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INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

CELSO DELIBERATO

DIRETRIZES PARA O PROJETO E EXECUÇÃO DE LAJES MISTAS DE CONCRETO E CHAPAS METÁLICAS TRAPEIZOIDAIS

(“STEEL DECK”)

São Paulo

2006

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CELSO DELIBERATO

DIRETRIZES PARA O PROJETO E EXECUÇÃO DE LAJES MISTAS DE CONCRETO E

CHAPAS METÁLICAS TRAPEIZOIDAIS

(“STEEL DECK”)

Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, para obtenção do título de Mestre em Habitação: Planejamento e Tecnologia. Área de concentração: Planejamento, Gestão e Projeto Orientador Ercio Thomaz

São Paulo

2006

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Ficha Catalográfica

Elaborada pelo Departamento de Acervo e Informação Tecnológica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo - IPT

D353d Deliberato, Celso

Diretrizes para o projeto e execução de lajes mistas de concreto e chapas metálicas trapezoidais (“steel deck”). / Celso Deliberato. São Paulo, 2006. 135p. Dissertação (Mestrado em Habitação: Planejamento e Tecnologia) - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Área de concentração: Planejamento, Gestão e Projeto. Orientador: Prof. Dr. Ercio Thomaz 1. Laje mista 2. Concreto armado 3. Aço 4. Chapa metálica trapezoidal 5. Steel deck 6. Segurança estrutural 7. Resistência ao fogo 8. Proteção contra incêndio 9. Edificações 10. Tese I. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. Centro de Aperfeiçoamento Tecnológico II. Título

06-114 CDU 69.073(043)

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AGRADECIMENTOS

Há inúmeros seres humanos que tem por sua própria natureza colaborar com

seus semelhantes, nas mais diferentes formas (financeira, moral, intelectual, etc).

Aos que recebem o auxílio tem por dever no mínimo, o de agradecer, principalmente

daqueles em que foi recebido de forma gratuita, espontânea e sem alarde.

Assim, preliminarmente, peço desculpas aos que deveriam ser lembrados

nominalmente e não o foram, e nesse instante espero que vossos espíritos sejam

envolvidos com o mesmo carinho, respeito e dedicação dadas à minha pessoa.

Aos que minha memória não deixa falhar, os meus mais sinceros

agradecimentos e se, hoje tenho alegria por este trabalho, com certeza tudo

começou no sorriso que me foi oferecido por vocês no inicio deste singelo trabalho.

Face à particularidade com que cada um participou durante a minha jornada

tenho a necessidade de citar três pessoas. Em primeiro, quero agradecer ao

engenheiro que nos ajudou com sua grande experiência e conhecimentos técnicos

conquistados ao longo de sua vida profissional. Ao Prof. Dr. Ercio Thomaz por seu

incentivo, dedicação, paciência e generosidade.

A seguir, agradeço ao amigo de jornadas mais antigas que com sua forma de

ser, avesso à divulgação da gratidão que outras pessoas tem por ele, nesta

oportunidade tenho a necessidade de expor a minha e declarar o meu muito

obrigado ao meu precioso amigo Antonio Carlos Cappabianco.

Em terceiro, ao ser humano que muito auxiliou na manutenção do meu bem

pessoal mais precioso que é a saúde, suas primeiras palavras a mim dirigidas estão

gravadas até hoje, neste momento eu as retorno “estou tranqüilo, estou entre

amigos”. Muito obrigado Prof. Henrique Vailati Neto.

Na esfera doméstica tenho a necessidade de agradecer pela paciência, pela

generosidade e pelas oportunidades não compartilhadas e declarar muito obrigado

aos meus filhos e esposa. Caso eu tenha algum crédito na espiritualidade solicito ao

Grande Arquiteto do Universo que retribua a todos vocês tudo o que a mim foi

dispensado com enorme carinho.

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RESUMO

As razões que motivaram a realização deste trabalho “DIRETRIZES PARA O

PROJETO E EXECUÇÃO DE LAJES MISTAS DE CONCRETO E CHAPAS

METÁLICAS TRAPEZOIDAIS” tem sua origem na dificuldade de encontrar

informações adequadamente reunidas ao seu estudo.

A engenharia da construção de edifícios vem se desenvolvendo através dos

sistemas estruturais em concreto armado e de aço, após a segunda metade do

século passado os denominados sistemas mistos (concreto armado trabalhando em

conjunto com o aço) tem se desenvolvido de forma mais acentuada, tornando-se

mais uma opção construtiva.

No caso do sistema misto laje mista de concreto e chapa metálica trapezoidal não

utiliza as tradicionais fôrmas de madeira, pode em diversas oportunidades dispensar

os escoramentos durante a concretagem e ainda, as suas chapas metálicas

trabalham como armadura positiva após a cura do concreto.

As particularidades deste sistema misto requerem um método de dimensionamento

e execução mais trabalhoso daquele utilizado em lajes convencionais de concreto

armado, assim, face às características que lhe são próprias, os conceitos deste

sistema misto, as exigências estabelecidas pelas normas vigentes e sua execução

adequada são indicadas neste trabalho acrescido de exercícios propostos de

dimensionamento.

Palavras-chave: Laje mista, Concreto armado, Aço, Chapa metálica trapezoidal,

Steel deck, Segurança estrutural, Resistência ao fogo,Proteção contra incêndio,

Edificações.

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ABSTRACT

The reasons that motivated me to carry out this work, “GUIDELINES FOR THE

PROJECT OF MIXED SLABS OF CONCRETE AND STEEL DECK” have their

origins on the difficulty of finding adequate reunited pieces of information for its study.

Engineering for building construction has been developed through structural

system in reinforced concrete and steel. However, after the second half of the past

century, the ones called mixed systems (reinforced concrete working in a

combination with steel) have been developed more strongly; thus, becoming one

more building option.

In the case of mixed system – concrete slab and steel deck – it does not use

wood forms; it may dispense, in several cases, propping during concrete pouring,

and, yet, their metal sheets will function as a positive armature after the cure of the

concrete.

The peculiarities towards mixed system demand harder dimensional and

execution methods that those ones used in conventional reinforced concrete slabs.

Consequently, due to its own characteristics, the concepts of the mixed system, the

demanding set by the normative rules, as well as its adequate execution are pointed

at in this work, which also includes proposed exercises of dimensioning.

Key words: mixed slsab, reinforced concrete, steel, steel deck, structural safety, fire

resistance, fire protection, building

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Lista de ilustrações

Figura 1: Detalhamento do sistema misto laje mista de concreto e chapa

metálica nervurada trapezoidal. (METFORM) ......................................19

Figura 2: Posicionamento da Armadura Complementar. .....................................24

Figura 3: Seção e dimensões do “Steel Deck MF-75” (Metform).........................27

Figura 4: Armadura adicional sobre vigas principais (Metform) ...........................28

Figura 5: Largura mínima de apoio do steel deck (Metform). ..............................29

Figura 6: Continuidade das peças de Steel Deck sobre as vigas (Metform)........29

Figura 7: Seção e dimensões do “Polydeck 59” (Perfilor)....................................31

Figura 8: Seções críticas (NBR 14.323, 1999).....................................................36

Figura 9: Perímetro crítico para punção (NBR 14.323, 1999)..............................37

Figura 10: Distribuição de tensões para momento positivo – linha neutra

acima da face superior da fôrma (Queiroz; Pimenta; Da Mata,

2001) ....................................................................................................38

Figura 11: Distribuição de tensões para momento positivo – linha neutra na

fôrma metálica, abaixo da face superior da fôrma (Queiroz;

Pimenta; Da Mata, 2001)......................................................................39

Figura 12: Geometria Simplificada da Fôrma (Queiroz; Pimenta; Da Mata,

2001). ...................................................................................................41

Figura 13: Momento resistente aproximado (Queiroz; Pimenta; Da Mata,

2001). ...................................................................................................43

Figura 14: Dimensões da fôrma de aço e da laje de concreto (NBR 14432;

2001). ...................................................................................................46

Figura 15: Perímetro crítico para punção (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001). .....46

Figura 16: Seqüência de concretagem (SDI, 2000)...............................................52

Figura 17: Distribuição das cargas concentradas ou lineares................................54

Figura 18: Armadura de distribuição (NBR 14.323, 1999). ....................................56

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Figura 19: Abertura na laje (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001). ...........................56

Figura 20: Armaduras de reforços nas aberturas (Queiroz; Pimenta; Da Mata,

2001). ...................................................................................................60

Figura 21: Localização das armaduras de reforço na região da abertura

(Manual da MetForm, 1997). ................................................................60

Figura 22: Lajes com forma de aço incorporada. (Queiroz; Pimenta; Da Mata,

2001) ....................................................................................................67

Figura 23: Posição geométrica da armadura. (NBR 14.323, 1999) .......................70

Figura 24: Viga sem a Proteção (obra Convention Center & Hotel Jaraguá).........76

Figura 25: Viga com a Proteção Passiva (obra Convention Center & Hotel

Jaraguá) ...............................................................................................77

Figura 26: Deformação do aço em função do tempo em que atua tensão

constante. (ABDALLA, 1995)................................................................84

Figura 27: Variação dos fatores de redução para o limite de escoamento e

módulo de elasticidade do aço com a temperatura. (Bellei, Pinho,

Pinho, 2004) .........................................................................................85

Figura 28: Variação do Fup em função da temperatura crítica. (Bellei, Pinho,

Pinho, 2004) .........................................................................................86

Figura 29: Proteção Ativa - sprinklers (obra Convention Center & Hotel

Jaraguá) ...............................................................................................88

Figura 30: Steel Deck (Semple-Gooder)................................................................89

Figura 31: Polydeck 59 ..........................................................................................90

Figura 32: Lajes com fôrma de aço incorporada. (Queiroz; Pimenta; Da Mata,

2001) ....................................................................................................91

Figura 33: Deslizamento longitudinal relativo entre a fôrma e o concreto na

extremidade da peça, após ensaio realizado na laje mista montada

com chapa metálica Steel Deck MF-75, da MetForm (Mello, 1999). ....92

Figura 34: Fixação com parafusos auto-atarrachantes com máquinas

elétricas-pneumáticas (SDI, 2000)........................................................93

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Figura 35: Fixação com solda (SDI, 2000).............................................................93

Figura 36: Conector tipo pino com cabeça (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001). ...94

Figura 37: Conector da Hilti HVB (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001). .................94

Figura 38: Conector em perfil U laminado (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001). ....95

Figura 39: Outros tipos de conectores (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001)...........95

Figura 40: Carga/descarga de fardos de steel deck (Bellei; Pinho, F.; Pinho, M,

2004). ...................................................................................................98

Figura 41: Içamento/transporte vertical dos fardos de steel deck (Manual SDI,

). ...........................................................................................................99

Figura 42: Descarga dos fardos (Manual Bellei, Pinho, Pinho, 2004)..................100

Figura 43: Exemplo de estocagem (Manual SDI). ...............................................100

Figura 44: Área de estoque (manual do SDI). .....................................................101

Figura 45: Área de estoque em que os perfis devem ter verificação de sua

capacidade suporte antes da concretagem da laje a ser

incorporada (manual do SDI)..............................................................102

Figura 46: Montagem das chapas de steel deck (Manual SDI) ...........................103

Figura 47: Vista Inferior de um recorte (obra – Convention Center & Hotel

Jaraguá) .............................................................................................105

Figura 48: Vista superior de um recorte (obra – Convention Center & Hotel

Jaraguá) .............................................................................................106

Figura 49: Processo de colocação do conector com a pistola. (Queiroz;

Pimenta; Da Mata, 2001)....................................................................107

Figura 50: Processo de soldagem. (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001)..............107

Figura 51: Conector da Hilti HVB. (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001). ..............108

Figura 52: Vedação nos encontros longitudinais e transversais (Haironville). .....109

Figura 53: Não acumular concreto de forma concentrada no meio do vão

(Manual SDI).......................................................................................109

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Figura 54: Não transitar co carrinhos diretamente sobre as chapas (Manual

SDI) ....................................................................................................109

Figura 55: Plano de Concretagem (Manual Haironville) ......................................110

Figura 56: Concretagem (SCI).............................................................................110

Figura 57: Arremates de lajes junto às vigas de aço segundo a MetForm

(Manual da MetForm, 1997). ..............................................................111

Figura 58: Arremate de laje e suporte de deck em balanços do steel deck

(Manual da MetForm, 1997). ..............................................................112

Figura 59: Complemento de deck “CD” (Manual da MetForm, 1997). .................113

Figura 60: Arremate de deck “AD” (Manual da MetForm, 1997)..........................114

Figura 61: Recortes de Montagem (Manual da MetForm, 1997). ........................115

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Lista de tabelas Tabela 1: Cargas Sobrepostas Máximas (kN/m²) “Steel Deck MF-75”

METFORM ...........................................................................................30

Tabela 2: Sobrecargas Admissíveis (kN/m²) “Polideck 59” - Espessura 0,80

mm........................................................................................................33

Tabela 3: Sobrecargas Admissíveis (kN/m²) “Polideck 59” - Espessura

0,95mm.................................................................................................34

Tabela 4: Sobrecargas Admissíveis (kN/m²) “Polideck 59” - Espessura

1,25mm.................................................................................................35

Tabela 5: Valores de Rdτ em função de (fonte: NBR-14323) .......................47 ckf

Tabela 6: Malha anti-fissuração (METFORM S.A., 2000).....................................48

Tabela 7: Malha anti-fissuração (Perfilor Perkron Haironville, 2004)....................48

Tabela 8: Propriedades físicas do “Steel Deck MF-75” (Metform)........................49

Tabela 9: Características mecânicas da Polideck-59 (Perfilor Perkrom

Haironville)............................................................................................50

Tabela 10: Espessura efetiva mínima (NBR-14.323, 1999)....................................66

Tabela 11: Condições de colapso para lajes (NBR-14.323, 1999). ........................69

Tabela 12: Tempo de resistencia ao fogo da laje e correspondente

temperaturas da armadura (NBR-14.323, 1999). .................................70

Tabela 13: Fatores de reduçao da resistencia do aço sob ação de temperatura

(NBR-14.323, 1999)..............................................................................71

Tabela 14: Variação de temperatura na altura das lajes de concreto (NBR-

14.323, 1999)........................................................................................73

Tabela 15: Fatores de redução para o concreto (NBR-14.323, 1999)....................74

Tabela 16: Espessura mínima do concreto acima da fôrma de aço (NBR-

14.323, 1999)........................................................................................75

Tabela 17: Fatores de redução para o aço . (Bellei, Pinho, Pinho, 2004) ..............86

Tabela 18: Espessura Mímima dos Arremates de Laje (mm) (Metform) ..............112

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Listas de abreviaturas e siglas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AD Arremate de Deck

AISC-LRFD American Institute of Steel Construction-Load and Resistence Factor

Design

ASCE American Society of Civil Engineers

BS British Sandards Institution

CB Corpo de Bombeiros

CD Complementos de Deck

CSSBI Canadian Steell Sheet Building Institute

ECCS European Convention for Constructional Steelwork

Eurocode European Committee for Standardisation

IT Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo

NBR Norma Brasileira Registrada

NR Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho – Brasil

SCI The Steel Construction Institute

SD Suporte de Deck

SDI Steel Deck Institute

TRRF Tempo Requerido de Resistência ao Fogo

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Listas de símbolos

Letras romanas maiúsculas

A - área de seção transversal, alongamento

AS’ - área da fôrma de aço sujeita a compressão

AS” - área da forma de aço sujeita à tração

Ag - área bruta da seção transversal da barra

AP - área efetiva de fôrma (correspondente a 1.000 mm de largura)

E - módulo de elasticidade tangente do aço 20°C

FG - valor nominal da ação permanente

FQ - valor nominal das cargas acidentais

FQ,exc - valor nominal da ação transitória excepcional

G - módulo transversal de elasticidade

I - momento de inércia

L - altura de um andar, vão teórico

LS - distância de atuação de uma carga concentrada do seu apoio mais próximo

Mpa - resistência plástica ao momento fletor da forma de aço considerando a seção efetiva

Mpr - resistência plástica ao momento fletor da fôrma de aço

Nc,i - resistência à compressão de cada fatia da laje

Ncf - valor de cálculo do esforço normal de compressão atuante na espessura de concreto acima da fôrma de aço

Npa - valor de cálculo do esforço resistente à tração da fôrma de aço

Pp - carga concentra

V - força cortante

W - módulo resistente

Letras romanas minúsculas

a - Maior distância, na direção das nervuras, entre a borda da abertura e o apoio correspondente da laje.

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a’ - menor distância, na direção das nervuras, entre a borda da abertura e o apoio correspondente da laje

a/c - fator água cimento

b - largura laje, tomada como 1.000 mm

bn - largura entre duas nervuras consecutivas

bP - largura da carga concentrada linear

bo - largura media das nervuras para fôrmas

d - altura da seção

dP - distância da face superior da laje ao centro de gravidade da área efetiva da forma

e - distância da área efetiva da fôrma

ep - distância da linha neutra plástica da seção efetiva da fôrma a sua face inferior

fck - resistência característica a compressão do concreto de densidade normal, a 20°C

fcd - fck/1,4

fu - limite de resistência a 20°C dos aços laminados a quente

fy - limite de escoamento a 20°C dos aços laminados a quente

fyp - limite de escoamento do aço da forma

fys - limite de escoamento da armadura

hc - altura da laje sobre a fôrma de aço

hf - altura toral da laje, incluindo a fôrma e o concreto

hef - altura efetiva da laje

k - Constante

KE,θ - fator de redução para módulo de elasticidade dos aços laminados em temperatura elevada, relativo ao valor a 20°C

Ky,θ - fator de redução para o limite de escoamento dos aços laminados a quente em temperatura elevada, relativo ao valor a 20°C

Kyo,θ - fator de redução para o limite de escoamento dos aços trefilados em temperatura elevada, relativo ao valor a 20°C

ls - vão de cisalhamento

m - Constante

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q - carga linear por unidade comprimento

t - tempo de resistência a incêndio, espessura

tci - espessura de cada fatia

y - braço de alavanca entre as resultantes de tração e compressão na seção transversal da forma

u - Perímetro do elemento estrutural exposto ao incêndio, distância da armadura à forma de aço

ucr - perímetro crítico

Letras gregas minúsculas

α - relação entre a parte comprimida e a largura total do elemento

γc - massa específica do concreto

γg - coeficiente de ponderação para ação permanente

δo - flecha calculada para o carregamento de longa duração

δf - deformação final

ν - coeficiente de Poisson

θc - coeficiente de resistência do concreto

θs - temperatura da armadura

ρa - Massa específica do aço

τrd - resistência do concreto ao cisalhamento

Índices gerais

a - Aço

c - concreto, convecção

d - de cálculo

n - Nominal

r - início do escoamento, radiação

t - Tempo

u - relacionado ao limite de resistência

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w - Alma

x - relacionado ao eixo x

y - relacionado ao eixo y

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Sumário

Introdução 19

Objetivo do trabalho .................................................................................................20

Justificativa...............................................................................................................20

Capítulo 1

1 Características dos Materiais Empregados...........................................................21

1.1 Aço .....................................................................................................................21

1.1.1 Propriedades ...................................................................................................21

1.1.1.1 Propriedade das chapas de fôrmas de aço ..................................................22

1.2 Concreto.............................................................................................................23

1.2.1 Propriedades ...................................................................................................23

1.3 Armadura Complementar ...................................................................................24

1.4 Conectores de cisalhamento ..............................................................................25

Capítulo 2

2 Parâmetros de Projeto ..........................................................................................26

2.1 Verificação da fôrma de aço antes da cura do concreto ....................................26

2.2 Verificação da laje mista (após a cura do concreto)...........................................36

2.2.1 Verificação da laje mista aos estados limites últimos......................................36

2.2.1.1 Resistência ao momento fletor .....................................................................38

2.2.1.2 Resistência ao cisalhamento longitudinal.....................................................42

2.2.1.3 Verificação ao cisalhamento vertical e à punção..........................................45

2.2.2 Verificação da laje mista aos estados limites de utilização .............................47

2.2.2.1 Estado limite de fissuração inaceitável do concreto .....................................47

2.2.2.2 Estado limite de deslocamento vertical máximo...........................................49

2.2.3 Ações a serem consideradas nas verificações................................................51

2.2.3.1 Na fase antes da cura do concreto...............................................................51

2.2.3.2 Fase após a cura do concreto ......................................................................53

2.2.4 Verificação da laje mista para cargas concentradas ou lineares.....................53

2.2.4.1 Situação das cargas concentradas ou lineares paralelas às nervuras.........53

2.2.4.2 Situação de cargas lineares perpendiculares às nervuras ...........................54

2.3 Aberturas em lajes mistas ..................................................................................56

2.3.1 Pequenas aberturas ........................................................................................57

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2.3.2 Grandes aberturas ..........................................................................................57

2.4 Disposições construtivas ....................................................................................60

2.5 Segurança contra incêndio.................................................................................61

2.5.1 Generalidades .................................................................................................61

2.5.2 Proteção contra incêndio em edificações ........................................................62

2.5.2.1 Proteção ativa ..............................................................................................62

2.5.2.2 Proteção passiva..........................................................................................62

2.5.3 Resistência da estrutura suporte à ação do fogo ............................................64

2.5.3.1 Verificação de estruturas mistas em situação de incêndio ...........................64

2.5.3.2 Verificação das lajes mistas em situação de incêndio..................................65

2.5.4 Verificação de lajes mistas em situação de incêndio sem material de

proteção ...................................................................................................................65

2.5.4.1 Critério de isolamento térmico......................................................................66

2.5.4.2 Capacidade de resistência ao carregamento ...............................................67

2.5.4 3 Resistência ao momento positivo.................................................................70

2.5.4.4 Resistência ao momento negativo ...............................................................71

2.5.5 Lajes com material de proteção ......................................................................75

2.6 Características dos materiais empregados sob a ação do fogo .........................77

2.6.1 Concreto..........................................................................................................77

2.6.2 Aço ..................................................................................................................83

2.7 Especificações do Corpo de Bombeiros.............................................................87

2.7.1 Lajes mistas de concreto e chapas metálicas trapezoidais .............................87

Capitulo 3

3 Execução das Lajes Mistas...................................................................................89

3.1 Descrição da chapa metálica trapezoidal ...........................................................89

3.2 Composição da laje de piso com steel deck.......................................................93

3.3 Aprovação dos desenhos de fabricação.............................................................95

3.4 Embalagem das chapas steel deck ....................................................................96

3.5 Carregamento e transporte ................................................................................97

3.6 Recebimento, descarga, estocagem e proteção ................................................98

3.6.1 Recebimento ...................................................................................................98

3.6.2 Descarga .........................................................................................................99

3.6.3 Estocagem e proteção...................................................................................100

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3.7 Montagem do steel deck em ambiente seguro.................................................101

3.7.1 Respeito ás Normas Regulamentadoras do Mistério do Trabalho - Brasil ....101

3.7.2 Içamento dos fardos de steel deck ................................................................102

3.7.3 Montagem em plataformas seguras ..............................................................103

3.7.4 Disposição das chapas do steel deck............................................................104

3.7.5 Fixação das chapas do steel deck ................................................................104

3.7.6 Recortes nas chapas de steel deck...............................................................104

3.7.7 Instalação dos conectores.............................................................................106

3.8 Concretagem da laje mista...............................................................................108

3.8.1 Medidas a executar antes da concretagem...................................................108

3.8.2 Medidas necessárias durante a concretagem da laje mista..........................109

3.8.3 Medidas necessárias após a concretagem ...................................................110

3.9 Detalhes construtivos .......................................................................................111

3.9.1 Arremantes de laje (AL).................................................................................111

3.9.2 Complementos de deck.................................................................................113

3.9.3 Arremates de deck “AD” ................................................................................113

3.9.4 Recortes de montagem no steel deck ...........................................................114

Capitulo 4

4 Considerações gerais e comentários sobre o Desempenho das lajes steel

deck ....................................................................................................116

4.1 Sistema construtivo ..........................................................................................116

4.2 Durante o projeto..............................................................................................116

4.2.1 Durante o projeto, casos específicos ............................................................117

4.3 Comportamento estrutural................................................................................119

Referências Bibliográficas ......................................................................................121

ANEXO 1 – Exercícios de Aplicação......................................................................124

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19

INTRODUÇÃO

O sistema misto, laje mista de concreto armado e chapa metálica trapezoidal é

também conhecido por “steel deck” no EUA.

