Os cinco maiores bancos do país
lucram R$ 79,3 bilhões durante a pandemia, com aceleração da digitalização e fechamento
de postos de trabalho e agências
Rede Bancários
em 2020
DIEESE – REDE BANCÁRIOS
2 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
DESEMPENHO DOS BANCOS
Exercício de 2020
Resumo executivo
ano de 2020 foi marcado pelo aparecimento de uma infecção transmitida por um
vírus que se espalhou rapidamente pelo planeta. Na busca por barrar sua
transmissibilidade, os países se viram na urgência de proteger suas populações por
meio do isolamento social, com interrupção abrupta da atividade econômica. Com o intuito de
lidar com os efeitos da crise, o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central do Brasil,
prontamente, atuaram na liberação de liquidez e capital para os bancos e, posteriormente, na
implantação de alguns programas emergenciais de crédito, prorrogações de prazos de
empréstimos e financiamentos para pessoas físicas e jurídicas. Tais prorrogações e
renegociações de contratos de crédito contribuíram para que as taxas de inadimplência ficassem
abaixo das observadas em 2019.
Não obstante essas medidas, a declaração de calamidade pública, de 20 de março até 31
de dezembro de 2020, em função da pandemia da Covid-19 (Decreto Legislativo Nº 6), teve
reflexos nos balanços dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Bradesco, Banco do Brasil,
Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal e Santander). Logo no 1º trimestre do ano, houve
forte elevação dos provisionamentos diante de uma expectativa de deterioração do cenário
econômico do país e da elevação das taxas de inadimplência, afetando negativamente seus
resultados. Ainda assim, ao final de 2020, os lucros dos cinco maiores bancos somaram, em
conjunto, R$ 79,3 bilhões, queda média de 25,2% em relação ao ano anterior. Outro ponto a se
destacar é que, se por um lado, o maior provisionamento impactou negativamente os lucros dos
cinco bancos, por outro, nos bancos privados, os impostos e contribuições – Imposto de Renda
(IR) e Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL) - tiveram impacto positivo significativo, em
função da entrada de créditos tributários.
Apesar das dificuldades econômicas decorrentes de uma quarentena que se estendeu até
o final do ano - e que se perpetua até os dias atuais, com diversas restrições impostas ao combate
da pandemia -, esse processo acelerou o uso dos canais digitais nos bancos (via mobile e internet
O
DIEESE – REDE BANCÁRIOS
3 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
banking) e, com isso, observou-se que o setor seguiu em forte reestruturação, com fechamento
de muitas agências e postos de trabalho. O avanço dos canais digitais parece resultar em ganhos
cada vez mais significativos para os bancos.
Esses são os principais destaques da 17ª edição do estudo Desempenho dos Bancos,
produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(DIEESE) - Rede Bancários.
Os gigantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN)
O total de ativos das cinco maiores instituições bancárias do país atingiu, em 31 de
dezembro de 2020, R$ 7,9 trilhões, alta média de 17,1% em relação a 2019. Boa parte dos ativos
dos bancos corresponde às suas operações/carteiras de crédito, cujo montante totalizou R$ 3,6
trilhões, em 2020, com crescimento de 14,1% em relação ao ano anterior. O patrimônio líquido
(PL), que representa o capital próprio dos cinco bancos, atingiu R$ 592,1 bilhões, alta de 10,1%
em doze meses, como pode ser observado na Tabela 1.
TABELA 1 Destaques dos cinco maiores bancos
Brasil – Exercício de 2020
Indicadores 2020 Variação em
12 meses
Ativos Totais 7,9 trilhões 17,1%
Patrimônio Líquido 592,1 bilhões 10,1%
Operações de Crédito 3,6 trilhões 14,1%
Receita com as Operações de Crédito 366,3 bilhões -0,4%
Resultado com TVM 153,5 bilhões 14,3%
Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa 111,0 bilhões 31,7%
Resultado Bruto da Intermediação Financeira 226,8 bilhões -30,9%
Receita de Prestação de Serviços e Tarifas 136,5 bilhões -4,2%
Despesas de Pessoal + PLR 96,8 bilhões -4,5%
Resultado Operacional 97,7 bilhões -59,9%
Impostos e Contribuições (IR e CSLL) - crédito tributário 28,2 bilhões 263,7%
Lucro Líquido Total 79,3 bilhões -25,2%
Número de Agências 16.329 -1.364
Número de Funcionários em 31 de dezembro 391.711 -11.164 Fonte: Demonstrações Financeiras Consolidadas dos Bancos Elaboração: DIEESE - Rede Bancários
O Itaú Unibanco permaneceu sendo o maior banco do país. Seus ativos superaram R$ 2
DIEESE – REDE BANCÁRIOS
4 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
trilhões, em 2020, com alta de 21,5% em doze meses (a maior observada no período entre os
cinco bancos). Em segundo lugar ficou o Banco do Brasil, totalizando R$ 1,7 trilhão e alta de
16,5%, seguido do Bradesco, que obteve crescimento de 17,1% em seus ativos, que atingiram
R$ 1,6 trilhão, ao final de 2020. Os ativos do Banco Santander registraram um montante de R$
1,0 trilhão, com alta de 16,9% no período. Por fim, a Caixa Econômica apresentou a menor
variação, com aumento nos ativos de 12,1%, totalizando R$ 1,5 trilhão (Gráfico 1).
