente, desde que estejam
vinculados a associações/cooperativas de produção.
Mini e pequenos pescadores artesanais, profissionais, selecionados pelo BASA,
desde que estejam associados a grupos de produção (caixas pesqueiras, condomínio etc.),
filiados às colônias pesqueiras, em localidades devidamente dotadas de infra-estrutura
para conservação e comercialização do pescado.
Associações/cooperativas do setor privado, legalmente constituídas, cujo quadro
social seja constituído de um mínimo de 20 (vinte) mini e pequenos produtores
extrativistas/pescadores.
Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura PRODAGRI
Os Objetivos
Promover o desenvolvimento da agricultura regional, apoiando a implantação,
expansão e modernização das diversas culturas permanentes e temporárias, a partir de
processos competitivos, compreendendo, também, o cultivo de espécies da flora
amazônica, reconhecidas, cientificamente, como plantas medicinais, visando proporcionar
o aumento da oferta de produtos agrícolas exportáveis e a produção de matérias-primas
agroindústriais e farmacológicas.
Incentivar a utilização de processos de irrigação e estimular a instalação de
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) para potencializar a produtividade agrícola e os
investimentos0 agroindustriais.
Apoiar as políticas nacionais que visam a geração de emprego e renda e a
segurança alimentar.
O que Financia
A integralização de quotas-partes de capital social de cooperativas de produção; os
investimentos fixos e/ou semifixos e o custeio da produção, necessários ao
desenvolvimento das atividades de:
- Cultivo de plantas medicinais;
- Cultivo de grãos: arroz, feijão, milho, soja e sorgo;
- Fruticultura tropical: abacate, abacaxi, acerola, açaí, banana, caju, citrus,
cupuaçu, goiaba, graviola, mamão, manga, maracujá, melancia, melão e
muruci;
- Culturas industriais: algodão, café, cacau, cana-de-açúcar, castanha, dendê,
guaraná, pimenta-do-reino, pupunha e urucum;
- Culturas hortícolas: abóbora, agrião, alface, beringela, cebolinha, cenoura,
chuchu, coentro, couve-flor, espinafre, pepino, repolho, salsa, tomate e vagens;
- Cultivo de tubérculos e raízes: batata, mandioca e macaxeira;
- Produção de sementes e mudas selecionadas e/ou certificadas na Região; e
- Outras culturas não especificadas anteriormente, desde que apresentem
viabilidade técnica e econômica.
Os Beneficiários
Empresas rurais, produtores rurais (pessoas físicas e jurídicas) e suas
associações/cooperativas de produção.
Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Pecuária - PRODEPEC
Os objetivos
Promover a modernização dos criatórios de pequenos, médios e grandes animais,
incentivando e priorizando a diversificação das atividades, através de sistemas de criação
intensivo e semi-intensivo.
Apoiar a melhoria do padrão racial dos rebanhos bovinos e bubalinos da região,
incentivando a inseminação artificial e transferência de embriões, e, as práticas que
contribuam para o combate das zoonoses e o aumento de rendimento dos rebanhos.
Apoiar a pecuária de forma integrada à agricultura, como meio de suprimento de
insumos aos criatórios e de garantia de sustentabilidade da atividade.
Proporcionar aos empreendimentos pecuários, condições para a aquisição de
máquinas e equipamentos integrados à atividade, inclusive em exposição-feira.
O Que Financia
A integralização de quotas-partes de capital social das cooperativas de produção;
os investimentos fixos e/ou semifixos e o custeio associado para os empreendimentos que
desenvolvam atividades de:
- Pecuária de pequeno e médio porte: avicultura, apicultura, aquicultura
(ranicultura, piscicultura, carcinicultura, etc.), caprinocultura, ovinocultura,
suinocultura e outras, desde que apresentem viabilidade técnica e econômica;
- Pecuária de grande porte: bovinocultura e bubalinocultura de corte, leite e
produção mista (aptidão para carne e leite), compreendendo todas as fases de
produção e de cria.
Os Beneficiários
Empresas rurais, produtores rurais (pessoas físicas e jurídicas) e suas
associações/cooperativas de produção.
Programa de Apoio à Preservação e Sustentação do Meio Ambiente
PROSUMAM
O Objetivo
Racionalizar o uso dos recursos naturais renováveis e as áreas alteradas, de modo
a minimizar o desequilíbrio dos ecossistemas, através de manejo sustentado.
