INTRODUÇÃO
Este dossiê foi elaborado com vistas a subsidiar o processo
de tombamento da Escola João Alcântara pelo Conselho de Patrimônio Cultural
de Porteirinha. Nele estão recolhidas informações históricas, pesquisadas em
fontes bibliográficas e orais, e arquitetônicas sobre a Escola. Além disso, possui
em anexo documentação cartográfica e fotográfica que auxiliam na identificação
e caracterização do bem.
HISTÓRICO DA ESCOLA ESTADUAL JOÃO ALCÂNTARA
A primeira escola de Porteirinha foi fundada no ano de 1912
pelo Sr. João Alcântara de Oliveira (Janjão de Grão-Mogol), vereador de Grão-
Mogol, município ao qual pertencia Porteirinha, quando Porteirinha era ainda um
povoado. O nome da escola não se sabe qual teria sido. Sua primeira professora
foi a normalista Dona Gregória Lima. A escola funcionava em uma casa situada
na antiga praça da Bandeira (atual praça Anfrísio Coelho), em frente à Igreja
Matriz de São Joaquim, ao lado do antigo hotel de Dona Lica.
No início a escola era mista, com meninos e meninas
estudando em uma mesma turma. Mas, logo depois houve um
desmembramento, ficando Dona Gregória com a classe feminina e o Sr. José
Américo Silveira com a classe masculina. A escola foi se expandido e em 30 de
junho de 1937, a escola passa a ter quatro classes, com os alunos cursando até
o 3º ano primário. Após “tirarem” o 3º ano os alunos saiam, geralmente, para
Montes Claros, Diamantina ou Salvador, onde “enfrentavam” o curso de admissão
ao ginásio. Nessa época a escola passa a funcionar na casa localizada na esquina
da praça da Bandeira com a rua Barão do Rio Branco, e a chamar-se Escolas
Reunidas, sendo a sua primeira diretora, Dona Rosalva Antunes da Silva. Dona
Palmyra conta que...
“Em outubro de 1941, quando aqui cheguei, eram 8 classes,
com 4 normalistas e 4 leigas, funcionando a primeira turma
de 4º ano – da qual fui professora, com alunas até mais velhas
do que eu (foi a minha primeira turma de alunos), tendo a
mais nova aluna 13 anos de idade. Sua diretora, Dona Rosalva
Antunes da Silva, regia classe e dirigia as Escolas Reunidas ao
mesmo tempo”.
Em 02 de julho de 1946, as Escolas Reunidas foi elevada a
Grupo Escolar João Alcântara, recebendo esse nome como forma de homenagear
o seu fundador. Como diretora, foi nomeada a professora Maria Lisbela Pereira,
esposa do Sr. Domingos Alcântara, sobrinho do fundador da escola.
Em 1955, a escola que muito vinha crescendo e precisava
ampliar seu espaço, passa a funcionar no prédio em que até hoje se encontra
instalada.
DESCRIÇÃO E ANÁLISE ARQUITETÔNICA
Edificação de grande simplicidade, construída em meados da
década de 50. Desenvolve-se em pavimento único de partido em "L" com
cobertura de duas águas de telha francesa.
A volumetria mostra corpo principal horizontal composto de
dois panos, com varanda nos fundos, e dois corpos dispostos perpendicularmente
ao corpo principal, sendo um corpo à direita em forma de "L" e um outro corpo
horizontalizado à esquerda. O pano de fachada mais avançado do corpo principal
recebe uma sequência de vãos, 8 pares, em verga reta, vedados em esquadrias
de metalon e vidro. No pano da fachada mais recuado localiza-se o hall de
entrada e a sala da secretaria, conformado por pórtico em verga reta e dois vãos,
vedados em esquadrias de metalon e vidro. A fachada posterior apresenta 4 vãos
– portas -, três vedados com folha metálica e um em madeira (mantendo a
vedação original).
DELIMITAÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
Para efeito de delimitação de perímetro de tombamento iremos
convencionar chamar de corpo anterior e corpo posterior os dois corpos
que compunham o partido original da edificação, enquanto que o outro
corpo que foi acrescido posteriormente e que se encontra paralelo ao que
chamamos corpo posterior, chamaremos simplesmente de acréscimo. O
perímetro de tombamento da Escola Estadual João Alcântara inscreve
área demarcada a partir dos eixos das suas fachadas, a saber:
P1 = Eixo da fachada principal do corpo anterior com a fachada lateral
direita.
P2 = Eixo da fachada lateral esquerda do corpo anterior com alinhamento
da varanda localizada na parte posterior do corpo.
P3 = Eixo do alinhamento da varanda com a fachada lateral direita do
acréscimo.
P4 = Eixo da fachada lateral direita do acréscimo com a fachada posterior
do mesmo corpo.
P5 = Eixo da fachada posterior do acréscimo com a fachada lateral direita
do corpo posterior.
P6 = Eixo da fachada lateral direita do corpo posterior com a fachada
posterior do mesmo corpo.
P7 = Eixo da fachada posterior do corpo posterior com a fachada lateral
esquerda.
P8 = Eixo da fachada lateral esquerda com a fachada principal do corpo
anterior.
P9 = P1.
JUSTIFICATIVA DA DEFINIÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
O perímetro de tombamento levando-se em consideração o
apelo da direção da escola e do corpo docente, que informaram os projetos que
a escola possui de ampliação de suas instalações para melhor atender o seus
alunos, como por exemplo a construção de um refeitório e de uma quadra
poliesportiva. Sendo assim, o perímetro de tombamento circunscreve-se ao pano
das fachadas do corpo principal (mais antigo) incorporando a ele o acréscimo
que foi feito posteriormente, onde hoje funcionam as instalações sanitárias.
DELIMITAÇÃO DO PERÍMETRO DE ENTORNO
A área de entorno do bem tombado constitui-se à partir dos eixos de
vias públicas, a saber:
P1 = Eixo da avenida Governador Valadares com rua José Izidrio.
P2 = Eixo da avenida Governador Valadares com a rua padre Feijó.
P3 = Eixo da rua Padre Feijó com a rua Marechal Floriano.
P4 = Eixo da rua Padre Feijó com a rua Pedro Caires.
P5 = Eixo da avenida major Fulgêncio com a rua Pedro Caires
P6 = Eixo da avenida Major Fulgêncio com a rua Alves.
P7 = Eixo da Alves com a rua José Izidrio.
P8 = P1
JUSTIFICATIVA DA DEFINIÇÃO DO PERÍMETRO DE ENTORNO
A definição do perímetro de entorno está baseada na busca
da preservação do ambiente original de surgimento da Escola. Sendo assim,
optou-se para incluir no seu perímetro de entorno a praça Tiradentes, que
também está sendo tombada, o trecho das ruas Marechal Floriano Peixoto e
Marechal Deodoro onde surgiram as primeiras casas da cidade.
DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
Fachada principal da Escola João Alcântara
Vista parcial do prédio da Escola João Alcântara
FICHA TÉCNICA
ELABORAÇÃO DO DOSSIÊ
Marcus Vinícius Carvalho Coelho
Teólogo / Consultor para Projetos Culturais, Ambientais e Educacionais.
Maria Rosemary de Oliveira
Historiadora
FOTOGRAFIAS
Vilson Alves Conceição
Fotógrafo.
PARECER PARA TOMBAMENTO
A edificação é simples, já tendo sofrido diversas
descaracterizações. Contudo, a Escola João Alcântara foi a primeira escola da
cidade. Possui, por isso, além de seu valor histórico, um grande valor afetivo para
a comunidade. Uma grande parte dos adultos que nasceu em Porteirinha e nela
ainda vive, estudou nessa escola. Naquelas salas, corredores e pátio ainda ecoam
as vozes de tantos que ali passaram e que hoje formam a liderança local.
Portanto, recomendo a Escola João Alcântara para tombamento como forma de
preservar um marco na história da cidade e as estórias e lembranças de tantos
que por ali passaram.