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LINGUAGEM VISUALSempre que projetamos, traçamos ou esboçamos algo, o conteúdo visualdesta comunicação é composta por uma série de Elementos Visuais.Esses elementos constituem a substância básica daquilo que vemos. Sãomuitos os pontos de vista a partir dos quais podemos analisar qualquermanifestação visual, mas um dos mais reveladores é decompô-la noselementos que a constituem de forma que melhor possamos compreendero todo.Se quiséssemos refletir sobre o número de vocábulos suficientes para seformar uma Linguagem Visual poderíamos ter como resposta que osprincipais são basicamente: o ponto; a linha; o plano; o volume e a cor.

ELEMENTOS CONCEITUAISNão é visível, como o próprio nome já diz é um conceito. Ex.: linha quemarca o contorno das coisas. Imaterial.

ELEMENTOS VISUAISSão sempre visíveis. Ex: o próprio desenho numa superfície. Material.

ELEMENTOS RELACIONAISInter-relacionam as formas em uma composição. Alguns são visíveis (Ex:direção e posição) e outros invisíveis (Ex: sentido, espaço e profundidade).

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Piet Mondrian, Composition A, 1923

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PONTOO ponto é o início de tudo.É a unidade mais simples. Qualquer marca, borrão pode ser identificadacom um ponto.Qualquer ponto atrai o olho, para ser lido.Elemento visual: indica posição.Elemento visual: possui tamanho (pequeno) e formato (simples).Classificado por adensamento (concentração) e rarefação (espaçamento).Elemento relacional: acontece visualmente quando constituem umaseqüência visual, formando uma linha de pontos.

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Vassily Kandinsky, Linha Transversa

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LINHA RETAO ponto em movimento. Aguça nossos sentidos de direção e velocidade.Elemento visual: movimento e trajetória.Elemento visual: possui comprimento e larguraElemento relacional: acontece visualmente quando constituem umaseqüência visual, formando uma linha de pontos. Pode ser vertical,horizontal ou diagonal.Linha horizontal: repouso.Linha verticalidade: possível movimento.Linha diagonal: em movimento.

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LINHA CURVAQuando diversas forças agem na linha.O redondo, o curvilíneo o ondulante, estão em oposição ao caráter racionalda linha reta.A linha reta não tem fim, já a curva é passível de encontros e flexibilidades.

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PLANOA trajetória de uma linha em movimento, em direção que não seja paralelaa outra, acaba por definir um plano.Elemento visual: possui comprimento e largura, tem posição e direção,limitado por linhas e define os limites externos de um volume.1 - Planos Geométricos – Constituídos matematicamente.2 - Planos Orgânicos – Limitados por curvas livres, sugerindo fluidez e crescimento.3 - Planos Retilíneos – Limitados por linhas retas que não se relacionam umas com as outrasmatematicamente.4 - Planos Irregulares – Limitados por linhas retas e curvas que também não se relacionam umasàs outras matematicamente.5 - Planos Caligráficos – Criados sem auxílio de instrumentos, composto por linhas orgânicas.6 -Planos Acidentais – Determinado pelo efeito de processos especiais ou obtidos ocasionalmente.

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QUADRADODo mesmo modo como o ângulo reto é o ângulo mais objetivo, o quadradoé também a forma geométrica mais simples e objetiva. Formado por duaslinhas horizontais e duas verticais, que se encontram em quatro ângulosretos, o quadrado representa o símbolo da terra – do universo criado e damatéria.É a antítese do transcendente. Anti-dinâmico por excelência, já que seuformato o impede de movimentar-se com facilidade. É destinado a serestável e limitado.Associado ao número quatro, o quadrado também é o símbolo do mundoestabilizado. Daí sua identificação com o poder e o domínio, o controle e aforça. Muitos espaços repousam sobre a forma quadrada: Templos,cidades, indústrias, presídios, campos militares etc.É interessante notar que as notas de dinheiro são quadrangulares, bemcom a maioria das portas e janelas, estando diretamente vinculados a idéiade força e de poder, divisão, fronteirização, controle e vontade racional.O quadrado é a figura de base do espaço, e representa o tempo enquantooposto à eternidade. Se o quadrado tem quatro lados, a terra tem quatrodireções, o homem tem quatro membros, os instrumentos de orientaçãotêm quatro pontos cardeais.

