8/18/2019 DECISÃO INSALUBRIDADE TST
1/6
Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RR-1448-77.2011.5.15.0099
Firmado por assinatura digital em 29/05/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
A C Ó R D Ã O(5ª Turma)
GMMHM/jstp/msm/ps
RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DEINSALUBRIDADE. RECEPCIONISTA DEHOSPITAL. RECURSO INTERPOSTO ANTES DALEI Nº 13.015/2014. Constatado peloTribunal Regional que a autora,recepcionista de hospital, mantinha
contato permanente com pacientesportadores de doençasinfectocontagiosas, nos termos da NR15, Anexo 14, da Portaria nº 3.214/78 doMinistério do Trabalho, é de se mantera condenação do reclamado ao pagamentodo adicional de insalubridade.Precedentes. Recurso de revista nãoconhecido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso
de Revista n° TST-RR-1448-77.2011.5.15.0099, em que é Recorrente
MUNICÍPIO DE AMERICANA e Recorrida GLÁUCIA MATHIAS NEVE.
O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região deu
parcial provimento ao recurso ordinário do reclamado e à remessa oficial,
mas manteve a condenação do município ao pagamento do adicional de
insalubridade.
O reclamado interpõe recurso de revista às fls.
410/437 do PJE, com fundamento no artigo 896 da CLT.
Despacho de admissibilidade às fls. 441/442 do PJE,
com contrarrazões apresentadas às fls. 445/447 do PJE.
O Ministério Público do Trabalho opinou pelo não
conhecimento do recurso de revista.
É o relatório.
V O T O
1 - CONHECIMENTOSatisfeitos os pressupostos comuns de
admissibilidade, examino os específicos do recurso de revista.
8/18/2019 DECISÃO INSALUBRIDADE TST
2/6
Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
fls.2
PROCESSO Nº TST-RR-1448-77.2011.5.15.0099
Firmado por assinatura digital em 29/05/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Inicialmente, destaco que o presente apelo será
apreciado à luz da Consolidação das Leis do Trabalho, sem as alterações
promovidas pela Lei nº 13.015/2014, que se aplica apenas aos recursos
interpostos em face de decisão publicada já na sua vigência, o que não
é a hipótese dos autos.
1.1 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. RECEPCIONISTA DE
HOSPITAL.
O Tribunal Regional da 15ª Região, por sua 1ª Turma,
em acórdão da lavra da Desembargadora Tereza Aparecida Asta Gemignani,
no que concerne ao tema em destaque, consignou:
“A reclamante, após prévia aprovação em concurso público, foicontratada para exercer a função de recepcionista hospitalar.
Alega na exordial que no exercício de suas funções ‘ permanece emcontato direto com agentes biológicos insalubres, haja vista que tem contatodireto e permanente com pacientes portadores de doenças
infectocontagiosas’ (fls. 04).O perito analisou as tarefas desempenhadas pela reclamante comorecepcionista na Unidade de Saúde Básica Preventiva, tendo porresponsabilidade:
‘- Atender pacientes de emergência;- Arquivar prontuários;- Preencher ficha de atendimento;- Separar fichas para entrega aos médicos;- Realizar cadastro de pacientes;- Atender telefone;- Na ausência da enfermeira, acomodar pacientes;
- Atender pacientes com consultas agendadas;- Transferir pacientes para outros hospitais- Sempre que necessário, receber coleta de fezes e urinas dos
pacientes; organizar consultório médico’ (fls. 115-116).Em sua conclusão, asseverou, ainda:- ‘A autora realizava o primeiro atendimento / contato com
diversos tipos de pacientes enfermos para o preenchimento da ficha deatendimento;
- A reclamante possui contato com diversos pacientes com doençasinfecto-contagiantes durante suas atividades diárias, entre elas estão:Hepatite A, B, C, Soro + (HIV), Tuberculose, Candidíase, Varicela(Catapora), Herpes Disseminado, Sarampo, Gripe, Piolho e Conjuntivite;
8/18/2019 DECISÃO INSALUBRIDADE TST
3/6
Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
fls.3
PROCESSO Nº TST-RR-1448-77.2011.5.15.0099
Firmado por assinatura digital em 29/05/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
- A autora laborava em Posto de Saúde com serviços deemergência, ou seja, estabelecimento destinado aos cuidados da saúdehumana conforme determina o anexo 14;’ (fls. 121).
Concluiu, por fim, o expert que ‘as atividades da reclamante SÃOCONSIDERADAS INSALUBRES de acordo a NR-15 da Portaria nº 3.214,de 08 de junho de1978, conforme a seguir: Anexo 14 – Exposição a AgentesBiológicos em grau médio ( 20%)’ (fl. 122).
A decisão não merece reparo.Com efeito, os artigos 189 e 190 da CLT determinam que serão
consideradas atividades insalubres aquelas que exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, conforme quadro de atividades e operaçõesaprovado pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Por seu turno, o Anexo 14 da Norma Regulamentadora 15 do MTE preconiza que o trabalho em contato permanente com pacientes ou commaterial infectocontagiante, em hospitais, caracteriza a insalubridade emgrau médio, razão pela qual é devido o pagamento do adicional deinsalubridade em grau médio (20%), mais reflexos, nos termos do artigo 192da CLT.
