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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O JOGO COMO FONTE DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
DANDO SUPORTE AO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO
ALUNA: KARLA CRISTINY COHEN MARTINS
Orientadora
Pro(a). Fabiane Muniz
Niterói
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O JOGO COMO FONTE DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
DANDO SUPORTE AO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia.
Aluna: Karla Cristiny Cohen Martins
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AGRADECIMENTOS
À tia Mena, que sem ela nunca teria
chegado até aqui. À todas as crianças
que não deixam “o brincar” tornar-se
extinto.
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DEDICATÓRIA
Dedico à minha mãe, a melhor e mais
bondosa pessoa que conheci. Ao meu
marido que soube incentivar-me nas
horas mais difíceis tendo sempre uma
palavra de carinho.
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RESUMO
A Educação Infantil é um momento ideal para o favorecimento das
aquisições cognitivas.
Portanto, este trabalho pretende analisar o processo de construção da
inteligência e a importância do jogo como recurso pedagógico, na construção
da aprendizagem durante a alfabetização.
No primeiro capítulo analisaremos o paradigma entre “Alfabetização” e
“Letramento”.
No segundo e terceiro capítulos, abordamos numa perspectiva
Piagetiana, o desenvolvimento, a construção da inteligência e o jogo.
Nos capítulos finais abordamos como e quando o jogo pode trazer de
volta o prazer de aprender com alegria e de modo eficaz.
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METODOLOGIA
Os dados coletados neste trabalho pretendem auxiliar os profissionais
da Educação Infantil, principalmente os da classe de alfabetização, na
compreensão do desenvolvimento e construção da inteligência e levar a uma
reflexão teórica a respeito dos jogos pedagógicos como elemento fundamental
no processo de apropriação do conhecimento.
Foram utilizadas pesquisas bibliográficas baseadas nos estudos do
teórico Jean Piaget, autores como Magda Soares, Celso Antunes, Ângela
Cristina Munhoz Maluf e dados coletados nas observações realizadas dentro
da classe de alfabetização onde leciono e que tem como proposta, oferecer
educação com muita diversão.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
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CAPÍTULO I – Alfabetização X Letramento 09
1.1 Jean Piaget e a construção da inteligência 11
CAPÍTULO II – O jogo, o que significa? 16
2.1 Os jogos e a aprendizagem 17
CAPÍTULO III – Educação com muita diversão, o jogo como recurso
pedagógico na alfabetização 19
3.1 Quando e como usar o jogo como recurso pedagógico 21
3.2 Algumas propostas de jogos pedagógicos para a alfabetização 23
CONCLUSÃO 26
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 27
FOLHA DE AVALIAÇÃO 29
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INTRODUÇÃO
Desde a mais tenra idade o brincar faz-se presente. As crianças dedicam grande
parte do seu dia aos jogos e brincadeiras.
Mas infelizmente, alguns adultos insistem em dissociar o brincar da vida das
crianças, levando em consideração que tal ato seja um mero passatempo.
Esquecendo-se do papel importante que ele tem na vida e no desenvolvimento
infantil.
É através do brincar que as crianças conquistam suas primeiras relações com o
mundo e entram em contato com os objetos, o que lhes permite várias possibilidades
de expressão e criação.
E como aliar o prazer ao aprendizado?
Através dos jogos!
De acordo com a autora Vânia Dohme, devemos entender o brincar como uma
ferramenta educacional e não mantermos a nossa postura tradicional “de que brincar
é bom mas depois”, “nos intervalos” ou “na hora do recreio”.
Não podemos continuar separando o aprender do brincar. O lúdico faz parte da
vida de cada indivíduo, portanto da sua realidade.
Quando exigimos que a criança fique sentada, passiva, apenas recepcionando e
armazenando informações, criamos um momento fora do real para ela. Momento
este, em que ela torce para acabar e ver-se livre para brincar.
