Vitor Pasquini Scarpelli
Comunicação Social e associações comunitárias:a atuação de líderes de opinião em Balsas(MA)
Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo-SP,
2010
Vitor Pasquini Scarpelli
Comunicação social e associações comunitárias:a atuação de líderes de opinião em Balsas(MA)
Dissertação apresentada em cumprimento parcial àsexigências do Programa de Pós-Graduação em
Comunicação Social, da UMESP-Universidade Metodistade São Paulo, para obtenção do grau de Mestre.
Orientadora: Profa: Sandra Reimão
Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo-SP,
2010
A dissertação de mestrado sob o título "Comunicação social e
associações comunitárias: a atuação de líderes de opinião em
Balsas(MA)", elaborada por Vitor Pasquini Scarpelli foi
apresentada e aprovada em 16 de março de 2010, perante banca
examinadora composta por Sandra Reimão (Presidente/UMESP),
Maria Aparecida Ruiz (Titular/UMESP) e Jane Marques
(Titular/USP).
Profa. Dra. Sandra Reimão Orientadora e Presidente da Banca Examinadora
Prof. Dr, Sebastião Squirra Coordenador do Programa de Pós-Graduaçao
Programa: Mestrado em Comunicação Social
Área de concentração: Processos
Comunicacionais Linha de Pesquisa: Livros e
outras mídias
Agradecimentos
Aos meus pais Roseane Pasquini e Sergio Scarpelli, que sempre me incentivaram
e tornaram possível a realização dos meus projetos de vida.
A Bruno Menegatti, pelos diversos favores que colaboraram para a
realização desta dissertação.
A Luis e Ana Elisa Salvatore por possibilitarem que eu conhecesse um outro lado do
Brasil.
A todos os funcionários da Escola Municipal Agostinho Neves,
especialmente Eliane, Cláudia, Antonieta e Edjane.
Aos moradores do bairro Bacaba, e membros da associação de moradores do
bairro Bacaba, que me receberam calorosamente em sua cidade.
A Aluísio, pela colaboração em pesquisar e organizar documentos, e a sua família,
que me recebeu durante dias em sua casa quando eu estava tão distante da minha.
A todas as pessoas que estiveram a meu lado durante esse período, em casa ou pelos
sertões, especialmente Murilo, Júnior, Gilmar, Elver, Claiton, Marina, Otávio, Guto, Leandro,
Rafael, Valter e Wolber.
Imagem 1 - Criança no campo de futebol do Bairro Bacaba p.125
Imagem 2 - Apresentação de capoeira do Grupo Guerreiros da Criança p.125
Imagem 3 - Computador doado para informatização da biblioteca p.125
Imagem 4 - Apresentação de um músico local durante a visita do IBS p.126
Imagem 5 - Moradores do bairro Bacaba p.126
Lista de Imagens
Imagem 6 - Crianças moradoras do Bairro Bacaba p.126
Lista de Imagens p.3
Lista de Tabelas p.4
Introdução p.ll
1 - Sobre o conceito de líder de opinião p.12
2 - Balsas p.23
2.1 - O município de Balsas p.23
2.2 - O bairro Bacaba p.28
2.3 - Os meio de comunicação da cidade de Balsas p.31
3 - Instituto Brasil Solidário p.34
3.1 - O surgimento do Instituto Brasil Solidário p.34
3.2 - O Programa de Desenvolvimento Sustentável da Escola p.40
4 - A atuação dos moradores do bairro Bacaba p.58
4.1 - A associação de moradores do bairro Bacaba p.58
4.2 - A atuação dos líderes comunitários do Bairro Bacaba no PDSE p.64
5 - Considerações finais p.68
6 - Referências p.70
Anexo 1 p.72
Entrevista Antonieta Neves da Silva Matos p.72
Sumário
Entrevista Isomar de Sousa Neves p.76
Entrevista Norina Neves Quiximtera p.76
Resumo
Entrevista Edjane Nunes Santos p.77
Entrevista Wadson Oliveira Silva p.81
Entrevista Carmegildo Xavier da Silva p.83
Entrevista Xavier Fiali de Souza p.84
Entrevista Luis Barbosa de Sousa p.85
Entrevista Reni Jorge Grampes p.86
Entrevista Gilson Pereira Botelho p.89
Entrevista Naura de Sousa p.92
Entrevista Juarez Júnior da Silva Oliveira p.93
Entrevista Raimundo Nonato Cardoso Nogueira p.95
Entrevista Clarindo de Sousa Gomes p.97
Entrevista Josivam Pereira de Sá p.99
Entrevista Talita Moura p.99
Entrevista Fabricio Andrade p.101
Entrevista João Batista Rodrigues Araújo p.102
Entrevista Luis Fernando Fogaça Neto p.108
Entrevista José Maria da Silva p.109
Entrevista Antônia Almeida Nunes p.110Anexo 2
Entrevista Luis Salvatore p.lll
p.125
Esta dissertação visa examinar o bairro Bacaba, um bairro periférico do município de Balsas-MA, durante
a implantação de um projeto social implantado por uma ONG. O objetivo desse estudo é compreender como os
líderes de opinião da comunidade do bairro Bacaba, atuaram junto a comunidade e aos meios de comunicação da
cidade durante a realização de um projeto social em um colégio localizado no bairro Bacaba. A atuação desses
líderes foi observada durante quatro etapas que formaram o projeto implantado na escola e duas visitas posteriores
onde foi observada a continuação desse projeto.
Palavras-Chave: Líder de opinião, Comunicação em comunidades periféricas, Projetos Sociais
Resumo
Resumen
Esta tesis tiene como objetivo examinar el barrio Bacaba, un barrio en las afueras de la ciudad de
Balsas-MA, durante la ejecución de un proyecto social ejecutado por una ONG. El objetivo de este
estúdio es comprender cómo los líderes de opinión en el distrito de la comunidad Bacaba, actuo en la
comunidad y los médios de comunicación de la ciudad durante la ejecución de un proyecto social en
una escuela situada en el Bacaba. El trabajo de estos dirigentes se observo durante cuatro etapas que
forman el proyecto ejecutado en la escuela y dos visitas posteriores, donde se observo la continuación
de este proyecto.
Palabras-Clave: Líder de opinión, Comunicación en comunidads afueras de la ciudad, Proyecto
Social
This paper intend to make an exam on the Bacaba district, a peripheral distric located in the city of Balsas-
MA, during the introduction of a social project made by an ONG. The objective of this estudy is to
understand how the opinion leaders from the Bacaba community, act with this community and with the
local media during the realization of a social project in a school located in the Bacaba district. The
performance of these leaders was observed during the four stages of the project implantation, and during
two afterwards travels where the continuation of these projects were observed.
Keywords: Opinion Leader, Peripheral communication, Social projects
Introdução
A ideia desta pesquisa surgiu em 2007 quando realizei um trabalho social voluntário junto ao Instituto
Brasil Solidário. A convivência com as comunidades do sertão brasileiro e o modo como cada uma delas se
organizou para participar do trabalho foi algo que me intrigou. No ano seguinte, voltei a ser voluntário das ações,
dessa vez participando de todas as etapas do trabalho como cinegrafista. Acredito que exercer a função de
cinegrafista foi um fator que facilitou a realização da pesquisa, pois é uma função que tem como princípio básico
observar. Enquanto os outros voluntários ficaram restritos a sala onde exerciam suas funções, pude caminhar pela
escola e observar o andamento das ações e o comportamento dos moradores nos em todos os trabalhos efetuados
pela ação social.
Durante o período em que trabalhei nesse projeto um lugar específico chamou minha atenção, a cidade de
Balsas-MA, mais especificamente o bairro Bacaba, local onde tive oportunidade de trabalhar como voluntário em
quatro ocasiões. A comunidade se destacou por comparecer em grande número durante os trabalhos e se organizar
de uma maneira diferenciada dos outros locais visitados. Essa organização me despertou o desejo de compreender
como pessoas reconhecidas como líderes pela comunidade, atuaram durante o projeto social realizado no
município.
A pesquisa qualitativa apresentada nessa dissertação foi realizada durante as quatro viagens ao município
de Balsas que compuseram o Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola realizado pelo Instituto Brasil
Solidário, e em duas viagens posteriores a implantação dos trabalhos que tiveram como principais objetivos
observar se ou como a comunidade do bairro Bacaba deu continuidade aos trabalhos realizados pelo Projeto de
Desenvolvimento Sustentável da Escola, e a realização entrevistas com moradores do bairro Bacaba, funcionários
da Escola Municipal Agostinho Neves e pessoas reconhecidas como líderes pela maioria da comunidade.
Enquanto realizava os trabalhos voluntários na cidade, e em outras duas ocasiões em que estive em Balsas
para realizar a pesquisa, fui recebido de maneira calorosa pelos moradores, que foram
extremamente solícitos e desta maneira facilitaram a realização da pesquisa.
A pesquisa apresentada a seguir descreve o município de Balsas, o bairro Bacaba e o projeto social
do Instituto Brasil Solidário. Em seguida é feita uma descrição da associação de moradores do bairro
Bacaba, e da maneira como esses representantes da comunidade atuaram junto ao projeto social desenvolvido
na comunidade. Através da identificação de alguns líderes da comunidade foi possível observar a maneira com
que esses líderes atuaram junto aos moradores do bairro Bacaba e interagiram com os meios de comunicação da
cidade.
11
Abstract
Capítulo I - Sobre o conceito de líder de opinião
Nesse capítulo, buscaremos traçar os elementos centrais do conceito de líder de opinião. Para
tanto, uma síntese será elaborada, focada nesse tema, utilizando citações de autores (que considero)
relevantes para o desenvolvimento desse conceito. O primeiro estudo citado nesse capítulo esclarece as
ideias básicas sobre o conceito de líder de opinião e serve de base para compreensão dos estudos
posteriores, que aprofundam e estendem os conhecimentos sobre o assunto.
Lazarsfeld, Berelson e Gaudet fizeram um estudo chamado The people's choice: how the voter
makes up his mind in a presidential campaign, sobre a campanha presidencial de 1940, nos Estados
Unidos. Nesse estudo, observaram que algumas pessoas da comunidade exerciam um importante papel na
seleção da informação e na disseminação da influência exercida pelas mensagens transmitidas pelos
meios de comunicação massivos.
Esses autores notaram que as mensagens transmitidas pelo rádio e pelos meios impressos não
tinham grande efeito nas mudanças de decisão de voto. A partir desse ponto, Lazarsfeld, Berelson e
Gaudet procuraram entender como as pessoas tomam suas decisões, e quais os fatores que levam algumas
delas a mudar essas decisões.
Para entender esse fenômeno, Lazarsfeld, Berelson e Gaudet focaram seu estudo nas pessoas que
mudaram a intenção de voto durante a campanha. Os autores descobriram que as principais causas da
mudança de intenção de voto não foram diretamente as mensagens enviadas pelos meios de comunicação
de massa, mas, sim, outras pessoas.
A influência pessoal alcança aqueles que são mais suscetíveis a mudanças, eserve como uma ponte na qual os meios formais de comunicação estendem suainfluência. Além disso, relações pessoais possuem algumas vantagenspsicológicas que as tornam especialmente efetivas no exercício da pressãomolecular, levando à homogeneidade política dos grupos sociais.1
Os autores consideram que os contatos pessoais, na grande maioria dos casos não possuem o
propósito de mudar a opinião política da(s) outra(s) parte envolvida em uma conversa. Quando esse tema
é abordado pelos meios de comunicação massivos, existe em muitos casos um esforço para modificar a
opinião do receptor da mensagem.A força dos contatos pessoais sobre a opinião reside, paradoxalmente, namaior casualidade e falta de propósito em assuntos políticos. Se lermos ououvirmos um discurso, normalmente o fazemos com propósito e já temos umaposição decidida em nossas mentes, que influenciarão nossa receptividade.2
A partir desse ponto, os autores observaram que as pessoas tendiam a votar de maneira idêntica a
de outras pessoas com as quais conviviam, ou seja, esposas votavam como os seus maridos, membros de
clubes como outros membros do mesmo clube, trabalhadores como os seus companheiros de trabalho.
Toda vez que uma propaganda feita por outra pessoa é experimentada comouma expressão da tendência prevalente do grupo, há maiores chances de seobter mais sucesso que a mídia formal, por causa das recompensas sociais.3
1 LAZARSFELD; BERELSON; GAUDET, 1968, p.151 (Tradução nossa)2Ibidem, p. 153 (Tradução nossa)3Ibidem, p. 157 (Tradução nossa)
13
Nesses grupos, em que havia homogeneidade de intenção de voto, os autores observaram que
algumas pessoas exerciam grande influência sobre a intenção de voto dos outros componentes do grupo.
As pessoas que exerciam essa influência foram chamadas, pelos autores, de líderes de opinião.
A confiança no ponto de vista de outra pessoa pode surgir tanto devido aoprestigio que essa pessoa possui como pela plausibilidade do quem tem a dizerou sua relevância para os interesses das outras pessoas. É obvio que em todasas influências o prestígio exerce um papel fundamental. O grau deconformidade é maior quanto maior for o prestígio da pessoa do nosso grupoque tenta nos influenciar. A plausibilidade das consequências que ele apresentavai parecer maior se ele for importante.4
Ao contrário do que se acreditava anteriormente, os líderes de opinião faziam parte de diferentes
grupos de atividade e níveis socioeconómicos. Lazarsfeld, Berelson e Gaudet passaram a tentar descobrir
o que influenciava os líderes de opinião. Diferentemente das outras pessoas, as respostas dos líderes de
opinião revelaram que, para eles, as mensagens transmitidas pelos meios de comunicação massivos foram
determinantes para decidirem em qual candidato votariam.
Essas informações deram origem a uma ideia de comunicação em duas fases:
1- as informações dos meios massivos eram recebidas e/ou absorvidas pelos líderes de opinião e
2- retransmitidas, pelos lideres de opinião, para as outras pessoas com as quais eles conviviam nos mesmos
grupos.
O estudo de Lazarsfeld, Berelson e Gaudet mostrou a relevância de considerar os líderes de
opinião como peças importantes de intervenção na assimilação para o resto do grupo, das mensagens
transmitidas pelos meios de comunicação de massa; ou seja, para que uma mensagem de um meio de
comunicação massivo seja assimilada, a intervenção de um membro destacado do grupo é essencial.
O líder de opinião é um membro de um grupo de pessoas, que se destaca em determinado
assunto, e em relação a esse assunto, é considerado uma fonte de referência para os outros membros.
Todos os grupos de seres humanos têm um elemento que se destaca em certaárea, a quem os outros darão crédito e a quem consultarão quando necessário.Cada líder de opinião exerce influência em um determinado assunto. Assim,por exemplo, o farmacêutico de uma cidadezinha pode ser o líder de opiniãopara questões políticas. Um certo aluno da classe será fatalmente e sempreescolhido para representar os seus colegas e assim por diante. Umainformação nova frequentemente passa a ser aceita pelo grupo apenas quandoé reforçada pelo líder de opinião.5
Em seu livro As utilizações da cultura, Hoggart discute as mensagens transmitidas pelos meios de
comunicação massivos, absorvidas pelos líderes de opinião, segundo Lazarsfeld, Berelson e Gaudet.
Hoggart acredita que a influência desses meios se tornou maior em tempos recentes, tendo em vista que
são muito mais ativas que antigamente, chamando atenção para o fato de que essa influência, algumas
vezes, pode ter um efeito negativo sobre a cultura popular.(...) a influência das publicações de massa se tornou, hoje em dia, pormuitíssimas razões, muito mais insistente e ativa; que essas publicações
4Ibidem, p. 158 (Tradução nossa)5 LUYTEN, 1988, p.10
14
adquiriram uma extensão até agora desconhecida; que nós estamos a dirigirno sentido da criação de uma cultura de massas; que as reminiscências daantiga cultura urbana, do povo estão a ser destruídas; e que, nalguns aspectosimportantes, a nova cultura de massas é menos saudável do que a cultura,muitas vezes tosca, que está substituindo.6
Apesar de acreditar que os meios de comunicação massivos possam, em algumas ocasiões, ser
nocivos para a cultura popular, Hoggart acredita que a tradição popular, muitas vezes, não é afetada pelos
meios de comunicação massivos, pois tratam-se de tradições orais do convívio do dia a dia.
(...) quando ouvimos falar os membros das classes proletárias, em casa comono trabalho, constatamo, em primeiro lugar, não os efeitos de cinquenta anosde cinema e imprensa de grande difusão, mas, antes, a influência praticamentenula desses fenômenos sobre a linguagem do dia a dia, uma vez que osmembros dessas classes continuam a inspirar-se no que a fala e as crenças queimplicitamente se exprimem por meio da fala se refere, numa tradição oral elocal.7
Em 1955, Paul Lazarsfeld e Elihu Katz publicaram o livro Personal Influence: the part played by
people in the flow of mass communication. Nesse livro, como o próprio título indica, os autores
aprofundam os estudos anteriores sobre o papel do líder de opinião na comunicação de massa.
Todos esses estudos tendem expor a validade da ideia do líder de opinião, deuma maneira ou de outra, e deixar explícito que a imagem tradicional doprocesso de persuasão de massa deve abrir espaço para as pessoas comofatores que intervêm entre o estímulo da mídia e as opiniões, decisões e açõesresultantes.8
Uma das maiores preocupações dos autores foi analisar o modo como os líderes interagem com
os grupos em que convivem.
O que chamamos de liderança de opinião, se é que podemos chamar deliderança, é a liderança em sua forma mais simples: é exercitada casualmente,às vezes nem é percebida, nos pequenos grupos de amigos, família e vizinhos.Não é uma Liderança ao nível de Churchill, de um político local ou uma elitesocial local. É o extremo oposto: é quase invisível, sem suspeitas, uma formade comunicação de pessoa para pessoa em um nível casual, intimo, informal,contato do dia a dia.9
Os autores destacaram que o desejo de conformidade é um dos motivos para que as pessoas de
um mesmo grupo adotem opiniões iguais. Um indivíduo que deseja a aceitação de um grupo sente-se
motivado a incorporar a opinião do grupo, mesmo que não esteja ciente disso. Isso não se aplica somente
a novos membros de um grupo. Note-se que membros antigos, que tenham uma opinião muito diferente
do resto do grupo ao qual pertencem, podem vir a perder status dentro do grupo ou, até mesmo, deixarem
de fazer parte do grupo. Por outro lado, os indivíduos que incorporam a opinião do grupo recebem
aceitação e amizade.
6Hoggart, 1973, p.297Ibidem, p.338KATZ; LAZARSFELD, 2006, p.32 (Tradução nossa)9Ibidem, p. 138 (Tradução nossa)
15
(...) se um indivíduo deseja estreitar ou manter uma relação intima com outraspessoas, ou se ele deseja chegar a algum lugar com um grupo ou através de umgrupo, ele deve se identificar com as opiniões e valores desses indivíduos ougrupos. Isso não significa necessariamente que essa identificação épreviamente calculada. Mas conscientemente ou não, as consequências daconformidade ou não-conformidade continuarão as mesmas.10
Pelo fato de na formação de uma opinião confluir um conjunto de experiências que não foram
vividas diretamente por cada um dos membros do grupo, a informação trazida pelo líder de opinião atua
como mediadora substituta dessa experiência direta. Os autores citam experiências feitas por Sherif (1952)
que evidenciam que as pessoas procuram e dependem das outras para tomarem decisões em situações de
incerteza. Essas experiências também demonstram que indivíduos interagindo com outros, diante de um
problema, tendem a criar uma opinião ou decisão comum.
É dessa maneira que surgem os estereótipos, e é uma das razões porque ideiasdo que é real na religião ou na política variam de grupo para grupo. Muitascoisas no mundo são inacessíveis para a observação.empírica direta, então os indivíduos devem continuar confiando uns nos outrospara compreenderem as coisas.11
Um outro elemento que deve ser considerado para caracterizar a atuação do líder de opinião é a
tendência das pessoas de procurar outros indivíduos com as mesmas opiniões e valores. Lazarsfeld e Katz
afirmam que as pessoas de um grupo não gostam de ver seus companheiros tendo opiniões diferentes das
do resto do grupo. Além disso, os grupos gostam de ter uma identidade, e uma das maneiras de manter
essa identidade é exigir, em alguns aspectos, um comportamento semelhante de todos os membros do
grupo.
(...) devemos apontar outro fator que nos ajudará a explicar porque as opiniõesde um indivíduo são parecidas com as opiniões daqueles a sua volta. Ofenômeno a que nos referimos é a tendência das pessoas procurarem outraspessoas com opiniões e valores parecidos como companheiros.12
Assim como os indivíduos, os grupos possuem metas que, em alguns casos, só poderão ser
atingidas se houver consenso entre os membros do grupo.
Primeiramente, indivíduos não gostam de ver seus associados mudando umavisão tradicional de enxergar algo. É uma experiência desconfortável para osindivíduos descobrirem que um membro do grupo propõe enxergar as coisas deuma maneira diferente. Considere, por exemplo, as consequências de acreditarque bruxas não existem, no contexto de uma comunidade puritana caçadora debruxas. Segundo, grupos gostam de preservar sua identidade, e uma dasprincipais maneiras de um grupo fazer isso é requerer um comportamentouniforme por parte de seus membros. Terceiro, e talvez o mais importante, é ofato de que grupos, assim como indivíduos, têm objetivos, e esses objetivos nãopodem ser alcançados se não houver consenso.13
10Ibidem, p.52 (Tradução nossa)11Ibidem, p.54 (Tradução nossa)12Ibidem, p.59 (Tradução nossa)13Ibidem, p.62 (Tradução nossa)
16
Lazarsfeld e Katz escrevem que, no imaginário popular, existem diversos tipos de líderes: oficiais
e não-oficiais, de pequenos grupos ou grandes nações, organizadores, agitadores, esclarecidos, líderes
especializados e líderes que atuam em várias áreas. Os líderes oficiais são formalmente designados por
instituições; um presidente de empresa é um exemplo de líder oficial. Os líderes não-oficiais não foram
nomeados por uma instituição organizada formalmente; podem ser os líderes de uma gangue, por
exemplo. Os organizadores e agitadores reúnem pessoas em grandes movimentações, os esclarecidos
transformam o pensamento de seus seguidores. Líderes especializados como, por exemplo, físicos
nucleares, serão consultados dentro de esferas mais específicas, enquanto líderes, como os ditadores ,
interferem em diversos aspectos da vida das pessoas.
Os denominados líderes de opinião, tratados por Lazarsfeld e Katz, são principalmente líderes
informais, e a comunicação geralmente é face a face.
O líder de opinião é, do ponto de vista da pessoa influenciada, um indivíduo "expert" em
determinado assunto ou com grande conhecimento geral, e é alguém confiável.
Os autores fizeram uma pesquisa para analisar a influência do líder de opinião. Para
aproximadamente metade do público que respondeu o questionário aplicado pelos autores, as pessoas
competentes e confiáveis estavam nos círculos familiares; o restante respondeu vizinhos, amigos ou
colegas de trabalho. Em um novo questionário aplicado, meses depois, 40 por cento dos respondentes
disseram que as mudanças de opinião aconteceram devido a alguma conversa com uma pessoa específica.
Aproximadamente metade dos respondentes disse procurar pessoas com quem possui contato diário para
discutir suas opiniões.
A Pesquisa de Lazarsfeld e Katz mostra que é possível identificar e analisar a influência do líder
de opinião nas mensagens transmitidas pelos meios de comunicação massivos.
Hoggart acredita que comunidades pequenas ou afastadas, muitas vezes, não possuem seu dia a
dia retratado ou acontecimentos noticiados nos meios de comunicação massivos. Sobre essas
comunidades Hoggart (1973, p.41) escreve que "(■••) os novos meios de comunicação que a elas se
dirigem não têm conseguido afetar grandemente as classes proletárias, sobretudo se tivermos em conta a
vastidão e expansão desses novos meios de comunicação."
No livro Folkcomunicação: Teoria e metodologia, Luiz Beltrão aponta que a comunicação é o
problema fundamental da sociedade contemporânea, devido à imensa diversidade cultural, etnias,
diferenças sociais e distâncias entre os indivíduos.
Para Beltrão, além dos interesses imediatos de cada grupo, existe um propósito comum: Adquirir
conhecimento e vivência para aperfeiçoar a espécie e a sociedade em que está inserida. Para que esse
processo ocorra, a comunicação é indispensável.
Diferente de algumas épocas da história, em que as pessoas se reuniam para ouvir mensagens e
tomar decisões, a comunicação direta tornou-se limitada. Na sociedade contemporânea, os instrumentos
de comunicação de massa fornecem mensagens, de acordo com as identidades de valores do grupo para o
qual estão destinados.
17
Simplesmente analisar dados estatísticos não é suficiente para saber os efeitos das mensagens
transmitidas pelos veículos de comunicação massivos. Beltrão acredita que, para otimizar o efeito das
mensagens, é necessário, primeiro, saber a personalidade dos grupos organizados, a situação
socioeconómica e cultural da sociedade como um todo, as diretrizes políticas e a influência das elites
dirigentes sobre o todo e o quadro psicológico da atualidade universal. A análise dos efeitos da
comunicação pode levar o comunicador coletivo a alterar a forma de suas mensagens. Esse processo é
vital na comunicação coletiva e, sem ele, o órgão comunicador aliena-se.
Processo de isolamento e alienação semelhante ocorre com grupos organizados da sociedade que
não analisam os elementos da comunicação coletiva. Isso ocorre, principalmente, quando esses grupos
atuam em uma grande extensão territorial de cultura e economia heterogêneas.
O processo de fluxo da comunicação em dois estágios foi estudado em diferentes ocasiões e
ambientes. As conclusões principais foram que a influência de outras pessoas é mais efetiva do que a dos
meios de comunicação coletiva; que os líderes de opinião e as pessoas influenciadas por eles, na maioria
dos casos, mantêm relações estreitas; que indivíduos que têm uma relação íntima possuem, na maioria dos
casos, opiniões e atitudes comuns; que deve existir um interesse suficiente para que a influência passe dos
mais para os menos interessados.
Para Beltrão (2004, p.77), "(...) os meios convencionais de comunicação coletiva não funcionam
para a obtenção de efeitos positivos para as pretensões das elites culturais e políticas.". Isso acontece
porque suas mensagens não são assimiladas pelos grupos. Para que isso não ocorra, os que controlam os
meios massivos devem não apenas usar esses meios para enviar suas mensagens, mas, também, utilizar os
líderes de opinião populares.
Em seu livro Cruz das Almas, Donald Pierson aponta os encontros de grupos organizados dentro
da comunidade, para realizar atividades cotidianas como espaço em que a liderança comunitária surge e se
fortalece.
A liderança na comunidade se pratica nas calçadas e pescarias, nas missas,procissões e outras cerimônias religiosas, no planejar e realizar festas, naformação da opinião pública, em especial na política, e por ocasião de crisespessoais, familiares ou da comunidade.14
Beltrão procura adaptar o papel do líder de opinião para a realidade brasileira, uma realidade
formada por grupos contrastantes, um com grande desenvolvimento cultural e econômico, e outro,
marginalizado. Cada grupo responde de maneira diferente aos apelos dos meios de comunicação
massivos. Enquanto um grupo muda seus padrões de comportamento, conforme absorve novas ideias e
técnicas difundidas pelos veículos jornalísticos, o outro grupo mantém seus costumes e hábitos, ignorando
e/ou rejeitando até argumentações lógicas.
Para entender o processo por que as camadas menos cultas e mais pobres da sociedade se
informam e transformam suas opiniões em ações, Beltrão observou que para se formar as crenças e
decisões que levam o indivíduo a ação, é necessária comunicação jornalística. Então, no caso do grupo
14 PIERSON, 1966, p.424
18
que absorve com muito menos intensidade as mensagens dos meios de comunicação massivos, seus
hábitos e costumes tradicionais são veículos jornalísticos.
Com o objetivo de compreender esse processo de comunicação, em que alguns dos agentes
comunicadores não fazem ideia que são jornalistas, editorialistas podem ser analfabetos e bons editores
não tem um tostão, Beltrão busca entender como se comunicavam os indígenas antes da chegada dos
portugueses, e como o contato social modificou-se através dos séculos.
A pesquisa foi feita em coleções de jornais e revistas, livros e arquivos guardados em instituições
públicas e privadas. Beltrão manteve conversas com senhores de engenho, fazendeiros, chefes políticos
do interior, senhoras de quase um século de existência, filhos e netos de escravos, pais-de-santo, gente das
nações africanas e das tribos indígenas, motoristas de transportes rodoviários, cantadores repentistas,
frades missionários, retirantes, tenentes e capitães reformados da polícia, entre outros.
A questão residia em, depois da pesquisa, selecionar entre eles os agentes dacomunicação popular, os catimbozeiros; estudar-lhes a linguagem, situar emsua mensagem, aparentemente distante do propósito informativo-opinativo,porque, na maior parte das vezes, destinada especificamente a preencher ócios,proporcionar mero entretenimento ou fazer negócio - situar-lhe o conteúdo ricoem significado, que produziria no ouvinte, no leitor ou no assistente o mesmoefeito da retórica jornalística entre os receptores do outro Brasil.15
Nos agentes comunitários selecionados e no modo como transmitiam suas mensagens, Beltrão
observou características folclóricas. Formas de expressão oriundas de antepassados longínquos, no tempo
e espaço, sobreviveram através da tradição oral e pelo que Beltrão chama de "(•••) admirável instinto de
preservação das raças oprimidas ou desprezadas." Essas formas de expressão modificaram-se e
sobreviveram ao contato com outra cultura. Para Beltrão, essas manifestações folclóricas "revestem-se de
atualidades e não de memória."
Beltrão acredita que o povo modifica, atualiza, reinterpreta e readapta constantemente seus
modos de agir, pensar e sentir de acordo com as transformações da sociedade e da cultura. Meios de
comunicação utilizados em períodos anteriores da história, como a poesia dos jograis medievais e a
parlenda dos mascates, evoluíram para formas de utilização mais sofisticadas e continuaram a veicular as
mensagens populares, como as novidades trazidas pelos choferes de caminhão e parlendas que
transmitiam simbolicamente normas de conduta.
Danças, pintura, escultura e artesanato possuem elementos folclóricos, e, para Beltrão, essas artes
também são transmissoras da mensagem jornalística para um grupo que não vai ao cinema e tem baixa
escolaridade, por exemplo. Esse processo de transmissão da mensagem tem mais efeito nesse grupo que o
jornalismo tradicional.Folkcomunicação é, assim, o processo de intercâmbio de informações e manifestação de opiniões,ideias e atitudes da massa, por intermédio de agentes e meios ligados direta ou indiretamente aofolclore.16
15 BELTRÃO, 2004, p.44
2.1-0 município de Balsas
A cidade de Balsas situa-se na mesorregião do Sul Maranhense, microrregião dos Gerais
de Balsas e ocupa uma área de 13.141,64 km16'. Em 2000, a população total era de 69.662
habitantes, sendo 59.113 habitantes localizados na Zona Urbana e 10.549 localizados na Zona
Rural2. Está localizada a aproximadamente 800 km1 da capital São Luis, 650 km de Teresina2, 400
km de Imperatriz e 270 km de Araguaína. O acesso ao município é feito, principalmente, por duas
rodovias federais: a BR 230 e a BR 163 - Belém-Brasília.
A região é predominantemente composta por cerrado tropical subcaducifólico e, nas
margens dos rios e córregos, é possível encontrar campo higrófico de várzea e mata ciliar.
