Transcript

Equações Diferenciais Ordinárias

Semana 12

Professor Luiz Claudio Pereira

Departamento Acadêmico de Matemática

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Material Previsto para uma semana

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 1 / 41

Equações Diferenciais Ordinárias

1 Equações de ordem maior do que 1

Equação linear homogênea.

Equação linear não-homogênea

Algumas aplicações

2 Operador diferencial

Propriedades

Resolução de equações

Equação de Euler-Cauchy

3 Série de potências e equações diferenciais ordinárias

4 Sistema de equações diferenciais ordinárias

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 2 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Conceito

O conjunto dos elementos (x ,y) ∈ R2 tais

que (x ,y)+(a,b)def= (x+a,y +b) e

(x ,y) · (a,b) def= (xa− yb,xb+ ya) échamado corpo dos números complexos

e será denotado por C. Note que:

(x ,0) · (a,b) = (xa−0b,xb+0a)= (xa,xb) ∈ R2

≡ x(a,b)Desta forma, indica-se x ≡ (x ,0).

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 3 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Conceito

O conjunto dos elementos (x ,y) ∈ R2 tais

que (x ,y)+(a,b)def= (x+a,y +b) e

(x ,y) · (a,b) def= (xa− yb,xb+ ya) échamado corpo dos números complexos

e será denotado por C. Note que:

(x ,0) · (a,b) = (xa−0b,xb+0a)= (xa,xb) ∈ R2

≡ x(a,b)Desta forma, indica-se x ≡ (x ,0).

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 3 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Conceito

O conjunto dos elementos (x ,y) ∈ R2 tais

que (x ,y)+(a,b)def= (x+a,y +b) e

(x ,y) · (a,b) def= (xa− yb,xb+ ya) échamado corpo dos números complexos

e será denotado por C. Note que:

(0,1) · (0,1) = (0 ·0−1 ·1,0 ·1+1 ·0)= (−1,0) ∈ R2

≡ −1Indicando i = (0,1), tem-se −1= i · i = i2.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 4 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Conceito

O conjunto dos elementos (x ,y) ∈ R2 tais

que (x ,y)+(a,b)def= (x+a,y +b) e

(x ,y) · (a,b) def= (xa− yb,xb+ ya) échamado corpo dos números complexos

e será denotado por C. Note que:

b · i = (b,0) · (0,1)= (b ·0−0 ·1,b ·1+0 ·0)= (0,b)

Por conseguinte,

(a,b) = (a,0)+(0,b) = a+b · i .

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 5 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Conceito

O conjunto dos elementos (x ,y) ∈ R2 tais

que (x ,y)+(a,b)def= (x+a,y +b) e

(x ,y) · (a,b) def= (xa− yb,xb+ ya) échamado corpo dos números complexos

e será denotado por C. Note que:

Dado z = (a,b) ∈ C, tem-se que

|z |=√a2+b2 = 〈z ,z〉1/2 é o comprimen-

to de z . Ademais,

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 6 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Conceito

O conjunto dos elementos (x ,y) ∈ R2 tais

que (x ,y)+(a,b)def= (x+a,y +b) e

(x ,y) · (a,b) def= (xa− yb,xb+ ya) échamado corpo dos números complexos

e será denotado por C. Note que:

sendo θ o ângulo orientado que o vetor

z = a+bi forma com o eixo real,

obtém-sez = |z |cosθ + i |z |senθ

= |z |(cosθ + i senθ)= |z | [cos(arg(z))+ i sen(arg(z))]

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 7 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Resumo

Um número complexo z = (a,b) admite

uma representação na forma algébrica

z = a+bi , i2 =−1

e uma forma trigonométrica

z = |z |(cosθ + i senθ)

De�nição

O número complexo a−bi , denotado

por z ou z∗, é chamado conjugado

complexo de z = (a,b).

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 8 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Resumo

Um número complexo z = (a,b) admite

uma representação na forma algébrica

z = a+bi , i2 =−1

e uma forma trigonométrica

z = |z |(cosθ + i senθ)

De�nição

O número complexo a−bi , denotado

por z ou z∗, é chamado conjugado

complexo de z = (a,b).

