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Empreendedorismoe Desenvolvimento

RegionalCasos Práticos

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A n t ó n i o d e M e l o P i r e s

Este livro apresenta um conjunto de casos de estudo sobreEmpreendedorismo e Desenvolvimento Regional. De acordocom as temáticas abordadas, os casos organizam-se em trêsgrandes temas:

O empreendedorismo que relata situações relativas à criaçãoou às estratégias de crescimento de empresas.

As estruturas e programas de apoio ao empreendedorismoque inclui casos que evidenciam o papel de um conjunto derecursos e programas que facilitam a atividade empreende-dora.

Esta publicação é dirigida a quatro tipos de público:

Decisores e planeadores de política em instituições públi-cas e privadas, como fonte de inspiração para o desenho ea aplicação de políticas públicas nestas áreas.Empreendedores cujas atividades dependam ou provo-quem externalidades significativas no ambiente económicolocal e regional, como um catalisador para a mobilização deparcerias adequadas.Líderes de desenvolvimento regional, como uma ferramentade aprendizagem para tornar as suas parcerias mais eficazes.

Este livro apresenta diversas abordagens ao tema, permi-tindo a discussão de casos de estudo que propõem soluçõesinovadoras, estratégias sustentáveis e de promoção do desen-volvimento e competitividade dos territórios. Os casos, aindaque apresentando enorme diversidade, em termos de relatose autores envolvidos, apresentam um formato facilitador daprática pedagógica, que consiste numa estrutura que incluium breve enquadramento teórico do tema, seguido da des-crição e discussão do caso, e, por último, por um conjunto dequestões de natureza diversa que se fazem acompanhar deorientações de pretende facilitar a discussão, partilha e dis-seminação de boas práticas sobre os temas do empreende-dorismo considerando o seu impacto no desenvolvimentodos territórios.

O empreendedorismo social que agrupa um conjunto decasos que descrevem e discutem casos de instituições semfins lucrativos que visam responder a necessidades e falhasde mercado não colmatadas pelo governo.

Professores e estudantes do ensino superior, como ferra-menta pedagógica a utilizar dentro e fora das aulas.

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Esta obra teve o apoio:

Editores:

Luísa Cagica Carvalho

Pedro Dominguinhos

Rui Nuno Baleiras

Tomaz Ponce Dentinho

Ana Isabel Baltazar da Cruz

Áurea Sousa

Carlos Brito

Cláudia Bandeiras

Dolores Gallardo-Vázquez

Estêvão de Moura

Fátima Jorge

Fernando Lopes

Fernando Valente

Inês Cardoso

Isabel Lopo de Carvalho

João Cotter Salvado

José Dantas

José Diogo

Luísa Cagica Carvalho

M. Isabel Sánchez-Hernández

Manuela Sampaio

Marcos Olímpio dos Santos

Maria Luísa Silva

Maria Saudade Baltazar

Marta Costa e Silva

Pedro Dominguinhos

Ricardo Correia

Rui Nuno Baleiras

Teresa Costa

Tomaz Ponce Dentinho

Autores:

Empreendedorismo e Desenvolvimento

Regional

Casos Práticos

Luísa Cagica Carvalho Pedro Dominguinhos

Rui Nuno Baleiras Tomaz Ponce Dentinho

Editores

EDIÇÕES SÍLABO

É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer

forma ou meio, NOMEADAMENTE FOTOCÓPIA, esta obra. As transgressões

serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor.

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www.si labo.pt

Editor: Manuel Robalo

FICHA TÉCNICA:

Título: Empreendedorismo e Desenvolvimento Regional – Casos Práticos Autores: Vários © Edições Sílabo, Lda. Capa: Pedro Mota Fotografia da capa: © Pertusinas | Dreamstime.com

1ª Edição – Lisboa, outubro de 2015 Impressão e acabamentos: Europress, Lda. Depósito Legal: 398150/15 ISBN: 978-972-618-820-9

EDIÇÕES SÍLABO, LDA.

