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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA
ALAVANCAGEM FINANCEIRA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO
EMPRESARIAL
Por: Leila da Costa Azevedo
Orientadora
Profª. ALEKSANDRA SLIWOWSKA
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA
ALAVANCAGEM FINANCEIRA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO
EMPRESARIAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Finanças e Gestão Corporativa.
Por: Leila da Costa Azevedo
3
AGRADECIMENTOS
....aos professores da AVM, que
possibilitaram o enriquecimento de meus
conhecimentos, e em especial ao
professor Pedro Paulo que foi minha
motivação no desenvolvimento deste
tema, através de suas excelentes aulas
ministradas com qualidade e que me
esclareceram vários aspectos que me
suscitavam dúvidas. Mestres, obrigada!
4
DEDICATÓRIA
/..aos meus filhos, Caio e Laís, que onde
quer que eu esteja estarão sempre comigo,
seja no meu dia a dia, nas fotos em minha
carteira ou no meu trabalho e principalmente
no meu coração. São vocês que me inspiram
para alcançar meus objetivos sempre me
dando forças para continuar, apesar das
dificuldades. Meus filhos, obrigada! E que
seus filhos possam dar-lhes as alegrias que
vocês conseguem me dar.
5
RESUMO
O presente trabalho aborda as formas de estrutura de capital empregadas
pelas companhias e sua relação com a alavancagem financeira das mesmas. O
perfil da gestão empresarial é mostrado como um dos principais influenciadores no
processo de alavancagem financeira. Os pontos positivos e negativos do
endividamento são levantados, e o conceito de estrutura ótima é discutido, bem
como os limites para o uso do capital de terceiros.
É abordada também a importância que o ambiente empresarial impõe sobre
os gestores financeiros no momento da decisão sobre a estrutura de capital de
suas empresas.
Além disso, a disposição para correr risco é de caráter pessoal,
caracterizando a opção de cada organização de acordo com o entendimento e a
estratégia financeira adotada por seus administradores.
6
METODOLOGIA
Para a efetivação deste trabalho, o objeto de observação e estudo utilizado
foi a pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa e análise descritiva.
Em relação aos processos de coleta de informações, se deu por meio da
investigação bibliográfica, que tem o intuito de fornecer material teórico necessário
à realização de qualquer pesquisa, através do uso de material já elaborado, desde
publicações avulsas, jornais, revistas, livros, monografias, teses e outros.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Capital Próprio X Capital de Terceiros 10
CAPÍTULO II - Alavancagem 15
CAPÍTULO III – Vantagens e Desvantagens do Uso do
Capital de Terceiros 20
CAPÍTULO IV - Definição da Estrutura de Capital Desejada 22
CAPÍTULO V - Limites Quanto ao Uso do Capital de Terceiros 24
CONCLUSÃO 26
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 28
BIBLIOGRAFIA CITADA 30
ÍNDICE 31
8
INTRODUÇÃO
As companhias podem financiar suas atividades pelo uso de recursos
próprios e/ou de terceiros que, unidos, compõem sua estrutura de capital. Apesar
da estrutura de capital ser uma das áreas mais complexas na tomada de decisões
financeiras, devido ao seu inter-relacionamento com outras variáveis de decisões
financeiras, uma determinada estrutura de capital pode maximizar os lucros da
empresa e servir como ótima ferramenta de alavancagem financeira.
As organizações se deparam com ambientes complicados e modificáveis. O
programa de operações financeiras consiste em planejar as despesas e receitas
financeiras, bem como as fontes e condições gerais dos financiamentos e exige
um intenso conhecimento do mercado financeiro e da economia brasileira.
A riqueza das empresas é aumentada pela aquisição de ativos que,
constantemente, são financiados pelo capital próprio e/ou de terceiros. As análises
feitas a partir dos princípios da alavancagem financeira criam oportunidades de
gerenciamento dos negócios de forma a alcançar a maximização do lucro com
consequente criação de valor para o acionista/sócio.
O presente trabalho discute as formas de estrutura de capital utilizadas pelas
empresas e sua relação com a alavancagem financeira das mesmas. O perfil da
gestão é mostrado como um dos principais influenciadores no processo de
alavancagem financeira. Os pontos positivos e negativos do endividamento são
mostrados, e ainda será abordado o conceito de estrutura ótima de capital.