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 8 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Conceito

Dado z = (a,b) ∈ C, o número real a é chamado parte real de z e b parte

imaginária de z . Além disso,

z+ z∗ = (a+bi)+(a−bi) = 2a⇔ a =z+ z∗

2

e

z− z∗ = (a+bi)− (a−bi) = 2bi ⇔ b =z− z∗

2i

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 9 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Conceito

Seja X ⊂ C. Uma regra η que a cada z ∈ X associa o número w ∈ C é

chamada função complexa de variável complexa.

Como η(z) = w , as partes real e imaginária de w devem ser funções de z .

Assim, existem funções reais f e g tais que η(z) = f (z)+ i ·g(z). Emparticular,

f (z) =η(z)+η(z)

2e g(z) =

η(z)−η(z)

2i

As funções complexas de variável complexa são definidas de modo a

generalizar funções reais de variável real conhecidas. Noutras palavras,

de�ne-se η(z) = w de modo que η(x+0i) = w ∈ R seja uma função real

de variável real conhecida.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 10 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Conceito

Seja X ⊂ C. Uma regra η que a cada z ∈ X associa o número w ∈ C é

chamada função complexa de variável complexa.

Como η(z) = w , as partes real e imaginária de w devem ser funções de z .

Assim, existem funções reais f e g tais que η(z) = f (z)+ i ·g(z). Emparticular,

f (z) =η(z)+η(z)

2e g(z) =

η(z)−η(z)

2i

As funções complexas de variável complexa são definidas de modo a

generalizar funções reais de variável real conhecidas. Noutras palavras,

de�ne-se η(z) = w de modo que η(x+0i) = w ∈ R seja uma função real

de variável real conhecida.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 10 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Conceito

Seja X ⊂ C. Uma regra η que a cada z ∈ X associa o número w ∈ C é

chamada função complexa de variável complexa.

Como η(z) = w , as partes real e imaginária de w devem ser funções de z .

Assim, existem funções reais f e g tais que η(z) = f (z)+ i ·g(z). Emparticular,

f (z) =η(z)+η(z)

2e g(z) =

η(z)−η(z)

2i

As funções complexas de variável complexa são definidas de modo a

generalizar funções reais de variável real conhecidas. Noutras palavras,

de�ne-se η(z) = w de modo que η(x+0i) = w ∈ R seja uma função real

de variável real conhecida.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 10 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Exemplo

Sabe-se que et =+∞

∑n=0

tn

n!para todo t ∈ R. Supondo que esse

desenvolvimento em série de potências seja válido para um número

imaginário puro t = ix , segue que

e ix = 1+ ix+(ix)2

2!+

(ix)3

3!+

(ix)4

4!+ . . .

=

(1− x2

2!+

x4

4!+ . . .

)+ i

(x− x3

3!+

x5

5!− . . .

)

=+∞

∑n=0

(−1)n x2n

(2n)!+ i ·

+∞

∑n=0

(−1)n x2n+1

(2n+1)!= f (x) +i · g(x)

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 11 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Exemplo

Note que f (x)≡+∞

∑n=0

(−1)n x2n

(2n)!= 1− x2

2!+

x4

4!− . . . é tal que f (0) = 1 e

f ′(x) =−x+ x3

3!− x5

5!+ . . .=−g(x)

Ademais, g(x)≡+∞

∑n=0

(−1)n x2n+1

(2n+1)!= x− x3

3!+

x5

5!− . . . é tal que g(0) = 0

e

g ′(x) = 1− x2

2!+

x4

4!− . . .= f (x)

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 12 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Exemplo

Note que f (x)≡+∞

∑n=0

(−1)n x2n

(2n)!= 1− x2

2!+

x4

4!− . . . é tal que f (0) = 1 e

f ′(x) =−x+ x3

3!− x5

5!+ . . .=−g(x)

Ademais, g(x)≡+∞

∑n=0

(−1)n x2n+1

(2n+1)!= x− x3

3!+

x5

5!− . . . é tal que g(0) = 0

e

g ′(x) = 1− x2

2!+

x4

4!− . . .= f (x)

