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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL
FARELO DO BAGAÇO DE CAJU NA RESTRIÇÃO
ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS EM
TERMINAÇÃO
APAULIANA DANIELA LIMA DA SILVA
MACAÍBA/RN - BRASIL
MARÇO/2015
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APAULIANA DANIELA LIMA DA SILVA
FARELO DO BAGAÇO DE CAJU NA RESTRIÇÃO
ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS EM
TERMINAÇÃO
Orientador: Prof. Dr. José Aparecido Moreira
MACAÍBA/RN - BRASIL
MARÇO/2015
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação
em Produção Animal da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte das exigências para
obtenção do título de Mestre em Produção Animal. Rio
Grande do Norte.
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Silva, Apauliana Daniela Lima da. Farelo do bagaço de caju na restrição alimentar qualitativa para suínos em Terminação / Apauliana Daniela Lima da Silva. – Macaíba, RN, 2015.
93 f. - Orientador (a): Prof. Dr. José Aparecido Moreira. . Dissertação (Mestrado em Produção Animal). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. Programa de Pós- Graduação em Produção Animal. 1. Alimento Alternativo - Dissertação. 2. Fibra - Dissertação. 3. Gordura – Dissertação. 4. Histomorfologia – Dissertação. 5. Qualidade da Carne – Dissertação. 6.Suinocultura - Dissertação. I. Moreira, José Aparecido. I. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba. IV. Título. RN/UFRN/BSPRH CDU: 636.03
Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da Publicação na Fonte.
Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias Campus Macaíba Biblioteca Setorial Professor Rodolfo Helinski
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APAULIANA DANIELA LIMA DA SILVA
FARELO DE BAGAÇO DE CAJU NA RESTRIÇÃO
ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS EM
TERMINAÇÃO
APROVADA EM ____/____/____
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________________________
Prof. Dr. José Aparecido Moreira (UFRN)
Orientador
_____________________________________________________
Prof. Dr. Leonardo Atta Farias (UFPI)
_____________________________________________________
Prof. Dr. Elisanie Neiva Magalhães Teixeira (UFRN)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em
Produção Animal da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte como parte das exigências para obtenção do título
de Mestre em Produção Animal. Rio Grande do Norte.
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Dedico este trabalho a DEUS, pois sem Ele nada seria possível.
Só Ele é digno de toda Honra, Glória e Louvor.
Ao meu pai Alcidesio Alves da Silva e a minha mãe Maria
Estela de Lima. Os principais responsáveis por minha formação,
dedicando-me sempre amor, carinho e apoio, serei imensamente grata.
Amo vocês!
Ao meu Irmão Paulo Cesar da Silva e a toda minha família pelo
amor, carinho e ajuda em todos os momentos da minha vida.
Ao meu querido marido Fernando de Lima pelo amor, carinho,
paciência, compreensão, e colaboração nessa importante etapa da
minha vida. Obrigada.
Com Amor
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AGRADECIMENTOS
À Deus, por Seu imenso amor e por estar sempre presente na minha vida, dando-me
força e coragem para enfrentar as dificuldades e pelas várias vitórias que me tendes
proporcionado.
Aos meus familiares e amigos que de muitas formas me incentivaram e ajudaram
nessa longa caminhada acadêmica.
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte pela possibilidade da realização da
presente dissertação.
Ao Programa de Pós Graduação em Produção Animal por me dar todas as
ferramentas necessárias para que eu pudesse desenvolver e aperfeiçoar meus
conhecimentos.
Ao coordenador e o vice – Coordenador do PPGPA, pelo apoio e pela contribuição
fundamental para realização desse trabalho. Sou grata, ao Professor Dr. Gelson dos Santos
Difante pela dedicação dada a mim e aos demais alunos da pós-graduação.
Ao Professor Dr. José Aparecido Moreira pelo apoio, paciência, respeito e
ensinamentos transmitidos no decorrer do curso, mostrando-se além de grande orientador,
um grande amigo. Meu muito obrigado pela confiança, pelas oportunidades, enfim, o
senhor sabe como ninguém o quanto foi e será importante na minha trajetória.
Ao laboratório de nutrição animal da UFRN, principalmente ao Professor Dr.
Emerson Moreira Aguiar e a Bruna Maria Emerenciano das chagas pela assistência
imprescindível para execução deste trabalho.
Aos meus colegas e companheiros do Grupo GEPSUÍ Guevara, Sara, Clara, Careli,
Emanuelle, Ielmon, Ingrid, Hugo, Rafael, Sebastião, Lorena, Alane, Iasmim Mangabeira,
Rômulo, Iralice e ao Cristovão “Seu Bira”, funcionário da EAJ, pela paciência e
contribuição fundamental para a realização desse trabalho.
À todos meus colegas e amigos da pós graduação, principalmente a Turma 2013.1,
pela amizade e pelos ótimos momentos compartilhados nesses dois anos. Quero destacar e
agradecer, dentre estas pessoas, Jully Anne companheira e amiga em todos os momentos,
Leonardo, Fernanda, Vitor, Priscila, Guevara, , Kivya, Fabrício e Karen.
À todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para esta formação que se
torna mais uma vitória em minha vida, os meus sinceros agradecimentos.
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“Não tenha Medo, Tenha fé”
(Marcos 5:36)
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FARELO DO BAGAÇO DE CAJU NA RESTRIÇÃO
ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS EM
TERMINAÇÃO
SILVA, A.D.L. FARELO DO BAGAÇO DE CAJU NA RESTRIÇÃO ALIMENTAR
QUALITATIVA PARA SUÍNOS EM TERMINAÇÃO. 2015. 93f. Dissertação (Mestrado
em Produção Animal: Sub área: Nutrição de Monogástricos. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Macaíba- RN 2015.
RESUMO
Objetivou-se com este estudo avaliar os efeitos do farelo do bagaço de caju (FBC) como
ingrediente de rações em programas de restrição alimentar sobre as características da
carcaça, qualidade da carne, peso dos órgãos e morfometria intestinal de suínos machos
castrados e fêmeas. Foram utilizados vinte e quatro suínos mestiços (12 machos castrados e
12 fêmeas) com peso médio inicial de 57,93 ± 3,67 kg/PV. O delineamento experimental
foi o de blocos casualizados em um esquema fatorial 3x2, sendo três níveis (0%, 15% e
30% de FBC), dois sexos e quatro repetições. Totalizando 24 parcelas. Os tratamentos
foram compostos por uma dieta basal (DB), formulada com milho, farelo de soja e núcleo
comercial para suínos em terminação, contendo diferentes níveis de FBC. No final do
período experimental os animais foram abatidos para a avaliação da carcaça, qualidade da
carne, peso absoluto (PA) e peso relativo (PR) dos órgãos e estudo morfométrico de
fragmento do intestino delgado. A inclusão de FBC nas dietas não afetou a qualidade das
carcaças das fêmeas, mas interferiu positivamente nas carcaças dos machos castrados,
aumentando o rendimento de carne na carcaça resfriada e reduzindo a espessura de
toucinho, sem afetar o perfil dos ácidos graxos. Observou-se aumento do peso dos órgãos e
volume parcial da mucosa absortiva das fêmeas. Quando se comparou os resultados entre
sexo, os machos apresentaram maior peso do fígado e densidade de superfície da mucosa
absortiva. O FBC apresentou-se como um ingrediente a ser utilizado em programas de
restrição alimentar qualitativa para suínos na fase de terminação.
Palavras–chave: alimento alternativo, fibra, gordura, histomorfologia, qualidade da carne,
suinocultura
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CASHEW BAGASSE BRAN IN QUALITATIVE FEED
RESTRICTION FOR FINISHING PIGS
SILVA, A.D.L. CASHEW BAGASSE BRAN IN QUALITATIVE FEED RESTRICTION
FOR FINISHING PIGS. 2015. 93f. Dissertation in Animal Production. Area of
Concentration: Nutrition of monogastric. Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Macaíba RN- 2015.
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the effects of the use of cashew bagasse bran
(CBB) as food ingredient in qualitative feed restriction programs on the carcass traits, meat
quality, organs weight and intestinal morphometry of barrows and gilts. Twenty – four
crossbred pigs were used (12 barrows and 12 gilts) with an average initial body weight of
57.93 ± 3.67 kg/LW. The experimental designs was in randomized blocks 3x2 factorial
arrangement with three level (0%, 15% e 30% CBB), two genders (barrows and gilts) and
four repetition. A total of twenty-four instalments. The treatments were composed of basal
diet (BD) formulated with corn, soybean meal and commercial base mix for finishing pigs,
being containing different levels of CBB. At the end of the trial period the animals were
slaughtered for the evaluation of the meat quality, traits carcass, Absolute Weight (AW)
and Relative Weight (RW) of the organs and morphometric study of small intestine
fragment. The inclusion of (CBB) in the diets did not affect the traits carcass of gilts, but
interfered in the traits carcass of the barrow positively, increasing the yield of meat
into cold carcass and reducing the thickness of subcutaneous fat, without affecting the
fatty acid profile. However, we observed increased weight of organs and partial volume of
absortiva mucosa of gilts. In the comparison between sex was observed a greater liver
weight (AW) and (RW), and surface density of absortiva mucosa of barrow. The use of
CBB was considered as ingredient to be used in programs of qualitative feed restriction for
finishing pigs.
Keywords: alternative food, meat quality, fat, fiber, histomorphology, pig farming
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LISTA DE TABELAS
RESTRIÇÃO ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS NA FASE DE
TERMINAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DA CARNE E PERFIL DOS ÁCIDOS
GRAXOS
Tabela 1. Composição das dietas experimentais para suínos em terminação.....................43
Tabela 2. Características da carcaça e da qualidade da carne de suínos alimentados com
farelo do bagaço de caju......................................................................................................46
Tabela 3. Perfil dos ácidos graxos no músculo Longissimus dorsi de suínos alimentados
com farelo do bagaço de caju..............................................................................................50
Tabela 4. Perfil dos ácidos graxos no tecido adiposo de suínos alimentados com farelo do
bagaço de caju.....................................................................................................................51
RESTRIÇÃO ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS NA FASE DE
TERMINAÇÃO SOBRE O PESO DOS ÓRGÃOS E MORFOMETRIA
INTESTINAL
Tabela 1. Composição das dietas experimentais para suínos em terminação.....................66
Tabela 2. Peso dos órgãos de suínos alimentados com farelo do bagaço de caju...............69
Tabela 3. Morfometria intestinal de suínos alimentados com farelo do bagaço de
caju.......................................................................................................................................72
11
SUMÁRIO
1. FIBRA DIETÉTICA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS.................................16
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................16
RESUMO.......................................................................................................................16
ABSTRACT...................................................................................................................16
INTRODUÇÃO..............................................................................................................17
CONCEITO DE FIBRA DIETÉTICA...........................................................................18
USO DA FIBRA EM PROGRAMA DE RESTRIÇÃO ALIMENTAR
QUALITATIVA.............................................................................................................20
INFLUÊNCIA DA FIBRA SOBRE A CATEGORIA ANIMAL..................................21
INFLUÊNCIA DA FIBRA NO CONTEÚDO GASTROINTESTINAL......................24
INFLUÊNCIA DA FIBRA SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA........26
CONCLUSÃO................................................................................................................28
REFERÊNCIAS.............................................................................................................28
NORMAS DA REVISTA CIÊNCIA RURAL..............................................................34
2. RESTRIÇÃO ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS NA FASE DE
TERMINAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DA CARNE E PERFIL DOS
ÁCIDOS GRAXOS................................................................................................39
RESUMO.......................................................................................................................39
ABSTRACT...................................................................................................................40
INTRODUÇÃO..............................................................................................................40
MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................42
RESULTADO E DISCUSSÃO......................................................................................45
CONCLUSÃO................................................................................................................52
AGRADECIMENTOS...................................................................................................52
REFERÊNCIAS.............................................................................................................52
NORMAS DA REVISTA ARQUIVO BRASILEIRO DE MEDICINA
VETERINÁRIA E ZOOTECNIA..................................................................................56
3. RESTRIÇÃO ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS NA FASE DE
TERMINAÇÃO SOBRE O PESO DOS ÓRGÃOS E MORFOMETRIA
INTESTINAL.........................................................................................................62
RESUMO.......................................................................................................................62
ABSTRACT...................................................................................................................63
INTRODUÇÃO..............................................................................................................64
MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................65
12
RESULTADO E DISCUSSÃO......................................................................................69
CONCLUSÃO................................................................................................................74
AGRADECIMENTOS...................................................................................................74
REFERÊNCIAS.............................................................................................................74
NORMAS DA REVISTA BRASILEIRA DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL......78
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................82
5. ANEXOS.................................................................................................................83
PROTOCOLO CEUA..................................................................................................94
13
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A suinocultura no Brasil vem ocupando posição de destaque como uma atividade
de importância no cenário econômico e social. Atualmente, a suinocultura brasileira esta
entre os maiores produtores e exportadores de carne suína no mundo. No entanto, um dos
entraves para o sucesso da suinocultura é o custo com alimentação. Durante grande parte
do ano os criadores de suínos passam por dificuldades, devido à oscilação na orfeta de
grãos, no caso do milho e farelo de soja, alimentos tradicionais na dieta dos suínos,
havendo por conseqüência significativa interferência nos custos de produção. Uma
alternativa plausível para amenizar esta situação seria o uso dos alimentos alternativos.
Na região Nordeste, a suinocultura tecnificada tem crescido bastante, apesar, da
produção de grãos não tenha acompanhado esse crescimento. Assim, estudos buscam
viabilizar a utilização de alimentos alternativos na substituição parcial do milho e da soja,
que em determinada época do ano podem ter seus valores elevados.
Entre os vários alimentos alternativos possíveis de serem utilizados, destaca-se o
bagaço de caju, subprodtudo da indústria do suco de caju, é normalmente desperdiçado, e
que pode ser utilizado na alimentação animal. No entanto, contém altos teores de fibras,
que pode limitar a produtividade animal e influenciar na morfologia da mucosa intestinal
dos suínos.
