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Economia Criativa:Uma Opo de Desenvolvimento Vivel

Economia Criativa:Uma Opo de Desenvolvimento Vivel

So Paulo

Copyright Naes Unidas 2010Todos os direitos reservados

UNCTAD/DITC/TAB/2010/3

ISBN 978-0-9816619-0-2

O material contido nesta publicao pode ser livremente copiado ou reimpresso, desde que sejam feitas as devidas citaes de autoria. Uma cpia da publicao que contm a citao ou reimpresso deve ser enviada secretaria da UNCTAD, no endereo: Palais des Nations, CH-1211 Geneva 10, Switzerland, e para UNDP Special Unit for South-South Cooperation, 1 UM Plaza, New York, NY 10017 USA.

Este relatrio o fruto de um esforo colaborativo que foi liderado pela UNCTAD (Conferncia das Naes Unidas sobre Comrcio e Desenvolvimento) e pela Unidade Especial para Cooperao Sul-Sul do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O Relatrio de Economia Criativa 2010 apresenta a perspectiva sistmica global das Naes Unidas em relao a este novo tpico, como exemplo de cooperao de mltiplas agncias trabalhando como Uma ONU.

As designaes empregadas e a apresentao do material nesta publicao no representam qualquer expresso de opinio referente ao status legal de qualquer pas, territrio, cidade ou rea, ou referente delimitao de suas fronteiras ou divisas.

Arquivo original em ingls no site:: http://www.unctad.org/creative-economy.

ii RelatRio de economia cRiativa 2010

Centro de Documentao e Referncia Ita Cultural

Catalogao na publicao (CIP) Relatrio de economia criativa 2010 : economia criativa uma,

opo de desenvolvimento. Braslia : Secretaria da Economia Criativa/Minc ; So Paulo : Ita Cultural, 2012.

424 p.

ISBN 978-85-7979-035-5

1. Economia criativa. 2. Desenvolvimento econmico. 3. Bens culturais. I. Ttulo.

CDD 306.3

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RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010 iii

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Prefcio .............................................................................................................................................xvAgradecimentos ..............................................................................................................................xviiEscopo deste relatrio .....................................................................................................................xixDez mensagens principais ............................................................................................................xviiiAbreviaes e acrnimos ..............................................................................................................xxvi

PARTE I. A ECONOMIA CRIATIVA

Captulo

1. Conceito e contexto da economia criativa 3

1.1 Conceitos e definies em evoluo ....................................................................................31.1.1 Criatividade ..............................................................................................................................3

1.1.2 Produtos e servios criativos ...................................................................................................... 4

1.1.3 Indstrias culturais .................................................................................................................... 5

1.1.4 Economia da cultura .................................................................................................................. 5

1.1.5 Indstrias criativas .................................................................................................................... 6

1.1.6 A classificao da UNCTAD para indstrias criativas ....................................................................7

1.1.7 A economia criativa ...................................................................................................................9

1.1.8 A classe criativa e empreendedores criativos ............................................................................10

1.1.9 Cidades criativas .....................................................................................................................12

1.1.10 Aglomerados, redes e distritos criativos ....................................................................................16

1.1.11 Bens creative commons e culturais ..........................................................................................18

1.1.12 Economia da experincia .........................................................................................................18

1.1.13 Ecologia criativa ......................................................................................................................19

1.2 Principais impulsionadores da economia criativa no mundo todo ...................................191.2.1 Tecnologia ..............................................................................................................................19

1.2.2 Demanda ................................................................................................................................20

1.2.3 Turismo ..................................................................................................................................21

1.3 As mltiplas dimenses da economia criativa ..................................................................231.3.1 Aspectos econmicos ..............................................................................................................23

1.3.2 Aspectos sociais .....................................................................................................................24

1.3.3 Aspectos culturais ...................................................................................................................25

1.3.4 Desenvolvimento sustentvel ................................................................................................... 26

1.4 A natureza cruzada das indstrias criativas .....................................................................271.4.1 Necessidade de polticas interministeriais harmonizadas ........................................................... 27

1.4.2 Necessidade de dilogo com mltiplas partes interessadas ....................................................... 28

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iv RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010

1.4.3 Necessidade de mecanismos institucionais ............................................................................... 28

1.5 A economia criativa no mundo desenvolvido ....................................................................28

2. A dimenso do desenvolvimento 33

2.1 Implicaes das polticas: As Metas de Desenvolvimento do Milnio .............................33

2.2 A economia criativa: Implicaes das interligaes e do desenvolvimento ....................362.2.1 Aspectos multifacetados da economia criativa........................................................................... 37

2.2.2 Interligaes culturais e tecnolgicas ....................................................................................... 37

2.2.3 Interaes sociais ................................................................................................................... 38

2.3 Conhecimentos tradicionais, cultura e economia criativa ................................................38

2.4 A economia criativa no mundo desenvolvido e as economias de transio ....................412.4.1 frica .....................................................................................................................................41

2.4.2 A regio da sia-Pacfico .........................................................................................................47

2.4.3 sia Central e Oriente Mdio ....................................................................................................50

2.4.4 Amrica Latina ........................................................................................................................52

2.4.5 Caribe ....................................................................................................................................58

2.4.6 Economias em transio da Europa Oriental ............................................................................. 61

2.5 Economia criativa e a economia verde ..............................................................................642.5.1 Criatividade de biodiversidade: Uma soluo favorvel para todas as partes ................................ 66

PARTE 2. AVALIANDO A ECONOMIA CRIATIVA: ANLISE E MEDIO

3. Analisando a economia criativa 73

3.1 A necessidade de anlise sistemtica ...............................................................................73

3.2 Organizao da economia criativa .....................................................................................743.2.1 Estruturas organizacionais ....................................................................................................... 74

3.2.2 Questes operacionais ............................................................................................................ 74

3.2.3 Questes locacionais ............................................................................................................... 75

3.2.4 O poder das redes sociais........................................................................................................76

3.3 Anlise econmica das indstrias criativas ......................................................................773.3.1 Anlise da organizao industrial .............................................................................................77

3.3.2 Anlise da cadeia de valores ....................................................................................................77

3.3.3 Anlise interindstrias .............................................................................................................79

3.3.4 Anlise locacional ....................................................................................................................80

3.3.5 Anlise ambiental ....................................................................................................................82

3.3.6 Direitos autorais e de propriedade intelectual ............................................................................ 82

3.3.7 Teoria contratual .....................................................................................................................83

3.4 Estrutura das indstrias criativas ......................................................................................833.4.1 Predominncia das empresas de pequeno e mdio porte .......................................................... 83

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RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010 v

3.4.2 Empresas corporativas de larga escala ..................................................................................... 853.4.3 Instituies culturais pblicas e semipblicas ............................................................................ 863.4.4 Artistas e produtores individuais ...............................................................................................86

3.5 Questes de distribuio e concorrncia ...........................................................................893.5.1 Modificando os padres de consumo ....................................................................................... 923.5.2 Indstrias criativas e regulao ................................................................................................ 92

3.6 Uma aplicao da anlise de cadeia de produtiva: a indstria da msica na frica Subsaariana ....................................................................93

4. Em direo a uma avaliao da economia criativa com base em evidncias 95

4.1 Porque precisamos de uma nova base de informaes e por que ela ainda no existe .95

4.2 Em direo a um benchmark confivel para a economia criativa ....................................96

4.3 O desafio de construir um modelo operacional da economia criativa .............................97

4.4 Medidas: Suas limitaes e potencial ................................................................................994.4.1 Emprego ...............................................................................................................................1004.4.2 Uso do tempo ....................................................................................................................... 1004.4.3 Comrcio e valor agregado .................................................................................................... 1014.4.4 Questes de direitos autorais e de propriedade intelectual ....................................................... 1014.4.5 Investimento pblico..............................................................................................................101

4.5 Implementao de uma Conta Satlite da Cultura ..........................................................101

4.6 Ferramentas de recursos e avaliao de dados: Por que os dados atuais so inadequados .......................................................................103

4.7 O caso de um modelo comercial para as indstrias criativas que utilizam uma metodologia de classificao de produto ...........................................104