Deste modo, f (x) = cosx , g(x) = senx e

e ix = cosx+ i senx = cos(arg(e ix)

)+ i sen

(arg(e ix)

)EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 13 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Observação

Da Fórmula de Euler

e ix = cosx+ i senx = cos(arg(e ix)

)+ i sen

(arg(e ix)

)tem-se que e−ix = cos(−x)+ i sen(−x) = cosx− i senx . Ademais,

cosx =e ix + e−ix

2

e

senx =e ix − e−ix

2i=−ie ix + ie−ix

2

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 14 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

Exemplo

Sendo z = α + iβ ∈ C, a função complexa exponencial, indicada por exp(z)ou ez , é de�nida por

exp(z) = eα+iβ

= eα · e iβ= eα (cosβ + i senβ )

= eα[cos(arg(e iβ )

)+ i sen

(arg(e iβ )

)]Observação

As leis usuais da álgebra e do cálculo elementar são válidas para a função

complexa exponencial, do mesmo modo que para as funções reais

exponenciais. Em particular, por exemplo,d

dz

(eλz)= λeλz .

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 15 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes - Método dos operadores

A função complexa logaritmo, denotada por log(z), é de�nida de modo a

ser a inversa da função exponencial. Deste modo,

log(z)def= ln |z |+ i arg(z)

uma vez que

exp(log(z)) = e log(z) = e ln|z | · e i arg(z) = |z |(cos(arg(z))+ i sen(arg(z))) = z

e

log(ez) = ln |ez |+ i arg(ez) = ln(eα)+ i arg(eα · eβ i ) = α + iβ = z

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 16 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes contantes - Método dos operadores

De�nição

Sejam z ,k ∈ C. A função expoente complexo, denotada por zk , é de�nida

por

zk = exp(k · log(z))= ek·log(z)

= ek·[ln|z |+i arg(z)]

Em particular, se x ∈ R, então

xα+iβ = xα · x iβ = xα exp(iβ · log(x)) = xα [cos(β ln |x |)+ i sen(β ln |x |)]

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 17 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Retomando o caso de raízes complexas

Da edo any(n)+an−1y

(n−1)+ . . .+a2y′′+a1y

′+a0y = 0, obtém-se a

equação característica anλ n+an−1λ n−1+ . . .+a2λ 2+a1λ +a0 = 0,

admitindo uma solução da forma y(x) = eλx .

Uma possibilidade é que ocorram: (iii) raízes complexas (e possivelmente

raízes reais).

Neste caso, obtém-se duas soluções complexas

y1(x) = e(α+iβ)x = eαx · e iβx = eαx (cosβx+ i senβx)

y2(x) = e(α−iβ)x = eαx · e−iβx = eαx (cosβx− i senβx) = y∗1 (x)

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 18 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Retomando o caso de raízes complexas

Da edo any(n)+an−1y

(n−1)+ . . .+a2y′′+a1y

′+a0y = 0, obtém-se a

equação característica anλ n+an−1λ n−1+ . . .+a2λ 2+a1λ +a0 = 0,

admitindo uma solução da forma y(x) = eλx .

Uma possibilidade é que ocorram: (iii) raízes complexas (e possivelmente

raízes reais).

Neste caso, obtém-se duas soluções complexas

y1(x) = e(α+iβ)x = eαx · e iβx = eαx (cosβx+ i senβx)

y2(x) = e(α−iβ)x = eαx · e−iβx = eαx (cosβx− i senβx) = y∗1 (x)

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 18 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Retomando o caso de raízes complexas

Da edo any(n)+an−1y

(n−1)+ . . .+a2y′′+a1y

′+a0y = 0, obtém-se a

equação característica anλ n+an−1λ n−1+ . . .+a2λ 2+a1λ +a0 = 0,

admitindo uma solução da forma y(x) = eλx .

Uma possibilidade é que ocorram: (iii) raízes complexas (e possivelmente

raízes reais).

