DIREITO PROCESSUAL PENALPROCEDIMENTO
2SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................................................................................31.1. Principais alterações introduzidas pela Lei n. 11.719/08 no procedimento do CPP:................................3
1.2. Enquadramento terminológico..................................................................................................................3
1.2.1. CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO...........................................................................................................4
1.2.2. FINALIDADE............................................................................................................................................4
1.2.3. PRESSUPOSTOS......................................................................................................................................4
1.2.4. SISTEMAS PROCESSUAIS.........................................................................................................................4
1.3. Classificação dos procedimentos...............................................................................................................6
1.4. Escolha do rito no procedimento comum..................................................................................................7
2. ESTRUTURA DO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO......................................................................................102.1. 1ª Etapa: Fase postulatória......................................................................................................................11
2.1.1. Oferta da inicial acusatória..............................................................................................................11
2.1.2. Juízo de admissibilidade...................................................................................................................16
a. Negativo: rejeição da inicial.....................................................................................................................16
b. Positivo: Recebimento da inicial..............................................................................................................20
c. Citação do réu..........................................................................................................................................25
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO................................................................................................................44BIBLIOGRAFIA UTILIZADA....................................................................................................................................................44
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
3
ATUALIZADO EM 06/08/20181
PROCEDIMENTOi
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O assunto foi profundamente alterado pelas Leis 11.689/08 e Lei 11.719/08
I.1. Principais alterações introduzidas pela Lei n. 11.719/08 no procedimento do CPP:
I. Concentração dos atos instrutórios, nos procedimentos ordinários e sumários, em audiência uma, na
qual também deverá ser proferida sentença, salvo maior complexidade probatória (CPP, art. 403, 3º)
II. Em todos os procedimentos, com exceção do procedimento do Júri e dos Juizados Especiais, o réu é
citado para apresentação de defesa escrita e não mais para comparecer ao interrogatório.
III. O interrogatório do réu, antes primeira providencia defensiva e instrutória, passa a ser a última
delas, ao final da audiência de instrução.
IV. Alteração dos critérios de determinação dos ritos ordinários e sumários.
I.2. Enquadramento terminológico
Procedimento : é uma sequencia lógica de atos definidos em lei e destinados a uma finalidade.
Processo : é um procedimento em contraditório, animado pela relação jurídica entre os sujeitos
processuais.Processo = Procedimento em contraditório + relação jurídica processual. Internamente o
processo é uma relação jurídica triangular porque comporta: juiz, autor e réu.
Rito : deriva de ritmo que nada mais é que a amplitude assumida por determinado procedimento.
Ação : é o direito público e subjetivo constitucionalmente assegurado de exigir do estado juiz a
aplicação da lei ao caso concreto para a solução da demanda penal. CRÍTICA: para Olvídio Batista,
ação é o que fazemos para obter o direito a uma justa e adequada prestação jurisdicional dentro do
prazo razoável.
1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo ([email protected]) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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I.2.1. CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO
• Público: visa à aplicação do direito penal, que é público.
• Progressivo: o processo, conceitualmente, constitui uma “marcha para a frente”.
• Autônomo: pois a relação jurídica processual não se confunde com o direito postulado.
• Abstrato e independente: o processo independe da procedência ou não do pedido.
• Específico: o processo é sempre atrelado a um pedido, e assim sempre a uma ação.
I.2.2. FINALIDADE
No campo do processo penal, não há alternativa para o titular da ação penal, independentemente das
partes aceitarem a pretensão deduzida na inicial o Ministério Público ou o Querelante terão que se socorrer do
Poder Judiciário para aplicar a pena.
Mesmo no caso da transação penal dos juizados especiais federais, as partes têm que transigir em juízo.
Diferentemente no campo civil, em que a intervenção estatal não é obrigatória. Para Nestor Távora, o processo
penal tem uma finalidade mediata (pacificação social) e outra imediata (aplicação do direito penal em concreto).
I.2.3. PRESSUPOSTOS
Partindo do princípio de que, inexistindo diferença de natureza entre a ação penal e a ação civil, os
pressupostos para a constituição e regular desenvolvimento do processo devem ser os mesmos em ambas.
I.2.4. SISTEMAS PROCESSUAIS
Segundo as formas com que se apresentam e os princípios que os informam são três os sistemas
processuais utilizados na evolução histórica do direito: o inquisitivo, o acusatório e o misto.
SI STEMA INQUISITIVO - Tem suas raízes no Direito Romano, quando, por influência da
organização política do Império, se permitiu ao juiz iniciar o processo de ofício. Revigorou-se na
Idade Média diante da necessidade de afastar a repressão criminal dos acusadores privados e
alastrou-se por todo o continente europeu a partir do Século XV diante da influência do Direito
Penal da Igreja e só entrou em declínio com a Revolução Francesa. Concentração das funções de
acusar, defender e julgar na figura do juiz. Não há contraditório ou ampla defesa. O processo é
normalmente escrito e secreto e se desenvolve em fases por impulso oficial. A confissão é
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5elemento suficiente para a condenação, permitindo-se inclusive a tortura, etc. O réu é OBJETO do
processo e não sujeito.
SISTEMA ACUSATÓRIO - tem suas raízes na Grécia e em Roma, instalado com fundamento na
acusação oficial, embora se permitisse, excepcionalmente, a iniciativa da vítima, de parentes
próximos e até de qualquer do povo.O sistema acusatório floresceu na Inglaterra e na França após
a revolução, sendo hoje adotado na maioria dos países americanos e em muitos da Europa. No
direito moderno, tal sistema implica o estabelecimento de uma verdadeira relação processual
com o actumtriumpersonarum, estando em pé de igualdade o autor e o réu, sobrepondo-se a
eles, como órgão imparcial de aplicação da lei, o juiz. No plano histórico das instituições
processuais, apontam-se como traços profundamente marcantes do sistema acusatório: a) o
contraditório, como garantia político-jurídica do cidadão; b) as partes acusadora e acusada, em
decorrência do contraditório, encontram-se no mesmo pé de igualdade; c) oprocesso é público,
fiscalizável pelo olho do povo; excepcionalmente permite-se uma publicidade restrita ou especial;
d) as funções de acusar, defender e julgar são atribuídas a pessoas distintas e, logicamente, não é
dado ao juiz iniciar o processo(neprocedatjudexexofficio); e) o processo pode ser oral ou escrito; f)
existe, em decorrência do contraditório, igualdade de direitos e obrigações entre as partes, pois
non debetlicereactori, quod reo non permittitur; g) a iniciativa do processo cabe à parte
acusadora, que poderá ser o ofendido ou seu representante legal, qualquer cidadão do povo ou
um órgão do Estado.
SISTEMA MISTO , ou sistema acusatório formal, é constituído de uma instrução inquisitiva (de
investigação preliminar e instrução preparatória) e de um posterior juízo contraditório (de
julgamento). Embora as primeiras regras desse processo fossem introduzidas com as reformas da
Ordenança Criminal de Luiz XIX (1670), a reforma radical foi operada com o Code
d’InstructionCriminelle de 1808, na época de Napoleão, espalhando-se pela Europa Continental no
século XIX. É ainda o sistema utilizado em vários países da Europa e até da América Latina
(Venezuela). No direito contemporâneo, o sistema misto combina elementos acusatórios e
inquisitivos em maior ou menor medida, segundo o ordenamento processual local e se subdivide
em duas orientações, segundo a predominância na Segunda fase do procedimento escrito ou oral,
o que, até hoje é matéria de discussão.
Adotamos o sistema acusatório não ortodoxo, pois o juiz não é um espectador estático, tendo iniciativa
probatória e possibilidade de concessão do HC de ofício. Estabelece “o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes” (art. 5º, LV); a ação penal pública é promovida, privativamente, pelo Ministério
Público (art. 129, I), embora se assegure ao ofendido o direito à ação privada subsidiária (art. 5 º LIX); a autoridade
julgadora é a autoridade competente – juiz constitucional ou juiz natural (art. 5º, LIII, 92 a 126); há publicidade dos
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6atos processuais, podendo a lei restringi-la apenas quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem
(art. 5º, LX).
A doutrina tem procurado distinguir certos princípios característicos do processo penal moderno,
principalmente no que se refere ao sistema acusatório. Tais princípios, porém, não são exclusivos desse sistema e
a ausência ou atenuação de alguns deles não o descaracterizam. Os principais são os do estado de inocência, do
contraditório, da verdade real, da oralidade, da obrigatoriedade, da oficialidade, da indisponibilidade do
processo, do juiz natural e da iniciativa das partes.
I.3. Classificação dos procedimentos
I.3.1. Procedimento comum
a) Rito ordinário
b) Rito sumário
c) Rito sumaríssimo
Obs.: vale lembrar que o procedimento comum de rito ordinário é aplicado subsidiariamente para suprir lacunas
dos demais procedimentos.
Obs.: violação às regras procedimentais = em regra, nulidade relativa (prejuízo).
I.3.2. Procedimentos especiais (os mais cobrados)
a) Júri
b) Lei de drogas – Lei 11.343/06
c) Ações originárias de tribunais – Lei 8.038/90
d) Crimes de responsabilidade dos funcionários públicos – Art. 513 a 518 CPP
e) Crimes contra a honra – art. 519 a 523 CPP
f) Crimes contra a propriedade imaterial – Art. 524 a 530-I CPP
Obs. 1: Art. 394, §4º - As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos
penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código:causas de rejeição da peça acusatória,
recebimento da inicial e citação do acusado, resposta à acusação e absolvição sumária.
Obs. 2: entre o procedimento da lei de trafico e o procedimento comum ordinário, o procedimento mais amplo,
que assegura maiores faculdades é o procedimento comum ordinário. Sempre que houver conexão entre um
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7procedimento especial e o procedimento comum ordinário, este deve prevalecer. (confere maior amplitude de
defesa)
Obs. 3: A transação e a suspensão condicional do processo aplicam-se ainda que se trate de rito especial, pois
advém de mandamento constitucional.
APLICAÇÃO DA LEI 11719/08 AOS PROCESSOS EM ANDAMENTO:
DOUTRINA APONTA 03 SISTEMAS:
SISTEMA DA UNIDADE
PROCESSUAL:
SISTEMA DAS FASES
PROCESSUAIS:
SISTEMA DO ISOLAMENTO DOS
ATOS PROCESSUAIS:
Apesar de se desdobrar em uma
série de atos diversos o processo
apresenta uma unidade.
Portanto, somente pode ser
regulado por uma única lei, no caso
a lei antiga. Irretroatividade da lei
nova.
Cada fase processual pode ser
disciplinada por uma lei diferente.
(fase postulatória / fase ordinatória
/ fase instrutória / fase decisória /
fase recursal).
De acordo com esse 3º sistema a lei
nova não atinge os atos processuais
já praticados, porém aplica-se aos
atos processuais a praticar,
independentemente da fase
processual em que estivermos.
(PREVALECE ESSE SISTEMA)
EXEMPLO:
ANTES DA LEI 11.719/08 DEPOIS DA LEI 11.719/08
Quadro comparativo da instrução processual
1º Interrogatório do acusado (1ª Audiência)
2º testemunhas de acusação (outra audiência)
3º testemunhas de defesa (outra audiência)
1º Audiência una de instrução e julgamento.
Testemunhas de acusação
Testemunhas de defesa.
Interrogatório do acusado.
Processo em andamento em agosto de 2008. O juiz, ainda na vigência da lei anterior, havia feito o
interrogatório do acusado. No dia seguinte ao interrogatório entra em vigor a nova lei. Pergunta-se o que o juiz
vai fazer agora?
Continua aplicando a lei antiga e ouve testemunha de acusação e defesa, ou pula para uma lei nova e faz a
audiência una? Neste caso, a doutrina vem entendendo que mesmo que o interrogatório já tenha sido realizado
deve o juiz proceder a audiência una de instrução e julgamento, possibilitando novo interrogatório após a oitiva
do ofendido e das testemunhas de acusação e defesa.
I.4. Escolha do rito no procedimento comum
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8Escolha do rito Antes da reforma Após a reforma
Ordinário Reclusão Pena máxima = ou maior que 4 anos
Sumário Detenção Pena máxima menor que 4 anos
Sumaríssimo – Juizado
Pena máxima de até dois anos E
contravenções
(independentemente da
quantidade de pena). São os crime
de menor potencial ofensivo.
Pena máxima de até dois anos E
contravenções (independentemente da
quantidade de pena). São os crime de
menor potencial ofensivo.
Obs.: suspensão condicional do processo = pena MÍNIMA de 1 ano.
