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SEXTA-FEIRA, 25 de Fevereiro de 2011Diário do Minho

www.diariodominho.pt Religião16

No dia 3 de Março, em Guimarães

Médicos católicos promovem debate

Oração de Taizé junta cristãos em Braga

Cristãos de diferentes tradições reúnem-se de novo,

no dia 1 de Março, pelas 21h15, na paróquia de S. Victor,

para um momento ecuménico de oração. A “Oração de

Taizé” deste mês tem como tema “Acreditar no perdão de

Deus”, uma das três partes em que se divide a “Carta do

Chile”, escrita pelo irmão Aloïs, para o encontro europeu

realizado, no final de 2010, em Roterdão, na Holanda.

Na sua reflexão sobre o perdão, o actual prior da Co-

munidade de Taizé escreve: «O desejo de perdoar é já um

primeiro passo, mesmo quando esse desejo permanece

submerso pela amargura. Acolher e transmitir o perdão

de Deus: foi esta via que Cristo abriu».

Fica o convite a quem desejar descobrir que «o perdão

recebido ou dado é criador de alegria», como sublinha

o irmão Aloïs.

Para mais informações consultar: http://taizebraga.

wordpress.com.

Focolares de Braga promovem encontro com Palavra de Vida

O Movimento do Focolares em Braga, vai realizar

amanhã o habitual encontro da Palavra de Vida. O

encontro realiza-se das 15h00 às 16h30, nas Oficinas de

S. José, em Braga, e é aberto a todos: adultos, jovens

adolescentes e crianças.

O núcleo de Braga da As-sociação dos Médicos Católi-cos Portugueses (AMCP), pro-move um debate público, no próximo dia 3 de Março, pe-las 21h30, no salão nobre da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães.

A tertúlia, intitulada “Espe-rança em tempos de…”, está integrada no ciclo “Sociedade, Medicina e seus valores” e tem como orador o teólogo João Du-que, actual director adjunto do

Núcleo de Braga da Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa.

Ao longo dos séculos, so-bretudos dos últimos, tentá-mos realizar os nossos desejos humanos, de tal modo que já nada fosse necessário esperar. Mas da realização surgiu o té-dio; e da incapacidade de rea-lização – que foi o que acon-teceu, na maioria dos casos – surgiu a frustração e o deses-pero, como se nada valesse a

pena já, dada a pequenez da nossa alma. As decepções têm--se seguido, aninhando-se actual-mente à sombra de uma crise económica que parece conven-cer os nossos contemporâne-os que nada se pode já espe-rar, pois tudo é suficientemen-te absurdo, como a morte, re-fere o conferencista na apre-sentação do tema.

Masi que nunca, porém, é a es-perança que nos salva. Não uma esperança pequena qualquer –

como a da superação da crise – mas precisamente a grande es-perança de que o sofrimento e a morte não sejam a última pa-lavra sobre nós – sobre nós to-dos, que nos encontramos, por isso, na mesma situação. Porque só essa esperança fundamenta a solidariedade humana, naquela consciência prática da comum pertença à condição de sofredo-res, mas também à condição de quem pode esperar, acrescenta João Duque.

Desta feita, o ciclo de tertúlias da Associação dos Médicos Católicos Portugueses é promovido na cidade de Guimarães

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Os bispos católicos de Por-tugal escolheram o final de Fevereiro de 1911 para rea-gir às medidas tomadas des-de a implantação da Repúbli-ca, a 5 de Outubro do ano anterior, que consideravam de «feição não só acatólica, mas anticatólica».

A “Pastoral Collectiva” do episcopado (na altura ainda não existia Conferência Epis-copal) tinha data de 24 de De-zembro de 1910, mas só a 22 de Fevereiro de 1911 os bis-pos se decidiram pela sua lei-tura pública, nas missas dos domingos seguintes, sem pré-via autorização do Governo,

o que acabou por ser impe-dido, em muitos casos, pelo poder civil.

No documento, os bispos assinalaram, em tom crítico, que o novo regime «proscre-veu a Companhia de Jesus e extinguiu todas as demais or-dens e consagrações religio-sas», aboliu o «juramento reli-gioso», suprimiu «a observân-cia de muitos dias santos de preceito» e «proibiu o ensino da doutrina cristã» nas esco-las oficiais – suprimindo ain-da a Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra – e facultou o divórcio.

«Como complemento e rema-

te desta obra de hostilidade ao Catolicismo, virá, talvez, – como muito é de recear, – vibrar-lhe mais fundo e dilacerante golpe a anunciada lei da separação en-tre o Estado e a Igreja», alerta-vam, então, o patriarca de Lis-boa, os arcebispos e bispos «do Continente de Portugal».

A carta foi redigida na sua forma definitiva por D. Au-gusto Eduardo Nunes (1849--1920), arcebispo de Évo-ra, mas o Governo Provisó-rio procurou evitar a sua di-vulgação recorrendo à não concessão do tradicional be-neplácito.

O Bispo do Porto, D. An-

tónio Barroso (1854-1918), acabaria por ser destituído das suas funções por não ter acatado esta decisão gover-namental.

«O Catolicismo não é só re-pelido, como importuno es-torvo à marcha das gerações novas em demanda dos no-vos ideais: é vexado, é perse-guido; e de futuro, segundo a fácil previsão que os acon-tecimentos autorizam, irá re-crudescendo a perseguição», pode ler-se na Pastoral Co-lectiva.

O texto refere a existência de 5,41 milhões de católicos em 5,42 milhões de habitan-

tes, partindo do censo de 1900 como justificação para a recusa de quaisquer medi-das laicizadoras.

Esta pastoral foi, segundo o historiador António Matos Ferreira, «um protesto for-mal às medidas do Gover-no», onde os bispos «reite-ram o respeito pelo novo regi-me instituído», mas informam que «os católicos não podiam cooperar com quem hostili-zasse o catolicismo».

«Apelam ainda ao compro-misso dos católicos no favo-recimento da causa da Igreja, e pedem um empenhamento de esforços na remoção da le-

gislação contra a causa da re-ligião», escreve o especialista do Centro de Estudos de His-tória Religiosa da UCP, na edi-ção especial com que a Agên-cia Ecclesia assinalou o Cen-tenário da República.

As medidas anticlericais to-madas pelo Governo Provisó-rio viriam a agudizar-se com a publicação da Lei da Separa-ção, a 20 de Abril de 1911.

Em Maio de 1911, seria o Papa Pio X a assinar a encíclica “Iandundum”, na qual conde-nava a «inacreditável série de excessos e crimes que foram levados a cabo em Portugal, para opressão da Igreja».

“Revolta” dos bispos foi há 100 anos