A chapa metálica trapezoidal tem basicamente duas funções: antes da cura do

concreto, tem a função de fôrma e trabalha isoladamente como suporte das ações

permanentes e sobrecargas de construção, após a cura do concreto , a chapa

metálica é incorporada ao sistema misto como armadura de tração da laje para as

sobrecargas em serviço, quando , ambos os materiais trabalham como um único

elemento estrutural.

Os empreendedores na busca de novas soluções , acreditam que se deve empregar

materiais leves que permitem boa racionalização e velocidade na execução das

edificações em geral , isto os tem levado a adotar o sistema misto laje mista de

concreto com chapa metálica trapezoidal na maioria de seus projetos.

Figura 1: Detalhamento do sistema misto laje mista de concreto e chapa metálica nervurada trapezoidal. (METFORM)

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20

Objetivo do trabalho

Com a publicação das normas brasileiras NBR 14323 – “Dimensionamento das

estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio” (1999), NBR 14132 –

“Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos das edificações (2000),

Instrução técnica do corpo de bombeiros , IT nº 08/01 – “Segurança estrutural nas

edificações – resistência ao fogo de elementos de construção” (2001), colaboraram

para diminuir o descrédito sobre a segurança dos edifícios metálicos e dos sistemas

mistos sob a ação do incêndio, ao mesmo tempo que colaboram com o crescimento

do uso deste sistema misto.

Neste trabalho apresentamos as diretrizes para o projeto do sistema misto laje mista

de concreto e chapa metálica trapezoidal à temperatura ambiente e sob ação do

fogo e as disposições necessárias para a sua execução.

Justificativa

O sistema misto laje mista não é recente , apesar de ser empregado de forma mais

intensa nos EUA e Europa, no Brasil comparativamente é pouco utilizado, por falta

de bibliografias e pesquisas específicas do comportamento deste sistema misto a

temperatura ambiente e principalmente no que diz respeito deste sistema misto sob

ação do fogo.

O sistema laje mista é para as estruturas dos pisos considerado por muitos técnicos,

uma solução estrutural de execução com velocidade rápida, utilizando-se uma mão

de obra especializada que agrega racionalidade, economia e segurança.

Muitas funções podem ser obtidas deste sistema, antes e depois da interação entre

os dois materiais e as tarefas de projeto e execução serão mais brandas quando o

técnico tem ao seu alcance para consulta as diretrizes básicas mínimas para o

projeto e os cuidados básicos para uma boa execução deste sistema misto laje

mista.

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CAPÍTULO 1 CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS EMPREGADOS

1.1 Aço

O material empregado na chapa de aço é basicamente uma liga de ferro-carbono

com alguns elementos adicionais, que podem ter suas propriedades mecânicas

alteradas por meio de conformação mecânica ou tratamento térmico. É um material

dúctil (propriedade de certos corpos que produzidos com este material podem ser

estirados ou reduzidos), utilizado nos perfis, nas barras de armadura, nos conectores

de cisalhamento, nos parafusos e nas fôrmas metálicas incorporadas ao concreto

em lajes mistas. Perfis e chapas das fôrmas são produtos laminados; barras de

armadura e fios de aço podem ser laminados ou trefilados; aços de conectores e

parafusos são tratados termicamente.

1.1.1 Propriedades

• Massa específica – ρa= 77 KN/m³;

• Coeficiente de dilatação térmica à temperatura ambiente: 1,2x10-5/°C;

• Limite nominal de escoamento por tração e por compressão ( )yf e limite

de resistência à tração ( )uf - com faixas usuais de:

250 a 350 MPa - ( )yf para aços de perfis estruturais;

380 a 500 MPa - ( )uf para aços de perfis estruturais;

250 a 600 MPa - ( )yf para aços de armadura;

280 a 350 MPa - ( )yf para aços de chapas para fôrmas metálicas;

415 MPa - ( )uf para aços de conectores;

• Módulo de elasticidade E – obtido por meio de ensaios de tração e é

aproximadamente igual a 205.000 MPa para todos os aços;

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• Módulos transversal de elasticidade G – obtido por meio de ensaios de

torção - o valor de G pode ser tomado aproximadamente igual a 78.800

MPa para todos os aços;

• Coeficiente de Poisson (ν ) – obtém-se ν =0,3 para todos os aços, por

meio da relação ( )ν+=12EG

1.1.1.1 Propriedade das chapas de fôrmas de aço

As chapas utilizadas nas fôrmas são de pequena espessura, sendo mais utilizadas

as de 0,80 mm, 0,95 mm e de 1,25 mm, geralmente de baixo teor de carbono, a

proteção superficial dessas chapas é garantida por camada de zinco puro ou liga de

zinco produzida por processo contínuo de imersão a quente, conforme NBR-7008

“Chapas e bobinas de aço revestidas com zinco ou com liga de zinco-ferro pelo

processo contínuo de imersão a quente”, proporcionando grande aumento na

resistência à corrosão atmosférica.

O material empregado pelos fabricantes das chapas metálicas é o série ZAR, próprio

para a aplicação estrutural, neste caso é o ZAR-280. No que diz respeito a massa

mínima do revestimento de zinco adotada nestas chapas, este valor é dado à tabela

4 da NBR-7008, onde usualmente é empregado chapa metálica trapezoidal

revestida com zinco com a designação Z 275 que corresponde aproximadamente a

uma camada com 0,05 mm de espessura, considerando ambas as faces da chapa.

Como a espessura de zinco é considerada pelo mercado na espessura nominal

dessas chapas, significa que a chapa de 0,75mm resultará em espessura nominal de

0,80mm, a de 0,90mm em 0,95mm e a de 1,20mm em 1,25mm.

Quanto as propriedades do material, a NBR-7008 e todos fornecedores apresentam:

• Limite de escoamento mínimo ( )yf = 280 MPa

• Limite de resistência à tração ( )uf = 380 MPa

• Alongamento mínimo (A)=16%

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• Espessura da camada de revestimento 39 μm (total para as duas faces)

Para a obtenção dos perfis, a chapa é perfilada a frio, e já neste momento são

conformadas reentrâncias, as mossas, que possuem a função de transmitir os

esforços de cisalhamento longitudinal, e ao limitar o deslizamento entre o aço e a

capa de concreto o conjunto passa a ser denominado de laje mista de concreto e

chapas metálicas trapezoidais.

Caso seja solicitado, ao saírem da fábrica, podem levar uma camada de pintura na face inferior. Nesse caso as chapas galvanizadas passam por uma limpeza

química, depois de secas recebe pintura por processo eletrostático e, para garantir

sua fixação, passam após a pintura por uma estufa de polimerização (promovendo a

cura da tinta).

1.2 Concreto

O concreto é um material frágil composto basicamente de uma argamassa de

cimento (cimento, agregados miúdos, água e eventualmente de aditivos) e de

agregados graúdos, apresentando geralmente microfissuras (principalmente nas

regiões de contato entre a argamassa e os agregados graúdos), mesmo antes de

ser sujeito a cargas externas (QUEIROZ; PIMENTA; 2001)

1.2.1 Propriedades

• Massa específica do concreto: cγ =24KN/m³ (podendo diminuir até

17 KN/m³, quando são usados agregados leves);

• Coeficiente de dilatação térmica à temperatura ambiente: 10-5/°C;.

• Resistência características à compressão (fck) – com faixa usual de:

20 a 40 MPa (para corpos de provas cilíndricos) em sistemas mistos; (as

tabelas elaboradas pelos fabricantes das chapas metálicas trapezoidais

consideram fck= 20 MPa para ruptura por compressão, e para evitar

agressão à camada de revestimento de zinco das chapas de aço aditivos no concreto à base de cloretos não devem ser utilizados;

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• Módulo de Elasticidade Secante (Ec) é obtido por meio de ensaios, e na

ausência destes ensaios, pode ser determinado em função do fck através

das expressões (para concreto com 28 dias; caso o concreto tenha menos

de 28 dias, o valor a ser utilizado nas expressões deve ser reduzido

correspondentemente).

( ) ( ) 23

21

42 cckc fE γ= (NBR 8800, 1986 e AISC-LRFD, 1993)

( )2

1

31

2489500 ⎟

⎞⎜⎝

⎛+= cckc fE

γ (EUROCODE 4, 1992)

onde fck e Ec são expressos em MPa, cγ em KN/m³

• Coeficiente de Poison (ν ) – o valor nominal do coeficiente de Poisson é

de 0,2 (quando se considera que o concreto tracionado está fissurado,

este coeficiente pode ser tomado igual a zero).

1.3 Armadura Complementar

Nos casos de vãos onde não haja momento negativo (vãos isostáticos), somente as

chapas de aço atenderiam ao sistema misto; entretanto neste sistema misto são

empregados telas de aço soldadas, na parte superior da capa de concreto, visando

controlar o aparecimento de fissuras provocadas por variação térmica e por retração

no concreto. Essas telas são denominadas de armadura complementar, e suas

propriedades são informadas pelos fabricantes.

Figura 2: Posicionamento da Armadura Complementar.

Onde ocorrer momentos negativos, deverá ser especificada uma armadura adicional

para resistir a estes momentos (ver item 2.2.1.1.2).

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1.4 Conectores de cisalhamento

Em obras de pequeno porte, normalmente são utilizados somente os elementos de

fixação. Nestes casos, então, a laje passa a ser considerada independente da viga.

Com o uso de conectores de cisalhamento a laje passa a trabalhar de forma

solidária com a viga metálica, e o seu dimensionamento é feito como uma viga “T”.

A utilização ou não dos conectores (principalmente em obras de pequeno porte) é

conseqüência dos custos relativos à aquisição, instalação e mobilização dos

equipamentos, de acordo com a escala de utilização dos mesmos. Quanto maior

sua utilização, mais barato se torna o processo.

O conector é o elemento que assegura a interação completa entre a laje mista e as

vigas de sustentação, sendo que o mais utilizado é o do tipo com cabeça (Stud Bolt).

O seu processo de instalação deverá ser bem supervisionado.

O material utilizado na fabricação dos Stud Bolt é de baixo teor de carbono, cujas

propriedades, fornecidas pelos fabricantes apresentam os mesmos valores:

• Limite de escoamento mínimo: fy= 345 MPa;

• Limite de resistência à tração : fu= 415 MPa;

• Alongamento mínimo: A= 20%

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CAPÍTULO 2 PARÂMETROS DE PROJETO

A verificação das lajes mistas envolve a sua análise em duas fases distintas, uma

delas na fase de sua construção, onde a fôrma de aço trabalha isoladamente para

sustentar o peso do concreto fresco e a sobrecarga de construção, e outra após

lançamento e cura do concreto (após o concreto atingir a resistência de 0,75 fck).

Nessa fase, após a cura do concreto, que são verificados os diversos estados limites

(Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

Os mesmos autores destacam que, dentre os possíveis modos de colapso do

sistema de lajes mistas, o de cisalhamento longitudinal é o de maior ocorrência, para

não dizer que ocorre na totalidade das vezes.

A presença de nervuras faz com que as lajes mistas sejam consideradas um sistema

que trabalha em apenas uma direção nas duas fases, antes e depois do lançamento

e cura do concreto.

Como as fôrmas de aço tem espessuras reduzidas, com valores entre 0,75 mm e

1,20 mm (sem a camada de revestimento de zinco), os índices de esbeltez dos

elementos componentes da seção transversal são muito elevados. Isto significa que

as tensões que podem provocar o chamado estado limite de flambagem localizada

apresentam valor inferior à tensão de escoamento do aço no regime elástico. Assim,

a seção transversal da fôrma de aço é caracterizada como seção da Classe 4 ou

seção esbelta conforme a NBR-8800 “Projeto e Execução de Estruturas de Aço de

Edifícios”.

2.1 Verificação da fôrma de aço antes da cura do concreto

Neste caso de verificação, a análise dos esforços solicitantes será realizada através

de uma análise global elástica, tanto para os estados limites de utilização como para

os estados limites últimos.

Mesmo que ocorra a flambagem localizada em qualquer parte comprimida da seção,

no cálculo de fôrmas contínuas os esforços solicitantes podem ser determinados

com rigidez uniforme (sem variação da rigidez), hipótese simplificadora a favor da

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segurança; o fato da fôrma ser contínua leva a um aumento do valor do momento

negativo sobre os apoios, usualmente o ponto crítico do sistema.

O cálculo da fôrma de aço para os estados limites últimos não envolve

considerações de seções mistas, mas basicamente o dimensionamento de seções

de aço formadas a frio, onde apenas a espessura do núcleo de aço deve ser

considerada, tanto antes como depois da cura.

Para o estado limite de utilização, a NBR 14.323 (1999) estabelece que se deva

verificar o deslocamento máximo da fôrma sob a ação do seu peso próprio e o peso

do concreto (sem a ação decorrente do uso durante a construção), sendo que este

deslocamento não deve exceder L/250 ou 20mm, o que for menor, onde L é o vão

teórico da fôrma na direção das nervuras.

Neste caso de verificação, os fabricantes apresentam em forma de tabelas a

capacidade de carga da fôrma para um determinado vão, ou o vão máximo

admissível da fôrma para um determinado carregamento.

Para a empresa METFORM S.A., a composição de uma laje mista é feita com fôrma

“Steel Deck MF-75” ilustrada na figura 3 e na tabela 1.

Figura 3: Seção e dimensões do “Steel Deck MF-75” (Metform)

Para a confecção da tabela 1 (pág. 12), a Metform adotou as seguintes

considerações:

• Foi elaborada segundo as prescrições do Anexo C da norma NBR 14.323.

• Na sua tabela, a Metform considera para o peso próprio da laje um

concreto com massa específica de 24 KN/m³ (este valor pode diminuir até

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17 KN/m³, quando são empregados agregados leves). Caso o concreto a

ser empregado tenha massa específica acima de 24 KN/m³, o acréscimo

correspondente de carregamento deve ser adicionado no cálculo das

cargas sobrepostas à laje deste sistema misto.

• Com a função de evitar o aparecimento de fissuras devidas à retração e

variação térmica do concreto, deve ser prevista uma armadura nas duas

direções, no topo da laje, com cobrimento de 20mm.

• As vigas de sustentação da laje são geralmente calculadas como

simplesmente apoiadas (isostáticas), porém, o concreto dessas lajes na

região dos apoios dessas vigas sempre apresentam a tendência de

continuidade. Este efeito pode provocar a abertura de fissuras paralelas

ao eixo das vigas principais, para se evitar esta outra ocorrência deverá

ser prevista armadura adicional sobre as vigas principais, além da

armadura de combate a retração.

Armadura adicional

Figura 4: Armadura adicional sobre vigas principais (Metform)

• A laje deverá ser escorada caso o vão utilizado seja superior ao vão

máximo (sem escoramento) indicado na tabela de cargas.

• A largura mínima de apoio da fôrma de aço sobre as vigas de aço deverá

ser de 75 mm para apoios externos e 150 mm para apoios internos.

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Figura 5: Largura mínima de apoio do steel deck (Metform).

• Nas lajes de piso, recomenda-se uma altura total de concreto maior ou

igual a 140 mm (a partir da base da chapa steel deck).

• A tabela de cargas foi elaborada para cargas uniformemente distribuídas

na superfície da laje. Caso ocorram cargas pontuais ou cargas lineares

aplicadas diretamente na laje, o projetista da laje deverá tomar as

providências cabíveis.

• Os valores apresentados na tabela de cargas correspondem aos

carregamentos atuantes em temperatura ambiente, ou em situações de

incêndio com duração de até 30 minutos. Nas situações de incêndio com

tempo de atuação superior a 30 minutos, deverá ser consultada a NBR-

14.323 (1999) para que as armaduras adicionais sejam consideradas na

resistência nominal das lajes.

Como forma de utilização da tabela, a METFORM apresenta o seguinte exemplo:

Projetar uma laje de piso, apoiada em vigas de aço, constituída por vãos múltiplos

de 2.800 mm, onde as cargas de serviço que atuam na laje serão: 1,0 kN/m² de

revestimento e 4,0 kN/m² de sobrecarga.

.

Apoio simples

Apoio duplo

Apoio triplo

Figura 6: Continuidade das peças de Steel Deck sobre as vigas (Metform)

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Tabela 1: Cargas Sobrepostas Máximas (kN/m²) “Steel Deck MF-75” METFORM

4.250

0,88

1,56

2,82

0,99

1,70

3,14

1,09

1,88

3,46

1,20

2,06

3,78

1,30

2,23

4,09

1,41

2,41

4,41

1,52

2,59

1,62

2,77

5,05

4.000

1,77

2,56

4,15

1,98

2,85

4,61

2,18

3,14

5,07

2,38

3,43

5,54

2,58

3,72

6,00

2,78

4,01

6,47

2,98

4,30

6,93

3,19

4,59

7,39

3,750

1,77

2,56

4,15

1,98

2,85

4,61

2,18

3,14

5,07

2,38

3,43

5,54

2,58

3,72

6,00

2,78

4,01

6,47

2,98

4,30

6,93

3,19

4,59

7,39

3.500

2,37

3,26

5,03

2,63

3,62

5,59

2,90

3,98

6,15

3,17

4,35

6,71

3,43

4,71

7,27

3,70

5,07

7,83

3,96

5,44

8,39

4,23

5,80

8,94

3.300

2,94

3,92

5,88

3,27

4,36

6,53

3,60

4,80

7,18

3,93

5,23

4,83

4,26

5,67

5,49

4,59

6,10

9,14

4,91

6,54

9,79

5,24

6,97

10,44

3.150

3,45

4,51

6,63

3,83

5,01

7,36

4,22

5,51

8,09

4,60

3,01

8,82

4,98

6,51

9,55

5,37

7,00

10,28

5,57

7,50

11,02

6,13

8,00

11,75

3.000

4,03

5,18

7,48

4,48

5,76

8,31

4,93

6,33

9,13

5,37

6,90

9,95

5,82

7,47

10,78

6,26

8,04

11,60

6,71

8,62

12,43

7,16

9,19

13,25

2.900

4,47

5,69

8,13

4,97

6,32

9,02

5,46

6,95

9,91

5,95

7,57

10,81

6,45

8,20

11,70

6,94

6,83

12,60

7,44

9,45

13,49

7,93

10,08

14,38

2.800

4,96

6,25

8,84

5,51

6,94

9,81

6,06

7,63

10,78

6,00

8,32

11,75

7,15

9,01

13,72

7,69

9,69

13,70

8,24

10,38

14,67

8,79

11,07

15,64

2.700

5,51

6,88

9,63

6,11

7,64

10,69

6,72

8,39

11,75

7,32

9,15

12,80

7,39

9,90

13,86

8,53

10,66

14,92

9,14

11,41

15,97

9,74

12,17

17,03

2.600

6,11

7,58

10,51

6,78

8,41

11,67

7,45

9,24

12,82

8,12

10,07

13,97

8,80

10,91

15,12

9,47

11,74

16,28

10,14

12,57

17,43

10,18

13,40

18,58

2.500

6,79

8,36

11,50

7,54

9,28

12,76

8,28

10,20

14,02

9,03

11,11

15,28

9,77

12,03

16,54

10,52

12,94

17,80

11,26

13,86

19,06

12,00

14,78

20,00

2.400

7,56

9,25

12,62

8,39

10,26

14,00

9,22

11,27

15,38

10,04

12,28

16,76

10,87

13,29

18,14

11,70

14,30

1951

12,53

15,32

20,00

13,35

16,33

20,00

2.300

8,43

10,25

13,88

9,35

11,37

15,39

10,28

12,49

16,91

11,20

13,61

18,42

12,12

14,72

19,94

13,04

15,84

20,00

13,96

16,96

20,00

14,88

18,08

20,00

2.200

9,42

11,38

15,31

10,45

12,63

16,98

11,48

13,87

18,65

12,51

15,11

20,00

13,54

16,36

20,00

14,57

17,60

20,00

15,60

18,84

20,00

16,63

20,00

20,00

2.100

10,56

12,69

16,94

11,71

14,07

18,79

12,86

15,45

20,00

14,02

16,84

20,00

15,17

18,22

20,00

16,32

19,61

20,00

17,47

20,00

20,00

18,62

20,00

20,00

Vão

de L

aje M

ista (

mm

)

2.000

Carg

a Sob

repo

sta M

áxim

a (K

N / m

2 )

11,87

14,19

18,83

13,16

15,74

20,00

14,46

17,28

20,00

15,75

18,83

20,00

17,04

20,00

20,00

18,34

20,00

20,00

19,63

20,00

20,00

20,00

20,00

20,00

Mom

. In

ércia

(106

mm

4 ) 10

,66

11,34

12,74

13,17

13,99

15,68

16,06

17,04

19,05

19,35

20,51

22,90

23,07

24,44

27,24

27,25

28,84

32,10

31,92

33,75

37,52

37,10

39,19

43,51

Peso

Pr

óprio

(kN/

m²)

2,27

2,28

2,32

2,50

2,52

2,55

2,74

2,75

2,79

2,97

2,99

3,02

3,21

3,23

3,26

3,44

3,46

3,50

3,68

3,70

3,73

3,91

3,93

3,97

Balan

ço

(mm

)

1.150

1.350

1.650

1.150

1.350

1.600

1.100

1.300

1.550

1.100

1.250

1.500

1.050

1.250

1.450

1.050

1.200

1.450

1.000

1.200

1.400

1.000

1.150

1.400

Trip

lo

(mm

)

3.300

3.750

4.400

3.200

3.600

4.250

3.100

3.500

4.100

3.000

3.400

4.000

2.900

3.300

3.900

2.850

3.200

3.800

2.750

3.150

3.700

2.650

3.050

3.650

Dupl

o

(mm

)

3.200

3.650

4.300

3.100

3.500

4.150

3.00

3.400

4.000

2.900

3.300

3.900

2.800

3.200

3.800

2.750

3.100

3.700

2.650

3.050

3.600

2.600

2.950

3.500

Vão

Máxim

os S

em E

scor

amen

to

Sim

ples

(mm

)

2.350

3.000

3.650

2.200

2.850

3.500

2.000

2.650

3.400

1.850

2.500

3.250

1.700

2.350

3.150

1.550

2.200

3.050

1.450

2.100

3.000

1.400

1.950

2.900

Espe

ssur

a

(mm

)

0,80

0,95

1,25

0,80

0,95

1,25

0,80

0,95

1,25

0,80

0,95

1,25

0,80

0,95

1,25

0,80

0,95

1,25

0,80

0,95

1,25

0,80

0,95

1,25

Altu

ra

Tota

l da

La

je (m

m)

130

140

150

160

170

180

190

200

Lajes de Forro Lajes de Piso

Propriedades para largura de 1000 mm. Material: Aço ASTM A-633 Grau 40 (ZAR 280), Tensão de Escoamento: 280 MPa.

