UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP “Júlio de Mesquita Filho”
Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas
CAMPUS DE DRACENA
CULTIVO DEABÓBORAE BETERRABA SOBRE PALHADA(Processo Agrisus: n° 2537/18)
Responsável: Profª Dra. Pâmela Gomes Nakada Freitas
Relatório final do projeto de pesquisa apresentado aFundação Agrisus - Agricultura Sustentável
DRACENA – SP
1 RESUMO
O teor de carbono total é um importante indicador de sustentabilidade e de qualidade do solo e,
quanto maior a intensidade de revolvimento, maior é a perda de carbono na forma de CO2. A aração,
provoca perda acentuada de gases e aquecimento da superfície pela exposição à radiação solar,
contribuindo para o aumento do efeito estufa. Com intuito de amenizar estes efeitos, é que se propôs
com este projeto implantar coberturas vegetais na produção de abóbora ‘Menina Brasileira’ e
beterraba ‘Early Wonder’ em sistema de plantio direto, e verificar seus benefícios nos atributos
químicos, físicos e macrofauna do solo, bem como a produtividade das culturas. O experimento foi
em delineamento de blocos casualizados, com parcela subdividida e quatro repetições. Na primeira
etapa, os tratamentos consistiram de três coberturas vegetais na parcela (Crotalária juncea, milheto,
70% de C. juncea + 30% de milheto), e dois sistemas de cultivo na subparcela (plantio direto;
plantio convencional: aração e gradagem). Após a roçagem, foi plantado abóbora ‘Menina
Brasileira’ no espaçamento de 2,0 x de2,0 m. Na segunda etapa, após a colheita das abóboras, foram
plantados nas mesmas parcelas: tremoço, aveia branca, e a mistura de 70% de tremoço + 30% de
aveia branca, e nas mesmas subparcelas, os mesmos preparos de solo já citados, e também após a
roçagem, ocorrereu o plantio de beterraba ‘Early Wonder’ no espaçamento de 0,30 x 0,15 m. As
coberturas vegetais foram conduzidas até o início do florescimento, e posteriormente cortadas com
roçadeira manual. As características de solo avaliadas foram: atributos químicos: pH, H+Al, Al, P,
K, Ca, Mg, MO, CTC, SB, V%; atributos físicos: granulometria (areia, silte, argila), umidade
gravimétrica do solo, porosidade total (microporosidade e macroporosidade), densidade do solo,
resistência do solo, taxa de infiltração de água, agregados; macrofauna do solo e determinação de
matéria seca das coberturas vegetais. As características de produção avaliadas foram: da abóbora:
comprimento, diâmetro do bojo, massa e número de frutos por planta, e produtividade; da beterraba:
comprimento, diâmetro e massa da raiz, massa seca das folhas, e produtividade. Os dados foram
submetidos a análise de variância, e quando houve diferença significativa, foi aplicado teste de
Tukey para as coberturas vegetais, e teste t para os sistemas de plantio, todos ao nível de 5% de
probabilidade. A realização do plantio direto, independente da cultura utilizada como adubo verde
(produção da palhada), proporcionou maior diâmetro de bojo e peso de frutos na cultura da abóbora
‘Menina brasileira’, entretanto, tais acréscimos não se traduziram em produtividade. Para a cultura
da beterraba o sistema convencional proporcionou melhores resultados as analise de produção
avaliados, principalmente produtividade. O plantio convencional proporcionou melhor aeração do
solo, mas a sustentabilidade do sistema não é garantida. Os sistemas de preparo e as plantas de
cobertura utilizadas influenciaram os atributos do solo, a densidade do solo reduziu após o cultivo
das plantas de cobertura; a infiltração de agua e a resistência do solo no solo aumentaram após o
cultivo das plantas de cobertura.
Palavras-chave: Cucurbita moschata, Beta vulgaris, plantio direto.
2 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
A adoção da agricultura convencional com seu uso intensivo do solo ano após ano
causa efeitos negativos ao ambiente e a produção agrícola, pois promove redução na
quantidade de matéria orgânica do solo ocasionando sua desagregação e mudança na sua
estrutura, e com o revolvimento do solo pela aração, ocorre emissão de gases (principalmente
CO2, CH4, N2O) para a atmosfera e aumento do aquecimento global (CERRI et al., 2007).
Devido a esses fatos essa questão tem sido preocupação mundial, e portanto, vale a
pena investir em medidas sustentáveis para preservação do meio ambiente. Para tanto, o
governo federal brasileiro tem incentivado a agricultura sustentável e assim se propôs
voluntariamente durante a 15ª Conferência das Partes (COP-15) em Copenhague no ano de
2009, a redução entre 36,1% e 38,9% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2020,
devendo reduzir em torno de um bilhão de toneladas de CO2 equivalente (BRASIL, 2012). E
para alcançar seu objetivo, o governo propôs um conjunto de medidas que foi aprovado em
maio de 2011 surgindo O Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono). Este foi
estruturado em sete Programas, dentre eles, a de ampliar o uso do Sistema Plantio Direto
(SPD) em 8 milhões de hectares, com Potencial de Mitigação por redução de carbono de 16 a
20 milhões Mg CO2 eq (BRASIL, 2012). Neste sentido é que este projeto se propõe a
contribuir com ações que favoreçam atingir esta meta, implantando sistema de produção
sustentável, adotando o sistema de plantio direto em hortaliças.
Diante das mudanças climáticas há que se ressaltar a contribuição do sistema de
plantio direto, pois segundo Gassen e Gassen (1996) relataram que no início dos anos 90,
houve evidências de que a liberação de CO2 em solos arados, cultivado no sistema
convencional de produção, foi superior ao volume de gases emitidos pelo consumo de
combustíveis fósseis. O teor de carbono total é um importante indicador de sustentabilidade e
de qualidade do solo, e quanto maior a intensidade de revolvimento com a aração, maior é sua
perda na forma de dióxido de carbono, além de promover o aquecimento da superfície pela
exposição à radiação solar, contribuindo para o aumento do efeito estufa. No SPD, com a
palhada em cobertura, promove reflexão da radiação solar, reduz perda de carbono, na forma
de CO2, influenciando diretamente na redução do efeito estufa.
Há quase 50 anos da implantação do Sistema Plantio Direto (SPD) no Brasil, iniciou-
se em 1970, nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, e atualmente adotado em quase todas
as regiões do Brasil, no tocante a produção de grãos. Inicialmente o SPD foi considerado
tecnologia para grandes produtores, no entanto, o IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná) e
a Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural) do Paraná, promoveu,
e vem promovendo adequação e adoção da tecnologia para pequena propriedade para
produção de hortaliças (SPDH- Sistema de Plantio Direto para Hortaliças), o que ainda não
foi difundido na região do Oeste Paulista, sobretudo na microregião onde se localiza o
município de Dracena-SP.
Estudos no SPD tem sido alvo de constantes pesquisas, causas atribuídas às suas
inúmeras vantagens, tais como: redução de gases que aumentam o efeito estufa devido ao não
revolvimento do solo; diminuição da mecanização reduzindo liberação de monóxido de
carbono; evita erosão e compactação do solo; com aumento de cobertura vegetal sobre o solo:
diminui evapotranspiração reduzindo turno de rega em até 30%, melhor drenagem, regulação
térmica proporcionada pela palhada com redução dos extremos de temperatura em até 10ºC na
superfície do solo, controle de plantas daninhas; aumento de matéria orgânica, promovendo
estruturação com formação de agregados do solo, maior CTC (Capacidade de Troca
Catiônica), aumento da microbiota para ciclagem de nutrientes; dentre outros (LIMA;
MADEIRA, 2013).
Uma das questões de grande preocupação é a quantidade de água potável, e sem ela
não há comida, e nem vida na Terra. Isto não deveria trazer preocupações, devido 70% do
planeta ser coberto por água, porém aproximadamente 97,5% é salgada, estando disponível
menos de 3% de água doce, e apenas 0,4% estão na superfície dos solos (CONSUMO
SUSTENTÁVEL, 2005). E de acordo com a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a
Infância), menos da metade da população mundial tem acesso, que segundo Meirelles (2000)
relata que a irrigação corresponde a 73% do consumo, 21% nas indústrias e apenas 6%
destina-se ao consumo doméstico, neste sentindo pode ocorrer crise hídrica em futuro
próximo.
