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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE CONTRATO E SUA RELAÇÃO
COM OS DIREITOS HUMANOS
Hantts Eugenio dos Santos 1
Tiago José Farias Simioni2
Jamille Fernanda Ferreira Souza3
RESUMO: A presente obra possui como objetivo analisar todo o contexto contratual ao longo da história até os dias atuais. Estudar os princípios basilares que estrutura os contratos como, também, os Direitos Humanos e, com isso, os Direitos Fundamentais que regem as relações contratuais privadas. Esta análise crítica é de importância, pois os contratos são mais comuns do que nunca e está presa a uma sociedade que pratica o consumo desenfreado em suas atividades em meio social e que através dela se dá a circulação de riquezas além de cumprir a função social e com isso o desenvolvimento da mesma. Nada mais jus de que se faça esta abordagem para mostrar a grande diversidade nas relações de contratos ao longo do tempo e em diferentes lugares sempre seguindo a necessidade da humanidade.
Palavras-Chaves: Contrato, Origem Contratual, Desenvolvimento Contratual, Direitos
Humanos.
ABSTRACT
This work has to analyze all the contractual context throughout history to the present day. To study the basic principles that structure contracts as well, human rights and, therefore, the fundamental rights governing private contractual relations. This critical analysis is important because the contracts are more common than ever and is attached to a society that practices rampant consumption in its activities in the social environment and through it takes the circulation of wealth in addition to fulfilling the social function and thus its development. Nothing else jus that make this approach to show the great diversity in relations contracts over time and in different places always following the need of humanity.
Key-Words: Contract, Contractual Origin, Contractual development, Human Rights.
SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Função Social dos Contratos; 3. Contrato em Desenvolvimento; 4. Princípios Contratuais; 5. Princípio Contratual da Autonomia da Vontade; 6. Princípio do
1 SANTOS, Hantts Eugenio. Acadêmico do IV Termo do curso de Direito da AJES-Faculdade do Vale do Juruena. E-mail: [email protected]. 2 SIMIONI, Tiago José Farias. Acadêmico do IV Termo do curso de Direito da AJES-Faculdade do vale do Juruena. E-mail: [email protected]. 3 SOUZA, Jamille Fernanda Ferreira. Advogada, Pós-Graduada em Direito Público, Especialista em Direito Civil, Mestre em Direito Constitucional e Docente da AJES- Faculdade do Vale do Juruena. E-mail: [email protected].
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Consensualismo; 7. Princípio da Boa-Fé; 8. Princípio do Equilíbrio Contratual; 9 O Papel dos Direitos Humanos na Ralação Contratual; 10 Conclusão. Referências bibliográficas.
1 INTRODUÇÃO
O direito de contratar data de muitos anos, uma vez que em todo o desenvolvimento da
humanidade as relações entre indivíduos foram estabelecidas através de acordos uns com os
outros para, com isso, manterem o convívio saudável. Dessa forma, para entender o conceito
de contrato contemporaneamente faz-se necessário se aprofundar e buscar o entendimento exato
da evolução histórica dos contratos. Pois, é válido salientar que a cada processo de evolução da
sociedade o contrato passa a ser formado com características diferentes, ou seja, passa a ser
contemplado com conceitos em respeito ao pensamento do período. O evoluir da sociedade e
da inteligência humana condiciona o formato e a evolução do conceito de contrato.
Passando, então, por um enorme movimento evolutivo das sociedades pode-se em
pleno século XXI dizer que o contrato é o acordo de vontades entre pessoas com o objetivo de
se adquirir ou satisfazer alguma necessidade através de uma negociação contratual formal ou
informal. Desta feita, o contrato possui como principal função em uma sociedade promover a
circulação de riquezas e educar a sociedade em suas relações diárias, ou seja, manter a
segurança jurídica entre os diversos interesses sociais. A relação de contratação é tão normal
no dia a dia que nem si quer percebemos, ou então determinadas pessoas em meio social pensa
de forma errônea, achando que o contrato é apenas aquele onde as partes se reúnem com suas
vontades livres e de boa-fé em um papel determinando um todo contrato típico, ou seja, com
certas formalidades complexas. Porém, está colocação se encontra equivocada, pois fazemos
contratos até mesmo sem nos comunicar verbalmente com somente um movimento corporal de
confirmação da vontade.