GRÁFICO 1 Total de Ativos dos cinco maiores bancos do país
Brasil - 2019 e 2020
Fonte: Demonstrações financeiras dos bancos. Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.
Como mencionado anteriormente, quase metade dos ativos dos cinco bancos
(aproximadamente, 45,6%) é composta pelas operações/carteiras de crédito. O saldo dessas
carteiras somadas apresentou crescimento médio de 14,1% no ano, totalizando R$ 3,6 trilhões.
Cabe destacar que o volume do crédito vinha apresentando queda desde 2016, voltou a crescer
ao final de 2019 e seguiu em alta em 2020, em função das medidas e programas emergenciais
de crédito adotados pelo Banco Central para o enfrentamento à crise pandêmica.
Os dados do Gráfico 2, a seguir, revelam que a maior variação das operações de crédito
ocorreu no Itaú, com alta de 20,3%, atingindo R$ 869,5 bilhões. No Santander, a carteira
cresceu 18,5%, totalizando R$ 512,5 bilhões e, no Bradesco, o volume de crédito elevou-se em
10,3%, somando R$ 687,0 bilhões, ao final de 2020. A carteira de crédito da Caixa, com alta
de 13,5%, totalizou R$ 787,4 bilhões. Por sua vez, o Banco do Brasil apresentou a menor
DIEESE – REDE BANCÁRIOS
5 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
variação, com alta de 9,0%, totalizando R$ 742,1 bilhões.
GRÁFICO 2 Carteira de Crédito dos cinco maiores bancos do país
Brasil - 2019 e 2020
Fonte: Demonstrações financeiras dos bancos. Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.
Medidas emergenciais de crédito pós-Pandemia
Após a declaração de situação de calamidade pública em função da pandemia do Covid-
19 e a adoção de quarentenas em diversos estados, a interrupção repentina e generalizada dos
fluxos de renda levou a uma queda na renda das famílias e das empresas, afetando sua
capacidade de quitarem seus empréstimos, com impactos diferenciados para bancos grandes,
médios e pequenos. Em 20 de março de 2020, atendendo à solicitação do presidente da
República, por meio da Mensagem Nº 93, de 18 de março, o Senado Federal editou o Decreto
Legislativo Nº 6, de reconhecimento de calamidade pública, válido até 31 de dezembro de 2020.
O Banco Central do Brasil (BC) e o Conselho Monetário Nacional (CMN) adotaram,
então, diversas medidas visando dar maior liquidez ao Sistema Financeiro Nacional (SFN) para
enfrentar os efeitos da pandemia da Covid-19. O objetivo era evitar que, diante de um cenário
adverso, os bancos retraíssem o crédito, como ocorreu em crises anteriores.
Com esse intuito, foram anunciadas medidas com o potencial de ampliar a liquidez do
Sistema Financeiro em R$ 1,274 trilhão, o equivalente a 17,5% do Produto Interno Bruto (PIB)
DIEESE – REDE BANCÁRIOS
6 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
Nacional. Além disso, o “pacote” envolveu mais R$ 1,348 trilhão, em função da redução da
alíquota do depósito compulsório e de outras exigibilidades, como provisionamentos
adicionais. O objetivo foi ampliar as condições de capital das instituições financeiras para
fornecerem mais crédito, num momento de incerteza exacerbada. Esse conjunto de ações
liberou, portanto, R$ 3,2 trilhões em crédito potencial (Quadro 1).
QUADRO 1 Medidas Emergenciais do Banco Central para o Sistema Financeiro Nacional
Fonte: Banco Central do Brasil (Evolução Recente do Crédito no SFN).
Observou-se que, entre março e dezembro de 2020, segundo o relatório do BC1, houve
aumento do crédito para pessoas jurídicas em diversos segmentos. O volume de novas
contratações atingiu o montante de pouco mais de R$ 2,0 trilhões e as renovações
totalizaram R$ 556,7 bilhões (Tabela 2).
1 https://www.bcb.gov.br/content/acessoinformacao/covid19_docs/Evolucao_Recente_do_Credito.pdf
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7 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
TABELA 2 Novas Contratações e Renovações de Crédito.