Incentivar a difusão e transferência de tecnologias ajustáveis aos ecossistemas da
Região e induzir as classes produtoras a considerar o meio ambiente como variável
econômica nas decisões de produção.
O Que Financia
A integração de quotas-partes de capital social das cooperativas de produção; os
investimentos fixo e/ semifixo e o custeio para empreendimentos de:
- Criação racional de animais silvestres: jacaré, capivara, etc., exceto animais em
via de extinção, considerados pelo IBAMA;
- Extrativismo vegetal, através de exploração com manejo sustentado de espécies
nativas da Região, tais como plantas medicinais, seringueira, castanheira, açaizeiro, e,
babaçuzeiro, entre outras;
- Reabilitação de áreas alteradas e/ ou em degradação através de sistemas florestais
( manejo e reflorestamento) e agroflorestais ( silvipastoris, silviagrícolas e agrosilvipastoris ).
Os beneficiários
Empresas rurais, produtores rurais ( pessoas físicas e jurídicas ) e suas
associações/cooperativas de produção.
AS CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTO PARA O SETOR RURAL
a) Os Critérios para a classificação de Porte do Produtor/Empresa Rural
São adotados dois critérios para a Classificação do porte do produtor/empresa
rural: o Valor Bruto da Produção - V.B.P e o Módulo Fiscal, na forma estabelecida a
seguir, prevalecendo aquele que possibilitar o enquadramento na categoria superior:
PELO VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO - VBP (ESPERADA)
PORTE DOPRODUTOR/EMPRESA
VBP/ANUAL (EM R$)
ACIMA DE ATÉMINI - 14.000,00PEQUENO 14.000,00 58.000,00MÉDIO 58.000,00 288.000,00GRANDE 288.000,00 -
Obs.: O porte do proponente é definido pelo somatório do VBP-anual, de todas as propriedades ou empresas, exclusivamente do setor rural.
PELO MÓDULO FISCAL(Contíguos ou não, dentro do Território Nacional)
Para as áreas Alagáveis / Inundáveis
PORTE TAMANHO DA ÁREA EM QUANTIDADE DE MÓDULOS FISCAIS
MINI ATÉ 06PEQUENO ACIMA DE 06 ATÉ 16MÉDIO ACIMA DE 16 ATÉ 30GRANDE ACIMA DE 30
Para as demais áreas
PORTE TAMANHO DA ÁREA EM QUANTIDADE DEMÓDULOS FISCAIS
MINI ATÉ 03PEQUENO ACIMA DE 03 ATÉ 08MÉDIO ACIMA DE 08 ATÉ 15GRANDE ACIMA DE 15
Obs.: 1) O critério do Módulo Fiscal não se aplica ao extrativismo e a áreas de várzeas
que margeiam os rios;
2) Pelo Módulo Fiscal para as áreas alagáveis/inundáveis, somente é aplicável na
primeira tabela. Para os demais casos, consultar o Agente Financeiro que opera com
recursos do FNO.
b) Os valores e limites Financiáveis (Valores em R$)
PROGRAMAS MINI PEQUENO MÉDIO GRANDE
PROCERA 7.500,00 7.500,00 - -
PRORURAL 12.000,00 - - -
PRODEX 12.000,00 12.000,00 - -
DEMAIS PROGRAMAS 48.000,00 120.000,00 800.000,00 1.200.000,00
LIMITES (ATÉ) 100% 100% 100% 100%
Obs.: Para GRUPOS ECONÔMICOS, cooperativas ou outras formas de sociedade, o limite máximo de financiamento é de até R$ 2.900.000,00.
c) Os encargos Financeiros
São compostos de CUSTO BÁSICO, determinados pela Taxa de Juros de Longo
Prazo-TJLP e "DEL CREDERE" (à exceção do PROCERA), fixado em 6% a.a.
Para o PROCERA (Modalidade FNO-Especial)
PROGRAMA DE
FINANCIAMENTO
PORTE DO
BENEFICIÁRIO
JUROS REDUÇÃO
PROCERA MINI/PEQUENO 12% a .a. 50% (1)
(1) Incidente sobre as parcelas de amortização do principal e sobre juros, durante
o prazo de vigência da operação em situação normal.
