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  • DIVALDO P. FRANCO

    ESPELHO DALMA

    Ditado pelo Esprito Ignotus

    Capa de J

    LIVRARIA ESPRITA ALVORADA EDITORA

    C.G.C. (MF) 15176233/0004-60 IE. n. 05007694-9

    SALVADOR BAHIA1980

  • 2SUMRIO

    ESPELHO DALMA.................................................... 3JESUS E O OBSERVADOR ............................................. 4REPARTIR PARA SER FELIZ .......................................... 5VINTE ANOS DEPOIS... ............................................. 8LIO ESPRITA.................................................. 10PROBLEMATICIDADE OBSESSIVA ...................................... 12QUESTO DE PROVA................................................ 14INSUCESSO APARENTE.............................................. 15A COISA MAIS IMPORTANTE ......................................... 17CONSRCIO MATRIMONIAL........................................... 19ENSINOS E AES................................................. 20DIREO ESPRITA................................................ 21VOC EST SORRINDO.............................................. 23INVESTIMENTO DE VIDA ............................................ 24ATITUDE ESPRITA................................................ 25DISPARATE....................................................... 27VALORES DA LOUCURA.............................................. 28TROPEOS DA TAREFA.............................................. 29VITRIA DO BEM.................................................. 32DRAMA HUMANO.................................................... 35EXIGNCIA INDITOSA.............................................. 39VOLTE, PARA EU CHORAR... ........................................ 40IRREVERNCIA E SINTONIA ......................................... 42IDEALISMO E AO................................................ 43SOLUO FELIZ................................................... 44CONVIDADO....................................................... 45A VERDADE PARA CADA UM .......................................... 47ESTUDO ESPRITA................................................. 49SEGURANA DE F................................................. 50CARIDADE EFICAZ................................................. 51CONFORTO E LIBERDADE ............................................ 53CONDUTA NTIMA E PBLICA ........................................ 55CIME........................................................... 56ESCRITO NOS CUS................................................ 57PARBOLA MODERNA................................................ 59A CONSULTA...................................................... 61COMODIDADE E DISFARCE ........................................... 63JOVENS E ADULTOS................................................ 65GRANDEZA DALMA.................................................. 66PALAVRAS E FIDELIDADE ........................................... 67FRUTOS DA RESIGNAO ............................................ 69MEDIUNIDADE E PALPITE ........................................... 71REDENO........................................................ 72UMA PGINA EVANGLICA... ........................................ 75A MISSO........................................................ 77SENTENA CORRETA................................................ 78PERIGO DESNECESSRIO ............................................ 81PELO ELEVADOR DE SERVIO... ..................................... 83ESTRATAGEMA TENEBROSO ........................................... 85CONHECER-SE..................................................... 87INUSITADA ORAO................................................ 88

  • 3ESPELHO DALMA

    A mitologia grega tem, em Narciso, um dos exemplos fascinantes daHumanidade.

    Vaidoso da prpria beleza e indiferente s paixes que inspiravarecebeu, de Nmesis, o castigo de enamorar-se de si mesmo, aocontemplar a prpria imagem refletida nas guas tranqilas de umlago-espelho, vindo a definhar e morrer, posteriormente...

    Oscar Wilde, na sua genial pea, o retrato de Dorian Gray, deu -nosa perfeita viso das conseqncias da insnia moral que apersonagem imprime na tela pintada, exteriorizando as feridas dosentimento, enquanto a juventude da forma, que permanecia, fazia -oinvejado, todavia, infeliz...

    Stevenson, no seu trgico Estranho caso do Dr. Jekyll e de Mr.Hyde, terminou por deixar a mensagem pessimista em que o malvitalizado vence o bem descuidado...

    A vida o espelho que reflete, hoje ou amanh, os dramas e asglrias da alma humana.

    Todas as expresses do intelecto como do sentimento nele surgem ese patenteiam como realidade feliz ou desditosa.

    O cristo, no entanto, tem, no Evangelho, o espelho cristalino daalma, que lhe reflete os atos de paz e a sementeira de amor.

    Cada um, por isso mesmo, o construtor da sua prpria vida, naviagem carnal.

    Espelho dalma!

    Reunimos, neste livro, inmeras histrias reais que retiramos docotidiano de diversos trabalhadores espritas encarnados edesencarnados, de ontem e de hoje, nos quais focalizamos liesproveitosas para todos ns, representando os resultados doscomportamentos que mantiveram, conforme as situaes defrontadas.

    No aditamos novidades, nem pretendemos oferecer contributo novoou especial ao material doutrinrio j existente.

    Estas pginas constituem a modesta colaborao com que esperamosdespertar alguma conscincia entorpecida pela indiferena, decerto modo, auxiliando na obra de edificao de um mundo melhorpara o futuro.

    Damo-nos por compensado, se lograrmos a meta a que nos propomos:conseguir que algum participe do laborrenovao da Terra, aps a leitura deste modesto trabalho.

  • 4JESUS E O OBSERVADOR

    Quem o visse cercado pela multido, em cuja fase estavam as marcasiniludveis do desconforto, das aflies e das ansiedades, talvezficasse distncia, sem ter a menor idia do que e le pudessefazer quelas gentes.

    Quem o visse exprobrando a conduta reprochvel dos maus sacerdotesinfelizes governantes, certamente recearia, afastando -se docrculo em que Ele estava.

    Quem o acompanhasse pelas longas viagens, sempre cercado pelasdores do povo, sem agasalhos nem alforjes, sob a cancula ou aschuvas, suporia estar ao lado de um visionrio, um sonhador.

    Quem se detivesse no exame das Suas palavras renovadoras, em diasde rapina e crueldade, entoando Salmos de amor e esperana,evitaria a participao no grupo que Ele compunha, receandoconseqncias.

    Quem penetrasse no crculo mais ntimo dos que O seguiriam,dominados pelo magnetismo dEle, suporia estar entre fanticos quepretendesse lutar contra tudo, afervorados pela implanta o de umReino impossvel.

    Quem, todavia resolvesse mergulhar na Sua Aura, reflexionandodemoradamente os conceitos que Ele emitia, sentindo as angstiasdas multides que Ele saciava com o verbo divino, seguindo -O pelastrilhas da compaixo e da misericrdia, vivendo as esperanas queEle acenava em relao aos dias do futuro e se facultasse senti -Lono imo do corao, am-Lo-ia por certo, entregasse totalmente aomistrio da fraternidade at a imolao, como parte essencial daEra Nova que Ele iniciava, mas que somente se concretizaria nosconfins dos tempos futuros.

    Jesus no uma mensagem de uma poca, um tempo uma Civilizao. o po de sustento do sculo, a gua refrescante das eras e aesperana modelar de todos os povos. Segurana do mundo moder no, o Luzeiro em cuja claridade solar todas as trevas se dissipam, aaquecer por todo o sempre sofrido corao do esprito humanodesejoso de felicidade, de plenitude da paz.

  • 5REPARTIR PARA SER FELIZ

    Concluda a conferncia que versara sobre a feli cidade, ocavalheiro distinto acercou-se do palestrante e sem mais delongas,interrogou:

    - O senhor cr, realmente, no que acaba de dizer?

    - Sim. Integralmente.

    - Concebe, possvel, a felicidade?

    - claro que sim.

    -Pois eu no acredito nela. Imagine que eu possuo haveres de altamonta, depsitos e ttulos bancrios expressivos, fbricas e bens,no entanto, o cncer, que me devora por dentro, apagou -me a luz dafelicidade que eu supunha possuir. Fez uma pausa e prosseguiu:Sempre fui patro justo e bom, esposo cumpridor dos deveres, amigoleal, todavia... Cofiou os bigodes bem cuidados e arrematou:

    - Hoje duvido de Deus, da divina justia, da alma... Por que souto infeliz?

    - A questo, meu amigo, est colocada em termos errad os.Felicidade no posse externa, porm um estado interior perante avida. Malgrado suas posses, a sua aparente bondade, o senhorprocede de um pretrito espiritual que lhe cobra, no corpo, oserros morais contrados contra ele. No obstante, rico. Pi orseria se o cncer que o vitima no pudesse, por falta de recursosde sua parte, receber o conveniente tratamento.Extra o estmago, e apesar de possuir tudo o que o dinheiro podecomprar, perdi a sade, marchando inexoravelmente para a morte.

    Morrer retrucou o pregador esprita ocorrncia natural detodos que estamos no corpo avanamo -nos para desencarnao, quenos alcanar, sem execuo. Imprescindvel encarar a morte comofenmeno da vida, tendo em mente, porm, que a vida, comea,realmente aps a morte... O elegante cidado sorriu, depoisgargalhou.

    O senhor acredita nisso? Inquiriu, zombeteiro.E evidente.

    Vejamos: Em minhas indstrias ergui uma cooperativa para serviraos meus empregados, uma creche para os filhos dos meusempregados, um restaurante para os meus empregados, uma escolapara os filhos dos meus empregados... Sendo um homem generoso, porque sofro?

    O senhor deseja uma resposta sincera ou prefere que eu concordeconforme est acostumado?

  • 6- claro que desejo a verdade!

    - Sem dvida, o senhor um excelente investidor, ambicioso,porquanto a sua cooperativa, no obstante servindo aos seusoperrios, dar-lhe lucro, mnimo que seja; a creche, que atendeaos filhos dos seus trabalhadores, um investimento, desde que oservidor, que tem filhos menores resguardados, produz mais e osenhor ganha mais; o operrio que se alimenta bem realiza mais e osenhor tem maior soma de lucro; o pai, cujos filhos esto emeducandrio, em calma atua mais e os resultados so a suaprosperidade...Como, ento, eu poderia ser bom?

    Para ser-lhe franco, bom, no sentido integral, no lhe serpossvel lograr, conforme Jesus acentuou num dilogo mantido com ojovem rico, que o chamar bom. A ningum chameis bom, seno aoPai Celestial. Disse-lhe o Senhor.

    A fim de conseguir ser generoso e justo, parece -me que a melhormaneira seria repartir a fortuna que tem, com os operrios etrabalhadores, tornando-os scios de seu patrimnio...

    - Est louco?! Isso seria...- Seria generosidade. Temos o que dividimos e possumos o bem querealizamos. De qualquer forma o senhor ter que deixar tudo, hojeou amanh, para este ou aquele, porquanto os bens materiaistransitam, mudam de mo...

    - E a minha sade?

    - Qui no retorne, mas a felicidade enri quec-lo- com certeza.

    O cavalheiro resmungou, cismou, sorriu, pediu licena e saiumeneando a cabea, decepcionado. Dois anos depois, no mesmorecinto, aps a conferncia, no momento das saudaes fraternas, ohomem rico aproximou-se do orador e o interrogou:

    - Recorda-se de mim? Aps alguma reflexo, repostou o opositor:

    - Sim, recordo-me. Conversamos aqui mesmo, h algum tempo... Gostaria de convid-lo a visitar uma das minhas fbricas.

    - Rogo-lhe escusas, todavia, no posso. Compromissosdoutrinrios...

    - Eu insisto...

    - No posso!

    - Por favor!

  • 7- Examinaremos uma possibilidade. Posteriormente, um dia e horadeterminadas, em automvel de luxo foram visitar a fbrica. Aoporto de entrada uma comisso de senhoras obsequiou o convidadocom um ramalhete de rosas. Na sala da gerncia, aps abrir apersiana de ampla janela, referiu -se o milionrio: ali estominha creche, meu restaurante, minha cooperativa, minha escola, onovo hospital que acabo de edificar... Depois de breve pausa:Atendi seu conselho. No fim do ano atrasado reparti expressivasoma das minhas aes e os lucros eu reverti em interesse dos meusempregados. Agora todos so meus scios. Na sala referta peloschefes de departamentos, funcionrios, alguns operrios, ossorrisos eram gerais.

