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    Demonstraes contbeis:

    DLPA, DMPL, DVA e Notas

    Explicativas

    IntroduoA constituio de uma empresa a formalizao da vontade de um ou

    mais indivduos que, reunidos, passam a ter objetivos em comum. Do ponto

    de vista econmico, o objetivo primordial o lucro.

    Essa formalizao de vontade requer que os scios aportem uma deter-minada quantidade de bens (dinheiro, imveis, etc.) que formaro o capi-

    tal inicial da empresa em questo. E o que isso representa? Representa uma

    dvida que a empresa possui com os scios. Quando ser paga? Partindo da

    hiptese da continuidade contbil, essa dvida ser paga no longo prazo,

    ou, ainda, jamais ser paga! Portanto, o capital , fundamentalmente, um fi-

    nanciamento de longo prazo.

    Diante do objetivo, que examinar as demonstraes financeiras, o tipo

    societrio que mais nos oferece subsdios a sociedade por aes ou socie-dade annima. Do ponto de vista legal ou jurdico, para constituir uma socie-

    dade por aes so necessrios, no mnimo, dois scios, exceto na hiptese

    de subsidiria integral que ter como nico acionista a sociedade brasileira

    (Art. 251 da Lei das S/A, Lei 6404/76). O documento de constituio deno-

    minado de estatuto social. Todo e qualquer tipo de decises ou alteraes

    que possam ser relevantes ou, ainda, que estejam previstas no prprio esta-

    tuto, devero ser realizadas por meio de assembleias.

    Existem dois tipos de assembleias: a ordinria e a extraordinria. A As-sembleia Geral Ordinria (AGO) versar sobre assuntos que tenham certa

    previsibilidade e constncia de acontecimentos. Por exemplo: destinao do

    lucro, distribuio de dividendos e aumento de capital. A Assembleia Geral

    Extraordinria (AGE) tem o objetivo de deliberar sobre assuntos que no

    tenham uma frequncia de acontecimentos previsveis. Por exemplo: altera-

    o de artigos estatutrios, abertura ou fechamento de filiais.

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    Para formalizar a constituio de uma S/A, a subscrio do capital poder

    ocorrer reunindo-se os scios em assembleia e produzindo-se uma ata cons-

    titutiva ou, de forma opcional, por meio de uma escritura pblica. Um ponto

    muito importante a ser destacado que caber assembleia avaliar quais-

    quer bens que sejam destinados subscrio das aes que no sejam di-

    nheiro. Assim, por exemplo, se um ou mais scios aportarem recursos como

    veculos, imveis, marca ou qualquer outro seno o dinheiro caber as-

    sembleia dar um valor, de modo soberano, estipular seus valores. A lei ainda

    prev a publicao no Dirio Oficial e em outro jornal de grande circulao

    onde a empresa tenha sua sede.

    Existem dois tipos de sociedades annimas: capital aberto ou fechado. Para

    operar como S/A de capital aberto, em suma, operar no mercado de capitais,

    o primeiro passo a obteno de registro na Comisso de Valores Mobilirios

    (CVM). Vale ressaltar que as S/A de capital aberto tm suas aes negociadas

    em mercado aberto (Bolsa de Valores) e tambm no chamado mercado de

    balco1. J as S/A de capital fechado no operam no mercado aberto, ou de

    Bolsa de Valores. Suas aes so trocadas sem passar pelas negociaes de

    volume e preo avaliadas pelos investidores do mercado de capitais.

    Da mesma forma que ocorre com qualquer sociedade personificada, as

    sociedades annimas podem integralizar todo o seu capital ou deixar uma

    parte a ser integralizada. Para tanto, o montante a ser integralizado dever

    constar no estatuto da empresa, devidamente consignado em dinheiro ou

    em nmero de aes.

    As aes de uma empresa so divididas em preferenciais, que tm a pre-

    ferncia na distribuio dos dividendos, e as ordinrias, pois tm direito a

    votar, deliberar nas assembleias da companhia. Ou seja, esse grupo de aes

    ordena os destinos da empresa e ainda pode ser dividido em algumas clas-

    ses que aumentaro ou restringiro alguns direitos ou benefcios (como con-

    versvel em aes preferenciais, por exemplo).

    As aes preferenciais tambm podem ser divididas em classes, atri-buindo-lhes alguns direitos ou privilgios (como o direito de eleger algum

    membro do Conselho de Administrao, restringindo o voto para essa finali-

    dade especfica). Todavia, o direito clssico a fixao de um dividendo fixo.

    1Mercado de balco a

    troca de aes entre inte-ressados sem passar pelaBolsa de Valores.

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    Outros privilgios que podem ser concedidos aos titulares de aes prefe-

    renciais so a prioridade na distribuio de dividendos por meio da fixao

    de dividendo mnimo, prioridade no reembolso do capital, ou ambos.

    O montante das aes preferenciais no poder exceder a metade do

    total das aes emitidas da sociedade, conforme a chamada Nova Lei das

    S/A, Lei 10.303/2001.

    Esse breve comentrio sobre as sociedades annimas serve para enten-

    der sua complexidade e ao mesmo tempo para mostrar ao leitor o porqu

    ou qual a razo de emisso de diversos quadros explicativos. Esse captulo,

    especialmente, vai mostrar as transformaes ocorridas no Patrimnio Lqui-

    do, bem como a produo da riqueza.