4.8 Anlise comparativa de metodologias estatsticas para comrcio internacional de produtos criativos e culturais ...............................................................1064.8.1 Estatstica comercial para produtos criativos e culturais: metodologias selecionadas ................. 1164.8.2 Comparao resumida das metodologias estatsticas para produtos criativos e culturais ........... 1104.8.3 Lio aprendida a partir da anlise de estudo comparativo ...................................................... 114

4.9 Base metodolgica para uma medida unificada do comrcio internacional de produtos criativos .................................................................................117

4.10 Consideraes principais .................................................................................................119

PARTE 3. COMRCIO INTERNACIONAL DE PRODUTOS E SERVIOS CRIATIVOS

5. Comrcio internacional de produtos e servios criativos: Tendncias e caractersticas globais ..................................................................... 125

5.1 Estabelecendo a cena .......................................................................................................125

5.2 Indstrias criativas: Um novo setor dinmico no comrcio mundial .............................126

5.3 Tendncias globais no comrcio mundial de produtos e servios criativos ..................1285.3.1 Tendncias globais nas exportaes mundiais .........................................................................1285.3.2 Tendncias globais nas importaes mundiais ........................................................................ 1305.3.3 Principais participantes no mercado global para produtos criativos ........................................... 132

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vi RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010

5.3.4 Balana comercial nos produtos criativos ...................................................................................133

5.4.5 Perfis dos pases na economia criativa ......................................................................................134

5.4 Grupos econmicos regionais nos mercados mundiais ..................................................135

5.5 Prospectos para o comrcio Norte-Sul e Sul-Sul em produtos e servios criativos .....136

5.6 Tendncias globais no comrcio internacional de indstrias criativas, por setor .........1395.6.1 Patrimnio ...............................................................................................................................139

5.6.2 Artes cnicas ...........................................................................................................................141

5.6.3 Artes visuais ............................................................................................................................147

5.6.4 Audiovisuais .............................................................................................................................149

5.6.5 Publicaes e mdias impressas ................................................................................................154

5.6.6 Design .....................................................................................................................................155

5.6.7 Novas mdias ...........................................................................................................................158

5.6.8 Servios criativos .....................................................................................................................160

5.6.9 Royalties e taxas de licena ......................................................................................................162

5.6.10 Indstrias relacionadas ...........................................................................................................163

PARTE 4. A FUNO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E TECNOLOGIA

6. A funo da propriedade intelectual na economia criativa 169

6.1 Introduo .........................................................................................................................169

6.2 O que so direitos de propriedade intelectual? ...............................................................170

6.3 Propriedade intelectual e as indstrias criativas ............................................................1716.3.1 Indicaes geogrficas e denominaes de origem ....................................................................172

6.4 Direito autoral e a economia criativa ...............................................................................1726.4.1 Direitos exclusivos ....................................................................................................................173

6.4.2 Direitos morais .........................................................................................................................173

6.4.3 Direitos conexos .......................................................................................................................174

6.4.4 Excees e limitaes ao direito autoral .....................................................................................175

6.4.5 Aplicao do direito comercial ...................................................................................................177

6.5 A economia do direito comercial ......................................................................................1776.5.1 Licenas de Creative Commons: Um movimento que cresce rapidamente ...................................178

6.6 Contribuio das indstrias criativas para a economia ..................................................179

6.7 Direitos autorais, as indstrias criativas e a expanso da cultura tradicional ..............1816.7.1 Comunidades indgenas e as novas tecnologias .........................................................................182

6.8 Direitos autorais e as novas tecnologias .........................................................................184

6.9 Possveis opes de poltica .............................................................................................186

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RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010 vii

7. Tecnologia, conectividade e a economia criativa 189

7.1 Introduo .........................................................................................................................189

7.2 Conectividade e seus impactos mais amplos ..................................................................1907.2.1 A revoluo mvel .................................................................................................................191

7.2.2 O mais rpido crescimento de usurios da Internet no Sul ....................................................... 192

7.2.3 Pases em desenvolvimento ficam atrs em termos de conectividade de largura de banda ........192

7.2.4 Mudanas globais impulsionam o comrcio Sul-Sul e investimentos em produtos TIC ............... 193

7.3 Questes de medio e contedo criativo .......................................................................194

7.4 TICs e seu impacto na economia criativa ........................................................................1967.4.1 A crescente importncia de TICs para a indstria criativa .........................................................197

7.5 Digitalizao ......................................................................................................................198

7.6 Convergncia e novos modelos de negcio .....................................................................198

7.7 Impacto na cadeia de produo .......................................................................................200

7.8 Olhando para o futuro .......................................................................................................203

PARTE 5. PROMOVENDO A ECONOMIA CRIATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO

8. Estratgias de polticas para as indstrias criativas 209

8.1 Introduo .........................................................................................................................209

8.2 A funo das polticas pblicas .......................................................................................210

8.3 O processo das polticas ...................................................................................................213

8.4 Direes das polticas .......................................................................................................2148.4.1 Proviso de infraestrutura ...................................................................................................... 214

8.4.2 Proviso de finanas e investimentos ..................................................................................... 215

8.4.3 Criao de mecanismos institucionais .................................................................................... 219

8.4.4 Estrutura regulatria e legislao ........................................................................................... 221

8.4.5 Desenvolvimento de mercados de exportao ......................................................................... 223

8.4.6 Estabelecimento de grupos criativos .......................................................................................223

8.4.7 Estimulando o empreendedorismo criativo ..............................................................................224

8.4.8 Instituio de medidas eficientes de coleta de dados ...............................................................224

8.5 Um nexo criativo para aprimorar a economia criativa ....................................................2248.5.1 O modelo de nexo criativo...................................................................................................... 225

8.6 Medidas direcionadas para fortalecer a economia criativa ............................................2268.6.1 Setor informal ....................................................................................................................... 226

8.6.2 Artes criativas .......................................................................................................................227

8.6.3 Empresas de pequeno e mdio porte ..................................................................................... 227

8.6.4 Instituies culturais pblicas................................................................................................. 228

8.6.5 Setor corporativo ................................................................................................................... 228

8.7 Ajustando a ao da poltica em nvel nacional ..............................................................228

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viii RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010

9. A dimenso internacional da poltica de indstrias criativas 231

9.1 A estrutura da poltica internacional ................................................................................231

9.2 UNCTAD: Indstrias criativas na agenda econmica e de desenvolvimento ..................2329.2.1 UNCTAD X: Servios audiovisuais ...........................................................................................232

9.2.2 Terceira Conferncia das Naes Unidas sobre os Pases Menos Desenvolvidos: Msica ...........232

9.2.3 UNCTAD XI: Indstrias Criativas Ponto crucial .......................................................................233

9.2.4 UNCTAD XII: Das indstrias criativas economia criativa .........................................................233

9.3 Negociaes e implicaes multilaterais da OMC para as indstrias criativas .............2349.3.1 A crise e o sistema de comrcio internacional .........................................................................235

9.3.2 Acesso de mercado, barreiras tarifrias e no tarifrias ...........................................................236

9.3.4 Acordo TRIPS ........................................................................................................................236

9.3.5 Implicaes dos acordos de comrcio regional para as indstrias criativas ...............................239

9.4 Perspectiva de diversidade cultural da UNESCO ..............................................................243

9.5 Agenda de Desenvolvimento da OMPI ..............................................................................245

9.6 PNUD: Envolvendo pases em desenvolvimento na economia criativa para o desenvolvimento .....................................................................................246

9.7 CCI: Criando oportunidades de negcio para as indstrias criativas .............................248

9.8 PNUMA: promovendo benefcios de biodiversidade para as indstrias criativas ..........251

10. Lies aprendidas e opes de poltica 253

10.1 Lies aprendidas .............................................................................................................253

10.2 Principais descobertas......................................................................................................25410.2.1 Definies e conceitos ......................................................................................................... 255

10.2.2 Interligaes cruzadas ......................................................................................................... 256

10.2.3 A economia criativa no mundo desenvolvido ......................................................................... 256

10.2.4 A economia criativa no mundo em desenvolvimento .............................................................. 256

10.2.5 A cadeia de valor para produtos criativos .............................................................................. 257

10.2.6 Questes de dados ............................................................................................................. 257

10.2.7 Comrcio ............................................................................................................................258