Um dos setores de maior consumo de água para irrigação é a horticultura, onde a
olericultura se insere, requisitando irrigação diariamente, uma ou duas vezes ao dia
dependendo do clima e região. No contexto de otimização da água na agricultura, o SPD é o
manejo mais adequado por aumentar a matéria orgânica no perfil e na superfície do solo,
aumentando a retenção de água (MAROUELLI et al., 2010).
Em grandes culturas já existem várias pesquisas conduzidas no sistema de plantio
direto, como em feijão (STONE, MOREIRA, 2000; ANDRADE et al., 2002; STONE et al.,
2006; BIZARI et al., 2009), milho (LARA CABEZAS et al., 2000; AMADO et al., 2002;
CERETTA et al., 2002; CAIRES et al., 2006; SILVA et al., 2006), soja (CAIRES et al., 2000;
CAIRES et al., 2006; FLORES et al., 2007; KLEIN, CAMARA, et al., 2007), trigo (ABREU
et al., 2003; DA ROS et al., 2003; BRAZ et al., 2006; TEIXEIRA FILHO et al., 2010),
embora ainda há que se pesquisar.
Por outro lado, o plantio direto de hortaliças (SPDH) é um fato relativamente recente,
surgindo os pioneiros próximos do ano 2000, portanto, ainda são poucos os trabalhos e ainda
há muito que ser estudado. Alguns trabalhos já foram desenvolvidos, como em alface-
americana (HIRATA et al., 2014), berinjela (CASTRO et al., 2005; LIMA et al., 2012;
ECHER et al., 2016), beterraba (PURQUERIO et al., 2009; FACTOR et al., 2010), brócolis
(MELO et al., 2010), cebola (SOUZA et al., 2013; LOSS et al., 2015), cebolinha (ARAÚJO
NETO et al., 2010), coentro (TAVELLA et al., 2010), repolho (MAROUELLI et al.,
2010),tomate (MAROUELLI et al., 2000; HIRATA et al., 2009; KIELING et al., 2009; SILVA
et al., 2009), no entanto, vale ressaltar que a dinâmica da palhada e ciclagem de nutrientes é
muito variável, conforme a posição geográfica do campo de produção, sendo influenciado
pelo clima, fauna, pelos atributos físicos e químicos do solo, altitude, relevo, dentre outros
que são altamente variáveis de região para região.
Como já mencionado sobre as vantagens da presença de palhada sobre o solo, foi
observado por Silva et al. (2009), que estudaram o cultivo isolado e consorciado de adubos
verdes: Crotalaria juncea, Stizolobium aterrimum, Pennisetum glaucum, C. juncea + P.
glaucum, C. juncea + S. aterrimum, P. glaucum + S. aterrimum, para formação de palhada no
cultivo de tomate rasteiro, e obtiveram maior supressão de plantas daninhas quando a palhada
utilizada foi P. glaucum (milheto) devido a maior produção de massa seca (23,8 Mg ha-1),
tanto em cultivo solteiro ou consorciado, e independente da espécie, não houve diferença
significativa na produtividade do tomateiro. Já na produção da beterraba em plantio direto,
houve produtividade superior sobre palhada da mistura de milheto + crotalária, não diferindo
do milheto, que foi cultivado em solteiro (FACTOR et al., 2010).
Em outro trabalho com tomateiro, foram testadas a aveia preta, ervilhaca e nabo
forrageiro em sistemas de cobertura solteiros e consorciados, e as espécies que mais
produziram matéria seca foram: aveia + ervilhaca e aveia solteira, e mesmo assim não houve
diferença significativa na produção de tomate independente dos tratamentos (KIELING et al.,
2009).
Na questão de uso da água, como mencionado por Meirelles (2000), a irrigação
corresponde a 73% do consumo da água doce disponível, e devido às mudanças climáticas,
esta fonte esgotável está reduzindo, e portanto, deve ser utilizada com bom senso, e
economizando na medida do possível. E na agricultura, uma das formas de contribuir, é a
utilização de plantas de cobertura no sistema de plantio direto, e quanto maior a quantidade de
matéria seca sobre o solo, como o milheto (SILVA et al., 2009) e a aveia preta (KIELING et
al., 2009), maior é a retenção e menor a evaporação de água.
Mais uma vez retratando a maior retenção de água no solo devido a cobertura vegetal
em plantio direto, no trabalho de Marouelli et al. (2010), os autores produziram repolho sobre
quatro quantidades de palha de milho (0,0, 4,5, 9,0, 13,5 Mg ha-1 de matéria seca) e
detectaram economia de água em até 13% da lâmina de água aplicada em todo ciclo da
cultura quando comparado a área sem palhada. E a economia foi maior ainda durante os
primeiros 30 dias após o transplantio das mudas, atingindo 28%. Por outro lado, os
tratamentos não influenciaram na produção do repolho, mesmo na área sem palhada.
Diante de todos esses benefícios mencionados, e resultados de trabalhos favoráveis à
adoção de cobertura vegetal em plantio direto, e devido à inexistência de resultados de
pesquisa em plantio direto de abóbora e beterraba no Oeste Paulista, é que se pretendeu
executar este projeto no município de Dracena-SP.
3 OBJETIVO
Portanto, objetivou-se implantar coberturas vegetais na produção de abóbora e
beterraba em sistema de plantio direto de hortaliças (SPDH) na região Oeste Paulista.
4 PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMADE EXECUÇÃO
5 MATERIALE MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido na Universidade Estadual Paulista/ Faculdade de
Ciências Agrárias e Tecnológicas (UNESP/FCAT), localizada no município de Dracena-SP,
região Oeste Paulista (Latitude - 22º 39`42", Longitude - 50º 24`44" e 421 m de altitude).
O clima de Dracena, segundo a classificação de Köeppen é Aw (tropical semiúmido)
(ROLIM et al., 2007), com temperatura e amplitude térmica média ao longo do ano de 22,1°C
e 6,9°C, respectivamente, e as precipitações são desuniformes ao longo do ano, contemplando
de 29 mm em agosto, mês de menor precipitação, ao passo que em janeiro é o de maior, com
pluviosidade média anual de 1.204 mm (CLIMATE-DATA.ORG). O solo é um argissolo
predominantemente arenoso, com 10,5, 7,3 e 82,2% na camada de 0-20 cm, e 14, 7,1 e 78,8%
na camada de 20-40 cm, de argila, silte e areia, respectivamente.
A proposta foi realizar dois cultivos de hortaliças em rotação de cultura com
coberturas vegetais. O experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados
com parcela subdividida e quatro repetições. A área experimental foi no total de 800 m2 (25 x
32 m).
Na primeira etapa, os tratamentos consistiram de três coberturas vegetais na parcela
(Crotalária juncea, milheto, 70% de C. juncea + 30% de milheto), e dois sistemas de cultivo
na subparcela (plantio direto; plantio convencional: aração, gradagem e encanteirador). Após
a roçagem, foi plantado abóbora ‘Menina Brasileira’ no espaçamento de 2,0 x 2,0 m (Figura
1).
FIGURA 1. SEMEADURA DAS CULTURAS DE COBERTURA VEGETAL (ADUBO
VERDE) (CROTALÁRIA, MILHETO, 70% DE CROTALÁRIA + 30% DE MILHETO),
CONDUZIDAS ANTES DA IMPLANTAÇÃO DA CULTURA DA ABÓBORA “MENINA
BRASILEIRA” EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL.
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP),
DRACENA-SP, 2019.
Na segunda etapa, após a colheita das abóboras, foi plantado nas mesmas parcelas:
tremoço, aveia branca, e a mistura de 70% de tremoço + 30% de aveia branca, e nas mesmas
subparcelas, os mesmos preparos de solo já citados, e também após a roçagem, ocorrereu o
plantio de beterraba ‘Early Wonder’ no espaçamento de 0,30 x 0,15 m (Figura 2). As
coberturas vegetais foram conduzidas até o início do florescimento, e posteriormente cortadas
com roçadeira manual. Foi implantado irrigação por aspersão.
FIGURA 2. TRANSPLANTIO DA BETERRABA “EARLY WONDER” CULTIVADA EM
SUCESSÃO A DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS (ADUBOS VERDES) SISTEMA
DE PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL. FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP), DRACENA-SP, 2019.