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CÍRCULOAssim como já vimos, no caso da linha curva, que é resultado de duasforças que exercem pressão lateral e simultânea sobre o ponto, sendo umadelas contínua e preponderante.Quanto maior for essa pressão lateral, a linha se arqueia cada vez mais atéo ponto limite de fechar-se sobre si mesma gerando o círculo. Quando issoocorre, fim e começo se fundem, com toda sua efemeridade e solidez.A imagem do Uno, do todo. A serpente que morde a própria caudasimbolizando o ciclo da evolução. Movimento, continuidade,autofecundação, eterno retorno da manifestação ao interior de sua origem.Autoconhecimento e meditação sobre si próprio, seus atos edesejos.É neste sentido que o traço curvo realiza-se em si mesmo. Enquanto a linhareta expressa uma tendência desejada e consciente em direção a umameta, o que a faz também, exacerbada, sair de si.

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FIGURA E FUNDOUma FIGURA se destaca do fundo pela atenção que desperta noobservador.A FIGURA é o elemento que possui significado, enquanto o FUNDO é opouco significativo. A atenção sobre a FIGURA ocorre pelas característicaspróprias do objeto ou por características presentes no observador.O contraste é o responsável pela distinção entre a FIGURA e o FUNDO. Nemsempre as relações entre a FIGURA e o FUNDO são definidas. Pode-seperceber umespaço ora como FIGURA, ora como FUNDO.

FORMAS POSITIVAS E NEGATIVASA forma é geralmente apresentada como que ocupando o espaço, mastambém pode ser vista como um espaço vazio circundado por espaçoocupado.Quando é preenchida como ocupando um espaço, a chamamos formapositiva.Quando é preenchida como um espaço vazio, circundado por espaçoocupado, a chamamos de forma negativa.As formas, sejam positivas ou negativas são, geralmente entendidas comoum FORMATO, que se encontra sobre um FUNDO. Em casos ambíguos arelação figura-fundo pode ser reversível.

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INTER-RELAÇÃO ENTRE FORMASAs formas podem ser organizadas de infinitas maneiras. E dependendodessa organização, o efeito espacial é alterado, criando, assim, novosresultados.As principais formas de inter – relação por são oito:a - SeparaçãoAs duas formas permanecem separadas uma da outra. Efeito Espacial -Ambas as formas podem parecer eqüidistantes do olhar ou uma maispróxima e a outra mais distante, dependendo do tamanho ou da coraplicada.b - ContatoSe aproximarmos as duas formas, estas começam a se tocar. O espaçocontínuo que as mantém separadas é então rompido. Efeito espacial – Nocontato, a situação espacial das duas formas também é flexível, como naseparação. A cor desempenha um papel importante na determinação dasituação espacial.c - SuperposiçãoSe aproximarmos ainda mais as duas formas, uma cruza a outra e pareceestar sobre ela, cobrindo uma porção da forma que parece estar por baixo.Efeito espacial – É evidente que neste caso, percebe-se que uma forma seencontra na frente ou sobre a outra.

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d - InterpenetraçãoO mesmo que na superposição, sendo que ambas as formas parecemtransparentes. Efeito espacial – Neste caso, a situação espacial é um poucovaga, porém, é possível colocar uma forma sobre a outra pela manipulaçãodas cores.e - UniãoO mesmo que na Superposição, porém, as duas formas são unidas e setornam uma forma nova. Ambas perdem uma parte de seus contornosquando estão em união. Efeito espacial – Na união, em geral as formasparecem eqüidistantes do olhar porque se tornam uma forma nova.f - SubtraçãoQuando uma forma invisível cruza uma visível, o resultado é a subtração. Aporção da forma visível que coberta pela invisível também se tornainvisível. A subtração pode ser considerada como a superposição de umaforma negativa em uma positiva. Efeito espacial – Na subtração, assimcomo na interpenetração, deparamos com uma nova forma. Nenhumavariação espacial se faz possível.

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g - InterseçãoO mesmo que na interpenetração, mas somente a parte onde as duasformas se cruzam é visível. Uma forma menor emerge como resultado dainterseção. Efeito espacial – A interseção pode não nos remeter as formasoriginais a partir das quais foi criada.h - CoincidênciaSe aproximamos ainda mais as duas formas, elas coincidem, as duas formastornam-se uma só. Efeito espacial – Na coincidência, percebemos somenteuma forma, caso as duas formas sejam idênticas, se não forem idênticaspoderá ocorrer os efeitos espaciais citados nos casos acima, comosuperposição, interpenetração, união etc.

Referências:ARHEIM, R. Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora. SãoPaulo: Livraria Pioneira/Ed. USP, 1980.CHING, Francis D. K. Arquitetura: Forma, Espaço e Ordem. São Paulo:Martins Fontes, 1987.Kandinsky, Vassily. Ponto e linha sobre plano. São Paulo: Martins Fontes,2001.