Esta pesquisa tem como objetivo identificar a importância dos jogos como
ferramenta de aprendizagem na classe de alfabetização.
As atividades lúdicas estimulam a participação, criam um ambiente agradável,
aumentando o interesse.
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CAPÍTULO I
LETRAMENTO X ALFABETIZAÇÃO
“Letramento não é um gancho em que se pendura cada som enunciado, não é
treinamento repetitivo de uma habilidade, nem martelo quebrando blocos de
gramática.” (Autor desconhecido)
Recentemente a palavra letramento e o conceito que ela nomeia
entraram no nosso vocabulário.
Estar letrado significa que o sujeito tem habilidade em utilizar e usufruir
de forma positiva o código linguístico aprendido.
Segundo a autora Tfouni (2010), o letramento é um processo mais
amplo que a alfabetização e que deve ser compreendido como um processo
sócio-histórico.
Se uma criança sabe ler decifrando, mas não é capaz de ler um livro,
uma revista, um jornal, se sabe escrever palavras e frases, mas não é capaz
de escrever uma carta, é alfabetizada e não letrada.
Alfabetizar hoje apenas, não basta!
Já não basta a capacidade de desenhar letras ou decifrar o código da
leitura. É necessário mais que isso para ir além de uma alfabetização funcional,
isto é, aquela em as crianças são alfabetizadas mas não sabem fazer o uso da
leitura e da escrita.
Estar letrado significa ir além dos muros escolares. O indivíduo torna-
se capaz de interagir e intervir socialmente.
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Como nos afirma Soares (2004):
“Letrar é mais que alfabetizar. É ensinar a ler e escrever
dentro de um contexto onde a escrita tenham sentido e
façam parte da vida do aluno.”
Porém dissociar letramento e alfabetização é um equívoco. Assim
defendiam as autoras Ferreiro e Teberosky (1999), o termo alfabetização
estar compreendido na definição de letramento e vice-versa.
A entrada da criança no mundo da escrita se dá simultaneamente por
estes dois processos: pela aquisição do sistema convencional da escrita, e
pelo desenvolvimento das habilidades de uso desse sistema nas práticas
sociais de leitura e escrita, isto é, através de atividades de letramento e este,
por sua vez, só pode desenvolver-se por meio da aprendizagem das
relações fonema-grafema, isto é, em dependência com a alfabetização.
Compreendendo a importância da complementação entre letramento e
alfabetização, a professora Magda Soares (2004), complementa:
“Alfabetização e letramento se somam. Ou melhor, a
alfabetização é um complemento do letramento.
Alfabetização e letramento não se distinguem, deve-se
alfabetizar letrando.”
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1.1 Jean Piaget e a construção da inteligência
Piaget nasceu na Suiça em 1896. Em 1915 licenciou-se em Ciências
naturais.
Sua indagação é sobre como se dá o conhecimento e quais são os
processos que possibilitarão a produção do conhecimento.
Para Piaget, a inteligência é adaptação e o seu desenvolvimento está
voltado para o equilíbrio. Portanto, o indivíduo sempre visa uma melhor
adaptação ao ambiente.
As experiências da criança são conduzidas por sua ação com o meio,
isto é, com o seu contato com o objeto.
Suas ações não se desenvolvem num plano a fim de se tornarem
experiências cumulativas. Tais experiências obedecem a uma direção
progressiva, partindo das ações simples até as mais elaboradas.
Assim, uma criança que já construiu o esquema de sugar, assimila a
mamadeira, mas terá que modificar o esquema para sugar a chupeta, comer
com colher etc.
Segundo Costa (2003):
“A construção da inteligência pode ser esquematizada
como uma espiral crescente voltada para equilibração
resultante da combinação dos processos de assimilação e
acomodação.”
Durante este processo ocorrem diferentes estados de equilíbrio que
expressam a adaptação da inteligência do sujeito. A inteligência se solidifica ao
construir conhecimentos que possibilitarão a ação do sujeito sobre o meio.