As características de solo avaliadas foram: atributos químicos do solo: pH, H+Al, Al, P,
K, Ca, Mg, MO, CTC, SB, V% (RAIJ et al., 2001); atributos físicos do solo: granulometria
(areia, silte, argila), umidade gravimétrica do solo, porosidade total pela saturação do solo
(volume de poros totais do solo ocupado pela água), a microporosidade pelo método da mesa
de tensão com coluna de água de 0,060 kPa, e a macroporosidade será calculada por diferença
entre a porosidade total e a microporosidade, densidade do solo pelo método do anel
volumétrico (EMBRAPA, 1997), resistência do solo à penetração será utilizado penetroLOG
(modelo Falker, Automação Agrícola), taxa de infiltração de água foi determinada usando o
mini-infiltrômetro de disco (ZANG, 1997), agregados: distribuição, estabilidade em água e
diâmetro médio ponderado (ANGERS; MEHUYS, 2000); macrofauna do solo: foi retirado
três blocos de solo de 25 x 25 cm de lado e 10 cm de profundidade (ANDERSON; INGRAN,
1993) em cada parcela experimental, e foi computado a média. Foram contabilizados animais
com tamanho maior que 2 mm, e calculado a densidade da macrofauna, expressa em número
de indivíduos por metro quadrado (indivíduos m-2). Todas estas avaliações foram realizadas
antes e depois da implantação das coberturas vegetais, depois da cultura econômica de estudo,
tanto na época do outono-inverno e primavera-verão.
Determinação de matéria seca das coberturas vegetais: para a avaliação da produção de
matéria seca, as plantas foram roçadas e r e a l i z a d a s amostragem em dois pontos ao acaso em cada
parcela, com o auxílio de um quadrado metálico de 1,0 m² de área, e coletado todo material
contido nesta área delimitada, que foi colocado em saco de papel dentro de estufa com
circulação de ar forçada a 65 °C até atingir massa constante, por aproximadamente 72 h, e,
por fim, aferição da massa, e os resultados expressos em kg ha-1 (TORRES; PEREIRA, 2008).
As características de produção avaliadas foram: da abóbora: comprimento, diâmetro
do bojo, massa e número de frutos por planta, e produtividade (Figura 3); da beterraba:
comprimento, diâmetro e massa da raiz, massa seca das folhas, e produtividade (Figura 4).
FIGURA 3. AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES DE PRODUÇÃO EM ABÓBORA
“MENINA BRASILEIRA” CULTIVADA EM SUCESSÃO A DIFERENTES
COBERTURAS VEGETAIS (ADUBOS VERDES) EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO
E CONVENCIONAL. FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS
(FCAT – UNESP), DRACENA-SP, 2019.
FIGURA 4. AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES DE PRODUÇÃO EM BETERRABA
“EARLY WONDER” CULTIVADA EM SUCESSÃO A DIFERENTES COBERTURAS
VEGETAIS (ADUBOS VERDES) EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO E
CONVENCIONAL. FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS
(FCAT – UNESP), DRACENA-SP, 2019.
Os dados foram submetidos a análise de variância, e quando houve diferença
significativa, foi aplicado teste de Tukey para as coberturas vegetais, e teste t para os sistemas de
plantio, todos ao nível de 5% de probabilidade.
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 Produção de palhada
A produção de palhada para plantio direto não foi influenciada de maneira significativa (p >
0,05) pelas culturas de cobertura (adubo verde), com média de 2,3 t ha-1 (Tabela 1), sendo estes
resultados distintos aos obtidos por Teixeira et al., (2009), que observaram maior quantidade de
fitomassa seca a partir do cultivo conjunto de crotalária e milheto (12,45 Mg ha-1) em relação ao
cultivo de milheto solteiro (6,90 Mg ha-1). Rodrigues e Pereira (2008) ao avaliarem a produção de
massa seca de diferentes culturas de cobertura no cerrado observaram tendências distintas em dois
anos agrícolas avaliados, onde no primeiro ano o milheto apresentou valores mais elevados em
relação à crotalária, entretanto, no segundo ano, as culturas apresentaram produção semelhante de
palhada.
TABELA 1. PRODUÇÃO DE PALHADA PARA PLANTIO DIRETO DE ABÓBORA
‘MENINA BRASILEIRA’ EM FUNÇÃO DAS CULTURAS DE COBERTURA (ADUBOS
VERDES). DRACENA-SP, 2019.
Adubo verde Palhada (t ha-1)Crotalária 2,0 a¹70% crotalária + 30% milheto 2,4 aMilheto 2,5 aCV(%)² 22,7DMS³ 0,9Média 2,3¹Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade²CV: coeficiente de variação.³DMS: diferença mínima significativa.
Não houve diferença significativa em função dos adubos tremoço, 70% tremoço + 30%
aveia e aveia branca, onde obtiveram uma média de 1,1 t ha-1 (Tabela 2). Estas são caracterizadas
como cultura de inverno, diferente do clima da cidade de Dracena-SP que apresenta altas
temperaturas, sofrendo florescimento precoce necessitando assim da roçagem quando havia
formado pouca massa verde. Concordando com Ziech et al (2015) que não obtiveram resultados
significativos quanto a massa seca, com média de 3,0 t ha-1. Discordando de Demétrio et al (2012)
que obtiveram média de 16,3 t ha-1 de palhada de aveia branca com corte no pleno florescimento,
este justifica-se pelo plantio realizado na cidade se Santa Elena-PR que apresentou na época
temperatura média de 17,5ºC, diferente das temperaturas do local de plantio do experimento que é
caracterizado por temperaturas elevadas.
TABELA 2. PRODUÇÃO DE PALHADA PARA PLANTIO DIRETO DE BETERRABA
EM FUNÇÃO DAS CULTURAS DE COBERTURA (ADUBOS VERDES). DRACENA-SP,
2019.
Preparo do solo Palhada (t ha-¹)
tremoço 1,0 a¹
70% tremoço + 30% aveia branca 1,1 a
aveia branca 1,2 a
CV1(%)² 13,1
CV2(%)² 17,6
DMS³ 0,4
Média 1,1
¹Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% deprobabilidade.
²CV: coeficiente de variação.
³DMS: diferença mínima significativa.
Houve diferença significativa quanto ao sistema de cultivo para a característica da palhada,
onde o sistema convencional apresentou produtividade de 1,4 t ha-1, este resultado foi superior ao
sistema de plantio direto, que possivelmente foi devido ser um solo menos denso que favoreceu o
desenvolvimento das raízes e principalmente por se tratar do início da construção da física do solo
(Tabela 3). Em estudo Muller et al (2001) concluíram que a compactação do solo afetou diretamente
na produção de massa seca dos adubos tremoço e aveia branca.
TABELA 3. PRODUÇÃO DE PALHADA PARA PLANTIO DIRETO DE BETERRABA
EM DO PREPARO DO SOLO. DRACENA-SP, 2019.
Preparo do solo Palhada (t ha-¹)
convencional 1,4 a¹
direto 0,8 b
CV1(%)² 13,1
CV2(%)² 17,6
DMS³ 0,2
Média 1,1
¹Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de t a 5% deprobabilidade.
²CV: coeficiente de variação.
³DMS: diferença mínima significativa.
6.2 Macrofauna
Para a macrofauna, também não foram observados efeitos significativos (p > 0,05) em
função da cultura utilizada como adubo verde, observado média de 138,7 indivíduos maiores que 2
mm m-2 (Tabela 4). Assim, os resultados obtidos diferem daqueles observados por Santos et al. (2008)
que, ao avaliarem a macrofauna presente em áreas com diferentes coberturas de solo visando
plantio direto, obtiveram maior densidade de indivíduos quando da utilização da crotalária em
comparação com as culturas de braquiária em solteiro, braquiária em consórcio com milho, sorgo,
estilosantes, guandu, milheto e mombaça. Os autores justificam esta tendência pelas diferentes
condições de temperatura, umidade e estado de decomposição da palhada no momento da coleta dos
dados.
TABELA 4. MACROFAUNA EM FUNÇÃO DOS ADUBOS VERDES PARA PALHADA
NO PLANTIO DIRETO DEABÓBORA ‘MENINA BRASILEIRA’. DRACENA-SP, 2019.
Adubo verde Macrofauna (indivíduos m-2)Crotalária 124 a¹70% crotalária + 30% milheto 160 aMilheto 132 aCV(%)² 30,7DMS³ 67,4Média 138,7¹Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade²CV: coeficiente de variação.³DMS: diferença mínima significativa.
Em relação ao preparo do solo, também não foram observados efeitos significativos (p >
0,05) sobre a macrofauna (Tabela 5). Resultados diferentes foram observados por Silva et al.,
(2007), que concluíram que uso de plantas de cobertura no plantio direto de mandioca proporciona
condições para a recomposição da comunidade de macrofauna invertebrada do solo.
