Novembro 2007
Sistemas de protecção do betão face à carbonatação
MARCOS DA SILVA LOPES SIMAS
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
ENGENHARIA CIVIL
Júri
Presidente: Professor Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito
Orientador: Professor Doutor João Paulo Janeiro Gomes Ferreira
Vogais: Professor Doutor António José da Silva Costa
2 cm
2 cm
i
ii
Em memória de Eduardo Duarte
iii
Agradecimentos
O meu obrigado a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, deram o seu contributo para a
realização deste trabalho. Um pouco deles está também nestas palavras.
Agradeço ao Professor João Ferreira, pelos ensinamentos sempre preciosos, pelo interesse,
rigor e franqueza que sempre demonstrou.
Ao Professor Fernando Branco, pela possibilidade que me ofereceu em realizar este trabalho.
Ao Professor António Costa, pela importante documentação facultada.
Ao senhor Leonel, pelo laborioso auxílio no trabalho de laboratório e conselhos sempre úteis.
Aos verdadeiros amigos por estarem sempre presentes, nos pequenos e grandes momentos.
À Ana por tudo o que trouxe consigo. Pela paciência e dedicação tão necessárias.
Aos meus irmãos, por o serem de verdade.
Aos meus pais, por todo o apoio, sacrifício e amor dedicado.
A toda a minha família, hoje muito maior graças à pequena Sofia.
iv
RESUMO
As estruturas de betão armado, quando sujeitas a carbonatação, podem ver o seu período de
vida útil reduzido, com consequências graves na respectiva estabilidade e segurança.
Neste trabalho, pretendeu-se analisar a eficácia de sistemas de protecção do betão face à
carbonatação. Foi estudado o efeito de quatro tipos de revestimentos superficiais no avanço da
carbonatação: uma tinta plástica comum e três tintas com propriedades anticarbonatação. Os
revestimentos foram aplicados em provetes de betão, posteriormente ensaiados em condições
de carbonatação acelerada. Atestou-se a sua eficiência em relação a provetes não protegidos.
Foi ainda analisada, através de ensaios em provetes, a influência da fissuração do betão na
progressão da frente de carbonatação. Também estes provetes foram ensaiados em ambiente
acelerado e avaliada a penetração de carbonatação na fenda, relativamente à superfície não
fissurada.
Constatou-se a relação de linearidade entre a profundidade de carbonatação e a raiz quadrada
do tempo, proposta em diversos modelos. A aplicação de revestimentos deu origem a menores
profundidades de carbonatação, medidas com fenolftaleína. Os resultados parecem indicar que
sistemas superficiais do género dos estudados conduzem a um tempo superior de iniciação de
carbonatação. Observou-se ainda uma relação aproximadamente linear entre abertura de
fenda e a penetração de carbonatação na fissura.
PALAVRAS-CHAVE: Betão, carbonatação, revestimentos superficiais, fissuração
v
ABSTRACT
Reinforced concrete structures, when subjected to carbonation can significantly reduce their
service life, with severe consequences in the stability and safety of the structure.
It was intended to analyze the efficiency of carbonation protection systems. The effect of four
different types of surface coatings in the progress of carbonation was studied: a common plastic
paint and three paints with anti-carbonation properties. Coatings were applied in concrete
samples and later tested in an accelerated carbonation chamber. The efficiency of protection
systems was evaluated in comparison with unprotected samples. The influence of concrete
cracking in the carbonation progress was also analyzed with tests on samples. These samples
were also tested in accelerated conditions and the carbonation depth in the crack, was
compared to the uncracked surface.
A linear relationship between the carbonation depth and the square root of time was observed,
confirming several proposed models. Protected samples presented smaller carbonation depths,
determined by spraying a phenolphthalein solution. Results seem to indicate that such surface
coatings lead to a higher carbonation initiation period. Experimental data supports the
hypothesis that carbonation depth is linearly proportional to the crack’s width.
KEYWORDS: Concrete, carbonation, surface coatings, cracking
vi
Índice
Agradecimentos............................................................................................................................. iii
RESUMO ....................................................................................................................................... iv
ABSTRACT ................................................................................................................................... v
Índice ............................................................................................................................................. vi
Índice de Figuras ......................................................................................................................... viii
Índice de tabelas ........................................................................................................................... xi
Lista de Abreviações .................................................................................................................... xii
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
1.1. Estrutura do trabalho ..................................................................................................... 1
2. Enquadramento .................................................................................................................... 3
2.1. Corrosão do betão armado ........................................................................................... 3
2.2. Degradação por carbonatação ...................................................................................... 4
2.3. Previsão da vida útil ...................................................................................................... 6
2.4. Sistemas de protecção .................................................................................................. 7
2.5. Fissuração ..................................................................................................................... 8
3. O Fenómeno da Carbonatação ........................................................................................... 9
3.1. Química da Carbonatação ............................................................................................ 9
3.2. Medição da carbonatação ........................................................................................... 11
3.3. Factores que afectam a velocidade de carbonatação ................................................ 15
4. Modelação da Carbonatação ............................................................................................ 22
4.1. Modelos de previsão da carbonatação ....................................................................... 22
4.2. Ensaios acelerados ..................................................................................................... 25
5. Sistemas de protecção do betão face à carbonatação .................................................. 30
5.1. Revestimentos ............................................................................................................. 31
5.2. Recobrimento .............................................................................................................. 35
5.3. Definição e avaliação de propriedades ....................................................................... 39
5.4. Durabilidade ................................................................................................................ 43
5.5. Técnicas de reparação ................................................................................................ 49
5.6. Regulamentação ......................................................................................................... 52
6. Ensaios experimentais ...................................................................................................... 54
vii
6.1. Metodologia ................................................................................................................. 54
6.2. Câmara de carbonatação ............................................................................................ 54
6.3. Betão de referência ..................................................................................................... 55
6.4. Revestimentos ............................................................................................................. 56
6.5. Preparação das amostras ........................................................................................... 56
6.6. Recolha de dados........................................................................................................ 59
6.7. Apresentação de resultados ........................................................................................ 62
7. Análise de resultados ........................................................................................................ 66
7.1. Sistemas não protegidos ............................................................................................. 66
7.2. Sistemas protegidos .................................................................................................... 70
7.3. Sistemas protegidos vs. não protegidos ..................................................................... 73
8. Conclusões e trabalhos futuros ....................................................................................... 77
9. Bibliografia.......................................................................................................................... 78
ANEXOS
viii
Índice de Figuras
Figura 1. Diagrama de Pourbaix para o sistema água/ferro a 25ºC . ........................................... 3
Figura 2. Célula simplificada de corrosão. .................................................................................... 4
Figura 3. Corrosão numa fissura. .................................................................................................. 4
Figura 4. Avanço do processo de carbonatação. .......................................................................... 5
Figura 5. Destacamento do betão carbonatado após corrosão das armaduras (esquerda).
Padrão de fissuração segundo a malha de armaduras, devido à carbonatação
(direita) . ........................................................................................................................ 5
Figura 6. Modelo para a degradação do betão sobe acção da carbonatação e cloretos. ............ 6
Figura 7. Microfotografias do betão: a) Presença de carbonatos (C); b) diversos elementos da
microestrutura: carbonatos (C), portlandite (P), silicatos de cálcio (C-S-H) e etringite
(Et) .............................................................................................................................. 10
Figura 8. Perfis de concentração de hidróxidos na zona de carbonatação. ............................... 11
Figura 9. Dois tipos de indicadores comerciais. .......................................................................... 12
Figura 10. Medição da frente de carbonatação a) provete de laboratório b) carote retirada de
uma obra. .................................................................................................................... 13
Figura 11. Gradiente de pH na frente de carbonatação ............................................................. 14
Figura 12. Conteúdo de água nos poros do betão em função da humidade ambiental. ............ 16
Figura 13. Grau de carbonatação em função da humidade relativa do ambiente. ..................... 17
Figura 14. Relação entre o teor em água de um material poroso e a humidade relativa
ambiente. .................................................................................................................... 17
Figura 15. Influência da relação a/c e condições de cura sobre a profundidade de
carbonatação. ............................................................................................................. 18
Figura 16. Influência da resistência à compressão do betão sobre a carbonatação.................. 19
Figura 17. Representação esquemática da carbonatação no interior de uma fissura. .............. 20
Figura 18. Penetração de agentes agressivos junto de pontos angulosos ................................ 21
Figura 19. Intensidade de carbonatação ao fim de 50 anos num elemento exposto à intempérie
.................................................................................................................................... 21
Figura 20. Difusão de através do elemento de controlo.. .................................................... 22
Figura 21. Nomograma para determinação da profundidade de carbonatação. ........................ 23
Figura 22. Profundidade de carbonatação em função do tempo. ............................................... 24
Figura 23. Esquema simplificado de uma câmara de carbonatação acelerada. ........................ 26
ix
Figura 24. Previsão numérica de perfis de teor de humidade em ensaios acelerados e em
condições de exposição natural (à esquerda: ensaio acelerado com =50%,
HR=65%; à direita: exposição natural com =0,03%, HR=78%. ........................... 28
Figura 25 Relação entre HR exterior e profundidade de carbonatação após 14 dias de
carbonatação acelerada. ............................................................................................ 29
Figura 26. Sistemas de protecção a) à base de argamassa e b) com revestimento de tinta. .... 31
Figura 27. Impregnação hidrofóbica (esq.), impregnação (centro) e revestimento superficial
(dir.).. ........................................................................................................................... 32
Figura 28. Processo de selecção de um sistema de protecção. ................................................ 34
Figura 29. Efeito da espessura de recobrimento ........................................................................ 36
Figura 30. Ábaco para obtenção da espessura de recobrimento com relação à carbonatação
em função do tipo de betão e da vida útil de projecto desejada. ............................... 37
Figura 31. Representação dupla logarítmica da equação em função de . ................ 37
Figura 32. Formação da película polimérica durante a coloção e cura da argamassa .............. 38
Figura 33. Profundidade de carbonatação de provetes pintados e não pintados. ..................... 41
Figura 34. Método da célula de difusão. ..................................................................................... 42
Figura 35. Sistemas de reparação. A: Revestimento superficial. B: Adição de recobrimento. C:
Substituição de recobrimento.. ................................................................................... 45
Figura 36. Sistemas de protecção. A: Revestimento superficial. B: argamassa à base de
cimento. ....................................................................................................................... 45
Figura 37. Representação da Eq. 31 para um recobrimento de 25 mm. .................................... 46
Figura 38 Perfil de e carbonatos antes de aplicação de qualquer protecção. ..................... 48
Figura 39 Perfis de carbonatos e para aplicação de argamassa. A: imediatamente após
aplicação. B: Algum tempo após aplicação. C: Após total carbonatação da
argamassa de reparação ............................................................................................ 48
Figura 40 Perfis de carbonatos e para aplicação de revestimentos superficiais ................. 49
Figura 41. Restituição de recobrimento: a) remocção do betão carbonatado b) protecção das
armaduras com revestimento próprio c) aplicação da argamassa com colher d)
Alisamento da superfície de acabamento. .................................................................. 51
Figura 42. Aplicação de revestimentos superfíciais: a) limpeza do substrato com jacto de água;
b)aplicação de impregnação hidrofóbica com rolo de tinta. ....................................... 51
Figura 43. Sistema de repassivação por realcalinização do betão carbonatado. ...................... 52
Figura 44. Organograma da série europeia EN 1504. ................................................................ 53
x
Figura 45. Câmara de carbonatação acelerada usada nos ensaios. ......................................... 55
Figura 46. Provetes não fissurados............................................................................................. 57
Figura 47. Preparação dos provetes fissurados ......................................................................... 58
Figura 48. Ensaio de compressão diametral ............................................................................... 58
Figura 49. Tipos de apresentação da frente de carbonatação ................................................... 60
Figura 50. Irregularidade da frente de carbonatação. Um defeito na pintura da face inferior do
disco conduziu a um aumento localizado da frente de carbonatação. ....................... 60
Figura 51. Esquema da superfície de leitura para os provetes fissurados. ................................ 61
Figura 52. Profundidades de carbonatação medidas nos provetes fissurados. ......................... 61
Figura 53. Óculo de fendas. ........................................................................................................ 62
Figura 54 Profundidade de carbonatação em função da raiz quadrada do tempo para sistemas
não protegidos ............................................................................................................ 66
Figura 55 Dados de profundidade de carbonatação para provetes não protegidos. .................. 68
Figura 56 Modelo de carbonatação idealizado para a experiência ............................................ 68
Figura 57 Corrosão dos varões embebidos no betão carbonatado ............................................ 70
Figura 58 Profundidade de carbonatação em função da raiz do tempo para sistemas protegidos
.................................................................................................................................... 71
Figura 59 Aumento local da profundidade de carbonatação. ..................................................... 72
Figura 60 Menor espessura de tinta nas arestas ........................................................................ 72
Figura 61 Sistemas protegidos vs. não protegidos ..................................................................... 73
Figura 62 Valores de a e b para provetes fissurados. ................................................................ 75
Figura 63 Perfil da frente de carbonatação junto à fissura. ........................................................ 75
Figura 64 Variação de ( ) em função de .......................................................................... 76
xi
Índice de tabelas
Tabela 1. Valores de determinados experimentalmente. ................................................ 27
Tabela 2. Finalidade de utilização dos sistemas superficiais.. ................................................... 33
Tabela 3. Corrosão induzida pela carbonatação ........................................................................ 40
Tabela 4. Princípios de reparação e protecção segundo EN 1504-9. ........................................ 50
Tabela 5. Parâmetros de exposição da câmara de carbonatação. ............................................ 55
Tabela 6. Composição do betão de referência ........................................................................... 55
Tabela 7. Resultados do ensaio de compressão axial................................................................ 56
Tabela 8 Leituras dos provetes iniciais ....................................................................................... 63
Tabela 9 Dados recolhidos para os provetes não fissurados ..................................................... 64
Tabela 10 Leituras da frente de carbonatação para provetes fissurados ................................... 65
Tabela 11 Características técnicas dos revestimentos ensaiados ............................................. 70
Tabela 12 Comparação de eficiência dos revestimentos ........................................................... 73
xii
Lista de Abreviaturas
CaCO3 Carbonato de Cálcio
Ca(OH)2 Hidróxido de Cálcio
CO2 Dióxido de Carbono
H2O Água
DTA Análise Térmica Diferencial (Differential Termic Analysis)
FTIR Espectroscopia por Infravermelho por Transformada de Fourier (Fourier
Transform Infrared Transform)
HR Humidade relativa
TGA Termogravimetria
XRDA Difracção de raios-X (X-ray Diffraction Analysis)
a/c Relação água/cimento
ddp Diferença de potencial
1
1. Introdução
Durante muitos anos o betão foi empregue em larga escala e em todo o tipo de estruturas,
devido em grande medida à sua facilidade de fabrico e aplicação, à sua baixa manutenção e ao
desempenho eficaz. Apesar disso, quando empregue sob condições de exposição
desfavoráveis, o betão armado pode sofrer uma redução significativa de durabilidade. Um dos
principais mecanismos de degradação é a corrosão induzida por carbonatação. Este fenómeno
ocorre quando o dióxido de carbono ( ) atmosférico penetra a estrutura porosa do betão,
levando a cabo uma série de reacções químicas e físicas. Como principal consequência dá-se
a diminuição da alcalinidade do meio, propiciando a que a corrosão das armaduras tenha
início.
São vários os sistemas de protecção do betão face à carbonatação. De entre os mais utilizados
destacam-se os revestimentos superficiais. Uma forma de avaliar o desempenho destes
sistemas é o recurso a ensaios realizados em altas concentrações de . Desta forma obtém-
se resultados que, em ambiente real, levariam anos a acontecer. Vários modelos matemáticos
e empíricos têm sido propostos com o intuito de prever o avanço da carbonatação. No entanto,
a sua aplicabilidade a sistemas protegidos não é ainda totalmente compreendida.
Com o presente trabalho pretendeu-se avaliar a eficiência de sistemas de protecção superficial
disponíveis no mercado. Os revestimentos específicos anticarbonatação são geralmente mais
onerosos que tintas comuns. Torna-se, portanto, essencial avaliar em termos económicos a
escolha de determinado sistema de protecção e, quais as consequências na manutenção da
vida útil da estrutura.
A presença de fissuras no betão dá azo a que a penetração de agentes agressivos tais como o
ocorra mais profundamente. É importante conhecer a relação entre a largura das fendas e
a sua influência no avanço da carbonatação, o que também se procurou fazer neste trabalho.
1.1. Estrutura do trabalho
Este trabalho encontra-se dividido em 8 capítulos, estando o presente texto incluído no
primeiro. De seguida apresenta-se uma breve descrição de cada um dos capítulos.
– Capítulo 1. Introdução: aqui são descritos sucintamente, o tema e importância da tese
e apresentada uma breve descrição de cada um dos capítulos constituintes.
– Capítulo 2. Enquadramento: no enquadramento é apresentada uma panorâmica geral
sobre o tema da carbonatação. São enunciadas as diversas abordagens existentes, a nível
2
de modelação do fenómeno e de sistemas anticarbonatação e é assinalada a contribuição
do autor.
– Capítulo 3. O fenómeno da carbonatação: neste capítulo apresenta-se uma síntese
sobre os fenómenos químicos e físicos decorrentes da carbonatação. É explicada a forma
como a carbonatação pode ser evidenciada e a forma como os diversos factores,
ambientais e outros, podem influenciar a progressão deste fenómeno.
– Capítulo 4. Modelação da carbonatação: aqui é apresentado o conhecimento
existente em termos de modelos de previsão da carbonatação. É explicada a aplicabilidade
destes modelos a ensaios de carbonatação acelerada e as principais alterações que
ocorrem nestes casos.
– Capítulo 5. Sistemas de protecção do betão face à carbonatação: neste capítulo
são indicados os diversos tipos de sistemas de protecção do betão e a forma como actuam.
São explicados os métodos de avaliação de propriedades dos sistemas e as consequências
ao nível de durabilidade da estrutura. Enunciam-se os vários métodos de aplicação dos
sistemas de reparação e os principais documentos normativos europeus existentes sobre
este tema.
– Capítulo 6. Ensaios experimentais: aqui é descrita a metodologia experimental
utilizada na avaliação dos sistemas de protecção anticarbonatação analisados e são
apresentados os resultados obtidos.
– Capítulo 7. Análise de resultados: neste ponto é feita a análise de resultados, tendo
em consideração os modelos propostos de modelação da carbonatação. Avaliou-se a
eficácia dos diferentes revestimentos ensaiados e o efeito da abertura de fendas na
progressão da frente de carbonatação.
– Capítulo 8. Conclusões e trabalhos futuros: no último capítulo é feita uma síntese
das principais conclusões retiradas da realização do trabalho. É feita a confrontação com os
objectivos pretendidos e equacionadas eventuais possibilidades na prossecução dos
trabalhos realizados.
3
2. Enquadramento
2.1. Corrosão do betão armado
Devido à natureza alcalina do betão, o aço envolvido por este material encontra-se protegido
da corrosão. A teoria de maior aceitação diz que a alta alcalinidade do betão (pH 13)
favorece a formação de uma camada de óxidos submicroscópica passivante, compacta e
aderente de sobre a superfície da armadura. Mantida a integridade desta camada, o aço
permanece indefinidamente são, desde que o betão mantenha as suas características físicas e
químicas. A carbonatação e a contaminação por cloretos são os principais iniciadores de
corrosão. A presença de cloretos pode estimular a corrosão das armaduras mesmo para
valores altos de pH. A carbonatação actua diminuindo o pH do betão, trazendo a armadura
para a região de corrosão do diagrama de Pourbaix (1976), representado na Figura 1.
Tomando-se como modelo este tipo de diagrama de potencial de equilíbrio-pH, torna-se
possível indicar se um processo particular de reacção corrosiva é termodinamicamente
favorável ou não.
Figura 1. Diagrama de Pourbaix para o sistema água/ferro a 25ºC (Pourbaix, 1976).
O processo de corrosão é semelhante a uma pilha. Existe um ânodo onde ocorre a oxidação
electroquímica, um cátodo onde ocorre a redução electroquímica e um electrólito por onde
circula a corrente iónica (Figura 2). O electrólito no betão é constituído basicamente pela
solução intersticial aquosa que contém iões em solução. Estes três elementos formam entre si
um circuito fechado, que dependendo da diferença de potencial (ddp) aplicada, assim ocorrerá
corrosão. A presença de agentes agressivos no electrólito tais como o , acentuam a ddp e
facilitam a dissolução da camada de passivação. Nas zonas anódicas (regiões corroídas)
ocorre a dissolução do metal a partir da sua superfície (Eq. 1). Nas zonas catódicas (não
corroídas) ocorre redução de oxigénio (Eq. 2 e Eq. 3). O processo catódico ocorre na interface
betão/armadura e depende da disponibilidade de oxigénio dissolvido e do pH na interface dos
4
dois materiais (HELENE 2001). A ocorrência de fendas no betão permite o rápido acesso das
substâncias agressivas ao nível das armaduras, originando células de corrosão (Figura 3).
Figura 2. Célula simplificada de corrosão (ANDRADE 2001). Figura 3. Corrosão numa fissura
(FIGUEIREDO et al. 1994).
Eq. 1
(pH 7) Eq. 2
(pH ) Eq. 3
2.2. Degradação por carbonatação
A carbonatação é o processo de neutralização da fase líquida intersticial saturada de hidróxido
de cálcio e de outros compostos alcalinos hidratados do betão. Este fenómeno surge a partir da
difusão do dióxido de carbono ( ) atmosférico para o interior dos poros do betão e da sua
posterior reacção química com os constituintes sólidos carbonatáveis. Estas reacções
traduzem-se no avanço de uma “frente de carbonatação” a partir da superfície, acompanhado
de uma queda do pH de valores de aproximadamente 13 até valores inferiores a 9, permitindo
que a corrosão do aço possa ter início (Figura 4).
5
Figura 4. Avanço do processo de carbonatação (adaptado de SALTA, 1996).