    - Fiz bem?- Claro que sim. Apenas uma retificao: O conselho no mepertence e sim ao Cristo.- Est bem. Diga-me l: sou um homem generoso?

    - Deseja que eu lhe responda com a verdade ou que concorde??Sorrindo, redargiu: com a verdade.

    - Bem, o senhor continua excelente investidor, desde que, aps otriunfo na Terra, agora investe no futuro espiritual, alis,realizando a sua melhor proeza. Havia alegria espontnea em todos.Saram. Anoitecia. Uma criana aproximou -se e entregou ao senhorda indstria modesta flor do campo. Ele se comoveu. Sou hoje umhomem feliz. No meu egosmo de antes nunca permitira que qualquercriana se acercasse de mim. No tenho filhos; no fru essahonra... Aps a deciso de repartir as aes com meus operri os,certo dia sa da fbrica, quando uma criana como esta se acercoude mim e disse-me:

    - Deixe-me abra-lo titio. Quis recusar. Era filha de algum dosmeus serventes. Algo fazia-me fugir, ento, de todas as crianas.Sem o saber ela prosseguiu:

    - L em casa antigamente mame falava muito de voc, agora no...Ela disse que hoje o dia do seu aniversrio e todos, pela manhoramos pelo senhor. Fiquei petrificado. A criana atirou -se sminhas pernas e abraou-as. Abaixei-me. Beijou-me. Renasci. Choreicomo ha muito no me ocorria. Encontrei a felicidade desde ento.Comecei a estudar o espiritismo. Melhorei intimamente, a sadeest quase equilibrada. Tenho paz. No poderia deixar, portanto,de dizer-lhe: muito obrigado! No zimbrio da noite corusca vamestrelas.

    - Oremos a Jesus meu amigo, a ele agradecendo a felicidade de Oconhecer e O amar.

  • 8VINTE ANOS DEPOIS...

    O local no era dos mais apropriados. Salo de bailes acolhiahabitualmente homens e mulheres sedentos de fruir sensaes maisfortes. Aquela, porm, era uma noite especial. A freqnciadenotava outro tipo de necessidade. Era uma festa, todavia,espiritual. Ela o percebera entrada. O movimento diversificavado habitual. Em tribuna improvisada, junto a ampla mesa, na qualse encontravam personalidades do lugar, assomou um moo, queexplanou, por mais de uma hora, conceitos e lies que no estavaacostumada. Sentiu-se atnita. Buscava o prazer abrasador esentia-se atendida por aragens refazentes. No compreendera tudo,e, todavia, percebia-se invadida por desconhecida alegria...Seguir a fila de pessoas que se congratulavam com o jovem.Entregou-se automaticamente. No curto momento, no dilogo ligeiro,desnudou-se, emocionada.

    - Sou vendedora de iluses falou sem retoques, - Ouvindo ahistria da companheira de equvocos, tema central desta noite,sinto uma revelao diferente... Gostaria de conversar com osenhor, rogo-lhe ajuda, orientao...

    - Conte com os nossos parcos recursos.- Quando poderemos faz-lo?- Hoje... Logo mais, porquanto amanh j no me encontrarei aqui.- A esta hora?- Por que no?- Onde?- Na residncia em que me hospedo.- No serei recebida ali... Todos sabem quem sou...- Se ali no houver lugar para voc, positivamente, tambm, no

    haver pra mim.- Mas, eu sou...- ... Uma irmo em busca da paz...A conversa alongou-se, passando aquele momento, at a Alva, no larfraterno que os recebeu. Concluda a entrevista, o evangelizador,orando, rogou ajuda para ela. Vinte anos depois, em outro Salo,agora, num Educandrio na mesma cidade, o expositor espritaencerrava outra conferncia.- O senhor no se recordar de mim!- Realmente.- Eu sou a vendedora de iluses, que h vinte anos atrs o

    escutou nesta cidade... Encontrei Jesus naquela noite... Eaps reflexionar:

    - No dia imediato abandonei o local em que me hospedava etransferi residncia para uma rua modesta, dando novo rumo existncia.

    - Louvado seja Deus!- No tudo. Antigo Companheiro informado da minha renovao

    buscou-me. Asseverou-se amar-me. Visitou-me com nobrezareiteradas vezes. Props-me matrimnio...

  • 9- No lhe exijo amor exps -, rogo-lhe respeito e considerao.Amar-me- depois. Enxugou a face lavada pelo pranto.

    - Consorciamo-nos prosseguiu. Face a impossibilidade detornar-se me, resolvemos adotar uma criana cada dois anos,qual fosse nosso prprio filho. J temos oito criaturasadmirveis em nosso lar... Venho agradecer -lhe a luz que acendeuno velador da minha alma.

    - Agradeamos ambos a Deus. Apresentou o esposo e os dois filhosmais velhos entre sorrisos e partiu. Orando em lgrimas, naquelanoite o expositor, reconheceu ao Pai, o primeiro encontro hvinte anos atrs...

  • 10

    LIO ESPRITA

    Internara a filinha num Lar de crianas sem pais. Vendendoiluses, fora antes vendida a um bordel, quando ludibriada nossentimentos de menina moa. Comprometera -se no visitar a filha, afim de faz-la ignorar a origem. Desejava-a feliz, fosse educada,que lhe desse uma profisso digna e despediu -se emocionada, dealma amarfanhada.

    *

    Quatro anos depois, sucumbindo ao peso de cruel enfermidade,buscou rever a filha. Apresentou-se como lhe fora tia. A pequena,porm, chamou-a mame. Sem ocultar as lgrimas, reiterou -se acondio de tia, cuja irm desencarnara em situao dolorosa...Sentia-se desencarnar e informara ao diligente benfeitor da filhaque eram poucos os seus dias na Terra. Suplicou desvelado carinhopara a menina. Recusou-se receber qualquer assistncia e partiu...Um ano aps, volveu, renovada.- Gostaria que o senhor me ouvisse solicitou. E narrou que a

    enfermidade psquica de uma amiga de infortnio levara as a umCentro Esprita, que funcionava no bairro de angstias, ondeviviam. Encontrara ali amparo, assistncia moral, orientao. Apesado sacrifcio, comeou a freqentar a casa. medida querecobrava a sade, oportunamente, deparou -se naquele recinto como homem que a infelicitara. Dominada pelo dio, que lhe irrompeuintempestivo, acusou-o diante de todos, apontando como odestroador de sua vida...

    - verdade! Retrucava o acusado naquele tempo, eu eraigualmente um enfermo... do esprito. E rogou -lhe perdo. Ela secomoveu. Afinal, sob o dio havia o amor magoado. Tornaram -seamigos. H pouco tempo ele lhe prometera matrimnio. Dissera quea amava. Aceitara-o. ???ele retirou-se do comrcio carnal emque vivia e alugara um apartamento onde a hospedou comdignidade. Respeitavam-se. Casaram-se logo depois.

    - Seria possvel, agora, conduzir a filha para o lar?- Indagou, ansiosa.- Sem dvida concordou o amigo. prometeu, ento, r etornar

    depois, em companhia do esposo.

    *

    Ao fim da semana, Jovial, fazia -se acompanhar do cnjuge.Comprovaram a situao nova: Moral e legal. Quando a filinha foiabra-la e o dirigente do Lar, que se tratava da sua genitora,respondeu a menina:- ??Eu sabia! Orava a Jesus para que Ele me trouxesse minha me de

    volta.

    *

    Reabilitados, agora abrem as mos da caridade aos que padecem,laborando no santurio onde receberam a meditao esprita para apaz.

    *

  • 11

    A lio esprita promove o homem e reabil ita-o. S legtima acrena que soergue e enobrece o crente. O Espiritualismo, por talrazo, o consolador, pois que, enxugando as lgrimas, liberta oque chora, levantando-o e dignificando-o, a fim de que no volte furna do desespero onde se evadiu.

  • 12

    PROBLEMATICIDADE OBSESSIVA

    A pugna se arrastava por mais de um decnio.

    A portadora da alienao espiritual transitara por diversas CasasEspritas.

    Submetera-se teraputica do passe, da gua fluidificada;asseverava orar, estudar a Doutri na, participava dos laboresmedinicos... O problema, no obstante, continuava.

    Esclarecia viver assaltada por estranhas afeies, suportando comestoicismo astenia, desequilbrio nervoso, palpitaes. No rarose encontrava em crises, quais os extrassto les que atestavamgraves distrbios circulatrios.

    Era um sofrimento de longo porte.

    Numa das reunies especializadas, diante do verdugo desencarnado,responsvel pela parasitose psquica, aps dilogo comovedor, comosucedera reiteradas vezes antes, o d iretor dos trabalhos arrematoucom humildade:

    - Reconheo a minha ineficcia com voc. Tentei os melhoresargumentos de que me senti capaz; meditei com profundidadeprocurando encontrar em voc um ponto vulnervel, sem qualquerxito... Impossibilitado de lograr resultados, entrego-o aJesus, a Ele suplicando tomar conta de voc...

    pena que voc deseje deter nas mos a justia que lhe no cabeexecutar. No compreendo porque o irmo a perturba, h tanto e secompraz nesse cime...

    - H um engano em tudo isto redargiu o desencarnado poishoje, graas sua honestidade para comigo e para consigoprpria, desejo esclarecer em definitivo.

    A princpio odiei-a, sim. H razes que no convm aquireexaminar... Lentamente, porm, ouvindo as narraes que s e fazemnesta Sociedade, as respostas que colhi nos violentos dilogos quetravei, mudei de opinio. Percebi que, perseguindo, no medesforava, por sofrer, tambm...

    Mudei intimamente, procurei reformar -me, comprometi-me deix-lapor conta da vida... No logrei objetivo. Ela no me libertou.Detestando-me, evoca-me, prende-me nas teias do seu pensamentorevoltado, culpa-me, injuria-me. Ela, sim, que hoje no melibera... Pea-lhe, por Deus, para deixar-me em paz. No mais souseu obsessor. Agora sou por ela obsidiado...

  • 13

    Calando-se, o esprito comunicante desprendeu -se do mdium,cessando o transe.

    Havia no ar, nos assistentes, expectativa e estupor.

    hora reservada aos comentrios crticos dos labores da noite, odiretor narrou enferma a ocorrnci a e interrogou-a, quanto veracidade ou no das informaes recebidas.

    Para surpresa geral, a paciente, submissa e humilde, desvelou -se,passando a agredir verbalmente o opositor desencarnado, revelandoa animosidade que mantinha em relao ao sofrimento e comodesejava, a seu turno, desfocar-se do que afirmava serem os malesque ele lhe infrigira nos demorados anos de luta...

    Guardando a calma e a bondade, porm, o intrprete do Evangelhopassou doutrinao da encarnada, mais convicto de que, naproblemtica das obsesses, o incurso mais gravemente na dvida sempre a aparente vtima que transita pelo corpo fsico, emreajuste.

    Nenhuma tcnica de desobsesso surte efeito naquele paciente queno se renova nem se aprimora internamente.

    Dor sempre bno que ningum deve desconsiderar.

    Obsessores e obsidiados so membros da mesma injuno dolorosa,recuperando-se perante a vida.

    Ajudar uns e outros compromisso de todos ns,igualmentenecessitados de ajuda e esclarecimento.

  • 14

    QUESTO DE PROVA

    - Senhor disse o ftuo negador -, d-me uma prova daimortalidade da alma.

    O conferencista, paciente, fez um levantamento histrico doprocesso antropolgico do homem, dos fatos e das experinciasprobantes da indestrutibilidade do Esprito.

    A palavra erudita apresentava larga documentao cientfica deontem como de hoje, quando o apressado descrente o interrompeu,informando, irnico:

    - No creio em nada disso.

    - um direito que lhe assiste aludiu o outro desculpe-me,porm, indagar-lhe: O senhor cr na imortalidade da alma?

    - No!

    - Ento, por favor, d-me uma prova de que a alma no imortal.

    - No posso!