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31

Neste caso, a verificação é realizada para uma laje com 140 mm de altura total de

concreto (75 mm da fôrma e 65 mm de cobrimento) com steel deek de espessura

0,80 mm. Nesta laje não há necessidade de utilização de escoramento, porque o

vão de 2.800 mm é inferior aos vãos máximos sem escoramento (duplos ou triplos)

relacionados na tabela de cargas.

Após a cura do concreto, a carga sobreposta total que atua na laje mista será de

2 0,50,40,1 mWd =+= kN . De acordo com a tabela de cargas, para uma laje de

altura de 140 mm e um vão de 2.800 mm, a resistência da laje mista é:

2 51,5 mWn = kN , como a laje resiste às cargas aplicadas. dn WW >

Para a empresa PERFILOR PERKRON HAIRONVILLE, a composição de uma laje

mista é feita com a fôrma “Polydeck 59”, ilustrada na figura 7 e nas tabela 2, 3 e 4

onde se encontram as sobrecargas admissíveis (kN/m²), de acordo com a espesura

do “Polideck 59”.

58 205147 84

Figura 7: Seção e dimensões do “Polydeck 59” (Perfilor)

Para a confecção das tabelas às páginas 15, 16 e 17 foram observadas as seguintes

considerações:

• As tabelas das sobrecargas levam em consideração uma flecha máxima

de /350 na utilização (limitação da flecha na montagem a /240). l l

• O calculista da laje deverá verificar os seguintes itens:

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32

a) as condições básicas da norma NBR 14.323, “Exigências

de Resistência do fogo de elementos construtivos de

edificações”, ANEXO C “Dimensionamento de lajes com

fôrma de aço incorporada”;

b) condições pertinentes à estrutura e variáveis que possam

ocorrer particularmente em cada estrutura, como

esforços horizontais, utilização de vigas mistas,

vibrações, ressonância, cargas concentradas, resistência

ao fogo e outras.

Para as tabelas 3, 4 e 5 ainda são definidas as condições quanto ao escoramento,

sendo a cor azul para uso sem escoramento e a cor marrom para uso com

escoramento.

Como exemplo de utilização das tabelas, a PERFILOR apresenta a seguinte

situação:

Para uma laje com sobrecarga de projeto 5,40 KN/m² pode-se ter as seguintes

condições:

a) vão de 3,00 m, 4 apoios, chapa de 0,80 mm, espessura total 11 cm, sem

escoramento;

b) vão de 3,50 m, 4 apoios, chapa de 1,25 mm, espessura total 11 cm, sem

escoramento;

c) vão de 3,60 m, 3 apoios, chapa de 0,95 mm, espessura total 22 cm, com um

escoramento.

Há casos de eventuais restrições de cálculo tais como:

• espessura mínima imposta pelo calculista devido a outras variáveis;

• espessura mínima imposta pelo uso de conectores.

Nestes casos, a utilização das tabelas é de forma inversa, devendo-se procurar a

situação de perfis mais econômica para a espessura total pré-definida.

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33

Tabela 2: Sobrecargas Admissíveis (kN/m²) “Polideck 59” - Espessura 0,80 mm. Vão m

Espessura de laje em

cm 2,00 2,20 2,40 2,60 2,80 3,00 3,20 3,40 3,60 3,80 4,00 4,20 4,40 4,60 4,80

11 10,01 8,30 7,00 5,98 2,86 12 11,01 9,13 7,70 3,98 3,10 13 12,02 9,97 8,41 4,30 3,34 2,56 14 13,03 10,81 5,,93 4,62 3,58 2,74 15 14,05 11,65 6,36 4,94 3,82 2,91 16 15,06 12,50 6,79 5,27 4,06 3,09 17 16,08 13,34 7,21 5,59 4,31 3,27 18 17,10 9,85 7,64 5,92 4,55 3,45 2,55 19 18,12 10,41 8,07 6,25 4,80 3,63 2,68 20 19,15 10,98 8,50 6,58 5,05 3,82 2,81 21 20,17 11,54 9,84 6,91 5,30 4,00 2,94 22 15,70 12,11 9,37 7,24 5,55 4,18 3,07 23 16,44 12,67 9,80 7,57 5,80 4,37 3,20 24 17,19 13,24 10,24 7,90 6,05 4,55 3,33 SI

STEM

A 2 A

POIO

S –V

ão m

áxim

o se

m es

cora

: 2,6

0 m

25 17,93 13,81 10,67 8,23 6,30 4,74 3,47 11 12,59 10,44 8,79 7,57 6,50 5,68 5,00 4,45 12 13,85 11,48 9,68 8,27 7,15 6,25 5,51 2,88 13 15,12 12,45 10,57 9,03 7,81 6,83 3,79 3,11 2,54 14 16,39 13,59 11,46 9,79 8,47 7,40 4,07 3,34 2,72 15 17,67 14,65 12,35 10,55 9,13 5,32 4,36 3,57 2,91 16 18,94 15,71 13,24 11,32 9,79 5,68 4,65 3,80 3,09 17 20,22 16,77 14,14 12,08 7,37 6,04 4,94 4,04 3,28 2,64 18 21,50 17,83 15,03 12,85 7,81 6,40 5,24 4,27 3,47 2,78 19 22,78 18,89 15,93 10,12 8,26 6,76 5,53 4,51 3,66 2,93 20 24,07 19,96 16,83 10,67 8,71 7,12 5,82 4,75 3,84 3,08 21 25,35 21,03 17,73 11,22 9,15 7,49 6,12 4,98 4,03 3,23 2,54 22 26,64 22,10 14,51 11,77 9,60 7,85 6,41 5,22 4,22 3,38 2,66 23 27,93 23,17 15,20 12,33 10,05 8,21 6,71 5,46 4,41 3,53 2,77 24 29,23 24,24 15,88 12,89 10,50 8,58 7,01 5,70 4,60 3,68 2,89 SI

STEM

A 3 A

POIO

S –V

ão m

áxim

o se

m es

cora

: 3,4

0 m

25 30,52 18,52 16,57 13,44 10,96 8,95 7,30 5,94 4,80 3,83 3,01 11 12,05 9,99 8,42 7,19 6,22 5,44 4,79 12 13,26 10,99 9,27 7,92 6,85 5,98 3,15 2,56 13 14,47 12,00 10,12 8,65 7,48 6,54 3,41 2,76 14 15,69 13,01 10,97 9,37 8,11 4,50 3,66 2,96 15 16,91 14,02 11,82 10,10 8,74 5,82 3,91 3,16 2,53 16 18,13 15,03 12,68 10,84 6,33 5,14 4,17 3,36 2,96 17 19,36 15,05 13,53 11,57 6,73 5,47 4,43 3,57 2,85 18 20,58 17,07 14,39 12,30 7,14 5,79 4,69 3,77 3,01 19 21,81 18,09 15,25 9,31 7,54 6,12 4,95 3,98 3,17 20 23,04 19,11 16,11 9,82 7,95 6,44 5,21 4,18 3,33 2,60 21 24,27 20,13 16,98 10,32 8,36 6,77 5,47 4,39 3,49 2,73 22 25,51 21,15 13,43 10,83 8,76 7,10 5,73 4,60 3,65 2,85 23 26,74 22,18 14,07 11,34 9,17 7,42 5,99 4,81 3,81 2,97 24 27,98 23,21 14,70 11,85 9,58 7,75 6,26 5,01 3,97 3,10 SI

STEM

A 4 A

POIO

S –V

ão m

áxim

o se

m es

cora

: 3,2

0 m

25 29,22 19,16 15,34 12,63 9,99 8,08 6,52 5,22 4,14 3,22

A tabela de sobrecarga leva em consideração uma flecha de ℓ/350 na utilização (limitação da flecha na montagem a ℓ/240). Sem Escoramento Com escoramento

Sistema 2 apoios Sistema 3 apoios Sistema 4 apoios

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34

Tabela 3: Sobrecargas Admissíveis (kN/m²) “Polideck 59” - Espessura 0,95m.

Vão m

Espessura de laje em

cm 2,00 2,20 2,40 2,60 2,80 3,00 3,20 3,40 3,60 3,80 4,00 4,20 4,40 4,60 4,80

11 11,65 9,66 8,14 6,95 3,67 2,91 12 12,83 10,63 8,96 7,65 3,99 3,16 13 14,00 11,61 9,78 5,44 4,31 3,40 2,66 14 15,18 12,58 10,61 5,86 4,64 3,65 2,85 15 16,36 13,57 11,43 6,28 4,96 3,90 3,03 16 17,55 14,55 8,48 6,70 5,29 4,15 3,22 17 18,74 15,54 9,02 7,13 5,62 4,41 3,41 2,59 18 19,93 16,52 9,57 7,55 5,95 4,66 3,61 2,73 19 21,12 17,51 10,11 7,98 6,28 4,92 3,80 2,87 20 22,32 13,56 10,66 8,41 6,62 5,17 3,99 3,02 21 23,51 14,26 11,21 8,84 6,95 5,43 4,19 3,16 22 24,71 14,97 11,77 9,27 7,29 5,69 4,38 3,30 23 25,91 15,68 12,32 9,70 7,62 5,95 4,58 3,44 24 27,11 19,39 12,87 10,13 7,96 6,21 4,77 3,59 2,60 SI

STEM

A 2 A

POIO

S –V

ão m

áxim

o se

m es

cora

: 2,6

0 m

25 28,31 17,10 13,43 10,57 8,30 6,47 4,97 3,73 2,70 11 14,35 12,15 10,24 8,74 7,56 6,60 5,81 5,16 4,62 12 16,14 13,37 11,27 9,62 8,32 7,27 6,40 5,69 3,05 2,53 13 17,62 14,60 12,30 10,51 9,08 7,93 6,99 6,21 3,29 2,73 14 19,10 15,83 13,34 11,40 9,85 8,60 7,58 4,26 3,54 2,93 15 20,59 17,06 14,38 12,28 10,62 9,28 8,18 4,57 3,79 3,13 2,57 16 22,08 18,30 15,42 13,17 11,39 9,95 5,87 4,87 4,04 3,34 2,73 17 23,57 19,54 16,46 14,07 12,16 10,63 6,24 5,18 4,29 3,54 2,90 18 25,07 20,78 17,51 14,96 12,94 7,97 6,62 5,46 4,55 3,75 3,06 19 26,57 22,02 18,56 15,86 13,71 8,43 6,99 5,80 4,80 3,95 3,23 2,61 20 28,07 23,27 19,61 16,76 10,75 8,89 7,37 6,11 5,06 4,16 3,39 2,74 21 29,57 24,51 20,66 17,66 11,30 9,35 7,75 6,42 5,31 4,37 3,56 2,87 22 31,08 26,76 21,71 18,56 11,87 9,81 8,13 6,74 5,57 4,58 3,73 3,00 23 32,59 27,01 22,77 15,09 12,42 10,28 8,51 7,05 5,82 4,78 3,90 3,13 24 34,10 28,27 23,82 15,78 1299 10,74 8,89 7,36 6,08 4,99 4,07 3,27 2,58 SI

STEM

A 3 A

POIO

S –V

ão m

áxim

o se

m es

cora

: 3,4

0 m

25 35,61 29,25 24,88 16,46 13,55 11,20 9,28 7,68 6,34 5,20 4,24 3,40 2,68 11 10,04 11,63 9,8 8,37 7,23 6,32 5,57 9,94 2,50 12 15,45 12,80 10,78 9,21 7,69 6,96 6,13 3,30 2,72 13 16,86 13,97 11,77 10,06 8,70 7,60 4,32 3,57 2,93 14 18,28 15,15 12,77 10,91 9,43 8,24 4,65 3,84 3,15 2,57 15 19,71 16,33 13,76 11,76 10,17 8,88 4,99 4,11 3,37 2,74 16 21,13 17,52 14,76 12,61 10,91 6,46 5,32 34,38 3,59 2,92 17 22,56 18,70 15,76 13,47 11,65 6,87 5,66 4,65 3,81 3,09 18 24,00 19,89 16,76 14,32 13,39 7,29 5,00 4,93 4,03 3,27 2,62 19 25,43 21,08 17,76 15,18 9,37 7,70 6,34 5,20 4,52 3,44 2,76 20 26,87 22,27 18,77 16,04 9,89 8,12 6,68 5,48 4,47 3,62 2,90 21 28,31 23,47 19,78 16,90 10,40 854 7,02 5,76 4,70 3,80 3,04 22 29,75 24,66 20,79 17,76 10,91 896 7,36 6,03 4,92 3,98 3,18 23 31,19 25,86 21,80 13,96 11,43 9,38 7,70 6,31 5,15 4,16 3,32 2,59 24 32,64 27,06 22,81 14,59 11,94 9,80 8,05 6,59 5,37 4,34 3,46 2,70 SI

STEM

A 4 A

POIO

S –V

ão m

áxim

o se

m es

cora

: 3,2

0 m

25 34,09 28,26 23,82 15,23 12,46 10,22 8,39 6,87 5,60 4,52 3,60 2,81

A tabela de sobrecarga leva em consideração uma flecha de ℓ/350 na utilização (limitação da flecha na montagem a ℓ/240). Sem Escoramento Com escoramento

Sistema 2 apoios Sistema 3 apoios Sistema 4 apoios

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35

Tabela 4: Sobrecargas Admissíveis (kN/m²) “Polideck 59” - Espessura 1,25m.

Vão m

Espessura de laje em

cm 2,00 2,20 2,40 2,60 2,80 3,00 3,20 3,40 3,60 3,80 4,00 4,20 4,40 4,60 4,80

11 16,23 13,44 11,32 9,66 8,35 7,29 4,01 3,29 2,68 12 17,87 14,80 12,46 10,64 9,19 5,32 4,37 3,58 2,91 13 19,52 16,16 13,61 11,62 10,04 5,78 4,73 3,87 3,14 2,53 14 21,17 17,53 14,76 12,60 10,89 6,23 5,10 4,16 3,37 2,71 15 22,82 18,90 15,92 13,59 8,18 6,69 5,47 4,46 3,61 2,89 16 24,48 20,28 17,07 14,58 8,74 7,15 5,84 4,75 3,85 3,08 17 26,14 21,66 18,24 15,57 9,31 7,61 6,21 5,05 4,08 3,26 2,56 18 27,81 23,04 19,40 12,13 9,88 8,07 6,59 5,35 4,32 3,45 2,70 19 29,48 22,42 20,57 12,84 140,46 8,54 6,96 5,66 4,56 3,64 2,85 20 31,16 25,81 21,74 13,55 11,03 9,00 7,34 5,96 4,80 3,83 2,99 21 32,84 27,20 22,914 14,26 11,61 9,47 7,72 6,26 5,05 4,02 3,14 22 34,52 28,60 18,48 14,98 12,19 9,94 8,10 6,57 5,29 4,21 3,28 23 36,21 29,99 19,37 15,69 12,77 10,41 8,48 6,88 5,53 4,40 3,43 2,60 24 37,89 31,39 20,26 16,41 13,35 10,88 8,86 7,18 5,78 4,59 3,58 2,70 SI

STEM

A 2 A

POIO

S –V

ão m

áxim

o se

m es

cora

: 2,6

0 m

25 39,58 32,76 21,15 17,13 13,93 11,36 9,24 7,49 6,03 4,78 3,72 2,81 11 14,31 12,85 11,62 10,58 9,68 8,90 8,07 7,14 6,13 5,26 12 16,17 14,52 13,13 11,96 10,95 10,06 8,89 7,89 7,05 6,34 3,64 3,11 13 18,03 16,19 14,64 13,34 12,21 11,03 9,71 8,62 7,70 6,92 3,95 3,37 2,86 14 19,89 17,86 16,16 14,71 13,47 11,96 10,53 9,35 8,35 4,99 4,26 3,63 3,08 2,60 15 21,75 19,53 17,67 16,09 14,73 12,90 11,36 10,08 9,01 5,36 4,57 3,89 3,30 2,78 16 23,61 21,20 19,18 17,47 15,85 13,84 12,18 10,81 6,71 5,72 4,88 4,15 3,52 2,97 17 25,47 22,87 20,70 18,85 16,93 14,78 13,02 11,55 7,15 6,09 5,19 4,41 3,74 3,15 3,63 18 27,33 24,54 22,21 20,23 18,01 15,72 13,85 12,29 7,59 6,47 5,51 4,68 3,96 3,33 2,78 19 29,19 26,21 23,72 21,61 19,10 16,67 14,68 9,43 8,03 6,84 5,82 4,94 4,18 3,52 2,93 20 31,05 27,88 25,23 22,99 20,18 17,62 15,52 9,96 8,47 7,21 6,14 5,21 4,41 3,70 3,09 21 32,91 29,55 26,75 24,36 21,27 18,57 16,35 10,48 8,91 7,59 6,46 5,48 4,63 3,89 3,24 22 34,77 31,22 28,26 25,74 22,36 19,52 12,96 11,00 9,36 7,97 6,78 5,72 4,86 4,08 3,40 23 36,63 32,89 29,77 27,12 23,46 20,48 13,85 11,53 9,80 8,34 7,10 6,02 5,08 4,27 3,55 24 28,49 34,56 31,28 28,41 24,55 21,43 14,21 12,06 10,25 8,72 7,42 6,29 5,31 4,46 3,71 SI

STEM

A 3 A

POIO

S –V

ão m

áxim

o se

m es

cora

: 3,4

0 m

25 40,35 36,23 32,80 29,68 25,65 22,39 14,83 12,58 10,70 9,10 7,74 6,56 5,54 4,65 3,86 11 14,49 13,01 11,78 10,73 9,82 8,78 7,73 6,86 6,13 5,40 12 16,38 14,70 13,31 12,12 11,07 9,66 8,51 7,55 6,75 3,87 3,28 2,77 13 18,26 16,40 14,84 13,52 12,09 10,55 9,29 8,25 4,94 4,19 3,55 3,00 2,52 14 20,14 18,09 16,37 14,92 12,13 11,45 10,08 8,95 5,33 4,52 3,82 3,22 2,70 15 22,02 19,78 17,91 16,32 14,14 12,34 10,87 6,76 5,72 4,85 4,10 3,45 2,89 16 23,90 21,47 19,44 17,56 15,17 13,24 11,66 7,23 6,12 5,18 43,7 3,68 3,08 2,56 17 25,79 23,16 20,97 18,76 16,21 14,15 12,46 7,70 6,52 5,51 4,65 3,91 3,27 2,71 18 27,67 24,85 22,50 19,96 17,24 15,05 9,68 8,17 6,91 5,85 4,93 4,15 3,46 2,87 19 29,55 26,55 24,04 21,16 18,28 15,96 10,24 8,65 7,31 6,18 5,21 4,38 3,65 3,02 20 31,43 28,24 25,57 22,36 19,32 16,86 10,81 9,12 7,71 6,52 5,49 4,61 3,85 3,18 2,59 21 33,32 29,93 27,10 23,56 20,36 13,51 11,38 9,60 8,11 6,85 5,78 4,85 4,04 3,34 2,72 22 35,20 31,62 28,63 24,77 21,41 14,19 1195 10,08 8,52 7,19 6,06 5,08 4,24 3,50 2,85 23 37,08 33,31 30,16 25,98 22,45 14,87 12,52 10,56 8,92 7,53 6,34 5,32 4,43 3,66 2,98 24 38,96 35,00 31,70 27,19 23,50 15,56 13,09 11,04 9,33 7,87 6,63 5,56 4,63 3,82 3,11 SI

STEM

A 4 A

POIO

S –V

ão m

áxim

o se

m es

cora

: 3,2

0 m

25 40,85 36,70 33,23 28,41 24,55 16,24 13,66 11,53 9,73 8,21 6,92 5,80 4,83 3,98 3,23

A tabela de sobrecarga leva em consideração uma flecha de ℓ/350 na utilização (limitação da flecha na montagem a ℓ/240). Sem Escoramento Com escoramento

Sistema 2 apoios Sistema 3 apoios Sistema 4 apoios

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36

2.2 Verificação da laje mista (após a cura do concreto)

A área da seção transversal da fôrma, necessária para atender as ações atuantes

durante a construção, geralmente é suficiente para suprir a necessidade de

armadura inferior da laje mista; por isso, é comum projetarem-se as lajes como

simplesmente apoiadas. Embora sejam consideradas apoiadas, para o concreto há a

necessidade de se prever a sua continuidade, bem como armaduras negativas

adicionais sobre os apoios para controlar a fissuração nestas regiões (objeto de

análise no item 2.2.1.1.2. No caso de cargas ou de vãos muito importantes, ou ainda

na ocorrência de cargas concentradas ou lineares de grande valor, pode-se calcular

as lajes como contínuas, o que leva à necessidade de armaduras sobre os apoios,

de acordo com as diretrizes da norma NBR 6.118. Também para o caso de

temperaturas elevadas, as lajes mistas são assumidas trabalhando de maneira

contínua (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001), o que neste trabalho será analisado no

item 2.5.

2.2.1 Verificação da laje mista aos estados limites últimos

Nesta verificação deve-se assegurar que a resistência das lajes mistas é suficiente

para suportar as cargas de cálculo aplicadas e que nenhum estado limite último seja

atingido. Os estados limites que devem ser verificados são abordados nas formas de

colapso ilustradas na Figura 8.

Figura 8: Seções críticas (NBR 14.323, 1999).

• Seção crítica I – flexão: resistência ao momento fletor. Este estado limite

pressupõe interação completa entre a fôrma e o concreto e pode ser

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crítico se o vão de cisalhamento for suficientemente grande (vide definição

adiante).

• Seção crítica II – cisalhamento longitudinal: a carga máxima na laje é

determinada pela resistência ao cisalhamento longitudinal, não sendo

possível atingir-se a resistência última ao momento fletor. Caracteriza-se

como ação mista de interação parcial, sendo usualmente o estado limite

crítico das lajes mistas.

• Seção crítica III – cisalhamento vertical: este estado limite pode ser crítico

somente em casos especiais, por exemplo, em lajes espessas de vão

curto, sujeitas a cargas elevadas.

• Punção – ver figura 9: este estado limite pode ser crítico se o perímetro da

área carregada e a espessura da laje forem pequenos, e se a carga for

muito elevada.

Figura 9: Perímetro crítico para punção (NBR 14.323, 1999)

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2.2.1.1 Resistência ao momento fletor

De acordo com a NBR 14.323, a resistência de cálculo ao momento fletor deverá ser

determinada conforme as prescrições da NBR 6118. Neste caso, para lajes mistas,

algumas considerações e ajustes devem ser feitos. Primeiro: a fôrma de aço é parte

integrante da armadura de tração para resistir ao momento positivo; caso haja

necessidade, deve-se introduzir armadura adicional. Na região de momentos

negativos, a contribuição da fôrma à parcela de compressão na flexão pode ser

levada em conta se esta fôrma for contínua sobre os apoios, ou se estiver

devidamente ancorada na mesa superior da viga por meio de conectores tipo pino

com cabeça. Segundo: na determinação da área efetiva de aço da fôrma,

considerada como armadura, deve-se descartar as larguras correspondente às

mossas, a menos que, por meio de ensaios, possa ser comprovada uma área efetiva

maior para resistir às forças longitudinais de tração. Terceiro: a título de simplificação

e consistência no cálculo de vigas mistas, pode-se assumir um bloco uniforme de

compressão, ao invés do tradicional diagrama parábola-retângulo adotado pela NBR

6118.