Brasil - 16/03/2020 a 31/12/2020 (em R$ milhões):
Novas Contratações % do total
Corporate Middle MPE PF Totais
S1 – Públicos 74.228 33.443 76.204 258.674 442.549 21,2
S1 – Privados 458.436 109.887 113.464 236.432 918.219 44,1
S2 114.922 23.655 16.532 51.623 206.732 9,9
S3 103.479 55.791 9.667 79.198 248.135 11,9
S4 34.356 40.699 8.912 24.312 108.279 5,2
Cooperativas2 3.886 30.054 46.231 80.109 160.280 7,7
Valor das Operações 789.307 293.529 271.010 730.348 2.084.194 100% Renovações1
% do total Corporate Middle MPE PF Totais
S1 – Públicos 21.200 71.760 28.985 157.730 279.675 50,2
S1 – Privados 100.266 23.537 19.844 56.294 199.941 35,9
S2 6.895 655 192 456 8.198 1,5
S3 22.130 4.288 1.672 13.537 41.627 7,5
S4 2.681 4.023 261 8.820 15.785 2,8
Cooperativas 720 2.834 3.257 4.696 11.507 2,1
Valor das Operações 153.892 107.097 54.211 241.533 556.733 100%
Notas: (1) Inclui rolagem integral de operações de crédito, inclusive com crédito novo, bem como renegociações com alteração de prazo, taxa de juros e garantias (2) Bancoob, Credicoamo e sistemas Sicoob, Sicredi, Cresol, Unicred, Uniprime e Ailos. (3) Corporate: empresas com faturamento anual acima de R$ 500 milhões, Middle: empresas com faturamento anual entre R$ 30 e R$ 500 milhões. MPE: empresas com faturamento anual de até R$ 30 milhões. Extraído de: Banco Central do Brasil (Evolução Recente do Crédito no SFN)2.
A Tabela 2 aponta que grande parte dessas operações (mais de 65% dos recursos das
novas contratações e 86% das renovações) ocorreu nos grandes bancos (Segmento S1).
Observando a distribuição do crédito por segmento, 37,9% das novas contratações e
27,6% das renovações foram no segmento Corporate (empresas com faturamento anual acima
de R$ 500 milhões), sendo que a maior parte desses recursos se concentrou nos bancos privados.
No segmento Pessoa Física (PF), 35,4% das novas contratações e 65,3% das renovações
concentraram-se nos bancos públicos, ao contrário do anterior.
Para empresas de médio porte foram destinados 14% do total de recursos das novas
contratações (com maior peso nos grandes bancos privados) e 19,2% das renovações de
empréstimos (concentradas, principalmente, nos grandes bancos públicos). O segmento das
2 https://www.bcb.gov.br/content/acessoinformacao/covid19_docs/Evolucao_Recente_do_Credito.pdf
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8 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
Micro e Pequenas Empresas (MPE) representou 13% das novas contratações, a maioria nos
grandes bancos privados, e 9,7% das renovações, com a maior parte nos bancos públicos.
Nos dados apresentados, estão incluídas as operações do Programa Emergencial de
Suporte a Empregos (PESE), do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas
de Pequeno Porte (Pronampe), do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC-FGI e
PEAC-Maquininhas) e do Programa de Capital de Giro para Preservação de Empresas (CGPE).
Apesar do grande número de operações e de volume de crédito observado, os programas
emergenciais do governo de combate aos efeitos da pandemia não foram capazes de impedir o
fechamento de um grande número de empresas, em 2020. O novo levantamento realizado pela
Confederação Nacional do Comércio3, que trata do saldo entre abertura e fechamento de
estabelecimentos com vínculos empregatícios do comércio varejista brasileiro, mostra que 75
mil lojas fecharam as portas no ano passado. Ainda segundo o levantamento, a retração é a
maior desde 2016 (-105,3 mil), quando o setor ainda sofria os efeitos da maior recessão da
história recente do país.
Elevação das provisões e inadimplência – expectativa x observado
Os recursos das carteiras de crédito dos cinco bancos direcionam-se, geralmente, para as
linhas de menor risco, como o imobiliário e o consignado, que são modalidades com as menores
taxas de inadimplência, uma vez que os bancos brasileiros são conservadores e possuem grande
aversão ao risco. Apesar de todas as medidas do BC de incentivo a novas contratações e a
renovações de carreira de crédito, os bancos também reforçaram seus provisionamentos frente
ao risco de futuros calotes, na expectativa de que as taxas de inadimplência pudessem disparar
com o desenrolar da crise.
Assim, as despesas com PDD (Provisões para Devedores Duvidosos) cresceram, em
média, 31,7% em doze meses, totalizando R$ 111 bilhões. O menor crescimento foi observado
na Caixa (alta de 3,4%), chegando a R$ 11,1 bilhões. A maior elevação foi observada no Banco
Itaú (52,1%), totalizando R$ 29,9 bilhões. No Bradesco, Banco do Brasil e Santander, essas
3 https://www.portaldocomercio.org.br/noticias/com-pandemia-75-mil-lojas-fecharam-as-portas-em-2020/320559
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9 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
despesas cresceram em torno de 30%, variando entre R$ 18,5 bilhões (no Santander) e 25,8
bilhões, no Bradesco (Gráfico 3).
GRÁFICO 3 Despesas com PDD dos cinco maiores bancos do país
Brasil - 2019 e 2020
Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos. Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.
