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E S T A D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 8 D E J U L H O D E 2 0 1 0

ECONOMIA E D I T O R : P a u l o P a i v a

E D I T O R - A S S I S T E N T E : M a r c í l i o d e M o r a e s

E - M A I L : e c o n o m i a . e m @ u a i . c o m . b r

T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 1 0 3

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Nível de emprego eexpectativa decrescimento melhoresno Brasil trazem devolta váriosprofissionais quetrabalhavam naEuropa, mas foramvítimas da crise

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COMPARE

VARIAÇÃO DO PIB EM PAÍSES DA EUROPA, EM %

2008 2009 2010

União Europeia 0,48 -4,8 0,6*

Portugal -0,05 -2,58 1,80

Irlanda -3,50 -7,55 -0,70

Itália -1,40 -5,03 0,5

Grécia 2 -1,98 -2,50

Espanha 0,88 -3,65 -1,30

Reino Unido 0,55 -4,90 -0,20

Holanda 1,90 -3,93 0,60

TAXA DE DESEMPREGO ATUAL

União Europeia 10%

Portugal 10,6%

Irlanda 13,4%

Itália 8,70%

Grécia 11%

Espanha 19,5%

Reino Unido 7,9%

Holanda 5,60%

VARIAÇÃO DO PIB NO BRASIL

2008 5,17%

2009 0,18%

2010 7,2*

* Projeção do mercado

7,5%Taxa de desemprego no Brasil

O sonho

Ana Carolina Chaves, consultora sênior, mora há sete anos na Europa Raphael de Carvalho: desde o fim de 2008, poucas oportunidades Lilian estava na Irlanda, mas começa amanhã em emprego no Brasil

PAULA TAKAHASHI E

DANIEL CAMARGOS

Lilian Veiga começa a traba-lhar amanhã como analista dequalidade na Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), em Belo Hori-zonte. O início no novo empre-go encerra um ciclo de quasetrês anos em Dublin, na Irlan-da, onde a administradora es-tudou inglês e atuou em diver-sos empregos. Como ela, exis-tem cerca de 400 mil brasilei-ros fazendo o caminho de vol-ta do exterior e vislumbrandoo Brasil como o Eldorado domomento. O fim do sonhoamericano e a recente criseque aflige a Europa, compara-dos aos bons números daeconomia nacional, estão mo-tivando o retorno, que refleteaté na atração de estrangeiros.

A projeção de que quasemeio milhão de brasileiros es-tão retornando foi feita peloministro da Fazenda, GuidoMantega. Esse volume repre-senta 13,5% dos 3 milhões debrasileiros que estão fora dopaís. Somente na Europa, oMinistério das Relações Exte-riores calcula que existam 800mil brasileiros, sendo mais dametade em situação irregular.

A decisão de abandonar oemprego e viajar para a capitalirlandesa em 2007 foi motiva-

da pelo desejo de Lilian emaprender inglês e conhecer aEuropa. Lá, ela atuou em dife-rentes funções: fez faxina, foibabá, trabalhou na área finan-ceira de uma empresa e, por úl-timo, foi supervisora de umhotel. “Decidi que estava na ho-ra de voltar. O cenário brasilei-ro está em crescimento. Quan-do cheguei na Irlanda, acheiemprego com duas semanas.Atualmente, as pessoas che-gam e ficam quase três mesesdesempregadas”, conta Lilian.

A Irlanda é uma das letrasdo acrônimo Piigs, um trocadi-lho com as iniciais em inglês decinco países (Portugal, Irlanda,Itália, Grécia e Espanha), que re-mete à palavra porco – pig – eao fato de que as cinco naçõessão as que mais têm contribuí-do para afundar a União Euro-peia na lama da crise. A taxa dedesemprego na Irlanda é de13,4%. A projeção é que o Pro-duto Interno Bruto (PIB) dopaís recue 0,7% neste ano, de-pois de um tombo de 7,55% noano passado.

O relações públicas RaphaelDuarte de Carvalho viveu si-tuação semelhante a de Lilian econseguiu emprego rapida-mente na Irlanda, mas contaque, desde o final de 2008, o ce-nário mudou. “As oportunida-des diminuíram e muitos imi-

grantes recém-chegados tive-ram que voltar ao país de ori-gem. Vagas de trabalho antesocupadas quase que exclusiva-mente por imigrantes passa-ram a ter a concorrência dos ir-landeses", lembra. Por isso, ele

cogita o retorno ao Brasil aindaeste ano. "Estou querendo arru-mar uma nova oportunidade,mas está muito difícil", explica.

Além de Lilian, a FCA contra-tou outros quatro analistas dequalidade. A abertura de vagas

é sintoma do bom momentoda economia brasileira. Somen-te no primeiro semestre desteano, o país contabiliza um sal-do de mais de 1,4 milhão depostos de trabalho com cartei-ra assinada. A taxa de desem-prego no país é de 7,5%. Secomparado com a média dospaíses da União Européia, de10%, a empregabilidade brasi-leira é maior. Além disso, oFundo Monetário Internacio-nal (FMI) prevê um crescimen-to de 7,1% do PIB brasileiro nes-te ano. Já consolidado, o PIB doprimeiro trimestre cresceu 9%na comparação com os primei-ros três meses do ano passado.

A crise europeia, conjugadacom o crescimento brasileiro,faz com que executivos de al-ta patente também manifes-tem o desejo de retorno. O di-retor-presidente da DelphussAssociates, Samuel Vissotto,consultoria sediada na Holan-da com foco no mercado detelecomunicações, sonda omercado nacional em buscade uma cadeira.

Os primeiros impactos dacrise foram sentidos já emmeados de 2008, quando osclientes que atendia, principal-mente operadoras de telefo-nia, enfrentaram a escassez decrédito. "Eles estavam endivi-dados, portanto havia menos

recursos. Como nossas solu-ções eram baseadas em inves-timentos dessas empresas, ti-vemos redução de contratos",lembra. Apesar de enfrentaruma taxa de desemprego rela-tivamente baixa, de apenas5,6% na Holanda, Vissotto ga-rante que os números não re-fletem a realidade – que, naverdade, seria bem pior.

A consultora de recruta-mento internacional Ana Caro-lina Chaves teve a atenção des-pertada pelo interesse das em-presas para as quais presta ser-viços em iniciar operações noBrasil. "Muitas companhiascom negócios em várias partesdo mundo estão indo para oBrasil. Foi aí que pensei que se-ria um bom momento paravoltar", conta.

Há mais de sete anos emLondres, Inglaterra, ela viu asdemissões de perto. "O Brasilestá em seu melhor momentoe em ascensão. Esta é a hora",garante a consultora, que pre-tende voltar para Belo Horizon-te ainda este ano. É o fim dosonho europeu – e, talvez, ocomeço do sonho brasileiropara milhares de brasileiros.

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL BETO NOVAES/EM/D.A PRESS

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