10.2.8 Conectividade e TICs ........................................................................................................... 259

10.2.9 Poltica em relao economia criativa ................................................................................ 260

10.2.10 Contexto internacional ......................................................................................................... 260

10.3 Opes de polticas ...........................................................................................................26110.3.1 Funo dos governos .......................................................................................................... 261

10.3.2 Funo dos empreendedores criativos .................................................................................. 263

10.3.3 Funo da sociedade civil e o lugar das alianas estratgicas ................................................ 263

10.3.4 Funo da cooperao internacional .................................................................................... 264

Referncias .....................................................................................................................................265

Anexos de Estatsticas ...................................................................................................................281

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RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010 ix

LISTA DE QUADROS

1.1 Um empreendedor criativo: Transformando ideias em negcios de sucesso ................................................11

1.2 A cidade criativa .....................................................................................................................................13

1.3 Grupos culturais e criativos na China .......................................................................................................17

1.4 Petra: Uma viagem cultural .....................................................................................................................22

1.5 Cirque du Soleil: Um sonho muito simples ................................................................................................25

1.6 Economia do distrito de museus em Paris ................................................................................................27

2.1 Compartilhamento Sul-Sul de experincias criativas..................................................................................39

2.2 Carnavais brasileiros ...............................................................................................................................42

2.3 Africa Remix ...........................................................................................................................................48

2.4 Experincia do Centro da Indstria Criativa em Xangai ..............................................................................54

2.5 Uma paixo pelo tango ............................................................................................................................57

2.6 Guatemala: A contribuio econmica da cultura ......................................................................................59

2.7 Brand Jamaica como a casa do reggae ....................................................................................................63

2.8 O Bolshoi: Um sublime presente para o mundo .........................................................................................65

2.9 Vida e tradio tailandesa: A seda tailandesa ............................................................................................66

2.10 Biocomrcio na Colmbia ........................................................................................................................67

2.11 Moda ecologicamente responsvel e fibras naturais ..................................................................................68

2.12 A cultura do spa no Marrocos ..................................................................................................................70

2.13 EcoMedia, movendo para a ao .............................................................................................................79

3.1 O caso tecnobrega..................................................................................................................................80

3.2 Aglomerados criativos .............................................................................................................................82

3.3 Tartarugas: Turismo e precificao de preservao ...................................................................................87

3.4 Transmitindo frutos de criatividade na frica do Sul ...................................................................................90

3.5 Propriedades das indstrias criativas .......................................................................................................91

3.6 Prticas comerciais e modelos de negcio especficos das indstrias da msica e audiovisual ..................120

4.1 Realidade e nmeros ............................................................................................................................171

6.1 Design como um ingrediente crucial para o crescimento .........................................................................174

6.2 O caso Cdigo da Vinci .........................................................................................................................176

6.3 Uma abordagem colaborativa a criatividade e conhecimento ...................................................................183

6.4 Joias: Um casamento mgico entre tradio e design contemporneo .....................................................186

6.5 Gesto coletiva de direitos autorais ........................................................................................................199

7.1 Quando as TICs do origem a novos modelos de negcio ........................................................................202

7.2 Software livre de cdigo aberto e a economia criativa .............................................................................204

7.3 Euroviso .............................................................................................................................................211

8.1 Indstrias criativas de Xangai: O Jeito chins..........................................................................................219

8.3 A indstria cinematogrfica do Egito: O declnio da Hollywood do Oriente? ............................................220

8.4 A Bienal da Arte Africana Contempornea de Dakar ................................................................................222

8.5 Poltica cultural em ao: O Plano de Ao de Nairobi .............................................................................229

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x RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010

9.1 Televiso e novelas .............................................................................................................................232

9.2 Planeta dos fantoches .........................................................................................................................240

9.3 Um avano para promover o fluxo comercial de produtos e servios culturais ......................................... 242

9.4 Turismo cultural: Impresses da experincia peruana ............................................................................ 244

9.5 Um novo modelo levando sustentabilidade e melhores futuros ............................................................ 247

9.6 Nollywood: Uma resposta criativa .........................................................................................................250

9.7 Alphadi: A caravana da moda ..............................................................................................................251

LISTA DE TABELAS

1.1 Sistemas de classificao para as indstrias criativas derivados de diferentes modelos .............................. 7

1.2 Estimativas de emprego cultural em cidades criativas selecionadas ......................................................... 14

1.3 Rede de Cidades Criativas .....................................................................................................................16

1.4 Trabalhadores nas indstrias criativas nos Estados Unidos, 2003 ............................................................. 24

1.5 Contribuio do setor cultural e criativo europeu s economias nacionais europeias ................................. 29

1.6 Contribuio das indstrias culturais ao PIB e VAB para cinco pases, vrios anos ..................................... 30

1.7 Contribuio do setor cultural s economias nacionais de oito pases europeus, vrios anos ..................... 31

1.8 Comparao entre a contribuio do setor criativo/cultural e as contribuies de outros setores para oito pases europeus (% do PIB) ...................................................................................................................31

1.9 Estimativas da contribuio das indstrias criativas para o PIB de cinco pases da OCDE .......................... 32

2.1 Caractersticas da indstria da msica africana ...................................................................................... 43

3.1 Cadeia de valor nas indstrias culturais do Canad, 2002 ....................................................................... 78

4.1 Anlise comparativa das metodologias estatsticas para o comrcio internacional de produtos criativos/culturais definidos pela UNCTAD/UNESCO ............................................................................................ 110

4.2 Resumo da anlise comparativa do comrcio internacional de produtos criativos/culturais definidas, conforme definido pela UNCTAD/UNESCO ............................................................................................ 112

4.3 Comrcio internacional de produtos/equipamentos criativos relacionados e materiais de suporte de produtos culturais definidos pela UNCTAD/UNESCO com os cdigos do Sistema Harmonizado (SH) ....................... 113

4.4 Servios criativos, conforme definido pela UNCTAD ............................................................................... 113

4.5 Nmero de pases relatores entre diferentes verses dos cdigos do SH ................................................ 115

4.6 Modelo da UNCTAD para estatstica comercial da economia criativa ...................................................... 115

4.7 Produtos e servios das indstrias criativas .......................................................................................... 116

4.8 Proposta de categorizao dos produtos criativos ................................................................................. 119

5.1 Exportaes mundiais de toda a indstria criativa (produtos e servios), por subgrupo, 2002 e 2008....... 126

5.2 Produtos criativos: Exportaes, por grupo econmico, 2002 e 2008 ..................................................... 128

5.3 Produtos criativos: Exportaes, por grupo econmico e regio, 2002 e 2008 ........................................ 130

5.4 Produtos criativos: Importaes, por grupo econmico, 2002 e 2008 .................................................... 131

5.5 Produtos criativos: Importaes, por grupo econmico e regio, 2002 e 2008 ........................................ 131

5.6 Produtos criativos: 20 maiores exportadores no mundo todo, 2002 e 2008 ............................................ 132

5.7 Produtos criativos: 10 maiores exportadores entre as economias desenvolvidas, 2002 e 2008 ............... 132

5.8 Produtos criativos: 10 maiores exportadores entre as economias em desenvolvimento, 2002 e 2008 ......133

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RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010 xi

5.9 Produtos criativos: Exportaes, por grupo econmico regional, 2002 e 2008 ........................................ 136

5.10a Produtos criativos: Exportaes de comrcio Sul-Sul, por grupo regional e grupo de produto, 2002 e 2008 ....................................................................................................................138

5.10b Produtos criativos: Todas as exportaes das indstrias criativas do comrcio Sul-Sul, por grupo regional e China, 2002 e 2008 ................................................................................ 140

5.11 Artesanato: Exportaes, por grupo econmico e regio, 2002 e 2008 .................................................. 141

5.12a Artesanato: 10 maiores exportadores entre as economias desenvolvidas, 2008 ...................................... 141

5.12b Artesanato: 10 maiores exportadores entre as economias em desenvolvimento, 2008 ............................ 146