Não socorrem o recorrente os argumentos de que as atividadesdesempenhadas pela reclamante eram administrativas, principalmente diantedo fato que restou demonstrado que mesmo no exercício de tais atividades
havia o contato permanente da autora com portadores de doençainfecto-contagiosas.
Assim sendo, caracterizada a insalubridade em grau médio, decidonegar provimento.”
O reclamado alega que as atividades desempenhadas pela
autora não se inserem no rol da NR 15, Anexo 14, da Portaria nº 3.214/78
do Ministério do Trabalho, razão pela qual não é devido o adicional de
insalubridade. Sustenta não haver contato permanente com pacientes ou
material infectocontagiante.
Aponta violação da LC nº 101/2000 e dos arts. 5º, II,
37, caput, e 169 da CF e 189 e 190 da CLT, bem como contrariedade às Súmulas
nºs 339 e 460 do STF e à OJ nº 4 da SDI-1. Transcreve arestos ao confronto
de teses.
Analiso.
Constatado pelo Tribunal Regional que a autora,
recepcionista de hospital, mantinha contato permanente com pacientes
portadores de doenças infectocontagiosas, nos termos da NR 15, Anexo 14,da Portaria nº 3.214/78, do Ministério do Trabalho, é de se manter a
condenação do reclamado ao pagamento do adicional de insalubridade.
8/18/2019 DECISÃO INSALUBRIDADE TST
4/6
Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
fls.4
PROCESSO Nº TST-RR-1448-77.2011.5.15.0099
Firmado por assinatura digital em 29/05/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Nesse sentido:
“I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. RECEPCIONISTA DE PRONTOSOCORRO. Diante de possível ofensa ao art. 7º, XXIII, da ConstituiçãoFederal, necessário se faz o provimento do agravo de instrumento paramelhor exame da controvérsia. Agravo de instrumento a que se dá
provimento. II - RECURSO DE REVISTA. RECEPCIONISTA DEPRONTO SOCORRO. CONTATO PERMANENTE COM PACIENTES
PORTADORES DE MOLÉSTIAS INFECTOCONTAGIOSAS.EXPOSIÇÃO A AGENTES BIOLÓGICOS. ADICIONAL DEINSALUBRIDADE. DEFERIMENTO. 1. Hipótese em que o TribunalRegional negou provimento ao recurso ordinário interposto peloReclamante, para manter a sentença que indeferiu o adicional deinsalubridade, ao fundamento de que as atividades por ele desempenhadas(recepcionista de pronto socorro) não se enquadram no Anexo 14 da NR 15do MTE. Registrou o Tribunal Regional, com amparo na prova pericial, queo Reclamante, embora exercesse atividade administrativa, desempenhavasuas atividades em contato permanente com pacientes portadores demoléstias infectocontagiosas. 2. O Anexo 14 da NR-15 determina que, para
caracterização da insalubridade, em grau médio, necessário o contato permanente com pacientes portadores de doenças infectocontagiosas. Nalinha da jurisprudência assente neste Colegiado, deve ser deferido oadicional de insalubridade em grau médio aos recepcionistas hospitalaresque desempenham suas atividades -em contato permanente com pacientes,em hospitais, serviços de emergência, enfermaria, postos de vacinação ououtros estabelecimentos do gênero; hipótese aplicada somente ao pessoal quemantiver contato com os pacientes- (RR 48400-88.2009.5.04.0003, Data deJulgamento 22/04/2014, DEJT 25/04/2014). O recepcionista hospitalar queexerce atividade administrativa, mantendo contato permanente com
pacientes, está exposto a agentes biológicos, fazendo jus ao pagamento do
adicional de insalubridade, em grau médio (Anexo 14 da NR 15 da Portarianº 3.214/78 do MTE). Violação do art. 7º, XXIII, da Constituição Federalconfigurada. Recurso de revista conhecido e provido.” (RR -1759-98.2012.5.03.0024, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues,Data de Julgamento: 10/09/2014, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT19/09/2014)
“(...) ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - GRAU MÉDIO -RECEPCIONISTA - TRABALHO EM HOSPITAL - CONTATO COMPACIENTES. No caso dos autos, diante do contexto fático-probatóriodelineado no acórdão regional, insuscetível de reexame nesta fase
processual, nos termos da Súmula nº 126 do TST, afere-se que a reclamante,no desempenho das atividades de recepcionista, em consultórios médicos e
postos de enfermagem para área de ginecologia, atendia os pacientes,identificava-os e encaminhava-os para atendimento médico, existindo
8/18/2019 DECISÃO INSALUBRIDADE TST
5/6
Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
fls.5
PROCESSO Nº TST-RR-1448-77.2011.5.15.0099
Firmado por assinatura digital em 29/05/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
contato permanente com pacientes e exposição a agentes biológicos, o quedetermina o enquadramento de suas atividades como insalubres, em graumédio, nos termos do Anexo 14 da Norma Regulamentadora nº 15 daPortaria nº 3.214/78 do MTE. Recurso de revista não conhecido. (...)” (RR -48400-88.2009.5.04.0003, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de MelloFilho, Data de Julgamento: 22/04/2014, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT25/04/2014)