    - Se no o senhor no me pode provar que o esprito NO imortal,deduzo que no faz, porque ele o . Verdade? Ento no lhenecessito provar a imortalidade, j que o senhor no me podedocumentar o contrrio.

    E calaram-se.

    *

    muito cmodo arremeter com duas simples palavras, contra umfato, dizendo, apenas: No creio.

    Difcil documentar a negao.

  • 15

    INSUCESSO APARENTE

    A viagem area transcorria tranqila.

    Os dois passageiros iniciaram a conversao sem maiorprofundidade.

    - As viagens areas fazem-me mal -. Elucidou um -. Sinto-menervoso, muito tenso.

    - No lhe d maior importncia. Isto ocorre, certamente, porquevoc vive inquieto.

    - Sem dvida. Agora mesmo estou vivendo momentos cruciais...

    - No s agora. Sua vida tem sido spera. Suas conquistas se doaps imenso esforo e voc vem atingindo as metas apenates desacrifcio...

    - Como sabe? Em verdade penso insiste ntemente em suicidar-me. Souum engenheiro qumico fracassado. Perdi o meu primeiro emprego eno consigo outro. Retorno casa com mais um insucesso... Aidia de autodestruio me atormenta e -me a nica sada. Tenhoesposa e um filinho...

    - E cr que solucionar o seu caso? No ser uma crueldade deix -los merc de si mesmos, eles que contam com voc? Alm disso,no se engane: A morte abre as portas da vida e voc continuara viver, certo que em condio pior...

    O estranho falou-lhe, infundiu-lhe nimo.

    - Como o senhor pode ter tanta paz e conhecimento da pessoahumana?

    - Sou esprita militante e compreendo que a felicidade depende decomo cada criatura se comporta em relao vida.

    Detalhou-lhe as bases da crena, as experincias, os estudosespiritistas.

    - Que deverei fazer, a fim de livrar-me destes problemas?

    - Primeiro, recorde-se de que os insucessos externos so sempreaparentes e graves aqueles de natureza interior, as atitudes quemantemos contra o prximo e ns mesmos: vcios, erros,compromissos morais negativos. Depois, tome contato com aDoutrina Esprita. Formule um programa de renovao interior eviva-o.

    - Por exemplo?

  • 16

    - Estabelea: eu sou forte em Jesus e nEle tudo posso.

    Hoje faz sol eu sempre tenho sol em mim.

    Quem aceita o desnimo j se encontra a caminho do fracasso.

    O otimismo deve ser-me uma atitude interior.

    Confio no bem, porque o bem sempre bom.

    Por enquanto estou colhendo. No cessarei de semear. Assim fazendorecolherei bnos mais tarde.

    No temerei nada. O receio em coisa alguma ajuda.

    Sou um homem de valor. Assim lograrei minhas metas.

    O insucesso experincia, lio que ensina o que no devereifazer.

    Em qualquer circunstncia distribuirei alegria e esperana.

    Como v so pequenas regras, cheias de simplicid ade e estmulo.Aplique-as na vida diria. No espere o xito agora ou amanh,porm mais tarde.

    - Como agradecer-lhe? Estamos chegando. O senhor colocou vida esol em minha existncia. Bendigo a Deus esta viagem.

    - Certamente. Ante este xito voc constata que o seu aparenteinsucesso enseja-lhe experincia nova. Felicidades!

    *

    Voc possui algo com que pode ajudar.

    No se escuse faz-lo.

    Ao seu lado, desconhecido, h algum necessitando de suacooperao. Tente do-la.

  • 17

    A COISA MAIS IMPORTANTE

    A priso feminina recebia o orador esprita por primeira vez.

    As mulheres condenadas a perodos diversos e nunca inferiores aseis anos encontravam-se desagradadas, face ao impositivocompulsrio de estarem presentes a palestras.

    Rostos contrados, lbios em rctus, enfado ...

    O orador foi apresentado pela Diretora em consideraes breves.

    Concedida a palavra, ele props uma pequena estria cominterferncia, a fim de motivar as assistentes.

    Logrou o intento.

    Modificou-se o ambiente.

    O tema era a felicidade.

    Argumentos leves e significativos, assuntos do dia -a-dia chamadospara dar melhor nfase ao tema, quando, perguntou:

    - Qual a coisa mais importante na vida?

    A indagao tomou as espectadoras de surpresa. Silncio geral.

    Uma voz acanhada respondeu do fundo da sala:

    - O amor.

    Outra disse: - A liberdade.

    Algum afirmou: - O dinheiro.

    Outrem postulou: - A sade.

    as opinies multiplicarem e ele as ouviu sem comentar.

    Quando se fez novo silncio, ele considerou:

    - Para mim a coisa mais importante na vida a paz de esprito.

    O amor vem e vai, quando no se tem paz.

    Se a liberdade fosse importante, ningum estaria aqui, pois quetudo faria a fim de no a perder. ?Alis, a verdadeira liberdade interior. Pode-se estar no crcere, sendo inocente, permanecendo -se livre e estar-se na rua preso aos vcios e paixes...

  • 18

    O dinheiro compra muita coisa menos a paz. A sade pode serperdida pela nossa negligncia e a esto os exemplos dos quederrapam nos excessos, nas dissipa es e a malbaratam...

    Uma grande expectativa pairava no ar.

    Depois de um momento de reflexo, ele prosseguiu:

    - a verdadeira paz da felicidade, porque decorre de uma condutareta sem erros a ressarcir -, de um corao pacfico semmgoas nem paixes -, de uma conscincia tranqila que oresultado das outras aquisies.

    Jesus nos ensinou a usar as coisas, as posses, sem dependerdelas; a viver o amor sem o corromper; a resguardar a sade, a fimde preserv-la... A paz, porm, Ele nos deu, afirm ando ser uma pazque o mundo no podia dar essa que amolenta e degrada o homem -,mas s Ele poderia conceder a que resultar do sacrifcio daabnegao e da dedicao ao bem do prximo ento, enobrecedora,permanente - . Essa paz proporciona a felicidade.

    Alongou os argumentos, props consideraes, enquanto uma paz defelicidade espiritual impregnava o ambiente de os coraes, face msica sublime dos comentrios espritas.

    *

    No se afadigue pela posse das coisas. Quase sempre quem pos suifica possudo pelas coisas que o atormentam.

    Seja libre de amarras terrenas inundando -se da paz que o Cristooferece aos que O servem e voc desfrutar do mais importante bemda vida.

  • 19

    CONSRCIO MATRIMONIAL

    Eurpedes BArsanulfo, o abenoado Mi ssionrio sacramentando, nasinesquecveis aulas que ministrava no Colgio Allan Kardec,tinha por hbito conclamar os jovens discpulos a que levassem emalta considerao o compromisso matrimonial e se fizessem pais demuitos filhos.

    Sempre que se fazia propcio o ensejo, o iluminado Apstolotornava valiosa conclamao.

    Certo dia, um aluno mais arrojado, aps escutar o conselhoformoso, solicitando desculpas, inquiriu o mestre:

    - Seu Eurpedes, o senhor que tanto nos aconselha ao matrimnio,por que no se casou?

    Ouve um grande silncio na classe.

    Eurpedes fitou o adolescente, demoradamente. Com os olhosnublados e a voz embargada, respondeu de maneira inesquecvel:

    - Eu j sou casado, meu filho. Renunciei s satisfaes pessoais,a fim de associar-me com a Humanidade sofredora de todo lugar...

    Se amas, encontrars em toda parte os filhos do Calvrioesperando por ti. Tom-los-s, ento, como irmos, amigos,nubentes e filhos carentes do teu carinho e do teu auxlio.

    No titubeies, na deciso, ante eles e doa-te sem qualquer receio.

  • 20

    ENSINOS E AES

    Era pedagogo afamado.

    Mtodos educativos, tcnicas de comunicao e processos de fixaoda aprendizagem eram por ele conhecidos e divulgados com ardor.

    Recepcionado em elegante residncia, onde deveria apresentar asmodernas tcnicas da dinmica do ensino, a cada instante se faziainterromper pela irrequieta garota da famlia, buliosa menina de7 anos.

    Repreendida pelos pais, logo retornava carga.

    Inoportuna, tanto perturbou que o gentil educador no sopitanto oazedume, falou-lhe sem fingimento:

    - V pra l, meu bem!

    A menina parou e retrucou para surpresa geral:

    - Puxa! Todo mundo me manda embora!... E so professores!...

    *

    Mtodos tericos, opinies relevantes valem a aplica o quemerecem, dando os frutos do seu valor intrnseco. Sem isso podemser brilhantes, teorias brilhantes, nada mais.

    Na conduta religiosa, tambm assim. A f transparece nos atosdos que a apregoam.

    Examina-te.

  • 21

    DIREO ESPRITA

    A dama era esprita praticante. Enviuvara havia pouco. Ainda seencontrava sob o trauma da desencarnao do esposo e refletiasobre muitos sofrimentos experimentados nos dias da vidaconjugal...

    Visitando os filhos reunidos na residncia do primognito, todoseles casados, foi surpreendida, com inusitada proposta. Os filhosresolveram oferecer uma penso senhora que residira nos ltimosanos com seu extinto marido e que fora razo dos seuspadecimentos, ainda vivos, na memria...

    Colhida pela surpresa, no se conteve e externou toda a amargura,afianando:

    Vocs somente possuam pai, que, alis, a todos nos abandonou emsituao dolorosa... E como se no bastassem as minhas afliespretendem premiar aquela que me proporcionou tanta infelicidade!No contem, porm, comigo, doravante...

    E saiu atordoada.

    O primognito desejou acompanh-la sem lograr xito.

    Duas horas depois a dama retornou. Estava calma, o semblanteharmonizado.

    - Fui ao Centro Esprita e ouvi excelente lio de O EvangelhoSegundo o Espiritismo, intitulada Orgulho e humildade. Mudeide idia. Venho dizer-lhes que tambm eu contribuireimensalmente para ajudar aquela que o meu marido preferiu nosltimos dias da sua jornada terrena...

    A nora mais velha, ante tal atitude, disse ao esposo:

    - Leve-me, por favor, a esse lugar, onde possvel modificaralgum de tal forma e edificar a paz num ser, oferecendo -lhedireo com essa expressiva segurana.

    *

    Narrava-se esse fato, num Ch beneficente, quando um moo seergueu, solicitando licena. A dona da casa inquiriu-lhe surpresa:

    - Voc no ficara de levar-me ao Hospital com os doces reservadosquela Casa?

    - Sim, sim, - disse - . Eu logo voltarei.

    To pronto saiu, a esposa, que o acompanhara porta, narrou sdemais senhoras:

  • 22

    Ao ouvir esse fato comovente, - falou-me ele foi fazer as pazescom a me, de quem estava inimizado h dois anos, por questes deherana.

    *

    A direo esprita tranquilizadora e nobre. Segue -a a favor daprpria felicidade.

  • 23

    VOC EST SORRINDO

    A feira livre estava movimentada, na praa pblica. Agitao,burburinho.

    Repentinamente, uma senhora em trajes modestos exclama, lvidapelo susto:

    - Deus, meu! Fui roubada. A carteira de dinheiro, a carteira com odinheiro da feira?!...

    Algumas pessoas se acercaram, escutam-na em narrativa sucinta,meneiam a cabea, fingem auxili-la olhando em redor, e saemmurmurando:

    - Essa molecada, essa molecada! Ningum toma providncia!...

    Acerca-se um petiz de pouco menos de dez anos. um moleque derua. Olha aqui, examina ali, avana, recua...

    A senhora, muito atormentada, chorosa, desconfiada, fita o meninocom enfado, desagradada e supe-no ladro.

    O garoto curvas-se sobre o solo e grita:

    - Achei! Achei! Aqui est, senhora!...

    - Graas a Deus, filho! O dinheiro da patroa. Queria gratific-lo.

    - No, no precisa. A senhora j me gratificou: est sorrindo!...