Os danos causados pela corrosão das armaduras por carbonatação manifestam-se sob a
forma de expansão, fissuração, destacamento de recobrimento, perda de aderência e redução
significativa de secção da armadura. Este efeito é particularmente severo nos locais onde o
recobrimento seja claramente insuficiente. Os óxidos de ferro resultantes da corrosão ocupam
um volume 3 a 10 vezes superior ao aço original da armadura. Isto resulta em tensões internas
que causam fissuração na direcção paralela à armadura corroída, o que ainda favorece mais a
penetração de (Figura 5). Pelo facto de o ser um dos constituintes da atmosfera,
praticamente todas as estruturas de betão armado, ainda que de diferentes formas, são
afectadas pela carbonatação. Por este facto, a corrosão induzida pela carbonatação é por
vezes designada por corrosão geral, já que o seu efeito se faz sentir gradualmente a partir de
todas as superfícies. O efeito combinado da carbonatação e dos cloretos é normalmente a
causa dos problemas mais severos de corrosão (BAKKER 1988).
Figura 5. Destacamento do betão carbonatado após corrosão das armaduras (esquerda). Padrão de
fissuração segundo a malha de armaduras, devido à carbonatação (direita) (ENGELFRIED, 2000).
6
2.3. Previsão da vida útil
A vida útil de uma construção pode ser definida como o período de tempo, após entrada em
serviço, durante a o qual esta conserva os seus requisitos de projecto sem recurso a qualquer
intervenção profunda ou custos inesperados de manutenção. Sob o ponto de vista da
durabilidade, o período de vida útil é condicionado pela penetração de substâncias agressivas
para o betão e pelas reacções destrutivas que originam com os componentes do betão
armado. De entre essas, a corrosão das armaduras condiciona, na generalidade dos casos, a
vida útil da estrutura. Em 1982, Tuutti propôs um modelo simplificado qualitativo de previsão de
vida útil, considerando a degradação por corrosão (Figura 6). O período de iniciação ( )
corresponde ao intervalo de tempo, ao fim do qual as armaduras perdem parte significativa da
protecção conferida pelo betão, quer seja por carbonatação, cloretos ou outros. O período de
propagação ( ) decorre após o período de iniciação e até que a corrosão assuma um nível de
degradação inaceitável.
Figura 6. Modelo para a degradação do betão sobe acção da carbonatação e cloretos (TUUTI,
1982).
Para efeitos de projecto e atendendo apenas à carbonatação, pode considerar-se que a
corrosão se torna possível quando a espessura de carbonatação iguala a do recobrimento. O
equivalente é dizer que o período de iniciação corresponde ao tempo necessário para que toda
a espessura de recobrimento se encontre totalmente carbonatada.
A generalidade dos modelos de previsão da carbonatação encontrados na bibliografia (e.g.
TUTTI, 1982; PARROT, 1987; BAKKER, 1988; HELENE, 1997) assume uma variação da
profundidade de carbonatação ( ) proporcional à raiz quadrada do tempo de exposição (
. Nestes modelos, a profundidade de carbonatação é encontrada pelo produto de um
coeficiente de carbonatação pela raiz quadrada do tempo ( ). Este coeficiente depende
de variadíssimos factores, o que torna muito difícil a modelação correcta da evolução da
profundidade de carbonatação. Bakker (1988) considera mesmo que é duvidoso que alguma
vez se consiga determinar uma fórmula para a previsão da velocidade de carbonatação com
precisão adequada, que tenha em conta todos os parâmetros envolvidos.
In ic iação Propagação
V ida útil
N ível aceitável
Niv
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de
de
de
gra
da
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o
t1 t2C l , C O 2-
O2,
HR , T
TEM PO
7
Para a determinação da frente de carbonatação, o método mais utilizado é através da aspersão
de uma solução alcoólica de fenolftaleína. Este indicador apenas revela a separação de duas
zonas de pH distinto. Zonas de coloração lilás com pH > 9 e portanto ditas não carbonatadas, e
zonas zonas sem alteração de cor, ditas carbonatadas. Esta técnica é de fácil aplicação e os
resultados obtém-se rapidamente. Kashino (1984) apurou, através de leituras com
fenolftaleína, que a corrosão podia ter início entre 6 a 8 mm de distância da frente de
carbonatação. No entanto considera-se que este procedimento fornece uma boa estimativa da
profundidade de carbonatação e é sem dúvida o método mais utilizado.
Segundo um estudo realizado por Chang e Chen (2004), outros métodos mais sofisticados
como a difracção de Raio-X (XRDA), a termogravimetria (TGA) e a espectroscopia de
infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), ao analisarem a estrutura microscópica do
betão em profundidade, apresentam valores de profundidade de carbonatação superiores aos
medidos com fenolftaleína. Estes métodos requerem equipamento e pessoal especializado e
são de aplicação pouco expedita, mas permitem identificar com precisão o grau e profundidade
de carbonatação.
Outra forma de previsão do avanço da frente de carbonatação, é o recurso a ensaios em
câmaras de carbonatação acelerada. Nestes ensaios as câmaras são preparadas com uma
atmosfera enriquecida em e é medida em intervalos de tempo regulares, a profundidade de
carbonatação. É possível a comparação destes resultados, com resultados para iguais betões
em condições de exposição real. Vários autores têm realizado estudos a este respeito
(Ceukelaire e Nieuwenburg (1992); Ho e Lewis (1987a); Bentur e Jaegermann (1992)), mas
ainda não existe ainda uma lei que permita prever a relação entre valores acelerados e reais,
com base em dados de composição do betão e características ambientais. Contudo existem
algumas pistas que indicam que não se pode fazer uma extrapolação directa dos resultados
obtidos nestes ensaios para um cenário de exposição natural aplicando-se simplesmente um
factor de escala associado à relação de concentrações (MUNTEAN, 2005).
2.4. Sistemas de protecção
Os sistemas de protecção do betão face à carbonatação actualmente existentes no mercado,
são produtos de películas superficiais (tintas) e argamassas cimentícias modificadas. Estes
produtos caracterizam-se por apresentarem elevados coeficientes de resistência à penetração
de . Alguns estudos realizados sobre este assunto (IXTEPAN et al.,2005; MACGRATH,
2006; RODRIGUES, 1996), revelam que de facto estes produtos podem ter um efeito benéfico
contra a carbonatação.
Com o presente estudo pretendeu-se avaliar a eficácia de alguns sistemas de protecção e
verificar a adequabilidade da previsão da profundidade de carbonatação ( ) a sistemas
protegidos. A Aplicação destes produtos conduz a um acréscimo de custos que é importante
8
avaliar em função do benefício conferido em termos de durabilidade. Neste estudo usou-se
uma tinta comum (e portanto mais barata) e comparou-se a sua eficiência relativamente a
sistemas anticarbonatação mais onerosos disponíveis no mercado.
2.5. Fissuração
Os regulamentos de dimensionamento de estruturas recomendam a limitação da abertura de
fendas como um dos requisitos de durabilidade em função da exposição ambiental. O
Eurocódigo 2 (EN 1992-1-1) e o R.E.B.A.P. indicam um valor máximo de abertura de fendas
( ) de 0,4 e 0,3 mm respectivamente, para qualquer classe de exposição. Neste estudo
pretendeu-se avaliar o efeito da abertura de fendas na progressão da frente de carbonatação e
relacionar, ainda que de forma qualitativa, os valores regulamentares com os dados obtidos.
Ainda não existe um procedimento padrão sobre a forma como a carbonatação deve ser
medida nas fissuras. A única referência sobre este assunto foi encontrada num estudo
realizado por Sullivan-Green (2005), no qual se pretendia encontrar, através da carbonatação,
uma forma de datar a fissura. Esta abordagem pode ser extremamente útil em casos de litígio
sobre danos de fissuração em estruturas.
9
3. O Fenómeno da Carbonatação
3.1. Química da Carbonatação
A carbonatação resulta da reacção do dióxido de carbono ( ) com os hidróxidos do betão,
conduzindo à lenta modificação da sua estrutura, com redução do pH e volume de poros.
Trata-se essencialmente de um fenómeno físico-químico decorrente da reacção entre os
constituintes ácidos do meio, com o líquido intersticial existente nos poros do betão. A solução
intersticial encontra-se saturada por hidróxidos de cálcio1 provenientes da hidratação do
cimento e de outros compostos hidratados do cimento em equilíbrio na solução. Segundo
SCHORODER & SMOLCZYC (1968), os principais constituintes ácidos do meio são o ácido
carbónico ( ), o dióxido de enxofre ( ) e o gás sulfídrico ( ).
Existem grandes quantidades de na atmosfera, embora, na sua forma gasosa, este não
consiga reagir directamente com os hidratos da pasta cimentícia. O ponto de partida da difusão
gasosa do na fase aquosa dos poros do betão, dá-se pela sua dissolução na água (Eq. 4).
A difusão é um fenómeno passivo de transporte em que o dióxido de carbono penetra
lentamente na rede de minúsculos canais internos da estrutura do betão e a partir daqui ocorre
a sua dissolução. Os poros e capilares de maiores dimensões que não contêm solução,
funcionam como vias de acesso do ao interior do betão e os poros e capilares saturados
funcionam como meios de difusão.
Uma vez introduzido no betão, o reage em primeiro lugar com os hidróxidos de sódio e
potássio [ ] presentes em menor quantidade no cimento e depois com o hidróxido
de cálcio [ ], presente em maior quantidade. A longo prazo o reage posteriormente
com os outros compostos do cimento hidratado, silicatos e aluminatos de cálcio (SALTA 1996).
Como referido anteriormente, segundo FORRESTER (1976) para que a carbonatação ocorra
naturalmente, é necessário que o dióxido de carbono seja solubilizado:
Eq. 4
Dissolvido o , dá-se a reacção com os hidróxidos de metais alcalinos (Eq. 5) e (Eq. 6) e
posteriormente com o hidróxido de cálcio (Eq. 7) e os silicatos e aluminatos do cimento (Eq. 8),
(Eq. 9) e (Eq. 10) (SALTA 1996).
Eq. 5
1 Na sua forma natural o hidróxido de cálcio provém da portlandite e muitas vezes assume esta
designação.
10
Eq. 6
Eq. 7
Eq. 8
Eq. 9
Eq. 10
Dentro do betão o pH é elevado, na ordem dos 13 (valor encontrado na generalidade da
bibliografia), resultando na dissociação dos iões bicarbonato em iões hidrogénio ( ) e
iões carbonato (Eq. 4). É precisamente o aumento de protões que confere características
ácidas à solução intersticial do betão, resultado na diminuição do pH. Os iões carbonato, na
presença dos iões de cálcio da pasta irão formar os cristais de carbonato de cálcio (Eq. 11). O
carbonato de cálcio existe sob três formas cristalográficas, aragonite, vaterite e calcite sendo a
última a mais comum no betão carbonatado (Figura 7).
Eq. 11
Figura 7. Microfotografias do betão: a) Presença de carbonatos (C); b) diversos elementos da
microestrutura: carbonatos (C), portlandite (P), silicatos de cálcio (C-S-H) e etringite (Et) (SILVA et al.
2002).
As reacções dadas pelas Eq. 5, Eq. 6 e Eq. 7 são as principais responsáveis pela diminuição
do pH do betão. De facto, a profundidade ou espessura de carbonatação dá-se a partir da
superfície do betão e avança gradualmente para o interior formando uma “frente de
carbonatação”. A frente de carbonatação separa duas zonas distintas em termos de pH; a zona
não carbonatada, com pH na ordem de 13 e, a zona carbonatada, geralmente com valores
11
inferiores a 9. Não se trata de uma separação perfeitamente nítida e é geralmente expressa em
termos do seu valor médio (mm ou cm).
O processo de carbonatação desencadeia a diminuição de iões existentes na solução
porosa, o que leva a uma dissolução de e consequentemente a uma difusão do
interior para a superfície de . Esta migração tende a equilibrar-se na frente de
carbonatação onde a presença destes elementos é reduzida devido à baixa solubilidade de
(Figura 8). Por sua vez esta migração conduz à precipitação de em cristais que
se alojam nos vazios do betão, tornando mais denso o betão e inevitavelmente, mais lenta
difusão de , essencial para que ocorra carbonatação (LAGERBLAD 2001). Segundo dados
do mesmo autor (LAGERBLAD 2005), a transformação de hidróxido de cálcio em cristais de
calcite traduz-se num aumento de volume de 11%, o que contribui para o preenchimento do
sistema de vazios do betão.
Figura 8. Perfis de concentração de hidróxidos na zona de carbonatação (COSTA, 2006).
Em suma, as reacções da carbonatação têm como consequência a redução do pH e do volume
dos poros do betão. Usando cimento Portland, a carbonatação pode originar um aumento da
resistência à compressão de mais de 50% (MEYER, 1987). Ainda que estas alterações sejam
benéficas, pois aumentam a resistência mecânica e química do betão, do ponto de vista da
corrosão das armaduras as consequências podem ser graves. O pH pode descer a valores
inferiores a 9 propiciando as condições termodinâmicas adequadas à despassivação do aço
das armaduras.
3.2. Medição da carbonatação
Existem várias formas de verificar se uma determinada zona de betão de encontra ou não
carbonatada. De entre os vários métodos disponíveis hoje em dia temos: a difracção de Raio-X
(XRDA), a análise térmica diferencial (DTA), a termogravimetria (TGA) e a espectroscopia de
12
infravermelho por transformada de Fourier (FTIR). A análise XRDA é usada pela possibilidade
que oferece em determinar a intensidade de distribuição de cristais de e ,
enquanto que a TGA (ensaio quantitativo) permite determinar efectivamente a sua
concentração. A DTA trata-se de um ensaio qualitativo pelo qual as diversas substâncias
presentes na massa cimentícia são caracterizadas em função da sua temperatura. A FTIR
fornece o espectro de infravermelho da amostra e assim é possível determinar a profundidade
a que ocorre o pico das ligações presentes nos cristais de , correspondente à
frente de carbonatação. Outro método ainda, é através da observação microscópica, onde se
pode observar directamente a presença de cristais de . Apesar da fiabilidade e rigor
destes procedimentos, aquele que mais se adequada à sua aplicação em campo é a
fenolftaleína. A aplicação deste tipo de indicadores, como também é o caso da timolftaleína, é
feita em solução alcoólica e permite de forma extremamente rápida, fácil e económica, obter
leituras da profundidade de carbonatação. A grande vantagem da aplicação de fenolftaleína é
que o seu ponto de viragem de coloração coincide com os valores de pH para os quais se
considera que a carbonatação ocorre. Um betão perfeitamente são, tem um pH na ordem dos
13. À medida que a carbonatação vai ocorrendo, uma das consequências é a diminuição do
pH. A partir de valores próximos de 9 na escala de pH considera-se que o betão está
carbonatado e é precisamente a partir desta gama de valores que a fenolftaleína passa de
incolor para uma tonalidade rosa-carmim ou lilás (Figura 9).
Figura 9. Dois tipos de indicadores comerciais (Germann Instruments, Inc).
O pH é uma medida aproximada da acidez ou alcalinidade de uma solução e é definido como o
simétrico do logaritmo da concentração de iões . Medir o pH duma substância sólida como o
betão pode ser complicado. O que a fenolftaleína faz é reagir com a fase líquida contida nos
poros do betão e, por esta razão, exibe a característica cor lilás do indicador se o seu pH> 9.
A especificação E 391 do LNEC estipula um procedimento baseado na Recomendação RILEM
CPC – 182, para determinar a profundidade de carbonatação. Neste documento o processo
consiste basicamente nos seguintes passos:
2 Publicações como a ASTM C 856 sugerem procedimentos semelhantes.
13
1. A amostra de betão é extraída e pulverizada com uma solução alcoólica de
fenolftaleína a 0,1%.
2. Na superfície de extracção mede-se a profundidade de carbonatação, com o auxílio de
uma régua (Figura 10).
Figura 10. Medição da frente de carbonatação a) provete de laboratório b) carote retirada de uma obra.
Um procedimento alternativo à extracção de peças e muito usado em diagnóstico de obras
reais, consiste em perfurar com uma broca a parede de betão e de em mm, medir a frente
de carbonatação por aspersão de fenolftaleína para dentro do furo. Os furos são depois
preenchidos com argamassa. A frente de carbonatação medida com fenolftaleína, pode por
vezes apresentar um aspecto um pouco esbatido. Este facto pode ser explicado pela diluição
da humidade na superfície, para além de que o pH entre a zona sã e a zona carbonatada varia
gradualmente (Figura 11). Na camada semi-carbonatada é observável a presença de e
enquanto que a maiores profundidades não é detectável (CHANG; CHEN,
2004). É recomendável que a leitura da profundidade de carbonatação se faça o mais rápido
possível logo após a extracção do provete, já que a coloração da fenolftaleína tende a esbater-
se com o tempo.
Zona sã
Zona
carbonatada
Frente de carbonatação a)
b)
14
Figura 11. Gradiente de pH na frente de carbonatação (GONÇALVES et al., 1996).
Matsushita et al. (2001) propôs a seguinte definição de grau de carbonatação:
Eq. 12
– grau de carbonatação (%)
– quantidade teórica máxima de necessária para a total carbonatação do betão
– quantidade de presente na amostra
- quantidade de no betão não carbonatado.
Existem indicadores de pH mais sofisticados como medidores digitais, que recorrem a
amostras pulverizadas e diluídas e como tal são muito sensíveis às eventuais manipulações
que estas possam sofrer. Outra forma de medição do pH é recorrer a sensores embebidos.
Estes sensores recorrem a eléctrodos que fornecem leituras discretas do pH e têm ainda a
vantagem de serem de baixa manutenção. É de todo desejável que estes resultados sejam
correlacionados com outros indicadores de pH, como por exemplo a fenolftaleína (GRUBB et.
al 2007). Ainda segundo o mesmo estudo realizado por Chang e Chen (2004), os métodos
TGA, XRDA e FTIR apresentam valores de profundidade de carbonatação superiores àqueles
medidos com fenolftaleína, já que de acordo com a Eq. 12, o betão se encontrava 100%
carbonatado para valores de pH cerca de 7,5. Já os valores lidos com fenolftaleína encontram-
se no limite pH=9. Estudos revelaram que a corrosão pode começar quando a frente de
carbonatação se encontra entre 6 a 8 mm de distância da armadura (KASHINO, 1984). Isto
parece indicar que a corrosão pode começar para valores de pH ligeiramente superiores
àqueles indicados pela fenolftaleína. Ainda assim, para efeitos de corrosão do aço das
armaduras, o valor de pH usando a fenolftaleína é um bom indicador da iniciação da corrosão.
Distância à frente de carbonatação (mm)
pH
Betão não carbonatado
Camada semi
carbonatada
Camada totalmente
carbonatada
8
9
10
11
12
13
30 24 18 12 6 0 -6 -12 -18 -24
Viragem da fenolftaleína
15
3.3. Factores que afectam a velocidade de carbonatação
Na zona de separação entre um betão são e um betão totalmente carbonatado, as reacções de
carbonatação estão em diferentes graus de conclusão. Desde que os reagentes e as condições
necessárias à reacção estejam reunidos, a carbonatação ocorre. No entanto sabe-se que a
velocidade a que ocorre a difusão dos iões carbonato é muito inferior à de difusão do
(LAGERBLAD, 2005). Assim a velocidade a que ocorre a carbonatação é condicionada
essencialmente por fenómenos de difusão gasosa. Vários factores influem na velocidade de
propagação da frente de carbonatação. Estes factores podem ser intrínsecos ao betão ou
relativos ao ambiente que o rodeia. Os factores ambientais são tidos em conta nas classes de
exposição para a corrosão induzida pela carbonatação. Os factores intrínsecos dizem respeito
à composição do betão. É a interacção de todos estes mecanismos que determina a
velocidade de carbonatação.
3.3.1. Concentração de
Uma maior quantidade de dióxido de carbono na atmosfera conduzirá a um aumento da
velocidade de carbonatação (FUKUSHIMA 1988), principalmente para betões com elevada
relação água/cimento. A velocidade de carbonatação é mais elevada nas zonas urbanas onde
a pressão parcial de é maior. Segundo NEVILLE (1982), a concentração de pode
variar de meio para meio da seguinte forma:
Meio rural: 0,03 % em volume
Ambientes urbanos: 0,10 % em volume
Densa ocupação urbana/industrial: 0,30 % em volume, podendo atingir 1 %
Em ambientes com características específicas, como seja o caso de túneis, armazéns ou
outros locais pouco ventilados ou com produção significativa de , estes valores podem ser
francamente superiores. Os valores mais baixos são registados em zonas costeiras pois a
água absorve o . Nestas zonas, no entanto, é mais grave o efeito dos cloretos, já que a sua
concentração é muito elevada junto ao mar. Nos ensaios laboratoriais estas concentrações
assumem frequentemente valores muito superiores aos anteriores, com o objectivo de estudar
num curto intervalo de tempo os efeitos da exposição a este gás a longo prazo.
Hoje em dia, com o aumento da produção de gases pelos países em vias de desenvolvimento
as concentrações de têm tendência a aumentar. Para se ter uma noção, segundo
FUKUSHIMA (1988) um aumento da pressão parcial de de 0,03 para 0,06 aumenta em 5
vezes a taxa de carbonatação.
16
3.3.2. Humidade relativa
A humidade relativa (HR) do ambiente condiciona a velocidade de carbonatação na medida em
que a difusão do se dá com velocidades muito diferentes num meio difusor gasoso ou
líquido. Na ausência de humidade, o penetra nos poros de betão facilmente, mas a
carbonatação não ocorre pois não é possível a dissolução do (Eq. 4). Numa situação de
100% de humidade, o é dissolúvel, mas devido à sua baixa taxa de difusão na água (104
vezes menor que no ar), a carbonatação é retardada. A velocidade deste fenómeno é máxima
na situação intermédia, com a possibilidade de difusão e dissolução de no sistema de
poros do betão (Figura 12).
Figura 12. Conteúdo de água nos poros do betão em função da humidade ambiental (FIGUEIREDO et al.
1994).