    A anlise dos demonstrativos contbeis til tanto para os chamados

    stakeholders2

    quanto aos shareholders3

    . Portanto, os demonstrativos sopreparados para os executivos financeiros para administrarem suas em-

    presas, aos fornecedores, s instituies financeiras, investidores, atuais e

    potenciais, e tambm a outros interessados, tais como sindicatos de traba-

    lhadores e rgos governamentais. Essa anlise dedica-se ao clculo de n-

    dices, de modo a avaliar os desempenhos passados, presentes e projetados

    da empresa.

    Os demonstrativos fornecem um ponto inicial para se compreender uma

    empresa. Os ndices fornecem uma via rpida para monitorar as condiesde uma empresa apesar de permitirem um exame apenas superficial. Com

    o desenvolvimento e aperfeioamento dos mercados h, inevitavelmente, a

    necessidade de informaes cada vez mais detalhadas e, em muitos casos,

    realizadas sob medida para cada classe de interessados.

    Outras reas de finanas tambm usam a anlise baseada em ndices. Os

    analistas de ttulos calculam muitos ndices quando preparam uma reco-

    mendao de investimento, por exemplo. Os gerentes de crdito analisam a

    solidez financeira dos clientes potenciais, especialmente a liquidez, antes deconceder uma linha de crdito. Os administradores financeiros das socieda-

    des annimas usam ndices para comparar a empresa com outras semelhan-

    tes e identificar tendncias.

    2

    Stakeholdeem lngua iempregado presarial. A taproximadainteressados

    stakeholders

    ressados naproduzidas p

    3Shareho

    termo em ltambm mudo no discurial. A tradu

    prietrios da

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    Os insumos bsicos para a anlise baseada em ndices so a Demonstra-

    o do Resultado do Exerccio (DRE) e o Balano Patrimonial (BP). Todavia,

    como foi dito anteriormente, a interligao da anlise fundamental para se

    ter uma ideia completa da situao financeira da empresa. Assim, funda-

    mental verificar a gerao de caixa, a construo do valor e sua devida distri-

    buio e, principalmente, a explicao detalhada das principais contas.

    Foi a partir desta breve compreenso dos demonstrativos que sero de-

    senvolvidos os prximos tpicos. O objetivo fundamental mostrar aos inte-

    ressados na anlise mais detalhada das informaes de natureza contbil de

    uma empresa, a construo e o desenvolvimento de quadros e mapas adicio-

    nais. Com tais elementos, o resultado esperado uma viso clara e transpa-

    rente dos fenmenos de natureza econmica e financeira das organizaes.

    Demonstrao de Lucrosou Prejuzos Acumulados (DLPA)

    Segundo a Lei 6.404/76, as empresas obrigadas a publicarem suas de-

    monstraes podero, se preferirem, colocar a Demonstrao de Lucros ou

    Prejuzos Acumulados na prpria Demonstrao das Mutaes do Patrim-

    nio Lquido, conforme reza o texto deste diploma legal:

    Art. 186. 2.. A demonstrao de lucros ou prejuzos acumulados dever indicar

    o montante do dividendo por ao do capital social e poder ser includa nademonstrao das mutaes do patrimnio lquido, se elaborada e publicada pelacompanhia. (BRASIL, Lei 6.404/76)

    Todavia, o art. 274 do RIR/99 (Regulamento do Imposto de Renda, tambm

    conhecido por Decreto 3.000/99) enftico ao citar textualmente a DLPA

    como obrigao das empresas, vejamos:

    Art. 274. Ao fim de cada perodo de incidncia do imposto, o contribuinte dever apuraro lucro lquido mediante a elaborao, com observncia das disposies da lei comercial,do Balano Patrimonial, da demonstrao do resultado do perodo de apurao e da

    demonstrao de lucros ou prejuzos acumulados (BRASIL, Decreto 3.000/99)

    Assim, segundo o RIR/99, tal mapa de carter obrigatrio para as socie-

    dades limitadas e outros tipos de empresas, sem exceo. Portanto, embora

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    a Lei das Sociedades Annimas deixe uma possibilidade, o regulamento do

    Imposto de Renda claro e no deixa dvida se a DLPA pode ou no ser exi-

    gida das empresas.

    Basicamente, a composio da DLPA dever evidenciar as transformaes

    ocorridas nos resultados acumulados da entidade estudada. Para tanto, o

    formato de tal quadro demonstrativo dever ser assim construdo:

    Quadro 1 DLPA

    DLPA

    Saldo Inicial

    (+/-) Ajustes de Exerccios Anteriores

    (=) Saldo Ajustado

    (+/-) Resultado do Exerccio

    (+) Reverso de Reservas(=) Saldo Disposio

    (-) Destinao do Exerccio

    Reserva Legal

    Dividendos

    Saldo Final

    O saldo inicial sempre estar no ltimo Balano Patrimonial publicado

    pela empresa. Eventualmente, podero ser considerados ajustes em rela-

    o a essa publicao, quer por fora da lei, quer por mudanas nos crit-rios e normas contbeis em vigor. Se algum desses fatos vier a existir, de-

    vero ser lanados diretamente na DLPA para se calcular o saldo ajustado.

    Na verdade, o saldo ajustado que ser a verdadeira base de clculo inicial

    desse quadro contbil.

    A Demonstrao do Resultado do Exerccio, como se sabe, calcula o lucro

    ou prejuzo produzido pela empresa durante o perodo de apurao, normal-

    mente, de um ano. Se o resultado for lucro, este dever ser somado ao saldo

    anterior. Caso contrrio, a empresa obteve prejuzo em suas operaes, havera reduo natural do saldo inicial, uma vez que o prejuzo dever ser deduzido

    do saldo inicial, propiciando uma diminuio da riqueza da entidade.