R. Cidade de Manchester, 2 1170-100 Lisboa Tel.: 218130345 Fax: 218166719 e-mail: [email protected] www.silabo.pt

Í N D I C E

Prefácio 13

Preâmbulo 15

Parte 1

Empreendedorismo

Capítulo 1 – Empreendedorismo e desenvolvimento regional – O caso do porto de Sines 21

1. Empreendedorismo e desenvolvimento regional 23 2. O caso do porto de Sines 24

2.1. Metodologia 24 2.2. Caracterização do porto de Sines 25 2.3. Efeitos spillovers relevantes no domínio económico, ambiental e social 27

3. Empreendedorismo e desenvolvimento regional o caso do Porto de Sines 31 4. Conclusão 33 6. Exercícios 34

6.1. Propostas de resolução 35

Capítulo 2 – Empreendedorismo e compatibilidade relacional – O caso Aquapura no contexto da região do Douro 37

1. Introdução 39 2. O grupo Aquapura 40

3. A região do Douro 41 4. O processo de interação Aquapura vs. região do Douro 42 5. Influência da região no Aquapura 45 6. Conclusões 47 7. Exercícios 48

7.1. Sugestões de resposta às questões formuladas 48

Capítulo 3 – Características empreendedoras dos técnicos de diagnóstico e terapêutica dos hospitais dos Açores 51

1. Introdução 53 2. Dinâmica do empreendedorismo 54 3. Metodologia 58 4. Apresentação dos resultados 59 5. Considerações finais 70 6. Exercícios 73

Capítulo 4 – Inter-relação empreendedorismo e literacia financeira – Contributos para o desenvolvimento regional 75

1. Introdução 77 2. O empreendedorismo enquanto fator de desenvolvimento económico 78 3. Literacia financeira 80 4. A importância da literacia financeira para o empreendedorismo

e desenvolvimento regional 81 5. Solução integradora da educação financeira interrelacionada

com a educação para o empreendedorismo 84 6. Descrição da solução/plataforma tecnológica 84 7. Conclusão 86 8. Atividades/exercícios 88

Parte 2

Empreendedorismo social

Capítulo 5 – Empreendedorismo social em Portugal – O caso da Bolsa de Valores Sociais 93

1. Revisão de literatura 95 1.1. Empreendedorismo social 95 1.2. Empreendedor social 96

2. Estudo de caso: BVS 97 2.1. Metodologia 97 2.2. Caracterização da BVS 98 2.3. Análise dos projetos da BVS 98

3. Considerações finais 103 4. Exercícios 105

4.1. Propostas de resolução 105

Capítulo 6 – Do empreendedorismo à responsabilidade social – O caso do museu do marceneiro

1. Introdução 109 2. Do empreendedorismo à responsabilidade social 109

2.1. Empreendedorismo 109 2.2. O contexto da responsabilidade social das empresas 111

3. Estratégia de desenvolvimento regional – Alentejo 2015 113 4. Metodologia 115 5. Apresentação da empresa Galerias de Móveis São Francisco, Lda. 118

5.1. Caracterização 118 5.2. O Museu do Marceneiro 119

6. Discussão de resultados 120 7. Considerações finais 125 8. Exercícios de consolidação 126

Capítulo 7 – Insights on the motivating forces behind the experiences of social entrepreneurship in the region of Extremadura (Spain) 127

1. Introduction 129 2. Disentangling the meaning of social innovation, social entrepreneurship

and social enterprise 130 3. Experiences in the region of Extremadura in Spain 132

3.1. The most important co-operative in Extremadura: ACOREX GROUP 133 3.2. The integration companies awakening in Extremadura 134 3.3. From special employment center to private company:

the Aprosuba 3 case study 135

4. Final remarks 136 5. Exercise 137

Capítulo 8 – Escolinha de rugby da Galiza – Crescimento de uma iniciativa de empreendedorismo socia 139

1. Introdução 141 2. O ciclo vicioso da pobreza no bairro do «Fim do Mundo» 142 3. A intervenção da Santa Casa da Misericórdia de Cascais 142 4. Nasce a ERG 143 5. O modelo da ERG 146

5.1 Uma abordagem holística de intervenção social 146 5.2. O contrato 148 5.3. Uma equipa dedicada 149 5.4. O orçamento 149 5.5. Fatores de sucesso 150

6. O processo de crescimento 151 6.1. A disseminação informal do modelo da ERG 151 6.2. O expansão formal do modelo da ERG 153

7. Conclusão 156

8. Anexos 157 8.1. Anexo 1 – Distribuição dos jogadores da ERG por nacionalidade 157 8.2. Anexo 2 – Áreas de intervenção da ERG 158 8.3. Anexo 3 – Organograma da ERG 159