2.2.1.1.1 Resistência de cálculo - momento positivo

a) para o caso da linha neutra situar-se acima da face superior da fôrma a

resistência ao momento fletor “ Mnφ ” é dada por:

( )adNM ppan 5,0−=φ (Equação 1)

Figura 10: Distribuição de tensões para momento positivo – linha neutra acima da face superior da fôrma (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001)

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b) para o caso da linha neutra situar-se abaixo da face superior da fôrma a

resistência ao momento fletor “ Mnφ ” é dada por:

prcfn MyNM += .φ (Equação 2)

Figura 11: Distribuição de tensões para momento positivo – linha neutra na fôrma metálica, abaixo da face superior da fôrma (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001)

onde:

paN =

15,1. yp

p

fA , valor de cálculo do esforço resistente à tração da fôrma de

aço.

pd = distância da face superior da laje ao centro de gravidade da área efetiva da fôrma.

a = espessura do bloco de compressão do concreto, dada por:

a = bfN

cd

pa

.85,0

ypp fA e

= área efetiva da fôrma (correspondente a 1.000 mm de largura e à tensão de escoramento do aço da fôrma, respectivamente).

b = Largura considerada da laje, tomada como 1.000 mm.

y =

( )pa

cfppct N

Neeehh −+−− 5,0 braço de alavanca entre as resultantes de

tração e compressão na secção transversal da laje com fôrma de aço incorporada.

prM =Resistência plástica ao momento fletor da fôrma de aço, reduzida pela presença de força normal, dada por:

papa

cfpapr M

NN

MM ≤⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−= 125,1

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paM = resistência plástica ao momento fletor da fôrma, considerando a seção efetiva (usualmente fornecida pelo fabricante) multiplicada pelo coeficiente de resistência 9,0=pφ .

cfN = ( )cdc fbh 85,0 , valor de cálculo do esforço normal de compressão atuante na espessura de concreto acima da fôrma de aço.

cdf = 4,1ckf

ch altura da laje sobre a fôrma de aço;

th altura total da laje, incluindo a fôrma e o concreto;

e distância do centro de gravidade da área efetiva da fôrma à sua face inferior;

pe distância da linha neutra plástica da seção efetiva de fôrma à sua face inferior.

Nos cálculos acima, na determinação das propriedades da seção efetiva da fôrma, a

presença favorável do concreto dificulta a flambagem localizada, o que pode ser

levado em conta alternando-se os limites de classificação da seção (Eurocode 4).

Nesta especificação, para efeito dos limites de classificação dos elementos

comprimidos, é utilizada uma largura efetiva não superior a duas vezes os valores

dados para alma da classe 1 (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001). Fazendo-se uso

deste critério, a relação largura/espessura não dever ser superior a:

113792

−≤

αε

td

quando 5,0≥α (Equação 3)

αε72

≤td

quando 5,0<α (Equação 4)

onde:

α = Relação entre a parte comprimida e a largura total do elemento

ε = yf235 ( em MPa) yf

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2.2.1.1.2 Resistência de cálculo - momento negativo

Na região de momento negativo, leva-se em conta a forma das nervuras na

determinação da área comprimida do concreto e a distância do centro de gravidade

desta área comprimida ao eixo da armadura. Por simplicidade, considera-se a

nervura com forma retangular equivalente, onde uma dimensão é dada pela altura

da nervura e a outra determinada de tal forma que ambas as áreas de concreto

dentro das nervuras tenham o mesmo valor. Com esta consideração, pode-se

calcular a resistência ao momento negativo “ Mnφ ” pela seguinte expressão:

'.yNM psn =φ (Equação 5)

onde:

psN =

15,1. yss fA

'y = acht 5,0−−

a = Espessura da parte comprimida do concreto dentro das nervuras, dadas por:

'..85,0 bb

bfN

a n

cd

ps⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛= (Equação 6)

Figura 12: Geometria Simplificada da Fôrma (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

O cálculo dado pelas equações 5 e 6 é válido para linha neutra plástica na fôrma de

aço. Teoricamente, esta linha neutra plástica pode estar localizada acima da fôrma

mas, na prática, a quantidade de armadura não é suficiente para tanto e por isso

esta situação não será considerada (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

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2.2.1.2 Resistência ao cisalhamento longitudinal

Os métodos de cálculo da resistência ao cisalhamento longitudinal datam desde a

década de 1960, mas o mais utilizado é o que foi desenvolvido por Schuster (1970)

e denominado internacionalmente de “método m-k”.

Neste método, é considerada a situação de uma laje simplesmente apoiada,

carregada com duas cargas concentradas de mesmo valor “V” atuando a uma

distância do apoio, como mostra a figura 13. Dessa forma, o momento fletor

máximo é dado por . Na mesma figura 13 fica evidente que o momento

resistente é e que a força de tração T é limitada pela resistência ao

cisalhamento longitudinal, existente na superfície formada pelo semi-perímetro

superior da seção transversal da fôrma e o vão de cisalhamento L , e pelo atrito nos

apoios. Sem se introduzir grande erro, é assumido que o braço de alavanca seja

substituído por (distância entre a face superior da laje e o centro da gravidade da

fôrma), sendo a superfície onde atua uma tensão média de cisalhamento longitudinal

calculada de forma aproximada por . Dadas estas condições, o momento

resistente é proporcional a e à área b , adicionado a uma parcela relacionada

ao atrito nos apoios (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

SL

.=

yTM .=

d L.

SLVM

S

pd

SLb.

p S

∝ sLVM .= ( ) psatrito dLbF .+ (Equação 7)

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Figura 13: Momento resistente aproximado (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

Introduzindo-se as constantes empíricas e , obtidas por meio de ensaios, vem: m k

SppS LKbdmbdVL += (Equação 8)

Dividindo-se ambos os lados da equação por , introduzindo o coeficiente de

resistência, tem-se finalmente que “

SL

Vφ ” resistência de cálculo ao cisalhamento:

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡+⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛= k

LmbdV

Spslφφ (Equação 9)

Esta equação é dada na NBR 14.323 para o cálculo da resistência ao cisalhamento

longitudinal, expressa em Newton, relativa a 1.000 mm de largura da laje,

considerando-se igual a 1.000 mm, as demais unidades de comprimento em

milímetro e as constantes e em

b

m k mmN e 2mm

N , respectivamente. Segundo a

norma brasileira NBR 14.323 o coeficiente de resistência slφ deve ser igual ao valor

nela estabelecido ou na especificação adotada nos ensaios para obtenção das

constantes e k , não devendo ser superior a 0,80. m

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44

A NBR 14.323 utiliza a equação 8, mas recomenda procedimento de ensaio para

determinação dos coeficientes e conforme Eurocode 4 ou outras

especificações estrangeiras; assim, fica claro que tanto a análise dos resultados

como a definição e a determinação dos parâmetros (inclusive m e ) devem ser

adaptadas (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001)

m k

k

m k

Para o Steel Deck MF-75 de espessura 0,80 mm da empresa MetForm S.A. foi

empregado o procedimento de acordo com a Canadian Steel Sheet Building Institute

CSSBI (1988), onde se exige que os desvios entre os valores calculados com auxílio

das constantes e os valores experimentais não podem superar 15%, e que, caso

esta condição não seja cumprida, os valores de m e k devem ser reduzidos em

5%. Ainda de acordo com esta especificação o coeficiente de resistência deve ser

tomado igual a 0,70.

Com o auxilio da equação 9 pode-se determinar, para qualquer situação, a

resistência ao cisalhamento longitudinal de lajes mistas, uma vez disponíveis as

constantes e . As tabelas de carga fornecidas pelos fabricantes das fôrmas são

obtidas por este processo, onde os valores referem-se usualmente às cargas

líquidas nominais, isto é, já deduzido o peso próprio da laje e aplicados os

coeficientes de resistência e das ações. No caso de duas cargas concentradas

simétricas, o vão de cisalhamento é tomado como a distância entre o ponto de

aplicação da carga e o apoio mais próximo. Para carregamento uniformemente

distribuído, o vão de cisalhamento é tomado como

SL

SL 4L , sendo L o vão teórico da

laje.

Em outras situações de carregamento, pode ser aproximado como sendo a

distância entre uma carga equivalente de valor igual à máxima força cortante e o

apoio mais próximo. No caso de laje contínua, para os tramos internos, permite-se o

uso de um vão simples equivalente, igual à distância entre os pontos de inflexão.

Nos tramos externos deve-se utilizar o vão real.

SL

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45

2.2.1.3 Verificação ao cisalhamento vertical e à punção

Segundo a NBR 14.323, a resistência de cálculo ao cisalhamento vertical VVφ ,

relativa a 1.000 mm de largura, e a resistência de cálculo à punção provocada por

uma carga concentrada PVφ , ambas em Newton, podem ser determinadas pelas

seguintes expressões, respectivamente:

( )[ ]

n

vRdpocV b

KdbV

ητφφ

402,11000 += (Equação 10)

( )ητμφφ 402,1 += vRdccrcp KhV (Equação 11)

onde:

η =02,0

'≤

po

p

dbA

vK = 0,11000

6,1 ≥− pd

ob = Largura média das nervuras para fôrmas trapezoidais ou a largura mínima das nervuras para fôrmas reentrantes (Figura 14);

nb = Largura entre duas nervuras consecutivas;

pd = Distância, em milímetros, da face superior da laje ao centro de gravidade da fôrma;

crμ = Perímetro crítico de punção, conforme a Figura 15;

ch = Espessura de concreto acima da fôrma de aço;

pA = Área da seção transversal da fôrma de aço, correspondente à largura

⎟⎠⎞⎜

⎝⎛= b

bAb opo . ;

Rdτ = Resistência básica do concreto ao cisalhamento, de acordo com a tabela 5;

cφ = Coeficiente de resistência do concreto, igual a 0,70.

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46

b0

bb

bn

b0

ht

ht

bb

bn

hc

hp

hc

hp

dp

dp

Figura 14: Dimensões da fôrma de aço e da laje de concreto (NBR 14432; 2001).

Figura 15: Perímetro crítico para punção (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

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Tabela 5: Valores de Rdτ em função de (fonte: NBR 14323) ckf

ckf (MPa)

Rdτ (MPa)

20 0,375 25 0,450 30 0,500 35 0,550 40 0,625

2.2.2 Verificação da laje mista aos estados limites de utilização

Empregando os critérios da NBR 14.323, após a cura do concreto devem ser

verificados dois estados limites de utilização, que podem ser denominados como:

• estado limite de fissuração inaceitável do concreto;

• estado limite de deslocamento vertical excessivo.

2.2.2.1 Estado limite de fissuração inaceitável do concreto

Nas lajes calculadas como simplesmente apoiadas devem ser introduzidas

armaduras nas duas direções, no intuito de combater os efeitos de retratação e

temperatura, em toda a superfície da laje, com área não inferior a 0,1% da área do

concreto acima da face superior da fôrma de aço; tal armadura deve ser colocada,

preferencialmente, 20 mm abaixo do topo da laje. Esta porcentagem mínima é

estipulada no EUROCODE entre 0,2% e 0,4% se a laje for não-escorada ou

escorada respectivamente, 0,1% no Canadá e 0,075% nos Estados Unidos,

conforme especificação do SDI Steel Deck Institute (Queiroz; Pimenta; Da Mata,

2001).

Nas lajes onde possa haver continuidade estrutural, como no caso das ligações de

vigas secundárias com vigas principais e em torno de pilares, é exigida pela NBR

14.323 (item 4.6.2 do Capítulo 4) uma atenção especial.

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Em qualquer caso, estruturas em meio agressivo, onde a classe de agressividade

ambiental for considerada “moderada” (urbana), “forte” (marinha/industrial) e “muito

forte” (industrial/respingos de maré) onde o risco de deterioração da estrutura é

respectivamente pequeno, grande e elevado, nestes casos, fica claro que os

concretos indicados pelos fabricantes na construção de suas tabelas (20 MPa da

Metform e 22 MPa da Perfilor) são totalmente inadequados; a tabela 5 abaixo

descrita, em concordância com a NBR-6118,2003 estabelece para estas condições

de exposição da estrutura os seguintes parâmetros mínimos a serem atendidos:

Tabela 5: Parâmetros mínimos a serem atendidos pelo concreto(NBR 6118,2003)

Classe de agressividade

Relação água/cimento

em massa Classe de concreto

Cobrimento da laje

(mm) I - Fraca ≤ 0,65 ≥ C20 20 II – Moderada ≤ 0,60 ≥ C25 25 III – Forte ≤ 0,55 ≥ C30 35 IV – Muito Forte ≤ 0,45 ≥ C40 45

Por fim, todo o sistema deve ser dimensionado com continuidade e sua fissuração

verificada pela NBR 14323 (1999).

No combate à fissuração, os fabricantes de fôrmas de aço incorporadas às lajes

mistas (METFORM S.A. Steel Deck MF-75 e Perfilor Perkron Haironville Polideck 59)

apresentam nas respectivas tabelas 6 e 7 seções das malhas anti-fissuração.

Tabela 6: Malha anti-fissuração (METFORM S.A., 2004).

Altura total da laje (cm) Composição

Denominação Peso

(kg/m²) de 13 a 15 φ 3,8 x φ 3,8 - 150 x 150 (Q75)

16 φ 4,2 x φ 4,2 - 150 x 150 (Q92)

de 17 a 18 φ 3,8 x φ 3,8 - 100 x 100 (Q113)

De 19 a 20 φ 4,2 x φ 4,2 - 100 x 100 (Q138)

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Tabela 7: Malha anti-fissuração (Perfilor Perkron Haironville, 2004)

Altura total da laje (cm) Bitola

de 11 a 15 φ 3,8 x φ 3,8 - 150 x 150 (Q75)

16 φ 4,2 x φ 4,2 - 150 x 150 (Q92)

de 17 a 18 φ 3,8 x φ 3,8 - 100 x 100 (Q113)

De 19 a 20 φ 4,2 x φ 4,2 - 100 x 100 (Q138)

2.2.2.2 Estado limite de deslocamento vertical máximo

Para a verificação do deslocamento vertical máximo, a NBR 14.323 recomenda que

não seja superado o valor 3501 do vão teórico da laje na direção das nervuras,

considerando-se apenas o efeito da sobrecarga. Apesar da norma impor limite para

o deslocamento vertical, é omissa no que diz respeito à maneira de se calcular o

valor do momento de inércia para a previsão do máximo deslocamento vertical da

fôrma metálica (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

Para este tipo de verificação, as empresas METFORM S.A. e Perfilor Perkron

Haironville apresentam nas respectivas tabelas 8 e 9 as características mecânicas

de suas fôrmas de aço.

Tabela 8: Propriedades físicas do “Steel Deck MF-75” (Metform)

Reações Máximas de

Apoio Esp. Final

Esp. Projeto

Altura Total Peso

Externo Interno

Módulo de Resistência

Inércia p/ Deformação

Área de

Aço Centro de Gravidade

mm mm mm kg/m² kN kN mm³ mm4 mm³ Mm 0,80 0,76 74,98 9,37 6,76 21,01 22.710 1.017.138,00 1.112 37,49

0,95 0,91 75,13 11,12 8,90 29,70 28.780 1.254.749,00 1.332 37,57

1,25 1,21 75,43 14,63 14,62 49,53 40.599 1.666.714,00 1.771 37,72 Propriedades para largura de 1000 mm. Material: Aço ASTM A-633 Grau 40 (ZAR 280), Tensão de Escoamento: 280 MPa.

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Tabela 9: Características mecânicas da Polideck-59 (Perfilor Perkrom Haironville)

Espessura em mm Característica 0,80 0,95 1,25 Peso m² útil Kg / m² 9,14 10,86 14,29

Momento de inércia (cm4/m)

Seção total 55,15 74,56 90,10

Módulo resistente inferior (cm³/m) i / vi 17,02 23,02 27,81

Módulo resistente superior (cm3/m) i / vs 20,73 28,03 33,87

Assim, na falta de uma indicação mais clara, o CSSBI – Canadian SheeT Steel

Building Institute (1998) e o ASCE – American Society of Civil Engineers sugerem o

seguinte procedimento para cargas de curta duração:

• considerar que as seções planas permanecem planas e as tensões são

proporcionais às deformações sob cargas de serviço - teoria da

elasticidade;

• a seção mista deve ser homogeinizada pela transformação da área de aço

da fôrma em área equivalente de concreto, através da relação dos

módulos de elasticidade;

• o momento de inércia a ser empregado no cálculo das deformações

verticais é considerado como a média entre os valores calculados para a

seção fissurada e não-fissurada.

O ASCE (1991) exige ainda que se leve em conta os efeitos de deformação lenta do

concreto, através da seguinte consideração:

00 6,0"'2,12 δδδ ≥⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−=

S

S

AA

onde: (deformação final)

adic

adicfinal δδδ += 0

(Equação 12)

0δ = flecha calculada para o carregamento de longa duração, sem a consideração da deformação lenta;

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'SA = área da forma de aço sujeita à compressão;

"SA = área da forma de aço sujeita à tração;

Um outro procedimento simplificado, que pode ser adotado a favor da segurança, é

o do EUROCODE 4, onde o efeito da deformação lenta é levado em conta dividindo-

se o módulo de elasticidade do concreto por 2 (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

2.2.3 Ações a serem consideradas nas verificações

A seguir são apresentadas as ações que devem ser consideradas no cálculo de

lajes mistas segundo a NBR 14.323 (1999).

2.2.3.1 Na fase antes da cura do concreto

Nesta fase consideram-se as seguintes cargas:

• peso próprio do concreto fresco, da fôrma de aço e da armadura;

• ação decorrente do uso durante a construção;

• efeito do empoçamento (dado mais adiante), caso a flecha ultrapasse um

certo valor.

Quanto à ação decorrente do uso durante a construção deverá ser tomada o mais

desfavorável dos seguintes valores:

• carga uniformemente distribuída de no mínimo 1,0 KN/m²;

• carga linear de 2,2 KN/m, perpendicular à direção do vão, na posição mais

desfavorável - exigência válida somente para a verificação ao momento

fletor.

Outra exigência desta norma é a de que seja levada em conta a seqüência de

concretagem na determinação dos esforços solicitantes, admitindo-se que cada

estado limite deve ter a sua consideração específica. A figura 16 apresenta as

seqüências que devem ser adotadas para determinarem-se os esforços solicitantes

máximos para cada estado limite a ser verificado.

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A limitação do deslocamento no centro da fôrma é estabelecido em 2501 do seu

vão teórico, considerando-se o peso próprio da fôrma somado ao do concreto

fresco; quando este valor for superado, o efeito de empoçamento deverá ser levado

em conta, acrescentando-se uma carga equivalente a uma capa de concreto cuja

espessura provoque deslocamento igual a 70% do valor do deslocamento inicial.

Figura 16: Seqüência de concretagem (SDI, 2000)

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2.2.3.2 Fase após a cura do concreto

A NBR 14.323 exige para os estados limites últimos que todo o carregamento seja

sustentado pelo sistema misto, incluindo o peso próprio da laje. Exige ainda que “as

combinações de ações deverão ser feitas de acordo com a NBR 8800,

considerando-se a combinação de ações durante a construção para o

dimensionamento da fôrma de aço antes da cura do concreto”.

2.2.4 Verificação da laje mista para cargas concentradas ou lineares

Conforme já descrito no item 2, a laje mista é um sistema que trabalha

essencialmente em apenas uma direção. Esta configuração limita a capacidade da

laje mista em sustentar cargas lineares ou concentradas, oriundas de alvenarias ou

de rodas de veículos.

Portanto, cabe a análise desta verificação em duas situações:

2.2.4.1 Situação das cargas concentradas ou lineares paralelas às nervuras

Neste caso as cargas podem ser assumidas como distribuídas em uma largura ,

medida imediatamente acima do topo da fôrma e considerada como:

mb

( )fcpm hhbb ++= 2 (Equação 13)

pb = largura da carga concentrada linear, na direção perpendicular ao vão da laje;

ch = espessura de concreto acima da fôrma;

fh = espessura do revestimento da laje, se houver.

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Figura 17: Distribuição das cargas concentradas ou lineares.

2.2.4.2 Situação de cargas lineares perpendiculares às nervuras

Neste caso utiliza-se a mesma fórmula, tomando-se como o comprimento da

carga. Assim, considerada a carga distribuída na largura , deve-se encontrar a

largura efetiva da laje que irá resistir à sua ação. Esta largura por sua vez, não pode

ser maior que:

pb

mb

a) para momento fletor e cisalhamento longitudinal:

• em lajes de vãos simples e tramos extremos de lajes contínuas:

máxp

pmem bLL

Lbb ≤⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−+= 12 (Equação 14)

• nos tramos internos de lajes contínuas:

máxp

pmem bLL

Lbb ≤⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−+= 133,1 (Equação 15)

b) para cisalhamento vertical:

máxp

pmev bLL

Lbb ≤⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−+= 1 (Equação 16)

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onde:

pL = Distância do centro da carga ao apoio mais próximo;

L = Vão teórico da laje na direção das nervuras;

máxb =

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

+ pc

c

hhh2700 (em mm)

A limitação, máxem bb ≤ , não se aplica para cargas lineares perpendiculares às

nervuras e não é necessária em qualquer caso quando houver armadura de

distribuição com área igual ou superior a 0,2% da área de concreto acima da fôrma.

A armadura de distribuição, que tem como finalidade assegurar a distribuição das

cargas concentradas ou lineares da largura efetiva e se estender transversalmente

em toda largura efetiva (ver figura 18), pode ser devidamente ancorada e calculada

conforme as prescrições da NBR 6118.

( )

WbbPM evem

d 15 ou

= (Equação 17)

onde:

W = largura onde deve ser colocada a armadura, tomada como:

12bLW +=

P = carga concentrada ou, no caso de carga linear paralela ao vão, igual a . 1qb

1b = largura da carga concentrada ou linear na direção paralela ao vão da laje, não se devendo tomar valor superior a L

q = valor da carga linear por unidade de comprimento.

Caso a armadura não seja suficiente para resistir a este momento, a largura efetiva

deve ser tomada como . Para carga linear perpendicular ao vão, pode-se adotar

como armadura de distribuição a armadura mínima nominal de 0,1%.

mb

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Figura 18: Armadura de distribuição (NBR 14.323, 1999).

2.3 Aberturas em lajes mistas

Quando for necessária a abertura em laje mista devem ser tomadas algumas

precauções durante o seu dimensionamento e execução. Queiroz; Pimenta; Da Mata

(2001) indicam as medidas a seguir, baseadas no Manual Técnico da MetForm:

“Noções de Utilização e Dimensionamento do Steel Deck MF-75” e nas

recomendações do SDI – Steel Deck Institute (2000), ECCS – European Convention

for Constructional Steelwork (1993) e SCI-3000 – The Steel Construction Institute

(2000).

Figura 19: Abertura na laje (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

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57

Como as aberturas são classificadas em pequenas ou grandes, o conhecimento

correto de suas dimensões implicará em um estudo correto do seu projeto e

execução.

2.3.1 Pequenas aberturas

São aquelas em que a maior dimensão não ultrapassa 200 mm; neste caso, não se

faz necessária qualquer consideração de reforço.

Nesta situação, as exigências requeridas referem-se apenas a certas disposições

construtivas, indicadas a seguir:

• a distância mínima entre os centros das aberturas não deve ser inferior a

duas vezes a sua maior dimensão;

• no caso da abertura se situar em região da largura efetiva de uma viga

mista, a distância mínima deve ser aumentada em pelo menos cinco vezes

a maior dimensão da abertura;

• as pequenas aberturas podem ser executadas após a concretagem da

laje, sem a localização e constituição de um nicho antes da concretagem,

desde que sejam circulares e executadas com máquinas perfuratrizes com

coroa diamantada.