O clima na região é característico da região central do Brasil, e é denominado AW
(tropical chuvoso), segundo a classificação Koppen. A precipitação pluviométrica acontece entre
os meses de outubro e abril, variando em torno de 1.300 mm/ano. Entre os meses de dezembro e
março, acontecem cerca de 65% do total anual das chuvas. A temperatura mantém-se entre 24°C a
28°C, durante o ano, com algumas oscilações. Os valores de nebulosidade variam entre 3,7 a 5,0
horas/dia, na maior parte do ano. Os ventos alcançam a velocidade média de l,5m com poucas
variações durante o ano. O vale do rio Balsas apresenta-se heterogêneo no ponto de vista do
zoneamento hidrológico. A bacia não possui nenhum açude, a qualidade das águas no vale do rio
Balsas é de boa qualidade para o aproveitamento agrícola, característica que incentiva a
agricultura local.17
A mesorregião do Sul Maranhense tem como vegetação predominante o cerrado. Este
tipo de vegetação estimula a atividade tradicional da região, a pecuária bovina na modalidade
extensiva, atividade que teve papel significativo no povoamento da mesorregião. A partir da
segunda metade da década de 1970, a ocupação dispersa e de baixa densidade demográfica inicia
um processo de transformação, principalmente com a entrada de imigrantes, proprietários e
arrendatários do sul do país. Essa transformação prioriza a agricultura, principalmente o cultivo
da soja e do arroz, e caracteriza-se por apresentar um número elevado de pequenas fazendas,
embora possam ser encontradas fazendas com 1000 ou mais hectares.
A diminuição dos cultivos tradicionais e a expansão de uma rizicultura mecanizada, são
os principais elementos responsáveis pela diminuição da produção animal na região que, apesar
de ainda ser muito significativa na região, é menos intensiva que a da capital.
Balsas tem aumentado sua atuação econômica na região sul do Maranhão gradualmente a
partir da década de 1980, principalmente pelo crescimento do setor de serviços e implantação de
novos estabelecimentos industriais. O número elevado de gaúchos que compraram terras e
16Arquivo Cultural de Balsas, 200717Ibidem
Capítulo II - Balsas 19
20
implantaram empresas rurais de médio e grande porte na mesorregião Sul Maranhense, foi um elemento
fundamental para o aumento populacional e desenvolvimento das produções de soja e arroz no estado. Nessa
mesma década, a produção desses grãos aumentou consideravelmente devido à mecanização das terras cultivadas,
emprego de fertilizantes e corretivos.
A história do município de Balsas tem início em meados de 1815. Sargento Alencar, um viajante
comprador de peles de animais, transportava suas mercadorias com cavalos e burros. Durante o trajeto, seus
animais sofreram de uma infecção da qual morreram. Devido à necessidade de voltar à cidade em que morava,
construiu uma Balsa para transportar sua mercadoria até o comércio de Floriano e Teresina. A partir desse
momento, houve um aumento no transporte fluvial através do rio Balsas. As balsas serviram, durante muito
tempo, como meio de transporte para pessoas e mercadorias, principalmente cereais, coco, babaçu, couro de boi,
porcos, arroz, frutas e peles de animais silvestres. As viagens para Teresina e Floriano duravam em média de 15 a
20 dias.
21
No final do século XIX, diversos fazendeiros possuíam fazendas às margens direitas do
rio Balsas. O ponto mais acessível para chegar até as fazendas era o Porto das Caraíbas, no rio
Balsas, devido ao movimento constante de fazendeiros, vaqueiros e viajantes. O primeiro
morador da região foi o canoeiro, que fazia as passagens no rio e administrava uma pequena
quitanda, que oferecia aos viajantes, principalmente farinha, rapadura, querosene, remédios e
cachaça. Em seguida, estabeleceu-se na região um mercador de fumo e músico Antônio Ferreira
Jacobina. Os registros destacam diversos personagens músicos ou pertencentes à vida boêmia
nesse período da história de Balsas, quase sempre exercendo uma função de cativar as pessoas da
região.4 A partir desse momento, novos casebres foram se agrupando às margens do rio Balsas.
Antônio Ferreira Jacobina organizava festas e pagodeiras. Com isso ganhou a simpatia do
povo e tornou-s o primeiro chefe do povoado, que foi chamado de Vila Nova. Em 1879, havia
duas ruas em Vila Nova. Nesse período, havia, na região, uma capela, pequenos comércios que
traziam a maioria das mercadorias de Terezina e muitas vezes utilizavam o escambo, usando
peles de animais silvestres, couro de boi espichado, carnes secas e cereais como pagamento.
Muitas famílias cearenses habitavam Vila Nova durante esse período. Uma cadeira de primeiras
letras é criada em Santo Antônio de Balsas, no ano de 1882.
No ano de 1892, o Deputado Estadual, Padre Balduíno Pereira Maya, assume a liderança
política na região, agora chamada Santo Antônio de Balsas. O povoado foi elevado à categoria de
vila em 9 de agosto do mesmo ano. A demanda comercial aumentava e fazia-se necessário um
maior número de embarcações no porto de Balsas.
O Governo Estadual publicou, em 11 de Maio de 1896, o orçamento estadual para uma
Escola Mista, com a importância de 840,00 réis anuais. Nesse período, também através do
governo estadual, entra em funcionamento uma escola pública, que se tornaria, em pouco tempo,
a Escola Agrupada Arthur de Azevedo e, mais tarde, se transformou no Grupo Escolar Luiz Rêgo,
que recebia apoio da Paróquia de Balsas.
No dia 26 de abril de 1911, a empresa Oliveira, Pearce e Cia., dirigida pelo Coronel
Pedro Tomás de Oliveira Pierce, chega a Santo Antônio de Balsas. Utilizando um guincho a vapor
removeu tocos de madeira que obstruíam o rio Balsas. A partir de 11 de julho de 1911, a
navegação do rio Balsas se estabelece e desloca para si o eixo do comércio do sertão.
A partir desse período, acentua-se o movimento de balsas e vapores através do rio Balsas,
e a cidade se desenvolve com rapidez. Em 1918, o representante da Zona Sertaneja no congresso
estadual, o deputado Thucydides Barbosa, apresentou um projeto que foi convertido em lei, no
dia 22 de março do mesmo ano, e elevou Santo Antônio de Balsas à categoria de cidade. A
mesma lei permitia se dirigir à cidade pelo nome de Balsas.
4 Ibidem
22
Com o constante crescimento da cidade e um grande volume de transações comerciais com São Luís e
Piauí, estabelece-se na cidade a linha telegráfica. No mesmo ano, foi criada a primeira associação de futebol, que
foi denominada Associação Esportiva Balsense, sob a presidência de Thucydides Barbosa.
Devido ao grande fluxo de viajantes, a maioria originária do Piauí e Goiás, surge a Pensão do Comércio,
que, alguns anos depois, se tornaria um hotel de médio porte, o Hotel Santo Antônio.
Durante o ano de 1925, houve uma passagem da coluna Prestes no município de Balsas, sob o comando
dos coronéis Siqueira Campos, Luis Carlos Prestes, João Alberto e Cordeiro de Farias. Na época, Thucydides
Barbosa era o prefeito da cidade e alojou a tropa em um antigo prédio, onde havia funcionado a prefeitura, e
abasteceu a tropa com mantimentos e munições. No ano seguinte, no dia 21 de fevereiro, a Polícia Militar do
Maranhão tomou conhecimento de dois remanescentes da tropa e fuzilou-os em praça pública.
Thucydides Barbosa aia, em 1925, o primeiro Jornal impresso de Balsas, A Evolução, dirigido pelo ex-
repórter do jornal Província do Pará, Ascendino Pinto. No final de 1931, Thucydides Barbosa organiza a Empresa
Tipográfica de Balsas, que se torna o Jornal de Balsas. A primeira edição do jornal foi publicada em 27 de janeiro
de 1932 e foi vendido em grande parte da zona sertaneja. O vasto serviço telegráfico facilitava o recebimento de
notícias de São Luís e do Rio de Janeiro.
Em 1926, diversas famílias sírias e libanesas se estabeleceram em Balsas, motivadas pelo período de
prosperidade econômica em que vivia Balsas. A colônia Sírio-Libanesa convida o professor João Joca Rêgo para
fundar na cidade o Instituto Sírio Brasileiro. João Joca Rêgo também foi co-fundador do Instituto Gil Pires e do
Educandário Coelho Neto.
A década de 1930 foi de estagnado crescimento econômico para o município de Balsas. A navegação a
vapor praticamente desapareceu devido às obrigações sociais e à rigorosa fiscalização da Capitania dos Portos de
Parnaíba. Outros agravantes desta situação foram o surgimento das primeiras estradas de rodagem, administradas
pelo departamento de obras contra as secas, e a facilidade de adquirir caminhões importados dos Estados Unidos.
Com a estagnação econômica, muitas famílias de Balsas aventuraram-se nos Garimpos de Diamante e Cristais de
Rocha, localizados no estado de Goiás. Nesta mesma década, foi instalado o 13° Distrito Sanitário na cidade de
Balsas. No final da década, houve diversas sondagens e perfurações com o objetivo de encontrar petróleo, mas os
poços encontrados na cidade não compensavam o investimento.
Na Década de 1950, a criação do Ginásio Balsense começava a ser planejada. O projeto foi colocado em
prática no dia 28 de fevereiro de 1953 com o objetivo de prover formação educacional e cultural. Foi criado,
então, o primeiro estabelecimento de ensino médio gratuito na cidade de Balsas e na região sertaneja.
A Prelazia de Santo Antônio de Balsas é criada, também, na década de 1950, sob a experiência de
evangelização na África e Portugal, no dia 12 de junho de 1952, véspera do dia do padroeiro Santo Antônio. A
ordem dos Combonianos chega a Balsas, vinda do Rio de Janeiro. Essa missão religiosa tinha como locais de
atuação a cidade de Balsas e outras cidades da zona sertaneja.
23
Durante a década de 50, o comércio no município de Balsas tinha como principal produto o sal, que
chegava a Balsas em embarcações vindas de Parnaíba. Comerciantes de municípios do sul de Goiás, hoje
Tocantins, compravam sal e remédios e vendiam crina de cavalos, peles de animais silvestres e couro de boi.
A Associação Recreativa Balsense constrói, em 1952, um espaço para realização de bailes, uma cópia do
Ideal Clube Fortaleza, que foi chamado de Clube Recreativo Balsense, que passou por diversas modificações até
o ano de 2005. Hoje, o clube continua em funcionamento.
Entre os anos de 1954 e 1958, foi construída a Ponte de Madeira, uma obra destinada a facilitar o acesso
para os moradores da região da Tresidela e das fazendas vizinhas. A ponte tem 75 metros de comprimento, 4,5
metros de largura e aproximadamente 12 metros de altura a partir do nível da água.
Em 1959, Monsenhor Diogo Parodi se torna bispo da Prelazia de Balsas, nomeado pelo Papa João Paulo
XXIII. Monsenhor Diego Parodi lidera a construção do Hospital São José de Balsas, Seminário São Pio X e a
Escola Normal Dom Gabriel Comboini. Nesse período, foram intensificados os programas de obras sociais e
assistenciais.
A década de 1960 foi marcada no município de Balsas pelo cinema. O primeiro cinema da cidade foi
chamado de Cine Santo Antônio, conhecido como cinema dos padres. Em seguida, surge o Cine Éden, onde as
sessões aconteciam quase que diariamente. Além da exibição de filmes, o cinema servia como meio de
comunicação das notícias locais, graças a um sistema de amplificadores que informava os transeuntes e fazia
anúncios dos estabelecimentos comerciais locais.
Durante a década de 1970, houve um grande fluxo de migrantes de diversas partes do Brasil, a maioria do
Rio Grande do Sul. Esses migrantes se estabeleceram, principalmente, na região da Chapada dos Gerais de
Balsas, localizada no sul do município de Balsas, próxima à fronteira com o Tocantins. Esses migrantes vieram
selecionados através de uma empresa responsável por selecionar famílias de colonos dos estados de Mato Grosso,
Goiás e Maranhão e assentá-las no município de Balsas. Com a divulgação das terras férteis para o plantio da
soja, outros migrantes também se alojaram em Balsas, vindos principalmente do Paraná, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Tocantins e Goiás. Também na década de 1970, inicia-se
um processo de mecanização na agricultura do município de Balsas. As plantações nas fazendas são, a partir
desse momento, principalmente de arroz.
A televisão tem início no município de Balsas no ano de 1979. A primeira emissora de televisão no
município foi a TV Rio Balsas, retransmissora da Rede Globo de Televisão. No período inicial de funcionamento,
a retransmissora possuía um pequeno transmissor e um VT, que permitiam a retransmissão principalmente das
novelas e do Jornal Nacional, que era transmitido em Balsas uma semana depois, quando chegavam as fitas
gravadas de São Luis, transportadas por ônibus.
24
As primeiras antenas parabólicas chegam a Balsas em 1982, popularizando a televisão entre os moradores
da cidade. Em 1989, a TV Rio Balsas é inaugurada como a primeira estação geradora do município, filiada à
Rede Globo de Televisão.
O movimento teatral na cidade de Balsas inicia uma atuação mais intensa durante a década de 1980. Na
década seguinte, o primeiro festival de teatro do estado é criado no município de Balsas.
O Bairro Bacaba
O primeiro morador do bairro Bacaba foi Agostinho Neves, filho de Tiburcio Neves e Maria Neves.
Agostinho Neves nasceu na Serra da Limpeza, na microrregião dos Gerais de Balsas, no dia 28 de agosto de
1909. Agostinho Neves tinha nove anos, quando seu pai faleceu. Após o ocorrido, Maria Neves mudou-se para a
cidade de Balsas.
No ano de 1928, aos 19 anos, Agostinho Neves trabalhava e estudava. No mesmo ano, foi morar com
Thucydides Barbosa e, graças a esse fato, conseguiu um emprego de oficial de justiça.
No dia 04 de novembro de 1934, Agostinho Neves, que estava com 25 anos, casou-se com Arcângela de
Sousa e construiu uma casa de palha em uma região afastada do centro da cidade de Balsas. Em 1935, Arcângela
de Sousa Neves e Agostinho Neves tiveram sua primeira filha. O casal teve mais 13 filhos. Com a chegada da
filha, as despesas aumentaram e Agostinho Neves precisou de um segundo emprego, ajudando um fazendeiro da
região a cuidar do gado em troca de um litro de leite. Com o passar dos anos, Antônio, empregador de Agostinho
Neves, presenteou-o com uma bezerra, para que Agostinho Neves pudesse retirar o leite em casa.
O apelido de Agostinho Neves entre os oficiais de justiça era Canário, e, devido à quantidade de árvores
de bacaba na região onde ele residia, o local ficou conhecido como bairro da Bacaba do Canário.
A filha mais velha de Agostinho Neves e Arcângela de Sousa Neves, Zenite, casou-se com José Alves da
Silva. Construíram sua casa no bairro da Bacaba do Canário e tiveram sete filhos.
Isomar de Sousa Neves, filho de Zenite da Silva e José Alves da Silva conta que, a partir da segunda
metade da década de 1950, o número de moradores no bairro Bacaba começou a aumentar significativamente.
"Rapaz, aqui quando eu me entendi, aqui era só uma estradinha aqui para o centro, sabe? Em 57, aí foi
começando a chegar vizinho, foi indo, foi indo, chegando e se tornou hoje estar morando na cidade".
Antonieta Neves da Silva Matos é a filha mais velha do casal José Alves da Silva e Zenite Silva.
Antonieta foi professora de catequese e, após essa experiência quando tinha entre 15 e 16 anos, seu pai e seu avô
montaram uma pequena escola na própria casa da família, que atendia de Ia a 4a série.
A escolinha nossa aqui começou lá na casa mesmo da minha mãe. Eu trabalhava comocatequista ali no bairro Nazaré, na igrejinha, na capelinha, como chamava, a
25capelinha. Fui a primeira professora de catequese de lá; aí, como aqui tinhanecessidade dos alunos ali da rua, avenida Tito Coelho, no bairro Nazaré, que só tinhauma rua, eu na idade de 15 a 16 anos, o papai foi mais o meu avô e formaram aescolinha, que era sentar de varão, era palmatória, a campainha era um chocalho eera turma multisseriada, que é da primeira a quarta série que ensinava.18
Alguns anos depois, uma equipe do Edurural19 visitou a saudade de Balsas com o objetivo de capacitar
professores que não tinham magistério. Antonieta Neves da Silva Matos teve um encontro com a equipe do
Edurural, que financiou a construção de uma escola no bairro Bacaba.
Passado tempo, o pessoal de São Luís, vieram aqui, me viram nesse sofrimento eperguntaram se eu queria ter uma escola. Ai nós saímos lá da casa, que era umranchinho de palha, ai viemos entramos aqui nessa mata, porque aqui era mata,viemos para essa mata aqui e ai construíram essa escola, que ficou como umahomenagem ao meu avô Agostinho Neves. E eu como a primeira professora,Antonieta.20
A nova escola do bairro Bacaba foi inaugurada no ano de 1976 e possuía duas salas de aula, três banheiros
e um auditório. As famílias que habitavam o bairro, em constante crescimento, participaram ativamente na escola
nos primeiros anos de funcionamento.
Ah, quando começou era bom demais, que os pais vieram atrás de mim, para tercomeçado essa escola, a escola na zona rural. Ai os pais vieram atrás de mim, paracomeçar essa aula e eu lecionava com toda garra, e os pais, nós fazíamosbrincadeiras, os pais eram participativos demais.21
No ano de 1978, o bairro Bacaba deixa de ser um bairro pertencente à Zona Rural e passa a pertencer à
Zona Urbana. Atualmente, a escola Agostinho Neves é composta por 13 salas de aula, uma biblioteca, uma sala
dos professores, uma secretaria e três banheiros.
O bairro Bacaba está localizado na periferia de Balsas. Poucas casas do bairro são construções de grande
porte, e a maior parte das ruas do bairro é de terra batida. O acesso ao bairro, pelo transporte público, está
limitado a ônibus que circulam em poucos horários do dia. O transporte de pessoas, no bairro, é feito basicamente
por motos.
Os estabelecimentos comerciais são, muitas vezes, extensões ou a parte frontal da casa do proprietário.
Os atendimentos nesses estabelecimentos são feitos sem nenhuma pressa por parte dos atendentes e não
raramente esses interrompem ou diminuem a velocidade do atendimento para manter conversas casuais com
pessoas que, naquele momento, não estão comprando um produto ou solicitando um serviço oferecido pelo
estabelecimento. Segundo Hoggart, os trabalhadores de comunidades menos favorecidas economicamente não
18NEVES, Antonieta. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli19Programa de expansão e melhoria da educação no meio rural do nordeste20NEVES, Antonieta. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli21Ibidem
26
possuem grande senso de competição no trabalho, pois as chances de ascensão são quase nulas. Para ele, esses
trabalhadores:
(...) sabem que não têm quaisquer possibilidades de promoção ou de fazer carreira. Astarefas dispõe-se num leque horizontal, e não numa hierarquia vertical, a vida não éconcebida em termos de uma ascensão, e o trabalho não é o principal interesse. Orespeito pelo trabalho bem feito mantém-se, mas o homem que está no lugar do ladonão é considerado em termos de competição.22
Devido à falta de perspectiva de crescimento profissional, a carreira passa a figurar em segundo plano, os
laços do trabalhador são mais fortes com o local onde reside do que com o local onde trabalha. Hoggart(1973,
p.76) afirma que o membro do proletário "(...) muda mais facilmente de local de trabalho do que de residência:
pertence mais ao bairro do que à fábrica."
Os meios de comunicação em Balsas
No município de Balsas existem cinco retransmissoras de televisão, duas rádios e dois jornais impressos.
Há uma quantia considerável de rádios não-legalizadas, porém, quantificar essas rádios é uma tarefa complexa
devido às constantes mudanças de frequência, nomes e localização dessas emissoras. Como o objetivo da
descrição dos meios de comunicação é apresentar os meios mais acessíveis aos moradores do bairro Bacaba, as
rádios não legalizadas aqui apresentadas estão localizadas, uma, no bairro Bacaba e outra, em um bairro vizinho,
e ilustram o modo de funcionamento de algumas dessas rádios.
As retransmissores de televisão representam a Rede Globo, Rede TV!, SBT, Rede Record e Rede Vida.
Essas retransmissores possuem um número muito reduzido de funcionários, se comparadas às emissoras que
representam. Por isso, nas emissoras do município de Balsas, com menor número de funcionários, é comum o
acúmulo de funções.
A TV Açucena é afiliada da Rede Record e possui duas horas diárias de programação local. Essa
programação é composta por um telejornal, veiculado de segunda à sexta-feira, e programas dirigidos
principalmente às pessoas oriundas do Rio Grande do Sul ou pessoas que tenham ascendência gaúcha. A TV
Açucena possui sete funcionários.
A TV afiliada à RedeTV!, no município de Balsas, é a TV Capital. A programação local da TV Capital
baseia-se em um telejornal local de três horas de duração, que vai ao ar às segundas, quartas, quintas e sextas-
feiras. Na terça-feira, é veiculado um programa que provê assistência a uma ou mais famílias de baixa renda. Aos
sábados, a programação local é formada por um programa de variedades, dirigido especificamente ao público
22 HOGGART, 1973, p. 100
27
feminino, e um programa que apresenta talentos locais. Aos domingos, é apresentado um programa direcionado
ao público gaúcho. A TV Capital possui uma equipe de 13 funcionários.
A TV Rio Balsas retransmite a programação da Rede Globo. Um telejornal local de aproximadamente 40
minutos é produzido com fatos locais e exibido durante o dia, de segunda a sábado. À noite, uma versão reduzida
de aproximadamente 20 minutos, com o resumo do telejornal diário, é exibida. A TV Rio Balsas possui uma
estrutura consideravelmente maior que as outras emissoras com um quadro de 45 funcionários.
O SBT tem como emissora afiliada em Balsas a TV Liberdade. A programação local, de segunda a sexta-
feira, é composta por um telejornal de uma hora e quinze minutos, seguido de um programa de variedades. Aos,
sábados são exibidos três produções locais: uma sobre esportes, uma sobre saúde e outra sobre agricultura.
Apoiada pela Diocese de Balsas, a Fundação Brasil de Balsas possui uma emissora de televisão, TV Boa
Notícia, filiada à Rede Vida. A fundação também possui uma rádio, a Rádio Boa Notícia. A programação local
acontece de segunda a sábado. Um noticiário de 45 minutos de duração é veiculado no início da tarde e é
reprisado no início da noite. Ao contrário do que acontece na TV Boa Notícia, a programação religiosa veiculada
na Rádio Boa Notícia compõe apenas uma pequena parte da grade de programação, uma hora e 45 minutos
diários. O resto da programação tem, principalmente, cunho social. A Rádio e TV Boa Notícia têm um conjunto
de 14 funcionários.
A Rádio Cultura FM fica 18 horas diárias no ar. A programação tem início às 6h e é encerrada às 24h. As
participações dos ouvintes basicamente se limitam a pedidos de músicas pelo telefone.
As rádios Nativa e Cidade têm suas programações compostas principalmente de músicas e anúncios de
estabelecimentos comerciais locais. Acontecimentos sobre o bairro e a cidade se misturam com anúncios
comerciais e são transmitidos no período da manhã. Essas rádios se autodenominam comunitárias, porém não se
encaixam no conceito de rádio comunitária nem possuem nenhum tipo de legalização. Essas rádios contam com
um número extremamente reduzido de funcionários. Em alguns casos, o locutor exerce outras funções, como
técnico de áudio, repórter e realiza a manutenção nos equipamentos da rádio.
Os carros de som são um meio de comunicação encontrado com facilidade na cidade de Balsas. Esses
carros veiculam, principalmente, anúncios sobre estabelecimentos comerciais locais e eventos, como festas e
shows. Os motoristas dos carros possuem um convênio com um estúdio local, onde gravam as mensagens que
serão veiculadas nos carros.
No município de Balsas existem dois jornais impressos: o Correio de Balsas e o Jornal Popular Balsense.
O jornal Correio de Balsas é semanal e tem 12 páginas. As notícias sobre a cidade raramente incluem o
bairro Bacaba.
O outro jornal da cidade, o Jornal Popular Balsense, tem 20 páginas por edição e a periodicidade é
mensal. As notícias do Jornal Popular Balsense abrangem principalmente política.
28
A comunidade do bairro Bacaba tem acesso muito limitado à internet. Em um questionário aplicado em
100 moradores do bairro, 62 dizem nunca ter utilizado a internet, e embora 55 reconheçam a internet como fonte
de conhecimento, apenas 11 utilizam a internet para alguma atividade que não esteja relacionada a programas de
comunicação instantânea e sites de relacionamento pessoal.
Capítulo III - O Instituto Brasil Solidário
3.1-0 Surgimento do Instituto Brasil Solidário
As atividades sobre as quais será analisada a atuação dos líderes de opinião da cidade de
Balsas - MA são realizadas por uma OSCIP chamada Instituto Brasil Solidário.
A concepção da ideia do Instituto Brasil Solidário (IBS) acontece quando Luis Eduardo
Salvatore, hoje presidente do Instituto, realizou, em 1995, junto com dois amigos, uma viagem de
dois meses e meio pelo litoral da Bahia com o objetivo de conviver com as comunidades do
litoral baiano. No ano seguinte, em outra viagem com o mesmo intuito ao Peru e a Bolívia, o
projeto surge com o nome Juventude Solidária, e tinha o objetivo de resgatar a história oral do
país. No final de 1998, Salvatore e sua irmã Ana Elisa Salvatore, com a intenção de conhecer
melhor o Brasil, começaram a realizar uma série de pesquisas para identificar locais que
possuíssem características interessantes para serem visitados. Segundo Luis Salvatore, o objetivo
na época era:
(...) resgatar a história oral do país, visitar vários lugares onde tenhaacontecido alguma coisa importante para a história do país e resgatarfamiliares dessas pessoas que viveram essa história e ouvir delas aversão dos fatos, não apenas se basear nos livros. Eu comecei a meaproximar de outros trabalhos de pesquisa e documentação que,eventualmente, alguém estava fazendo, eu me aproximei de outrasexpedições que estavam acontecendo para, eventualmente, pegar umacarona e ir no embalo, para justamente adquirir um pouco deexperiência, até de outras pessoas que também tinham alguma históriaparecida, principalmente essa ideia de expedição mesmo ou defotografia, um projeto de conhecer o povo brasileiro... aí, eu realmentecomecei a fazer a história do projeto.23
No ano de 2000, Luis Salvatore, em companhia de duas pessoas, realizou uma viagem de
oito meses e percorreu aproximadamente 30.000km do sertão brasileiro de carro, principalmente,
nas regiões centro-oeste, norte e nordeste. Observaram de perto problemas sociais em algumas
áreas como educação e saúde.
(...) era uma coisa ligada mais à antropologia, a gente conhecia ascomunidades, conhecia as pessoas e resgatava a história, através dahistória oral dessas pessoas, e começou a despertar um sentimentomuito grande de querer trabalhar com elas.
Segundo Luis Salvatore, após visitas a muitas escolas e postos de saúde em condições
que ele julgou muito abaixo do ideal, teve o desejo de que, no futuro, pudesse voltar com alguma
ajuda.
23 SALVATORE, Luis. 2008. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
30
Em 2001, os irmãos Salvatore utilizaram a verba restante dos patrocínios de sua viagem
anterior, para estruturar um projeto que pudesse levar algum suporte, principalmente, nas regiões
Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Como não possuíam uma fonte de renda fixa e não conseguiram
renovar os patrocínios, os irmãos, que tinham conhecimentos nas áreas de fotografia e design
gráfico, se uniram e criaram uma agência de design gráfico para gerar uma renda que os
sustentasse e desse suporte ao projeto. No mesmo ano, os irmãos Salvatore foram convidados por
uma equipe de competidores para participar do Rally dos Sertões. A equipe nunca tinha
participado dessa modalidade de competição e precisava do apoio de alguém que tivesse
experiência nesse tipo de trajeto.
Na iniciativa privada, você não tem uma ideia do que se projeta,continua; o projeto é financiado porque alguém gosta de você dentroda empresa; isso não é bom, mas, infelizmente, é a realidade do país.Coincidentemente, nós fomos chamados por uma equipe paraparticipar do Rally dos Sertões. Eu tenho três irmãs, era um amigo daminha outra irmã que sabia um pouquinho da nossa história eprecisava montar uma estrutura para ajudá-lo no Rally dos Sertões.2
Os irmãos Luis e Ana Elisa Salvatore acharam que era uma boa oportunidade de retornar
para algumas comunidades que haviam visitado anteriormente, mas não aceitaram ir como
competidores. Nesse momento surge a primeira ação social dos irmãos. A equipe contava com
um patrocinador que disponibilizou os bens materiais para que pudesse ser realizada a ação. O
recém formado projeto foi nomeado Livro na Estrada e Pé na Tábua.
2 Ibidem
A gente montou um projeto de distribuição. Na verdade, era umprojeto diferente do que acontece hoje; nós entregávamos livros paraescola, junto com material escolar completo, para todos os alunosdessas escolas. E foi assim que nós saímos em 2001 e a coisa começoua acontecer.3
Utilizando o mapeamento que havia sido feito na viagem anterior, visitaram 14 cidades que
estavam no roteiro do Rally dos Sertões e entregaram cerca de 200 livros para cada escola
visitada nessas cidades e em algumas outras ao longo do trajeto.
(...) e aí, conversando com a Ana Elisa, a gente chegou à conclusãoque essa era a oportunidade que tínhamos de voltar para váriascomunidades onde havíamos passado, mas a gente não queria voltarcom o intuito esportivo, a gente não queira voltar dentro de um carrode competição. A proposta deles era essa, a gente queria voltarlevando ajuda. Foi ai que surgiu a primeira ação social grande.Havíamos feito outros trabalhos sociais menores, foi aí que a gentepercebeu essa possibilidade de troca com o povo brasileiro, troca nosentido de fazer algo por eles e eles fazerem algo por você seja atravésde fotografia, seja através de conhecimento; foi aí que surgiurealmente a ideia de trabalhar a educação com o projeto devisibilidade.4
Na época, as tentativas de conseguir doações com as editoras falharam, então fizeram
campanhas de arrecadação em colégios de São Paulo. Eles visitavam escolas, davam palestras
para alunos e professores, e cada uma dessas pessoas doava um livro e escrevia uma carta
dizendo por que estava doando aquele livro, o que tinha marcado a história dele. A arrecadação
foi de aproximadamente 12.000 livros.
Eles retornaram positivamente, dizendo que interessava e, aí, a gentecolocou algumas condições de bens materiais que a gente precisava;não teve ajuda financeira, mas existiam recursos materiais, que era oque a gente precisava para tornar o sonho real, o sonho de voltar paracada uma dessas comunidades. A gente montou um projeto dedistribuição; na verdade, era um projeto diferente do que acontecehoje; nós entregávamos livros para escolas junto com material escolarcompleto para todos os alunos dessas escolas, e foi assim que nóssaímos em 2001 e a coisa começou a acontecer.5
Em 2003, o projeto começou a ser feito em conjunto com a organização do Rally dos
sertões e foi incorporado apoio financeiro.
A partir dessa participação no Rally ocorre uma transformação no projeto, e novas áreas
são incorporadas. Começaram a acontecer algumas ações ligadas à área do meio ambiente.