5.13 Artes cnicas: Exportaes, por grupo econmico e regio, 2002 e 2008 .............................................. 147

5.14 Artes cnicas: 10 maiores exportadores entre as economias desenvolvidas, 2008 .................................. 147

5.15 Artes cnicas: 10 maiores exportadores entre as economias em desenvolvimento, 2008 ........................ 149

5.16 Artes visuais: 10 maiores exportadores entre as economias desenvolvidas, 2008 ................................... 149

5.17 Artes visuais: 10 maiores exportadores entre as economias em desenvolvimento, 2008 ......................... 155

5.18 Publicaes e mdia impressa: 10 maiores exportadores entre as economias desenvolvidas, 2008 ..........155

5.19 Publicaes e mdia impressa: 10 maiores exportadores entre as economias em desenvolvimento, 2008 .......................................................................................................................157

5.20 Design: Exportaes, por grupo econmico e regio, 2002 e 2008 ........................................................ 158

5.21 Design: 10 maiores exportadores entre as economias desenvolvidas, 2008 ........................................... 158

5.22 Design: 10 maiores exportadores entre as economias em desenvolvimento, 2008 .................................. 160

5.23 Novas mdias: Exportaes, por grupo econmico e regio, 2002 e 2008 .............................................. 160

5.24 Novas mdias: 10 maiores exportadores entre as economias desenvolvidas, 2008 .................................. 160

5.25 Novas mdias: 10 maiores exportadores entre as economias em desenvolvimento, 2008 ........................ 161

5.26 Exportaes relatadas de servios criativos, 2002, 2005 e 2008 (em bilhes de $) ................................ 162

5.27 Importaes relatadas de servios criativos, 2002, 2005 e 2008 (em bilhes de $) ................................ 163

5.28 Royalties e taxas de licena: Exportaes e importaes mundiais, 2002. 2005 e 2008 ......................... 164

5.29 Produtos relacionados: Exportaes, por grupo econmico, 2002 e 2008 (em milhes de $) ................... 165

5.30 Produtos relacionados: Importaes, por grupo econmico, 2002 e 2008 (em milhes de $) ................... 180

6.1 Contribuio econmica das indstrias baseadas em direitos autorais que utilizam a metodologia OMPI ..............................................................................................................................190

7.1 Contribuio dos segmentos das indstrias de ICT para o PIB global, 2003-2007 .................................. 195

7.2 Dimenses interconectadas da vida digital ...........................................................................................197

7.3 Parceria de Medio de TIC para o Desenvolvimento: Principais Indicadores de TICs ............................... 218

7.4 As vinte maiores companhias audiovisuais no mundo e seus volumes de negcios em 2004 .................. 237

8.1 Exemplos do Sistema de Comrcio em Moeda Local (LETS) .................................................................. 237

9.1 Produtos criativos: Importaes, tarifas consolidadas e aplicadas MNF, 2002 e 2008 ........................... 237

9.2 Produtos criativos: Importaes, por grupos de pases, tarifas consolidadas e aplicadas MNF, 2002 e 2008 ..........................................................................................................................237

9.3 Produtos criativos: Importaes, por economias desenvolvidas, tarifas consolidadas e aplicadas MNF, 2002 e 2008 .........................................................................................................238

9.4 Produtos criativos: Importaes por economias em desenvolvimento, por grupo econmico, tarifas consolidadas e aplicadas MNF, 2002 e 2008 ......................................................... 238

10.1 Opes de polticas das indstrias criativas ........................................................................................262

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xii RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010

LISTA DE FIGURAS

1.1 Criatividade na economia atual ................................................................................................................3

1.2 Interao dos 5Cs: Resultados da criatividade + 4 tipos de capital............................................................. 4

1.3 Classificao da UNCTAD para as indstrias criativas ................................................................................ 8

2.1 Dimenso do desenvolvimento da economia criativa ............................................................................... 37

3.1 Cadeia de valor da indstria criativa .......................................................................................................78

3.2 Diagrama simplificado do modelo de Porter para aglomerados ................................................................ 80

3.3 Etapas da cadeia de produo musical na frica Subsaariana ................................................................. 93

4.1 Ciclo cultural ........................................................................................................................................97

4.2 A cadeia de valor criativa.......................................................................................................................98

4.3 Domnios da Estrutura para Estatsticas Culturais da UNESCO 2009 ...................................................... 109

5.1 Uma verso reduzia da cadeia de valor musical online .......................................................................... 149

7.1 Assinaturas globais de telefones celulares por agrupamentos dos principais pases, 2003-2008 ............. 191

7.2 Usurios globais de Internet por agrupamentos dos principais pases, 2003-2008 ................................. 191

7.3 Assinantes globais de banda larga fixa .................................................................................................192

7.4 Assinantes globais de banda larga mvel .............................................................................................193

7.5 Exportaes de produtos TIC por regies principais ............................................................................... 193

7.6 Tamanho e crescimento do mercado dos setores de contedo digital, 2007 ........................................... 197

8.1 Fluxo de financiamento para o setor cultural ......................................................................................... 215

8.2 Modelo de circuito monetrio aplicvel s indstrias criativas ................................................................ 216

8.3 O nexo criativo: O modelo C-ITET .........................................................................................................225

LISTA DE GRFICOS

5.1a Indstrias criativas: Exportaes de produtos criativos, por grupo econmico, 2008 ................................ 127

5.1b Indstrias criativas: Exportaes de servios criativos, por grupo econmico, 2008 ................................. 127

5.2 Evoluo das exportaes mundiais de produtos e servios criativos, 2002-2008 .................................. 129

5.3a Exportaes de produtos criativos, por grupo, 2002 .............................................................................. 129

5.3b Exportaes de produtos criativos, por grupo, 2008 .............................................................................. 129

5.4a Participao dos grupos econmicos nas exportaes mundiais de produtos criativos, 2002 ................... 130

5.4b Participao dos grupos econmicos nas exportaes mundiais de produtos criativos, 2008 ................... 130

5.5a Importaes de produtos criativos, por grupo econmico, 2002, 2005 e 2008 ....................................... 131

5.5b Importaes de produtos criativos, por grupo, 2008 .............................................................................. 131

5.6 Produtos criativos: Exportaes de todos os pases em desenvolvimento, 2002 e 2008 .......................... 133

5.7a Produtos criativos: 10 primeiros pases superavitrios e deficitrios comercialmente 2002 ...................... 134

5.7b Produtos criativos: 10 primeiros pases superavitrios e deficitrios comercialmente 2008 ...................... 134

5.8 Indstrias criativas: Exportaes de produtos criativos, por grupo econmico e China, 2008 ................... 137

5.9 Produtos de patrimnio: Exportaes, por grupo econmico, 2002, 2005 e 2008 ................................... 140

5.10 Receitas de msica digital, 2004-2008 ................................................................................................144

5.11 Artes cnicas: Exportaes, por grupo econmico, 2002, 2005 e 2008 ................................................. 146

5.12 Artes visuais: Exportaes, por grupo econmico, 2002, 2006 e 2008 ................................................... 149

ndice

RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010 xiii

5.13 Audiovisuais: Exportaes, por grupo econmico, 2002, 2006 e 2008 ................................................... 153

5.14 Publicaes e mdias impressas: Exportaes, por grupo econmico, 2002, 2006 e 2008 ...................... 155

5.15 Design: Exportaes, por grupo econmico, 2002, 2006 e 2008 ........................................................... 157

5.16 Novas mdias: Exportaes, por grupo econmico, 2002, 2006 e 2008 ................................................. 159

5.17 Servios criativos: Exportaes, por grupo econmico 2008 .................................................................. 161

5.18a Servios criativos: 10 maiores exportadores de servios pessoais, culturais e recreativos entre as economias desenvolvidas, 2008 ............................................................................ 162

5.18b Servios criativos: 10 maiores exportadores de servios pessoais, culturais e recreativos entre as economias em desenvolvimento, 2008 ................................................................... 162

5.19 Royalties e taxas de licena: Exportaes e importaes mundiais, 2002, 2005 e 2008 ......................... 163

5.20 Produtos relacionados: Evoluo das exportaes mundiais, 2002 e 2008 ............................................. 164

6.1 Contribuio das indstrias criativas ao PIB .......................................................................................... 180

6.2 Contribuio dos grupos de indstrias baseadas em direitos autorais ao total de indstrias criativas ........181

ANEXO ESTATSTICO

Notas Explicativas ............................................................................................................................................282