2.3.2 Grandes aberturas

As aberturas são classificadas como grandes quando uma de suas dimensões

ultrapassa 200 mm, não devendo ser superior a 600 mm. As disposições

construtivas que devem ser seguidas são:

• As grandes aberturas não devem ser executadas após a concretagem, a

não ser quando se garanta que o equipamento de corte não comprometa a

aderência entre o concreto e a fôrma metálica, isto é, não comprometa a

solidarização entre a fôrma e o concreto. O mais usual é instalar uma

barreira física no seu contorno (nicho), por meio de fôrmas de madeira,

poliestireno expandido ou chapas de aço de pequena espessura, onde

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não haverá entrada de concreto na concretagem da laje. Após o concreto

atingir pelo menos 75% do fck de projeto, a fôrma de aço poderá ser

recortada.

• É necessária a colocação de armaduras de reforço nos sentidos

longitudinais e transversais para que a resistência da laje não seja

comprometida.

• No caso das armaduras transversais, estas devem se estender a uma

distância correspondente a duas vezes o espaçamento entre nervuras da

fôrma de aço, acrescido do comprimento de ancoragem.

• A seção da armadura transversal deverá apresentar pelo menos 20% da

área da seção da armadura longitudinal, sendo composta no mínimo por

três barras cujo espaçamento não deve exceder 150 mm.

• Segundo Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001, a armadura transversal pode

ser calculada para resistir a um momento igual a:

16.. 2

ad

baqM = (Equação 18)

onde:

q = carga atuante na laje, por unidade de área;

a = maior distância, na direção das nervuras, entre a borda da abertura e o apoio correspondente da laje;

ab = dimensão da abertura transversal às nervuras acrescida de um valor correspondente a duas vezes o espaçamento entre as nervuras da fôrma.

• Quanto à armadura longitudinal de reforço, Queiroz; Pimenta; Da Mata,

2001 indicam que ela deva ser calculada para um momento dado por:

4... 2

ad

baqM α= (Equação 19)

onde:

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59

α =( )

Laaa

.'122 −

'a = menor distância, na direção das nervuras, entre a borda da abertura e o apoio correspondente da laje;

L = vão da laje mista.

• A armadura longitudinal de reforço deverá se estender até aos apoios da

laje, sendo devidamente ancorada nos vãos adjacentes.

• A largura da laje a ser levada em conta nos cálculos deve ser tomada

como a distância correspondente ao espaçamento entre duas nervuras da

fôrma.

• Não se recomenda o uso de bitola superiores a 10 mm tanto para o

reforço da armadura longitudinal como para o transversal.

• Para as armaduras de reforço longitudinal é recomendado que sejam

colocadas dentro das nervuras a 20 mm acima do fundo da fôrma, mesma

providência a ser adotada para as armaduras de reforço transversal.

O Manual Técnico da MetForm propõe, de forma simples e a favor da segurança,

armadura longitudinal de reforço, de cada lado da abertura, com área total dada por:

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=

ys

ypps f

fbAA1000l (Equação 20)

onde:

pA = área da forma de aço na largura correspondente a 1000 mm;

b = largura da abertura na direção transversal às nervuras;

ypf e ysf

= tensões de escoamento da fôrma e da armadura, respectivamente.

A armadura transversal em barras pode ser substituída por perfis U, laminados,

dobrados ou perfilados a frio. Estes podem ser embutidos no concreto, trabalhando

à flexão na região ao redor do furo e redistribuindo as tensões para regiões

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adjacentes. As barras deverão ter um comprimento adicional de apoio de três

nervuras nos dois lados da abertura.

Figura 20: Armaduras de reforços nas aberturas (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

Figura 21: Localização das armaduras de reforço na região da abertura (Manual da MetForm, 1997).

2.4 Disposições construtivas

Para se considerarem válidos os procedimentos apresentados neste capítulo, faz-se

necessário que sejam obedecidas algumas disposições e recomendações prescritas

na NBR 14.323 e apresentadas a seguir:

• a espessura de concreto acima da fôrma deverá ser no mínimo de 50 mm;

• a dimensão característica do agregado graúdo não deverá exceder o

menor entre os seguintes valores: 0,40 hc, bo/3, 31,5 mm, onde bo e hc

são indicados na Figura 14 anterior;

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• a largura mínima do apoio deverá ser a necessária para evitar que se

atinjam os estados limites aplicáveis à situação, tais como o enrugamento

da alma da fôrma ou o esmagamento do apoio, não sendo permitido

valores inferiores a 75 mm para apoio em aço ou concreto e 100 mm para

apoios em outros materiais. Porém, nas extremidades da fôrma, estes

valores poderão ser reduzidos para 50 mm e 70 mm, respectivamente;

• DESENHO novo

• o revestimento da chapa de aço da fôrma deverá ser adequado ao

ambiente em que se encontra a estrutura. O mínimo recomendado é a

galvanização da chapa com 260 g/m² de zinco, considerando-se ambas as

faces. Para ambientes agressivos em que a galvanização simples for

insuficiente para manter a integridade da fôrma durante a vida útil da

estrutura, é recomendado que a chapa galvanizada seja pintada;

• a espessura mínima para a chapa galvanizada é de 0,80 mm.

2.5 Segurança contra incêndio

2.5.1 Generalidades

Em qualquer edificação a segurança contra incêndio é um quesito muito importante,

devendo ser tratado com todo cuidado.

O problema da segurança contra incêndio deve ser resolvido durante o projeto da

edificação, devendo-se respeitar as normas técnicas brasileiras e as legislações

específicas. No caso do Estado de São Paulo, por exemplo, as edificações devem

atender ao Decreto-Lei Nº 46.076/01, que “institui o Regulamento de Segurança

contra Incêndio das Edificações e áreas de risco para os fins da Lei Nº 648 de 30 de

setembro de 1.975”, e às Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros do Estado de

São Paulo, em especial a IT Nº 08/01 - “Segurança Estrutural nas Edificações”.

Para a segurança contra o fogo desenvolveu-se uma verdadeira “Engenharia de

Incêndio”, aplicada às edificações com base em conhecimentos dos diversos ramos

da engenharia, arquitetura, física e química, com duas vertentes importantes:

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• Proteção ativa e passiva contra incêndio em edificações.

• Resistência da estrutura suporte da edificação à ação do fogo.

2.5.2 Proteção contra incêndio em edificações

2.5.2.1 Proteção ativa

A proteção ativa abrange todos os sistemas que irão colaborar com as unidades de

salvamento e combate ao fogo e com a fuga dos ocupantes da edificação em caso

de sinistros. Tais sistemas deverão estar disponíveis e aptos ao funcionamento

imediato, 24 horas por dia.

Dentre os sistemas de proteção ativa destacam-se os de maior abrangência:

• Sistema de iluminação de emergência e de alarme de incêndio.

• Sistema de hidrantes e extintores.

• Chuveiros Automáticos (Sprinklers).

• Controle de Movimento de Fumaça e Sinalização de Emergência.

2.5.2.2 Proteção passiva

Considera-se proteção passiva os materiais que podem dar uma proteção à

estrutura em casos de incêndio. Devem, portanto ser bons isolantes térmicos a altas

temperaturas, além de manterem a sua própria integridade e adesão ao aço durante

a evolução de um incêndio.

A abrangência e concepção da proteção passiva é definida durante o projeto da

edificação, destacando-se a seguir alguns elementos de proteção:

• Uso de Portas corta-fogo.

• Sistemas de proteção contra descargas atmosféricas.

• Controle dos materiais empregados na execução e acabamento do

Edifício.

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• Compartimentação do fogo e proteção de sua estrutura resistente.

No caso dos materiais e sistemas destinados à proteção da estrutura, a

NBR 14.323/99 “Dimensionamento de Estruturas de Aço de Edificações em Situação

de Incêndio”, no seu item 8.5.1.2 estabelece que a espessura dos materiais de

proteção pode ser definida por meio de ensaios ou de cálculos.

O correto conhecimento das características dos materiais alimentará os projetos de

proteção passiva, especificando-se em cada caso os materiais mais indicados, as

espessuras necessárias e os detalhes construtivos mais convenientes.

Os materiais usualmente utilizados são:

• Argamassa de asbestos: formulada com fibras de amianto e cimento.

Aplicação por método spray.

• Argamassa de vermiculita: formulada com agregado leve, vermiculita

expandida. Aplicação com espátula ou por método spray.

• Mantas ou fibras cerâmicas: empregadas como um revestimento tipo

contorno ou tipo caixão.

• Mantas de lã de rocha: empregadas como revestimento tipo contorno ou

tipo caixão.

• Concreto/alvenaria: é o revestimento ou encapsulamento da estrutura

metálica com concreto ou alvenaria.

• Tinta intumescente: revestimento fogo-retardante, composto por resina

plástica que, quando submetida ao incêndio, transforma-se em volumosa

camada, parecida com uma esponja. Empregada quando se deixa a

estrutura aparente, é aplicada com rolo ou trincha.

• Forros suspensos de gesso acartonado.

• Chapas de fibras minerais ou gesso.

• Sistemas mistos (alvenaria,concreto,gesso e outros).

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2.5.3 Resistência da estrutura suporte à ação do fogo

A principal razão do uso de uma proteção nas estruturas sob a ação do fogo é

preservar a estabilidade e a segurança estrutural durante um período mínimo, deve

ser aplicada a qualquer tipo de estrutura, seja ela de aço, alumínio, concreto ou

madeira.

Quando da ocorrência de um incêndio, há um aumento gradativo da temperatura,

provocado pela ação térmica do incêndio, que em conseqüência provoca redução da

resistência e rigidez de todos os materiais. Concomitantemente a estas reduções,

aparecem outras solicitações que devem ser combinadas àquelas que estão

presentes na estrutura em temperatura ambiente.

Caso a ação do fogo seja levada em conta no dimensionamento das peças, o

projetista vai garantir a segurança requerida sem a necessidade de proteção

passiva; tal procedimento, entretanto, acarreta maior consumo de aço, maior peso

do edifício e custos muito maiores para sua execução.

2.5.3.1 Verificação de estruturas mistas em situação de incêndio

No que diz respeito à normalização brasileira pode-se citar a NBR 14.432 (2000)

“Exigências de Resistência ao Fogo de Elementos Construtivos de Edificações”,

onde se estabelecem as condições que devem ser atendidas pelos elementos

estruturais das edificações para que, na ocorrência de incêndio, seja evitado o

colapso da estrutura. Os critérios nela estabelecidos se baseiam na elevação de

temperatura dos elementos da estrutura, levando-se em conta as condições de

exposição a um incêndio-padrão. Esta exposição provoca uma queda de resistência

e rigidez nos elementos da estrutura.

A NBR 14.323 (1999) - “Dimensionamento de Estruturas de Aço de Edifícios em

Situação de incêndio” apresenta tabelas de fatores de redução das propriedades

mecânicas para o aço e o concreto; nelas são indicadas as variações da tensão de

escoamento e do módulo de elasticidade nos aços laminados e trefilados, além das

variações esperadas para a resistência característica à compressão de concretos

normais e de baixa densidade. Esta norma fixa ainda os critérios para o

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dimensionamento em situação de incêndio não só de elementos estruturais de aço,

mas também dos elementos mistos aço-concreto.

2.5.3.2 Verificação das lajes mistas em situação de incêndio

Neste caso, e em concordância com a NBR 14.323 (1999), são estabelecidos dois

procedimentos de verificação:

• Lajes sem material de proteção.

• Lajes com material de proteção, com objetivo de diminuir a transferência

de calor para a laje; este caso, com procedimento de verificação

relativamente simples, pode não ser o mais econômico em virtude do

custo do material de proteção.

2.5.4 Verificação de lajes mistas em situação de incêndio sem material de proteção

A verificação deve ser feita de acordo com o estipulado no item C.3 do Anexo C da

NBR 14.323, supondo-se a laje exposta ao incêndio na face inferior, sem levar em

conta os efeitos de restrição à deformação axial, a favor da segurança. Considera-se

nesta norma que as lajes mistas calculadas à temperatura ambiente, conforme as

Seções C1 e C2 do seu Anexo C, possuam resistência ao fogo de no mínimo 30

minutos, desde que seja verificado o critério de isolamento térmico. Da mesma

forma, considera-se satisfeito o critério de estanqueidade à fumaça e aos gases de

combustão pelo fato da presença da fôrma de aço.

De acordo com as normas NBR 14.323 e NBR 14.432, onde estes conceitos são

abordados, isolamento térmico é a capacidade da laje de impedir, na face não

exposta ao incêndio, aumentos de temperatura superiores a 140°C, na média dos

pontos de medida, ou superior a 180°C, em qualquer ponto de medida. Quanto à

estanqueidade, é a capacidade de impedir a ocorrência de fissuras, ou quaisquer

aberturas, por onde passariam as chamas e gases quentes capazes de ignizar um

chumaço de algodão.

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Estes dois critérios são essenciais na segurança das pessoas na ocorrência de um

incêndio, sendo exigidos em todas as normas, pois as lajes são vistas como

elementos de compartimentação horizontal, de um andar para outro, impedindo a

propagação de incêndio; além disso, as pessoas no andar acima do pavimento

incendiado não podem ser afetadas pelas altas temperaturas.

2.5.4.1 Critério de isolamento térmico

O critério de isolamento térmico refere-se à necessidade de contenção da

temperatura por pelo menos 30 minutos de um pavimento para o outro; para que a

exigência seja atendida, a espessura efetiva da laje hef deve ser calculada de acordo

com a Equação 21, devendo ser maior ou igual ao valor estipulado na Tabela 10, em

função do Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF).

Tabela 10: Espessura efetiva mínima da laje mista (NBR 14.323, 1999).

Tempo requerido de resistência ao

fogo TRRF (minutos)

Espessura efetiva mínima hef (*)

(mm)

30 60 60 80 90 100

120 120 (*) Quando for empregado concreto de baixa densidade, os valores tabelados poderão ser reduzidos em 10%,mas a NBR 14323 não relaciona os valores destas densidades, e a NBR 6118 apenas identifica que os concretos normais tem massa específica seca entre 20 KN/m3 e 28 KN/m3, e Queiroz;Pimenta; Da Mata, 2001 indicam que os de baixa densidade serão baixa densidade com 17 KN/m3.

Quanto à espessura efetiva da laje, esta deverá ser calculada pela seguinte

Equação:

31

2121 2 ll

ll

++

+=hhhef (Equação 21)

As dimensões , , , e estão indicadas na Figura 22. No caso de

, a espessura efetiva deverá ser tomada igual a .

1h 2h 1l 2l 3l

13 2ll > 1h

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Figura 22: Lajes com forma de aço incorporada. (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001)

2.5.4.2 Capacidade de resistência ao carregamento

Neste caso, a NBR 14.323 parte das seguintes premissas:

• a laje foi calculada, no caso de trabalhar à temperatura ambiente, de

acordo com os critérios dos itens C1 e C2 do Anexo C;

• caso a laje tenha sido calculada como simplesmente apoiada, utiliza-se

armadura nas duas direções com área não inferior a 0,1% da área do

concreto acima da face superior da fôrma (considerando a altura h1 da

Figura 22), colocada a 20 mm abaixo do topo da laje;

• considera-se previamente atendido o critério de isolamento térmico;

• supõe-se que o incêndio ocorra sempre abaixo da laje;

• a resistência à tração do concreto e da fôrma de aço são ignoradas;

• são desprezados os efeitos de restrição axial.

Assim, a resistência da laje em situação de incêndio é considerada satisfatória

quando os momentos resistentes positivo e negativo, calculados de acordo com os

itens 3.2.1.2.1 e 3.2.1.2.2 da NBR 14.323, apresentarem resultados iguais ou

maiores que aqueles obtidos com os carregamentos e combinações de ações nos

estados limites últimos excepcionais previstos na norma NBR 8.681.

Na combinação de ações que considera a ação decorrente da elevação da

temperatura na estrutura, em virtude de um incêndio, assume-se que esta é uma

ação transitória excepcional, de curta duração.

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Referida combinação deve levar em conta o tipo e a predominância de uso da

edificação, destacando-se as seguintes situações:

• em locais em que não há predominância de cargas fixas de equipamentos

atuando fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas

concentrações de pessoas:

(Equação 22) ∑=

++n

iQQexcGigi FFF

1. 2,0γ

• em locais em que há predominância de cargas de equipamentos atuando

por longos períodos de tempo, ou de elevadas concentrações de pessoas;

(Equação 23) ∑=

++n

iQQexcGigi FFF

1. 4,0γ

• em bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens:

(Equação 24) ∑=

++n

iQQexcGigi FFF

1. 6,0γ

Onde

FG é o valor nominal da ação permanente.

FQ,exc é o valor nominal das ações térmicas.

FQ é o valor nominal das ações variáveis decorrentes do uso e das demais

cargas acidentais.

γg É o valor do coeficiente de ponderação para ações permanentes, com

valor igual a:

• 1,1=gγ para ação permanente desfavorável, de pequena variabilidade;

• 2,1=gγ para ação permanente desfavorável, de grande variabilidade;

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• 0,1=gγ para ação permanente favorável, de pequena variabilidade;

• 9,0=gγ para ação permanente favorável, de grande variabilidade.

A resistência ao carregamento em temperaturas elevadas deve ser calculada com

base na análise plástica da laje mista, sendo que, em cada sistema estático, as

condições de ruína podem ser formuladas desde que se tenha conhecimento do

momento plástico (mescanismo de formação das rótulas plásticas) e da geometria

da laje.

A NBR 14.323 (1999) propõe diferentes distribuições plásticas de momentos fletores,

indicadas na Tabela 11.

Tabela 11: Condições de colapso para lajes (NBR 14.323, 1999).

Sistema estático Condições de colapso

Sem armadura negativa

8

2LqMuv ≤+ ou

28L

Mq uv

+

845,0

2LqMM uvuv ≤+ −+ ou

( )2

6,38L

MMq uvuv

−+ +≥ Com

armadora negativa e

positiva

8

2LqMM uvuv ≤+ −+ ou

( )2

8L

MMq uvuv

−+ +≥

Sem armadura positiva

8

2LqMuv ≤− ou

28L

Mq uv

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2.5.4 3 Resistência ao momento positivo

Neste caso, a NBR 14.323 (1999) estabelece para a verificação da resistência ao

momento positivo os quesitos indicados nas alíneas a, b e c a seguir:

a) A resistência à compressão do concreto poderá ser tomada à temperatura

ambiente.

b) A relação entre a temperatura da armadura sθ e os tempos requeridos de

resistência ao incêndio pode ser obtida na Tabela 12, usando-se o parâmetro

dado pela equação:

321

1111uuuZ

++= (Equação 25)

Onde: , e são as distâncias em milímetros da armadura à fôrma de aço,

conforme indicado na Figura 23. Os valores de u e u não podem ser inferiores a

50mm e o de u não pode ser inferior a 35mm.

1u 2u 3u

1 2

3

Figura 23: Posição geométrica da armadura. (NBR 14.323, 1999)

Tabela 12: Tempo de resistência ao fogo e correspondentes temperaturas da armadura (NBR 14.323, 1999).

Tempo requerido de resistência ao

fogo (min) Temperatura da armadura

°C

60 Czs °≤−= 8103501175θ , para 3,3≤z

90 Czs °≤−= 8803501285θ , para 6,3≤z

120 Czs °≤−= 9303501370θ , para 8,3≤z

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c) Em função da temperatura elevada, os cálculos serão executados considerando

os fatores de redução para o limite de escoamento dos aços apresentados na

Tabela 13.

Tabela 13: Fatores de redução da resistência do aço sob a ação da temperatura (NBR 14.323, 1999).

Temperatura do aço aθ

(°C)

Fator de redução para o limite de escoamento dos aços laminados a

quente θ,yk

Fator de redução para o limite de escoamento dos aços trefilados

θ,0yk

Fator de redução para o módulo de

elasticidade de todos os tipos de

aço θ,Ek

20 1,000 1,000 1,0000 100 1,000 1,000 1,0000 200 1,000 1,000 1,0000 300 1,000 1,000 0,9000 400 1,000 0,940 0,8000 500 0,780 0,670 0,7000 600 0,470 0,400 0,6000 700 0,230 0,120 0,3100 800 0,110 0,110 0,0900 900 0,060 0,080 0,0675 1000 0,040 0,050 0,0450 1100 0,020 0,030 0,0225 1200 0,000 0,000 0,0000

Nota: Para valores intermediários da temperatura do aço, pode ser feita interpolação linear.

2.5.4.4 Resistência ao momento negativo

Quanto à resistência ao momento negativo, poderá ser calculada assumindo-se que

a armadura negativa esteja livre da ação do incêndio e, dessa forma, não é

necessário considerar os fatores de redução das suas propriedades. De forma

semelhante ao cálculo para a temperatura ambiente, a forma das nervuras pode ser

levada em conta podendo ser aproximada por um retângulo. No que diz respeito à

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resistência à compressão do concreto, será reduzida pelo efeito da alta temperatura

por meio do fator de redução K (ou K ) dado na Tabela 15. θ,c θ,cb

De forma simples, a favor da segurança, a laje terá espessura considerada uniforme

e igual à espessura equivalente calculada pela equação 21 em função do TRRF,

podendo-se reduzi-la em 10% caso se utilize concreto de baixa densidade. Isto

posto, a capacidade de resistência ao momento fletor negativo é determinada

igualando-se a força de compressão no concreto à força de tração na armadura,

dada por . A força de compressão é calculada fazendo-se aproximações

sucessivas, acrescentando-se progressivamente a resistência de cada fatia até que

o valor calculado iguale-se à força de tração na armadura. De acordo com o que é

apresentado na Tabela 14, é bom lembrar que a temperatura varia de fatia para fatia

e, conseqüentemente, varia o valor de (ou ) e da resistência à compressão.

Dessa forma, o momento resistente “

SA ysF

θ,cK K

Mn

θ,cb

φ ” é calculado pela expressão:

(Equação 26) i

n

iiCn eNM ∑

=

=1

onde:

icN , = ( ) icicckic btfK ,,,, 85,0θ = resistência à compressão de cada fatia da laje;

icK ,,θ = fator de redução da resistência característica à compressão do concreto

da cada fatia, em função da temperatura da fatia.

ckf = resistência característica do concreto à compressão

ict , = espessura de cada fatia;

icb , = largura de cada fatia;

ie = distância do centro de cada fatia ao eixo da armadura.

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Tabela 14: Variação de temperatura na altura das lajes de concreto (NBR 14.323, 1999).

Temperatura cθ (°C) para TRRF de Fatia j

Altura y

(mm) 30 min 60 min 90 min 120 min

1 ≤5 535 705 754 754 2 5 a 10 470 642 738 754 3 10 a 15 415 581 681 754 4 15 a 20 350 525 627 697 5 20 a 25 300 469 571 642 6 25 a 30 250 421 519 591 7 30 a 35 210 374 473 542 8 35 a 40 180 327 428 493 9 40 a 45 160 289 387 454 10 45 a 50 140 250 345 415 11 50 a 55 125 200 294 369 12 55 a 60 110 175 271 342 13 60 a 80 80 140 220 270 14 ≥80 60 100 160 210

Notas:

1) A altura efetiva para laje de concreto com fôrmas de aço incorporada deve ser obtida na Subseção C.3.1.2 do Anexo C;

efh

2) No caso de laje maciça de concreto, a altura é igual à espessura da laje efh et

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Tabela 15: Fatores de redução para a resistência do concreto (NBR 14.323, 1999).

Temperatura do concreto

Fator de redução para a resistência

característica à compressão do

concreto de densidade normal

Fator de redução para a resistência

característica à compressão do

concreto de baixa densidade

Deformação correspondente

ao limite de resistência do concreto de

densidade normal à temperatura

(°C) θ,cK θ,cbK 3, 10×θε c

20 1,000 1,000 2,5 100 0,950 1,000 3,5 200 0,900 1,000 4,5 300 0,850 1,000 6,0 400 0,750 0,880 7,5 500 0,600 0,760 9,5 600 0,450 0,640 12,5 700 0,300 0,520 14,0 800 0,150 0,400 14,5 900 0,080 0,280 15,0 1000 0,040 0,160 15,0 1100 0,010 0,040 15,0 1200 0,000 0,000 15,0

Nota: Para valores intermediários da temperatura do concreto, pode ser feita interpolação linear.

