A luta contra a pirataria na visão de Antonio Borges
Fe
co
mé
rc
ioBENS&
J U L H O
392 0 0 8
en t rev i s t a
SERVIÇOS
i n o v a ç ã o
Por que as idéiascriativas não caem do céu
Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
s u c e s s ã o
Preparaçãoantecipada
i n t e r n a c i o n a l
Em que mundoestamos?
Núm
ero
25 –
Mai
o 2
007
SUMÁR IOEXPEDIENTE
14 Ser visto para ser lembradoAnunciar produtos ou serviços exige conhecimento
acerca do público-alvo. Dos classificados aos
outdoors, são inúmeras as opções disponíveis
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS
Federação do Comércio de Bens e de Serviços
do Estado do Rio Grande do Sul
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – CentroCEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]
Presidente: Flávio Roberto Sabbadini
Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo JoséZaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge LudwigWagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz CaldasMilano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi
Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, CláudiaMara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, IbrahimMahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi
Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, ArnildoEckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, EugênioArend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson JacquesMüller, Gilberto Cremonese, Hélio Berneira, Hildo Luiz Cossio,Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto, Isabel Cristina Vidal Ineu,Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, JairLuiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel Carlos Köbe, JorgeRubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino AntônioDemari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento,, JuremaPesente e Silva, Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, LionesBittencourt, Lúcio Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo,Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz HenriqueHartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira,Maria Cecília Pozza, Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro,Olmar João Pletsch, Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo AntônioVianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato Beck, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann, RenzoAntonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, RobertoSegabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio HenriqueFröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo DutraNunes, Walter Seewald e Zalmir Fava
Conselho Fiscal: Rudolfo José Müssnich, Celso LadislauKassick, José Vilásio Figueiredo, Darci Alves Pereira, SérgioRoberto H. Corrêa, Ernani Wild
Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo JoséZaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi
Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth,Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, JoséPedro Fontoura, Juliana Maiesky e Simone Barañano
Coordenação Editorial: Simone Barañano
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)
Chefia de Reportagem: Marianna Senderowicz
Reportagem: Marianna Senderowicz, Patricia Campello, RenataGiacobone
Colaboração: Alvaro Trevisioli, Edgar Vasques, Francine deSouza, Melissa Barbosa, Moacyr Scliar, Priscilla Ávila
Revisão: Flávio Dotti Cesa
Edição de Arte: Silvio Ribeiro
Foto de capa:
Impressão: Nova Prova
Tiragem: 25,5 mil exemplares
É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.
g u i a d e g e s t ã o
FecomércioSERVIÇOSBENS &
O verdadeiro sentido da novidadeIniciativas inovadoras não dependem necessariamente
de altos investimentos. Boas idéias podem surgir em
qualquer área, do desenvolvimento de produtos a gestão
i n o v a ç ã o
26 Gru
po K
eyst
one
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
SUMÁR IO
05FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
34
e n t r e v i s t a
Unindo forças contra a piratariaPresidente da Associação Antipirataria de Cinema e
Música (APCM), Antonio Borges defende políticas
educacionais para combater a falsificação no país
18
42e s p o r t e
É dada a largadaA proximidade das Olimpíadas
faz aumentar a ansiedade dos
atletas para a competição.
Delegação brasileira é
promissora
s u c e s s ã o
Depois da primeira geraçãoLaços sangüíneos não garantem
sucessão próspera na gestão de empresas
familiares. Preparação dos herdeiros
é fundamental
t e r c e i r o s e t o r
Em prol da comunidadeCom uma influência crescente na sociedade, o terceiro
setor investe em profissionalismo para ampliar a credibilidade
das organizações da sociedade civil
40
36i n t e r n a c i o n a l
Vários mundos em um sóPrimeiro Mundo, nações emergentes, países em
desenvolvimento: quem define a classificação destes grupos?
Entenda os critérios que indicam a posição de cada país
p a l a v r a d o p r e s i d e n t e
p a i s a g i s m o44
7
v i s ã o t r a b a l h i s t a
p a r a l e r
v i s ã o t r i b u t á r i a
e u , e m p r e e n d e d o r47
46
n o t í c i a s e n e g ó c i o s
s a i b a m a i s
p e s q u i s a s24
8
32
o p i n i ã o
49
17
i m p o r t a ç õ e s12
c r ô n i c a 50
48
a g e n d a 6
A
G
E
N
D
A
06 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
j u l h o
08Automação ComercialCircuito de Automação Comercial,
promovido pela Fecomércio-RS, em
parceria com CNC e Sebrae, em
Porto Alegre.
09CondançaFronteiras – diálogos, hibridismo
e mestiçagem na dança,
no Sesc Centro e na Casa
de Cultura Mario Quintana, em
Porto Alegre. O evento vai
até 12 de julho.
Informações: www.condanca.com.br.
10Maturidade AtivaLançamento do Clube Sesc Maturida-
de Ativa Santana do Livramento.
Informações: (55) 3242-4411.
13MinimaratonaEtapa Planalto do Circuito Sesc de
Minimaratona, em Erechim.
Informações: www.sesc-rs.com.br/
minimaratona.
TeatroOficinas, palestras e espetáculo A
Poltrona Escura, que passará por seis
cidades gaúchas até 22/07. Informa-
ções: www.sesc-rs.com.br/artesesc.
Dia do ComercianteInício da Semana do Comércio e Ser-
viço de Caxias do Sul (13/07), pales-
tra Desafio da Competência (16/07)
no Sindilojas Torres e 11° Jantar do
Dia do Comerciante (16/07) no Sin-
dilojas Vale do Jacuí.
14FériasBrincando nas Férias, em cerca de 15
cidades gaúchas. Informações nas
Unidades Operacionais do Sesc.
23EnsinoInício das Olimpíadas do
Conhecimento, em Porto Alegre.
29LegislaçãoPalestra Tributação e Legislação
Fiscal, no Secovi. Informações:
www.secovi-rs.com.br.
Pós-graduaçãoInscrições para os cursos de
pós-graduação em Gestão
de Redes de Cooperação e
Cooperativismo (Passo Fundo),
Docência na Educação Profissional,
Gerenciamento de Projetos e
Comunicação Integrada de Marketing
(Pelotas), Administração e Negócios Imobiliários e Comunicação
Estratégica (Porto Alegre) e para a pós-graduação a distância.
Informações: http://www.senacrs.com.br e www.senacead.com.br.
01
Divulgação/Senac-RS
02MostraInício da mostra O melhor do
Anima Mundi Brasil, que percorre-
rá 17 cidades gaúchas até 29 de
agosto, e da exposição 100 anos
sem Machado, em homenagem
aos 100 anos da morte de Macha-
do de Assis. Informações:
www.sesc-rs.com.br/artesesc.
05Jogos EstudantisFinal Estadual do Circuito Sesc de
Jogos Estudantis (5/07 e 6/07),
em Santa Cruz do Sul.
Informações: www.sesc-rs.com.br/
jogosestudantis.
06Olimpíadas ComerciáriasInício das etapas locais das
Olimpíadas Comerciárias 2008.
Informações: www.sesc-rs.com.br.
PA
LA
VR
A D
O P
RE
SID
EN
TE
07FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Flávio Roberto Sabbadini
Presidente do Sistema Fecomércio-RS
m época de competitividade
acirrada e tributação excessi-
va, ainda são poucos os esta-
belecimentos que conseguem so-
breviver no Brasil. Os que conse-
guem, em sua maioria, não dispõem
apenas de força de vontade, e sim
de vocação inovadora.
Para inovar não é preciso ter rios
de dinheiro. Pelo contrário, uma
idéia simples, decorrente de uma
observação atenta ao mercado,
pode contribuir para a redução dos
custos ou o aumento dos lucros. As-
sociar uma cafeteria a uma livraria,
por exemplo, agrega valor ao em-
preendimento e mantém o cliente
mais tempo na loja, enquanto usar a
internet como ferramenta de transa-
ções bancárias tornou-se um atrativo
para qualquer consumidor.
Unir serviços ou produtos já
existentes, portanto, também pode
representar uma inovação quando
gerar maior valor ao negócio. As
oportunidades estão à disposição de
todos os segmentos da economia,
sendo papel de cada um avaliar de
que maneira elas podem ser aproveitadas, pois só há ino-
vação quando uma idéia valiosa é colocada em prática.
Assim como os setores de Pesquisa e Desenvolvimen-
to, todas as áreas de uma organização podem desenvolver
seu potencial criativo. Para tanto, estimular a geração de
idéias passa a ser um dever administrativo. Nesse quesito,
as pequenas empresas estão em vantagem, pois possuem
estrutura menos rígida e maior agilidade de comunicação.
Apesar de conviverem com demandas diárias, é preciso en-
contrar um tempo para avaliar sugestões, possibilidades e
aplicação de idéias para assegurar uma atualização contí-
nua. Não existem boas sugestões onde prevalecem a cen-
sura e a punição pelos erros, pois posturas intimidantes
inibem o pensamento criativo e, mais do que isso, a vonta-
de de manifestá-lo em público. Se é desejo da empresa se
destacar em um ambiente marcado pela concorrência, con-
vém estabelecer políticas de incentivo à geração de idéias,
pois só assim haverá envolvimento de quem tem mais con-
dições de fazer evoluir o trabalho – toda a equipe.
E
de todosUma função
Divulgação/Fecomércio-RS
NOTÍC IAS & NEGÓCIOS
08 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
E d g a r V a s q u e s
Estado não participa deranking de expatriadosNenhuma cidade gaúcha foi elencada no ranking de mu-
nicípios que mais recebem pessoas expatriadas, ou seja,
que são transferidas pela empresa onde trabalham para
outras regiões. De acordo com a Pesquisa Mundial de
Qualidade de Vida Mercer, Brasília, Manaus, Rio de Janei-
ro e São Paulo são as cidades brasileiras que mais recebem
profissionais expatriados. O estudo considerou 215 locali-
dades do mundo todo e desenvolveu um ranking com os
municípios com melhor qualidade de vida. Brasília ocupa a
105ª posição, Rio de Janeiro está na 114ª, São Paulo na
119ª e Manaus na 129ª. Zurique, Viena, Genebra, Vancou-
ver e Auckland ocupam os cinco primeiros lugares. Para
desenvolver o ranking, a Mercer considerou fatores como
ambiente político, social, econômico, cultural e natural,
saúde e saneamento, escolas e educação, serviços públi-
cos e transporte, lazer e bens de consumo.
Cacá Carvalho retorna aoEstado com A Poltrona EscuraO sucesso do espetáculo A Poltrona Escura durante o 3º Festival
Palco Giratório Sesc-POA motivou o retorno de Cacá Carvalho
e seu monólogo ao Estado. Desta vez, a peça faz parte do circui-
to Arte Sesc – Cultura por toda parte e acontece durante a segunda quin-
zena de julho.Cacá Carvalho ministrará algumas oficinas. A progra-
mação começa em Porto Alegre, no dia 15/07, e segue para Pelotas
(16/07), Montenegro (17/07), Caxias do Sul (18/07), Passo Fundo
(20/07) e Camaquã (22/07) e São Leopoldo (23/07).
Lenise Pinheiro/Sesc-RS
NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS
09FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Mais cargos em comissão emenos concursadosO serviço público federal do país contratou, em 2007,
seis vezes mais funcionários para cargos em comissão do
que concursados. Um estudo realizado pelo Movimento
Voto Consciente e pela Transparency International apu-
rou que 11.939 servidores concursados foram admitidos
pelo governo. Além destes, mais 12.523 passaram a fazer
parte do serviço público por meio de regime de contrata-
ção temporária. No entanto, 75.987 pessoas foram con-
tratadas para os cargos e funções de confiança e gratifica-
ções do poder público federal, sendo 20.187 da Diretoria
e Assessoramento Superior.
Sistema Fecomércio-RS noPrêmio Qualidade RS 2008 Presente bom, futuro
melhor aindaO lucro líquido dos 50 maio-
res bancos do Brasil chegou a
aproximadamente R$ 29 mi-
lhões em 2007, de acordo com
dados da Federação Brasileira
de Bancos (Febraban). A ex-
pectativa para o cenário mun-
dial, segundo a pesquisa Ne-
nhum banco é uma ilha: globalize-se antes que globalizem você,
é de que o sistema bancário quadruplique de tama-
nho até 2025, atingindo a quantia de US$ 1,3 trilhão
em faturamento. Outras conclusões do estudo afir-
mam que, como principal oportunidade de cresci-
mento, mais de 40% dos entrevistados citaram a ex-
pansão para outros países. China e Índia foram indi-
cados como os territórios com maior possibilidade
de crescimento, devido à melhora contínua de suas
economias. O estudo, que engloba 637 executivos
de 320 empresas do setor bancário em 89 países, foi
realizado pela consultoria IBM Corp, ao lado da Uni-
dade de Inteligência do jornal The Economist.
Ministério da Justiça definealterações em call centersApós três audiências públicas, o Mi-
nistério da Justiça, ao lado dos órgãos
integrantes do Sistema Nacional de
Defesa do Consumidor (SNDC), de-
finiu novas regras para o atendimento
em call centers. A regulamentação deve
vigorar a partir de agosto. Entre as
novas determinações está a exigência
de que o tempo de espera seja de, no
máximo, 60 segundos; que o contato direto com o atendente
seja a primeira opção do menu; que o serviço seja gratuito e
que os atendentes tenham capacitação técnica para responder
às perguntas do consumidor. Além disso, a solicitação de can-
celamento de serviço deve ser atendida imediatamente e o
consumidor não pode ser repassado de um atendente para
outro. As empresas que não cumprirem o regulamento esta-
rão sujeitas a sanções pelo Código de Defesa do Consumidor.
Car
los
Cha
vez/
Sto
ck.x
chng
Os sindicatos Ses-
con-RS, das empresas
de contabilidade, e
Seprorgs, das empre-
sas de informática, re-
ceberam medalha de
bronze no Prêmio
Qualidade RS 2008, promovido pelo Programa Gaúcho da Qua-
lidade e Produtividade (PGQP). A premiação, que reconhece
o desempenho das organizações na busca pela melhoria do seu
sistema de gestão, também destacou duas unidades do Senac
(Informática e Uruguaiana, na categoria Bronze) e sete do Sesc
(Lajeado, com o Troféu Ouro, Bagé e Campestre, com Troféu
Prata, e Cruz Alta, Santo Ângelo, Venâncio Aires e Santana do
Livramento, com Troféu Bronze). Ao todo, 64 empresas e ins-
tituições foram agraciadas em cinco categorias. A entrega das
premiações aconteceu no dia 1º de julho, em Porto Alegre.