9. Exercícios 160 9.1. Introdução 160 9.2. Primeiro exercício 160 9.3. Segundo exercício 161 9.4. Terceiro exercício 163

Parte 3

Estruturas e programas de apoio ao empreendedorismo

Capítulo 9 – Empreendedorismo e desenvolvimento regional – O caso «DNA Cascais» 167

1. Introdução 169 2. Desenvolvimento 171

2.1. Enquadramento 171 2.2. A génese do projeto 172 2.3. A equipa e a estrutura DNA 173 2.4. O público-alvo 173 2.5. O ecossistema empreendedor 174 2.6. O modelo de negócio da DNA 179 2.7. Difusão do modelo e internacionalização 180

3. Resultados 180 4. Conclusão 181 5. Exercícios 184

Capítulo 10 – Empreendedorismo em espaço rural – O caso do Projeto PROVE 187

1. Introdução 189 2. Desenvolvimento 190

2.1. Metodologia 190 2.2. Disseminação 193 2.3. Avaliação 194

3. Resultados 195 4. Conclusões 197 5. Exercícios 200

5.1. Exercício 1 200 5.2. Exercício 2 201

Capítulo 11 – Empreendedorismo em territórios de baixa densidade populacional – O caso particular do Projeto WINNET 8 203

1. Introdução 205 2. Cooperação territorial e o desenvolvimento regional 206

2.1. Políticas comunitárias de cooperação territorial 206 2.2. Estratégias de desenvolvimento em territórios de baixa densidade 208 2.3. O empreendedorismo e agentes locais na base

das dinâmicas territoriais 210

3. O programa de cooperação inter-regional e a experiência do projeto WINNET 8 211 3.1. Do problema em questão ao Projeto WINNET 8 211 3.2. Os antecedentes do Projeto WINNET 8 214 3.3. A partilha de conhecimentos e de experiências

e o plano de ação do projeto 214 3.4. Metodologia participativa como âncora do projeto 215 3.5. O WRC como estratégia de superação do problema 218

4. Capitalização do trabalho realizado com vista à consolidação da cultura de parceria 219

5. Conclusão 220

6. Anexo 223 7. Exercícios (enunciados e propostas de resolução) 224

7.1. Exercício 1 224 7.2. Exercício 2 225 7.3. Exercício 3 226 7.4. Exercício 4 226 7.5. Exercício 5 227

Capítulo 12 – Contributos da inovação para o desenvolvimento local e regional – Programa estratégico INOV⋅C 229

1. Introdução 231 2. Sistema de apoio ao estímulo local e regional

ao empreendedorismo e inovação 231 3. Avaliação da satisfação dos parceiros complementares INOV⋅C 238 4. Conclusão 239 5. Exercícios 240

5.1. Exercício 1 240 5.2. Exercício 2 241

P R E F Á C I O

Engenheiro Antón io de Melo P i res Presidente do Conselho de Gerência da AutoEuropa

Hoje em dia, empreendedorismo é um termo popular, contudo não é um fenó-

meno da nossa sociedade atual. Já no século XVIII se encontrava este assunto no

discurso económico e social. Porém, empreendedorismo retém uma ressonância

poderosa no tempo em que existimos.

Vivemos num ambiente agitado que tem cada vez mais reduzidos os ciclos de

vida dos produtos. Por essa razão, a capacidade de inovação das empresas desem-

penha um papel central no acompanhamento dos processos do mercado e no seu

estabelecimento de forma sustentável. Mas nem só a capacidade de inovação é

suficiente – como aliás, a implementação desta em produtos comercializáveis é o

critério fundamental para o êxito de uma empresa.

É também por este motivo que o apoio à inovação e ao empreendedorismo

ocupa um lugar cimeiro na ordem do dia dos responsáveis políticos baseado no

conhecimento, é a chave para a transformação económica e social. Neste contexto,

o empreendedorismo não será um modelo estático ou universal, dispondo aliás de

uma dimensão geográfica, onde cada região tem um conjunto inerente e único de

pontos fracos e fortes que influenciam a cultura empresarial e o ambiente de negó-

cio. Existe uma série diversificada de princípios de como se pode ligar empreende-

dorismo e processo de criação de empresas com a região.