A alimentação de suínos com fibra dietética pode representar um manejo
nutricional alternativo, especialmente quando se objetiva a melhoria dos parâmetros da
carcaça de animais criados para o atual mercador consumidor, que apresenta preferencia
por carcaças leves com menor teor de gordura. A deposição de gordura indesejada pode ser
evitada ou reduzida por meio da restrição alimentar qualitativa, que tem como objetivo
reduzir o consumo de energia digestível e proporcionar melhoria na qualidade da carcaça
suína.
As pesquisas sobre o potencial destes alimentos fibrosos na produção suína são
recomendadas, particularmente as interações entre os efeitos fisiológicos e associativos
sobre a morfohistologia dos órgãos intestinais e as caracteristicas da carcaça, causados pelo
conteúdo fibroso variável, existente entre os diversos ingredientes e fontes alimentares.
14
Neste contexto, objetivou-se com este estudo avaliar os efeitos do farelo do bagaço
de caju como ingrediente de rações em programas de restrição alimentar sobre as
características da carcaça, qualidade da carne, peso dos órgãos e morfometria intestinal de
suínos machos castrados e fêmeas em terminação.
Estruturalmente, esta dissertação foi dividida em consideração inicial e três
capítulos, sendo o primeiro capítulo “Fibra dietética na alimentação de suínos – Revisão
bibliográfica” – redigido segundo as normas, para publicação, da Revista Ciência Rural, o
segundo capítulo “Restrição alimentar qualitativa para suínos na fase de terminação sobre a
qualidade da carne e perfil dos ácidos graxos”- redigido segundo as normas para
publicação do Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, e o terceiro
capítulo “Restrição alimentar qualitativa para suínos na fase de terminação sobre peso dos
órgãos e morfometria intestinal” - redigido segundo as normas para publicação da Revista
Brasileira de Saúde e Produção Animal. Também constam do trabalho os itens,
considerações finais e referências bibliográficas.
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1. FIBRA DIETÉTICA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS
Trabalho que será submetido à revista:
Ciência Rural
Página eletrônica:
www.ufsm.br/ccr/revista ISSN: 0103-8478
16
Fibra dietética na alimentação de suínos
Dietary fiber in swine feeding
Apauliana Daniela Lima da SilvaI*
José Aparecido MoreiraI
(I) Pós Graduação em produção Animal, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), Campus Universitário Lagoa Nova, Caixa Postal 1524, CEP 59078-900, Natal,
Rio Grande do Norte, Brasil. E-mail: [email protected]. *Autor para
correspondência.
-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA-
RESUMO
Os estudos buscam viabilizar a utilização de alimentos fibrosos em dietas para
suínos na substituição de forma adequada dos ingredientes que são utilizados na elaboração
das rações para esta espécie. Sendo os suínos animais monogástricos de ceco simples, eles
possuem capacidade limitada para aproveitar eficientemente os alimentos que contém altos
teores de fibras. Porém, um dos benefícios da inclusão de alimentos fibrosos na dieta de
suínos é ativação mais rápida do centro de saciedade cerebral, mediante a dilatação das
paredes do estômago, que tornam a digestão dos ingredientes mais lenta pela menor taxa
de passagem gastrointestinal. Assim objetivou-se com este artigo revisar alguns aspectos
da utilização de fibra pelos suínos, bem como os efeitos sobre a qualidade da carne e
morfologia dos orgãos.
Palavras-chave: alimentos alternativos, dietas fibrosas, qualidade da carne, suinocultura
ABSTRACT
The studies seek to enable the use of fibrous foods in diets for pigs in the
replacement of properly of the ingredient that are used in the preparation of feed for this
species. Being the pigs of monogastricanimals cecum simple, they have limited ability to
use efficiently the food that contains high levels of fiber. However, one of the benefits of
the inclusion of fibrous foods in the diet of pigs is thi activation more quickly the brain
17
satiety center of the pigs by dilation of the stomach walls, and make the digestion of
ingredients slower by the lower rate of gastrointestinal passage. The objective of this
article is to review some aspects of the use of fiber by the pigs, as well as the effects on
meat quality and morphology of organs.
Key words: alternative food, fibrous diets, pig farming, quality of meat
INTRODUÇÃO
A suinocultura brasileira ocupa posição de destaque, entre os maiores produtores e
exportadores de carne suína no mundo. No entanto, um dos entraves para os criadores de
suíno, que acomete grande parte do ano é a oscilação na oferta de grãos, tendo como
consequência a interferência no custo de produção, podendo até inviabilizar a produção de
suínos em algumas regiões (ALBUQUERQUE et al., 2011).
Na suinocultura a alimentação é responsável pela maior parcela do custo de
produção. Assim, estudos buscam viabilizar a utilização de alimentos alternativos na
substituição daqueles tradicionais, como milho e farelo de soja, que em determinada época
do ano podem ter seus valores elevados. Entre os vários alimentos alternativos possíveis de
serem utilizados, destacam-se a casca e farinha de mandioca, farelo de castanha de caju,
bagaço de caju desidratado, resíduo de panificação, polpa cítrica, dentre outros
(RODRIGUES et al., 2003).
O bagaço do caju, subproduto da indústria do suco do caju, é um ingrediente
normalmente desperdiçado no Nordeste, mas é um alimento que possui um bom valor
nutritivo, podendo ser utilizado em dietas para suínos, porém contém altos teores de fibras.
Sendo os suínos animais monogástricos de ceco simples, eles possuem capacidade limitada
para aproveitar eficientemente os alimentos que contém altos teores de fibras (FARIAS et
al., 2008)
As fibras, também chamadas de polissacarídeos não-amídicos (PNA), são
classificados em solúveis (pectinas, gomas e hemicelulose) e insolúveis (celulose, lignina e
algumas hemiceluloses) (TAVERNARI et al., 2008). Para animais monogástricos, a
celulose apresenta baixa digestibilidade, podendo reduzir a digestibilidade de outros
nutrientes.
18
Porém, um dos benefícios da inclusão de polissacarídeos não-amídicos solúveis na
dieta de suínos, (RAMONET et al., 1999) é a ativação mais rapidamente do centro de
saciedade cerebral dos suínos, mediante a dilatação das paredes do estômago, que tornam a
digestão dos ingredientes mais lenta pela menor taxa de passagem gastrointestinal. Isso faz
com que os animais com restrição alimentar quantitativa permaneçam menos tempo em
condição de estresse, por causa da sensação de fome.
A possibilidade de se aumentar o uso de subprodutos de elevado teor de fibra e
forragens na produção de suínos, tem sido estudada por diversos pesquisadores (GOMES
et al., 2007; WATANABE et al., 2007; FARIAS et al., 2008; GENTILINI et al., 2008;
GOMES et al., 2008; ALBUQUERQUE et al., 2011).
A alimentação de suínos com fibra dietetica na fase de terminação pode representar
um manejo nutricional/alimentar alternativo, especialmente quando se objetiva a melhoria
dos parâmetros de carcaça de animais criados para o atual mercado consumidor, que
apresenta preferência por carcaças mais leves, com maiores rendimentos de cortes e de
carne magra nas carcaças. A demanda de mercado tem forçado a adoção da tipificação de
carcaças que identificam a quantidade de carne magra como critério para o pagamento de
bônus para os produtores, ou seja, carcaças com maior quantidade de carne significam
preços maiores (GOMES et al., 2008).
As fibras dietéticas também podem influenciar na morfologia da mucosa intestinal,
alterando a altura das vilosidades, profundidade das criptas e o número de células
caliciformes (AROUCA et al., 2012). A redução da altura das vilosidades pode ocasionar
diminuição da atividade enzimática no intestino e consequentemente, menor absorção de
nutrientes e desequilíbrio hídrico.
Os estudos e as pesquisas sobre o potencial destes alimentos fibrosos na produção
suína são recomendados, particularmente as interações entre os efeitos fisiológicos e
associativos sobre a morfohistologia dos órgãos intestinais e as caracteristicas da carcaça,
causados pelo conteúdo fibroso variável, existente entre os diversos ingredientes e fontes
alimentares.
Conceito de Fibra Dietética
Os carboidratos (CHO) são formados por átomos de carbono, hidrogênio e
oxigênio, distribuidos, muitas vezes, em longas cadeias de moléculas repetidas de açúcares
19
simples. Existem três tipos principais de carboidratos oriundos de vegetais: açúcares,
amidos e fibras. São as principais fontes de energia na dieta animal e integram uma grande
variedade de compostos orgânicos que possuem diferentes perfis de fermentação e
digestão, atuando de maneira distinta no organismo animal (LIMA et al., 2006).
As fibras são classificadas em solúveis e insolúveis. A fibra sóluvel é caracterizada
por ser altamente fermentavél e ter a capacidade de se ligar à água e formar géis. Desta
forma, a presença de fibra soluvel na dieta pode aumentar a viscosidade da digesta,
levando à diminuição do contato enzimas – substrato. No trato gastrintestinal, retardam o
tempo de transito intestinal e o esvaziamento gastrico, diminuem o ritmo de absorção de
glicose, são substratos para fermentação bacteriana que resultam em gases e ácidos graxos
de cadeia curta (AGCC), que são absorvidos e metabolizados pelos suínos (BRITTO &
CRUZ, 2000; TUNGLAND & MEYER, 2002; ANGUITA et al., 2006).
As fibras solúveis são as pectinas, gomas e hemiceluloses (TAVERNARI et al.,
2008).
a) Pectina: As pectinas são mais abundantes em leguminosas do que em
gramíneas, e estão presentes em concentrações significativas em certos subprodutos agro-
industriais como as polpas de beterraba e de citrus. As pectinas diferem das moléculas
amiláceas pela posição axial da ligação no carbono-4, não sendo atacadas pelas amilases,
entretanto, são susceptíveis a ação microbiana (BRITO et al., 2008).
b) Gomas: são polissacarídeos com um número variável de monossacarídeos
em sua cadeia, ou seja, são polissacarídeos complexos. São consideradas parte não
estrutural das plantas e têm alta capacidade de formação de gel, por isso é amplamente
utilizada na indústria alimentícia como emulsificante ou estabilizante de alimentos. Na
alimentação são encontradas em farelo de aveia e farelo de cevada (TARVENARI et al.,
2008).
c) Hemicelulose: caracterizam-se como heteropolissacarídeos de estrutura
complexa e heterogênea, mas com um grau de polimerização inferior ao da celulose. São
unidas por ligações glicosídicas b, aliados a açúcares residuais como xilose, arabinose,
glicose, manose, galactose e ácido glicurônico (CONTE et al., 2003).
A fibra insolúvel faz parte da estrutura das células vegetais. Apresentam efeito
mecânico no trato gastrintestinal, são pouco fermentáveis, aceleram o tempo de transito
intestinal. Porém, podem irritar a mucosa intestinal por abrasão mecânica, levando a
20
aumentos nas secrecões de muco e água e redução na altura das vilosidades (JIN et al.,
1994).
As fibras insolúveis são as celuloses, ligninas e algumas hemiceluloses
(TAVERNARI et al., 2008).
a) Celulose: é um polímero de cadeia longa composto de um só monômero
(glicose), unidas por ligações do tipo b-1,4 e b-1,6. A relação lignina/celulose determina a
intensidade de degradação microbiana da parede celular, igualmente condicionada pela
presença de outras substâncias incrustantes como a sílica e a cutina, além de fatores
macromoleculares intrínsecos da própria celulose, como a cristalinidade e especificidade
de suas ligações químicas, tanto para ruminantes como em não-ruminantes (BRITO et al.,
2008).
b) Lignina: Está presente em pequenas quantidades em forragens tenras ou
jovens, tendendo a aumentar em função do estado de maturação das plantas e do ambiente
em que se desenvolvem, assim como subprodutos agrícolas que incluem talos, cascas e
palhas, não é utilizada pelos animais e pode reduzir em até três vezes a digestibilidade da
matéria seca (BRITO et al., 2008). Ela possue forte capacidade de ligação iônica com
elementos minerais interferindo negativamente na absorção de minerais e impedindo que
as enzimas dos microorganismos atuem nos polissacarídeos (ARRUDA et al., 2003).
A fibra dietética pode ser considerada como a fração do alimento não digerível
pelas enzimas endógenas dos animais, mas passível de hidrólise no intestino grosso por
meio da fermentação microbiana (TUNGLAND & MEYER, 2002).
O efeito da fibra tem sido avaliado por diversos pesquisadores pelos seus aspectos
benéficos na nutrição, no bem-estar e na saúde intestinal dos suínos em diferentes fases
fisiológicas (PASCOAL & WATANABE, 2014).
Uso da fibra dietética em programa de restrição alimentar qualitativa
A restrição alimentar utilizada pelos produtores na fase de terminação tem como
objetivo de diminuir a deposição de gordura subcutânea e aumentar o tecido magro na
carcaça. A restrição alimentar pode ser quantitativa ou qualitativa (MOREIRA et al.,
2007).
A restrição quantitativa tem como finalidade reduzir a quantidade de alimento
ingerido pelo animal, o que proporciona redução do volume de dejetos. No entanto, essa
21
restrição requer algumas adaptações nas instalações que geram aumento de custos de
produção além do estresse causado aos animais, que pode alterar a qualidade da carne.
Na restrição qualitativa, os suínos são submetidos a rações fibrosas visando esgotar
a capacidade digestiva e promover a redução de consumo de energia digestível, resultando
em redução na gordura da carcaça. Entretanto, a adição de fibra às rações pode levar maior
excreção e produção de dejetos, por conseqüência, dos nutrientes que podem ser poluentes
(GOMES et al., 2008).