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Piaget indica que a ação se dá em função de alguma necessidade.
Esta, provoca no sujeito um estado de desequilíbrio, formulando novas
indagações. O sujeito procura novas formas de relacionar-se com o mundo,
buscando uma melhor adaptação.
O desenvolvimento do sujeito inicia-se no período intra-uterino. A
embriologia humana evolui também após o nascimento, criando estruturas
cada vez mais complexas.
Para facilitar a compreensão do processo evolutivo da construção e do
desenvolvimento da inteligência na criança até depois da adolescência, Piaget
dividiu-o em quatro estágios.
Em cada um deles a criança apresenta diferentes capacidades
intelectuais.
Esses estágios são contínuos, formando um todo integrado.
Por outro lado, o desenvolvimento biológico e neurológico está
completamente unido ao desenvolvimento psíquico, e por isso cada estágio
construtivo, sua estrutura e o resultado final são frutos da inter-relação
constante de todos esses fatores.
Os quatro estágios considerados por Piaget no desenvolvimento da
inteligência são: estágio sensório motor, estágio pré-operatório, estágio das
operações concretas e estágio das operações formais.
* Estágio sensório motor
Sentir o mundo é a atividade primordial da criança durante o estágio
sensório motor, desde quando nasce até completar 2 anos de vida.
A atividade intelectual da criança neste estágio é de natureza sensorial
e motora, como inicialmente: olhar, ouvir e, posteriormente, manipular.
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A característica desse período é a ausência da função semiótica, isto é,
a criança não representa mentalmente os objetivos. Sua ação é direta sobre
eles. De acordo com Piaget, a criança relaciona tudo ao seu corpo como se ele
fosse o centro do mundo.
Essas atividades serão o fundamento da atividade intelectual futura.
A linguagem desenvolve-se da ecolalia (repetição de sílabas) à palavra
frase (“água” para dizer que quer beber água) já que não representa
mentalmente o objeto e as ações.
* Estágio pré-operatório
A criança, até os 2 anos, constrói sua inteligência principalmente por
um contato sensorial e motor com o ambiente, estímulo direto e respostas
repetidas.
No primeiro ano, assistimos ao rápido amadurecimento de seu sistema
neurobiológico; já no segundo ano, os objetos do ambiente fixam-se, por
características diferenciadas, em imagens mentais.
No estágio pré-operatório que vai dos 2 aos 7 anos, produz-se uma
reelaboração da linguagem e da representação mental, que se tornam muito
mais complexas.
A criança aprende a fixar-se em dados isolados da percepção, tais
como a cor e o tamanho dos objetos.
É o período da atividade simbólica. A criança aprende a representar
objetos através de palavras e a manipulá-las mentalmente, do mesmo modo
que manipulava objetos no estágio anterior.
Segundo Piaget, neste estágio, os esquemas de inteligência não são,
com efeito, ainda conceitos, pelo fato de não poderem ser manipulados por um
pensamento e só entram em jogo no momento de sua utilização prática e
material.
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Este estágio caracteriza-se pelo egocentrismo, isto é, a criança ainda
não consegue colocar-se na perspectiva do outro, o pensamento pré-
operacional é estático e rígido.
O aparecimento da linguagem é o principal acontecimento deste
estágio. Através da linguagem o sujeito pode comunicar-se através da palavra
o que leva a um novo tipo de troca interindividual permitindo que sua ação se
processe num plano mais socializado.
* Estágio das operações concretas
Se, no período anterior, o elemento de definição no desenvolvimento
intelectual da criança era o pensamento simbólico, neste novo estágio o
mesmo papel será desempenhado pela concreção, isto é, ato de tornar-se
concreto.
As operações matemáticas (soma, subtração, multiplicação e divisão)
iniciam-se neste período, e a criança adquire, no fim dele, os conceitos de peso
e volume. Passa também a classificar objetos segundo suas semelhanças e
diferenças.