Todavia, as taxas de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias já vinham registrando
tendência de queda e o comportamento se manteve ao longo dos trimestres de 2020, a despeito
do cenário de incertezas trazido pela pandemia. As medidas de renegociação e prorrogação de
pagamento de contratos de crédito contribuíram para o resultado mais baixo dos calotes ao final
de 2020. A Caixa encerrou o ano com taxa de inadimplência de 1,7%, o Banco do Brasil com
1,9%, o Santander com 2,1%, o Bradesco com 2,2% e o Itaú Unibanco com 2,3% (Tabela 3).
TABELA 3 Taxas de inadimplência dos cinco maiores bancos
Brasil – 2019 e 2020
Bancos Ano (em%) Variação
(Em p.p.) 2019 2020
Itaú Unibanco 3,0% 2,3% -0,7
Bradesco 3,3% 2,2% -1,1
Santander 2,9% 2,1% -0,8
Caixa Econômica Federal 2,2% 1,7% -0,5
Banco do Brasil 3,3% 1,9% -1,4 Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos. Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.
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10 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
Lucros e rentabilidade
Antes de 2020, os resultados financeiros dos maiores bancos do país atingiram níveis
históricos e recordes consecutivos. Em 2020, porém, o lucro líquido dos cinco bancos somou
R$ 79,3 bilhões, queda média de 25,2% em relação a 2019. Esse resultado deve-se,
principalmente, a fatores contábeis, com o maior provisionamento, conforme demonstrado.
No entanto, outros fatores também influenciaram na queda dos lucros dos bancos, tais
como o câmbio desvalorizado, que afetou algumas receitas e despesas da intermediação
(receitas com derivativos, as próprias receitas de câmbio e as despesas com empréstimos e
repasses), e a redução das exigências de depósitos compulsórios por parte do BC, para
incentivar novos empréstimos, levando a queda nas receitas das aplicações compulsórias.
Em 2020, o resultado do Banco Bradesco superou o do Banco Itaú Unibanco, que vinha
batendo recordes de lucros consecutivos nos últimos anos. O lucro líquido do Bradesco ficou
em R$ 19,5 bilhões, com redução de 24,8% em relação a 2019, enquanto o lucro do Itaú chegou
a R$ 18,9 bilhões, com queda de 28,9% na mesma comparação. Banco do Brasil (BB) e
Santander tiveram resultados bem próximos, R$ 13,9 bilhões e R$ 13,8 bilhões,
respectivamente. O resultado do BB caiu 22,2%, enquanto o lucro do Santander caiu 4,8% (a
menor queda observada no período entre os cinco bancos). Por sua vez, a Caixa apresentou a
maior queda nos resultados, atingindo um lucro líquido de R$ 13,2 bilhões, com redução de
37,5% na comparação com o ano de 2019 (Gráfico 4).
DIEESE – REDE BANCÁRIOS
11 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
GRÁFICO 4 Lucro líquido dos cinco maiores bancos
Brasil – 2019 e 2020
Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos. Elaboração: DIEESE - Rede Bancários. Nota: 1 - Bradesco e Banco do Brasil - Lucro Líquido Recorrente; 2 - Itaú e Caixa- Lucro Líquido Contábil; e, 3 - Santander – Lucro Líquido Gerencial.
Diante desses resultados, a rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido) das
maiores instituições financeiras do país também caiu em 2020, situando-se entre 10,4%, no
Banco do Brasil e 19,1% no Santander. A maior variação negativa na rentabilidade foi
observada na Caixa, com o indicador reduzindo-se de 26,1% para 15,2%, ou seja, menos 10,9
p.p. em um ano (Tabela 4).
TABELA 4
Rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio dos cinco maiores bancos Brasil – 2019 e 2020
Bancos Ano Variação
(em p.p.) 2019 2020
Itaú Unibanco 24,9% 15,3% -9,6
Bradesco 20,6% 14,8% -5,8
Santander 21,9% 19,1% -2,2
Caixa Econômica Federal 26,1% 15,2% -10,9
Banco do Brasil 14,7% 10,4% -4,3 Fonte: Demonstrações Financeiras Consolidadas dos Bancos. Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.
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12 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
Impostos e Contribuições: os créditos tributários contribuíram positivamente no resultado dos bancos privados
Em 2020, o resultado dos cinco maiores bancos, em conjunto, antes dos impostos e
participações, apresentou queda de 52,4%, passando de R$ 103 bilhões, em 2019, para R$ 49
bilhões, em 2020. Essa queda foi amenizada, devido ao impacto dos impostos diferidos (“créditos
tributários”). Com exceção da Caixa, cujo saldo com impostos resultou em uma despesa de R$
1,2 bilhão, nos demais bancos os impostos diferidos superaram os impostos a pagar.