Para fins de esclarecimentos, o contrato é um mecanismo criado pelo homem e se
desenvolveu, como já dito anteriormente, de acordo com o aprimoramento da inteligência
humana em sociedade, ou seja, desde os períodos mais remotos da humanidade o contrato vem
sendo utilizado pelos diversos grupos, através de suas formas de se relacionarem, para
manterem o controle entre eles, principalmente com o início da agricultara onde o homem passa
a valorizar certos espaços geográficos para o plantio de alimentos, e com isso estabelecendo
certas relações acordadas de limites de espaço de grupos para grupos, uma vez que através da
agricultura o homem passa a ser condicionado a ideia de propriedade. Com isso, com o
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desenvolvimento da inteligência e consequentemente o comportamento dos povos o contrato
passa a ter funções diferentes e evoluídas.
Porém, o que deve ser levado em consideração é a força de validade e cumprimento
desses contratos, ou seja, por mais que houvesse o acordo entre as partes não existia a segurança
de cumprimento do que fora acordado, provavelmente um dos motivos de tantos conflitos
ocorridos nas sociedades antigas, pois o não cumprimento do acordo acarretava disputas
territoriais e para a proteção da própria vida. O que pode ser esclarecido, também, é o caráter
de castigo físico com tortura e até mesmo a morte pelo não cumprimento do acordo em certos
períodos da história. Sendo, derradeiramente, somente com o tempo e a evolução da sociedade
que o contrato passa a ter fundamentação jurídica e com mais poder sobre os contratantes e com
novas formas de punições para o não cumprimento contratual, uma vez que o contrato passa a
fazer lei entre as partes para promover a segurança e respeito.
Somente, portanto, com o contrato social onde os povos abrem mão da liberdade para
viverem em grupo que se ocorre a consolidação da importância da relação contratual para o
convívio harmônico em sociedade. Sendo assim, o convívio em grupo fortaleceu a exigência e
a importância dos contratos para manter o equilíbrio entre todos.
2. FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
É necessário fazer uma abordagem histórica para compreender quão grande é a
importância dos contratos para o desenvolvimento harmônico e equilibrado de uma
determinada sociedade. Os dias atuais passam por um descontrolado sistema consumerista
decorrente do capitalismo. É possível afirmar, entretanto, que sem o amparo dos contratos não
existiria uma sociedade capitalista, uma vez que sem esse mecanismo as relações não seriam
compostas de segurança jurídica para o correto cumprimento dos acordos.
O princípio da função social do contrato surge como um garantidor de cumprimento dos
acordos pactuados entre as partes e, com isso, promover o equilíbrio e organizar a sociedade.
Dessa forma, é possível afirmar nos dias atuais a existência de duas funções primordiais dos
contratos, sendo a função econômica e a pedagógica social. O contrato é instrumento de
circulação de riqueza, ajudando a distribuir a renda e a gerar empregos, pois em uma perspectiva
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contemporânea, contrato é um conceito funcional e, como tal, desempenha importante papel
4
A função social dos contratos é como uma síntese que das duas funções anteriores. Os
contratos são fenômenos econômico-social. Sua importância, tanto econômica quanto
social, salta aos olhos. São meio de circulação de riquezas, e distribuição de renda,
gera empregos, promovem a dignidade humana, ensinam as pessoas a viver em
sociedade, dando-lhes noção do ordenamento jurídico em geral, ensinam as pessoas
os direitos dos outros. Esta seria a função social dos contratos: promover o bem-estar
e a dignidade dos homens, por todas as razões econômicas e pedagógicas acima
descritas. A função não serve apenas para limitar os exercícios dos direitos, mas antes
de tudo para promover a dignidade humana.5
Diante do exposto, portanto, pode-se afirmar que os contratos além de manterem o
correto desenvolvimento econômico, possuem como objetivo, também, manterem a educação
do ser humano como um ser digno, pois, com isso, garantem saudáveis relacionamentos em
meio à sociedade.