Em consequência disso, os empreendedores hoje em dia são confrontados com

desafios variados o que significa que tem que estar consciente dos mecanismos de

mercado como descritos, mas também tem que agir no interesse da empresa e

encontrar o equilíbrio ideal entre risco e recompensa. Em particular, a mentalidade

do empreendedor desempenha um papel decisivo e deverá ter não só um sentido

marcado pela independência e autorrealização, mas também a competência para

lidar com a incerteza. A gestão de projetos e planeamento contribuem sem dúvida

para o sucesso de uma empresa. Porém, um empreendedor com experiência tem a

consciência que nem tudo é passível de ser planeado. Aliás, a capacidade de ante-

cipar em que direção o campo de ação se vai deslocar, é essencial. Por conse-

guinte, é fundamental transformar oportunidades num valor económico, através da

criatividade, sabedoria, visão estratégica e gestão profissional.

O presente livro traz uma contribuição essencial para o discurso atual do tema

empreendedorismo e constitui um enriquecimento na literatura existente nesta maté-

ria.

P R E Â M B U L O

Luísa Cagica Carva lho Universidade Aberta

Pedro Dominguinhos Instituto Politécnico de Setúbal

Rui Nuno Bale i ras Universidade do Minho e Conselho das Finanças Públicas

Tomaz Ponce Dent inho Universidade dos Açores e APDR

Este livro de casos surge na sequência do 14º Workshop APDR sobre o tema do

Empreendedorismo e Desenvolvimento Regional que decorreu na Escola Superior

de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal no dia 9 de outubro de

2012. De um total de cerca de 80 casos submetidos, foram apresentados e discuti-

dos cerca de 40 casos, dos quais foram 32 re-submetidos de acordo com as normas

de publicação, e selecionados para publicação final 12 casos. De acordo com as

temáticas abordadas, os casos organizam-se em três grandes temas:

• O empreendedorismo que relata situações relativas à criação ou às estratégias

de crescimento de empresas;

• O empreendedorismo social que agrupa um conjunto de casos que descrevem

e discutem casos de instituições sem fins lucrativos que visam responder a

necessidades e falhas de mercado não colmatadas pelo governo;

• As estruturas e programas de apoio ao empreendedorismo que inclui casos

que evidenciam o papel de um conjunto de recursos e programas que facilitam

a atividade empreendedora.

O Empreendedorismo e Desenvolvimento Regional – Casos Práticos pretende

criar um recurso com fins pedagógicos e empresariais que facilite a discussão, par-

tilha e disseminação de boas práticas sobre os temas do empreendedorismo consi-

derando o seu impacto no desenvolvimento dos territórios.

16 I N O V A Ç Ã O , O R G A N I Z A Ç Ã O E T R A B A L H O

A publicação é dirigida a quatro tipos de público:

• Professores e estudantes do ensino superior, como ferramenta pedagógica a

utilizar dentro e fora das aulas;

• Decisores e planeadores de política em instituições públicas e privadas, como

fonte de inspiração para o desenho e a aplicação de políticas públicas nestas

áreas;

• Empreendedores cujas atividades dependam ou provoquem externalidades

significativas no ambiente económico local e regional, como um catalisador

para a mobilização de parcerias adequadas;

• Líderes de desenvolvimento regional, como uma ferramenta de aprendizagem

para tornar as suas parcerias mais eficazes.

Este livro apresenta diversas abordagens ao tema, permitindo a discussão de

casos de estudo que propõem soluções inovadoras, estratégias sustentáveis e de

promoção do desenvolvimento e competitividade dos territórios. Os casos, ainda que

apresentando enorme diversidade, em termos de relatos e autores envolvidos, apre-

sentam um formato facilitador da prática pedagógica, que consiste numa estrutura

que inclui um breve enquadramento teórico do tema, seguido da descrição e discus-

são do caso, e, por último, por um conjunto de questões de natureza diversa que se

fazem acompanhar de orientações de resolução e de bibliografia complementar.

É atualmente consensual o papel do empreendedorismo para a criação de

emprego e geração de riqueza nas nações. Torna-se particularmente interessante o

estudo deste fenómeno quando considerado numa perspetiva microeconómica onde

se estuda o seu contributo para a sustentabilidade das comunidades locais e para o

equilíbrio e competitividade dos territórios. O tema do empreendedorismo tem vindo

a ser estudado por diversos investigadores em todo o mundo. Os contributos para o

seu estudo são multidisciplinares e diversos, bem como, os seus tópicos de inte-

resse.