Explicaes metodolgicas da medio da economia criativa ..............................................................................282

Exemplo de Perfil de Pas: Argentina e Turquia ...................................................................................................288

Distribuio das economias em desenvolvimento por regio geogrfica e agrupamento econmico ...................... 296

Distribuio das economias desenvolvida e das economias em transio por regio geogrfica ............................ 299

Distribuio das economias por grupo comercial ................................................................................................300

PARTE 1. Indstrias criativas Produtos Criativos1.1 Produtos criativos: Exportaes mundiais, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................. 302

1.2.A Produtos criativos: Exportaes, por origem e grupo de produto, 2002, 2005 e 2008 ............................. 308

1.2.B Produtos criativos: Importaes, por origem e grupo de produto, 2002, 2005 e 2008 ............................. 312

1.3 Produtos criativos: Exportaes e importaes, por grupo comercial, 2002-2008 ................................... 316

1.3.1 Produtos criativos: Exportaes, por grupo comercial, como porcentagem do total de exportaes de produtos criativos, 2002-2008 ................................................................................ 316

1.3.2 Produtos criativos: Importaes, por grupo comercial, como porcentagem do total de importaes de produtos criativos, 2002-2008 ................................................................................ 317

PARTE 2. Indstrias criativas Servios Criativos2.1.A Exportaes de todos os servios criativos, por pas/territrio, 2002-2008 ............................................. 319

2.1.B Importaes de todos os servios criativos, por pas/territrio, 2002-2008 ............................................. 321

2.2.A Exportaes de servios publicitrios e relacionados, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................323

2.2.B Importaes de servios publicitrios e relacionados, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................325

2.3.A Exportaes de servios arquitetnicos e relacionados, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................327

2.3.B Importaes de servios arquitetnicos e relacionados, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................329

2.4.A Exportaes de servios de pesquisa e desenvolvimento, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................331

2.4.B Importaes de servios de pesquisa e desenvolvimento, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................333

ndi

ce

xiv RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010

2.5.A Exportaes de servios pessoais, culturais e recreativos, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................335

2.5.B Importaes de servios pessoais, culturais e recreativos, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................337

2.5.1.A Exportaes de servios audiovisuais e relacionados, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................339

2.5.1.B Importaes de servios audiovisuais e relacionados, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................341

2.5.2.A Exportaes de outros servios pessoais, culturais e recreativos, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ............................................................................................... 343

2.5.2.B Importaes de outros servios pessoais, culturais e recreativos, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ............................................................................................... 345

PARTE 3. Indstrias relacionadas Produtos Relacionados, Royalty e Taxa de Licena e Servios de Informtica e Informaes3.1 Produtos relacionados: Exportaes e importaes mundiais, por grupo econmico

e pas/territrio, 2002-2008 ................................................................................................................348

3.2.A Indstrias relacionadas: Exportaes, por origem e grupo de produto, 2002, 2005 e 2008 ..........................................................................................................354

3.2.B Indstrias relacionadas: Importaes, por origem e grupo de produto, 2002, 2005 e 2008 ..........................................................................................................356

3.3.A Exportaes de royalties e taxas de licenas, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ............................................................................................... 358

3.3.B Importaes de royalties e taxas de licenas, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ............................................................................................... 366

3.4.A Exportaes de servios de informtica e informao, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ............................................................................................... 374

3.4.B Importaes de servios de informtica e informao, por grupo econmico e pas/territrio, 2002-2008 ............................................................................................... 382

RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010 xv

Prefcio

Prefcio

As Naes Unidas publicaram seu primeiro Relatrio de Economia Criativa no incio de 2008, em um momento em que a economia mundial passava por um perodo de expanso. O relatoria conclua que as indstrias criativas estavam entre os setores mais dinmicos da economia mundial, oferecendo novas oportunidades de alto crescimento para os pases em desenvolvimento. O relatrio vem sendo amplamente utilizando tanto por legisladores, quanto por profissionais do desenvolvimento e pesquisadores.

Desde quando o relatrio foi elaborado, a economia mundial vem passando por momentos turbulentos. Quase todas as regies e pases foram afetados pela recesso global, e o progresso em direo aos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio foi colocado em risco. Atualmente, a economia mundial ainda continua frgil.

Este relatrio amplia a anlise inicial de seu antecessor e acrescenta novos dados, mostrando como a criatividade, conhecimento, cultura e tecnologia podem ser impulsionadores na criao de empregos, inovaes e incluso social. O relatrio indica que o comrcio mundial de produtos e servios criativos permaneceu relativamente slido em um momento em que os nveis gerais de comrcio internacional caram. Ele analisa o rpido crescimento nos setores

da economia criativa no Sul, alm da crescente participao do comrcio no setor criativo vindo do Sul. Ao explorar os fatores por trs desse crescimento e o potencial para maior expanso do setor, o relatrio oferece informaes teis a respeito do contnuo debate sobre polticas para opes de desenvolvimento viveis.

Momentos de crise oferecem oportunidades para considerarmos novas opes, abordagens e direcionamentos estratgicos. Este relatrio argumenta que, embora o crescimento da economia criativa no seja, por si s, uma panaceia, ele potencialmente oferece caminhos mais resilientes, inclusivos e sustentveis para a recuperao. Mesmo que no exista uma soluo nica que solucione todos os problemas, o relatrio descreve a forma como os governos podem desempenhar um papel cataltico ao implementarem polticas, regulaes e instituies necessrias para fortalecerem suas economias criativas.

De forma geral, os setores da economia criativa podem contribuir muito para o crescimento e a prosperidade, especialmente no caso dos pases em desenvolvimento que estejam buscando diversificar suas economias e construir resilincia para futuras crises econmicas. Recomendamos a leitura deste relatrio para todos aqueles que buscam estratgicas de desenvolvimento sustentveis.

Supachai PanitchpakdiSecretrio-GeralConferncia das Naes Unidas sobre Comrcio e Desenvolvimento

Helen ClarkAdministratorPrograma das Naes Unidas para o Desenvolvimento

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RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010 xvii

Agradecim

entos

Agradecimentos

A srie Relatrio de Economia Criativa o resultado da parceria entre a UNCTAD e a Unidade Especial para Cooperao Sul-Sul da PNUD. Esses relatrios voltados a polticas so o principal resultado do projeto de cooperao tcnica Fortalecendo a Economia Criativa para o Desenvolvimento, um empreendimento conjunto coordenado por Edna dos Santos-Duisenberg, Chefe do Programa de Economia Criativa da UNCTAD, e Francisco Simplcio, Chefe da Diviso de Gesto de Conhecimento e Operaes da Unidade Especial para Cooperao Sul-Sul da PNUD.

A parceria expressa seus sinceros agradecimentos a Yiping Zhou, Diretor da Unidade Especial para Cooperao Sul-Sul da PNUD, por seu profundo apoio a esta iniciativa. Sem sua viso e comprometimento, este trabalho no teria se tornado realidade.

Os Relatrios de Economia Criativa apresentam a perspectiva sistmica das Naes Unidas sobre este tpico inovador, como um exemplo de cooperao de diversas agncias trabalhando em consonncia como Uma ONU. Ao elaborar a edio de 2010, a UNCTAD ampliou as contribuies anteriores feitas para o Relatrio de Economia Criativa 2008 por cinco importantes rgos das Naes Unidas: a Conferncia das Naes Unidas sobre Comrcio e Desenvolvimento (UNCTAD), a Unidade Especial para Cooperao Sul-Sul do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO), a Organizao Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) e o Centro de Comrcio Internacional (CCI).

A pesquisa e anlise voltada a polticas, apresentadas nas duas edies do Relatrio de Economia Criativa, foram realizadas sob a

orientao geral de Edna dos Santos-Duisenberg, a principal coautora desses relatrios. O Relatrio de Economia Criativa 2010 foi elaborado por uma equipe pequena e extremamente dedicada do Programa de Economia Criativa da UNCTAD, composta por Sudip Ranjan basu, Cheng Shang Li (consultor), Sharon Khan (consultora), Carolina Quintana e Jlia Costa Souto (estagiria). Nossos agradecimentos especiais vo para o Chefe da Agncia de Estatsticas e Informaes de Desenvolvimento, Henri Laurencin, e sua equipe, composta por David Cristallo, Yumiko Mochizuki, Sanja Blazevi, Yoann Chaine, Ildephose Mbabazizimana e Sonia Blachier. Comentrios foram enviados por Mina Mashayekhi e Victor Ognivtsev, colegas dentro da Diviso de Comrcio Internacional da UNCTAD. Agradecemos ao Prof. Andrew C. Pratt por suas contribuies acadmicas.