Neste caso, obtém-se duas soluções complexas

y1(x) = e(α+iβ)x = eαx · e iβx = eαx (cosβx+ i senβx)

y2(x) = e(α−iβ)x = eαx · e−iβx = eαx (cosβx− i senβx) = y∗1 (x)

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 18 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Retomando o caso de raízes complexas

Da edo any(n)+an−1y

(n−1)+ . . .+a2y′′+a1y

′+a0y = 0, obtém-se a

equação característica anλ n+an−1λ n−1+ . . .+a2λ 2+a1λ +a0 = 0,

admitindo uma solução da forma y(x) = eλx .

Uma possibilidade é que ocorram: (iii) raízes complexas (e possivelmente

raízes reais).

De acordo com o princípio da superposição, as funções

y1(x) =y1(x)+ y2(x)

2= eαx cosβx e y2(x) =

y1(x)− y2(x)

2i= eαx senβx

serão duas soluções reais da edo linear, homogênea, com coe�cientes

constantes dada.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 19 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Retomando o caso de raízes complexas

Se λ1,λ2, . . . ,λk ∈ C são raízes da equação característican

∑j=0

ajλj = 0,

então as funções complexas yj = eλjx são soluções da edon

∑j=0

ajDjy = 0 e

W (y1, . . . , yk) =

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

eλ1x eλ2x . . . eλkx

λ1eλ1x λ2e

λ2x . . . λkeλkx

......

...

λk−21 eλ1x λ

k−22 eλ2x . . . λ

k−2k

eλkx

λk−11 eλ1x λ

k−12 eλ2x . . . λ

k−1k

eλkx

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 20 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Retomando o caso de raízes complexas

Se λ1,λ2, . . . ,λk ∈ C são raízes da equação característican

∑j=0

ajλj = 0,

então as funções complexas yj = eλjx são soluções da edon

∑j=0

ajDjy = 0 e

W (y1, . . . , yk) = eλ1xeλ2x . . .eλkx

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣

1 1 . . . 1

λ1 λ2 . . . λk...

......

λk−21 λ

k−22 . . . λ

k−2k

λn−11 λ

k−12 . . . λ

k−1k

∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣∣6= 0

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 21 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Corolário 1

Sejam λ1,λ2, . . . ,λk ∈ C raízes da equação característican

∑j=0

ajλj = 0. O

conjunto{eλ1x ,eλ2x , . . . ,eλkx

}, formado por soluções complexas da edo

n

∑j=0

ajDjy = 0, é linearmente independente (LI).

Porque os coe�cientes aj ∈ R, se a função complexa φ(x) = eλsx , λs ∈ C, é

solução da edon

∑j=0

ajDjy = 0, então

n

∑j=0

ajλsj=

n

∑j=0

ajλjs =

n

∑j=0

ajλjs = 0= 0.

Provou-se assim o seguinte

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 22 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Corolário 1

Sejam λ1,λ2, . . . ,λk ∈ C raízes da equação característican

∑j=0

ajλj = 0. O

conjunto{eλ1x ,eλ2x , . . . ,eλkx

}, formado por soluções complexas da edo

n

∑j=0

ajDjy = 0, é linearmente independente (LI).

Porque os coe�cientes aj ∈ R, se a função complexa φ(x) = eλsx , λs ∈ C, é

solução da edon

∑j=0

ajDjy = 0, então

n

∑j=0

ajλsj=

n

∑j=0

ajλjs =

n

∑j=0

ajλjs = 0= 0.

Provou-se assim o seguinte

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 22 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Lema

O conjunto{eλ1x ,eλ2x , . . . ,eλkx

}, formado pelas soluções complexas da

edon

∑j=0

ajDjy = 0, possui um número par de elementos, sendo λj = λ ∗s para

algum s 6= j .

Corolário 2

Sejam λs = αs + iβs ∈ C, s = 1,2, . . . ,k/2, raízes da equação característican

∑j=0

ajλj = 0, tais que λs 6= λ ∗j sempre que s 6= j ∈ {1,2, . . . ,k/2}. O

conjunto{eα1x cosβ1x ,e

α1x senβ1x , . . . ,eαk/2x cosβk/2x ,e

αk/2x senβk/2x},

formado por k soluções reais da edon

∑j=0

ajDjy = 0, é LI.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 23 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Lema

O conjunto{eλ1x ,eλ2x , . . . ,eλkx

}, formado pelas soluções complexas da

edon

∑j=0

ajDjy = 0, possui um número par de elementos, sendo λj = λ ∗s para

algum s 6= j .