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    muito comum as empresas constiturem reservas, sobretudo as de con-

    tingncias que, no perodo subsequente, no so utilizadas ou somente

    parte delas de fato consumida pela empresa. Em situaes como essas,

    realizado um movimento contbil denominado de reverso de reservas, ou

    seja, o valor que foi subtrado do saldo de lucros acumulados do passado

    passar a ser adicionado ao lucro acumulado mais recente. Em sociedades

    annimas, esse procedimento se d por meio de uma deliberao da AGO

    (Assembleia Geral Ordinria), na qual participam os detentores de aes or-

    dinrias, isto , aquelas aes que oferecem aos seus proprietrios o direito

    de votar e decidir em assembleias.

    Finalmente, a empresa decidir o montante do lucro destinado aos acio-

    nistas. Essa frao do lucro tem um nome prprio. Trata-se dos dividendos.

    Dividendos so, ento, a remunerao dos acionistas, uma bonificao ofe-

    recida pelo fato de correrem riscos e aplicarem sua poupana em parcelas

    do capital de uma sociedade annima. E tal como ocorre com a constituio

    e reverso de reservas, tais deliberaes so realizadas no mesmo frum:

    a AGO.

    Para exemplificar todo o conjunto de elementos necessrios para a cons-

    truo de uma DLPA, vejamos o caso abaixo.

    Inicialmente, h de se partir do ltimo Balano Patrimonial publicado pela

    empresa pesquisada. A empresa possui um Capital Social de R$5.000,00, Re-

    serva Legal de R$750,00, Reserva de Contingncia de R$250,00 e Lucros Acu-mulados de R$3.350,00.

    No perodo seguinte, a empresa conseguiu um Lucro Lquido de

    R$6.500,00. Logo aps o conhecimento do Lucro do Exerccio, a empresa

    chamou seus acionistas para a reunio ordinria (AGO) e foram tomadas as

    seguintes decises:

    constituio de Reserva Legal de 5%, conforme artigo 193 da Lei

    6.404/76 de R$325,00;reverso da Reserva de Contingncia contida no Balano Patrimonial

    de X1, pois no se materializaram os problemas pensados poca;

    pagamento de dividendos de R$2.275,00.

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    Todos esses fatos podem ser vistos na tabela 1, a seguir:

    Tabela 1 Balano Inicial, DRE e Decises Tomadas

    Balano Patrimonial - X1

    ATIVO PASSIVO

    Passivo Circulante R$650,00

    PATRIMNIO LQUIDO

    Capital Social R$5.000,00

    Reserva Legal R$750,00

    Reserva Contingncias R$250,00

    Lucros Acumulados R$3.350,00

    R$10.000,00 R$10.000,00

    DRE - X2

    Vendas R$75.000

    (-) Custos R$45.000(=) Lucro Bruto R$30.000

    (-) Despesas Operacionais R$20.000

    (=) Lucro Antes do IR R$10.000

    (-) IR (35%) R$3.500

    (=) Lucro Lquido R$6.500

    Decises Tomadas

    Reserva Legal R$3

    Reverso da Reserva Contin. R$2

    Dividendos R$2.2

    Com esses fatos decididos, a empresa publicou sua DLPA, conforme a

    tabela 2:

    Tabela 2 DLPA

    DLPA

    Saldo Inicial R$3.350,00

    (+/-) Ajustes de Exerccios Anteriores R$(250,00)

    (=) Saldo Ajustado R$3.100,00

    (+/-) Resultado do Exerccio R$6.500,00

    (+) Reverso de Reservas R$250,00

    (=) Saldo Disposio R$9.850,00

    (-) Destinao do Exerccio

    Reserva Legal R$(325,00)

    Dividendos R$(2.275,00)

    Saldo FInal R$7.250,00

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    Demonstrao das Mutaes do PatrimnioLquido (DMPL)

    Diferente da DLPA, a Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido

    muito mais abrangente, uma vez que examina todas as contas do Patrim-

    nio Lquido e no somente a conta de lucros acumulados, objetivo centralda DLPA.

    A construo da DMPL bastante simples. Tanto nas linhas quanto

    nas colunas as contas tendem a se repetir. O saldo apurado na ltima

    linha ser o novo total do patrimnio lquido, que ser levado para o

    Balano Patrimonial.

    A tabela 3 apresenta a DMPL do Grupo Po de Acar publicado no exer-

    ccio de 2008. Se examinssemos o Balano Patrimonial simplesmente, vera-

    mos que o total do Patrimnio Lquido da empresa variou de R$4.949.677,00

    para R$5.407.716,00 durante todo o ano de 2008, ou seja, houve uma varia-

    o de R$458.039,00.

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    Tabela3DMPLdoGrupoPodeAcarem2008

    ValoresemR

    $1.0

    00,00

    Reserva

    de

    Capital

    Reserva

    de

    Lucros

    DemonstraodasMuta-

    esdoPLGrupoPode

    Acar

    Cap

    italSocial

    Especialde

    gio

    Op

    es

    Outorgadas

    Legal

    Expanso

    Reteno

    deLucro

    Lucros

    Acumulado

    s

    Total

    Saldoem3

    1/12/07

    R$4.149.8

    58,0

    0

    R$517.3

    31,0

    0

    R$37.

