Dor em Paralisia CerebralMarcelo Benedet Tournier – Médico Fisiatra
DOR
Experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada a lesão real ou potencial dos tecidos
Dor é sempre subjetivaCada indivíduo aprende a utilizar esse
termo através das suas experiências anteriores
IASP, SBED 1994
Dor em Crianças
Subvalorizada“Criança não sente dor!”Século XX - Década de 80:
Crianças começam a sentir dor a partir dos 2ª
87% subtratadas
Shechter NL J Dev Behav Pedriatr 1986
Embriologia da dor
20 semanas de gestaçãoFormação completa das sinapses das projeções
aferentes talamo-corticais
30 semanas de vida intra-uterinaVias aferentes até o tálamo formadas e
mielinizadas
Mielinização tardia das vias eferentes do sistema inibitório descendente da dor
Dor em PC
População vulnerável:ImobilismoInúmeros procedimentos dolorososComplicações trazidas pela espasticidade
Dor e Status Funcional na PC
Houlihan CM Dev Med Child Neurol 2004
Dor na PC Grave
Principais desafios:Paciente com déficit cognitivoQuantificação e qualificadores da dorLocalização da queixa álgicaEnvelhecimento da população com PC
O que ele está sentindo??
Essas crianças...
“Minha dor é que nem o Pikachu”
Sub-escala vocalGemidos levesChoro moderadamente altoGritando ou berrando muito altoUm som, risada diferente ou palavra
específica para dor Sub-escala de alimentação e sono
Comendo menos, sem interesse por comidaAumento do sonoDiminuição do sono
Breau LM Pain 2002
Non-Communicating Children’s Pain Checklist – Revised
Sub-escala SocialNão cooperando, irritado, “manhoso”Retraído, com pouca interação com os
outrosProcurando colo, conforto ou
proximidade com a mãeDifícil de ser distraído ou consolado
Breau LM Pain 2002
Non-Communicating Children’s Pain Checklist – Revised
Sub-escala Facial Sobrancelhas franzidasMudança no olhar – olhos muito abertos ou
fechadosSem sorrir, fáscies infelizLábios apertados, “fazendo bico”Fechando e rangendo os dentes, mordendo
a língua ou colocando para fora
Non-Communicating Children’s Pain Checklist – Revised
Breau LM Pain 2002
Sub-escala de Atividade Quieto, movendo-se pouco Pulando, com atitude agitada
Sub-escala de corpo/membro Flácido Espástico, enrijecido Gesticulando ou tocando a parte dolorida do corpo Postura de defesa da região dolorida Puxando ou retirando de contato a área acometida Movendo o corpo de maneira a mostrar o local da dor
(virando para as costas, apontando os mmss para baixo, enrolando-se, etc)
Non-Communicating Children’s Pain Checklist – Revised
Breau LM Pain 2002
Non-Communicating Children’s Pain Checklist – Revised
Sub-escala de Sinais FisiológicosTremoresPalidez ou mudança da cor da peleSudoreseLágrimasInspiração súbita / engasgosTrancando o ar
Breau LM Pain 2002
Avaliação quantitativa da dor
Escala FACES de Wong-Baker
Avaliação quantitativa da dor
Adaptação para o Brasil – Escala da Mônica e do Cebolinha
Claro MT, 1986
Localização da dor
Anamnese e exame físico minuciosos
Roteiro diagnóstico
Roteiro diagnóstico para dor de origem desconhecida
Bajelidze G J Pediatr Orthop 2008
Dor de Difícil LocalizaçãoCaso 1
Cuidadora referia sinais de Dor ao ser colocado de pé
Não apoiava o pé direito no chão
Ao exame – dor intensa à movimentação do pé D
RX – Sem achados específicos
Cintilografia Óssea – Hipercaptação importante na 1ª cabeça metatarsal Direita sugerindo fratura
Bajelidze G J Pediatr Orthop 2008
Dor de Difícil LocalizaçãoCaso 2
Sinais de dor cervical em pós-operatório de tonsilectomia
Dor intensa à rotação cervical ao exame
Cintilografia Óssea – Positiva para C1-C2
TC para confirmação – Fratura de estresse no arco de C1.
Bajelidze G J Pediatr Orthop 2008
Envelhecimento e dor crônica na PC
Artrodese tríplice modelante na infância41% com queixa de dor contínua e
limitação de locomoção na idade adulta
Tenuta J J Pedriatr Orthop 1993
Dor em 100 adultos com PC
67% com dor crônica em um ou mais segmentos
Lombar, quadril e pernaMédia na escala analógica de dor de
4.08 ± 2.25Baixos níveis de incapacidade trazido
pela dorAltos níveis de estresse emocional
Engel JM Arch Phys Med Rehabil 2003
Mulheres adultas com PC e dor crônica
n = 6384% da população com dor56% com dor limitando AVDs/AVPs67% dor em mais de uma localização53% moderada a severa
Turk MA Arch Phys Med Rehabil 1997
Fatores de alívio e agravo da dor
Schwartz L Arch Phys Med Rehabil 1999
Tratamentos tentados pelos pacientes
Jensen MP Am J Phys Med Rehabil 2004
Alívio da dor
Jensen MP Am J Phys Med Rehabil 2004
Tratamento da dor
Tratar a causa de base sempre que possívelTratar os fatores associados (espasticidade)Tratamento individualizado com atuação
de toda a equipeAnalgésicos, anti-inflamatórios,
antidepressivos, anticonvulsivantes – mais eficazes nos casos de dor crônica
Procedimentos – podem ser muito úteis nos casos de dor recorrente
Shechter NL J Dev Behav Pedriatr, 1986
Bloqueios anestésicos
Alternativa ao paciente aguardando cirurgia
Ramo posterior do n. obturatório – inervação somática da cabeça femoral
Bloqueios seriados – associado a diminuição da dor e satisfação dos cuidadores
Binha AP AACD, 2006
Neurotoxina Botulínica
Melhora da espasticidadeMelhora da dor secundária aos encurtamentos
muscularesMelhora de dores miofasciais pela inativação das
bandas tensas e pontos-gatilho
Evidências atuais na melhora da dorDiminuição da liberação da Substância PDiminuição da expressão gênica do
Protooncogene “c-fos”
Aoki KR Headache 2003
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