Corolário 2

Sejam λs = αs + iβs ∈ C, s = 1,2, . . . ,k/2, raízes da equação característican

∑j=0

ajλj = 0, tais que λs 6= λ ∗j sempre que s 6= j ∈ {1,2, . . . ,k/2}. O

conjunto{eα1x cosβ1x ,e

α1x senβ1x , . . . ,eαk/2x cosβk/2x ,e

αk/2x senβk/2x},

formado por k soluções reais da edon

∑j=0

ajDjy = 0, é LI.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 23 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Corolário 2

Sejam λs = αs + iβs ∈ C, s = 1,2, . . . ,k/2, raízes da equação característican

∑j=0

ajλj = 0, tais que λs 6= λ ∗j sempre que s 6= j ∈ {1,2, . . . ,k/2}. O

conjunto{eα1x cosβ1x ,e

α1x senβ1x , . . . ,eαk/2x cosβk/2x ,e

αk/2x senβk/2x},

formado por k soluções reais da edon

∑j=0

ajDjy = 0, é LI.

Prova

Considere a equaçãok/2

∑s=0

Aseαsx cosβsx+

k/2

∑s=0

Bseαsx senβsx = 0

Porque cosβsx =(e iβsx + e−iβsx

)/2 e senβsx =

(−ie iβsx + ie−iβsx

)/2

segue que 0 =k/2

∑s=0

eαsx

(e iβsx

As − iBs

2+ e−iβsx

As + iBs

2

)EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 24 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Corolário 2

Sejam λs = αs + iβs ∈ C, s = 1,2, . . . ,k/2, raízes da equação característican

∑j=0

ajλj = 0, tais que λs 6= λ ∗j sempre que s 6= j ∈ {1,2, . . . ,k/2}. O

conjunto{eα1x cosβ1x ,e

α1x senβ1x , . . . ,eαk/2x cosβk/2x ,e

αk/2x senβk/2x},

formado por k soluções reais da edon

∑j=0

ajDjy = 0, é LI.

Prova

Considere a equaçãok/2

∑s=0

Aseαsx cosβsx+

k/2

∑s=0

Bseαsx senβsx = 0

Porque cosβsx =(e iβsx + e−iβsx

)/2 e senβsx =

(−ie iβsx + ie−iβsx

)/2

segue que 0 =k/2

∑j=0

(e(αs+iβs)x

As − iBs

2+ e(αs−iβs)x

As + iBs

2

)EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 25 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Corolário 2

Sejam λs = αs + iβs ∈ C, s = 1,2, . . . ,k/2, raízes da equação característican

∑j=0

ajλj = 0, tais que λs 6= λ ∗j sempre que s 6= j ∈ {1,2, . . . ,k/2}. O

conjunto{eα1x cosβ1x ,e

α1x senβ1x , . . . ,eαk/2x cosβk/2x ,e

αk/2x senβk/2x},

formado por k soluções reais da edon

∑j=0

ajDjy = 0, é LI.

Prova

Considere a equaçãok/2

∑s=0

Aseαsx cosβsx+

k/2

∑s=0

Bseαsx senβsx = 0

Porque cosβsx =(e iβsx + e−iβsx

)/2 e senβsx =

(−ie iβsx + ie−iβsx

)/2

segue que 0 =k

∑j=0

eλjxaj .

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 26 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Corolário 2

Sejam λs = αs + iβs ∈ C, s = 1,2, . . . ,k/2, raízes da equação característican

∑j=0

ajλj = 0, tais que λs 6= λ ∗j sempre que s 6= j ∈ {1,2, . . . ,k/2}. O

conjunto{eα1x cosβ1x ,e

α1x senβ1x , . . . ,eαk/2x cosβk/2x ,e

αk/2x senβk/2x},

formado por k soluções reais da edon

∑j=0

ajDjy = 0, é LI.