Nos três bancos privados, a diferença no saldo da conta de impostos e contribuições, entre
2019 e 2020, passou de +R$ 26 bilhões. No Itaú Unibanco, a despesa de R$ 4,3 bilhões, em 2019,
tornou-se uma receita de R$ 9,8 bilhões, em 2020. No Bradesco, o saldo já foi positivo, em 2019
(R$ 6,6 bilhões), e cresceu 77,8% em 2020, chegando a R$ 11,7 bilhões. No Santander, uma
despesa de R$ 462 milhões, em 2019, tornou-se uma receita de R$ 6,5 bilhões, em 2020, fazendo
significativa diferença no resultado final do banco. No caso dos dois bancos públicos, enquanto
a Caixa Econômica ampliou seu resultado negativo nessa conta – passando de -R$ 938 milhões,
em 2019, para -R$ 1,2 bilhão, em 2020, No caso do Banco do Brasil, o saldo foi positivo nos dois
anos, porém, com queda de 78,8% em 2020, totalizando, aproximadamente, R$ 1,5 bilhão (Tabela
5).
TABELA 5 Impostos e Contribuições dos cinco maiores bancos
Brasil – 2019 e 2020 (em R$ milhões)
Bancos Ano Variação
Absoluta 2019 2020
Itaú Unibanco - 4.257 9.798 14.055
Bradesco 6.554 11.652 5.098
Santander -462 6.539 7.001
Caixa Econômica Federal -938 -1.227 -289
Banco do Brasil 6.861 1.453 -5.408
Total 7.758 28.215 20.457 Fonte: Demonstrações Financeiras Consolidadas dos Bancos. Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.
DIEESE – REDE BANCÁRIOS
13 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
Prestação de Serviços e Tarifas X Despesas de Pessoal
As receitas com prestação de serviços, somadas à renda das tarifas bancárias, representam
parcela significativa da receita total dos bancos (uma receita operacional). Em 2020, essas
receitas apresentaram queda média de 4,2%, somando cerca de R$ 136,5 bilhões.
Conforme pode ser observado na Tabela 6, a Caixa apresentou a maior queda nas receitas
com prestação de serviços e renda das tarifas bancárias no período (-13,0%). No Bradesco e
Itaú, as quedas observadas foram de 2,7% e 2,5%, entre 2019 e 2020, respectivamente. No
Banco Santander, a redução foi de 1,2% e, no Banco do Brasil, houve queda de 1,7%. Os
montantes auferidos por cada banco nessas receitas variaram entre R$ 18,5 bilhões (Santander)
e R$ 39,6 bilhões (Itaú Unibanco).
TABELA 6
Receita de prestação de serviços mais tarifas dos cinco maiores bancos Brasil – 2019 e 2020 (em R$ milhões)
Bancos Ano
Variação 2019 2020
Itaú Unibanco 40.568 39.574 -2,5%
Bradesco 26.951 26.232 -2,7%
Santander 18.684 18.464 -1,2%
Caixa Econômica Federal 27.003 23.502 -13,0%
Banco do Brasil 29.209 28.702 -1,7%
Total 142.415 136.474 -4,2%
Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE - Rede Bancários
Quanto às Despesas de Pessoal4, incluindo-se nestas o pagamento da Participação nos
Lucros ou Resultados (PLR) aos(às) seus(uas) trabalhadores(as), os cinco bancos juntos
apresentaram queda média de 4,5%, totalizando R$ 96,8 bilhões, em 2020. O único banco com
alta nesse item foi a Caixa. As despesas de pessoal mais PLR na instituição subiram 2,4%
totalizando R$ 24,4 bilhões (Tabela 7).
4 As despesas de pessoal compreendem, além dos gastos com folha de pagamento (remuneração, PLR, encargos sociais e benefícios), também os gastos com treinamentos e despesas com processos trabalhistas.
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14 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
TABELA 7 Despesas de Pessoal (incluindo PLR) dos cinco maiores bancos
Brasil – 2019 e 2020 (em R$ milhões)
Bancos Ano
Variação 2019 2020
Itaú Unibanco 23.799 22.415 -5,8%
Bradesco 21.400 19.161 -10,5%
Santander 9.496 9.035 -4,9%
Caixa Econômica Federal 23.844 24.418 2,4%
Banco do Brasil 22.788 21.731 -4,6%
Total 101.327 96.760 -4,5%
Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE - Rede Bancários
O Bradesco apresentou a maior queda nessa conta, que totalizou R$ 19,2 bilhões em 2020
(-10,5%), refletindo os impactos do Programa de Desligamento Voluntário (PDV) de 2019, que
contou com 3,4 mil adesões. No Itaú Unibanco, a queda foi de 5,8% no período, situando-se
em R$ 22,4 bilhões, em 2020. No Banco do Brasil, essas despesas caíram 4,6%, entre 2019 e
2020, totalizando R$ 21,7 bilhões e, no Santander, a redução foi de 4,9%, num total de R$ 9,0
bilhões, em 2020.