    *

    Aps o tormento sorria, agradecendo ao Senhor. Permita -se inundarpelo sol da alegria, mesmo quando as coisas no lhe pareammelhores. H sempre algum, ao nosso lado, ajudando-nos, esperandopor ns.

  • 24

    INVESTIMENTO DE VIDA

    A viuvez surpreendeu-a com a canga da soledade e o fardo dadesesperao.

    Dominada pela angstia e o vazio da vida, foi convidada a ouvirdedicado conferencista espirita que pregava a Doutrina daEsperana na cidade onde vivia.

    Aps registrar os confeitos ponderveis e conseguir descortinar aspaisagens da Vida Imortal, atravs do verbo ardente e formoso doexpositor, solicitou e conseguiu, ainda emocionada, uma entrevistacom o Mensageiro do Evangelho.

    No necessitou dizer nada. O arauto da Boa Nova descreveu -lhe oesposo desencarnado e transmitiu-lhe confortadora mensagem derenovao e vida.

    Um ano depois, superando as dores, convidou o trabalhador doCristo a participar de delicada homenagem ao companheiro amado, nodia evocativo do seu natalcio na Terra...

    Oferecera recursos para a construo de um lar para pequeninos sempais, em benemrita Organizao de fraternal amparo, em expressivaAldeia Infantil.

    - Foi o melhor investimento que jamais fizemos veio dizer-lhe oesposo redivivo pelo mdium abnegado.

    E ante a comoo dos circunstantes, concluiu, reconhecido:

    - No logramos viajar juntos Europa, como desejramos ereunramos recursos. Embora a desencarnao me h aja convidado aoretorno inesperado, aguardo a tua volta para novas bodas nestaEsfera Nova de paz onde ora vivo. Fizeste bem, pois aplicastecom sabedoria o que a iluso poderia perder e te sou imensamentegrato!

    *

    Embora sofrendo, reflete como invest ia na jornada carnal.Transaes h que levam ao desespero e outras que do vida.

    Na encruzilhada do sofrimento com amargura, pensa em termos deVida Imortal e opera nos bancos da ao vitalcia para o teuprprio bem incorruptvel.

  • 25

    ATITUDE ESPRITA

    Amavam-se com ternura e anelavam consorciar -se. Debatiam as linhasgerais do matrimnio quando a questo religiosa mais uma vez veio baila.

    - Gostaria de casar-me com solenidade na Igreja Catlica informou a noiva.

    - No concordo esclareceu o rapaz.- Voc sabe que sou espritaconvicto e que milito na tribuna doutrinria.

    Travaram discusso em que no faltaram argumentos de parte aparte.

    -A minha definio esprita argumentou o moo fruto deapurados estudos e meditaes. Impregna a minha vida e eu noteria a covardia de tra-la num momento to expressivo, quanto odo matrimnio.

    E ante o silncio comovido da moa, concluiu:

    - Respeito seu ideal, sua f. Lastimo que no se trate deuma convico legtima...

    - Mas uma satisfao que eu desejo dar sociedade revidou ajovem.

    - Melhor razo elucidou o noivo para que eu no concorde. Nopretendo iniciar a vida do meu lar, atravs de atitudes dbias,esprias: pensar de uma forma e agir de outra...

    Aps alguma reflexo, concluiu:

    - Amo-a muito. Amo, tambm o Espiritismo. Moas, h muitas, eespiritismo s um. Se eu conseguir conciliar os dois num s amor,como pretendo, terei logrado a mxima aspirao da atualexistncia.

    Estava comovido.

    Meses depois consorciaram-se civilmente, conforme o EstatutoLegal.

    Anos depois, a esposa, que era mdium desde a juventude,disciplinou os prprios recursos medianmicos, passando aexcelente cooperadora do marido no ministrio da divulgao e nolabor santificante da caridade aos sofredores.

    *

  • 26

    Mantm a tua definio esprita nos momentos culminantes daexistncia como qualquer circunstncia.

    Ceder, nem sempre tolerncia ou ato de amor. Muitas vezes gesto de conivncia com o em que no se cr ou indiferena emrelao quilo em que se diz acreditar.

  • 27

    DISPARATE

    Tratava-se de uma Semana Esprita local.

    Diversos oradores convidados levaram a valiosa contribuio do seuesforo, dissertando sobre os abenoados temas espritas, dentrodas possibilidades pertinentes a cada um.

    O ltimo dia coube a jovem mdico da Capital, que se destacavapela beleza dos conceitos que emitia e pela vivncia dospostulados que abraava.

    A conferncia transcorreu feliz, comovedora. Tese delicada foraabordada com rara felicidade, oferecendo exp ressiva contribuioespiritual ao auditrio enlevado.

    Terminada a tarefa, devotado esprita, trabalhador aclimatado aexperincias personalistas, algo invigilante, acercou -se dodiretor do programa e estardalhou:

    - Gostei muito do moo. Falou com harmo nia e propriedade. Gosteitanto e senti-me to bem, que passei a dormir desde os primeirosminutos, despertando s no final... Creio que fui arrebatado, emalgum desdobramento...

    *

    Disparates no faltam, quando se ignoram os postulados dasDoutrinas que se abraam.

    O Espiritismo no recomenda, no campo da mediunidade,desdobramentos, no instante da instruo doutrinria. O maiseficiente fenmeno no Espiritismo , ainda, o da transformaontima do homem.

    Mantm-te vigilante, quando convidado a ouvir, e mais, ainda,quando concitado a falar.

  • 28

    VALORES DA LOUCURA

    Amavam-me, embora residindo em modesto barraco, acreditando -se,todavia, infelizes, por serem escassos os valores amoedados quepossuam.

    Jogavam, na expectativa de conseguir am ealhar recursos para afelicidade.

    Aps inmeras tentativas infrutferas, conseguiram a sortemediante um prmio de vinte mil cruzeiros.

    O jbilo inexcedvel levou-os, insensatamente, a incendiar ocasebre em que viviam, com tudo dentro.

    Nenhuma lembrana da misria antiga. Recordao alguma da pobreza.

    No comeo da semana entrante, ouviam da televiso em casa devizinhos, foram dominados por incomparvel surpresa.

    Conseguiram ser um dos 13 ganhadores da Loteria Esportiva, com ovalor de um milho e trezentos mil cruzeiros. No se podiam conterde felicidade.

    Foram procurar a cautela.

    Deram busca.

    Papis remexidos, roupa examinada.

    Nada! S, ento, recordaram que haviam guardado na gaveta dehumilde mvel, que fora incinerado ao primeiro momento daconquista do prmio anterior...

    *

    Vencidos em pouco tempo pelo desespero, sucumbiram em nefandosuicdio duplo.

    *

    Acautela-te ante os valores da mentira e da loucura.

    S os valores espirituais conseguem manter o clima de felicid adereal. No te equivoques.

  • 29

    TROPEOS DA TAREFA

    Os ulicos da Treva ameaavam-nos sempre, utilizando-se de todocabedal da maldade que podiam dispor. O seareiro de Jesus, noentanto, prosseguia fiel na tarefa. Inspiravam -no ao desencanto,ao receio; agrediam-no com gestos e malquerenas; providenciavamantipatias gratuitas e suspeitas infundadas; atiravam -lhe pessoasinescrupulosas; facultavam tentaes, mas, o trabalhador orava,renovava-se, insistia e prosseguia.

    Havemos de silenciar o teu verbo. estrugiam, raivosos, uns.

    Amputaremos suas mos. Bradavam, colricos, outros.

    Criaremos situao embaraosa da qual no escapars. Urgiam,venenosos, diversos. O operrio do Cristo orava, vigiava eprosseguia. Convidando a deslocar-se com freqncia de um paraoutro lugar, no eram poucos os escolhos a vencer, nem asdificuldades a transpor. Inveja de alguns, censuras de muitos,maledicncias e azedumes dos frvolos, e ele, sem embargo, orava,sorria, disfarava a dor da incompreenso e prosseguia. No sequeixava, no maldizia. Viajou, certa vez, para atender a um largoprograma que o aguardava. Chegando cidade prxima ao local daprimeira conferncia, no encontrou o amigo que prometera esper -lo. No comenos, acercavam-se uns cavalheiros bem postos, saudaram-no e explicaram que seriam seus acompanhantes at a cidade onde oanfitrio, que se desculpava por ali no estar, anelava abra -loe elucidaria melhor sobre o empeo. Tratava -se de pessoas deaparncia simptica, joviais, de homens do mundo...

    *

    Tomaram o veculo e partiram. A distncia a vencer era de cento esetenta quilmetros, mais ou menos. O discpulo do Evangelho, afim de tornar amena a viagem ps -se em conversao edificante.Transcorridos alguns minutos, um dos ocupantes do veculopermitiu-se uma anedota vulgar e infeliz, sendo seguido por outrocompar que se orgulhava de conhecer os desvos da sordidez humana.Gargalhadas e deboches, promiscuidade verbal e degradao humanatomaram conta dos minutos Desagradavelmente surpreendido, oexpositor esprita acautelou-se no silncio da orao. Aoentusiasmo da leviandade sucedeu-se a irresponsabilidade e ocondutor acelerou, em demasia o veculo. A psicosfera ambientalfazia-se txica, penumbrosa. Prevendo uma tragdia, o trabalhadorda verdade aprofundou-se na concentrao.

    Ser hoje miservel! - Gritou-lhe, exultante, um dos inimigosdesencarnados do bem -. Encontramos o material humano de quenecessitvamos. Iremos mat-los, a fim de matar-te. E esturgiuruidosas obcenidades, em gargalhadas de alucinao. Retemperando onimo na confiana divina, o obreiro solicitou ao condutor:

  • 30

    - Pode parar o carro por um momento? Sbita indisposio perturba -me. O pedido, feito com bondade, denunciava urgncia comenergia. Parada a carreira do desvar io, os companheirosdesavisados deram-se conta da palidez que desfigurava oconvidado. Perceberam a lamentvel descortesia, tentando serteis.

    - No se preocupe justificou-se o pregador com gentileza -, istome sucede de quando em vez e logo passa. Perm itam-me aspirar umpouco de ar, andar alguns passos e tudo retornar normalidade.Saiu do veculo, caminhou um pouco enquanto uma nuvem demalfeitores desencarnados tentava perturb -lo, agressivamente. Afim de fugir a viso dos acompanhantes, disps -se a descerligeira encosta da estrada, quando sentiu um vigoroso empurro egrosseira sentena cheia de dio:

    - Cai, miservel, morre! Sem saber explicar -se, rolou pelaribanceira e encharcou-se no pntano, em baixo, recoberto decanios. Tremiam-lhe as carnes, a respirao ofegava. Apesardisso, reuniu as foras e orou sem revides, nem desespero. borda do asfalto, a chusma de irmos perseguidores e doentes doesprito chiscanava, zombando, em infrutfera tentativa deaparvalhamento.

    - Levanta-te para outra. Retorna ao carro. Esperamos-te para oduelo. Covarde! Sem milindres justificveis, aps a precerestauradora da paz, ele levantou -se, corrigiu o trajeenlameado, procurou assear-se e retornou. Ante ao assombro dosoutros, acercou-se.

    - Cai. Disse com esforo para imprimir-se naturalidade voz permita-me retirar a mala, a fim de trocar de camisa. Atendidopelos irresponsveis voltou-se para eles e disse com destemor:

    - Agora, podem ir-se. Eu ficarei aqui.

    - Que passa?! inquiriram.

    - Nada. Respondeu, - com os senhores eu no seguirei. Desculpem -me e expliquem pessoa que os mandou buscar -me. Ficarei aesper-lo. A atitude decidida no dava margem s dvidas. Caindoem si, os homens do mundo insistiram inutilmente e partiram.

    *

    Sem saber exatamente o que fazer, ali deixou-se ficar, em atitudede preces. Tinha certeza do auxlio providencial do Alto, quenunca falta. No transcorreram muitos minutos. Um caminho, quepassava na mesma direo, parou e o condutor chamou -o.