Para o PRORURAL e PRODEX (Modalidade FNO-Especial)
PROGRAM DE
FINANCIAMENTO
PORTE DO
BENEFICIÁRIO
"DEL
CREDERE"
REDUÇÃO DO
CUSTO BÁSICO
PRORURAL (1) MINI 4% a.a. 60% da TJLP
PRORURAL (2) MINI 4% a.a. 45% da TJLP
PRODEX MINI/PEQUENO 4% a.a. 45% da TJLP
(1) Aplicável aos projetos integrados horizontalmente;
(2) Aplicável aos demais casos
Para os demais Programas (Modalidade FNO-Normal)
PROGRAMAS /REDUÇÃO NO VALOR DO CUSTO BÁSICO,
POR PORTE DO BENEFICIÁRIOATIVIDADES MINI PEQUENO MÉDIO GRANDE
PROSUMAM 50% 40% 30% NuloPRODEPEC.- Pecuária de Grande
Porte/Produção de Carne.- Pecuária de Grande
Porte/Produção de Leite.- Pecuária de Pequeno e
Médio Porte.
20%
30%
30%
10%
20%
20%
Nulo
10%
10%
Nulo
Nulo
Nulo
PRODAGRI.- Culturas em várzeas, Fruticultura, Plantas Medicinais e sementes e Mudas.- Culturas de arroz, Feijão, Milho, Soja, Mandioca, Hortaliças e outras.
50%
40%
40%
30%
30%
20%
Nulo
Nulo
d) Os Prazos
FINALIDADE PRAZO (ATÉ) CARÊNCIA (ATÉ)
INVESTIMENTO FIXO E MISTO 12 ANOS 6 ANOS
INVESTIMENTO SEMIFIXO 8 ANOS 3 ANOSCUSTEIO:- AGRÍCOLA (ASSOCIADO/ISOLADO)- PECUÁRIO (ISOLADO)
1 ANOS1 ANO
--
OBS.: Os prazos máximos incluem o período de carência.
e) As Garantias
As operações de crédito devem ser lastreadas por garantias reais prévias,
obedecendo a margem mínimas de 130% do valor do financiamento.
Para mini e pequenos produtores, suas cooperativas e associações, excepcionais e
complementarmente, será admitido o sistema de garantias progressivas. Neste caso,
devendo as garantias preexistentes atender à margem mínima de 65% do valor do
financiamento.
f) A Assistência Técnica
A assistência técnica especializada é obrigatória aos financiados, compreendendo a
elaboração de propostas, planos ou projetos e a orientação técnica e gerencial a nível a
nível da empresa/imóvel.
OS PROGRAMAS DE FINANCIAMENTO DOS SETORES INDUSTRIAL, AGROINDUSTRIAL E TURISMO
Programa de Apoio às Microempresas de Atividades Selecionadas PROMICRO
O Objetivo
Apoiar as microempresas industriais e agroindustriais de segmentos produtivos,
como prioritários para a Região, possibilitando tratamento diferenciado e simplificado, ao
mesmo tempo, incentivando e estimulando suas organizações associativas.
O Que Financia
A integralização de quotas-partes do capital social das cooperativas de produção e
investimento em ativo fixo; capital de associado (financiamento misto), necessários ao
desenvolvimento das atividades dos segmentos da agroindústria (no que couber) e da
indústria, compreendendo:
- Alimentos e Bebidas;
- Artesanato;
- Madeireira (exceto serrarias);
- Mobiliário;
- Minerais não Metálicos;
- Química;
- Vestuário, Calçados e Artefatos de Tecidos.
Obs.: O capital de giro isolado pode ser concedido para microempresas que atuem
no beneficiamento/industrialização de arroz, castanha-do-brasil, leite, mandioca e milho.
Os Beneficiários
Microempresas e suas associações/cooperativas de produção.
Programa de Desenvolvimento Industrial - PRODESIN
O Objetivo
Promover o desenvolvimento da indústria de transformação da Região Norte,
proporcionando a implantação e/ou modernização, racionalização e relocalização de
empreendimentos dos diversos segmentos do setor.
O Que Financia
A integralização de quotas-partes do capital social de cooperativas de micro e
pequenas empresas; os investimentos em ativo fixo e o capital de giro associado e a
assistência técnica, necessários ao desenvolvimento de atividades contempladas nos mais
diversos segmentos industriais.
Os Beneficiários
Estaleiros artesanais, empresas industriais e associações/cooperativas de produção.
Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria -
PROAGRIN
Os Objetivos
Apoiar as iniciativas empresariais que visem a implantação, ampliação,
modernização e relocalização de unidades agroindustriais, criando condições para o
processamento de matéria-prima regional, de origem agrícola, pecuária e florestal,
gerando emprego e renda na Região.
Fortalecer as atividades produtivas do setor rural, elevando a competitividade dos
produtos agrícolas, pecuários e florestais, de forma que possa atender a demanda do
mercado regional e conquistar espaços nos mercados externos, aumentando o valor
agregado regional.
O Que Financia
A integração de quotas-partes de capital social de cooperativas de produção; os
investimentos em ativo fixo, o capital de giro associado e a assistência técnica,
necessários às atividades de transformação ou beneficiamento de matérias-primas "in
natura", de origem agrícola, pecuária e florestal, produzidas no próprio empreendimento
ou adquiridas de terceiros.
Os Beneficiários
Empresas e associações/cooperativas de produção.
Programa de Desenvolvimento do Turismo Ecológico - PRODETUR.
Os ObjetivosImpulsionar e desenvolver o turismo ecológico na Região, como modelo de
atividade sustentável que concilia a exploração econômica com a preservação do meio
ambiente, de forma solidária com as comunidades locais e respeito às suas culturas.
Promover a integração do homem com o meio ambiente através do lazer, da saúde física e
mental e, ao mesmo tempo, proporcionar o desenvolvimento econômico-social e a
educação ambiental, buscando elevar a melhoria da qualidade de vida do ser humano.
O Que Financia
São financiáveis o investimento fixo e o capital de giro associado (financiamento misto),
necessários à implantação, ampliação, reforma e modernização de empreendimentos de
turismo ecológico, abrangendo os seguintes itens:
- meios de hospedagem ambiental e ecológico, tais como hotéis de selva "lodges",
compreendendo construção civil, equipamentos, instalações etc.;
- campings ecológicos e trilhas interpretadas;
- restaurantes ecológicos integrados ao projeto do complexo turístico;
- pontos de parada integrados ao projeto do complexo turístico (pequenas pousadas
que viabilizem e garantam percurso do roteiro turístico até o seu destino final);
- infra-estrutura de transportes (terminais turísticos, embarcações, etc.);
- formação de mão-de-obra para a prestação de serviços turísticos;
- equipamento de lazer e outros necessários ao exercício da atividade, integrados
ao projeto, a critério do Banco.
Obs.: O Programa exclui financiamentos isolados de veículos, equipamentos
diversos, imóveis, utensílios e similares.
Os Beneficiários
Empresas habilitadas pelo Instituto Brasileiro de Turismo - EMBRATUR.
Programa de Apoio ao Turismo Convencional - PROGETUR.
( Sem importância relevante para o trabalho em discussão ).
Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica - PROCATEC.
A capacitação tecnológica compreende a capacidade empresarial de desenvolver
inovações tecnológicas, selecionar, licenciar, absorver, adaptar, aperfeiçoar e difundir
tecnologias na Região que resultem em aumento de competitividade.
O Objetivo
Apoiar as iniciativas que visem a capacitação tecnológica dos empreendimentos
agropecuários e industriais, através do uso de tecnologias avançadas desenvolvidas de
forma adequadas ou aperfeiçoadas às condições e necessidades da Amazônia, cujo
resultado proporcione ganho de produtividade e de qualidade do produto regional e, ao
mesmo tempo, estimule a integração de projetos de cooperação entre universidades,
centros de pesquisas e setor produtivo privado, visando consolidar na Região um polo de
modernização da atividade empresarial.
O Que Financia
Pesquisas tecnológicas aplicadas, experimentação, adaptação e difusão de
tecnologias avançadas voltadas para o manejo florestal, agricultura adaptada,
beneficiamento e melhoramentos genéticos, agroindústria, alimentos, segmentos
industriais avançados (tecnologias de ponta), recuperação de áreas degradadas, melhoria
da qualidade da pequena produção, lavra, beneficiamento e transformação mineral e
tecnologias diversas, aplicadas aos setores produtivos atendidos pelo FNO,
compreendendo os seguintes itens e condições:
- desenvolvimento de pesquisas tecnológicas aplicadas e experimentação,
destacando as de caráter cooperativo, aplicadas a setores produtivos sob contrato com
instituições credenciadas;
- participação em "join-venture" tecnológico no País;
- aquisição de pacotes tecnológicos, desenvolvidos por instituições de pesquisas;
- programa de transferências de tecnologias das grandes empresas para as
pequenas tecnologicamente dinâmicas;
- capacitação gerencial, formação/treinamento de mão-de-obra, organização e
automação empresarial;
- investimento em ativo fixo e semifixo, capital de giro ou custeio associado
(financiamento misto).