FRAGA et al. (2008) observaram piora na conversão alimentar e melhora na
eficiência energética, sem alteração no ganho de peso e em carne magra, redução da
espessura de toucinho e aumento da porcentagem e quantidade de carne magra e do índice
de bonificação das carcaças de suínos abatidos com 128 kg, quando reduziram a energia
digestível entre 3.400 e 2.720 kcal kg-1
.
O uso de alimentos fibrosos tem como finalidade o controle do ganho de peso
adicional pela diminuição da deposição do tecido adiposo. Porém, a fibra pode ser um
componente crítico em rações de animais não-ruminantes, pois quando presente em grande
quantidade pode limitar a produtividade animal. Entretanto, em algumas situações, o
oferecimento de rações contendo fibra dietética é indicado. Por exemplo, para os animais
destinados ao abate (fases de terminação e pós-terminação), porque o atual mercado
consumidor exige animais que apresentem carcaças com teor menor de gordura subcutânea
e maior de carne magra (GOMES et al., 2007).
Influência da fibra dietética sobrecategoria animal
A inclusão da fibra nas dietas de suínos pós-desmame, tem sido avaliada pela
possível modulação da microbiota intestinal, já que a fibra não é digerida enzimaticamente,
(MOLIST et al., 2009) tornando-se disponível á fermentação microbiana no intestino
grosso. A fibra pode ser benéfica para os leitões, devido a certos efeitos fisiológicos, como
estímulo á motilidade intestinal, aumento das taxas de secreções gástricas.
Os ácidos graxos de cadeia curta, procedente da fermentação microbiana no
intestino grosso, podem influenciar as estruturas e as funções do intestino de maneira
positiva e também a produção de muco. (PASCOAL & WATANABE, 2014). Isto pode
reduzir a incidência e a duração de diarréias em leitões.
22
PASCOAL (2009) avaliou diferentes fontes de fibra para leitões recém-
desmamados. O autor verificou que entres as fontes de fibra estudadas (celulose purificada
casca de soja e polpa cítrica), a polpa cítrica, com inclusão de 9%, proporcionou maiores
pesos do cólon e maior produção de ácido acético no ceco dos animais alimentados com
dietas contendo este ingrediente.
Acostumar os suínos a ingerirem alimentos fibrosos desde cedo, faz com que estes
se adaptem com maior facilidade à ingestão de fibras quando adultos. No entanto, os
suínos em crescimento e terminação aproveitam melhor alimentos fibrosos que suínos mais
jovens e tem sido na fase de terminação, na qual o animal come à vontade, que se
verificam os maiores ônus do custo total de produção devido à alimentação.
Os suínos em fase de terminação apresentam seu trato gastrintestinal mais
desenvolvido, o que propicia a atuação da microbiota do intestino grosso (cólon e ceco)
sobre a fibra, produzindo ácidos graxos voláteis (acetato, propianato e butirato) que podem
ser absorvidos e utilizados como fonte de energia por estes animais (GENTILINI et al.,
2008).
CORDEIRO et al. (2009) substituíram parte da ração de suínos, em crescimento,
por 15% e 30% de cana-de-açúcar integral desintegrada e concluíram que o melhor
desempenho foi alcançado com a substituição de 15%, embora 30% tenha propiciado
melhor eficiência econômica. Porém, os autores verificaram piora na conversão alimentar,
quando utilizou níveis de 15 e 30% de cana na dieta de suínos em crescimento, e
atribuíram essa observação ao aumento do consumo de fibra das dietas.
GENTILINI et al. (2008) relataram que os animais na fase de crescimento podem
receber dietas contendo casca de soja em níveis de até 12% sem causar prejuízo ao seu
ganho de peso, enquanto que na fase de terminação os mesmos poderão receber até 6% de
casca de soja na dieta.
GOMES et al. (2007a) observaram que oferecimento de 8% de Fibra em
Detergente Neutro (FDN) na ração desuínos durante as fases de crescimento e de
terminação, não promoveu diferenças significativas nos parâmetros de desempenho
zootécnico: consumo alimentar, ganho de peso e conversão alimentar. Porém a capacidade
dos suínos em utilizar rações contendo polissacarídeos não amilaceos aumenta à medida
que o animal se desenvolve, por exemplo, em fêmeas gestantes e suínos em terminação,
devido ao maior tamanho do trato gastrintestinal, em especial do intestino grosso, e
23
conseqüentemente devido à maior população microbiana (bactérias celulolíticas)
encontrada no ceco (RAMONET et al., 1999).
A inclusão de até 30% de polpa cítrica nas dietas para suínos em terminação não
interferiu o consumo diário de ração e observou-se ganho diário de peso, para os animais
que receberam nível de 10,79% (WATANABE, 2007). Similarmente, ALBUQUERQUE
et al. (2011) não observaram efeito dos teores de inclusão do resíduo desidratado de
cervejaria para suínos em terminação, sobre os parâmetros de desempenho, até 20% de
inclusão do ingrediente. Este resultado difere do relatado por FARIAS et al. (2008), os
quais destacaram que a inclusão de fibra na dieta de suínos, geralmente, diminui o ganho
diário de peso, o consumo diário de ração e piora a conversão alimentar.
O uso de alimentos fibrosos para fêmeas reprodutoras tem como finalidade
minimizar o estresse advindo da restrição alimentar a que são submetidos os animais
destinados à reprodução. Esta estratégia alimentar eleva o volume da dieta ao mesmo
tempo que reduz o conteúdo calórico, ideal para o adequado desenvolvimento corporal das
fêmeas, objetivando otimização no desempenho reprodutivo (RAMONET et al., 1999).
GENTILINI et al. (2004) trabalhando com dois niveis (7 e 35%) de casca de soja,
constataram que é possível usar casca de soja até 35%, correspondendo a 13% de fibra
bruta, na dieta de gestação de leitoas, sem afetar o seu desempenho durante um ciclo
produtivo.
GOMES et al. (2007c) trabalhando com fêmeas pré-púberes e púberes alimentadas
com rações isoenergéticas e isoprotéicas contendo 0; 6,6; 13,2 e 19,8% de fibra em
detergente neutro (FDN), obtidas pela inclusão de feno de coast-cross, não observaram
efeito sobre o consumo de ração, segundo os autores provavelmente porque as rações
foram formuladas para conterem o mesmo teor de energia digestível e foram oferecidas em
quantidades restritas.
A conversão alimentar apresentou piora linear com o incremento de FDN na ração
basal. O uso de fibra na ração de marrãs pode evitar ganhos excessivos de peso e de
gordura corporal, que poderiam causar prejuízos sobre o sistema reprodutivo das mesmas.
Entretanto, o incremento de FDN promoveu decréscimo linear do peso corporal ao
primeiro cio útil.
Os autores relataram que para cada unidade percentual de FDN adicionada à ração
basal de marrãs em crescimento, observou-se perda de 1 kg de peso corporal por ocasião
24
do primeiro cio útil (terceiro cio fisiológico). Observaram que o peso mínimo ideal não foi
alcançado nos dois maiores incrementos de FDN, sugerindo-se que o emprego de fibra
deve ser criterioso.
Influência da fibra no conteúdo Gastrointestinal
Para os monogástricos o aproveitamento de alimentos fibrosos é limitado. Os
animais monogástricos não possuem a capacidade enzimática de digerir os polissacarídeos
não amiláceos. Os suínos conseguem ter melhor degradabilidade da fibra no intestino
grosso, devido a microbiota existente neste lugar, que são capazes de fermentar o conteúdo
celular da fibra. De acordo com ARRUDA et al. (2003), a partir da morfologia dos órgãos,
podem-se obter informações sobre a capacidade digestiva, a quantidade de excreta
produzida ou impacto ambiental e o rendimento de carne na carcaça.
A inclusão de alimentos fibrosos na alimentação de suínos é responsável pelo
aumento do peso, capacidade e volume do trato gastrintestinal, porém, este processo
depende, principalmente, da estrutura química da fibra, como por exemplo, o grau de
lignificação, concentração e nível dietético, estado fisiológico do animal idade e peso vivo,
além da taxa de passagem do alimento pelo intestino (HANSEN et al., 1992).
Os suínos, em especial nas fases de terminação, mesmo quando alimentados com
elevados níveis de fibra dietética, são capazes de manter o ganho de peso em índices
adequados por causa da capacidade de elevação do consumo, como tentativa de manter
estável o nível de energia digestível ingerida. A elevação da ingestão da fibra pode também
ser explicada pela alteração da morfologia dos órgãos digestivos, por exemplo, o aumento
do peso do estômago e do intestino delgado (GOMES, 1996).
A inclusão de bagaço de cevada (0 à 50%) em dietas para suínos em fase de
crescimento mostrou efeito significativo sobre peso do estômago, que aumentou
gradativamente com o aumento do nível do bagaço de cevada na dieta, como reflexo do
crescente volume do subproduto nas rações (BRAZ, 2008). Igualmente, para suínos ao
final da fase de terminação que receberam nível de fibra em detergente neutro (FDN),
observaram maior peso para trato gastrointestinal e estômago vazio, para o nível de 8%,
quando comparado ao de 0% de FDN (GOMES et al., 2006).
Em estudo com suínos cruzados não melhorados, GOMES et al. (2007b)
observaram que somente houve aumento do trato gastrintestinal e estômago vazio em
25
animais que consumiram ração fibrosa, sendo que, para os demais órgãos, os pesos foram
similares, evidenciando uma adaptação ao consumo da fibra dietética na alimentação de
suínos.
WATANABE (2007) observou maior peso de estômago e ceco de suínos que
receberam níveis crescentes de polpa cítrica na ração (0 á 30%). O maior conteúdo de
fibra, nas dietas com polpa cítrica, contribuiu para o aumento da produção de secreção
gástrica e a maior fermentação no intestino grosso, a acarretar maior peso dos órgãos.
No entanto, suínos em fase de crescimento alimentados com dieta fibrosa (27% de
FDN), não relataram efeito significativo sobre peso do estômago vazio, intestino delgado,
ceco e colo, coração, pulmão, rins e fígado (HALE et al., 1986; POND et al., 1988). Isso
pode ser explicado por alguns fatores, que podem ter interferido nos resultados, como a
qualidade da fibra empregada, concentração de fibra na dieta e o padrão racial dos animais
utilizados.
As fontes e os níveis de fibra dietética podem influenciar a morfologia da mucosa
intestinal, alterando a altura das vilosidades, profundidade das criptas e a quantidade de
células caliciformes. A redução da altura das vilosidades pode ocasionar a diminuição da
atividade enzimática no intestino e consequentemente, menor absorção de nutrientes.
Segundo ARRUDA et al. (2003), a digestibilidade dos alimentos está diretamente
relacionada com a estrutura das vilosidades do intestinos. As vilosidades altas e as criptas
rasas é a relação desejável entre vilosidades e criptas intestinais, pois quanto maior a
relação altura de vilosidade:profundidadede cripta, melhor será a absorção de nutrientes e
menores serão as perdas energéticas com a renovação celular.
GOMES et al. (2006) observaram alterações epiteliais no intestino de suínos ao
final da fase de creche e revelaram aumento da produção de muco (3,3%) pelas células
caliciformes do duodeno. No duodeno, houve apenas um ligeiro aumento da produção de
muco e no jejuno, apesar das células mucosas terem aumentado de tamanho, o volume que
ocupavam no epitélio se reduziu. Isso pode ser justificado, por uma adaptação do epitélio
intestinal do suíno jovem causada pelo contínuo período de oferecimento da ração
contendo fibra dietética.
A inclusão de palhada de trigo (0 à 10%) em dietas para suínos em crescimento
mostrou um aumento na largura das vilosidades do jejuno e íleo e aumento na
profundidade das criptas do jejuno, íleo e colo. Entretanto, não foi observado diferenças no
26
comprimento das vilosidades do duodeno, jejuno e íleo, entre grupos de animais
alimentados com ração fibrosa. Segundo os autores, dietas contendo fibra dietética são
responsáveis por alterações na morfologia intestinal de animais não ruminantes. Entretanto,
o papel dos diversos fatores dietéticos sobre o crescimento e desenvolvimento intestinal
destes animais ainda não é completamente conhecido (JIN et al., 1994).
A presença da fibra dietética determina aumento da viscosidade do alimento, em
nível do trato gastrointestinal, e em um ambiente viscoso, os nutrientes como as gorduras,
amido e proteínas, se tornam menos acessíveis e disponíveis às enzimas endógenas. Essa
viscosidade diminui a taxa de difusão de substratos e enzimas digestivas e evita suas
interações na superfície da mucosa intestinal levando ao comprometimento da digestão e
da absorção de nutrientes, com conseqüente queda na produtividade (CHOCT et al., 2004).
No entanto, a adição de polissacarídeos não amilaceos na ração de monogástricos
causa saciedade cerebral aos animais, devido ao aumento do peso, do volume do trato
gastrointestinal e dilatação das paredes do estômago que tornam a digestão dos
ingredientes mais lenta pela menor taxa de passagem (RAMONET et al., 1999).
Outro ponto relevante está na geração de ácidos graxos resultante da fermentação
da fibra no intestino grosso, cerca de 30% do requerimento de energia de manutenção,
pode ser suprido através da utilização dos ácidos graxos voláteis de cadeia curta, (GOMES
et al., 2006) variando de acordo com o nível, a freqüência do fornecimento e a composição
da fibra na dieta. O aumento do teor de ácidos graxos voláteis (acetato, propianato e
butirato) no intestino grosso, em decorrência da fermentação da fibra dietética da ração
contribui para o metabolismo energético dos suínos, especialmente para animais adultos,
atua na proliferação celular do epitélio intestinal com significativo aumento da produção de
muco protetor, altera a motilidade intestinal, eleva o fluxo sangüíneo do colo e eleva a taxa
de renovação celular do epitélio.