Contudo, seu aprendizado baseia-se na experiência, e assim adquire
noções que aplicará a outras situações abstratas por dedução.
Para Piaget, é neste período da vida (7-12 anos) que se organiza o
pensamento, nele a criança passa a ver o mundo com mais realismo, deixando
de confundir o real com a fantasia; momento em que se estrutura o
autoconceito, noção de quem somos e o que fazemos.
* Estágio das operações formais
Ocorre mais ou menos dos 12 anos em diante. Neste estágio surge o
desenvolvimento das operações de raciocínio abstrato.
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A criança se liberta inteiramente do objeto pois passa a realizar as
operações mentalmente. A lógica passa a apresentar-se através de ideias.
Costa afirma que essa fase caracteriza-se pela transformação
fundamental do pensamento que se torna abstrato.
A linguagem não é apenas um instrumento de comunicação. É também
o suporte do discurso analítico do pensamento. Por isso, a habilidade
linguística e a capacidade de análise estão muito unidas neste período.
De acordo com a teoria Piagetiana, o indivíduo atinge sua forma final
de equilíbrio, isto é, a forma padrão intelectual que persistirá e se ampliará
durante a fase adulta.
Um correto aprendizado linguístico contribuirá para a formulação de um
pensamento mais precioso como, também, o desenvolvimento cognitivo
determinará a ampliação dos recursos de linguagem.
Piaget nos mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta
características e possibilidades de crescimento da maturação ou aquisições.
O conhecimento destas possibilidades faz com que nós professores
possamos oferecer estímulos adequados, adaptando e criando jogos que
correspondam às expectativas do educando.
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CAPÍTULO II
O JOGO, O QUE SIGNIFICA?
O dicionário Aurélio define jogo como ação de jogar, divertimento
sujeito a certas regras, passatempo.
Segundo Celso Antunes (2013), o jogo é o gerador de situações
estimuladoras, ferramenta ideal da aprendizagem, desde o momento que
proponha estímulo ao interesse do aluno.
Para Piaget (1971), o jogo é a construção do conhecimento,
principalmente, nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Quando as
crianças agem sobre os objetos, desde pequenas, estruturam seu espaço e
tempo, desenvolvendo a noção de casualidade, chegando à representação e
finalmente, à lógica.
Piaget também destacou a influência afetiva do jogo como incentivador
e motivador no processo de aprendizagem, já que oferece à criança uma razão
própria que o faz exercer de modo significativo sua inteligência e sua
necessidade de investigação.
O jogo representa o processo de aprendizagem e descoberta do ser
humano, com ele aprende-se regras e limites. É, portanto, uma das melhores
formas de aprendizagem prática capaz de desenvolver as potencialidades
infantis.
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2.1 O jogo e a aprendizagem
Professores comprometidos com a qualidade de sua prática
reconhecem a importância do jogo como ferramenta para o desenvolvimento
social, emocional e intelectual dos alunos.
O ensino-aprendizagem no decorrer dos anos vem sofrendo mudanças
na metodologia de ensino buscando formas que facilitem o trabalho do
professor no processo de aprendizagem. As mudanças referentes aos recursos
didáticos, principalmente os pedagógicos, incluem os jogos que, quando
usados adequadamente tornam a aprendizagem menos mecânica e mais
significativa e prazerosa para o aluno, refletindo assim, no seu
desenvolvimento cognitivo.
Os jogos em épocas passadas eram utilizados nas escolas apenas
como recreação e fora dela como lazer. Sabe-se, porém, que os jogos além de
proporcionar prazer e alegria exercem também papel importante no
desenvolvimento intelectual do aluno quando aplicado adequadamente. À
medida que a escola dá oportunidade à criança de experimentar o concreto
utilizando os jogos de maneira pedagógica, faz com que as experiências
acumuladas lhe proporcionem a formação de conceitos como: semelhanças e
diferenças, classificação, seriação e a partir desses conceitos tem condições
de descrever, comparar e representar graficamente.