Alm de facilitar o debate sobre polticas, a comprometida equipe da Unidade Especial para Cooperao Sul-Sul da PNUD ajudou a fazer com que esta publicao fosse possvel. Como parte da equipe da Unidade Especial para Cooperao Sul-Sul da PNUD, Christopher Reardom editou o texto, com auxlio de Elizabeth Smith. Jennifer Bergamini foi responsvel pelo design e layout da publicao. Suporte administrativo e de secretaria ficou a cargo de Clisse Medeiros Ramos Perret na UNCTAD, Lourdes Hermosura-Chang na Unidade Especial para Cooperao Sul-Sul da PNUD, com suporte adicional para comunicaes oferecido por Michelle Siqueira.

A parceria estende seus agradecimentos a colegas nas organizaes que colaboraram com informaes atualizadas para O Relatrio de Economia Criativa 2010: Georges Poussin na UNESCO, alm de Dimiter Gantchev, Wend Wendland e Brigitte Vezina na OMPI.

xviii RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010

Agr

adec

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tos

A Parceria expressa seus sinceros agradecimentos a todos aqueles que generosamente aceitaram nosso convite para contriburem com artigos assinados, fornecendo casos concretos e/ou suas experincias com a economia criativa, conforme apresentado nos quadros que compem este relatrio. Esses artigos ajudaram a acrescentar

pragmatismo anlise voltada a polticas deste relatrio, alm de evidncias para alguns dos argumentos empricos.

O Relatrio de Economia Criativa 2008 e o Relatrio de Economia Criativa 2010 foram financiados pela Unidade Especial para Cooperao Sul-Sul da PNUD.

escopo deste relatrio

RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010 xix

Escopo deste relatrio

O Relatrio de Economia Criativa 2010 Economia Criativa: Uma opo de desenvolvimento vivel o segundo relatrio voltado a polticas que apresenta a perspectiva das Naes Unidas sobre esse tpico inovador. A economia criativa se tornou uma questo atual da agenda econmica e de desenvolvimento internacional durante esta dcada, demandando respostas informadas a polticas nos pases desenvolvidos e em desenvolvimento. Estimulada de forma adequada, a criatividade incentiva a cultura, infunde um desenvolvimento centrado no ser humano e constitui o ingrediente chave para a criao de trabalho, inovao e comrcio, ao mesmo tempo em que contribui para a incluso social, diversidade cultural e sustentabilidade ambiental.

O relatrio amplia as descobertas e recomendaes apresentadas pelo primeiro Relatrio de Economia Criativa 2008 O desafio de avaliar a economia criativa: Em direo criao de polticas, dando um passo alm ao aprofundar a anlise e acrescentar novas informaes sobre o impacto dos recentes acontecimentos na economia criativa. Evidncias contidas neste relatrio confirmam uma lio importante da crise econmica, ou seja, que o mercado, ao contrrio do que sugere o senso comum, no possui uma capacidade milagrosa de abordar os desequilbrios socioeconmicos. Portanto, polticas e aes para estimular o desenvolvimento devem ser arraigadas em uma funo equilibrada para intervenes polticas e para o mercado. Nesse contexto, o debate acerca da dimenso do desenvolvimento da economia criativa ganhou impulso em busca de um novo modelo de desenvolvimento melhor adaptado s novas realidades da sociedade contempornea. O

Relatrio de Economia Criativa 2010 tenta responder a esse chamado ao identificar tendncias, pontos fortes e pontos fracos, alm de desafios e oportunidades a serem abordados, tendo em mente a importncia de se reconciliar estratgias nacionais com processos internacionais globais.

O primeiro Relatrio de Economia Criativa continua a atrair o interesse crescente da parte dos governantes, pesquisadores e demais profissionais. Ele tem ajudado a harmonizar os pontos de vista, estimular mais debates sobre pesquisa e polticas e refinar o conceito e suas aplicaes. A popularidade da publicao tambm se deveu ao fato de que ela pode ser pblica e gratuitamente acessada atravs da Internet (www.unctad.org/creative-economy e http://ssc.undp.org/creative_economy). Atualmente, o Relatrio de Economia Criativa 2008 encabea pesquisas no Google sobre este assunto. No final de julho de 2010, o relatrio havia sido consultado mais de 52.000 vezes na Internet e acessado atravs de links a partir de 1.080 websites em todo o mundo. Existem indicaes que sugerem que o relatrio tenha tido um impacto positivo nos profissionais da indstria, artistas e opinio pblica; os ltimos dois anos testemunharam um aumento global na quantidade de pesquisas, conferncias e publicaes sobre o tema da economia criativa. O Relatrio de Economia Criativa 2008 tem sido tpico de debates realizados por redes de crculos acadmicos e educacionais, sendo adotado por uma variedade de universidades como a maior referncia para cursos de graduao, estimulando a reviso do currculo acadmico para o ensino superior em campos relacionados s artes e economia criativa1.

1The Creative Economy Report 2008 revisited: The Dutch being unnoticed, pelo Grupo de Pesquisa Artes e Economia, da Utrecht School of Arts, Utrecht University, Holanda, junho de 2009

xx RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010

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Alm disso, um nmero crescente de governos de pases desenvolvidos e em desenvolvimento est identificando as indstrias criativas como um setor prioritrio em suas estratgias de desenvolvimento nacional.

Essas foram as principais motivaes que guiaram esta nova publicao.

Obviamente, existe a necessidade de melhor conhecimento das dinmicas da economia criativa em nosso mundo globalizado. Uma abordagem mais holstica ao desenvolvimento se faz necessria. hora de nos distanciarmos do foco global e olharmos mais profundamente por um prisma local, identificando especificidades e identidades dos pases e reconhecendo suas diferenas culturais e econmicas, de modo a capturar suas reais necessidades e ambiente circundante. Parece crucial explorar a interligao entre as capacidades criativas, o comrcio, o investimento e a tecnologia, percebendo como ela pode ser traduzida em uma vibrante economia criativa que seja capaz de contribuir para a prosperidade econmica e a reduo da pobreza.

O Relatrio de Economia Criativa 2010 incorpora novas reflexes, pesquisas adicionais e anlise mais profunda sobre as questes principais. Ele engloba os desenvolvimentos econmicos, culturais, sociais e tecnolgicos que ocorreram em um nvel global durante os dois ltimos anos, especialmente as consequncias da crise financeira e da degradao ambiental. No decorrer do relatrio, anlise, grficos e tabelas foram atualizados para conterem estatsticas e informaes mais recentes, incluindo uma avaliao comercial mais oportuna, que mostra a crescente participao dos produtos da indstria criativa nos mercados mundiais durante o perodo de 2002-2008, alm de seu status real at 2010.

De fato, existe uma variedade de novidades no Relatrio de Economia Criativa 2010 que refletem novas realidades. O mais importante que a economia mundial enfrentou a mais severa recesso dos ltimos 70 anos entre 2008 e 2009, o que prejudicou gravemente o crescimento, a gerao de emprego e a qualidade de vida. A crise apontou para limitaes das principais polticas econmicas, dando sinais claros da necessidade de profundas reformas econmicas e financeiras, novas abordagens para o desenvolvimento de estratgias, alm de melhor equilbrio entre as funes do mercado e do governo.

Novos caminhos para o desenvolvimento so necessrios para reorientar as polticas em direo a estratgias de crescimento mais justas, sustentveis e inclusivas que sejam capazes de acelerar o crescimento socioeconmico, gerar empregos e elevar os padres de vida. Diante desse contexto, a economia criativa uma opo de desenvolvimento vivel.