TABELA 5. MACROFAUNA EM FUNÇÃO DO PREPARO DO SOLO PARA PLANTIO
DEABÓBORA ‘MENINA BRASILEIRA’. DRACENA-SP, 2019.
Sistema de plantio Macrofauna (indivíduos m-2)Convencional 130 a¹
Direto 147 aCV(%)² 30,7DMS³ 44,6Média 138,7¹Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade²CV: coeficiente de variação.³DMS: diferença mínima significativa.
Houve efeito significativo em relação ao preparo de solo (p > 0,05) sobre a macrofauna com
maiores números de indivíduos por m-2 no cultivo direto (Tabela 6), segundo Alves et al., 2016 a
partir do uso contínuo do sistema de plantio direto, das mudanças do solo e acúmulo de matéria
orgânica ao longo dos anos, elevam o número de indivíduos da macrofauna.
Também apresentou efeito significativo em relação (p > 0,05) em função da cultura utilizada
como adubo verde (Tabela 6), resultados também observados por Santos et al. (2008), porem no
presente trabalho com melhor resultado na combinação de 70% crotalaria + 30% milheto.
TABELA 6. MACROFAUNA LOGO AO TRANSPLANTIO DA BETERRAB EMFUNÇÃO DOS ADUBOS VERDES PARA PALHADA E SISTEMAS DEPLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL PARA BETERRABA ‘EARLYWONDER’. DRACENA-SP, 2019.
6.3 Produção da abobora e da beterraba
Para a cultura da abobora, os componentes de produção avaliados, os sistemas de plantio
influenciaram de forma significativa (p < 0,05) apenas no diâmetro do bojo (DB) e a massa de fruto
(MF), sendo que, para ambos os casos, o sistema de plantio direto proporcionou resultados
superiores, com acréscimos de 2,1 cm e 0,3 kg, respectivamente, em relação ao convencional
(Tabela 7).
TABELA 7. NÚMERO DE FRUTOS POR PLANTA (NFPL), COMPRIMENTO DE
FRUTO (CF), DIÂMETRO DO “PESCOÇO” (DF), DIÂMETRO DO BOJO (DB), MASSA
DE FRUTO (MF), PRODUÇÃO POR PLANTA (PDPL), PRODUTIVIDADE (PD) DE
ABÓBORA ‘MENINA BRASILEIRA’ EM FUNÇÃO DO SISTEMA DE PLANTIO.
DRACENA-SP, 2019.
Preparo do soloNFPL
CF(cm)
DF(cm)
DBOJO(cm)
MF(Kg)
PDPL(Kg)
PD(t ha-1)
convencional 5,0 a¹ 34,8 a 23,4 a 36,8 b 1,9 b 9,5 a 31,6 adireto 4,6 a 36,3 a 24,4 a 38,9 a 2,2 a 10,0 a 33,5 a
CV1(%)² 16,5 11,1 6,5 5,1 7,8 6,4 6,4CV2(%)² 33,4 7,3 4,5 5,1 13,8 31,2 31,3DMS³ 1,3 2,5 1,0 1,6 0,2 2,5 8,3Média 4,8 35,6 23,9 37,8 2,1 9,8 32,5
¹Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
²CV: coeficiente de variação.
³DMS: diferença mínima significativa.
Apesar das respostas não significativas, sobretudo à produtividade, vale ressaltar os
benefícios do plantio direto à cultura e ao solo em relação ao convencional, já relatados por diversos
autores (ALVARENGA et al., 1995; SILVA et al., 2009; ECHER et al., 2016; FAYAD et al., 2016),
que tendem a ser responsáveis pelas respostas positivas obtidas para o diâmetro do “bojo” e a massa
de fruto (Tabela 7), com a manutenção de cobertura no solo, protege contra erosões,
proporcionando a manutenção de água no solo, redução da amplitude térmica, redução de plantas
espontâneas e melhora nos aspectos químicos, físicos e biológicos (ALVARENGA et al., 1995;
ECHER et al., 2016). Entretanto, há tendência que os resultados em geral passem a ser mais
expressivos após cultivo consecutivo em sistema de plantio direto, tendo em vista as melhorias em
longo prazo, proporcionadas pelo sistema, sobretudo no acúmulo de matéria orgânica no solo
(FAYAD et al., 2016).
Diversos autores constataram melhorias do sistema de plantio direto sobre a produção de
culturas hortícolas, como no tomateiro (SILVA et al., 2009), berinjela (ECHER et al., 2016),
beterraba (FACTOR et al., 2010), dentre outros. Vale ressaltar ainda os menores custos advindos da
utilização do sistema (SILVEIRA et al., 2015), sobretudo à medida que a área se mantenha em SPD
ao longo de anos sucessivos (MATTOSO et al., 2001) e a influência direta do sistema na redução
das emissões de CO2 (OLIVEIROS, 2008; CARVALHO et al., 2009).
Ainda em relação aos componentes de produção avaliados, não houve interferência
significativa das culturas de cobertura (adubo verde) utilizadas no plantio direto observado médias
de 4,8 frutos por planta, 35,6 cm de comprimento de fruto, 23,9 de diâmetro do “pescoço”, 37,8
diâmetro do bojo, 201 kg massa de fruto, 9,8 kg de frutos por planta e 32,5 t ha-1 de abóbora ‘Menina
brasileira’ (Tabela 8).
TABELA 8. NÚMERO DE FRUTOS POR PLANTA (NFPL), COMPRIMENTO DE
FRUTO (CF), DIÂMETRO DO “PESCOÇO” (DF), DIÂMETRO DO BOJO (DBOJO),
MASSA DE FRUTO (MF), PRODUÇÃO POR PLANTA (PDPL), PRODUTIVIDADE (PD)
DE ABÓBORA ‘MENINA BRASILEIRA’ EM FUNÇÃO DOS ADUBOS VERDES.
DRACENA-SP, 2019.
Adubo verde NFPL CF(cm)
DF(cm)
DBOJO(cm)
MF(kg)
PDPL(kg)
PD(t ha-1)
Crotalária 5,1 a¹ 34,3 a 23,2 a 37,4 a 2,0 a 9,7 a 32,3 a70% crotalaria + 30% milheto 4,8 a 35,4 a 24,2 a 38,6 a 2,1 a 10,0 a 33,4 aMilheto 4,6 a 37,0 a 24,2 a 37,5 a 2,1 a 9,6 a 31,9 aCV(%)² 31,7 7,9 4,8 5,1 13,2 29,2 29,2DMS³ 1,9 3,7 1,5 2,5 0,4 3,7 12,4Média 4,8 35,6 23,9 37,8 2,1 9,8 32,5¹Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade²CV: coeficiente de variação.³DMS: diferença mínima significativa.
Para a produção de beterraba, observou-se diferença significativa quanto a massa seca das
folhas (MSF), diâmetro da beterraba (DB), massa da beterraba (MB) e produtividade (PD) sendo
superior no sistema convencional de preparo do solo. Porém não houve diferença significativa
quanto ao sistema de cultivo no comprimento da beterraba (CB), que obteve média de 5,1 cm
(Tabela 9). A produtividade da mesma cultivar obtida por Purqueiro et al (2009) em plantio direto
tendo como palhada Brachiaria sp. e aplicação de molibdênio e nitrogênio foi superior ao desse
estudo, que obtiveram média de 53 t ha-1 e 57 t ha-1, respectivamente. Factor et al (2010) por sua
vez em plantio direto com diferentes adubos verdes, obtiveram sobre resultados no mix de crotalária
e milheto, produtividade de 56,7 t ha-1 e com palhada de milho de 54,7 t ha-1, que não diferiram do
milheto e crotalária 50,7 e 40,8 t ha-1, respectivamente. Nesse mesmo estudo, os autores
concluiram que sobre palhada de milho obtiveram 239,7 g que não diferiu significamente do
milheto e crotalária 214,3 e 185,5 g quanto a massa da beterraba, respectivamente.
TABELA 9. MASSA SECA DE FOLHAS POR PLANTA (MSF), COMPRIMENTO (CB),
DIÂMETRO (DB) E MASSA DA BETERRABA (MB), E PRODUTIVIDADE (PD) EM
FUNÇÃO DO PREPARO DO SOLO. DRACENA-SP, 2019.