Médicos voluntários realizavam atendimentos nas cidades visitadas.
9 Ibidem10 Ibidem11 Ibidem
31
Eles trouxeram o conceito de que onde o evento passa, o projeto passa,pode ter um projeto médico junto; e a gente; a partir disso,desenvolveu todas as ações, e você vai crescendo, começa com umdentista, um clínico geral e um pediatra, porque está trabalhando emescola. A partir disso, a gente começa a desenvolver um projetotambém de cardiologia, começa a desenvolver um projeto demicrocirurgia, começa a desenvolver patologia; na verdade, sãoconsequências que ano a ano a gente vai levando.6
As dificuldades encontradas para que os atendimentos médicos pudessem ser realizados
de maneira satisfatória ajudaram a desenvolver um sistema de uso de equipamentos portáteis
dentro das escolas.
A gente acaba ampliando a área médica no sentido de desenvolver osequipamentos compactos que temos hoje e que tem o mesmo padrão dequalidade de um consultório; e assim a gente monta dentro escola em40 minutos.7
Após essa viagem com o Rally dos Sertões, Luis Salvatore observou que a distribuição de
livros não estava sendo feita da maneira que ele gostaria, e as comunidades tinham pouco ou
nenhum acesso aos livros. A partir disso, passou a desenvolver uma capacitação para os
professores trabalharem com os livros doados.
A catalogação também faz parte dos modelos de trabalho, porque agente não quer que a biblioteca seja fechada para escola, a gente querque a comunidade participe mais da vida da escola, inclusive pegandolivros emprestados. E em muitos lugares que a gente vai, a escola nãotem uma biblioteca tão equipada quanto a nossa. E então, a gente querque aqueles livros que foram colocados ali possam circular paraoutros educadores, só que a gente quer que esses livros saibam ocaminho de ida e saibam o caminho de volta.8
O projeto odontológico, hoje uma das maiores frentes de atuação do IBS, foi incorporado
para complementar as ações de saúde.O projeto odontológico criou vários desdobramentos, principalmentena área preventiva; Então, a gente passa de dentista da comunidadepara, também, educador; a gente passa a fazer um planejamento deaulas, a escola monta um escovódromo, para ensinar o aluno aimportância da escovação, mostrar para ele que ele pode ter umsorriso saudável por toda a vida e a importância disso.9
Luis Salvatore, que constantemente tinha suas fotos inseridas em publicações
especializadas no gênero, desenvolveu uma oficina de fotografia para interagir com os
adolescentes das escolas atendidas.
Como o vídeo, a foto é, também, um meio de expressão e a gentecomeçou a trabalhar não só aquele aluno mais novo; a genteconseguiu, também, colocar o adolescente dentro do projeto, dando
9 Ibidem10 Ibidem11 Ibidem
32
para ele uma opção de trabalho ou uma opção de lazer através dafotografia e do vídeo.10
As cidades que vão receber as ações sociais realizadas pelo IBS são escolhidas em
conjunto com a secretarias de educação dos municípios e, durante um mês, é feito contato por e-
mail, telefone e cartas para que a escola esteja preparada para receber as ações.
Em 2008, o projeto conta com o apoio de cinco editoras: Melhoramentos, DCL, Readers
Digest, Abril e Fundação Educar.
A gente está falando de cinco editoras que estão trabalhando conoscoe essas editoras suprem essa necessidade de cerca de novecentoslivros, alguma coisa misturada com livros doados. Essa história dedoação perdura, as pessoas sabem que se doar um livro para nós, agente vai misturar com livro novo e levar para uma biblioteca sólida.11
As editoras enviam os catálogos dos livros e é feita uma seleção baseada na região que
vai receber aqueles livros e no tema anual da UNESCO.
9 Ibidem10 Ibidem11 Ibidem
33
34
É claro que, como a gente tem uma ação maior nas regiões norte enordeste, então trabalhamos a questão da Amazônia, a questão daságuas, do São Francisco. Tentamos, também, encaixar os temas anuaisda UNESCO. Ela escolhe, todo ano, um determinado tema, e a gentetenta encaixar o tema que vai ser trabalhado pelo projeto pedagógico;no caso, o do governo, que tem uma orientação de trabalho, e aí, comisso, a gente forma essas bibliotecas. Também tem o que eles pedem.Nas avaliações de impacto eles sugerem livros e a gente vê aviabilidade de, no ano seguinte, levar esses livros para as novasbibliotecas.24
Junto com os livros é doada uma revisteca da editora Abril para cada cidade. A revisteca
contém todas as publicações desse tipo da editora do período de um ano (excluindo as revistas
exclusivas para adultos). Essa demanda por revistas apareceu nas avaliações dos trabalhos, e foi
constatada uma carência desse tipo de publicação nas comunidades visitadas.
(...) a revista tem um intuito mais recreativo, o livro tem cara de umacoisa mais séria; o livro não é sério, mas quando a criança pega, elatem medo, medo de amassar, medo de rasgar, você tem que ter umasérie de cuidados com o livro, mas você não tem que ter medo dele.25
A ideia de Luis Salvatore é que, após serem lidas diversas vezes, as revistas também são
utilizadas para trabalhos dos alunos, que podem, por exemplo, recortá-las. A informatização das
bibliotecas também é apontada por Luis Salvatore como uma das principais ações do projeto.
Eles vão ter acesso a uma tecnologia que, às vezes, eles não têm, mastoda questão humana, toda questão de estrutura tem que ser montadana realidade do cara, para ele não ter medo, não se intimidar com otrabalho. A parte educativa de distribuição de livro e material, a gentefoi percebendo que isso era importante, mas não era a maneira idealde se fazer; então, a gente passou a capacitar os professores,trabalhar contação de história, trabalhar melhor o conteúdo domaterial escolar, para que o material fosse usado não só na entrega,mas durante um longo período.26
Todos os trabalhos são realizados dentro da escola, pois, segundo Luis Salvatore,
isso aproxima mais a equipe de voluntários da comunidade local.
(..) o ideal do trabalho é nos integrarmos ã realidade deles e não elesintegrarem a nossa. Então, a gente que tem que entrar na realidadelocal para conseguir que a transformação aconteça e nunca o inverso.Eles vão ter acesso a uma tecnologia que, às vezes, eles não têm. Mastoda questão humana, toda questão de estrutura tem que ser montadana realidade do cara, para ele não ter medo, não se intimidar com otrabalho.27
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola (PDSE) é uma ação social realizada
pelo Instituto Brasil Solidário em parceria com o Rally dos Sertões. O PDSE foca seus trabalhos
24Ibidem25Ibidem26Ibidem27Ibidem
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola
em escolas localizadas em cidades que estejam localizadas no roteiro do Rally dos Sertões. No ano de 2008, o
PDSE foi divido em três visitas: a primeira ação teve como objetivo apresentar e iniciar os trabalhos; a segunda,
que ocorre concomitantemente com o Rally dos Sertões e propõe o aprofundamento dos trabalhos iniciais; e a
terceira, concluir os projetos pelo PDSE e esclarecer dúvidas.
No ano de 2008, o projeto de desenvolvimento sustentável da escola trabalhou, principalmente, em nove
cidades: Goiânia-GO, Uruaçu-GO, Paranã-TO, Palmas-TO, Balsas-MA, Nova Iorque-MA, Crateús-CE, Mossoró-
RN e Natal-RN.
A primeira etapa do PDSE teve início no dia 6 de abril e foi encerrada no dia 27 de abril. As escolas
recebem um cronograma de ações para preparar e dividir as salas de acordo com os trabalhos de cada área. O
cronograma com a programação foi enviado para as escolas, voluntários, e anexado em alguns locais da escola,
fazendo com que pessoas da comunidade pudessem saber quando ocorreriam as ações. Nove voluntários
participaram da primeira etapa do PDSE: um coordenador, duas pessoas na área odontológica, um cinegrafista,
duas pessoas na área do meio ambiente, duas pessoas na área de biblioteca e um motorista. O cronograma
recebido pelas escolas está representado a seguir.
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola
e pressão na população convidada durante o resto do dia.
Público-alvo Descrição
Horário
9h Todos os Professores / agentes desaúde convidados, comunidadeconvidada (pais de alunos einteressados)
Apresentação geral do Programa deDesenvolvimento Sustentável da Escola2008 no município e das novas visitas /atividades decorrentes ao longo do ano.
9h 15 alunos selecionadosaleatoriamente entre as salas daescola
CPOD Odonto (identificação de alunos paraexames de odontologia).
10h Alunos Palestra de odontologia - prevenção(dentista).
10h Agentes* de saúde convidados Orientação com agentes sobre programa demonitoramento de glicemia (diabetes),seleção de pacientes para futurosatendimentos e entrega dos equipamentosAccu-Chek Go.
10h Professores e gestores interessados(monitores de meio ambiente)
Palestra sobre Meio Ambiente, passeio comprofessores selecionados (monitores) parareconhecimento da área de compostagem,local da horta comunitária, coleta seletiva earborização da escola.
10h Professores gestores escolhidos paraorganização da biblioteca
Início dos trabalhos de entrega e catalogaçãodo acervo literário doado e mobiliário
10h Professores / alunos gestoresescolhidos - oficina de foto e vídeo
Início do curso / oficina de fotografia e vídeodigital.
llh Alunos e comunidade Início dos atendimentos com o dentista.^Solicitar que estes agentes fiquem durante a tarde para realizarem os testes de glicemia
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola
Horário Público-alvo Descrição9h Professores gestores escolhidos
(monitores de meio ambiente) +alunos*
Bate papo com alunos escolhidos + Plantação*das mudas do programa de arborização na escola/ bairro.
Esclarecimentos finais, continuação daimplementação da horta comunitária,compostagem e outros programas ambientais.
9h Professores / alunos gestoresescolhidos - oficina de foto e vídeo
Continuação da Oficina de fotografia e vídeodigital.
9h Professores Treinamento do programa de oftalmologia (testede visão) para exames que serão feitos nosalunos e comunidade nas visitas futuras.
9h Alunos e comunidade Continuação dos atendimentos do dentista.10h Professores e representantes da
Secretaria de Saúde e de EducaçãoPalestra de Odontologia (Plano de Escovaçãoespecífico para a escola, alunos e professores).
llh Professores, alunos e comunidadeinteressada
Aprofundamento de questões sobre impactoambiental e finalização da área com gestores.
Horário Público -alvo Descrição14h Professores / alunos gestores
escolhidos - oficina de foto e vídeoContinuação da Oficina de fotografia e vídeodigital.
14h Alunos e comunidade Continuação dos atendimentos com o dentista.
14h Professores gestores escolhidos(monitores de meio ambiente)
Continuação do programa ambiental commonitores escolhidos, montagem da composteira,montagem do espaço da horta e do espaço para areciclagem / coleta seletiva na escola.
Esclarecimentos adicionais do programa emgeral e espaço de coleta seletiva na escola.
14h Professores / Secretário deEducação
Palestra, apresentação e entrega da biblioteca,manuais e programas de incentivo e técnicas deleitura, continuidade do programa e outrosdirecionamentos gerais.
19h Todos os interessados Cinema
* Neste dia, os alunos em geral devem ser dispensados das aulas, mas deverão comparecer à escola para participardos trabalhos cabíveis (palestra dentista e oficina). Caso a escola cadastrada não tenha alunos nas faixas etárias/séries solicitadas, a escola deverá / poderá convocar alunos de uma outra escola próxima, que será parceira do
projeto e ações.
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escolallh Alunos e comunidade Continuação dos atendimentos do dentista.
Tabela 4 - Cronograma primeira etapa - Dia dois - Tarde
Horário Público-alvo Descrição14h Professores / Secretário de
Educação e SaúdeEsclarecimentos finais e apresentação dosprocedimentos para a próxima visita.
* Deverão ser escolhidos - antes da nossa visita à escola - até 30 alunos, de diferentes séries e com interesse no
programa de arborização, que estarão acompanhando e realizando esta atividade neste dia junto com os
professores gestores escolhidos e o responsável pelo programa levado pelo programa na Ia visita.
As ações efetuadas nas escolas são extremamente similares e praticamente não existem diferenças
nas palestras ministradas ou material entregue em cada cidade.
39
Para montar uma pequena biblioteca, um acervo com cerca de 1.000 livros é
entregue para a escola em conjunto com três prateleiras que vão servir para armazenar os livros
após a catalogação. Os professores participantes devem participar de uma palestra que tem como
objetivo preparar os professores para organizar e catalogar o acervo literário doado para a escola.
São apresentadas técnicas de incentivo à leitura para alunos, montagem e disposição do acervo
nas prateleiras, organização de um espaço, para que os alunos possam ler dentro da biblioteca, e
uso do acervo em sala de aula. As escolas são solicitadas a identificar e convidar escritores locais
para participar junto aos voluntários do IBS na mobilização de professores e alunos com relação
aos programas de leitura.
São realizadas palestras sobre fotografia e vídeo dirigidas, principalmente, para
adolescentes. As turmas são compostas de aproximadamente 20 pessoas. Nas palestras são
apresentados alguns aspectos básicos, práticos e teóricos, da fotografia e vídeo, para que os
alunos apresentem o andamento dos trabalhos realizados nas escolas fora dos períodos de visitas
do IBS. As escolas recebem seis máquinas fotográficas para uso dos alunos que participaram das
palestras de comunicação. O material produzido pelos alunos é colocado pelos mesmos em um
Blog desenvolvido para essa finalidade.
O programa ambiental é composto por palestras dirigidas para professores sobre questões
ambientais (aspectos gerais de preservação, reciclagem e coleta seletiva, compostagem e horta
comunitária), desenvolvimento de composto orgânico a partir da coleta seletiva na escola, para
uso em projeto continuado de manutenção da horta comunitária e na manutenção do programa de
arborização. Os alunos participam junto com os voluntários, para realização de um programa de
coleta seletiva e redução/ reaproveitamento do lixo gerado na escola e no bairro, com
ensinamentos para montagem de coletores (recicláveis, orgânicos e não recicláveis) no local.
Posteriormente, os alunos participam de um programa de arborização da escola e da comunidade
com o plantio de sementes e mudas levadas pelo programa em conjunto com a Secretaria do
Verde local. Professores e alunos que participaram das ações ambientais são convidados a
participar de um programa de revitalização de espaço físico da escola (identificação e limpeza) e
montagem de uma horta comunitária no local, que será utilizada para plantação de legumes e
verduras para reforço da merenda escolar.
A área da saúde é composta por palestras e atendimentos. É solicitada a presença de um
responsável da Secretaria de Saúde de município e quatro agentes de saúde. É realizada uma
palestra sobre escovação de dentes na escola e em casa, para professores e alunos. A escola, em
40
conjunto com o dentista que irá realizar os atendimentos nessa etapa, organiza um plano de
escovação diária no estabelecimento e a construção de um espaço para que os alunos possam
realizar essa escovação. São realizados em média 30 atendimentos odontológicos por cidade.
Os agentes de saúde da cidade, que devem trabalhar no Posto de Saúde da Família mais
próximo da escola visitada, recebem um equipamento para medição de glicemia e realizam testes
de diabetes e pressão para os moradores do bairro que comparecerem à escola.
Alguns professores recebem treinamento para realizar uma triagem oftalmológica e pré-
cadastrar as pessoas que receberão atendimento oftalmológico na segunda etapa.
Após o término das atividades do primeiro dia de trabalho, um telão é montado no pátio
da escola e um desenho animado é exibido para os interessados.
A segunda etapa do Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola tem uma
concentração maior de voluntários, pois essa ação acontece simultaneamente com o Rally dos
Sertões, diminuindo tempo de trabalho em cada cidade para um dia. Vinte e um voluntários
participaram da segunda etapa do PD SE: um coordenador, três pessoas na área de artes, um
cinegrafista, uma pessoa na área de odontologia, três pessoas na área de meio ambiente, sete
pessoas na área da saúde, duas pessoas na área da psicologia, uma pessoa na área da educação, um
motorista e uma pessoa no apoio geral. A segunda etapa foi iniciada no dia 16 de junho e
finalizada no dia 29 de junho. O cronograma da segunda etapa do PDSE está exibido a seguir.
Horário Público -alvo Descrição7h30 Equipe de trabalhos e apoio local Chegada prevista na escola e organização geral
dos materiais de trabalho.8h Comunidade Início dos atendimentos de Saúde (Odontologia,
Oftalmologia Clínico-Geral, Pediatria,Ginecoloqia, outros) gratuitos.
9h Alunos Oficinas de Pintura + Papel - Turma 1 / Manhã9h Gestores e monitores de Meio
Ambiente/ interessadosVisita aos programas de preservação do meioambiente implementados na escola e verificaçãode andamento das metas da área ambiental.Montagem do Viveiro.
9h Professores Selecionados Psicologia aplicada: Turma 1 - ProfessoresSelecionados.
9h Gestores da biblioteca(professores)
Visita à biblioteca, verificação do andamento dasmetas propostas na área e capacitação paracontação de histórias na escola.
10h Alunos oficina de foto e vídeo Apresentação Módulo II do programa e análisede trabalhos em vídeo e fotografia.
10h Professores e alunos Workshop de manipulação de bonecos - turma1.
llh Professores e alunos Workshop de manipulação de bonecos - turmaII.
12h Todos Almoço.
Tabela 6 - Cronograma segunda etapa - Dia um - TardeHorário Público -alvo Descrição13h Comunidade Continuação dos atendimentos em saúde.14h Alunos Apresentação do Teatro de Marionetes, seguida de
contação de histórias para alunos.14h Comunidade / Pais de Alunos Psicologia aplicada: Turma II - Comunidade
14h Alunos Oficina de PET - Turma 1 / Tarde.14h Alunos Oficinas de Pintura + Papel - Turma II / Tarde15h Estudantes que já
participaram da Oficina naEtapa 1
Oficina de Comunicação (módulo II) - Mostra da ediçãodo vídeo piloto com trabalhos de alunos.
15h30 Professores Conversa sobre o desenvolvimento das atividades noperíodo, entrega dos kits escolares + material de apoio/ continuidade / Análise das metas cumpridas eapresentação do material da fase III para equipegestora da escola.
16h Professores Encerramento previsto de todas as atividades,assinatura de protocolo e entrega de dados e remédiosrestantes para responsável local.
16h30 Todos os interessados Espaço para apresentações locais da escola / Tempoaprox.: 20 minutos. Lanche de saída.
17h Equipe Horário máximo de saída da cidade / escola.
As ações realizadas na segunda etapa são, principalmente, voltadas para atendimentos
médicos e odontológicos. Houve preferência de atendimentos para pessoas previamente tríadas
pelos agentes de saúde. Foi atendida pelo clínico geral uma média de 35 pessoas por cidade,
portadoras de diabetes, colesterol alto e hipertensos. Cerca de 40 crianças acompanhadas pelos
pais receberam atendimento pediátrico em cada cidade. Mulheres acima de 35 anos, que nunca
realizaram exame de papanicolau, receberam atendimento ginecológico. Foram atendidas
aproximadamente 25 mulheres por cidade. Oitenta alunos e moradores dos bairros, onde as
escolas estão localizadas, foram atendidos por um oftalmologista, que averiguou a necessidade de
uso de óculos. Na tentativa de auxiliar o trabalho dos voluntários da área da saúde, uma pequena
farmácia, composta por medicamentos doados, é formada dentro da escola. Os remédios são
Tabela 5 - Cronograma segunda etapa - Dia um - Manhã 41
42
distribuídos de acordo com as receitas prescritas pelos médicos que estão trabalhando na escola. Após a visita do
IBS, os remédios excedentes são encaminhados para o posto de saúde mais próximo da escola. Assim como na
primeira etapa, são realizados atendimentos odontológicos (cerca de 15 por cidade) e exames de glicemia e
pressão.
Com o objetivo de otimizar os trabalhos de incentivo à leitura e saúde bucal, os alunos das escolas
visitadas recebem um pequeno kit com livros, lápis, borracha, caneta, escova e pasta de dente.
Um voluntário acompanha o andamento da catalogação do acervo literário doado, montagem e
organização da biblioteca.
Nessa etapa, professores assistem a uma palestra onde é apresentado o teatro de marionetes,
voluntários explicam algumas técnicas básicas de manipulação e construção de bonecos. Uma apresentação de
teatro de bonecos de aproximadamente uma hora ocorre ao final dos trabalhos, discutindo temas das áreas do
Projeto de Desenvolvimento da Escola. Na área de artes, também existe uma pequena oficina de pintura, onde os
alunos podem pintar os objetos criados com material reciclado.
Os alunos que participaram das palestras sobre fotografia e vídeo na primeira etapa do projeto
apresentam o material produzido entre as etapas do trabalho e assistem a duas novas palestras sobre fotografia e
vídeo.
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A área ambiental trabalhou com duas oficinas para reaproveitamento de material
reciclado: A oficina de papel reciclado, dirigida para os alunos, apresenta o processo básico de
confecção de papel reciclado. A outra oficina direcionada para os alunos foi a de garrafa pet, onde
os alunos constroem alguns utensílios e brinquedos utilizando garrafas pet vazias. As escolas
recebem algumas sementes, e um pequeno viveiro é construído dentro da escola.
Professores e pais de alunos participaram de discussões e dinâmicas realizadas por
psicólogas, na tentativa de evidenciar algumas necessidades da escola.
A etapa final do projeto teve início dia 8 de outubro e foi finalizada no dia primeiro
de novembro. A equipe de voluntários foi composta por 15 pessoas: dois músicos, quatro pessoas
na área ambiental, três pessoas na área da saúde, duas na área de biblioteca, um cinegrafista, uma
pessoa para apoio geral, um coordenador e um motorista. O cronograma dessa etapa está
apresentado a seguir.
Tabela 7 - Cronograma terceira etapa - Dia um - ManhãHorário Público-a Ivo Descrição8h PPT A Mulheres já atendidas na etapa
anterior e interessadas para novosexames de papanicolau +interessados
Palestra geral sobre o assunto e sobre o exame(procedimentos, resultados e importância).
8h Comunidade Diabetes e Pressão: início dos testes daCampanha de controle da Glicemia.
8h Gestores e monitores da biblioteca/ interessados
Biblioteca: Início da nova observação debibliotecas (catalogação), conversas sobre ainformatização do controle do acervo e propostade contação de histórias - avançado.
8h30 PPT B Professores selecionados Psicologia aplicada a educação: professores -módulo II (parte 1).
9h Comunidade e alunos Dentista: início dos atendimentos9h Todos os interessados Abertura das Mostras de Material da Escola e
dos Alunos (kits e biblioteca) e da Feira de Artese Artesanato / Reciclados e Papel.
9h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados
Meio Ambiente: visitação e esclarecimento dedúvidas sobre a horta, arborização e viveiros.
9h Todos os interessados /merendeiras da escola
Oficina de Reaproveitamento de alimentos -início,
9h30 PPT B Pacientes examinados na Etapa II eque receberam indicação de óculos
Óculos: palestra para todos que receberão osóculos. Início da entrega dos óculos em seguidapara as pessoas da listagem.
9h30 Comunidade Ginecologia: início dos novos exames depapanicolau.
10h PPT A Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital
Oficina de foto e vídeo - Módulo III - edição devídeos em casa.
12h TODOS ALMOÇO.Horário Público -alvo Descrição14h TODOS Artes: Abertura oficial da Exposição Fotográfica
dos alunos da inclusão digital.14h Todos os interessados em geral
sobre Meio AmbienteOficina de artesanato, utilizando sementes dobioma local (sementes recolhidas na região).
14h PPT B Adolescentes da escola e dacomunidade
Palestra sexualidade e drogas.
14h PPT A Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados
Meio Ambiente: palestra avançada sobre meioambiente e sobre uso sustentável dos recursosnaturais.
14h Gestores e monitores da biblioteca/ interessados
Biblioteca: continuação da nova observação debibliotecas (catalogação), conversas sobre ainformatização do controle do cervo e propostade contação de histórias - avançado.
Tabela 3 - Cronograma primeira etapa - Dia dois - Manhã14h Comunidade e alunos Dentista & procedimento para gincana da saúde:
CPOD de um a dois alunos de cada sala de aula eCPOD de alunos triados na fase 1 paracomparativo.
14h Pais de alunos selecionados Psicologia aplicada à educação: pais de alunos -módulo II .
14h30 Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital
Saída fotográfica em grupo pela cidade comprofessor de fotografia e vídeo.
15h30 Comunidade Ginecologia: continuação dos exames depapanicolau.
16h30 emdiante
TODOS Espaço de apresentações de alunos e artistas dacidade - l9 Dia:
- Apresentações de alunos - resultados deconcurso de poesia e redação / outros;
- Apresentação do teatro da escola e dastécnicas com Marionetes;
- Resultados de projetos esportivosrealizados com o material doado.
19h TODOS Cinema Comunitário.Horário Público-a Ivo Descrição8h Comunidade Diabetes e Pressão: continuação dos testes da
Campanha de controle da Glicemia.8h PPT A Professores e interessados Apresentação final dos trabalhos e resultados e
conversa com gestores do IBS sobre todas aspropostas desenvolvidas com representantes decada área.
8h Gestores e monitores da biblioteca/ alunos e interessados
Oficina de Música com instrumentos a partir dereciclados e outros.
8h Comunidade Ginecologia: continuação dos exames depapanicolau.
8h Comunidade Dentista: continuação dos atendimentos.8h30 PPT B Professores Psicologia aplicada a educação: professores -
módulo II (parte 2).8h Todos os interessados /
merendeiras da escolaOficina de reaproveitamento de alimentos -continuação e apresentação de resultados.
9h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados
Meio Ambiente: esclarecimento final de dúvidase finalização dos projetos com observações ecorreções de áreas.
10h PPT B Alunos da oficina de fotografia evídeo
Oficina Oficina de fotografia e vídeo - modulo III- finalização e ampliação de fotos na escola dasaída no dia anterior.
10h PPT A Comunidade Palestra Diabetes e Pressão: educação alimentare importâncias sobre a saúde.
12h TODOS ALMOÇO
Tabela 3 - Cronograma primeira etapa - Dia dois - Manhã14h TODOS - Alunos, professores e
demais envolvidos/interessadosEventos finais de encerramento 2Q dia:
- Inauguração oficial do escovódromo;
- Premiação e certificação dosprofessores e alunos;
- Apresentação do resultado da gincanada saúde;
- Apresentação dos ganhadores dascâmeras digitais;
- Entrega de premiações às escolas egestores e confraternização final pelaequipe gestora do IBS.
15h00 TODOS - Alunos, professores ecomunidade
Espaço aberto para novas apresentaçõesculturais de alunos e artistas da cidade parafinalização e despedida do projeto na escola.
16h Equipe IBS Saída.
As atividades realizadas na terceira etapa visam, principalmente, elucidar as dúvidas de professores e
alunos das escolas atendidas.
Nessa etapa, novamente são realizados exames de glicemia e pressão arterial pelos agentes de saúde.
Como complemento a esse trabalho, é realizada uma palestra sobre diabetes, hipertensão e educação alimentar.
Cerca de 20 alunos continuam o tratamento odontológico iniciado nas etapas anteriores. É realizada uma
competição
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chamada gincana da saúde entre representantes de cada sala de aula. O aluno que possuir o menor
número de resíduos na boca, revelados através de uma pastilha evidenciadora, vence.
Aproximadamente 15 mulheres fazem o exame de papanicolau. Os resultados desses exames
realizados nessas e nas outras etapas são enviados pelos correios de São Paulo para as escolas
onde foram realizados os exames. As mulheres examinadas e outras interessadas da comunidade
assistem a uma palestra sobre prevenção de colo de útero. Nessa etapa acontece uma palestra
sobre sexualidade e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis direcionada,
principalmente, para adolescentes.
As pessoas em quem os oftalmologistas diagnosticaram ter necessidade de usar lentes
corretivas recebem os óculos e assistem a uma palestra sobre a importância do uso constante e
conservação dos óculos.
Nessa etapa, dois computadores são instalados em cada biblioteca das escolas
participantes do PS DE. O objetivo é informatizar o acervo da biblioteca e incentivar professores
e alunos a terem um contato com os softwares básicos mais usados.
Os professores e alunos que participaram da palestra de teatro de bonecos, na segunda
etapa, realizam algumas apresentações para os voluntários do IBS e comunidade escolar.
Uma exposição fotográfica é montada na escola com as melhores fotos dos alunos da
cidade. Os cinco alunos que forem considerados pelos responsáveis da área de comunicação como
os que obtiveram maior destaque receberão uma das máquinas utilizadas durante o projeto.
Um telão é montado no pátio da escola para exibição de um desenho animado, para
alunos da escola e interessados da comunidade, assim como acontece na primeira etapa do PDSE.
Assim como acontece na segunda etapa do PDSE, psicólogas realizam dinâmicas com
professores e conversam com pais de alunos para orientação.
Uma palestra aprofundando os temas ambientais tratados nas outras duas etapas do PDSE
é realizada com professores. São entregues ferramentas para uso na horta comunitária. São
realizadas duas oficinas na área ambiental: uma sobre confecção de artesanato com sementes
locais e outra sobre reaproveitamento de cascas de legumes e verduras para produção de geleias e
compotas.
As escolas recebem materiais esportivos (bolas, redes e uniformes), para uso nas aulas de
educação física.
Após as três etapas programadas no roteiro do PDSE no ano de 2008, foi organizada
uma nova visita em três das nove cidades atendidas pelo projeto, nesse ano, além de uma cidade
que fez parte do PDSE, no ano de 2007. As cidades escolhidas foram consideradas pela direção
do IBS cidades que receberam bem e participaram ativamente do projeto. As cidades selecionadas
para a quarta visita também tinham uma facilidade logística de locomoção entre elas. Balsas-MA,
Nova Iorque-MA e Crateús- CE foram escolhidas entre as cidades que participaram do roteiro do
47
ano de 2008. São Raimundo Nonato-PI foi selecionada entre as cidades que participaram do
roteiro do PDSE no ano de 2007.
A quarta etapa do projeto das cidades selecionadas aconteceu de 5 a 22 de fevereiro.
O período de trabalhos em cada cidade foi de três dias, o maior período de ação em cada escola
entre as etapas. A equipe do IBS que realizou o trabalho foi composta por seis pessoas: um
coordenador, uma pessoa na área de odontologia, uma pessoa na área do meio ambiente, uma
pessoa na área da biblioteca, um cinegrafista e uma pessoa para apoio geral. A seguir, o
cronograma dos trabalhos exibido nas escolas.
Tabela 10 - Cronograma quarta etapa - Dia um - ManhãHorário Público-a Ivo Descrição8h Comunidade e alunos Dentista: início dos atendimentos.8h Gestores e monitores da biblioteca
/ interessadosBiblioteca: Início da nova capacitação eobservação de bibliotecas (catalogação), uso dosoftware e programas de informática na área.
8h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados
Inicio dos trabalhos de Gestão da Água nasEscolas - obras de infraestrutura na escola - 15Dia.
9h Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital
Início das atividades: Rádio Escola - teoria emontagem de equipamentos com alunos eprofessores.
llh Todos os interessados Abertura das Mostras de Material da Escola edos Alunos (kits e biblioteca) e da Feira de Artese Artesanato / Reciclados e Papel / OUTRASMOSTRAS.
12h TODOS ALMOÇO
Horário Público-alvo Descrição14h Comunidade e alunos Dentista: continuação dos atendimentos.14h Gestores e monitores da biblioteca
/ interessadosBiblioteca: continuação da nova capacitação eobservação de bibliotecas (catalogação), uso dosoftware e programas de informática na área.