3. CONTRATO EM DESENVOLVIMENTO
O contrato muitas vezes são feitos no âmbito privados entre pessoas físicas ou então em
massa com as pessoas físicas e jurídicas. Muitas vezes, quando se faz um contrato com uma
empresa de pequeno, médio ou grande porte o indivíduo terá que abrir mão de uma parcela de
seus direitos diante do contrato, sendo este de adesão. Conforme diz o autor:
A sociedade contemporânea, doutro lado, é imediatista e consumista. Os bens e serviços são adquiridos para serem prontamente utilizados e consumidos. Rareiam os bens duráveis. As coisas tornam-se descartáveis. A economia de massa é levada pela mídia dos meios de comunicação. O que tem valor hoje não terá amanhã e vice-versa. Nesse contexto, cumpre ao jurista analisar a posição do contratante individual, aquele
o qual consegue, na sociedade capitalista, ser ao mesmo tempo a pessoa mais importante e, paradoxalmente, mais desprotegida na
4 LEÃO, Maximilliam Mayolino. A evolução dos Princípios Contratuais e sua Função Social. Revista Jurídica da UNIC/ Emam - v. 1-N. 1 Jul/dez. 2013. Disponível em: http://emam.org.br/arquivo/documentos/d987ac17-be43-4736-9a30-40397c4b7570.pdf. Acesso em: 29ago. 2016.
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relação negocial. A ingerência do direito público nesse relacionamento não retira do campo do direito privado esse exame.6
O autor nos traz a ideia do consumismo desenfreado característica da sociedade atual,
onde a mídia detém de grande poder manipulador. Infelizmente, as crianças são as que mais
sofrem com isso. Por ser um público que possui pouco criticismo, são presas pequenas para um
predador chamado de consumismo. Fazendo com que cresça como uma consumidora nata e
com isso uma escrava do capitalismo e naturalmente uma realizadora de contratos.
Não obstante, o contrato realizado em massa é fundamental para empresas que realizam
diariamente uma quantidade relativa de contratos, mas como já dito antes nem sempre o
consumidor terá todos os seus direitos reservados. Terá que abrir mão ao realizar um contrato
de adesão já que é algo padrão. Com isso, muitas pessoas podem ser alcançadas em menos
tempo e mais rápido fazendo com que o capitalismo seja movimentado.
Neste viés pode-se se chagar a uma pergunta de como ao longo dos séculos o contrato
saiu da forma verbal para o papel? E como se pode fazer contratos em massa? Ou seja, em
grandes quantidades, de forma padronizados mesmo se tratando de diferentes tipos de pessoas,
com situações econômicas desiguais. Tudo isso se dá graças a evolução do contrato, isto é, o
evoluir da inteligência humana em detrimento do passar do tempo.
Como já dito antes, o contrato não tem efeitos reservados, ou seja, não afeta unicamente
as partes, vai além, pois isso é uma das mais importantes ferramentas para que ocorra o
desenvolvimento social.
O direito romano teve um papel muito importante nestes aspectos. Os contratos dos
romanos em seu aspecto inicial são para muitos estudiosos tidos como rigoroso e sacramental.
Na idade média o direito romano evolui para um marco importante, o contrato através
de uma documentação transforma o contrato social e também a sua a obrigatoriedade no
cumprimento. Como mostra o autor:
As práticas medievais evoluem para transformar a stipulatio romana na traditio cartae, o que indica a entrega de um documento. A forma escrita passa, então, a ter predominância. A influência da Igreja e o renascimento dos estudos romanos na Idade Média vêm enfatizar o sentido obrigatório do contrato. Os costumes mercantis
VENOSA, Silvio. Teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. (Coleção direito civil; v. 2). 13ª ed. - São Paulo : Atlas, 2013, p. 385.