De maneira geral a relação entre a HR e a profundidade de carbonatação é difícil de avaliar,
devido aos ciclos de molhagem/secagem a que a estrutura pode estar sujeita. No entanto
considera-se que estes ciclos podem retardar o fenómeno. Em ambientes naturais, a HR que
conduz a maiores velocidades de carbonatação ocorre para valores entre 50 a 70 % (Figura
13). O conteúdo em água de um material poroso, como é o caso do betão, relaciona-se com a
HR exterior (Figura 14), sendo de prever que exista um teor de humidade óptimo do material,
para o qual a carbonatação é máxima.
17
3.3.3. Temperatura
A difusão e a velocidade de carbonatação aumentam com a temperatura, desde que todos os
outros factores permaneçam constantes. Para uma temperatura entre 20 a 25ºC e HR entre 50
a 70%, a velocidade de carbonatação é máxima. Ambientes interiores incluem-se nestes
intervalos, permitindo taxas de carbonatação elevadas. A variabilidade de temperatura e
humidade num ambiente exterior causam flutuação na velocidade de carbonatação e assim, no
geral, estes ambientes apresentam menores taxas de carbonatação que os interiores.
3.3.4. Relação água/cimento
A relação água/cimento (a/c) está directamente ligada com a quantidade, dimensão e
continuidade dos poros do betão endurecido. Quanto maior for a/c maior será a permeabilidade
e porosidade do betão e consequentemente, maior a difusão de (Figura 15). Segundo os
ábacos de Abrams, a resistência à compressão e relação a/c variam inversamente, pelo que é
lógico que a carbonatação diminua para betões com maior resistência à compressão (Figura
16).
Figura 13. Grau de carbonatação em função da
humidade relativa do ambiente (Verbeck, 1950,
citado por Vénuat & Alexandre, 1969).
Figura 14. Relação entre o teor em água de um
material poroso e a humidade relativa ambiente
(adaptado de THIERY, 2005).
18
Figura 15. Influência da relação a/c e condições de cura sobre a profundidade de carbonatação (SALTA,
1996).
3.3.5. Tipo e qualidade de cimento
A quantidade disponível de compostos alcalinos para reagir com o depende do tipo de
cimento empregue na produção do betão. Betões com baixa relação água/cimento ou
água/ligante dão origem a betões mais compactos e, consequentemente, mais resistentes à
carbonatação. É um facto reconhecido que a profundidade de carbonatação diminui com o
aumento da quantidade de cimento por metro cúbico de betão. Dito de outra forma, quanto
maior a quantidade de cimento, maior a quantidade de e menor a velocidade de
carbonatação. “No que se refere à influência das adições, embora muitos autores tenham
apontado que as cinzas volantes e as escórias têm um efeito negativo na carbonatação, pode
considerar-se que para as cinzas volantes esse efeito só se faz sentir em betões com teores
superiores a 30%. Nos betões de escórias a carbonatação é 1,5 vezes superior à do betão com
cimento Portland. As adições de sílica de fumo praticamente não têm influência na
carbonatação a não ser em betões de baixa resistência à compressão” (SALTA 1996). Se por
um lado, a incorporação de adições conduz a uma redução da estrutura porosa, por outro lado
diminui a quantidade de . O uso de adições deve ser ponderado e encarado como algo
que pode melhorar as características do betão, mas nunca substituir o cimento.
3.3.6. Classe de resistência
A resistência à compressão do betão, apesar de não ser um factor que influencie de forma
directa a carbonatação, constitui um bom indicador da velocidade com que esta ocorre.
Existem várias fórmulas empíricas que relacionam a espessura de carbonatação com a
resistência característica aos 28 dias. Parrott (1987) propôs a seguinte expressão:
19
Eq. 13
- profundidade de carbonatação (mm)
- resistência à compressão característica aos 28 dias (MPa)
Verifica-se experimentalmente que, com o aumento da classe de betão, aumenta a resistência
à carbonatação (Figura 16). De facto o conhecimento desta relação permite definir o tipo de
composição e resistência exigidos para o tipo de exposição previsto. A especificação LNEC E
464 apresenta precisamente os limites mínimos para um período de vida útil de 50 anos da
estrutura (Anexo A).
Figura 16. Influência da resistência à compressão do betão sobre a carbonatação (FIGUEIREDO et al.
1994).
3.3.7. Condições de cura
As diferentes condições de cura a que um betão pode estar sujeito têm principalmente
influência na magnitude dos diâmetros dos poros capilares. Quanto maior o tempo de cura,
maior será o grau de hidratação do cimento, menor será a porosidade e permeabilidade e, por
consequência, menor será a carbonatação (HELENE 1993). Uma deficiência de humidade na
cura pode ter algum efeito na diminuição da resistência à compressão do betão. No entanto, o
seu efeito faz-se sentir mais marcadamente no aumento da permeabilidade e no aumento da
estrutura porosa e consequentemente, no avanço da frente de carbonatação (Figura 15). Esta
deficiência de humidade leva a uma secagem excessiva da camada mais superficial do betão,
mantendo o seu interior relativamente inalterado sob este aspecto.
20
3.3.8. Fissuras
A carbonatação é um conjunto de reacções que se dão a partir da superfície para o interior do
betão. Como tal, a área de exposição ao dióxido de carbono é importante. Na presença de
fissuras superficiais o consegue penetrar mais rápido e mais profundo no betão, além de
que a superfície de contacto é maior (Figura 17). Note-se que, dependendo da abertura das
fissuras e da quantidade de iões e de água no interior da fissura, o processo de
carbonatação pode ser responsável pela “autocicatrização” da fissura.
Figura 17. Representação esquemática da carbonatação no interior de uma fissura.
3.3.9. Sistemas de protecção
Qualquer barreira que se oponha à difusão do através da superfície, tem como
consequência a diminuição da velocidade de carbonatação. Quer se trate de sistemas de
impregnação ou revestimento da superfície, a finalidade é a mesma para ambos; actuar como
barreira física à penetração dos agentes agressivos. Aplicar um polimento ou um acabamento
especial à superfície conduz a uma densificação local do betão dificultando também a difusão
do . São variadíssimos os sistemas de protecção face à carbonatação existentes
actualmente, tais como pinturas, selantes e até mesmo aditivos adicionados à pasta fresca de
betão. Esta problemática será tratada mais a fundo no capítulo 5.
3.3.10. Efeitos locais
A fissuração, assim como outros defeitos construtivos (e.g. ninhos de agregados), pode ser um
fenómeno de carácter geral ou mais localizado na estrutura, influenciando a formação de
células de corrosão, mais ou menos localizadas. Quanto maior a superfície dos elementos,
maior é a área de exposição aos elementos agressivos. Como tal, devem-se evitar disposições
construtivas com muitas reentrâncias. No caso dos cantos, a profundidade de carbonatação é
maior pois sobrepõem-se duas frentes de carbonatação perpendiculares (Figura 18).
12 3
4
2
Frente de
carbonatação
3
4
2
1 Difusão de CO2 na fissura
Difusão de CO2 no betão
Reacção química
Difusão de OH-
21
Figura 18. Penetração de agentes agressivos junto de pontos angulosos (COSTA, 2006).
O teor de humidade dos poros do betão varia ao longo das estações. A chuva molha
regularmente as faces expostas das saliências e impede a secagem do seu interior. Desta
forma, as superfícies protegidas estão significativamente mais secas durante todo o ano. A
Figura 19 mostra a carbonatação de uma consola após 50 anos. Nas zonas expostas à chuva
a carbonatação atinge os 7mm, ao passo que nas zonas protegidas este valor sobe para 13
mm. Isto explica-se porque neste caso da estrutura, a HR nunca descia abaixo dos 65%, logo
nas zonas expostas à chuva, a HR aumentava, diminuindo assim o seu grau de carbonatação
(Figura 13).
Figura 19. Intensidade de carbonatação ao fim de 50 anos num elemento exposto à intempérie. [A.
Steffens et al. (2002)].
Nenhum dos parâmetros anteriormente referidos serve, por si só, para determinar a velocidade
de carbonatação. É necessário relacioná-los entre si e, sempre que possível, realizar ensaios
em laboratório que corroborem os pressupostos admitidos.
22
4. Modelação da Carbonatação
4.1. Modelos de previsão da carbonatação
A carbonatação do betão ocorre sempre, desde que o dióxido de carbono e a água estejam
disponíveis no meio. A velocidade deste fenómeno aumenta com a capacidade de penetração
e de reacção do com a pasta cimentícia com os iões carbonato. No caso de estruturas
enterradas ou submersas, o acesso do gás ao betão pode ser um factor limitante. No entanto,
na generalidade das estruturas, pode-se considerar que o está disponível em quantidade
mais ou menos constante na superfície do betão.
O mecanismo relevante de transporte do do ar para junto das armaduras é a difusão. A
difusão consiste no transporte de matéria sob um determinado gradiente de concentração. Dito
de outra forma, o presente na atmosfera é consumido na reacção com o hidróxido de
cálcio da solução dos poros para a formação do carbonato de cálcio, e desta forma ocorre a
difusão do para o interior do betão e consequentemente a despassivação das armaduras
quando este processo as atinge. O processo de difusão em regime contínuo (fluxo estacionário
de ) pode ser equacionado pela primeira lei de Fick:
Eq. 14
é o fluxo de e iões carbonato através de uma unidade de área por unidade de tempo. O
termo representa a taxa de variação de concentração molar; c é a concentração e a área
de superfície. é o coeficiente de difusão, uma propriedade do betão que depende da
permeabilidade e porosidade. No caso do betão apresentar fissuras este fluxo dá-se tanto
pelos capilares como pela própria fissura (Figura 20).
Figura 20. Difusão de através do elemento de controlo. Adaptado de Song (2005) et al.
23
Esta primeira lei dá-nos a quantidade de material alterado. Para determinar a profundidade de
carbonatação temos de recorrer à segunda lei de Fick (LAGERBLAD 2005):
Eq. 15
Trata-se de uma equação difícil de resolver, especialmente se se tiver em conta a difusão para
o exterior de iões cálcio, além de que a sua solubilidade e precipitação irá afectar a rede de
canais interior da massa de betão.
Variadíssimos modelos têm sido desenvolvidos, porém, quase todos assentam numa base
empírica ou semi-empírica. O desenvolvimento de um modelo que permita determinar com
algum grau de fiabilidade o período de iniciação da corrosão devido à carbonatação, seria de
grande utilidade. Quanto menos fenomenológico o modelo for, maior será a sua aplicabilidade.
No documento elaborado por Helene e Carmona (2006) é apresentada uma colectânea de
alguns dos principais modelos de previsão da despassivação das armaduras em estruturas de
betão sujeitas à carbonatação existentes actualmente. Em geral tratam-se de modelos
complexos e com muitas variáveis tais como: tipo de betão, concentração de no ar e no
betão, coeficiente de difusão de , permeabilidade, humidade relativa, grau de hidratação,
resistência à compressão, entre outros. No Anexo B, apresenta-se a título de exemplo, um dos
modelos propostos na Especificação E 465 do LNEC. Existem ainda alguns ábacos, como os
apresentados por Helene (1997) (Figura 30) e Meyer (1987) (Figura 21), que pretendem de
forma expedita, determinar a profundidade de carbonatação.
Figura 21. Nomograma para determinação da profundidade de carbonatação (MEYER, 1987).
24
Observados os modelos de previsão da profundidade de carbonatação, a quase totalidade
admite um andamento desse valor proporcional à raiz quadrada do tempo (Figura 22), o que de
resto, está de acordo com a 2ª lei de Fick.
Eq. 16
– profundidade de carbonatação ( )
- coeficiente de carbonatação ( )
– tempo de exposição ( )
O valor representa a profundidade de carbonatação (geralmente medida em mm), é uma
constante calculada de acordo com as premissas de cada modelo e é o tempo de exposição
ao agente agressivo. As unidades de são normalmente apresentadas em mm/ano0,5
. No
modelo apresentado por Parrot (1987) o expoente do tempo é função da HR, mas para valores
na ordem dos 40 a 60% (gama de humidade usual), o expoente toma um valor próximo de 0,5.
Em 1971, Daimond et al. apresentou uma correcção à Eq. 16, retirando uma fase de iniciação
da carbonatação ( ) para contabilizar o período de secagem do material quando a difusão do
está inicialmente bloqueada pelos poros capilares saturados de água (ver Eq. 17). Tendo
em conta os efeitos cinéticos da circulação de humidade no interior do betão, este ajustamento
pode também ser explicado pela não instantaneidade das reacções químicas de carbonatação,
dado ser necessário um certo tempo até que a completa carbonatação da superfície de
exposição ocorra.
λ geralmente assume o valor 0,5 Eq. 17
Pode ainda ser estabelecida outra variação à Eq. 16. Esta variação prende-se com o facto de
os provetes, ao serem ensaiados em condições de carbonatação acelerada, mesmo antes da
Figura 22. Profundidade de carbonatação em função do tempo.
25
sua introdução na câmara, poderem apresentar um determinado valor de carbonatação inicial
( ).
Eq. 18
Note-se o facto de que o valor de deve ser determinado com cautela. O valor de
representa uma pré-carbonatação sofrida pelo betão e portanto resultante de condições não
aceleradas. Já a parcela equivale à carbonatação sofrida em condições de um ambiente
com elevada concentração de . Para efeitos de modelação experimental, só faz sentido
somar valores de frente de carbonatação quando esta ocorra em condições idênticas. É claro
que esta soma pode sempre fazer-se para determinar a profundidade de carbonatação total,
mas nunca esquecendo o facto que resulta de duas parcelas determinadas em condições
distintas. Nos casos em que a parcela é desprezável, a Eq. 18 toma a sua forma mais
difundida, apresentada pela equação Eq. 16.
A equação Eq. 16 é bastante simples na sua forma. A tarefa mais complicada consiste em
determinar o valor de . Este parâmetro assume-se como um “coeficiente de durabilidade” do
betão que engloba todas as variáveis dependentes do próprio betão e da agressividade
ambiental. Existe bastante bibliografia apresentando valores de tabelados e certos autores
propõem a aplicação de factores correctivos para este coeficiente (LAGERBLAD 2005) de
modo a entrar em conta com aspectos como o tipo de cimento, classe de exposição e sistemas
de protecção aplicados.
Na generalidade dos modelos de previsão de carbonatação encontrados, o valor de depende
essencialmente de 3 variantes principais:
Quantidade de substâncias do betão passíveis de sofrerem carbonatação, ou
alternativamente, a quantidade de necessária para que isso ocorra;
Diferença de concentrações de no exterior e na frente de carbonatação;
Coeficiente de difusão de através do betão (fortemente dependente da humidade).
A dependência nestes modelos, da diferença de concentrações de e não directamente dos
seus valores, abre a possibilidade de se usarem concentrações elevadas deste gás,
acelerando a carbonatação, ainda assim mantendo-se a validade dos modelos.
4.2. Ensaios acelerados
Através dos dados de experiências realizadas em laboratório é possível, teoricamente, obter
informações relevantes a respeito do desempenho dos materiais quando submetidos às
condições de utilização. Contudo, existe dificuldade em simular todas as variáveis que influem
num determinado processo natural, principalmente em função da grande quantidade de
26
factores intervenientes em cada um desses processos. O ajuste das intensidades dos agentes
necessários para provocar a aceleração dos danos pode vir a distorcer os resultados obtidos.
Apesar disso, em função do crescente desenvolvimento observado ao nível dos ensaios que
têm vindo a ser propostos pelo meio técnico-científico, é possível que os resultados dos
mesmos possam ser utilizados mais efectivamente nas actividades de projecto e construção de
estruturas de betão (ANDRADE 2001).
Uma forma de avaliar o coeficiente de carbonatação da Eq. 16 consiste em realizar ensaios
de carbonatação acelerada. Neste tipo de ensaios são preparados provetes de betão e
posteriormente colocados dentro de uma câmara de carbonatação acelerada, com condições
de temperatura, humidade e teor de controladas (Figura 23). As concentrações de
dentro da câmara são muito superiores às encontradas num ambiente exterior comum ( e.g.
5% e 0,03% de , respectivamente). Mantidos constantes os restantes parâmetros (HR e
temperatura) obtém-se valores de profundidade de carbonatação em laboratório bastante
superiores aos que seriam medidos no exterior.
Figura 23. Esquema simplificado de uma câmara de carbonatação acelerada3 (adapatado de Sullivan-
Green, 2005).
Conhecidos os valores de em exposição acelerada ( ) e em exposição natural ( ) é
possível determinar o quociente entre os dois e, assim num espaço de tempo reduzido em
laboratório, prever qual será o comportamento em ambiente natural. Apliquemos este raciocínio
à determinação da profundidade de carbonatação.
Sendo que , temos então que4:
Eq. 19
– profundidade de carbonatação em condições de carbonatação acelerada
- tempo até se atingir uma profundidade de carbonatação
- coeficiente de carbonatação em condições aceleradas
3 A ventoinha permite uma concentração uniforme de dentro da câmara
4 Os parâmetros afectados pelo índice n dizem respeito às condições em ambiente natural e os afectados
pelo índice a às condições de carbonatação acelerada.
27
Eq. 20
– profundidade de carbonatação em condições de exposição real
- tempo até se atingir uma profundidade de carbonatação
- coeficiente de carbonatação em condições reais
A partir da Eq. 19, conhecendo a relação , para um mesmo valor de penetração (
), pode determinar-se a relação entre a duração do ensaio e o correspondente tempo em
ambiente real (Eq. 21).
Eq. 21
De acordo com as pesquisas realizadas por alguns autores e sob diferentes condições de HR,
% de e temperatura, foram obtidos os seguintes resultados apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Valores de determinados experimentalmente.
Autor Exposição acelerada Exposição natural
Ceukelaire;
Nieuwenburg (1992) 7,44
23ºC, 50%HR,
4±0,5%
23ºC, 50%HR,
0,03%
Ho; Lewis (1988a) 7,44 20ºC, 40%HR,
10%
20ºC, 40%HR,
0,03%
Bentur; Jaegermann
(1992) 7,5
30ºC, 50%HR,
5%
20ºC, 54%HR,
0,03%
Mais tarde no mesmo ano, Ho e Lewis (1987b) apresentaram uma relação conservativa entre o
valor de e .
Eq. 22
- coeficiente de carbonatação em condições aceleradas
– coeficiente relacionado com a diferença de concentrações de
– coeficiente de condições ambientais
28
O valor de traduz a diferença de concentrações de entre o laboratório e o exterior. O
valor de procura traduzir o efeito das condições ambientais entre o laboratório e o exterior
(e.g. inclinação da superfície de betão). Para as condições de 23ºC, 50%HR e 4% , pode
tomar o valor de 7,2 e pode assumir conservativamente o valor de 1,4. Este procedimento
conduz a valores de consideravelmente superiores ( ), mas tal
como foi dito, trata-se de uma abordagem conservativa. Note-se que existem diferenças entre a
carbonatação natural e a acelerada. Uma das consequências da carbonatação é a precipitação
de cristais de calcite que originam a densificação do betão. Em atmosferas muito ricas em
como é o caso dos ensaios acelerados, isto pode conduzir a resultados falsos, dado que a
difusão de iões carbonato será maior, mas a precipitação continua a ocorrer com em condições
normais, sendo que a porosidade será diferente.
Pequenas variações de humidade exterior correspondem a pequenas variações de humidade
interior, o que se traduz em alterações lentas e progressivas do grau de carbonatação. Em
estágios iniciais de ensaios acelerados, pode formar-se um “lençol de água” próximo da frente
de carbonatação, uma vez que a água não tem tempo de se libertar. Esta diferença entre perfis
de humidade para condições aceleradas e reais, foi observada experimentalmente (THIERY,
2005) e através de simulação numérica (MEIER et al., 2005) (Figura 24).
Figura 24. Previsão numérica de perfis de teor de humidade em ensaios acelerados e em condições de
exposição natural (à esquerda: ensaio acelerado com =50%, HR=65% (PAPADAKIS et al., 1989); à
direita: exposição natural com =0,03%, HR=78% (WIERING, 1984).
Isto conduz a que, em ensaios acelerados, o teor de água no betão seja consideravelmente
mais elevado do que a HR exterior pelo que a carbonatação tem o seu valor mais elevado para
menores HR exteriores. Esta evidência foi experimentalmente comprovada por Saeki et al.
(1971) que, obteve para um teor de 7% de , o ponto máximo de carbonatação para
HR 30%. Estudos de simulação numérica revelaram dados semelhantes (Figura 25) (THIERY,
2005).
29
Figura 25 Relação entre HR exterior e profundidade de carbonatação após 14 dias de carbonatação
acelerada (THIERY, 2005).
Tudo o que aqui foi dito anteriormente diz respeito a sistemas não protegidos. No entanto estes
procedimentos também são válidos para testar amostras protegidas com tintas, argamassas
especiais ou outros. Desta forma é possível averiguar a eficiência desses mesmos sistemas de
protecção, quer comparando-os entre si, quer comparando-os com a situação do betão
desprotegido.
30
5. Sistemas de protecção do betão face à carbonatação
Os sistemas de protecção do betão podem ter uma função preventiva, aumentando o período
de iniciação da corrosão, ou uma função correctiva, limitando a difusão do agente agressivo e
assim, diminuindo a taxa de corrosão.
O betão pode ser protegido contra a carbonatação, quer por revestimentos protectores como
tintas de emulsão de alta qualidade ou argamassas cimentícias modificadas com polímeros. A
velocidade de carbonatação também pode ser diminuída pela incorporação no betão fresco de
polímeros termoplásticos, formando uma película adequada para o efeito . Os do primeiro tipo
são designados por sistemas superficiais de protecção e podem ser aplicados em estruturas
novas como prevenção de corrosão das armaduras, ou em estruturas já existentes, nas quais o
betão de recobrimento não assegura a resistência às condições ambientais de exposição.
Poderão também ser usados no reforço e regularização de áreas reparadas ou em condições
de serviço de agressividade elevada, como é o caso de estruturas em contacto com produtos
químicos.
As condições ambientais e de serviço a que a estrutura está sujeita, determinam o nível de
desempenho a exigir aos sistemas de protecção. Existe actualmente uma grande variedade de
produtos disponíveis no mercado, com diferentes composições e características de protecção.
Desta forma, torna-se essencial compreender que tão importante é a escolha do produto como
a sua adequação às condições em que será empregue.