9
No capítulo I serão definidos os tipos de capital que compõem a estrutura
de capital de uma empresa, de que forma é formado o Custo Médio Ponderado de
Capital (CMPC ou WACC), sendo evidenciada a relevância de se definir uma
estrutura de capital e mostra também como é estimado o custo de financiamento
tanto através de capitais de terceiros como de capital próprio.
O capítulo II tem o propósito de esclarecer o que é alavancagem,
detalhando os três principais tipos de alavancagem: operacional, financeira e
combinada e como seu uso traz benefícios para a empresa e consequentemente
para seus sócios/acionistas.
No capítulo III serão abordadas as vantagens e desvantagens no uso do
capital de terceiros.
O capítulo IV define a imporância da definição do uso da estrutura de
capital desejada e finalmente o capítulo V demonstra que existe limite quanto ao
uso de capital de terceiros, pois seu uso deve ser adequado com o intuito de não
acarretar consequências negativas para a empresa.
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CAPÍTULO I CAPITAL PRÓPRIO X CAPITAL DE TERCEIROS
O custo total de capital de uma empresa representa as expectativas
mínimas de remuneração das diversas fontes de financiamento (próprios e de
terceiros) lastreando suas operações. É um conceito essencial para toda decisão
financeira e pode ser entendido como o retorno médio exigido para toda a
empresa. O custo de capital para uma empresa pode ser usado como uma medida
de avaliação da atratividade econômica de um investimento, de referência para a
análise de desempenho e viabilidade operacional e de definição de uma estrutura
ótima de capital.
1.1 - Capital
Capital é o conjunto de recursos postos à disposição da empresa, seja por
terceiros (financiamentos e fornecedores) ou por proprietários (patrimônio líquido).
1.1. 1 – Capital Próprio
Constitui a riqueza líquida à disposição dos proprietários. É a soma do
capital social, suas variações, os lucros e as reservas. Ou seja, é aquele que se
origina da própria atividade econômica do empreendimento.
11
1.1.2 – Capital de Terceiros
Corresponde ao passivo exigível (obrigações) da empresa e representa os
investimentos feitos com recursos de terceiros. Esses recursos podem ser
representados pelos financiamentos, que geralmente são onerosos, ou por
fornecedores.
1.2 - O que é Custo de Capital?
O Custo Médio Ponderado do Capital (CMPC) é a taxa adequada para
descontar o fluxo de caixa operacional porque reflete o custo de oportunidade dos
provedores de capital, ponderado pela estrutura de capital destas.
Os provedores de capital esperam ser remunerados a uma taxa que
compense o risco de seus investimentos. Os retornos esperados pelos portadores
de títulos de dívida da empresa e pelos seus acionistas representam, para ela, o
custo do financiamento através de capitais de terceiros e do capital próprio no
capital total da empresa, compõem o Custo Médio Ponderado do Capital ou
Weighted Average Cost of Capital - WACC.
1.3 - Estrutura de Capital
Um importante fator na composição do Custo Médio Ponderado de Capital
refere-se à suposição de que a estrutura de capital vigente à época da avaliação
permanecerá constante durante a vida útil da empresa.
12
A administração da empresa pode, por exemplo, adotar uma política
temporária que altere o seu mix de capitais próprios e capitais de terceiros. Isto
afetaria diretamente o Custo Médio Ponderado de Capital da empresa, fazendo
com que seu valor fosse superestimado ou subestimado.
Desse modo, faz-se necessário definir uma estrutura de capital alvo, que
considere a estrutura de capital da empresa ao longo do tempo, e que seja
compatível com a estrutura de capital das empresas do mesmo setor de atuação.
1.4 - Custo do Financiamento através de Capital de Terceiros
O custo do financiamento através de capitais de terceiros representa o
custo da dívida para uma empresa. Este custo é equivalente à taxa de juros de
mercado para um financiamento com o mesmo nível de risco representado pela
empresa.
O custo da dívida representa o custo futuro da dívida atual e de novos
financiamentos no longo prazo. Pode ser encarado, assim, como a taxa de juros
de mercado de longo prazo. Ou seja, uma análise de custo de capital não deverá
necessariamente levar em consideração o custo presente da dívida, e sim seu
custo “marginal” ou de reposição.