14h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados
Continuação dos trabalhos de Gestão da Águanas Escolas - obras de infra-estrutura na escola -1Q Dia.
14h Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital
Rádio Escola - teoria e montagem e abertura dostrabalhos da rádio com alunos - continuação dasatividades.
14h Todos os interessados Abertura da exposição fotográfica temática dosalunos na escola.
16h Todos os interessados Apresentações de alunos sobre o tema SAÚDEBUCAL;
Outras apresentações programadas para o lg Dia.
18h TODOS CINEMA - Espaço para mostra dos trabalhos dosalunos da fotografia e vídeo.
Tabela 12 - Cronograma quarta etapa - Dia dois - Manhã
Horário Público-alvo Descrição8h Agentes de Saúde e Professor
responsávelDentista: Capacitação Projeto Sorriso.
8h Alunos e interessados Oficina de música com material desenvolvidopela escola: instrumentos feitos a partir doreciclável.
8h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados
Continuação dos trabalhos de Gestão da Águanas Escolas - obras de infra-estrutura na escola -29 Dia.
9h Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital
Módulo vídeo clipe: experimentação depequenas montagens de arquivos de foto-vídeo.
10h Comunidade e alunos Dentista: CPOD com alunos escolhidos.12h TODOS ALMOÇO.Horário Público-a Ivo Descrição14h Comunidade e alunos Dentista: continuação dos atendimentos.14h Alunos e interessados Biblioteca: atividade prática de contação de
histórias e fomento à leitura na biblioteca comalunos.
14h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados
Continuação dos trabalhos de Gestão da Águanas Escolas - obras de infraestrutura na escola -2Q dia.
14h Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital
Saída fotográfica e para vídeos: estudos sobretema determinado a ser trabalhado com alunose interessados.
16h Todos os interessados Apresentações de alunos sobre o tema OFICINADE MÚSICA com instrumentos confeccionados eaprendizados da aula dada pela manhã;Outras apresentações programadas para o 22Dia.
17h Todos os interessados Torneio equipe IBS e alunos da escola - jogoamistoso com alunos e integrantes.
Tabela 11 - Cronograma quarta etapa - Dia um - Tarde 48
Tabela 13 - Cronograma quarta etapa - Dia dois - Tarde
18h TODOS CINEMA - Espaço para mostra dos trabalhos dosalunos da fotografia e vídeo.
Tabela 14 - Cronograma quarta etapa - Dia três - Manhã
Horário Público-a Ivo Descrição8h Comunidade e alunos Dentista: continuação dos atendimentos.8h Gestores e monitores da biblioteca
/ interessadosBiblioteca: FINALIZAÇÃO E OBSERVAÇAO danova capacitação e observação de bibliotecas(catalogação), uso do software e programas deinformática na área.
8h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados
Palestra MA: combate às pragas na horta escolare observação dos projetos ambientaisdesenvolvidos e em andamento;
Palestra MA: uso de detergentes orgânicos paraimplementação do projeto de reciclagem daágua.
9h Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital
Módulo fotografia avançado: photoshop.Experimentação de arquivos de foto-vídeo nophotoshop. Finalização e trabalho em fotos dasaída no dia anterior.
12h TODOS ALMOÇO.
Tabela 15 - Cronograma quarta etapa - Dia três - Tarde
Horário Público -alvo Descrição14h Professores e Coordenadores /
Representantes da SecretariaApresentação formal das propostas da escolapara continuidade de cada área e planos demanutenção das mesmas na escola.
15h emdiante
TODOS - Alunos, professores ecomunidade
Espaço de apresentações de alunos e artistas dacidade - 3Q Dia:
- Apresentações de alunos - resultados deaprendizados / outros;
- Entrega da Certificação 2009 / 2010 doIBS à escola.
- Espaço aberto para novasapresentações culturais de alunos eartistas da cidade para finalização edespedida do projeto na escola.
16h30min Equipe IBS Saída.
Na quarta etapa do PDSE, aproximadamente 20 pessoas por cidade realizaram exame
odontológico. O voluntário do IBS na área de odontologia realizou uma palestra para professores
e agentes do Posto de Saúde de Família que participaram das etapas anteriores do PDSE. Essa
palestra tem como objetivo ampliar o programa de escovação implantado nas escolas, para a
comunidade do bairro. Dois representantes de cada sala de aula são escolhidos para uma
competição de escovação de dentes realizada através de um revelador de resíduos.
A catalogação digital dos livros é finalizada nessa visita, caso não tenha sido
anteriormente. Uma oficina de contação de histórias é dirigida para os professores, objetivando
incentivar o uso da biblioteca de maneiras alternativas.
Os alunos que participaram das palestras de comunicação, realizadas nas etapas
anteriores, assistem a uma palestra que apresenta os princípios básicos de edição de vídeo e
fotografias. Esses alunos participam de outra palestra, que explica o funcionamento básico de
uma rádio. Essa palestra visa preparar os alunos para montarem uma programação e operarem
tecnicamente um sistema de som, composto por quatro caixas de som espalhadas pela escola e
equipamento básico de produção de áudio.
Assim como na primeira e terceira visitas do IBS às escolas, em 2008, um telão é
estruturado no pátio central das escolas e um desenho animado é exibido para os alunos e
interessados da comunidade.
Para aprofundamento do tratamento da horta escolar, na área ambiental foi realizada uma
palestra sobre controle de pragas em plantações. Um sistema de reuso de água foi instalado nas
escolas. O objetivo desse sistema é que água reaproveitada tenha uso na limpeza da escola e
manutenção da horta, estruturada nas etapas anteriores. Uma palestra explicando a fabricação
caseira de detergente, utilizando matéria prima não- agressiva ao meio ambiente, foi dirigida
principalmente para funcionários da escola, encarregados da limpeza da mesma.
Um jogo de futebol ou vôlei entre a equipe de funcionários da escola e a equipe do IBS é
organizado, visando utilizar o material esportivo doado anteriormente e integrar as duas equipes.
51
O método de avaliação utilizado pelo IBS, no ano de 2008 e em fevereiro de 2009,
consiste em avaliar as impressões de cada voluntário sobre o desempenho da área em que
trabalhou, consultar os trabalhos postados no blog por participantes das escolas atendidas pelo
projeto e um questionário que deverá ser respondido pela escola, seis meses depois do término
dos trabalhos. É muito difícil mensurar a eficácia dos projetos implantados pelo PDSE. A
avaliação de resultados é vaga e poucos ou nenhum número real sobre os resultados do projeto
podem ser obtidos. O número de pessoas impactadas, por exemplo, situa-se na casa das centenas
de milhares, número questionável, uma vez que as escolas atendidas pertencem, na maioria das
vezes, a comunidades pequenas e afastadas de grandes centros, além de apenas uma pequena
parcela dessas comunidades participar efetivamente das ações do PDSE. De acordo com
representantes de cada área de atuação do PDSE, os resultados de cada projeto específico variam
consideravelmente em cada cidade participante, Nenhum método de pesquisa é utilizado no
planejamento do projeto para identificar as diferenças culturais existentes entre essas
comunidades, permitindo planejar diferentes métodos de implantação dos programas do PDSE em
cada uma dessas comunidades. Entre os períodos que abrangem as visitas às cidades
participantes, poucas são as mudanças na forma com que os projetos são trabalhados nas escolas.
Na grande maioria das vezes, continuam sendo trabalhados de maneira praticamente idêntica,
independentemente dos diferentes desempenhos de cada escola em cada projeto. As principais
diferenças do PDSE são projetos extras implantados nas escolas ou comunidades que
apresentaram interesse e dedicação nas propostas apresentadas para a escola. Em algumas
cidades, moradores da comunidade, alunos e funcionários das escolas que receberam o PDSE em
anos anteriores, citam projetos que tiveram resultados a longo prazo e continuam a ser
desenvolvidos. Devido à falta de uma avaliação de resultados mais precisa, é tarefa árdua realizar
a mensuração desses resultados.
A interação com as comunidades locais é incentivada pelo coordenador do projeto, que
acredita ser um fator fundamental para a realização bem sucedida do PDSE. Essa interação
aproxima os voluntários do IBS com os participantes das ações na escola e cria um clima
intimista, diminuindo a formalidade entre as partes envolvidas no trabalho. Embora esse trabalho
informal crie algumas facilidades para a realização dos PDSE, algumas vezes são criadas
situações que comprometem o profissionalismo do trabalho. Por exemplo, o coordenador do
projeto levou com a equipe seu cachorro na primeira, terceira e quarta etapas do projeto, segundo
ele, com o objetivo de divertir as crianças. Apesar de, na maioria das cidades visitadas pelo PDSE,
no ano de 2008, as crianças brincarem algumas horas com o cachorro, frequentemente um
voluntário é desviado de sua função para vigiar o mesmo.
As ações do PDSE nas escolas tiveram início no dia 6 de abril de 2008 e terminaram no
dia 22 de fevereiro de 2009.
Capítulo VI - A atuação dos moradores do bairro Bacaba
4.1 - A associação de moradores do bairro Bacaba
A associação de moradores do Bairro Bacaba foi fundada no ano de 1993 e funcionou até o ano de
2002, quando o então presidente da associação vendeu o terreno e o material de construção que seriam
utilizados para construir uma sede para a associação de moradores do Bairro Bacaba. Em 2008 os moradores
de bairro realizaram uma eleição para presidente da associação, com o intuito de reativá-la.
(..)o presidente tomou de conta e depois acabou com tudo que tinha, nós já tinhaterreno, tijolo, nós já tinha tudo, ai terminou ele vendeu o terreno, os tijolo, tudo eacabou. Aí, aqui tava sem ninguém, ai como eles queriam renovar a associação,queriam correr atrás do que já tinha sido, não ia valer a pena, aí já não tinha maislivro de ata, não tinha mais nada, não sabia... aí com muita luta eu mesmoconsegui o livro de ata da antiga associação, e formemos uma pequena eleição né.Ai votemo o Gilson, ai tamo lutando né, para ver o que que consegue.28
Atualmente é realizada na associação de moradores do bairro Bacaba, uma reunião mensal no
segundo sábado de cada mês. Nessas reuniões moradores do Bairro discutem assuntos de interesse da
comunidade local. Existe um esforço do atual presidente afim de envolver líderes religioso, comerciantes,
indo de donos de salão de beleza a donos de bar. São convidados também para esas reuniões, pessoas que não
fazem parte da comunidade do bairro Bacaba, mas podem ser relevantes na resolução das questões tratadas.
Na reunião que estive presente, os tópicos eram a implantação da coleta seletiva no bairro e as ruas que
deveriam fazer parte de um pedido formal de asfaltamento, que seria enviado para o prefeito. Um vereador
local estava presente, ouviu as reivindicações e respondeu as questões dos moradores. Além das reuniões
mensais, reuniões extraordinárias são organizadas se os moradores entendem que o assunto a ser tratado têm
caráter de urgência. Para Antônio Cândido essas organizações não têm apenas a função de discutir assuntos
de interesse da comunidade, mas também integrar os moradores que passam a se sentir membros do grupo.
"É membro do bairro quem convoca e é convocado para tais atividades. A obrigação bilateral é aí elemento
integrante da sociabilidade do grupo, que desta forma adquire consciência de unidade e funcionamento."
(CANDIDO, 1979, p.67).
Para o presidente da associação de moradores do bairro Bacaba, os moradores do bairro poderiam ter
uma participação mais ativa na tentativa de resolução dos problemas que afligem o bairro.
28 Sousa, Luis, 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
58
53
Tem um ano de associação, que nós reativamos a associação, e até que eles nãosão muito de ir na minha casa me cobrar, eu me deparo com eles pelo bairro,quase todos os dias eu estou visitando, estou trabalhando na arborização, estoumolhando junto com eles, estou acompanhando os meninos que estão jogando bolanos campos; e às vezes eles procuram a gente para falar que a rua tá semiluminação, precisa melhorar a infra-estrutura, tampar os buracos, o prefeito nãofaz nada e os vereadores não fazem nada, aquela reclamação dos políticos. Eutento conscientizar eles que existe uma associação, uma associação preocupada,existem pessoas preocupadas, pessoas que querem oferecer, que tem algo aoferecer e que eles participem, que eles nos procurem para participar das nossasreuniões, porque juntos nós podemos estar mudando a realidade de nosso bairro eda nossa cidade como um todo.29
As datas das reuniões são divulgadas em carros de som, que transitam pelo bairro durante uma hora
anunciando o dia e a hora do encontro, ofícios fixados em locais de grande trânsito de pessoas, como a escola
e o posto de saúde, e a associação entra em contato com as emissoras de televisão locais que em algumas
ocasiões anunciam a reunião em sua programação.
Tanto faz eu ir pessoalmente, ou qualquer membro aqui da associação, a gente fazum ofício com o nome da associação, têm toda uma organização e a gente sempretêm um apoio assim, fantástico, da TV Rio Balsas e de todos os meios decomunicação aqui da cidade. Carro de som nós usamos, a gente paga uma hora decarro de som, que ta equivalente a 25 reais, todas as reuniões que a gente faz comas autoridades ou com os moradores como foi esta hoje.30
São realizados diversos tipos de trabalho na comunidade em conjunto com a associação de
moradores do bairro Bacaba. O grupo de capoeira Guerreiros da Criança têm contato muito próximo com a
associação, que apoia as apresentações do grupo. São organizados treinamento e jogos de futebol para
crianças da comunidade, a polícia militar está organizando junto com a associação de moradores um projeto
de polícia comunitária no bairro.
Aqui com o Jorge quase todos os dias a gente um têm contato aqui com o grupocultural dele, da criança, que eles estão jogando capoeira, ou então com a dançada fita, com o maculelê, ou então com outras apresentações culturais. Temostambém um contato muito grande com as crianças e jovens aqui do bairro com ofutebol, que é uma coisa que ta dando certo nós temos um número muito grande decrianças participando, precisamos de repente de apoio, apoio financeiro, que àsvezes é muito difícil.31
Existe uma parceria da associação com o Colégio Municipal Agostinho Neves, que objetiva
aproximar os moradores do bairro com a comunidade escolar, e colaborar com projetos que estejam sendo
implantados na Escola Municipal Agostinho Neves ou na associação de moradores do bairro Bacaba.
Durante as visitas do IBS para a implantação do PDSE representantes da associação de moradores estavam
presentes para participar das ações e oferecer ajuda para os funcionários da Escola Municipal Agostinho
Neves. Quando existe a necessidade de um espaço maior que a sede da associação de moradores do bairro
Bacaba, a escola cede seu espaço para a associação, esse tipo de troca é comum entre as duas organizações.
29Botelho, Gilson, 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli30Ibidem31Ibidem
54
(...) agora mesmo a gente ta organizando a horta, a horta comunitária foi umainiciativa do Brasil Solidário, e a gente põe a mão na massa, vamos lá, vamosajudar, o que estiver faltando a gente vai correr atrás junto, vamos ajudar no queestiver faltando. E por exemplo fizemos uma noite cultural, a primeira noitecultural do Bairro Bacaba, onde tivemos o apoio do colégio Agostinho Neves, coma instalação do colégio, a energia, a diretora tava lá presente, enfim tudo que agente precisa eles estão lá nos ajudando e vice-versa.32
O local utilizado para realização das reuniões da associação de moradores do bairro Bacaba é uma
pequena construção próxima ao colégio municipal Agostinho Neves, a construção pertence a igreja católica,
fato que não aparenta diminuir ou desencorajar a presença de pessoas adeptas de outras religiões nas reuniões
da associação. Não raramente as atividades que reúnem moradores da comunidade têm em seu começo ou
término orações entoadas por todos os participantes da atividade a ser realizada.
Inúmeras são as situações consideradas inacessíveis a um controle racional ou,quando se admite a existência de recursos racionais, não se atribuem efeitoscomparáveis aos que produziriam a intervenção de forças sobrenaturais tidasgeralmente como superiores. Seria difícil apontar uma esfera da vida que nãofosse impregnada de fé no sobrenatural, em que não empregassem meios julgadosadequados para assegurar o auxílio de poderes sobrenaturais, "(p.134)33
Para Hoggart organizações entre membros das classes menos favorecidas economicamente, como é o
caso da associação de moradores do bairro Bacaba, fornece aos membros a sensação de estar integrado ao
grupo e de possuir um compromisso de ajuda mútua, pois membros dessas classes não raramente necessitam
da ajuda dos vizinhos.
É antes fruto do saber de experiência feito, que ensina que o indivíduo se encontrainevitavelmente integrado no grupo; o indivíduo sabe que está integrado numgrupo, porque experimenta o calor humano e a sensação de segurança que lhe sãofacultados pelo próprio fato de pertencer ao grupo, porque o grupo se mantémsempre igual a si mesmo, e porque se vê frequentemente obrigado a recorrer àajuda dos vizinhos, uma vez que não pode geralmente pagar os serviços deoutrem. Os membros do proletariado sentem a necessidade de formar um grupo,porque a vida é dura e a eles sempre lhes cai em sorte tudo o que é mau. "34
A cooperação entre vizinhos moradores do bairro Bacaba é frequente e tratada de forma casual,
durante o período de realização das entrevistas que foram usadas nesta dissertação, em diversas ocasiões os
entrevistados pediram que os vizinhos realizassem durante o período da entrevista as tarefas que seriam
interrompidas pela mesma, a cooperação dos vizinhos foi quase sempre imediata e encarada como algo
casual.
A existência de todo grupo social pressupõe a obtenção de um equilíbrio relativoentre as suas necessidades e os recursos do meio físico, requerendo da parte dogrupo, soluções mais ou menos adequadas e completas, das quais depende aeficácia e a própria natureza daquele equilíbrio. As soluções, por sua vez,dependem da quantidade e qualidade das necessidades a serem satisfeitas. (p.23f
32Ibidem33WILLENS, 1961. p.13434HOGGART, 1973. p.99
55
Os serviços e favores que vizinhos se prestam não estão limitados a favores que exigem pouco tempo
e esforço, muitas vezes quando um morador se encontra em uma situaçãos que exige maior dedicação para
ser resolvida, este é amparado pelos vizinhos com quais possui maior intimidade.
Há uma série de atividades seculares e sacras, cuja realização depende decooperação vicinal. Ao lado de serviços ocasionais que vizinhos ocasionais seprestam mutuamente, figuram acontecimentos que afetam, mais profundamente, avida de indivíduos e famílias e que, usualmente, exigem a assistência de umnúmero restrito de vizinhos.35
O presidente da associação de moradores do bairro Bacaba Gilson Pereira Botelho é reconhecido
pelos moradores do bairro Bacaba como uma pessoa que trabalha em função dos melhores interesses do
bairro. Gilson Pereira Botelho trabalha como assessor de uma vereadora da cidade, fato que não parece
importar aos moradores do bairro, uma que em nenhum momento isso foi citado nas entrevistas. Na reunião
da associação de moradores que estive presente, estava presente também um vereador que não possui
associação partidária com a vereadora para qual o presidente da associação de moradores do bairro Bacaba
trabalha. Em nenhum momento a associação do presidente com a vereadora foi citada na reunião da
associação, embora a maioria das discussões girassem em torno de decisões políticas e Gilson Pereira
Botelho fosse o mediador da discussão.
35WILLENS, 1961. p.49
Como em todas as comunidades, os partidos políticos exercem a junção primordialde peneirar os líderes locais, através de complicados processos de competição,conflito e acomodação. Outra função vital dos partidos é a de controlar osindivíduos, mormente as do partido oposto, que ocupem cargos públicos naadministração comunal. Além do mais, através dos partidos os jovens aprendem ospadrões políticos da cultura local.36
O bairro Bacaba é na maioria das vezes retratado nos meios de comunicação de maneira negativa, em
muitas ocasiões esses meios noticiam crimes ocorridos na região.
O bairro Bacaba tem suas peculiaridades, como já esta saindo da zona urbanapara uma periferia mais avançada, é o problema do dia-a-dia, da vida, da própriasociedade, a comunidade mais pobre, mais humilde, sofredora, é falta de água, ésaúde, é a droga, o tráfico de drogas, boca de fumo. A emissora não pode dar ascostas, ela tem que participar no dia-a-dia, presente, estar no local, a polícia fazuma parada a televisão tem que mostrar essa realidade, a Bacaba faz parte dessecontexto de notícias, infelizmente a maioria desagradável, é prisão, éassassinato(...)u
Devido a essa imagem negativa, a Escola Municipal Agostinho Neves, em conjunto com a
associação de moradores do bairro Bacaba, decidiram atuar junto aos meios de comunicação para modificar a
imagem do bairro.
(...)houve uma coordenadora que ela entrou e ai o que ela queria era, dizer assim,mudar a imagem da escola. A escola passou assim por um tempo que era ruim,assim, fazer parte daquela escola, então, ela quis mudar essa imagem da escola eai então começou a fazer projetos e todos os projetos e atividades que eramrealizados na escola, ela convidava os meios de comunicação, e as TVs para virfilmar. Então no começo aqui a escola Agostinho Neves só era na TV. E ai comisso a imagem foi mudando, então, devido o uso desse meio de comunicação. Opresidente também, ele entrou no ano passado, e então ele começou a usar tambémbastante a televisão para divulgar as reuniões, divulgar também o trabalho dele,ele criou também um blog da associação de moradores do bairro Bacaba, então táse expandindo mais pelos meios de comunicação.37
A maioria dos representantes dos meios de comunicação pesquisados apontam Gilson Pereira
Botelho como uma pessoa presente nesses meios para anunciar eventos que irão ocorrer no bairro Bacaba,
além de ser entrevistado em algumas ocasiões. A Rádio Cultura entrevista o presidente da associação de
moradores do bairro Bacaba mensalmente.
(...)a gente tem muitas participações da Bacaba, inclusive o presidente daassociação de moradores de lá, o Gilson, mensalmente ele participa da nossaprogramação, trazendo os projetos que ele consegue para a comunidade daBacaba, e muitos ouvintes lá participam diariamente, ao vivo, da nossaprogramação.13
Talita Moura, produtora de jornalismo da Tv Rio Balsas conta que representantes daassociação de moradores do bairro Bacaba interagem com frequência junto a emissora.
36Ibidem, p.82.
37SANTOS, Edjane. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
56
13 SILVA, Carmegildo. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
(...)o bairro Bacaba eu posso destacar que é um bairro atuante na cidade, porconta da associação de moradores. A associação junto com os moradores dobairro, eles estão sempre se reunindo, reivindicando melhorias para o bairro eainda que seja um bairro um pouco afastado do centro, nós também priorizamosisso, porque é notícia, uma forma também de incentivar outros bairros areivindicar seus direitos, a questão do saneamento básico, iluminação, que sãodireitos básicos de qualquer pessoa. Eles têm essa preocupação de promoverpalestras, informativos para os moradores com parceria com a secretaria de meioambiente, secretaria de saúde, enfim, o bairro Bacaba é bastante atuante nessesentido. Quando eles aparecem aqui na tv, o presidente ou algum membro daassociação, já fala que a gente enjoou da cara deles, mas que eles vão promoveralguma coisa no dia tal e queriam nossa presença. Claro que como a gente tásempre em busca de notícias que seja também de relevância para sociedade agente vai.38
Na Tv Liberdade, retransmissora do SBT na cidade de Balsas, a comunidade do bairro Bacaba
participa principalmente através da associação de moradores. O bairro Bacaba é considerado pelo
representante da emissora Fabrício Andrade como um bairro atuante junto a Tv Liberdade.
São poucas pessoas que nesses assuntos de matéria se interessam, e semprequando têm esses assuntos que interessam a Bacaba vem até aqui e participa,porque é um dos bairros que faz um chamado com a reportagem para que a genteparticipe, faça cobertura, o bairro Bacaba ta sempre participando.39
A atuação do presidente da associação de moradores do bairro Bacaba também acontece nos meios
impressos, apesar do Jornal Correio de Balsas apresentar esporádicas matérias sobre eventos ocorridos no
Bairro Bacaba, o Jornal Popular de Balsas que possui uma ótica voltada para temas políticos, realizou uma
entrevista com Gilson Pereira Botelho em uma ocasião.
Eu recebi o presidente da associação do bairro Bacaba, ele nos fez uma matéria eessa matéria inteira vai sair agora em fevereiro, não se dirigiu ninguém daBacaba, a não ser ele que veio dar uma entrevista, falar sobre como estava asituação no bairro Bacaba, que estava desprezada pelo poder público, segundo opresidente da associação relatou ao JPB.16
A intensidade menor com que o presidente da associação de moradores do bairro Bacaba atua junto
aos meios impressos e internet se deve ao fato desses meios serem menos utilizados pelos moradores do
bairro. Não existe ponto de venda de jornais no bairro e o acesso a internet nas residências é quase nulo
sendo praticamente limitado a Lan Houses.
38MOURA, Talita. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
39ANDRADE, Fabrício. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
57
13 SILVA, Carmegildo. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
58
Além do presidente da associação de moradores do bairro Bacaba, Gilson Pereira Botelho, outros
moradores do bairro foram reconhecidos pela comunidade como lideranças locais. Reni Jorge Grampes
coordena um grupo de capoeira do bairro e é membro da associação de moradores, junto com um artista
local, planeja dar início a uma nova associação para atuar principalmente com crianças da comunidade do
bairro Bacaba.
E está abrindo outra associação, que vai ser associação cultural e socialguerreiro da criança né, que a coordenação vai ficar por conta minha e um artistaaqui da cidade que é o Alni; e a corporação da associação vai ser feita porpessoas idôneas né, advogados né, economistas, planejamento, uma coisa que vaiser feita tudo transparente em prol da comunidade, até inclusive tamo pleiteando,temos um voto já, de murada, e vamos começar a construção da nossa tãosonhada sede né, que futuramente quando você vier lá de São Paulo, até inclusiveeu to querendo fazer um ou dois quartos na própria associação, para receberartista, gente que vem de fora né, ficar mais dentro da comunidade, da própriacomunidade, se tu vem estudar a comunidade, tu vai ficar dentro dacomunidade(...)40
Naura de Sousa realiza diversos tipos de trabalho voluntário no bairro, para ela a reativação da
associação de moradores do bairro Bacaba foi de grande importância para a eficácia desses trabalhos.
Olha, foi uma grande mudança, eu conheci o Gilson já fazia um ano que eu faziao trabalho voluntário sozinha, com as mulheres as crianças e os adolescentes, aiele me convidou para participar da associação, ele disse: Você vai ser minhaassessora. Então ai esse trabalho que a gente fez de mutirão de limpeza, aplantação das árvores, as lixeiras, todo esse trabalho, os cursos que vieram paracá, as palestras, tudo eu ajudei a organizar. Fui chamada para ser secretária dotime de futebol das crianças, hoje nós já temos uma equipe, duas bolas, e o Jorgetambém, to ajudando ele nessa parte também com os meninos, as crianças eadolescentes com o grupo Guerreiro da Criança.41"
O soldado da Polícia Militar do Estado do Maranhão, Clarindo de Sousa Gomes, realiza trabalhos
com jovens no colégio Agostinho Neves e trabalhos voluntários na igreja evangélica que frequenta.
A gente faz um trabalho principalmente de cidadania, somos moradores,acreditamos no potencial do bairro que a gente mora e trabalhamos de uma formaque conscientize nossos jovens. Como nós temos um contato muito forte com aescola Agostinho Neves, nós trabalhamos diretamente em sala de aula com asquartas e algumas sextas séries, fazendo assim um trabalho extra de palestras,dinâmicas com os jovens, oficinas, trabalhos que venham ajudar na cidadania danossa comunidade, principalmente dos nossos jovens da Bacaba.42
40GRAMPES, Reni. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
41SOUSA, Naura. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
42GOMES, Clarindo. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
4.2 - A atuação dos líderes comunitários do bairro Bacaba no PDSE
Durante o período de trabalhos do IBS em Balsas com o PDSE, a Escola Municipal Agostinho Neves
recebeu apoio de diversos moradores do bairro Bacaba, entre eles alguns que foram apontados por pessoas da
comunidade como lideranças locais. As ações do PDSE foram realizadas nos dias 16 e 17 de abril, 23 de
junho, 19, 20 de outubro, nove, 10 ell de fevereiro. Na primeira etapa do PDSE o volume de participantes foi
visivelmente menor do que nas etapas seguintes, segundo Antonieta Neves da Silva Matos, a comunidade
ainda não sabia o que esperar do projeto. Segundo funcionários da escola, a partir da segunda etapa do
projeto a presença dos líderes comunitários e da comunidade do bairro intensificou-se.
Temos o presidente da associação foi feito o convite para ele, que havia essa visitado Instituto Brasil Solidário, então ele aceitou o convite porque ele também ficoumuito interessado, porque ele é uma pessoa que trabalha em busca de benefíciospara comunidade, tanto na parte de meio ambiente, de desenvolvimento cultural,então ele aceitou o convite de imediato. Na primeira visita ele não podecomparecer, porque ele trabalhava em uma determinada empresa, não teve comoele vir participar, mas nas outras visitas ele já estava fora dessa empresa,ai entãoele participou mais ativamente desse encontro. E também teve essas outraspessoas que receberam também convite da escola e vieram participar e conheceresse instituto. Temos a secretária também do meio ambiente aqui do município,temos o Jorge também que é responsável por cultura, e ele aceitou o convitetambém, ajudou também, até os meninos do meio ambiente que participaram dahorta, eles fizeram algum dinheiro com arrecadações das verduras que foramvendidas e tudo. Então o Jorge ele era um voluntário da escola, ele da capoeirapara os alunos gratuitamente, então ele assim, é um voluntário e um líder nessaquestão de cultura.20
A implantação do PDSE na Escola Municipal Agostinho Neves foi visivelmente mais eficaz do que
nos outros municípios que participaram do PDSE na mesma época. Houve presença de grande número de
moradores do bairro durante as visitas do IBS, os voluntários responsáveis por cada área ficaram satisfeitos
com os resultados das ações implantadas, a escola deu continuidade a parte considerável dos projetos após o
término do PDSE, e alguns projetos foram estendidos para a comunidade do bairro Bacaba.
20 SANTOS, Edjane. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
66
A biblioteca recebida pela Escola Municipal Agostinho Neves foi nomeada em homenagem a
escritora local e autora do hino do município de Balsas, Edilza Virgínia Pereira, que compareceu na
escola durante a primeira etapa do PDSE. A biblioteca foi destacada pelos professores, moradores e
líderes locais como uma das ações mais importantes para a escola e a comunidade. O acesso ao livro é
muito restrito no bairro Bacaba, não existem livrarias próximas e o baixo poder aquisitivo da maioria dos
moradores da comunidade dificultam a aquisição de livros. No
65
67
município de Balsas existem três bibliotecas, uma localizada no centro da cidade, uma dentro de um
colégio e a terceira localizada em uma fazenda. Nenhuma dessas bibliotecas fica próxima ao bairro Bacaba.
Segundo o livro Retratos da Leitura no Brasil43, livros emprestados por bibliotecas públicas e escolares
compõem a principal forma de acesso aos livros para os jovens, 49% da população de cinco a 10 anos, 53%
da população de 11 a 13 anos e 47% da população entre 14 e 17 anos consideram as bibliotecas como uma
maneira de acesso aos livros.
Após tomar conhecimento do PDSE, membros da comunidade se organizaram para realizar a
expansão de alguns projetos, implantados na Escola Municipal Agostinho Neves, para todo o bairro Bacaba.