Um outro método alternativo de cálculo é proposto pela NBR 14.323 e tem por base

que, para cada TRRF (Tempo Requerido de Resistência ao Fogo), os requisitos de

estanqueidade, isolamento térmico e de resistência são considerados atendidos

caso a espessura de concreto acima da fôrma tenha seu valor igual ou acima dos

valores apresentados na Tabela 16.

Este método só será válido caso a laje mista tenha sido calculada de acordo com as

exigências na NBR 14.323 e se for apoiada em viga mista, calculada à temperatura

ambiente de acordo com a NBR 8800 e à temperatura elevada de acordo com a

NBR 14.323 para um TRRF igual ou maior ao da laje. Além de cumprir as exigências

das Normas Brasileiras (NBR 8800 e NBR 14.323), deverão ser obedecidos os

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critérios referentes aos detalhes construtivos especificados nas normas tanto para

lajes mistas quanto para vigas mistas; no caso das vigas mistas recomenda-se o

exame dos manuais técnicos dos fabricantes de steel deck, bem como Queiroz;

Pimenta; Da Mata (2001) “Elementos das Estruturas Mistas Aço-Concreto”. Editora

O Lutador, Belo Horizonte – MG.

Tabela 16: Espessura mínima do concreto acima da forma de aço (NBR 14.323, 1999).

Espessura mínima do concreto (mm) Tempo requerido

de resistência aofogo (minutos) Densidade

normal Baixa

densidade 60 90 65

90 100 75

120 110 85

2.5.5 Lajes com material de proteção

O uso de materiais de proteção garante a resistência das lajes mistas em

temperaturas elevadas, ou seja, reduz a transferência de calor para a laje. Dentre os

materiais de proteção já citados no item 2.2 destacam-se:

• aplicação por spray de argamassas na face inferior da laje;

• instalação de forros suspensos.

Ressalta-se novamente que estes materiais, além de serem bons isolantes térmicos

a altas temperaturas, devem manter sua própria integridade e adesão ao aço

durante a evolução de um incêndio. No que diz respeito aos forros suspensos, a

NBR 14.323 não propõe nenhum método de projeto ou execução para garantir que

sejam considerados adequados. Neste caso, recomenda-se consulta a outras fontes,

como a British Standards Institution – BS 5950: “Structural Use of Steelwork in

Building- Part 8: Code of Practice for Fire Resistant Design (1990)”, ou a manuais de

fabricantes (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

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As duas formas indicadas pela normalização brasileira para o critério da capacidade

de resistência ao carregamento são aceitas, caso a verificação seja realizada com

as propriedades fornecidas pelos fabricantes e a temperatura da fôrma de aço não

ultrapassar 350°C. Segundo QUEIROZ, G(2001) especialistas consideram este valor

muito conservador e que, em conseqüência, é bem provável que sua utilização seja

anti-econômica.

Na atualidade, sempre que possível, deve-se utilizar o método proposto pela NBR

14.323 sem o emprego de material de proteção térmica; caso contrário, recomenda-

se que a verificação da laje seja feita com base em ensaios.

No cálculo da espessura mínima para atender as exigências de isolação térmica, a

camada de proteção e o próprio revestimento da laje poderão ser levados em conta,

transformando-se a proteção e o revestimento em espessura equivalente de

concreto, calculada em função dos respectivos coeficientes de condutividade térmica

dos materiais.

Figura 24: Viga sem a Proteção (obra Convention Center & Hotel Jaraguá)

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Figura 25: Viga com a Proteção Passiva (obra Convention Center & Hotel Jaraguá)

2.6 Características dos materiais empregados sob a ação do fogo

Além da preocupação com o dimensionamento usual deste tipo de elemento misto

na temperatura ambiente, deve-se conhecer as características dos seus materiais

constituintes terão sob ação do fogo, para o bom atendimento à NBR 14432 (2001),

“Exigências de Resistências ao Fogo dos Elementos Construtivos das Edificações”.

Na atualidade, não há um pleno conhecimento sob o comportamento do concreto e

do aço sob este tipo de ação acidental. É de conhecimento que, quando da ação do

fogo, há a transferência de calor por difusão de energia radiante (radiação) e por

transmissão de calor; neste caso, através dos gases (convecção), o incremento de

temperatura induz uma série de processos físicos e químicos que alteram as

características físicas e mecânicas dos materiais empregados (concreto e a chapa

de aço trapezoidal).

2.6.1 Concreto

Sabe-se que, sob a ação do fogo, o concreto tem boa resistência, por ser um

material incombustível, com baixa condutividade térmica, não emite gases tóxicos e

seus elementos, tem em geral baixo fator de massividade (Costa e Pignatta, 2002).

Sabe-se também que as suas propriedades são afetadas quando exposto a cargas

térmicas (PHAN e Carino, 2000). Esta exposição implicará em perda da rigidez da

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estrutura que, em conseqüência, pode até atingir o colapso por instabilidade das

peças. Dentre os processos que alteram as suas características podemos citar:

a) processos químicos: atingindo a pasta de cimento endurecida, com a

dissociação do hidróxido de cálcio (CH) por volta dos 400°C, até a completa

destruição do gel hidratado de silicato de cálcio (C-S-H) em torno de 900°C

(POON, 2001)

b) nos processos físicos pode-se citar:

• O fenômeno do lascamento (Spalling).

• Diminuição da resistência à compressão sob alta temperatura

• Redução no módulo de elasticidade.

• Tipo de resfriamento (lento ou rápido) do concreto sob alta temperatura,

que poderá gerar fragilizações e rupturas pelo efeito do choque térmico.

Um dos fenômenos mais significativos é o lascamento, que é o seu desprendimento

em camadas. Segundo PurKiss (2000), este lascamento ocorre de duas formas, e

COSTA e PIGNATTA (2002) apresenta um terceiro:

• Explosiva (explose spalling): a ocorrência é violenta e instantânea, com

forte incidência nos primeiros 30 minutos de um incêndio.

• Delaminação Gradual (sloughing): ocorre em grande extensão, de forma

progressiva com o passar do tempo, sendo que a cada ocorrência novas

camadas ficam expostas, induzindo a novos descascamentos sucessivos.

• Pipocamento (pop outs): corresponde ao spalling de pequenas

proporções (este descrito por COSTA e PIGNATTA (2002)).

O fenômeno do lascamento, segundo Hertz (2003), pode ser um efeito violento no

concreto exposto a um incêndio, destruindo secções transversais inteiras e

reduzindo substancialmente a capacidade de carga de uma estrutura. Por outro

lado, este fenômeno é significativo por expor a ferragem à ação do fogo, uma vez

que a armadura possui alta difusividade térmica (capacidade/velocidade de

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condução do calor) em relação ao concreto, o que se deve ao fato de que o aço é

um bom condutor térmico. Aquecendo-se mais rapidamente que o concreto, ao

longo das peças as dilatações diferenciadas entre os dois materiais repercutirão no

lascamento do concreto.

As possíveis causas para o acontecimento do spalling estão ainda em faze de

estudos Buchaman (2002) afirma em seus experimentos que a suscetibilidade

resulta do alto teor de umidade, rápidas taxas de aquecimento, peças estruturais

delgadas e altas tensões no concreto durante o incêndio. Pham e Carino (2000)

mostram que concretos com alto desempenho ou alta resistência são mais

susceptíveis ao lascamento, pois apresentam peças mais delgadas que concretos

de densidade normal, estes últimos com maior fator de massividade e também maior

capacidade térmica (massa específica x calor específico)

Segundo Anderberg (2000) são as seguintes as causas para o lascamento:

Macroestrutura

• Água livre em execesso (concreto

saturado)

• Alta densidade (compacidade)

• Elevados gradientes térmicos

• Distribuição não uniforme da

temperatura nas peças

• Secções transversais delgadas

• Altas taxas de armaduras

• Temperaturas diferenciadas entre aço

e concreto ao longo das peças

Microestrutura

• Pressão de vapor

• Tensões térmicas

• Transformações mineralógicas dos

agregados

A determinação da resistência à compressão do concreto sob alta temperatura é

bastante complexa, sendo ele composto por materiais com características térmicas

diferentes. Além disso, suas propriedades mecânicas sob a ação de cargas

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térmicas dependem da umidade e porosidade (Li, 2003), sendo que o aumento da

temperatura e do resfriamento alteram seu comportamento.

Segundo Scheneider (1988), com base nos resultados relatados em várias

pesquisas, há fatores que pouco influenciam e os que tem um significativo efeito na

resistência à compressão nos concretos submetidos a altas temperaturas.

Fatores de pouca influência

• A resistência original e a relação

água/cimento dificilmente influenciam

a resistência sob alta temperatura,

(está em contradição com os estudos

de Souza, Junior e Bizzo (2005) vide

pág. 83).

• A dimensão máxima do agregado é

um fator de segunda ordem.

• Tipo de cimento.

Fatores com significativo efeito

• A relação agregado/cimento tem

efeito siginificativo na redução da

resistência à compressão; esta

redução é mais baixa para misturas

mais pobres do que em misturas

mais ricas.

• Os concretos de diferentes tipos de

agregados (calcáreos e silicosos)

apresentam redução na resistência

à compressão, mas em

temperaturas diferentes. Nos

concretos com agregados

calcáreos, e de menor densidade, a

redução ocorre em temperaturas

mais altas, comparados aos

concretos com agregados silicosos.

Outra constatação é que valores residuais de resistência à compressão são mais

baixos que os valores da resistência à compressão em altas temperaturas.

Em termos comparativos, em temperaturas acima de 430°C concretos com

agregados silicosos sofrem maior perda de resistência à compressão do que

concretos com agregados calcáreos de menor densidade, mas quando se atinge

800°C esta diferença desaparece (Abrams Apud Neville, 1997).

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Esta ocorrência pode ser explicada pelo fato da condutividade térmica do material

silicoso ser maior que o material calcáreo. Xiao e König (2004) mostram resultados

de pesquisas nesta direção, e a própria NBR 15200 – Projeto de Estruturas de

Concreto em Situação de Incêndio (2004) indica fatores de redução da resistência à

compressão para concretos preparados com agregados graúdos silicosos (com

grande quantidade de quartzo (SiO2) como granito, arenito e alguns xistos)

diferentemente dos concretos preparados com agregados calcáreos (calcíticos e

dolomíticos)

Várias pesquisas acontecem e outros fatores vêm ao conhecimento. Li e Guo, apud

Xiao e König (2004), mostram que a resistência à compressão do concreto decresce

quanto maior for o tempo de exposição ao fogo e quanto maior a intensidade da

temperatura (portanto a degradação do concreto é diretamente proporcional à

temperatura atingida e ao tempo de exposição). Em termos comparativos, o

concreto perde de 10 a 20% de sua resistência à compressão original quando é

aquecido a cerca de 300°C, e perde entre 60 a 75% de sua resistência quando

aquecido por volta de 600°C (Phan e Carino, 2000 e Xiao e König, 2004). Todos os

pesquisadores citados concordam que há a necessidade de mais estudos, onde se

considere também o regime de aquecimento associado ao tempo de exposição e a

forma de resfriamento na ação do combate ao incêndio. Quanto ao efeito do

resfriamento na resistência à compressão. Barend apud Hertz (2003), relata que a

extinção de um incêndio com a água (que equivale a um resfriamento brusco)

deteriora a superfície do concreto devido ao choque térmico que ocorre nas

camadas superficiais, mas não aumenta os efeitos do spalling. A velocidade do

resfriamento influencia na resistência residual à compressão, isto é, se o

resfriamento for rápido a redução da resistência à compressão será maior do que

com um resfriamento lento. Xiao e König (2004) indicam que essas diferenças

serão maiores após os concretos serem submetidos a 200°C, porém após 600°C

essas diferenças são irrelevantes.

No que diz respeito ao regime de aquecimento e ao tempo de exposição, Rios,

Duarte, Rego Silva, Andrade e Pires (2005), em trabalho experimental concluiram

que, um incêndio de curta duração (30 minutos) e elevada taxa de aquecimento,

repercute em danos estruturais significativos, tanto pela redução significativa nas

resistências residuais do concreto como também pela ocorrência de lascamentos.

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Neste estudo, há de se ressaltar que os lascamentos explosivos ocorreram em

concreto de densidade normal e baixo teor de umidade, concluindo os autores que a

taxa de aquecimento e o tempo de exposição foram fatores preponderantes para a

ocorrência dos lascamentos explosivos. Entretanto, quando há o desenvolvimento

de fissuras, que contribuem para a não ocorrência do lascamento, elas nem sempre

induzem uma redução significativa na compressão do concreto. Ainda neste

trabalho, nos estudos de resistência à compressão em corpos-de-prova ainda

aquecidos, observou-se modos de ruptura explosivos, indicando que peças com

tensões de compressão elevadas, sob a ação de temperaturas altas, podem induzir

ao lascamento explosivo.

Por fim, trabalhos desenvolvidos por Souza, Junior e Bizzo (2005), procurando

avaliar a influência do tipo de agregado e da reidratação, indicam a grande

importância pois 70% do concreto é composto de agregados. A natureza dos

agregados tem influência na condutividade térmica do concreto endurecido

(capacidade do concreto conduzir o calor), verificando-se:

Basalto baixa condutividade

Calcáreo média condutividade

Quartzo alta condutividade

De forma análoga, a velocidade da variação térmica no interior do concreto

(difusidade térmica) é influenciada pelo tipo de agregado.

Neste estudo, verificou-se também que se o agregado contém pirita (sulfeto de ferro

– FeS2), a oxidação lenta em torno dos 150°C causa desintegração do agregado e,

em conseqüência, a ruptura do concreto.

Por fim, muitas variáveis influenciam a resistência mecânica do concreto sob efeito

de altas temperaturas, tais como:

• umidade;

• relação água/cimento;

• tipo de agregado;

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• tempo de exposição à temperatura;

• taxa de aquecimento;

• taxa de resfriamento;

• densidade do concreto.

2.6.2 Aço

O aço empregado nas construções é uma liga binária sólida de Fe e C, obtida

através da redução do minério de ferro (eliminação de O2).

As propriedades do material aço dependem principalmente dos seguintes fatores:

1) Percentual de C na composição.

2) Formação cristolográfica (processos térmicos e/ou tratamentos a frio).

3) Traços de outros elementos: Si, Mn, P, S, Cu, Cr, Ti, Ni, V, etc.

A redução é feita em um reator denominado ‘”Alto Forno”, onde se obtém o gusa, e

em seguida o material é levado à aciaria onde se completa a redução do minério de

ferro, obtendo-se o aço. O alto forno é um grande reator com características

primitivas, que a tecnologia atual ainda não consegue substituir. No alto forno,

elementos sólidos, como minério de ferro, coque e fundentes, são combinados em

alta pressão com um sopro de ar quente reduzindo continuamente o minério de ferro

em ferro no estado líquido, a uma temperatura aproximada de 1600°C, dependendo

da liga que se quer produzir. Este processo de obtenção do aço foi aqui descrito

para indicar que, apesar do aço ser produzido sob altas temperaturas, a proteção de

estruturas de aço contra a ação de incêndios é necessária, podendo-se recorrer a

diversos recursos no projeto da estrutura e no emprego de materiais de proteção.

É sempre importante o conhecimento do prazo de evacuação da edificação, a

intensidade do fogo, duração da exposição ao fogo, etc., devido às conseqüências

que esta exposição pode trazer às estruturas de aço.

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O conhecimento das possíveis conseqüências desta exposição, no que diz respeito

ao prazo de evacuação da edificação, é importante para o treinamento dos usuários

da edificação, visando sua evacuação segura durante a ocorrência de um sinistro.

O conhecimento da intensidade e duração da exposição ao fogo é muito importante,

gerando as seguintes conseqüências:

a) Fluência – “CREEP” (deformação do aço)

É um fenômeno pelo qual os metais e ligas tendem a sofrer deformações plásticas

(regime de deformação onde ocorre mudança dimensional permanente), quando

submetidos por longos períodos a tensões constantes, o que, normalmente vem a

ocorrer sob altas temperaturas.

δ

t

(deformação)

(tempo)

Temperatura baixa

Temperatura alta

Temperatura mais alta

Figura 26: Deformação do aço em função do tempo em que atua tensão constante. (ABDALLA, 1995)

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b) Redução na resistência do aço sob ação do fogo

Quando se menciona redução da “resistência do aço” sob ação do fogo esta se

considerando a redução do limite de escoamento do aço “fy” e a redução do módulo

de elasticidade do aço – “E”, e para o melhor esclarecimento desta redução

apresenta-se a seguir as figuras 25 e 26 e a tabela 17.

Segundo BELLEI (2004), os aços-carbono (ASTM A-36, ASTM A-572, etc) e os de

baixa liga (ASTM A-588, USI-SAC 350 e 300, COSAR COR 500 e 400, CSN

COR420), são os mais empregados nas construções de edifícios metálicos no seu

todo ou em partes. Todos eles terão sua resistência reduzida sob a ação do fogo,

conforme figura 27 que apresenta variação do limite de escoamento e do módulo de

elasticidade do aço com a temperatura. Nesta figura observa-se que, a 550°C, há

uma redução acentuada (da ordem de 50%) nos limites de resistência e escoamento

dos aços (redução também descrita em WANG, 2001). Nesta temperatura, que

repercute num fator de redução de 0,63, pode se concluir que o fator de segurança

não mais existe.

Mód. elasticidade

Lim. de escoamento

Lim. de resistência

Figura 27: Variação dos fatores de redução para o limite de escoamento e módulo de elasticidade do aço com a temperatura. (Bellei, Pinho, Pinho, 2004)

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Tabela 17: Fatores de redução para o aço, sob ação de temperatura. (Bellei, Pinho, Pinho, 2004)

Temperatura do aço em °C

Fator de redução para o limite de escoamento dos aços laminados a quente KY’θ

Fator de redução para o limite de escoamento dos

aços trefilados KY0,θ

Fator de redução para o módulo de elasticidade de todos os tipos de aços KE’θ

20 1,000 1,000 1,0000

100 1,000 1,000 1,0000

200 1,000 1,000 0,9000

300 1,000 1,000 0,8000

400 1,000 0,940 0,7000

450 0,930 0,800 0,6300

500 0,780 0,670 0,6000

550 0,630 0,530 0,4500

600 0,470 0,400 0,3100

650 0,330 0,250 0,2200

700 0,230 0,120 0,1300

800 0,110 0,110 0,0900

850 0,070 0,100 0,0800

900 0,060 0,060 0,0675

1000 0,040 0,050 0,0450

1100 0,020 0,030 0,0255

1200 0,000 0,000 0,0000

Figura 28: Variação do Fup em função da temperatura crítica. (Bellei, Pinho, Pinho, 2004)

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BELLEI (2004) esclarece ainda que estas curvas foram traçadas em laboratório, com

base em ensaios de tração, e elas não levam em consideração as cargas atuantes e

a resistência da peça. Se estes fatores forem considerados, a temperatura que este

autor considera como critica (550°C) pode ser outra.

2.7 Especificações do Corpo de Bombeiros

A segurança contra o incêndio é um item considerado obrigatório em qualquer tipo

de estrutura (aço, concreto, madeira, etc).

O Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo recomenda que as estruturas de

aço sejam calculadas de acordo com a NBR 14323 (1999) – “Dimensionamento de

Estruturas de Aço em Edifícios e Situação de Incêndio”, e que a temperatura crítica

do aço seja igual ou inferior a 350°C.

Em alguns casos é dispensada a verificação da segurança ao TRRF (Tempo

Requerido de Resistência ao Fogo). Tais casos são abordados na Instrução Técnica

CB-011/33/99 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, e para esta mesma

Corporação o TRRF é calculado conforme os critérios, cálculos e métodos descritos

na Instrução Técnica N° 08/01 – Anexo A do Corpo de Bombeiros do Estado de São

Paulo. Ressalta-se aqui que são necessárias consultas às Normas de Proteção ao

Fogo, em especial a NBR 14323 (1999) e NBR 14432 (2001), bem como aos

regulamentos do Corpo de Bombeiros de cada estado para certificar-se da isenção

ou não da verificação, quanto à segurança contra o incêndio, seja a estrutura de

concreto, aço, mista ou de madeira.

2.7.1 Lajes mistas de concreto e chapas metálicas trapezoidais

Os fabricantes de chapas metálicas trapezoidais, utilizadas em lajes mistas,

apresentam para os seus produtos tabelas de cargas que correspondem a

carregamentos aplicados em temperatura ambiente, ou sob atuação de incêndio

com tempo de atuação de 30 minutos e que, caso se aumente a sua espessura,

esse tempo de resistência pode chegar a 120 minutos.

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Caso seja prevista situação onde o incêndio possa ocorrer por mais tempo que a

chapa metálica trapezoidal suporte, a NBR 14323 (2001) deverá ser consultada,

considerando-se na resistência dessas lajes mistas a presença de armaduras

complementares.

Quanto aos aspectos da proteção passiva nas estruturas, que pode aparecer sob a

forma de portas corta-fogo, compartimentação de ambientes, e em especial nas

estruturas de aço, deve ser feita com materiais que envolvam as peças metálicas,

tais como: tinta intumescente, mantas de lã de rocha, mantas de fibras cerâmicas,

etc. Nas estruturas de concreto, a segurança passiva deve ser feita com o

cobrimento da armadura e verificado pela norma NBR 5627 “Exigências Particulares

das Obras de Concreto Armado e Protendido” em relação à resistência ao fogo.

Em boa parte dos casos, nas chapas metálicas trapezoidais das lajes mistas não

são feitas as proteções passivas, e sim nas vigas e pilares metálicos; neste caso, se faz necessária a proteção ativa, que basicamente é constituída por sprinklers,

hidrantes, alarmes e outros.

Figura 29: Proteção Ativa - sprinklers (obra Convention Center & Hotel Jaraguá)

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CAPITULO 3 EXECUÇÃO DAS LAJES MISTAS

3.1 Descrição da chapa metálica trapezoidal

Steel Deck é uma laje mista constituída por uma capa de concreto e um conjunto de

chapas de aço conformadas a frio, em geral com perfil no formato trapezoidal. A

geometria da seção e as características do aço conferem elevada rigidez ao

conjunto de trapézios, possibilitando sua utilização como fôrma autoportante para a

concretagem da capa de compressão.

Quanto ao acabamento, as chapas de Steel Deck podem ser fornecidas com

galvanização nas duas faces, ou ainda com pintura adicional de proteção e/ou

acabamento na face inferior.

Figura 30: Steel Deck (Semple-Gooder)

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Figura 31: Polydeck 59

A composição aço-concreto, chamada de “laje mista” na norma NBR 6118 (2003) -

“Projeto de Estruturas Concreto”, é denominada como “laje com fôrma de aço

incorporada” no Anexo C da norma NBR 14.323 (1999) - “Dimensionamento de

Estruturas de Aço de Edifícios em Situação de Incêndio”.

Para ocorrer o trabalho conjunto aço-concreto, após terem sido combinados a fôrma

de aço e o concreto, deve haver a capacidade de transmissão do cisalhamento

longitudinal que ocorre na interface entre os materiais, o que pode ser conseguido

por meio de:

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• ligação mecânica, promovida entre os dois elementos por meio das

mossas existentes nas fôrmas de aço trapezoidais;

• ligação por atrito, devido ao confinamento do concreto nas fôrmas de aço

com cantos reentrantes.