Influência da fibra sobre as caracteristicas da carcaça
Controlar a deposição indesejada de gordura na carcaça suína é uma maneira de
conseguir melhores preços pelos animais produzidos na granja. A alimentação de suínos
com fibra dietetica na fase de terminação pode representar um manejo alimentar
alternativo, especialmente quando se objetiva a melhoria dos parâmetros de carcaça
(MOREIRA et al., 2007). Para suínos em terminação, alguns subprodutos ricos em fibra
27
insolúvel, como a casca de arroz e resíduos do processamento do trigo, têm-se mostrado
eficientes para promover a melhoria das características de carcaça (LEE et al., 2002).
WATANABE (2007) trabalhando com polpa cítrica na alimentação de suínos
abatidos aos 130 kg de peso e submetidos à restrição alimentar, verificou que a inclusão de
8,03% de polpa cítrica, proporcionou melhoras nas características das carcaças.
ALBUQUERQUE et al. (2011) trabalhando com diferentes níveis de resíduo
desidratado de cervejaria (0, 5, 10, 15 e 20%) para suínos em terminação, relataram que os
niveis não interferiram sobre rendimentos de carcaça, pernil, paleta, lombo, barriga e
dianteiro. No entanto, WATANABE (2007) encontrou resultados diferentes, ao observar
que a inclusão de 8,03% de polpa cítrica proporcionou melhora na área de olho de lombo,
sendo este um dos principais parâmetros utilizados para a tipificação de carcaça.
GOMES et al. (2008), ao trabalharem com 0% ou 8% de fibra em detergente
neutro (FDN), obtida mediante a incorporação de 0% ou 10% de feno de Tifton (Cynodon
dactylon), na alimentação de suínos em crescimento-terminação, não observaram efeito da
fibra sobre rendimento dos cortes (pernil com osso, paleta, carré e copa), em geral não
houve diferença entre tratamentos ou sexo dos animais, exceto para a copa, que foi maior
nos animais alimentados com dietas sem incremento de FDN. Os autores relataram que o
incremento de FDN na ração não promoveu diferenças nos resultados referentes às
características de carcaça (rendimento de carcaça quente, rendimento de carcaça fria,
rendimento de carne magra, área de olho de lombo e espessura de toucinho.
Resultados contrários foram encontrados por POND et al. (1988), que observaram
reduções nos rendimentos de carcaças quente e fria de suínos em fase de crescimento e
terminação. Trata-se de resultados que podem ser decorrentes dos elevados níveis de FDN
(80% de farinha de alfalfa), utilizado nas rações dos animais.
A inclusão de resíduo desidratado de cervejaria (0 até 20%) em dietas para suínos
em terminação não interferiram nos rendimentos de carcaça e principais cortes,
comprimento de carcaça, área de olho de lombo e espessura de toucinho
(ALBUQUERQUE et al., 2011).
Contrariamente, WATANABE (2007) observaram uma redução linear do peso do
pernil com o aumento de polpa cítrica em programa de restrição alimentar qualitativa na
para suínos em terminação, porém não foi observada piora no rendimento do mesmo. O
pernil é considerado uma parte nobre da carcaça, pois são destinados à fabricação de
28
produtos curados, com alto valor agregado. De acordo com o autor, é imprescindível que a
restrição alimentar promova melhora na qualidade da carcaça e no mínimo mantenha o
rendimento de pernil. Isto pode ser devido à diminuição da digestibilidade dos
componentes nutritivos da ração promovido pela presença de polissacarídeos não
amiláceos, como afirmou GOMES et al. (2008).
CONCLUSÃO
Diferentes estudos mostraram que alimentação de suínos com fibra dietética pode
representar um manejo nutricional alternativo, especialmente quando se objetiva a redução
dos custos da alimentação, que pode refletir diretamente, sobre a eficiência na
suinocultura. E também a melhoria dos parâmetros de carcaça de animais criados para o
atual mercado consumidor, que está mais exigente e apresenta preferência por carcaças
mais leves, com maiores rendimentos de cortes e de carne magra nas carcaças. Porém é
relevante a escolha com muito critério não só do tipo e/ou qualidade, como também da
quantidade adequada de fibra para cada categoria animal. As recomendações dos níveis de
fibra dietética não estão bem esclarecidas, havendo necessidade de pesquisas para
determinar nível ótimo para suínos. A fibra quando presente em grande quantidade pode
limitar a produtividade animal e influenciar na morfologia da mucosa intestinal,
consequentemente, diminuir absorção de nutrientes. Portanto, a utilização de fibra na
alimentação de suínos dependerá de alguns fatores, dentre estes destaca-se: disponibilidade
do alimento fibroso, categoria animal, quantidade de ingestão de fibra e idade do animal.
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?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 21 dez. 2014.
34
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO CIÊNCIA RURAL
1. CIÊNCIA RURAL - Revista Científica do Centro de Ciências Rurais da Universidade
Federal de Santa Maria publica artigos científicos, revisões bibliográficas e notas
referentes à área de Ciências Agrárias, que deverão ser destinados com exclusividade.
2. Os artigos científicos, revisões e notas devem ser encaminhados via eletrônica e
editados em idioma Português ou Inglês. Todas as linhas deverão ser numeradas e
paginadas no lado inferior direito. O trabalho deverá ser digitado em tamanho A4 210 x
297 mm com, no máximo, 25 linhas por página em espaço duplo, com margens superior,
inferior, esquerda e direita em 2,5cm, fonte Times New Roman e tamanho 12. O máximo
de páginas será 15 para artigo científico, 20 para revisão bibliográfica e 8 para nota,
incluindo tabelas, gráficos e figuras. Figuras, gráficos e tabelas devem ser
disponibilizados ao final do texto e individualmente por página, sendo que não poderão
ultrapassar as margens e nem estar com apresentação paisagem.
3. O artigo científico (Modelo .doc, .pdf) deverá conter os seguintes tópicos: Título
(Português e Inglês); Resumo; Palavras-chave; Abstract; Key words; Introdução com
Revisão de Literatura; Material e Métodos; Resultados e Discussão; Conclusão e
Referências; Agradecimento(s) e Apresentação; Fontes de Aquisição; Informe Verbal;
Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das referências. Pesquisa
envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de
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Animal).
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(Português e Inglês); Resumo; Palavras-chave; Abstract; Key words; Introdução;
Desenvolvimento; Conclusão; e Referências. Agradecimento(s) e Apresentação; Fontes de
Aquisição e Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das
referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem
apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão.
Alternativamente pode ser enviado um dos modelos ao lado (Declaração Modelo
Humano, Declaração Modelo Animal).
5. A nota (Modelo .doc, .pdf) deverá conter os seguintes tópicos: Título (Português e
Inglês); Resumo; Palavras-chave; Abstract; Key words; Texto (sem subdivisão, porém com
introdução; metodologia; resultados e discussão e conclusão; podendo conter tabelas ou
figuras); Referências. Agradecimento(s) e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe
Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das referências. Pesquisa
envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de
aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão. Alternativamente pode
ser enviado um dos modelos ao lado (Declaração Modelo Humano, Declaração Modelo
Animal).
6. Não serão fornecidas separatas. Os artigos encontram-se disponíveis no formato pdf no
endereço eletrônico da revista www.scielo.br/cr.
35
7. Descrever o título em português e inglês (caso o artigo seja em português) - inglês e
português (caso o artigo seja em inglês). Somente a primeira letra do título do artigo deve
ser maiúscula exceto no caso de nomes próprios. Evitar abreviaturas e nomes científicos no
título. O nome científico só deve ser empregado quando estritamente necessário. Esses
devem aparecer nas palavras-chave, resumo e demais seções quando necessários.
8. As citações dos autores, no texto, deverão ser feitas com letras maiúsculas seguidas do
ano de publicação, conforme exemplos: Esses resultados estão de acordo com os
reportados por MILLER & KIPLINGER (1966) e LEE et al. (1996), como uma má
formação congênita (MOULTON, 1978).
9. As Referências deverão ser efetuadas no estilo ABNT (NBR 6023/2000) conforme
normas próprias da revista.
9.1. Citação de livro:
JENNINGS, P.B. The practice of large animal surgery.Philadelphia :Saunders, 1985. 2v.
TOKARNIA, C.H. et al. (Mais de dois autores) Plantas tóxicas da Amazônia a bovinos e
outros herbívoros. Manaus : INPA, 1979. 95p.
9.2. Capítulo de livro com autoria:
GORBAMAN, A. A comparativepathologyofthyroid. In: HAZARD, J.B.; SMITH,
D.E. The thyroid.Baltimore : Williams & Wilkins, 1964. Cap.2, p.32-48.
9.3. Capítulo de livro sem autoria:
COCHRAN, W.C. The estimationofsamplesize. In: ______. Samplingtechniques. 3.ed.
New York : John Willey, 1977. Cap.4, p.72-90.
TURNER, A.S.; McILWRAITH, C.W. Fluidoterapia.In: ______. Técnicas cirúrgicas em
animais de grande porte. São Paulo : Roca, 1985. p.29-40.
9.4. Artigo completo:
O autor deverá acrescentar a url para o artigo referenciado e o número de identificação
DOI (Digital ObjectIdentifiers), conforme exemplos abaixo:
MEWIS, I.; ULRICHS, CH. Action of amorphous diatomaceous earth against different
stages of the stored product pests Triboliumconfusum(Coleoptera:
Tenebrionidae), Tenebriomolitor (Coleoptera: Tenebrionidae), Sitophilus
granarius (Coleoptera: Curculionidae) and Plodiainterpunctella (Lepidoptera:
Pyralidae). Journal of Stored Product Research, Amsterdam (Cidadeopcional), v.37,
p.153-164, 2001.Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/S0022-474X(00)00016-3>.
Acesso em: 20 nov. 2008. doi: 10.1016/S0022-474X(00)00016-3.
PINTO JUNIOR, A.R. et al (Mais de 2 autores). Resposta
de Sitophilusoryzae (L.), Cryptolestesferrugineus (Stephens)
e Oryzaephilussurinamensis (L.) a diferentes concentrações de terra de diatomácea em
trigo armazenado a granel. Ciência Rural , Santa Maria (Cidade opcional), v. 38, n. 8,
p.2103-2108, nov. 2008 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
36
84782008000800002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 25 nov. 2008. doi: 10.1590/S0103-
84782008000800002.
9.5. Resumos:
RIZZARDI, M.A.; MILGIORANÇA, M.E. Avaliação de cultivares do ensaio nacional de
girassol, Passo Fundo, RS, 1991/92. In: JORNADA DE PESQUISA DA UFSM, 1., 1992,
Santa Maria, RS. Anais... Santa Maria : Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa, 1992.
V.1. 420p. p.236.
9.6. Tese, dissertação:
COSTA, J.M.B. Estudo comparativo de algumas caracterísitcas digestivas entre
bovinos (Charolês) e bubalinos (Jafarabad). 1986. 132f. Monografia/Dissertação/Tese
(Especialização/ Mestrado/Doutorado em Zootecnia) - Curso de Pós-graduação em
Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria.
9.7. Boletim:
ROGIK, F.A. Indústria da lactose. São Paulo : Departamento de Produção Animal, 1942.
20p. (Boletim Técnico, 20).
9.8. Informação verbal:
Identificada no próprio texto logo após a informação, através da expressão entre
parênteses. Exemplo: ... são achados descritos por Vieira (1991 - Informe verbal). Ao final
do texto, antes das Referências Bibliográficas, citar o endereço completo do autor (incluir
E-mail), e/ou local, evento, data e tipo de apresentação na qual foi emitida a informação.
9.9. Documentos eletrônicos:
MATERA, J.M. Afecções cirúrgicas da coluna vertebral: análise sobre as
possibilidades do tratamento cirúrgico. São Paulo : Departamento de Cirurgia, FMVZ-
USP, 1997. 1 CD.
GRIFON, D.M. Artroscopicdiagnosisofelbow displasia. In: WORLD SMALL ANIMAL
VETERINARY CONGRESS, 31., 2006, Prague, Czech Republic.Proceedings… Prague:
WSAVA, 2006. p.630-636. Acessado em 12 fev. 2007. Online. Disponível em:
http://www.ivis.org/proceedings/wsava/2006/lecture22/Griffon1.pdf?LA=1
UFRGS. Transgênicos. Zero Hora Digital, Porto Alegre, 23 mar. 2000. Especiais.
Acessado em 23 mar. 2000. Online. Disponível em:
http://www.zh.com.br/especial/index.htm
ONGPHIPHADHANAKUL, B. Prevention of postmenopausal bone loss by low and
conventional doses of calcitriol or conjugated equine estrogen.Maturitas, (Ireland), v.34,
n.2, p.179-184, Feb 15, 2000.Obtido via base de dados MEDLINE. 1994-2000. Acessado
em 23 mar. 2000. Online. Disponível em: http://www. Medscape.com/server-
java/MedlineSearchForm
MARCHIONATTI, A.; PIPPI, N.L. Análise comparativa entre duas técnicas de
recuperação de úlcera de córnea não infectada em nível de estroma médio. In:
SEMINARIO LATINOAMERICANO DE CIRURGIA VETERINÁRIA, 3., 1997,
37
Corrientes, Argentina. Anais... Corrientes : Facultad de CienciasVeterinarias - UNNE,
1997. Disquete. 1 disquete de 31/2. Para uso em PC.
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17. Todos os artigos encaminhados devem pagar a taxa de tramitação. Artigos
reencaminhados (com decisão de RejectandRessubmit) deverão pagar a taxa de
tramitação novamente.