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dinamizam as relações e tendem a simplificar as formas contratuais. Com a escola do direito natural, assimilam-se os pactos convenções aos contratos.7
No Brasil os contratos, falando, mais atualmente, recebeu grande influência do Códigos
da Frances e Alemão, fazendo com que o contrato, automaticamente sofra grande influencias
destas duas regiões.
Não há como dizer nos dias atuais o surgimento exato do contrato nem a sociedade, mas
se sabe que o contrato segue o homem com o seu desenvolver. Por isso que quando se fala na
h
que podemos tentar, sim é buscar um período em que a sua sistematização jurídica se tornou
mais nítida, mais detectável pelo estudioso do direito ou pelo investigad 8
E quando um estudioso busca contar a relevância histórica do contrato através do ponto
de partida da Roma não quer disser que foi neste período que aconteceu o contrato, isso está
poderíamos imaginar que fora em Roma que
se deu o surgimento do negócio jurídico contratual. Mas não foi .9
Mas quando se fala no direito romano está se falando em um povo que o estruturou as
relações contratuais, passando por melhorias, suprindo as necessidades sociais ao longo do
tempo a os dias atuais. Desde de muito antes dos romanos já existia o contrato, para ser mais
exato, basicamente, quando o homem viveu com seus próximos. Como deixa claro:
Nas antigas e primitivas civilizações é possível verificar a existência de contratos. Isso porque nessa época remota da história o homem já vivia em comunidade com seu semelhante. Nesse tempo, o direito primitivo se estabelecia pelo costume e tradições chamados de leis consuetudinárias, estas regulavam os contratos e eram concebidos naquele tempo como acordos realizados, ou seja, verdadeiros pactos. Tal situação ocorria mediante as condições que o homem se deparava e diante das dificuldades que enfrentavam.10
Os contratos destes povos primitivos ou poucos desenvolvidos em relação ao contrato
7 VENOSA, Silvio. Teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. (Coleção direito civil; v. 2). 13ª ed. - São Paulo : Atlas, 2013, p. 383. 8 STOLZE, P. G.; FILHO, R. P. Teoria Geral: Novo curso de direito civil, contratos. 10ª ed. São Paulo : Saraiva, 2014, p. 40. 9 STOLZE, P. G.; FILHO, R. P. Teoria Geral: Novo curso de direito civil, contratos. 10ª ed. São Paulo : Saraiva, 2014, p. 41. 10 FERREIRA, J. S. Contratos na relação civil e seus efeitos no ordenamento jurídico brasileiro e o reflexo social de justiça. 2008, PAG. 11.
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estes povos estavam realizando o desenvolvimento contratual.
Com a chegada da Idade Média o contrato tomou um novo rumo, pois neste período,
além de passar as vistas do senhor Feudal havia todo um aspecto das influencias da religião.
Isso mudará com a transição do século XVIII para o XIX quando o homem, com a concepção
kantiana, passa a ser o centro do universo e com perceber-se que o contrato gera direito e
respaldo jurídico e que o contrato uma lei, uma obrigação que deve ser feita entre as partes para
a extinção.
Observe que no Direito Romano o contrato era instrumento para criar obrigações e não para modificá las ou extingui las. Para essas operações utilizava se dos pactos, pacta adiecta. A pacta adiecta gerava obrigação civil, mas a sua oposição não se dava pela actio e sim pela exceptio. Caso o credor exercesse o contrato pela actio desconsiderando o pactuado na pacta adiecta o devedor poderia opor a essa actio pela exceptio. 11
O que mais vale ser debatido é que não via a intervenção do Estado as pessoas
realizavam os seus contratos do jeito que quisessem se mesmo, si quer, uma segurança, pois
tinham a erronia percepção de que as pessoas realizavam o contrato por que ela simplesmente
queria realizar. Mas se notou que mesmo que um indivíduo vivendo em meio social realizava
contrato, sendo alguns deles e essenciais para a sua sobrevivência.