Prova

Considere a equaçãok/2

∑s=0

Aseαsx cosβsx+

k/2

∑s=0

Bseαsx senβsx = 0

Porque cosβsx =(e iβsx + e−iβsx

)/2 e senβsx =

(−ie iβsx + ie−iβsx

)/2

segue que 0 =k

∑j=0

eλjxaj . Como aj = 0 para todo j ∈ {1,2, . . . ,k},

tem-se As− iBs = 0 e As + iBs = 0 ⇔ As = 0= Bs para todo s = 1, . . . ,k/2.EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 27 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Pergunta

O que se deve fazer no caso de λs = αs + iβs ∈ C ser uma raiz de

multiplicidade ns da equação característican

∑j=0

ajλj = 0 da equação

diferencialn

∑j=0

ajDjy = 0 ?

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 28 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Pergunta

O que se deve fazer no caso de λs = αs + iβs ∈ C ser uma raiz de

multiplicidade ns da equação característican

∑j=0

ajλj = 0 da equação

diferencialn

∑j=0

ajDjy = 0 ?

Resposta

Neste caso, também valed

dx

(eλsx

)= λse

λsx . Daí, para resolver a

equação diferencialn

∑j=0

ajDjy = Q(D) · (D−λs)

nsy = 0, pode-se usar a

regra do deslocamento exponencial P(D)eλxu = eλxP(D+λ )u, para obter

um conjunto fundamental de soluções de (D−λs)nsy = 0 para cada s.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 29 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 1

Encontre a solução geral da equação (D2+2D+5)y = 0.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 30 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 1

Encontre a solução geral da equação (D2+2D+5)y = 0.

Solução

Porque 0= (D2+2D+5)y = (D+1−2i)(D+1+2i)y , duas soluçõescomplexas, da forma y = eλx , da equação dada são

e(−1+2i)x = e−x · e2xi = e−x (cos2x+ i sen2x)≡ y1

e

e(−1−2i)x = e−x · e−2xi = e−x (cos2x− i sen2x)≡ y∗1

Pelo princípio da superposição, são também soluções da equação dada as

duas funções reais

y1 = (y1+ y∗1 )/2= e−x cos2x e y2 = (y1− y∗1 )/2i = e−x sen2x

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 31 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 1

Encontre a solução geral da equação (D2+2D+5)y = 0.

Solução

Porque 0= (D2+2D+5)y = (D+1−2i)(D+1+2i)y , duas soluçõescomplexas, da forma y = eλx , da equação dada são

e(−1+2i)x = e−x · e2xi = e−x (cos2x+ i sen2x)≡ y1

e

e(−1−2i)x = e−x · e−2xi = e−x (cos2x− i sen2x)≡ y∗1

Pelo princípio da superposição, são também soluções da equação dada as

duas funções reais

y1 = (y1+ y∗1 )/2= e−x cos2x e y2 = (y1− y∗1 )/2i = e−x sen2x

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 31 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 1

Encontre a solução geral da equação (D2+2D+5)y = 0.

Solução

Ademais,{e(−1+2i)x ,e(−1−2i)x

}é um conjunto fundamental de soluções

complexas e, por conseguinte,{e−x cos2x ,e−x sen2x

}é um conjunto fundamental de soluções reais. Logo, a solução geral da

equação é

y(x) = c1e−x cos2x+ c2e

−x sen2x = (c1 cos2x+ c2 sen2x)e−x

com c1,c2 ∈ R.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 32 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 2

Encontre a solução geral da equação y (4)+8y ′′+16y = 0.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 33 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 2

Encontre a solução geral da equação y (4)+8y ′′+16y = 0.

Solução

O operador diferencial D =d

dx, permite reescrever a equação na forma

(D4+8D2+16

)y = 0⇔

(D2+4

)2y = 0⇔ (D+2i)2 (D−2i)2 y = 0

De imediato, tem-se que duas soluções complexas, da forma y = eλx , da

equação dada são

e2ix = cos2x+ i sen2x

e

e−2ix = cos2x− i sen2x

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 34 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 2

Encontre a solução geral da equação y (4)+8y ′′+16y = 0.