O jogo não é simplesmente um passatempo para distrair os alunos, ao
contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar
de destaque na educação escolar. Estimula o crescimento e o desenvolvimento
da coordenação e das inteligências, leva a criança a testar e conhecer novas
habilidades.
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Segundo especialistas, os jogos são instrumentos capazes de
possibilitar a formação de pessoas independentes, capazes de recriar
situações e não apenas repetir o que aprendem.
Conforme Kishimoto (1994), especialmente na Educação Infantil,
pedagogos e psicólogos têm dado grande atenção ao papel do jogo na
constituição das representações mentais e seus efeitos no desenvolvimento da
criança. Enquanto brinca, o indivíduo, vai garantindo a integração social além
de exercitar seu equilíbrio emocional e atividade intelectual.
Uma boa aprendizagem se dá através da motivação estimuladora e
criativa proporcionando assim prazer em aprender. O prazer, por sua vez, é
parte integrante do jogo, que oportuniza situações de aprendizagem que
garantam que cada aluno não aprenderá da maneira imposta ou desejada pelo
professor, isto é, cada aluno irá se desenvolver à sua maneira e ao seu ritmo
de forma integral.
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CAPÍTULO III
EDUCAÇÃO COM MUITA DIVERSÃO, O JOGO COMO
RECURSO PEDAGÓGICO NA ALFABETIZAÇÃO
Há décadas atrás a diversão não era permitida nas escolas.
Os corpos e mentes brincantes eram tolidos a todo instante. Somente os
mais rígidos e menos contestantes eram pertinentes ao modelo considerado.
Enfim a sociedade evoluiu e com ela as escolas também. Permitem e
propõem em seus currículos uma educação com muita diversão através de
jogos e outras atividades lúdicas.
Através dos jogos os alunos aprendem o conteúdo de maneira muito
mais significativa partindo dos princípios que estão mais envolvidos, felizes, e o
que se faz pela via do prazer fica registrado de maneira mais positiva em nosso
cérebro e porque vivenciam o conteúdo.
O educador que lança mão do lúdico em suas atividades educacionais
não está abandonando a seriedade e a importância dos conteúdos do currículo
escolar, pois o jogo, o fazer brincar, são indispensáveis para o
desenvolvimento infantil.
Para construir o conhecimento na etapa da alfabetização, a criança
precisa experimentar, é preciso oferecer o máximo de experiências possíveis
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para que ela possa construir seu conhecimento sobre o assunto e colocá-lo em
prática em suas atividades posteriores.
Como nos afirma a autora Meyer (2004):
“A brincadeira é um espaço de inovação para a criança
que experimenta comportamentos novos para ela,
desenvolvendo a sua criatividade, que é essencial para a
descoberta de suas competências.”
A capacidade de brincar possibilita às crianças um espaço para
resolução dos problemas que as cercam.
O jogo permite o desenvolvimento integral e uma visão de mundo mais
próxima da realidade. Através da criatividade e das descobertas, a criança
pode se expressar, analisar, criticar e transformar a realidade.
Portanto é de grande relevância a utilização de jogos durante o processo
pedagógico, pois os conteúdos podem ser ensinados por intermédio de
atividades lúdicas. O brincar torna-se sinônimo de aprender, pois brincar e
jogar geram um espaço para pensar, fazendo com que a criança avança no
raciocínio, desenvolve e organiza o pensamento, oportuniza contatos sociais,
trazendo a compreensão do meio, desenvolvendo criatividade e satisfazendo
desejos.
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3.1 Quando e como usar o jogo como recurso pedagógico
O jogo e o brincar são experiências vivenciais prazerosas. Quando o
professor utiliza ferramentas em suas aulas, cria oportunidade da
aprendizagem se construir em um momento prazeroso.