O principal agente responsável pela carbonatação do betão é como já visto, o dióxido de
carbono, desempenhando a humidade também um papel muito importante. É a estes dois
níveis que os sistemas de protecção devem actuar, impedindo e/ou dificultando o seu ingresso
em profundidade. Os revestimentos superficiais são eficazes como barreira a longo prazo ao
. No entanto a maneira mais eficiente de prevenir a carbonatação adicional é a aplicação de
uma camada superficial que absorva o , por exemplo, uma argamassa cimentícia
modificada com polímeros. Quer por razões estéticas ou por requererem uma determinada
espessura para funcionar, estes sistemas são por vezes substituídos por revestimentos
delgados, como tintas (Figura 26).
31
Figura 26. Sistemas de protecção a) à base de argamassa e b) com revestimento de tinta (ENGELFRIED,
2000).
5.1. Revestimentos
5.1.1. Classificação
Por vezes os produtos são identificados apenas pela sua designação genérica. No entanto, tal
não basta para definir as suas propriedades ou nível de protecção conferido. O seu
agrupamento segundo um determinado critério será extremamente útil para fins de selecção e
comparação de características. Existem vários sistemas de classificação com base no tipo de
acção de protecção, tipo de solvente, mecanismo de cura e composição química. Outras
publicações classificam os sistemas com base na finalidade de utilização (German Committee
on Reinforcement Concrete, 1990; prEN 1504-2, 1995). A norma europeira prEN 1504-2
classifica os sistemas de protecção superficiais em três tipos: impregnação hidrofóbica,
impregnação e revestimento de superfície (Figura 27). Os sistemas de impregnação tratam-se
de produtos de baixa viscosidade que penetram através dos poros do betão, revestindo-os
interiormente ou bloqueando-os. Os produtos de revestimento depois de aplicados formam
uma película de espessura variável, aderente à superfície e que funciona como uma barreira
física à penetração de agentes agressivos.
– Impregnação hidrofóbica
A impregnação hidrofóbica reage com o substrato e produz uma película de natureza hidrófoba
que reveste interiormente os capilares e, por isso, repele qualquer solução aquosa. Ao
restringir o acesso da água impede-se também o acesso dos cloretos. No entanto os poros
continuam permeáveis ao e ao vapor de água, não impedindo a carbonatação. Os
produtos no mercado são geralmente baseados em silanos e siloxanos, que após reacção com
o cimento originam o silicone, que funciona como repelente da água.
32
– Impregnação
Este tipo de impregnação funciona bloqueando os capilares, podendo ou não reagir com o
substrato. Este tipo de sistema pode formar uma película se a aplicação for suficiente e assim
permite desenvolver alguma resistência ao ingresso de líquidos sob um gradiente de pressão.
Este tipo de produtos restringe também aprecialvelmente a passagem de gases. A sua acção
por si só não é geralmente suficiente, pelo que são frequentemente usados como primários
para a aplicação de outro revestimento de superfície. Os compostos à base de silicatos (e.g.
silicato de sódio, fluorosilicatos) reagem com o substrato formando cristais que se depositam
nos poros. Os produtos à base de resinas sintéticas (e.g. epoxídicas, acrílicas) endurecem por
reacção química no interior dos poros e capilares, bloqueando-os.
– Revestimento da superfície
Os revestimentos de superfície (“coatings”) consistem num filme contínuo e aderente aplicado
na superfície do betão. Normalmente aplicados em duas ou mais demãos, agrupam-se em
revestimentos por pintura, revestimentos espessos e membranas. Os revestimento por pintura
podem atingir espessuras até 1 mm e oferecem diferentes graus de protecção, dependendo do
tipo de ligante (poliuretanos, borracha clorada, acrílicos, vinílicos, etc). Os revestimentos
espessos, também designados revestimentos de ligantes minerais com aditivos, são
semelhantes aos anteriores, diferindo na espessura de película obtida. São formulados com
elevado teor de cargas inertes, o que lhes confere boa resistência à radiação ultravioleta. As
membranas são produtos de base polimérica , betuminosa ou cimentícia, de alta espessura (3
mm) usados em condições de serviço severas. São resistentes a elevadas pressões
hidrostáticas e a químicos agressivos.
Figura 27. Impregnação hidrofóbica (esq.), impregnação (centro) e revestimento superficial (dir.). (prEN
1504-2).
Produtos com acção intermédia, penetrando nos poros e formando uma película superficial,
designam-se por selantes. São à base de resinas sintéticas (e.g. epóxi, poliuretano, acrílico) e
apresentam boas caracteríticas de aderência, pelo que por vezes, são usados como primário
para revestimentos de acabamento.
Em relação ao tipo de solvente, os produtos podem ser de base aquosa, de solvente orgânico
ou ainda sem solvente (e.g. silicone, silano, siloxano, resinas epoxídicas). Quanto ao
mecanismo de secagem, a cura pode dar-se através de reacção com o substrato, com a
33
humidade ambiente, por oxidação, evaporação do próprio solvente ou reacção química entre
constituintes (e.g. sistemas epoxídicos ou poliuretanos de dois componentes).
O critério de classificação em função da família química do consitituinte principal, pode levar a
uma interpretação incorrecta do tipo de película, já que as suas características de protecção
dependem de muitos factores para além do consituinte principal. Uma classificação em função
da finalidade de utilização permite mais facilmente determinar o tipo de material a utilizar, bem
como os métodos de ensaio para avaliação das suas propriedades. A comissão europeia de
normalização optou por uma classificação deste género (Tabela 2):
Tabela 2. Finalidade de utilização dos sistemas superficiais. (prEN 1504-2/9).
Finalidade de
utilização Tipos de utilização
Mecanismo de
actuação
Protecção contra
penetração
Impregnação hidrófoba por revestimento interior dos poros
Impregnação com bloqueamento total ou parcial dos poros
Revestimentos delgados (até 1 mm)
Evitar a penetração de
agentes agressivos como a
água, outros líquidos, vapor,
gases, produtos químicos.
Controlo de humidade
Impregnação hidrófoba por revestimento interior dos poros
Revestimentos delgados ( até 1 mm)
Ajustar e manter o teor de
humidade no betão, dentro de
uma gama especificada
Resistência física/
melhoria superficial
Impregnação com bloqueamento total ou parcial dos poros
Revestimentos espessos (1-5 mm)
Aumentar a resistência a
agressões físicas ou
mecânicas
Resistência química
Revestimentos espessos (1-5 mm)
Impregnação com bloqueamento total ou parcial dos poros
Aumentar a resistência a
ataque químico
Aumento da
resistividade
Impregnação hidrófoba por revestimento interior dos poros
Revestimentos delgados ( até 1 mm)
Limitação do teor de
humidade
Controlo catódico Revestimentos delgados ( até 1 mm) Limitação do teor de oxigénio
no cátodo
Um sistema de protecção face à carbonatação estaria enquadrado na primeira e segunda
classificação da tabela – Protecção contra penetração e Controlo de humidade.
Numa pesquisa realizada sobre o tipo de revestimentos disponíveis no mercado com
caracterísitcas anticarbonatação, constatou-se que todos eram à base de resinas acrílicas em
solventes e água. Algumas tintas apresentavam também o elemento siloxano. O Siloxano é um
material de baixo peso molecular, à base de água, capaz de passar por uma série de reações
34
químicas, desencadeando um fortíssimo efeito hidro-repelente através dos vazios e capilares
do betão. As tintas à base de resinas acrílicas possuem um elevado coeficiente de resistência
à difusão de diminuindo assim a progressão da carbonatação. No entanto, a difusão do
vapor de águra não é afectada, permitindo que o betão subjacente “respire” e ao mesmo tempo
evita os efeitos negativos da humidade dinâmica5.
5.1.2. Selecção
A selecção de qualquer sistema de protecção face à carbonatação deve respeitar o seguinte
esquema da Figura 28.
Figura 28. Processo de selecção de um sistema de protecção.
A definição dos requisitos funcionais a exigir ao sistema de protecção deverá primeiramente
cumprir os objecivos pretendidos. Outros factores, como o aspecto estético ou a melhoria da
resistência física da superfície, também podem influenciar na definição dos requisitos. A sua
avaliação é feita através de ensaios laboratoriais apropriados, cujos resultados permitem
efectuar uma comparação objectiva entre os vários produtos disponíveis no mercado.
Ocasionalmente, pode acontecer um único produto, dos disponíveis no mercados, não
corresponder à totalidade dos requisitos funcionais. Assim sendo, o tratamento superficial pode
ser conseguido com a aplicação de vários produtos. Por exemplo, antes da aplicação de uma
pintura anticarbonatação, pode aplicar-se um agente de impregnação hidrófoba, para diminuir o
teor de humidade do betão. O aspecto da humidade tem de ser cuidadosamente avaliado já
que, a par das condições do meio envolvente, alterações na humidade interna do betão,
nomeadamente por aplicação de revestimentos, podem conduzir a um aumento da
carbonatação (Figura 13). Sempre que possível, a tinta deve possuir alguma elasticidade que
acomode eventuais fissuras do substrato.
5 Este efeito é mais frequente em pavimentos, nos quais a humidade ascendente pode provocar o
empolamento do revestimento
Estado actual da estrutura
Estado pretendido
Objectivo das medidas
a tomar
•Protecção contra o CO2
•Controlo de humidade
Requisitos funcionais
Selecção do sistema de protecção
•Ensaios laboratoriais
•Assistência técnica
•Custo
•Características de aplicação
•Durabilidade
35
5.2. Recobrimento
O primeiro sistema de protecção do betão armado face à carbonatação é o próprio betão. Uma
das suas grandes vantagens é que, por natureza, e desde que bem executado, pode proteger
a armadura contra a corrosão. Essa protecção baseia-se no impedimento da formação de
células electroquímicas. Um bom recobrimento das armaduras, com um betão de alta
compacidade, sem segregação, com teor de argamassa adequado e homogéneo, garante, por
impermeabilidade, a protecção do aço ao ataque de agentes agressivos externos,
nomeadamente o .
Em ambiente altamente alcalino, forma-se na superfície do aço uma capa ou película
protectora de carácter passivo. O carácter alcalino do betão advém das reacções de hidratação
dos silicatos de cálcio libertam hidróxido de cálcio ( ) em teores que podem atingir
cerca de 120kg/m3 de betão. O é uma base forte e ao dissolver-se na água, preenche
os poros e capilares do betão conferindo-lhe um carácter alcalino (pH na ordem de 13) e
proporcionando uma passivação do aço. Pode-se adoptar como referência, que a armadura
estará normalmente passiva quando em meios alcalinos que apresentem pH de 10,5 a 13.
O betão de recobrimento, ao desempenhar as funções anteriores, constitui-se como primeira
barreira à penetração de e, portanto deve ser da melhor qualidade possível. A qualidade
do recobrimento é função da composição, compactação e cura do betão. Sabe-se que a
qualidade do betão de recobrimento é geralmente inferior ao do núcleo da peça betonada.
Durante a colocação e vibração do betão, é frequente ocorrer exsudação da água de
amassadura e segregação dos inertes junto à superfície da cofragem. Durante o período de
serviço da estrutura, o recobrimento também se encontra sujeito a maiores cargas que o
núcleo, podendo ocorrer fissuração, o que compromete ainda mais a sua qualidade. No que diz
respeito à carbonatação, recomenda-se em função da agressividade ambiental em termos de
corrosão induzida por carbonatação, a adopção de classes de resistência do betão e de
espessuras de recobrimento adequadas (EN 1992-1-1, LNEC 464). A espessura de
recobrimento tem um efeito directo na durabilidade da estrutura. Maiores recobrimentos
permitem que se atinja um período de vida útil maior (Figura 29). Isto vem de encontro à
própria Eq. 16 em que para um maior período ( ) é necessária uma maior espessura de
recobrimento ( ). Por vezes as alterações físicas, causadas pela carbonatação da camada
de recobrimento, podem conduzir à chamada “retracção por carbonatação”. Este fenómeno
conduz a um aumento de tensões no recobrimento e aumenta a tendência para fissurar.
36
Figura 29. Efeito da espessura de recobrimento (Concrete Society, 1996)
Uma maneira simples de determinar o período de iniciação da corrosão da armadura por acção
da carbonatação (t0) consiste em, conhecido o valor de K e o de recobrimento (c), determinar o
valor de tempo necessário para a carbonatação da camada de recobrimento.
Eq. 23
Helene (1997) propõe a adopção de ábacos com base na Eq. 16 para a determinação de
recobrimentos de armaduras de estruturas expostas à carbonatação em função da vida útil de
projecto desejada (Figura 30). Andrade e Alonso (2004) apresentam uma representação dupla
logarítmica de versus . Os valores de surgem representados em linhas de pendente
0,5 (Figura 31). A título de exemplo, pode comprovar-se através do gráfico da Figura 31 que
para períodos de iniciação, por exemplo, de 50 anos e espessuras de recobrimento de 25 mm,
o coeficiente resulta em 3,53 . Portanto quanto maior o valor de mais
rapidamente se fazem sentir os efeitos do agente agressivo.
37
Figura 30. Ábaco para obtenção da espessura de
recobrimento com relação à carbonatação em função do
tipo de betão e da vida útil de projecto desejada (HELENE
1997).
Figura 31. Representação dupla logarítmica
da equação em função de
(Andrade e Alonso, 2004).
Por vezes são aplicados polimentos na superfície de exposição o que causa uma densificação
localizada do recobrimento, contribuindo para diminuir a difusão de . Outra maneira de
aumentar a eficiência do recobrimento é aumentar a sua espessura e/ou substituí-lo, se
possível com argamassas de reparação específicas para o efeito.
5.2.1. Argamassas de reparação
As argamassas de reparação à base de cimento têm sido estudadas, nomeadamente sobre
efeito da adição de polímeros na redução da carbonatação. Estas argamassas normalmente
consistem numa pasta de cimento portland e fillers, com dispersão de aditivos. A dispersão
baseia-se em resinas flexíveis com o racio r/c6 geralmente acima de 0,15. Tais argamassas
foram inicialmente desenvolvidas como sistemas de selamento de fissuras, com uma
permeailidade ao vapor de água semelhantes à do betão (ADLER 1994). Devido ao elevado
teor de polímeros, a permeabilidade ao é muito baixa e assim estes produtos podem
revelar-se barreiras efectivas à carbonatação do betão. Segundo um estudo realizado por
ADLER (1994) a formação da película de polímeros no betão assume-se da seguinte forma: os
polímeros são adicionados à água de amassadura. Na argamassa há sítios onde a água se
acumula. Quando o gel do cimento se forma, parte da água é usada na hidratação do cimento
e outra parte evapora-se ou é absorvida pelo substrato, formando-se assim uma película
contínua de partículas de resina (Figura 32). Um dos polímeros usados neste tipo de
dispersões é álcool polivinílico, também usado na indústria de embalagens como barreira à
difusão de oxigénio e dióxido de carbono.
6 r/c – razão entre quantidade de resina e cimento.
38
Figura 32. Formação da película polimérica durante a coloção e cura da argamassa (ADLER, 1994)
Um efeito que se encontra pouco documentado é a migração de substâncias alcalinas do
núcleo do betão para a superfície, o que pode resultar em alterações do coeficiente de
carbonatação ao longo do tempo.
5.2.2. Metodologia prescritiva
Alternativamente à estimativa das propriedades de desempenho do recobrimento, pode
adoptar-se uma metodologia prescritiva em que se aplica uma determinada espessura e
determinado betão em função da classe ambiental a que estará sujeito. Segundo o Eurocódigo
2 (EN 1992-1-1) o recobrimento nominal a adoptar deve ser:
Cnom = Cmin + Δ Cdev Eq. 24
Cnom – recobrimento nominal
Cmin – recobrimento mínimo
ΔCdev – tolerância de execução com o valor de 10 mm segundo a NP ENV 13670-1
Partículas dispersas de
polímeros
Areia de sílica
Água
Grãos de cimento
Grãos de cimento parcialmente
hidratados
Grãos de cimento hidratados
Película polimérica
Película polimérica
Vazios
39
Em que o recobrimento mínimo é, Cmin ,dado por:
Cmin = máx {Cmin,b; Cmin,dur + Δ Cdur,γ - Δ Cdur,st – Δ Cdur,add; 10mm} Eq. 25
Cmin,b – recobrimento mínimo para garantir a aderência
Cmin,dur – recobrimento mínimo relativo às condições ambientais
Δ Cdur,γ – margem de segurança adicional
Δ Cdur,st – redução do recobrimento no caso de utilização de aço inox
Δ Cdur,add – redução do recobrimento no caso de utilização de protecções adicionais
Os valores de Cmin,dur são os estipulados no Anexo B da norma LNEC E464 apresentados nas
tabelas 3 e 4 do Anexo A. A EN 1992-1-1 recomenda ainda certos ajustes na classe estrutural
do betão a utilizar, de acordo com a classe de exposição (Anexo A, Tabela 5).
5.3. Definição e avaliação de propriedades
A avaliação de qualquer sistema de protecção face à carbonatação tem por fim a identificação
das suas características de aplicação, desempenho e avaliação da sua adequabilidade tendo
em vista as condições de durabilidade. Antes da sua aplicação em obra, é importante verificar
se o produto está de acordo com as indicações apresentadas na ficha técnica ou caderno de
encargos. Normalmente o controlo de qualidade é feito com base em ensaios laboratoriais. No
caso da corrosão induzida pela carbonatação o Manual REHABCON7 recomenda, consoante o
estado de degradação do betão, a determinação de determinadas propriedades e
correspondentes ensaios laboratoriais (Tabela 3). Ensaios similares são recomendados em
prEN 1504-2.
7 O projecto REHABCON foi desenvolvido em conjunto por 12 empresas e Institutos de pesquisa da
Suécia, Inglaterra e Espanha. O objectivo deste documento foi desenvolver um manual de reparação e manutenção para estruturas de betão.
40
Tabela 3. Corrosão induzida pela carbonatação (adaptado de REHABCON Anexo N, 2000)
Causa Tipo Método Parâmetros necessários [ensaios]
Material de reparação Betão antigo
Corrosão
induzida por
carbonatação
Fissuração
Corrosão
Substitução de
recobrimento Difusão de [1]
Humidade
Difusão [6]
Capilaridade [7]
Retenção [8]
Adição de
recobrimento
modificado
com polímeros
Difusão de [1]
Durabilidade do recobrimento
pH elevado [2]
UV [3]
Congelamento [4]
Químicos [5]
Transporte de humidade [6-7]
Sem
fissuração
Corrosão
Substitução de
recobrimento Difusão de [1]
Adição de
novo
recobrimento
Difusão de [1]
Humidade
Difusão [6]
Capilaridade [7]
Retenção [8]
Difusão de [1]
Profundidade de
carbonatação [9]
Humidade
Difusão [6]
Capilaridade [7]
Retenção [8]
Revestimento
polimérico
Difusão de [1]
Durabilidade do recobrimento
[2-5]
Transporte de humidade [6-7]
Sem
fissuração
Sem
corrosão
Adição de
novo
recobrimento
Difusão de [1]
Humidade [6-8]
Revestimento
polimérico
Difusão de [1]
Durabilidade do recobrimento
[2-5]
Transporte de humidade [6-7]
[1] NT BUILD 357 – Esta norma apresenta um método de determinação de resistência à carbonatação
semelhante ao apresentado na especificação do LNEC E 391. A determinação da resistência à difusão de
encontra-se descrita na europeia pr EN 1602-6 e na Especificação normativa TL/TP OS-ZTV-SIB 90.
[2] NT BUILD 161 - Método de envelhecimento acelerado de polímeros em ambiente alcalino
[3] Método ainda não definido
[4] SS13 72 44 – Este documento especifica um método de avaliação de resistência aos ciclos de
gelo/degelo. A norma NT BUILD 364 apresenta um método semelhante.
[5] NT BUILD 363 - Este teste determina a resistência aos ácidos de tintas orgânicas aquosas e com
solvente em superfícies de betão.
41
[6] HEDENBLAD (1996) - Método de avaliação da difusão de humidade em função da HR
[7] NT BUILD 368 – Ensaio para determinação da absorção por capilaridade de argamassas de reparação
ou películas de protecção
[8] NT BUILD 481 – Determinação da curva de retenção e de distribuição de dimensões dos poros para
materiais porosos
[9] Pode ser usado o método descrito em [1]
Um parâmetro transversal a todas estas avaliações é a resistência à penetração do . Esta
propriedade pode ser avaliada por dois métodos: carbonatação acelerada e célula de difusão.
O método da carbonatação acelerada, descrito em 4.2, consiste em expor num ambiente
enriquecido em , durante um determinado tempo, provetes de betão protegidos e não
protegidos, medindo depois a carbonatação. Desta forma, é possível comparar a eficácia de
diferentes tipos de protecção e avaliar o seu benefício em relação a uma situação de total
desprotecção. Na Figura 33 pode-se observar o efeito da aplicação de alguns revestimentos
superficiais, no final do período de ensaio.
Figura 33. Profundidade de carbonatação de provetes pintados e não pintados. (Rodrigues 1996)
O método da célula de difusão (Figura 34), descrito na norma europeia pr EN 1602-6 e na
Especificação normativa TL/TP OS-ZTV-SIB 90, permite determinar o coeficiente de difusão do
através de determinada espessura de material, por aplicação da 1ª lei de Fick. Este
coeficiente permite calcular a espessura de uma camada de ar ( ) com a mesma resistência à
difusão de que a camada de revestimento ( ).
Resistência à difusão = Coeficiente de difusão x Espessura
(da peça) (do material)
Eq. 26
42
Esta relação é geralmente apresentada na bibliografia nas seguintes formas equivalentes:
Eq. 27
Eq. 28
- resistência à difusão de
- coeficiente de difusão de
- coeficiente de difusão de no ar ( )
- coeficiente de difusão de no material de revestimento ( )
– espessura do revestimento
Um revestimento para betão será suficientemente bom para protecção contra a carbonatação
se (KLOPFER 1978). Para materiais com este valor superior a 1.000.000 é
possível conseguir barreiras eficazes não só contra o , mas também contra agentes mais
perigosos, como é o caso do (dióxido de enxofre), presente em zonas de forte
industrialização. Na prática corrente admite-se o valor limite de , o que corresponde a
uma ordem de grandeza cinco vezes superior a 25 mm de betão de qualidade média
(STANFIELD 1989). A resistência à carbonatação ( ) pode ser medida por um ensaio como o
preconizado na especificação LNEC E 391 e relaciona-se com o coeficiente de difusão através
da Eq. 29. Este procedimento encontra-se descrito mais em pormenor no modelo introduzido
no Anexo B, presente em LNEC E 465.