Cabe ressaltar que alguns delitos, apesar de submetidos ao procedimento comum, não seguem a regra acima
apresentada. São eles:
Crimes falimentares (Lei nº 11.101/05): independente da pena, sempre será cabível o procedimento
sumário.
Crimes definidos no Estatuto do Idoso(Lei nº 10.741/03) cuja pena máxima não ultrapasse quatro anos de
prisão: será cabível o procedimento sumaríssimo.
Crimes praticados mediante violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei nº 11.340/06): segundo a
lei Maria da Penha, não há aplicabilidade para o procedimento sumaríssimo para as infrações de menor
potencial ofensivo. Assim, aplica-se o procedimento comum ordinário, no caso de crimes cuja pena
máxima cominada seja igual ou superior a quatro anos; o procedimento comum sumário, se for o caso de
pena privativa de liberdade inferior a quatro anos, ou o procedimento especial adequado a espécie (rito
do júri).
Obs.: O rito sumário é o soldado de reserva (Nelson Hungria) do rito sumaríssimo, para acobertar eventuais
infrações de menor potencial ofensivo, que não tramitarão no juizado. É o que ocorre quando a complexidade do
fato impede a oferta oral da denúncia no juizado; é também o que ocorre quando o denunciado não é localizado
para ser citado por edital ou quando se trata de violência doméstica (Lei Maria da Penha).
HIPÓTESE RITO PROIBIDO
Violência doméstica Sumaríssimo
Idoso Sumário
Falência Ordinário e sumaríssimo
Edital Sumaríssimo
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9Obs.: Estatuto do idoso: aplicaremos o rito sumaríssimo aos crimes contra o idoso cuja pena seja de até 4 anos.
Todavia, se a pena máxima é superior a 2 anos, os institutos benéficos do juizado não serão aplicados, já que a
infração não tem o status de menor potencial ofensivo. Visa à celeridade. Art. 94 da Lei 10.741/03.
Obs.: Quanto ao concurso de crimes e às causas de aumento e de diminuição, vamos seguir as seguintes regras
interpretativas.
Concurso material = somatório das penas máximas para definição do rito a ser seguido
Causa de aumento de pena = exasperar a pena máxima da fração máxima. Pena máxima x fração máxima.
Causa de diminuição de pena = Pena máxima x fração mínima.
Conexão e continência = reuniremos todas as infrações para julgamento, da seguinte forma:
a. Crime eleitoral x crime comum = vara eleitoral
b. Crime doloso contra a vida x crime comum = Júri
c. Jurisdição de maior hierarquia x jurisdição de menor hierarquia = Maior hierarquia. Nesse
caso, seguiremos o rito da lei 8.038/90. Súmula 704 – não há ofensa a garantias
constitucionais quando o cidadão comum é levado ao Tribunal por ter praticado crime
com autoridade que goza de prerrogativa de função.
d. Infrações pertencentes a mesma Justiça e de hierarquia jurisdicional similar = Local do
crime de maior pena (ex. roubo em SP x receptação em MG = SP). Se os crimes têm a
mesma gravidade = local onde ocorreu o maior número de delitos. Se os crimes têm a
mesma gravidade e idêntica quantidade por comarca = órgão prevento.
Obs.: entre o procedimento da lei de trafico e o procedimento comum ordinário, o procedimento mais amplo,
que assegura maiores faculdades é o procedimento comum ordinário. Sempre que houver conexão entre um
procedimento especial e o procedimento comum ordinário, este deve prevalecer. (confere maior amplitude de
defesa).
Agravantes e atenuantes não são consideradas.
Súmula 243 STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas
em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
STF - SÚMULA Nº 723: NÃO SE ADMITE A SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO POR CRIME CONTINUADO, SE
A SOMA DA PENA MÍNIMA DA INFRAÇÃO MAIS GRAVE COM O AUMENTO MÍNIMO DE UM SEXTO FOR SUPERIOR
A UM ANO.
2. ESTRUTURA DO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIOCICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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ANTIGO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO: NOVO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO
1º Oferecimento da peça acusatória. 1º Oferecimento da peça acusatória.
2º Recebimento / Rejeição da peça acusatória.
2º RECEBIMENTO2(interrompe prescrição)/REJEIÇÃO
LIMINAR DA PEÇA ACUSATÓRIA(petição inepta, falta
de condições da ação, pressupostos processuais ou
justa causa.
3º Citação por edital ou por oficial de justiça 3º Citação do acusado (RESPOSTA EM 10 DIAS)
4º Interrogatório 4º RESPOSTA À ACUSAÇÃO (peça obrigatória)
5º Defesa prévia. (facultativa. era o momento para a
defesa apresentar o rol de testemunhas e requerer
eventual prova a ser produzida)
5º AUTOS VÃO AO JUIZ PARA QUE ELE ANALISE
POSSÍVEL ABSOLVIÇÃO SUMARIA (excludente de
ilicitude; excludente de culpabilidade, salvo
inimputabilidade; fato atípico ou extinção da
punibilidade)
6º Oitiva do ofendido.
6º DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA
UNA DE INSTRUÇÃO E
JULGAMENTO (pode ser
desmembrada pelo excesso de
atos) (1º - ouve ofendido; 2º -
testemunhas acusação/defesa;
3º - peritos, acareações e
reconhecimentos; 4º -
interrogatório; 5º - diligências,
se necessárias; 6º - alegações
finais ou memoriais em 5 dias;
7º - sentença)
6º ABSOLVIDO
EXTINGUE O
PROCESSO.
7º Oitiva das testemunhas de acusação
8º Oitiva das testemunhas de defesa
9º Diligencias (fase do artigo 499)
10º Alegações finais (escritas fase do artigo 500)
A AUSÊNCIA DE ALEGAÇÕES FINAIS É CAUSA DE
NULIDADE ABSOLUTA.
11º Diligencias de oficio pelo juiz
12º SENTENÇA
2A banca própria do concurso do TRF3/2016, enquadrou este ato como “recebimento a título precário”.CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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DEFESA PRÉVIA: Era a peça oferecida pela defesa após o interrogatório do acusado. A sua única relevância era
para apresentar testemunhas.
QUAL ERA A CONSEQÜÊNCIA DA AUSÊNCIA DA DEFESA PRÉVIA?
R: A ausência da defesa prévia não era considerada causa de nulidade absoluta. OBS: Era indispensável a
intimação para o oferecimento da defesa prévia (nulidade absoluta),porém sua ausência não era causa de
nulidade absoluta.
Como o advogado estava presente no interrogatório a partir de 2003 (interrogatório como meio de defesa), este
já saía intimado para apresentar a defesa prévia. Por isso, essa nulidade não ocorria na prática.
A AUSÊNCIA DE ALEGAÇÕES FINAIS É CAUSA DE NULIDADE ABSOLUTA. STF - SÚMULA Nº 523 - NO PROCESSO
PENAL, A FALTA DA DEFESA CONSTITUI NULIDADE ABSOLUTA, MAS A SUA DEFICIÊNCIA SÓ O ANULARÁ SE
HOUVER PROVA DE PREJUÍZO PARA O RÉU.
Obs.: Atualmente, como o advogado deve estar presente na audiência una, se o defensor não apresentar, o juiz
pode nomear um advogado dativo para o ato, evitando o prejuízo e a nulidade.
2.1.1ª Etapa: Fase postulatória
2.1.1. Oferta da inicial acusatória
a. Denúncia
b. Queixa crime
Os requisitos da inicial acusatória estão no art. 41 CPP e integram o mapa da peça. A denúncia ou queixa
conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
Obs.: Ação penal adesiva - é a possibilidade da formação de um litisconsórcio ativo facultativo entre o MP e
o querelante, havendo conexão entre um crime de ação pública e outro de iniciativa privada. A nossa doutrina
recomenda a propositura separada das ações, mesmo havendo conexão, ara que não ocorra tumulto
procedimental. Para Tourinho Filho, a ação penal adesiva comporta outro significado, representando a discussão
da justa indenização devida à vítima dentro da própria esfera penal.
ROL DE TESTEMUNHAS :
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
12PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO
08 TESTEMUNHAS por fato delituoso.
PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO
05 TESTEMUNHAS
ALGUNS ENTENDEM QUE:
Para o MP (Acusação) são 08 testemunhas por
fato delituoso.
Para defesa são 08 testemunhas por acusado.
OBS.: ALGUNS PROCEDIMENTOS TRAZEM A DEFESA PRELIMINAR
DEFESA PRELIMINAR ≠ DEFESA PRÉVIA ≠ RESPOSTA A ACUSAÇÃO
I. Qual é o momento processual da apresentação DA DEFESA PRELIMINAR?A defesa preliminar é
apresentada entre o oferecimento e o recebimento da peça acusatória.
II. QUAL É O SEU OBJETIVO (defesa preliminar)? A defesa preliminar visa a impedir a instauração de um
processo temerário. Tenta-se levar ao juiz algum elemento que impeça que ele receba a peça acusatória.
Já a defesa prévia era aquela prevista no procedimento anterior, onde o réu limitava-se a apresentar o rol
de testemunhas, após o seu interrogatório.
III. ONDE SE TEM A DEFESA PRELIMINAR?
• Artigo 514 CPP CRIMES FUNCIONAIS AFIANÇÁVEIS.
• Artigo 55, da lei de drogas.
• Artigo 4º, da lei 8038/90 competência originária dos tribunais.
• Artigo 81, da lei dos juizados.
• Artigo 17, §7º, da lei 8.429/92 (lei de improbidade administrativa)*.
IV. QUAL É A CONSEQUÊNCIA DA INOBSERVÂNCIA (juiz recebe antes da defesa preliminar) DO
PROCEDIMENTO RELATIVO À DEFESA PRELIMINAR?
1ª CORRENTE. 2ª CORRENTE
STJ: para o STJ a inobservância é causa de mera
NULIDADE RELATIVA (HC 72306 e também a
súmula 330 STJ)
STF: no HC 85719 o supremo manifestou-se
contrariamente a súmula 330, dizendo que a
inobservância da defesa preliminar seria uma
nulidade absoluta.
STJ SUMULA 330 É desnecessária a resposta
preliminar de que trata o artigo 514 do Código de
Processo Penal, na ação penal instruída por
Essa súmula viola a isonomia.
NULIDADE ABSOLUTA
PREJUÍZO É PRESUMIDO,
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
13inquérito policial. podendo ser arguida a nulidade a qualquer
momento.
NÃO É POSIÇÃO TRANQUILA DO STF
Depois desse julgado, o STF já se decidiu que,
mesmo sendo nulidade absoluta, há de ser
comprovado, quando possível o prejuízo (v.
ementa abaixo, mas que ele é presumidos nesses
casos.
Quando se fala em nulidade relativa devemos nos
lembrar:
Tem que ser arguida no momento oportuno sob
pena de preclusão e o prejuízo deve ser
comprovado.
*Ementa: HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES, PRATICADO NA VIGÊNCIA DAS LEIS
6.368/1976 E 10.409/2002. OPÇÃO DO JUÍZO PROCESSANTE PELO RITO DA LEI 6368/1976. INOBSERVÂNCIA DO
ART. 38 DA LEI 10.409/2002. NULIDADE ABSOLUTA. DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO. PROVA IMPOSSÍVEL.