Preparo do solo MSF (g) CB (cm) DB (cm) MB (g) PD (t ha-1)
convencional 17,2 a¹ 5,3 a 6,1 a 129,7 a 32,4 a
direto 11,0 b 4,9 a 5,5 b 99,9 b 25,0 b
CV1(%)² 13,8 6,8 4,0 12,1 12,0
CV2(%)² 24,4 9,4 10,1 30,2 30,1
DMS³ 2,6 0,3 0,4 23,9 5,9
Média 14 5,1 5,8 114,8 28,7
¹Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de t a 5% deprobabilidade.
²CV: coeficiente de variação.
³DMS: diferença mínima significativa.
6.4 Caracterização inicial, porosidade e densidade do solo
Diversos autores sugerem que as principais finalidades do uso de adubação verde para as
culturas são o fornecimento de nutrientes e as melhorias proporcionadas pelas plantas ao solo, que
tendem a influenciar positivamente o desempenho agronômico das culturas. Assim, é possível
inferir que tanto o uso da crotalária quanto do milheto, tal como a mistura de ambos na proporção
7:3, exerceram nível parecido de influência nos fatores em questão, nas condições do presente
estudo.
Autores como Mateus e Wutke (2006) e Silva et al. (2006), dentre outros, sugerem que o uso
de leguminosas como adubo verde proporcionam maior disponibilidade de nitrogênio a cultura em
relação às gramíneas, sobretudo em função da fixação biológica do nutriente, assim, é possível
constatar que a adubação realizada à cultura no presente estudo, que foi igual em todos os
tratamentos, foi suficiente para suprir a demanda da abóbora. A exemplo, Castro et al. (2004)
avaliando milheto, crotalária e vegetação espontânea como adubo verde para a cultura da berinjela,
concluíram em seu trabalho que o uso da crotalária apresentou suprimento de N suficiente para
compensar todo o nutriente exportado pela cultura.
A caracterização inicial do solo da área experimental, avaliada para fins de comparação em
setembro de 2018, antes da semeadura dos adubos verdes, com relação ao percentual de macroporos,
microporos, porosidade total e a densidade do solo (cm-3) nas camadas de 0 a 0,10; 0,10 a 0,20 e
0,20 a 0,4 m seguem representada na Tabela 10, após o plantio dos adubos verdes (Tabela 11), após
os adubos verdes de inverno (Tabela 12) e após a colheita da beterraba (Tabela 13).
Os valores de porosidade (macro, micro, total) e densidade do solo estão dentro dos limites
considerados ideais segundo Tormenta (2002) para um bom desenvolvimento das culturas. O solo
estudado possui textura arenosa (Areia = 82%, Silte = 6% e Argila = 12%) e portanto, é natural a
macroporosidade do solo ser superior a microporoisdade, acarretando assim uma infiltração muito
maior que a retenção de agua no solo.
TABELA 10. CARACTERIZAÇÃO INICIAL DA ÁREA QUANTO A MACROPOROS,
MICROPOROS, POROSIDADE TOTAL E DENSIDADE DO SOLO PARA IMPLANTAÇÃO
DO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO ANTES DO PLANTIO DOS ADUBOS VERDES.
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP), DRACENA-
SP, agosto/2018.
Características 0-0,10 m 0,10-0,20 m 0,20-0,40 mMacroporos (%) 22,26 26,54 23,91Microporos (%) 16,69 15,43 12,87Porosidade total (%) 39,15 41,97 36,78Densidade do solo (cm-3) 1,46 1,46 1,54
Após a condução do experimento, para macro, micro e porosidade total houve diferença
estatística (tratamento e subparcelas) em todas as camadas estudadas, já para a densidade do solo foi
significativo somente na camada superficial do solo (Tabelas 11).
Para a porosidade total do solo na camada de 0-0,10 m, houve comportamento semelhante
ao observado para a macroporosidade, onde foi possível constatar efeito significativo entre as
coberturas de solo, cujo uso de ambos os adubos verdes em conjunto proporcionou valor superior
para a variável resposta em relação aos demais, apresentando 32,55% de macroporosidade (Tabela
11).
TABELA 11. MACROPOROSIDADE, MICROPOROSIDADE, POROSIDADE TOTAL E
DENSIDADE DO SOLO NA CAMADA DE 0,00 A 0,10 m APÓS ROÇADA DOS ADUBOS
VERDES. FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP),
DRACENA-SP, dezembro/2018.
Tratamento (T) Macroporosidade(%)
Microporosidade(%)
Porosidade total(%)
Densidade do solo(g cm-3)
0-0,10 mCrotaláriaMilhetoCrotalária + milheto
20,90 c25,90 b32,55 a
27,03 a23,56 b18,20 c
47,96 c49,44 b50,76 a
1,44 a1,30 b1,32 ab
Subparcelas (S)PDPC
28,94 a23,99 b
21,21 b24,65 b
48,65 b50,12 b
1,341,37
F T
FSF T x S
22,05*20,16*0,202ns
32,96*93,96*0,101ns
96,51*91,33*0,130ns
7,42*2,88ns0,616 ns
CV1 (%)CV2(%)
14,2013,20
13,0013,38
8,207,60
5,902,91
10-0,20 mCrotaláriaMilhetoCrotalária + milheto
18,82 c22,18 b26,26 a
27,15 a25,29 b20,73 c
45,95 c47,42 a46,88 b
1,52 a1,33 b1,41 ab
Subparcelas (S)PDPC
21,53 b23,28 a
23,41 b25,37 a
46,66 b46,84 a
1,421,42
F T
FSF T x S
24,37*42,59*0,193ns
30,53 *14,38*0,130ns
43,32*17,00*0,283ns
8,674*0,026ns0,980ns
CV1 (%)CV2(%)
9,509,30
6,905,20
2,202,40
6,122,64
10-0,20 mCrotaláriaMilhetoCrotalária + milheto
18,82 c22,18 b26,26 a
27,15 a25,29 b20,73 c
45,95 c47,42 a46,88 b
1,52 a1,33 b1,41 ab
Subparcelas (S)PDPC
21,53 b23,28 a
23,41 b25,37 a
46,66 b46,84 a
1,421,42
F T
FSF T x S
24,37*42,59*0,193ns
30,53 *14,38*0,130ns
43,32*17,00*0,283ns
8,674*0,026ns0,980ns
CV1 (%)CV2(%)
9,509,30
6,905,20
2,202,40
6,122,64
* – significativo e NS – não significativo. Médias seguidas por letras distintas diferem pelo teste de Tukey a 5%.
Em relação a densidade do solo que é dada pela relação massa e volume do solo, ou seja,
volume ocupado pelas partículas do solo em um determinado volume; ela depende da estrutura e do
manejo da área, em que permite variações para um mesmo tipo de solo (BONINI & ALVES, 2012).
Em relação aos tratamentos estudados, a crotalária apresentou valores significativamente superiores
em relação ao uso do milheto, entretanto, ambos os tratamentos não diferiram estatisticamente em
relação ao uso consorciado (cortalária + milheto). Dados deste trabalho estão acima do considerado
ideal (BONINI & ALVES, 2011; RIENZI et al., 2016). No que diz respeito aos sistemas de plantio,
ainda não podemos afirmar o efeito do sistema convencional e/ou direto, contudo devemos ressaltar
que os valores obtidos estão acima do considerado ideal para um bom desenvolvimento radicular.
A densidade do solo foi influenciada pelo adubo verde utilizado, de forma que apenas o
tratamento em que se utilizou a crotalária como adubo verde proporcionou maior densidade em
relação àquela observada na mesma camada do solo antes da implantação do experimento (Tabela
10), na primeira coleta.
Na tabela 12, na coleta após os adubos verdes de inverno, só houve diferença significativa
para a macroporosidade, nas subparcela, onde o plantio convencional foi maior que o plantio direto.
Esse comportamento mostra que as plantas de cobertura de inverno, influenciaram menos que as
utilizadas no verão.
Observou-se o mesmo comportamento após a colheita da beterraba (Tabela 13), pois os
sistemas de manejo do solo houve diferenças estatísticas e os tratamentos não, somente na camada
de (0-0,10m) para a porosidade do solo. Já para o manejo do solo a macroporosidade e a prosidade
total (na camada de 0-0,10m) e macroporosidade (0,20-0,40m). Para a macroporosidade o plantio
direto propiciou maiores valores em relação ao plantio convencional.
Vale ainda lembrar que os dados estão dentro dos parâmetros médios para essa classe de
solo. Para este atributo, os valores estão adequados para crescimento e produtividade da maioria das
culturas, segundo Tormenta et al. (2002). A densidade do solo também está adequada segundo
Bonini (2011) e reduziram em relação a caracterização inicial (Tabela 10) mesmo que
discretamente em alguns tratamentos.