Mat
hias
Cra
mer
/Tem
poR
ealF
oto
NOTÍC IAS & NEGÓCIOS
10 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Variação do Volume das Vendas do ComércioVarejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2008 (%)
Atividades
Comércio
Comércio varejista
Produtos alimentícios,
bebidas e fumo
Combustíveis e lubrificantes
Veículos, motocicletas, partes,
peças e acessórios
Comércio atacadista
Produtos alimentícios,
bebidas e fumo
Combustíveis
Veículos, motocicletas, partes,
peças e acessórios
Mar/08
1,2
3,0
1,2
3,7
11,6
-0,8
-5,4
3,9
11,1
Abr/08
11,3
9,2
-2,0
6,5
27,5
13,6
2,8
17,7
26,0
Acum. 12 meses
8,8
8,3
0,5
7,0
21,3
9,3
4,2
11,3
16,5Fonte: Fecomércio-RS
Apesar da inflação dos alimentos, comércio registra alta em abrilO volume de vendas do comércio gaúcho aumentou
11,3% em abril na comparação com o mesmo período
do ano passado, segundo cálculos do Índice de Ven-
das do Comércio (IVC), realizado pela Fecomércio-
RS e pela FEE. No varejo, a variação positiva chegou
a 9,2%, sendo a maior alta no setor de Equipamentos e
material para escritório, informática e comunicação (37,1%). O
comércio atacadista, por sua vez, registrou alta de
13,6%, puxado principalmente pelo setor de Máqui-
nas, aparelhos e equipamentos (45,7%). A maior queda do
varejo aconteceu em Produtos alimentícios, bebidas e fumo
(-2%), refletindo a inflação dos alimentos e o resulta-
do da Páscoa antecipada de 2008, que ocorreu em mar-
ço. Para ver os resultados completos da pesquisa aces-
se www.agencia.fecomercio-rs.org.br.
Dráuzio Varella participa do Senac SaúdeA primeira edição do Senac Saúde traz a Porto Alegre o médico Dráuzio Varella, que
abordará o tema Qualidade de Vida e Promoção da Saúde. O evento também conta
com a participação de Moacyr Scliar, Fernando Lucchese e Alexandre Dahmer. Os de-
bates, palestras e oficinas acontecerão no dia 29 de setembro, na sede da Associação
Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), em Porto Alegre. O Senac Saúde é organizado
pela Escola de Educação Profissional Senac Passo D’Areia. As inscrições, assim como a
programação completa, estão disponíveis no site www.senacrs.com.br/senacsaude.
Minimaratona do Sesc-RS segue a todo vaporA primeira e a segunda etapas do Circuito Sesc de Minimara-
tona 2008, ocorridas em Rio Grande e Gravataí, foram um su-
cesso. No dia 13 de julho acontece a terceira etapa da competi-
ção, em Erechim. Depois segue para Camaquã (10/08), Santana
do Livramento (17/08), Santa Cruz do Sul (31/08), Farroupi-
lha (21/09), Ijuí (28/09), Torres (26/10) e Porto Alegre (14/
12). A corrida é dividida em três modalidades: adulta (10 km),
revezamento (duplas) e Minimaratoninha (3 km, para crian-
ças). Outras informações podem ser obtidas no site www.sesc-
rs.com.br/minimaratona.
João Alves/Sesc-RS
NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS
11FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Foto Rocha/Divulgação
Senac abre inscrições parapós-graduação EADOs cursos de pós-graduação a distância do Senac-RS estão
com as inscrições abertas até o dia 30 de julho. As vagas são
para as seguintes especializações: Governança de Tecnologia
da Informação (TI), Gestão da Segurança de Alimentos, Artes
Visuais: Cultura e Criação, Gestão Educacional, Educação Am-
biental e Educação a Distância. As atividades se iniciam em
agosto. Fichas de inscrição e outras informações estão disponí-
veis no site www.pos-ead.senac.br.
e s p a ç o d o l e i t o r
A Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) agradece,
honrada, o envio da revista Bens e Serviços e cumprimenta
a Fecomércio-RS por mais essa importante publicação.
Rubem Becker
Reitor da Ulbra – Canoas/RS
Legislação diminuisolicitações de falênciaDesde que foi aprovada, em 2005, a Lei de Recuperação
de Empresas e Falências tem sido responsável pela dimi-
nuição no número de solicitações de falência junto à Justi-
ça. De acordo com estudo publicado pela Delloite, nos 16
meses anteriores à implantação da lei, 21.628 empresas
tiveram pedidos de falência decretados. Dezesseis meses
após o decreto, o número caiu para 5.895. No ano passado,
foram solicitadas 2.721 falências, em oposição às 4.192 re-
queridas em 2006. Em relação às solicitações decretadas,
em 2006 foram 1.977 casos, enquanto em 2007 foram 1.479.
Entre as determinações da legislação está a alteração no
ranking de prioridades para pagamento da dívida: primeiro
trabalhadores, depois bancos e por último governo. Outro
ponto é a duração do processo de falência (até 20 anos),
que amplia o prazo para pagamento de débitos.
IMPORTAÇÕESN
úm
ero
39 –
Julh
o 2
008
12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
A baixa cotação do dólar não traz apenas prejuízos à economia brasileira.
Há setores da indústria que aproveitam o momento para investir, enquanto o comércio
de produtos importados, por sua vez, não chega a estar eufórico
nem tão ruimNem tão bom
uando o assunto é a valorização do real
frente ao dólar, todo mundo pensa na
queda nas exportações brasileiras, na
concorrência que produtos nacionais enfren-
tam pela oferta de artigos importados e, como
possível conseqüência, na desaceleração na
atividade industrial. De fato: em 2007, as im-
portações cresceram 32%, ao passo que as ex-
portações registraram um aumento de apenas
16%. Este ano, com a moeda norte-america-
na custando menos de R$ 1,70, o quadro pro-
mete se repetir ou, até mesmo, agravar-se.
De janeiro até o final da segunda semana de
junho, o valor das importações, conforme o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, havia atingido a cifra de
QUS$ 70 bilhões, US$ 25 bilhões a mais do que o importa-
do no mesmo período do ano passado. Enquanto isso, o
crescimento nas vendas foi de US$ 17 bilhões.
A equação, todavia, não é tão simples. O professor de
Finanças Ricardo Araújo, da Fundação Getulio Vargas do
Rio de Janeiro (FGV), lembra que o momento está sendo
aproveitado pelas indústrias que têm parte de seus custos
de produção indexados à moeda americana. “Assim como
os exportadores comemoraram quando o dólar chegou a
quase R$ 4, hoje quem precisa comprar maquinário no
mercado internacional está comemorando, bem como
quem importa matéria-prima mais sofisticada do ponto
de vista tecnológico.” À queda nos custos de produção
soma-se a melhoria na renda do brasileiro, que está con-
sumindo mais. “O PIB do primeiro trimestre de 2008 au-
mentou 5,8% em relação aos três primeiros meses de 2007.
Foi o maior crescimento em décadas, e a indústria foi o
setor que mais se destacou”, frisa o professor.
Para compensarO comércio de bens de consumo importados não está
eufórico. Para começar, o frete internacional está mais caro.
“Se com o dólar a R$ 2,50 o frete custava US$ 1.500, com
a cotação em aproximadamente R$ 1,65, custa US$ 2.200
para compensar”, ilustra um dos sócios-proprietários da
importadora Vinhos do Mundo, Leocir Vanazzi. A medi-
da não é adotada só pelas transportadoras, mas também
Lúc
ia S
imon
13FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
IMPORTAÇÕES
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
por empresários de países que vivem situações cambiais
semelhantes à do Brasil. “No Chile, onde a moeda nacio-
nal está forte, as vinícolas reajustaram seus preços em dó-
lar a fim de manter, em peso, o lucro.” O resultado foi um
aumento de 13% no preço dos vinhos chilenos em 2007 e
de 10% em 2008. “Foi bom o real ter valorizado para não
repassarmos esses índices ao consumidor.”
Como não só o valor do dólar influencia as importa-
ções brasileiras – e sim tudo o que acontece nos países
parceiros, como a inflação, responsável pelo aumento de
preço dos produtos argentinos e uruguaios –, empresas
evitam o fechamento de negócios em função apenas do
câmbio. “Nós, por exemplo, temos a filosofia de um for-
necedor por país”, afirma Vanazzi. Assim, para os fre-
qüentadores das duas lojas da importadora em Porto Ale-
gre, o baixo preço da moeda dos Estados Unidos reflete-
se apenas em promoções semanais de bebidas da Nova
Zelândia, da Austrália e da África do Sul, que podem ter
de 30% a 50% de desconto.
Quem mais se beneficia com a atual conjuntura é quem
viaja e faz compras no exterior. “Nunca foi tão barato ir
aos Estados Unidos e à Argentina”, diz Araújo, lembran-
do que, se aumentasse o limite aduaneiro na cota de com-
pras dos turistas, o governo provocaria uma fuga de dóla-
res que contribuiria para o equilíbrio do câmbio.
A desvalorizaçãoA origem da desvalorização do dólar frente ao real está
na entrada vertiginosa de capital estrangeiro no Brasil, cau-
sada fundamentalmente pela elevada taxa de juros do país
– embora a melhora nos fundamentos da economia brasi-
Os valores atingidos pelas importações brasileiras nos últimos dez anos
AnoValor das importações
(US$ bi)Variação em relação ao
ano anterior (%)
- 3,4
- 14,7
13,3
- 0,4
-15,0
2,2
30,0
17,2
24,2
32,0
57,7
49,3
55,8
55,6
47,2
48,3
62,8
73,6
91,4
120,6
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
leira também tenha contribuído para o qua-
dro. “Há compra de ações na bolsa de valores
– que colabora com o crescimento das em-
presas –, mas também há muito dinheiro en-
trando para compra de títulos de renda fixa.”
Enquanto os papéis do tesouro america-
no rendem juros de 2% ao ano, a taxa de juros
no Brasil está em 12,25%. “O que você faz?
Converte dólares e compra papéis da dívida
brasileira. Afinal, já está sendo sinalizada uma
taxa de quase 15% ao ano para 2010”, avalia
Araújo. Como a inflação não permite que o
Banco Central reduza a taxa de juros, a situa-
ção do câmbio deve manter-se por muito tem-
po. “O BC só deixaria de elevar os juros em
função da inflação se fossem aprovadas as re-
formas de que o país necessita, notadamente
a tributária.”
Caso a inflação mundial continue crescen-
do e o Federal Reserve (banco central dos Es-
tados Unidos) não consiga manter a tendên-
cia de reduzir os juros, as bolsas mundiais so-
frerão um impacto, e talvez os investidores
retirem seu dinheiro do Brasil e passem a com-
prar papéis do tesouro americano, mais segu-
ros. “O dólar recuperaria sua cotação em reais,
mas isso seria uma conseqüência de piora dos
nossos fundamentos econômicos.”
Vanazzi: valorização ajuda a não refletir alta dos vinhos chilenos
Lúc
ia S
imon
GUIA DE GESTÃO
14 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Dizem que a propaganda é a alma do negócio. Porém, mais do que aparecer na mídia, é
importante ser preciso na hora de dar o recado e ter em mente o público a ser atingido, o
que, muitas vezes, exclui as formas mais tradicionais de anunciar
ser lembrado
osé Abelardo Barbosa de Medeiros, o
saudoso Chacrinha, maior comunicador
que o Brasil já teve, costumava dizer que
“quem não se comunica se trumbica”. No mun-
do dos negócios, onde é preciso estar sempre
um passo à frente da concorrência, poucas ver-
dades têm mais peso que a máxima do Velho
Guerreiro. Mas atenção: nem sempre gastar
muito dinheiro em publicidade é sinônimo de
Ser visto para
sucesso. Na hora de anunciar produtos e serviços, o que
vale é dizer a coisa certa ao público certo. E esse, muitas
vezes, pode ser atingido de formas alternativas e relativa-
mente baratas de propaganda.
“Em um congestionamento, o adesivo no carro da fren-
te pode ser uma boa mídia”, diz o vice-presidente de Mídia
do Grupo Eugênio, Cláudio Barres. A Eugênio, uma hol-
ding que abriga cinco empresas e que possui escritórios
em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Sal-
J
GUIA DE GESTÃO
15FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
vador, foi eleita a Agência de Comunicação do Ano pela
Associação dos Dirigentes de Venda e de Marketing do
Brasil (ADVB). Entre seus clientes, estão gigantes como
Tecnisa – construtora e incorporadora de São Paulo –,
Johnson & Johnson, Monsanto e Pfizer. Mesmo assim,
Barres garante que pequenos empreendedores também
podem fazer bonito quando se trata de puxar a brasa para
o seu assado. “Costumo dizer que não há cliente com
verba pequena, mas sim com verba mal-aplicada.”
Outra crença do executivo é a de que não existe es-
paço publicitário caro. “Caro é não vender”, sentencia.
No entanto, são necessários alguns cuidados para que o
desperdício seja evitado. O fundamental é definir o que
falar e com quem. No que diz respeito ao conteúdo, o
ideal é não pôr toda a informação em uma única peça pu-
blicitária. “No máximo dois ou três atributos”, recomen-
da o professor Flávio Martins, da Escola Superior de Pro-
paganda e Marketing (ESPM) de Porto Alegre. O
conselho vale sobretudo para formas de mídia externa,
como os outdoors, que precisam ser lidos por quem está de
passagem, atento ao trânsito.
Representatividade
Quanto à escolha do meio de divulgação mais ade-
quado, basta uma sondagem, que o próprio estabeleci-
mento, sem o auxílio de uma agência ou de uma consul-
toria, tem condições de fazer. “Deve-se perguntar ao
cliente como ele soube da empresa, se assina algum jor-
nal, que programas de rádio escuta. São informações aces-
síveis, fáceis de levantar”, ensina Martins. Segundo ele,
muitas vezes empresas de pequeno porte ficam encan-
tadas com a idéia de aparecer e acabam anunciando
em veículos que não têm representatividade junto ao
seu público-alvo. “Se quero falar a empresários, o
melhor a fazer é anunciar em jornal. Já o rádio e a tele-
visão atingem um público mais massivo, e a internet, os
jovens”, exemplifica.
Dependendo do que se quer divulgar e para quem,
algumas mídias diretas podem atingir resultados efeti-
vos. Um exemplo é o carro de som. Contudo, é preci-
so adotar certas precauções: o veículo deve estar em
bom estado para não comprometer a imagem da em-
presa e o motorista não pode desobedecer às
regras de trânsito. Também é necessário veri-
ficar se a paz não está sendo perturbada. “Em
Porto Alegre, essa forma de propaganda já é
rechaçada. É interruptiva, avança demais no
espaço alheio. Mas para cidades pequenas,
em que os habitantes ainda freqüentam
muito os locais públicos, é válida.” Uma
saída para quem adota a propaganda direta
é ser simpático, brincar com as pessoas.
Quando se trata de propaganda, também
é importante ter em mente que nem sempre
o retorno é imediato. Isso só costuma ocor-
rer no caso de anúncios promocionais e, ain-
da assim, a oferta precisa ser muito boa. No
caso de anúncios institucionais, os resulta-
dos são obtidos em longo prazo. Outra
questão a ser levada em conta, de acordo
com Martins, é a freqüência: de nada adi-
anta fazer um comercial de rádio ou TV de
30 segundos uma vez ou outra. “É a insis-
tência que marca”, explica o professor, mes-
tre em Gestão Empresarial.
Vendendo o peixe
Com 22 anos de experiência no comér-
cio varejista, Cláudio Strzykalski é um exem-
Carro da Ouro Preto circulará apenas em área rural para evitar poluição sonora
Foto
Tho
mas
/Loj
as O
uro
Pre
to
GUIA DE GESTÃO
16 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
plo de empresário que descobriu a fórmula
exata para vender o seu peixe – no caso, teci-
dos e artigos de vestuário, cama, mesa e ba-
nho. Proprietário das Lojas Ouro Preto, com
11 pontos-de-venda em dez municípios gaú-
chos, afirma que só anuncia quando tem cer-
teza do retorno. Por isso, escolheu o rádio,
veículo de comunicação preferido pelo públi-
co-alvo da empresa, como demonstraram pes-
quisas. Também é criterioso quando se trata
de definir os produtos que serão divulgados:
devem chamar a atenção pela qualidade e pelo
preço e ser de uma marca já conhecida.