PREJUÍZO PRESUMIDO. NULIDADE QUE NÃO É DE SER SANADA PELA PRECLUSÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A
ausência de oportunidade para o oferecimento da defesa prévia na ocasião legalmente assinalada revela-se
incompatível com a pureza do princípio constitucional da plenitude de defesa, mormente em matéria penal. A
falta do alegado requisito da defesa prévia à decisão judicial quanto ao recebimento da denúncia, em processo
penal constitucionalmente concebido como pleno, deixa de sê-lo. A ampla defesa é transformada em curta
defesa, ainda que por um momento, e já não há como desconhecer o automático prejuízo para a parte processual
acusada. Precedentes. 2. O Supremo Tribunal Federal tem se posicionado pela necessidade de demonstração do
prejuízo para a defesa, mesmo nos casos de nulidade absoluta. Todavia, esse entendimento só se aplica quando é
logicamente possível a prova do gravame. 3. Em casos como o presente, é muito difícil, senão impossível, a
produção da prova do prejuízo. Pelo que o recebimento da denúncia e a condenação dos pacientes passam a
operar como evidência de prejuízo à garantia da ampla defesa (HC 84.835, da relatoria do ministro Sepúlveda
Pertence). 4.No campo das nulidades processuais, a preclusão – forma de convalidação do ato praticado em
desconformidade com o modelo legal – diz respeito propriamente às chamadas nulidades relativas, porque
somente nestas o reconhecimento da invalidade depende de provocação do interessado. 5. Ordem concedida,
com determinação de expedição de alvará de soltura dos pacientes. (HC 103094, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,
Segunda Turma, julgado em 02/08/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-028 DIVULG 08-02-2012 PUBLIC 09-02-
2012)
*Art. 514 do CPP e Defesa Preliminar - A circunstância de a denúncia estar embasada em elementos de
informação colhidos em inquérito policial não dispensa a obrigatoriedade, nos crimes afiançáveis, da defesa
preliminar de que trata o art. 514 do CPP (“Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida
forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo
de quinze dias.”). A Turma, com base nesse entendimento, deferiu habeas corpus para anular, desde o início,
ação penal instaurada para apurar suposta prática dos delitos de peculato e extorsão em concurso de agentes
(CP, artigos 312 e 158, caput e § 1º, c/c os artigos 69 e 29) em desfavor de servidor público que não fora intimado CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
14a oferecer a referida defesa preliminar. Precedentes citados: HC 85779/RJ (DJU de 29.6.2007) e HC 89686/SP (DJU
de 17.8.2007). HC 96058/SP, rel. Min. Eros Grau. 17.3.2009. (HC-96058)
OBS.: entendimento contrário à doutrina majoritária e STJ (súm 330)
*Defesa Preliminar e Crimes Não Funcionais. O procedimento previsto no art. 513 e seguintes do CPP reserva-se
aos casos em que são imputados ao réu apenas crimes tipicamente funcionais. Com base nesse entendimento, a
Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus impetrado em favor de delegado de polícia — denunciado pela
suposta prática dos delitos previstos nos artigos 288, caput, 312, § 1º, 316 e 328, parágrafo único, todos do CP —,
no qual se sustentava violação ao devido processo legal e à plenitude de defesa, dado que não lhe fora
oportunizada a possibilidade de intentar defesa preliminar (CPP, art. 514) antes do recebimento da denúncia,
garantia esta conferida aos funcionários públicos. Entendeu-se que, em que pese a jurisprudência desta Corte no
sentido de que a denúncia respaldada em elementos colhidos em inquérito policial não dispensa a
obrigatoriedade da notificação prévia do acusado nos termos do citado art. 514 do CPP,tendo a inicial acusatória
imputado ao paciente crimes funcionais e não funcionais, não se aplicaria o disposto em tal preceito. Vencido o
Min. Marco Aurélio, que deferia a ordem por considerar que a cumulação objetiva, concentrando o parquet, em
um mesmo processo, todas as denúncias, não seria capaz de afastar a incidência do mencionado artigo, sob pena
de se permitir um drible ao próprio dispositivo, bastando que o Ministério Público denunciasse por outros crimes
para se esquivar da formalidade legal. HC 95969/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 12.5.2009 (HC-95969).
V. RÉU INTIMADO QUE NÃO OFERECE A DEFESA PRELIMINAR: o prazo concedido à reposta é de 15 DIAS, a
partir da INTIMAÇÃO DO ACUSADO ou da NOMEAÇÃO E INTIMAÇÃO DO DEFENSOR DATIVO. Entretanto,
não há nulidade se o RÉU NOTIFICADO REGULARMENTEDEIXAR DE SE MANIFESTAR.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ #OLHAOGANCHO: A nomeação judicial de Núcleo de Prática Jurídica para
patrocinar a defesa de réu dispensa a juntada de procuração. STJ. 3ª Seção. EAREsp 798.496-DF, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 11/04/2018 (Info 624).
VI. ART. 514, CPP E AS REFORMAS OCORRIDAS: questionamento se a fase do art. 514 (defesa preliminar),
CPP, continuaria existindo após as reformas trazidas pelo CPP. José Baltazar, em seu livro Crimes
Federais, por entender que a defesa escrita do art. 396, CPP, ocorre antes do recebimento da denúncia,
que segundo ele ocorre no momento do art. 399, afirma que o dispositivo teria sido revogado. Esse não é
o entendimento que tem prevalecido. Para a doutrina majoritária, o recebimento da denúncia ocorre
ANTES do oferecimento da defesa escrita (art. 396, CPP), sendo certo que a fase do art. 514, CPP
continuaria existindo normalmente.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
15VII. ART. 514 E REQUISITO DA AFIANÇABILIDADE: um dos requisitos para a fase do rito do ART. 514 é que o
crime seja AFIANÇÁVEL. Desta forma, nos termos do ART. 323, I, CPP, combinado com o entendimento da
SÚMULA 81 STJ, havendo imputação de CRIMES EM CONCURSO, se a SOMA DAS PENAS MÍNIMAS for
SUPERIOR a 2 ANOS não será necessária a DEFESA PRELIMINAR(ISSO ERA ANTES DA LEI N. 12.403/11.)
VIII. DEFESA PRELIMINAR E O CO-RÉU: a necessidade da defesa preliminar não se estende ao CO-RÉU que NÃO
OSTENTA a condição de FUNCIONÁRIO PÚBLICO. - Q.
IX. DEFESA PRELIMINAR E O FUNCIONÁRIO QUE NÃO MAIS ESTÁ NO CARGO: a notificação é a rigor
NECESSÁRIA também quando o denunciado ou querelado tenha sido exonerado ou deixado de exercer o
cargo, emprego ou função após a prática do delito, pois, a defesa preliminar visa resguardar também a
administração pública, e não só a pessoa do acusado. Noberto Avena, na obra Processo Penal
Esquematizado (5. Edição, pag 722) explica que “embora alguns doutrinadores sustentem que o
resguardo da função pública justifica a utilização do rito especial, mesmo que dela tenha se afastado o
funcionário público, prevalece largamente o entendimento no sentido de que é desnecessária sua
aplicação em tal hipótese.”
X. DEFESA PRELIMINAR E OS CRIMES FUNCIONAIS AOS QUAIS SE APLICA: segundo algumas decisões do STJ a
DEFESA PRELIMINAR somente teria CABIMENTO no caso dos DELITOS DESCRITOS NOS ARTS. 312 A ART.
326, CP, que tratam dos DELITOS FUNCIONAIS PRÓPRIOS. Não se aplicaria, por exemplo, em crimes
praticados, por servidor, contra a ordem tributária. (Ressalto, porém, que os crimes previstos no art. 3º
da Lei n. 8.137 são funcionais próprios). HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. DISPENSA DE LICITAÇÃO
FORA DAS HIPÓTESES LEGAIS. AÇÃO PENAL INSTRUÍDA POR INQUÉRITO CIVIL. DEFESA PRELIMINAR
PREVISTA NO ART. 514 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES. SÚMULA N.º
33 DESTA CORTE. ORDEM DENEGADA. 1. A defesa prévia é necessária apenas em crimes funcionais
próprios e na hipótese de estar embasada exclusivamente em representação. A denúncia que imputou ao
Paciente crime de fraude à licitação - que pode ser praticado por qualquer pessoa - foi ofertada quando
ele não estava mais no exercício da função pública, com base em inquérito civil, sendo desnecessário,
portanto, a obediência à regra do art.514 do Código de Processo Penal, que deve ser observada apenas
em crimes funcionais próprios.2. Ordem denegada. (HC 143.663/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, julgado em 17/11/2009, DJe 15/12/2009)
XI. IMPUTAÇÃO DE CRIME FUNCIONAL EM CONCURSO COM CRIME NÃO FUNCIONAL: segundo o
entendimento do STF/STJ dispensa-se a DEFESA PRELIMINAR quando houve imputação de CRIME
FUNCIONAL em concurso com CRIME NÃO FUNCIONAL. Nesse sentido, A defesa preliminar é aplicada nos
casos de crimes funcionais, praticados por funcionário público no exercício de suas funções ou em razão
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
16destas, mas apenas nos casos dos delitos descritos nos art. 312 a art. 326, do Código Penal, que tratam
dos crimes funcionais próprios.
*RECURSO EM HABEAS CORPUS. CRIME PRATICADO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS
EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES, QUADRILHA E CORRUPÇÃO PASSIVA. INOBSERVÂNCIA DO ART. 514 DO CPP.
INOCORRÊNCIA DE NULIDADE PROCESSUAL. DELITOS FUNCIONAIS TÍPICOS E INFRAÇÕES PENAIS COMUNS. AÇÃO
PENAL INSTRUÍDA POR INQUÉRITO POLICIAL. DESNECESSIDADE DE DEFESA PRELIMINAR. SÚMULA 330/STJ.
ORDEM DENEGADA. 1. No procedimento concernente aos crimes praticados por funcionário público no exercício
de suas funções, é desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal se a
ação penal foi instruída por inquérito policial. Incidência da Súmula 330 do STJ. 2.Se o funcionário público é
denunciado não somente por ter cometido, em tese, crimes funcionais próprios, mas também houver a
imputação, na exordial acusatória, de infrações penais comuns, revela-se desnecessária a defesa preliminar a que
alude o art. 514 do CPP. Precedentes do STJ e do STF. 3. Recurso ordinário a que se nega provimento. (RHC
21.731/MA, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), SEXTA TURMA,
julgado em 18/10/2011, DJe 03/11/2011)
XII. DEFESA PRÉVIA E NÃO LOCALIZAÇÃO DO RÉU: não sendo possível a INTIMAÇÃO PESSOAL do ACUSADO no
FORO DO DELITO, quer por NÃO SER CONHECIDO SEU PARADEIRO, ou POR SE ENCONTRAR FORA DA
JURISDIÇÃO DO JUIZ, deve ser NOMEADO ao acusado DEFENSOR DATIVO, a quem caberá apresentar a
RESPOSTA PRELIMINAR.
2.1.2. Juízo de admissibilidade
a. Negativo: rejeição da inicial
Obs.: mesmo antes de receber ou rejeitar, deve o juiz se pronunciar sobre eventual causa de suspeição
(impedimento ou incompatibilidade).
Obs.: a rejeição pode ser parcial. Sobrevindo novas provas em relação à parte rejeitada pode haver o aditamento
ou nova ação penal.
I. Conceito
É a decisão do juiz que denega a regular instauração da relação processual, por não estarem presentes os
respectivos requisitos legais.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
17II. Natureza jurídica
Decisão interlocutória mista terminativa
Obs.: há o termo recebimento em dois momentos: art. 396 e 399 (após absolvição sumária). Trata-se de atecnia.
Não há um recebimento após o juízo de absolvição sumária. Renato STJ.
III. Hipóteses
1º Momento: quando da vigência do art. 43 CPP, que foi expressamente revogado pela lei 11.719/08, possuíamos
argumentos de mérito e processuais que justificavam o afastamento da inicial, quais sejam:
Quando o fato narrado não estivesse tipificado (mérito)
Extinção da punibilidade (mérito)
Ausência de condição da ação ou de pressuposto processual (processual)
2ª Momento: atualmente os fundamentos de rejeição da inicial estão disciplinados no artigo 395 CPP, que nos
apresentam teses essencialmente processuais, quais sejam:
Inépcia da inicial – (quando não preenche os requisitos formais do art. 41 CPP).
Segundo o STF, a inépcia se caracteriza por um defeito formal grave na inicial, que normalmente
compromete a narrativa fática. Obs. Como paradigma de inépcia temos a denúncia genérica, que é
aquela que não estabelece a cota de participação de cada agente no fato delituoso. Do mesmo modo,
a inépcia acomete a denúncia alternativa, que é aquela que imputa alternativamente dois ou mais
fatos a uma mesma pessoa (imputação alternativa objetiva) ou a inicial que imputa fato certo a
pessoas alternadas (imputação alternativa subjetiva).
Obs.: a arguição de inépcia deve ser feita até a sentença. Preclusão. Depois resta apenas suscitar a nulidade da
própria sentença. Tribunais Superiores. Doutrina critica.
Denúncia geral x genérica: Denúncia geral, assim considerada aquela em que o Parquet imputa a todos,
indistintamente, a prática do mesmo fato delituoso, em razão das funções exercidas por eles na sociedade
criminosa, é admitida, mas a genérica, que consiste naquela em que não se individualizam as condutas, não.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
18*#JURISPRUDÊNCIA #STF: No momento da denúncia, prevalece o princípio do in dubio pro societate. STF. 1ª
Turma. Inq 4506/DF, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/04/2018 (Info
898).
Ausência de condição da ação ou pressuposto processual.
1. Condições da ação = LIP: legitimidade ad causam (ativa e passiva. Promotor oferece denúncia em
crime de ação privada), interesse de agir, possibilidade jurídica do pedido.