Os Beneficiários
Produtores rurais (pessoas físicas e jurídicas); empresas
industriais/agroindustriais, inclusive, firmas individuais; associações e cooperativas de
produção; profissionais da área de ciências agrárias, que desenvolvam projetos que
expressem a modernização do setor agrícola regional com compromisso de gerar efeitos
demonstrativos de suas propriedades aos produtores rurais circunvizinhos assistidos pelo
FNO.
Outras Considerações
As condições operacionais do Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica -
PROCATEC, obedecem às estipuladas para os diversos setores econômicos, de
conformidade com a natureza da atividade de cada empreendimento.
AS CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTOPARA OS SETORES INDUSTRIAL,
AGROINDUSTRIAL E TURISMO.
a) O Critério para a Classificação do Porte das Empresas
O porte das empresas é definido pelo valor da Receita Operacional Líquida (ROL)
projetada, aferida pela análise, observados os parâmetros da tabela
PORTE DA EMPRESA VALOR DA ROL - ANUAL PROJETADA (R$)ACIMA DE ATÉ
MICRO - 144.000,00PEQUENO 144.000,00 1.440.000,00MÉDIO 1.440.000,00 4.320.000,00GRANDE 4.320.000,00 -
Obs.: A definição final do porte do proponente é dado pelo somatório das ROLs, dos
últimos 12 meses, de todas as empresas dos setores econômicos, exceto rural.
b) Os Valores e Limites Financiáveis
PROGRAMAS MICRO PEQUENO MÉDIO GRANDEPROMICRO 36.000,00 - - -DEMAIS PROGRAMAS 250.000,00 500.000,00 1.200.000,00 2.400.000,00LIMITES (ATÉ) 100% 90% 80% 60%
Obs.: (1) No PROMICRO, o Capital de Giro isolado é limitado em R$ 12.600,00;
(2) Para GRUPOS ECONÔMICOS, cooperativas ou outra forma de sociedade, o
limite máximo de financiamento é de R$ 2.900.000,00.
c) Os Encargos Financeiros
São compostos de CUSTO BÁSICO, determinado pela Taxa de Juros de Longo
Prazo - TJLP e "DEL CREDERE", fixado em 6% a.a.
Para o PROMICRO (Modalidade FNO-Especial)
PROGRAMA PORTE DA EMPRESA
"DEL CREDERE" REDUÇÃO DO CUSTO BÁSICO
PROMICRO MICRO 4% a.a. 40% da TJLP
(1) Quando se tratar de financiamento para Capital de Giro isolado, os encargos
financeiros constituir-se-ão de Custo Básico, calculado pela TJLP plena mais
"DEL CREDERE" de 6% a.a.
Para os Demais Programas (Modalidade FNO-Normal)
PROGRAMASREDUÇÃO NO VALOR DO CUSTO BÁSICO, POR PORTE
DO BENEFICIÁRIOMINI PEQUENO MÉDIO GRANDE
PRODESIN 30% 20% 10% -PROAGRIN 40% 30% 20% -PRODETUR 50% 40% 30% -PROGETUR - - - -PROCATEC 50% 40% 30% -
d) Os Prazos
FINALIDADE PRAZO-ATÉ CARÊNCIA-ATÉINVESTIMENTO FIXO E MISTO 8 ANOS 2 ANOSCAPITAL DE GIRO ASSOCIADO 1 ANO -CAPITAL DE GIRO ISOLADO (PROMICRO) 1 ANO -
Obs.: (1) Os prazos máximos incluem o período de carência;
(2) Quando se tratar de implantação de empreendimentos, para o investimento
fixo e financiamento misto, permitir-se-á o prazo de até 10 anos, inclusive
até 2 anos de carência.
e) As Garantias
Para as operações de crédito através do PROMICRO (FNO-Especial), as garantias
reais prévias, devem obedecer a margem mínima de 100% do valor do financiamento.