    - Necessita ajuda? Perguntou, bondoso.

    - Sim, rumo cidade de...

  • 31

    - Venha! Traga a mala. Acomodou-se ao alto, na bolia, no secontinha de contentamento.

    - Algum problema? inquiriu o outro.

    - Sim. Tudo, porm, est regularizado.- Estou indo a uma conferncia esprita a convite do meu compadre

    Jos Leal, nesta cidade. E o senhor est de passagem? Odiscpulo de Jesus nublou os olhos de lgrimas, a voz se lheembargou a garganta. Com alguma dificuldade, elucidou:

    - Eu sou o conferencista. Irei hospedar -me com seu compadre...Louvado seja Deus! A servio do Cristo jamais te atemorizes. Noaguardes facilidades, nem receies problemas. Os tropeos datarefa so desafios fidelidade do servio. Entrega -te aotrabalho do Esprito de Verdade e ele cuidar de ti.

  • 32

    VITRIA DO BEM

    - Aqui estive h alguns anos narrou a Entidade em psicofoniaaflitiva e escutei palavras de conforto.

    Vencido pelo dio, planejava matar aquela que me prejudicaratempos atrs.

    As palavras que me foram dirigidas redundaram inteis, no meacalmaram nem me dissuadiram, porm no as esqueci...

    Chorei, e no saberia dizer se eram minhas as lgrimas que fluampor estes olhos ou se eram as lgrimas deles que se derramavampelos meus...

    Ouvi e expus, sem poder saber se procediam de mim ou se eu dessassensaes e emoes me tornara um simples instrumento.

    Hoje venho rogar e agradecer.

    Rogar amparo porque deverei retornar Terra e agradecer o po deluz que me foi ofertado daquela vez.

    *

    - Na sanha da minha perseguio prosseguiu, calmo eu a induziaao suicdio.

    Sugeria-lhe tristeza, solido, desdita.

    A pouco e pouco passou a ouvir-me, e obedecer-me.

    O esposo, saturado, abandonou-a.

    A conjuntura ajudava-me nos propsitos infelizes.

    Desejava-a s, a fim de colimar o objetivo d o suicdio, numacompulso, em hora de desespero.

    *

    - Chovia na noite em que ela foi ali deixada porta. Reportou-se em voz pausada.

    Ela a viu na manh seguinte.

  • 33

    Tratava-se de uma menina esqulida, enferma, ao abandono,relegada pela indiferena da genitora inditosa.

    Segurou a criana. Estava febril.

    Reflexionou, triste: Pobrezinha! Tambm eu sou, assim,infeliz. Em que porta te deixaram! Como somos desditosas, uniremosnossas agonias... Deus far o resto.

    Mudaram-se os painis mentais.

    Pensava na menina, despertava noite a socorr -la, asse-la,aliment-la... No pensava outra coisa.

    Deslindou-se mentalmente de mim.

    Libertou-se.

    No lhe encontrando receptividade psquica, voltei -me pelaresponsvel pelo insucesso dos meus planos.

    Passei tentativa de perturbar a pequenina, de venc -la.

    *

    - Instando num plano inditoso relacionou, comovido - vi,oportunamente, no ato do sono fsico desdobrar -se-lhe apersonalidade...

    No obstante fosse uma criana, nela reencarnada estava minhame!...

    Recuei aterrado.

    No havia dvida.

    S ento fui informado de que a mulher a quem desejava destruir,agasalhava minha amada genitora.

    Persegu-la, agora, seria destruir o ser que me to querido,assim como a mim mesmo...

    *

    - O seu amor criana concluiu com ternura granjeavaamor.

    Acalmou-se.

    Renovou-se no corpo, na mente, no esprito.

  • 34

    O esposo retornou ao lar.

    Vivem bem.

    Agora deverei renascer, por ela, a fim de nos reajustarmos e eupoder fruir a ventura da companhia fraternal de quem, na Terra,havia sido minha progenitora.

    Agradeo o que recebi de Deus e rogo ajuda.

    Adeus!

    A Entidade, emocionada, desligou-se em jbilos...

    *

    O amor produz amor.

    O dio enfloresce a loucura.

    Ama e ajuda, embora estejas necessitando de auxlio e amizade.

    Abre-te luz do bem e ela te far desabrochar a esperana que teagasalhar, amparando os sofredores do teu caminho.

  • 35

    DRAMA HUMANO

    - Acabo de ouvir a conferncia com alma e corao contritos.Jamais as palavras de qualquer procedncia penetraram -me toprofundamente o ser como agora. Encontro -me extasiada e perplexa,ante a minha situao. Revelou a jovem bem posta, elegantementetrajada, com lgrimas de sincera uno . Necessito de algum queme ajude.

    - Estou s suas ordens. Respondeu o intrprete da Mensagem.

    - uma longa histria e h tantos na fila, desejando falar -lhe,que no me encorajo!...

    - Aguarde, ento, um pouco, por favor!

    Terminados os abraos e a ligeira assistncia fraterna a uns eoutros, o discpulo de Jesus chamou-a.

    - Tentarei ser breve. Explicou a jovem -. Sou uma bailarina deprofisso, a fim de poder gozar, na velhice, de algum benefciosocial, no entanto sou realmente uma vendedora d e iluso. O meupadrasto seduziu-me no prprio lar, quando eu contava 14 anos.Ameaou-me, caso eu revelasse minha me ou a qualquer pessoa.Vivi aterrada, traindo a minha genitora que tudo ignorava,explorada por um monstro que me perseguia. No podendo magoarminha me com a verdade, fugi de casa, por amor a ela e para ver -me livre...

    Fez uma pausa, a fim de ordenar as lembranas e prosseguiu:

    - De ludbrio em ludbrio terminei num lupanar, onde hoje resido.H dois anos conheci um cavalheiro que me retirou dali e ofereceu-me segurana, amor e paz. Mais idoso do que eu 30 anos, eu orespeitava e tinha-lhe profunda amizade. Um dia, quandoconversvamos, informou-me ser casado, pai de dois filhos, umrapaz e uma jovem da minha idade. Amava a esposa e n o tinhacoragem de abandonar a famlia, embora me amasse muito, tambm.Sem saber-me explicar o que aconteceu, passei a sofrer de umtremendo complexo de culpa. Sabia -me destruindo-lhe o lar. medida que passava o tempo, defini-me por abandon-lo. Escrevi-lheuma longa missiva, relatando meu dilema e partindo para outropas...

    Enxugou as lgrimas copiosas, continuando a narrao.

    - No o olvidei nunca. Um ano depois, arrasada pelas saudades,retornei. Procurei-o. Soube que na minha ausncia, ele ia ao

  • 36

    lupanar, sentava-se em silncio na cadeira onde nos conhecemos, narecepo, e saa. Noite, aps noite, sem uma palavra,sucumbindo... Depois, no mais voltou... Certamente morrera...

    Como lhe soubesse a residncia fui at l. Recebeu -me a viva.Expliquei-lhe que seu esposo fora-me um benfeitor e eu desejava,ao retornar do estrangeiro onde me encontrava a estudar, e sabendodo seu desenlace, apresentar condolncias, agradecer...

    A respeitvel e bela senhora recebeu -me compungida. Frente afrente eu repassava toda experincia, mentalmente, fazendo -me umacruel interrogao: Fora melhor assim, ou se houvesse ficado, t -lo-amos ambas? Ele havia perecido de angstia, de saudade. Semdiagnstico, afirmou-me a dama...

    Comeou, ento, minha decadncia. Passei a usar drogas... Fuipresa duas vezes... Hoje, ao sair do crcere, resolvi matar -me.Vesti-me bem, dirigi-me ao bar, preparava-me para tomar umrefrigerante com veneno, quando ouvi dois cavalheiros que falavamsobre o suicdio, a conferncia.. . Interpelei-os. Pacientes,explicaram-me que no h morte, trouxeram-me aqui. Que fao,agora?

    - Necessitaramos de tempo, minha irm. Neste momento outrocompromisso me aguardava e amanh deverei viajar a outra Cidade...

    Enquanto dialogavam, acercou-se a anfitrioa do orador, sorrindo, elembrou-lhe o compromisso.

    Ante a difcil conjuntura ele olhou para uma e outra personagem,sem saber o que fazer.

    A senhora, acostumada aos dramas humanos, compreendeu o problema esugeriu:

    - Por que no convidamos a jovem a vir nossa casa, a fim decontinuar o assunto.

    - Eu?! Perdo, senhora, no posso l ir. Eu sou uma pecadora...

    - No lhe estou a perguntar quem voc . Isto no importa. Oessencial o que pretende ser a partir deste momento. Vamos!

    A deciso no permitia qualquer outra alternativa.

    Terminado o compromisso a jovem e o mensageiro da Verdadeconversaram demoradamente, at a alvorada do dia imediato. Foram

  • 37

    examinados os diversos ngulos da difcil questo em face da suacomplexidade, a senhora props:

    - Fique, aqui, minha filha, a fim de bem refletir, at o nossoamigo retornar, dando curso ao seu programa de reabilitao.

    Ela esquivou-se a aceitar.

    Havia, porm, to sincero desejo de ajudar, por parte da senhora,que terminou por aquiescer, ali permanecendo, transitoriamente, emeditando em tudo quanto ouvira.

    *

    Trs dias aps, retornou o orador a continuar as conferncias naCapital.

    A jovem acompanhou-as todas. Recebeu conselhos e diretrizes.

    - Diga-me, por favor, ele morreu por minha culpa? Inquiriu,magoada, oportunamente.- No, pela prpria responsabilidade. Voc fez o que deveriafazer.

    - Graas a Deus! H quase dois anos, porm, sofro terrivelmente.

    - O Senhor resolver tudo. Entregue -se a ele. Tentou entrar emcontato com sua mame, neste nterim?

    - Sim, vrias vezes. Estava envenenada pelo meu padrasto.Amaldioou-me, pedindo-me que nunca mais tentasse falar-lhe. Nolhe pude dizer a verdade. F-la-ia mais inditosa.

    - Agiu corretamente.

    Os dias se passaram animosos. A jovem, hospedada no lar em que seencontrava o conferencista, renascia.

    despedida, antes de retornar aos seus penates, o trabalhadorrogou-lhe foras e coragem para prosseguir no bem.

    O casal, que no tinha filho, guisa de gratido ao amigoconsolador, ofereceu o lar moa atormentada, insistindo comveemente deciso.

    Ela terminou por ceder.

  • 38

    *

    Dois meses depois, a ex-decada parecia renovada. Fizeratratamentos mdicos, submetera-se s disciplinas morais eexultava.

    Escreveu ao amigo distante, narrando suas novas disposiesntimas, sua felicidade. Passara a freqentar a InstituioEspirita dirigida pelos seus atuais benfeitores.

    Quatro meses aps informava que encontrara um confrade que lhepropusera afetividade. No sabia o que fazer. Tinha receio deenganar-se outra vez.

    Seis meses passados narrava que usara de toda franqueza com oenamorado, minudenciando-lhe o pretrito prximo. Ele no lheperguntava pelo j ocorrido. Oferecia -lhe o futuro...

    Casou-se um ano aps a entrevista e estava ditosa.

    No segundo aniversrio na sua renovao, tornara -se me de umvaro.

    Retornava aos seus braos e sentimentos o antigo apaixonado que sefrustrara, na condio de filho dileto, a fim de sublimar o amor,graas bno da reencarnao.

    O drama humano fora solucionado pela sabedoria do Pai que tudoprev e prov com perfeio.

    *

    Nada, nenhum drama justificar a fuga pelo suicdio.

    A manh nova trar, com certeza, resposta ao problema sombrio danoite em que o homem se debate. Conveniente esperar.

    H sempre solues felizes para as questes mais complexas, se ascolocamos nas mos do Senhor.

    Ter pacincia confiar.