O projeto de arborização foi expandido para outras ruas do bairro, além desse projeto a associação de
moradores expandiu outro projeto da área ambiental, foi feito um pedido para que o IBS fizesse uma doação
de lixeiras para serem instaladas no bairro, o pedido foi atendido e 10 lixeiras foram doadas para a associação
de moradores. Ao final da reunião da associação de moradores do bairro Bacaba que estive presente,
membros da associação discutiam uma maneira de iniciar a coleta seletiva no bairro, que ainda não existe na
cidade de Balsas. A ações da área ambiental por terem uma facilidade logística e um custo baixo, quando
comparadas as ações das outras áreas, são mais facilmente implantadas no bairro.
Eu participei de algumas oficinas, participei de palestras onde nós tivemos aulascom pessoas que retrataram situações como o meio ambiente, reciclagem,inclusive até coloquei em prática uma reciclagem que eu aprendi para fazer umtipo de sabão liquido, então eu estive na escola, não estive em todos os dias mastodas as vezes que veio eu estive na escola.44
Alguns projetos estão sendo discutidos pela associação de moradores do bairro Bacaba e pelo IBS para que
assim como a arborização e as lixeiras, sejam ampliados para comunidade. Uma cozinha comunitária foi
aprovada e o local de sua instalação está sendo decidido pelos membros da associação. O projeto instalação
de uma rádio comunitária no bairro Bacaba está sendo discutida pelos membros da associação de moradores.
(,..)eu participei com o Instituto Brasil Solidário na segunda vez que eles vieramaqui para Bacaba e foi a convite da Eliane, diretora, que eu me aproximei dosmeninos que trabalham no Brasil Solidário, daí eu comecei a conversar com elesa possibilidade de por exemplo, a arborização, como eles poderiam nos ajudar,nós também da associação montamos uma relação de alguns projetos que a gentepretende desenvolver aqui para os moradores e repassamos para eles. E paranossa surpresa o Luis entrou em contato com a gente, autorizando 10 lixeiras etambém uma cozinha comunitária que só depende de nós escolhermos o local paraque ela seja instalada, então a minha participação foi dessa forma.45
43AMORIN, Galeno (Org.), 2008
44GOMES, Clarindo. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
45BOTELHO, Gilson. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
No preparo da Escola Municipal Agostinho Neves para receber as etapas do PDSE um grande
número de atividades voluntárias foram realizadas por membros da associação de moradores, que possui
parceria com a Escola Municipal Agostinho Neves do bairro Bacaba. Os membros da associação de
moradores participaram dos preparativos realizados pela escola e participaram de algumas ações do PDSE.
Eu perguntei se podia ajudar em alguma coisa e elas disseram que podia, ai elasperguntaram o que eu queria fazer, eu trabalho com decoração também, eutrabalho com minha cunhada que faz enfeite, festa, pois eu faço a decoração. Euparticipei também com a psicologa, fiz uma consulta com ela, gostei muito.46
Os membros da associação convocaram moradores do bairro Bacaba para participarem das ações,
esse chamado foi feito através de carro de som, que circulou durante uma hora pelo bairro informando aos
moradores o dia e o horário em que seriam realizados os trabalhos. Emissoras de rádio foram informadas
sobre o evento e anunciaram o mesmo durante sua programação, assim como as emissoras de televisão.
Ofícios avisando sobre o evento foram colocados em lugares de grande circulação de pessoas no bairro.
Embora não tenha sido possível visitar todas as casas, membros da associação de moradores, compareceram
em parte das casas do bairro avisando sobre a realização do PDSE.
Membros da associação de moradores informaram e solicitaram a presença de meios de comunicação
de Balsas durante a implantação do PDSE. Nos períodos que abrangeram as visitas do IBS, notou-se a
presença de equipes de reportagem de rádio e televisão. Os profissionais dessas equipes, trataram os
voluntários do IBS com familiaridade e em raros casos participaram das ações do PDSE. Um homem que
declamou um poema no primeiro dia de trabalho da primeira etapa do projeto, compareceu no dia seguinte
com uma equipe de gravação, revelando-se um repórter da Tv Liberdade, retransmissora local do SBT.
Para os professores da Escola Municipal Agostinho Neves a atuação dos líderes da comunidade do
bairro Bacaba durante as ações do PDSE foi um fator que colaborou para que houvesse uma interação maior
dos moradores do bairro com a escola durante o projeto.
Então com a visita do Brasil Solidário houve o que: uma ligação entre a família ea escola, até mesmo para desenvolver algumas atividades. Por exemplo, teve lá ode odontologia, teve a comunicação, o aviso dos pais e tudo, então houve umareunião, se os pais aceitavam, porque tem que ter essa relação. E também naentrega do material, então houve primeiramente um contato geral com os pais,então assim na primeira visita só o pessoal do bairro ver essa movimentação aquina escola, eles já ficavam surpresos e queriam saber o que é(...)2s
46SOUSA, Naura. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
69
V - Considerações finais
Na primeira etapa PDSE na Escola Municipal Agostinho Neves, houve uma participação menos
intensa da comunidade do que nas etapas subsequentes. A escola mantém uma parceria com a associação de
moradores do bairro Bacaba, a associação de moradores do bairro Bacaba colabora com os eventos
organizados na escola e a escola colabora, cedendo o espaço para eventos da associação por exemplo. A partir
da segunda etapa do PDSE a associação de moradores colaborou com os preparativos das ações e
compareceu em maior número nos dias que as ações estavam ocorrendo nas escolas. A partir da segunda
etapa houve grande presença de moradores do bairro Bacaba durante as ações. Nos períodos em que as ações
do PDSE estavam sendo implantadas na Escola Municipal Agostinho Neves, os moradores do bairro
reconhecidos pela comunidade como líderes estiveram presentes na escola ajudando na organização e
participando das ações.
A associação de moradores do Bairro Bacaba, além de possuir a função de reunir os moradores para
discutir assuntos de interesse dos moradores do bairro e algumas vezes propor ações, cria um sentimento de
comunidade, os membros participantes se sentem mais integrados com o bairro e colaboram entre si para
resolver problemas pessoais.
As reuniões da associação de moradores acontecem em uma construção cedida pela igreja católica.
Dentro da associação de moradores existem membros que frequentam igrejas católicas e evangélicas.
Durante os encontros dos membros da associação, frequentemente é feita uma oração em conjunto. Embora a
religião seja um aspecto importante para a maioria da comunidade, a diversidade religiosa não é motivo de
conflito entre os membros.
Funcionários da Escola Municipal Agostinho Neves, acreditam que existe um envolvimento
consideravelmente maior de moradores da comunidade do bairro Bacaba, nos eventos realizados na escola,
quando os membros da associação de moradores do bairro Bacada divulgam e comparecem no evento.
Para moradores do bairro Bacaba, a revitalização da associação de moradores do bairro Bacaba foi
um fator importante para mobilizar a comunidade e conseguir implantai- melhorias no Bairro.
Membros da associação de moradores do bairro Bacaba constantemente utilizam os meios de
comunicação da cidade de Balsas para divulgar eventos do bairro. O presidente da
68
associação participa mensalmente de um programa de rádio e contata outras rádios e emissoras de
televisão para que esses meios anunciem ou noticiem eventos no bairro. Um carro de som contratado pela
associação de moradores circula durante uma hora no bairro Bacaba anunciando o evento. Também são
colocados ofícios em pontos de grande circulação no bairro.
Funcionários dos meios de comunicação do município de Balsas afirmam que existe uma presença
constante dos membros da associação de moradores do bairro Bacaba nesses meios. Os membros da
associação de moradores comparecem principalmente nas emissoras de rádio e televisão. Moradores da
comunidade do bairro Bacaba acreditam que essa atuação da associação de moradores junto aos meios de
comunicação, tornou positiva a imagem do bairro Bacaba, que antes só aparecia retratado nesses meios
quando algum crime era noticiado na região.
Os moradores do bairro Bacaba possuem uma cultura tipicamente oral, os meios de comunicação que
exigem leitura, no caso o jornal impresso e a internet (a velocidade da conexão no município de Balsas é
muito lenta para utilizar os recursos de áudio e vídeo que alguns sites oferecem), são menos utilizados pelos
líderes comunitários para realizar a divulgação de eventos ocorridos no bairro Bacaba.
Alguns projetos implantados na escola através do PDSE foram estendidos para a comunidade através
do trabalho conjunto do Instituto Brasil Solidário com a associação de moradores do bairro Bacaba. O projeto
de arborização foi implantado no bairro Bacaba durante o período em que o IBS estava realizando ações na
Escola Municipal Agostinho Neves. Lixeiras foram entregues para a associação de moradores do bairro
Bacaba através do IBS, essas lixeiras serão instaladas em diversos pontos do bairro Bacaba, a associação de
moradores planeja em seguida iniciar o primeiro sistema de coleta seletiva do município. Uma cozinha
comunitária doada pelo IBS será instalada no bairro. A associação de moradores do bairro Bacaba está
desenvolvendo um projeto para enviar ao IBS, solicitando um sistema de rádio, com o objetivo de instalar
uma rádio comunitária no bairro e atuar diretamente com os moradores do bairro.
Considerando o que foi apresentado anteriormente, pode-se concluir que a atuação os líderes de
opinião do bairro Bacaba, influencia a comunidade de modo que, quando esses líderes atuam junto à
comunidade na realização de ações dirigidas ao bairro Bacaba, essas ações têm maior eficácia.VI - Referências 70
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71
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Anexo 1
Entrevista Antonieta Neves da Silva Matos - Professora da Escola Municipal Agostinho Neves
Como começa o bairro da Bacaba?
O primeiro morador daqui era o meu avô, ele só tinha a casinha dele, ele morou aqui com 18 anos, ai
ele encontrou Arcanja, que era a mulher dele, moravam no Gerais de Balsas, em um lugar chamado Serra da
Limpeza. Ele veio para cá, casou com essa senhora, construiu a família dele aqui, depois ele pegou o cargo de
oficial de justiça aqui em Balsas, que não tinha, era só ele e 3 oficiais de justiça, mas ele continuou morando
aqui na Bacaba que era residência dele. Teve 14 filhos, depois teve criação de gado, que era fazenda, a
família toda aqui, no bairro Bacaba. Devido a quantidade de pés de bacaba que tinha aqui, botaram o nome
de Bacaba, Bairro Bacaba do Canário, porque Canário era o apelido dele, os oficiais lá que colocaram esse
apelido nele, mas ele não era amarelo não, era pretinho. Depois apareceu um rapaz, que é meu pai, chamado
José Alves da Silva, casou com a filha dele mais velha que é a Zenite da Silva, ai que construiu
Meu Pai disse que veio para cá em 46, ai casou com minha mãe em 60, e fui eu que foi a primeira filha deles,
essa senhora que é a Zenite, que é minha mãe, teve 7 filhos, eu como a mais velha. Aqui não tinha professora,
tinha só a comunidade, que era meu pai com meu avô, ai contraíram uma casinha ali e eu fui. Aqui só tinha
mato, aqui nesse lugar que nós estamos que era o lugar deles procurarem caça, pegar piqui, caju, pega lenha,
que eles cozinhavam na lenha, era nesse lugar bem aqui da escola que eles pegavam essas coisas.
E como começou a escola?
A escolinha nossa aqui, começou lá na casa mesmo da minha mãe, eu trabalhava como catequista ali
no bairro Nazaré, na igrejinha, na capelinha, como chamava, a capelinha. Fui a primeira professora de
catequese lá, ai como aqui tinha necessidade dos alunos ali da rua, av. Tito Coelho, no bairro Nazaré, que só
tinha uma rua, eu na idade de 15 a 16 anos, o papai foi mais o meu avô e formaram a escolinha,
que era sentar de varão, era palmatória, a campainha era um chocalho e era turma multiseriada, que é da
primeira a quarta série que ensinava.
72
73
Passado tempo, o pessoal de São Luís, vieram aqui, me viram nesse sofrimento e perguntaram se eu queria
ter uma escola. Ai nós saímos lá da casa, que era um ranchinho de palha, ai viemos entramos aqui nessa
mata, porque aqui era mata, viemos para essa mata aqui e ai construíram essa escola, que ficou como uma
homenagem ao meu avô Agostinho Neves. E eu como a primeira professora, Antonieta.
E desse tempo para cá, o que mudou na escola e no bairro?
Ah meu amigo, mudou muita coisa, aqui era só nós, era só nossa família, olha hoje o tanto de família
que tem hoje, só que ainda continua a Bacaba, o bairro Bacaba do Canário, mas mudou muita coisa, tem
muito comércio, tem muita casa, era só nossa casa e o curral. Mudou demais, nossa escola não era essa, era
coberta de palha, mudou demais nossa escola.
Como foi essa mudança?
A escola mudou assim: Aqui era conhecido como zona rural, ai depois da evolução que foi construir
essa escola, ficou zona urbana, veio um pessoal de São Luis chamados Edurural, não sei se você já ouviu
falar. Veio uma equipe de gente lá de São Luis da esse curso do Edurural para o professor, professor que não
tinha magistério. Eu era aluna no dia, eu lecionava só tinha a 8a série quando eu comecei. E hoje eu estou
pós-graduada e ta aqui nossa escola. Aumentou as salas, aumentou a quantidade de alunos, naquela época só
tinha 35 alunos, que era alfabetização, Ia, 2a, 3a e 4a mas eram duas de cada série. E hoje nossa escola tem na
faixa de 1049 alunos, e quando nós começamos eram 35 alunos, e também quando nos saímos da nossa
casinha de palha, vinha para cá era só duas salas, três banheiros e o auditório. E hoje tem 13 salas, uma
biblioteca, uma sala dos professores e uma secretaria.
Quando a escola começou como era a participação de pais de alunos e da comunidade?
Ah, quando começou era bom demais, que os pais vieram atrás de mim, para ter começado essa
escola, a escola na zona rural. Ai os pais vieram atrás de mim, para começar essa aula e eu lecionava com
toda garra, e os pais, nós fazíamos brincadeiras, os pais eram participativos demais. Hoje eu já acho assim
um pouco diferente, porque os pais só faz jogar assim para nós professores. Não quer comparecer, quando
vem já vem assim com aquela agressão, Eu achava assim, no tempo que nós começamos eu achava melhor,
assim, eu achava melhor no ritmo de ensinar, por que eu tinha minha palmatória, menino não queria aprender
eu dizia: bote lá para estudar tabuada. Ai eu "bolo", palmatória. Até o marido da minha irmã foi aluno meu,
hoje eu digo: Ele pode judiar da minha irmã mas já passou pela minha mão e pega bolo, já pegou muito bolo
o marido dela, aí hoje a gente não pode fazer mais isso, com a evolução nós não pode faze mais isso.
E a comunidade é distante ou próxima da escola?
Assim, como eu te falei, quando começou eu achava assim melhor, mas hoje, assim, eu acho que
nossa escola ta chamando mais atenção, sempre eu elogio assim e digo para Eliane: Eliane tem que trazer
esses pais para comunidade, eu to achando que eles melhoraram também. Eu falei no sentido de quando era
zona rural, mas agora não, eles tão vindo na escola, temos alguns probleminhas, mas nós resolvemos. Mas
74
eles tão participando, a diretora também chama atenção, nós funcionários também trazemos eles para escola,
têm muito programa bom, que é o jovens e adultos, que é junco com nós aqui, o presidente do bairro. Eu
acho assim que evoluiu mais, claro, têm muita diferença, porque não existe mais, aquele bolo para bater nos
alunos, não existe mais, mas eu achei que melhorou. Claro que melhorou, os professores naquele tempo não
eram capacitados, hoje a gente não vê mais nenhum professores sem ter a graduação, a maioria, acho que nós
aqui todos temos, acho que não tem nenhum sem, todo mundo é graduado, mas tem que ter uma educação de
qualidade.
Quando o Instituto fez o projeto na escola, o que você achou que funcionou e o que você achou que não
funcionou?
Eu gostei. Eu elogiei demais o projeto, porque trouxe mais a comunidade para nossa escola, os
projetos eu gostei, o que eu participei, mas eu gostei de todos os projetos. O que eu participei foi o da horta,
eu adorei, ainda estou adorando. Eu disse para Eliane que eu estou muito emocionada e que estava de
parabéns, de parabéns porque vocês trouxeram novidades para nossa escola e tava precisando.
Como foi durante o projeto e como é agora, sua participação no trabalho da horta?
Eles explicaram o que fazer com a garrafa pet ua horta, eu pelo menos não sabia que dava para fazer
aquelas carreirinhas, eu não mexia também. Achei muito lindo aquilo ali. Ai hoje tem nossa horta, através do
Brasil Solidário, e eu gostei e disse para Eliane: Tomara que eles tragam mais projetos, para nós, para nossa
escola, para o pessoal ver a comunidade, todo mundo ficou elogiando.
Como foi a participação da comunidade nesse projeto?
No começo a maioria da comunidade não participou porque os filhos não comunicaram para eles,
quando o pessoal viu aqueles projetos de vocês, ai que eles vieram: Teve esse projeto?
Foram quatro etapas do projeto, você acha que houve um aumento na participação da comunidade entre
uma etapa e outra?
A primeira não teve tanto não, mas no final tinha bem mais. Eu achei, o meu ponto de vista, sabe?
Porque a primeira ninguém sabia o que tava acontecendo, culpa dos alunos que não avisaram e nossa
também.
Existem pessoas na comunidade que podem ter influenciado outras a participarem do projeto?
Tem minha irmã Joanice, o presidente do Bairro, José Soares Quixabeira, Agostinho Neves, que é
neto, ele mexe com futebol, o Erivelton que é policial, acho que são esses ai.
E como essas pessoas que você citou participaram do projeto?
Participaram com a colaboração de vir participar com a gente aqui na escola, participa das reuniões
com o presidente, para nós falarmos, debater o assunto.
75
Você acha que a presença deles na escola enquanto estava acontecendo o projeto fez a comunidade
participar mais das ações?
Fez, fez porque a gente se reúne ai nós vamos. Agora mesmo, amanhã, nós vamos participar de uma
reunião, eu junto com eles aqui na comunidade.
Existe algo sobre a história do bairro, da escola ou sobre a participação da comunidade que você
gostaria de acrescentar?
A escola, ela foi fundada em 1976. Até 77, 78 era zona rural, ai de 78 até hoje, é zona urbana.
Como foi a transição de zona rural para zona urbana?
Foi a prefeitura junto com esse projeto do Edurural em São Luis, veio uma equipe de lá de São Luis,
ai nos procurou aqui, ai nós mudamos. Mudamos da casinha de palha para a casinha de tijolo.
Entrevista Isomar de Souza Neves - Neto de Agostinho Neves
Como começa a história do bairro Bacaba?
Rapaz, aqui quando eu me entendi, aqui era só uma estradinha aqui para o centro, sabe? Em 57, ai
foi começando a chegar vizinho, foi indo, foi indo, chegando e se tornou hoje estar morando na cidade. Ai
foi faltando o pai, faltando a mãe, os irmãos mais velhos, ai foi ficando a geração mais nova. Inclusive que
eu to sendo o mais velho da turma.
Como você acha que é a participação da comunidade na escola?
É boa, mas sempre tem umas falhinhas.
Entrevista Norina Neves Quiximtera - Neta de Agostinho Neves
Como foi o inicio do bairro?
Aqui só tinha um morador, quando eu entendi, que era o meu pai, que morava aqui, ai depois chegou
o Pedro João Antônio, que morava ali na Bacaba, na passagem.
Você acha que a comunidade participa na escola?
Meus filhos, quando eles eram pequenos eles estudavam no Agostinho Neves, eu ia nas reuniões do
colégio.
Entrevista Edjane Nunes Santos - Professora da E.M. Agostinho Neves 77
Me conte a história do bairro
Quando eu cheguei aqui no bairro Bacaba, eu vim com meus avós e foi no ano de 1989, já faz 20
anos, aqui era como se fosse o fim da cidade, então havia poucos moradores, muita vegetação, muitas
fazendas ao lado e a população era bem pouca. Havia uma escola, sempre morei aqui ao lado da escola, a
escola Agostinho Neves, que foi construída por um morador.
Qual sua relação com a escola?
Eu fiz todo meu primário, a minha vida escolar nessa escola, ao lado. Antes tinha só de primeira a
quarta série, então eu fiz, estudei nela de primeira a quarta série e ai então não havia o ensino fundamental
maior, de quinta a oitava, então eu tive que estudar em uma escola no centro da cidade, para você ver o grau
de desenvolvimento do bairro, e então sempre participando da vida do bairro, fazia catequese, então sempre
tinha uma vida assim bem participativa.
O que você faz na escola atualmente?
Agora eu sou professora do Agostinho Neves, engraçado que eu trabalho com colegas que foram
meus professores lá na infância, na primeira série né, tem uma colega minha que é minha colega de trabalho
e que foi minha professora na educação infantil. Eu trabalho com o ensino fundamental pela manhã, segundo
ano, e a tarde de quinta a oitava.
Qual a participação da comunidade na escola?
Você não percebe a forma, mas você vê que a comunidade participa, porque se tem qualquer
manifestação, você observa que ela já está inserida, até mesmo as decisões, que são realizadas na escola,
você já pensa assim: Como a comunidade vai reagir? Então se você vai fazer algum evento, você já vai
pensar na participação da comunidade, e uma coisa que ta sendo bem interessante agora aqui no bairro, é
uma parceria que está entre a comunidade, representada pela associação do bairro, que deu início no ano
passado essa associação, e a parceria com a escola, então essa parceria ta levando muito também a
comunidade participar das atividades da escola, e a escola também participando das atividades da
comunidade. Por exemplo: Se há uma reunião da associação, como teve agora, que vão escolher o nosso
bairro para fazer a coleta seletiva, primeiro bairro da cidade como modelo para dar início a essa coleta
seletiva. Essa reunião foi no sábado, então o que aconteceu, o corpo docente da escola, a direção, estava lá
presente nessa reunião, juntamente com a comunidade e outros órgãos públicos. Então ai você já observa que
as atividades que são desenvolvidas na sociedade aqui do bairro, envolvem tanto a escola quanto a
comunidade em geral.
77
Como a comunidade participou do Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola, implantado
pelo instituto Brasil Solidário?
Bom, no ano de 2008, a escola recebeu a visita do Instituto Brasil Solidário, primeiramente a diretora
fez uma reunião geral com todos os professores e funcionários, e apresentou uns DVDs com material a
disposição do que era essa instituição, esse instituto. Então a primeira impressão: Meu Deus, será que nós
vamos dar conta de tanto trabalho? E ao mesmo tempo assim, a alegria de ver aquele tanto de benefícios
vindo até nossa comunidade, foi a nossa comunidade escolhida. Então o primeiro impacto foi o desafio: Será
que vamos conseguir? Porque aqui nunca tinha acontecido, na nossa cidade um trabalho como esse. E
aconteceu a primeira visita, foi muito bem recebida, tanto pelos pais quanto pelos alunos, pelo quadro de
funcionários também da escola, e deu-se então início as atividades que chegava o fim do dia você: Ufa!
Quanta coisa. Então foi um trabalho assim que foi bem aceito pela comunidade e pelos alunos. Você observa
assim o comportamento dos alunos frente a esses trabalhos. Tem-se dito assim: O antes e o depois dessa
visita. Porque você observa uma escola de bairro e têm muitas adjacências, outros bairros carentes, então é
difícil você proporcionar uma educação de qualidade né, com tudo que tem direito, então é muito difícil, a
começar pela participação da família, você fazer uma reunião com os pais, eles não davam esse apoio,
achavam que era dever da escola educar os filhos, e que eles não tinham responsabilidade nessa tarefa. Já
ouvi mesmo até pais chegarem dizer que bota o filho na escola, é para os professores ensinarem. Então você
observa tanto o nível de carência, de cultura mesmo, do próprio valor da educação, quanto financeiro. Então
por motivos financeiros muitos têm que trabalhar e ai não acompanham os seus filhos na escola. Então com a
visita do Brasil Solidário houve o que: uma ligação entre a família e a escola, até mesmo para desenvolver
algumas atividades. Por exemplo, teve lá o de odontologia, teve a comunicação, o aviso dos pais e tudo,
então houve uma reunião, se os pais aceitavam, porque tem que ter essa relação. E também na entrega do
material, então houve primeiramente um contato geral com os pais, então assim na primeira visita só o
pessoal do bairro ver essa movimentação aqui na escola, eles já ficavam surpresos e queriam saber o que é,
então isso já chamou atenção, vendo esses carros, tinha o quadriciclo, então foi uma novidade que chamou a
atenção tanto visual quanto na obtenção de recursos, então só isso ai atraiu a atenção da comunidade para
escola, e o que se observa é que mudou a percepção deles em relação a várias coisas, por exemplo, vários
projetos foram desenvolvidos na escola: o meio ambiente, se plantava várias plantas ao redor da escola, não
saiam do tamanho, eram destruídas antes mesmo de dar uma sombra, então a escola toda era no sol e tudo.
Então o Brasil Solidário veio e implantou essa idéia e as sementes e ai você observa que as plantas estão
crescendo. E na medida que elas crescem você observa que a consciência também vai crescendo, tanto dos
alunos quanto da família
Existem pessoas na comunidade que podem ter influenciado outras a participarem do projeto?
Tem, começando assim pela própria associação, quando se fala de uma reunião: Ah isso ai não vai
dar ninguém, então aquela vez começou por persistência de alguns líderes mesmo da comunidade, nós temos
a Joanice que também foi professora e diretora da escola, então ela assim as pessoas têm o maior respeito
78
assim por ela, quando foi para ela sair assim da direção da escola, houve assim revolução, porque os alunos
não queriam que ela saísse, então temos assim alguns líderes aqui do bairro que as pessoas ouvem.
E como foi a atuação desses líderes?
Temos o presidente da associação foi feito o convite para ele, que havia essa visita do Instituto Brasil
Solidário, então ele aceitou o convite porque ele também ficou muito interessado, porque ele é uma pessoa
que trabalha em busca de benefícios para comunidade, tanto na parte de meio ambiente, de desenvolvimento
cultural, então ele aceitou o convite de imediato. Na primeira visita ele não pode comparecer, porque ele
trabalhava em uma determinada empresa, não teve como ele vir participar, mas nas outras visitas ele já estava
fora dessa empresa,ai então ele participou mais ativamente desse encontro. E também teve essas outras
pessoas que receberam também convite da escola e vieram participar e conhecer esse instituto. Temos a
secretária também do meio ambiente aqui do município, temos o Jorge também que é responsável por
cultura, e ele aceitou o convite também, ajudou também, até os meninos do meio ambiente que participaram
da horta, eles fizeram algum dinheiro com arrecadações das verduras que foram vendidas e tudo. Então o
Jorge ele era um voluntário da escola, ele da capoeira para os alunos gratuitamente, então ele assim, é um
voluntário e um líder nessa questão de cultura.
Quais são os meios de comunicação aqui da cidade?
Temos a TV Boa Notícia, que é legalmente, ai temos outras rádios também que funcionam por
período, quando vem a fiscalização ai encerra, ai passa um periodozinho assim parada e depois continua
novamente. Mas legalmente temos a rádio e TV Rio Balsas, a rádio e TV Boa Notícia, também temos a TV
Liberdade, e temos também o jornal O Correio, que é impresso.
E como a comunidade da Bacaba é retratada nesses meios?
Primeiramente a escola mudou a direção, e ai houve uma coordenadora que ela entrou e ai o que ela
queria era, dizer assim, mudar a imagem da escola. A escola passou assim por um tempo que era ruim, assim,
fazer parte daquela escola, então, ela quis mudar essa imagem da escola e ai então começou a fazer projetos e
todos os projetos e atividades que eram realizados na escola, ela convidava os meios de comunicação, e as
TVs para vir filmar. Então no começo aqui a escola Agostinho Neves só era na TV. E ai com isso a imagem
foi mudando, então, devido o uso desse meio de comunicação. O presidente também, ele entrou no ano
passado, e então ele começou a usar também bastante a televisão para divulgar as reuniões, divulgar também
o trabalho dele, ele criou também um blog da associação de moradores do bairro Bacaba, então ta se
expandindo mais pelos meios de comunicação.
E como esses meios e esses líderes atuam em conjunto com a comunidade?
E: A comunidade passou um tempo assim, adormecida,então quando foi para ela acordar, houve-se muito a
questão, passava o carro de som, quando ia fazer uma reunião, passava o carro de som avisando, fazia
79
recados, convites impressos, e, o que mais ele usava era o carro de som antes da reunião, né, se a reunião era
a noite então ele passava a tarde circulando carro de som no bairro para reforçar o convite.
Existe algo sobre os assuntos que conversamos que você gostaria de acrescentar?
A escola municipal Agostinho Neves desenvolveu muito bem os projetos propostos pelo Instituto
Brasil Solidário, graças à união entre os professores, que foi dividido por coordenação, cada professor ficou
responsável por um grupo: Grupo do meio ambiente, grupo da oficina digital, grupo da odontologia, que era
o da escovação. Então essas atividades foram divididas e você obteve um resultado melhor. Podemos citar no
grupo de fotografia, tiveram alunos que se destacaram a ponto de arrumarem emprego devido a essa oficina
de fotografia que foi implantada na escola. Então as vezes a escola, ela é não só uma instituição de passar
conteúdo mas também de preparar os alunos para a vida e esse papel ele foi visto assim com esse projeto.
Porque as vezes você da aula, vem dar aula na escola e pronto. E com esses projetos, eu, eu digo, respondo
por mim que você se enturma mais, você se interage mais com os alunos. Os alunos da tarde, você ta dando
aula pela manha, professora, isso e aquilo, sobre determinado projeto. Então há uma comunicação maior, não
fica só aquela, conteúdo, prova, esses trabalhos mais tradicional, mas assim uma interação deles até mesmo
no próprio comportamento deles, você observa mudanças. Não, vamos melhorar aqui, como se portar? Então,
com essa parceria do Brasil Solidário, a escola só teve crescimento, e melhoras e muito trabalho. Tanto pelo
professor, quanto pela coordenação e também pelos alunos.
Entrevista Wadson Oliveira Silva - Locutor da Rádio Nativa
Como é o seu trabalho aqui na rádio, você é remunerado?
Eu trabalho na rádio mesmo, tem muito tempo que eu mexo com isso, trabalho com rádio. E eu
trabalho como locutor e também entendo um pouco sobre isso aqui, computador, essas coisas...
Como funciona a rádio?
Ela tem só apoio mesmo de um empresário, que é uma pessoa que mexe com shows, festas locais,
eventos locais da cidade, e ai ela tem o apoio de um rapaz empresário que tem uma empresa: Clube da Viola,
a rádio representa ela, a empresa clube da viola.
E qual a situação legal da rádio?
Quando chega a fiscalização tem que esconder.
Qual a participação da comunidade na rádio?
A participação é boa, é bem aceita na cidade, o pessoal gosta, até porque aqui na cidade o pessoal
gosta de rádio.
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E como ocorre a participação do bairro Bacaba?
O pessoal gosta, ouve muito, também participa muito pelo telefone, o pessoal liga, pede música,
gosta de mandar mensagem para os companheiros, para os ouvintes também.
Como é a programação da rádio?
Tem o horário nobre, horário que é na parte da manhã que é essencial para notícias e essas coisas.
Para quem está em casa, gosta de ouvir notícias, essas coisas do dia-a-dia das pessoas.
E essas notícias são de onde?