    854,0

    0

    R$133.6

    17,0

    0

    R$54.8

    42

    ,00

    R$156.3

    44,0

    0

    R$(100.1

    69,00)

    R$4.9

    49.6

    77,0

    0

    AumentodoCapital

    -

    capitalizaodereservas

    R$60.9

    36,0

    0

    R$(54.84

    2,0

    0)

    R$(6.0

    94,0

    0)

    -

    capitalsubscrito

    R

    $239.9

    31,0

    0

    R$239.9

    31,0

    0

    OpesOutorgadas

    Reconhecidas

    R$19

    .437,0

    0

    R$19.4

    37,0

    0

    LucroLquidodoExerccio

    R$260.4

    27

    ,00

    R$260.4

    27,0

    0

    ReservaLegal

    R$13.0

    21,0

    0

    R$(13.0

    21,0

    0)

    -

    DividendosPropostos

    R$95,0

    0

    R$(61.8

    51,0

    0)

    R$(61.7

    56,0

    0)

    ReservasparaReteno

    deLucro

    R$85.3

    86,0

    0

    R$(85.3

    86,0

    0)

    -

    Saldoem3

    1/12/08

    R$4.450.7

    25,0

    0

    R$517.3

    31,0

    0

    R$57.

    291,0

    0

    R$146.6

    38,0

    0

    -

    R$235.7

    31,0

    0

    -

    R$5.4

    07.7

    16,0

    0

    (Disponvelem:.)

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    Eis uma dvida muito comum ao estudante de Contabilidade. Normal-

    mente, quando se comea a aprender a disciplina, os professores oferecem

    exemplos de variaes no Patrimnio Lquido patrocinados apenas e to

    somente pelo efeito do Lucro Lquido. Todavia, quando se solicita ao aluno

    que estude balanos de empresas, eles ficam absolutamente atnitos, pois

    se realizarem a mera soma do Lucro do Exerccio com o saldo anterior do

    Patrimnio Lquido o resultado no bate com o que est publicado. Alguns

    alunos chegam mesmo a imaginar que se trata de maquiagem de balano.

    No caso do Grupo Po de Acar, o Lucro do Exerccio foi de R$260.427,00

    enquanto houve nova subscrio de capital mais reconhecimento de opes

    de R$259.368,00 (R$239.931,00 + R$19.437,00) e proposio de dividendos

    de R$61.756,00. Por essa razo a transformao do Patrimnio Lquido foi

    diferente da mera soma aritmtica do lucro do exerccio.

    Enfim, somente com a evidenciao provocada pela DMPL que o analis-ta poder compreender o fenmeno, caso contrrio, informaes detalhadas

    e no pblicas seriam exigidas da empresa a fim de se esclarecer o porqu

    da mudana.

    Demonstrao do Valor Adicionado (DVA)Surgiu na Europa, por influncia da Frana e Alemanha Ocidental, e a Lei

    11.638/2007 fixou como obrigatria sua publicao. Est voltada para mos-trar os fluxos de valores adicionados aos insumos que adquire. Os objetivos

    das duas demonstraes (DRE e DVA) so diferentes, a primeira procura ve-

    rificar no final qual parte da riqueza criada da empresa na forma de lucro

    lquido e a segunda procura mostrar o total da riqueza criada pela empresa e

    toda sua distribuio. Conforme Gomes (2001), a seguir so exemplificados

    os conceitos de cadeia produtiva e a consequente formao do PIB de um

    determinado setor.

    A ttulo de exemplo, considere um determinado pas que somente tenhao setor coureiro como alternativa econmica. A cadeia produtiva composta

    da pecuria de corte (criao de bois para abate e corte), dos curtumes que

    trabalham o couro e, finalmente, pelas indstrias que confeccionam bolsas,

    sapatos, casacos e cintos de couro. Assim, h trs etapas muito bem defini-

    das, conforme o esquema a seguir:

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    1. Etapa4 Pecuria: venda de couro in natura para os curtumes por

    R$50.000,00;

    2. EtapaCurtume: venda de couro trabalhado para as indstrias por

    R$80.000,00;

    3. Etapa

    Indstria: venda de produtos de couro para consumidoresfinais por R$120.000,00.

    Caso o interesse fosse calcular o produto nacional, talvez a resposta ime-

    diata seria de R$250.000,00 (R$50.000,00 + R$80.000,00 + R$120.000,00).

    A tabela 4 exibe o verdadeiro valor adicionado que foi de R$120.000,00

    (R$50.000,00 + R$30.000,00 + R$40.000,00).

    Tabela 4 Demonstrao do Valor Adicionado

    Etapas Receita Gerada Custo da Produo Valor AdicionadoPecuria R$50.000,00 R$50.000,00

    Curtume R$80.000,00 R$50.000,000 R$30.000,00

    Indstra R$120.000,00 R$80.000,00 R$40.000,00

    Soma R$120.000,00

    Tal como diz o ditado popular, de acordo com o qual do boi se aproveita

    tudo, at mesmo o berro, o exemplo nos mostra que o couro o mesmo

    desde o pecuarista at a indstria. Como se pode observar na tabela 4, o pro-

    duto nacional do pas acima seria de R$120.000,00, ou somente a receita daindstria, uma vez que o que a Economia como um todo produziu mesmo

    foram bolsas, cintos e sapatos e no couro em si.

    O couro in natura do pecuarista e o couro trabalhado pelo curtume j

    esto computados como custo dos produtos finais que foram produzidos

    e destinados aos clientes finais. A soma dos valores adicionados em cada

    etapa formar o preo dos produtos finais.