  • 39

    EXIGNCIA INDITOSA

    Realizara o servio com dedicao e aguardava o pagamento.

    Aqueles eram dias difceis para todos.

    Circunstncias imprevistas agravaram os problemas do cliente, quese viu constrangido a confessar a impossibilidade de resgatar odbito.

    Explicou, pediu prazo, prometeu recuperar -se da situaodifcil...

    O credor, no entanto, deixando-se intoxicar pela revolta esupondo-se injustamente ludibriado, fez-se enrgico, lamentou nopoder adiar a regularizao do dbito.

    Exigiu a remunerao pelo trabalho, imps -se, ameaou apresentarqueixa polcia...

    No ardor da discusso, que surgiu, inevitvel, o pacienteasseverou que, de valor, possua, apenas, um revlver de altopreo, que colocava como veculo de pagamento.

    O indignado facultativo aceitou a arma como penhor, at que advida fosse liberada.

    Levou-a para casa e guardou-a carregada, sem, ao menos, hav-laexaminado.

    Menos de um ms depois, seu filinho de 7 anjos encontrou -a e,fascinado pelo estranho objeto, ps-se a brincar, inocente.

    Como fosse surpreendido pela genitora, assustou -se, a arma caiu-lhe das mos, disparou, acertando-lhe o jovem corao e roubando-lhe a vida...

    *

    Com a severidade com que se exige, padece -se da severidade dascircunstncias.

    A tragdia tem incio quando algum se transforma em verdugo doprximo, atraindo para si as malvolas conjunturas que cria.

    No te permitas os arranjos que podem conduzir s doresirreparveis.

    Cultiva a tolerncia e esta te dar paz.

  • 40

    VOLTE, PARA EU CHORAR...

    A sala gradeada e ampla da Penitenciria Estadual encontrava -serepleta.

    Eram jovens delinqentes menores de trinta anos, que seencontravam recolhidos, por haverem destrudo vidas humanas.

    A jovem dama esprita fora convidada a proferir uma conferncia, afim de colaborar na tarefa de reeducao empreendida pela CasaCorrecional.

    A palavra lhe escorria pelos lbios, nascida na alma gentil,entretecendo consideraes sobre os vergos agir e reagir.

    O animal ferido reage afirmava com doura e sabedoria -. Ohomem, quando agredido, age.

    Reagir do instinto, significa revidar. Agir ati tudedecorrente da razo, do discernimento.

    A reao agressiva ato de covardia moral, enquanto que aopacfica uma atitude de valor moral.

    O auditrio atento bebia-lhes os enfoques sbios.

    Se muitos, seno todos aqui, se tivessem recordado de agir, nomomento do problema, atuar com discernimento, certamente oresultado seria outro...

    Nenhuma censura no conceito, condenao alguma na mensagem.

    Ela relanceou o olhar, numa pausa que se fez natural, e se detevefulminada pela expresso fria, quase zombeteira, de crtica cidasem palavras, na face lvida de um jovem reeducando.

    Por pouco no se desconcertou.

    Prosseguiu, porm, asseverando:

    Quando, no Pretrio, o soldado esbofeteou a face do Mestre, a fimde ser simptico a Pilatos, Jesus no entremostrou qualquerreao...Sereno, fitou o jovem militar atormentado e o inquiriu: -Por que me bateste? Se falei errado, mostra -me o meu erro, se,porm, falei corretamente, por que me bateste? A interrogaoficou sem resposta. A mente aturdida no agressor, porm, jamaisolvidaria aquele homem, aquele momento...

    O silncio fazia-se sepulcral. Alguns detentos, comovidos,choravam, e no se envergonhavam disso.

  • 41

    Depois de novas consideraes, a nobre oradora falou dareencarnao bno do amor de Deus para todos os homens suasesperanas e consolaes, encerrando a conferncia.

    J, ao fim, olhou para o jovem que a desafiava sem palavras edefrontou a mesma rude expresso facial agressiva.

    Sentiu-se assustada, lamentando no o haver sensibili zado. Sentia-se algo frustrada.

    Terminadas as conversaes, as despedidas, dirigiu -se porta eescada externa de sada, quando vigorosa mo segurou -a pelo braoe puxou-a.

    Ela se voltou, quase bruscamente, e o viu. Ele a fixava comincomum brilho no olhar.

    A voz era trmula, quando indagou:

    - A senhora pretende voltar aqui?

    - No sei... Creio que no fui convincente, clara... Noacredito que hajam gostado do que eu falei...

    - Volte, senhora, por favor! Ele pediu, vivamente comovido. Volte, ao menos, para me fazer chorar outra vez, como hoje...

    Ela tem voltado e ele encontrou Jesus. Chora, diferentemente,agora.

    As aparncias nem sempre refletem os estados dalma.

    No bem, faa sua parte, e o prprio bem realizar o que lhe cabeproduzir.

  • 42

    IRREVERNCIA E SINTONIA

    A mordacidade constitua-lhe caracterstica marcante dapersonalidade.

    Irreverente para com tudo, utilizava -se da arte de imitar a fimde sorrir e provocar sorrisos.

    Tornou-se esprita, ou, simplesmente, aderiu ao movimentoesprita.

    Mas no se modificou.

    As instrues srias dos Espritos sensibilizaram -no sem ocorrigir.

    S por galhofa, imitando comicamente outro companheiro de f,improvisou uma incorporao para agrado dos circunstantes.

    Muitos sorrisos.

    - Basta! Basta! No suportamos mais! Exclamaram os amigos.

    Ele prosseguia.

    Semi-hebetado continuou, sem parar...

    *

    Sintonizando com o ridculo e os Espritos mistificadores, entrouna faixa da treva e demorou em lamentvel estado de perturbao.

    *

    A cada coisa, circunstncia ou dever um cuidado prprio.

    Horas h para tudo.

    Reserva-te equilbrio, discernimento, dignidade.

  • 43

    IDEALISMO E AO

    Entusiasta, no controlava devidamente a prpria emotividade.

    Descobria missionrios em qualquer verbo in flamado.

    Dirigia um Centro Esprita, de que se ufanava.

    Ouviu falar das novas idias que sacudiam a mentalidade juvenil.Uma nova era que comeava, como se o Espiritismo j no o fosse.

    Convidou um moo que se dizia abrasado pela verdade e pretendiacontribuir de modo a transformar de uma para outro instante ostatus social.

    No obstante honesto e de propsitos salutares, encontrava -searrebatado, esquecendo as sadias lies da vida e da DivinaSabedoria.

    O jovem falou incendiado por irrefrevel idea lismo.

    Mas no foi entendido.

    O auditrio se esvaziou rapidamente.

    Os semblantes se fizeram carrancudos.

    O anfitrio compreendeu que o entusiasmo no o essencial...

    Levantou-se aps a conferncia e disse em tom de lamento, diantedo convidado surpreso:

    - Peo desculpa ao pblico por hav -lo convidado. Isto no serepetir. Prometo!

    E fez-se amargo.

    *

    Identifica-te primeiro com aqueles que iro divulgar a Mensagem doSenhor.

    Procura-lhe as credenciais-atos, indispensveis e recorda o velhobrocardo: Nem tudo que reluz ouro.

  • 44

    SOLUO FELIZ

    A reunio transcorria em clima de ordem.

    Pobre senhora obsidiada, na assistncia, tomou de delicada cornetaplstica e comeou a sopr-la, perturbando o ambiente.

    Constrangida e inquieta, dedicada freqentador da Casa, aps orar,falou discretamente:

    - Meu bem, voc quer vender-me a linda cornetinha para minhamenina?

    - Oh!, sim, obrigada!

    E sorrindo, entregou-a.

    Ante a cdula expressiva, ofertou, ainda, duas laranjas que traziacomo se fora o competente troco.

    *

    No reajas ante os perturbados. Age com discernimento,cristmente.

    Ora, e, inspirado, ajuda sem constranger, resolvendo o problema,sem criar outro.

    Ajuda melhor aquele que compreende.

    Quando nada possas fazer, ora e deixa que algum mais capaz seencarregue do cometimento.

  • 45

    CONVIDADO

    Muito jovem apareceu no cenrio da f arrastando multides.

    O verbo quente e dlcido, sob a superior inspirao, lenia feridasmorais, consolava.

    Aqui e ali era disputada a sua presena.

    Dama distinta e refinada, atravs de amigos comuns, logrouconvid-lo a um almoo ntimo, no seu luxuoso apartamento.

    A hora aprazada, discretamente vestido e visivelmente constrangidoo mdium-pregador compareceu.

    A senhora exultou.

    Imprevisto grave reteve no escritrio o esposo, igualmenteinteressado em recepcionar o moo.

    O almoo seria informal, em intimidade.

    Convidados refeio pelo mordomo, sentaram em cadeiras colocadase nas extremidades da mesa.

    Embora o ar refrigerado, estranha sede dominava o conviva.

    A mesa nobremente arrumada exibia taas e copos vazios. Havia,apenas, pequeno vaso com gua fresca, convidativa

    Como a refeio demorasse a ser servida, o moo, acabrunhado,sorveu o contedo do delicado recipiente .

    A dama no sopitou a surpresa.

    A refeio, a partir de ento, transcorreu em clima deconstrangimento.

    sobremesa, a anfitrioa tomou uma uva e com delicado gesto bemsignificativo levou-a taa e imergiu-a.

    - Desculpe! falou o visitante Em minha terra as frutas j vmlavadas.

    - Aqui tambm retrucou a senhora.

    E demonstrou enfado, decepo...

    *

  • 46

    Os mdiuns e pregadores so instrumentos do Senhor a servio daVida Abundante e no modelos sociais, requintados, para devaneios,frivolidades.

    Ajuda-os no ministrio abraados, ama-os evitando constrang-lospelo exibicionismo, pela disputa em estrelismos cruis eperigosos.

  • 47

    A VERDADE PARA CADA UM

    - Diga-me toda a verdade. Por favor, uma splica que eu fao.

    - Meu amigo, quem se pode considerar portador da verdade? tudo sorelatividades...

    - Mas no meu caso, os exames no so concludentes? A bipsia noesclareceu o diagnstico?

    - Sim... Sim... Mas ocorre...

    - Diga-me: cncer? No receie informar-me. Sou budista! Creio naimortalidade, na reencarnao. No temo a morte. Desejo, porm,ter certeza, a fim de organizar papis, compromissos, tomarresolues... Tenho famlia...

    - Ora, todos devemos estar preparados, pois que esse fatalismobiolgico a todos nos alcanar, ine vitavelmente...

    - Eu, todavia... Esclarea-me, homem, por Deus. cncer?

    - Sim. trata-se de uma NEOPLASIA MALIGNA... Cncer!

    - Com metstase?

    - Sim, generalizada. No h, porm, razo para desespero. Acincia, a cada dia...

    - Quantos meses, doutor?

    - ?

    - Quantos meses eu tenho de vida?

    - Quem o sabe? Somos mdicos apenas.

    - Quanto tempo provvel?

    - De dois a quatro meses, no mais, conforme concluo...

    - Obrigado, doutor...

    ... E dali saindo cometeu suicdio venal e cobarde.

    *

    Aquieta-te na esperana.

  • 48

    Confia na vida.

    Cuidado com o que supes ser verdade.

    Lembra-te da verdade que convm a cada um, ante a Verdade.

  • 49

    ESTUDO ESPRITA

    Vangloriava-se de possuir o dom da palavra. Estudo era renovao afirmava. A inspirao significava -lhe tudo insistia. Bastavaabrir a boca e jorrava a torrente asseverava. Estudar a Doutrina erro acrescentava com falsa austeridade. Os espritos ajudamno momento prprio. E pregava aqui, ali, onde era convidado afaz-lo. Lamentavelmente convidavam-no outros cegos.

    *

    Salo cunha, referto.

    Aniversrio do Centro.

    Flores, sorrisos, declamaes.Convidado, assomou tribuna.