38
2. RESTRIÇÃO ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS NA FASE DE
TERMINAÇÃO SOBRE A QUALIDADE DA CARNE E PERFIL DOS
ÁCIDOS GRAXOS
Trabalho que será submetido à revista:
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia
Página eletrônica:
http://www.abmvz.org.br ISSN: 1678-4162
39
Restrição alimentar qualitativa para suínos na fase de terminação sobre a qualidade
da carne e perfil dos ácidos graxos
[Qualitative feed restriction for late finishing pigs on quality meat and fatty acid profile]
A.D.L.Silva¹, J.A.Moreira
I, R.L. R.Oliveira
¹, L.C.Mota
²,E. N. M., Teixeira
¹,J.G. Souza
¹,
E.M.Aguiar¹, B.M.E., Chagas
¹
¹Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal, RN
²Universidade Federal de Goiás – UFG, Goiânia, GO
RESUMO
Objetivou-se com este estudo avaliar os efeitos do farelo do bagaço de caju (FBC) como
ingrediente de rações em programas de restrição alimentar sobre as características da
carcaça e da qualidade da carne de suínos machos castrados e fêmeas. Foram utilizados
vinte e quatro suínos mestiços (12 machos castrados e 12 fêmeas) com peso médio inicial
de 57,93 ± 3,67 kg/PV. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em um
esquema fatorial 3x2, sendo três níveis (0%, 15% e 30% de FBC), dois sexos e quatro
repetições. Os tratamentos foram compostos por uma dieta basal (DB) formulada com
milho, farelo de soja e núcleo comercial para suínos em terminação, contendo diferentes
níveis de FBC. No final do período experimental os animais foram abatidos para a
avaliação da carcaça e da qualidade de carne. A inclusão de FBC nas dietas não afetou a
qualidade das carcaças das fêmeas, mas interferiu positivamente nas carcaças dos machos
castrados, aumentando o rendimento de carne na carcaça resfriada e reduzindo a espessura
de toucinho. Foram identificados no músculo Longissimus dorsi e tecido adiposo das
fêmeas e machos castrados os ácidos graxos Mirístico, C14:0; Palmitoléico, C16:1; Oléico,
C18:1; Linoléico, C18:2; Linolênico C18:3 e Aracdônico C20:4, mas, não foram afetados
(P>0,05) pelos níveis de FBC nas dietas. Quando se comparou os resultados entre sexo,
observaram-se maior concentração do ácido graxo C20:4 na carcaça das fêmeas. Neste
contexto, o FBC apresentou-se como um ingrediente a ser utilizado em programas de
restrição alimentar qualitativa para suínos na fase de terminação.
40
Palavras–chave: alimento alternativo, gordura, nutrição, suinocultura
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the effects of the use of cashew bagasse bran
(CBB) as food ingredient in qualitative feed restriction programs on the carcass traits and
meat quality of barrows and gilts. Twenty – four crossbred pigs (12 barrows and 12 gilts)
were used, with an average initial body weight of 57.93 ± 3.67 kg/LW. The experimental
designs was in randomized blocks 3x2 factorial arrangement with three level (0%, 15% e
30% CBB), two genders (barrows and gilts) and four repetition.. The treatments were
composed of basal diet (BD) formulated with corn, soybean meal and commercial base mix
for finishing pigs, being containing different levels of CBB. At the end of the trial period
the animals were slaughtered for the evaluation of the meat quality and traits carcass. The
inclusion of (CBB) in the diets did not affect the traits carcass of gilts, but interfered in the
traits carcass of the barrow positively, increasing the yield of meat into cold
carcass and reducing the thickness of subcutaneous fat. In the longissimus dorsi muscle
and in the adipose tissuieof pigs were evaluated the Myristic fatty acids (C14:0);
Palmitoleic (C16:1); Oleic (C18:1); Linoleic (C18:2); Linolenic (C18:3) and Arachidonic
(C20:4), but not were observed effect (P>0.05) of the CBB levels in the diets. In the
comparison between sex was observed a greater concentration of C20:4 fatty acid in the
carcass of the gilts. In this context, the use of CBB was considered as ingredient to be used
in programs of qualitative feed restriction for finishing pigs.
Keywords: alternative food, fat, nutrition, pig farming
INTRODUÇÃO
A suinocultura brasileira ocupa posição de destaque, entre os maiores produtores e
exportadores de carne suína no mundo. No entanto, um dos entraves para os criadores de
suíno, que acomete grande parte do ano é a oscilação na oferta de grãos, tendo como
conseqüência a interferência no custo de produção, podendo até inviabilizar a produção de
41
suínos em algumas regiões (Arouca et al., 2012). Na região Nordeste, a suinocultura
tecnificada tem crescido bastante, nos últimos tempos, embora, por outro lado, a produção
de grãos não tenha acompanhado esse crescimento.
Na suinocultura a alimentação é responsável pela maior parcela do custo de
produção. Assim, estudos buscam viabilizar a utilização de alimentos alternativos na
substituição daqueles tradicionais, como milho e farelo de soja, que em determinada época
do ano podem ter seus valores elevados (Figueiredo et al., 2012).
O bagaço do caju, subproduto da indústria do suco de caju, é um ingrediente
normalmente desperdiçado no Nordeste, mas é um alimento que possui um bom valor
nutritivo, podendo ser utilizado em dietas para suínos (Farias et al., 2008).
O objetivo comercial e industrial da suinocultura é a produção de carcaças que
garantam quantidade e qualidade de carne. Deste modo, investimentos têm sido feitos, em
relação às características de carcaça dos suínos e à quantidade de gordura (Santos et al.,
2012). A deposição de gordura indesejada pode ser evitada ou reduzida por meio da
restrição alimentar qualitativa, que tem como objetivo reduzir o consumo de energia
digestível e proporcionar melhoria na qualidade da carcaça suína (Moreira et al., 2007).
Controlar a deposição indesejada de gordura na carcaça suína é uma maneira de
conseguir melhores preços pelos animais produzidos na granja. No entanto, o problema
maior não está relacionado diretamente com a carne, mas ao tipo de gordura
(monoinsaturada, poliinsaturada ou saturada) que está presente na dieta. Os principais
ácidos graxos saturados da carne são palmítico (C16:0), esteárico (C18:0) e mirístico
(C14:0). O ácido oléico (C18:1) é o monoinsaturado mais abundante, seguido do
palmitoléico (C16:1). Os ácidos linoléico (C18:2), linolênico (C18:3) e araquidônico
(C20:4) são os principais ácidos graxos poliinsaturados.
A qualidade da carne e da carcaça depende de fatores intrínsecos (genética, manejo
alimentar, idade e sexo) e extrínsecos (saída da propriedade até a entrada das carcaças nas
câmaras frias), dentre outros (Rosa et al., 2008; Albuquerque et al., 2009). O sexo interfere
na qualidade da carcaça de suínos, os machos inteiros apresentam maior taxa de deposição
de proteína que as fêmeas, que por sua vez são superiores aos machos castrados, sendo
assim, tornam-se necessários à comparação dos dados entre os sexos, neste contexto
objetivou-se avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis do farelo do bagaço de caju
como ingrediente em programas de restrição alimentar sobre as características de carcaça,
42
a qualidade da carne, o perfil dos ácidos graxos no músculo Longissimus dorsi e tecido
adiposo de suínos machos castrados e fêmeas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento protocolo (004/2011) foi aprovado pelo comitê de ética no uso de
animais (CEUA) da UFERN e desenvolvido no setor experimental de suínos da Escola
Agrícola de Jundiaí – Campus UFRN, localizado no município de Macaíba. O município
de Macaíba situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião de Macaíba,
apresentando as coordenadas 05°51’28,8” de latitude sul e 35°21’14,4” de longitude oeste.
Foram utilizados vinte e quatro suínos mestiço, sendo doze machos castrados e
doze fêmeas, com peso médio inicial de 57,93±3,67 kg/PV, alojados em um galpão
experimental com piso de concreto, contendo comedouros simples e bebedouros do tipo
chupeta. Foram utilizados termômetros, de máxima e mínima, colocados no interior do
galpão, dentro de uma baia com altura equivalente a dos animais, para registro diário
durante todo o período experimental (Agosto a Novembro/2011) e (Janeiro a Maço/2012).
As temperaturas máximas e mínimas, Umidade Relativa e ITU (índice de temperatura e
umidade) do período experimental foram 32,4 e 24°C, 84% e 80, respectivamente.
Os animais foram distribuídos em um delineamento de blocos casualizados em um
esquema fatorial 3x2, sendo três níveis de FBC, dois sexos e quatro repetições, sendo a
unidade experimental representada por um animal. Totalizando 24 parcelas. Os animais
foram alimentados com uma dieta basal (DB), formulada com milho, farelo de soja e
núcleo comercial para suínos em terminação, contendo diferentes níveis de inclusão do
Farelo do Bagaço de Caju (FBC), constituindo os seguintes tratamentos: 1) dieta basal com
0% de FBC; 2) dieta basal com 15% de FBC; 3) dieta basal com 30% de FBC.
O bagaço de caju foi obtido pela retirada do suco do pseudofruto, seguindo-se de
secagem do resíduo por três dias ao sol com posterior trituração. Fez-se coleta de uma
amostra representativa do resíduo total para determinação da composição química do
bagaço de caju. Análise da composição do bagaço de caju (BC) foi realizada no laboratório
de nutrição animal da UFRN.
A composição química do bagaço de caju: Matéria Seca 88,96%, Matéria Mineral
4,64%, Matéria Orgânica 95,36%, Proteína Bruta 15,98%, Extrato Etéreo 2,42%, Energia
43
Bruta 5622,3 kcal, Energia Digestível 1680 kcal/ED, FDN 68,15%, FDA 41,15 %,
Celulose 24,30%, Hemicelulose 23,56% e Lignina 24,19%.
As dietas foram formuladas para atender ás exigências nutricionais para suínos em
fase de terminação de acordo com Rostagno et al. (2005). Entretanto, a dieta foi formulada
para manter a restrição alimentar qualitativa com redução decrescente da energia de acordo
com os níveis de FBC. A composição percentual e os valores calculados das rações
experimentais encontram-se na Tab.1
Tabela 1. Composição das dietas experimentais para suínos em terminação
Ingredientes (%) Níveis de bagaço de caju (%)
0 15 30
Milho 74,85
62,86
50,87
Farelo de Soja 22,14
19,14
16,13
Bagaço de Caju
0,00 15,00
30,00
Núcleo comercial¹ 2,50 2,50
2,50
Óleo de soja 0,50
0,50
0,50
Composição calculada 100 100 100
Energia digestível kcal/kg
3.400
3.134
2.866
Proteína bruta 16,50
16,50
16,50
Lisina digestível 0,69 0,64
0,59
Metionina digestível 0,25 0,24
0,24
Triptofano digestível 0,16
0,14
0,12
Cálcio 0,69
0,69
0,69
Fósforo total 0,31 0,31
0,31
Fósforo disponível 0,14 0,14
0,14
Sódio 0,17
0,17
0,17
FDA 4,28
9,81
15,34
FDN 11,68
20,11
28,53
¹ Níveis de Garantia por kg do produto: cálcio (min) 240 g; cálcio (máx) 245 g; fósforo (min) 25 g; sódio
(min) 55 g; ferro (min) 3.200 mg; cobre (min) 5.000 mg; Manganês (min) 1.280 mg; zinco (min) 2.400 mg;
iodo (min) 25,50 mg; cobalto (min) 12,80 mg; selênio (min) 9,60 mg; vitamina A (min) 180 UI; vitamina D3
(min) 32.000 UI; vitamina E (min) 720 UI; vitamina K3 (min) 36 mg; Vitamina B1 (min) 27 mg; vitamina
B2 (min) 108 mg; niacina (min) 638 mg; ácido patotênico (min) 362 mg; vitamina B6 (min) 36 mg; ácido
fólico (min) 18 mg; biotina (min) 1,80 mg; vitamina B12 (min) 580 mg; colistina 200 mg; fitase 17 U/g.
Os animais receberam água e ração ad libitum, sendo as pesagens dos animais e da
ração efetuadas a cada 14 dias. Quando os animais atingiram em média 95±7,42 kg/PV,
foram submetidos a jejum alimentar de 12 h e então foram transportados para a Unidade de
processamento de carne do município de São Paulo do Potengi (RN), onde foram abatidos.
44
A sangria foi realizada imediatamente após a insensibilização elétrica, sendo os
animais depilados e eviscerados. As carcaças foram serradas longitudinalmente ao meio
ficando as caudas juntamente com as meias carcaças esquerdas, sendo colocadas após a
pesagem em câmara fria onde permaneceram por 24 horas a uma temperatura de 2±1ºC
seguindo as recomendações do Método Brasileiro de Classificação de Carcaça (Bridi e
Silva, 2009) (Anexo 1).
Após o resfriamento, as meias carcaças foram avaliadas, através dos seguintes
procedimentos: Comprimento da carcaça (CC), mensurada a partir do bordo cranial da
sínfise pubiana até o bordo crânio ventral do Atlas; Espessura de toucinho (ET), medidas
na altura da primeira costela (ET1); última costela (ET2), última lombar (ET3), efetuadas
com o auxílio de um paquímetro (Bridi e Silva, 2009) (Anexo 2).
O calculo do rendimento de carne e quantidade de carne na carcaça foi realizado
segundo as fórmulas descritas por Bridi e Silva (20009) (Anexo 3).
O valor de pH foi determinado com o auxílio de um peagâmetro portátil, com
eletrodo de inserção, 45 minutos e 24 horas após ao abate (Anexo 4).
A cor do músculo foi determinada utilizando um painel de cores em uma escala de
1 a 6, onde 3 foi considerado normal e os valores abaixo indicaram tendência a carne PSE
(sigla inglesa de Pale, Soft e Exudative), o que significa Pálida, Macia e Exsudativa, e
acima a carne DFD (sigla inglesa de Dark, Firm e Dry), o que significa Escura, Firme e
Seca (Bridi e Silva, 2009) (Anexo 5).
O perfil dos ácidos graxos do músculo Longissimus dorsi e do tecido adiposo foi
realizado de acordo com a metodologia de Bligh e Dyer (1959).
Uma mistura contendo 10g da amostra úmida triturada do músculo ou 6g da
amostra úmida triturada da gordura, 25mL de clorofórmio e 50mL de metanol foi
homogeneizada em mesa agitadora por 20min, sendo em seguida deixados em repouso no
freezer por 16h á -19ºC (Anexo 6).