    O valor adicionado pode ser visto, de acordo com o jargo capitalista,

    como um prmio pago pelo mercado empresa pelo esforo de transfor-

    mao, inovao, comercializao e tributao. O que a empresa far com a

    renda outro ponto de vital importncia para a compreenso do fenmeno

    econmico, denominado valor adicionado. Exemplo: uma empresa apresen-

    ta os seguintes valores:

    4A hiptese

    na primeiraria, no hRigorosametese no ocoreal, uma vecustos de etapa primde obra, decolas, entre o-se por esse

    uma estratg

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    Demonstraes contbeis: DLPA, DMPL, DVA e Notas Explicativas

    Vendas Brutas .............................................. R$100.000,00

    (-) Impostos sobre Vendas ....................... R$20.000,00

    (-) CMV ............................................................ R$50.000,00

    (-) Salrios e Encargos ............................... R$10.500,00

    (-) Comisso .................................................. R$10.000,00

    O valor adicionado pela empresa foi a diferena da sua venda bruta em

    relao ao custo das mercadorias que adquiriu de seus fornecedores. Logo:

    R$100.000,00 R$50.000,00. Assim, o valor adicionado pela empresa foi de

    R$50.000,00. O que a empresa realizou com esse valor adicionado?

    1. Destinou R$20.000,00 para o governo na forma de impostos (sobram

    R$30.000,00).

    2. Destinou R$10.500,00 para remunerar a mo de obra e encargos (so-

    bram R$19.500,00).

    3. Destinou R$10.000,00 para remunerar a fora de vendas (sobram:

    R$9.500,00).

    Evidentemente, a sobra final, R$9.500,00, ser destinada para remunerar

    o capitalista ou empreendedor e, nesse caso, equivalente a 19% do valor

    adicionado (R$9.500,00/R$50.000,00).

    Uma questo comum que normalmente surge est relacionada com-

    parao entre a DVA e a DRE geralmente exibida nas publicaes oficiais

    das organizaes. A DRE se preocupa em exibir os vrios estgios do resul-

    tado, porm sempre o enfoque dos proprietrios. por isso que existem

    vrios tipos de resultados (operacional, no operacional, antes do IR, bruto

    e lquido).

    Todavia, com o crescimento intenso das relaes comerciais e financei-

    ras entre as empresas, outros interessados nas informaes contbeis oufinanceiras desejam no somente observar o resultado que uma empresa

    consegue. Eles querem saber sobre a capacidade que as empresas tm em

    agregar valor aos insumos que adquirem. nesse aspecto que a DVA supera

    a DRE, uma vez que seu foco est centrado em exibir o valor agregado,

    etapa por etapa.

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    Demonstraes contbeis: DLPA, DMPL, DVA e Notas Explicativas

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    Genericamente, pode-se definir Valor Adicionado (VA) como:

    VA = RB CP

    Onde:

    VA: Valor Adicionado;

    RB: Receita Bruta;

    CP: Consumos do Processo.

    A equao ainda se encontra muito resumida e no esclarece o que vem

    a ser consumos do processo. Isso porque consumo do processo diferente

    de remunerao dos fatores da produo. Tambm importante frisar que

    a base para elaborao da DVA a DRE. Assim, uma frmula mais precisa edetalhada para apurar o VA seria a seguinte:

    VAT = {[RB (MC + ST) D - A] + (RF + EP + OR)}

    Onde:

    VAT: Valor Adicionado Total;

    RB: Receita Bruta;

    MC: Materiais Consumidos;

    ST: Servio de Terceiros;

    D: Depreciao do Imobilizado;

    A: Amortizaes do Diferido;

    RF: Receita Financeira;

    EP: Equivalncia Patrimonial;

    OR: Outras Receitas.

    Dessa maneira, a DVA ir mostrar trs nveis de adies: valor adicionado

    bruto, valor adicionado lquido e riquezas no relacionadas atividade.

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    Demonstraes contbeis: DLPA, DMPL, DVA e Notas Explicativas

    O VAB (Valor Adicionado Bruto) representa a adio primria da em-

    presa, oriunda da atividade produtiva. Logo, O VAB ser obtido da se-

    guinte equao:

    VAB = RB MC ST

    A receita bruta (RB) ser o cmputo de todas as vendas brutas, ou seja,

    com impostos. Por materiais consumidos (MC), entende-se to somente o

    valor das mercadorias que foram consumidas no processo. Esto excludos,

    portanto, todo e qualquer custo de mo de obra (direta ou indireta). O custo

    por absoro, que praticado em muitas empresas, deve sofrer uma mu-

    dana radical, assemelhando-se em muito ideia do custeio direto ou at

    mesmo do conceito da contabilidade de ganhos (throughput accounting).

    Os servios de terceiros (ST) sero aqueles que pertencem ao processo pro-

    dutivo, mas que no foram realizados internamente na empresa (usinagem,

    tratamento trmico, tratamento qumico, corte, vinco, embalagem etc.) ou

    aps o produto terminado, que, no entanto, so fundamentais para este

    chegar ao consumidor final (transporte, armazenamento, comisso etc.).

    Nesse momento, pode-se chegar ao conceito do CP (Consumo do Processo)

    que foi expresso acima, isto :

    CP = MC + ST

    O outro nvel seria o VAL (Valor Adicionado Lquido), onde as deprecia-

    es (D) e amortizaes (A) so retiradas do VAB, logo:

    VAL = VAB D A

    Finalmente, o VAT (Valor Adicionado Total) ser acrescido de outras recei-

    tas (rendas) que no fazem parte da atividade, mas que aumentam a riqueza.Assim:

    VAT = VAL + RF + EP + OR

    As receitas financeiras (RF) sero aquelas obtidas de juros de aplica-

    es financeiras ou de juros de cobrana de inadimplentes. As receitas

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    obtidas por aplicaes em outras empresas sero reconhecidas pelo

    mtodo da equivalncia patrimonial (EP). Venda de imobilizado, aluguis

    e outras que no tenham vnculo com a atividade sero entendidas como

    outras receitas (OR).