Além do rádio, a Ouro Preto utiliza carro
de som para informar suas ofertas. Diferen-
temente de muitos estabelecimentos, que
contratam terceiros – muitas vezes sem pre-
ocupação com a qualidade do serviço pres-
tado –, a empresa possui veículo próprio para
esse fim, devidamente identificado. À medi-
da que ele percorre as ruas, folhetos são dis-
tribuídos à população. Mas Strzykalski já avisa que a prá-
tica está em vias de extinção. “Na cidade, as pessoas
estão saturadas por causa do barulho. Além disso, as ruas
ficam sujas com os folhetos”, justifica o comerciante.
Em substituição a essa forma de propaganda, as ofertas
passarão a ser entregues de casa em casa. O automóvel
continuará circulando apenas nas zonas rurais de muni-
cípios como Camaquã – onde fica a matriz da empresa –
, Santa Cruz do Sul e Lajeado.
Na hora de contratar
Não é raro uma empresa dispensar a contratação de
uma agência e, na hora de divulgar produtos e serviços,
buscar diretamente o departamento de publicidade dos
jornais – quando não o caderno de classificados – e das
emissoras de rádio e televisão. Tanto Cláudio Barres quan-
to Flávio Martins afirmam que os veículos estão se profis-
sionalizando nesse setor, apesar de ainda representarem,
conforme o professor da ESPM, uma solução standard.
Contudo, munido de algumas dicas, o anunciante pode
ser bem-sucedido na empreitada.
O grande segredo é verificar, previamente, as vanta-
gens de divulgar produtos e serviços em cada um desses
meios. Trata-se, novamente, da questão da representati-
vidade da mídia junto ao público-alvo do empresário. É
preciso ainda preservar a imagem da empresa, selecionan-
do cuidadosamente a foto a ser utilizada e evitando erros
de português. “Se o anunciante não tem algum tipo de
assessoria, também não pode esperar obtê-la do veículo,
que em muitos casos quer apenas vender”, diz Barres.
Mas a contratação de uma empresa de publicidade
também não é tarefa fácil. A procura, conforme o vice-
presidente de Mídia do Grupo Eugênio, é como início de
namoro. “Todos querem uma agência que deixe seu pro-
duto mais bonito, e todas as agências pintam um quadro
maravilhoso sobre si que, muitas vezes, fica no discurso.”
A saída é deixar a vaidade de lado e consultar clientes que
a agência já atende. “Quando contratamos um funcioná-
rio, pedimos referência. O mesmo deve ser feito nesse
caso”, diz o executivo. Outra sugestão é buscar um pro-
fissional ou empresa com experiência na divulgação do
tipo de produto que o anunciante deseja promover.
Na internet
o primeiro trimestre de 2008, a internet recebeu mais em
anúncios do que a TV paga e a mídia exterior. As empresas
do ramo digital faturaram R$ 134,3 milhões com propaganda,
36% a mais do que no mesmo período de 2007. As informações
são do Projeto Inter-Meios, iniciativa conjunta do jornal Meio
& Mensagem e dos principais veículos de comunicação do Bra-
sil que visa à apuração, em números reais, dos investimentos
publicitários em mídia no país.
“É um meio a ser considerado com muito carinho”, afirma Flá-
vio Martins, da ESPM. Segundo ele, a rede mundial de computa-
dores é ideal para atingir jovens e executivos e para a divulgação de
produtos mais sofisticados e segmentados. Entre suas vantagens,
além do custo, está a interatividade – clicando no banner, clientes
em potencial podem descobrir o e-mail do anunciante e entrar em
contato. “Ainda é uma mídia bem barata.” A única recomendação
do professor é a de ter cuidado na hora de escolher o parceiro. “O
site precisa ser idôneo e representativo.”
N
OPIN
IÃO
17FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
s centrais sindicais brasileiras realiza-
ram, no dia 28 de maio, em várias capi-
tais, o Dia Nacional de Lutas e Mobi-
lizações pela Redução da Jornada de Traba-
lho e pela Ratificação das Convenções 151
e 158 da OIT. Das reivindicações, a redução
da jornada foi escolhida como eixo central.
O assunto coloca representan-
tes do empresariado e do mo-
vimento sindical em campos
opostos. No governo, o presi-
dente Lula e o ministro do Tra-
balho, Carlos Lupi, são a favor
da proposta. Mas Lupi ressal-
va: diminuindo a jornada, é
preciso ter mais trabalhadores,
e, se o patronato trabalha com
custos, se disse a favor da negociação para
que todas as partes saiam satisfeitas.
Se o Dia Nacional de Lutas e Mobiliza-
ções não conseguiu reunir um número ex-
pressivo de trabalhadores nas ruas em favor
da redução da jornada, a coleta de assinatu-
ras catalisou a vontade dos mesmos. Foi mais
de 1,5 milhão de assinaturas entregue por re-
presentantes das centrais sindicais ao presi-
dente da Câmara dos Deputados, Arlindo
Chinaglia, em 3 de junho, durante Comis-
A
são Geral realizada pelo Plenário para discutir as mu-
danças na legislação. Do debate também participaram
representantes da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), da Federação Brasileira de Bancos (Febraban),
do Departamento Intersindical de Estatística e Estu-
dos Socieconômicos (Dieese) e da Justiça do Traba-
lho. E a polêmica se instalou.
De um lado, o movimento sindical alega que a redu-
ção da jornada vai gerar empregos. De outro, a classe
empresarial afirma que, se não hou-
ver aumento de produtividade, o
custo da hora trabalhada sofrerá au-
mento, que provocará alta de preços
nos produtos e, conseqüentemente,
menor consumo, com efeitos nega-
tivos na economia.
Diante desse quadro, o caminho
a seguir é a negociação, apontada
ao fim da Comissão por Chinaglia.
Ele anunciou que vai mediar as negociações para a vo-
tação dos projetos de redução da jornada. E cabe a ele
trazer do governo propostas de compensações de na-
tureza fiscal para as empresas, como a desoneração da
folha, cujos encargos custam, no mínimo, 70% além do
salário. A desoneração pode ser a moeda de troca com
as empresas. Do contrário, reduzir a jornada sem redu-
zir salários as levará a perderem competitividade, além
de empurrá-las para a informalidade.
Cabe a Chinaglia trazer
do governo propostas
de compensações de
natureza fiscal para as
empresas, como a
desoneração da folha
Redução da jornada
e a economia
Sócio-titular da Trevisioli Advogados Associados
Alvaro Trevisioli*
Divulgação/Trevisioli
ENTREV I STA
18 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
ENTREVISTA
Antonio Borges
Foto
s: R
odri
go S
acra
men
to
19FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREV I STA
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
B & S A APCM foi criada em abril de 2007, substituindo
duas entidades semelhantes. Qual o balanço desse pri-
meiro ano de trabalho?
B o r g e s Acreditamos que o balanço seja bem positivo, pois
onde se encontra a pirataria de CD também se encontra a de
DVD. Esse cenário fez com que juntássemos esforços para
conquistar os melhores resultados.
B & S A entidade reuniu a indústria fonográfica e a cine-
matográfica. Os dois mercados têm as mesmas carac-
terísticas no que diz respeito à pirata-
ria? Os “piratas” são os mesmos ou exis-
tem ações diferenciadas?
B o r g e s Um mercado que sofreu algumas al-
terações é o fonográfico, visto que a pirataria
musical, hoje, acontece mais via internet. Já a
falsificação de filmes continua ocorrendo es-
sencialmente através da mídia física. Mas
quem produz o DVD pirata copia CDs de
forma ilegal, e a distribuição geralmente acon-
tece de maneira integrada.
B & S Antes de dirigir a APCM, o senhor
não trabalhava com a indústria nem es-
pecificamente com pirataria. Como foi
Antonio Borges
O ex-delegado da Polícia Federal atua como
presidente da Associação Antipirataria de Cinema e
Música (APCM), criada em 2007 a partir da fusão
entre a Associação de Defesa da Propriedade
Intelectual e da Associação Protetora dos Direitos
Intelectuais Fonográficos. A entidade viabilizou a
apreensão de mais de 42 milhões de mídias
pirateadas no Brasil somente no ano passado.
Unindo forças contraa pirataria
ENTREV I STA
20 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
rataria, em Blumenau, no final do ano passado, e estamos partici-
pando agora da criação do conselho de Joinville. Além disso,
promovemos palestras pelo Brasil inteiro e treinamentos para
aumentar o controle sobre mercadorias piratas.
B&S Qual o papel da educação no combate à pirataria?
B o r g e s Em médio ou longo prazo, só por meio de ações de
conscientização e educação em escolas, além de veiculação
de propagandas na mídia, será possível conquistar um pensa-
mento generalizado de combate à prática. Certamente não con-
seguiremos acabar totalmente com a pirataria, uma vez que ela é
um crime e é praticamente impossível eliminar a criminalidade.
B & S A pirataria provoca um déficit de arrecadação de
milhões de dólares ao governo brasileiro todos os anos,
ao mesmo tempo em que os tributos incidentes sobre o
setor são considerados um dos motivos dos altos preços.
Existe um diálogo entre empresas de cine e áudio e ór-
gãos públicos para reduzir o custo dessas mercadorias?
B o r g e s Se analisar o custo de um CD, hoje já está bem mais
barato que há alguns anos. Entretanto, a indústria nunca vai
ter condições de concorrer com os produtos piratas, porque
o custo deles é simplesmente o preço da mídia, que equivale a
menos de R$ 1. Então, por mais barato que seja o CD ou
DVD, nenhum vai chegar ao valor do falsificado. Percen-
tualmente, o lucro que uma mercadoria pirata acumula é
muito maior do que o das indústrias. Já existem alguns
projetos tramitando no Congresso para tentar amenizar o
problema via redução de tributos, principalmente na área
musical, mas mesmo assim não será substancial para fazer frente
aos piratas. Nossa grande preocupação, também, é que a quan-
tidade de artistas que hoje são lançados no mercado fonográ-
fico é bem menor do que a registrada há dez anos, porque as
gravadoras já não estão tendo dinheiro para fazer os investi-
mentos necessários.
este primeiro ano de experiência no se-
tor, e quais são as próximas estratégias
no combate à prática?
B o r g e s Sou oriundo da Polícia Federal, o que
me deu alguma experiência nesse tipo de in-
vestigação. Com a minha aposentadoria e as-
sumindo a Associação, optei por me reciclar
dentro desse mercado para poder ter um
maior rendimento e aproveitamento dos re-
sultados. Classifico o primeiro ano de ativi-
dades da APCM como muito produtivo, até
porque não atuamos apenas por meio de re-
pressão, e sim pela conscientização da popula-
ção e capacitação de agentes púbicos. Partici-
pamos ativamente também da criação do pri-
meiro Conselho Municipal de Combate à Pi-
“Certamente não conseguiremos acabar totalmente
com a pirataria, uma vez que ela é um crime e é
praticamente impossível eliminar a criminalidade.”
21FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREV I STA
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
B & S Muitos artistas passaram a disponibilizar, em seus
próprios sites, downloads de músicas, para evitar a práti-
ca da pirataria, mesmo que tenham que abrir mão de
direitos autorais. Como o senhor avalia essa alternativa?
B o r g e s É uma alternativa para alguns artistas, principalmen-
te aqueles que estão começando carreira ou que já estão com
o nome consolidado. Contudo, quem está no meio termo di-
ficilmente tem condições de apostar nisso. Da mesma forma,
já existem sites que disponibilizam a venda de músicas via
internet para que o consumidor possa escolher as músicas que
deseja adquirir.
B & S O senhor acha que essa é uma tendência para o
mercado fonográfico?
B o r g e s É um caminho que ainda não está totalmente deline-
ado, mas com certeza alguma coisa vai mudar nesse ramo.
B & S Outra alternativa, praticada geralmente por gra-
vadoras independentes, é a venda de CDs em bancas
de revistas a custos reduzidos. Como a indústria tem
reagido a isso?
B o r g e s Também é um caminho. As gravadoras independen-
tes, algumas com grande potencial de suporte aos artistas, têm
utilizado esse método. E é uma atitude válida, pois cada um
tem que buscar o caminho disponível para se satisfazer den-
tro da legalidade. Porém, o que se vê é que as grandes gravado-
ras têm uma estrutura muito maior de suporte para os artistas.
B & S Quanto a economia brasileira perde com os pro-
dutos piratas? Existem dados sobre os prejuízos para
empresas e governos?
B o r g e s É algo fantástico. Apenas na área de audiovisual, es-
timamos que em 2007 tenham sido fechadas cerca de 5 mil
videolocadoras no Brasil inteiro devido ao problema da pi-
rataria, porque as pessoas pararam de locar filmes e passa-
ram a comprá-los em versões pirateadas. Essas empresas
fizeram com que fossem encerrados cerca de
20 mil postos de trabalho.
B&S Existem dados sobre a presença de pro-
dutos falsificados no Rio Grande do Sul em
relação aos demais estados brasileiros?
B o r g e s O Estado apresenta algumas carac-
terísticas especiais devido a sua posição geo-
gráfica fronteiriça. Grande parte da apreen-
são de mídias virgens realizada no país neste
ano foi registrada no Rio Grande do Sul, com
a participação da Brigada Militar e principal-
mente da Polícia Rodoviária Federal. Acredi-
“A indústria nunca vai ter condições de concorrer
com os produtos piratas, porque o custo deles é
simplesmente o preço da mídia.”
ENTREV I STA
22 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
ta-se que esses produtos estivessem entran-
do no país para a falsificação via contrabando
do Uruguai. A apreensão realizada em terri-
tório gaúcho corresponde a um número bem
maior do que o observado no resto do país,
fazendo da região uma fonte de distribuição
para os demais estados. O mesmo problema
acontece com o Paraná, que também tem uma
posição geográfica estratégica para esse tipo
de contrabando em Foz do Iguaçu.
B & S Quando a APCM foi fundada não
houve grande preocupação com a pira-
taria via internet, em função do baixo uso
da banda larga no Brasil. Com a dissemi-
nação de equipamentos para MP3 e MP4,
essa estratégia muda?
B o r g e s Desde a criação da associação temos uma preocupa-
ção muito grande com os setores de internet, sendo que pos-
suímos uma equipe que trabalha diuturnamente em cima dis-
so, buscando sites que disponibilizam músicas de maneira ir-
regular e pessoas que, através de redes de mercado ou sites de
relacionamento, vendem mercadorias piratas. Tudo isso é
acompanhado pela entidade.
B & S Antes mesmo de ser lançado, o filme Tropa de Elite
foi visto por milhões de pessoas em cópias piratas, sen-
do a arrecadação oficial surpreendente após uma cam-
panha elaborada pela produtora para que, mesmo
quem já houvesse assistido, fosse ao cinema. A que o
senhor atribui esse fenômeno? As pessoas querem pa-
gar pelo que gostam?