2. Pressupostos processuais
• EXISTÊNCIA:
i. Demanda que vem veiculada pela peça acusatória;
ii. Órgão jurisdicional com investidura;
iii. Capacidade de ser parte (ter personalidade. Bebê tem). Obs. entes despersonalidados
com personalidade judiciária criminal – entidades e órgãos da administração direta e
indireta destinados à proteção dos interesses protegidos pelo CDC (atuam como
assistentes de acusação ou como autores no caso de ação penal subsidiária).
VALIDADE:
i. Inexistência de vícios processuais
ii. Ausência de litispendência ou de coisa julgada
o Objetivos:
Intrínsecos: devido processo (obs: citação é uma condição de eficácia do processo para o réu)
Extrínsecos: ausência de litispendência, coisa julgada e perempção
o Subjetivos:
Imparcialidade do juiz
Competência do juiz
Capacidade processual (de estar em juízo) - legitimidade ad processum. 18 anos.
Capacidade postulatória
OBS.: Lembre-se que a ausência de pressupostos e/ou requisitos processuais é causa de rejeição da denúncia ou
queixa, nos termos do art. 395, II, CPP. Ressalte-se, ademais, que, mesmo recebida a peça inicial pelo juiz, é
possível a anulação de ofício do processo, constatada a ausência de pressuposto de existência, aplicando-se
analogicamente o art. 564, II, CPP, que trata da nulidade por ilegitimidade da parte.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
19
NÃO CONFUNDIR:
Legitimidade ad causamLegitimado para discutir aquela
causaCondição da ação
Legitimidade ad processum
(capacidade processual)18 anos Pressuposto de validade
Capacidade de ser parte Bebê Pressuposto de existência
Ausência de justa causa
Segundo Afrânio Silva Jardim, é necessário lastro probatório mínimo dando sustentabilidade à inicial, sem o
qual a demanda será considerada como temerária.
Justa causa é prova da materialidade e indício de autoria. Sempre quanto à materialidade é necessária uma
maior prova. Porém, em alguns casos mesmo comindícios de materialidade pode se receber a denuncia: lei de
drogas, lei de juizados, lei Maria da penha.
ATENÇÃO: na esfera penal, o entendimento doutrinário preponderante é de que a justa causa integra a
quarta condição genérica da ação.
ATENÇÃO: Inépcia formal – é aquela que compromete a narrativa fática apresentada na inicial acusatória.
Inépcia material – é aquela ocasionada pela ausência de lastro probatório, dando sustentabilidade à inicial
(ausência de justa causa).
ATENÇÃO: Atualmente, o artigo 395 do CPP trata de fundamentos estritamente processuais, pois a lei
11.719/08 migrou as hipóteses de mérito para o art. 397 CPP, que trata do julgamento antecipado da causa por
meio da absolvição sumária. Crítica: para Rômulo Moreira, os antigos fundamentos de mérito continuam
justificando a rejeição da inicial. Afinal, quem merece ser absolvido não deve ser processado. Logo, a inicial será
rejeitada com base no inciso II do art. 395 CPP ao tratar das condições da ação.
Renato = Poderia o juiz, de pronto, absolver sumariamente o acusado? Não, existindo uma das hipóteses da
absolvição sumária o mais adequado é rejeitar a denúncia com base na impossibilidade jurídica do pedido
(condição da ação). A rejeição aqui fará coisa julgada material.
ATENÇÃO: rejeição x não recebimento. Segundo Paulo Rangel, interpretando à época o artigo 43 do CPP,
precisa-se diferenciar rejeição do mero não recebimento.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
20REJEIÇÃO NÃO RECEBIMENTO
Fundamento de mérito Fundamento processual
Coisa julgada material Coisa julgada formal
Apelação RESE
CONCLUSÃO: atualmente, a referida distinção perdeu força, pois a atual redação do artigo 395 do CPP, trata de
argumentos meramente processuais e parte da doutrina vem utilizando as expressões como sinônimas.
Sistema recursal: como regra geral, a decisão que não admite a inicial comporta RESE. Regra especial: nos juizados
especiais, o recurso cabível é a apelação. Art. 82 da Lei 9099/95.
ATENÇÃO: STJ – súmula 707 – a ausência de notificação defensiva para contrarrazoar o recurso acusatório
é fato gerador de nulidade absoluta, não sendo suprida pela mera nomeação de advogado dativo.
Para o STJ, na súmula 709, o acórdão dando provimento ao recurso acusatório já funciona como decisão de
recebimento da inicial, salvo se o ato que rejeitou a denúncia for nulo, quando o tribunal, ao declarar a nulidade,
devolverá o feito, para que o juiz profira uma nova decisão.
b. Positivo: Recebimento da inicial.
I. Conceito – ato do juiz que demarca o início do processo por estarem presentes os requisitos legais =
condições da ação e pressupostos processuais “Art. 363. O processo terá completada a sua formação
quandorealizada a citação do acusado.
INÍCIO DO PROCESSO PENAL:
Alguns doutrinadores entendem que o início do
processo se dá com o RECEBIMENTO da peça
acusatória. MAJORITÁRIA.
Outros já entendem que o processo tem início com o
OFERECIMENTO da peça acusatória.
O CPPM tem um artigo que expressamente declara que o processo começa com o recebimento da denuncia ou
queixa.
ARGUMENTO: se o juiz rejeita a peça acusatória, o MP vai entrar com RESE. O acusado vai ser intimado para
oferecer contrarrazões. É por isso que alguns entendem que o processo tem início com o oferecimento da peça
acusatória. De acordo com a súmula 707 do STF é causa de nulidade absoluta se o réu não for citado para
oferecer contrarrazões.
II. ConsequênciasCICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
21 Início do processo
Suspeito vira réu
Interrompe a prescrição (Se for por órgão absolutamente incompetente não interrompe. É
diferente da citação no processo civil)
Fixação da prevenção
III. Natureza jurídica
1ª posição doutrina MAJORITÁRIA = decisão interlocutória simples
2ª posição STF e STJ = mero despacho, que possui conteúdo decisório, em razão das
consequências jurídicas que lhe são inerentes.
IV. Necessidade de motivação
1ª posição doutrina MAJORITÁRIA = o juiz precisa fundamentar qualquer ato, cumprindo o
mandamento constitucional, constatando que a inicial é apta, que estão presentes as condições da
ação e os pressupostos processuais, além da justa causa. Art. 93, IX. Logicamente não pode se
alongar, sob pena de adiantar o julgamento.
2ª posição STJ e STJ = o juiz não precisa fundamentar o recebimento da denúncia, pois não se trata de
decisão e sim de mero despacho. Percebe-se que é admitido ainda o recebimento implícito da
denúncia (quando o juiz, sem se pronunciar sobre o recebimento, manda citar o réu ). Obs. foi uma
decisão política para evitar um elevado número de nulidades absolutas pela prática rotineira de
recebimentos sem fundamentação. Milhares de processos iriam ser nulificados. De acordo com a
jurisprudência, o recebimento da peça acusatória não precisa ser fundamentado, salvo se houver
defesa preliminar no procedimento. (STF RHC 87005).
*Superior Tribunal de Justiça, julgando recurso em Habeas Corpus (59.759), interposto pela Defensoria Pública de
Santa Catarina, anulou o processo em que a decisão de recebimento foi omissa quanto aos fundamentos fático e
jurídicos no tocante aos pressupostos processuais e condições da ação, em especial justa causa. A fundamentação
é garantia democrática
Juiz negou pedido da Defensoria Pública para adiar audiência de instrução considerando que, naquela data, o
Defensor Público que fazia a assistência jurídica do réu já possuía audiência marcada em outra comarca. O
magistrado, diante da ausência do Defensor, designou defensor dativo para acompanhar o réu na audiência. O
STF entendeu que não houve violação aos princípios da ampla defesa e do "Defensor Público natural"
considerando que: a) o inciso VI do art. 4º da LC 80/94 não garante exclusividade à Defensoria para atuar nas
causas em que figure pessoa carente; b) o indeferimento do pedido da defesa não causou prejuízo ao réu, já que
o defensor dativo teve entrevista prévia reservada com o acusado e formulou perguntas na audiência,
participando ativamente do ato processual; c) a impossibilidade de a Defensoria atuar na comarca não acarreta
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
22direito à redesignação dos atos processuais designados. STF. 2ª Turma. HC 123494/ES, Rel. Min. Teori Zavascki,
julgado em 16/2/2016 (Info 814).
*RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 59.759 - SC (2015/0118403-1)
RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA
RECORRENTE : JAIME DA SILVA (PRESO)
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
EMENTA
FURTO (ART. 155, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL). TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL, POR ALEGADA FALTA DE JUSTA
CAUSA (INOCORRÊNCIA). RECEBIMENTO DA DENÚNCIA (AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO). CONSTRANGIMENTO
ILEGAL (CASO). RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS (PROVIMENTO).
1. O trancamento da ação penal, por meio do habeas corpus – ou do recurso ordinário em habeas corpus – é
medida de exceção, sendo cabível tão-somente quando, de forma inequívoca, emergirem-se dos autos a
atipicidade da conduta, a inocência do acusado ou, ainda, quando for impedida a compreensão da acusação, em
flagrante prejuízo à defesa do acusado (Precedentes). Essas circunstâncias, a propósito, não podem ser
evidenciadas, de plano, da ação penal de origem.
2. A decisão de recebimento da denúncia possui natureza interlocutória, prescindindo de fundamentação
complexa (Precedentes).
3. Caso em que o julgador, nem mesmo de forma concisa, ressaltou a presença dos requisitos viabilizadores da
ação penal. Deixou de verificar a presença dos pressupostos processuais e das condições da ação, tampouco
tratou da existência de justa causa para o exercício da ação penal, limitando-se a cuidar da presença dos
pressupostos intrínsecos à peça processual, nestes termos: "Recebo a denúncia, pois a peça acusatória preenche
todos os requisitos do art. 41 do CPP".
4. A propósito, ponderou o próprio Parquet Federal: "a decisão que recebeu a denúncia não analisou, sequer
sucintamente, os requisitos necessários para o início da persecução penal. A decisão ora analisada deixa de
analisar, portanto, além da justa causa para a persecução penal, a possibilidade de absolvição sumária. Impõe-se
a anulação da decisão, para que sejam satisfeitas as exigências da lei processual penal, viabilizando uma defesa
ampla em favor do acusado".
(...)
V. Sistema recursal
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
23O recebimento é irrecorrível, mas nada impede que se impetre HC com a finalidade de trancar o processo.
Art. 648, I.
Quanto ao recebimento da peça acusatória no procedimento novo, surge o 1º problema:
Obs.: há o termo recebimento em dois momentos: art. 396 e 399 (após absolvição sumária). Trata-se de
atecnia. Não há um recebimento após o juízo de absolvição sumária. Renato STJ.
Há duas correntes:
1ª CORRENTE: o recebimento se dá logo após o
oferecimento da peça acusatória, após o que, o
juiz manda citar o acusado para oferecer uma
resposta à acusação.
Essa 1ª corrente se baseia no artigo 396:
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário,
oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a
rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a
citação do acusadopara responder à acusação, por
escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
2ª CORRENTE: o recebimento somente ocorre após a
apresentação da resposta à acusação pela defesa.
De acordo com essa 2ª corrente o recebimento se
daria:
1º o oferecimento, 2º teoricamente deveria se falar
em notificação para apresentar uma resposta, porém
se é uma resposta oferecida antes do recebimento
seria uma resposta preliminar, o juiz poderia absolver
sumariamente o acusado, também poderia rejeitar o
recebimento da peça acusatória.
OBS: Mas, a lei não fala em notificação, fala em
citação. E como se absolveria o acusado sumariamente
antes de receber a peça acusatória.
A 2ª corrente se baseia no teor do artigo 399 CPP
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz
designará dia e hora para a audiência, ordenando a
intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério
Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
TEM PREVALECIDO A 1ª CORRENTE.
1º motivo: apesar do objetivo dos autores do
anteprojeto ter sido criar uma defesa preliminar
antes do recebimento da peça acusatória, o
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
24projeto foi alterado no Congresso Nacional, com a
previsão do recebimento logo após o
oferecimento da peça acusatória.
2º motivo: de acordo com o artigo 363 CPP, o
processo terá completada a sua formação com a
citação do acusado. Ora, só é possível a citação do
acusado se houve anterior recebimento da peça
acusatória.
E COMO SERIA POSSÍVEL A ABSOLVIÇÃO SUMARIA
DO ACUSADO SEM ANTERIOR RECEBIMENTO DA
PEÇA ACUSATÓRIA.