    A seguir, h a apresentao da DVA publicada pelo Grupo Po de Acar

    em 2008, de acordo com as recomendaes e procedimentos discutidosat aqui.

    DVA Grupo Po de Acarem R$1.000,00

    2008 2007

    Receitas R$20.822.158,00 R$17.635.617,00

    Venda de mercadorias R$20.856.769,00 R$17.642.563,00

    Baixa de crditos R$ (23.698,00) R$2.138,00

    Outras operacionais R$ (10.913,00) R$ (9.084,00)

    (-) Insumos Adquiridos de Terceiros R$ (16.519.673,00) R$ (13.982.800,00)

    Custo das Mercadorias Vendidas R$ (15.163.435,00) R$ (12.627.855,00)

    Materiais, energias, servios e outros R$ (1.356.238,00) R$ (1.354.945,00)

    (=) Valor Adicionado Bruto R$4.302.485,00 R$3.652.817,00

    (-) Retenes

    Depreciao e Amortizao R$ (611.963,00) R$ (565.961,00)

    (=) Valor Adicionado Lquido R$3.690.522,00 R$3.086.856,00

    (+) Recebido em Transferncia R$295.086,00 R$277.533,00

    Equivalncia Patrimonial R$2.922,00 R$ (28.923,00)

    Participao Minoritria R$655,00 R$6.708,00

    Receitas Financeiras R$291.509,00 R$299.748,00

    (=) Valor Adicionado a Distribuir R$3.985.608,00 R$3.364.389,00

    Distribuio do valor Adicionado R$3.985.608,00 R$3.364.389,00

    Pessoal e Encargos R$1.505.745,00 R$1.328.426,00

    Impostos, Taxas e Contribuies R$1.182.819,00 R$967.435,00

    Remunerao de Capitais de Terceiros R$1.036.617,00 R$882.873,00

    Reteno de Lucros R$198.576,00 R$135.571,00

    Dividendos R$61.851,00 R$50.084,00

    A DVA do Grupo Po de Acar apresentada pode ser vista sob trs gran-

    des estgios, a saber:

    1. Valor Adicionado Bruto nesse estgio, a DVA mostra aos interessados

    o montante que uma organizao foi capaz de adicionar valor desde

    Disponvelem:.

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    Demonstraes contbeis: DLPA, DMPL, DVA e Notas Explicativas

    a produo da receita de vendas de mercadorias contra os custos das

    mercadorias e servios e insumos necessrios para a produo dessas

    mesmas mercadorias ou servios. Enfim, nesse estgio pode-se medir

    a eficincia da empresa em gerar valor vis--vissua relao com seu

    mercado consumidor;

    2. Valor Adicionado Lquido a partir do estgio anterior, a empresa de-ver reconhecer se gerou valor levando-se em conta a depreciao de

    seus ativos e amortizao de gastos pr-operacionais realizados. Nes-

    se sentido, enquanto o Valor Adicionado Bruto mede a relao ou efi-

    cincia da empresa em produzir valor na sua relao com o mercado,

    o Valor Adicionado Lquido mede a eficincia da empresa em gerar ou

    produzir valor face sua estrutura produtiva e/ou de comercializao;

    3. Valor Adicionado a Distribuir uma vez determinado o Valor Adicio-

    nado Lquido, devero ser levados em considerao os resultados deequivalncia patrimonial (via participao em coligadas e controladas)

    e as receitas financeiras. Com esse confronto, surgir o Valor Adicio-

    nado a Distribuir. E os beneficirios desse montante sero os funcio-

    nrios, tributos, investidores e credores, proprietrios e reteno na

    prpria entidade para reinvestimento ou liquidaes de provises.

    Notas ExplicativasSegundo Marion:

    Para ser feita a anlise, deve averiguar se tem a posse de todas as Demonstraes Contbeis(inclusive Notas Explicativas). Tambm seria desejvel ter em mo as DemonstraesContbeis de trs perodos. Com as publicaes em colunas comparativas, tem-sede posse de uma nica publicao, dois perodos: exerccio atual e exerccio anterior.(MARION, 2002, p. 22)

    Tambm conhecidas como Notas de Rodap, as Notas Explicativas (NE)

    so destacadas aps as Demonstraes Financeiras, quando publicadas.

    Seu objetivo evidenciar informaes que no podem ser apresentadas nocorpo dos demonstrativos contbeis. A legislao determina que tipos de

    informaes as NE devero indicar, como algumas abaixo citadas.

    Principais critrios de avaliao dos elementos patrimoniais. Expressar

    as principais prticas contbeis da entidade, tais como:

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    Estoques;

    Depreciao;

    Amortizao e Exausto;

    Proviso para Encargos;

    Provises para Riscos;

    Avaliao de Elementos Patrimoniais.

    Investimentos em outras sociedades. Quando o investimento, isolada-

    mente em cada sociedade coligada ou controlada, seja igual ou supe-

    rior a 10% do valor do Patrimnio Lquido da controladora. No conjun-

    to das sociedades coligadas e controladas, se o valor contbil igual

    ou superior a 15% do valor do PL da Companhia.

    O aumento de valor de elementos do Ativo resultante de novas avalia-

    es. Exemplo: Reavaliao de Ativo Imobilizado.

    Os nus reais constitudos sobre elementos do Ativo. As garantias

    prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contin-

    gentes. Exemplos: garantias dadas na aquisio de emprstimos e hi-

    potecas de bens financiados.

    A Taxa de Juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigaes

    a longo prazo.

    O nmero, as espcies e as classes das aes do Capital Social.

    Os ajustes de Exerccios Anteriores.