Foi pensando nisso que o Estado muda esta concepção para a interferência, de certo
modo, nesta questão. Pois as partes contratantes possuem o livre arbítrio para realizar o contrato
com a pessoa que quiser, sob o objeto que deseja e a forma de pagamento que ficar
convencionado. Porém, o Código Civil brasileiro e o Código do Consumidor protegem o lado
mais fraco da relação contratual que é o consumidor, e em caso de qualquer outro problema em
relação a qualquer uma das partes do contrato particular.
Basta ter uma noção, imaginar que o consumidor não ter uma proteção seria, certa forma
ruim, como por exemplo novamente em um contrato de adesão já citado, muitas das vezes é
necessário a realização do contrato para a sua dignidade, como por exemplo contrato de luz,
água, telefone, alimentícias etc. O fato é que se o consumidor não aceita o contrato o vínculo
11 ALMEIDA, J. E. A evolução histórica do conceito de contrato: em busca de um modelo democrático de contrato Âmbito Jurídico. Disponível em: < http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11306>. Acesso em: 31, ago. 2016.
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não é feito e seus benefícios não acontece. Por isso, por mais que seja um contrato padrão será
protegido o elo mais fraco desta corrente que é o consumidor.
Por fim, foi no período liberal que houve a grande opressão consumista dos mais fortes
economicamente contra os mais fracos, que eram os consumidores. Pois não havendo a
intervenção estatal em meio a sociedade o contrato fazia lei entre as partes e os mais fracos não
possuíam respaldo jurídico do Estado, ou seja, não tinham proteção ou amparo nas relações.
Foi somente com a reivindicação dos mais fracos economicamente que houve uma mudança no
paradigma estatal de Estado liberal para Estado social de direito onde passa a interferir nas
relações e manter o equilíbrio entre as partes envolvidas.
E assim, por último e atual a concepção do Estado democrático de contrato onde se
ocorre a mútua e conformidade entre diversos princípios contratuais que norteiam as relações.
Além da proteção do Estado nas negociações contratuais em sociedade tem-se, também, para o
estabelecimento do contrato algumas exigências como, por exemplo, os princípios da dignidade
da pessoa humana, a boa-fé, princípio da vulnerabilidade, princípio da transparência, princípio
da equidade, proibição de cláusulas contratuais abusivas entre outras várias.
4. PRINCIPIOS CONTRATUAIS
Inicialmente, ao se falar em princípios contratuais podemos ter como base a origem
condicionante dos contratos, ou seja, mecanismos norteadores ou reguladores das relações
contratuais que vão dar suporte aos acordos em meio à sociedade, uma vez que os princípios
refletem a realidade social.
Para o Direito existem alguns princípios pelo qual, podemos destacar como base fundamental para estabelecer um equilíbrio justo na elaboração de um contrato. As partes são livres para estipular o formalismo do contrato, desde que não seja de uma forma ilícita, sendo que uma parte lhe propõe a proposta e a outra a aceita, com o aceite, estará formado o contrato.12
12 SANTANA, Angélica. Princípios fundamentais do Direito Contratual. Revista NPI/FMR Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar. Disponível em: http://www.fmr.edu.br/npi/npi_direito_contratual.pdf. Acesso em: 27, ago. 2016.
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Dessa forma, iremos abordar alguns princípios primordiais para o respeito e
desenvolvimento dos contratos como instrumentos jurídicos. São eles: Princípio da Autonomia
da Vontade, Consensualismo e da Boa-Fé contratual.