A escola ao valorizar os jogos, o brincar, ajuda a criança a formar um
bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a criatividade
estimulada e a socialização vivenciada.
É através do lúdico que o indivíduo assimila os conceitos culturais nos
quais está inserido; a ele se integrando e adaptando-se.
A escola que tem como proposta o sucesso pedagógico e formação do
cidadão deve considerar em sua prática o jogo, o lúdico.
Alguns elementos devem ser levados em consideração ao se aplicarem
os jogos nas atividades escolares como:
a) Estes devem constituir-se, em sua natureza, desafiadores para que
contribuam para a autoestima do aluno. Se faz importante que o
professor proponha desafios estimuladores, com nível de dificuldade
ideal ao grupo.
b) Devem ser utilizados, segundo Antunes (2004), como uma ferramenta
de combate à apatia.
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c) O espaço deve possuir as condições ambientais e espaciais necessárias
para sua aplicação e execução.
d) As crianças devem ter todas as suas dúvidas sanadas e devem ser
estimuladas a buscarem seus próprios caminhos durante as atividades
propostas.
Pois, como afirma Celso Antunes (2004, p.40):
“O jogo somente tem validade se for usado na hora certa
e essa hora é determinada pelo seu caráter desafiador,
pelo interesse do aluno e pelo objetivo proposto.”
O jogo nunca deve ser oferecido antes que o aluno apresente
maturidade para corresponder ao desafio proposto, caso contrário poderá
encarar tal atividade como fracasso, tornando-se totalmente desmotivador.
Cabe ao professor analisar e apontar os desafios que se tornarão
estimuladores na execução do jogo com seus alunos; sendo capaz de oferecer
um ambiente de aprendizagem estimulador e prazeroso, tornando o momento
do aprender, um momento divertido que vai de encontro ao seu objetivo que é
desenvolver o indivíduo de forma global.
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3.2 Algumas propostas de jogos pedagógicos para a alfabetização
* Jogos com gibis
Material: variedade de histórias em gibis ou tirinhas de histórias em
quadrinhos.
Quando a turma está no início da alfabetização propõe-se tal atividade
para que as crianças observem as ilustrações e busquem sentido à história.
Pode colocar a sequência da história fora de ordem para que eles a organizem
dando sentido.
Para a turma já alfabetizada, pode pedir que criem novas histórias
originais ligadas ao conteúdo aprendido.
• Bingo ditado dos encontros vocálicos
Material: cartolinas cortadas (10X15), divididas em seis espaços,
pequenos botões ou grãos de feijão para as crianças marcarem os
encontros vocálicos sorteados em suas cartelas, saco surpresa
contendo os encontros vocálicos para serem sorteados.
Distribuir uma cartela para cada criança e pedir que escrevam em cada
espaço um encontro vocálico já estudado por eles. Após, o professor
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sorteará um encontro e a criança que tiver este encontro em sua cartela,
deverá marca-lo.
A criança ao término do bingo poderá colar sua cartela no caderno e
escrever frases ou ainda criar novas fichas com ilustrações dos
encontros contidos em sua cartela. Neste caso, a produção final poderá
ser aproveitada para ser exposta no mural da sala.
Este tipo de bingo pode ser feito com numerais, para trabalhas as
operações matemáticas básicas, com palavras e gravuras.
• Jogo da forca
Material: caixa surpresa com diversas figuras contendo as palavras que
já fazem parte do vocabulário das crianças.
O professor deve pedir a um aluno que retire uma figura da caixa e
apresente para a turma. Após apresentar, deverá marcar no quadro o
número de letras necessárias para escrevê-la. Os alunos devem
escolher as letras corretas que irão compor a palavra. A cada erro, vai
compondo-se o boneco da forca. As palavras acertadas podem ser
usadas posteriormente para serem ilustradas, para construírem frases
ou ainda comporem uma produção textual.