O mundo mudou. A crise provocou um chacoalho que demandou um sistema de governana global mais eficiente no qual os pases emergentes no fossem mais excludos. Como a demanda global diminuiu acentuadamente nos pases desenvolvidos, as naes emergentes em rpido crescimento comearam a obter um desempenho relativamente melhor, sobrevivendo crise com menos danos. O comrcio regional Sul-Sul e os investimentos foram vitais para amenizar os efeitos da recesso global. Embora as tradicionais indstrias de fabricao tenham sido gravemente atingidas, os setores criativos mais baseados em conhecimento se mostraram mais resilientes aos choques externos. Em 2008, apesar dos 12% de queda vivenciados pelo comrcio global, o comrcio mundial de produtos e servios criativos continuou sua expanso, alcanando $ 592 bilhes e refletindo uma taxa de crescimento anual de 14% durante o perodo de 2002 a 2008. Isso reconfirma que as indstrias criativas tm sido um dos setores mais dinmicos da economia mundial nesta dcada.

A recuperao da economia atual permanece frgil, apesar das polticas de amenizao. A recuperao no pode depender unicamente do aumento da demanda nas naes industrializadas. Os pases em desenvolvimento devem continuar aprimorando suas capacidades criativas e continuar procurando novas oportunidades de mercado no Sul, onde a demanda vem crescendo. O Relatrio de Economia Criativa 2010 oferece evidncias de que o comrcio Sul-Sul de produtos criativos e os investimentos Sul-Sul em tecnologias digitais esto aumentando gradativamente, embora apresentem o potencial de expandir ainda mais rapidamente se forem apoiados por uma cooperao Sul-Sul aprimorada. Os pases em desenvolvimento so, portanto, incentivados a inclurem produtos criativos em suas listas de produtos ao conduzirem negociaes no Sistema Global de Preferncias Comerciais.

escopo deste relatrio

RelATRIo De eCoNomIA CRIATIvA 2010 xxi

O captulo 1 explora conceitos em evoluo, tais como ecologia criativa, bens creative commons, criao colaborativa, economia da experincia e inovao leve, expandindo a anlise dos maiores impulsionadores e das mltiplas dimenses da economia criativa. O captulo 2 introduz uma reflexo profunda acerca das interligaes entre a economia criativa e a economia verde, capturando contnuos debates de polticas sobre as implicaes de perdas na biodiversidade e sobre a forma como a criatividade e a biodiversidade so uma soluo satisfatria para todas as partes envolvidas, a fim de promover o desenvolvimento sustentvel e a recuperao da economia. Alm disso, ele apresenta uma viso geral dos acontecimentos recentes relacionados econmica criativa nos pases em desenvolvimento e nas economias em transio. O captulo 3 analisa a estrutura organizacional da economia criativa, enfatizando o poder das redes sociais e sua influncia na distribuio do contedo criativo digitalizado, atravs de modelos de negcio mais flexveis. O captulo 4 apresenta uma abrangente anlise comparativa das metodologias atuais de coleta, anlise e disseminao de estatsticas e indicadores econmicos para as indstrias criativas, levando em considerao novos modelos para estatsticas culturais e os trabalhos contnuos realizados por organizaes internacionais e pases individuais no que se refere a esse respeito. Ele tambm apresenta uma metodologia refinada desenvolvida pela UNCTAD, que prope melhores ferramentas para aprimorar gradativamente a comparabilidade e a confiabilidade das estatsticas comerciais para as indstrias criativas; um trabalho em andamento direcionado a melhorar a transparncia do mercado.

O captulo 5 trata do comrcio internacional de produtos e servios criativos. Ele transmite uma imagem recente das tendncias globais dos fluxos de comrcio mundial e global de produtos criativos durante o perodo de 2002-2008. Uma profunda anlise comercial apresentada para o comrcio Norte-Sul e Sul-Sul de produtos criativos, com foco especial no potencial de maior expanso do comrcio Sul-Sul e na forma

como a demanda por produtos criativos vem contribuindo com a recuperao da economia.

Avanos foram feitos na metodologia da UNCTAD para processar e analisar as estatsticas comerciais, possibilitando que os pases gerem seus prprios perfis de pas no desempenho comercial de suas indstrias criativas, conforme exemplificado no anexo estatstico.2

O captulo 6 mostra os trabalhos progressivos empreendidos pela OMPI nos nveis intergovernamentais e de secretaria. Ele tambm analisa reas sensveis relacionadas aos atuais debates controversos sobre os prs e os contras da proteo ou do compartilhamento de direitos autorais, alm da nova tendncia em direo ao domnio pblico e novos cdigos abertos para a distribuio de direitos de propriedade intelectual, incluindo uma seo na evoluo dos creative commons.

No captulo 7, o foco recai sobre a crescente funo da tecnologia e da conectividade na economia criativa. O captulo comea examinando o impacto da crise econmica nas tecnologias digitais, apresentando um novo ponto de vista sobre como a difuso da tecnologia da informao e da comunicao (TIC) e, especialmente, a revoluo mvel esto trazendo progresso para os pases em desenvolvimento. O relatrio comprova que as tecnologias digitais e os servios da TIC esto simulando a criao e comercializao de produtos criativos digitalizados por meio de novos modelos de negcio, e que essa convergncia e digitalizao esto ajudando os produtos criativos de pases em desenvolvimento a alcanar mercados globais. O captulo 8 enfatiza a importncia de polticas nacionais adaptadas para o fortalecimento da economia criativa a fim de gerar ganhos de desenvolvimento. O relatrio prope direes de polticas para a proviso de financiamentos e investimentos para as indstrias criativas, recordando que a maioria dos governos possui dficits pblicos, e novas opes de financiamento devem ser exploradas. Como exemplo, os conceitos de uma economia baseada em solidariedade e o

2 Igualmente, o Banco de Dados Global da UNCTAD sobre Economia Criativa tambm foi atualizado e pode ser acessado em www.unctad.org/creative-programme.

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uso de moedas alternativas para transaes na economia criativa so apresentados como formas alternativas de se promover o empreendedorismo criativo, especialmente no perodo ps-crise. O relatrio analisa a forma como as redes de comunicao e o trabalho colaborativo tm feito com que os indivduos e grupos criativos se tornem mais proativos na elaborao de solues que revigorem a economia criativa. Ele indica que os devidos mecanismos institucionais e estruturas de regulao devem ser implementados como um pr-requisito para o funcionamento ideal do nexo criativo, cujo objetivo atrair investidores e negcios criativos, estimular o uso de novas tecnologias e articular estratgias que promovam o comrcio para os mercados nacionais e internacionais. O agrupamento e o nexo criativo so essenciais na promoo da inovao criativa.

O captulo 9 apresenta uma viso geral dos acontecimentos atuais nos processos globais e seu impacto na formulao de polticas multilaterais regionais e internacionais em reas relevantes para a economia criativa. O relatrio observa que os efeitos negativos da crise financeira e econmica iro praticamente impossibilitar que os pases mais pobres alcancem os Objetivos de Desenvolvimento do Milnio, especialmente a meta de diminuir pela metade a pobreza extrema at 2015. O relatrio lana luz sobre o estado de debates intergovernamentais e negociaes multilaterais e suas repercusses para a economia criativa at 2010. Ele analisa, por exemplo, as causas do prolongado impasse nas negociaes da Rodada de Doha da OMC no resultado da crise de 2008-2009. A seo sobre o acesso de mercado e as barreiras tarifrias apresenta uma anlise pioneira demonstrando que a expanso comercial para produtos criativos tem sido prejudicada pelo alto nvel de tarifas, um problema que os pases em desenvolvimento devem abordar atravs de

negociaes realizadas nos termos do Sistema Global de Preferncias Comerciais. Este captulo tambm apresenta uma breve anlise do progresso feito at 2010 com a implementao da Conveno da UNESCO sobre Proteo e Promoo da Diversidade de Expresses Culturais e suas implicaes para a economia criativa nos pases em desenvolvimento. Por fim, o captulo analisa novas aes e passos tomados pela comunidade internacional no contexto da implementao da Agenda de Desenvolvimento da OMPI.