O custo do financiamento com capitais de terceiros além de deduzir o
pagamento dos juros do imposto de renda da empresa, é menor que o custo do
financiamento com capitais próprios porque os portadores de títulos da dívida
exigem um menor retorno em relação ao retorno exigido pelos acionistas. Isto
porque os credores da empresa têm preferência sobre os acionistas quando da
13
liquidação financeira da mesma e incorrem em um menor risco, já que sua
remuneração é fixa, enquanto a remuneração do capital próprio depende do
desempenho da empresa.
Cabe ressaltar, que o custo do capital de terceiros são os juros. A
amortização do principal faz parte do chamado serviço da dívida, mas não é custo
da operação. É comum que muitas empresas operem com razoável desempenho
econômico, porém com dificuldades não pelo pagamento dos juros, mas sim pela
amortização do principal.
Grandes empresas tem acesso à emissão de papéis no mercado interno,
como as debêntures, e emissão de papéis no exterior, que permitem um
gerenciamento de passivos pagando-se os juros e renovando-se o principal. Faz
todo o sentido, pois a definição de um financiamento de projeto é estrutural, e não
conjuntural como um financiamento de capital de giro. Empresas que operam
dentro deste contexto podem ter políticas de endividamento mais agressivas, com
redução de seu custo de capital.
Pequenas e médias empresas geralmente tem acesso apenas a
financiamento que tem que ser totalmente pagos, juros e principal. Portanto, sua
política de endividamento dverá ser mais cautelosa.
1.5 - Custo do Financiamento através de Capital Próprios
O custo do financiamento através de capitais próprios é estimado pelo
modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model), que determina o custo do capital
acionário da empresa através do retorno esperado pelo investidor, dado o nível de
14
risco incorrido.
De acordo co Assaf Neto (2005):
O CAPM é amplamente utilizado no processo de avaliação
de tomada de decisões sob condições de risco, sendo pos-
sível, também, apurar-se a taxa de retorno exigida pelos in-
vestidos, bem como o coeficiente beta das empresas, que
representa um incremento necessário no retorno de um ativo
de forma a remunerar satisfatoriamente seu risco sistemático
O retorno que os investidores esperam ganhar sobre um in-
vestimento patrimonial, dado o risco a ele inerente, se torna
o custo do patrimônio líquido para os gerentes da empresa.
Economicamente, o custo de capital da empresa é um custo de ocasião e
representa a taxa de retorno da melhor sugestão de investimento disponível. Para
os empresários, essa consideração coincide o retorno da melhor chance de
investimento que fora abdicada quando da decisão de investir na empresa.
15
CAPÍTULO II
ALAVANCAGEM
No mundo dos negócios, alavancagem é o processo que emprega recursos
de terceiros com a intenção de aumentar os ganhos sobre o capital próprio. Deste
modo, a análise da alavancagem financeira ou operacional busca demonstrar a
relevância do capital de terceiros, na estrutura de capital de uma empresa,
visando maximizar o lucro de seus sócios.
A complexidade das relações econômicas ultimamente existentes no
mundo dos negócios torna o papel das empresas, independentemente de sua
dimensão e segmento de atuação, bastante desafiador, modificando o correto
perfil das relações financeiras em uma postura concorrente e extremamente
importante. A principal finalidade de qualquer empresa é ter seu valor elevado ao
máximo por meio da fabricação de bens ou prestação de serviços para venda no
mercado.
Os dispêndios financeiros podem desempenhar forte impacto sobre o lucro
das empresas. A administração eficaz das despesas financeiras consiste em
planejar, controlar e analisar adequadamente, abrangendo perfeitamente sua
natureza e seu mecanismo, para maximizar a utilidade dos recursos financeiros
postos à disposição da empresa.
O programa de operações financeiras, que alcançam o planejamento das
despesas e receitas financeiras, bem como as fontes e as condições gerais dos
financiamentos, exige um intenso conhecimento do mercado financeiro e da
economia brasileira. A preparação da avaliação de despesas financeiras
16
determina a definição clara e objetiva de premissas e critérios fundamentais,
analisando os possíveis cenários econômicos durante o tempo de vida útil da
empresa.
2.1 - Alavancagem Operacional
Alavancagem operacional, é quando o aumento das receitas e lucros antes
de juros, e nem sempre a ampliação de vendas representa o aumento dos lucros,
pois, vender mais pode ocasionar uma elevação em seus gastos operacionais, e
em determinados casos pode até acarretar a perda de lucratividade. Dessa forma,
para evitar que o aumento das vendas tenha um impacto negativo é necessário
efetuar os ajustes nas vendas, e assim atingir maior lucratividade.