B o r g e s Isso é uma tendência, até porque quem gosta e valo-
riza o ambiente e o hábito de ir ao cinema não deixa de fre-
qüentar as salas de exibição. Com certeza, se não houvesse
tamanha disseminação dos DVDs piratas naquele caso, a arre-
cadação do filme teria sido bem maior. De qualquer maneira,
aquela situação serviu para trazer à tona a discussão sobre o
problema da falsificação. Com o debate, conseguimos colo-
car o tema na mídia e na sociedade, mostrando que, no caso
específico do cinema brasileiro, que atingiu um grau de respeita-
bilidade incrível no mercado mundial, a sobrevivência ainda de-
pende de subsídios governamentais arrecadados através de DVDs
de filmes estrangeiros que são colocados no mercado nacional.
Então, se a pirataria continuar, daqui a pouco o cinema brasileiro
também não vai mais ter investimento.
B & S Algo mudou depois desse debate?
B o r g e s Eu diria que houve uma conscientização maior para
a importância de se lutar contra a pirataria. Algumas cidades,
via prefeituras, adotaram um posicionamento mais firme para
combater a prática. Até porque existe a falsa ilusão de que a
“Por mais que muitos encarem o ato de adquirir um
CD ou DVD pirata como uma bobagem, a
propriedade intelectual precisa ser respeitada.”
23FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ENTREV I STA
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
pirataria gera emprego, e isso é totalmente mentira, porque
só provoca subemprego, ou seja, pessoas que não têm um em-
prego formal e, além de correrem o risco de estar em condi-
ções desfavoráveis de trabalho, não contribuem para arreca-
dação de tributos.
B & S A intenção da APCM é de trabalhar com serviços
de inteligência, atuando junto ao produtor de artigos
piratas e não aos consumidores. Que tipo de ações têm
sido estabelecidas nesse sentido?
B o r g e s Temos procurado atuar não diretamente junto aos
consumidores, e sim com inteligência em cima daqueles que
fabricam esse tipo de artigo. Em outra frente, agimos sobre
quem comercializa produtos piratas. Além disso, promove-
mos capacitação de agentes públicos e palestras e temos pes-
soas qualificadas que fazem contato com órgãos policiais e
fazendários, às vezes até dando suporte logístico para que as
ações sejam realizadas.
B & S O aumento no número de apreen-
sões deve inibir a fabricação de artigos
falsificados?
B o r g e s Acredito que, neste ano, a produ-
ção já tenha sofrido um baque devido à quan-
tidade de mídias virgens apreendidas. So-
mente em 2008, quase 10 milhões de mídias
virgens já foram recolhidas no país. Essas
ações, além de inibirem a fabricação desse
tipo de item, mostram à sociedade que falsi-
ficação é crime previsto no Código Penal.
Por mais que muitos consumidores encarem
o ato de adquirir um CD ou DVD pirata
como uma bobagem, a propriedade intelec-
tual precisa ser respeitada.
VIS
ÃO
TR
IBU
TÁ
RIA
46 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
STF encerrou, na segunda quinzena de
junho, o julgamento do RE 559.882-9,
que apreciou a validade dos dispositi-
vos que fixavam em dez anos o prazo para
autuação e cobrança judicial das contribui-
ções devidas ao INSS. O argumento de que
esses prazos, estabelecidos pela Lei 8.212/
91, estavam em choque com os prazos de
cinco anos previstos no Código Tributário
Nacional foi vitorioso, e o STF declarou a
inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da
Lei 8.212/91. Até aí tudo bem, pois a deci-
são já era esperada pela comunidade jurídi-
ca. O problema foi que o STF, além de re-
conhecer que os créditos tributários penden-
tes de pagamento não poderão ser cobrados
administrativa ou judicialmente, determinou
que: as empresas que recolheram aos cofres
fazendários contribuições previdenciárias
atingidas pela prescrição ou pela decadên-
cia (segundo o STF) não podem ajuizar ações
visando à restituição desses valores; a proi-
bição não se aplica a pleitos já formulados
pelos contribuintes, administrativa ou judi-
cialmente, até a data do julgamento do RE
559.882-9. Em resumo, quem pagou e espe-
rou uma posição do STF para, então, ajuizar
a respectiva ação de restituição não recuperará os valo-
res pagos; quem pagou e ajuizou ação de restituição
antes da decisão do STF receberá o dinheiro de volta;
quem não pagou, não será mais cobrado.
A modulação de efeitos constitui importante ins-
trumento para mitigar os efeitos juridicamente inde-
sejáveis da declaração de inconstitucionalidade, de-
vendo sempre ser utilizada visando à preservação dos
valores e garantias previstos na Constituição Federal.
Infelizmente, não foi o que aconteceu no presente jul-
gamento, em que parece ter pesado o nebuloso e ques-
tionável argumento do impacto financeiro da decisão.
E o que é pior, a decisão fomenta a despreocupação
com a aprovação de normas dotadas de constitucio-
nalidade duvidosa, cujos efeitos serão eternizados
desde que o impacto financeiro das mesmas seja rele-
vante. Por fim, puniu o contribuinte de boa-fé que,
presumindo a constitucionalidade da legislação tribu-
tária, aguardou uma posição do STF para, então, bus-
car a apropriação estatal indevida. A modulação dos
efeitos, do modo como ocorreu, parece estar em des-
compasso com os valores que tornam um sistema ju-
rídico estável e identificado com o estado democráti-
co de direito. Estimula a desconfiança jurídica e o
questionamento judicial.
O
do INSSRafael Pandolfo*
Contribuições
*Consultor tributarista da Fecomércio-RS
Ros
i B
onin
segn
a/Fe
com
érci
o-R
S
Julgamento do STF pôs em pauta contribuições atingidas pela prescrição ou pela decadência
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
24 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
PESQUISAS
Em época de avalanches de pesquisas como a véspera das eleições convém conhecer o
processo de produção dos estudos para poder avaliar aqueles que devem ser levados a
sério. Política, economia e consumo são os assuntos mais presentes nas enquetes
levantamentosNa mira dos
divulgação de pesquisas na mídia tem
sido cada vez mais freqüente, havendo
estudos sobre qualquer assunto para
avaliar diferentes segmentos e classes. Nesse
cenário, alguns levantamentos podem não tra-
duzir exatamente a realidade a que se referem
por falhas de apuração ou amostragem, moti-
Avo pelo qual conhecer o funcionamento desse tipo de aná-
lise pode ser mais uma ferramenta para assegurar a validade
de um estudo.
Entre os principais tipos de pesquisa destacam-se as
acadêmicas, experimentais, exploratórias, laboratoriais e
mercadológicas. Geralmente, os mais divulgados são os
estudos de mercado. Segundo Lúcio José da Silva, coor-
Lúci
a S
imon
25FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
P E S Q U I S A S
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
denador do Instituto Fecomércio de Pesquisas (Ifep), os
tipos de investigação variam conforme o que se deseja
saber, sendo as pesquisas de mercado, por exemplo, reali-
zadas diretamente com o consumidor com o intuito de
fornecer informações sobre o que influencia a aquisição, o
consumo e a disposição de bens, serviços e idéias. “As
pesquisas de mercado podem ser consideradas ferramen-
tas de grande valia nos processos de informação e tomada
de decisão das empresas, e, nesse sentido, os resultados e
apontamentos servirão de vantagens competitivas e opor-
tunidades de melhoria”, explica.
Por ser uma das ferramentas mais confiáveis para a ob-
tenção de informações representativas de um determina-
do nicho da população, a pesquisa de mercado se configu-
ra como um importante recurso para processos de infor-
mação e tomada de decisão. “Ao conhecer melhor os con-
sumidores e clientes, pode-se investir em melhorias espe-
cíficas, bem como conhecer a atuação da concorrência.”
Dentre esse tipo de levantamento, Silva destaca as seguin-
tes: visibilidade da marca, satisfação do cliente (quanto a
atendimento, produtos ou serviços), comportamento, há-
bitos de consumo, perfil do consumidor, preço, tendên-
cias e necessidades de mercado, pesquisa de opinião, tes-
te de mercadorias (lançamentos ou relançamentos), perfil
socioeconômico, avaliação de propaganda, audiência, cli-
ente oculto, fatores de decisão de compra.
Qualidade assegurada
Para Marilene Bandeira, vice-presidente técnica da Fun-
dação de Economia e Estatística do Estado (FEE) e pro-
fessora da Ufrgs e ESPM, estudos por amostragem são a
modalidade técnica mais utilizada. Marilene informa que a
validação de uma pesquisa do gênero começa logo de iní-
cio, dependendo de quem planeja a análise. “Obrigatoria-
mente, quem faz o plano deve ser um estatístico. Se não
for assim já começa errado.”
A representante da FEE afirma que a amostragem é a
parte mais importante de todo o processo, sendo que o
trabalho do estatístico inclui a definição do problema, a
organização do questionário e o estudo de bibliografias
sobre o tema pesquisado. A pesquisa deve ser aleatória e a
variabilidade de entrevistados precisa ser proporcional ao
tamanho da proposta. “Além disso, a margem
de erro também deve estar de acordo com o
tamanho da amostragem”, salienta.
Como nenhum estudo objetiva a incredi-
bilidade por parte do público, na hora de orga-
nizar os dados apurados todo o cuidado é pou-
co. No caso de pesquisas eleitorais, que serão
cada vez mais freqüentes nos próximos me-
ses, deve-se ter atenção até mesmo na forma
como os resultados são elencados. “Não se
pode ser tendencioso e para evitar isso os da-
dos devem ser dispostos em gráficos em for-
mato de pizza, o que evita que algum candida-
to fique em primeiro lugar.” Os estudos eleito-
rais bem feitos podem alcançar 95% de acerto,
mas há a freqüente mudança de opinião dos
eleitores. “As pessoas variam de opinião de
acordo com o que está na imprensa, sendo as-
sim, as pesquisas possuem uma validade muito
pequena em épocas eleitorais.”
Para verificar se os resultados estão de acor-
do com a realidade, a professora dá algumas
dicas (veja quadro) e orienta que, caso permane-
çam dúvidas, pode-se recorrer ao cartório e ao
Conselho Regional de Estatística, pois “todas
as pesquisas são registradas e as empresas séri-
as têm cadastro no conselho”.
Fonte: Marilene Bandeira, vice-presidente técnica da FEE
De olho nas pesquisasPara ter certeza da validade de um estudo, algumas
precauções são fundamentais.
Confira o resumo da pesquisa e a metodologia
adotada (de preferência com a quantidade de
entrevistados, a data do estudo e as localidades
investigadas)
A margem de erro sempre deve ser informada
Faça uma rápida investigação a respeito da
empresa pesquisadora, verificando quais outros
estudos ela realizou
Não confie em manchetes tendenciosas, isso
indica o mau uso dos resultados
INOVAÇÃO
26 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
INOVAÇÃO
I NO V AÇ ÃO
27FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
O verdadeiro sentidoda novidadePor Marianna Senderowicz
Diferentemente do que a maioria dos
empresários imagina, a inovação não se restringe
a descobertas tecnológicas ou resulta de anos de
pesquisa. Ao contrário, pode ser conseqüência
de uma percepção rotineira de mercado
ssim como a criatividade, a inovação não
depende necessariamente de dinheiro,
sendo uma característica passível de de-
senvolvimento por todos os seres hu-
manos. Considerando que são os pró-
prios seres humanos os principais com-
ponentes de empresas de qualquer
segmento, a conclusão é lógica: todas
as organizações podem ser inovadoras
e criativas, seja por meio de lançamentos de artigos, por
estratégias adotadas ou por desenvolvimento de novos
modelos de negócios.
Da ampulheta ao telefone, os grandes inventos da so-
ciedade foram sofrendo adaptações ao longo do tempo, a
fim de agregar maior valor ao seu uso. Dessa
forma, surgiram artigos como o relógio e os
smartphones, aparelhos que misturam as funções
de telefone celular, microcomputador e palm
top em menos de 20 centímetros quadrados.
No entanto, a inovação não está obrigatoria-
mente relacionada a um produto ou serviço,
podendo ser praticada, por exemplo, em pro-
cessos ou fontes de receita da iniciativa pú-
blica ou privada. “Inovação é uma transfor-
mação realizada para enfrentar uma nova
situação de mercado ou aproveitar uma opor-
tunidade”, resume Cezar Taurion, gerente de
Novas Tecnologias Aplicadas da IBM Brasil.
A
INOVAÇÃO
28 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Nesse sentido, uma logística que permita a
redução de custos ou maior agilidade nas en-
tregas – possível de ser implementada em
qualquer companhia, independentemente do
porte ou faturamento – também representa
uma iniciativa inovadora, por exemplo.
Em setores de tecnologia intensiva, como
comunicações, Tecnologia da Informação e
fabricação de medicamentos, são necessários
investimentos mais elevados para se manter
no mercado, pois a vida dos produtos pode
ser muito curta. “As pesquisas são permanen-
tes e os resultados são incertos”, lembra o
consultor em Gestão Empresarial Jairo
Siqueira, diretor da Siqueira Consultoria Em-
presarial (RJ). Contudo, em alguns ramos do
comércio e da prestação de serviços nem sempre são
necessárias grandes somas em dinheiro, pois as fontes de
inovação estão na cabeça dos trabalhadores e não nos
laboratórios. “É mais uma questão de saber gerenciar esse
potencial criativo latente.”
A ocasião faz o ladrão
Até um passado recente, o conceito de inovação es-
tava restrito a produtos, enquanto a criatividade era enca-
rada como uma prática exclusiva de propaganda e pro-
moções. “Por mais que essas áreas mantenham tais carac-
terísticas, o conceito já foi impregnado em todas as áreas
da empresa”, aponta o consultor em Criatividade e Ino-
vação Antonio Carlos Teixeira da Silva, presidente da Pen-
se Diferente (SP). De acordo com ele, qualquer pessoa
pode ter uma idéia que renda bons frutos para o local de
trabalho. “O faxineiro pode perceber que existem for-
mas mais rápidas ou baratas de manter uma peça limpa,
enquanto o vendedor pode desenvolver uma forma de
atender mais clientes por dia.”
A existência de percalços na realidade corporativa ten-
de a ser um importante impulso para o pensamento cria-
tivo. “Quando se encontra uma dificuldade na empresa
De Santa Maria para o BrasilVisão de mercado é uma característica constante na vida do
ex-funcionário público Flavio Conrad. O diretor comercial da
Restaura Jeans, maior empresa de tingimento de roupas usadas e
costuras do Brasil, montou o negócio a partir de uma simples
constatação. “Minha família possuía uma lavanderia com
tingimento para indústrias de jeans, e percebi que muitos
funcionários e vizinhos aproveitavam o serviço para revitalizar
alguma peça particular. Daí surgiu a idéia de abrir uma empresa
específica para pessoas físicas”, conta o empresário. Hoje, o
que nasceu como uma pequena empresa de tingimento em
Santa Maria, no interior gaúcho, transformou-se em uma rede de
franquias composta por 158 lojas espalhadas por nove estados
do país, reunindo, também, serviços de lavanderia, transforma-
ção de peças e renovação de couro. “Percebemos que o
consumidor não tinha mais tempo para levar uma mesma roupa
em diferentes lugares, o que nos levou a centralizar todos os
serviços em um mesmo estabelecimento.”
“Estruturas hierárquicas muito rígidas
inibem a criatividade.”