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EQUILÍBRIOA internalização psíquica da verticalidade do corpo contra uma base estávelparalela a um horizonte reconhecido, resulta na noção de equilíbrio,provavelmente, a base consciente e a referência mais forte para o juízovisual.Rudolf Arnheim é o autor de um importante, e muito citado, livro onde ébem sucedido na aplicação da teoria da Gestalt para a interpretação eentendimento das chamadas artes visuais.Para Arnheim a idéia de equilíbrio físico — estado no qual duas forças,agindo sobre um corpo, compensam-se quando forem de igual resistência eaplicadas em direções opostas — pode ser analogamente aplicável para oequilíbrio visual. O que uma pessoa percebe não é apenas um arranjo decores e formas e tamanhos. Vê, antes de tudo, uma interação de tensões.Ou seja, percebe tensões que existem como forças, já que possuemdireção, intensidade e ponto de aplicação. Arnheim acredita que estastensões podem ser descritas também como forças psicológicas, porque as“sentimos” psicologicamente na nossaexperiência visual.

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Kandinsky subdivide um plano básico objetivo, um quadrado, em quatrocampos de força: o superior (s), o inferior (i), o da esquerda (e) e o dadireita (d) — ver figura a seguir. O campo superior suscitaria a idéia desoltura moderada, a vinculação ou atração seria mínima. O campo inferiorsuscitaria uma idéia oposta, de gravidade e a vinculação seria máxima.Depois de dividir o plano básico em quatro partes primárias, Kandinskydefine um esquema genérico de distribuição de “pressão” ou “atmosfera”.Neste esquema, as partes a e d encontram-se em máxima oposição e atensão resultante é chamada metaforicamente de “dramática”. Já as partesc e b encontram-se em oposição moderada e a tensão resultante é, então,chamada de “lírica” — ver figura ao lado.Para Arnheim dois outros fatores exercem influência significativa sobre oequilíbrio de uma composição: o peso de cada elemento e a direção dasforças visuais que o arranjo e configuração destes elementos produz.

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• Uma posição “forte” no mapa estrutural dará mais peso do que umalocalizada fora do centro ou fora das linhas estruturais;• Elementos verticalmente orientados parecem mais pesados;•Os formatos regulares e simples são, em geral, mais pesados que osirregulares;• Uma forma isolada pesa mais do que outra de aparência semelhantecircundada por outras figuras;• O interesse intrínseco de um elemento pode prender a atenção doobservador, seja pela complexidade formal ou por outras peculiaridades;• As cores luminosas são mais pesadas que as escuras;• Quando todos os outros fatores se equivalem, o maior elemento será omais pesado.

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Trabalho 01 – colagem abstraçãoMaterial: papel A4, papeis coloridos, cola e tesoura.Procedimentos: realizar uma colagem livre - abstração, utilizando como base papel A4(branco)e recortes/rasgos de papel colorido. Tendo como momentos a escolha da posição do papel(horizontal/vertical), as cores dos fragmentos de papel, a posição e quantidade de fragmentosna folha A4 e a finalmente a fixação com cola. No verso da folha escrever uma palavra ou fraseque agregue significado a colagem abstração, o numero do exercício e a identificação do autor.Digitalizar o trabalho.Produto: 1 colagem em folha A4.Trabalho 02 – composição com pontos adensamento/rarefação.Trabalho 03 – composição com linhas.Trabalho 04 –composição com quadrados idênticos.Trabalho 05 – composição com retângulos.Trabalho 06 – composição com círculos idênticos.Trabalho 07 – composição com triângulos retângulos idênticos.Trabalho 08 – composição com quadrados e círculos, figura /fundo.Trabalho 09 – composição com ponto, linha e plano.Trabalho 10 – composição orgânica.Material: papel A4, papeis duplex preto e branco, cola e tesoura.Procedimentos: realizar composições com a colagem de figuras geométricas em papel A4, apartir da teoria do ponto, linha e plano, exposta anteriormente. Observando a proporção eescala dos elementos na folha A4. No verso da folha escrever quais as inter-relações ousensações propostas na composição, o número do exercício e a identificação do autor.Digitalizar os trabalhos. Produto: 8 colagens em folha A4.

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MATERIAL PARA PRÓXIMA AULA:-Papel duplex (preto, branco, vermelho, azul, amarelo, cinza);- Papel A4;- Cola;- Tesoura;-Estilete;-Réguas, esquadros e escala.; e- máquina fotográfica digital e cabo.

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