Não satisfeita essa exigência, será admitido o sistema de garantias progressivas, devendo
as garantias preexistentes obedecerem a margem mínima de 35% do valor do
financiamento e ser suficiente para respaldar a liberação de parcelas do crédito, de forma
que ao final da operação seja atendida a margem exigida.
f) A Assistência Técnica
A Assistência Técnica será obrigatória para os beneficiários do Programa de Apoio
às Microempresas de Atividades Selecionadas - PROMICRO, podendo ser exigida,
também, para os beneficiários dos demais Programas, a critério do Banco.
Fonte: Banco da Amazônia S/A. Consultoria Técnica-COTEC, Fundo Constitucional de Financiamento do Norte - FNO, regulamentado pela Lei n.º 7.827, de 27 de setembro de 1.989 (Manual de Orientação do Beneficiário). Belém - Pa., l996.
ANEXO III
CRÉDITO RURAL ESPECIAL
QUESTIONÁRIO
AVALIAÇÃO DO CRÉDITO RURAL ESPECIAL NA PEQUENA PRODUÇÃO
1) Caracterização do produtor:
Nome:___________________________________________________________________________:
Idade:_______ anos Sexo: ( ) Masc. ( ) Fem.
Estado de Origem: _____________________________________.
Esta origem provém de região: ( ) Urbana ( ) Rural ( ) Urbana e Rural
Há quanto tempo o senhor desenvolve atividade agrícola? _______________________________
O senhor desenvolvia atividade agrícola antes de vir para o Acre? ou se originário do Estado, em outro
lote? ( ) Sim ( ) Não
Se positivo, trabalhava com culturas anuais (lavoura branca) ? ( ) Sim ( ) Não
A sua residência fixa é : ( ) na cidade ( ) na propriedade rural
Há quanto anos o senhor é produtor neste Projeto ? ___________________________________.
Nome e localização da propriedade:__________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
Área da propriedade: ____________ ha. Da área total, quantos ha. o senhor tem de:
Mata virgem:______ ha; capoeira:_______ha; lavoura branca:________ha;
Cultura permanente:________ha; pasto cultivado:______ha; pasto nativo:________ha.
Categoria: ( ) proprietário ( ) parceiro ( ) assalariado ( ) posseiro
( ) arrendatário ( ) outros Qual ? ___________________________.
2) Produção e Produtividade:
Quais os produtos que o senhor cultiva nesta propriedade?
Produto Área plantada Quant. Plantada Preço/unidade Valor/produção
Produto Área plantada Quant. Plantada Preço/unidade Valor/produção
Quais os produtos que o senhor vende ?
Produto Quant. Vendida Preço/produto Valor Comprador
Onde o senhor vende esses produtos ?
( ) no local: ____________________________ ( ) Na estrada/rio:________________________
( ) na cidade:___________________________ ( ) outro:_______________________________
O senhor possui armazém próprio ? ( ) Sim ( ) Não
O senhor perdeu produto por falta de armazenamento? ( ) Sim ( ) Não
O senhor perdeu algum produto por causa de enchentes, seca, excesso de chuva, pragas, doenças ou outras
causas? ( ) Sim ( ) Não
Quais Produtos: ___________________________________________________________________.
Quais as Causas: __________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________.
Os produtos perdidos eram financiados ? ( ) Sim ( ) Não Por quem? __________________
Tinha seguro ? ( ) Sim ( ) Não
Foi indenizado? ( ) Sim ( ) Não Por quem? ________________________________
3) Pecuária e outras criações:
Numero de animais existentes:
Bovinos Suínos Eqüinos Ovinos/caprinos Aves
Numero de animais financiados:
Bovinos Suínos Eqüinos Ovinos/caprinos Aves
Quantos animais o senhor possui em cada ha. de pastagem?
Bovinos Suínos Eqüinos Ovinos/caprinos
Qual a atividade agrícola ( lavoura ou pecuária ), que no ponto de vista do senhor, tem maiores
perspectivas econômicas, e que o senhor pretende desenvolver? Por quê ? __________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________.
4) Extrativismo:
Especificar no quadro os produtos extrativos, a quantidade e a área produtora (se área própria)
Produtos Quantidade Área produtora
5) Comercialização
De sua produção, tem algum produto que o senhor troca por outros? ( ) Sim ( ) Não
Quais ? __________________________________________________________________________.
Dos produtos vendidos, quais os que foram vendidos a prazo (fiado) ?
_________________________________________________________________________________.
O senhor vendeu algum produto antes da colheita? Quais?
___________________________________________________________________________.
6)Transporte:
Quais os meios de transporte que o senhor possui ?______________________________________.