A primeira parte, sobre empreendedorismo, começa com um texto de Luísa Car-

valho e Teresa Costa intitulado «Empreendedorismo e Desenvolvimento Regional, o

Caso de Sines» (Capítulo 1) onde são analisados os efeitos spillover da instalação

de infraestruturas associados à participação da Administração do Porto de Sines em

várias empresas, da sua atividade de mitigação de impactos ambientais, na sua

intervenção no domínio social e na atração de investidores que ajudaram a criar um

tecido produtivo competitivo e estimulador do desenvolvimento regional; o trabalho

propõe dois exercícios finais: um sobre análise SWOT e outro sobre desenho de

cenários. No Capítulo 2, da autoria de José Manuel Gallego e de António Chomorro

Mera, analisa-se a capacidade empreendedora na Extremadura focando o Caso da

Granja el Cruce com base numa descrição da empresa e em entrevistas feitas com

P R E Â M B U L O 17

os responsáveis; como exercícios propõem-se reflexões sobre o empreendedorismo,

auto análises com base num questionário, recolha de informação, recapitulação de

conhecimentos e debate. No Capítulo 3, Inês Cardoso, Aurea Sousa e Fernando

Lopes, depois de uma interessante revisão de literatura, analisam o empreendedo-

rismo dos técnicos de diagnóstico e terapêutica dos hospitais dos Açores com base

no tratamento de dados recolhidos por questionário, explicitando as características

mais marcantes dos empreendedores. Também propõem três exercícios relativos ao

texto apresentado. A primeira parte termina com o Capítulo 4 onde Ana Isabel Cruz

analisa, com base numa revisão extensa de documentação, as relações entre

empreendedorismo e literacia financeira com o objetivo de melhorar a eficiência das

intervenções públicas de apoio ao desenvolvimento regional. No final, sugerem-se

um conjunto de exercícios individuais e de grupo para a criação de planos de negó-

cio, avaliação da educação financeira, simulação do funcionamento de uma institui-

ção bancária e exercícios de criatividade empresarial.

A segunda parte do livro inclui os textos de empreendedorismo social. As pro-

postas de Teresa Costa e de Luísa Carvalho, no Capítulo 5, abordam a bolsa de

valores sociais, ou seja, conjuntos de ações, boas práticas e propostas inovadoras

que atraem recursos financeiros para resolver problemas sociais como a pobreza,

marginalidade e solidão. O trabalho analisa trinta projetos de natureza social cons-

tatando a sua capacidade em atrair recursos e relatando o seu impacto na realidade.

O desafio lançado nas questões tem a ver com a identificação e análise de projetos

de empreendedorismo social e com a descoberta de métricas para a sua avaliação.

No Capítulo 6, Maria Luísa Silva, Fátima Jorge e Estevão de Moura analisam textos

enquadradores do empreendedorismo, reportam a política de desenvolvimento

regional no Alentejo e focam no caso de Museu do Marceneiro em Évora como um

testemunho de responsabilidade social. No final propõem questões que levam a

rever o texto, a identificar empreendedores e a explorar as consequências da res-

ponsabilidade social das empresas. O Capítulo 7 é da autoria de Isabel Hernandez

de Dolores Callardo-Vasquez e procuram identificar as motivações do empreendedo-

rismo social analisando três casos de estudo na Extremadura espanhola, onde se

descobrem novas formas de trabalho e a mobilização de pessoas com limitações.

No exercício propõem a descoberta de custos e barreiras para que as empresas

adquiram responsabilidade social. O Capítulo 8 descreve e analisa o caso de escoli-

nha de rugby da Galiza no Bairro do Fim do Mundo em Cascais. Nesse texto, Isabel

Lopo de Carvalho e João Salvado descrevem as várias vertentes do projeto – famí-

lia, saber e desporto – demonstrando a natureza holística da abordagem. No final

sugerem um debate sobre a disseminação, sobre a replicabilidade do projeto e sobre

os riscos do não crescimento.