Eq. 29
- resistência à difusão de
– quantidade de que provoca a carbonatação do betão
- coeficiente de difusão de no betão ( )
Figura 34. Método da célula de difusão (I. T. n.º5 SIKA, 1994).
43
A permeabilidade ao vapor de água pode ser determinada com um ensaio semelhante ao da
difusão de . O resultado pode ser também expresso em termos da camada de ar de difusão
equivalente. O valor a exigir para permeabilidade ao vapor de água do sistema de protecção
depende do objectivo pretendido com a sua utilização. No caso de se pretender uma redução
acentuada da permeabilidade ao mas mantendo a possibilidade de se estabelecer um
equilíbrio hídrico entre o betão e o meio ambiente aceita-se em geral, a nível da Europa, o valor
proposto pelo Prof. Klopfer da Universidade de Dortmund (KLOPFER 1978) - . O valor
proposto pelo CEN no documento prEN 1504-2 é próximo deste ( ).
Para além das características do próprio sistema de protecção, são essenciais as propriedades
da interface betão/revestimento. Factores como o grau adesão após aplicação e a sua
manutenção ao longo do período de vida útil podem e devem ser testados previamente, se
possível em condições o mais próximo possível das encontradas em obra.
5.4. Durabilidade
A durabilidade de uma estrutura de betão armado depende da interacção entre material (betão
e aço) e ambiente envolvente que conduz à deterioração do betão e corrosão das armaduras.
Ainda que do ponto de vista exclusivamente do betão, a carbonatação tenha um efeito benéfico
com a diminuição da porosidade, aumentando a resistência ao ataque do , a diminuição de
pH que acompanha este fenómeno possibilita o início da corrosão do aço de reforço. A
aplicação de sistemas de protecção face à carbonatação do betão, apesar do seu efeito
benéfico, torna mais complexa a modelação do período de vida útil da estrutura. Este assunto
tem sido objecto de intensa discussão desde há vários anos, ainda não existindo um consenso.
Uma projecção rigorosa da vida útil é fundamental para a elaboração de orçamentos reais para
obras novas, assim como de programas de manutenção adequados e realistas (DUARTE
2006). A escolha dos sistemas de protecção está directamente ligada com este período. Um
dado primordial em todo este processo é a caracterização da envolvente à estrutura. A
abordagem clássica tem sido definir “classes de exposição ambiental” referentes a cada tipo de
ambiente, englobando os vários agentes agressivos e o seu grau de agressividade, e a partir
daí definir requisitos, em termos de durabilidade tais como recobrimento de armaduras, classes
de betão ou máxima relação a/c, que conduzam a um betão suficientemente impermeável.
Estas classes de exposição encontram-se definidas na especificação do LNEC E464 e no
Eurocódigo EN 1992-1-1. Relativamente à corrosão induzida por carbonatação, são definidas
quatro classes de exposição (Anexo A – Tabela 1).
5.4.1. Estruturas afectadas pela corrosão
Os sistemas de protecção e reparação do betão carbonatado devem manter as suas
propriedades durante o maior tempo possível. A sua durabilidade depende das características,
quer do substrato, quer do próprio material de reparação e ainda da agressividade do meio. A
44
interacção, em termos físicos e químicos, entre o betão e material de reparação é muito
complexa e por isso, de difícil expressão em termos quantitativos. No entanto, tanto quanto
possível, deve ser esta a abordagem adoptada.
Um método comum para reparação de estruturas que apresentem sinais de corrosão, é a
substituição do recobrimento carbonatado por novo recobrimento. O novo recobrimento
normalmente consiste em argamassas de base cimentícia ou polimérica, especialmente
preparadas para resistir à carbonatação. Esta opção prolonga significativamente o período de
serviço, dado que a corrosão pode ser efectivamente interrompida até certo grau de
carbonatação do novo recobrimento. As argamassas de base polimérica são
consideravelmente mais impermeáveis ao que as de cimento. Nestas últimas, a
profundidade de carbonatação pode ser determinada com base na Eq. 16. Admitindo que
quando a profundidade de carbonatação atinge todo o recobrimento se atinge o tempo
limite de serviço, tem-se que:
Eq. 30
– espessura de recobrimento
– coeficiente de carbonatação do betão de recobrimento
- tempo de serviço previsto da estrutura
O coeficiente , semelhante ao ao coeficiente apresentado na Eq. 16, é uma propriedade
característica do material de reparação e representa uma medida da difusão efectiva do .
Este coeficiente é idêntico ao apresentado na Eq. 28.
Outra possibilidade é a aplicação de um revestimento superficial, normalmente tintas, ou
simplesmente adição de novo recobrimento (Figura 35). Estas camadas, apesar de dificultarem
a difusão de , não impedem totalmente a progressão da corrosão. A velocidade de
corrosão pode sim ser diminuída se o revestimento reduzir a humidade interior. Este sistema é.
portanto adequado, quando a profundidade de corrosão não é elevada a ponto de pôr em
causa a estabilidade estrutural. Existe a hipótese teórica, ainda não suficientemente
comprovada experimentalmente, de a aplicação de uma argamassa cimentícia actuar também
como protecção fornecendo iões alcalinos ao betão antigo. Refira-se que qualquer tipo de
fissuração ou defeitos nos revestimentos pode comprometer a durabilidade da protecção
conferida e inevitavelmente o tempo de vida útil da estrutura.
45
Figura 35. Sistemas de reparação. A: Revestimento superficial. B: Adição de recobrimento. C:
Substituição de recobrimento. (adaptado de REHABCON Anexo N, 2000).
Outras possibilidades para impedir a corrosão das armaduras, ainda que não directamente
relacionadas com a carbonatação do betão, são a realcalinização da camada carbonatada por
via electroquímica e a protecção catódica.
5.4.2. Estruturas não afectadas pela corrosão
Em estruturas nas quais a corrosão não se tenha iniciado, um material de protecção colocado
na superfície do betão pode aumentar substancialmente o tempo residual de incubação antes
da corrosão das armaduras. O material pode actuar diminuindo a difusão (revestimentos
superficiais) ou absorvendo o (argamassas cimentícias) como ilustra a Figura 36.
Figura 36. Sistemas de protecção. A: Revestimento superficial. B: argamassa à base de cimento.
(adaptado de REHABCON Anexo N, 2000)
O efeito de um revestimento superficial no tempo de vida útil com respeito à carbonatação,
segundo o manual REHABCON (2000), pode ser estimado pela equação 31:
46
Eq. 31
- tempo de vida útil do betão não protegido
- tempo de vida útil da estrutura reparada
- coeficiente de difusão de do betão carbonatado ( )
- espessura do revestimento
- coeficiente de difusão de do revestimento ( )
- recobrimento de betão
– fracção de recobrimento carbonatado aquando da reparação
O segundo termo do lado direito da equação descreve o efeito da protecção aplicada. A vida
útil residual do betão não protegido ( ) pode ser obtida por:
= Eq. 32
– idade da estrutura quando é aplicado o revestimento
A Eq. 31 está ilustrada na Figura 37 para um recobrimento de 25 mm. Os dados de difusão de
e de profundidade de carbonatação podem ser obtidos experimentalmente.
Figura 37. Representação da Eq. 31 para um recobrimento de 25 mm (REHABCON Anexo N, 2000).
Na equação 2 assume-se que a difusão do betão não é afectada após a aplicação do
revestimento. Poderão ocorrer algumas alterações, nomeadamente na humidade, alterando as
Profundidade de carbonatação na reparação
47
características de difusão da camada base de betão. Este efeito pode ser tido em conta pela
equação:
Eq. 33
- coeficiente de difusão de do betão antes da reparação ( )
- coeficiente de difusão de do betão após a reparação ( )
O valor de pode ser estimado a partir da profundidade de carbonatação, antes da aplicação
do revestimento.
Eq. 34
- profundidade de carbonatação quando é aplicado o revestimento
– idade da estrutura quando é aplicado o revestimento
- quantidade de material passível de carbonatar
– diferença de concentração de no exterior e interior do betão
Quando a protecção do betão antigo é feita pela adição de novo recobrimento, o tempo de vida
útil é calculado pela Eq. 30. A carbonatação da camada antiga só ocorrerá após a total
carbonatação do revestimento, mas desta vez a uma velocidade inferior a antes da reparação,
devido à maior espessura de recobrimento total.
5.4.3. Carbonatação após protecção
Antes da aplicação de qualquer sistema de protecção do betão face à carbonatação, quer se
trate de uma argamassa de reparação ou de um revestimento superficial, o betão original tem
uma determinada concentração de e perfil de iões carbonato (e.g. ) resultantes da
carbonatação. A concentração de vai diminuindo para o interior e a partir da frente de
carbonatação (xCO3), a presença de diminui bruscamente (Figura 38).
48
Figura 38 Perfil de e carbonatos antes de aplicação de qualquer protecção (REHABCON Anexo N,
2000).
Um método de protecção envolvendo a aplicação de uma argamassa ou película de
revestimento pode diminuir a difusão de , alterar a distribuição interior de humidade e desta
forma, aumentar a resistência à carbonatação através do aumento de material carbonatável. A
aplicação, na superfície do betão, de uma argamassa de reparação conduziria aos seguintes
perfis de carbonatos e (Figura 39):
Figura 39 Perfis de carbonatos e para aplicação de argamassa. A: imediatamente após aplicação. B:
Algum tempo após aplicação. C: Após total carbonatação da argamassa de reparação (adaptado de
REHABCON Anexo N, 2000).
A aplicação de um tratamento (e.g. impregnação) ou revestimento superficial (e.g. tinta acrílica)
conduziria a diagramas semelhantes aos apresentados anteriormente (Figura 40). A principal
diferença é que estes tipos de protecção não têm, em geral, capacidade de absorção de e
funcionam apenas como barreiras à difusão.
49
Figura 40 Perfis de carbonatos e para aplicação de revestimentos superficiais (adaptado de
REHABCON Anexo N, 2000)
5.5. Técnicas de reparação
As regras do uso de produtos e sistemas para protecção e reparação de estruturas de betão
armado deve ser estruturada a diferentes níveis de forma a que para cada situação, se possa
escolher o sistema mais indicado de correcção da anomalia. Segundo a norma EN 1504-9, as
seguintes opções devem ser tidas em conta aquando da escolha da acção a tomar:
a) Não realizar qualquer intervenção durante certo tempo
b) Re-análise da capacidade estrutural e possível redução das funções da mesma
c) Prevenção ou redução da deterioração sem melhorias na estrutura
d) Melhoramento ou renovação de partes da estrutura
e) Reconstrução de parte da estrutura e
f) Demolição das partes deterioradas
Esta mesma norma apresenta 11 diferentes princípios de protecção e reparação Tabela 4.
Estes princípios podem e devem ser usados em complementaridade sempre que se justifique.
50
Tabela 4. Princípios de reparação e protecção segundo EN 1504-9.
Princípio Princípio e definição
1 Protecção contra ingresso
Redução ou prevenção de ingresso de agentes agressivos (e.g. ).
2
Controlo de humidade
Ajustamento ou manutenção do teor de humidade do betão dentro de uma
gama específica de valores
3 Restituição do betão
Remoção e substituição de parte ou todo o betão carbonatado
4 Reforço estrutural
Aumento ou restituição da capacidade de carga de elementos da estrutura
5 Resistência física
Aumento da resistência a ataques físicos ou mecânicos
6 Resistência química
Aumento da resistência da estrutura a ataques químicos
7
Preservação ou reposição da passividade
Criação de condições químicas nas quais a superfície das armaduras se
mantenha num estado passivo
8 Aumento da resistividade
Aumento da resistividade eléctrica do betão
9
Controlo catódico
Criação de condições através das quais, potenciais áreas catódicas não
possam conduzir a reacções anódicas
10 Protecção catódica
11
Controlo de áreas anódicas
Criação de condições através das quais, potenciais áreas anódicas não possam
intervir no processo de corrosão.
No caso de corrosão induzida por carbonatação, poderiam ser aplicáveis os princípios 1, 2, 3, 7
e 8. Cada um destes princípios pode ser atingido recorrendo a diversos métodos. Muito
simplificadamente estes métodos podem-se resumir a três principais:
– Restituição do recobrimento
Uma das opções neste método é a remoção local de betão apenas nas zonas delaminadadas,
limpeza do betão e posterior aplicação de argamassa cimentícia. Casos os danos se revelem
mais extensos, pode proceder-se à remoção de todo o betão carbonatado, inclusive sob a
51
armadura e, se necessário, limpar e/ou proteger as armaduras (e.g. resina epoxídica) antes da
aplicação da nova argamassa (Figura 41). A reconstituição do betão pode ser feita com a
utilização de argamassas cimentícias comuns, ou modificadas com polímeros. Estes produtos,
conforme a reparação, devem apresentar tixotropia adequada para ser aplicada com a mão ou
colher de pedreiro. Em reparações localizados recomenda-se o emprego de argamassas auto-
compactáveis. É geralmente recomendável após este processo a aplicação de um
revestimento por pintura com propriedades anti-carbonatação.
a) b) c) d)
Figura 41. Restituição de recobrimento: a) remoção do betão carbonatado b) protecção das armaduras
com revestimento próprio c) aplicação da argamassa com colher d) Alisamento da superfície de
acabamento.
– Revestimento superficiais
O primeiro passo para a aplicação destes produtos é a limpeza superficial do betão. Este passo
é fundamental para a correcta aderência do produto à superfície do betão e pode ser feito com
escovas de aço ou jacto de água para remover eventuais impurezas (Figura 42).
a) b)
Figura 42. Aplicação de revestimentos superfíciais: a) limpeza do substrato com jacto de água;
b)aplicação de impregnação hidrofóbica com rolo de tinta.
– Repassivação por realcalinização
O método de repassivação consiste em introduzir um sistema anódico (malha metálica) e um
electrólito (e.g. solução aquosa de carbonato de sódio) (Figura 43). Desta forma cria-se um
circuito que ao ser percorrido durante determinado tempo por corrente eléctrica, gera iões
no interior do betão, fazendo subir o seu pH. Recomenda-se a remoção local das zonas
delaminadas. Após a aplicação da corrente eléctrica, geralmente 1 a 3 semanas, poderá ser
introduzida uma protecção superficial do betão.
52
Figura 43. Sistema de repassivação por realcalinização do betão carbonatado.
A premissa básica para se decidir qual o procedimento a usar, seja contra corrosão ou outra
patologia, é a realização de análise e diagnósticos precisos. As medidas correctivas devem ser
tomadas com base nas causas e origens específicas de cada situação. Caso contrário podem
ocorrer danos em outras partes da estrutura além de poder não resolver as patologias
(HELENE, 1986).
5.6. Regulamentação
A reparação de estruturas de betão consiste numa actividade inerentemente prática e, como
tal, de carácter extremamente variável na sua aplicação. Há já algum tempo que, nesta área se
têm vindo a redigir alguns documentos, tentando de alguma forma uniformizar procedimentos e
métodos de avaliação das soluções de reparação e de durabilidade das estruturas. Na europa
existem, entre outros, os seguintes documentos normativos:
– Products and systems for protection and repair of concrete structures (EN 1504: 1997-
2005)
– BRITE-EURAM project BE4062 “The service life of reinforced concrete structures
– DuraCrete (2000) BE95-1347/R17: European durability concept of concrete
– REHABCON IPS-2000-00063, “Strategy for Maintenance and Rehabilitation in Concrete
Structures
A série normativa EN 1504 é a mais difundida na Europa. O conjunto de normas desta série
reúne as informações essenciais sobre os produtos e sistemas para a proteção e reparação de
estruturas de betão (Figura 44). Este conjunto de normas inclui 10 partes, que têm em conta 6
usos pretendidos para os produtos (Partes 2 a 7) e aspectos comuns a esses usos
considerados em conjunto (Partes 1 e 8 a 10) e ainda 65 normas para procedimentos de teste
de propriedades. A Parte 9 da série, relativa aos princípios gerais para o uso dos produtos e
sistemas de reparação, pode considerar-se o núcleo fundamental da Série EN 1504,
descrevendo os princípios para o uso dos produtos, explicados nas partes seguintes. As fases
do projecto de reparação seguem uma sequência análoga à apresentada na Figura 28 (5.1.2).
53
Figura 44. Organograma da série europeia EN 1504.
54
6. Ensaios experimentais
6.1. Metodologia
Foram preparados em laboratório diversos provetes de betão com o objectivo de estudar a
progressão da carbonatação. Para tal, após cura dos provetes, estes foram colocados numa
câmara de carbonatação acelerada, onde depois de retirados e fracturados, se mediu a
profundidade de carbonatação por aspersão de uma solução alcoólica de fenolftaleína. Os
primeiros provetes de betão foram preparados em Abril de 2006 e separam-se em três grupos:
provetes protegidos, não protegidos e não protegidos com armadura. Nos elementos
protegidos foram aplicadas três tipos de tintas resistentes à carbonatação e uma tinta plástica
de uso interior/exterior. Procurou-se desta forma perceber até que ponto a aquisição de
sistemas anticarbonatação conduz a melhores resultados do que a aplicação de uma tinta
comum. Por motivos de força maior, as medições só poderam ser retomadas em Dezembro do
mesmo ano. Em Fevereiro de 2007 foram colocados novos provetes na câmara de
carbonatação. O objectivo destes últimos foi avaliar os efeitos da fissuração no andamento da
frente de carbonatação.
Em suma, os trabalhos realizados em laboratório tiveram como principal objectivo avaliar os
seguintes parâmetros:
– Progressão da frente de carbonatação ao longo do tempo;
– Eficiência face à carbonatação, da aplicação de diferentes pinturas do betão;
– Efeito de fissuração na propagação da frente de carbonatação;
Todos os ensaios e trabalhos foram realizados nas instalações do laboratório de construção do
Instituto Superior Técnico.
6.2. Câmara de carbonatação
Os ensaios de carbonatação realizaram-se na câmara de carbonatação acelerada disponível
no laboratório de construção (Figura 45). Esta câmara foi especialmente concebida para
manter os corpos-de-prova em condições estáveis de humidade relativa, temperatura e
concentração de dióxido de carbono. Dentro da câmara de carbonatação acelerada, as
condições de exposição (Tabela 5) são próximas das estipuladas na especificação LNEC E
391 - “Determinação da resistência à carbonatação”.
55
Tabela 5. Parâmetros de exposição da
câmara de carbonatação.
Condições de exposição
Temperatura 26 ºC
Humidade relativa HR 60 %
Teor de na câmara 6 %
Figura 45. Câmara de carbonatação acelerada usada nos
ensaios.
6.3. Betão de referência
O betão de referência adoptado nos ensaios trata-se de um betão de qualidade intermédia e de
uso comum em estruturas correntes. Procurou-se desta forma, que os resultados obtidos
pudessem ser relacionados com uma generalidade de obras reais. A composição (por metro
cúbico de betão) foi a seguinte (Tabela 6):
Tabela 6. Composição do betão de referência
Cimento
(CEMII/B-L 32,5 MPa) Areia Brita 2 Brita 1 Água a/c
kg/m3 de betão 367 624 727 484 187 0,51
Após a amassadura, foram preparados provetes cilíndricos de 15x30 cm e colocados em cura
húmida durante um período de 28 dias e 78 dias, respectivamente para os provetes não
fissurados e fissurados. Após o processo de cura, separaram-se três provetes para serem
submetidos a ensaio de compressão axial NP ENV 206. Não houve a possibilidade de o
segundo ensaio, correspondente aos provetes fissurados, ser realizado com o mesmo período
de cura que o primeiro (28 dias). Os resultados obtidos foram os seguintes (Tabela 7):
56
Tabela 7. Resultados do ensaio de compressão axial
Cura 28 dias 78 dias
Provetes 1 2 3 4 5 6
leituras (kN) 357,2 447,2 431,2 510,2 489,6 546,7
Tensão (Mpa) 23,3 29,2
6.4. Revestimentos
Nos provetes protegidos foram testados revestimentos de dois fabricantes conhecidos do
mercado. A empresa Sika faz parte de um grupo internacional especializado em produtos
químicos para a construção e indústria. A Dyrup é uma empresa multinacional com principais
actividades, o desenvolvimento, produção e venda de tintas para a construção civil e produtos
para o tratamento de madeira. Os revestimentos ensaiados foram os seguintes:
– Sikagard® 660 ES - Tinta acrílica, especial para betão e reboco
– Sikagard® 670 W - Pintura anticarbonatação de betão
– Sikagard® 680-ES Betoncolor - Tinta acrílica, especial para betão e fibrocimento
– Dyrup Dyruway ref.5780 - Tinta Plástica para Interiores/Exteriores.
Por comodidade as tintas serão referidas respectivamente por S660, S670, S680 e Dyrup. As
fichas técnicas são apresentadas no Anexo C.
6.5. Preparação das amostras
6.5.1. Provetes não fissurados
Os provetes para os ensaios foram obtidos a partir dos provetes cilíndricos originais com 15x30
cm e serrados em “discos” de 4 cm de altura por 15 cm de diâmetro. Nos topos dos provetes foi
aplicada uma resina epoxídica reactiva de dois componentes. Desta forma pretendeu-se
garantir que a difusão de se desenrolava de modo aproximadamente unidimensional,
apenas a partir da face lateral dos provetes. A aplicação de resina foi feita em duas demãos,
tendo o maior cuidado possível de não deixar poros na superfície por onde o pudesse
penetrar.