A decisão de investimento empregando recursos próprios e de terceiros é
determinada pela perspectiva de maior rentabilidade sobre os capitais alocados.
Pode-se completar que somente é saudável utilizar capitais dispendiosos quando
a alavancagem operacional do empreendimento for superior ao respectivo ônus.
A relevância do conhecimento do grau de alavancagem operacional para o
gestor financeiro é o benefício em distinguir o impacto de uma possível alteração
nas vendas sobre os resultados operacionais. Algumas vezes como consequência
deste conhecimento, a empresa pode operar algumas transformações na sua
política de preços ou na constituição de seus custos. Em geral, as empresas não
desejam trabalhar com altos graus de alavancagem operacional, pois, facilmente
uma pequena mudança nas vendas pode implicar em resultados operacionais
negativos.
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2.2 - Alavancagem Financeira
Alavancagem financeira é uma estratégia orientada para a captação de
recursos em instituições financeiras, com taxas de juros planejadas, com a
finalidade de compor a estrutura de capital de uma empresa, desde a sua criação
e durante toda a sua atividade econômica. A alavancagem financeira
profissionalmente contratada busca uma fonte de capital com taxa de juros inferior
ao custo do capital dos acionistas.
Alavancagem financeira é isso, a “alavanca” que esta captação produz no
rendimento dos acionistas. Ocorre quando os recursos de terceiros originam
resultados sobre o patrimônio líquido, é como se o capital de terceiros usando
uma alavanca gerasse efeitos positivos ou negativos sobre o patrimônio líquido.
Martins e Assaf Neto (1986, p. 205) destacam que:
Alavancagem financeira é o efeito de tomar, numa ponta,
recursos de terceiros a um custo y, aplicando-se na outra
ponta (nos ativos) uma taxa x; a diferença vai para os proprie-
tários e altera seu retorno sobre o patrimônio líquido, para
mais ou para menos do que aquele que seria obtido caso to-
do o investimento fosse feito apenas com recursos próprios.
A alavancagem financeira equivale ao gasto de se produzir um bem, antes
que caiam sobre eles os impostos e as obrigações auxiliares decorrentes do
regime de competência que é o que guia esse tipo de alavancagem. A relevância
da alavancagem financeira para as empresas está exatamente na área mais
18
sensível delas, no setor administrativo e sobretudo no financeiro, pois uma boa
alavancagem nestes departamentos pesará em todos os demais da empresa,
tendo em vista que se trata de uma questão que não se limita exclusivamente a
setores e sim a todo contexto da organização, sempre com perspectivas de lucros
mais elevados.
Como cada empresa dispões de uma estrutura financeira e operacional
própria e individualizada, o emprego de capitais de terceiros em organizações
diferentes produz resultados diferentes em termos de alavancagem. Então diz-se,
que o grau de alavancagem financeira adequado de uma empresa é a coerência
entre o endividamento de longo prazo e a taxa de juros obtida no capital
empregado pela empresa.
2.3 - Alavancagem Combinada
Existe a possibilidade de conjugar as duas alavancagens demonstradas
anteriormente.
De acordo com Braga (1989):
Todas as empresas têm custos operacionais fixos e estão
sujeitas aos efeitos da alavancagem operacional. Por outro
lado, é dífícil encontrar uma empresa que não apresente des-
pesas financeiras e esteja imune à alavancagem financeira.
Desse modo, praticamente todas as empresas apresentam
efeitos conjuntos dessas alavancagens, conhecidos por ala-
19
vancagem total ou combinada.
A alavancagem operacional e a alavancagem financeira podem ser
associadas de diversas formas, de modo a obter um grau de alavancagem
combinada ou total desejável e, portanto, um apropriado grau de risco total da
empresa; alto risco de negócio pode ser admitido por um baixo risco financeiro e
vice-versa.
O importante é exercitar a alavancagem combinada, buscando ligar a
alavancagem operacional com a financeira, para tornar mínimos os custos
operacionais e financeiros, aprimorando seu resultado para aumentar os lucros da
organização, gerando valor para os acionistas/sócios.