Cezar Taurion, gerente de Novas Tecnologias Aplicadas da IBM Brasil
Div
ulga
ção/
Res
taur
a Je
ans
I NO V AÇ ÃO
29FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
somos obrigados a parar para pensar, o que pode resultar
em idéias inovadoras para superar o problema”, aponta
Silva. Para ele, porém, esse tipo de benefício só é obtido
se o clima organizacional permite o desenvolvimento de
um espírito de inovação. “É preciso estimular as pessoas a
darem idéias sem que haja qualquer tipo de bloqueio. To-
dos têm que se sentir à vontade para fazer diferente.” O
consultor lembra que é das tarefas rotineiras que surgem as
inovações. “Pensar e questionar como fazer as atividades
da melhor forma e como ajudar os outros departamentos a
funcionarem de maneira mais rápida, barata e ágil deve ser
uma função incorporada ao dia-a-dia de cada trabalhador,
das escalas mais baixas de hierarquia à presidência.”
Campanhas internas de motivação, treinamentos para
desenvolver o processo criativo e tolerância à experi-
mentação são algumas medidas fundamentais. “O pro-
cesso de inovação dificilmente resulta de uma única ten-
tativa, por isso é preciso disposição para arriscar. Nas
grandes empresas, principalmente, não costuma haver
muita tolerância ao erro”, observa André Saito, coorde-
nador executivo do curso de pós-graduação para Negó-
cios Inovadores de Alto Retorno da Funda-
ção Getulio Vargas (FGV). O professor, que
é Ph.D. em Ciência do Conhecimento, desta-
ca a importância de diferenciar idéia de inova-
ção. “A idéia, por si só, não traz necessariamen-
te algum valor para uma companhia. A inovação,
por outro lado, tem uma aplicação que gera be-
nefícios e, conseqüentemente, agrega valor.”
Portanto, Saito previne que as idéias podem vir
de qualquer setor, sendo importante ter aber-
tura de modo que elas não morram ao nascer.
DNA precursorEm 1895, ao fazer a barba em uma atitude rotineira, King C.
Gillette teve um momento de inspiração e idealizou um
aparelho que revolucionou o ato de barbear para sempre.
Muito mais prático do que a navalha, que exigia manutenção
constante, o sistema utilizava lâminas descartáveis. “O
segredo não era propriamente o aparelho, e sim a lâmina,
uma camada fina de aço afiada dos dois lados, que poderia
ser usada algumas vezes e depois substituída”, revela
Rodrigo Finotti, gerente de Marketing da Procter e Gamble
do Brasil (P&G), que responde pela Gillette. Assim, em
1901 nasceu a Gillette Safety Razor Company, que contra-
riou expectativas pessimistas de especialistas da época e
hoje é referência em barbear no mundo inteiro. Mantendo os pilares de inovação e pioneirismo que sempre
fizeram parte da historia da Gillette, a P&G aposta fortemente em estudos para conhecer os hábitos de seus
consumidores. “Resultados de pesquisas já geraram alterações em embalagens, inclusão de tamanhos diferencia-
dos e lançamentos de novos produtos. Ou seja, todas as ações, até mesmo a escolha de garotos-propaganda para
os comerciais, contam fortemente com a participação dos consumidores”, conclui Finotti.
“Nem sempre a inovação resulta da criação de
algo totalmente novo, mas com muita freqüência
é o resultado da combinação original de
produtos, tecnologias ou serviços já existentes.”
Jairo Siqueira, consultor em gestão empresarial
1901 2007
Div
ulga
ção/
P&
G
INOVAÇÃO
30 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
É possível estruturar processos de
monitoramento e recepção das novas idéias.
Na IBM, por exemplo, uma série de progra-
mas reúne observações de funcionários, clien-
tes e fornecedores com o intuito de subsidiar
o desenvolvimento de novos produtos e ser-
viços. A companhia baseia-se no princípio de
Open Innovation (inovação aberta). “Temos di-
versos blogs para troca de idéias, wikis
(software colaborativo que permite edição
coletiva dos documentos) para discussão de
temas variados, programas de incentivo à ino-
vação, brainstorms virtuais com clientes, par-
ceiros e funcionários e um portal de inovação para suges-
tões e aprimoramento de idéias. Mais de 300 sugestões
do portal já foram implementadas, seja em mudança de
processos, inovação em produtos, melhorias”, conta
Taurion. Para o representante da IBM, esse tipo de postu-
ra faz com que os produtos cheguem mais rápido ao
mercado e com uma propriedade maior, na medida em
que são feitos segundo as necessidades dos consumido-
res. “Não se trata de uma área de pesquisa isolada”, alega,
lembrando que dessa forma também se diluem os custos,
reduzindo as tarefas de pesquisa e desenvolvimento e
abrindo oportunidades de receita em outros negócios.
Desfazendo o mito
Inicialmente encarada como uma estratégia de nível
industrial, a inovação já virou necessidade em qualquer
segmento da economia, incluindo o varejo e a prestação
de serviços. Entretanto, muita gente treme só de ouvir
falar nessa palavra. “A idéia mais comum é de que a
criatividade encerra algo mágico”, comenta Siqueira. O
consultor lembra de várias invenções que cercam a rotina
da população, como a escada, a tesoura, a chave de fenda,
o lápis e o carrinho de supermercado, e acredita que uma
Suor e recompensaA publicidade é um dos meios em que a criatividade
está mais presente, mas nem por isso a inovação
deixa de ser uma meta constante. Para Guime
Davidson, diretor de Arte da W/Brasil, a capacidade
criadora deriva de treino. “Quanto mais se faz,
melhor se faz”, ressalta. De acordo com o
publicitário, que trabalha em uma das maiores
agências do Brasil – responsável, entre outros
sucessos, pelo retorno do Garoto Bombril e pela
associação de um cãozinho Dachshund aos
amortecedores Cofap –, o ambiente corporativo
nunca foi muito fértil nem inspirador para soluções
realmente criativas, mas essa realidade está mudando.
“A cada dia isso se torna menos verdade. Veja, por
exemplo, o segmento petroquímico: por meio de
investimentos em pesquisa e inovação, está dando
uma aula de criatividade.”
“De repente você está no cinema e, com
apenas uma cena do filme, pode ter uma
idéia de aplicação no ambiente de trabalho.
Basta ter o radar aguçado.”
Antonio Carlos Teixeira da Silva, presidente da Pense Diferente
Div
ulga
ção/
WB
rasi
l
I NO V AÇ ÃO
31FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Bom tempo para os negóciosFundada há 20 anos, a Climatempo objetivava disponibilizar a meteorologia para todos os brasileiros. “Naquela
época, a ciência não possuía o reconhecimento e a credibilidade do público em geral”, lembra Carlos Magno,
presidente da empresa. Hoje o grupo conta com 1,5 mil clientes da iniciativa privada, que se apóiam na previsão
do tempo para se preparar para os negócios. No Habib’s, por exemplo, dias de chuva multiplicavam os pedidos
de teleentrega, congestionando a produção. “Saber com antecedência como seria o tempo criou um diferencial
no atendimento, reduzindo a espera e viabilizando o cumprimento de todas as solicitações”, aponta Magno. No
Magazine Luiza, que também recebe boletins por encomenda, o conhecimento prévio facilita a programação de
estoque. “Onde for fazer frio, investe-se em maior
quantidade de mercadorias relacionadas a essa
temperatura.” Dispondo de meteorologistas,
jornalistas, artistas gráficos, programadores e outros
especialistas, o grupo trabalha constantemente para
desenvolver novos produtos, o que deu origem,
entre outras iniciativas, à divulgação de boletins via
celular. “Os meteorologistas se preocupam com os
problemas dos clientes de uma forma que o envolvi-
mento faz a diferença. Somos consultores natos.”
grave conseqüência de percepções errôneas acerca da
criatividade seja o desperdício dos talentos existentes
nas empresas. “Todos esses exemplos não foram frutos
de loucura ou genialidade, mas da mente de pessoas nor-
mais que souberam canalizar sua criatividade na solução
de problemas.”
Um dos exemplos de iniciativas bem-sucedidas do
comércio está no auto-atendimento, que se transformou
em uma realidade em estabelecimentos de diferentes ra-
mos. “Isso não é mais uma novidade e mostra como a
inovação pode ser feita sem o emprego de novas
tecnologias”, enfatiza Siqueira. Para ele, as maiores opor-
tunidades de inovação no segmento estão nos momentos
de relacionamento do cliente. “Terá sucesso quem conse-
guir inovar e transformar esses momentos em uma experi-
ência valiosa, cativante e marcante. Isso não exige muita
tecnologia, mas principalmente mudança de atitudes.”
As pequenas empresas possuem importante papel
nesse processo devido a duas grandes vantagens sobre as
grandes: flexibilidade e agilidade. “Nas organizações de
menor porte existe maior permissão a criatividade e ex-
perimentação, porque os processos são me-
nos estruturados e definidos”, pondera o pro-
fessor Saito, da FGV. No entanto, ele salienta
que, apesar de esses fatores aumentarem a
propensão a um comportamento inovador,
algumas estratégias metódicas requerem mais
infra-estrutura e recursos, o que deixaria as
grandes empresas mais bem preparadas. “Uma
experimentação contínua e sistemática, por
exemplo, exige participação em eventos, via-
gens e reuniões com pessoas de outras re-
giões, o que demanda recursos financeiros e
mais tempo disponível.”
“Nas previsões feitas para nossos clientes,
o importante é atender à demanda de cada um.
São previsões feitas sob medida.”
Carlos Magno, presidente da Climatempo
Divulgação/Habib’s
47
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
EU, EMPREENDEDOR
Um clic bem-sucedido
“
”
Depois de estudar fotografia na Ball State University e no
New York Institute of Fine Arts (nos Estados Unidos),
trabalhei na MPM Propaganda, uma das mais tradicionais
agências de propaganda do Brasil, onde comecei a desco-
brir o mercado publicitário. Em menos de oito meses, junto
ao reconhecimento recebi um conselho inesperado de uma
das principais figuras da alta direção da agência: ‘Você é um
excelente fotógrafo, mas tem uma veia empreendedora.
Monte seu negócio, que nós vamos apoiá-lo’. Aceitei a
sugestão e arrisquei. De lá para cá, desenvolvi uma carreira
meteórica. Montei o primeiro estúdio e em três meses já
havia recuperado o capital investido. Outras mudanças
vieram e hoje tenho meu próprio espaço e o nome da
empresa vinculado à qualidade e à tecnologia de ponta. Isso
mostra o meu potencial empreendedor, que até então
desconhecia, para desenvolver uma iniciativa de sucesso.
Art
Imag
em/D
ivul
gaçã
oCelso Chittolina
Proprietário do Estúdio
Chittolina, de Porto Alegre, que
atua no segmento de foto
publicitária tanto em âmbito
regional como nacional. Além
de empresário, ainda foi eleito
presidente da Associação
Riograndense de Propaganda
(ARP) para a gestão 2008/2010
da entidade.
Mat
eus B
ruch
el
32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
SA IBA MA IS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
em
te
mp
o
Mais informações na edição 37 da B&S
Questionando a impunidade
O
Nome empresarial Já está
disponível no site da Junta
Comercial do Estado (Jucergs) a
“Pesquisa de Nome
Empresarial”, que permite
verificar possíveis semelhanças
com Razões Sociais já
arquivadas e checar se o nome
empresarial pretendido está
correto pela legislação.
O serviço, que é gratuito e
funciona mediante
cadastramento, foi criado em
função da legislação sobre a
Simplificação do Registro e da
Legalização de Empresas e
Negócios (Redesim). Consultas
via formulários continuam
disponíveis e isentas de taxas.
Para fazer a pesquisa, acesse o
link “Serviços Online” do
site www.jucergs.rs.gov.br.
Contabilidade A turma-piloto do programa Contabili-
zando o Sucesso, que objetiva preparar contadores
para atuar junto a micro e pequenas empresas, já
iniciou as aulas no Rio Grande do Sul. Programadas
para encerrar em novembro, as atividades incluem
encontros de integração e módulos focados em temas
como gestão simulada, habilidades consultivas, gestão
estratégica, marketing, logística e gestão de pessoas,
entre outros. Promovido pelo Sebrae nacional em
parceria com o Conselho Federal de Contabilidade,
desde 2003 o projeto capacitou cerca de 3 mil profissionais da área em todo o
país. O Sebrae-RS conta com uma lista de espera de interessados para a próxima
turma, que ainda não tem data prevista para ser aberta. Outras informações estão
disponíveis no site www.contabilizando.com.br ou pelo fone (51) 3254-9400.
Convenção 158 A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da
Câmara Federal rejeitou, por 20 votos a 1, a adesão do Brasil à Convenção 158
da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O texto, que prevê o fim da
demissão sem justa causa na iniciativa privada, só poderia entrar em vigor no
país mediante aprovação do grupo. Entre as justificativas para a manifestação
contrária está o já existente sistema brasileiro de proteção ao trabalhador, que
inclui aviso prévio, indenização de 40% sobre o saldo do FGTS e seguro-
desemprego, entre outros benefícios.
Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) decidiu, em junho, divul-
gar o nome de todos os candidatos às
eleições que estiverem sofrendo algum
tipo de processo na Justiça. A medi-
da é uma compensação à decisão de
permitir que candidatos com “ficha
suja” participem da disputa eleito-
ral, apesar de diversos apelos de en-
tidades e Tribunais Regionais Elei-
torais (TREs) para que políticos em
situações duvidosas fossem barrados
de pleitos até que fossem inocentados
de qualquer acusação. Apesar de ain-
da não haver uma definição sobre como
será feita a divulgação, a lista deve
constar pelo menos no site do Tribu-
nal (www.tse.gov.br) e já deve valer
para as eleições municipais de outubro.
De acordo com o TSE, só não podem
participar das eleições políticos que já
tiverem sido julgados – e condenados
– em última instância. O Movimento
de Combate à Corrupção Eleitoral
(MCCE), formado por 36 entidades,
pretende recolher 1,3 milhão de assi-
naturas no país para apresentar um pro-
jeto à Câmara dos Deputados para
impedir candidaturas de quem já tenha
sido condenado em instâncias inferio-
res ou cuja denúncia, apresentada pelo
Ministério Público, tenha sido aceita.
SA IBA MA IS
33FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
eu
r
ec
om
en
do
A exposição Iberê Camargo – Moderno
no Limite propõe um percurso ao
longo da carreira do artista por meio
de 89 obras selecionadas pelos
curadores Mônica Zielinsky, Paulo
Sergio Duarte e Sônia Salzstein.
Além da impactante obra de Iberê, a
bela arquitetura de Alvaro Siza
propicia um diálogo entre as salas
expositivas, oferecendo ao visitante
diversos enfoques a partir dos quais
praticar o exercício da arte.
A mostra tem entrada gratuita e fica
em cartaz até o dia 31 de agosto na
sede da Fundação Iberê
Camargo (em Porto Alegre), de
terça a domingo.
Fábio Coutinho
Superintendente Cultural da
Fundação Iberê Camargo
Mercosul Será promovido em outubro um seminário
para avaliar a participação de pequenas e médias
empresas no processo de integração das
cadeias produtivas dos países do Merco-
sul. O evento deverá ser realizado em
Montevidéu (Uruguai). Entre as medidas a serem
adotadas está a implementação, até 2015, de uma
união aduaneira para eliminar as atuais exceções à
tarifa externa comum. Até o final de 2008, deverá ser extinta também a dupla
cobrança da tarifa, praticada quando um produto passa por dois países do bloco. Em
29 de junho, foi aprovado pelo 35° Conselho do Mercado Comum um fundo de
apoio para as MPEs exportadoras, que será assegurado pelo países membros. A
origem do montante e os valores ainda não foram definidos.