A Terceira Parte do Livro é sobre Estruturas e Programa de Apoio ao Empreen-

dedorismo. No Capítulo 9, da autoria de Fernando Valente, de José Dantas e de

18 I N O V A Ç Ã O , O R G A N I Z A Ç Ã O E T R A B A L H O

Pedro Dominguinhos fala-se da experiência de cinco anos do projeto DNA Cascais,

uma agência de promoção e desenvolvimento do empreendedorismo, orientada para

a supressão de bloqueios possibilitando a criação de um ecossistema empreendedor

que permitiu a criação de 400 postos de trabalho e pode criar mais 700 nos próximos

anos. As perguntas são sobre a possibilidade de replicar o modelo noutro lado,

sobre os passos concretos para o fazer, sobre os principais obstáculos ao empreen-

dedorismo e sobre uma análise para identificar regiões empreendedoras. Claudia

Bandeiras, José Diogo e Manuela Sampaio avaliam o projeto PROVE – promover e

vender – no Capítulo 10. O projeto organiza a venda de produtos agrícolas de

pequenos agricultores e um dos principais resultados foi a promoção da capacidade

das pessoas na comercialização direta dos produtos. Os exercícios propostos são

desafios à elaboração de planos de marketing e ao desenho de sistemas organiza-

cionais. Maria Saudade Baltazar e Marcos Olímpio dos Santos escrevem no Capítulo

11 sobre empreendedorismo em territórios de baixa densidade, reportando o projeto

Winnet 8 orientado para a criação de centros de recursos de apoio à mulher em

várias regiões da Europa. As perguntas sugeridas são um estímulo à revisão do

texto. Finalmente, Marta Costa e Silva debruça-se no Capítulo 12, sobre o Programa

Estratégico INOV C que, à semelhança ao programa DNA no Capítulo 12 para Cas-

cais, procura desenvolver um ecossistema de inovação na Região Centro. São des-

critos os projetos apresentado e é analisado um questionário feito aos empreende-

dores. Os exercícios reportam ao desenvolvimento endógeno e desafiam a analisar

melhor os casos apresentados.

Parte 1

Empreendedorismo

Empreendedorismo e desenvolvimento

regional

O caso do porto de Sines

Luísa Carva lho Departamento de Ciências Sociais e de Gestão – Universidade Aberta

CEFAGE, Universidade de Évora [email protected]

Teresa Costa Departamento de Economia e Gestão – Escola Superior de Ciências Empresariais

Instituto Politécnico de Setúbal [email protected]

1

Resumo

Considerando a ligação entre empreendedorismo e desenvolvimento regio-nal e a possibilidade de estudar esta temática numa dupla perspetiva, istoé, tentando compreender de que forma o empreendedorismo influenciapositivamente o desenvolvimento regional, e, em que medida, o desenvol-vimento regional pode potenciar a atividade empreendedora, decidimosapresentar, como caso de estudo, o caso do porto de Sines. Esta escolhajustifica-se pela importância estratégica regional e nacional deste projeto, considerado uma importante infraestrutura de suporte ao comércio interna-cional, assumindo-se como um acesso primordial para o abastecimentoenergético do país e simultaneamente um importante porto de carga geral elíder nacional na quantidade de mercadorias movimentadas.

Esta infraestrutura portuária contribui para o desenvolvimento regional dolitoral alentejano, gerando um conjunto de efeitos spillovers económicos, sociais e ambientais que merecem destaque, e que constitui uma base deestudo para a análise de impactos sobre as dinâmicas empreendedoras ede desenvolvimento regional.

Este caso divide-se em três partes fundamentais. Na primeira parte é reali-zada uma breve conceptualização sobre a relação entre o empreendedo-rismo e o desenvolvimento regional, dando particular destaque ao investi-mento em infraestruturas de transporte desta natureza. Na segunda parte éapresentado o caso, organizando a sua abordagem através de uma breveintrodução descritiva e uma interpretação do caso de estudo à luz dos prin-cipais efeitos spillovers gerados por esta infraestrutura. Finalmente, sãoapresentadas algumas conclusões e questões de estudo.

Palavras-chave: empreendedorismo, desenvolvimento regional, infraes-trutura hard.