5. PRINCÍPIO CONTRATUAL DA AUTONOMIA DA VONTADE
O princípio em destaque revela a ideia da liberdade de contratar, ou seja, as partes
envolvidas em uma determinada relação possuem total liberdade para estabelecerem o objeto
ou seus interesses no contrato, uma vez que não desrespeite o ordenamento jurídico.
No princípio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a se ligar
contratualmente, só fazendo o que achar conveniente. Importante lembrar que nesse
princípio as partes são livres para expressar sua vontade desde que não afronte leis de
ordem públicas e os bons costumes.13
6.0 PRINCIPIO DO CONSENSUALISMO
Entende-se o princípio do consensualismo como uma forma de garantir que não haja
possíveis vícios nas relações contratuais. Ou seja, para uma relação ser perfeita faz-se
necessário as partes envolvidas terem entrado em um consenso para que o negócio seja válido,
uma vez que o simples acordo entre as partes surte efeitos no contrato.
O princípio do consensualíssimo dita considerarem-se os contratos celebrados,
obrigando, pois, as partes, no momento que estas cheguem a consenso, na
conformidade com a Lei, sendo dispensado qualquer formalidade adicional. Este
Princípio é a regra geral, sendo, entretanto, limitados por várias exceções, quando a
Lei exige formalidades extras para alguns contratos.14
13 SANTANA, Angélica. Princípios fundamentais do Direito Contratual. Revista NPI/FMR Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar. Disponível em: http://www.fmr.edu.br/npi/npi_direito_contratual.pdf. Acesso em: 27, ago. 2016.
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Os contratos em regra são livres de formas, segundo o princípio da autonomia da
vontade, porém em respeito aos interesses sócias alguns contratos necessitam seguirem uma
certa formalidade para sua execução. São os contratos solenes! Que são condicionados por
certas formalidades para sua perfeita execução. Então, o simples consenso e acordo entre as
partes geram um contrato, salvo alguns que precisam respeitar certas formalidades.
7. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ CONTRATUAL
Ao se se referir a este princípio, de imediato, é válido caracterizá-lo como um meio de
se observar a lealdade, respeito e confiança entre as partes envolvidas. Pois, com isso é possível
avaliar qual a intenção das partes envolvidas e garantir a reciprocidade na relação. É de extrema
importância esse princípio, uma vez que atua como garantidor do respeito harmônico entre os
sujeitos nas relações contratuais. Pois, mantem o equilíbrio entre os envolvidos e garante que
não venha ocorrer possíveis conflitos pessoais.
Boa- -fé objetiva
respeitando seus interesses legítimos, suas expectativas razoáveis, seus direitos,
agindo com lealdade, sem abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem
excessiva, gerando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo
contratual e a realização de interesses das partes.15
8. PRINCIPIO DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL
O contrato, em regra, pode ser estabelecido como as partes assim determinarem, porém
em respeito ao princípio do equilíbrio contratual faz-se necessário que as partes contratantes
estejam em pé de igualdade econômica, por exemplo, mantendo um equilíbrio recíproco.
Disponível em < http://www.conjur.com.br/2007-out-06/aplicacao_principio_boa-fe_relacoes_contratuais> Acesso em 12.set.2016, às 23h40
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O Código de Defesa do Consumidor engloba uma série de regras das quais se deduz
o princípio do equilíbrio contratual absoluto. De acordo com esse princípio, o contrato
não pode estabelecer desmesuradamente prerrogativas ao fornecedor sem fixar iguais
vantagens ao consumidor. É defeso uma das partes na relação jurídica de consumo,
obter vantagem manifestamente excessiva em detrimento da outra. Por essa razão foi
atribuída a nulidade de pleno direito à cláusula que, em desfavor do consumidor, vem
estabelecer obrigações iníquas, abusivas, que o coloquem em desvantagem exagerada
(art. 51, IV, do CDC). O princípio enfocado tem como fundamento a proteção da parte
mais fraca da relação contratual consumerista, porque visa colocar em situação de
equilíbrio pessoas social e economicamente distintas. 16
É valido destacar que no contrato de consumo, sendo um contrato onde uma das partes
adquiri um bem ou produto como destinatário final, e a outra fornece, sendo a empresa, ocorre
um desequilíbrio entre as partes, pois nesse caso o consumidor sempre estará em fragilidade em
relação ao fornecedor. Porém, houve o estabelecimento do Código de Defesa do Consumidor
(CDC), que surge para manter o equilíbrio entre a relação de consumidor frágil e fornecedor
forte.