Somente a porosidade total não permite avaliar a qualidade do solo, pois ainda não há
conhecimento da distribuição dos mesmos. Quando se é estudado a macro e microporosidade,
verifica-se que com o aumento da macro tem-se um aumento da micro e indicativo de degradação
da estrutura. Já quando a macro aumenta, a micro diminuiu e o solo reflete uma melhor qualidade e
distribuição dos poros. Neste trabalho, destaca-se que a macroporosidade para todos os tratamentos
o valor de macroporosidade apresentou-se acima de 0,10 m³m-³ (BONINI & ALVES, 2011). Em
trabalho desenvolvido em áreas de Ibiuna e Socorro em sistemas orgânicos, foi verificado valores
semelhantes a este trabalho na distribuição de tamanho de poroso do solo (Valarini et al, 2011).
TABELA 12. MACROPOROSIDADE, MICROPOROSIDADE, POROSIDADE TOTAL E
DENSIDADE DO SOLO NA CAMADA DE 0,00 A 0,10 m APÓS ROÇADA DOS ADUBOS
VERDES. FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP),
DRACENA-SP, junho/2019.
Tratamento (T) Macroporosidade(%)
Microporosidade(%)
Porosidade total(%)
Densidade do solo(g cm-3)
0-0,10 mTremoçoAveiaTremoço + Aveia
25,2521,5027,50
16,2517,0016,00
41,5038,7543,25
1,431,491,39
Subparcelas (S)PDPC
22,0027,50
16,3316,50
38,3344,00
1,481,39
F T
FSF T x S
0,789 ns
14,143 ns
0,273 ns
13,000 ns
0,111 ns
1,444 ns
0,487 ns ns
18,6470,113 ns
0,928 ns
10,324 ns
1,068 ns
CV1 (%)CV2(%)
27,5810,23
1,765,28
15,795,52
7,083,43
10-0,20 mTremoçoAveiaTremoço + Aveia
17,0012,5018,00
15,7517,0016,25
33,0029,2534,25
1,571,671,54
Subparcelas (S)PDPC
12,1619,50
16,3316,33
28,6635,66
1,671,52
F T
FSF T x S
3,323 ns
2,230 ns
0,226 ns
0,905 ns
0,000 ns
1,900 ns
5,159 ns
2,279 ns
0,143 ns
15,662 ns
4,996 ns
0,220 ns
CV1 (%)CV2(%)
10,3013,72
8,109,68
7,1224,97
2,097,44
10-0,20 mTremoçoAveiaTremoço + Aveia
11,7516,0013,75
17,0014,5016,25
28,7530,7530,00
1,671,631,65
Subparcelas (S)PDPC
12,00 b15,67 a
16,1615,66
28,3331,33
1,671,63
F TFSF T x S
7,000 ns
12,737*0,500 ns
1,254 ns
1,800 ns
0,600 ns
0,605 ns
23,143 ns
0,643 ns
0,33 ns
18,241 ns
1,690 ns
CV1 (%)CV2(%)
11,6212,86
14,104,06
8,713,62
3,670,94
* – significativo e NS – não significativo. Médias seguidas por letras distintas diferem pelo teste de Tukey a 5%.
TABELA 13. MACROPOROSIDADE, MICROPOROSIDADE, POROSIDADE TOTAL E
DENSIDADE DO SOLO NA CAMADA DE 0,00 A 0,10 m APÓS ROÇADA DOS ADUBOS
VERDES. FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP),
DRACENA-SP, setembro/2019.
Tratamento (T) Macroporosidade(%)
Microporosidade(%)
Porosidade total(%)
Densidade do solo(g cm-3)
0-0,10 mTremoço 24,00 17,50 41,50 a 1,50Aveia 30,25 13,50 44,00 a 1,41Tremoço + Aveia 21,75 13,50 35,25 b 1,51Subparcelas (S)PDPC
30,16 a20,50 b
13,6616,00
44,00 a36,50 b
1,431,51
F T
FSF T x S
3,013 ns
10,713*1,398 ns
0,496 ns
1,000 ns
0,082 ns
13,96*24,73*8,838ns
14,117 ns
7,638 ns
1,444 ns
CV1 (%)CV2(%)
20,0320,19
14,2117,25
1,904,36
2,063,69
10-0,20 mTremoço 20,00 16,75 36,50 1,58Aveia 25,25 16,25 41,25 1,47Tremoço + Aveia 20,75 17,50 37,75 1,54Subparcelas (S)PDPC
25,50 a18,50 b
16,0017,66
41,1635,85
1,481,58
F T
FSF T x S
1,236 ns
11,165*1,424 ns
0,080 ns
10,000 ns
1,900 ns
4,343 ns
4,452 ns
0,787 ns
15,039 ns
9,023 ns
2,890 ns
CV1 (%)CV2(%)
13,2116,49
16,405,42
6,1411,37
1,913,89
10-0,20 mTremoço 16,75 a 20,00 37,00 1,57Aveia 18,50 a 16,00 34,50 1,61Tremoço + Aveia 10,75 b 19,75 30,25 1,73Subparcelas (S)PDPC
14,8315,83
17,0020,16
31,6636,16
1,661,61
F T
FSF T x S
264,33*0,783 ns
3,196 ns
0,828 ns
1,285 ns
0,281 ns
1,786 ns
2,837 ns
1,506 ns
1,735 ns
0,213 ns
0,476 ns
CV1 (%)CV2(%)
3,2612,77
26,5026,04
15,0613,64
7,3510,30
* – significativo e NS – não significativo. Médias seguidas por letras distintas diferem pelo teste de Tukey a 5%.
Em suma, o tratamento com a combinação crotalária mais milheto proporcionou até a
camada de 0,20 m do solo, maior macroporosidade e densidade do solo, resultando em um solo
mesmo compactado e com melhor aeração aos demais tratamentos estudados, na primeira coleta
(dez/18) já nas demais o tratamento com aveia foi o mais promissor. Essa evolução da qualidade
dos poros do solo deve-se ao uso conservacionista do solo, como melhor sistema de cultivo devido
suas vantagens de manejo (não preparação do solo), cobertura por plantas (aumento da
produtividade), resultando na proteção do solo em relação a impactos externos de chuva e ar,
melhorando a relação solo-água-planta.
Para olerícolas, poucos trabalhos são encontrados para a comparação das medias obtidas
neste experimento, mas trabalhos com gramíneas, leguminosas, florestais indicam que o solo em
questão está adequado para cultivo.
6.5 Resistencia a penetração e umidade gravimétrica o solo
A caracterização inicial do solo da área experimental, avaliada para fins de comparação em
setembro de 2018, antes da semeadura dos adubos verdes, com relação a resistência do mesmo a
penetração (Mpa) e umidade gravimétrica (g g-1) nas camadas de 0 a 0,10; 0,10 a 0,20 e 0,20 a 0,4
m seguem representada na Tabela 14 e após preparos de solo e plantio dos adubos verdes (Tabela
15).
TABELA 14. RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO E UMIDADE GRAVIMÉTRICA NA
CARACTERIZAÇÃO INICIAL DA ÁREA ANTES DA IMPLANTAÇÃO DOS PREPAROS DE
SOLO E PLANTIO DOS ADUBOS VERDES. FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E
TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP), DRACENA-SP, agosto/2018.Tratamento (T) Resistência à penetração (Mpa) Umidade gravimétrica (g g-1)
0-0,10 m 0,10-0,20 m 0,20-0,40 m 0-0,10 m 0,10-0,20 m 0,20-0,40 mCaracterização inicial 0,30 0,80 0,00 3,94 4,02 5,30
Não foram observados efeitos significativos dos adubos verdes e dos sistemas de plantio
com relação a resistência a penetração nas camadas de 0 a 0,10 e 0,10 a 0,20 m (Tabela 15). Os
dados referentes a compactação do solo, representado pela resistência a penetração mostram que o
solo não está compactado, este teste foi realizado juntamente com a umidade gravimétrica do solo
que segundo Bonini e Alves (2012), deve estar próximo a capacidade de campo e para esta área em
torno de 14% da umidade gravimétrica. Ainda os mesmo autores afirmam que a determinação da
umidade do solo no momento da avaliação da resistência do solo à penetração é fundamental para
se realizar adequadamente a interpretação dos resultados encontrados. Neste trabalho, a umidade
gravimétrica foi influenciada de forma significativa tanto pelos adubos verdes quanto pelos sistemas
de plantio em todas as profundidades de solo estudadas (Tabela 15), sendo que todos os tratamentos
elevaram a variável resposta em relação à analise previamente realizada (Tabela 14).