Após as 16 horas, a mistura foi filtrada em papel filtro e transferida para um funil
de separação de 250mL, sendo adicionado posteriormente 25mL de clorofórmio e 25ml de
solução de sulfato de sódio 2%,sendo a solução agitada vigorosamente e deixada em
repouso por 2h (Anexo 7).
Formou-se um sistema bifásico, e a fase inferior, contendo os lipídios purificados
diluídos em clorofórmio, foi filtrada em papel de filtro contendo sulfato de sódio anidro e
45
coletada em balão volumétrico previamente pesado. As amostras foram armazenadas em
frasco de âmbar e congelados a -20 ºC até o momento da esterificação e posteriormente, o
solvente foi totalmente evaporado utilizando-se gás nitrogênio.
Os óleos extraídos do músculo Longissimus dorsi e do tecido adiposo foram
esterificados e metilados de acordo com a metodologia de Hartman e Lago (1973)
modificado.
A determinação dos ácidos graxos foi obtida por cromatografia gasosa
(Thermo Scientific - CG/FID – FOCUS) com detector de ionização de chama (FID) e
coluna capilar Supelco SPTM SPTM
-2560 (100 m × 0,25 mm × 0,2 µm). As temperaturas
do detector e do injetor foram de 270 e 230ºC, respectivamente. A programação de
aquecimento da coluna foi iniciada com 40ºC por 3 minutos, em seguida: 180°C por 5 min
a uma taxa de 10°C/min, 180°C a 220°C por 3 min a uma taxa de 10°C/min, 220°C a
240°C por 25 min a uma taxa de 20°C/min. O volume de injeção foi 1 µl com razão de
split de 1:10. O gás de arraste utilizado foi o nitrogênio. A identificação e a quantificação
dos picos foram feitas por comparação do tempo de retenção e da área dos picos das
amostras com as de padrões de ésteres metílicos de ácidos graxos (Supelco 37 components
FAMEs Mix, ref. 47885-U).
Os parâmetros estudados foram submetidos a analise de variância e teste “t” de
acordo com os procedimentos do SAS Institute (2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os parâmetros peso ao abate, rendimento de carne na carcaça resfriada, rendimento
de carcaça quente, quantidade de carne na carcaça, espessura de toucinho e rendimento de
pernil das fêmeas, não foram influenciados (P>0,05) pelos níveis do farelo do bagaço de
caju nas dietas, o mesmo ocorrendo com os machos castrados em relação ao peso de abate,
quantidade de carne na carcaça e rendimento de pernil (Tab. 2).
Resultados semelhantes foram obtidos por Oliveira et al. (2008) que não
observaram efeito significativo dos tratamentos sobre o rendimento de carcaça quente,
rendimento de carne fria e aérea de olho de lombo, mostrando que o rendimento de carcaça
e a perda no resfriamento ou a deposição de carne não foram afetados pela inclusão da
cana-de-açúcar ou do caldo na dieta das leitoas na fase de terminação.
46
Tabela 2. Características da carcaça e da qualidade da carne de suínos alimentados com
farelo do bagaço de caju
Parâmetros Níveis de bagaço de caju
0% 15% 30% Média 1CV
Peso ao abate (machos) (kg) 96,35 99,70 96,10 97,38 8,28
Peso ao abate (fêmeas) (kg) 96,40 96,00 93,45 95,28
Rendimento de carne na c. resfriada (machos) (%)
55,45b 54,76
b
58,99a
56,40
B
4,91 Rendimento de carne na c. resfriada (fêmeas) (%) 57,62 59,80 60,23 59,18
A
Rendimento de carcaça quente (machos) (%) 76,02a 75,37
a 73,03
b 74,80
4,34 Rendimento de carcaça quente (fêmeas) (%)
75,14 72,11 73,01 72,45
Quantidade de carne na carcaça (machos) (kg) 38,62 39,44 39,01 39,04 8,52
Quantidade de carne na carcaça (fêmeas) (kg) 40,49 41,22 39,18 41,86
Espessura de toucinho (machos) (mm) 25,90a 19,62
b 17,92
b 21,15
19,48 Espessura de toucinho (fêmeas) (mm) 22,45 22,10 17,52 21,42
Rendimento de pernil (machos) (%) 30,95 31,21 31,63 31,26 2,28
Rendimento de pernil (fêmeas) (%) 31,39 31,31 31,89 31,72
PH Final (machos) 6,0 6,1 6,1 6,08 4,99
PH final (fêmeas) 5,87 5,92 5,85 5,85
Cor (machos) 2,5 2,5 2,75 2,50 21,19
Cor (fêmeas) 3,0a 2,0
b 2,25
b 2,33
Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na vertical (condição sexual) e minúsculana horizontal
(Níveis de bagaço de caju) diferem entre si (P<0,05) pelo teste “t”. 1CV= coeficiente de variação.
Os machos castrados que consumiram dietas contendo 30% de FBC apresentaram
melhor rendimento de carne na carcaça resfriada (RCCR) (P<0,05) em comparação com o
tratamento sem o FBC. Quando se comparou os resultados entre sexo, observaram-se
valores mais elevados para as fêmeas (P<0,05).
Na determinação da variável RCCR, leva-se em consideração a proporção entre a
quantidade de carne e gordura na carcaça, sendo assim, este resultado corrobora com os
resultados obtidos por Noblet et al. (1994), onde as fêmeas apresentaram maior taxa de
deposição de proteína e menor taxa de deposição de gordura nas carcaças do que os
machos castrados.
Os rendimentos de carcaça quente, observados em machos e fêmeas foram de
74,80% e 72,45%, respectivamente. Resultados semelhante foram encontrados por Rosas
et al. (2001), cujo rendimento de carcaça de 74,57%, em estudo com animais em fase de
crescimento.
Neste experimento os animais machos castrados que consumiram níveis mais altos
de FBC, apresentaram menor espessura de toucinho, isto ocorreu, provavelmente, devido a
uma menor concentração de energia digestível nas dietas formuladas com FBC.
47
As fêmeas possuem menor capacidade para depositar gordura na carcaça, desta
forma, o déficit de energia nas dietas contendo FBC não foi suficiente para afetar
significativamente esta categoria. Resultados diferentes foram encontrados por Costa et al.
(2005) que ao avaliarem a utilização da torta de girassol nas dietas para suínos nas fases
de crescimento e terminação observaram maiores taxa de deposição de gordura em machos
castrados, o que pode ser explicado pela capacidade desses animais em armazenar lipídios
nas carcaças e pelas dietas, onde foram ajustados a energia através da adição de óleo.
Em relação às variáveis: rendimento de carcaça quente, quantidade de carne,
espessura de toucinho, rendimento do pernil, pH e cor, não houve interação entre os sexos.
Latorre et al. (2004), pesquisando o efeito do sexos e peso de abate sobre as
características de carcaça e qualidade da carne de suínos em terminação, observaram a
presença de maior quantidade da gordura nas carcaças de suínos machos castrados,
quando comparados com as fêmeas. Contudo o rendimento de carcaça foi menor nos
machos do que nas fêmeas suínas. De acordo com estes autores o sexo pode acarretar
diferenças na deposição de tecidos adiposo e magro na carcaça e nas propriedades
tecnológicas da carne.
O uso do FBC nas dietas interferiu na espessura de toucinho (ET) dos machos
castrados, proporcionando valores menores, quando comparado ao tratamento controle.
Esta diminuição da ET pode ser atribuída ao déficit de energia digestível nas dietas
suplementadas com o FBC. A diminuição da ET representa uma das principais metas
determinadas pela indústria frigorífica, em especial, quando a redução de tal parâmetro é
acompanhada de aumento na porcentagem de carne magra e aumento na área de olho de
lombo.
Estes resultados diferem dos estudos conduzido por Hurtado Nery et al. (2010),
onde não observaram efeito na espessura de toucinho, e o rendimento de carcaça e de
pernil em suínos em fase de terminação alimentados com subprodutos de arroz em
substituição ao milho na ração (0, 50 e 100%). Resultados similares foram obtidos por
Bertol et al. (1990), que não constataram diferenças nas características de carcaça,
espessura de toucinho e área de olho de lombo de suínos em terminação alimentados com
rações contendo farelo de arroz em substituições aos níveis crescentes do milho em 0, 75 e
100%, estes autores explicam os resultados pelo baixo consumo de ração e pelo fato das
dietas serem isonutritivas.
48
Figueiredo et al. (2012) também não observaram influencia no peso e os valores
percentuais da carcaça, do pernil, bem como o comprimento de carcaça e a espessura do
toucinho de suínos alimentados com rações com níveis de inclusão de 0, 5, 10, 15 e 20%
do feno da rama de mandioca. Da mesma forma, Gomes et al. (2007) verificou que o
aumento no teor de FDN nas rações de suínos não prejudicou as características de carcaça:
rendimento de carcaça quente, rendimento de carne magra, área de olho de lombo e
espessura de toucinho em suínos em fase final de terminação, alimentados com ração
fibrosa durante toda a fase de crescimento-terminação. Similarmente, Carvalho et al.
(2011) não observaram prejuízos sobre as características da carcaça, exceto espessura de
toucinho e escore do marmoreio que diminuíram nos suínos alimentados com rações
contendo casca de café melosa ensilada durante fase de terminação.
Em relação ao Peso do Pernil, Watanabe et al. (2010) observaram redução linear do
peso do pernil (P=0,0003) com o aumento de polpa cítrica na dieta, porém não foi
observada piora no rendimento do mesmo. Latorre et al. (2004) ressaltaram que
comprimento de carcaça e pernil não diferiram entre machos castrados e fêmeas, mas a
circunferência do pernil foi maior para machos do que para fêmeas, muito embora estes
autores tenham registrado maior pernil nas carcaças das fêmeas do que machos, quando
avaliaram o efeito do sexos e peso de abate sobre as características de carcaça e qualidade
da carne de suínos em terminação.
De acordo com Galassi et al. (2004) os pernis de animais abatidos acima de 130 kg
participam com 30% do peso da carcaça, mas comercialmente representam até 60% do
valor do animal, pois, são destinados à fabricação de produtos curados com alto valor
agregado. Dessa maneira, é imprescindível que a utilização da restrição alimentar
qualitativa promova melhora na qualidade da carcaça e no mínimo mantenha o rendimento
de pernil, o que aconteceu neste experimento.
Para o pH não foi observado diferença, os valores encontram-se em condições
adequadas entre 5,8 a 6,0. O pH é o parâmetro mais importante para a determinação
da qualidade final da carne, pois, segundo Rosas et al. (2001), este tem relação com as
diversas características de qualidade como: cor, textura, capacidade de retenção de água e
conservação.
Em estudo com animais em fase de crescimento, Rosas et al. (2001) observaram
que o valor médio do pH na primeira hora post-mortem foi de 5,78. De acordo com estes
49
autores o valor (5,78) sugere a incidência de carne do tipo PSE. Por outro lado, o valor do
pH após 72 horas post-mortem (5,66) pode ser considerado normal, presumindo-se que não
houve incidência do problema de carne ácida.
A cor é um parâmetro subjetivo para a avaliação da qualidade da carne em uma
escala de 1 a 6, sendo 3 considerado normal, assim, valores abaixo indicam tendência a
carne PSE e acima a carne DFD. Nas carcaças das fêmeas avaliadas neste experimento as
rações que continham 15 e 30% do FBC apresentaram valores menores, sendo 2,0 e 2,25,
respectivamente. A cor da carne esta relacionada com os pigmentos de mioglobina
existentes nos músculos. A quantidade de mioglobina existente nos músculos varia de
acordo com a espécie, sexo, idade e atividade física exercida pelo animal (Sarcinelli et al.
2006).
A obtenção de carne PSE estar relacionada com os fatores pré-abate como genética,
nutrição e manejo (Sarcinelli et al. 2006). Possivel estresse causado no período do
embarque contribuíram para a carne PSE nas fêmeas suínas em restrição alimentar
qualitativa. Carcaças com carne do tipo PSE desenvolvem-se em função de decomposição
acelerada do glicogênio após o abate, levando a uma maior concentração de ácido lático,
que causa um valor de pH muscular baixo, enquanto a temperatura do músculo ainda esta
próxima do estado fisiológico (>38 °C). Esta queda de pH ocasiona desnaturação das
proteínas responsáveis pela capacidade de fixação de água, pela coloração da carne
(Maganhini et al., 2007).
A cor da carne pode ser influenciada pelo pH da mesma, no entanto, o valor do pH
final da carne das fêmeas que receberam as rações que continham 15 e 30% de FBC, foi
considerado normal 5,92 e 5,85, respectivamente.
Os ácidos graxos mirístico, palmitoléico, oléico, linoléico, linolênico não foram
afetados (P>0,05) pelos níveis de FBC nas dietas (Tab. 3). Similarmente, Rossi et al.
(2010) também não observaram interferências da dieta sobre o perfil dos ácidos graxos
saturados (mirístico, palmítico e esteárico) no músculo Longissimus dorsi dos suínos
alimentados com rações contendo ractopamina e extratos cítricos em fase de terminação.
Resultados semelhantes também foram obtidos por Abreu et al. (2014) que não
observaram efeito significativo dos tratamentos sobre o perfil de ácidos graxos e teor do
colesterol na carne de suínos em fase de terminação, alimentados com dietas contendo
milheto.