Ao todo foram preparados 18 corpos-de-prova: 6 discos sem protecção, 8 discos com
protecção e 4 discos com armadura e sem protecção (Figura 46). Os provetes com armaduras
consistiram em 4 varões de aço diametralmente opostos, inseridos na matriz de betão. A ideia
inicial destes provetes seria examinar o efeito da carbonatação sobre a corrosão das
armaduras. Nos provetes protegidos, foram aplicados na superfície lateral quatro tipos de
tintas. Três tintas com base de resinas acrílicas em solventes, resistentes à carbonatação
57
Provetes protegidos
R esina epóxi(im perm eável ao C O 2) Varões de aço
R evestim ento
de tin ta
Provetes não
protegidos
Provetes não protegidos,
com arm aduras
D ifusão de C O 2
(face la tera l)
(S660, S670, S680) e uma tinta plástica comum para interior/exterior, baseada em emulsão
aquosa de copolímeros acrílicos (Dyrup). As protecções foram aplicadas de acordo com as
recomendações do fabricante por forma a se ter uma película uniforme e contínua na superfície
lateral do provetes.
Figura 46. Provetes não fissurados
6.5.2. Provetes fissurados
Os provetes fissurados foram obtidos também a partir dos provetes cilíndricos originais com
15x30 cm (Figura 47). Foram serrados em discos de 7 cm de altura e 15 cm de diâmetro. O
objectivo foi fissurar estes provetes para se poder avaliar o avanço da frente de carbonatação
nas fissuras. Para este efeito os provetes foram submetidos a um ensaio de compressão
diametral (Figura 48), num processo análogo ao chamado “Ensaio Brasileiro”. Desta forma
obtiveram-se duas metades que depois foram unidas com um adesivo epoxídico de secagem
rápida. As duas metades foram muito bem apertadas mas apenas o suficiente para se obter
uma abertura de fendas, o mais possível entre os 0 e os 0.3 mm. Segundo o REBAP, 0.3 mm é
a maior abertura de fendas admissível para armaduras ordinárias, enquanto em EN 1992-1-1
este valor sobe para 0,4 mm. Procurou-se que a largura de fendas estivesse de acordo com os
regulamentos para poder ter uma ideia de até que ponto estes limites são aplicáveis. Estas
recomendações estão descritas mas em detalhe no Anexo D.
58
D ifusão de C O 2
(face la tera l)
Abertura
da fenda
R esina epóxi
(im perm eável ao C O 2)
Adesivo epóxi
Ensaio de
com pressão d iam etra l
F issura
vertica l
C orpo de prova
com prim ento 7 cm
diâm etro 15 cm
Figura 47. Preparação dos provetes fissurados
Todo este processo revelou-se algo imprevisível pois os provetes quando sujeitos ao ensaio de
compressão diametral ficavam bastante fracturados, não sendo possível obter uma abertura de
fenda aceitável. A solução foi nesses casos, em vez de pintar os topos dos provetes, pintar
antes a superfície lateral e um dos topos e permitir que a penetração de se fizesse pelo
topo não protegido. De qualquer forma, o objectivo foi sempre obter uma frente de
carbonatação que se desenvolvesse perpendicularmente à superfície.
Figura 48. Ensaio de compressão diametral
59
6.6. Recolha de dados
6.6.1. Frente de carbonatação
A medição da profundidade de carbonatação foi feita com base nas indicações da
especificação LNEC E 391 referida no subcapítulo 3.2. Neste documento, como em vários
outros consultados, recomenda-se que a leitura por aplicação de solução alcoólica de
fenolftaleína se faça em provetes fracturados, por exemplo com recurso a um martelo e
escopro. Nas primeiras medições recorreu-se a este método. O grande inconveniente é que
produz uma superfície muito irregular e torna-se difícil medir com precisão a frente de
carbonatação. Optou-se então por serrar os provetes com uma serra mecânica o que permitiu
obter uma superfície de fractura plana e por isso, de muito mais fácil medição. Durante o corte
os provetes foram molhados, o que à primeira vista poderia alterar o resultado das leituras com
fenolftaleína. No entanto, teve-se o cuidado de após o corte estes serem bem secos e limpos
de qualquer poeira. Constatou-se que as leituras eram muito próximas das obtidas nos
provetes quebrados com martelo e escopro. Este foi o procedimento adoptado para os
restantes provetes.
Por forma, a com um mesmo provete, se poder efectuar várias leituras, os discos foram
cortados em metades, em quartos e assim sucessivamente. Após cada corte mediu-se a
profundidade de carbonatação com fenolftaleína e fotografaram-se os provetes com uma
máquina digital. Em seguida pintaram-se as superfícies de corte com resina epoxídica, para
que a penetração de se continuasse a fazer apenas pela superfície lateral do disco
original. Os provetes foram novamente colocados na câmara de carbonatação até à realização
de nova leitura, onde se repetia todo o processo. Nos provetes protegidos, foi possível nalguns
casos efectuar até 4 medições num único provete. Nos não protegidos, dado a velocidade de
carbonatação ser maior e pelo longo período de interrupção de leituras (≈ 8meses), alguns
discos encontravam-se quase totalmente carbonatados, não sendo possível realizar tantas
medições como o desejado.
Após cada corte aplicou-se a solução de fenolftaleína e mediram-se as profundidades de
carbonatação com uma régua de precisão milimétrica. A especificação LNEC E 391 recomenda
a seguinte metodologia: “ No caso de a frente de carbonatação se desenvolver paralelamente à
superfície (Figura 49, 1), o resultado é encontrado pelo valor da distância entre a superfície e a
linha da frente de carbonatação ( ). Se a frente de carbonatação não se desenvolver
paralelamente à superfície ou apresentar zonas de irregularidade (Figura 49, 2 e 3), deve ser
medido o valor médio ( ) e o valor máximo ( ). “
60
Figura 49. Tipos de apresentação da frente de carbonatação (RILEM CPC – 18)
A generalidade das medições apresentou-se com o aspecto da Figura 49 (2). Optou-se por
apenas registar o valor de já que apesar das irregularidades observadas, conseguiu-se
reconhecer a linha média da frente de carbonatação. Verificaram-se alguns casos com grandes
irregularidades como no caso da Figura 49 (3), no entanto tal deveu-se modo geral, a
imperfeições localizadas da pintura (Figura 50). Casos houve em que essa irregularidade se
deveu à concentração de agregados junto à superfície, dificultando a penetração de .
Figura 50. Irregularidade da frente de carbonatação. Um defeito na pintura da face inferior do disco
conduziu a um aumento localizado da frente de carbonatação.
Para os provetes fissurados a recolha de dados foi feita por forma a se avaliar as diferenças no
avanço da carbonatação para diferentes aberturas de fendas. As leituras foram feitas à
semelhança do procedimento descrito para os provetes não fissurados. No entanto teve-se o
cuidado de as superfícies de corte serem perpendiculares tanto à face de penetração do
como ao plano da própria fenda. Desta forma produziu-se uma superfície de leitura óptima
(Figura 51).
61
Figura 51. Esquema da superfície de leitura para os provetes fissurados.
Dois tipos de valores foram recolhidos. A penetração uniforme ao longo da superfície não
fissurada (a) e a penetração máxima atingida em profundidade no material adjacente à
superfície da própria fenda (b) (Figura 52). A leitura destes dois valores permite estudar, em
função do valor de abertura da fenda, o avanço da carbonatação comparativamente a uma
situação não fendilhada. Ainda não existe um procedimento padrão para a leitura da
profundidade de carbonatação em fissuras. Um procedimento sugerido por Green (2005) indica
a possibilidade de efectuar cortes a diferentes profundidades da superfície de penetração e
aqui medir a penetração perpendicularmente à superfície da fenda. Desta forma pode-se
avaliar a forma da frente de carbonatação em toda a extensão da fissura. No entanto devido a
limitações técnicas do equipamento disponível (a serra não é adequada para cortes de
precisão) tal procedimento não se apresentou viável.
Figura 52. Profundidades de carbonatação medidas nos provetes fissurados.
6.6.2. Abertura de fendas
A abertura de fendas foi medida com um microscópio com iluminação para detecção de
fissuras, também designado por óculo de fendas (Figura 53). Este instrumento permite obter
leituras com uma resolução máxima de 0.01 mm e conduz a resultados mais consistentes do
62
que os obtidos, como por exemplo com uma bitola de fendas. As leituras obtêm-se colocando o
óculo sobre a superfície fendilhada e ajustando o óculo, foca-se a imagem, lendo-se o valor da
abertura através da régua no visor. As superfícies das fendas são geralmente bastante
irregulares, levando a que a sua abertura possa sofrer pequenas variações ao longo da
superfície, o mesmo acontecendo em profundidade. Verificou-se aquando do segundo corte
dos provetes, que nalguns casos o valor da abertura era diferente daquele medido na
superfície de penetração original, pelo que se teve de considerar esse facto na medição da
profundidade de carbonatação na fissura.
Figura 53. Óculo de fendas.
6.7. Apresentação de resultados
Normalmente os estudos de carbonatação acelerada são realizados ao longo de vários meses
ou mesmo anos e usando um grande número de corpos-de-prova. À partida, a duração dos
ensaios experimentais foi limitada, não apenas por os provetes não fissurados estarem há já
bastante tempo na câmara de carbonatação, correndo até o risco de carbonatarem totalmente,
mas também por os ensaios terem de estar concluídos até ao final do ano lectivo. A recolha de
resultados propriamente dita, deu-se num período de tempo relativamente curto para ensaios
desta natureza. Ainda assim e apesar das variabilidades intrínsecas do processo de
preparação das amostras, foi possível recolher dados consistentes e proceder à sua análise.
Os primeiros dados de profundidade de carbonatação foram resgatados dos apontamentos do
Eng. Eduardo Duarte e dizem respeito a três provetes lidos com fenoftaleína aos 7, 21 e 39
dias na câmara de carbonatação acelerada. Tratam-se de provetes não protegidos que são
importantes na medida em que, ao serem registados numa fase inicial do processo de
carbonatação e relacionando-se com as leituras mais tardias, permitem uma análise mais
sustentada no tempo. As leituras destes três provetes iniciais apresentam-se na Tabela 8. O
valor representa a profundidade de carbonatação em unidades milimétricas e é o número de
dias que os provetes foram submetidos ao processo de carbonatação acelerada dentro da
câmara.
63
Tabela 8 Leituras dos provetes iniciais
(mm) (dias)
n.º 1 18 39
n.º 2 12 21
n.º 3 9 7
Os restantes corpos-de-prova foram lidos só já no final do mesmo ano (com 199, 219 e 237
dias de câmara de carbonatação, para os diversos provetes), quando o trabalho foi retomado.
Os provetes sem protecção e com armadura, além dos valores de profundidade de
carbonatação tornam visível o efeito da carbonatação na corrosão das armaduras embebidas
no betão.
As leituras realizadas nos provetes não fissurados apresentam-se na Tabela 9. Os espaços
vazios nesta tabela indicam que não foram feitas medições ou que, quando estas foram feitas,
já o betão se encontrava totalmente carbonatado ou ainda que os dados recolhidos não tinham
validade. Exemplo disto são os três primeiros discos sem protecção onde só foi possivel uma
leitura, já que na segunda data estes se encontravam totalmente carbonatados. Houve casos
anómalos em que, dada a irregulariedade da frente de carbonatação, se optou por desprezar
estes valores. Normalmente, estes casos estavam associados a pequenos defeitos na pintura
de protecção.
64
Tabela 9 Dados recolhidos para os provetes não fissurados
1ª leitura
(04.12.2006)
2ª leitura
(02.03.2007)
3ª leitura
(30.03.2007)
4ª leitura
(02.04.2007)
5ª leitura
(24.04.2007)
(mm) t (dias) (mm) t (dias) (mm) t (dias) (mm) t (dias) (mm) t (dias)
Discos sem protecção
3 discos
(11.04.2006)
44,0 237
44,0 237
43,0 237
2 discos
(19.05.2006)
42,0 199 61,0 256
41,0 199 60,0 256 56,0 284
1 disco
(29.04.2006) 35,0 219 52,0 276 55,0 304
57,3 329
Discos com protecção
Sikagard 660 ES
(29.04.2006)
13,0 219
276
15,0 219 27,8 276
38,3 307
Sikagard 670 W
(29.04.2006)
22,0 219 45,0 276
25,0 219 41,0 276
48,5 307 54,3 329
Sikagard 680 ES
(29.04.2006)
13,0 219 24,7 276
38,0 307
15,0 219 45,0 276
52,0 329
Dyrup Dyruway
(29.04.2006)
30,0 219 50,0 276
60,0 329
31,0 219 45,0 276
55,0 307
Discos com armadura e sem
protecção
4 discos
(19.05.2006)
34,0 199 57,0 256 58,5 284
61,0 329
36,0 199 60,0 256 62,5 284
65,0 329
39,0 199
56,0 284
61,0 329
35,0 199 51,0 256 56,5 284
65
Para os provetes fissurados foram recolhidos os valores de frente de carbonatação na
superfície não fissurada e na própria fenda (a e b), representados na Figura 52. Nestes
provetes, foi possível realizar duas fases de medições. Note-se que na segunda fase as
fissuras foram novamente medidas e anotados os correspondentes valores de frente de
carbonatação. No decorrer da experiência laboratorial verificou-se que nalguns casos a resina
epoxídica aplicada para impedir a penetração do , penetrou na fenda e afectou
irremediavelmente o valor de b. Este facto levou a que algumas leituras ficassem
comprometidas a ponto de terem de ser desprezados os valores medidos (entradas a cinzento
na Tabela 10).
Tabela 10 Leituras da frente de carbonatação para provetes fissurados
1ª leitura (29.03.2007) 2ª leitura (24.04.2007)
aos 27 dias aos 53 dias
Provete 1 (mm) a (mm) b (mm) 2 (mm) a (mm) b (mm)
F2 0,08 11 33 0,10 16 44
F4 0,12 12 32 0,12 17
F7 0,17 12 37 0,22 17 57
F13 0,18 12 0,14 17 45
F6 0,19 0,14 17
F1 0,20 0,25 15
F3 0,20 11 35 0,20 15 51
F8 0,20 11 37,5 0,20 16
F9 0,22 12 42 0,19 16
F5 0,23 11 0,23
F11 0,24 12 0,20 15
F10 0,25 12 0,30 17
F14 0,28 13 0,24 17
F12 0,30 12 0,20 18
F15 0,60 12 53 0,20 17 55
66
7. Análise de resultados
7.1. Sistemas não protegidos
Os sistemas não protegidos dizem respeito aos provetes referidos na Tabela 8 e aos provetes
sem protecção (discos com armadura inclusive) referidos na Tabela 9. Nestes não foi aplicada
qualquer tinta ou outro sistema de protecção do betão contra a carbonatação. O único produto
utilizado foi resina epoxídica, aplicada exclusivamente nos topos dos provetes, para que a
penetração do se processasse apenas através da superfície lateral.
Actualmente, é admitido na generalidade da bibliografia, que a profundidade de carbonatação
( ) varia proporcionalmente à raiz quadrada do tempo. Tendo em conta este facto, optou-se por
colocar o valor de em função da raiz quadrada do período de “incubação” na câmara de
carbonatação acelerada (Figura 54). No gráfico da Figura 54 foram introduzidos os valores de
penetração uniforme a partir da face não fissurada (série “fissuras”), dos provetes fissurados, já
que a composição do betão e condições de incubação na câmara acelerada foram as mesmas.
Apesar do tempo de cura ser 50 dias superior aos provetes não fissurados e o resultado dos
ensaios de compressão axial revelar uma resistência média 25% superior, estes valores
enquadram-se na tendência dos restantes provetes.
Figura 54 Profundidade de carbonatação em função da raiz quadrada do tempo para sistemas não
protegidos
0
10
20
30
40
50
60
70
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
pro
fun
did
ade
de
car
bo
nat
ação
(m
m)
tempo (dias0,5)
Provetes não protegidos
1disco29.04
2discos19.05
3discos11.04
bancada
fissuras
armaduras
67
Pela observação da Figura 54 é perceptível a relação de linearidade entre profundidade de
carbonatação e a raiz quadrada do tempo. Este facto está de acordo com a generalidade dos
modelos desenvolvidos para simular este fenómeno, considerando um andamento da frente de
carbonatação proporcional a .
Existem dois conjuntos de valores, os primeiros correspondentes à série “bancada” (valores
lidos pelo Eng. Eduardo Duarte) e série “fissuras” da Figura 54 , com a última leitura a realizar-
se aos 53 dias. O segundo conjunto de valores diz respeito às séries “1disco29.04”,
“2discos19.05” e “3discos11.04” e foram recolhidos bastante mais tarde, entre os 219 e 319
dias, ou seja, mais de 5 meses depois. Não havendo quaisquer dados durante este período,
pareceu apropriado fazer primeiramente a análise separada destes valores. Chamemos a estes
conjuntos, Conjuntos 1 e 2.
Traçaram-se as duas rectas de regressão linear (Figura 55). Para o conjunto 1 tem-se uma
fórmula aproximada de , com e . Isto poderá
indicar uma eventual pré-carbonatação dos provetes antes da entrada na câmara ou poderá
ser explicado pela dispersão dos valores medidos, já que a série “fissuras” corresponde a uma
amassadura com 78 dias de cura (e não 28 como nos outros provetes). O conjunto 2 tem um
mais elevado ( ) e, extrapolando a recta de regressão, esta intersecta a
origem das ordenadas para ( ). Este segundo conjunto parece seguir a
lei de carbonatação apresentada por Daimon em 1971 (Eq. 17). Segundo este modelo a
carbonatação é inibida durante um período inicial ( ) em que os poros de betão estão
saturados. Neste estudo, o facto de as primeiras leituras revelarem um valor inferior de ,
poderá reflectir que, inicialmente, a carbonatação se processa mais lentamente. Terminada a
cura húmida dos provetes, estes possuem um grande teor de humidade. Sendo colocados de
seguida na câmara de carbonatação é natural de demorem um certo tempo a equilibrar o seu
teor de humidade com a HR da câmara.
Optando-se por fazer uma análise da totalidade dos dados (Conjunto 1 + Conjunto 2), obtém-se
uma recta de regressão linear com um maior coeficiente de determinação (R2=0,885) do que
para cada conjunto separadamente. Mas se se fizer a comparação da adaptabilidade desta
recta, nos intervalos de tempo onde de facto se registaram valores, este parâmetro perde o seu
significado, pois a sua representatividade dos dados medidos é inferior.
68
Figura 55 Dados de profundidade de carbonatação para provetes não protegidos.
Apesar do período de 5 meses sem leituras, parece estarmos perante uma lei de progressão
da carbonatação, com um comportamento misto dos dois modelos introduzidos anteriormente
e (Figura 56).
.
Figura 56 Modelo de carbonatação idealizado para a experiência
Na própria forma da equação está implícito que todos os factores, excluindo o tempo,
que explicam o avanço da frente de carbonatação são tidos em conta no valor de . Os
coeficientes R2 para o Conjunto 1 e 2 são inferiores a 1, o que significa que parte da
variabilidade de não é explicada pela simples variação de . Poderá eventualmente ser
explicada por alguma variabilidade de ao longo do tempo. Além de parte das leituras terem
sido realizadas por dois observadores diferentes, outro factor que ajuda a perceber esta
y = 3,668x - 7,414R² = 0,885
y = 6,205x - 48,41R² = 0,762
y = 1,884x + 3,707R² = 0,816
0
10
20
30
40
50
60
70
0 5 10 15 20
Pro
fun
did
ade
de
car
bo
nat
ação
(m
m)
tempo (dias0,5)
Provetes não protegidos
Conjunto 1 + Conjunto 2
Conjunto 2
conjunto 1
69
variação prende-se com o próprio método de recolha de dados. Com a aspersão de
fenolftaleína, a frente de carbonatação apresenta frequentemente um aspecto irregular, já que
o betão é um material heterogéneo. Apesar da composição do betão de referência ser a
mesma para todos os provetes, os dados da Tabela 8, Tabela 9 e Tabela 10, correspondem a
amassaduras realizadas em alturas diferentes. Quaisquer pequenas diferenças, quer se trate
de quantidades de material ou teor de humidade por exemplo, podem contribuir para explicar
os desvios de resultados.
Uma maneira de extrapolar as taxas de carbonatação encontradas, para valores de obras reais
seria obter valores de carbonatação em exposição real para um betão idêntico ou de
características semelhantes. Inicialmente tinha-se previsto um estudo deste género. Recolher-
se-iam tarolos de estruturas, com idade, condições de exposição e composição de betão
conhecidas. Media-se a profundidade de carbonatação actual e posteriormente, a amostra
seria colocada em câmara de carbonatação acelerada. Ao fim de certo tempo media-se a nova
profundidade de carbonatação. Recorrendo à Eq. 21 (página 27), seria possível relacionar os
dados laboratoriais com os de campo.
Imaginemos agora o caso em que pretendíamos determinar o recobrimento necessário para
resistir à carbonatação ao fim de 50 anos. Ho e Lewis (1987b) apresentaram uma relação
conservativa entre os valores obtidos para condições aceleradas ( ) e condições de campo
( ). Segundo esta relação vem que (à falta de mais dados utilize-se
este valor). Daqui vem que para .
Extrapolando a equação correspondente ao Conjunto 2 de valores , com
13,5 , vem que a profundidade de carbonatação é ao fim de 50 anos de
exposição natural. Todo este raciocínio foi baseado na suposição de se conhecer a relação
. Estes cálculos devem ser realizados com reservas e com o maior rigor possível na
determinação dos parâmetros intervenientes. O valor de recobrimento encontrado pelo
procedimento atrás descrito deve ser tomado como valor mínimo e não como suficiente. Se
pode ser determinado experimentalmente e com apreciável rigor, já é calculado a partir de
dados recolhidos in situ e, por isso, muito susceptível de apresentar grande dispersão.
Normalmente recomenda-se que a recolha de dados de campo se faça em locais
representativos da estrutura e bem documentados ao nível de composição do betão, condições
de exposição e quaisquer outros factores que possam ser significativos na propagação dos
agentes agressivos.
Na primeira leitura dos provetes com armaduras, realizada a 04/12/2006 com 199 dias (Tabela
9), a frente de carbonatação tinha atingido e ultrapassado os varões. Nestes discos era já
observável uma camada de óxidos de ferro na superfície dos varões, confirmando o início da
corrosão (Figura 57).
70
Figura 57 Corrosão dos varões embebidos no betão carbonatado
7.2. Sistemas protegidos
Os dados da ficha técnica de cada revestimento aplicado apresentam-se no Anexo C, a Tabela
11 reúne as principais características de cada um deles.