Para a resistência mecânica a penetração (Figura 5a e 5b) estão apresentadas as médias de
todos os tratamentos, pois os valores não diferiram e por isso estão apresentados dados médios das
camadas de 0-0,10m, 0,10-0,20m e 0,20-0,40m, com exceção da camada de 0,10-0,20m que
apresentaram nos tratamentos crotalária e na combinação crotalária + milheto valores superiores.
Observa-se que, após os tratamentos, houve aumento da resistência em todas as camadas de solo
estudada e este efeito pode ser observado na Figura 5.
Caracterização inicial (A) Após adubos verdes (B)
FIGURA 5. VALORES MÉDIOS DE RESISTÊNCIA A PENETRAÇÃO NACARACTERIZAÇÃO INICIAL (A) E APÓS A COLHEITA DE ADUBOSVERDES (B). FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS ETECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP), DRACENA-SP, 2019.
TABELA 15. RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO E UMIDADE GRAVIMÉTRICA NA
CARACTERIZAÇÃO INICIAL DA ÁREA ANTES DA IMPLANTAÇÃO DOS PREPAROS DE
SOLO E PLANTIO DOS ADUBOS VERDES. FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E
TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP), DRACENA-SP, 2018-19.
Tratamento (T) Resistência à penetração (Mpa) Umidade gravimétrica (g g-1)0-0,10m 0,10-0,20 m 0,20-0,40 m 0-0,10 m 0,10-0,20 m 0,20-0,40 m
Dezembro/2018Crotalaria 0,55 2,18 0,18 1,62 a 1,49 c 1,42 aMilheto 0,75 0,48 0,08 1,40 b 1,56 b 1,43 aCrotalaria + milheto 0,54 2,16 0,15 1,39 b 1,66 a 1,32 bSubparcelas (S)PD 0,62 1,58 0,17 a 1,59 a 1,41 b 1,37 bPC 0,60 1,64 0,08b 1,36 b 1,73 a 1,40 aF T 11,458ns 11,397ns 4,097ns 33,54* 16,29* 57,65*FS 3,057ns 2,169ns 13,467* 55,42* 15,03* 10,89*F T x S 4,150ns 13,149ns 2,827ns 21,64ns 56,97ns 31,43nsCV1 (%) 19,43 12,97 19,46 1,35 1,17 1,55CV2(%) 10,02 15,01 12,30 1,63 1,26 1,57
Junho/2019Tremoço 0,20 0,50 0,20 1,79 2,16 2,28Aveia 0,23 0,00 0,00 1,99 1,95 2,11Tremoço + Aveia 0,21 0,16 0,03 1,57 2,04 1,94
Subparcelas (S)PD 0,25 0,31 0,14 1,80 2,15 2,20PC 0,19 0,13 0,01 1,76 1,94 2,02F T 0,220 ns 5,714 ns 1,000 ns 1,103 ns 0,075 ns 1,048 ns
FS 0,512 ns 1,378 ns 3,509 ns 0,124 ns 2,418 ns 1,750 ns
F T x S 0,550 ns 0,422 ns 5,160 ns 0,298 ns 3,075 ns 3,076 ns
CV1 (%) 17,23 13,77 19,34 12,57 17,59 15,71CV2(%) 10,32 16,09 19,76 13,31 11,05 10,63
Setembro/2019Tremoço 0,42 b 0,44 0,00 2,52 2,60 2,57Aveia 0,63 a 0,96 0,38 1,89 2,48 2,48Tremoço + Aveia 0,39 b 0,45 0,00 2,13 2,18 2,39Subparcelas (S)PD 0,52 0,70 0,17 2,15 2,30 b 2,39 bPC 0,44 0,52 0,08 2,21 2,54 a 2,57 aF T 37,656* 0,605 ns 1,000 ns 5,350 ns 2,325 ns 0,261 ns
FS 0,195 ns 0,200 ns 0,249 ns 1,788 ns 11,618* 12,261*F T x S 0,331 ns 0,223 ns 0,249 ns 13,801 ns 5,034 ns 0,232 ns
CV1 (%) 12,63 17,57 14,89 17,73 16,82 10,11CV2(%) 17,43 15,63 13,35 5,46 7,02 5,03* – significativo e NS – não significativo. Medias seguidas por letras distintas diferem pelo teste de Tukey a 5%.
Na camada de 0,20 a 0,40 m de profundidade, houveram incrementos na resistência do solo
a penetração em relação a análise prévia para todos os tratamento, entretanto, diferentemente do
ocorrido para as camadas mais superficiais, o manejo do solo apresentou influência significativa em
relação à variável resposta, onde o sistema de plantio convencional proporcionou resistência de 0,08
Mpa, sendo esta inferior aos 0,17 Mpa observados para o sistema de plantio direto (Tabela 15) na
coleta de dezembro/2018. Na demais coletas, junho e setembro/2019, os valores foram muitos
baixos, alguns até com nenhuma resistência a penetração, esse comportamento mostra que os
tratamentos estão reduzindo esses valores, pois a umidade do solo manteve-se semelhante nas duas
coletas posteriores (Tabela 15).
O sistema de plantio direto influencia positivamente a distribuição do tamanho dos poros e
com isso, a retenção de agua é maior quando não há revolvimento do solo para preparo da área, este
efeito pode ser observado na camada de 0,20-0,40m (Tabela 13).
Para a resistência mecânica a penetração os dados médios nas camadas de solo estudadas (0-
0,10m, 0,10-0,20m e 0,20-0,40m) estão abaixo de 2 Mpa que é o valor critico proposto por
Canarache (1990), com exceção da camada de 0,10-0,20m que apresentaram nos tratamentos
crotalária e na combinação crotalária+milheto valores superiores, mas próximos do limite mínimo,
na primeira coleta, já nas demais os valores estão abaixo do considerado limitante para o
crescimento de raízes.
6.6 Infiltração de agua no solo
Na caracterização inicial da área experimental, em setembro de 2018, foi constatada uma
taxa de infiltração média acumulada de 120,44 cm h-1 que segundo Brandão et al. (2006 é um valor
médio para solos de textura media a arenosa cultivado por hortaliças e/ou cultura anuais.
Assim, ao analisar a taxa de infiltração após a condução dos adubos verdes foi possível notar
que os valores se elevaram, independentemente do adubo verde cultivado (Tabela 16). Entretanto,
no que diz respeito aos sistemas de plantio, ao realizar o plantio direto, houve redução na taxa de
infiltração de água no solo em relação ao valor obtido antes da semeadura, comportamento distinto
ao observado no sistema convencional (Tabela 16). Entretanto, todos os tratamentos não estão na
faixa de infiltração de agua proposto por Brandão et al. (2006) para um bom manejo do solo e agua
e superiores aos encontrados por Arcoverde et al (2015).
TABELA 16. INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO EM FUNÇÃO DOS ADUBOS VERDES.
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP), DRACENA-
SP, 2018-19.
Tratamento (T) Infiltração de água no solo (cm/h)Dezembro/2018
Crotalária 125,99 cMilheto 136,47 bCrotalária + milheto 157,73 aSubparcelas (S)PD 106,55 bPC 173, 58 aF T 70,622*FS 90,987*F T x S 32,333*CV1 (%) 6,8CV2(%) 2,4
Junho/2019Tremoço 148,58Aveia 241,35Tremoço + Aveia 178,22Subparcelas (S)PD 196,46PC 182,30F T 6,073 ns
FS 0,370nsF T x S 0,908 ns
CV1 (%) 18,72CV2(%) 20,13
setembro/2019Tremoço 182,55Aveia 199,52Tremoço + Aveia 167,43Subparcelas (S)PD 186,12PC 180,21F T 11,611ns
FS 0,079 ns
F T x S 0,067 ns
CV1 (%) 7,28CV2(%) 18,15* – significativo e NS – não significativo. Médiasseguidas por letras distintas diferem pelo teste de Tukey a 5%.
A taxa de infiltração de água no solo respondeu aos adubos verdes de forma dependente em
relação aos sistemas de plantio, ou seja, constatou-se interação significativa entre os fatores (Tabela
16).
Houve significância para a interação sistemas de cultivo x plantas de cobertura (Tabela 17).