#ATENÇÃO: O que se entende por “mesóclise da discórdia” no processo penal? Os artigos 396 e 399 do CPP
estabelecem dois momentos distintos para a realização do recebimento da denúncia pelo magistrado, quais
sejam: (a) logo após o encaminhamento da peça ao juízo, quando o julgador verifica se estão presentes as
hipóteses autorizadoras da rejeição liminar, e; (b) após o encaminhamento da resposta à acusação e a realização
do juízo de admissibilidade.Nesse contexto, a doutrina convencionou denominar de "mesóclise da discórdia" a
controvérsia a respeito da definição de qual momento seria o mais adequado para se realizar o recebimento da
exordial acusatória, sendo que o entendimento atualmente majoritário é o de que a manutenção do artigo 399 do
CPP teria sido um equívoco do legislador, que, em 2008, ao promover a reforma do Código, se olvidou de retirar a
expressão. Prevalece, portanto, a situação concebida pelo artigo 396 do CPP.
É POSSÍVEL QUE O JUIZ ALTERE A CLASSIFICAÇÃO FEITA PELO MP NO MOMENTO DO RECEBIMENTO?
1ª CORRENTE MAJORITÁRIAENTENDE QUE O JUIZ NÃO PODE ANTECIPARA EMENDATIO LIBELLI.
2ª CORRENTE: SE FICAR CARACTERIZADO UM EXCESSO DE ACUSAÇÃO, PRIVANDO O ACUSADO DE
BENEFÍCIOSCOMO A LIBERDADE PROVISÓRIA, PODE O JUIZ ANTECIPAR A EMENDATIO LIBELLI
PENAL E PROCESSUAL PENAL. ADITAMENTO À DENÚNCIA. CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA. REJEIÇÃO.
INADMISSIBILIDADE. OPERAÇÃO CLANDESTINA DE ATIVIDADES DE TELECOMUNICAÇÕES (ART. 183 DA LEI No
9.472, DE 16 DE JULHO DE 1997 - LEI GERAL DE TELECOMUNICAÇÕES - LGT). 1. Há muito o Supremo Tribunal
Federal e o Superior Tribunal de Justiça assentaram que é cabível o recurso em sentido estrito da decisão que
indefere o aditamento da denúncia, por interpretação extensiva do art. 581, I, do Código de Processo Penal (RE
no 104.659/PR; REsp no 435.256/CE; REsp no 184.477/DF; REsp no 48.152/PE). 2. Segundo o STF, não cabe ao juiz
na fase de recebimento da denúncia, ou de seu aditamento, alterar a classificação jurídica indicada pelo
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
25Ministério Público, que é o titular da ação penal. No caso de o magistrado não concordar com a definição jurídica
do fato, poderá corrigi-la ao proferir a sentença, ocasião em que poderá haver a emendatiolibelli ou a
mutatiolibelli (arts. 383 e 384 do CPP). Precedentes: HC no 87.324/SP; HC no 76.024/RJ; RHC no 66.432/SP; HC no
64.966/SP. 3. A LGT, editada nos termos da Emenda Constitucional no 8, de 15 de agosto de 1995, revogou
expressamente o antigo Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei no 4.117, de 27 de agosto de 1962),
excepcionando a matéria penal não regulamentada na própria LGT e os preceitos administrativos relativos à
radiodifusão. 4. A instalação e o funcionamento de serviço de radiodifusão sem autorização do Poder Público
caracteriza o crime previsto no art. 183 c/c o parágrafo único do art. 184, ambos da LGT. 5. O art. 70 do antigo
CBT e o art. 183 c/c parágrafo único do art. 184 da LGT disciplinam tipos penais diferentes. O primeiro cuida da
instalação ou utilização irregular de telecomunicações (em desobediência às exigências legais e regulamentares);
o segundo trata da operação de serviço, de uso de radiofreqüência e de exploração de satélite sem a competente
concessão, permissão ou autorização (isto é, clandestinamente). 6. A Lei no 9.612, de 19 de fevereiro de 1998,
regulamenta o aspecto técnico e administrativo da radiodifusão comunitária, mas não descriminalizou a conduta
tipificada no art. 183 da LGT (STF: RHC no 81.473/SP). 7. Precedentes do STJ: CC no 101.468/RS; RHC no
24.808/MS; CC no 94.570/TO; CC no 95.341/TO; HC no 77.887/SP; HC no 45.681/DF; AgRg no Ag no 744.762/MG;
REsp no 509.501/RS. 8. Recurso conhecido e provido, para reformar a decisão atacada, receber o aditamento
(Súmula no 709 do STF) e determinar à juíza monocrática o processamento da ação. (TRF5 - RSE
200683000118773, Desembargador Federal Francisco Cavalcanti, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::06/05/2011 -
Página::103.)
Ressalte-se que a doutrina e a jurisprudência têm admitido em determinados casos a correção do
enquadramento típico logo no ato de recebimento da exordial acusatória, mas somente para beneficiar o réu ou
para permitir a correta fixação da competência ou do procedimento a ser adotado.
c. Citação do réu
I. Conceito e finalidades
É o ato de comunicação processual que informa ao réu que o processo começou e o convoca a apresentar defesa.
É um desdobramento do contraditório e da ampla defesa.
No processo penal, diversamente do p. civil, não se exige, de regra, a citação para a execução das penas. É que
não se constitui uma nova relação processual (instância), vez que a pretensão deduzida na ação penal somente se
realiza com o efetivo cumprimento da sentença condenatória.Abre-se exceção quando se tratar da pena de multa
(art. 164, da LEP), já que será executada como título executivo judicial, exigindo a citação.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
26Renato – funciona como um misto de contraditório e ampla defesa, já que dá ciência e oportunidade para se
defender.
Percebe-se que a citação traz consigo as seguintes finalidades:
Informativa: início do processo
Convocatória: apresentar defesa
Obs.: Segundo a doutrina, para os demais atos do processo, o agente será intimado dos atos pretéritos e
notificado dos atos futuros. “intimo de... e notifico para...”.
Q - intimação do advogado: se houver pedido expresso para que seja feita a intimação no nome de um dos
advogados, não é válida a intimação em que conste o nome apenas do outro patrono.
Determina-se, assim, que se aplique às notificações e intimações as regras já estudadas relativas à citação (por
isso cabe intimação por hora certa). Contudo, não se concebe, por exemplo, a notificação de testemunha por
edital, vez que se ela estiver em lugar incerto e não sabido, haverá a parte interessada de indicar o lugar exato
para sua localização ou, então, substituí-la.
De outra parte, deve-se estar atento às seguintes regras:
§ 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no
órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do
acusado.
§ 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo
escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo.
§ 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude o § 1º.
§ 4º A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.
Em nome de advogado falecido – ineficaz, apenas se ele for o único advogado. Se vários forem os patronos, vale a
publicação no nome de apenas um dele, ainda que seja o falecido.
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição em que for requerida, observado o disposto no art.
357.
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde logo, na presença das partes e
testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
27Por fim, questão que merece destaque especial diz respeito à intimação das partes e seus advogados
relativamente a ouvida de testemunhas através de carta precatória. É que, a princípio, a lei somente exige a
intimação da expedição da carta (art. 222), mas não da data marcada pelo juízo deprecado para a realização do
ato. O professor Mirabete defende este entendimento literal da lei. É o entendimento que prevalece nos
Tribunais Superiores.
*#OUSESABER A expedição de carta precatória para oitiva de testemunha suspende o curso do processo
criminal?
ERRADO! O envio da carta precatória não enseja a suspensão do processo, nos moldes exposto pelo art.222, §1º,
do Código de Processo Penal, podendo o feito ter regular processamento, com a realização da audiência de
instrução e até oferecimento de alegações finais de ambas as partes. Essa temática foi recentemente cobrada na
1ª fase do Concurso Público para o cargo de Defensor Público do Estado de Pernambuco.
*No processo penal, quando o Ministério Público for intimado pessoalmente em cartório, dando ciência nos
autos, o seu prazo recursal se iniciará nessa data, e não no dia da remessa dos autos ao seu departamento
administrativo. Isso porque o prazo recursal para o MP inicia-se na data da sua intimação pessoal. STJ. 3ª Seção.
EREsp 1.347.303-GO, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/12/2014 (Info 554).
* O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério Público, a data da
entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo irrelevante que a intimação pessoal tenha se
dado em audiência, em cartório ou por mandado. STJ. 3ª Seção. REsp 1.349.935-SE, Rel. Min. Rogério Schietti
Cruz, julgado em 23/8/2017 (recurso repetitivo) (Info 611).
* A LC 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública) prevê, como uma das prerrogativas dos Defensores Públicos,
que eles devem receber intimação pessoal (arts. 44, I, 89, I e 128, I). Se uma decisão ou sentença é proferida pelo
juiz na própria audiência, estando o Defensor Público presente, pode-se dizer que ele foi intimado pessoalmente
naquele ato ou será necessário ainda o envio dos autos à Defensoria para que a intimação se torne perfeita? Para
que a intimação pessoal do Defensor Público se concretize, será necessária ainda a remessa dos autos à
Defensoria Pública. A intimação da Defensoria Pública, a despeito da presença do defensor na audiência de leitura
da sentença condenatória, somente se aperfeiçoa com sua intimação pessoal, mediante a remessa dos autos.
Assim, a data da entrega dos autos na repartição administrativa da Defensoria Pública é o termo inicial da
contagem do prazo para impugnação de decisão judicial pela instituição, independentemente de intimação do ato
em audiência. STJ. 3ª Seção. HC 296.759-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/8/2017 (Info 611). STF.
2ª Turma. HC 125270/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/6/2015 (Info 791).
Obs.: A citação viciada caracteriza o que conhecemos por circundução (citada circunducta). CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
28ATENÇÃO: ela é fato gerador de nulidade absoluta (art. 564, III, “e”, 1ª parte), mas admite convalidação se a
defesa comparecer e exercer a resposta escrita.
Quando não se trata de falta, mas de defeito (citação incompleta, com omissão de formalidade ainda que de
elemento essencial do ato), a nulidade deixa de ser absoluta e passa a relativa, dependendo, pois da
demonstração do prejuízo e resultando sanada caso não argüida no momento oportuno (razões finais).
Vale observar que o fato de o réu haver tido conhecimento da acusação antes do momento da citação, não supre
sua falta, como é o caso dos crimes afiançáveis (hoje todos) de responsabilidade dos funcionários públicos (art.
514, CPP), de processos originários dos tribunais (art. 4, 8.038/90)e, ainda, dos crimes de imprensa (art. 43,
5.250/67) nos quais o réu e notificado para apresentar a defesa preliminar.
Obs. Regra de transição. Lei 11.719/08 e 11.689/08 - o réu era citado para ser interrogado. Atualmente, ele é
citado para apresentar resposta escrita à acusação. Art. 396 e 396-A. Homenageando o princípio da ampla defesa,
o interrogatório foi topograficamente deslocado para o ultimo ato do processo.
ATENÇÃO: ainda convoca o réu para interrogatório, quais sejam: CPPM, tráfico de drogas (art. 57), ações
originárias. (Pela letra da lei. Ver, a seguir, posição da jurisprudência).
Obs.: Na legislação especial encontramos resquícios onde a citação convocaria o réu para interrogatório, quais
sejam: CPPM, tráfico de drogas (art. 57, Lei nº 11.343/06), ações originárias em tribunal (art. 7º da Lei nº
8.038/90). O STF entendeu que caberia ao Judiciário, em homenagem ao princípio da adequação ou da
adaptabilidade procedimental, promover o deslocamento do interrogatório para o final da instrução,
resguardando, assim, a ampla defesa (STF AP 528).
A exigência de realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art. 400 do CPP, é aplicável
no âmbito de processo penal militar. A realização do interrogatório ao final da instrução criminal, prevista no art.
400 do CPP, na redação dada pela Lei nº 11.719/2008, também se aplica às ações penais em trâmite na Justiça
Militar, em detrimento do art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69. Logo, na hipótese de crimes militares, o
interrogatório também deve ser realizado depois da oitiva das testemunhas, ao final da instrução. Obs: este
entendimento acima só se tornou obrigatório a partir de 10/03/2016. Os interrogatórios realizados antes desta
data são válidos, ainda que não tenham observado o art. 400 do CPP, ou seja, ainda que tenham sido realizados
como primeiro ato da instrução. STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info
816).
Ações originárias em tribunal (art. 7º da Lei 8038/90). – Passou para o começo.
Julgamento: 24/03/2011 Órgão Julgador: Tribunal Pleno: E MENTA: PROCESSUAL PENAL. INTERROGATÓRIO
NAS AÇÕES PENAIS ORIGINÁRIAS DO STF. ATO QUE DEVE PASSAR A SER REALIZADO AO FINAL DO PROCESSO.