Tabela 11 Características técnicas dos revestimentos ensaiados
Sikagard®
660 ES
Sikagard®
670 W
Sikagard® 680-ES
Betoncolor
Dyrup Dyruway
ref. 5780
Resistência à difusão de
120 μm ~ 290 m
μ(CO2) = 24,2 .105
187 μm ~ 88 m
μ(CO2) = 4,7 x 105
130 μm = 420 m
μ(CO2) = 32,3 .105 -
Resistência à difusão de vapor de água
120 μm ~ 2,8 m
μ (H2O) = 23333
(H2O) = 0,75 m
μ (H2O) = 4200
130 μm = 2,2 m
μ (H2O) =16923 -
Permeabilidade à água líquida
W = 0,003
Impermeável à água
da chuva
Resiste às influências
agressivas da atmosfera.
-
Para a tinta Dyrup Dyruway não são referidas quaisquer características especiais de protecção,
apenas se trata de uma tinta lavável, para acabamentos exteriores/interiores. Os restantes
revestimentos cumprem as normas de resistência de difusão de vapor de água e de com
e . Os dados da frente de carbonatação recolhidos para estes
provetes são apresentados na Tabela 9 e a sua representação gráfica em função de raiz
quadrada do tempo é dada na Figura 58.
71
Figura 58 Profundidade de carbonatação em função da raiz do tempo para sistemas protegidos
Através do gráfico observa-se a mesma tendência dos provetes não protegidos: a variação
linear da frente de carbonatação com a raiz quadrada do tempo. O facto de se registarem
profundidades de carbonatação baixas (13 para S660 e S680) aos 219 dias, poderá indicar
que carbonatação só se começa a fazer sentir a partir de determinado período de iniciação.
Normalmente para este tipo de revestimentos superficiais, é esperado que actuem como
barreira à difusão do dificultando e diminuindo a velocidade a que esta ocorre e
consequentemente a velocidade da carbonatação. Neste caso particular parece ocorrer aquilo
que se espera dos revestimentos à base de argamassas. Neste últimos, a carbonatação do
betão é temporariamente interrompida durante o período de carbonatação da própria
argamassa de reparação (Figura 36 em 5.4.2). Após a total carbonatação do revestimento, esta
continua a dar-se no betão original, mas a menor velocidade que anteriormente. O facto de a
carbonatação se começar a fazer sentir apenas ao fim de certo tempo, parece novamente vir
de encontro à correcção apresentada por Daimon et al. (1971). Em provetes protegidos, como
é o caso, a película de tinta pode actuar não só como barreira à difusão de , mas também
às trocas de água, prolongando o tempo inicial de saturação dos poros, durante o qual o
difusão de é inibida.
Os efeitos da aplicação de revestimentos superficiais sobre a humidade do betão não são
ainda totalmente compreendidos. Porém é sabido que na interface betão/revestimento podem
ocorrer efeitos locais de humidade. Um desses efeitos é a condensação por detrás do
revestimento, especialmente se este for pouco permeável ao vapor de água. Todos os
revestimentos da Sika (sobre a tinta Dyrup não existem dados) cumprem com a resistência à
difusão de vapor de água. Já a resina epoxídica aplicada no topo dos provetes constitui uma
y = 8,611x - 113,7R² = 0,985
y = 9,331x - 113,8R² = 0,973
y = 10,27x - 139,7R² = 0,924
y = 8,926x - 101,3R² = 0,981
0
10
20
30
40
50
60
70
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
pro
fun
did
ade
de
car
bo
nat
ação
(m
m)
tempo (dias0,5)
Provetes protegidos
Sika 660
Sika 670
Sika 680
Dyrup
72
membrana impermeável. No entanto, observou-se (principalmente durante as primeiras
medições) que na proximidade das faces laterais dos provetes, a profundidade de
carbonatação era maior junto a esta (Figura 59). Isto poderá ser sido causado por uma
(eventual) menor espessura de tinta nas arestas (Figura 60). Em qualquer revestimento, seja
resina epoxídica ou uma tinta comum, são esperadas variações de espessura ao longo da área
coberta, devido à própria irregulariedade do substrato.
Figura 59 Aumento local da profundidade de
carbonatação.
Figura 60 Menor espessura de tinta nas arestas
Analisando as características de cada tinta presentes na Tabela 11, por ordem decrescente de
resistência à difusão de temos: S680 (420m), S660 (290m), S670 (88m) e Dyrup
(admitindo que esta última nem sequer possui qualquer pretensão neste aspecto). Esta
graduação pode ser observada na Tabela 12, onde precisamente os revestimentos com maior
resistência à difusão de , são aqueles que apresentam maior tempo de iniciação de
carbonatação. No intervalo de tempo de recolha de dados, entre os 219 e 329 dias, a tinta
Dyrup apresenta maior profundidade de carbonatação para o mesmo intervalo de tempo,
seguida da S670 e das tintas S660 e S680 com valores muito próximos.
Os declives das rectas de regressão linear para cada série de revestimento apresentam
valores relativamente próximos com o valor máximo de 10,278 (S680) e mínimo de
8,611 (S660), que por sua vez representam o coeficiente da Eq. 16. À partida
poder-se-ia esperar que, novamente os revestimentos maior resistência ao ,
apresentassem menores valores de , o que corresponderia a menores valores de frente de
carbonatação. Os valores de calculados, de facto não respeitam esta ordem. No entanto,
devido à sua proximidade e face ao número reduzido de leituras, poderá ser arriscado retirar
conclusões a cerca do efeito deste parâmetro na eficiência de cada revestimento.
epóxi
tin ta
C O 2
C O 2
73
Tabela 12 Comparação de eficiência dos revestimentos
Revestimento Eq. de regressão linear K( )
Dyrup y = 8,926x - 101,35 8,926 130
S670 y = 9,332x - 113,86 9,332 149
S680 y = 10,278x - 139,76 10,278 185
S660 y = 8,611x - 113,7 8,611 174
7.3. Sistemas protegidos vs. não protegidos
Para a análise comparativa dos provetes protegidos e não protegidos, sobrepuseram-se os
dados da Figura 54 e Figura 58 elaborou-se o gráfico apresentado na Figura 61.
Figura 61 Sistemas protegidos vs. não protegidos
Entre os 219 e os 329 dias, período durante o qual efectivamente se recolheram dados para
provetes não protegidos e protegidos, estes últimos apresentam menores valores de
profundidade de carbonatação.
O valor de , para os sistemas não protegidos ( ) é ligeiramente inferior ao
dos protegidos. As tintas utilizadas, para além de actuarem como barreira à penetração de ,
também podem actuar como barreira à difusão de vapor de água, apesar de respeitarem a
disposição regulamentar. A carbonatação em ambiente natural encontra a sua máxima
y = 8,6113x - 113,7
y = 9,3316x - 113,86
y = 10,278x - 139,76
y = 8,9263x - 101,35
y = 6,205x - 48,41
y = 1,884x + 3,7070
10
20
30
40
50
60
70
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
pro
fun
did
ade
de
car
bo
nat
ação
(m
m)
tempo (dias0,5)
Sistemas protegidos vs. não protegidos
Sika 660
Sika 670
Sika 680
Dyrup
não protegidos Conjunto 2
não protegidos Conjunto 1
74
velocidade para uma HR cerca dos 60%, já em ambiente acelerado (7% ) estes valores
podem descer para 30% (Saeki et al.,1971; MUNTEAN, 2005).
Não foram feitas medidas do teor de humidade dos provetes aquando do início dos ensaios.
Apenas a título de exemplo, admita-se que a carbonatação acelerada segue uma relação
semelhante à apresentada na Figura 25 e que o teor de humidade dos provetes à entrada da
câmara é inferior ao da câmara de carbonatação e superior aquele que conduz à mais rápida
velocidade de carbonatação (entre 30 a 60% HR). Ao entrarem na câmara, a humidade dos
provetes tende a entrar em equilíbrio com o ambiente envolvente (60% HR). No caso dos
provetes protegidos, essa “estabilização” poderá dar-se mais lentamente, pois o revestimento
actua como barreira às trocas de vapor. Desta forma, o teor de humidade está mais próximo do
valor óptimo para a carbonatação (30% HR) durante mais tempo, causando um aumento mais
rápido de carbonatação (valores de entre 8,61 e 10,28 ). Já num ambiente natural,
o comportamento dos dois sistemas seria diferente.
As especificações técnicas de cada revestimento dizem respeito, basicamente, à
permeabilidade ao vapor de água e ao . Portanto, é de prever que, se um determinado
revestimento possuir uma permeabilidade ao vapor de água suficiente para que as trocas de
humidade ocorram sem dificuldade, desde que este possua elevada resistência à difusão de
, a carbonatação será mais lenta. O maior ou menor valor de está associado também à
dispersão das leituras, mas alerta para os efeitos, sobre a humidade interior, que os sistemas
de protecção podem ter.
O n.º de leituras realizadas neste trabalho foi reduzido. Seria muito útil a realização de ensaios
em maior escala, com procedimento semelhante e com leituras regulares desde o início do
período de exposição.
75
y = 40,09x + 29,39R² = 0,916
0
10
20
30
40
50
60
0,00 0,20 0,40 0,60
fre
nte
de
car
bo
nat
ação
(m
m)
(27 dias)
y = 108,7x + 31,69R² = 0,881
0,00 0,20 0,40 0,60
w (mm)
(53 dias)
b a
7.4 Sistemas fissurados
Os dados recolhidos para os provetes fissurados (Tabela 10) estão representados em função
da abertura da fenda ( ) na Figura 62.
Figura 62 Valores de a e b para provetes fissurados.
Os valores de frente de carbonatação na superfície não fissurada, apresentam valores médios
aproximadamente constantes de 11,8 e 16,4 mm, respectivamente aos 27 e 53 dias de
carbonatação acelerada. Os valores de penetração através da superfície da fenda (b) parecem
variar linearmente com a abertura da fissura ( ). No entanto considerando as rectas de
regressão linear para os valores de b, quando , a profundidade de carbonatação é
superior ao valor de a, que supostamente corresponde ao valor de penetração em situação não
fissurada. Este diferença pode explicar-se pelo facto de, na vizinhança da fenda e próximo da
superfície de exposição, a difusão ocorrer através de duas “frentes”, causando assim um
aumento local da penetração. Este efeito é aliás perceptível pelo perfil da frente de
carbonatação quando a fenolftaleína é aplicada ao betão.
Figura 63 Perfil da frente de carbonatação junto à fissura.
76
y = 38,95x + 18,07R² = 0,919
y = 107,1x + 15,57R² = 0,904
0
10
20
30
40
50
60
0,00 0,20 0,40 0,60
fre
nte
de
car
bo
nat
ação
(m
m)
w (mm)
b-a
27 dias
53 dias
Apesar de a frente de carbonatação variar linearmente com , o valor de de deve ser retirado
ao valor de penetração na fenda, de forma a avaliar-se o efeito isolado da fissura. O resultado
apresenta-se na Figura 64.
Figura 64 Variação de ( ) em função de
Ao considerar-se o efeito isolado da fissura ( ), as rectas de regressão aos 27 e 53 dias
apresentam um coeficiente de determinação R2 superior a 90%, valores estes superiores aos
encontrados anteriormente para a variação de . Esta relação linear é suficientemente
simples de aplicar e ainda assim descreve adequadamente o fenómeno. É um facto que estas
conclusões são baseadas numa amostra reduzida de leituras. No entanto, estes resultados
vêm de encontro aos estudos realizados por Sullivan-Green (2005) em que foi observada
precisamente esta relação de linearidade, ainda que para valores de superiores (0,5 a 2,0
mm). As leituras aos 53 dias correspondem a uma recta de regressão linear com um declive
maior (101,7) que na leitura anterior (38,95). Tal, leva a crer que a diferença entre penetração
na fenda e penetração uniforme ( ), tende a acentuar-se com o tempo.
A máxima abertura permitida para elementos com armaduras ordinárias é 0,3 e 0,4mm,
respectivamente segundo o R.E.B.A.P. e a EN 1992-1-1. Mesmo considerando o menor dos
dois, tem-se uma penetração na fissura (b) 245% e 291% superior ao valor de penetração
uniforme (a), respectivamente para os 27 e para os 53 dias. Embora seja difícil quantificar a
representatividade deste efeito na progressão da corrosão de uma estrutura, este aumento
localizado pode originar corrosão pontual. Os efeitos da fissuração serão tão mais
significativos, quanto maior a sua dispersão e dimensão da abertura.
77
8. Conclusões e trabalhos futuros
Ao longo deste estudo verificou-se que o aumento da profundidade de carbonatação ( )
obedece a uma relação de linearidade com a raiz quadrada do tempo ( ).
Os valores medidos de , parecem indicar que numa fase inicial de carbonatação acelerada,
esta é inibida ou de alguma forma diminuída. O modelo misto proposto, reúne os dois modelos
de carbonatação admitidos na bibliografia e, adapta-se melhor aos resultados obtidos.
Dos revestimentos ensaiados, a tinta Dyrup Dyruway apresenta o pior desempenho, com
maiores valores registados de profundidade de carbonatação ao longo do ensaio. Os
revestimentos com maior coeficiente de resistência à difusão de ( ) apresentam
melhores desempenhos. O sistema Sikagard® 680-ES Betoncolor, apesar do maior valor de
, e da menor resistência à difusão de vapor de água ( ), exibe um desempenho muito
próximo da tinta Sikagard® 660 ES. Refira-se que a tinta Sikagard® 670 W, com a designação
comercial de “pintura anticarbonatação de betão” não foi de facto, a que teve melhor
desempenho.
No período de recolha de dados simultânea para sistemas protegidos e não protegidos (219
aos 329 dias), estes últimos apresentaram maiores valores de penetração da frente de
carbonatação. Sendo que os dados recolhidos indicam coeficientes de carbonatação ( ) da
mesma ordem de grandeza, tal leva a crer que a carbonatação nos sistemas protegidos se
começa a fazer sentir mais tardiamente.
Nos provetes fissurados observou-se uma relação de linearidade entre a abertura de fenda ( )
e a penetração de carbonatação ao longo da mesma ( ). A penetração é tanto maior, quanto
maior o valor de e este efeito tende a agravar-se ao longo do tempo.
Seria de grande utilidade a complementação deste trabalho, recorrendo nomeadamente a
ensaios sobre carotes de obras, que posteriormente seriam ensaiadas em condições
aceleradas e comparados os resultados com os obtidos em condições de exposição real. A
continuação do estudo aqui desenvolvido permitirá, através de medições regulares no tempo e
recorrendo a um maior n.º de corpos-de-prova, obter resultados mais rigorosos e com maior
significado. A leitura do teor em água dos provetes à entrada da câmara de carbonatação
acelerada, seria essencial para melhor se compreender o efeito das trocas de humidade na
progressão da carbonatação, mais particularmente no caso de sistemas protegidos.
78
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ANEXOS
Anexo A
Recomendações de durabilidade - LNEC E 464 e EN 1992-1-1
Tabela 1 Classes de exposição – corrosão induzida por carbonatação
Classe Descrição do ambiente Exemplos informativos
XC1 Seco ou permanentemente
húmido
Betão armado no interior de edifícios ou estruturas, com excepção das áreas com
humidade elevada.
Betão armado permanentemente submerso em água não agressiva.
XC2 Húmido, raramente seco
Betão armado enterrado em solo não agressivo.
Betão armado sujeito a longos períodos de contacto com água não agressiva.
XC3 Moderadamente húmido
Superfícies exteriores de betão armado protegidas da chuva transportada pelo vento.
Betão armado no interior de estruturas com moderada ou elevada humidade do ar
(v.g., cozinhas, casas de banho).
XC4 Ciclicamente húmido e seco
Betão armado exposto a ciclos de molhagem/secagem.
Superfícies exteriores de betão armado expostas à chuva ou fora do âmbito da XC2
Tabela 2 Limites da composição e da classe de resistência do betão sob acção do dióxido de carbono, para uma vida útil de 50 anos
Tipo de cimento
CEM I (Referência); CEM II/A (1)
CEM II/B
(1); CEM III/A
(2);
CEM IV(2)
; CEM V/A(2)
Classe de exposição
XC1 XC2 XC3 XC4 XC1 XC2 XC3 XC4
Mínimo recobrimento
nominal (mm)
25 35 35 40 25 35 35 40
Máxima razão água/cimento
0,65 0,65 0,60 0,60 0,65 0,65 0,55 0,55
Mínima dosagem de cimento, C (kg/m
3)
240 240 280 280 260 260 300 300
Mínima classe de
resistência
C25/30
LC25/28
C25/30
LC25/28
C30/37
LC30/33
C30/37
LC30/33
C25/30
LC25/28
C25/30
LC25/28
C30/37
LC30/33
C30/37
LC30/33
(1) Não aplicável aos cimentos II/A-T e II/A-W e aos cimentos II/B-T e II/B-W, respectivamente.
(2) Não aplicável aos cimentos com percentagem inferior a 50% de clínquer portland, em massa.
Tabela 3 Valores do recobrimento mínimo, Cmin,dur, requisitos relativos à durabilidade das armaduras para betão armado, de acordo com a EN 10080
Requisito ambiental para Cmin,dur (mm)
Classe
Estrutural
Classe de Exposição de acordo com o Quadro 4.1
X0 XC1 XC2/XC3 XC4 XD1/XS1 XD2/XS2 XD3/XS3
S1 10 10 10 15 20 25 30
S2 10 10 15 20 25 30 35
S3 10 10 20 25 30 35 40
S4 10 15 25 30 35 40 45
S5 15 20 30 35 40 45 50
S6 20 25 35 40 45 50 55
Tabela 4 Valores do recobrimento mínimo, Cmin,dur, requisitos relativos à
durabilidade das armaduras de pré-esforço
Requisito ambiental para Cmin,dur (mm)
Classe
Estrutural
Classe de Exposição de acordo com o Quadro 4.1
X0 XC1 XC2/XC3 XC4 XD1/XS1 XD2/XS2 XD3/XS3
S1 10 15 20 25 30 35 40
S2 10 15 25 30 35 40 45
S3 10 20 30 35 40 45 50
S4 10 25 35 40 45 50 55
S5 15 30 40 45 50 55 60
S6 20 35 45 50 55 60 65
Tabela 5 Classes estruturais recomendadas – Tabela 4.3N EN 1992-1-1
Critério Classe de Exposição
X0 XC1 XC2 / XC3 XC4
Tempo de vida útil de projecto de 100 anos
Aumentar de 2 classes
Aumentar de 2 classes
Aumentar de 2 classes
Aumentar de 2 classes
Classe de Resistência ≥ C30/37 reduzir de 1 classe
≥ C30/37 reduzir de 1 classe
≥ C35/45 reduzir de 1 classe
≥ C35/45 reduzir de 1 classe
Elemento com geometria de laje
(posição das armaduras não afectada pelo processo construtivo)
reduzir de1 classe
reduzir de1 classe
reduzir de1 classe
reduzir de1 classe
Garantia especial de
controlo da qualidade
da produção do betão
reduzir de
1 classe
reduzir de
1 classe
reduzir de
1 classe
reduzir de
1 classe
Anexo B
Modelo para cálculo do período de iniciação devido à carbonatação
apresentado no ponto 6.2.1-1 da especificação E 465 do LNEC
O modelo tem a expressão:
O primeiro termo corresponde à lei de Fick que, considerando estacionário o fluxo de , rege a
evolução no tempo (anos) da profundidade (m) da frente de carbonatação:
onde:
D é o coeficiente de difusão do através do betão carbonatado em equilíbrio com o ambiente de
65% de humidade relativa e 20ºC (m2/ano);
é a diferença de concentração de entre o exterior e a frente de carbonatação;
é a quantidade de que provoca a carbonatação dos componentes alcalinos do betão contidos
numa unidade de volume de betão (kg/m3);
e o segundo termo é o produto de factores que permitem ter em consideração a influência das
condições de ensaio e de exposições ambientais diferentes de 65% HR e a cura do betão:
é o factor de valor 3 quando as condições de ensaio são as da Especificação LNEC E 391;
é o factor que permite considerar a influência da humidade relativa, com os valores do quadro 1;
é o factor que permite considerar a influência da cura, tendo o valor 1 na cura normalizada e 0,25
quando a cofragem é de permeabilidade controlada e a cura é de 3 dias;
é o período de referência (=1 ano);
é o factor que permite considerar a influência da molhagem/secagem ao longo do tempo, com os
valores do quadro 1.
Quadro 1 Valores dos parâmetros e
XC1 XC2 XC3 XC4
1,0 0,20 0,77 0,41
0 0,183 0,02 0,085
Anexo C
Fichas técnicas
Revestimentos ensaiados
Ficha de Produto Edição de Julho 2005 Nº de identificação: 9.10 Versão nº 8 Sikagard® 680-ES/681-ES Betoncolor
1/3 Sikagard® 680-ES/681-ES Betoncolor1
Cons
truct
ion
Sikagard® 680-ES/681-ES Betoncolor Tinta acrílica, especial para betão e fibrocimento
Descrição do produto
Tinta formulada na base de resinas acrílicas, com excelente resistência à intempérie, aos álcalis e ao envelhecimento. Contém solventes.
Tipos Sikagard® 680-ES Betoncolor (cores). Sikagard® 681-ES Betoncolor (incolor).
Utilizações Para o tratamento incolor ou colorido de superfícies minerais tais como o betão e fibrocimento. Sikagard® 680-ES Betoncolor, não interferindo na textura característica do betão, protege-o das influências agressivas atmosféricas e favorece o efeito de autolimpeza das suas superfícies. Sikagard® 681-ES Betoncolor é especialmente indicado para o envernizamento de betão, incluindo lajetas e blocos para pavimentos.