    Balleroni (1989) esclarece que As notas explicativas detalham itens rele-

    vantes que esto contidos nas demonstraes financeiras. As informaes

    contbeis que no se enquadram em nenhuma das peas esto explicadas

    nas notas.

    Enfim, as notas explicativas so importantssimas para a compreenso

    detalhada e minuciosa das operaes realizadas por uma empresa. Sem elas,

    uma srie de questes seria formulada na mente de analistas e investidores

    e nenhuma resposta objetiva seria obtida.

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    Demonstraes contbeis: DLPA, DMPL, DVA e Notas Explicativas

    Ampliando seus conhecimentos

    Demonstrao do Valor Adicionado:uma contribuio da Contabilidade para a

    mensurao da participao econmica e socialda entidade empresarial

    (OLIVEIRA; GARCIA, 2000)

    Balano Social e a Demonstrao do Valor Adicionado

    O Balano Social surgiu na Europa com o objetivo de atender aos movi-

    mentos sociais que demandavam por informaes sobre projetos sociais,

    condies ambientais, informaes para os empregados sob o aspecto do

    nvel de emprego, condies de trabalho, remunerao e formao profissio-

    nal. A Demonstrao do Valor Adicionado surgiu por influncia da Frana e da

    Alemanha como forma de mensurao dessa participao da empresa nesse

    contexto social.

    No Brasil o Balano Social surgiu com a campanha do Socilogo Herbert

    de Souza (1935-1997), o cidado Betinho, pela publicao do Balano Social

    pelas empresas. Foram promovidos grandes debates em nvel nacional en-

    volvendo entidades como Abrasca (Associao Brasileira de Capital Aberto),

    PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais) e CVM (Comisso de Va-

    lores Mobilirios).

    Em 1997, as deputadas federais Marta Suplicy, Maria da Conceio Tavares

    e Sandra Starling, do Partido dos Trabalhadores, apresentaram projeto de Lei

    obrigando as empresas privadas, pblicas e sociedades de economia mista

    com mais de 100 empregados a elaborar o Balano Social.

    Apesar de ainda no ser obrigatrio no Brasil, algumas empresas j publi-

    cam o Balano Social como o caso de alguns Bancos, Banco do Brasil, Bancodo Nordeste, Banco Ita e algumas empresas privadas.

    Como composio do Balano Social apresentada a Demonstrao do

    Valor Adicionado, que tem como objetivo demonstrar o desempenho econ-

    mico da empresa e seu relacionamento com a sociedade.

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    A Demonstrao do Valor Adicionado desenvolve conceito puramente

    econmico, evidenciando quanto de valor a empresa agrega durante o seu

    processo produtivo, ampliando, assim, os horizontes de seus usurios.

    A Demonstrao do Valor Adicionado tem uma funo muito importante

    na medida em que fornece aos seus usurios a informao sobre a riquezacriada pela empresa e a forma como essa riqueza foi aplicada.

    Caractersticas bsicas da DVA

    Fornecer informaes que demonstrem a gerao de riqueza da em-1.

    presa e seus efeitos sobre a sociedade em que est inserida.

    Demonstrar o valor adicionado em cada um dos fatores de produo e2.

    seu destino, conforme abaixo:

    dispndio na remunerao dos empregados;

    gerao de tributos ao governo (municipal, estadual e federal);

    remunerao do capital de terceiros atravs de juros;

    remunerao dos acionistas atravs da distribuio de lucros.

    O somatrio dos valores obtidos nas Demonstraes de Valor Adicio-3.

    nado apresentados pelas unidades produtivas dos mais variados nveis

    de atividades econmicas que so classificados pelo IBGE, excludas asduplas contagens, pode ser considerado como o prprio PIB do pas.

    Pode-se efetuar anlise vertical/horizontal dessa demonstrao, com a4.

    comparao da participao de cada item da demonstrao em suces-

    sivos exerccios sociais, enfatizando sua evoluo.

    Demonstrao Contbil do Valor Adicionado

    A Demonstrao do Valor Adicionado elaborada a partir dos dados conti-dos na Demonstrao do Resultado do Exerccio. Nessa demonstrao des-

    tacado o valor adicionado pela empresa e a distribuio desse valor, indican-

    do a contribuio da empresa para a formao do lucro e para outros itens tais

    como impostos, taxas e contribuies, pessoal e encargos, juros e aluguis,

    juros sem capital prprio e dividendos.

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    Demonstraes contbeis: DLPA, DMPL, DVA e Notas Explicativas

    Na Demonstrao do Resultado do Exerccio so computados como Custo

    dos Produtos Vendidos todos os gastos referentes produo dos bens ven-

    didos. Inclui-se, portanto, nesse montante, mo de obra, matria-prima e

    gastos gerais de fabricao. Na DVA esses custos devero estar perfeitamen-

    te discriminados, uma vez que parte deles so considerados como insumos

    adquiridos de terceiros. A depreciao dever ser perfeitamente identificada.Os gastos com pessoal e os encargos so considerados como distribuio do

    valor adicionado.

    A Universidade de So Paulo (USP), atravs da FIPECAFI, elaborou o

    seguinte modelo de Demonstrao do Valor Adicionado utilizado hoje

    pelas empresas.