NOVA REDAÇÃO DO ART. 400 DO CPP. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – O art. 400 do CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
29Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei 11.719/2008, fixou o interrogatório do réu como ato
derradeiro da instrução penal. II – Sendo tal prática benéfica à defesa, deve prevalecer nas ações penais
originárias perante o Supremo Tribunal Federal, em detrimento do previsto no art. 7º da Lei 8.038/90 nesse
aspecto. Exceção apenas quanto às ações nas quais o interrogatório já se ultimou. III – Interpretação sistemática e
teleológica do direito. IV – Agravo regimental a que se nega provimento
No procedimento da Lei de Drogas, o interrogatório continua sendo o primeiro ato da audiência
IMPORTANTE!
O rito previsto no art. 400 do CPP NÃO se aplica à Lei de Drogas. Assim, o interrogatório do réu processado com
base na Lei nº 11.343/2006 deve observar o procedimento nela descrito (arts. 54 a 59).
O art. 57 da Lei nº 11.343/2006 estabelece que o interrogatório ocorre em momento anterior à oitiva das
testemunhas, diferentemente do que prevê o art. 400 do CPP, que dispõe que o interrogatório seria realizado ao
final da audiência de instrução e julgamento.
No confronto entre duas leis, aplica-se a lei especial quanto ao procedimento, que, no caso, é a Lei de Drogas.
Logo, não gera nulidade o fato de, no julgamento dos crimes previstos na Lei nº 11.343/2006, a oitiva do réu
ocorrer antes da inquirição das testemunhas.
Segundo regra contida no art. 394, § 2º, do CPP, o procedimento comum será aplicado no julgamento de todos os
crimes, salvo disposições em contrário do próprio CPC ou da lei especial. Logo, se para o julgamento dos delitos
disciplinados na Lei 11.343/2006 há rito próprio (art. 57, da Lei 11.343/2006), no qual o interrogatório inaugura a
audiência de instrução e julgamento, é de se afastar o rito ordinário (art. 400 do CPP), nesses casos, em razão da
especialidade.
STF. 2ª Turma. HC 121953/MG. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/06/2014 (Info 750).
*#MUDANÇADEENTENDIMENTO #JURISPRUDÊNCIA
O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório será realizado ao final da instrução criminal.
Este dispositivo se aplica:
• aos processos penais militares;
• aos processos penais eleitorais e
• a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial (ex: lei de drogas).
STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816).
STJ. 6ª Turma. HC 403.550/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/08/2017.
RESUMO – STF (até 27.06.2016)
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
30 Ações originárias/militar = interrogatório como último ato
Lei de drogas = interrogatório como primeiro ato = tendência de o Supremo mudar o entendimento na
próxima vez que apreciar a questão, por em obter dictum, ao apreciar o procedimento militar, assim se
posicionou.
Obs.: efeitos da citação.
CITAÇÃO CÍVEL CITAÇÃO PENAL
Integrar a relação processual Integrar a relação processual
Tornar prevento o juízo (comarcas diferentes)
*NCPC: O que torna prevento o juízo é
registro/distribuição.
A prevenção ocorre pelo recebimento da
inicial ou pela adoção de medidas cautelares na
fase investigativa. Obs. mesma circunscrição
judiciária – pela distribuição.
Faz litigiosa a coisaA demanda estará tecnicamente em curso com o
recebimento da inicial.
Induz litispendência
A litispendência penal pela duplicidade de
demandas, contra o mesmo réu, caracteriza-se
pelo recebimento da inicial.
* A interrupção da prescrição ocorre no momento em
que o Juiz profere o despacho que ordena a citação,
mesmo quando determinada por órgão incompetente.
A interrupção da prescrição ocorre com o
recebimento da inicial, sendo que, segundo a
doutrina, deve ocorrer por juízo competente.
II. Modalidades citatórias
a. Citação pessoal (real) – não compareceu – revelia
b. Citação por edital (ficta) – suspensão do processo e da prescrição (1996)
c. Citação por hora certa (ficta) – defensor dativo – revelia (2008)
Entre 1996 e 2008 os casos de fuga do réu à citação se resolviam pela citação por edital com suspensão da
prescrição e do processo.
ADVERTÊCIA: não há que se falar em citação por AR ou por e-mail, como no processo civil, sob pena de nulidade
absoluta. Nem mesmo no juizado. Não se admite citação eletrônica.
QUAIS SÃO AS ESPÉCIES DE CITAÇÃO?
PESSOAL / REAL FICTA / PRESUMIDA
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
31Real: é aquela feita direta e pessoalmente ao
acusado.
REGRA NO PROCESSO PENAL HIPÓTESES DE CITAÇÃO PRESUMIDA.
Essa é a forma ordinária de citação no processo
penal.
a. Citação por edital;
b. Citação por hora certa;
c. Citação do inimputável por doença mental (é
citado na pessoa do seu curador);
d. Citação das pessoas jurídicas nos delitos
ambientais (a citação é feita na pessoa de seu
representante legal nos delitos ambientais).
III. Citação pessoal
a. Conceito
Ela é cumprida por oficial de Justiça, que promoverá a leitura do mandado, entregando ao réu uma cópia
(contrafé).Segundo a doutrina, a citação pessoal pode ser concretizada por mandado, precatória, rogatória e
mediante requisição. Destaque-se que a citação tem de ser feita por oficial de justiça, pelo que, ao contrário do
que ocorre com as notificações e intimações, não pode ser realizada pelo escrivão.
A citação poderá ser feita em qualquer dia, a qualquer hora e em qualquer lugar (dentro do território de
jurisdição do juiz, admitindo-se certa tolerância em comarcas contíguas), cumpre, inclusive ao oficial de justiça
diligenciar no sentido de localizar o acusado em todos os endereços constantes do inquérito. Não se aplicam no
Processo Penal as restrições de citação do Processo civil (ex. noivos – 3 dias das bodas, doentes, morte – 7 dias,
em culto religioso, doentes em estado grave).
Obs.: Situações especiais:
Pessoa jurídica: por meio do seu representante legal
Inimputáveis: por meio do seu curador. Citação imprópria. Não há mais curador para os menores de 21
anos.
b. Requisitos
Extrínsecos: são aqueles inerentes ao próprio procedimento citatório.
• Leitura do mandado
• Entrega ao réu da contrafé
• Indicação do aceite ou da recusa
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
32
Intrínsecos: inerentes à própria construção do mandado. Estão no art. 552
• O nome do juiz;
• O nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
• O nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;
• A residência do réu, se esta for conhecida;
• O fim para que é feita a citação;
• O juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;
• A subscrição do escrivão e a rubrica do juiz
Observação: o inciso VI do art. 352, CPP, merece o devido filtro, já que ordinariamente no mandado
não precisará constar dia, hora e local de comparecimento.
c. Citação por precatória
É aquela cabível quando o imputado está em comarca distinta daquela onde tramita o processo, mas em local
certo e sabido. Art. 354 CPP. ATENÇÃO: a expedição por carta precatória não desvirtua a essência da citação
pessoal.
Obs.1: Precatória itinerante: o juízo deprecado, ao constatar que o réu está em outra comarca, deverá de ofício
remeter a carta ao outro juízo, sem a necessidade de que a carta volte à comarca original.
Se o juízo deprecado perceber que o réu está se escondendo para não ser citado pessoalmente, determinará a
devolução da carta para que o magistrado deprecante determine a citação por hora certa. Art. 355, §2º c/c 362.
Quanto à possibilidade de o réu ser interrogado no juízo deprecado, entende Tourinho Filho que nada obstante
reconhecer que a regra deve ser a ouvida do acusado pelo juiz processante, tal forma de proceder não pode
consistir em um imperativo absoluto, tendo em conta a vastidão territorial e as condições de pobreza da maioria
dos réus que, de um modo geral não teriam condições de se deslocar entre comarcas, restando ao juiz duas
alternativas: a uma, exigir a presença do réu em sua comarca e, como elevado grau de probabilidade, decretar-lhe
a revelia; ou, a duas, ouvi-lo via precatória e, com isto, preservar a ampla defesa (até porque no processo penal
não vige o princípio da identidade física do juiz). Defende, assim, a possibilidade, alertando que deve o juiz
deprecante ter a cautela de fazer anexar o traslado das principais peças do inquérito a fim de fornecer subsídios
ao juízo deprecado para a realização do interrogatório. Por fim, cita o art. 239, do Regimento Interno do STF o
qual estabelece que “o relator poderá delegar o interrogatório do réu e qualquer dos atos de instrução a juiz ou
membro de outro tribunal, que tenha competência territorial no local onde devam ser produzidos”, o que é
confirmado pelo art. 9., da Lei n. 8.038/90.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
33
d. Citação do militar
Ocorrerá por intermédio do seu superior hierárquico, em respeito à hierarquia militar e à inviolabilidade do
quartel. Enquadramento normativo: art. 280 CPPM e art. 358 CPP. Só militar da ativa. A maioria da doutrina
assevera que neste caso o juiz não manda expedir mandado, mas apenas um ofício requisitório dirigido ao chefe
do serviço onde se encontre o militar.
e. Citação do funcionário público
Ele será citado pessoalmente e o chefe da repartição deverá, necessariamente, notificado para que promova as
devidas adequações, por eventual ausência do funcionário público, em homenagem ao princípio da continuidade
do serviço público. OBS. se for só para citar não há necessidade de notificação do chefe. Ela é necessária apenas
quando o acusado for comparecer.
Contudo, estando o servidor de serviço no mesmo dia e não sendo feita a notificação, mesmo que tenha sido
citado ele não estará obrigado a comparecer ao chamamento judicial. Há entendimento no sentido de que a
disposição não se aplica ao Juiz, vez que não é funcionário público em sentido estrito, valendo anotar ainda que o
órgão processante seria o seu próprio tribunal, não se justificando a medida.
f. Citação do réu preso
Ele será citado pessoalmente e não por intermédio do diretor do estabelecimento prisional (art. 360 CPP). Para o
STJ (HC 162.339), interpretando a súmula 351 do STF, haverá nulidade absoluta se o réu está preso na mesma
unidade federativa onde o juiz exerce as suas funções e é citado por edital. O mesmo não ocorre se o agente está
preso em outra unidade federativa. CRÍTICA: Para Elmir Duclere (e doutrina MAJORITÁRIA), a citação do réu preso
deve ser pessoal, mesmo quando recluso em outra unidade federativa, afinal, o desconhecimento não é mais
plausível, em razão do advento do cadastro nacional de prisões. Art. 289-A, CPP.
STF 1993 – se à época da publicação do edital, o acusado encontrava-se sob a custódia do Estado, exsurge a
nulidade absoluta dos atos processuais praticados.
STJ 2011 – aceita a publicação por edital nos casos de unidades diferentes da federação, desde que tenha havido o
esgotamento dos recursos para encontrar o acusado.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
34É praticamente passivo na jurisprudência que se o preso foi regularmente requisitado dispensa-se a sua citação
por mandado. OBS. se for só para citar não há necessidade de notificação do diretor. Ela é necessária apenas
quando o acusado for comparecer.
g. Citação do réu no estrangeiro
Em local sabido = citado por carta rogatória, pouco importa se o crime é afiançável ou inafiançável.
Em local não sabido = citado por edital.
Obs.: A expedição da carta importa na suspensão da prescrição (art. 368 CPP) ATÉ O SEU CUMPRIMENTO. Quando
ocorre o cumprimento? Quando há a efetiva citação e não da juntada da carta cumprida.
Carta rogatória em juizado – impossibilidade. Encaminha o processo ao juízo comum.
Obs.: O art. 222-A que trata da expedição de rogatória para ouvir testemunha exigindo a imprescindibilidade e
que o requerente arque com as custas, não se aplica ao ato citatório.
h. Citação em legação estrangeira (embaixada no Brasil)
Ela ocorrerá por meio de carta rogatória, mas não haverá a suspensão do prazo prescricional. Art. 369 CPP.
Art. 783. As cartas rogatórias serão, pelo respectivo juiz, remetidas ao Ministro da Justiça, a fim de ser pedido o
seu cumprimento, por via diplomática, às autoridades estrangeiras competentes.
i. Citação por carta de ordem
O tribunal poderá delegar o ato citatório ao juiz que atua na localidade em que o réu reside, expedindo-se para
tanto carta de ordem. Art. 9ª, §1º da lei 8038/90.
IV. Citação por edital
Nela, o réu não está de má-fé, pois apenas não foi encontrado para ser citado pessoalmente.