E M P R E E N D E D O R I S M O E D E S E N V O L V I M E N T O R E G I O N A L 23

1. Empreendedorismo e desenvolvimento regional

O desenvolvimento regional é um processo dinâmico que proporciona e garante

oportunidades iguais e bem-estar social e económico às comunidades, em particular,

às menos desenvolvidas (Fisher e Nijkamp, 2009). Este tipo de desenvolvimento

pode incluir duas dimensões: (i ) dimensão espacial e territorial (Johnnisson e

Dahlstrand, 2009) e (ii ) dimensão histórica e temporal (Johnansson, 2009). Estas

dimensões referem-se aos seguintes aspetos: estilo de vida, (por exemplo, urbano,

periférico, ou rural), aspetos económicos (por exemplo, crescimento económico

regional e taxas de criação de novas empresas), modos de vida (por exemplo, vida

comunitária e tradições), competências/recursos (por exemplo, disponibilidade de

capital humano, social e capital financeiro), aspetos institucionais e políticos (por

exemplo, políticas regionais) e infraestruturas (por exemplo, hard ou soft infraestrutu-

ras, OECD, 2009).

Figura 1. Modelo de desenvolvimento regional

DesenvolvimentoregionalObjectivo

Agentes

Intervenientes

Inovação Empreende-dorismo

Infraestruturassoft hard/

Estadoprovidência

Investigaçãoe ensino

Empresas eempreendedores

Administraçãopública central

e local

Taxa de empreendedorismo regional

Capitalhumano

Fonte: Cornett 2009, Naudé et al. 2008 e Audretsch e keilbach, 2004; adaptado pelas autoras.

A Figura 1 ilustra os fatores que influenciam o desenvolvimento regional, nomea-

damente a disponibilidade e o acesso ao capital social, a capacidade inovadora, a

presença de infraestruturas hard ou soft, a existência de bem-estar e de estruturas

institucionais e finalmente a existência de atividade empreendedora na região

(Audretsch e Keilbach, 2004; Naudé et al., 2008; Cornett, 2009).

Empreendedorismoe Desenvolvimento

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A n t ó n i o d e M e l o P i r e s

Este livro apresenta um conjunto de casos de estudo sobreEmpreendedorismo e Desenvolvimento Regional. De acordocom as temáticas abordadas, os casos organizam-se em trêsgrandes temas:

O empreendedorismo que relata situações relativas à criaçãoou às estratégias de crescimento de empresas.

As estruturas e programas de apoio ao empreendedorismoque inclui casos que evidenciam o papel de um conjunto derecursos e programas que facilitam a atividade empreende-dora.

Esta publicação é dirigida a quatro tipos de público:

Decisores e planeadores de política em instituições públi-cas e privadas, como fonte de inspiração para o desenho ea aplicação de políticas públicas nestas áreas.Empreendedores cujas atividades dependam ou provo-quem externalidades significativas no ambiente económicolocal e regional, como um catalisador para a mobilização deparcerias adequadas.Líderes de desenvolvimento regional, como uma ferramentade aprendizagem para tornar as suas parcerias mais eficazes.

Este livro apresenta diversas abordagens ao tema, permi-tindo a discussão de casos de estudo que propõem soluçõesinovadoras, estratégias sustentáveis e de promoção do desen-volvimento e competitividade dos territórios. Os casos, aindaque apresentando enorme diversidade, em termos de relatose autores envolvidos, apresentam um formato facilitador daprática pedagógica, que consiste numa estrutura que incluium breve enquadramento teórico do tema, seguido da des-crição e discussão do caso, e, por último, por um conjunto dequestões de natureza diversa que se fazem acompanhar deorientações de pretende facilitar a discussão, partilha e dis-seminação de boas práticas sobre os temas do empreende-dorismo considerando o seu impacto no desenvolvimentodos territórios.

O empreendedorismo social que agrupa um conjunto decasos que descrevem e discutem casos de instituições semfins lucrativos que visam responder a necessidades e falhasde mercado não colmatadas pelo governo.

Professores e estudantes do ensino superior, como ferra-menta pedagógica a utilizar dentro e fora das aulas.

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Esta obra teve o apoio:

Editores:

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Fernando Lopes

Fernando Valente

Inês Cardoso

Isabel Lopo de Carvalho

João Cotter Salvado

José Dantas

José Diogo

Luísa Cagica Carvalho

M. Isabel Sánchez-Hernández

Manuela Sampaio

Marcos Olímpio dos Santos

Maria Luísa Silva

Maria Saudade Baltazar

Marta Costa e Silva

Pedro Dominguinhos

Ricardo Correia

Rui Nuno Baleiras

Teresa Costa

Tomaz Ponce Dentinho

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