Da cidade, as vezes a gente vai nas lojas também , do comércio, das empresas, a gente vai lá, divulga
o que tem de promoção, tal, entendeu? Alguma coisa sobre a polícia daqui, a gente vai lá no quartel vê o que
tem...
Quantos funcionários trabalham na rádio?
Tem três funcionários na verdade, é porque tem pouco tempo que ela foi fundada, tem pouco tempo
que ela ta funcionando.
Quais as funções de cada um?
Eu faço locução, dou manutenção nos equipamentos, os outros fazem programação, outros ficam na
área de patrocínio, das empresas aí, sempre ta na rua aí, é o vendedor comercial.
Existe algo na programação dirigido especificamente para o Bairro da Bacaba?
Bom, o bairro não tem, a gente não criou ainda, mas a gente tem um plano de
criar.
São noticiados fatos ocorridos aqui no bairro?
Sim, é o que a gente mas faz aqui.
Qual o estilo de música mais tocado na rádio?
A gente toca mais forró, sertanejo, o pessoal gosta muito aqui de sertanejo
E são divididos na programação, os diferentes estilos de programas?
Mais é música e entretenimento, a gente passa muita informação também, do mundo artístico.
Entrevista Carmegildo Xavier da Silva - Rádio Cultura FM - 96,3
Qual sua função na rádio?
Eu sou locutor e sou diretor geral da emissora.
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Qual o horário de funcionamento da rádio?
A gente funciona 18 horas diárias, das seis às 24, sábado e domingo também.
Com que freqüência vocês noticiam fatos ocorridos no Bairro Bacaba?
Tem várias participações diárias da Bacaba, inclusive eu to construindo a minha residência na
Bacaba, vou morar lá.
E como acontecem essas participações da Bacaba?
Mais nas ligações, na nossa programação, principalmente no programa de domingo, que é de oito ao
meio dia, que é um programa nobre, a gente não da conta de atender os ouvintes, de todos os cantos da
cidade.
E os ouvintes que ligam participam como?
Pedindo músicas mesmo, pedindo músicas, faz serviço de utilidade pública, entrevistas, informações,
notícias, tudo isso a gente faz.
Já houve alguma entrevista com algum morador da Bacaba?
Já, da Bacaba a gente tem muitas participações da Bacaba, inclusive o presidente da associação de
moradores de lá, o Gilson, mensalmente ele participa da nossa programação, trazendo os projetos que ele
consegue para a comunidade da Bacaba, e muitos ouvintes lá participam diariamente, ao vivo, da nossa
programação. Já vieram ao vivo também aqui no estúdio, então tem um interatividade bem grande com o
pessoal da Bacaba, eles participam muito aqui da nossa programação.
Entrevista Xavier Fiali de Souza - Carro de Som
Como funciona seu trabalho?
Nós fazemos a área de propaganda volante, a publicidade é veiculada através de carro de som, em
todas as ruas e bairros da cidade. Eu faço a gravação e veiculo no meu próprio carro.
Como você faz as gravações?
A parte das gravações funciona basicamente no estúdio, a gente têm lá um estúdio completo com
mesa, microfone, cabine de locução e têm os programas de edição que a gente faz a edição do comercial para
rodar no carro de som.
O que você mais anuncia?
A gente anuncia desde promoções a eventos, né, e é isso mesmo, basicamente é promoções e eventos
que a gente anuncia diariamente.
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Você já trabalhou no Bairro da Bacaba?
Bairro bacaba a gente roda muito pouco devido a má condição das ruas né, são mal conservadas, é,
uma série de ruas são intransitáveis, então dificulta o acesso da gente para aquele bairro. Já fizemos algumas
divulgações e eventos por lá.
Como é o seu dia-a-dia no trabalho?
O nosso dia-a-dia basicamente é construído em cima de divulgação, a gente sai, tem oito horas
diárias para trabalhar, de oito horas da manhã ao meio-dia e de duas da tarde até às seis, então são oito horas
que dá por dia e essa é nossa capacidade permitida. No final de semana a gente só roda pela parte da manhã
no sábado e no domingo não veicula.
Entrevista Luis Barbosa de Sousa - Membro da associação de moradores do bairro Bacaba
Há quanto tempo o senhor é morador do Bairro da Bacaba?
Tem uns 15 anos
E no que o senhor trabalha?
Trabalho na construtora, eu sou pedreiro né.
Quais as maiores mudanças que ocorreram no bairro nesse período?
Que eu acho que mudou aqui no bairro, só uma coisa que mudou, desde que eu cheguei o que mudou
aqui só cresceu muito, mas beneficiado até agora... o único beneficio que nós temos aqui nesse bairro é o
colégio.
Essa organização que vocês tem hoje com a associação de moradores, isso já existia quando o senhor
mudou para cá?
A questão é que antes de ter a associação eu já morava aqui, ai o presidente tomou de conta e depois
acabou com tudo que tinha, nós já tinha terreno, tijolo, nós já tinha tudo, ai terminou ele vendeu o terreno, os
tijolo, tudo e acabou. Aí, aqui tava sem ninguém, ai como eles queriam renovar a associação, queriam correr
atrás do que já tinha sido, não ia valer a pena, aí já não tinha mais livro de ata, não tinha mais nada, não
sabia... aí com muita luta eu mesmo consegui o livro de ata da antiga associação, e formemos uma pequena
eleição né. Ai votemo o Gilson, ai tamo lutando né, para ver o que que consegue.
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Entrevista Reni Jorge Grampes - Membro da associação de moradores do bairro Bacaba
Qual sua profissão?
A minha profissão hoje é professor, eu to pegando a minha licenciatura plena de professor, mas to
exercendo um cargo na secretaria do meio ambiente como coordenador do projeto de coleta seletiva que vai
ser implantado, um dos primeiros municípios a ser implantado a coleta seletiva aqui em Balsas.
Você é professor de qual disciplina?
Eu sou geógrafo, veja só a curiosidade, como eu tinha falado, to com 35 anos, eu tinha a sétima série,
eu trabalhava como gerente de fazenda, e a monocultura aqui no sul do Maranhão da muito dinheiro, eu
ganhava muito dinheiro, eu comecei, eu vim para pegar conhecimento, com 35 anos eu tinha a sétima série,
hoje eu to com 45 anos e eu to pegando a minha licenciatura plena para professor. Passei por muitas
dificuldades, inclusive até tendo dias de eu não ter 10 centavos para tirar uma Xerox e gente me oferecendo
serviço de 2.500, 3.000 mil reais ao mês e eu sem querer ir para, já que eu tinha vindo para fazer a faculdade,
hoje eu tenho o ensino superior.Como funciona a associação de moradores?
A comunidade é o seguinte: Eu cheguei ao Maranhão, eu vim do Rio Grande do Sul, eu cheguei ao
Maranhão faz 23 anos né. A comunidade, como deu para você perceber, que o povo do Maranhão é um povo
humilde né, com o decorrer do tempo vem crescendo, vem cada vez se atualizando mais e cada vez precisa
mais de gente voluntária, do tipo do pessoal do Brasil Solidário, o pessoal da associação.
O nosso Bairro da Bacaba, é um bairro que reflete em nossa cidade, grande anseio devido às ações
que faz, certo, as reinvidicações que faz. Hoje nós temos a associação de moradores do Bairro Bacaba, que é
uma realidade né, com um presidente muito trabalhador, temos associações integradas de um time
poliesportivo, de futebol né. E está abrindo outra associação, que vai ser associação cultural e social
guerreiro da criança né, que a coordenação vai ficar por conta minha e um artista aqui da cidade que é o Alni;
e a corporação da associação vai ser feita por pessoas idôneas né, advogados né, economistas, planejamento,
uma coisa que vai ser feita tudo transparente em prol da comunidade, até inclusive tamo pleiteando, temos
um voto já, de murada, e vamos começar a construção da nossa tão sonhada sede né, que futuramente quando
você vier lá de São Paulo, até inclusive eu to querendo fazer um ou dois quartos na própria associação, para
receber artista, gente que vem de fora né, ficar mais dentro da comunidade, da própria comunidade, se tu
vem estudar a comunidade, tu vai ficar dentro da comunidade, isso que eu acho que é uma coisa importante
né.
Como você participou das ações do Instituto Brasil Solidário que ocorreram na escola
Agostinho Neves?
R: Eu participei, achei muito interessante, que a biblioteca foi uma coisa maravilhosa que foi implantada, a
biblioteca ali né. Na parte de arborização, também o pessoal daqui aprendeu muito devido esse projeto do
Brasil Solidário né, e até inclusive esses dias atrás foi colocado essas lixeiras né, que já que nos tamos
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trabalhando na educação ambiental, isso chegou numa hora boa né, e ta sendo muito elogiado pelo pessoal
aqui da comunidade e refletiu na cidade todinha a mudança, até de hábito, dos próprios alunos da escola, em
vista que foi implantada a horta né, a horta, arborização né. E a própria escola ta participando através do
convênio com o Brasil Solidário, em apresentações, em desfiles né, levando o nome do projeto e dando
credibilidade que foi dada aos alunos do aumento da estima do aluno.
E como você atuou nesse trabalho?
A minha participação foi a seguinte, eu fui convidado, ai eu tenho um trabalho de capoeira né. A
primeira vez que eu participei, que o pessoal do Brasil Solidário chegou aqui, na escola Agostinho Neves,
meu trabalho era, vinha fraco, devido a falta de condição que eu tive na época, que eu tive até 180 alunos,
180 crianças e adolescentes, daí baixou para 30 alunos o meu trabalho. Tive que fechar trabalhos em outros
bairros, porque eu trabalho em cinco bairros da cidade, tive que fechar e ficar só no Bairro da Bacaba,
concentrar no pessoal no Bairro da Bacaba. Aí eu encontrei o pessoal do Brasil Solidário, eles me deram
muito incentivo, parece que aquilo me deu uma força interior para trabalhar. Na outra vez que vieram para cá
com o projeto eu já tava fortalecido, eu já tava com 60 alunos mais ou menos, até o comandante do Brasil
Solidário, ele até me parabenizou por causa que eu já, já tava apresentando atrações, eu já tava apresentando
uma atração mais sofisticada né, que aqui o que não falta, criança artista, é o que não falta aqui no Maranhão,
aqui é incrível a criatividade que a criança tem, só falta oportunidade, tem muitas vezes que a gente fala:
Criança carente. Criança carente entre aspas têm vários sentidos, têm criança carente, aqui no Maranhão nós
não temos criança carente de fome não, nós temos crianças carentes de conhecimento, certo? tudo que tu
passa para uma criança, ela aprende. Seguido, o grupo cultural pegou uma dimensão maior com a diversidade
de apresentações cultural, já partiu em busca de um pedagogo, que hoje o grupo têm um pedagogo e têm um
coordenador artístico, que é o Almir, agora nós já faz apresentações de makulelê, samba de roda, a própria
capoeira, dança da fita, puxada de rede, uma infinidade de apresentações culturais, quer dizer que o grupo
cultural e social guerreiro da criança, ele tomou uma dimensão que se ele é convidado para fazer uma
apresentação, dependendo da festividade, a gente têm a apresentação certa para apresentar, certo? E a gente
pegou uma credibilidade muito grande, até inclusive esse semana passada nós fomos fazer uma apresentação
em um colégio municipal, na hora que foi vista a apresentação da gente a gente já, terça feira a gente vai na
APAE fazer uma apresentação, para fazer a integração né, a integração, todo mundo gostou da apresentação
da gente, certo? E tamo esperando que o Brasil Solidário invista em mais um bairro aqui da cidade porque o
Balsas é muito grande e a carência de projetos dessa natureza, aqui não têm projetos dessa natureza, só gente
que vem de fora para fazer um projeto dessa natureza.
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Entrevista Gilson Pereira Botelho - bairro Bacaba
Qual sua função na associação de moradores?
Eu estou aqui na associação de moradores, eu estou trabalhando como acessor parlamentar de uma
vereadora, e sou presidente também da associação de moradores do Bairro Bacaba
Como vocês organizam as reuniões da associação?
A gente se reúne todos os meses, no segundo sábado de cada mês. Quando a gente vai convocar a
comunidade a gente usa os meios de comunicação, rádio, televisão, usamos também carro de som, usamos
também ofício, que é colocado no posto de saúde, é colocado no colégio, onde juntam muitas pessoas.
Como você utiliza os meios de comunicação da cidade para promover os eventos do bairro?
Tanto faz eu ir pessoalmente, ou qualquer membro aqui da associação, a gente faz um ofício com o
nome da associação, têm toda uma organização e a gente sempre têm um apoio assim, fantástico, da TV Rio
Balsas e de todos os meios de comunicação aqui da cidade. Carro de som nós usamos, a gente paga uma hora
de carro de som, que ta equivalente a 25 reais, todas as reuniões que a gente faz com as autoridades ou com
os moradores como foi esta hoje. Hoje o objetivo principal foi só com os moradores, é o único meio de
comunicação que nós temos, ou a mídia ou então o carro de som para convocar, até porque o bairro é muito
grande e não têm como passar de casa em casa, convidando, informando da reunião.
Além das reuniões, existe algum outro momento em que você atua junto com a comunidade?
Sim, além das reuniões do segundo sábado de cada mês, nós também... Por exemplo, quando há a
necessidade de fazer uma reunião extraordinária, a gente usa também né, a gente convoca os moradores, e
também a gente atua também em parceria com o colégio Agostinho Neves. Aqui com o Jorge quase todos os
dias a gente um têm
Presidente da associação de moradores do
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contato aqui com o grupo cultural dele, da criança, que eles estão jogando capoeira, ou então com a
dança da fita, com o makulele, ou então com outras apresentações culturais. Temos também um contato
muito grande com as crianças e jovens aqui do bairro com o futebol, que é uma coisa que ta dando certo nós
temos um número muito grande de crianças participando, precisamos de repente de apoio, apoio financeiro,
que às vezes é muito difícil. Nós temos muitas coisas a serem desenvolvidas, e também eu procuro fazer
contato com as igrejas, igreja evangélica, igreja católica, os comerciantes, os donos de bares, procuro
envolver todos eles. A polícia também, o quarto BPM, nós estamos com um projeto da polícia comunitária e
queremos que o Bairro Bacaba seja contemplado e o comandante já nos informou que têm tudo para dar
certo, quando o bairro estiver organizado para receber.
Como funciona essa parceria com o colégio?
A parceria é o apoio que a gente da para o colégio Agostinho Neves e o colégio nos da na associação.
Por exemplo, agora mesmo a gente ta organizando a horta, a horta comunitária foi uma iniciativa do Brasil
Solidário, e a gente põe a mão na massa, vamos lá, vamos ajudar, o que estiver faltando a gente vai correr
atrás junto, vamos ajudar no que estiver faltando. E por exemplo fizemos uma noite cultural, a primeira noite
cultural do Bairro Bacaba, onde tivemos o apoio do colégio Agostinho Neves, com a instalação do colégio, a
energia, a diretora tava lá presente, enfim tudo que a gente precisa eles estão lá nos ajudando e vice-versa.
E como os moradores do Bairro atuam com você?
Olha, os nossos moradores, eu até tenho dito que os moradores do bairro Bacaba não são muito de
cobrar, agora que eles começaram. Tem um ano de associação, que nós reativamos a associação, e até que
eles não são muito de ir na minha casa me cobrar, eu me deparo com eles pelo bairro, quase todos os dias eu
estou visitando, estou trabalhando na arborização, estou molhando junto com eles, estou acompanhando os
meninos que estão jogando bola nos campos; e as vezes eles procuram a gente para falar que rua ta sem
iluminação, precisa melhorar a infra-estrutura, tampar os buracos, o prefeito não faz nada e os vereadores não
fazem nada, aquela reclamação dos políticos. Eu tento conscientizar eles que existe uma associação, uma
associação preocupada, existem pessoas preocupadas, pessoas que querem oferecer, que tem algo a oferecer e
que eles participem, que eles nos procurem para participar das nossas reuniões, porque juntos nós podemos
estar mudando a realidade de nosso bairro e da nossa cidade como um todo.
Como você atuou nos projetos do Instituto Brasil Solidário?
Eu tomei conhecimento através da diretora, gostei dos projetos que nos foram apresentados, foram
apresentados aos alunos do colégio e para a comunidade em geral, procurei aproximar, ajudar se fosse
preciso; e é uma coisa muito boa, nós tivemos o apoio do Instituto Brasil Solidário com a doação das lixeiras,
existe uma possibilidade que nos seja doada uma cozinha comunitária para o bairro Bacaba, o pessoal do
Brasil Solidário já nos informou que tem interesse em nos ajudar, essa cozinha comunitária ela vai beneficiar
as mulheres carentes do nosso bairro, que vão estar fazendo cursos, se aperfeiçoando na parte da culinária e
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aqui na cidade de Balsas é muito precária essa parte comunitária, então isso vai nos ajudar bastante. Temos
também a parte da arborização que foi um projeto muito bom do Brasil Solidário também, que nós achamos
interessante e estendemos também para o nosso bairro, o bairro Bacaba todo está arborizado.
E qual foi o seu papel nesses projetos?
Na verdade eu participei com o Instituto Brasil Solidário na segunda vez que eles vieram aqui para
Bacaba e foi a convite da Eliane, diretora, que eu me aproximei dos meninos que trabalham no Brasil
Solidário, daí eu comecei a conversar com eles a possibilidade de por exemplo, a arborização, como eles
poderiam nos ajudar, nós também da associação montamos uma relação de alguns projetos que a gente
pretende desenvolver aqui para os moradores e repassamos para eles. E para nossa surpresa o Luis entrou em
contato com a gente, autorizando 10 lixeiras e também uma cozinha comunitária que só depende de nós
escolhermos o local para que ela seja instalada, então a minha participação foi dessa forma.
Como você foi eleito presidente da associação?
A associação de moradores do bairro Bacaba existe desde 1993 e ela funcionou até 2002. De 2002
até 2008 ela estava sem funcionar, daí começou a preocupação de alguns moradores que a associação devia
ser reativada, daí me convidaram para participar dessas reuniões e eu no primeiro momento não queria me
tornar presidente, me candidatar, mas depois cheguei a outra conclusão e sai candidato, daí me escolheram,
votaram, e esta fazendo um ano que eu fui eleito presidente da associação de moradores do bairro Bacaba,
são três anos e temos dois anos ai pela frente. Ao todo foram 200 moradores que votaram, eu tive 150 votos.
Entrevista Naura Sousa - Membro da associação de moradores do bairro Bacaba
Qual sua profissão?
Bom, eu já exerci várias profissões, já fui auxiliar administrativa, secretária, telefonista e hoje eu sou
voluntária no bairro e trabalho com crianças de sete até adolescente de 15 anos, trabalho de futebol. E com o
Gilson também, sou assessora dele, trabalho também com crianças adolescentes e idosos. Sempre que eu
posso procuro trazer cursos para cá, já trouxe curso de garrafa pet, dois cursos de culinária, croché, to
tentando ajudar da melhor maneira possível.
Você é moradora do bairro desde que ano?
Vai fazer sete anos que eu moro no bairro, mas eu vim para cá com 16 anos, eu não sou daqui, sou do
Rio Grande do Sul, tenho 48 anos, fiz agora dia 11 de agosto, mas gosto do Maranhão, amo o Maranhão e to
sempre tentando ajudar.
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E como foi sua participação nos projetos do Instituto Brasil Solidário?
Eu tava andando no bairro, ajudando uma senhora que estava doente, ela me pediu socorro e eu fui
levar ela em Balsas urgente, quando eu retornei eu vi o carro das Casas Bahia e eu sempre tive vontade que
essa loja viesse para Balsas, ai eu cheguei na escola e vi aquele movimento, como eu conheço a Eliane e a
Cláudia procurei para saber o que estava acontecendo e elas disseram que era o Brasil Solidário. Eu perguntei
se podia ajudar em alguma coisa e elas disseram que podia, ai elas perguntaram o que eu queria fazer, eu
trabalho com decoração também, eu trabalho com minha cunhada que faz enfeite, festa, pois eu faço a
decoração. Eu participei também com a psicologa, fiz uma consulta com ela, gostei muito.
E hoje, você atua nesses projetos?
Eu participei na segunda vez, eu ajudei novamente com o trabalho de decoração, inclusive levei o
trabalho de garrafa pet que a gente faz aqui, eu levei para lá, também participei dos 13 dias de festejo na
secretaria do meio ambiente, onde também eu to desenvolvendo um trabalho voluntário, pedindo para as
empresas o material para gente fazer a reciclagem do lixo e melhorar a qualidade de vida dos moradores.
Nos últimos anos, você notou grandes mudanças no bairro?
Olha, foi uma grande mudança, eu conheci o Gilson já fazia um ano que eu fazia o trabalho
voluntário sozinha, com as mulheres as crianças e os adolescentes, ai ele me convidou para participar da
associação, ele disse: Você vai ser minha assessora. Então ai esse trabalho que a gente fez de mutirão de
limpeza, a plantação das árvores, as lixeiras, todo esse trabalho, os cursos que vieram para cá, as palestras,
tudo eu ajudei a organizar. Fui chamada para ser secretária do time de futebol das crianças, hoje nós já temos
uma equipe, duas bolas, e o Jorge também, to ajudando ele nessa parte também com os meninos, as crianças e
adolescentes com o grupo Guerreiro da Criança.
Entrevista Juarez Júnior da Silva Oliveira - Produtor - Tv açucena
Quais programas vocês produzem aqui em Balsas?
Essa programação regional, como nós estamos em Balsas, é uma cidade diferente de outras do país,
porque aqui nós temos os imigrantes, o polímero da soja, do cerrado, eles trouxeram muita gente de fora, do
sul, sudeste, do centro-oeste, aqueles que praticam agricultura de ponta hoje no Brasil, estão em Balsas.
Então nossa programação é voltada a essas pessoas, o maranhense nato e os imigrantes que estão chegando.
Nós temos o programa jornalístico, Balsas Agora que é voltado a realidade local e o Falando Sério. Temos
programas voltados a ala gaúcha, temos o Estância Gaúcha, Galpão de Estancia, também tem outro na outra
repetidora, Alma Gaúcha, é um programa que trata única e exclusivamente das tradições dos gaúchos.
Qual o tempo de programação regional diária?
Diária 2 horas, disponível na rede em horários diferentes de segunda à sexta, no fim de semana são
os programas gravados como o Alma Gaúcha.
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E qual o foco dos noticiários?
J: É o fato do dia-a-dia, questões policiais, administrativas, o dia-a-dia, a vida na cidade, Balsas hoje é uma
cidade tipicamente urbana, ela tem hoje uns 100.000 habitantes e desses 100.000, 90 por cento vivem dentro
da cidade, é mais voltado para o centro e seus bairros, direcionado especificamente para a cidade.
Como o bairro Bacaba aparece retratado nos programas regionais?
O bairro bacaba tem suas peculiaridades, como já esta saindo da zona urbana para uma periferia mais
avançada, é o problema do dia-a-dia, da vida, da própria sociedade, a comunidade mais pobre, mais humilde,
sofredora, é falta de água, é saúde, é a droga, o tráfico de drogas, boca de fumo. A emissora não pode dar as
costas, ela tem que participar no dia-a-dia, presente, estar no local, a polícia faz uma parada a televisão tem
que mostrar essa realidade, a Bacaba faz parte desse contexto de notícias, infelizmente a maioria
desagradável, é prisão, é assassinato...
Os moradores do bairro Bacaba participam da programação de alguma outra maneira?
A participação via telefone é forte e a presença física da televisão lá. Eles sempre vem aqui, a Tv
Açucena é uma Tv muito popular, essa facilidade que a pessoa tem em chegar até a comunicação e a
informação, a Tv ela sempre foi aberta ao público, a Bacaba como os outros bairros, sempre teve esse apoio e
esse carinho
Quantos funcionários tem a emissora?
Sete, teve uma redução, agora tem sete
Quanto tempo tem a emissora?
Aqui em Balsas tem 20 anos, antes era SBT, houve mudança quando o vereador Lobão assumiu há
10 anos atrás, ele fez que onde não tinha apoio político ele tirou o sinal, a Açucena ficou sem sinal nacional,
ai houve comunicação entre Rede Record e
Açucena, a Record interessada era expandir, aqui é retransmissora mas é importante para Record nacional
também.
Você trabalha aqui há quanto tempo?
Eu trabalhei oito anos e agora to retornando.
Entrevista Raimundo Nonato Cardoso Nogueira - Apresentador - Tv Capital
Qual sua função aqui na tv?
Eu sou apresentador, repórter e diretor de jornalismo.
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Quais programas são produzidos aqui em Balsas?
A tv Capital é a emissora caçula da cidade de Balsas, hoje nós somos afiliados da Rede tv. Aqui é
uma emissora do grupo Rocha de comunicação e nós temos várias programações locais, aqui é a tv que tem
mais programação local aqui na cidade de Balsas.
A Rede TV é um local maravilhoso para se trabalhar, tem espaço e a gente faz aqui o Diário de
Balsas, que é um diário de notícias com jornalismo comunitário, com plantão 24 horas, é um jornal bem
dinâmico, onde tem abertura para o povo contar sua história. Ele começa sempre ao meio-dia e vai até uma e
quinze, de segunda à sexta, sendo que na terça-feira nós temos um quadro chamado Terça Cidadã, que é um
quadro que a gente ajuda as famílias de baixa renda que não têm acesso à saúde, por exemplo as famílias
humildes dos bairros, que têm que viajar para serem hospitalizados. A gente consegue arrecadar através das
ajudas das pessoas que estão em casa, a gente arrecada esse dinheiro para servir de suporte para às famílias
em se hospedar, comprar os remédios, fazer os exames, porque as vezes eles chegam na capital e vão
enfrentar a fila do SUS e as vezes não consegue. A gente têm conseguido salvar muitas vidas aqui em Balsas,
a gente têm o jornalismo comunitário através dessa terça cidadã, que é um fundo de amparo social e segunda,
quarta, quinta e sexta nós temos o diário de Balsas. Aos sábados nós temos uma revista eletrônica, o
programa Mulheres, que é um programa que mostra a moda, a cidade, mostra as festas, mostra aquele social
da cidade. Também foca a vida das mulheres, aí temos o programa Talentos coladinho com o programa
Mulheres, e é um programa que vai ao ar à partir das 11 horas da manhã, e ele dá oportunidades para as
pessoas mostrarem seu talento, tanto na música, na dança, na poesia, no artesanato, é o programa de maior
audiência em Balsas. Eu até brinco, se tivesse uma premiação à nível nacional, ele seria o programa de maior
IBOPE do Brasil, falando proporcionalmente, porque a gente chega até de 10 televisores ligados, oito, nove,
está no nosso programa. Você pode visitar a cidade, andar de casa em casa, você só ouve minha voz e a dos
artistas, porque as pessoas se identificam, ali chega o artista popular, o sanfoneiro, chega também os grandes
artistas que vem do Rio, de São Paulo, a gente também ta trazendo aqui. É uma referência de programa
cultural, teatro também é enfatizado, e no domingo nós temos o programa Alma Gaúcha, que vai ao ar de 11
horas ao meio-dia, e é um programa que faz um intercâmbio cultural com o Rio Grande do Sul. Admiro
muito o povo gaúcho, povo gaúcho que chegou em Balsas no final da década de 70, vieram aqui para plantar,
para cultivar e aqui implantaram a lavoura mecanizada, através deles que Balsas cresceu e eles trouxeram sua
cultura para cá, eu sempre digo que a gente têm que seguir o exemplo dos maranhenses, porque um povo sem
cultura é um povo sem raiz, um povo sem origem. O Rio Grande do Sul têm o Centro de Tradições Gaúchas,
Centro de Getúlio Vargas, eles cultivam a sua cultura, e ainda têm o programa Alma Gaúcha que mostra a
cultura riograndense, portanto aos domingos os gaúchos que estão aqui ligam a tv para matar a saudade.
Quantos anos tem a Tv Capital?
A Tv Capital já tem vários anos em Balsas, com a programação local ela vai fazer 3 anos agora no
dia dez de fevereiro de 2010.
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Quantos funcionários trabalham na Tv Capital?
Nós somos 13, temos dois editores que também são cinegrafistas, nós temos dois cinegrafistas que
também são motoristas, também são editores e também são repórteres, têm eu que apresento, faço a redação
e faço externa, têm o Eduardo Passos que apresenta e faz externa. Tem três que ficam no controle de máquina
colocam a programação desde os comerciais no ar, um para colocar a programação local e temos três
secretárias.
Qual a participação do bairro da Bacaba na programação?
O bairro da Bacaba é um bairro que participa muito da nossa programação, têm os grupos de dança
da Bacaba que vêm se apresentar no programa talentos, têm os grupos musicais que vêm se apresentar, têm
os artistas que são revelados aqui através do show de calouros, têm jornalista comunitário que vai ao bairro
apresentar as hortas comunitárias, alguém que faz alguma coisa interessante, têm uma moça lá por exemplo
que trabalha com artesanato que a gente mostra. Têm vários casos do pessoal da Bacaba que não têm
condições e passam aqui pelo corredor da Bacaba. É um bairro que a gente têm muito contato, porque a Tv
Capital têm um diferencial, porque nós somos uma concessão pública e aqui nós atendemos o povo, aqui se
faz um jornalismo imparcial, aqui se ouve o povo, aqui as pessoas têm oportunidade, as vezes têm uma
pessoa desaparecida, nós somos a primeira emissora que eles procuram, porque a gente vai gravar, a gente vai
mostrar e sempre têm retorno, até os animais desaparecidos que a gente divulga aqui a gente consegue
encontrar, então é uma tv diferente.
Entrevista Clarindo de Sousa Gomes - Polícia Militar
Qual o seu trabalho?
Eu sou soldado da polícia militar, já estou na polícia militar há 17 anos e faço um trabalho de
prevenção às drogas, trabalho internacional denominado PROERD, programa educacional de resistência às
drogas. Você mora no bairro Bacaba?
Sim, eu sou morador da Bacaba, mais precisamente em um bairro que é dentro da Bacaba que é o
bairro Cohab Nova, faz parte da mesma comunidade.
Como você atua com a comunidade da Bacaba?
A gente faz um trabalho principalmente de cidadania, somos moradores, acreditamos no potencial do
bairro que a gente mora e trabalhamos de uma forma que conscientize nossos jovens. Como nós temos um
contato muito forte com a escola Agostinho Neves, nós trabalhamos diretamente em sala de aula com as
quartas e algumas sextas séries, fazendo assim um trabalho extra de palestras, dinâmicas com os jovens,
oficinas, trabalhos que venham ajudar na cidadania da nossa comunidade, principalmente dos nossos jovens
da Bacaba.
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Existe algum outro trabalho que você faz junto à comunidade?
Tem. Eu faço parte de uma igreja evangélica, que é uma comunidade muito forte na nossa cidade,
que trabalha de uma forma diferente com cidadania também, com jovens adultos e idosos, então também
trabalho nessa área da igreja. Fora a igreja desenvolvo trabalhos em outros bairros com o programa e em
povoados como o povoado da Geli, a gente faz um trabalho lá de prevenção e da mesma maneira nós
tentamos atuar como atuamos com o Agostinho Neves, através de palestras, dinâmicas e formas que
envolvam os jovens.
Como você acha que a Bacaba é retratada nos meios de comunicação de Balsas?
Aqui em Balsas nós somos até suspeitos para falar, porque nós participamos da comunidade e
participamos também de outras áreas, mas nós vemos de uma certa forma que há uma observação dos meios.