Turismo Ampliando ainda mais sua abrangência, o site Rotas e Roteiros do Turismo Receptivo Gaúcho
(www.rotaseroteiros.com.br) já está disponível também em inglês e espanhol. Idealizado pela Comissão
de Turismo e Hospitalidade da Fecomércio-RS, o portal apresenta opções variadas de viagens pelo Rio
Grande do Sul, incluindo sugestões de hospedagem, gastronomia, compras e locais históricos, além de
mapas, condições de rodovias e previsão do tempo.
Supersimples Tramita em caráter de
urgência na Câmara dos Deputados o
Projeto de Lei Complementar 126/07,
que altera o sistema tributário do Super-
simples reduzindo a carga tributária do
sistema. Pela proposta, de autoria do
deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR),
negócios individuais com receita bruta
anual de até R$ 36 mil que se enquadra-
rem no Simples Nacional ficam isentos de quase todos os tributos, pagando
uma taxa de R$ 50 mensais do INSS patronal, sendo que prestadores de
serviço são acrescidos de R$ 30 de ISS. Integrantes do Simples Nacional
com receita bruta anual de até R$ 120 mil passariam a recolher 3% do
faturamento para o INSS, e novas atividades – laboratórios de análises
clínicas ou patologia, decoração, corretagem de seguros, tomografia, diag-
nósticos médicos por imagem, fisioterapia, tradução, agências de publicida-
de, assessorias de imprensa, entre outras – poderiam aderir ao sistema.
Jeff
erso
n B
ote
ga/
Fun
daç
ão I
ber
ê C
amar
go
SUCESSÃON
úm
ero
39 –
Julh
o 2
008
34 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Nem sempre o velho ditado “filho
de peixe, peixinho é” traduz o que
acontece dentro das empresas
familiares. Não basta ser filho de
empresário para garantir
continuidade aos negócios, sendo
necessário que os herdeiros
apostem na capacitação para
assumir com eficiência o posto
máximo da organização
geraçãoDepois da primeira
ensar na sucessão não deve ser uma ati-
tude de última hora. Isso porque a ca-
pacitação consiste em um motivo a mais
para o negócio continuar prosperando por
muitas gerações. Além do vínculo familiar, ap-
tidão e preparo são pré-requisitos básicos para
que o processo sucessório seja realizado com
êxito, garantindo vida longa à empresa. Para
tanto, o herdeiro precisa começar cedo a inte-
ragir com os valores do empreendimento e,
acima de tudo, investir na profissionalização.
Segundo uma pesquisa do Núcleo de Estu-
dos de Empresas Familiares e Governança Cor-
porativa da Escola Superior de Propaganda e
Marketing (ESPM), em uma amostra de cem
empresas de todos os portes das principais ca-
pitais brasileiras, mais da metade (55%) não se
Ppreocupa em desenvolver um planejamento para quando
chegar o momento de passar o cargo. A falta de programas
de formação surge como um ponto preocupante, e não é
para menos. De acordo com Domingos Ricca, sócio-dire-
tor da DS Consultoria (SP), o preparo conta pontos na hora
de assumir um posto de liderança. “O grande problema é
que na maioria dos negócios com estrutura familiar o assunto
sucessão só entra em pauta por ocasião do falecimento do
fundador. Todos são pegos de surpresa”, afirma.
O consultor observa que não há um tempo padrão para
colocar o futuro empresário a par da cultura da empresa e
dos procedimentos inerentes à gestão corporativa. Antes
de mais nada, é fundamental conversar com o herdeiro e
ver o seu real interesse em continuar conduzindo o empre-
endimento da família. “Nem sempre o desejo do pai é o
sonho do filho. Tem que haver um diálogo aberto e since-
ro. Esse seria um bom começo.”
Lúci
a S
imon
35FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
S U C E S S Ã O
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Tão importante quanto a vontade de empreender do
jovem administrador é a disposição do fundador em repas-
sar seu conhecimento para quem está iniciando a empreita-
da. Na maioria das vezes, o sucedido concentra as informa-
ções e desconfia da capacidade das gerações mais novas. A
resistência à mudança e o conflito na transição contribuem
para a alta taxa de mortalidade dos empreendimentos, diz
Ricca, para quem o choque de conflitos não é salutar a
nenhuma das partes. “O mais velho tem muito a transmitir
em termos de informação, experiência, tomada de deci-
sões e princípios. O sucessor, por sua vez, vai melhorar as
falhas e aprimorar o que não foi tão bem-sucedido. Preci-
samos olhar pela ótica da complementaridade.”
Passando o bastão
Depois de buscar o conhecimento através de uma par-
ticipação efetiva na própria organização, torna-se impres-
cindível apostar na capacitação, que pode ser acadêmica
ou por meio de cursos técnicos ou de aperfeiçoamento.
Conforme Ricca, a passagem da fase operacional para a
administrativa requer habilidade em conquistar a liderança
e o carisma dos colaboradores, já que um outro ciclo se inicia.
“A equipe estará sob uma nova direção, e conseguir cativá-la é
uma etapa a ser ultrapassada”, acrescenta o consultor.
A entrega do posto de liderança deve acontecer paula-
tinamente, sem atropelar os estágios de aprendizado do
sucessor. Nesse ritmo, Lindonor Peruzzo Júnior tem con-
duzido sua atuação no Peruzzo Supermercados,do interior
do Estado. Filho do presidente da rede, que possui oito
lojas em Bagé, Dom Pedrito e São Gabriel, foi na adoles-
cência que Júnior se interessou pela atividade do pai. “En-
trei no supermercado com 16 anos. Antes, fiz um curso
técnico e, em seguida, tive a oportunidade de
aplicar o que aprendi no setor de Processa-
mento de Dados. De lá pra cá, estudei mais e,
conseqüentemente, cresci na empresa”, conta o
jovem empresário.
A promoção para uma área de maior con-
tato com os fornecedores representou muito
para o varejista, que pôde se inteirar mais so-
bre o universo supermercadista. Em 2006, após
concluir a faculdade de Administração de
Empresas, resolveu ir mais longe: fez duas pós-
graduações – entre elas, a de Gestão Empre-
sarial, em Madri, na Espanha. “Para se desen-
volver, o profissional precisa fazer um amplo
investimento. O que aprendi nunca entrou em
atrito com as idéias dos meus familiares, mas
foi recebido como um diferencial que agre-
gou valor à gestão das nossas lojas”, afirma
Júnior, que trabalha com os pais e os tios, e,
atualmente, atua como controler da rede, logo
abaixo do presidente na escala hierárquica.
Para ele, a fórmula ideal de sucesso não tem
mistério: basta separar o lado afetivo do pro-
fissional. “Hoje a empresa serve à família e a
família serve à empresa,” conclui.
Fonte: ESPM e DCS Consultoria
De pai para filhoAcompanhe alguns dados referentes ao universo das empresas
familiares no Brasil.
Cerca de 90% dos empreendimentos são constituídos por
pessoas da mesma família
55% não têm planejamento de sucessão
Os fundadores permanecem de 30 a 40 anos na presidência
Das empresas pesquisadas, 57% estão no setor industrial,
21% são prestadoras de serviços e 22%, varejistas
Quanto à composição, 71% estão formadas apenas por
familiares e 21%, multifamiliares
Representam aproximadamente 80% do total de
organizações do Brasil e respondem por até 70% do
Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina
Cursos de aperfeiçoamento ajudaram na promoção de Júnior
Divulgação/Peruzzo
VIS
ÃO
T
RA
BA
LH
ISTA
46 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
o final de abril deste ano, o ministro
Roberto Mangabeira Unger, profes-
sor da Harvard University (EUA),
publicou nos principais jornais do país o
artigo intitulado Diretrizes de um acordo a res-
peito da reconstrução das relações entre trabalho e
capital do Brasil. Em síntese, os objetivos
principais do arrazoado são
os seguintes: diminuição da
informalidade e a reforma
do regime sindical.
Para a formalização dos
empregados a solução apre-
sentada envolve apenas a
contribuição patronal à pre-
vidência do empregado. A
idéia inicial seria substituir a
folha de salários pelo faturamento como base
para o financiamento. Todavia, talvez porque
as empresas intensivas em capital detêm muito
poder e força política em nosso país, de pla-
no essa alternativa foi descartada. Como pro-
posta alternativa surgiu a possibilidade do fi-
nanciamento por um imposto mais neutro,
como, por exemplo, um imposto geral, de alí-
quota única, sobre transações financeiras.
Já quanto ao regime sindical, o ministro simplesmente
reafirma as disposições constantes no projeto de refor-
ma sindical que tramita no Congresso. Dentre outras
propostas, figuram a possibilidade de as Centrais Sindi-
cais celebrarem acordos coletivos com abrangência na-
cional e a garantia das prerrogativas sindicais exclusiva-
mente aos sindicatos mais representativos.
Ainda que o professor parta de premissas corretas,
como a constatação de que a lei trabalhista exclui do seu
âmbito de abrangência a maioria dos trabalhadores, in-
felizmente suas sugestões são ineficazes. Para combater
a informalidade nas relações de traba-
lho é preciso ir além, enfrentar barrei-
ras ideológicas e criar uma legislação
que, sem infringir os direitos sociais fun-
damentais, permita um campo maior de
atuação das negociações coletivas. Já
quanto à revisão do sistema sindical, o
projeto que tramita no Congresso, além
do vício de legitimidade, pois alijou as
entidades de base das discussões que o
formataram, propõe alterações que podem agravar a já
escassa legitimidade dos sindicatos, como, por exemplo,
a possibilidade da comprovação de representatividade
por derivação.
Infelizmente, como só ocorre com professores, o
discurso é arrojado ao apresentar os problemas, mas tí-
mido nas soluções. Tem “fé cega e pé atrás”.
Reforma trabalhista
de Harvard
N
Para combater a
informalidade é preciso
uma legislação que
permita um campo
maior de negociações
coletivas
*Advogado trabalhista-sindical da Fecomércio-RS
Eduardo Caringi Raupp*
Ros
i B
onin
segn
a/Fe
com
érci
o-R
S
INTERNACIONAL
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
rimeiro Mundo, nações emergentes,
países desenvolvidos, países pobres do
sul, ricos do norte... Os termos são
muitos e estão presentes no cotidiano de to-
dos. Mas afinal, o que significam essas classifi-
cações? Quem as define? Quais são os critéri-
os? A verdade é que para grande parte das
perguntas não existe uma resposta oficial, pois
as classificações variam conforme as institui-
ções, baseadas em noções econômicas, soci-
ais e midiáticas. Todos os termos se entrela-
çam, a partir da atualização de critérios de
denominação e também do desenvolvimento
de cada país.
“Cada órgão tem as suas metodologias e
não existe um padrão unificado”, explica Pau-
lo Visentini, professor e secretário de Rela-
ções Internacionais da Ufrgs. Em geral, os
critérios básicos são os indicadores econô-
micos e sociais. A perfeita união dos dois é o
que determina se um país pode ser conside-
rado desenvolvido ou não. Dessa forma, uma
entidade como o Fundo Monetário Interna-
cional (FMI), por exemplo, possui um
ranking diferente da Organização das Nações
Unidas (ONU).
No caso dos países ricos do norte e po-
bres do sul, a denominação é um pouco dife-
rente das demais, pois não considera os fato-
res geográficos tradicionais. Estas categorias
P
em um sóVários mundos
Atualmente é
impossível que um
país exista sem que
haja alguma forma
de relação com os
demais. Para tornar
esse processo mais
fácil, as nações
espalhadas pelo
globo são
classificadas de
acordo com
indicadores
econômicos
e sociais
são, na verdade, políticas. Por isso, países que estão locali-
zados ao sul do planeta, como a Austrália, são considera-
dos do norte. Segundo Visentini, essa classificação teve
origem no desenvolvimento do capitalismo. “Desde as
grandes navegações, a revolução comercial e industrial foi
capitaneada por países europeus. Mais tarde, Estados
Unidos e Japão se somaram ao grupo.” O Sul se relacio-
nou dentro desse sistema como uma periferia.
Atualmente, a classificação preponderante considera
alguns grupos políticos, por exemplo, o G-7 (grupo dos
sete países mais industrializados do mundo), a Orga-
nização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco-
nômico (OCDE), o G-20 (grupo de países em desen-
volvimento ligados à agricultura), entre outros. Algumas
nações estão em diferentes grupos ao mesmo tempo,
entretanto sem desrespeitar critérios, como o desen-
volvimento de cada uma.
Outro fator destacado por Visentini é que nenhum
país está preso a uma determinada categoria; ele pode
evoluir ou retroceder. O mais comum é que um país evo-
lua em termos de economia e sociedade, mas permaneça
no grupo em que está inserido. “Israel, Coréia do Sul,
Cingapura e Taiwan são países com características de Pri-
meiro Mundo, como nível de vida, renda, inclusive distribui-
ção de renda. Estão em outra faixa, mas para passarem para o
outro grupo há um critério político, tem que haver um con-
vite”, garante. Um exemplo de retrocesso é a Rússia, que
anteriormente tinha grande poder de decisão junto ao G-7
(que, aliás, era conhecido como G-7 + Rússia) e hoje se alia
principalmente aos países em desenvolvimento.
37FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
INTERNAC IONAL
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Universos diferentes
De acordo com a classificação preponderante atualmente, Noruega e Alemanha são países desenvolvidos,
Brasil, China e Equador estão em desenvolvimento e Serra Leoa é considerado um país menos desenvolvido
– ou em desenvolvimento com baixas perspectivas. Confira a comparação de alguns índices.
Fontes: FMI (2006), PNUD (IDH 2007/2008) e Banco Mundial (2006)* Poder de Paridade de Compra (purchasing power parity - PPP): índice que equaliza
diferenças de câmbio e custos entre os países, gerando fator mais real de comparação.Medido em “dólares internacionais” ($).
** Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): índice adotado pelo Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento, que também considera aspectos de saúde e educação.
G-20
África do Sul, Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, China, Cuba, Egito, Equador,
Filipinas, Guatemala, Índia, Indonésia,
México, Nigéria, Paquistão, Paraguai,
Peru, Tailândia, Tanzânia, Uruguai,
Venezuela e Zimbábue.
Conceito: Criado em 2003, na 5ª
Conferência Ministerial da Organização
Mundial do Comércio (OMC), é um grupo
de países em desenvolvimento que
concentram sua atuação em agricultura.
Atualmente, 23 países integram o G-20. Em
contraponto ao G-7, estão ao sul do mapa.
BRIC
Brasil, Rússia, Índia e China
Conceito: Termo lançado pelo banco de
investimentos norte-americano Goldman Sachs.
Segundo projeções, o BRIC pode superar
economicamente os países desenvolvidos até a
metade do século. Além de populações e
riquezas naturais significativas, representam
grandes áreas no mapa-múndi. Projetando o
futuro, o banco também já elegeu os “Próximos
11” (Next 11), que devem seguir o BRIC.
O N-11 é constituído por Bangladesh, Egito,
Indonésia, Irã, Coréia, México, Nigéria,
Paquistão, Filipinas, Turquia e Vietnã.
Países do G-7/G-8
Estados Unidos, Japão, Alemanha,
Reino Unido, Itália, Canadá
e França + Rússia.