Ao efetuar o desdobramento da interação entre os adubos verdes e os sistemas de plantio, constata-
se que as maiores taxas de infiltração média acumulada foram obtidas para os tratamentos
conduzidos em sistema de plantio convencional e, dentro disso, o adubo verde formado pela
combinação crotalária + milheto proporcionou maior taxa média de infiltração, alcançando média
de 203,77 cm h-1 (Tabela 17).
Nas coletas seguintes (junho/2019 e setembro/2019) após os adubos verdes de inverno e pos
a colheita da beterraba, respectivamente, não houve diferença significativa entre os tratamentos e
subparcelas estudados (Tabela 16). As medias obtidas de infiltração de agua no solo obtidas estão
de acordo com os valores médios propostos por Brandão et al. (2006).
Os resultados de infiltração de agua no solo corroboram com a macroporosidade e a
densidade do solo (Tabela 11), a maiores taxas de infiltração de agua no solo são encontrados em
solos com maior macroporosidade.
TABELA 17. DESDOBRAMENTO DA INTERAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS DE PLANTIO E
ADUBOS VERDES NA TAXA DE INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO. FACULDADE DE
CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP), DRACENA-SP, dezembro/2018.
Tratamento/subparcela PD PCCrotalariaMilheto
Crotalária+milheto
97,27 bA110,69bA111,69bA
154,71 aC162,26 aB203,77 aA
Médias seguidas por letras distintas minúsculas e maiúsculas nas linhas e colunas, respectivamente,diferementre si pelo teste de Tukey a 5%.
6.7 Diâmetro médio ponderado dos agregados de solo (DMP)
As médias do diâmetro médio ponderado (DMP) dos agregados do solo (mm), avaliado para
fins de comparação em setembro de 2018, antes da semeadura dos adubos verdes, nas camadas de 0
a 0,10; 0,10 a 0,20 e 0,20 a 0,4 m seguem representada na Tabela 18 e após o plantio dos adubos
verdes de verão, adubos verdes de inverno e após colheita da beterraba estão apresentados na
Tabela 19.
O diâmetro dos agregados do solo foi influenciado de maneira significativa tanto pelos
adubos verdes quanto pelos sistemas de plantio, com exceção à profundidade de 0,10 a 0,20 m,
onde não foi observado efeito dos sistemas de semeadura para a variável resposta. Não foram
observadas interações significativas entre os adubos verdes e os sistemas de cultivo para o diâmetro
dos agregados em nenhuma das camadas de solo analisadas (Tabela 19), na coleta de
dezembro/2018, já nas coletas seguintes não houve significância para os tratamentos estudados, mas
o sistema de cultivo influenciou na última camada estudada (junho/2019). Na última coleta
(setembro/2019) somente na última camada houve significância para os tratamentos estudados.
Resultados obtidos neste trabalho discordam de Kiehl (1979) que o solo para ter uma boa
qualidade deve apresentar valores de DMP igual e/ou maior que 2 mm. Já segundo Arcoverde et al.
(2015), trabalhando com atributos do solo na Região Semiárida do Estado da Bahia, classificaram
os DMP em bom (1,45-1,60 mm), regular (1,45-1,00 mm) e ruim (<1,00 mm) e segundo este
trabalho, os dados deste trabalho os tratamentos de milheto e a combinação milheto+crotalária estão
classificados como bom e regular e somente a crotalária como ruim.
Esses resultados mostram que o sistema radicular das gramíneas tem um ciclo mais curto e
libera para o solo mais quantidade de agentes cimentantes favorecendo a floculação do solo.
Com isso, podemos afirmar que a análise integrada dos atributos do solo pode constituir-se
em ferramenta importante para avaliar a qualidade do mesmo e o manejo adequado do mesmo a
sustentabilidade de todo sistema de produção.
TABELA 18. DIÂMETRO DOS AGREGADOS DO SOLO ANTES DA IMPLANTAÇÃO DOS
PREPAROS DE SOLO E PLANTIO DOS ADUBOS VERDES. FACULDADE DE CIÊNCIAS
AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP), DRACENA-SP, agosto/2018.
Tratamento (T) Diâmetro médio ponderado (DMP) (mm)0-0,10 m 0,10-0,20 m 0,20-0,40 m
Caracterização inicial 4,16 3,54 2,53
TABELA 19. DIÂMETRO DOS AGREGADOS DO SOLO EM FUNÇÃO DOS ADUBOS
VERDES. FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP),
DRACENA-SP, 2018-19.
Tratamento (T) Diâmetro médio ponderado (DMP) (mm)0-0,10 m 0,10-0,20 m 0,20-0,40 m
Dezembro/2018Crotalaria 0,88 b 0,51 c 0,31 cMilheto 1,67 a 2,31 a 1,41 aCrotalaria + milheto 1,61 a 1,18 b 1,22 b
Subparcelas (S)PD 1,29 b 1,34 0,85 bPC 1,40 a 1,33 1,10 aF T 24,27* 82,39* 64,17*FS 40,31* 1,28ns 51,15*F T x S 0,100ns 0,142ns 0,200nsCV1 (%) 5,77 2,12 6,70CV2(%) 5,07 1,75 8,50
Junho/2019Tremoço 2,36 2,54 2,53Aveia 2,65 2,44 2,51tremoço + aveia 2,60 2,59 2,39Subparcelas (S)PD 2,54 2,41 2,32 bPC 2,58 2,63 2,63 aF T 2,703 ns 1,896 ns 0,403 ns
FS 0,576 ns 1,165 ns 61,149*F T x S 1,524 ns 0,322 ns 21,936*CV1 (%) 7,13 4,53 9,78CV2(%) 3,57 13,66 2,80
setembro/2019Tremoço 2,53 2,45 2,24 bAveia 3,07 2,54 2,67 atremoço + aveia 2,61 2,61 2,34 abSubparcelas (S)PD 2,75 2,50 2,42PC 2,73 2,56 2,42F T 6,579 ns 0,100 ns 27,004*FS 0,014 ns 0,702 ns 0,001 ns
F T x S 0,668 ns 7,081 ns 0,184 ns
CV1 (%) 8,20 10,98 3,57CV2(%) 8,04 5,03 12,94* – significativo e NS – não significativo. Medias seguidas por letras distintas diferem pelo teste de Tukey a 5%.
TABELA 20. DESDOBRAMENTO DA INTERAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS DE PLANTIO E
ADUBOS VERDES NO DMP – DIÂMETRO MÉDIO PONDERADO (0,20-0,40m).
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS (FCAT – UNESP), DRACENA-
SP, junho/2019.
Tratamento/subparcela PD PCTremoço 2,22 aB 2,85 aA
Aveia 2,35 aB 2,67 aA
Tremoço + Aveia 2,40 aA 2,38 aA
Médias seguidas por letras distintas minúsculas e maiúsculas nas linhas e colunas, respectivamente, diferementre si pelo teste de Tukey a 5%.
7 CONCLUSÕES
A realização do plantio direto, independente da cultura utilizada como adubo verde
(produção da palhada), proporcionou maior diâmetro de bojo e peso de frutos na cultura da abóbora
‘Menina brasileira’, entretanto, tais acréscimos não se traduziram em produtividade.
Para a cultura da beterraba o sistema convencional proporcionou melhores resultados as
analise de produção avaliados, principalmente produtividade, 32,4 t ha-¹, mas vale destacar foi o
primeiro ano de cultivo em plantio direto, e que normalmente os benefícios se detectam após alguns
anos de cultivo.
O plantio convencional proporcionou melhor aeração do solo, mas a sustentabilidade do
sistema não é garantida.
Os sistemas de preparo e as plantas de cobertura utilizadas influenciaram os atributos do
solo.
A densidade do solo reduziu após o cultivo das plantas de cobertura; a infiltração de agua e a
resistência do solo no solo aumentaram após o cultivo das plantas de cobertura;
O plantio convencional proporcionou melhor aeração do solo, mas a sustentabilidade do
sistema não é garantida.
O tratamento que se destacou em influenciar positivamente os atributos do solo foi com uso
da aveia, exceto para a resistência a penetração.
8 AGRADECIMENTOS
Os agradecimentos são oferecidos principalmente à Fundação Agrisus - Agricultura
Sustentável (Processo Agrisus: n° 2537/18), à SEPROTEC (Seprotec Comércio Produção e Técnica
de Sementes Ltda), à FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e a toda
equipe vinculada ao projeto.
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