Obs.: Juizados especiais = não haverá citação por edital e se o denunciado não foi localizado, os autos serão
remetidos ao rito sumário.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
35Obs.: STF 366 não há nulidade se o edital não transcreve o inteiro teor da imputação, estando limitado ao
apontamento dos artigos de lei, evitando-se um sistema de nulificação em cadeia.
a. Hipóteses
Local incerto e não sabido
ATENÇÃO: STF (HC 88.548) a citação editalícia deve ser encarada como a última ratio e o juiz deve esgotar os
esforços de viabilizar a citação pessoal.
É nulo o processo a partir da citação na hipótese de citação editalícia determinada antes de serem esgotados
todos os meios disponíveis para a citação pessoal do réu. Precedentes citados: HC 209.466-MG, DJe 29/03/2012;
REsp 684.811-MG, DJ 5/09/2005; RHC 11.271-PR, DJ 26/08/2002; HC 7.967-SP, DJ 31/05/1999. HC 213.600-SP,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 4/10/ 2012
Local inacessível
Conclusão: essa hipótese foi tacitamente revogadapela lei 11.719/08 (art. 363, I, CPP). Todavia, continuamos a
aplicar a citação editalícia em analogia ao artigo 256, II do CPC.#NCPC
ATENÇÃO: regra de transição – Antes da lei se o réu estivesse se escondendo para não ser citado pessoalmente,
seria citado por edital. Atualmente, esta hipótese justifica a citação por hora certa.
1. ATENÇÃO PARA O 366 O CAPUT CONTINUA EM PLENO VIGOR. Se o acusado não comparecer, nem constituir
advogado ocorre a suspensão do processo e da prescrição. Só quando for citado por edital.
Redação anterior – era citado por edital – decretada revelia – defensor dativo
Obs.: aplicação do art. 366 ao CPPM – impossibilidade. Seria analogia in malam partem (suspensão da prescrição).
STF. No CPPM há norma expressa aplicando a revelia na citação por edital.
Obs.: produção antecipada de provas:
Renato, 2ª Turma do STF: toda prova testemunhal
STJ, 1ª Turma STF, Súmula 455: não justifica o mero decurso de tempo. Mas a nulidade é relativa
se for produzida.
* INFORMATIVO 595 DO STJ. CITAÇÃO POR EDITAL. Produção antecipada de provas e oitiva de testemunhas
policiais. A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova urgente para os fins do art. 366 do
CPP? O STJ entende que sim. É justificável a antecipação da colheita da prova testemunhal com arrimo no art. 366
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
36do CPP nas hipóteses em que as testemunhas são policiais. O atuar constante no combate à criminalidade expõe
o agente da segurança pública a inúmeras situações conflituosas com o ordenamento jurídico, sendo certo que as
peculiaridades de cada uma acabam se perdendo em sua memória, seja pela frequência com que ocorrem, ou
pela própria similitude dos fatos, sem que isso configure violação à garantia da ampla defesa do acusado. Obs: o
STF possui julgado em sentido contrário, ou seja, afirmando que não serve como justificativa a alegação de que as
testemunhas são policiais responsáveis pela prisão, cuja própria atividade contribui, por si só, para o
esquecimento das circunstâncias que cercam a apuração da suposta autoria de cada infração penal (STF. 2ª
Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015. Info 806). STJ. 3ª Seção. RHC 64.086-DF, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/11/2016 (Info 595).
2. QUANTO TEMPO FICA SUSPENSO O PROCESSO E A PRESCRIÇÃO?
PREVALECE. 1ª CORRENTE: Admite-se como tempo de
suspensão do processo o tempo de prescrição pela pena
máxima em abstrato do crime previsto na denuncia, após
o que a prescrição voltaria a correr novamente. STJ –
Súmula 415 -
2ª CORRENTE – STF RE 460971(INFO 456 A
suspensão da prescrição e do processo deve
perdurar por prazo indeterminado. (Decisão de
turma). Decisão antiga.
*STF EMENTA: I. Controle incidente de inconstitucionalidade: reserva de plenário (CF, art. 97). "Interpretação que
restringe a aplicação de uma norma a alguns casos, mantendo-a com relação a outros, não se identifica com a
declaração de inconstitucionalidade da norma que é a que se refere o art. 97 da Constituição.." (cf. RE 184.093,
Moreira Alves, DJ 05.09.97). II. Citação por edital e revelia: suspensão do processo e do curso do prazo
prescricional, por tempo indeterminado - C.Pr.Penal, art. 366, com a redação da L. 9.271/96. 1. Conforme
assentou o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ext. 1042, 19.12.06, Pertence, a Constituição Federal não
proíbe a suspensão da prescrição, por prazo indeterminado, na hipótese do art. 366 do C.Pr.Penal. 2. A
indeterminação do prazo da suspensão não constitui, a rigor, hipótese de imprescritibilidade: não impede a
retomada do curso da prescrição, apenas a condiciona a um evento futuro e incerto, situação substancialmente
diversa da imprescritibilidade. 3. Ademais, a Constituição Federal se limita, no art. 5º, XLII e XLIV, a excluir os
crimes que enumera da incidência material das regras da prescrição, sem proibir, em tese, que a legislação
ordinária criasse outras hipóteses. 4. Não cabe, nem mesmo sujeitar o período de suspensão de que trata o art.
366 do C.Pr.Penal ao tempo da prescrição em abstrato, pois, "do contrário, o que se teria, nessa hipótese, seria
uma causa de interrupção, e não de suspensão." 5. RE provido, para excluir o limite temporal imposto à
suspensão do curso da prescrição. (RE 460971, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado
em 13/02/2007, DJ 30-03-2007 PP-00076 EMENT VOL-02270-05 PP-00916 RMDPPP v. 3, n. 17, 2007, p. 108-113
LEXSTF v. 29, n. 346, 2007, p. 515-522).
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
37*STJ HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. SUSPENSÃO DO PROCESSO E DO PRAZO
PRESCRICIONAL. TRANSCURSO DE PRAZO SUPERIOR A QUATRO ANOS.PRESCRIÇÃO QUE SE VERIFICA A PARTIR DA
PENA MÁXIMA ABSTRATAMENTE COMINADA À CONDUTA EQUIVALENTE AO DELITO PRATICADO NO PERÍODO DE
DURAÇÃO DA SUSPENSÃO.1. Este Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento segundo o qual a regra
prevista no art. 366 do Código de Processo Penal regula-se pelo art. 109 do Código Penal. O art. 366 do Código de
Processo Penal não faz menção a lapso temporal, todavia, a suspensão do prazo de prescrição não pode ser
indeterminado, porquanto a própria Constituição Federal delimitou os crimes imprescritíveis (art. 5.º, incisos XLII
e XLIV).2. A utilização do disposto no art. 109 do Código Penal, como parâmetro para o período de suspensão da
fluência do prazo prescricional, considerando-se a pena máxima em abstrato, se adequa à intenção do legislador,
sem importar em colisão com a Carta Constitucional.(...) 5. Habeas corpus não conhecido. Concedida a ordem, de
ofício, para reconhecer a prescrição da pretensão punitiva em relação ao delito imputado ao Paciente.(STJ. HC
133.744/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 24/05/2011, DJe 07/06/2011)
ATENÇÃO: foi reconhecida repercussão geral sobre essa questão – RE 600.851/DF - Conclusos ao(à) Relator(a) .
Consulta feita em 09.09.14.
3. A SUSPENSÃO DO PROCESSO E DA PRESCRIÇÃO APLICA-SE NO NOVO PROCEDIMENTO COMUM? R:
SIMQUANDO? O artigo 366 aplica-se ao novo procedimento comum, devendo ocorrer após a citação e antes da
resposta à acusação. Citado por edital e não compareceu e não constituiu advogado, antes da resposta da
acusação suspende o processo. Deve-se, pois substituir a expressão “comparecer” por “apresentar defesa
escrita”.
4. Obs.: Por expressa previsão do art. 2º, Parágrafo 2º, da lei 9.613/98 (lavagem de capitais), o art. 366 do CPP
não se aplica a tais crimes. Pacelli sustenta que com a nova redação do 394, §4º, do CPP, que prevê a aplicação
dos artigos 395 a 397 a todos os procedimentos penais de 1º grau, ainda que não regulados pelo Código e,
considerando o teor do art. 396, pú, não haveria como deixar de aplicar a suspensão aos crimes de lavagem.
5. Termo a quo para defesa no caso de citação por edital:
• 15 dias após a publicação OU
• Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do
comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.
Obs.: CIRCUNDUÇÃO: Denomina-se circundução o ato pelo qual se julga nula ou de nenhuma eficácia a citação.
Quando anulada, diz-se que há citação circunduta.
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386. RETROATIVIDADE DA ALTERAÇÃO PERPETRADA NO ART. 366, CPP (Lei 9.271/96) Guilherme de Souza Nucci
sustenta a impossibilidade, tendo em vista que se trata de lei de conteúdo misto – penal (suspensão da
prescrição) e processual penal (suspensão do processo).
No mesmo sentido, entendimento pacífico do STJ:
*HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. LATROCÍNIO. FATOS OCORRIDOS EM 1989. CITAÇÃO EDITALÍCIA E
DECRETAÇÃO DA REVELIA. VALIDADE. DILAÇÃO PROBATÓRIA. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. PRETENSÃO DE
APLICAÇÃO DO ART. 366 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, COM A REDAÇÃO DADA LEI N.º 9.271/96.
IMPOSSIBILIDADE. PRISÃO CAUTELAR. TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA.
PREJUDICIALIDADE.(...)3. Este Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da irretroatividade do
art. 366 do Código de Processo Penal, com a nova redação dada pela Lei n.º 9.271/96, ao réu revel que tenha
praticado o delito antes da sua entrada em vigor, uma vez que não se admite a cisão da referida norma, que
dispõe a respeito de regra de direito processual – suspensão do processo – e de direito material – suspensão da
prescrição – já que a aplicação desta importaria em prejuízo ao réu. Precedentes.4. Com o trânsito em julgado da
sentença condenatória, fica prejudicado o pedido de revogação da custódia cautelar, tendo em vista que a prisão
do Paciente traduz, agora, na própria execução definitiva da pena.5. Habeas corpus parcialmente conhecido e,
nessa extensão, denegado.(HC 122.904/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 03/08/2010,
DJe 23/08/2010)
Quando incerta a pessoa – não há mais essa hipótese.
V. Citação por hora certa (ficta)
a. Conceito
Estará caracterizada a má-fé, já que o réu está se escondendo para não ser citado e o modus operandi é
idêntico ao do processo civil. Art. 252 a 254do CPC. #NCPC
b. Requisitos
Comparecimento do oficial de justiça por d uas vezes
Suspeita de que o réu está se escondendo para não ser citado pessoalmente
1. Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado
defensor dativo.”(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). Isto indica que, no caso da citação por hora certa, o
processo vai continuar em razão do defensor dativo, ao contrario da citação por edital onde o processo fica
suspenso. CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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2. COMPATIBILIDADE DA CITAÇÃO POR HORA CERTA COM A CADH
Obs.: Já há doutrinadores entendendo que a citação por hora certa no processo penal violaria o pacto de São José
da Costa Rica, este que assegura a todo e qualquer acusado uma comunicação prévia e pormenorizada da
acusação. (Posição pró réu). Antes da lei 11.719/08, o cidadão que se ocultava para não ser citado pessoalmente,
era citado por edital, tendo como consequência o artigo 366, suspendendo o processo e a prescrição.
Artigo 8º, 2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for
legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes
garantias mínimas: comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;
ARGUMENTOS CONTRÁRIOS A ESSE ENTENDIMENTO:
• Não se pode considerar que a citação por hora certa seja uma citação incompleta pelo fato de
ter sido feita de maneira indireta.
• Não se pode equiparar a situação daquele que está em local incerto e não sabido, o qual deverá
ser citado por edital, com aquele que reiteradamente se furta a citação pessoal, impedindo a
efetivação da função jurisdicional.
3. Aplicação da nova lei (citação por hora certa). EXEMPLO: No dia 10/01/08 foi a data do crime, no dia 13/02/09
vai se dar a citação. Pode ser realizada a citação por hora certa, com base na nova lei de 2008? Leva-se em
consideração o momento da citação, portanto se a citação se deu a partir do dia 22/08/08, será possível a citação
por hora certa. (norma genuinamente processual)
4. Aplicação retroativa da nova lei: será que é possível a citação por hora certa de réu já citado por edital, nos
termos da redação anterior do art.362 do CPP (Verificando-se que o réu se oculta para não ser citado, a citação
far-se-á por edital, com o prazo de 5 (cinco) dias)?