50
Tabela 3. Perfil de ácidos graxos no músculo Longissimus dorsi em suínos alimentados
com diferentes níveis de farelo do bagaço de caju
Ácidos Graxos¹ Níveis de bagaço de caju
0% 15% 30% Média ²CV
C14:0 (machos) 1,24 1,16 1,50 1,30 48,63 C14:0 (fêmeas) 1,01 1,14 1,04 1,06
C16:1 (machos)
1,91 2,11 1,64 1,89 38,99 C16:1 (fêmeas) 2,17 3,01 2,22 2,46
C18:1 (machos) 26,11 24,49 23,46 24,69 21,05 C18:1(fêmeas)
26,20 29,84 24,89 26,98
C18:2 (machos) 22,23 23,52 21,47 22,41 21,56 C18:2 (fêmeas) 22,30 17,82 23,07 21,06
C18: 3 (machos) 0,35 0,40 0,48 0,41 60,15 C18:3 (fêmeas) 0,31 0,24 0,30 0,28
C20:4 (machos) 4,54 5,40 4,00 4,64B 39,94
C20:4 (fêmeas) 6,57 8,92 7,11 7,53A
Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na vertical (condição sexual) e minúscula na horizontal
(Níveis de bagaço de caju) diferem entre si (P<0,05) pelo teste “t”; ¹Nomenclatura IUPAC; C14:0, Mirístico;
C16:1, Palmitoléico; C18:1, Oléico; C18:2, Linoléico; C18:3, Linolênico; C20:4, Araquidônico.²CV=
coeficiente de variação
Segundo Rule et al. (1994) a composição nutricional da carne dos suínos e os teores
de ácidos graxos insaturados (AGI) são fortemente influenciado pela composição da dieta.
Os AG da alimentação são depositados diretamente nos tecidos sem alteração química,
sendo possível manipular a composição de ácidos graxos da carne e da gordura pela
alimentação (Kouba e Mourot, 2011).
A redução do teor energia nas dietas que continham FBC levou a redução na
espessura de toucinho dos machos castrados (P>0,05), mas não provocou alterações no
perfil dos ácidos graxos.
O lombo representa um tecido com teor bastante reduzido em gorduras (Bragagnolo
et al., 2002), neste contexto, a comparação do perfil dos ácidos graxos deste tecido com o
adiposo é importante, entretanto neste experimento, não foram observados diferenças entre
os tecidos (Tab. 4). Este resultado comprova que o uso do FBC em programa de restrição
alimetar qualitativa leva a redução no teor de gordura nas carcaças, mas não altera a
composição dos ácidos graxos.
51
Tabela 4. Perfil de ácidos graxos no tecido adiposo em suínos alimentados com diferentes
níveis de farelo do bagaço de caju
Ácidos Graxos no tecido adiposo¹ Níveis de bagaço de caju
0% 15% 30% Média ²CV
C14:0 (machos) 1,57 1,54 1,55 1,55 20,84 C14:0 (fêmeas) 1,56 1,29 1,67 1,50
C16:1 (machos)
0,60 0,75 0,67 0,79 31,79 C16:1 (fêmeas) 0,85 0,80 0,70 0,67
C18:1 (machos) 38,04 37,60 38,14 37,93 3,74 C18:1(fêmeas)
38,41 38,25 39,09 38,58
C18:2 (machos) 13,66 15,42 16,70 15,26B 24,95
C18:2 (fêmeas) 21,83 18,45 19,57 19,95A
C18: 3 (machos) 0,72 0,68 0,61 0,67 25,74 C18:3 (fêmeas) 0,73 0,53 0,77 0,68
C20:4 (machos) 0,15 0,15 0,30 0,17B 37,52
C20:4 (fêmeas) 0,30 0,23 0,24 0,26A
Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na vertical (condição sexual) e minúscula na horizontal
(Níveis de bagaço de caju) diferem entre si (P<0,05) pelo teste “t”; ¹Nomenclatura IUPAC; C14:0, Mirístico;
C16:1, Palmitoléico; C18:1, Oléico; C18:2, Linoléico; C18:3, Linolênico; C20:4, Araquidônico.²CV=
coeficiente de variação
Este resultado corroboram com os obtidos por Watanabe et al. (2012), que não
constataram efeitos da adição de ractopamina nas dietas sobre a concentração dos ácidos
graxos nas amostras do músculo Longissimus dorsi em fêmeas suínas, alimentadas com
dietas contendo níveis crescentes de inclusão de ractopamina ou seja mesmo ocorrendo
redução na taxa de deposição da gordura o perfil dos ácidos graxos não é alterado.
As fêmeas apresentaram maior teor do ácido graxo araquidônico e linoléico
(P>0,05) do que os machos. Resultados diferentes foram encontrados por Watanabe et al.
(2012) que ao avaliarem a utilização da ractopamina nas dietas para fêmeas suínas não
observaram efeitos sobre o teor do ácido graxo araquidônico, o que pode ser explicado
porque a composição dos AG do músculo suíno é obtida a partir da dieta. Assim,
provavelmente, os teores dos ·ácidos graxos fornecidos pela dieta não foram suficientes
para aumentar a composição média do ácido graxo araquidônico.
Rossi et al. (2010), ao estudarem AG no músculo Longissimus dorsi dos suínos
alimentados com rações contendo ractopamina e extratos cítricos, observaram teores mais
altos do acido araquidônico e os teores mais baixos do acido linoléico. Os autores explicam
que o acido linoléico pode ter sido utilizado na transformação do AG araquidônico e os
teores do ácido linoléico podem ter contribuído para os níveis mais baixos do ácido
52
linolênico e seus derivados. No presente trabalho foi observado tal efeito para a carne
suína.
A relação entre os ácidos graxos ômega 6/3 está ligada a ação de duas enzimas: a
dessaturase e a elongase, responsáveis pela síntese de novos ácidos graxos. O ácido graxo
araquidônico é sintetizado a partir do ácido linoléico e os ácidos graxos eicosapentanóico
(EPA) e o ácido graxo docosahexanóico (DHA) são sintetizados a partir do ácido graxo
linolênico. Neste processo é importante se observar que as enzimas priorizam os processos
que envolvem o ômega 3 em detrimento ao ômega 6, assim, o aumento da relação entre
estes ácidos graxos pode trazer benefícios à saúde humana (Martins et al., 2006).
CONCLUSÃO
A inclusão do farelo do bagaço de caju nas dietas não afetou a qualidade das
carcaças das fêmeas, mas interferiu positivamente nas carcaças dos machos castrados,
aumentando o rendimento de carne na carcaça resfriada e reduzindo a espessura de
toucinho, sem afetar o perfil dos ácidos graxos. Neste contexto, o FBC apresentou-se como
um ingrediente a ser utilizado em programas de restrição alimentar qualitativa para suínos
na fase de terminação.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPQ e à UFRN por dar suporte ao desenvolvimento
deste experimento. Ao CNPq pelo apoio financeiro a este trabalho.
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56
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO ABMVZ
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (BrazilianJournalofVeterinaryand Animal Sciences)
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57
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Artigo científico
É o relato completo de um trabalho experimental. Baseia-se na premissa de que os
resultados são posteriores ao planejamento da pesquisa. Seções do texto: Título (português
e inglês), Autores e Filiação, Resumo, Abstract, Introdução, Material e Métodos,
Resultados, Discussão (ou Resultados e Discussão), Conclusões, Agradecimentos (quando
houver) e Referências. O número de páginas não deve exceder a 15, incluindo tabelas e
figuras. O número de Referências não deve exceder a 30.
Relato de caso
Contempla principalmente as áreas médicas, em que o resultado é anterior ao interesse de
sua divulgação ou a ocorrência dos resultados não é planejada. Seções do texto: Título
(português e inglês), Autores e Filiação, Resumo, Abstract, Introdução, Casuística,
Discussão e Conclusões (quando pertinentes), Agradecimentos (quando houver) e
Referências. O número de páginas não deve exceder a 10, incluindo tabelas e figuras. O
número de Referências não deve exceder a 12.
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É o relato sucinto de resultados parciais de um trabalho experimental, dignos de
publicação, embora insuficientes ou inconsistentes para constituírem um artigo científico.
O texto, com título em português e em inglês, Autores e Filiação deve ser compacto, sem
distinção das seções do texto especificadas para “Artigo científico”, embora seguindo
aquela ordem. Quando a Comunicação for redigida em português deve conter um
“Abstract” e quando redigida em inglês deve conter um “Resumo”. O número de páginas
não deve exceder a 8, incluindo tabelas e figuras. O número de Referências não deve
exceder a 12.
Preparação dos textos para publicação
Os artigos devem ser redigidos em português ou inglês, na forma impessoal. Para
ortografia em inglês recomenda-se o Webster’sThird New InternationalDictionary. Para
ortografia em português adota-se o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da
Academia Brasileira de Letras.
Formatação do texto
O texto deve ser apresentado em Microsoft Word, em formato A4, com margem 3cm
(superior, inferior, direita e esquerda), em fonte Times New Roman tamanho 12 e em
espaçamento entrelinhas 1,5, em todas as páginas, com linhas numeradas.
Não usar rodapé. Referências a empresas e produtos, por exemplo, devem vir,
obrigatoriamente, entre parêntesis no corpo do texto na seguinte ordem: nome do produto,
substância, empresa e país.
Seções de um artigo
Título. Em português e em inglês. Deve contemplar a essência do artigo e não ultrapassar
150 dígitos.
58
Autores e Filiação. Os nomes dos autores são colocados abaixo do título, com
identificação da instituição a que pertencem. O autor para correspondência e seu e-mail
devem ser indicados com asterisco. Nota:1. o texto do artigo em Word deve conter o
nome dos autores e filiação. 2. o texto do artigo em pdf não deve conter o nome dos
autores e filiação.
Resumo e Abstract. Deve ser o mesmo apresentado no cadastro contendo até 2000 dígitos
incluindo os espaços, em um só parágrafo. Não repetir o título e incluir os principais
resultados numéricos, citando-os sem explicá-los, quando for o caso. Cada frase deve
conter uma informação. Atenção especial às conclusões.
Palavras-chave e Keywords. No máximo cinco.
Introdução. Explanação concisa, na qual são estabelecidos brevemente o problema, sua
pertinência e relevância e os objetivos do trabalho. Deve conter poucas referências,
suficientes para balizá-la.
Material e Métodos. Citar o desenho experimental, o material envolvido, a descrição dos
métodos usados ou referenciar corretamente os métodos já publicados. Não usar subtítulos.
Nos trabalhos que envolvam animais e organismos geneticamente modificados deverá
constar, obrigatoriamente, o número do protocolo de aprovação do Comitê de Bioética e/ou
de Biossegurança, quando for o caso.
Resultados. Apresentar clara e objetivamente os resultados encontrados. Tabela. Conjunto
de dados alfanuméricos ordenados em linhas e colunas. Usar linhas horizontais na
separação dos cabeçalhos e no final da tabela. A legenda recebe inicialmente a palavra
Tabela, seguida pelo número de ordem em algarismo arábico e é referida no texto como
Tab., mesmo quando se referir a várias tabelas. Pode ser apresentada em espaçamento
simples e fonte de tamanho menor que 12 (menor tamanho aceito é 8). Figura. Qualquer
ilustração que apresente linhas e pontos: desenho, fotografia, gráfico, fluxograma,
esquema, etc. A legenda recebe inicialmente a palavra Figura, seguida do número de
ordem em algarismo arábico e é referida no texto como Fig., mesmo se referir a mais de
uma figura. As fotografias e desenhos com alta qualidade em formato jpg, devem ser
também enviadas, em um arquivo zipado, no campo próprio de submissão. Nota: Toda
tabela e/ou figura que já tenha sido publicada deve conter, abaixo da legenda, informação
sobre a fonte (autor, autorização de uso, data) e a correspondente referência deve figurar
nas Referências. 9 As tabelas e figuras devem preferencialmente, ser inseridas no texto no
parágrafo seguinte à sua primeira citação.
Discussão. Discutir somente os resultados obtidos no trabalho. (Obs.: As seções
Resultados e Discussão poderão ser apresentadas em conjunto a juízo do autor, sem
prejudicar qualquer das partes).
Conclusões. As conclusões devem apoiar-se nos resultados da pesquisa executada.
Agradecimentos. Não obrigatório. Devem ser concisamente expressados.
Referências. As referências devem ser relacionadas em ordem alfabética. Evitar
referenciar livros e teses. Dar preferência a artigos publicados em revistas nacionais e
internacionais, indexadas. São adotadas as normas ABNT/NBR-6023 de 2002, adaptadas
conforme exemplos:
Como referenciar:
59
Citações no texto
Citações no texto deverão ser feitas de acordo com ABNT/NBR 10520 de 2002. A
indicação da fonte entre parênteses sucede à citação para evitar interrupção na sequência
do texto, conforme exemplos: autoria única: (Silva, 1971) ou Silva (1971); (Anuário...,
1987/88) ou Anuário... (1987/88) dois autores: (Lopes e Moreno, 1974) ou Lopes e
Moreno (1974)mais de dois autores: (Ferguson et al., 1979) ou Ferguson et al. (1979), mais
de um artigo citado: Dunne (1967); Silva (1971); Ferguson et al. (1979) ou (Dunne, 1967;
Silva, 1971; Ferguson et al., 1979), sempre em ordem cronológica ascendente e alfabética
de autores para artigos do mesmo ano.
Citação de citação. Todo esforço deve ser empreendido para se consultar o documento
original. Em situações excepcionais pode-se reproduzir a informação já citada por outros
autores. No texto, citar o sobrenome do autor do documento não consultado com o ano de
publicação, seguido da expressão citado por e o sobrenome do autor e ano do documento
consultado. Nas Referências, deve-se incluir apenas a fonte consultada.
Comunicação pessoal. Não fazem parte das Referências. Na citação coloca-se o
sobrenome do autor, a data da comunicação, nome da Instituição à qual o autor é
vinculado.
Periódicos (até 4 autores, citar todos. Acima de 4 autores citar 3 autores et al.): ANUÁRIO
ESTATÍSTICO DO BRASIL. v.48, p.351, 1987-88.
FERGUSON, J.A.; REEVES, W.C.; HARDY, J.L. Studies on immunity to alphaviruses in
foals. Am. J. Vet. Res., v.40, p.5-10, 1979.
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Publicação avulsa (até 4 autores, citar todos. Acima de 4 autores citar 3 autores et al.):
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Acessado em: 5 dez. 1994.