Solução

O operador diferencial D =d

dx, permite reescrever a equação na forma

(D4+8D2+16

)y = 0⇔

(D2+4

)2y = 0⇔ (D+2i)2 (D−2i)2 y = 0

De imediato, tem-se que duas soluções complexas, da forma y = eλx , da

equação dada são

e2ix = cos2x+ i sen2x

e

e−2ix = cos2x− i sen2x

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 34 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 2

Encontre a solução geral da equação y (4)+8y ′′+16y = 0.

Solução

De (D−2i)2 (D+2i)2 y = 0 segue que

(i) (D−2i)2 y = 0 e (ii) (D+2i)2 y = 0

No primeiro caso, sendo P(D) = (D−2i)2, assumindo uma solução da

forma y = u · e2ix , decorre, pela Regra do Deslocamento Exponencial, que

0= P(D)y = P(D)u · e2ix = e2ixP (D+2i)u = e2ixD2u⇒ D2u = 0

Assim, u ∈ {1,x} e duas soluções complexas da equação são y1 = e2ix e

y2 = xe2ix .

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 35 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 2

Encontre a solução geral da equação y (4)+8y ′′+16y = 0.

Solução

De (D−2i)2 (D+2i)2 y = 0 segue que

(i) (D−2i)2 y = 0 e (ii) (D+2i)2 y = 0

No primeiro caso, sendo P(D) = (D−2i)2, assumindo uma solução da

forma y = u · e2ix , decorre, pela Regra do Deslocamento Exponencial, que

0= P(D)y = P(D)u · e2ix = e2ixP (D+2i)u = e2ixD2u⇒ D2u = 0

Assim, u ∈ {1,x} e duas soluções complexas da equação são y1 = e2ix e

y2 = xe2ix . Analogamente, de (ii), obtém-se as soluções e−2ix e xe−2ix .

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 36 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 2

Encontre a solução geral da equação y (4)+8y ′′+16y = 0.

Solução

Em resumo, são soluções da equação as quatro funções complexas

e2xi = cos2x+ i sen2x

y∗1 = e−2xi = cos2x− i sen2x

xe2xi =x cos2x+ ix sen2x

y∗2 =xe−2xi =x cos2x− ix sen2x

Pelo princípio da superposição, são também soluções da equação as quatro

funções reais

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 37 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 2

Encontre a solução geral da equação y (4)+8y ′′+16y = 0.

Solução

y1 = (y1+ y∗1 )/2= cos2x

y2 =(y1− y∗1 )/2i = sen2x

y3 = (y2+ y∗2 )/2=x cos2x

y4 =(y2− y∗2 )/2i =x sen2x

Ademais, porque {y1, y∗1 , y2, y∗2} é um conjunto fundamental de soluções

complexas, {y1,y2,y3,y4} é um conjunto fundamental de soluções reais.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 38 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 2

Encontre a solução geral da equação y (4)+8y ′′+16y = 0.

Solução

Portanto, a solução geral da edo dada é

y(x) = Acos2x+Bx cos2x+C sen2x+Dx sen2x

= (A+Bx)cos2x+(C +Dx)sen2x

com A,B,C ,D ∈ R.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 39 / 41

Equação Diferencial Ordináriade ordem n > 1, linear, homogênea, com coe�cientes constantes

Exercício 3

Encontre a solução geral da equação y (4)−8y ′′+16y = 0.

Exercício 4

Encontre a solução geral da equação (D+1)(D−2)2(D2+2D+2)2y = 0.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 40 / 41

Leitura Recomendada I

Abunahman, S. A.

Equações diferenciais.

Rio de Janeiro: EDC, 1989.

Boyce, W. E. e Diprima, R. C.

Equações diferenciais elementare e problemas de valores de contorno.

Rio de Janeiro: LTC, 2002.

Edwards, C. H. e Penney, D. E.

Equações diferenciais elementares com problemas de contorno.

Rio de Janeiro: Prentice-Hall, 1995.

Zill, D. G.

Equações diferenciais: com aplicações em modelagem.

São Paulo: Pioneira Thomson, 2003.

EDO (UTFPR) Luiz Claudio Pereira 2015 41 / 41