“RECURSO DE REVISTA. 1. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.RECEPCIONISTA. CENTRO CLÍNICO. Faz jus ao adicional deinsalubridade a empregada que trabalha como recepcionista em hospital,
visto que as atividades despenhadas exigem contato direto e permanente com paciente e material infectocontagioso. Recurso de revista não conhecido.(...)” (RR - 1164-60.2011.5.04.0201, Relator Ministro: Guilherme AugustoCaputo Bastos, Data de Julgamento: 11/12/2013, 5ª Turma, Data dePublicação: DEJT 19/12/2013)
“ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. GRAU MÉDIO.RECEPCIONISTA DE HOSPITAL. CONTATO PERMANENTE COMPACIENTES. DEVIDO. RISCO DE CONTÁGIO APURADO EM LAUDOPERICIAL. Discute-se, no caso, se a atividade de recepcionista de hospitalse enquadra ou não no rol de atividades insalubres previsto no Anexo 14 da
NR nº 15 da Portaria 3.214/78. Segundo o disposto no Anexo 14 da Norma
Regulamentar nº 15 do Ministério de Trabalho e Emprego, ensejam o pagamento do adicional de insalubridade, entre outros, os trabalhosrealizados em contato permanente com pacientes, em hospitais, serviços deemergência, enfermaria, postos de vacinação ou outros estabelecimentos dogênero, em relação aos empregados que mantiverem contato com os
pacientes; e, ainda, àqueles realizados em laboratórios de análise clínica ehistopatologia, relativamente aos empregados da área técnica ou que lidamespecificamente na realização dos exames. Na hipótese, segundo se extrai doacórdão regional, a reclamante laborava como recepcionista em hospital,onde realizava o atendimento prévio burocrático às pessoas que se dirigiamao hospital. Com efeito, segundo a Corte Regional, o laudo pericial juntadoaos autos concluiu que -a reclamante, no desenvolvimento de seu mister derecepcionista de hospital mantinha contato permanente com pacientes ematendimento ou tratamento médico no estabelecimento-. Ressalta-se, ainda,que no julgamento dos embargos de declaração interpostos pelo reclamado, oRegional assentou que -a conclusão de que a autora mantinha contato diretocom pacientes enfermos foi devidamente fundamentada no v. acórdão, com
base no laudo pericial e nos depoimentos das testemunhas-. Desse modo,ante a constatação em laudo pericial e em prova testemunhal de que areclamante mantinha contato com pacientes portadores de doençasinfectocontagiosas, é inviável a reforma do acórdão para afastar a
condenação quanto ao adicional de insalubridade em grau médio. Rever oenquadramento dos fatos expostos no julgado regional demandaria orevolvimento do acervo probatório, não permitido nesta instância recursalextraordinária, nos termos da Súmula nº 126 do TST. Ademais, não prospera
8/18/2019 DECISÃO INSALUBRIDADE TST
6/6
Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
fls.6
PROCESSO Nº TST-RR-1448-77.2011.5.15.0099
Firmado por assinatura digital em 29/05/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
a alegação de divergência jurisprudencial, uma vez que o único arestocolacionado nas razões recursais, oriundo do Tribunal Regional do Trabalhoda 3ª Região, não atende ao pressuposto recursal exigido na Súmula nº 296,item I, do TST. Recurso de revista não conhecido. (...)” (RR -36100-35.2008.5.17.0014, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta,Data de Julgamento: 16/10/2013, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT25/10/2013)
Para analisar a alegação de que não havia contato
permanente com pacientes ou material infectocontagiante, serianecessário revolver o conjunto fático-probatório dos autos, o que é
vedado pela Súmula nº 126 do TST.
Estando, portanto, a decisão recorrida em
conformidade com a jurisprudência pacífica do TST, não prospera a
arguição de vulneração dos dispositivos legais e constitucionais
trazidos pela parte recorrente, nem de contrariedade a entendimento
jurisprudencial desta Corte ou mesmo de divergência jurisprudencial, nos
termos da Súmula nº 333 do TST e do art. 896, § 4º, da CLT.Apenas acrescento que alegações de ofensa a lei, sem
indicação do dispositivo tido como violado, e de contrariedade a súmula
do STF não atendem aos requisitos de admissibilidade dispostos no art.
896, “a” e “c”, da CLT, e na Súmula nº 221 do TST.
Não conheço.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Quinta Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, não conhecer do recurso de
revista.
Brasília, 27 de Maio de 2015.
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)
MARIA HELENA MALLMANN Ministra Relatora