Ao se comparar o total da Receita de Prestação de Serviços e Tarifas Bancárias com o
total das Despesas de Pessoal dos cinco bancos, nota-se que, somente com essa arrecadação, os
bancos cobririam entre 108,7% (Bradesco) e 196,8% (Santander) das despesas com
funcionários(as) (Gráfico 5). Ou seja, os bancos conseguem cobrir com folga as Despesas de
Pessoal com as Receitas de Serviços e Tarifas, sem mexer em suas principais receitas, que são
as da intermediação financeira.
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15 DESEMPENHO DOS BANCOS EM 2020
GRÁFICO 5 Cobertura das Despesas de Pessoal (inclui PLR) pelas Receitas com Prestação de
Serviços e Tarifas dos cinco maiores bancos do país Brasil - 2019 e 2020 (em %)
Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.
Reestruturação bancária: pandemia acelerou o processo de digitalização dos serviços bancários e os bancos fecharam postos de trabalho e agências pelo país
Nos últimos anos, observa-se uma nova reestruturação em curso no Sistema Financeiro
Nacional. Reestruturação essa que passa pela introdução acelerada de novas tecnologias e
digitalização de processos, com consequente encolhimento de suas estruturas físicas de
atendimento e redução significativa do número de trabalhadores(as) na categoria bancária. Esse
movimento se constitui em uma política empreendida pelos maiores bancos do país, visando à
migração dos clientes das plataformas tradicionais de atendimento (agências bancárias) para os
canais digitais (internet e mobile banking).
Cabe ressaltar que esse processo de digitalização das transações financeiras insere-se num
contexto maior de forte incorporação, no setor, de uma série de tecnologias características do
que se convencionou chamar de “4ª revolução industrial”, como big data, inteligência artificial,
organização empresarial em plataformas, blockchain, entre outras.
Com o isolamento social exigido para enfrentar a pandemia da Covid-19, o uso dos canais
virtuais dos bancos nas transações bancárias cresceu significativamente, acelerando ainda mais
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o processo de digitalização. A Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2020, com dados de
2019, apresentou um encarte especial incluindo, também, dados de janeiro e abril de 2020 (abril
foi o auge do isolamento social no Brasil, com grande parte das famílias recolhidas em suas
casas e muitas empresas paradas). O encarte demonstrou que as transações via mobile (celular)
cresceram 10 p.p., chegando a 67% do total das transações efetuadas no país. Somadas às
transações via internet banking, que representaram 7% do total, os canais virtuais dos bancos
responderam por 74% das transações em abril de 2020 (em janeiro de 2020, representavam 64%
do total) – Gráfico 6. Nesse mesmo período, as interações dos clientes via chatboats5
registraram crescimento de 78% e as interações via webchat6 cresceram 85%.
Gráfico 6
Composição das transações bancárias por canal Brasil - jan/20 a abril/2020 (em % do total)
Fonte: Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 20207.
Analisando tais movimentações nos balanços de cada banco, em 2020, 85% do volume
financeiro dos pagamentos realizados no Itaú Unibanco foram feitos nos canais digitais. Com
relação ao volume de investimentos e de contratação de crédito, 47% e 25%, respectivamente,
foram realizados pelos(as) seus(uas) clientes nas plataformas digitais. Esse movimento
5 Programa de computador que procura simular um ser humano na conversação com pessoas/clientes. 6 Sistema que permite às pessoas/clientes uma interação escrita, em tempo real, com a instituição financeira. 7 https://cmsportal.febraban.org.br/Arquivos/documentos/PDF/Pesquisa%20Febraban%20de%20Tecnologia%20Banc%C3%A1ria%202020%20VF.pdf
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representou grande redução de custos para os bancos. Um exemplo dessa redução está na
comparação entre os índices de eficiência das agências físicas e as digitais do Itaú Unibanco:
enquanto as primeiras apresentaram o percentual de 76,7%, as últimas registraram 31,8%. Em
outras palavras, isso significa que, a cada R$ 100,00 de receitas em uma agência física, o banco
gasta R$ 76,70, mas em uma agência digital com a mesma receita, o gasto é de apenas R$ 31,80.
No Bradesco, as transações realizadas pelos(as) seus(uas) clientes nos canais digitais
(mobile e internet) cresceram 14%, em relação a 2019. O número de clientes digitais também
cresceu (15% no ano), chegando a 21,2 milhões (20,3 milhões são usuários do mobile banking).
As transações feitas nas agências bancárias, por sua vez, caíram 62%.
As liberações de crédito Pessoa Física (PF) e Pessoa Jurídica (PJ) via mobile cresceram,
respectivamente, 204% e 187% no Bradesco. No segmento PJ, essas operações concentraram-
se via internet (79%), enquanto, no segmento PF, as operações se concentraram via mobile
(84%).
Já as interações com a BIA (Bradesco Inteligência Artificial) alcançaram 406,3 milhões,
em 2020, sendo 139,6 milhões de interações pelo Whatsapp.