20
CAPÍTULO III VANTAGENS E DESVANTAGENS NO USO DO CAPITAL
DE TERCEIROS
3.1 - Vantagens da Alavancagem Financeira
• Compor a estrutura de capital da empresa;
• Redução do custo de capital da empresa;
• Reduzir a participação intensiva de capital dos acionista;
• Proporcionar o benefício fiscal dos juros;
• Reduzir o custo médio do capital da empresa;
• Promover retorno privilegiado de capital para os acionistas.
3.2 - Desvantagens da Alavancagem Financeira
• O maior risco da inadimplência em função dos impactos
decorrentes;
• A senioridade dos bancos aumenta o risco dos acionistas;
• As garantias patrimoniais da empresa ficam comprometidas
com o credor;
• A empresa deve negociar a distribuição dos lucros para
manter a relação debt/equity;
• A empresa aceita e se submete a um controle indireto do
credor.
Em regra acréscimos na alavancagem resultam em elevação de risco e de
rentabilidade; diminuições na alavancagem derivam em menor risco e menor
retorno. A alavancagem financeira é positiva quando recursos de fora da
21
organização de longo prazo de terceiros ocasionam efeitos positivos sobre o
patrimônio líquido. Os recursos de terceiros de prazo extenso só são benéficos
para uma empresa se o retorno sobre o patrimônio líquido for menor que seu
custo de capital. De nada serviria a uma organização capturar recursos a longo
prazo, se estes provocassem com que a rentabilidade sobre o patrimônio líquido
retornasse à sua postura anterior a da captação.
O emprego de capital de terceiros gera resultados positivos para a empresa
em decorrência do benefício fiscal contraído por meio da dedução no pagamento
do imposto de renda corporativo dos juros da dívida.
Ainda que o entendimento da alavancagem financeira seja difícil, devemos
lembrar que a organização que se endivida o faz mediante uma taxa, taxa esta
que precisará ser no mínimo igualada operacionalmente, para que não acarrete
prejuízo.
Ross et al (1995, p.34) explica que:
Como o benefício fiscal se eleva com o nível do capital de
terceiros, a empresa pode aumentar seu fluxo total de caixa
e seu valor na importância da estrutura de capital de uma
empresa, uma vez que, elevando o quociente entre capital
de terceiros e capital próprio, a empresa pode reduzir seus
impostos e, consequentemente, aumentar seu valor total.
A busca da eficiência financeira consiste no desenvolvimento de estratégias
que visem o aumento dos lucros da organização e consequentemente a
maximização da riqueza para os seus acionistas/sócios.
22
CAPÍTULO IV DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA DE CAPITAL DESEJADA
As fontes de recursos de uma empresa (passivo) sempre são estruturadas
de alguma forma, independentemente dessa estrutura ser o reflexo de um prévio
planejamento ou não. Essa estrutura de capital, para que seja eficiente e sirva
como alavanca para o desenvolvimento empresarial, precisa ser definida de
acordo com alguns princípios básicos.
BRIGHAM e HOUSTON (1999) explicam que quatro fatores principais
influenciam as decisões sobre a estrutura de capital:
1. O risco do negócio, ou o grau de risco inerente às operações da
empresa, caso não utilize capital de terceiros. Quanto maior for o risco do negócio,
mais baixo será o grau de endividamento ótimo.
2. A posição tributária da empresa. Uma das principais razões para se usar
capital de terceiros é que os juros podem ser deduzidos para fim de impostos, o
que reduz o custo efetivo da dívida. No entanto, se a maior parte do lucro de uma
empresa já está protegida da tributação por meio de escudos tributários de
depreciação ou por compensação de prejuízos fiscais anteriores, sua alíquota de
impostos será baixa, de modo que a dívida nào será tão vantajosa quanto seria
para uma empresa com uma alíquota de impostos efetiva mais alta.
3. Flexibilidade financeira, ou capacidade de levantar capitais sob
condições razoáveis em situação adversa. Os administradores financeiros de
empresa sabem que uma oferta uniforme de capital é necessária para operações
estáveis - o que é vital para o sucesso a longo prazo. Eles também sabem que,
quando há redução de crédito na economia, ou quando uma empresa está
passando por dificuldades operacionais, os provedores de capitais preferem
fornecer fundos a empresas com balanços patrimoniais fortes. Portanto, tanto a
23
necessidade potencial futura de fundos como as consequências de uma
deficiência de fundos têm grande influência na estrutura de capital desejada -
quanto maior for a necessidade futura provável de capital e quanto pior forem as
consequências de uma falta de capital, mais forte precisa ser o balanço
patrimonial.