9. O PAPEL DOS DIREITO HUMANOS NA RELAÇÃO CONTRATUAL
O contrato celebrado entre as partes sobre um objeto ou um serviço é livre, pois segue
o princípio da autonomia privada, ou seja, se uma pessoa quiser comprar casa, moto ou carro
etc. não terá nenhum problema. Porém, nem tudo pede ser um objeto ou serviço de uma relação
contratual.
Não há como, por exemplo, de se fazer um contrato que uma pessoa cede à outra, partes
de seu corpo para outra pessoa, ou então, realizar um contrato para vender um ser humano ou
um contrato que possui clausulas de torturas. Todos os exemplos citados ferem princípios
contratuais além dos direitos humanos das pessoas. Esses direitos humanos são inerentes a
pessoa, ou seja, o simples fato de ser um ser humano, uma pessoa, já é suficiente para ter tais
direitos.
Por muitos anos os seres humanos podiam vender pessoas, como os negros no Brasil
ou, até mesmo, os Brancos durante a dominação Romana. E oferecer a estas pessoas serviços
16 Disponível em http://jfescrevendodireito.blogspot.com.br/2011/04/o-principio-do-equilibrio-contratual-no.html. Acesso em 12.ago.2016, às 23h30
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sob condições desumanas além de serem sob torturas e maus tratos. É claro que quando se fala
sobre direitos humanos se reflete em níveis internacionais. Por isso, diversos países se reúnem
para celebrar um pacto para que se exercem os direitos fundamentais dos seres humanos que
vária de países e Estados, mas tendo como fundamental e base os direitos humanos.
Neste ponto se faz a relação dos direitos humanos com a relação contratual, pois
algumas coisas que pode ser objeto de contrato em um determinado país pode não ser em outro.
Por mais que ocorra esta variação de objetos contratuais os países que celebram estes tratados
e convenções de direitos humanos não ferirá os direitos oriundos básicos dos seres humanos
em suas relações privadas.
Fazendo ressaltar que, como dito antes, o contrato não precisa necessariamente ser
aquele de papel escrito expresso e assinado pelas partes e com testemunha. Há diversas formas
de se celebrar um contrato. Os países que não realizaram os tratados internacionais que
promovem os direitos humanos, mesmo assim apresentam em sua integra aspectos semelhantes
em seu meio social. Pois, por exemplo, matar o próximo é crime, mesmo sendo permitido a
pena de morte em alguns países, mas matar civilmente o próximo seria crime, a pessoa que
comete este feito recebe alguma penalidade, mesmo até sendo algumas tribos e clãs. É um
direito da pessoa humana de andar nas ruas, de viver em meio social sem o medo de serem
mortos, pois isso não pode ser feito. Desta forma, se feito será considerado crime.
Cada estado em cada pais possuem os seus direitos fundamentais e no caso do Brasil
está protegida na Constituição Brasileira vigente a previsão da dignidade da pessoa humana.
Quando feita tratados ou convenção de direito humanos podem apresentar a importância ou
nível de uma emenda à Constituição brasileira.