Vantagens Sikagard® 680-ES Betoncolor contém uma resina acrílica com excelente resistência ao amarelecimento e à carbonatação. Devido à sua rápida secagem, esta tinta resiste à chuva e à intempérie pouco tempo após a sua aplicação. Sikagard® 680-ES Betoncolor protege o betão dos componentes agressivos da atmosfera que penetram na superfície do betão na forma de sais ou gases dissolvidos; a deposi-ção de poeiras e detritos é fortemente reduzida e o betão deixa de ficar manchado com a água da chuva. Sikagard® 680-ES Betoncolor possui uma elevada resistência à penetração do dióxido de carbono da atmosfera e, por este facto, reduz a carbonatação do betão. A permeabilidade ao vapor de água não é influenciada negativamente. Com duas demãos de Sikagard® 680-ES Betoncolor, com um consumo de 2 x 0,145 l/m2, obtém-se a espessura seca de aprox. 130 µm, a qual assegura os seguintes valores de resistência à difusão de: dióxido de carbono RCO2 , 130 µm = 420 m (*) vapor de água SD , 130 µm = 2,2 m (*) (*) Consultar a IT - Informação Técnica nº 5 para mais dados técnicos sobre os mecanismos da carbonatação e trocas de vapor de água. Resiste às influências agressivas da atmosfera.
Dados do produto
Tonalidades Sikagard® 680-ES Betoncolor: Conforme catálogo de cores "Protecção e Manutenção do Betão". Sikagard® 681-ES Betoncolor: Verniz transparente.
Fornecimento Sikagard® 680-ES Betoncolor: 5 - 20 litros. Sikagard® 681-ES Betoncolor: 5 - 20 litros. Diluente C: 1 - 5 - 25 - 200 litros.
Armazenagem O produto deve estar armazenado em embalagens bem fechadas e conservadas em local seco e fresco.
2/3 2 Sikagard® 680-ES/681-ES Betoncolor
Conservação Conserva-se 3 anos a partir da data de fabrico
Dados técnicos
Base Resinas acrílicas em solventes.
Massas volúmicas, (23º + 2ºC)
Sikagard® 680-ES Betoncolor: aprox. 1,4 kg/litro. Sikagard® 681-ES Betoncolor: aprox. 0,9 kg/litro.
Teor de sólidos em volume
Sikagard® 680-ES Betoncolor: aprox. 45%. Sikagard® 681-ES Betoncolor: aprox. 21,5%.
Sistemas
Esquemas de pintura ! Envernizamento incolor com brilho sedoso. 2 x Sikagard® 681-ES Betoncolor.
! Pintura de protecção e decoração. 2 a 3 x Sikagard® 680-ES Betoncolor.
Em superfícies muito compactas, a primeira demão, nos dois casos, deve ser diluída com aprox. 10% de Diluente C. As tonalidades vermelha e amarela podem exigir a aplicação de 3 demãos para se obter uma cobertura capaz.
Preparação da superfície Deve encontrar-se bem seca, limpa, isenta de poeiras e gorduras. Regularizações realizadas com argamassas pré-doseadas das gamas Sikatop®, Sika® MonoTop®, Icoment®, podem ser pintadas com Sikagard® 680-ES/681-ES Betoncolor 4 dias depois de aplicadas. Nos casos de forte radiação solar e/ou vento, estas arga-massas de regularização devem ser mantidas húmidas durante 3 dias (cura) e deixadas secar mais um dia, antes de poder aplicar Sikagard® 680-ES/681-ES Betoncolor. No caso de condições climatéricas normais, manter as argamassas húmidas 2 dias (cura) e observar mais 2 dias de secagem antes de aplicar Sikagard® 680-ES/681-ES Betoncolor.
Preparação do material Sikagard® 680-ES/681-ES Betoncolor fornece-se pronto a utilizar, mas deve ser bem mexido antes da aplicação. Em casos de temperaturas baixas é admitida a diluição da 1ª demão com 5% de Diluente C.
Aplicação À trincha ou rolo de pelo curto de carneiro. Sikagard® 680-ES/681-ES Betoncolor também pode ser aplicado por projecção airless, com pistola de bico 0,38-0,66 mm, pressão de atomização 150 bar, ângulo de projecção 50-80°. Adicionar 7% de Diluente C.
Tempo de espera entre demãos
À temperatura de: Intervalo de:+10ºC: 8 horas. +20ºC: 5 horas. +30ºC: 3 horas.
Secagem Ao pó cerca de 30 minutos. 1 hora após a aplicação, Sikagard® 680-ES/681-ES Betoncolor já não é afectado pela água da chuva.
Diluição e limpeza de ferramentas
Com Diluente C.
Risco e segurança
Medidas de segurança O diluente e os produtos no estado líquido são nocivos à água pelo que não devem ser vazados nas canalizações nem nos terrenos. No caso de trabalhos em locais estreitos e/ou fechados, durante a aplicação e secagem providenciar uma boa ventilação. Durante esse período em caso algum fazer fogo ou chama aberta (por ex.: trabalhos de soldadura). Em caso acidental de contacto com os olhos, lavar imediatamente com água e consultar o médico. Para mais pormenores consultar as respectivas fichas de dados de segurança.
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"O produto está seguro na Cª Seguros Metrópole, SA (Apólice nº 4036758), a título de responsabilidade civil do fabricante". A informação e em particular as recomendações relacionadas com aplicação e utilização final dos produtos Sika, são fornecidas em boa fé e baseadas no conhecimento e experiência dos produtos sempre que devi-damente armazenados, manuseados e aplicados em condições normais. Na prática, as diferenças no esta-do dos materiais, das superfícies, e das condições de aplicação em obra, são de tal forma imprevisíveis que nenhuma garantia a respeito da comercialização ou aptidão para um fim em particular, nem qualquer responsabilidade decorrente de qualquer relacionamento legal, poderão ser inferidas desta informação, ou de qualquer recomendação por escrito, ou de qualquer outra recomendação dada. Os direitos de propriedade de terceiros deverão ser observados. Todas as encomendas aceites estão sujeitas às nossas condições de venda e de entrega vigentes. Os utilizadores deverão sempre consultar a versão mais recente da Ficha de Produto específica do produto a que diz respeito, que será entregue sempre que pedida.
Cons
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Sika Portugal, SA R. de Santarém, 113 4400-292 V. N. Gaia Portugal
Tel. +351 22 377 69 00 Fax +351 22 370 20 12 www.sika.pt
Ficha Técnica Edição de Dezembro 2003 Nº de identificação: 9.13 Versão nº 3 Sikagard® 670 W Elastocolor
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Sikagard® 670 W Elastocolor Pintura anticarbonatação de betão
Descrição do produto
Pintura de protecção contra a carbonatação, à base de resinas acrílicas em dispersão aquosa, de acabamento mate.
Utilizações Protecção de betão armado e rebocos. Protecção e decoração de fachadas e elementos prefabricados de betão, sem alterar a textura superficial do betão. Protecção preventiva de obras novas de betão armado contra ambientes agressivos. Pintura de protecção e decoração de sistemas Sikatop e Sika MonoTop na reparação de betão armado. Protecção de fibrocimento e de betão reforçado com fibras.
Vantagens Permeável ao vapor de água, permitindo a respiração das fachadas. Impermeável à água da chuva. Elevada resistência à difusão de CO2, travando portanto a carbonatação. Excelente resistência à intempérie e ao envelhecimento. Muito boa aderência. Fácil de aplicar. Dispersão aquosa. Ecológico, isento de solventes.
Certificados Boletins de ensaio nº P-1735 e nº P-1736 do Instituto de Polímeros de Flörsheim-Wickler, de 23.04.1999 - Ensaio de resistência à difusão de dióxido de carbono e vapor de água, segundo a Especificação normativa TL/TP OS-ZTV-SIB 90. Boletins de ensaio nº PZ IV/99-035 e nº PZ IV/99-036 do Instituto de Análise de Materiais de Construção (MFPA) de Leipzig, de 02.03.1999 - Ensaio de comportamento ao fogo segundo a norma DIN 4102.
Dados do produto
Tipo Dispersão aquosa à base de resinas acrílicas.
Cores Ver "Catálogo de Protecção de Betão" e "Tabela de Cores".
Fornecimento Baldes de 20 litros.
Armazenagem O produto deve estar armazenado em embalagens bem fechadas e conservadas em local seco e fresco, protegido da geada.
Conservação Conserva-se 1 ano a partir da data de fabrico
Dados técnicos
Base Resinas acrílicas em solventes.
Massa volúmica Aprox. 1,34 kg/dm3.
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Teor de sólidos Sólidos em volume: aprox. 45%.Sólidos em peso: aprox. 60%.
Resistência à difusão de dióxido de carbono
Coeficiente de resistência: µ (CO2) = 4,7 x 105. Resistência à difusão: SD (CO2), em metros: 88 m. Exigido pela norma: SD (CO2), em metros: > 50 m.
Resistência à difusão de vapor de água
Coeficiente de resistência: µ (H2O) = 4200. Resistência à difusão: SD (H2O), em metros: 0,75 m.Exigido pela norma: SD (H2O), em metros: < 4 m. Espessura mínima para uma protecção eficaz: 120 µm.
Temperatura de aplicação Mínima: +8ºC.
Sistemas
Preparação da base A base deve estar sã, compacta, limpa e isenta de pó, sujidade, leitança superficial, partículas soltas, restos de descofrantes e outros contaminantes. Argamassas Sikatop ou Sika MonoTop devem ter um mínimo de 5 dias de idade antes de serem pintadas.
Hidrofugação É possível aplicar um tratamento de hidrofugação da superfície com Sikagard 700 S antes da aplicação de Sikagard 670 W Elastocolor. Este tratamento de hidrofugação é recomendado sobretudo quando da posterior exposição a salpicos de sais de degelo, ou a forte exposição a ar salino húmido.
Homogeneização O produto é fornecido pronto a aplicar, todavia é importante mexer bem a fundo antes de aplicar, de preferência com um misturador eléctrico. No caso de temperaturas muito altas ou muito baixas pode ajustar-se a viscosidade adicionando cerca de 2% de água.
Aplicação A pincel, trincha, ou rolo de pelo curto. Pode também aplicar-se à pistola airless, depois de se ter adicionado cerca de 2% de água. Características do equipamento airless: pressão 180 bar, bico 0,38 a 0,66 mm, ângulo de projecção 50-60º.
Sistemas de pintura Em geral são suficientes duas demãos de Sikagard 670 W Elastocolor, mas pode ser recomendável aplicar três demãos, dependendo do grau de protecção exigido. Em bases com elevada porosidade, muito absorventes, recomenda-se aplicar o primário Sikagard 552 W Aquaprimer.
Tempo de espera entre demãos
Temperatura Entre camadas (aprox.)
Para resistir a chuva (aprox.)
Secagem final
+8ºC 90 minutos 5 horas 24 horas +23ºC 30 minutos 1 hora 4 horas +30ºC 20 minutos 40 minutos 3 horas
Compatibilidade Sikagard 670 W Elastocolor pode ser usado em trabalhos de repintura sem se usar primário, desde que a camada antiga tenha sido bem limpa e esteja bem aderente à base.
Consumo Aproximadamente 0,16 litro por m2 e por demão, o que equivale a uma espessura de película seca de aproximadamente 60 microns (incluindo 20% de perdas).
Limpeza de ferramentas Com água, imediatamente após aplicação.
Importante Não aplicar nas seguintes situações: Abaixo do ponto de orvalho. Sobre superfícies húmidas. Com tempo de chuva. Com humidade relativa superior a 80%. A temperaturas inferiores a 8ºC, sobre bases muito absorventes e com vento forte, podem produzir-se fissuras de secagem e perda de aderência.
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Risco e segurança
Medidas de segurança No estado líquido, o produto contamina a água, pêlo que não deve ser lançado nas canalizações, cursos de água e solo. Restos de material, incluindo água de limpeza, devem ser eliminados respeitando a legislação vigente. Para informações de pormenor, consultar a respectiva ficha de segurança, disponível a pedido.
"O produto está seguro na Cª Seguros Metrópole, SA (Apólice nº 4036758), a título de responsabilidade civil do fabricante". A informação e em particular as recomendações relacionadas com aplicação e utilização final dos produtos Sika, são fornecidas em boa fé e baseadas no conhecimento e experiência dos produtos sempre que devi-damente armazenados, manuseados e aplicados em condições normais. Na prática, as diferenças no esta-do dos materiais, das superfícies, e das condições de aplicação em obra, são de tal forma imprevisíveis que nenhuma garantia a respeito da comercialização ou aptidão para um fim em particular, nem qualquer responsabilidade decorrente de qualquer relacionamento legal, poderão ser inferidas desta informação, ou de qualquer recomendação por escrito, ou de qualquer outra recomendação dada. Os direitos de propriedade de terceiros deverão ser observados. Todas as encomendas aceites estão sujeitas às nossas condições de venda e de entrega vigentes. Os utilizadores deverão sempre consultar as versões mais recentes das fichas técnicas dos respectivos produtos, que serão entregues sempre que pedidas.
Cons
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Sika Portugal, SA R. de Santarém, 113 4400-292 V. N. Gaia Portugal
Tel. +351 22 377 69 00 Fax +351 22 370 20 12 www.sika.pt
Ficha de Produto Edição de Julho 2005 Nº de identificação: 9.11 Versão nº 3 Sikagard® 660 ES
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Tinta acrílica, especial para betão e reboco
Descrição do produto
Tinta formulada na base de resinas acrílicas, com excelente resistência à intempérie, aos álcalis e ao envelhecimento. Contém solventes.
Utilizações Para o tratamento colorido de betão e reboco. Sikagard® 660 ES, não interferindo na textura característica do betão, protege-o das influências agressivas atmosféricas e favorece o efeito de autolimpeza das suas superfícies.
Vantagens � Resiste muito bem aos UV e à carbonatação. � Pouco depois de aplicada, a tinta já é resistente à chuva. � Protege o betão contra a atmosfera agressiva, sais diluídos e gases. � A película não oferece aderência à sujidade e promove a autolimpeza sob efeito
da chuva. � Alta resistência à difusão de dióxido de carbono. � Boa permeabilidade ao vapor de água.
Certificados/Normas Resistência à difusão de dióxido de carbono (EN 1062-6), resistência à difusão de vapor de água (NP EN ISO 7783-1) e permeabilidade à água líquida (EN 1062-6). L.N.E.C. Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa – Boletim de Ensaio nº B 11 BPR 05, de 2005-02-22.
Dados do produto
Tonalidades Branco, cinzento RAL 7032. É possível fabricar o produto em outras cores, sujeito a quantidades mínimas (consultar caso a caso).
Fornecimento Sikagard® 660 ES: 20 litros. Diluente C: 1 - 5 - 25 - 200 litros.
Armazenagem e conservação
O produto deve estar armazenado em embalagens bem fechadas e conservadas em local seco e fresco. Conserva-se 3 anos a partir da data de fabrico.
Dados técnicos
Base Resinas acrílicas em solventes.
Massa volúmica, (23º + 2ºC)
1,28 + 0,02 kg/litro.
Teor de sólidos em volume
Aprox. 43%.
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Consumo/Espessura/ Resistência à difusão de gases
Sikagard® 660-ES, aplicado em duas demãos com um consumo de 2 x 0,145 l/m2, de modo a atingir 120 µm de espessura seca total, assegura uma alta resistência à difusão de dióxido de carbono presente na atmosfera, reduzindo consideravelmen-te a carbonatação do betão. A permabilidade da fachada de betão ao vapor de água não é afectada. L.N.E.C. Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa – Boletim de Ensaio nº B 11 BPR 05, de 2005-02-22 Resistência à difusão de dióxido de carbono:
RCO2 120 µm ~ 290 m (EN 1062-6)
Resistência à difusão de vapor de água:
SD 120 µm ~ 2,8 m (NP EN ISO 7783-1)
Permeabilidade à água líquida:
Baixa (Class III) W = 0,003 kg.m-2.h-1/2
(EN 1062-6)
Sistemas
Esquemas de pintura 2 a 3 x Sikagard® 660 ES. Em superfícies muito compactas, a primeira demão, deve ser diluída com aprox. 5% de Diluente C. Certas tonalidades podem exigir a aplicação de 3 demãos para se obter uma cobertura suficiente.
Preparação da superfície Deve encontrar-se bem seca, limpa, isenta de poeiras e gorduras. Regularizações realizadas com argamassas pré-doseadas das gamas SikaTop®, Sika® MonoTop®, Icoment®, podem ser pintadas com Sikagard® 660 ES quatro dias depois de aplicadas. Nos casos de forte radiação solar e/ou vento, estas argamassas de regularização devem ser mantidas húmidas durante três dias (cura) e deixadas secar mais um dia, antes de poder aplicar Sikagard® 660 ES. No caso de condições climatéricas normais, manter as argamassas húmidas dois dias (cura) e observar mais dois dias de secagem antes de aplicar Sikagard® 660 ES.
Preparação do material Sikagard® 660 ES fornece-se pronto a utilizar, mas deve ser bem mexido antes da aplicação. Em casos de temperaturas baixas é admitida a diluição da 1ª demão até 5% de Diluente C.
Aplicação À trincha ou rolo de pelo curto de carneiro. Sikagard® 660 ES também pode ser aplicado por projecção airless, com pistola de bico 0,38-0,66 mm, pressão de atomização 150 bar, ângulo de projecção 50-80°. Adicionar 5% de Diluente C.
Tempo de espera entre demãos
À temperatura de: Intervalo de: +10ºC: 8 horas. +20ºC: 4 horas. +30ºC: 3 horas.
Estes valores são orientativos e dependem também das espessuras aplicadas, do processo de aplicação e do número total de demãos.
Secagem Ao pó cerca de 30 minutos. 1 hora após a aplicação, Sikagard® 660 ES já não é afectado pela água da chuva.
Diluição e limpeza de ferramentas
Com Diluente C.
Risco e segurança
Medidas de segurança O diluente e os produtos no estado líquido são nocivos à água pelo que não devem ser vazados nas canalizações nem nos terrenos. No caso de trabalhos em locais estreitos e/ou fechados, durante a aplicação e secagem providenciar uma boa ventilação. Durante esse período em caso algum fazer fogo ou chama aberta (por exemplo: trabalhos de soldadura). Em caso acidental de contacto com os olhos, lavar imediatamente com água e consultar o médico. Para mais pormenores consultar as respectivas fichas de dados de segurança.
3/3 3 Sikagard® 660 ES
"O produto está seguro na Cª Seguros Metrópole, SA (Apólice nº 4036758), a título de responsabilidade civil do fabricante". A informação e em particular as recomendações relacionadas com aplicação e utilização final dos produtos Sika, são fornecidas em boa fé e baseadas no conhecimento e experiência dos produtos sempre que devidamente armazenados, manuseados e aplicados em condições normais, de acordo com as recomendações da Sika. Na prática, as diferenças no estado dos materiais, das superfícies, e das condições de aplicação em obra, são de tal forma imprevisíveis que nenhuma garantia a respeito da comercialização ou aptidão para um fim em particular, nem qualquer responsabilidade decorrente de qualquer relacionamento legal, poderão ser inferidas desta informação, ou de qualquer recomendação por escrito, ou de qualquer outra recomendação dada. O produto deve ser ensaiado para aferir a adequabilidade do mesmo à aplicação e fins pretendidos. Os direitos de propriedade de terceiros deverão ser observados. Todas as encomendas aceites estão sujeitas às nossas condições de venda e de entrega vigentes. Os utilizadores deverão sempre consultar a versão mais recente da nossa Ficha de Produto específica do produto a que diz respeito, que será entregue sempre que pedida.
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Sika Portugal, SA R. de Santarém, 113 4400-292 V. N. Gaia Portugal
Tel. +351 22 377 69 00 Fax +351 22 370 20 12 www.sika.pt
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REF. PRODUTO 5780
ITC Nº 553
INFORMAÇÃO TÉCNICO / COMERCIAL
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Anexo D
Limites de abertura de fendas segundo EN 1992-1-1 e REBAP
O eurocódigo EN 1992-1-1 propõe a limitação da abertura máxima de fendas ( ), tendo em
conta as funções e natureza da estrutura, assim como o custo do controle dessa mesma
fissuração. Os valores recomendados são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 Valores de recomendados (mm).
Classe de exposição
Elementos armados e elementos pré-esforçados de
cabos não aderentes
Elementos pré-esforçados de cabos aderentes
Combinação de cargas quase-permanente
Combinação de cargas frequente
X0, XC1 0,41
0,2
XC2, XC3, XC4 0,3
0,22
XD1, XD2, XS1, XS2, XS3 Descompressão
Nota 1: Para as classes X0 e XC1 a abertura de de fendas não tem influência na durabilidade e este limite é imposto para garantir um aspecto aceitável. Na ausência destas condicionantes, este limite é flexível.
Nota 2: Para estas classes de exposição, a descompressão deve ser verificada para a combinação quase-frequente de acções.
O documento refere ainda que na ausência de requisitos específicos (e.g. tensão superficial da
água), pode-se assumir que a limitação do cálculo de abertura de fendas para valores de
dados na Tabela 1, sob combinação de cargas quase-permanente, será geralmente safistatória
para elementos de betão armado em edifícios, no que diz respeito ao aspecto e durabilidade. A
durabilidade de elementos pré-esforçados é mais sensível aos efeitos da fissuração, o que
conduz nos casso dos cabos aderentes a valores de inferiores.
Segundo o Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-Esforçado (REBAP), os
estados limites de fendilhação a considerar para a assegurar conveniente durabilidade das
estruturas, devem ser escolhidos em relação a cada tipo de combinação de acções, tendo em
conta a agressividade do ambiente e a sensibilidade das armaduras à corrosão. Os estados
limites de fendilhação a considerar podem ser o de descompressão e o de largura de fendas
( ). No caso de armaduras ordinárias o estado limite a considerar é o de largura de fendas.
Tabela 2 Estados limite de fendilhação para armaduras ordinárias.
Ambiente Combinações de acções Estado limite
Pouco agressivo Frequentes
Moderadamente agressivo Frequentes
Muito agressivo Raras
No caso de armaduras de pré-esforço, os estados limites a considerar são o de
descompressão e o de largura de fendas.
Tabela 3 Estados limites de fendilhação para armaduras de pré-esforço.
Ambiente Combinações de acções Estado limite
Pouco agressivo Frequentes
Quase permanentes Descompressão
Moderadamente agressivo Frequentes
Quase permanentes Descompressão
Muito agressivo Raras
Frequentes Descompressão
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