• Bingo dos adjetivos
Material: figuras coloridas de objetos variados recortados de revistas,
como por exemplo, frutas, caneta, cadeira, animais. Colar estas em
quadrados feitos de cartolina, formando cartões. Fazer o número de
cartões de acordo com a turma, fazendo com que cada criança receba
pelo menos dois.
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Distribuir as figuras entre as crianças e sortear os seus nomes. O aluno
que estiver com esta figura deverá apresentá-la nomeando suas
qualidades. Exemplos: caneta nova, cachorro feroz.
A professora para registrar tal atividade, poderá fazer o varal dos
adjetivos. A criança escreve três qualidades para cada figura, no próprio
cartão e depois pendura em um varal na sala de aula.
• Quebra-cabeça
Material: cartolina recortada em tamanhos (10X15), formando cartões.
Figuras recortadas de revistas ou desenhadas pelas crianças, assim
participarão da confecção do próprio jogo.
Na metade do cartão colar a figura recortada ou desenhada, na outra
metade, escrever o nome da figura. Recortar cada cartão de modo que
as duas peças se encaixem depois.
A tarefa das crianças é montar o quebra-cabeça nomeando os
elementos das figuras, reconhecendo as letras que compõem a palavra.
• Jogo da ordem alfabética
Material: palavras coladas ou digitadas em pedaços de cartolina
(10X10), papel contact para plastificar o material.
As crianças, divididas em duplas ou em grupos, escolherão oito cartões
e deverão organizar as palavras contidas neles em ordem alfabética.
• Quebra-cabeça dos ordinais
Material: cartelas de cartolinas divididas em três partes. Na primeira
parte registrar o número 1, na segunda escrever o mesmo número por
extenso e na terceira parte o ordinal do número 1. Fazer assim,
sucessivamente, até os numerais ordinais estudados pelas crianças.
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Cada grupo ou dupla, deverá receber um jogo para montá-lo,
identificando a ordem numérica e a sequência dos números ordinais.
CONCLUSÃO
Através desta pesquisa percebemos o valor do jogo como recurso
pedagógico que favorece o desenvolvimento da leitura e da escrita, facilitando
a construção do conhecimento na criança.
O educador deve procurar inserir os jogos de acordo com o interesse e
necessidades apresentadas pela turma, inovando as atividades em sala de
aula de acordo com um planejamento prévio que valoriza as experiências de
vida dos alunos.
Quando os professores utilizam os jogos como recurso didático,
percebem que o processo ensino-aprendizagem torna-se mais eficaz, já que as
crianças se empenham mais e se sentem estimuladas.
Portanto, deve-se valorizar o espaço escolar e criar oportunidades para
que a criança se desenvolva de forma estimulante, prazerosa e ativa. O
processo ensino-aprendizagem favorecido através de jogos, constituirá um
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momento agradável para aquisição do conhecimento e desenvolvimento da
linguagem, importante não somente para alfabetização e letramento das
crianças, mas para sua formação integral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Janeiro: Vozes, 2013.
COSTA, Maria Luiza A. da. Piaget e a intervenção Psicopedagógica. São
Paulo: Olho d’ Água, 2003.
FERREIRO, Emília e Ana Teberosky. Psicogênese da língua escrita. Porto
Alegre: ARTMED Editora, 2008.
KISHIMOTO, Tizuko M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira,
2003.
28
MALUF, Angela C. M. Atividades lúdicas para Educação Infantil. Rio de
Janeiro: Vozes,2008.
MEYER, Ivanise C. R. Brincar e viver. Projetos em Educação Infantil. Rio de
Janeiro: WAK, 2003.
MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto
Alegre: ARTMED Editora, 2002.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança, imitação, jogo, sonho,
imagem e representação do jogo. São Paulo: Zahar, 1971.
PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. São Paulo: LTC, 1987.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2013.
TFOUNI, Leda V. Letramento e alfabetização. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2010.