Figura 32: Lajes com fôrma de aço incorporada. (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001)

A aderência química natural entre o aço e concreto não é levada em consideração

no cálculo estrutural, embora possa atingir valor considerável.

Tal aderência é verificada em diversos ensaios dos elementos mistos, onde, para

carregamentos de baixos valores, a maior parte do cisalhamento é desenvolvida

pela aderência química entre os dois materiais, mas, ao se atingir cargas mais

elevadas, esta aderência é rompida, não podendo ser mais restaurada e justificando

assim a necessidade das mossas nas fôrmas de aço.

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Figura 33: Deslizamento longitudinal relativo entre a fôrma e o concreto na extremidade da peça, após ensaio realizado na laje mista montada com chapa metálica Steel Deck MF-75, da MetForm (Mello, 1999).

As chapas de steel deck são normalmente fixadas à estrutura principal da edificação

da seguinte forma:

• quando a estrutura principal for em estrutura metálica, as chapas serão

fixadas através de solda, parafusos auto-atarrachantes ou pinos com

fixação à pólvora ou ferramenta elétrica/pneumática(“stud bolts”);

• quando a estrutura principal for de concreto armado, as placas são fixadas

através de solda junto a insertos metálicos ou, parafusos/pinos auto-

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atarrachantes com fixação a pólvora, ou elétrica/pneumática junto a

elementos fixados a estes insertos;

• entre as chapas a fixação é feita por meio de parafusos, fixadores de

encaixe, ou solda.

Figura 34: Fixação com parafusos auto-atarrachantes com máquinas elétricas-pneumáticas (SDI, 2000)

Figura 35: Fixação com solda (SDI, 2000)

3.2 Composição da laje de piso com steel deck

Após o seu transporte, distribuição pelo piso e sua correta fixação às vigas-suporte,

o conjunto formado pelas chapas tem diversas utilidades:

• durante a montagem, o sistema transforma-se em plataformas de trabalho

e de proteção aos andares inferiores;

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• estabilização dos elementos estruturais individuais durante a sua

montagem, e como um diafragma horizontal da estrutura após a sua

montagem, promovendo um aumento na estabilização global da estrutura

do edifício e conseqüente aumento na segurança durante a sua

construção;

• fôrma do concreto da laje mista;

• armadura positiva da laje mista, dimensionada segundo a NBR 6118

(2003).

Na composição final do piso em laje mista, além da chapa do steel deek e do

concreto, há outros elementos que são usados na composição do piso, os

chamados conectores de cisalhamento que são compartilhados com as vigas-

suporte da laje, sendo em geral utilizados os conectores de cisalhamento tipo pino

com cabeça ou conectores tipo HVB da Hilti.

Figura 36: Conector tipo pino com cabeça (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

Figura 37: Conector da Hilti HVB (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

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Figura 38: Conector em perfil U laminado (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

Figura 39: Outros tipos de conectores (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

Os conectores têm a função de interligar o concreto e o perfil de steel deck,

constituindo-se dessa forma a chamada laje mista ou laje com fôrma de aço

incorporada, que juntamente com as vigas, constituem sistema de piso muito

utilizado nos países desenvolvidos.

3.3 Aprovação dos desenhos de fabricação

Da mesma forma que são necessários desenhos de fabricação e montagem para

edificações com estruturas metálicas, os sistemas mistos também os requerem;

somente os desenhos em que conste, “Aprovado para Construção” podem ser

usados na sua montagem.

No início do trabalho o montador deve rever os planos gerais de montagem e,

quando houver mais de um tipo de chapa (perfil, bitola, etc) e dimensões, cada um

deles deve ter sua área individual de instalação identificada.

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Em todos os desenhos de fabricação e montagem, nas notas gerais há a

necessidade de se prever e gravar as instruções específicas necessárias à

fabricação e/ou montagem, que também devem ser introduzidas nos desenhos do

detalhamento de partes específicas.

Tanto os desenhos de montagem como as etiquetas dos fardos de steel deck devem

ser examinados pelo montador, verificando-se a presença das instruções

mencionadas. Também a memória de cálculo do engenheiro calculista deve

contemplar o método de fixação, os tipos de fixadores à estrutura e a fixação lateral

entre as chapas do steel deck, sendo que todos estes dados devem estar indicados

nos desenhos aprovados para construção.

3.4 Embalagem das chapas steel deck

As chapas, com pesos variados, são empilhadas em fardos especiais, paletizados e

firmemente cintados, cada um deles com sua etiqueta (ficha) de identificação.

Quando houver chapas com comprimentos e espessuras variados no mesmo fardo,

esta informação deve ser repassada ao montador de forma conveniente.

O fabricante, o construtor e o montador, todos devem saber sobre as variações de

dimensões e bitolas empregadas na montagem do conjunto.

Dessa forma, fica claro que as etiquetas (fichas) dos fardos de chapas devem

fornecer a maior quantidade possível de informações, algumas delas elencadas a

seguir:

1. Peso do fardo

2. Número do contrato de fabricação

3. Nome da obra

4. Descrição dos produtos integrantes do fardo

5. Quantidade de peças e seus respectivos comprimentos

6. Área de trabalho que irá receber o fardo

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7. Número do fardo

8. Notas ou instruções específicas a serem seguidas

3.5 Carregamento e transporte

Todas as condições de trabalho serão afetadas pelo transporte das peças (fita

especial de amarração dos fardos com restrição no peso, ordem do fardo no

carregamento/descarregamento etc), por isso, as mesmas devem ser levantadas

pelo fabricante e o transportador, registrando-se as condições de manuseio em

desenhos de fabricação.

O fabricante ou o montador do steel deck poderão propor uma seqüência lógica na

ordem do descarregamento, içamento dos fardos e distribuição das peças na laje.

A seguir, são listados alguns dos procedimentos padronizados que o fabricante deve

tomar para o transporte das peças:

1. Seguro do transporte.

2. Os fardos devem ser acondicionados e fixados ao veículo de transporte de

tal forma a inibir movimentos repentinos e inesperados nas

paradas/arrancadas, bem como garantir a estabilidade lateral nas curvas.

3. A cada entrega, os fardos de steel deck devem ter seu carregamento e

transporte planejado em virtude do peso e de suas dimensões, pois haverá

necessidade do balanceamento da carga.

4. Os fardos devem ser separados tanto horizontalmente como verticalmente

com calços de bitola de 1 1/2“ (mínimo).

5. Verificação nas cintas de fixação das peças integrantes de um fardo, e dos

fardos no veículo de transporte, pois qualquer choque/vibração tende a

comprimir os fardos, o que pode resultar num afrouxamento dos cabos e

provocar situações de perigo.

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Figura 40: Carga/descarga de fardos de steel deck (Bellei; Pinho, F.; Pinho, M, 2004).

3.6 Recebimento, descarga, estocagem e proteção

3.6.1 Recebimento

Deve-se prever o acesso adequado ao canteiro de obras para a entrega e

recebimento dos fardos de steel deck, bem como a utilização de equipamentos de

transporte desse fardos (empilhadeira, grua ou guindaste), internamente até o local

onde serão instalados ou estocados.

No ato da entrega e antes do seu descarregamento os fardos deverão ser checados,

contados e conferidos.

A seguir, apresenta-se um “Check List” mínimo, a ser aplicado durante o

recebimento dos fardos de Steel deck:

a) Tipo de perfil de steel deck entregue.

b) Espessura das chapas de steel deck integrantes do fardo.

c) Acabamento final das chapas

• Pintado

• Galvanizado

• outros

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d) Proteção ao fogo requerida.

e) Comprimento das chapas.

f) Peso dos fardos.

g) Espaçamento requerido entre os fardos, necessário aos equipamentos de

descarga para a passagem e engate dos cabos de içamento.

h) Presença da etiqueta de identificação do produto e do lote de produção

em cada um dos fardos.

Cabos de içamento

Cinta de amarração

Figura 41: Içamento/transporte vertical dos fardos de steel deck (Manual SDI, ).

3.6.2 Descarga

Para a descarga é importante a verificação dos fardos quanto ao seu peso total,

situação da amarração de suas peças, distância mínima entre as suas cintas durante

o içamento dos fardos, ter suas extremidades protegidas contra impactos

mecânicos; para fardos pequenos, deve-se procurar realizar sua descarga com

empilhadeiras.

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Figura 42: Descarga dos fardos (Manual Bellei, Pinho, Pinho, 2004)

3.6.3 Estocagem e proteção

No caso dos fardos serem encaminhados a um local de estoque é necessário que

seu acondicionamento seja feito em local seco, ventilado e com empilhamento

máximo de três volumes, com leve inclinação longitudinal.

Estes cuidados se devem ao fato de que as chapas de steel deck, usualmente

galvanizadas nas duas faces, tem uma alta sensibilidade à umidade, à condensação

e a chuvas.

Figura 43: Exemplo de estocagem (Manual SDI).

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Figura 44: Área de estoque (manual do SDI).

3.7 Montagem do steel deck em ambiente seguro

Quando não se está familiarizado com os procedimentos mínimos de segurança,

desde a entrega do produto na obra, manuseio e montagem, podem resultar sérios

ferimentos, ou até acidentes fatais com os operários dedicados a estes trabalhos.

Um plano específico de desenvolvimento da montagem das chapas de steel deck

deve ser desenvolvido para cada plataforma.

Os desenhos de fabricação e montagem são uma grande fonte de informações e

auxílio na preparação dos planos de montagem da obra, a partir das diversas

plataformas a serem montadas.

Não se deve esquecer que, na maioria dos casos, no início dos trabalhos as

plataformas são compostas apenas de vigamentos, sem proteção entre as vigas e

as suas extremidades; dessa forma, os montadores terão de usar escadas,

andaimes ou elevador de obra para o acesso à plataforma de trabalho.

3.7.1 Respeito ás Normas Regulamentadoras do Mistério do Trabalho - Brasil

Como a maioria dessas montagens ocorre em estruturas de altura elevada, os riscos

estão sempre presentes; portanto, sinalização e proteção individuais e coletivas são

essenciais.

Em especial, áreas de acesso devem ser protegidas contra a queda livre das sobras

de materiais, equipamentos e ferramentas, visto que estas áreas fazem parte da rota

de entrada e saída dos operários durante a montagem da obra.

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Portanto, é fundamental o conhecimento e a aplicação dos conceitos das Normas

Regulamentadoras do Ministério do Trabalho nas atividades onde existam riscos de

queda de trabalhadores, destacando-se dentre elas:

NR 1 - Disposições Gerais

• NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual

• NR 8 - Edificações

• NR 11 - Transporte, Movimentação e Manuseio de Materiais

• NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da

Construção Civil

É muito importante que a estrutura suporte esteja pronta (devidamente montada),

para receber as placas de steel deck; assim deve-se sempre verificar, antes do

içamento, distribuição e montagem das chapas de steel deck, a montagem da

estrutura suporte bem como dos eventuais contraventamentos temporários.

3.7.2 Içamento dos fardos de steel deck

Além da verificação das ligações entre os elementos estruturais e seus

contraventamentos, deve-se também verificar a capacidade suporte dos elementos

que irão servir de apoio aos fardos de steel deck, uma vez que, sem o concreto, os

vigamentos do suporte ainda não possuem as condições de travamentos laterais e

resistência idealizadas pelo projetista para a estrutura acabada, pois a laje a ser

incorporada é, na maioria dos casos, o elemento que produz tal travamento.

Figura 45: Área de estoque em que os perfis devem ter verificação de sua capacidade suporte antes da concretagem da laje a ser incorporada (manual do SDI).

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Deve-se também verificar os fardos quanto à sua própria amarração, bem como

instalar os cabos de içamento na posição correta, para o içamento seguro dos fardos

do steel deck.

Sempre que possível, os fardos devem ser transportados junto às áreas de sua

instalação definitiva e posicionados de uma forma conveniente para distribuição das

chapas de forma individual sem a necessidade de serem viradas.

3.7.3 Montagem em plataformas seguras

Para a montagem ser realizada em plataformas consideradas seguras, a prevenção

de qualquer tipo de acidente é a melhor providencia. Uma única chapa de steel

deck deve ser montada por vez, isto é, deverá ser executada sua fixação à estrutura

suporte e às conexões laterais longitudinais entre as chapas, de forma individual.

Isto é de fácil compreensão uma vez que, após a montagem de uma chapa, esta

servirá como acesso temporário ao fardo e, se estas fixações não forem realizadas,

os trabalhos desenvolvidos sobre as chapas provocariam um desalinhamento e um

deslizamento sobre as vigas suporte e entre as próprias chapas.

É recomendado que a área de trabalho seja estabelecida ao redor e ao longo de

cada fardo, de forma que o fardo seja seguramente acessado, podendo ser

estendida / expandida em qualquer direção conveniente.

Fica clara então a necessidade do desenvolvimento de um plano de montagem das

chapas, onde se determina o ponto de início e a(s) direção(ões) do progresso da

montagem.

Figura 46: Montagem das chapas de steel deck (Manual SDI)

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3.7.4 Disposição das chapas do steel deck

Tomados todos os cuidados no transporte dos fardos até o local de distribuição,

repassado o plano de montagem, os fardos deverão ficar amarrados até o momento

da distribuição das chapas, evitando-se com isso o risco de arraste ou de tombo por

parte das chapas isoladas pela ação do vento ou impacto, visto que, na maioria dos

casos, a estrutura em fase de montagem encontra-se totalmente aberta.

Como já comentado anteriormente, a distribuição das chapas deve ser ordenada,

conforme plano de montagem, com o devido alinhamento e fixação.

3.7.5 Fixação das chapas do steel deck

Durante a montagem, a movimentação de funcionários sobre as chapas deve ser

cuidadosa e reduzida, até a sua correta fixação às vigas suporte; caso contrário

acidentes como o escorregamento entre as chapas poderão ocorrer.

Com as chapas posicionadas e alinhadas, procede-se à sua fixação às vigas suporte

e de uma chapa a outra, sendo que esta fixação tem a função construtiva e de

manter o seu correto posicionamento e aumento da segurança nos trabalhos

desenvolvidos durante a montagem.

A fixação deve ser feita no mínimo em dois pontos, nas extremidades de cada

chapa, junto aos perfis suporte e entre chapas de steel deck, na região de

sobreposição lateral longitudinal.

3.7.6 Recortes nas chapas de steel deck

Por razões arquitetônicas, ou por necessidade de passagem de dutos ou shafts

através do pano da laje, aberturas são exigidas e conseqüentemente cortes nas

chapas de steel deck.

Sempre que possível é desejável o planejamento desses recortes, utilizando-se na

introdução das aberturas ferramentas apropriadas, tais como: tesouras manuais,

elétricas, serras tico-tico, arcos de serra ou serras de disco liso.

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Este planejamento é conveniente, pois qualquer abertura é realizada geralmente

após a concretagem, e sua localização deverá ser feita antes da concretagem,

criando-se no local um nicho com a introdução de madeira ou isopor; assim sendo, o

local da abertura não recebe concreto, facilitando-se em muito a abertura posterior.

Figura 47: Vista Inferior de um recorte (obra – Convention Center & Hotel Jaraguá)

O corte da chapa deverá ser realizado após o concreto ter atingido pelo menos 75%

do fck de projeto, evitando-se ainda a sua perfuração por percussão (uso de

martelete), pois este equipamento gera vibração indesejada que pode prejudicar a

aderência do perfil ao concreto na região da abertura.

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Figura 48: Vista superior de um recorte (obra – Convention Center & Hotel Jaraguá)

3.7.7 Instalação dos conectores

Os conectores podem ser instalados por processo de soldagem simples, mas com

alguns cuidados descritos a seguir:

• Quando a soldagem do conector for realizada sobre duas chapas de steel

deck, sobrepostas, e que normalmente são galvanizadas, é recomendada

a abertura de um orifício nas chapas de steel deck, de forma que a

soldagem ocorra diretamente sobre as vigas metálicas, visto que a

quantidade de revestimento de zinco encontrado em duas chapas

influencia de forma negativa na resistência dessa soldagem.

• Quando a soldagem for realizada diretamente sobre a mesa da viga, esta

não deverá ter pintura. Este processo é simples, rápido, e envolve os

mesmos princípios básicos de uma solda por arco elétrico convencional;

com o emprego de uma pistola de solda especial, o conector é soldado

sobre a viga a uma produtividade média de 08 a 10 peças por minuto,

levando-se em conta o processo de posicionamento e soldagem.

• como a soldagem é feita com equipamento elétrico, esta operação não

deve ser realizada em dias de chuva ou em áreas úmidas; quanto ao

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transformador e o gerador de solda, deverão estar locados de forma

segura e protegida a menos de 15 metros do ponto de soldagem.

Figura 49: Processo de colocação do conector com a pistola. (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

Figura 50: Processo de soldagem. (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

• Este processo de soldagem dos conectores deve ser verificado, com

vistas a garantir a obediência fiel ao projeto e conseqüente

comportamento conjunto dos materiais da laje mista, visto que eles

também são compartilhados com a viga- suporte da laje.

• Na maioria das obras este processo é feito em ambiente aberto e

ventilado, necessário para uma soldagem adequada; caso isso não ocorra,

ventilação artificial deve ser providenciada.

• todos os operários envolvidos na operação de solda devem ter protetor

nos olhos contra o flash da solda, e não devem realizar esta operação

próximo de qualquer tipo de material combustível.

• Os conectores da Hilti HVB podem ser instalados como alternativa aos

conectores tipo pino com cabeça, pois são fixados ao perfil metálico por

meio de fixadores à pólvora (“tiros”); esta ligação possui a vantagem de

não necessitar de energia na obra para a sua instalação.

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Figura 51: Conector da Hilti HVB. (Queiroz; Pimenta; Da Mata, 2001).

3.8 Concretagem da laje mista

3.8.1 Medidas a executar antes da concretagem

Uma das principais vantagens do steel deck é a não necessidade de escoramento,

desde que se obedeça as especificações do fabricante quanto à limitação do vão.

Caso existam vãos maiores que o especificado pelo fabricante do steel deck, há a

necessidade de previsão de escoramento e de se ter indicada a localização dos

pontaletes de escoramento no projeto executivo, bem como o tempo mínimo de sua

permanência após a concretagem da laje.

Ainda de conformidade com o projeto executivo, antes da concretagem devem ser

posicionadas as armaduras complementares ao longo de todo pano da laje (a

positiva de reforço em aberturas, a eventual positiva complementar, a negativa, a de

retração, etc).

Os nichos necessários à execução dos vazios com diversas finalidades deverão ser

executados com madeira, isopor etc, antes da concretagem, e o corte da chapa do

steel deck será feito após a cura do concreto, não se esquecendo de que em

aberturas maiores que 200mm devem ser previstas e instaladas armaduras de

reforço em torno da abertura.

Antes da concretagem ocorre trânsito dos montadores sobre as chapas de steel

deck, sendo que uma limpeza com o auxílio de jatos d’água e escovas se faz

necessária. Após esta limpeza, vedações devem ser feitas com fita adesiva ou

massa de vedação nos encontros longitudinais e transversais dos perfis e quaisquer

outros pontos onde possa ocorrer vazamento da nata de concreto.

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Figura 52: Vedação nos encontros longitudinais e transversais (Haironville).

3.8.2 Medidas necessárias durante a concretagem da laje mista

A concretagem é feita de forma tradicional, tomando-se alguns cuidados.

O lançamento é feito através de bombeamento ou caçambas, cujo sentido de

lançamento deverá ser feito paralelo às nervuras do perfil da chapa do steel deck, de

um apoio ao outro.

Figura 53: Não acumular concreto de forma concentrada no meio do vão (Manual SDI)

Figura 54: Não transitar co carrinhos diretamente sobre as chapas (Manual SDI)

Deve-se tomar cuidado para não acumular concreto de forma concentrada no meio

do vão e o de não ocorrer trânsito diretamente sobre as chapas, mas sim através da

distribuição de tábuas convenientemente arranjadas sobre a área a ser concretada.

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Figura 55: Plano de Concretagem (Manual Haironville)

Figura 56: Concretagem (SCI)

3.8.3 Medidas necessárias após a concretagem

Após a concretagem a cura do concreto deve ser feita como a de uma laje comum,

tradicional, evitando-se as fissuras provocadas pela evaporação precoce da água de

amassamento.

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3.9 Detalhes construtivos

Para a correta instalação do steel deck sobre a estrutura de aço deve-se utilizar os

acessórios requeridos para cada situação. Tanto as peças de steel deck como os

acessórios requeridos na montagem da laje devem ser detalhados em desenhos de

fabricação e montagem, e que, no caso, é denominado “Diagrama de Fôrma”. Então,

em cada pavimento-tipo de uma edificação, o projeto deve ser integrado por um

“Diagrama de Fôrma”, onde se indica o posicionamento das peças de steel deck

bem como as situações particulares e os acessórios necessários. A seguir,

destacam-se algumas destas situações e os respectivos acessórios:

3.9.1 Arremantes de laje (AL)

Figura 57: Arremates de lajes junto às vigas de aço segundo a MetForm (Manual da MetForm, 1997).

Para os perfis denominados arremates de laje, recomenda-se que os mesmos sejam

usinados utilizando chapas de aço ASTM A570 grau C, com MPa e com

espessura maior ou igual a 2 mm. Estes arremates devem ser soldados nas vigas de

aço, com apoio de comprimento mínimo de 50 mm. As soldas serão do tipo filete,

com comprimento mínimo de 25 mm e espaçamento não maior que 300 mm.

230yf ≥

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A Tabela 18 indica a espessura do arremate de laje em função do balanço “b”

indicado na Figura 57.

Nos casos em que o balanço do steel deck é grande em relação à extremidade da

flange superior da viga de aço, o arremate de laje deve ser usinado em chapa de

aço com uma secção transversal em U, que será fixado na mesa inferior por meio de

rebites (nas ondas baixas do steel deck). Quanto à mesa superior, esta deverá ser

fixada ao suporte de deck “SD” por meio de rebites e, o suporte de deck, por sua

vez, deverá ser fixado às ondas altas do steel deck. Estas fixações, que serão

executadas nas ondas baixas ou altas da stell deck, não podem ter um espaçamento

superior a um metro.

Tabela 18: Espessura mímima dos arremates de laje (mm) (Metform)

Espessura Mínima da Chapa (mm) Balanço do Arremate de Laje b (mm)

Altura Total

da Laje (mm)

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275

130 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,65 2,65 2,65 3,35 3,35

140 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,65 2,65 2,65 3,35 3,35

150 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,65 2,65 2,65 3,35 3,35 3,35

160 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,65 2,65 2,65 2,65 3,35 3,35 -

170 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,65 2,65 2,65 3,35 3,35 3,35 -

180 2,00 2,00 2,00 2,00 2,65 2,65 2,65 3,35 3,35 3,35 - -

190 2,00 2,00 2,00 2,65 2,65 2,65 2,65 3,35 3,35 3,35 - -

200 2,00 2,00 2,65 2,65 2,65 2,65 3,35 3,35 3,35 - - -

Figura 58: Arremate de laje e suporte de deck em balanços do steel deck (Manual da MetForm, 1997).

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3.9.2 Complementos de deck

Na execução do projeto de edificação utilizando steel deck, os desenhos de

fabricação e montagem (“Diagramas de Fôrma”), elaborados para cada pavimento-

tipo, devem levar em conta a largura útil das chapas e a largura total da laje a ser

construída.

Na maioria dos casos, para complementar a largura total da laje a ser executada,

nas regiões adjacentes às vigas de apoio serão empregados os complementos de

deck “CD”, que nestes casos evitam os recortes no steel deck.