    Irmos e irms! Hoje falarei em detrimento da Doutrina. Comeou,eufrico.

    ... E falou. Ensina o Evangelho que o Esprito Santo fala pelostrabalhadores do bem, e que basta abrir a boca.Ningum duvida. Resta, porm, saber se a boca est em condies detraduzir a palavra do Esprito Santo. Menos petulncia e maisestudo doutrinrio do Espiritismo. Menos fanatismo e maisdiscernimento. Vigilncia e orao constituem ingredientes de paz.Nem elite intelectual, nem to pouco ignorncia presunosa.Resguardemos a boa comunicao esprita, examinando quem, como quando algum est em condio de servir com m aior acerto eensinar com segurana e lucidez.

  • 50

    SEGURANA DE F

    Fora acometido de enfarte.

    Em repouso absoluto no Prontocor, recebeu a visita de amigosespritas.

    Surpreso, o cardiologista interferiu:

    - Que isto? O senhor no pode receber to da essa gente. Que fazemaqui?

    - Somos espritas, doutor, esclareceu o paciente. Os amigosvieram orar e aplicar-me o passe.

    A expresso do facultativo denunciou o espanto e logo depois oceptismo.

    Com a seringa pronta para aplicar -lhe o medicamento oportuno esalvador, interrogou, sarcstico:

    - Que prefere primeiro, j que o seu caso grave?

    - A prece e o passe, doutor. Favor retirar -se. Depois o senhorpoder voltar.

    *

    Convico e segurana ntima se testam no instante das grandesdecises.

    Por mais longa se faa a vida fsica, a hora chega e a vida cessa.Alm dela, seguiro as convices e atos como companheiros esinais de perfeita identidade.

  • 51

    CARIDADE EFICAZ

    Salustiano Maciel, o excelente esprita corumbaense, que exerceucom lisura e dignidade a funo de prefeito da cidade, despertoucerta noite ouvindo inusitados rudos que vinham da cozinha daresidncia.

    Homem probo e gentil, corajoso e de f rutilante, dirigiu -se aocompartimento a acendeu a luz. Surpreso, deparou com atnitoladro que se apropriava indevidamente de alimentos e utensliosali guardados.

    Sem perder a calma, o devotado discpulo de Allan Kardecinterrogou:

    - Que se passa, meu filho?

    - Tenho fome, senhor! Respondeu o jovem larpio.

    - Ento no h problema. Sente-se um pouco, que iremos dar umjeito nisso.

    Ato contnuo, despertou a esposa, solicitando -lhe prepararadequada alimentao para o estranho que, dominado por crescenteconstrangimento, acompanhou os lances inesperados daquela noiteinesquecvel.

    - Agora, filho, comamos sugeriu, sorridente.

    Terminada a saborosa refeio, o estranho perguntou:

    - Posso ir-me?

    - claro, que sim.

    O moo recuou a porta por onde se adentrara e j estava pronto aretirar-se, quando Salustiano lhe esclareceu:

    - Por a, no. Pela porta da frente, para que no pensem mau devoc, a esta hora da noite, caso algum o surpreenda.

    E depois de uma pausa, concluiu:

    - Quando tiver necessidade, procura-me...

    At hoje o quase malfeitor, que logo se regenerou ante aquelegesto, bendiz o nobre semeador das verdades evanglicas.

    *

  • 52

    Nonagenrio, caminhando a p pelas ruas de Corumb, era visto, ath alguns anos atrs, o venerando lder esprita dirigiu -se aoTemplo Kardecista para aplicar passes. Quando algum lhe ofereciaconduo, respondia jovial:

    - Sou-lhe grato. Prefiro ir a p pois assim o meu trabalho maiscompleto.

    *

    Medita! A caridade eficaz aquela que no apenas ajuda face aoproblema, mas a que liberta o homem do problema que o aflige.

  • 53

    CONFORTO E LIBERDADE

    O casal dirigia-se naquele domingo pela manh ao servio esprita,em subrbio distante, no Rio de Janeiro.

    Conversavam animadamente sobre os planos que acalentavam em tornodo futuro ridente, na f abrasadora, sob a gide da caridade.

    Em chegando Estao da Central do brasil a fim de tomarem aconduo, notaram, entre caixas vazias, um petiz que dormiatranqilamente, embora o rudo da cidade despertando.

    Pararam automaticamente e entreolharam -se.

    - Falvamos de caridade disse a senhora. E no entanto... Aguardemos que desperte. Talvez possamos fazer alguma coisa alvitrou o companheiro.

    Um trocador de moedas de nibus, no local, acercou -se eesclareceu:

    - pena! Esse um excelente menino. Aqui vive, ajuda -nos e ns oajudamos. No tem ningum.

    Afastou-se para atender a seu mister.

    Passando algum tempo, o garoto despertou, risonho, e surpreendeu -se com o casal que o fitava.

    - servido a um caf conosco? Sugeriu o cavalheiro.- Claro, claro. Agradeceu o garoto.Ficaram, ento, amigos.Passados alguns dias, o senhor convidou -o a morar com ele, a que opequeno aceitou de bom grado.

    A vida mudou completamente: Roupas, sapatos, agasalhos,alimentao, comodidade, deveres tambm...

    Um ms depois, enquanto os pais adotivos o olhavam na camaaquecida, ele exps francamente:

    - , aqui, h de tudo, mas no h conforto!

    - Conforto?! Inquiriram os benfeitores.

    - Sim, conforto!...

    Referia-se liberdade. E fugiu, dias depois.

    Posteriormente foi recolhido por uma batida policial e encam inhadoa uma Casa de Menores. Fez-se adulto, tornou-se cidado.

    - Nunca me esqueci dos senhores disse dez anos depois ao casal,numa visita inesperada. Os senhores me salvaram a vida. Eu no

  • 54

    tinha juzo quela poca. Mas o carinho que aqui recebi, aternura, a bondade mudaram a minha existncia. No voltei, poracanhamento. Jurei, porm, que um dia voltaria, a fim deagradecer-lhes e dizer-lhes que a semente do bem que plantaramno meu corao nunca morreu...

    *

    Aquele menino, ao fugir, motivou o casal a ampliar aspossibilidades de amor, atendendo outros.

    Seu gesto, com o tempo, se transformou numa sementeira de luz ehoje alberga no seu seio centenas, milhares de crianas espalhadaspor todo o Brasil, em nome de Jesus e do amor.

    *

    Quando amares pensa em dar conforto, mas no suprimas a liberdade.

    Sobretudo, em qualquer situao ama e mesmo decepcionado, continuaamando, porque a gota de luz, colocada na noite de um esprito, setransforma hoje ou mais tarde em rutilante estrela de esperan a,clareando na direo do futuro.

  • 55

    CONDUTA NTIMA E PBLICA

    Antnio Pombo, o excelente trabalhador esprita das Alagoas, cujavida foi um exemplo de humildade e abnegao, a todos cultivavaconseguindo convencer pela palavra, graas aos atos d eenobrecimento da sua existncia crist.

    Como sempre ocorre, havia aqueles que, incorretos, no podiamcompreender a correta conduta do confrade fiel.

    Resolveram, ento, testar o amigo.

    Para tanto, contrataram atormentada mulher que vendia ilusessexuais e promoveram, em casa discreta, um encontro entre ainfeliz e o trabalhador do Cristo, pensando surpreend -lo ematitude comprometedora...

    Informado de que uma paciente sofredora o aguardava, Pombo sedirigiu ao endereo onde era solicitado e constato u, surpreso, quea mulher enferma era portadora de grave problema do esprito.

    Sem titubear, apesar de convidado e tentado ao compromisso davenalidade, o discpulo fiel ps-se a falar com tal magnitude epureza de sentimento que, aps a entrevista, conse guira convertera pecadora f esprita, libertando -a da obsesso que o lupanarlhe desenvolvia e fixava.

    S ento, os amigos levianos tiveram a medida, deficiente claro,da nobre estatura espiritual do amigo, que, no entanto, nuncareferiu o fato a ningum.

    *

    Atitudes espritas devem ser sempre as mesmas: em pblico oureservadamente.

    Assim, como no te cabe testar ningum, age na vida ntima de talforma que poderias em paz repeti -lo em qualquer lugar e emcircunstncia qualquer, honrando os postulados esposados.

  • 56

    CIME

    A dama deixara por momentos o esposo na agncia bancria, enquantose afastara a fazer compras.

    Retornando, inesperadamente, defrontou a cena.

    Uma jovem atendente, de muito boa aparncia, agradecia, sorrindo,as gentilezas do cavalheiro. Ele, a seu turno, estavacomunicativo, entusiasmado.

    O cime petrificou-a.

    No podendo dominar-se, sentou-se, e, rispidamente, desabafou:

    - Estou vendo, hein! Estou aqui!...

    As lgrimas chegaram-lhe abundantes, nervosamente.

    Nesse comenos escutou nos refolhos da alma: acalme -se, no hnada de mais. Ela agradecia a mensagem que lhe fora ofertada.

    Estranha, preciosa paz acudiu-a.

    Sem haver quase percebido o drama da esposa, ele se acercou edisse:

    - Entreguei algumas mensagens quela moa, pedindo-lhe que aspassasse adiante, entre colegas e clientes do Banco.

    *

    ... Ele divulgava a Doutrina Esprita, distribuindo mensagenslindamente impressas.

    Estava tudo esclarecido.

    *

    No te deixes conduzir pelo cime, que somente apresenta as coisaspela face negativa.

    Conserva a calma e espera, confiando em Deus.

  • 57

    ESCRITO NOS CUS

    Caracterizava-se pela bondade, dotado de excepcional pacincia.

    Esprita consciente uniu os dotes da pregao aos dons dacaridade.

    Dia-a-dia, porm, aumentava o nmero de necessitados.

    Grande parte deles em chegando, asseverava:

    - Aqui venho por indicao de uma freqentadora desta Casaabenoada, que teve piedade de mim. Afirmou -me que o senhor caridoso e resolveria o meu caso.

    O trabalhador, no entanto, sobrecarregado de responsabilidades,ficava constrangido, em face do aumento constante dosnecessitados, recomendados por pessoas de bom corao, conformeeram ditas.

    Certo dia, no entanto, o servidor da caridade, ante uma senhoraimpertinente, cansativa, retrucou:

    - Sugiro que a senhora retorne a quem a mandou e pea -lhe paraque, desta vez, ela prpria lhe faa a caridade.

    A solicitante redargiu:

    - Mas ela afirmou-me que o senhor quem me faria a caridade, porser pessoa evoluda, dedicada.

    - Sim, sim, compreendo. Agora, sucede que eu, tambm, gostaria queela evolusse... Para tanto mister que comece j pelo exerccioda caridade, da bondade...

    E encerrou a entrevista.

    Mas ficou incomodado.

    Orando, mais tarde, revisava mentalmente os atos do dia quando lhevoltou mente o sucesso desagradvel. Reconhecia que no estiverabem, que agira com azedume.

    Aparecendo-lhe o Mentor Espiritual, confiou-lhe:

    - No posso entender a maneira dessas pessoas. Gostam de pa recerbondosas, encaminhando para os ombros sobrecarregados do prximo oque no gostam e preferem no fazer.

    E narrou a amargura de que estava possudo.

  • 58

    O Instrutor gentil escutou-o tranqilo, e esclareceu, generoso:

    - No se agaste. O agastamento mau conselheiro. Lembre-se de queo seu nome est escrito nos Cus e alegre -se. Isto no lhebasta? L voc conhecido.

    Ele exultou.

    Continuando, sereno, o Benfeitor concluiu, quase com um sorriso:

    - Ora, quando o Senhor ouve alguma rogativa de aflitos da Terra,examina com quem pode contar, a fim de os atender com presteza.Recorre, Ento, aos assentamentos celestes, e, confiante, osencaminha queles que l esto registrados. Como o solicitante nemsempre ouve a resposta, sobre quem deve procurar, uti liza-se oDivino Amigo dessas almas generosas, que, no obstante de boaformao, tornam-se corretores do encaminhamento, emborapermaneam sem o lucro da ao. Compreende?