Para concluir, o captulo 10 enfatiza as lies aprendidas e prope opes de polticas especficas para aprimorar a economia criativa em face dos acontecimentos atuais. O captulo indica como a criao de polticas no nvel comunitrio e municipal parece ser cada vez mais eficiente na articulao de resultados, em comparao com estratgias nacionais, devido complexidade de integrar aes de polticas interministeriais e cruzadas. Alm disso, o captulo observa a forma como o crescente impacto da convergncia digital e o poder das redes sociais tm trazido uma nova dinmica ao processo criativo em mbito nacional e internacional, misturando novamente as expresses culturais e criativas tradicionais com as contemporneas.

As dez mensagens principais desse estudo voltado a polticas so enfatizadas. O Relatrio de Economia Criativa 2010 traz evidncias de que a economia criativa realmente caracteriza uma opo vivel para avanar o desenvolvimento em linha com a transformao de longo alcance de nossa sociedade. Chegou o momento de promover a criatividade e a inovao, moldando uma estratgia de desenvolvimento mais holstica, que seja capaz de estimular uma recuperao econmica inclusiva e sustentvel.

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Dez mensagens principais

Este relatrio voltado a polticas examina uma variedade de problemas relacionados economia criativa e dimenso de seu desenvolvimento. Em vez de apresentar uma viso geral do relatrio completo, um resumo das dez mensagens principais apresentado na parte inicial do relatrio, a fim de fornecer uma sntese das principais descobertas e recomendaes de poltica. A inteno apresentar uma rpida visualizao das questes cruciais, facilitando a elaborao de polticas informadas e voltadas ao resultado.

I. Em 2008, a erupo da crise econmica e financeira mundial provocou uma queda na demanda global, alm de uma concentrao de 12% no comrcio internacional. Contudo, as exportaes mundiais de produtos e servios criativos continuaram a crescer, alcanando $ 592 bilhes em 2008 mais que o dobro do volume em 2002 , o que indica uma taxa de crescimento anual de 14% durante seis anos consecutivos. Essa uma confirmao para o fato de que as indstrias criativas apresentam enorme potencial para os pases em desenvolvimento que buscam diversificar suas economias e dar um salto em direo a um dos setores mais dinmicos da economia mundial.

II. A economia mundial vem sendo estimulada pelo aumento do comrcio Sul-Sul. As exportaes de produtos criativos do Sul para o mundo alcanaram $ 176 bilhes em 2008, correspondendo a 43% do comrcio total das indstrias criativas, com uma taxa de crescimento anual de 13,5% durante o perodo de 2002 a 2008. Isso indica um slido dinamismo, alm do acelerado crescimento da participao de mercado dos pases em desenvolvimento nos mercados mundiais para indstrias criativas. O comrcio Sul-Sul de produtos criativos totalizou praticamente $ 60 bilhes, uma incrvel taxa de crescimento de 20% no perodo. A tendncia tambm confirmada no caso dos servios criativos, cuja participao no comrcio Sul-

Sul subiu de $ 7,8 bilhes em 2002 para $ 21 bilhes em 2008. Em face da evoluo positiva, os pases em desenvolvimento se encontram intensamente estimulados a incluir produtos criativos em sua lista de produtos e a realizar negociaes nos termos do Sistema Global de Preferncias Comerciais, a fim de proporcionar impulso ainda maior expanso do comrcio Sul-Sul nesse setor promissor.

III. Uma mistura estratgica de polticas pblicas e decises estratgicas essencial para direcionar o potencial socioeconmico da economia criativa a fim de gerar ganhos de desenvolvimento. No caso dos pases em desenvolvimento, o ponto de partida aprimorar as capacidades criativas e identificar os setores criativos que apresentem maiores potenciais, por meio de polticas cruzadas articuladas. Esforos devem ser orientados em direo ao funcionamento de um nexo criativo capaz de atrair investidores, construir capacidades empreendedoras, oferecer melhor acesso e infraestrutura a modernas tecnologias de TIC, de modo a se beneficiarem da convergncia digital global, otimizando o potencial comercial de seus produtos criativos nos mercados nacional e internacional. Um efeito de transbordamento positivo certamente resultar em maiores nveis de gerao de emprego, maiores oportunidades de fortalecimento das capacidades de inovao e alta qualidade de vida social e cultural daqueles pases.

IV. Estratgias de polticas que promovam o desenvolvimento da economia criativa devem reconhecer sua natureza multidisciplinar suas interligaes econmicas, sociais, culturais, tecnolgicas e ambientais. Os elementos cruciais em qualquer pacote que vise a moldar uma estratgica de longo prazo para a economia criativa devem envolver aes interministeriais harmonizadas a fim de assegurar que instituies nacionais, uma estrutura regulatria e mecanismos de suporte sejam colocados em vigor para

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sustentar o fortalecimento das indstrias criativas e relacionadas.

V. Um grande desafio para a moldagem de polticas para a economia criativa est relacionado aos direitos de propriedade intelectual: como medir o valor da propriedade intelectual, como redistribuir os lucros e como regular essas atividades. A evoluo da multimdia criou um mercado aberto para a distribuio e compartilhamento de contedo criativo digitalizado, e o debate acerca da proteo ou compartilhamento de Direitos de Propriedade Intelectual (DPI) se tornou altamente complexo, envolvendo governos, artistas, criadores e empresas. Chegou o momento de os governos analisarem as limitaes dos regimes de DPI atuais e os adaptarem s novas realidades, assegurando um ambiente competitivo no contexto do discurso multilateral.

VI. A economia criativa ultrapassa as fronteiras das artes, negcios e conectividade, impulsionando a inovao e novos modelos de negcio. A era digital desbloqueou canais de marketing e distribuio para a msica, animao digital, filmes, noticirios, publicidade, etc., expandindo os benefcios econmicos da economia criativa. A revoluo mvel est mudando as vidas de milhes de pessoas no mundo em desenvolvimento. Em 2009, mais de 4 bilhes de telefones mveis estavam em uso, 75% deles no Sul. Em 2008, mais de um quinto da populao mundial utilizava a Internet, e o nmero de usurios no Sul cresceu cinco vezes mais rapidamente do que no Norte. Contudo, os pases em desenvolvimento ficam atrs em termos de conectividade de banda larga. Para as indstrias criativas, isso se transforma em uma limitao, j que muitos aplicativos que estimulam a produo criativa e o comrcio eletrnico demandam largura de banda suficiente para serem executados. Portanto, esforos de investimento nacional e regional devem ser guiados, em colaborao com agncias internacionais, em direo a uma melhor infraestrutura de banda larga no Sul.

VII. A economia criativa tanto fragmentada quanto inclusiva. Ela funciona por meio de redes entrelaadas e flexveis de sistemas de produo e servios, abrangendo toda a cadeia de valor.

Atualmente, fortemente influenciada pela crescente funo das redes sociais. Essas novas ferramentas, como blogs, fruns e wikis, facilitam a conectividade e a colaborao entre pessoas criativas, produtos e lugares. A elaborao de polticas pragmticas exige melhor conhecimento das partes interessadas na economia criativa, da forma como se relacionam entre si e da forma como o setor criativo se relaciona com os demais setores da economia. Polticas e iniciativas devem ser especficas e no genricas e, preferencialmente, no funcionarem de cima para baixo ou de baixo para cima, mas de forma a possibilitar a propriedade e as parcerias envolvendo partes interessadas dos setores pblico e privado, artistas e sociedade civil. Esquemas mais inclusivos e flexveis facilitaro a tomada de medidas eficientes e inovadoras para revitalizar a economia criativa.

VIII. Polticas para a economia criativa precisam responder no somente s necessidades econmicas, mas tambm s demandas especiais das comunidades locais, relacionadas educao, identidade cultural, desigualdades sociais e questes ambientais. Um nmero cada vez maior de municpios em todo o mundo est empregando o conceito de cidades criativas para formular estratgias de desenvolvimento urbano a fim de revigorar o crescimento com foco em atividades culturais e criativas. Os principais princpios podem ser adaptados para as reas rurais e comunidades menos favorecidas, como uma ferramenta de gerao de empregos, especialmente para a juventude, fortalecimento das mulheres criativas e promoo da incluso social de uma forma alinhada com o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio. Dessa forma, os municpios esto agindo com mais rapidez e perspiccia do que as esferas de governos federais, que podem se tornar mais restritas por conta de burocracias e questes de poder. Idealmente, planos de a