1ª corrente: não é possível a citação por hora certa
em relação aos acusados já citados por edital.
Trata-se a citação de ato processual perfeito e
acabado que não pode ser substituído por uma
nova citação por hora certa. (Gustavo Henrique
Badaro)
2ª corrente: a nova redação do artigo 362 do
CPP, trazendo a citação por hora certa, deve
retroagir no tempo para alcançar todos os
processos suspensos em virtude de citação por
edital, quando o acusado tiver se ocultado para
não ser citado pessoalmente. Isso porque a
norma do artigo 362 é mais benéfica para esse
acusado, pois não prevê a suspensão da
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
40prescrição. Renato.
#OUSESABER: O STF, em 1º/08/16, considerou constitucional a citação por hora certa, prevista no artigo 362 do
CPP, nos casos em que se verifique que um réu se oculta para não ser citado. Ao julgar o RE 635145, com
repercussão geral reconhecida, os ministros entenderam que essa modalidade de citação não compromete o
direito de ampla defesa, constitucionalmente assegurado a todos os acusados em processo criminal. O réu,
recorrente, alegava cerceamento à própria defesa, pois não teria sido pessoalmente informado da acusação, a fim
de poder exercer plenamente sua defesa. Mas o relator do RE, min. Marco Aurélio, observou que, embora o réu
tenha o direito de ser informado da imputação, a suspensão do processo só pode ocorrer nos casos em que ele
não pode ser encontrado. Segundo ele, deixar de reconhecer a constitucionalidade da norma do CPP, que tem
como objetivo exatamente assegurar a continuidade do processo nas situações em que o réu deliberadamente se
esconde para evitar a citação, representaria um prêmio a sua atuação ilícita. O citado Ministro ressaltou que a
ampla defesa é a combinação entre a defesa técnica e a autodefesa. A primeira é irrenunciável, pois o réu possui
o direito inalienável de ser assistido por defensor do estado, caso não o faça ou deixe de nomear advogado no
prazo estabelecido em lei, sob pena de nulidade total do processo. Já a autodefesa é a garantia de o acusado
estar presente ao julgamento. Em seu entendimento, caso opte por não comparecer, estará também exercendo
um direito, o de não se incriminar ou produzir provas contra si, mas essa escolha não pode interromper o
processo. O ministro destacou que a citação por hora certa é cercada de cuidados, entre os quais a certidão
pormenorizada elaborada pelo oficial de justiça e o aval pelo juiz. Caso não existam elementos concretos de
ocultação, o juiz pode determinar a suspensão do processo, preservando a autodefesa. Entretanto, nos casos em
que constatada a intenção de interromper o processo, o magistrado dispõe de instrumentos para dar
prosseguimento à ação penal. Desta forma, a citação por hora certa é constitucional!
É constitucional a citação com hora certa no âmbito do processo penal. STF. Plenário. RE 635145/RS, rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2016 (Info 833).
5. EXISTE REVELIA NO PROCESSO PENAL? Citado pessoalmente caso o acusado não compareça será decretada a
sua revelia.
SE O ACUSADO CITADO OU INTIMADO PESSOALMENTE NÃO COMPARECE INJUSTIFICADAMENTE OU MUDA DE
RESIDÊNCIA SEM COMUNICAR O JUÍZO, SERÁ DECRETADA A SUA REVELIA.
6. EFEITOS DA REVELIA:
No processo civil se tem como efeito a presunção da veracidade dos fatos.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
41• No processo penal, o ÚNICO efeito da revelia é a desnecessidade da intimação do acusado para prática de
atos processuais, salvo na hipótese de sentença condenatória.Art. 367. O processo seguirá sem a presença do
acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado,
ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.
• Há, ainda, a quebra da fiança, ou seja, a perda da metade do valor dado em fiança, mesmo que ocorra a
absolvição.
Não comparecendo ao chamado, dá-se a contumácia (contumaz é aquele que resiste ao chamado da justiça) que
se costuma, impropriamente, denominar-se de revelia (revelia seria a conseqüência do não atendimento ao
chamado). Feito o esclarecimento, cumpre atentar para o fato de que no processo penal a revelia não implica a
chamada confissão ficta, significando apenas que o processo seguirá sem sua presença não lhe sendo feitas
quaisquer comunicações até a sentença.
Júri – com a nova lei pode ocorrer o julgamento mesmo sem a sua presença. é decretada a sua revelia.
De outra parte, vale observar que mesmo revel durante todo o processo, o acusado/condenado deverá ser
intimado da sentença.Isso porque o réu tem capacidade postulatória para recorrer da sentença de primeiro grau.
Os Tribunais entendem ser desnecessária a intimação do réu das decisões em segunda instância, já que, nesses
casos, eles não possuem tal capacidade.
A revelia não ocasiona outros defeitos não previstos na lei. Assim, não pode obstar o direito de defesa, a
constituição de defensor e, em princípio, não impede, por si, a concessão de sursis ou a faculdade de apelar em
liberdade. Tem se entendido até que, desaparecida a contumácia, deve ser ele intimado e notificado para os atos
posteriores. Valendo registrar que, mesmo revel, se a qualquer tempo o réu for localizado (ou apresentar-se
espontaneamente) deverá o juiz proceder ao seu interrogatório.
VI. Resposta escrita
a. Conceito
É a peça defensiva que resistirá aos termos da inicial acusatória, alimentando a esperança de que o réu seja
absolvido ainda no início do processo, sem a necessidade de audiência de instrução e julgamento, por intermédio
da absolvição sumária.
Obs.: Capacidade postulatória
b. Capacidade postulatória
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Essa peça deve ser subscrita por advogado, sob pena de nulidade absoluta, por ausência de defesa técnica.
c. Prazo
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar
liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder àacusação, por escrito, no prazo de 10
(dez) dias.
CONTEÚDO DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Pode apresentar preliminares;
Pode juntar documentos;
Provas pretendidas; Apresentar o rol de testemunhas.
Pode juntar justificações, é um procedimento cautelar, não contencioso, instaurado com o objetivo de
produzir determinadas provas; (há quem fale que justificações seriam as causas justificantes)
ATENÇÃO: Se não apresenta rol de testemunhas nesse momento ocorre a PRECLUSÃO.
Obs.: Contudo, nada impede que se faça um apelo ao Princípio da Verdade Real nesse caso estas testemunhas
serão ouvidas como testemunha do juízo.
*#MUDANÇADEENTENDIMENTO: O magistrado é obrigado a aceitar o pedido da defesa para apresentar o rol de
testemunhas a posteriori? NÃO. Ficará ao prudente arbítrio do magistrado deferir ou não o pedido formulado,
devendo a sua decisão ser motivada. Importante destacar, no entanto, que, se o juiz decidir, em nome da busca
da verdade real, deferir o pedido da defesa, tal decisão não viola os princípios da paridade de armas e do
contraditório. Quando a defesa apresentar posteriormente o rol de testemunhas, elas serão classificadas e
ouvidas como "testemunhas do juízo" (art. 209 do CPP)? NÃO. Não se trata, em neste caso, de testemunha do
juízo (art. 209 do CPP). Tais testemunhas serão ouvidas como testemunhas de defesa. A única diferença é que o
juiz aceitou que o rol fosse apresentado depois do prazo da resposta à acusação. STJ. 6ª Turma. REsp 1.443.533-
RS, Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/6/2015 (Info 565).
#DEFENSORIA #IMPORTANTE: O defensor do acusado apresenta a resposta à acusação e nela afirma que deseja
arrolar testemunhas, mas que ainda não conseguiu ter contato com o réu. Em virtude disso, pede para indicar o
rol de testemunhas posteriormente. Neste caso, o juiz pode aceitar o pedido da defesa? SIM. O magistrado pode,
de forma motivada, deferir o pedido apresentado em resposta à acusação pela defesa no sentido de lhe ser
permitida a indicação do rol de testemunhas em momento posterior, tendo em vista que ainda não teria tido a
oportunidade de contatar o réu. Vale ressaltar um aspecto muito interessante: nesta hipótese, segundo entendeu
o STJ, não há que se falar em preclusão porque não houve inércia da parte. O magistrado é obrigado a aceitar o
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
43pedido da defesa para apresentar o rol de testemunhas a posteriori? NÃO. Ficará ao prudente arbítrio do
magistrado deferir ou não o pedido formulado, devendo a sua decisão ser motivada. Importante destacar, no
entanto, que, se o juiz decidir, em nome da busca da verdade real, deferir o pedido da defesa, tal decisão não
viola os princípios da paridade de armas e do contraditório. Quando a defesa apresentar posteriormente o rol de
testemunhas, elas serão classificadas e ouvidas como "testemunhas do juízo" (art. 209 do CPP)? NÃO. Não se
trata, em neste caso, de testemunha do juízo (art. 209 do CPP). Tais testemunhas serão ouvidas como
testemunhas de defesa. A única diferença é que o juiz aceitou que o rol fosse apresentado depois do prazo da
resposta à acusação. STJ. 6ª Turma. REsp 1.443.533-RS, Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
23/6/2015 (Info 565).
A RESPOSTA À ACUSAÇÃO TEM CARÁTER OBRIGATÓRIO. Eventual ausência da resposta à acusação seria caso de
nulidade absoluta.
Artigo 396 A, §2º, CPP Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir
defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
PROCEDIMENTOS
Não aplicação do art. 396-A do CPP ao processo penal militar
O art. 396-A do Código de Processo Penal não se aplica ao rito do processo penal militar. STF. 2ª Turma. HC
125777/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016 (Info 831).
QUAL É O MOMENTO PARA A RESPOSTA À ACUSAÇÃO?
A resposta à acusação se dá após a citação pessoal ou também por hora certa.
ESSA RESPOSTA À ACUSAÇÃO SÓ PODE SER APRESENTADA POR ADVOGADO.
PRAZO PARA RESPOSTA À ACUSAÇÃO: De acordo com a lei, o prazo é de 10 dias.
NO CASO DE PRECATÓRIA SERÁ CONTADO A PARTIR DA DATA DA INTIMAÇÃO.
SÚMULA Nº 710 do STF -NO PROCESSO PENAL, CONTAM-SE OS PRAZOS DA DATA DA INTIMAÇÃO, E NÃO DA
JUNTADA AOS AUTOS DO MANDADO OU DA CARTA PRECATÓRIA OU DE ORDEM.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
44Se o advogado constituído não apresentar essa resposta o juiz nomeará um advogado dativo para apresentá-la
dando-lhe mais 10 dias de prazo.
TERÁ ALGUMA CONSEQÜÊNCIA PARA ESSE ADVOGADO CONSTITUÍDO QUE NÃO OFERECEU RESPOSTA À
ACUSAÇÃO? “Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado
previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções
cabíveis.
OITIVA DO MP:
Em virtude do princípio do contraditório, caso a defesa apresente alegações, fatos ou documentos dos quais o MP
não tinha prévia ciência, deverá o juiz abrir vista ao MP, aplicando por analogia ao procedimento comum o
disposto no artigo 409 CPP (procedimento do júri).
*É cabível a aplicação analógica do art. 191 do CPC 1973 (art. 229 do CPC 2015) ao processo penal. Art. 191.
Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para
contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.Não cabe a aplicação subsidiária do art. 229, caput,
do CPC/2015 em inquéritos e ações penais originárias em que os atos processuais das partes são praticados por
via eletrônica STF. 7/6/2016 (Info 829).
*A decisão que acolher ou não as teses defensivas declinadas na resposta à acusação (“defesa preliminar”)
estabelecida no art. 396-A do CPP deve ser fundamentada? SIM. O juiz deverá fundamentar, ainda que
sucintamente, a decisão que acolher ou não as teses defensivas declinadas na defesa preliminar estabelecida no
art. 396-A do CPP, sob pena de configurar a negativa de prestação jurisdicional (STJ. 5ª Turma. HC 183.355-MG,
julgado em 3/5/2012. Info 496). Se o juiz decidir negar a absolvição sumária e determinar o prosseguimento do
processo, ele precisará refutar as teses trazidas pela defesa na resposta escrita? SIM. O magistrado, ao proferir
decisão que determina o prosseguimento do processo, deverá ao menos aludir àquilo que fora trazido na defesa
preliminar, não se eximindo também da incumbência de enfrentar questões processuais relevantes e urgentes.
STJ. 6ª Turma. RHC 46.127-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 12/2/2015 (Info 556).
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
DIPLOMA DISPOSITIVOSCódigo de Processo Penal Art. 351 a 372 e Art. 394 a 4052
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
Anotações de aula
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Jurisprudência do site Dizer o Direito.
Manual de Processo Penal – Renato Brasileiro
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iEste material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.