O Santander apresentou um crescimento de 7% em sua base de clientes, em 2020,
passando de 26,1 milhões para 27,9 milhões. Esse crescimento é ainda mais acelerado entre os
clientes digitais, com alta de 16%, chegando a 15,6 milhões, ao final do ano de 2020.
Nos bancos públicos, o cenário não é diferente. No Banco do Brasil, grande parte das
transações (86,4%) foi feita por meio dos canais digitais. O banco já conta com 21,2 milhões
de clientes ativos nos canais digitais, sendo 6,8 milhões de clientes “nativos digitais”.
Na Caixa Econômica Federal, em função do pagamento do Auxílio Emergencial para
combate aos efeitos da pandemia de Covid-19, em 2020, foram abertos 105 milhões de contas-
poupança sociais digitais, pelo app “Caixa Tem”. De acordo com seu relatório8, de um total de
17,4 bilhões de transações bancárias no ano, 64,3% foram feitas pelos canais virtuais da
instituição, com crescimento de 168,5% das transações via celular, em relação a 2019. As
transações em agências e postos de atendimento, por sua vez, representaram 1,18% do total,
somando 206 milhões de transações, em 2020, com queda de 35,8% sobre 2019.
Com a pandemia de Covid-19, em função da necessidade de isolamento social, milhares
de bancários/as (230 mil, mais da metade do total de bancários/as do país) passaram a trabalhar
8 Página 18 do Relatório de Análise do Desempenho do 4T20 (https://www.caixa.gov.br/Downloads/caixa-governanca/Relatorio_de_Analise_do_Desempenho_4T20.pdf).
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em sistema/regime de home office, já a partir de abril de 2020, após negociações dos(as)
representantes dos bancos com o Comando Nacional dos Bancários. Muitas agências e
departamentos foram esvaziados e/ou fechados temporariamente, muitas em definitivo. Esse
processo resultou em uma economia de R$ 746,0 milhões para os cinco bancos em alguns itens
das despesas administrativas, tais como, água, luz e gás; sistemas de vigilância e segurança;
viagens e materiais. (Quadro 3).
QUADRO 3
Itens selecionados das despesas administrativas dos cinco maiores bancos Brasil – 2019 e 2020 (em R$ milhões)
Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE - Rede Bancários
Nessa nova conjuntura, observou-se que os cinco maiores bancos do país aceleraram o
fechamento definitivo de agências bancárias: Itaú, Bradesco, Santander e Caixa, juntos,
fecharam 1.376 agências físicas durante o ano de 2020, o equivalente a 7,8% do total de
agências em 2019,1.215 delas somente durante o período da pandemia (de abril a dezembro).
O Banco do Brasil foi o único dos cinco bancos que apresentou saldo positivo no número
de agências, entre 2019 e 2020, com 12 unidades (que, no caso, são escritórios digitais) abertas
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no ano passado, conforme aponta a Tabela 8. Porém, o BB anunciou, no início de 2021, um
plano de reorganização institucional, que prevê a desativação de 112 agências, ainda durante
este ano.
TABELA 8
Número de agências bancárias nos cinco maiores bancos Brasil – 2019 e 2020
Bancos Ano Variação
2019 2020 % Nominal
Itaú Unibanco – agências físicas 3.158 3.041 -3,7% -117
Bradesco 4.478 3.395 -24,2% -1.083
Santander 2.328 2.153 -7,5% -175
Caixa Econômica Federal 3.373 3.372 - -1
Banco do Brasil – agências físicas 4.356 4.368 0,3% 12
Total 17.693 16.329 -7,7% -1.364 Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE - Rede Bancários
Em 2020, o Bradesco foi o banco que fechou o maior número de agências. Foram 1.083
unidades, o que representou uma redução de 24,2% do total de agências existentes no ano
anterior. Santander e Itaú fecharam 175 e 117 agências (com redução de 7,5% e 3,7% do total),
respectivamente. A Caixa, por sua vez, fechou apenas uma agência no período.
Em relação ao emprego bancário - apesar dos bancos terem se comprometido com os
representantes dos(as) trabalhadores(as) a não promoverem dispensas durante a pandemia -,
entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020, segundo as demonstrações financeiras dos
bancos, o total de empregados(as) nas cinco instituições passou de 404.585 para 391.711.
Portanto, o saldo foi a extinção de 12.874 postos de trabalho, em um ano de crise sanitária,
econômica e social (Tabela 9).
TABELA 9 Número de empregados(as) nos cinco maiores bancos
Brasil – 2019 e 2020
Bancos Ano Variação
2019 2020 % Nominal
Itaú Unibanco 81.691 83.919 2,7% 2.228
Bradesco 97.329 89.575 -8,0% -7.754
Santander 47.819 44.599 -6,7% -3.220
Caixa Econômica Federal 84.556 81.945 -3,1% -2.611
Banco do Brasil 93.190 91.673 -1,6% -1.517
Total 404.585 391.711 -3,2% -12.874 Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos. Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.