    DESCRIO em milhares de reais

    1. LEGISLAO SOCIETRIA %

    RECEITAS

    1.1 Vendas de mercadorias, produtos e servios

    1.2 Proviso p/ devedores duvidosos Reverso (Constituio)

    1.3 No Operacionais

    2. INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS

    (inclui os valores dos impostos ICMS e IPI)

    2.1 Matrias-primas consumidas

    2.2 Custo das mercadorias e servios vendidos

    2.3 Materiais, energia, servios de terceiros e outros

    2.4 Perda/recuperao de valores ativos

    3. VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)

    4. RETENES

    4.1 Depreciao, amortizao e exausto

    5. VALOR ADICIONADO LQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)

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    6. VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERNCIA

    6.1 Resultado de equivalncia patrimonial

    6.2 Receitas financeiras

    7. VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) (RIQUEZA CRIADA PELAEMPRESA)

    8. DISTRIBUIO DO VALOR ADICIONADO

    8.1 Pessoal e encargos

    8.2 Impostos, taxas e contribuies

    8.3 Juros e alugueis

    8.4 Juros s/ capital prprio e dividendos

    8.5 Lucros retidos/prejuzos do exerccio

    1. RECEITAS (soma dos itens 1.1 a 1.3)

    1.1 Vendas de mercadorias, produtos e servios

    Inclui os valores do ICMS e IPI incidentes sobre essas receitas, ou seja, cor-

    responde receita bruta ou faturamento bruto.

    1.2 Proviso para devedores duvidosos Reverso/Constituio

    Inclui os valores relativos constituio/baixa de proviso para devedores

    duvidosos.

    1.3 No Operacionais

    Inclui valores considerados fora das atividades principais da empresa, tais

    como: ganhos ou perdas na baixa de imobilizados, ganhos ou perdas na baixa

    de investimentos etc.

    2. INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (soma dos itens 2.1 a 2.4)

    2.1 Matrias-primas consumidas (inclusas no custo do produto vendido).

    2.2 Custos das mercadorias e servios vendidos (no inclui gastos com

    pessoal prprio).

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    Demonstraes contbeis: DLPA, DMPL, DVA e Notas Explicativas

    2.3 Materiais, energia, servios de terceiros e outros (inclui valores relati-

    vos s aquisies e pagamentos a terceiros).

    Nos valores dos custos dos produtos e mercadorias vendidos, materiais,

    servios, energia etc. consumidos devero ser considerados os impostos

    (ICMS e IPI) includos no momento das compras, recuperveis ou no.2.4 Perda/recuperao de valores ativos

    Inclui valores relativos a valor de mercado de estoques e investimentos etc.

    (se no perodo o valor lquido for positivo dever ser somado).

    3. VALOR ADICIONADO BRUTO (diferena entre itens 1 e 2).

    4. RETENES

    4.1 Depreciao, amortizao e exausto

    Dever incluir a despesa contabilizada no perodo.

    5. VALOR ADICIONADO LQ. PRODUZIDO PELA ENTIDADE (diferena entre

    itens 3 e 4)

    6. VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERNCIA (soma dos itens

    6.1 e 6.2)

    6.1 Resultado de equivalncia patrimonial (inclui os valores recebidoscomo dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo). O re-

    sultado de equivalncia poder representar receita ou despesa; se

    despesa dever ser informada entre parnteses.

    6.2 Receitas financeiras (incluir todas as receitas financeiras indepen-

    dentemente de sua origem).

    7. VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (soma dos itens 5 e 6)

    8. DISTRIBUIO DO VALOR ADICIONADO (soma dos itens 8.1 a 8.5)8.1 Pessoal e encargos

    Nesse item devero ser includos os encargos com frias, 13. salrio, FGTS,

    alimentao, transporte etc., apropriados ao custo do produto ou resultado

    do perodo (no incluir encargos com o INSS veja tratamento a ser dado no

    item seguinte).

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    8.2 Impostos, taxas e contribuies

    Alm das contribuies devidas ao INSS, Imposto de Renda, contribuio

    social e todos os demais impostos, taxas e contribuies devero ser includos

    nesse item. Os valores relativos ao ICMS e IPI devero ser considerados como

    os valores devidos ou j recolhidos aos cofres pblicos, representando a dife-rena entre os impostos incidentes sobre as vendas e os valores considerados

    dentro do item 2 - Insumos adquiridos de terceiros.

    8.3 Juros e aluguis

    Devem ser consideradas as despesas financeiras e as de juros relativas a

    quaisquer tipos de emprstimos e financiamentos junto a instituies finan-

    ceiras, empresas do grupo ou outras e os aluguis (incluindo-se as despesas

    com leasing) pagos ou creditados a terceiros.

    8.4 Juros sobre o capital prprio e dividendos

    Inclui os valores pagos ou creditados aos acionistas. Os juros sobre

    o capital prprio contabilizados como reserva devero constar do item

    lucros retidos.

    8.5 Lucros retidos/prejuzo do exerccio

    Devem ser includos os lucros do perodo destinados s reservas de lucros

    e eventuais parcelas ainda sem destinao especfica.

    Atividades de aplicao

    1. As sociedades annimas so mais complexas que as demais socieda-

    des, pois alm de publicar seus resultados e apresent-los ao mercado,

    suas decises so tomadas em assembleia. Quais as duas grandes as-

    sembleias existentes nas sociedades por aes?

    2. A DLPA, segundo a Lei das S/A, pode ser publicada na prpria Demons-

    trao das Mutaes do Patrimnio Lquido?

    3. Qual a finalidade da DLPA?

    4. Se a DLPA mostra a dinmica do lucro acumulado, o que mostra a

    DMPL?

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    Demonstraes contbeis: DLPA, DMPL, DVA e Notas Explicativas

    5. A DVA um relatrio obrigatrio a partir da nova estrutura de de-

    monstrativos de uma sociedade por aes. Qual a diferena entre a

    DVA e o DRE?

    6. As notas explicativas so fundamentais na anlise detalhada de uma

    empresa. Qual sua importncia?

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