4. Conservadorismo ou agressividade da administração. Alguns
administradores são mais agressivos que outros e por isso algumas empresas são
mais propensas à utilização de dívidas para alavancar os lucros. Este fator não
afeta a estrutura de capital ótima ou maximizadora de valor, mas influencia a
estrutura de capital desejada.
A estrutura escolhida com base nestes princípios será chamada de
estrutura de capital desejada. Essa estrutura não é estática, podendo mudar ao
longo do tempo, à medida que mudam as condições, mas, em qualquer dado
momento, a gerência tem em mente uma estrutura de capital específica
(BRIGHAM e HOUSTON, 1999, p. 449). Esse grau de endividamento existente é
monitorado para que fique dentro de uma variação previamente estabelecida. Se,
por exemplo, na composição de sua estrutura, uma empresa optar por manter o
capital de terceiros em torno de 45%, e se, por qualquer motivo, este índice
começar a crescer, é provável que os recursos para a nova expansão deverão
originar-se de financiamento interno a fim de ajustar a quantidade de capital
próprio e capital de terceiros.
Desta forma, entende-se a alternância entre fontes internas e externas de
financiamento como o mecanismo básico qua as empresas utilizam para fazer
com que a sua estrutura de capital real esteja sempre igual ou próxima de sua
estrutura de capital desejada.
24
CAPÍTULO V LIMITES QUANTO AO USO DO CAPITAL DE TERCEIROS
O endividamento acrescenta um risco financeiro ao risco do negócio, o que
pode fazer com que algumas empresas decidam por níveis de risco de acordo
com a agressividade administrativa da empresa.
Não se pode esquecer que o que produz valor não é o passivo, mas sim os
ativos. Sendo assim, se a empresa que capta dinheiro no mercado não consegue
gerar valor em suas operações, então o endividamento não é apenas inútil mas
também prejudicial à empresa.
Segundo FAMA e MELHER (1999), a alavancagem financeira pode gerar
alguns problemas para a empresa, a saber:
1. Elevação do risco, tendo em vista que os juros acabam se constituindo numa
modalidade de custo fixo, gerando risco financeiro.
2. Existência do denominado “custo de falência”, em parte também ligado ao risco
do negócio.
3. Risco de flutuação para maior da taxa de juros ao longo do tempo.
Ainda, conforme FAMA e MELHER (1999):
O capital de terceiros tem diversas vantagens. Primeiro, os juros são
dedutíveis para fins de imposto, o que reduz o custo efetivo da dívida. Segundo,
como os portadores dos títulos de dívida obtêm um retorno fixo, os acionistas não
precisam partilhar seus lucros se os negócios forem extremamente bem
25
sucedidos. No entanto, o capital de terceiros também tem desvantagens. Primeiro,
quanto maior for o grau de endividamento, mais alta será a taxa de juros.
Segundo, se uma empresa enfrenta tempos difíceis e o lucro operacional não é
suficiente para cobrir os pagamentos de juros, os acionistas terão que cobrir a
diferença e, se não puderam fazê-lo, a empresa irá à falência. Épocas boas
podem estar logo adiante, mas o excesso de dívidas ainda pode impedir a
empresa de chegar lá e ainda arruinar os acionistas nesse meio-tempo.
Esses são apenas alguns problemas que podem ser causados pelo
endividamento da empresa. Mas, sem dúvida, os dados aqui abordados servem
como uma ótima referência para a decisão de se útilzar da alavancagem
financeira ou não.
26
CONCLUSÃO
É indiscutível que a administração financeira e seus desdobramentos são
de extrema importância para a organização. No tocante à alavancagem financeira
é um recurso que geralmente desempenha influência positiva,tendo em vista que
o custo do capital de terceiros é menor que o custo de capital próprio.
Não há uma fórmula específica que possa calcular o quociente entre
capital de terceiros e capital próprio para todas as empresas. A procura por
capitais para financiar investimentos é uma batalha intensa para qualquer
organização. As linhas de empréstimos são poucas e onerosas devido ao elevado
custo de capital, o que dificulta a obtenção de capital tornando-se um impedimento
para as empresas, que muitas vezes buscam recursos mais baratos no exterior.
Na verdade, as decisões financeiras não são adotadas em ambiente de total
certeza com relação a resultados. Em geral, por estarem essas decisões
necessariamente voltadas para o futuro, é imperativo que se considere a variável
incerteza como um aspecto relevante das operações no mercado financeiro.