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O Bradesco fechou o maior número de postos de trabalho (-7.754), seguido do Santander
(-3.220) e da Caixa (-2.611). O Banco do Brasil, por sua vez, fechou 1.517 postos. Apenas o
Banco Itaú apresentou saldo positivo no emprego bancário, abrindo 2.228 postos. Parte desse
saldo positivo do Itaú diz respeito a contratações para a área de tecnologia da informação do
banco e parte refere-se aos(às) empregados(as) da empresa de tecnologia ZUP, adquirida pelo
banco, incorporados no 2º trimestre de 2020.
Entre 2012 e 2020, os cinco bancos já fecharam 63.077 postos de trabalho
(correspondentes a 13,9% do total de trabalhadores/as dessas instituições no início da série). O
Banco do Brasil fechou mais postos, tanto em números absolutos (-22.489), quanto em termos
relativos (-19,7%). A Caixa eliminou 10.981 postos de trabalho (-11,8% do total). Assim, os
dois bancos públicos responderam pela maior parte dos postos fechados, ou seja, 33.479 postos
(53,1% do total de cortes) no período.
Entre os bancos privados, o Bradesco fechou 13.810 postos no período (-13,4% do total
de trabalhadores/as em 2012); o Santander eliminou 9.393 postos de trabalho (-17,4%) e, por
fim, o Itaú Unibanco fechou 6.384 postos desde 2012 (-7,1% do total) - (vide tabela 10).
TABELA 10
Número de empregados(as) nos cinco maiores bancos Brasil – 2012 a 2020 (anos selecionados)
Bancos 2012 2015 2017 2020 Variação
% Variação Absoluta
Itaú Unibanco 90.303 83.481 85.537 83.919 -7,1% -6.384
Bradesco 103.385 92.861 98.808 89.575 -13,4% -13.810
Santander 53.992 50.024 47.404 44.599 -17,4% -9.393
Caixa Econ. Federal 92.926 97.458 87.654 81.945 -11,8% -10.981
Banco do Brasil 114.182 109.191 99.161 91.693 -19,7% -22.489
Total 454.788 433.015 418.564 391.711 -13,9% -63.077 Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos. Elaboração: DIEESE - Rede Bancários.
Considerações finais
Mesmo em um ano marcado por uma pandemia e a maior queda do PIB brasileiro desde
o início da série histórica, em 1996, os maiores bancos brasileiros mantiveram um alto patamar
de lucratividade, em 2020, devido à forte incidência de créditos tributários, queda na despesa
de pessoal, redução de agências e ampliação da utilização de canais digitais.
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Os bancos já estavam em um processo intenso de reestruturação com grande volume de
investimentos em tecnologias da informação, tendo como objetivo a melhoria de seus índices
de eficiência e a expansão dos negócios com menores custos. Com a pandemia, esse processo
se aprofundou. Os balanços divulgados mostraram o crescimento significativo das transações
financeiras pelos canais digitais – transferências, operações de crédito e investimentos -, bem
como a abertura de grande número de contas de clientes 100% digitais.
Além disso, devido às restrições de aglomeração e à necessidade de isolamento social,
milhares de bancários(s) foram direcionados ao trabalho em home office. Essa atuação reduziu
sobremaneira os custos de operação das instituições e propiciou o fechamento de um número
significativo de agências físicas e de escritórios operacionais, com consequente redução de
despesas com vigilância, água, luz, telefone, aluguéis, viagens, entre outras. Esse processo foi
acompanhado da extinção de quase 13 mil postos de trabalho, somente em 2020, em plena crise
sanitária e econômica, à revelia do compromisso dos bancos de não realização de dispensas,
formalizado em acordo de abril de 2020, entre os bancos e o Comando Nacional dos Bancários.
As dispensas, no entanto, não se restringiram a 2020. Já no início de 2021, o Banco do
Brasil divulgou um plano de “readequação institucional”, visando o fechamento de 361
unidades (112 agências, sete escritórios e 242 postos de atendimento), além do lançamento de
dois planos de “demissão voluntária” (PAQ e PDE), prevendo o desligamento de 5.533
trabalhadores(as) da ativa. De acordo com o Banco do Brasil, o fechamento das unidades vai
resultar em uma redução de gastos de R$ 783 milhões por ano, num total de R$ 2,9 bilhões, até
2025.
A importância da atuação dos bancos públicos ficou evidente na pandemia. Explicitou-
se, por exemplo, para a sociedade brasileira, a importância da Caixa Econômica Federal, no
pagamento de R$ 295 bilhões de Auxílio Emergencial para mais de 60 milhões de brasileiros,
em todos os cantos do país. Esses bancos públicos possuem maior capilaridade e não se
concentram, somente, nos grandes centros urbanos, como a maioria dos bancos privados.
Empresas públicas são fundamentais para o desenvolvimento econômico e social do país,
não somente na distribuição de benefícios sociais, mas também na execução de políticas
públicas de incentivo e apoio às pessoas, às famílias e ao setor privado, principalmente, em um
momento de crise como o que o país está atravessando.
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