Conceito: Formado em 1975, é um
grupo com os países mais
industrializados do mundo. A
participação ou não da Rússia (antes
URSS) dá a definição de G-7 ou G-8.
Em reuniões periódicas, abordam
questões relativas à economia e ao
comércio internacional. Como se
observa no mapa acima, são países
estão localizados mais ao norte.
BRASIL
RÚSSIA
ÍNDIA
CHINA
Brasil
PIB per capita: US$ 5.741
PIB/PPP per capita*: US$ 9.080
IDH**: 0,80 (70º lugar)População: 189,32 milhões
China
PIB per capita:
US$ 2.011
PIB/PPP per capita*:
US$ 4.649
IDH**:
0,78 (81º lugar)População:
1,311 bilhão
Serra Leoa
PIB per capita: US$ 254
PIB/PPP per capita*: US$ 647
IDH**: 0,34 (177º - últimolugar no ranking)População: 5,74 milhões
Equador
PIB per capita:
US$ 3.057PIB/PPP per capita*:
US$ 6.973
IDH**:
0,77 (89º lugar)População:13,2 milhões
Noruega
PIB per capita: US$ 72.768
PIB/PPP per capita*: US$ 50.203
IDH**: 0,97 (2° lugar no ranking)População: 4,66 milhões
Alemanha
PIB per capita:
US$ 35.432
PIB/PPP per capita*:
US$ 32.432
IDH**:
0,94 (22° lugar)População:
82,37 milhões
INTERNACIONAL
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
38 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
O pódio do planeta
São considerados países desenvolvidos
aqueles que atingiram um alto grau de indus-
trialização, possuem uma boa estrutura de
prestação de serviços, altos índices em ter-
mos de renda per capita e nível de desenvol-
vimento avançado em todas as áreas. Nessa
categoria incluem-se os países da OCDE e
do G-7. O benefício de estar incluído no gru-
po é simples e bastante vantajoso, segundo
Visentini: “O país que estiver ali faz parte de
um clube que tem poder de decisão”.
Com relação aos países que se encontram “em desen-
volvimento”, o especialista alerta que há uma subdivisão
mais complexa, pois há regiões que estão, seguramente,
no caminho de passar para a OCDE. Outros estão em
posição intermediária, desenvolvendo-se, mas a sua velo-
cidade de crescimento não é suficiente para alcançar a
média mundial. Finalmente, há o grupo dos países em
menor desenvolvimento, antes chamados de subdesen-
volvidos. “São nações extremamente vulneráveis e que
estão, de certa forma, retrocedendo no conjunto de
desenvolvimento.”
Um mundo dos quase lá
Criada pelo francês Alfred Sauvy, a de-
nominação Terceiro Mundo foi baseada na
idéia do Terceiro Estado da Revolução
Francesa, sugerindo que os países de eco-
nomia capitalista, mas pobres e pouco de-
senvolvidos, poderiam ter as chaves para
uma revolução. Visentini explica que o ter-
mo surgiu na década de 50 e foi adotado
pelos jornalistas da época. A partir daí, fo-
ram feitas adaptações e surgiram as deno-
minações Primeiro Mundo – que se referia
aos países que fundaram o capitalismo, ri-
cos e industrializados – e Segundo Mundo,
reunindo os países socialistas.
O fim da União Soviética e a queda do Muro de
Berlim fizeram com que os termos se tornassem ina-
dequados, já que o Segundo Mundo deixara de existir.
Apesar de ter caído em desuso, o professor da Ufrgs
alerta para o fato de alguns países estarem, atualmen-
te, entre a economia capitalista e socialista: “Onde es-
taria a China? A própria Rússia adotou uma economia
de mercado ou continua com fortes ligações estatais,
como tinha na época do socialismo?”.
Com o tempo, mais uma variação foi agregada à
classificação e passou-se a usar a expressão Quarto
Mundo para os países subdesenvolvidos. “O termo
‘subdesenvolvido’ tornou-se politicamente incorreto,
pois tem uma conotação negativa”, afirma Visentini.
39FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
INTERNAC IONAL
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Os investimentos em infra-estrutura realizados pelo
Brasil durante as décadas de 1950, 60, 70 e 80 dão ao país
uma certa posição de conforto diante dos demais emer-
gentes, mesmo que a China e a Índia tenham hoje uma
taxa de crescimento mais elevada. “Se pensarmos em ter-
mos de população, PIB e território e elencarmos os dez
primeiros nas três categorias, só há três países no mundo
que participam de todas ao mesmo tempo: Estados Uni-
dos, China e Brasil”, explica Visentini. No entanto, as
vantagens brasileiras esbarram em um problema bastante
sério: a desigualdade social. Embora o país esteja crescen-
do, o sistema de organização política e social não permite
que esse aumento na produção de riquezas e serviços seja
igualmente distribuído e, por isso, o território nacional
permanece classificado como “em desenvolvimento”.
Nem todos os países em desenvolvimento são nações
emergentes. Na verdade, emergentes são “aqueles que
possuem reais perspectivas de passar à categoria de de-
senvolvidos”, explica Visentini. Segundo José Schneider,
professor de Ciências Sociais da Unisinos, essas nações
possuem melhores condições em termos de população,
situação geográfica e variedade do parque de produção
econômico. “Brasil, México, Índia e, mais evidentemen-
te, a China estão ponteando esse tipo de característica”,
explica Schneider, afirmando que existem cerca de 20
países considerados emergentes. Um dos fatores em co-
mum entre esses territórios, de acordo com o professor, é
o desejo pela drástica eliminação dos subsídios agrícolas.
Com relação a Brasil, Rússia, Índia e Chi-
na (Bric), Schneider destaca que sobressaem
por possuírem grande área, volume de popu-
lação e riquezas naturais, o que lhes dá um
grande potencial futuro. “Eles têm uma pre-
sença no cenário internacional cada vez maior”,
completa. Para Visentini, os membros do Bric
são fortes candidatos a não apenas atingirem o
patamar de desenvolvidos, mas também soma-
rem mais da metade do PIB do planeta por vol-
ta de 2050. “Ou seja, o peso dos Estados Uni-
dos e da Europa Ocidental pode ir diminuindo
ao longo do século”, afirma.
Em desenvolvimento = emergente?
Onde nós estamosSchneider considera que o país avançou
em modernidade tecnológica e diversidade de
produção de serviços, mas continua funda-
mentalmente com uma tendência à concen-
tração. Visentini completa: “O Brasil tem al-
guns indicadores sociais que são muito ruins,
como a distribuição de renda. Saúde e
educação estão melhorando, mas ain-
da há muitos indicadores ruins,
como o trabalho infantil”. Apesar
das dificuldades, o professor de Re-
lações Internacionais acredita que as
perspectivas são positivas. “Temos
boas chances de nos inserir nessa ordem
mundial como um time de primeira divisão.”
TE
RC
EIR
O S
ET
OR
40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Englobando instituições de caráter privado com fi-
nalidades públicas, o terceiro setor cresce em rit-
mo acelerado em todo o mundo. No Brasil, país
marcado pelas desigualdades sociais e pelas carências nos
serviços públicos, a realidade não é diferente e contribui
para que as organizações dessa esfera já somem mais de
276 mil, conforme estimativas do IBGE referentes ao
ano de 2002. Somente no Rio Grande do Sul, existem
mais de 22 mil entidades ligadas às ações comunitárias.
Entre os empreendimentos mais comuns do segmen-
to destacam-se Organizações Não-Governamentais
(ONGs), associações, fundações e entidades assisten-
ciais, entre outras. Por se tratar de uma estrutura organi-
zacional como outra qualquer, o terceiro setor lida com
investimentos, treinamento de pessoal e outras despe-
sas. Além disso, nem todos os envolvidos nessa forma
de mobilização são voluntários – no início desta década,
os assalariados brasileiros na área eram mais de 1,5 mi-
lhão. Assim, não basta boa vontade para obter desempe-
nho favorável nas iniciativas do ramo. “O funcionamento
de uma organização do terceiro setor é quase igual ao de
uma empresa, mas poucas pessoas encaram tal realidade
quando decidem ingressar nesse universo”, pondera Ce-
cília Grinberg Herynkopf, diretora do Senac Comunida-
de. De acordo com ela, mesmo que a procura por cursos
na área seja crescente, ainda são poucas as instituições que
possuem uma gestão profissional no setor. “Observamos
Profissionalismo em prol
da sociedadeFotos: Lúcia Simon
Com o objetivo de promover o desenvolvimento
político, econômico, social ou cultural, o terceiro
setor ganha força no país. Para aumentar sua
influência, o profissionalismo passou a ser
essencial nas organizações da sociedade civil
Lúci
a S
imon
Vera dedica cerca de 25 horas semanais ao trabalho voluntário
41FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
TERCE IRO SETOR
muitas entidades com descuidos básicos que podem ser
evitados a fim de otimizar custos, por exemplo.”
Com o intuito de contribuir para o fortalecimento
de entidades de bases comunitárias, o Senac Comunida-
de dispõe de nove cursos voltados ao terceiro setor (sai-
ba mais no box), elaborados a partir de necessidades do
segmento, como marketing, captação de recursos e ela-
boração de projetos. Conforme Cecília, o custo das au-
las é simbólico, sendo o “Formatos Brasil” isento de pa-
gamento. “Esta modalidade, que viabiliza uma visão
geral de desenvolvimento local auto-sustentável e so-
bre a importância do terceiro setor, foi desenvolvida
basicamente para chefias, diretores e assessores com
poder de decisão, mas temos conteúdos para qualquer
esfera de participação.”
Os cursos são realizados em todo o Estado, seja em
unidades do Senac-RS ou em entidades parceiras. A es-
colha dos conteúdos foi feita de acordo com resultados
de entrevistas com líderes de comunidades, visitas em-
preendidas por profissionais da entidade e experiência
de envolvimentos em projetos de organizações repre-
sentativas do terceiro setor. A linguagem adotada pelos
docentes permite que todas as pessoas atendidas — alu-
nos com qualquer nível de formação acadêmica ou pro-
fissional — tenham condições de compreender os te-
mas, desde definições de conceitos até formas de
captação de recursos e modelos de comunicação e mar-
keting. “Ainda é difícil obter capacitação em terceiro setor
no Rio Grande do Sul. Mesmo que existam diversas pós-
graduações na área, seria preciso, antes, passar por uma
graduação, e essa não é a realidade da maioria da popula-
ção que atua nesse segmento”, comenta a diretora do
Senac Comunidade.
Mão na massa
O que começou como uma coincidência se transfor-
mou em envolvimento total para Vera Lúcia Lima Pauli-
no. A aposentada carioca, que chegou ao Estado em 2004
para acompanhar a sobrinha que permanece na lista de
espera de transplante de pulmão, iniciou sua atuação no
terceiro setor via Parceiros Voluntários, uma
das ONGs de maior representatividade no
Rio Grande do Sul. “De lá, fui encaminhada
para a ONG Via Vida Pró-Doações de Ór-
gãos e Tecidos, onde passei a atuar na cons-
cientização da população no que diz respeito
à prevenção de doenças e a como funciona a
doação de órgãos”, conta.
Desde então, a vida de voluntária só foi
se desenvolvendo, e hoje Vera possui a fun-
ção de conselheira fiscal da Via Vida e atua
como auxiliar em outras duas organizações.
Tendo participado de todos os cursos de ter-
ceiro setor do Senac Comunidade, a profes-
sora, que dedica cerca de 25 horas semanais
ao voluntariado e também trabalha em um
banco privado, acredita que as aulas ajuda-
ram a lidar com a realidade do meio. “Apesar
de a minha relação pessoal com os demais en-
volvidos não ter mudado em nada, passei a
ter um conhecimento técnico que se mostrou
fundamental para o bom desempenho nas ati-
vidades. Com a capacitação, pode-se aumen-
tar a confiabilidade na entidade e, com isso,
atrair mais parceiros e investimentos.”
ntre as diferentes áreas abrangidas pelo Senac Co-
munidade está a Gestão para o Terceiro Setor, que
já realizou mais de 220 cursos em todo o Estado. São eles:
Formatos Brasil (40 horas), Como montar uma ONG (8
horas), Planejamento organizacional para entidades do ter-
ceiro setor (16 horas), Gestão de pessoas em organiza-
ções do terceiro setor (16 horas), Captação de recursos
(16 horas), Elaboração de projetos sociais (16 horas), Ges-
tão financeira para entidades sociais (16 horas) e Marke-
ting para o Terceiro Setor (16 horas). Para saber detalhes
de cada um, ligue para (51) 3211-3579.
E
Gestão para o terceiro setor
PA
RA
LE
R
49FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Administrando reações
Bolsa de valores
Como participar do mercado de capitais (Tre-
visan Editora Universitária, 48 páginas)
reúne informações sobre vantagens, cus-
tos e tempo necessário para que uma or-
ganização possa abrir o capital e lançar
ações na bolsa de valores. De autoria de
Antoninho Trevisan, presidente das empresas Trevisan e
da BDO Trevisan, o livro – produzido em formato de per-
guntas e respostas – está na quinta edição.
livro Trabalhar com você está me ma-
tando é o resultado de 20 anos de
pesquisa de uma psicoterapeuta e uma
estrategista corporativa, que elucidam
preceitos relacionados ao grande desa-
fio psicológico de integrar e liderar uma
equipe. São oito capítulos centrados nos
fatores que impactam o ambiente de tra-
balho e que mostram a principal arma para
vencer comportamentos e hábitos noci-
vos: o autocontrole emocional.
A partir de técnicas básicas, as au-
toras apresentam mecanismos capazes
de libertar os gestores e profissionais das
armadilhas emocionais. O primeiro en-
sinamento seria aprender a lidar com os
inevitáveis conflitos do cotidiano, o que
imediatamente significa conviver com
personalidades difíceis, diferentes e su-
jeitas a humores também cheios de al-
tos e baixos. Por se tratar de um local
volúvel, onde os colaboradores ficam
por muitas horas reunidos, uma empre-
sa concentra porção borbulhante de
sentimentos – que sempre podem res-
pingar de uma mesa para outra.
Contudo, como escapar deste ci-
poal de relacionamentos complicados?
Estabelecendo limites e fazendo um
exercício de auto-avaliação, já que cada
personalidade se identifica com um tipo
de ambiente de trabalho. O sucesso não
depende apenas da competência, mas
da afinidade entre valores, preferências
de vida e a cultura da empresa em que a
pessoa está atuando no momento.
Como um verdadeiro manual de
sobrevivência, o livro dá munição àque-
les que enfrentam problemas sérios e
l e i a t a m b é m
“Quer esteja em meio ao fogo
cruzado da politicagem ou enredado
em uma situação com um colega
difícil, ou mesmo refém dos golpes
baixos de determinado departamento,
você pode adotar atitudes para mudar
o seu próprio comportamento e, com
isso, obter um resultado diferente.”
O
Recursos Humanos
Em Competências: conceitos, métodos e experi-
ências (editora Atlas, 306 páginas), Joel Sou-
za Dutra, Maria Tereza Leme Fleury e Ro-
berto Ruas reúnem artigos de diversos
autores sobre a competência e sua articula-
ção com diferentes campos do conhecimento em gestão
de pessoas. Entre os temas abordados estão a noção de
competência, a aplicação do conceito nas organizações e
impactos em outras esferas dos estudos organizacionais.
sentem-se emocionalmente impoten-
tes diante de uma situação que exige
uma postura racional. Tanto um co-
mentário mal-educado quanto uma
sabotagem podem assumir um caráter
negativo e comprometedor de produ-
tividade. Ao passar de trivial para um
grau mais avançado, chega o momen-
to de o líder buscar recursos, como re-
correr às normas da empresa ou admi-
nistrar as reações internas.