Sempre que solicitamos, a própria escola quando solicita, quando promove eventos eles costumam ir, então
eu vejo de uma forma razoável.
Como você participou dos trabalhos do Brasil Solidário realizados no Agostinho Neves?
C: Em todas eu estive na escola, inclusive eu posso falar da escola antes do instituto e depois do instituto. Eu
participei de algumas oficinas, participei de palestras onde nós tivemos aulas com pessoas que retrataram
situações como o meio ambiente, reciclagem, inclusive até coloquei em prática uma reciclagem que eu
aprendi para fazer um tipo de sabão liquido, então eu estive na escola, não estive em todos os dias mas todas
as vezes que veio eu estive na escola.Entrevista Josivam Pereira de Sá - Locutor da Rádio Cidade
Qual seu trabalho na rádio?
Trabalho fazendo locução em programa musical e de utilidade pública, a gente toca mais música
sertaneja que é o que agrada mais aqui na região. Na parte de utilidade pública a gente anuncia documentos
perdidos, notícias do nosso setor, você sabe, aqui não abrange muito longe, é mais para cidade, para os
bairros e algumas chácaras aqui por perto.
Como funciona a parte de anúncios da rádio?
A gente faz anúncios de pessoas que querem mandar um abraço ou um alô para alguma fazenda ou
chácara tal... chácara Bom jesus, Nossa Senhora Aparecida, Guiomar Rocha, também tem os anúncios das
lojas.
Como é a participação dos moradores da Bacaba na rádio?
Eles ligam aqui e pedem música, pedem para mandar um recado de um setor para outro, para algum
bairro distante, a gente transmite o recado, oferece músicas, uma brincadeira musical.
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A rádio é comunitária?
Isso, comunitária, só para nós aqui mesmo.
Entrevista Talita Moura - Produtora de Jornalismo da Tv Rio Balsas
Como funciona a programação regional da Rio Balsas?
Nós temos quase uma hora de programação local. Balsas tem em média 83.000 habitantes, não é uma
cidade tão grande onde acontecem fatos toda hora, então temos matérias que tem que ser produzidas, então a
gente escolhe um tema e vai procurar uma pessoa, um especialista sobre esse assunto, aí a maior dificuldade
que a gente encontra é justamente essa questão das matérias produzidas, porque a gente também não pode
contar só com os factuais, porque não é todo dia que acontecem fatos chamativos na cidade. Colocar um
jornal de 40,45 minutos é muito complicado para uma cidade do tamanho de Balsas, mas da certo, todos os
dias nós conseguimos fechar o tempo, um frame de tempo, que é como a gente chama aqui uma fração de
seguno, já faz muita diferença. A gente procura alternativas para estar preenchendo esse tempo e cobrir
Balsas somente com programação local, não ter que colocar matérias de outra emissora na nossa tv. O que
interessa para os balsenses são notícias de Balsas, de Balsas e região. A gente produz quadros, valoriza muito
os artistas locais, com o quadro Destaque da Semana, fazer entrevistas com bandas de fora é legal, mas
vamos valorizar também o que é nosso, tem a questão da carreira e tudo mais, então é uma forma de
preencher o tempo e valorizar o que é da terra.
Quais são os programas locais?
O RBTV primeira e segunda edição, a segunda edição tem um tempo mais reduzido, de no máximo
20 minutos, às vezes 17, então O RBTV segunda edição é o resumo, digamos assim, do RBTV primeira
edição, as principais matérias do primeira edição vão para o segunda edição, sendo que o primeiro bloco tem
que ter matérias novas, que foram as matérias que foram produzidas durante o dia.
Quais os dias e horários dos programas produzidos na Rio Balsas?
Nossa programação é de segunda à sábado, meio dia até meio dia e 45 e a noite 19 horas até
19:17,19:20, vinte minutos mais ou menos de jornal no segunda edição.
Quantos funcionários trabalham na Rio Balsas?
São 45 funcionários ao todo, assim, na empresa, no jornalismo acho que têm uns 20, cinegrafistas,
editores, repórteres, apresentadores, produtores e eu coordenadora.
O bairro Bacaba aparece com frequência nos telejornais?
Nós priorizamos todos os acontecimentos dos bairros, e o bairro Bacaba eu posso destacar que é um
bairro atuante na cidade, por conta da associação de moradores. A associação junto com os moradores do
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bairro, eles estão sempre se reunindo, reivindicando melhorias para o bairro e ainda que seja um bairro um
pouco afastado do centro, nós também priorizamos isso, porque é notícia, uma forma também de incentivar
outros bairros a reivindicar seus direitos, a questão do saneamento básico, iluminação, que são direitos
básicos de qualquer pessoa. Eles têm essa preocupação de promover palestras, informativos para os
moradores com parceria com a secretaria de meio ambiente, secretaria de saúde, enfim, o bairro Bacaba é
bastante atuante nesse sentido. Quando eles aparecem aqui na tv, o presidente ou algum membro da
associação, já fala que a gente enjoou da cara deles, mas que eles vão promover alguma coisa no dia tal e
queriam nossa presença. Claro que como a gente tá sempre em busca de notícias que seja também de
relevância para sociedade a gente vai.
Eles vêm avisar sobre os eventos?
Na maioria das vezes sim, porque existe a liberdade das pessoas fazerem sugestões, vir até qui, ligar,
nós também temos uma agenda semanal e diária a ser cumprida, por exemplo, na segunda feira o que a
produção faz? A gente faz uma busca em hospitais, delegacias, enfim, associação de moradores, sindicato,
para saber o que está acontecendo na cidade e o que vai acontecer durante a semana para gente fazer essa
cobertura. Como eles sabem que a tv é aberta para isso, para informar e a gente sempre faz cobertura dos
eventos, ele já avisam com antecedência, porque nossa programação é assim: Amanhã eu já programo hoje,
então eles têm que ter cuidado sempre para estar informando os acontecimentos e os eventos que eles vão
promover com antecedência. A gente já coloca na nossa programação e viabiliza a matéria.
Entrevista Fabrício Andrade - Editor da Tv Liberdade
Quantos funcionários trabalham aqui na emissora?
Nossa emissora é uma emissora de pequeno porte, nós trabalhamos aqui com cerca de 12
funcionários, do zelador até o apresentador.
Como funciona a programação regional da emissora?
Nossa programação local, de segunda à sexta nós temos um jornal local, do meio dia a uma e 15, a
gente aborda vários assuntos que rolam na comunidade e também algumas notas que relavam ao nível
nacional, essa é a nossa programação da tv Liberdade. A difusora, a gente é uma repetidora da difusora, a
gente sempre acompanha a programação da difusora, que das oito ao meio dia têm a programação da
difusora que é entretenimento, e após o jornal liberdade têm o programa do Zé Cirilo e aí depois segue a
programação normal do SBT. Isso de segunda à sexta, no sábado a gente têmum programa local de esporte
que é de um apresentador que trabalha com a gente, após o programa de esporte têm um programa Vida e
Saúde, de uma produtora também local, aqui de Balsas. Após o programa Vida e Saúde têm o programa
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Balsas Rural, que é de outra produtora que mexe só com matérias de tema rural, agricultura, plantação,
criadores, esses são os temas abordados no programa.
Quantos anos têm a emissora?
A gente começou com rádio em 98, começou a Rádio Liberdade, ela ficou até 2005, a televisão já
entrou em 2002, e aí 2002 para cá a gente está com a tv. A gente começou com a Bandeirantes e depois
passamos para o SBT, a gente ficou uns dois anos mais ou menos com a Bandeirantes e depois conseguimos
a concessão para repetir a difusora do SBT da capital.
O foco maior dos programas é no centro ou nos bairros?
Aqui a gente pega de um tudo, a maioria dos casos que a gente aborda mesmo é bairro, porque nas
periferias hoje é onde têm mais violência, pobreza, e o que a gente tá mais focado é nessa área aí.
Como o bairro Bacaba participa da programação da tv liberdade?
São poucas pessoas que nesses assuntos de matéria se interessam, e sempre quando têm esses
assuntos que interessam a Bacaba vem até aqui e participa, porque é um dos bairros que faz um chamado
com a reportagem para que a gente participe, faça cobertura, o bairro Bacaba ta sempre participando.
Entrevista João Batista Rodrigues Araújo - Diretor da Rádio Boa Notícia / Tv Boa notícia
Vocês retransmitem qual emissora?
Rede Vida, aqui a tv é o canal 13, nós chamamos de tv boa notícia por causa da rádio boa notícia,
mas a tv é a Rede Vida, uma tv religiosa ligada a igreja católica. Rádio Boa Notícia é um nome fantasia, a
razão social diante do ministério é Fundação
Brasil de Balsas, e a fundação Brasil de Balsas é uma entidade ligada a diocese de Balsas, tanto a tv quanto a
rádio tem uma ligação intima com a diocese de Balsas.
Existe um financiamento do governo italiano?
Sobre a questão do financiamento do governo italiano, o padre que trabalho, lutou, sonhou com esse
ideal de criar uma rádio, conseguir a concessão para uma rádio AM para a nossa diocese, para a igreja, ele é
italiano, para isso precisava de recursos, de dinheiro. Através de amigos dele na Itália, através de uma
entidade, uma fundação sem fins lucrativos, uma organização chamada GAL, ele conseguiu que o governo
italiano financiasse os três primeiros anos de funcionamento e também de construção da rádio Boa Notícia. A
diocese de Balsas entrava com uma contrapartida de 50 porcento e a outra parte do governo italiano servia
para compra dos aparelhos, para construções e pagar pelo menos um ano os funcionários. Nós estamos
completando agora cinco anos de funcionamento, esse apoio foi para os três primeiros anos. Foi uma ajuda
para começar e depois a gente arrecadar recursos por aqui mesmo. Então foi o governo italiano, através de
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uma fundação, deu esse dinheiro, essa verba para ajudar a diocese na implantação de uma rádio. Nós
agradecemos muito ao governo italiano e também a GAL, essa organização, porque se eles não tivessem nos
dado essa ajuda financeira nós não teríamos conseguido por em funcionamento, ou talvez nem tivéssemos a
concessão da rádio Boa Notícia.
A Boa Notícia começou como rádio e depois começou a televisão?
Como televisão nós tínhamos a concessão muito antes, só que existia uma resistência de não por em
funcionamento, mas eu mesmo disse ao bispo na época, Don Franco Macerdoti, que a gente deveria por em
funcionamento, por menos tempo que fosse, porque a gente não sabe o dia de amanhã, a gente podia precisar
de um canal de tv e não ter, então era melhor aproveitar a concessão. A tv começa a funcionar, como Rede
Vida já funcionava, e nós entrando em contato com a direção, com a presidência nacional da Rede Vida,
conseguimos por dois programas, nós temos muito mais tempo mas nós usamos só dois momentos. Usamos
na faixa de 45 minutos ali na parte do meio dia com formação religiosa e noticiário local, as vezes não só
noticiário local como alguma matéria informativa, seja no âmbito da saúde, da educação, dos direitos
humanos, da criança, do adolescente, da medicina, nós trabalhamos muito essa área da educação, porque nós
nos preocupamos com a formação das pessoas, a valorização das pessoas, a dignidade humana. Outro
momento é no final da tarde, pelas 18 horas, nós repetimos o que já passamos ao meio dia e têm uma certa
audiência porque nosso trabalho é um trabalho independente, nós não dependemos de financiamento de
políticos, de empresários e por não depender, nós fazemos um trabalho como nós achamos que devemos
fazer porque somos independentes. Somos até conhecidos aqui na cidade como aquele canal que não
depende do controle externo de ninguém e se preocupa com a formação humana, a questão do social, sócio-
política e também religiosa, que não temos receio de dizer o que deve ser dito, fazer os anúncios e as
denúncias. Principalmente no âmbito social e político a gente é muito criticado, mas a gente têm que
entender que faz parte da nossa missão, porque criticar político e dizer a verdade nem sempre é muito aceito.
Me fale sobre o funcionamento da rádio Boa Notícia
A rádio está fazendo cinco anos, a tv foi um ano depois, estamos até nos preparando para as
festividades do dia 11 de setembro. Estamos aí no quinto ano, é uma rádio de uma audiência muito grande,
ela não é FM, é AM educativa e funciona com 10 quilos durante o dia, a noite nós colocamos em um aparelho
muito menor, só de 25, um quarto, é a autorização que nós temos do ministério das comunicações, somos
supervisionados pela ANATEL. Nossa audiência é muito grande, não só em Balsas , mas em todos os
municípios vizinhos, nós chegamos também no Piauí, no Tocantins, chegamos no Pará, as vezes a onde foge
e chegamos a Bahia, algumas regiões de Minas Gerais, Goiás, mas a nossa audiência é muito grande no
Maranhão, todo sul do Maranhão, saindo do sul na região de imperatriz, também na região do Pará, na região
de Marabá nós estamos também e Tocantins. Nós temos uma responsabilidade muito grande porque
atingimos uma área muito grande, nós trabalhamos também na área educativa, não só a questão religiosa, a
questão religiosa talvez seja menos, porque nós trabalhamos só cedinho na faixa de 45 minutos e a tardinha
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das 18 às 19, uma hora. Toda outra programação é voltada para a cultura popular, para questão regional, para
a questão da formação humana, nós nos preocupamos como eu já falei antes, com a questão da saúde, da
educação, do direito da criança, do adolescente, da mulher e assim por diante.
Essa programação é de segunda à sexta?
A parte religiosa no domingo é só pela manhã uma hora, a tardinha não tem mais, porquê também
nós temos na nossa grade vários sindicatos, sindicatos que nasceram aqui conosco, como o sindicato dos
servidores públicos, nasceu nessa rádio, também tem cantores aqui da região que cresceram nessa rádio,
começaram a cantar nos nossos microfones e foram ganhando espaço, começaram a sair da cidade, da região.
Nós trabalhamos na defesa da ecologia, do meio ambiente, nós temos a programação diariamente, na
medicina alternativa nós trabalhamos com psicólogos, odontólogos, médicos, tem sempre entrevista
diariamente para a gente ir informando as pessoas. Nós não trabalhamos só com os microfones da rádio, mas
trabalhamos também fora. A nossa diocese têm um conjunto de 17 paróquias, então a gente sai por essa
região trabalhando, formando locutores de nível popular, que vão vendo a realidade da sua cidade, ai
mandam para a gente notícias, situações, eles têm um gravadorzinho que eles gravam e mandam a matéria
para nós. Trabalhamos em parceria com alguns organismos, algumas dioceses na formação de agentes de
transformação social, principalmente sócio política e trabalhamos com alfabetização de adultos. Nos dois
primeiros anos de funcionamento da rádio nós tínhamos 19 turmas de alfabetização de jovens e adultos
espalhados em todo esse sul do Maranhão. Hoje com a nossa situação financeira menor, porque antes nós
tínhamos o governo italiano, mas mesmo assim nós temos quatro turmas de alfabetização e estamos somando
pouco mais de 100 jovens e adultos que estão em sala de aula estudando, os monitores, acompanhantes, os
professores são pagos pela rádio Boa Notícia e pela Fundação Brasil de Balsas. Eu faço acompanhamento
porque tenho especialização na área, acompanho pedagogicamente as salas, oriento e ouço a opinião dos
jovens e adultos, então nosso trabalho é muito abrangente, não ficamos presos só ao microfone, até mesmo
porque nós somos uma rádio educativa e sentimos responsabilidade como igreja católica e rádio educativa,
de não ficar preso aos microfones e ir além dos limites dos prédios dos estúdios. Eu sempre costumo dizer
que os nossos microfones se tornaram o telefone móvel, o celular, do nosso povo, você pode observar de
segunda à domingo, o número de cartas que nós recebemos da zona rural e cidades vizinhas, telefonemas
para mandar recado, acontece algo aqui em Balsas a pessoa vem aqui para passar o recado, na mesma hora a
pessoa que está na zona rural ou na cidade vizinha escuta e vem, porque la no interior o pessoal ta na lavoura
com um radiosinho pendurado em um pau, ta trabalhando na roça mas está com o rádio ligado, vai lá nos
córregos nos açudes lavar roupa, as mulheres estão lá com o rádio, na cozinha, a resposta é quase imediata.
Em uma região como essa nossa, não tão desenvolvida como a nossa a rádio Boa Notícia é uma benção, em
especial para o pessoal da zona rural, que ouve uma música, se diverte um pouco, e têm a programação
informativa, então é um meio de comunicação que funciona como o telefone móvel deles, através do
radiosinho que eles têm lá eles sabem o que está acontecendo aqui, na região, no país e também recebem os
recados que as pessoas mandam para eles. Eu estou aqui desde o início, eu que vim para as construções, vim
também ajudar também a providenciar a documentação, tanto aqui como em Brasília e me sinto muito feliz
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em prestar um serviço que eu tenho certeza que está sendo útil para as pessoas, tanto assim que nós temos
diariamente um funcionário ou dois, pagos para atenderem as cartas e atender os telefonemas dessas pessoas.
Uma outra dificuldade que nós temos é a nossa rádio educativa, então não temos fins lucrativos, financeiros,
buscar renda, nós temos um conjunto de 14 funcionários, com carteira assinada, décimo terceiro, férias, então
para manter isso não é fácil, e manter toda a estrutura, nós temos dois prédios só de energia, que a fundação
paga três mil reais, você sabe quanto é isso? Três mil reais todo mês, só para pagar energia, três mil, três mil
e duzentos, três mil e trezentos, essa média. Para o ECAD, que é o organismo que é a associação dos
músicos, dos cantores, dos compositores, como se fosse um sindicato deles que regula os direitos autorais,
então eu pago R$512,60 todos os meses para ter o direito de colocar uma música aqui, então quando você vai
somando no final do mês o que chega de pagamento é grande, quatro linhas telefônicas e assim por diante,
mantendo as contas de água, mantendo aparelhagem, a manutenção dos prédios, a conservação. O grande
desafio é que nós temos aqui em Balsas um grupo grande de rádios FM's clandestinas, são piratas, a nível de
programação elas não nos afetam muito, mas a nível financeiro elas nos atrapalham bastante, elas não pagam
nada, quem cumpre com as normas e as leis somos nós que somos legalizados, elas que não são não pagam
nenhum imposto, nenhuma contribuição, não pagam para ANATEL, os funcionários também não são
legalizados, então quase não tem gastos, os gastos nós que somos oficializados, nós que arcamos com toda
uma despesa, o que não é fácil, mas com a ajuda de amigos a gente consegue continuar independente das
forças políticas, independente de alguém que queira interferir na nossa independência e na nossa
programação. Nós até hoje trabalhamos independentemente de qualquer influência, de qualquer corrente
política, de qualquer político, de qualquer pessoa que diga que a gente não pode passar uma matéria, não
podemos falar alguma coisa porque não permitem, nós somos independentes, tanto assim que somos
considerados como a rádio e a tv que diz a verdade doa a quem doer. Como nós não temos condições para
um auto-sustento , nós continuamos pedindo ajuda à amigos na Itália, pedindo ajuda à amigos na Alemanha,
têm uma entidade católica na Alemanha que nos ajuda a financiar a programação religiosa, a Itália as vezes
ajuda a financiar a outra programação, porque senão como você vai pagar 14 funcionários na média de um
salário e meio para cima, com decimo terceiro, férias e todos esses encargos. Nós estamos agora no quinto
ano de aniversário e os depoimentos dos profissionais da área da saúde, da segurança, da área jurídica,
também os lavradores, o sindicato, todos falam que foi e continua sendo uma benção a rádio Boa Notícia
nessa região, não só em Balsas, e nós estamos aqui, a serviço do evangelho, a serviço das pessoas e
principalmente a serviço da questão humana, da questão ambiental, da ecologia, tudo aquilo que dá as
pessoas, aos seres vivos, uma vida com dignidade, essa é a nossa preocupação, fazer com que o ser humano,
com o ambiente, consiga viver e viver com dignidade. Nós acreditamos que não adianta falar só de religião
se nós não buscamos a valorização das pessoas. Evangelizar é isso, não só ensinar a bíblia, é também fazer
com que as pessoas conquistem sua dignidade e vivam com dignidade, porque senão não têm sentido, senão
é uma alienação e nós não concordamos com alienação, pelo contrário.
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Você trabalhou aqui desde o início?
Desde o começo, eu que fiz as construções, o que não foi fácil, porque quando trabalhei em
Mangabeiras, que é uma cidade vizinha que têm uma rádio comunitária, também fui eu que mexi lá, consegui
a documentação e ta lá funcionando, aí vim para cá, justamente para ajudar a implantar essa rádio e trabalhar
também na busca de uma universidade católica, só que com o tempo eu fui ficando mais com a rádio, outros
colegas ficaram com a parte da universidade e eu fiquei na área da comunicação. Não foi fácil porque quando
eu vim eu não imaginava a dimensão do trabalho, depois que estava aqui é que percebi o tamanho da
responsabilidade, do compromisso, do desafio pela frente, mas te digo de coração que sou feliz, feliz, feliz,
me sinto realmente a vontade por estar aqui, pelo trabalho que tenho feito, que não faço sozinho, faço com 14
funcionários e com membros da fundação, mas não foi fácil, uma coisa é trabalhar com
FM, outra coisa é com AM, é muito diferente, os aparelhos são diferentes, as estruturas, as construções, as
torres. Uma FM comunitária têm uma torre de no máximo 30 metros de altura, uma das nossas torres têm
105 metros, quando fui aprender tudo isso não foi fácil, mas aí eu fui me acostumando e hoje a gente já sabe
como funcionam as coisas.
Como o pessoal da Bacaba participa da programação?
O pessoal participa via telefone, via carta ou vem aqui pessoalmente, porque o bairro da Bacaba é um
bairro que têm muita influência rural, porque a gente vem da zona rural e essas pessoas mantém família na
zona rural, amigos vêm aqui passar recados, oferecer música, avisos, trazer cartas, às vezes eles não vem
pessoalmente mas telefonam, às vezes nós fazemos cobertura com a tv e com a rádio lá, ver as reivindicações
das pessoas, problemas de infra-estrutura, problemas de saúde, então não existe aqui dentro da cidade de
Balsas nenhum setor, seja centro ou seja de bairros que a gente não esteja ligado, nós temos um elo de
ligação, muito, muito forte, o presidente da associação da Bacaba veio aqui algumas vezes, os nossos
microfones também vão para lá, então existe esse intercâmbio tanto com o bairro da Bacaba quanto com os
outros bairros, têm esse relacionamento bastante estreito através de reivindicações de caráter social, sócio-
político, infra-estrutura, saúde, educação, ecologia, limpeza e ás vezes alguém quer pedir alguma música,
quer passar a música para um aniversariante, um namorado, uma namorada, para mamãe ou para o papai,
mandar um recado para zona rural e assim por diante. Existe uma ligação bastante grande ente o bairro da
Bacaba e todos os outros bairros também.
Entrevista Luis Fernando Fogaça Neto - Jornal Correio de Balsas
Há quanto tempo existe o jornal?
Nós montamos o jornal em 2002 no mês de abril.
Qual o número médio de páginas do jornal?
Desde o princípio nós começamos ele com doze páginas.
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Qual a periodicidade do jornal?
O jornal é semanal, sai toda sexta-feira.
O jornal possui páginas coloridas?
A capa e a contracapa são coloridas, o espelho interno, que são as páginas seis e sete, é colorido
também.
A comunidade da Bacaba, participa do jornal de alguma maneira?
As notícias sobre o bairro Bacaba são muito esporádicas.
Entrevista José Maria da Silva - Diretor Presidente do Jornal Popular Balsense
Há quanto tempo existe o jornal e como ele é distribuido?
Ele existe a quase 10 anos, é um jornal com 20 páginas né. A capa e a contracapa são coloridas, além
das páginas 10 e 11. A circulação desse jornal eu mando rodar na gráfica imperatriz, eu mando jornais para
São Luis, mando alguns jornais para Brasília e mado alguns jornais para Baixada do Miarim, região do
Cocais, região do Tocantins, e alguns estados, quando chega a pessoa na cidade se dirige a sede do jornal e
leva o jornal para o seu estado.
Qual a periodicidade do jornal?
Ele é mensal, porque eu não pego matéria pela internet, eu viajo e vou buscar pessoalmente. Eu saio
daqui com uma equipe, repórter fotográfico, repórter de notícias, eu sou diretor e tem um motorista, a gente
viaja todo o estado, entrevistando prefeito, secretário, autoridades, porque esse jornal é um jornal de destaque
político, é um jornal que divulga os trabalhos do legislativo, do executivo, também eu tiro duas ou três
páginas para divulgar as ações da polícia militar em todo estado, da polícia civil, do judiciário e do ministério
público.
Como a comunidade do bairro Bacaba participa do jornal?
Eu recebi o presidente da associação do bairro Bacaba, ele nos fez uma matéria e essa matéria inteira
vai sair agora em fevereiro, não se dirigiu ninguém da Bacaba, a não ser ele que veio dar uma entrevista,
falar sobre como estava a situação no bairro Bacaba, que estava desprezada pelo poder público, segundo o
presidente da associação relatou ao JPB.
É comum essa participação dos bairros?
Não, inclusive quando sair a matéria eu vou distribuir nos bairros para que outras pessoas venham ao
JPB, esclarecer o que o bairro está precisando. Hoje a mídia é importante né?
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Entrevista Antônia Almeida Nunes - Moradora do bairro Bacaba
Eu gostaria que a senhora me falasse sobre a história do bairro.
Eu tenho 17 anos que moro aqui, quando eu cheguei aqui o bairro era bem menor, bem menor
mesmo, bem diferente, ele cresceu muito, aumentou muito o número de habitantes daqui. Antes, quando nós
chegamos aqui, o número de participantes era bem menor, e agora já aumentou muito os participantes, para
ajudar mesmo, as lideranças pessoas que ajudam são poucas, mas a participação aumentou muito. Antes
quando a gente chegava antes da celebração, o pessoal procurava, se não tinha padre já voltava, e hoje já não
tem mais isso, tanto faz ter padre ou não eles participam do mesmo jeito.
O que a senhora acha do trabalho da associação dos moradores?
Esses ai tão sempre lutando, querendo fazer alguma coisa, falando, os meninos sempre correm atrás,
vão nos políticos pedir, mas até agora de trabalho assim concreto não tem porque eles não tem a sede ainda,
as reuniões deles são aqui no salão da comunidade, porque não tem ainda a sede própria deles.
E como a senhora participa dos trabalhos do bairro?
Eu de tudo faço um pouco na comunidade, de liturgia, da parte oral do batismo e qualquer coisa que
tenha dentro da comunidade, que eu posso fazer eu faço.
Entrevista Luis Salvatore - Presidente do Instituto Brasil Solidário
Como surgiu o projeto?
Na verdade é assim, desde que eu me conheço por gente toda a oportunidade que eu
tinha de férias, de viagens, mesmo com os amigos, eu queria não só viajar para o passeio pessoal,
eu queria conhecer as culturas locais, eu queria conviver com as comunidades... Mesmo sem saber
em 95 e depois em 97, eu fiz 2 viagens que casaram muito com o que a gente faz hoje, então em
uma delas eu fiz uma viagem de 2 meses e meio com 2 amigos meus para o litoral da Bahia, e a
gente saiu com ideal que era: viver com todos os povos dos lugares que a gente fosse passar, então
a idéia não era viajar e ficar em hotel, a idéia era viajar e conviver com as comunidades do litoral
baiano inteiro. Então a gente ficou 2 meses e meio, praticamente o litoral inteiro da Bahia,
convivendo com todas as comunidades em que a gente parou, até ai isso era hobby, eu comecei a
perceber minha paixão por esse tipo de trabalho nessa viagem. Depois eu fiz a mesma coisa no
Peru e na Bolívia. Eu fiquei de novo 2 meses e meio viajando só com o perfil de como a
comunidade anda, todos os meios de transporte, as casa os lugares... eu saia para trabalhar com os
moradores... e ai depois dessa viagem para o peru veio a história da diabetes. Então na verdade eu
já tava meio querendo trabalhar com uma coisa diferente, enquanto as pessoas eram contra,
falavam: "ah, o cara ta fazendo isso mas é turismo, é férias..." Na verdade na minha cabeça eu já
tava com um conflito interno querendo que isso fosse meu meio de vida, não fosse férias, ai em 98
para 99 eu descobri que tinha diabetes, foi ai que realmente olhei e falei: não, eu não quero passar
nenhum tipo de susto na minha vida, a vida é muito frágil, as coisas são muito frágeis hoje a gente
ta infeliz, amanhã de repente a gente acorda com alguma doença, sofre um acidente, morre, e o que
a gente fez na nossa vida?" Então foi ai que realmente a coisa andou. Eu chamei nesse momento a
minha irmã e propus para ela o projeto, falei: "olha Lico, eu quero desenvolver um trabalho, eu
quero conhecer a realidade brasileira, eu sinto que as pessoas falam muito do Brasil, mas pouco
conhecem do Brasil." A gente tem muitos doutores, muitos intelectuais, muita gente que por um
motivo ou outro acabou se tornando uma referência, ou é importante, porém eu percebo que o que
falam não é o que a realidade diz. Se fala muito de miséria, se fala muito de pobreza, se fala muito
de seca, e eu quero ver isso um pouco mais de perto, quero conhecer não só o povo, mas também
resgatar a história oral do país, visitar vários lugares onde tenha acontecido alguma coisa
importante para a história do país e resgatar familiares dessas
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pessoas que viveram essa história e ouvir da boca delas a versão dos fatos, não apenas se
basear nos livros. De cara minha irmã topou e a gente começou a estruturar o projeto Trilha Brasil,
então a partir desse momento de 98 para 99 eu comecei a fazer uma série de pesquisas para
identificar vários lugares interessantes do país, onde a gente poderia estar indo viajar. Nesse
momento eu já larguei o meu emprego, fiquei quase um ano sem trabalhar, só me sustentando com
recursos que eu tinha ganho nos anos anteriores e ai eu comecei a procurar os meios de fazer esse
projeto dar certo. Então eu comecei a me aproximar de outros trabalhos de pesquisa e
documentação que eventualmente alguém estava fazendo, eu me aproximei de outras expedições
que estavam acontecendo para eventualmente pegar uma carona e ir no embalo, para justamente
adquirir um pouco de experiência, até de outras pessoas que também tinham alguma história
parecida, principalmente essa idéia de expedição mesmo ou de fotografia, um projeto de conhecer
o povo brasileiro... ai eu realmente comecei a fazer a história do projeto. Em 2000 a gente
conseguiu efetivar uma viagem grande, nós ficamos quase um ano fora de São Paulo em 3 pessoas
e com um carro a gente percorreu quase 30.000km do Sertão do Brasil, principalmente das regiões
Centro-Oeste, Norte e Nordeste, e foi nesse trabalho que a gente conheceu realmente os problemas
que o Brasil tem, problemas de educação, problemas de saúde... mas a gente ainda não tinha essa
noção de fazer um projeto social, já era um projeto social mas era uma coisa ligada mais a
antropologia, a gente conhecia as comunidades, conhecia às pessoas e a gente resgatava a história,
através da história oral dessas pessoas e começou a despertar um sentimento muito grande de
querer trabalhar com elas. Coincidentemente a gente visitava escolas, visitava hospitais, postos de
saúde mas não com a idéia que no futuro eu voltaria lá com um projeto educativo, mas com a idéia
de que em algum momento a gente poderia usar essa bagagem de informações que a gente tava
tendo com alunos, professores, comunidades e voltar para aqueles lugares com alguma ajuda. Isso
aconteceu em 2000 e em 2001 nos voltamos para São Paulo e é natural você voltar um pouco
perdido, não perdido no sentido do que você quer fazer, mas principalmente da parte financeira,
então a gente retornou com o pouco de verba que havia sobrado dos patrocínios que nós havíamos
conseguido, e com aquele pouco de verba tivemos que estruturar nosso futuro, então naquele
momento a gente não tinha salário mas eu queria que aquela verba fosse usada para continuação do
projeto. A continuação, a gente sabia, embora eu tirasse fotos muito bacanas, a minha irmã tinha
um conhecimento forte na área de design gráfico,
104
então a gente começou a perceber que a gente poderia trabalhar também alguma coisa
comercial com isso, e geraria um sustento até a gente conseguir viabilizar a continuação do
trabalho. Inicialmente a continuação era expandir a pesquisa para o Brasil todo, não era voltar
direto para o projeto social, mas a gente não conseguiu viabilizar isso, a gente tentou viabilizar
com os mesmos patrocinadores, acabou não acontecendo porque patrocínio não é uma coisa que se
renova tão fácil, infelizmente naquele momento a gente percebeu que o patrocinador olha no seu
olho e gosta de você, mas no ano seguinte ele não é mais o diretor da empresa, tem um novo, e o
novo não tem a mesma visão e não existe um plano de continuação dos projetos, que é um pouco
parecido com a parte política no Brasil, infelizmente. Na iniciativa privada você não tem uma idéia
que se projeta e continua, o projeto é financiado porque alguém gosta de você dentro da empresa,
isso não é bom, mas infelizmente é a realidade do país. Coincidentemente nós fomos chamados por
uma equipe para participar do Rally dos Sertões, eu tenho três irmãs, era um amigo da minha outra
irmã que sabia um pouquinho da nossa história e precisava montar uma estrutura para ajuda-lo no
Rally dos Sertões. Eram cinco pilotos que nunca tinham corrido, nunca tinham viajado pelo Brasil,
não tinham noção do que tem lá para cima, e eles falaram: "Bom, vocês tem muita experiência,
vocês ficaram um ano fora, conhecem bastante coisa, porque vocês não vem trabalhar na nossa
equipe?" E ai conversando com a Ana Elisa a gente chegou a conclusão que essa era a
oportunidade que a gente teria de voltar para várias comunidades onde a gente havia passado, mas
a gente não queria voltar com o intuito esportivo, a gente não queira voltar dentro de um carro de
competição, a proposta deles era essa, a gente queria voltar levando ajuda, foi ai que surgiu a
primeira ação social grande, a gente já havia feito outros trabalhos sociais menores, foi aí que a
gente percebeu essa possibilidade de troca com o povo brasileiro, troca no sentido de fazer algo
por eles e eles fazerem algo por você seja através de fotografia, seja através de conhecimento, foi
aí que surgiu realmente a idéia de trabalhar a educação com o projeto de visibilidade, porque na
verdade eles tinham já um patrocínio que estava sendo firmado com a TAM, uma empresa grande,
e aí nos falamos: "Olha, a gente na verdade não quer voltar como piloto, a gente vai estruturar um
projeto social que vai colocar vocês na mídia, interessa?", porque a gente sabia que a gente tinha
capacidade de fazer um projeto muito legal, e a gente só não tinha a parte financeira para
desenvolver. Eles retornaram positivamente, dizendo que interessava e aí a gente colocou algumas
condições de bens materiais que a gente precisava, não teve
105
ajuda financeira mas existiam recursos materiais, que era o que a gente precisava para
tornar o sonho real, o sonho de voltar para cada uma dessas comunidades. A gente montou um
projeto de distribuição, na verdade, era um projeto diferente do que acontece hoje, nós
entregávamos livros para escolas junto com material escolar completo para todos os alunos dessas
escolas, e foi assim que nós saímos em 2001 e a coisa começou a acontecer.