    - Sim, sim!...

    Desde ento, o companheiro da fraternidade desdobra esforos nobem, e, com o sorriso de humana compreenso em torno dos problemasalheios, bem-humorado, escuta os recm-chegados dizerem:

    - Uma pessoa de bom corao desta Casa mandou -me aqui...

    *

    Ante o trabalho a fazer, no sindiques, no compliques, no teaflijas nem te irrites.

    Faze o que possas, como possas, at quando possas. A verdade que, desejando, sempre poders fazer mais, alm do que supespoder fazer.

  • 59

    PARBOLA MODERNA

    Enfermara fazia muito tempo e transitara de guich a guich deinformaes, munido com a competente guia para o internamentohospitalar.

    Difcil, ali, a vaga de que necessitava.

    Adicionando enfermidade a fome perseguidora, desmaiou porta daRepartio, quase ao trmino do expediente.

    Passado o primeiro choque de alguns transeuntes, ali ficou semi-hebetado.

    - Certamente bebida, afirmaram alguns, ou epilepsia, completaramoutros.

    - Convm que nos metamos, acentuaram terceiros, e ele ficougirando no mundo do vgado demorado.

    A noite caiu e ele, sem foras, continu ou tombado.

    A precipitao de todos no tempo para examin -lo; a velocidadedos veculos no permitia que o vissem desfalecido.

    Ele permaneceu derreado.

    Quando o silncio se abatera sobre o centro comercial, um petizdesafortunado vendo-o tombado se acercou e perguntou-lhe o quehavia.

    Ele balbuciou algumas palavras e o menino de rua, acostumado aosofrimento humano, respondeu: Isto se resolve com uma xcara decaf.

    Saiu a correr e a correr retornou, trazendo nas mos oestimulante que lhe faltava ao corpo combalido.

    Depois, ofereceu-lhe ombro gentil e ajudou-o a tomar a conduo emlocal prximo a fim de retornar ao lar.

    A criana no lhe pediu nome. Nem ele agradeceu ao benfeitorannimo. tudo sob o manto da noite e o olhar da Caridade.

    *

    Cuidado com a indiferena! Porque tudo esteja mal, no agraves como cepticismo a maldade que grassa.

    S o Samaritano, mesmo que no tenhas nada com isto, que ele noseja dos teus e que a pressa te esteja impulsionando para dele

  • 60

    fugir. Talvez, um dia, - pois que ningum est isento destaocorrncia sejas tu o tombado, na calada da rua, ou no leito dohospital, em qualquer lugar, sob o manto da noite e o olhar daCaridade.

  • 61

    A CONSULTA

    - De quantas sesses necessito para minha cura? Interrogava adama bem vestida ao modesto dirigente da Agremiao Esprita.

    - Poderia dizer-me qual o problema que a aflige? Inquiriu opaciente evangelizador.

    E o dilogo prosseguiu:

    - Sempre sofri. Desde que me consigo encontrar pela memria souuma sofredora. A dor comensal da minha vida: enfermidades,dificuldades financeiras, perseguies, incompreenses de todaordem... No suporto mais. A vida -me desagradvel, um fardoinsuportvel.

    - O sofrimento, sem dvida, companheiro de todos ns. A Terr a abenoada escola evolutiva, em cujos cursos realizamos valiosasaprendizagens. Nesse sentido, a dor sempre participante dasnossas lies purificadoras.

    - Sim, mas no me conformo. Todos dizem que sou mdium e que issodecorre da mediunidade, que eu deveria desenvolver, a fim deficar boa, libertar-me dos problemas. Por essa razo, indago: emquantas sesses isso se dar?

    - Necessrio prestar-lhe alguns esclarecimentos, minha irm.Inicialmente, merece que consideremos a mediunidade no comodoena ou castigo, antes como bno, porta de servio, rotailuminativa. Os sofrimentos, que todos experimentamos, decorrem donosso passado culposo, das nossas faltas e dbitos cometidosperante as Soberanas Leis do Universo. Pelas possibilidadesmedinicas, devidamente educadas, trabalhadas com carinho esacrifcio, granjeamos bens para a paz e renovamo -nos para a vida,compreendendo melhor os deveres que nos cabem desdobrar.Desenvolver a mediunidade, seria trabalh -la, incorporando aosnossos hbitos e do auxlio desinteressado e sacrificial emrelao aos que sofrem de um plano como do outro da vida... Paratal cometimento no h prazo fixo. s vezes precisa toda aexistncia fsica de devotamento, continuando, mesmo, at alm dotmulo...

    - Toda a vida?! E quando irei viver, gozar, aproveitar os meusdias?

    - Gozar os dias no significa o exaurir das foras, o desdobrardas sensaes, o desgovernar sentimentos, o fruir sem dar...

    - Ento no me interessa mediunidade, nem Espiritismo. Veja l,dar a minha vida! Que coragem! esse o homem que aconselha eresolve problemas? Para mim, basta!

  • 62

    E saiu resmungando, deselegantemente.

    *

    Ainda hoje, muitos buscam solues fceis e no resoluespermanentes, salvadoras, em consultas rpidas...

    Para tais, Jesus e F so ingredientes para problemas e no rotaspara evitarem problemas.

    Apiada-te deles, mas no te detenhas. Vai, sombranceiro, adiante!

  • 63

    COMODIDADE E DISFARCE

    A senhora espiritista foi visitar a amiga, freqentadora deabenoado Ncleo Espirita.

    - Hoje estou desolada. - }Afianou-lhe a consror, em lgrimas. Imagine, que eu sou to feliz, que me sinto inditosa! Tenhoindependncia econmica, sade, uma famlia modelo, um lar...Disponho de tempo, tudo transcorre s mil maravil has...

    - Por que no reparte essas alegrias com os sofredores?

    - No tenho jeito.

    - Ento, reserve as horas vazias para costurar, no Centro, abenefcio dos pobres.

    - No posso. J fao isso uma vez por semana.

    - Faa-o, porm, em casa.

    - Isto, no. Ningum de l o faz, porque iria eu faz-lo?

    - Costure e venda. Oferte o lucro para as atividades socorristasda Casa.

    - No me parece boa idia, porquanto l no se necessita dedinheiro.

    - Bem! Faa visitas aos enfermos, lendo para eles O EvangelhoSegundo o Espiritismo.

    - Receio a convivncia com essa gente, pois temo pegar mausfluidos.

    - Alfabetize algumas crianas.

    - Impossvel, sujariam a minha casa.

    - Faa-o noutro lugar, que no aqui.

    - Crianas exaurem muito a gente e poderiam por -me nervosa.

    - De fato: voc muito infeliz; mais do que supe.

    Despediu-se, e se foi, deixando a exploradora das bnos da vidaentregue prpria negligncia e comodidade disfaradade sofrimento.

    *

  • 64

    Ante o bem que deves fazer, faze -o, sem indignaes, semprotelamento.

    Agora a tua hora de ajudar. No a adies.

  • 65

    JOVENS E ADULTOS

    Formava num grupo de modernos e avanados boys.

    Arruaceiros, perturbadores da ordem.

    Belicosos, eram o terror do bairro.

    Agressivos, tresloucados.

    Chefe, disputado pelas mooilas, contava 15 anos.

    Prottipo do cafajeste, modelo da mentalidade nova.

    *

    Noite sem estrelas, 21:00 horas.

    - Descobri um casal, ali na praia, sombra do outeiro, emsituao surpreendente. Vamos pregar -lhe um susto e alivi-los dospertences?

    - Aprovado!

    - Tudo com calma. Esgueiremo-nos e cerquemo-los, impedindo-0lhes aretirada.

    - Legal!

    Os vultos amparados pela noite eram sombras na treva espessa.

    A um assobio caracterstico, todos saltaram, cercando o casalirresponsvel.- um assalto! Gritou o chefe, acendendo a lanterna queprojetou luz no rosto dos aturdidos enamorados.

    Apagou-a incontinente, porm, sob glido tremor e silncio geral,batendo em retirada...

    Era a genitora do lder, senhora leviana que ali se encontrava.

    *

    Sempre que agredimos, a ns mesmos nos agredimos.

    - Os que tomam a espada morrero espada disse Jesus.

    Como fizermos, ser feito conosco.

  • 66

    GRANDEZA DALMA

    Tornara-se famoso tisilogo.

    Seu nome ilustre passou a smbolo de sabedoria na esp ecialidademdica que elegera.

    Humilde, aliava a bondade larga experincia tcnica nateraputica para os tuberculosos.

    Fizera-se respeitado, sobretudo, amado.

    Em relevante Congresso no qual se encontravam os mais hbeistisiologistas do mundo, perguntou-lhe um reprter, aps ouvi-lo nadefesa de significativa tese:

    - Por que o doutor escolheu esse delicado ramo da medicina: aTisiologia?!

    Com simplicidade comovedora ele respondeu:

    - Eu fui rfo na infncia, tendo recebido da minha av, mulherexcepcional pela nobreza dos sentimentos, a doao de todas assuas horas.Para que eu pudesse estudar, ela submeteu -se s mais humildes eexaustivas tarefas num esforo sobre -humano.

    A minha foi a sua vida; as suas foram as minhas horas. Suasalegrias eram os meus sorrisos, sua felicidade, a minha meta: aformatura em Medicina.

    Fez um eloqente silncio. Nublaram -se-lhe os olhos com lgrimas,e ele concluiu com a voz embargada.

    - No dia em que eu colava grau, no pude fruir o jbilo deencontr-la entre aqueles que ali estavam, no Salo nobre daFaculdade. Morrera uma semana antes... tuberculosa!

    Em sua homenagem dediquei-me, ento, a estudar essa crueldestruidora de vidas e, ao lado de cada paciente, sinto -me como seestivesse a assistir a minha prpria av...

    *

    Estoicismo da vida!

    Grande o homem que se faz pequeno ante a grandeza da vida e seeleva nas pequenas coisas que tornam nobre a vida.

    Imita-os!

  • 67

    PALAVRAS E FIDELIDADE

    - Estou empolgada com o Movimento Esprita afirmava a dama,eufrica, amiga reticente.

    - Imagine prosseguia que a comunicao com os chamados mortosme fascina. to agradvel ouvi -los, trocar opinies... Sosbios e meigos, os Benfeitores Espirituais. Aconselham comternura e pacincia, fazendo-nos antever o paraso que nosaguarda. Confesso que estou mesmo empolgada. Voc necessitatornar-se esprita.

    - Todavia sou crist, igualmente sincera redarga a amiga.- Voc ser dos nossos conclua com um sorriso jovial. OEspiritismo arrebata. Voc o constatar!

    *

    Um ano depois as duas amigas se reencontram. A que estiveraempolgada com a revelao dos mortos mostrava -se sucumbida,amargurada, reticente. A outra, porm, trazia os olhoscintilantes.

    Foi esta quem inquiriu com gentileza:

    - Que passa? Faz tanto tempo que no a vejo. Aceitei sua sugesto.Ingressei nas hostes espritas, no entanto no a tenho encontradona faina...

    - Nem poderia explodiu a antiga deslumbrada. Estou esmagadapor problemas, asfixiada pelos sofrimentos. A final, onde o auxliodos Espritos Superiores? Estou decepcionada.

    - Sem razo, todavia, - elucidou a companheira -. Nos dias dejbilos, que armazenou para a quadra do testemunho e da amargura?No basta crer, minha cara. indispensvel transformar -se,produzir, preparar-se para a Vida Eterna...

    - Conversa! Interrompeu a ex-entusiasta. Tudo so conversas.Para que desejo uma f que me no resolve dificuldades? Para mimbasta...

    E se foi, desencantada e infeliz.

    *

  • 68

    Muitas pessoas