Katherine Crowleye Kathi Elster
Editora:
Autor:
No de páginas:
Trabalhar com você está me matando
254
Sextante
ESPORTE
42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Com a proximidade das Olimpíadas, espectadores do mundo todo já se mostram ansiosos
para assistir a um dos maiores espetáculos esportivos do planeta. Com uma das maiores
delegações da história da competição, o Brasil se prepara para alcançar o máximo de finais
largadaÉ dada a
e 8 a 24 de agosto, o mundo vai come-
morar os Jogos Olímpicos de Pequim,
que reunirão competidores de
inúmeros países e dos mais variados espor-
tes. Apesar da fama no futebol, os brasileiros
mostraram que estão no páreo com garra para
disputar diferentes modalidades esportivas.
Até a segunda quinzena de junho, o Brasil so-
mava 251 atletas garantidos para rumarem à
China. Deste total, 11 são gaúchos.
Será o início de um sonho para aqueles
que buscam as medalhas olímpicas e uma gran-
de oportunidade de negó-
cios para a China e as de-
mais nações participantes.
É nesse período que se
vende uma ampla gama de
artigos com temática vol-
tada para os jogos. O país
sede do evento tem um in-
cremento importante na
economia. Segundo a Stan-
dard & Poor’s (S&P), uma
das maiores agências de
avaliação de risco do mun-
do, a infra-estrutura mon-
Dtada para receber turistas de todo o globo e o investi-
mento avaliado em aproximadamente US$ 20 bilhões
deverão resultar no fortalecimento da imagem da capital
chinesa diante dos investidores.
Essa megaprodução também será coroada com uma
apresentação impecável dos atletas do Brasil, os quais
fizeram a melhor preparação olímpica da história, con-
forme o chefe da delegação brasileira em Pequim, Marcus
Vinicius Freire. “Pela primeira vez, tivemos um quadriênio
completo de utilização da Lei Agnelo/Piva – que prevê a
destinação de 2% da verba das loterias federais às fede-
rações esportivas do país”, explica Freire, ressaltando que
os recursos proporcionaram um
planejamento de trabalho e uma
execução extremamente positi-
va. “Isso dá ao Comitê Olímpi-
co Brasileiro (COB) melhores
condições de treinamento e pre-
paração a partir de viagens de in-
tercâmbio internacional, contra-
tação de técnicos estrangeiros e
participação em competições
oficiais e amistosas.”
Os programas rígidos e inten-
sos de preparo dos competidores
são justificados pelo alto grau deColucci: preparo intenso para o sonho olímpico
Gas
par
Nób
rega
/Vip
com
m
43FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
ESPORT E
complexidade da disputa, que reúne os melhores atletas
do mundo em cada uma das modalidades. Sem dúvida, o
maior empecilho serão os adversários das 204 nações que
estarão na China, além do Brasil. “Estamos aptos a en-
frentar todas as dificuldades de uma competição tão dis-
putada como essa e dispostos a superar os obstáculos
para apresentar um bom desempenho em Pequim e re-
presentar o país da melhor maneira possível”, afirma.
Rumo ao pódio
As Olimpíadas se constituem em uma experiência
única que vai além da conquista de medalhas. Freire lem-
bra que o exemplo positivo da prática esportiva deve
servir de modelo para a sociedade. “Os ideais olímpicos
são aspectos morais e éticos importantes para consoli-
dar o esporte como uma atividade vinculada à educação
e à formação de uma juventude saudável, sendo um meio
fundamental para a formação do caráter”, acrescenta.
Para o atleta, uma competição desse porte também
tem um significado especial. Classificado pelo ranking
da Federação Internacional de Triathlon, Reinaldo Co-
lucci (foto) é um dos brasileiros que estarão levando o
nome do Brasil a Pequim. “A visibilidade para a carreira é
muito grande em uma Olimpíada, e a chance de enfren-
tar grandes profissionais acaba sendo gratifi-
cante”, diz o competidor, enfatizando que
esta é sua oportunidade de fazer história no
triathlon, um sonho alimentado desde os 15
anos de idade. Alcançar tal objetivo tem soli-
citado de Colucci muito empenho. Em junho,
o esportista esteve na Suíça realizando pro-
vas de treinamento de altitude para aumentar
a resistência. Uma viagem à Coréia servirá
para acostumar ao fuso e às condições climá-
ticas parecidas com as de Pequim. “Desejo
chegar entre os primeiros”.
O COB não faz estimativa em relação a
número de medalhas. A meta do comitê é ele-
var qualitativamente o esporte nacional. E
nesse quesito, para Freire, o Brasil cresceu ex-
pressivamente. “Levaremos a maior delega-
ção da nossa história na quantidade de atle-
tas, no maior número de modalidades (31)
de todos os tempos”, constata. A expectati-
va não poderia ser diferente: atingir o máxi-
mo de finais e ter o esforço desempenhado
ao longo dos últimos quatro anos recompen-
sado com excelentes resultados.
Olimpíadas Comerciárias é uma das iniciativas do Ssec-RS
João Alves/Sesc-RS
Promovendo o esporteSesc-RS desenvolve projetos
para fomentar a prática espor-
tiva e promover a qualidade de vida
dos colaboradores do comércio de
bens, serviços e turismo e da comu-
nidade em geral. Os torneios têm al-
cance estadual e são disputados em
três etapas: microrregionais, regionais
e finais estaduais. Entre eles, destacam-
se Circuito Sesc de Minimaratona,
Olimpíadas Comerciárias, Circuito
Verão Gaúcho de Esportes e de Jogos
Estudantis e Sesc Triathlon Circuito
Nacional. Este último,
por exemplo, é um
evento nacional que
conta com a participa-
ção de cinco estados,
incluindo o gaúcho.
Compõem a prova três modalidades:
natação, ciclismo e corrida. “Os me-
lhores atletas brasileiros se reúnem na
competição, assim como os comerci-
ários, que têm no esporte a possibili-
dade de integração com outras regi-
ões do Estado”, afirma Marcelo de
Campos Afonso, coordenador de Es-
portes da entidade, lembrando que as
competições ainda contribuem para a
economia dos municípios que sediam
os jogos. Outras informações sobre as
atividades esportivas podem ser obti-
das no site www.sesc-rs.com.br.
O
PA ISAGISMO
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
44 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Aplicações variadas para plantas e flores
contribuem para o crescimento do mercado
de paisagismo. O Rio Grande do Sul é o
estado que mais consome produtos do gênero
no Brasil e o segundo que mais exporta
voltam a crescerFlores e plantas
ma planta em casa pode ajudar a reter o pó, oxige-
nar o ambiente e reduzir o estresse – e também a
enxaqueca, a rouquidão e a tosse. A afirmação é do
secretário-executivo da Associação Rio-Grandense de
Floricultura (Aflori), Walter Eichler. Ele salienta que há
até uma disciplina que estuda a influência do verde na
vida das pessoas: a psicologia ambiental. Já lugar-comum
na Europa, a idéia agora está se popularizando no Brasil,
e, com isso, o mercado de flores e plantas ornamentais
está crescendo novamente.
O Rio Grande do Sul é o maior consumidor desses
produtos no Brasil, diz Eichler. No Estado, esse mercado
movimenta cerca de R$ 1 bilhão ao ano. A média de con-
sumo aqui é de R$ 40 por pessoa ao ano, enquanto no
resto do Brasil é de R$ 6 (por outro lado, na Europa che-
ga a R$ 150). O Dia das Mães ainda é a melhor data para
a venda de flores, mas o Dia dos Namorados e o Dia da
Mulher não ficam muito atrás. No caso das plantas, o forte
são jardins e decoração de ambientes. Na produção são
empregadas cerca de 3 mil pessoas, e, no comércio, pratica-
mente o dobro. E quando o assunto é exportação, os gaú-
chos estão em segundo lugar, atrás apenas de São Paulo.
Isso não implica uma história sem percalços. O cres-
cimento do setor foi de 20% ao ano entre 1996 e 2003.
Com a estiagem, porém, veio a estagnação. O fôlego está
U
Jess
y B
eere
ns/S
tock
.Xch
ng
Por Melissa Barbosa
45FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
PA I SAG ISMO
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
sendo retomado, e a expectativa é de crescimento de 10%
em 2008. Para alavancar os números, em junho foi realiza-
da uma campanha envolvendo diversos pontos-de-venda
na região metropolitana, chamada + Flores. O projeto,
idealizado pelo Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibra-
flor) e abraçado pela Aflori, tem como objetivo incentivar
a compra. O piloto aconteceu há três anos na cidade de
Campinas, no interior de São Paulo.
A Aflori tem 750 produtores cadastrados, a maioria
de pequeno porte, e a produção é bastante variada. Eich-
ler aponta que a entidade tentou, há alguns anos, identifi-
car a flor e a planta símbolos do Rio Grande do Sul, sem
sucesso. Rosas, crisântemos, bromélias, orquídeas e cicas
têm destaque, entre outras. A maior exportadora fica em
Vacaria, e é uma multinacional italiana. Por outro lado, a
informalidade – expressa na falta de notas fiscais, por exem-
plo – ainda é realidade em diversos empreendimentos.
Essa área requer ainda constantes investimentos em tec-
nologia. Criam-se novos substratos e há, hoje, fertilizantes
específicos para cada espécie – e para cada fase de desen-
volvimento. Além disso, como o Rio Grande do Sul sofre
com bruscas mudanças na temperatura, as estufas também
passam por modernizações. Mas se por um lado os substra-
tos são geralmente desenvolvidos dentro das fronteiras gaú-
chas, inclusive em universidades, já que os materiais utiliza-
dos devem estar próximos aos produtores, os fertilizantes
são, na maioria das vezes, importados. Ou seja: o mercado
é mais amplo do que pode parecer à primeira vista.
Vale lembrar que o verde não tem uma importância
somente estética e terapêutica. A arquiteta Patrícia de
Freitas Nerbas, professora da Ulbra, salienta que a vege-
tação inserida no contexto urbano desempe-
nha funções que contribuem para a manuten-
ção da saúde e da vida, como redução dos
processos de erosão do solo e melhoria do
ciclo hidrológico. “O planejamento da com-
posição dos espaços no entorno das edifica-
ções, integrado aos potenciais paisagísticos
da vegetação, pode contribuir para a susten-
tabilidade local, regional e global”, salienta.
De abelhas a jardins
A empresa de paisagismo da engenheira
agrônoma Beatriz Firpo Vasquez não come-
çou por causa das plantas ou das flores, mas
de abelhas. Enquanto ainda estava na facul-
dade, Beatriz e um colega criavam os insetos
e disponibilizavam-se a retirar enxames das
casas. Certo dia, uma senhora pediu outro
favor ao casal: arrumar o jardim. Mesmo sem
experiência, os dois aceitaram o desafio. Hoje
ela emprega três pessoas na Oficina do Ver-
de, criada há 10 anos em Porto Alegre.
Beatriz avalia esse mercado como bom,
especialmente na construção civil, e aponta
que o paisagismo está cada vez mais popula-
rizado. A empresária conta que já recebeu li-
gações até de moradores de bairros mais ca-
rentes da capital gaúcha. Mas os condomí-
nios – cada vez mais pensados como parques
– são seus maiores clientes. Além da criação,
os profissionais podem se dedicar também à
manutenção das áreas, como é seu caso.
No paisagismo também existem tendên-
cias, explica Beatriz, mas que não mudam a
cada seis meses como as de roupas, por exem-
plo. Atualmente, os jardins têm menos péta-
las e mais folhas. Esse estilo foi desenvolvido
nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo,
que exercem grande influência no Rio Gran-
de do Sul. Além do modismo, contudo, há a
questão da praticidade, pois as plantas são
mais duráveis do que as flores.
Lúcia Simon
Beatriz comemora a popularização das atividades de paisagismo
CRÔNICA
50 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Núm
ero
39 –
Julh
o 2
008
Famílias e
fortunas
Por Moacyr Scliar
conjugação trabalho-família ou empre-
sa-família é muito antiga e provavelmen-
te começou nos albores da história,
quando pais lavradores levavam os filhos para
ajudar no trabalho da terra. Surgiu assim uma
tradição que, no caso de artesãos, atravessou
gerações. Tapeceiros, joalheiros, fabricantes
de relógios estavam nessa categoria. Mais re-
centemente, muitas grandes companhias,
como Wal-Mart, Ford, Motorola, Hewlett-
Packard, foram fundadas por famílias.
Surgiram daí histórias interessantes, algu-
mas das quais dariam estupendas obras de fic-
ção. Foi o caso da saga dos Rothschild, famí-
lia de financistas de origem judaica, cujo pa-
triarca, Mayer Amschel Rothschild (1744–
1812), era de Frankfurt-am-Main, na Alema-
nha. Mayer Amschel entrou no ramo das fi-
nanças e logo seus negócios se ampliaram ex-
traordinariamente, com a ajuda dos cinco
filhos. Mas, e talvez isso tenha sido um
passo decisivo para o sucesso, eles
não trabalhavam juntos; o
patriarca espalhou-os
pela Europa. Amschel, o
mais velho, ficou em
Frankfurt; Solomon foi
para Viena, Nathan
para Londres, Cal-
mann para Nápoles,
James para Paris.
Nathan (famoso pela feiúra) acabou tendo um papel de-
cisivo, porque sua presença em Londres, coincidiu com
as guerras napoleônicas, nas quais França e Inglaterra
disputaram o domínio da Europa (e do mundo). Na-
than financiava o esforço de guerra britânico. Ele ope-
rava na Bolsa de Valores de Londres onde caracteristi-
camente ficava encostado numa coluna, até hoje co-
nhecida como “a coluna de Rothschild”. E estava lá no
dia da decisiva batalha de Waterloo, cujo resultado era
aguardado com enorme ansiedade. Numa época em que
não havia telégrafo ou telefone, o sistema de comuni-
cações era extremamente precário e dependia basica-
mente de mensageiros que traziam as notícias a cavalo.
Acontece que os Rothschilds tinham seu próprio sis-
tema de correios, muito mais eficiente do que aquele
de que o governo dispunha; sabia-se, portanto, que Na-
than receberia a notícia do desfecho da batalha antes
de qualquer outra pessoa. E ali estava Nathan, encos-
tado na coluna, quando entrou um mensageiro e lhe
passou um papel, obviamente com o resultado da bata-
lha. Nathan guardou o papel e, sem nada dizer, come-
çou a vender títulos ingleses. Para os demais investido-
res a interpretação disso era clara: Napoleão tinha ven-
cido, a Inglaterra estava destruída. A corrida para ven-
da foi dantesca. E então, minutos antes do encerramen-
to do pregão, Nathan comprou tudo, a preço de bana-
na. A Inglaterra tinha vencido e ele também, ganhando
uma gigantesca fortuna.
Claro, nem todas as empresas familiares seguirão esse
caminho. Mas os sonhos de sucesso estão sempre presen-
tes. Não é de estranhar que sejam sonhados em família.
A