O brasil é pioneiro em celebrar os tratados e convenções internacionais de direitos
humanos, como deixa claro o autor:
O Brasil é signatário de diversas convenções e tratados internacionais sobre direitos
humanos, como a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José
da Costa Rica), o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, o Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a Convenção Contra a
Tortura, a Convenção sobre a Eliminação da Discriminação Racial, a Convenção da
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Eliminação da Discriminação contra a Mulher, a Convenção dos Direitos da Criança,
dentre outros.17
Estes direitos humanos refletem, sem dúvidas nas relações contratuais, onde precisa
seguir os direitos fundamentais, pois se não estar em acordo com os mesmos o contrato poderá
ser inválido, não apresentando o respaldo jurídicos. Antigamente os contratos realizados em
meio social era livre sem que o Estado intervisse na relação, porém isso muda. Nos dias atuais
o Estado toma um papel importante, pois por mais que as partes que celebram a relação
contratual tenham o princípio da autonomia privada o Estado vem no intuito de garantir a
igualdade e os demais direitos para que assim o contrato seja válido e cumpra a sua função
social para que é feita.
Portanto, os direitos humanos e os direitos fundamentais são necessários em uma relação
contratual, pois juntamente com princípios basilares irão reger o contrato e a sua relação e com
isso lhe torná-lo válido promovendo a circulação de riquezas para que assim ocorra o
desenvolvimento da sociedade.
10. CONCLUSÃO
Para concluir o trabalho, portanto, foi destacado no transcorrer das informações
anteriores que é notória a evolução dos mecanismos contratuais ao longo do tempo, uma vez
que de contratos firmados por meros comportamento decorrentes dos costumes antigos de uma
sociedade passaram, de forma lenta, mas significativa, para instrumentos fundamentados e
aperfeiçoados juridicamente para atender o desenvolvimento da vida humana em grupos. Ou
seja, sendo o ser humano dotado de grande inteligência foi-se aprimorando e se adequando às
relações em convívio de acordo com a necessidade da humanidade. Os princípios destacados
são os meios basilares para que exista o equilíbrio entre os contratantes e o respeito recíproco
entre os mesmos. É válido apontar, também, a importância dos direitos humanos nessas
relações, uma vez que garante que não seja violado ou venha colocar em riscos o desenvolver
humano. Neste viés, vale ressaltar que em uma relação contratual, mesmo sendo diferentes
TEPEDINO, Gustavo. A INFLUÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS NO DIREITO CIVIL BRASILEIRO, pag. 8. Disponível em: < http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=8cacb05141a62321>
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povos e, com isso, com diferentes culturas se faz jus o dever de obedecer ou, ao menos, respeitar
o todo ou pelo menos parcelas dos Direitos básicos oriundos dos seres humanos. Assim,
conclui-se a temática central do trabalho que se fundou em evidenciar o surgimento, evolução
e importância dos denominados contratos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FERREIRA, J. S. CONTRATOS NA RELAÇÃO CIVIL E SEUS EFEITOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E O REFLEXO SOCIAL DE JUSTIÇA. 2008, PAG. 11.
FIUZA, César. Direito Civil. (Curso completo). 13ª ed. Belo Horizonte : Del Rey, 2009, p. 406.
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LEÃO, Maximilliam Mayolino. A evolução dos Princípios Contratuais e sua Função Social. Revista Jurídica da UNIC/ Emam - v. 1-N. 1 Jul/dez. 2013. Disponível em: http://emam.org.br/arquivo/documentos/d987ac17-be43-4736-9a30-40397c4b7570.pdf. Acesso em: 29, ago. 2016.
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TEPEDINO, Gustavo. A INFLUÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS NO DIREITO CIVIL BRASILEIRO, pag. 8. Disponível em: < http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=8cacb05141a62321>. Acesso em: 31, ago. 2016.
VENOSA, Silvio. Teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 13. ed. - São Paulo: Atlas, 2013. (Coleção direito civil; v. 2), Pag. 385.
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Disponível em < http://www.conjur.com.br/2007-out-06/aplicacao_principio_boa-fe_relacoes_contratuais> Acesso em 12.set.2016, às 23h40 Disponível em http://jfescrevendodireito.blogspot.com.br/2011/04/o-principio-do-equilibrio-contratual-no.html. Acesso em 12.set.2016, às 23h30