O complemento de deck, da mesma forma que as chapas de steel deck, serão em

chapa de aço galvanizado e com o mesmo limite de escoamento das chapas de

steel deck. Com base nas prescrições do SDI, recomenda-se a utilização de chapas

com espessura de 1,55 mm e com largura máxima de 250 mm.

Figura 59: Complemento de deck “CD” (Manual da MetForm, 1997).

Os complementos de deck devem ser fixados à estrutura-suporte da mesma forma

que as chapas de steel deck, com soldas bujão de 16 mm de diâmetro.

O espaçamento máximo entre as linhas de centro destas fixações não deve ser

superior a 800 mm, e seu apoio sobre a flange superior da viga de aço deve ser no

mínimo de 25 mm (Figura 59).

3.9.3 Arremates de deck “AD”

Este acessório é empregado na vedação complementar da fôrma, evitando que o

concreto fresco passe por entre as ondas do steel deck. É utilizado acima das vigas-

suporte, nos locais onde ocorre a mudança de direção do vão da laje e nas

extremidades das lajes.

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Da mesma forma que as chapas corrugadas de aço e os demais acessórios, os

arremates de deck serão confeccionados em chapa galvanizada, e fixados às ondas

altas do steel deck.

Nestes casos, na maioria das vezes as vigas de sustentação da laje são vigas

mistas, onde à flange superior das mesmas são aplicados conectores stud bolt.

Devido à presença desses conectores, o comprimento das peças de steel deck deve

ser bem estudado, de forma que na região de posicionamento do arremate de deck

não ocorra uma superposição entre os elementos envolvidos no detalhe de

acabamento da laje.

Figura 60: Arremate de deck “AD” (Manual da MetForm, 1997).

3.9.4 Recortes de montagem no steel deck

Em grande parte dos pavimentos executados com steel deck há a ocorrência de

vigas mistas com posicionamento longitudinal paralelo aos canais da chapa de steel

deck; portanto, para o funcionamento como viga mista é necessário que se forme

uma mísula de concreto imediatamente acima da viga de aço.

Para a real formação da mísula, a chapa de steel deck deve encontrar-se com a

flange superior da viga em uma onda baixa, e assim, após a concretagem da laje, os

conectores serão completamente envolvidos pelo concreto, garantido-se o trabalho

do sistema misto.

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Fica claro então, para estes casos, ser necessária a execução de recortes

longitudinais na fôrma, durante a sua instalação, e que, após a realização destes

recortes, é necessária a fixação das extremidades recortadas diretamente sobre a

flange da viga de aço, onde também os conectores stud bold serão instalados.

Figura 61: Recortes de Montagem (Manual da MetForm, 1997).

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116

CAPITULO 4 CONSIDERAÇÕES GERAIS E COMENTÁRIOS SOBRE O DESEMPENHO DAS LAJES STEEL DECK

Neste capítulo será estabelecida uma análise crítica sobre os vários aspectos que

envolvem o desempenho das lajes esboçando-se um quadro comparativo entre os

fabricantes.

4.1 Sistema construtivo

Este sistema, laje mista de concreto e chapa metálica trapezoidal, é caracterizado no

mercado principalmente por sua maior produtividade em relação ao sistema

convencional, estimando-se que, em média, a produtividade é duas vezes maior que

a convencional. Esta produtividade ocorre onde a chapa metálica substitui

totalmente as fôrmas comuns de madeira, passando também passa a fazer parte da

armadura positiva da laje, ocorrendo portanto a racionalização de duas atividades.

Conforme o projeto estrutural, neste sistema misto pode-se eliminar totalmente o

escoramento. Isso ocorrendo, a atividade de escoramento e a definição de escoras

residuais durante o processo de cura são eliminados, ensejando a continuidade dos

trabalhos no piso inferior mesmo durante a instalação das chapas metálicas.

4.2 Durante o projeto

Para o projeto deste sistema misto as empresas fabricantes das fôrmas metálicas

fornecem apoio técnico, além de localizarem a obediência às respectivas normas.

Nos manuais técnicos desses fabricantes vê-se que a principal diferença entre eles é

a altura das chapas metálicas trapezoidais utilizadas, sendo 75 mm da METFOM e

de 59 mm da PERFILOR Perkron Haironville. Conforme contato realizado, pessoal

técnico da PERFILOR informou que, a razão de ser oferecida apenas é a própria

tradição internacional, com grande consumo de chapa com 59 mm de altura.

Quanto a METFORM, esta informou que tais dimensões partem de um

estudo/conhecimento do material e de um desenvolvimento embasado em ensaios e

pesquisas através de convênio com a Universidade Federal de Minas Gerias.

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117

Como os dois fabricantes apresentam suas chapas metálicas trapezoidais com

alturas diferentes, constata-se que as chapas da PERFILOR tenham um peso

próprio menor para as espessuras equivalentes, em comparação com as chapas da

METFORM, não se podendo deixar de indicar também o maior consumo de concreto

para as mesma espessuras das capas de concreto.

Através dos catálogos constata-se que a faixa de espessura acabada da laje mista

dita como econômica é para as chapas da PERFILOR de 11 a 25 cm, enquanto que

para as chapas da METFORM é de 13 a 20 cm enquanto que, após consulta, a

espessura máxima seria de 30 cm para PERFILOR e de 37,5 cm para a METFORM,

onde nestes casos, haverá a necessidade através do dimensionamento, de

armaduras adicionais.

Nas suas respectivas tabelas, nas condições de apoios simples sem escoramentos e

com mais apoios, a PERFILOR não considera a possibilidade de continuidade sobre

os apoios, enquanto que, a consideração de continuidade indicada as tabelas da

METFORM, pode acarretar em pequena redução na espessura da laje mista e um

ganho quando se idealiza o uso destas lajes em conjunto com vigas mistas e,

portanto, o uso de mais de um sistema construtivo misto. Nestas tabelas temos que

salientar que as considerações, quanto aos limites de deslocamento vertical não são

os mesmos, para a METFORM foi de L/250 e 20 mm, NBR 14323 (1999). Para a

PERFILOR esta adota o valor normativo para a verificação após a cura e L/240

antes da cura.

No caso da resistência característica do concreto, estabelece-se o valor mínimo de

20 MPa (valor mínimo estabelecido pela NBR 6118) no caso da METFORM e de 22

MPa para a PERFILOR.

4.2.1 Durante o projeto, casos específicos

É sabido que em caso de aberturas também deve se proceder um adequado

dimensionamento dos reforços de armaduras, sendo os procedimentos informados

e exemplificados por ambas as empresas. É importante que estas lajes mistas

sejam verificadas quanto à estanqueidade, isolamento térmico e resistência ao fogo,

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118

tanto na condição sem a proteção passiva como para as lajes tratadas para diminuir

a transmissão de calor.

Quanto à verificação do isolamento térmico, que foi apresentado ao item 2.5.4.1. deste trabalho, é um procedimento considerado imediato para lajes protegidas ou

não, baseado na comparação da espessura efetiva calculada com a espessura

efetiva mínima, estabelecida com base no tempo requerido na tabela fornecida pela

norma NBR 14323 (1999).

No que diz respeito à resistência das lajes steel deck em temperaturas elevadas,

como apresentado neste trabalho, é um procedimento não imediato que envolve

cálculos dos momentos positivos e negativos das peças, considerando ainda

combinações de ações em estados limites últimos excepcionais e parâmetros dados

na NBR 14323 (1999).

Na definição dos projetos, ambas as empresas fornecem a paginação do piso com a

definição de acessórios necessários como complementos de fôrma e arremates. A

METFORM diz que possui diferencial em relação ao seu concorrente, onde pode

fornecer através de contratação, todo detalhamento incluindo o dimensionamento e

quantitativo dos conectores, bem como os próprios conectores, este fato segundo

consulta aos técnicos nas áreas de cálculo bem como da construção, a maior

viabilidade do emprego deste sistema misto é justamente quando se utiliza o sistema

viga mista em conjunto com o de laje mista através do uso de conectores, pois com

a utilização desses dois sistemas gera uma estrutura mais leve, sob o ponto de vista

construtivo e de viabilidade, tem-se como objetivo, a grande produtividade que se

atinge nestes casos.

No que diz respeito à mão-de-obra, verifica-se que boa parte dela ainda não

assimilou os procedimentos necessários à execução deste tipo de sistema estrutural,

o que exige, tanto das empresas fornecedoras como de quem está executando, um

atendimento pós venda e uma fiscalização muito maior durante a execução dos

empreendimentos com emprego desses materiais.

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119

4.3 Comportamento estrutural

A analise do comportamento estrutural, levando-se em conta a aderência

desenvolvida na interface concreto-aço, e a efetividade das mossas, é bem

explorada no estudo denominado “Comportamento e Resistência de Lajes Mistas

com Fôrma de Aço Incorporada Aplicadas a Estruturas Usuais de Concreto Armado”;

apresentado nas XXIX JORNADAS SUDAMERICANAS DE INGENIERÍA

ESTRUCTURAL (2000).

Neste estudo conclui-se que os procedimentos construtivos de lajes mistas com

fôrmas incorporadas de aço se revelaram simples de executar, gerando

modificações mínimas no processo usual de construção de lajes apoiadas.

Os resultados revelaram comportamento das lajes mistas com vigas de extremidade

em concreto bastante àquele apresentado por construções metálicas sem

conectores de extremidades. Em todos os casos a ruptura ocorreu por cisalhamento

longitudinal, concluindo-se pela viabilidade estrutural da aplicação das lajes mistas a

estruturas prediais em concreto armado.

Isto sugere, também, a provável utilização das tabelas de dimensionamento, hoje

empregadas para construções metálicas sem conectores de extremidade, no caso

de estruturas convencionais de concreto armado.

Tal estudo, revela ainda que o sistema funciona como preconizado a temperatura

ambiente em condições ambientais de agressividade de fraca a moderada (Classes I

e II) o sistema funciona como preconizado, desde que sejam obedecidas para o

concreto as prescrições da NBR 6118, nas classes de agressividade forte ou muito

forte (classes III e IV), onde há presença de sais clorados (regiões litorâneas) deve-

se projetar armadura de reforço, pois neste caso a chapa funcionará apenas como

fôrma metálica, face a ausência de manutenção rigorosa e a previsível corrosão

subseqüente.

Quanto ao desempenho ao fogo, fica claro que este sistema segundo o Corpo de

Bombeiros do Estado de São Paulo deverá estar sempre acompanhado de proteção

passiva ou proteção ativa, mesmo que tenha sido dimensionado com armadura

adicional segundo a NBR 14323 (1999).

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120

No caso do sistema misto em questão ser submetido à ação do fogo sem proteção

passiva e sem proteção ativa, não há no momento, estudos que indiquem como será

o comportamento conjunto deste sistema misto, haja visto o que foi mostrado ao

item 2.6., onde as propriedades físicas e químicas dos dois materiais são alteradas

quando sujeitas à ação do fogo (aumento da temperatura).

Sabe-se que a 350°C o revestimento de zinco das chapas de aço (galvanização)

começa a se destacar em forma de lascas, e a 491°C esta galvanização atinge o

seu ponto de fusão.

Desta forma, com os conhecimentos atuais pode-se dizer que o sistema funciona

bem a temperatura ambiente e que, frente ao risco de incêndio, deverão ser

previstas armaduras adicionais, desconsiderando-se que a chapa de aço faz parte

da armadura resistente e admitido-se que, neste caso, ela só garante o que se

denomina de estanqueidade aos gases aquecidos.

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121

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ANEXO 1 – EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

1. Seja a laje mista da Figura 51. A fôrma utilizada é o Steel Deck MF-75 de

espessura 0,8 mm, aço ZAR-280 com fy=280 MPa, com altura total igual a 150 mm

sendo 75 mm da fôrma mais 75 mm do concreto acima da fôrma. Calcule a sua

capacidade de carga, considerando um vão isostático de 2,5 m, carregamento

uniforme distribuído e concreto com fck= 20 MPa.

75 mm 75 mm

Figura a: Seção transversal da laje

Resposta:

a) Verificação ao momento fletor

( )adNM ppan 5,0−=φ onde 15,1yp

ppa

fAN ⋅=

Considerando-se MF-75 0,8mm = 11,12 cm² considerando-se 1,0 m de

largura, f = 28,0 Kn/cm² , temos:

pA

yp

75,27015,12812,11 =⋅=paN KN

pd = Distância de face superior da laje ao centro de gravidade da área

efetiva da fôrma, e neste caso é = 112,5 mm (dado pelo fabricante)

a =Espessura do bloco de concreto = ( )bf

N

cd

pa

85,0

onde:

b = Largura considerada da laje = 1000 mm

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43,14,1

204,1

=== ckcd

ff KN/cm²

⇒<=⋅⋅

= cmcma 5,723,2100043,185,0

75,270 confirma que a linha neutra está acima

da fôrma metálica.

Como ( ) ( ) 09,274423,25,025,1175,2705,0 =⋅−⋅=−= adNM ppanφ KNcm

441,27=∴ nMφ KNm como ( ) 12,358

5,244,278

22

=→⋅

=→= qqgMdl KN/m²

b) Verificação ao cisalhamento longitudinal

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛+⋅⋅= k

LmdbV

spslφφ

onde:

mmmLLs 625625,045,2

4==== (para cargas uniformemente distribuídas)

14,152=m N/mm e N/mm² 001697,0=K

7,0=lsφ ; mm; 1000=b 5,112=pd mm (calculado ao item a))

mKN

mNV 30,1928,19303001697,0

62514,1525,11210007,0 ==⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛⋅⋅=φ

244,155

5,230,192 m

KNqqLqVd =→⋅

=→⋅

=

c) Verificação ao cisalhamento vertical

( )[ ]n

Rdpdcv b

dbV

ητφφ

402,11000 +⋅⋅⋅⋅⋅=

onde:

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Rdτ = resistência básica ao cisalhamento, de acordo com a tabela____; como

MPaMPaf Rdck 375,020 →= =τ

ob = vide figura ____, fornecido pelo fabricante = 137mm

nb = vide figura ____, fornecido pelo fabricante = 274mm

pd = Já visto ao item a) = 112,5mm

vK =0,149,1

10005,1126,10,1

10006,1 >=−=⇒≥− v

p Kd

η =02,0

'

≤⋅ po

p

dbA

'pA = Área da seção transversal da fôrma de aço, correspondente à largura

bbA

b opo =

52,1100013712,11' =⋅=pA cm²

( ) ( ) 2,001,025,117,13

52,1´

<=⋅

=⋅

=po

p

dbA

η

cφ = Coeficiente de resistência do concreto, igual a 0,70

( )[ ] 35201274

01,0402,149,1375,05,11213770,01000=

⋅+⋅⋅⋅⋅⋅⋅=vVφ N/m

20,35=vVφ KN/m

como 5,2

220,352

5,220,3520,352

⋅=→

⋅=→=

⋅= qqLqVd

16,28=q KN/m²

Conclusão

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Nas três verificações o menor valor de 44,15=q KN/m² encontrado no cisalhamento

longitudinal, considerando o que é dado a NBR 6118, os coeficientes das ações

iguais a 1,4 (carga permanente e para a sobrecarga) e o peso próprio da laje igual a

2,74 KN/m² (fornecido pelo fabricante da fôrma) temos:

228,874,24,144,15

mKNq =−= corresponde a carga máxima nominal que pode ser

aplicada à laje, (exatamente igual a indicada no catálogo da Metform), sem

ultrapassar o estado limite de resistência ao cisalhamento longitudinal.

Caso se realizasse esta mesma verificação pela NB 14323 esta estabelece ao seu

anexo “C”, item C.2.3.3., as combinações de ações de verão ser feitas de acordo

com a NBR 8800, e a NBR 8800 o coeficiente de ponderação para sobrecarga (ação

decorrente do uso), deve ser igual a 1,5. Desta forma,

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Combinação das Ações para os estados limites últimos ∑ niiQγ

Adotar uma fôrma de aço e a altura total da laje (altura da forma + espessura da laje acima da forma) 1

Verificar os Estados limites

Estados Limites Últimos Estado Limite de Utilização

de Resistência ao Momento

fletor positivo

de Resistência ao Cisalhamento longitudinal

de Resistência ao Cisalhamento vertical e

à punção

Determinação de deformação para a

sobrecarga

A linha neutra está acima da

fôrma metálica

prcfn MyNM +=φ

Sim Não

( )adNM ppan 5,0−=φ

nnii MQ φγ <∑ Sim Não 1

350

"'2,12

l≤

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−=

s

soadic A

Aδδ Sim Não

1

nnii MQ φγ <∑ Sim Não 1

Levantamento das ações nominais a serem adotadas no projeto

Figura b1: Fluxograma – parte 1

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'yNM psn ⋅=φ

nnii MQ φγ ≤∑ Sim Não

de Resistência ao Momento fletor negativo

1

( )[ ]ητφφ 402,11000 +⋅⋅⋅⋅= vRdpocv KdbV

vnii VQ φγ ≤∑ Sim Não

de Resistência ao Cisalhamento vertical

1

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡+⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛⋅⋅= K

LmdbV

spzlφφ

VQnii φγ ≤∑ Sim Não

de Resistência ao Cisalhamento longitudinal

1

( )ητφφ 402,1 +⋅⋅⋅= vrdccrcv KhuV

pnii VQ φγ ≤∑ Sim Não

de Resistência ao cálculo a punção

1

1

momento momento cisalhamento longitudinal

punção cisalhamento vertical + -

OK seção transversal sastifaz

Figura b2: Fluxograma – parte 2

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2. Calcular as armaduras necessárias para que se mantenha a capacidade de carga

da laje do exemplo anterior, considerando a existência de uma abertura quadrada de

400 mm de lado, cujo centro encontra-se a 1000mm de um apoio. Considerar aço

CA-50.

Resposta:

Como indicado, a maior dimensão da abertura não ultrapassa 600mm, mas é maior

que 200mm, então, utiliza-se o reforço com armaduras.

a) Calculo do momento transversal.

16

2a

dbaq

M⋅⋅

= 244,15 mKNq =

mma 13002

40010002500 =−−=

mmba 9482742400 =⋅+=

( ) KNmMd 13,116

948,03,144,15 2

=⋅⋅

= , de cada lado da abertura

b) Calculo do momento longitudinal

4

2a

dbaq

M⋅⋅⋅

( )Laaa⋅−

−=22 '1α mma 800

24001000' =−=

( ) 677,05,23,18,03,11

22

=⋅−

−=α

KNmMd 19,44

948,03,144,15677,0 2

=⋅⋅⋅

= , de cada lado da abertura

c) Cálculo das armaduras – conforme NBR 6118

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Longitudinal – colocam-se as barras no interior das duas primeiras canaletas da

fôrma, de cada lado da abertura. Estas barras poderão ser posicionadas a 35 mm

da face inferior da fôrma. Tonar 2x274 mm como largura de cálculo. Com o

momento de cálculo igual a 4,19 KNm, chega-se a uma armadura cm²

correspondendo a uma barra de 8,0mm em cada canaleta.

86,0=

49,0

sA

Transversal – as barras deverão ser posicionadas, de cada lado da abertura, a

20 mm acima da fôrma, com um espaçamento não superior a 150 mm. Tomar

2x274 mm como largura de cálculo. Com o momento de cálculo igual a 1,13

KNm, chega-se a uma armadura =sA

)

cm², correspondendo a duas barras

de 6,3 mm espaçadas de 150 mm.

3. Para a laje do exercício 1, verificar a sua resistência para uma carga concentrada,

de cálculo igual a 20 KN, aplicada ao centro do vão, em uma área igual a 200x200

mm². Verificar para os estados limites de cisalhamento longitudinal, cisalhamento

vertical e punção.

a) Cálculo da largura efetiva onde a carga será distribuída medida

imediatamente acima do topo da fôrma.

( fcpm hhbb ++= 2 vide ????

( ) mmbm 3500752200 =++= , desprezando-se o revestimento da laje

para cisalhamento longitudinal

máxp

pmem bLL

Lbb ≤⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛++= 12

mmhh

hb

pc

cmáx 1350

75757527002700 =⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛

+=⎟

⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

+=

⇒>=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +⋅+= máxem bmmb 1600

25001250112502350 devemos adotar então

mmb 1350=em

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para cisalhamento vertical

máxp

pmev bLL

Lbb ≤⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛++= 1

máxev bmmb <=⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ ++= 975

2500125011250350

b) Cisalhamento longitudinal

mmLLs 12502

25002

===

NkLmdbV

sps 13120001697,0

125014,1525,112135070,0 =⎥

⎤⎢⎣

⎡+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛⋅⋅⋅=⎥

⎤⎢⎣

⎡+⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛⋅⋅⋅= ll φφ

KNV 12,13=lφ

dn PVP >=⋅=⋅= 24,2612,1322 lφφ OK

c) Cisalhamento vertical

KNVn 20,35=φ - para uma largura de 1000 mm do exercício 1

KNVn 3,3420,35975,0 =⋅=φ (vide largura efetiva de 975 mm)

dn PVP >=⋅=⋅= 6,683,3422 lφφ OK

d) Punção

( )ητφμφ 402,1 += vrdccrp KhV

perímetro crítico ( ) ccpcr hhd ⋅+−+⋅== πμ 242004

perímetro crítico ( ) mm1421751415,32755,1124800 =⋅⋅+−+=

KNVp 7,661000

01,0402,149,1375,075142170,0 =⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ ⋅+

⋅⋅⋅⋅=φ

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dn PKNVP >== 7,66lφφ OK

Conclusão

O estado limite crítico foi cisalhamento longitudinal com KNPn 24,26=φ

4. Considerar uma laje mista contínua da fig. 52 (Steel Deck MF-75, espessura de

0,8 mm e altura total de 160 mm).

Pede-se verificar sua resistência (somente ao cisalhamento longitudinal), nos tramos

interno e externo, a um carregamento de cálculo, uniformemente distribuído, igual a

20,0Kn/m² (peso próprio da laje incluído), considerando-se análise global elástica,

sem redistribuição de momentos.

10lg 2

5,12

2lg40

2lg

160

3x2400=7200

Figura c: Laje mista contínua

Solução:

Para uma viga contínua com 3 tramos, com carregamento uniforme, a distribuição é

dada na fig. 54. O momento positivo máximo nos tramos externos é 9,22 KNm e no

tramo interno é 2,88 KNm. O momento negativo máximo ocorre nos apoios e é igual

a 11,52 KNm. Com estes momentos, no tramo intenro, a distância entre o ponto de

inflexão é igual a 1074 mm.

9,22 9,22

2,88

1074

Figura d: Diagrama de momentos fletores

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a) Trama Externo

De acordo com a NBR 14323, no cálculo do cisalhamento longitudinal no tramo

externo, deve-se utilizar o vão real. Assim:

⎥⎦

⎤⎢⎣

⎡+⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛⋅⋅= K

LmdbV

spsll φφ

14,152=m

001697,0=K

mKN

mNV 89,2121889001697,0

60014,1525,122100070,0 ==⎥

⎤⎢⎣

⎡+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛⋅⋅=lφ

mKNLqVd 89,21

2=

⋅=

22 00,2024,184,289,212

mKNqm

KNq d =<=⋅

= - inadequada ao carregamento

b) Tramo Interno

Considerando-se ao vão igual à distância entre os pontos de inflexão tem-se

Assim: mmL 1074=

mmLs 5,2684

1074==

mKN

mNV 73,4848734001697,0

5,26814,1525,122100070,0 ==⎥

⎤⎢⎣

⎡+⎟

⎠⎞

⎜⎝⎛⋅⋅=lφ

mKNLqVd 73,48

2=

⋅=

22 00,2075,190074,1

73,482m

KNqmKNq d =>=

⋅= - adequada ao carregamento


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