Porém, é sabido que o custo deo financiamento com capitais de terceiros
além de deduzir o pagamento dos juros no imposto de renda da empresa, é menor
que o custo do financiamento com capitais próprios, pois exigem um menor
retorno em relação ao retorno exigido pelos acionistas. Porém deve haver um
balanceamento quanto a estrutura de capital para que não seja gerado um
excesso de dívidas, que poderá levar a empresa à falência e consequente prejuízo
aos acionistas.
27
Através da utilização de uma adequada estratégia operacional e financeira
de seus negócios, a empresa terá a possibilidade de alavancar seus resultados,
de modo que crie cada vez mais valor para a empresa e retorno para seus
acionistas/sócios.
28
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ASSAF NETO, Alexandre Finanças Corporativas e Calor, 2ª ed., São Paulo:
Atlas, 2005.
BODIE, Z e MERTON, R.C., Finanças, Porto Alegre: Bookman, 1999. .
BRAGA, Roberto, Fundamentos e técnicas de Administração Financeira, São
Paulo: Atlas, 1989
BREALEY, R.A. e MYERS, S., Princípios de Finanças Empresariais, 5ª ed.,
Portugal: McGraw-Hill, 1998.
BRIGHAM, E.F. e HOUSTON, J.F, Fundamentos da Moderna Administração
Financeira, Rio de Janeiro: Campus, 1999.
DAMODARAN, Aswath, Finanças Corporativas – Teoria e Prática, 2ª ed., Porto
Alegre: Bookman, 2004.
FAMA, R. e MELHER, S., Estrutura de Capital na América Latina: Existiria uma
Correlação com o Lucro das Empresa? IV SEMEAD, outubro, 1999.
GITMAN, L., Princípios de Administração Financeira, 7ª ed., São Paulo: Harbra,
1997.
29
MARTINS, Eliseu e ASSAF NETO, Alexandre, Administração Financeira: As
Finanças das Empresas sob Condições Inflacionárias, São Paulo: Atlas, 1986.
ROSS, S.A.; WESTERSSAF, NetoFIELD, R.W. e JAFFE, J.F., Administração
Financeira, São Paulo: Atlas, 1995.
WESTON, J.F. e BRIGHAM, E.F., Fundamentos da Administração Financeira, 10ª
Ed., São Paulo: Makron Books, 2000.
30
BIBLIOGRAFIA CITADA
1 - ASSAF NETO, Alexandre Finanças Corporativas e Calor, 2ª ed., São Paulo:
Atlas, 2005.
2 - BRAGA, Roberto, Fundamentos e técnicas de Administração Financeira, São
Paulo: Atlas, 1989
3 - ROSS, S.A.; WESTERSSAF, NetoFIELD, R.W. e JAFFE, J.F., Administração
Financeira, São Paulo: Atlas, 1995.
4 - BRIGHAM, E.F. e HOUSTON, J.F, Fundamentos da Moderna Administração
Financeira, Rio de Janeiro: Campus, 1999.
5 - FAMA, R. e MELHER, S., Estrutura de Capital na América Latina: Existiria uma
Correlação com o Lucro das Empresa? IV SEMEAD, outubro, 1999.
31
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
CAPITAL PRÓPRIO X CAPITAL DE TERCEIROS 10
1.1 – Capital 10
1.1.1 – Capital Próprio 10
1.1.2 – Capital de Terceiros 11
1.2 – O que é Custo de Capital? 11
1.3 – Estrutura de Capital 11
1.4 – Custo do Financiamento através do Capital de
Terceiros 12
1.5 – Custo do Financiamento através do Capital
Próprio 13
CAPÍTULO II
ALAVANCAGEM 15
2.1 – Alavancagem Operacional 16
2.2 – Alavancagem Financeiral 17
2.3 – Alavancagem Combinada 18
32
CAPÍTULO III
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DO
CAPITAL DE TERCEIROS 20
3.1 – Vantagens da Alavancagem Financeira 20
3.2 – Desvantagens da Alavancagem Financeira 20
CAPÍTULO IV
DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA DE CAPITAL
DESEJADA 22
CAPÍTULO V
LIMITES QUANTO AO USO DO CAPITAL DE
TERCEIROS 24
CONCLUSÃO 26
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 28
BIBLIOGRAFIA CITADA 30
ÍNDICE 31