Quais os meios de transporte que o senhor utiliza para conduzir os produtos dentro da propriedade ?
____________________________________________________________________.
Dos que não são próprios a quem pertence, e quanto o senhor paga pelo uso? ___________________
_________________________________________________________________________________.
Quais os meios de transporte que o senhor utiliza para levar os produtos até o mercado?______
_________________________________________________________________________________.
Se não são próprios, a quem pertence e quanto paga ? ___________________________________.
Que tipo de transporte o senhor utiliza para ir até à cidade? ( ) caminhão ( ) ônibus
( ) caminhonete ( ) bicicleta ( ) outros. Quais ?______________________________.
7) Assistência técnica:
O senhor recebe assistência e orientação técnica ? ( ) Sim ( ) Não
Que tipo de assistência técnica o senhor recebe? _________________________________________________________________________________________________________________________.Quais os órgãos que prestam assistência técnica ao senhor? ______________________________
_________________________________________________________________________________.
Quantas vezes por ano o Sr. recebe a visita dos técnicos que prestam assistência técnica? Em que época?
___________________________________________________________________________.
O senhor já solicitou assistência técnica alguma vez e não foi atendido? ( ) Sim ( ) Não
Quais os órgãos que prestam assistência técnica que o senhor conhece ?_____________________.
8) Assistência Financeira:
O senhor já recebeu crédito rural? ( ) Sim ( ) Não Por quê?_______________
______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________.
Quais as dificuldades que o senhor teve para obter o financiamento ? ______________________
______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Em que ano o senhor pegou o crédito ? _______________________________________________.
Em que o crédito rural que o senhor pegou, foi aplicado?________________________________
_________________________________________________________________________________.
O senhor fez algum tipo de empréstimo para aplicar no custeio de lavouras, ou para aquisição de algum tipo
de instrumento necessário às suas atividades? ( ) Sim ( ) Não.
Por quê ?_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
Conseguiu pagar o crédito? ( ) Sim ( ) Não. Por quê?________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________.
O senhor acha que a sua situação de vida melhorou, piorou, ou se manteve depois que obteve o crédito? Por
que ?__________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________.
O senhor possui outra fonte de renda que não provenha da atividade agropecuária?
( )Sim ( )Não.
Se possui, qual?____________________________________________________________________.
O senhor aplica o dinheiro vindo de outra fonte de renda na propriedade? ( ) Sim ( ) Não.
Em que?__________________________________________________________________________.
9) Dados Demográficos e nível de vida.
9.1) Dados demográficos.
Qual o número de pessoas da família? _________________. Homens ( ) Mulheres ( )
Quantas pessoas trabalham na agropecuária ? _____________________.
O senhor pretende mudar daqui ? ( ) Sim ( ) Não. Por que ? _______________________
_________________________________________________________________________________.
Para onde pretende ir? Por que ?____________________________________________________.
9.2) Nível de vida.
Qual a renda da família ? ( anual ou mensal ). R$ _______________________.
De que fonte provém estas rendas ? ( )Venda de produtos agrícolas. ( ) produtos pecuários
( ) produtos extrativos ( ) salários da família ( ) outros. ________________________
10) Instrução.
Qual o grau de instrução da família ? Do declarante_____________ . Da esposa _____________.
Dos filhos _______/_________/_______. Outros membros da família _______/_______/_______.
Os filhos freqüentam escola? ( ) Sim ( ) Não. Quantos? ______________
Qual Escola ? _____________________________________________________________________.
Se não freqüentam a escola, dizer por que ?_____________________________________________.
11) Habitação.
De que é feita a casa do senhor ? ______________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
Quantos m2 e cômodos possui a sua casa? ______________m2 . n.º _______________________.
A casa é servida com água de: ( ) poço. ( ) fonte. ( ) encanada. ( )cacimba. ( ) açude
( ) outro.
Que tipo de iluminação é usada na sua casa? ___________________________________________.
12) Saúde.
O senhor e sua família vai ao médico periodicamente? ( ) Sim ( ) Não.
Quando alguém da família adoece, qual a primeira pessoa que é procurada ? Por que? _______
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
Quais as doenças mais comuns por aqui ?_______________________________________________
_________________________________________________________________________________.
Há algum posto médico aqui por perto ? ( ) Sim ( ) Não. A que distância ? __________ O que o
senhor acha do atendimento ?
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Observações: _____________________________________________________________________
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