Em quantas cidades vocês trabalharam nessa viagem?
Na verdade o Rally dos Sertões naquela época era maior, ele durava 14 ou 15 dias, não 10
dias como hoje, eu não tenho certeza dos dados, mas se eu não me engano foram 14 cidades que a
gente visitou, só que não era assim como você conheceu, que é uma cidade por vez, a gente
entregava 3, 4 bibliotecas por dia, então a gente ia na verdade parando, não só na cidade final, mas
em uma ou duas no meio do caminho também. A gente já tinha feito o mapeamento dessas escolas,
então a gente tinha mais ou menos a noção das escolas para elas estarem nos esperando quando a
gente passasse por lá. Tudo baseado no que a gente colheu em 2000.
Você tem ideia quantos livros eram por cidade?
Cara, na verdade eu não tenho isso de cabeça, mas se hoje a gente entrega 900 livros por
cidade, naquela época acho que foram uns 200 livros por cidade. Foi muito legal, na verdade a
gente não era ninguém, hoje a gente já conseguiu fazer alguma coisa, mas a gente ainda é muito
pequenininho, quem sabe a gente vai ser maior um dia, mas naquela época a gente não era nada.
Naquela época você bater na porta de uma editora para ganhar livro era tomar uma porta na cara,
como a gente tentou e tomou de todo mundo, então a solução que nós encontramos foi ligar para os
colégios e fazer campanhas de arrecadação nos colégios de São Paulo onde cada aluno doasse o
livro que tinha marcado a infância dele. A gente fez várias palestras com esse alunos e com os
professores, e ai cada um doava um livro que tinha marcado sua infância, junto com essa doação
escrevia uma carta dizendo porque ele estava doando aquele livro, o que tinha marcado a história
dele para ele passar o livro para um colega. A gente arrecadou nessa história 12.000 livros. O
material escolar a gente bateu na porta da Fáber Castel e como que um milagre, ao contrário das
editoras, ela abriu a porta, gostou da idéia e doou todo material que a gente precisou naquele ano.
Junto com isso tiveram outros pequenos apoios, da parte gráfica, a própria TAM que financiou o
combustível, hospedagem, o custo mínimo do trabalho foi bancado. Surgiram outros apoios de
divulgação, de mídia, a gente formatou uma coisa muito boa, tanto que naquele ano a gente
106
conseguiu fazer o Fantástico ir com a gente, e foram essas coisas que fizeram o Rally olhar para
gente e dizer: "Olha, esses caras não estão aqui brincando, ele estão fazendo um negócio para
valer."
Hoje o projeto tem várias áreas, como foi essa transformação?
Luis: essa transformação é uma conseqüência natural, o Walter que você conhece que cuida da
parte ambiental, ele era ajudante de motorista em 2001, ele na verdade depois de mim da minha
irmã e do Trilha, ele é o primeiro cara que entra no trabalho. O que é interessante é que o Walter
sempre gostou da parte ambiental, então ele foi La, ajudou a gente nesse trabalho, distribuindo
livro, distribuindo material escolar, fazendo a conversa com os professores, mas ele se envolveu de
uma maneira pessoal, acho que assim como você. À partir desse trabalho ele resolveu que ia fazer
faculdade de gestão ambiental e ele decidiu também que a gente poderia trabalhar a parte ambiental
nesse projeto. O Walter trouxe a área ambiental com oficinas de reciclagem, e hoje ela é a horta
comunitária, montagem de viveiros, a arborização, planejamento de aula, é uma coisa muito maior.
A área da saúde foi procurada pelo Rally, o Rally dos Sertões havia tentado fazer um projeto
médico que não teve sucesso, foi um projeto que eles tentaram aproximar a área odontológica com
um consultório móvel, mas não deu certo, porque as pessoas que estavam lá não eram pessoas que
estavam engajadas em um projeto social, eles queriam na verdade estar no meio do Rally dos
Sertões, então eles perceberam que para você desenvolver um projeto bacana tem que ter gente
séria empenhada. Em 2001 era assim: "Ah, vocês podem ir lá e fazer", a gente fez um projeto
grande os caras viram e falaram: "Tem coisa séria acontecendo aqui". Em 2002 eles tentaram fazer
o projeto médico que deu errado, e eles nos deram um apoio institucional. Em 2003 a gente
começou a assumir que o que a gente tava desenvolvendo também era projeto deles, então ai foi
incorporada uma verba financeira e através deles haveria uma ação médica. Eles trouxeram o
conceito de que onde o evento passa, o projeto passa pode ter um projeto médico junto, e a gente a
partir disso desenvolveu todas as ações, e você vai crescendo, começa com um dentista, um clínico
geral e um pediatra porque ta trabalhando em escola, à partir disso a gente começa a desenvolver
um projeto também de cardiologia, começa a desenvolver um projeto de micro-cirurgia, começa a
desenvolver patologia, na verdade são conseqüências que ano a ano a gente vai levando. O mais
interessante na área médica, é que essa área tem a participação das empresas do setor, essas
empresas tem vários motivos para entrar em um trabalho desse, tem a questão da divulgação sim,
que é uma coisa que pesa, mas não é só a divulgação eles oferecem a tecnologia, eles me dão o
107
dialogo: "O que vocês querem levar? O que minha empresa pode fazer para o seu projeto, em
termos de produto?" A gente acaba ampliando a área médica no sentido de desenvolver os
equipamentos compactos que a gente tem hoje que tem o mesmo padrão de qualidade de um
consultório e a gente monta dentro escola, em 40 minutos. Esses foram desafios que a gente foi
percebendo e vencendo e eram coisas que se você falar há 10 anos atrás, cara olhar e falar: "Pô, é
impossível isso que você ta falando, para você fazer o atendimento você tem que levar uma carreta
montada daqui." e a gente foi percebendo que não, você não precisa levar a carreta, porque a
carreta, além dela ser um trambolho para chegar nesses lugares, ela conflita com o ideal do
trabalho, que é nós integramos a realidade deles e não eles integrarem a nossa, então a gente que
tem que entrar na realidade local para conseguir que a transformação aconteça e nunca o inverso.
Eles vão ter acesso a uma tecnologia que às vezes eles não tem, mas toda questão humana, toda
questão de estrutura tem que ser montada na realidade do cara, para ele não ter medo, não se
intimidar com o trabalho. A parte educativa de distribuição de livro e material, a gente foi
percebendo que isso era importante mas não era a maneira ideal de se fazer, então a gente passou a
capacitar os professores, trabalhar contação de história, trabalhar melhor o conteúdo do material
escolar, para que o material fosse usado não só na entrega, mas durante um longo período. O
projeto odontológico criou vários desdobramentos, principalmente na área preventiva, então a
gente passa de dentista da comunidade para também educador, a gente passa a fazer um
planejamento de aulas, a escola monta um escovódromo, ensinar o aluno a importância da
escovação, mostrar para ele que ele pode ter um sorriso saudável por toda a vida e a importância
disso. Em paralelo a gente foi levando também as áreas culturais, então começamos a trabalhar o
teatro, do teatro você começa a trabalhar a pintura, você começa a trabalhar desenho, uma idéia vai
puxando outra idéia e vai construindo um projeto sólido como o que a gente tem hoje. Por ultimo é
o que a gente está fazendo esse ano que é a área da inclusão digital, que é uma coisa muito bacana,
e para mim foi um resgate daquilo que eu sei fazer, por isso que eu fiquei tão feliz com esse
projeto, por isso que eu acredito tanto nele. Como o vídeo a foto é também um meio de expressão e
a gente começou a trabalhar não só aquele aluno mais novo, a gente conseguiu também colocar o
adolescente dentro do projeto, dando para ele uma opção de trabalho ou uma opção de lazer através
da fotografia e do vídeo, e o resultado não precisa nem falar, ta aqui*. A gente fica feliz que por
intuição e às vezes por próprio conhecimento a gente ta sempre adiante de algo que às vezes as
pessoas que tem mais acesso, mais recursos financeiros possam desenvolver. Fico feliz por isso.
108
Em 2008 como funcionou o projeto de implantação de bibliotecas, a arrecadação dos livros...
Luis: Em 2008 a gente chega com um projeto extremamente maduro, no sentido de ao longo
desses oito anos ter criado um relacionamento com as editoras, e aquelas editoras que antes
disseram não, hoje a gente pede quantos livros a gente precisar e elas atendem. A gente pede livros
caros, livros no topo da cadeia financeira da empresa e eles doam. A gente ta falando de 5 editoras
que estão trabalhando conosco e essas editoras suprem essa necessidade de cerca de novecentos
livros, alguma coisa misturada com livros doados, essa história de doação perdura, as pessoas
sabem que se doar um livro para nós a gente vai misturar com livro novo e levar para uma
biblioteca sólida. Até o ano de 2007 a gente ensinava as escolas a fazer as prateleiras e esse ano
através da Bartira, a gente não só leva os novecentos títulos mas a gente leva 3 modelos de
prateleira onde esses livros são colocados de uma maneira ideal para que seja feito outro trabalho
paralelo que é o da catalogação. A catalogação também faz parte dos modelos de trabalho porque a
gente não quer que a biblioteca seja fechada para escola, a gente quer que a comunidade participe
mais da vida da escola, inclusive pegando livros emprestados, e em muitos lugares que a gente vai
a escola não tem uma biblioteca tão equipada quanto a nossa, então a gente quer que aqueles livros
que foram colocados ali possam circular para outros educadores, só que a gente quer que esse livro
saiba o caminho de ida e saiba o caminho de volta, então nós primeiro fazemos um trabalho de
catalogação manual, e agora no final, no segundo semestre, algumas escolas são informatizadas,
talvez a gente computadores para todas elas, e junto com esse computador a gente ensina que pode
ser feito o controle dessa catalogação pode ser feito no computador. Em paralelo você tem um
material escolar que é entregue para todos os alunos e esse material tem conteúdo que tem
comunicação com o material da biblioteca.
No primeiro semestre os professores ganham um kit que mostra o que vem no kit do aluno e
mostra o que fazer com o material ao longo do ano. Na segunda visita o aluno ganha o kit e
professor já sabe o que tem no kit e tem o conhecimento do que fazer com esse material que o
aluno vai ganhar, então eles estão produzindo isso, e tudo isso esta associado com o material da
biblioteca, o material do aluno tem em alguns momentos livros que falam sobre os mesmos temas
que a gente colocou na biblioteca, não são só livros didáücos e nem só de literatura, você tem
referências para a questão ambiental, para a questão da saúde, a questão cultural, da própria
fotografia, então assim, a gente consegue com isso que o aluno que vai receber o kit escolar passe
também a ser um usuário dessa biblioteca, que já está sendo preparada pelos professores para que
isso aconteça e para que no segundo semestre com a entrega dos computadores, eles já não sejam
109
só usuários da biblioteca, mas possam aprender que a internet é também uma ferramenta para que
eles busquem conhecimentos acerca daquilo que estão lendo nos livros. Uma outra atividade que
acontece é a contação de história, porque é para mostrar não só para professor, porque junto com o
teatro você tem workshop de marionetes, e o workshop é justamente para mostrar técnicas para
que eles peguem livros e transformem livros em histórias artísticas, em contos rodas de poesias e
apresentações teatrais... E você tem a contação de história propriamente dita que é você pegar a
história de um livro e transformar isso em uma apresentação de 1, 2 , 3 pessoas, e fazer com que os
alunos entendam que eles podem despertar a imaginação deles através da leitura, despertar a
imaginação é também despertar conhecimento e é despertar a visão para que eles possam construir
um mundo melhor não só na realidade daquela comunidade que a gente está ajudando, mas quem
sabe se ele migrar para outra cidade, como São Paulo, ele venha mais qualificado.
O que é a revisteca?
Luis: A editora Abril é a maior editora do país e ela tem um milhão de títulos... Esqueci de te falar,
a gente não foi só ampliando o projeto por intuito ou conhecimento, a gente ampliou o projeto
porque desde o começo a gente fez avaliações e nessas avaliações a gente colocava perguntas, e
ainda faz, muito melhor hoje, sobre o que eles querem que seja levado para la, quais itens podem
ser melhorados, o que pode ser colocado naquela comunidade que pode melhorar uma deficiência
local, e uma das coisas que sempre colocaram na questão de literatura foi se a gente podia doar
revistas também, porque a revista têm um intuito mais recreativo, o livro tem cara de uma coisa
mais séria, o livro não é sério mas quando a criança pega ela tem medo, medo de amassar, medo de
rasgar, você tem que ter uma série de cuidados com o livro, mas você não tem que ter medo dele. A
revista é uma coisa mais largada, então a gente foi atrás da editora Abril justamente para levar não
só o acervo literário, mas levar revistas que pudessem ser manipuladas de uma maneira mais
descontraída por esses alunos e professores, mais também pudessem à partir do momento que elas
esgotam, a revista já foi amplamente lida, usada, enfim, o assunto dela já se foi, elas pudessem ser
recortadas, porque o livro você não pode recortar e transformar em trabalho artístico, a revista você
já tem essa possibilidade, então a gente passou a levar desde 2006, a gente passou a levar a
revisteca que inclui todo o acervo da editora Abril durante o período de um ano, só não tem
Playboy, mas tem revista de natureza, revista de educação, mas tem todo acervo que ela produz
tanto para criança, quanto para o adulto.
110
Como é feita a escolha dos livros?
A gente tem acesso a todo catálogo da editora e a gente escolhe esse acervo. Um dos
nossos profissionais, no caso o Bruno, ele que tem ajudado nessa parte, e a gente elege quais os
livros prioritários para aquela região que a gente está visitando. É claro que como a gente tem uma
ação maior nas regiões norte e nordeste, então a gente trabalha a questão da Amazônia, a questão
das águas, do São Francisco, e a gente tenta também encaixar os temas anuais da UNESCO, ela
escolhe todo ano um determinado tema e a gente tenta encaixar o tema que vai ser trabalhado pelo
projeto pedagógico, no caso o do governo, que tem uma orientação de trabalho, e ai com isso a
gente forma essas bibliotecas. Também tem o que eles pedem, nas avaliações de impacto eles
sugerem livros e a gente vê a viabilidade de no ano seguinte levar esses livros para as novas
bibliotecas.
O pessoal da escola trabalha no projeto o ano todo, mas o instituto fica aproximadamente 5
dias no ano todo em cada cidade, como o trabalho acontece durante esse período?
Luis: Isso é o mais louco! A gente acabou criando uma forma de trabalhar que a gente ganha em
um curto espaço de tempo... Na verdade é assim, primeiro é feita a escolha da escola junto com a
Secretaria Municipal, a partir daí a gente prepara a cidade pelo menos 1 mês antes dizendo que a
gente vai chegar, ai a gente tem 1 mês de contato por telefone, por documento impresso, por carta,
por e-mail, preparando a escola para nossa chegada. Quando a gente chega, teoricamente tudo já
esta encaminhado para as ações começarem a acontecer, se você pensar que em 5 dias a gente
consegue fazer tanta coisa nem eu sei explicar o sucesso de resultados que a gente tem, eu só sei
dizer que é real, a gente em 5 dias consegue mudar a vida dos caras, e muda mesmo, isso a gente já
sabe, faz alguns anos que a gente já tem transformado. A gente esquematiza cada área para que ela
tenha uma lógica de começo, meio, que seria um aprofundamento, mas nunca vai ter um fim, o fim
na verdade é um aprofundamento maior do conhecimento que foi passado na primeira e na
segunda visita e o fim vai depender dos caras, não vai ter fim eles vão tocar isso para o resto da
vida. A gente formata tudo para conseguir a confiança deles e conseguir o compromisso de que
esse trabalho vai acontecer na nossa ausência, então o primeiro passo é apresentar o que você está
doando, então você não só apresenta o projeto, você apresenta os livros que está doando, mostra a
prateleira, mostra o valor do acervo e apresenta as idéias, a única coisa que a gente quer é a
utilização devida desse material, e para ela ser devida ela deve ser feita através da catalogação e é
claro que a gente escolhe escolas que vão dar um valor absurdo para esse material. Em 2000 a
111
gente viajou e viu muitas escolas sem biblioteca, e eles reclamavam de como dar uma aula, fazer
um planejamento na escola se você não tem material a não ser o didático, então a gente também
sabe que essas escolas precisam desses acervos. Como se tratam de acervos caros, a gente da
falando de editoras grandes no país, muitas vezes saem livros que o governo não vai comprar, a
gente não conflita em nenhum momento com o governo, a gente complementa e a gente acaba
entregando para essas escolas o sonho de consumo de qualquer escola, que é um acervo literário
que atenda não só o professor, mas atenda o aluno do primeiro grau até o vestibular, porque a gente
entrega livros que vão fazer parte do vestibular. Em um segundo momento você vai checar o que
eles estão catalogando, fazer a entrega do kit escolar, fazer um aprofundamento na contação de
história, e em um terceiro momento a gente consolida todas as dúvidas que eventualmente
surgiram, checa se todo o trabalho de catalogação foi feito e aqueles que receberem computadores
vão aprender a fazer isso na parte digital. É assim que funciona o trabalho nessa área.
Como funciona a avaliação?
A gente não avalia no final, a gente avalia o tempo todo. A cada visita a gente faz uma
avaliação não só pontual, do que esta acontecendo, mas a gente faz uma avaliação também do
grupo, da percepção do grupo sobre o que se passou. Essa avaliação vai ser consolidada agora, no
final do trabalho e a gente já tem várias impressões sobre cada um dos lugares, eles não são iguais,
cada lugar tem um perfil diferente para gente trabalhar e é muito bacana a gente perceber essas
diferenças e poder levar idéias de um lugar para o outro. Uma questão que eu acho muito legal na
nossa oficina de informática é porque através do blog eles puderam conhecer pela primeira vez um
a história do outro e fazer uma auto-avaliação. Olhar a dela e falar: "Poxa, mas a minha tem 2
canteiros, a dos caras tem 8, porque?" isso é só pelo empenho de cada lugar porque a
implementação do projeto é igual para todo mundo e você vai ter as variações de cada lugar, mais
do que fazer uma avaliação nossa, é interessante que a gente permita também que as escolas se
auto-avaliem o tempo todo e possam melhorar, isso a gente já percebe, por exemplo nesse ano,
Mossoró foi uma escola complicada no começo e eu tenho certeza que a gente vai se surpreender
agora quando a gente chegar lá. As escolas dão a volta por cima, elas as vezes se atrapalham mas
dão a volta por cima, e essa volta não tem fim. E agora na terceira fase a gente entrega oficialmente
para eles a avaliação física que vai ser feita 6 meses depois da nossa passagem. Eu entrego o
documento junto com a minha palestra de fechamento e mostro para eles que no final do semestre
que vem, maio ou junho, eles vão ter que mandar para nós um relatório mostrando tudo aquilo que
continua sendo feito, eventualmente aquilo que ampliou e eventualmente aquilo que por algum
112
motivo ainda não aconteceu. Além disso a gente tem relacionamentos em cada um desses lugares e
eles não tem fim. Tem escolas que apresentam projetos hoje, um ano, dois anos depois que a gente
esteve lá, e a gente vai e financia esses projetos para cada um desses lugares. A gente teve o projeto
da bike, daquele piloto*, eles estão mandando para ca os relatórios, eu preciso até te mostrar, mas
você precisa ver que legal, ai você vai vendo a diferença de cada um, aquilo já é uma avaliação,
uma avaliação da forma como eles conduziram a idéia que a gente colocou, como eles
apresentaram a entrega, então eles se apresentam para um patrocinador, vamos dizer que esse é um
patrocinador, que está do outro lado do mundo, tudo isso são formas de observar como a escola vai
estar preparada para nossa chegada. O lance não é ela se preparar para nossa chegada, mas
permanentemente manter os projetos, isso tudo não acontecia antes da gente passar, cara a gente
muda a história do lugar, alguns mudam mais, outros mudam menos.
Quantas pessoas integraram a equipe durante os trabalhos?
Na primeira de 2008 foram nove pessoas, uma na coordenação, duas na área odontológica,
uma na comunicação, duas no meio ambiente, duas na parte de biblioteca e um motorista. Além
disso a gente teve a presença de alguns representantes da Roche, porque a gente faz um projeto de
diabetes nas escolas e eles foram fazer um acompanhamento disso junto com nossa equipe. Teve
também a Andresa da tv cultura que foi gravar um especial em Goiânia, de equipe era isso. Dos
trabalhos a gente na verdade, fez as ações tradicionais de montagem da biblioteca com um
pequeno workshop voltado para professores, sobre a estruturação dessa biblioteca. Nós fizemos o
trabalho odontológico, que envolvia a prevenção e também o atendimento aos alunos, fizemos um
trabalho com os agentes de saúde para eles aprenderem a manipular os equipamentos de diabetes,
para fazer um trabalho de prevenção de diabetes continuado, palestras de meio ambiente integradas
com ações práticas, que foi a montagem da horta, projeto de coleta seletiva e arborização da
escola, isso tudo acontecia na primeira etapa. Fizemos o trabalho de fotografia e vídeo digital, o
primeiro módulo de vídeo, foto e blog, a noite no primeiro dia a gente fazia o cinema, além disso a
gente fez o trinamento dos professores na oftalmologia, no projeto mais visão para educação, o
plano de odontologia para ensinar eles a montarem o escovódromo nas escolas, e, os
esclarecimentos finais nas escolas, com entregas de apostilas e todo material para fazer a segunda
etapa. A primeira etapa aconteceu de seis a 27 de abril de 2008, em Balsas a gente esteve nos dias
16 e 17 de abril, sendo que a gente chegou la de madrugada, a gente saiu de Palmas tendo
113
trabalhado, a gente chegou quatro e meia da manhã em Balsas, foi bem complicado, essa viagem
foi puxada.
A segunda etapa é a etapa integrada com o Rally dos Sertões, aconteceu de 14 a 29 de
junho de 2008 eu coordenei a equipe e fiz a oficina de fotografia, além de mim teve uma pessoa na
área de artes, uma na comunicação, duas com teatro de bonecos, uma na odontologia, três no meio
ambiente, sete na saúde, duas na psicologia, uma na educação, um motorista e uma pessoa no
apoio. Para cada escola a gente levou dois computadores, uma impressora, uma televisão, um
aparelho de DVD, que foi na terceira etapa, seis câmeras digitais, uma da escola e cinco dos
alunos, uma biblioteca estruturada. Na oficina de fotografia e vídeo a gente fez um complemento,
fizemos uma nova palestra sobre vídeo e foto, a oficina de meio ambiente teve um trabalho de
pintura que inclusive a Ana Elisa fez, teve oficina de teatro de bonecos, o André fez atendimentos
odontológicos, na parte do meio ambiente teve oficina de papel, montagem do viveiro e oficina de
pet, na psicologia houveram dinâmicas com pais e professores, todas as áreas estavam abertas para
esclarecer dúvidas de trabalhos que aconteceram na primeira etapa. Foram feitos atendimentos
com o clínico geral, ginecológicos e pediátricos, essa foi a segunda etapa em linhas gerais.
A etapa três aconteceu de oito de outubro à primeiro de novembro de 2008, em Balsas nós
chegamos no dia 18 e trabalhamos até o dia 20 à tarde, quando a gente foi embora para Nova
Iorque, estava a mesma equipe da etapa um, mas a gente também levou o Gustavo e o Bruno na
música, duas meninas novas no meio ambiente, a Marcela na psicologia e o Guido, essa é a equipe.
Basicamente nosso trabalho foi finalizar o que a gente havia feito nas etapas anteriores, então a
gente teve palestras de papa nicolau, que não havia tido nas outras, mais o atendimento de papa
nicolau, continuou a campanha de diabetes, houve uma palestra sobre o processo de
informatização da biblioteca, que foi o Bruno que levou com novas propostas, houve um segundo
módulo da psicologia aplicada, continuaram os atendimentos odontológicos, tinha mostra dos
alunos, esclarecimento das ações ambientais, oficina de reaproveitamento de alimentos, a palestra
e entrega dos óculos, o módulo três da oficina de foto e vídeo, onde a gente mostrou resultados,
pequenas edições e entregamos as câmeras para esses alunos, exposição fotográfica dos alunos,
houve uma oficina de artesanato usando sementes locais, palestra de sexualidade, uma palestra
avançada sobre o desenvolvimento sustentável ambiental, saída fotográfica, a gente fez uma saída
fotográfica com os alunos, foi a primeira vez, deu muito certo. Também aconteceram
apresentações locais, resultado do concurso de poesia que a gente havia proposto, apresentação do
teatro usando as técnicas de manipulação de marionetes e resultado do projeto de material
114
esportivo, eles mostraram com fotos coisas que eles fizeram com o material que a gente levou na
etapa dois, na noite do primeiro dia teve cinema comunitário. No segundo dia teve uma oficina de
música integrada com professores e alunos, inauguração do escovódromo, premiação e certificação
dos professores, apresentação da gincana da saúde, apresentação dos ganhadores das câmeras
digitais, confraternização com o pessoal da escola e apresentações locais, a gente trabalhava um
dia e meio e viajava na noite do segundo dia a gente ia para próxima cidade, basicamente foi isso.
Em função desses resultados nós montamos a etapa de fevereiro que foi do dia cinco ao dia
20 de fevereiro de 2009, em Balsas nós estivemos nos dias nove, 10 e 11 de fevereiro. Foi uma
viagem que a gente construiu para voltar para os lugares que se destacaram por alguma razão no
projeto, foram Balsas, Nova Iorque, São Raimundo Nonato e Crateús, Nova Iorque acabou sendo
meio difícil mas nos outros deu super certo, foi bem bacana. Fomos em seis pessoas, a gente fez
um trabalho aprofundado do uso do software da biblioteca, a gente fez principalmente a
implementação do sistema de reuso da água que foi a construção da caixa, a gente levou a rádio
escola, que foi uma coisa totalmente nova, a gente olhou em 2008 e levou para as escolas em 2009,
eles tiveram que apresentar alguns resultados de mostras e feiras que haviam feito, eles fizeram
uma nova exposição temática com os trabalhos do ano anterior, houveram apresentações de saúde
bucal e o Wolber fez o trabalho de saúde no projeto sorriso, que ele pegava os agentes de saúde
para levar o programa de preventivo de saúde bucal junto com o programa de saúde da família, e aí
tinha cinema à noite. A gente fez oficina de música com instrumentos de material reciclado, a
gente fez um projeto de montagem de videoclipe em paralelo à rádio, a gente fez novas saídas
fotográficas com os alunos, teve apresentação dos alunos de música no encerramento e a gente fez
o jogo amistoso com a escola e fizemos mostras das fotografias dos alunos no nosso telão do
cinema, o Valter fez as palestras de combate a praga com material orgânico e uso de detergente
orgânico ecológico na escola, aí a gente fez um módulo de photoshop com os alunos da oficina, a
gente ensinou eles a usarem o photoshop e instalamos o programa nas escolas que a gente
trabalhou. Teve apresentação dos alunos, apresentação dos resultados que eles tinham alcançado e
entrega do certificado de biênio, que é um certificado diferente, que a gente fez para ser renovado a
cada dois anos nessas escolas, essa foi a etapa de fevereiro. Nós também levamos o material Tite
Setúbal para trabalhar com os adolescentes.
Anexo 2 - Imagens
Imagem 1 - Criança no campo de futebol vizinha à Escola Municipal Agostinho Neves
agem 3 - Computador para informatização da biblioteca
Imagem 4 -
t *
Apresentação de um músico local durante a visita do IBSImagem 5 - Moradores do bairro Bacaba
1 IBGE, 20078 CANDIDO, 1979. p.2311 OLIVEIRA, Juarez. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli25 SANTOS, Edjane. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli
Imagem 6 - Crianças moradoras do bairro Bacaba