60
Nota: Artigos que não estejam rigorosamente dentro das normas acima não serão aceitos
para avaliação. ƒ O Sistema reconhece, automaticamente, como “Desistência do Autor”
artigos em diligência ou “Aguardando diligência do autor”, que não tenha sido respondido
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bancário, o autor informará os dados para emissão da nota fiscal. Somente artigos com taxa
paga de submissão serão avaliados. Caso a taxa não seja quitada em até 30 dias será
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taxa de publicação deverá ser paga por meio de boleto bancário emitido pelo sistema
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Recursos e diligências:
No caso de o autor encaminhar resposta a diligências solicitadas pelo ABMVZ, ou
documento de recurso, o mesmo deverá constar como a(s) primeira(s) página(s) do texto
do artigo somente na versão em Word. No caso de artigo não aceito, se o autor julgar
pertinente encaminhar recurso, o mesmo deve ser feito pelo e-mail
61
3. RESTRIÇÃO ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS NA FASE DE
TERMINAÇÃO SOBRE PESOS DOS ÓRGÃOS E MORFOMETRIA
INTESTINAL
Trabalho que será submetido à revista:
Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal
Página eletrônica:
www.revistas.ufba.br ISSN: 1519-9940
62
Restrição alimentar qualitativa para suínos na fase de terminação sobre pesos dos
órgãos e morfometria intestinal
Qualitative feed restriction for late finishing pigs on organs weight and intestinal
morphometry
SILVA, Apauliana Daniela Lima da1*
; MOREIRA, José Aparecido1; OLIVEIRA, Rafael
Leandro Ramos de¹; MOTA, Lorena Cunha2; TEIXEIRA, Elisanie Neiva Magalhães
1SOUZA, Janete Gouveia de
1; MOURA, Carlos Eduardo Bezerra de
1; AGUIAR, Emerson
Moreira de1
1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de agropecuária, Macaíba,
Rio Grande do Norte, Brasil.
2Universidade Federal de Goiás, UFG, Departamento de agropecuária, Goiânia, Goiás,
Brasil.
*Endereço para correspondência: [email protected]
RESUMO
Objetivou-se com este estudo avaliar os efeitos do farelo de bagaço de caju (FBC) como
ingrediente de rações em programas de restrição alimentar sobre peso dos órgãos e
morfometria intestinal de suínos machos castrados e fêmeas. Foram utilizados vinte e
quatro suínos mestiços (12 machos castrados e 12 fêmeas) com peso médio inicial de 57,93
± 3,67 kg/PV. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em um esquema
fatorial 3x2, sendo três níveis (0%, 15% e 30% de FBC), dois sexos e quatro repetições. Os
tratamentos foram compostos por uma dieta basal (DB) formulada com milho, farelo de
soja e núcleo comercial para suínos em terminação, contendo diferentes níveis de FBC. No
final do período experimental os animais foram abatidos para a avaliação do Peso Absoluto
(PA) e Peso Relativo (PR) dos órgãos e estudo morfométrico de fragmento do intestino
delgado. A inclusão de FBC nas dietas afetou peso dos órgãos, e volume parcial da mucosa
absortiva das fêmeas, aumentando o peso do intestino (PR), rins (PA) e (PR), estômago
(PA) e (PR), coração (PR), o mesmo ocorrendo com os machos castrados em relação ao
63
Rins (PA). Quando se comparou o resultado entre os sexos, observaram-se maior peso do
fígado e densidade de superfície da mucosa absortiva dos machos e elevado volume parcial
das fêmeas. O FBC apresentou-se como um ingrediente a ser utilizado em programas de
restrição alimentar qualitativa para suínos na fase de terminação.
Palavras–chave: alimento alternativo, fibra, histomorfologia, nutrição, suinocultura
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the effects of the use of cashew bagasse bran
(CBB) as food ingredient in qualitative feed restriction programs on the on organs weight
and intestinal morphometry of barrows and gilts. Twenty – four crossbred pigs (12
barrows and 12 gilts) were used, with an average initial body weight of 57,93 ± 3.67
kg/LW. The experimental designs was in randomized blocks 3x2 factorial arrangement
with three level (0%, 15% e 30% CBB), two genders (barrows and gilts) and 4 repetition.
The treatments were composed of basal diet (BD) formulated with corn, soybean meal and
commercial base mix for finishing pigs, being containing different levels of CBB. At the
end of trial period the animals were slaughtered for the evaluation of Absolute Weight
(AW) and Relative Weight (RW) of the organs and morphometric study of small intestine
fragment. The inclusion of (CBB) in the diets affect the organs weight and partial volume
(Vv) of absortiva mucosa of gilts, increasing theweight of intestines (RW), kidneys (AW)
and (RW), stomach (AW) and (RW), heart (RW), the same occurring with barrow in
relation to the kidneys (AW). In comparison between sex observed a greater liver weight
(AW) and (RW), and surface density (Sv) of absortiva mucosa of barrow and high volume
partial (Vv) of gilts. In this context, the use of CBB was considered as ingredient to be
used in programs of qualitative feed restriction for finishing pigs.
Keywords: alternative food, fiber, histomorphology, nutrition, pig farming
64
INTRODUÇÃO
Para transformar a suinocultura em uma atividade lucrativa é preciso maximizar a
produtividade e reduzir o custo de produção dos suínos. Um dos entraves para o sucesso da
suinocultura é o custo com alimentação. A produção de monogástricos é dependente dos
ingredientes milho e farelo soja, que são alimentos extraordinários, mas os preços destes
produtos sofrem oscilações em determinadas épocas do ano, provocando elevações no
custo de produção (Arouca et. al., 2012). Uma alternativa plausível para amenizar está
situação seria o uso dos alimentos alternativos (Figueiredo et al., 2012).
Na região Nordeste, a suinocultura tem crescido bastante, nos últimos tempos,
embora, por outro lado, a produção de grãos não tenha acompanhado esse crescimento. A
restrição alimentar é utilizada pelos produtores na fase de terminação, com o objetivo de
reduzir o teor energético das rações por meio da inclusão de ingredientes fibrosos e
resíduos do processamento de alimentos, como cascas e bagaços de baixo valor energético
(Moreira et al., 2007).
O bagaço do caju, subproduto da indústria do suco de caju, é um ingrediente
normalmente desperdiçado no Nordeste, mas é um alimento que possui um bom valor
nutritivo, podendo ser utilizado em dietas para suínos (Farias et al., 2008), porém contém
altos teores de fibras.
Sendo os suínos animais monogástricos de ceco simples, eles possuem capacidade
limitada para aproveitar eficientemente os alimentos que contém altos teores de fibras. As
fibras, também chamadas de polissacarídeos não-amilaceos (PNA), são classificados em
solúveis (pectinas, gomas e hemicelulose) e insolúveis (celulose, lignina e algumas
hemiceluloses), conforme Tavernari et al. (2008). Para animais monogástricos, a celulose
apresenta baixa digestibilidade, podendo reduzir a absorção de outros nutrientes.
Um ponto relevante está na geração de ácidos graxos resultante da fermentação da
fibra no intestino grosso. Segundo Gomes et al. (2006), cerca de 30% do requerimento de
energia de manutenção, pode ser suprido através da utilização dos ácidos graxos voláteis
de cadeia curta, resultantes da fermentação da fibra dietética no intestino grosso.
As fibras dietéticas também podem influenciar na morfologia da mucosa intestinal,
alterando a altura das vilosidades, profundidade das criptas e o número de células
caliciforme, neste contexto objetivou-se avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis do
65
farelo do bagaço de caju como ingrediente em programas de restrição alimentar sobre o
peso dos órgãos e morfometria intestinal de suínos machos castrados e fêmeas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento protocolo (004/2011) foi aprovado pelo comitê de ética no uso de
animais (CEUA) da UFERN e desenvolvido no setor experimental de suínos da Escola
Agrícola de Jundiaí – Campus UFRN, localizado no município de Macaíba. O município
de Macaíba situa-se na mesorregião Leste Potiguar e na microrregião de Macaíba,
apresentando as coordenadas 05°51’28,8” de latitude sul e 35°21’14,4” de longitude oeste.
Foram utilizados 24 suínos mestiços (machos castrados e fêmeas), sendo doze
machos castrados e doze fêmeas, com peso médio inicial de 57,93±3,67 kg/PV, alojados
em um galpão experimental com piso de concreto, contendo comedouros simples e
bebedouros do tipo chupeta. Foram utilizados termômetros, de máxima e mínima,
colocados no interior do galpão, dentro de uma baia com altura equivalente a dos animais,
para registro diário durante todo o período experimental (Agosto a Novembro/2011) e
(Janeiro a Maço/2012). As temperaturas máximas e mínimas, Umidade Relativa e ITU
(índice de temperatura e umidade) do período experimental foram 32,4 e 24°C, 84% e 80,
respectivamente.
Os animais foram distribuídos em um delineamento de blocos casualizados em um
esquema fatorial 3x2, sendo três níveis de FBC, dois sexos e quatro repetições, sendo a
unidade experimental representada por um animal. Totalizando 24 parcelas. Os animais
foram alimentados com uma dieta basal (DB), formulada com milho, farelo de soja e
núcleo comercial para suínos em terminação, contendo diferentes níveis de inclusão do
Farelo do Bagaço de Caju (FBC), constituindo os seguintes tratamentos: 1) dieta basal com
0% de FBC; 2) dieta basal com 15% de FBC; 3) dieta basal com 30% de FBC.
O bagaço de caju foi obtido pela retirada do suco do pseudofruto, seguindo-se de
secagem do resíduo por três dias ao sol com posterior trituração. Fez-se coleta de uma
amostra representativa do resíduo total para determinação da composição química do
bagaço de caju. Análise da composição do bagaço de caju (BC) foi realizada no laboratório
de nutrição animal da UFRN.
66
A composição química do bagaço de caju: Matéria Seca 88,96%, Matéria Mineral
4,64%, Matéria Orgânica 95,36%, Proteína Bruta 15,98%, Extrato Etéreo 2,42%, Energia
Bruta 5622,3 kcal, Energia Digestível 1680 kcal/ED, FDN 68,15%, FDA 41,15 %,
Celulose 24,30%, Hemicelulose 23,56% e Lignina 24,19%. As dietas foram formuladas
para atender ás exigências nutricionais para suínos em fase de terminação de acordo com
Rostagno et al. (2005). Entretanto, a dieta foi formulada para manter a restrição alimentar
qualitativa com redução decrescente da energia de acordo com os níveis de FBC. A
composição percentual e os valores calculados das rações experimentais encontram-se na
Tabela 1.
Tabela 1. Composição das dietas experimentais para suínos em terminação
Ingredientes (%) Níveis de bagaço de caju (%)
0 15 30
Milho 74,85
62,86
50,87
Farelo de Soja 22,14
19,14
16,13
Bagaço de Caju
0,00 15,00
30,00
Núcleo comercial¹ 2,50 2,50
2,50
Óleo de soja 0,50
0,50
0,50
Composição calculada 100 100 100
Energia digestível kcal/kg
3.400
3.134
2.866
Proteína bruta 16,50
16,50
16,50
Lisina digestível 0,69 0,64
0,59
Metionina digestível 0,25 0,24
0,24
Triptofano digestível 0,16
0,14
0,12
Cálcio 0,69
0,69
0,69
Fósforo total 0,31 0,31
0,31
Fósforo disponível 0,14 0,14
0,14
Sódio 0,17
0,17
0,17
FDA 4,28
9,81
15,34
FDN
11,68
20,11
28,53
¹Níveis de Garantia por kg do produto: cálcio (min) 240 g; cálcio (máx) 245 g; fósforo (min) 25 g; sódio
(min) 55 g; ferro (min) 3.200 mg; cobre (min) 5.000 mg; Manganês (min) 1.280 mg; zinco (min) 2.400 mg;
iodo (min) 25,50 mg; cobalto (min) 12,80 mg; selênio (min) 9,60 mg; vitamina A (min) 180 UI; vitamina D3
(min) 32.000 UI; vitamina E (min) 720 UI; vitamina K3 (min) 36 mg; Vitamina B1 (min) 27 mg; vitamina
B2 (min) 108 mg; niacina (min) 638 mg; ácido patotênico (min) 362 mg; vitamina B6 (min) 36 mg; ácido
fólico (min) 18 mg; biotina (min) 1,80 mg; vitamina B12 (min) 580 mg; colistina 200 mg; fitase 17 U/g.
Os animais receberam água e ração ad libitum, sendo as pesagens dos animais e da
ração efetuadas a cada 14 dias. Ao término do período experimental, os animais foram
67
abatidos, com peso médio 95±7,42 kg/PV, para avaliação do peso dos órgãos digestivos e
não digestivos sendo os órgãos digestivos os intestinos, o estômago e o fígado, e os órgãos
não digestivos o baço, coração, pulmão e rins.
O peso relativo (PR) dos órgãos foi obtido pela razão entre o peso absoluto (PA) e
o peso do vivo do animal multiplicado por cem. O estudo morfométrico de fragmento do
intestino delgado também foi realizado para avaliação da condição histológica do aparelho
digestivo após inclusão do farelo bagaço de caju.
A cavidade abdominal de cada suíno foi aberta por incisão longitudinal, retirando-
se os órgãos digestivos estômago, intestino delgado, fígado, intestino grosso, ceco e colo.
Também foram retirados os órgãos não digestivos: coração, pulmão, rins e baço. Foram
calculados os pesos dos órgãos em porcentagem do peso vivo, a partir dos pesos obtidos de
cada animal, segundo a metodologia descrita por Gomes (1996).
Após a retirada dos órgãos do trato gastrointestinal e dos órgãos não digestivos,
foram colhidos com o auxílio de bisturi cirúrgico um fragmento de cerca de 2cm da porção
inicial do intestino delgado (duodeno), e em seguida acondicionados em recipientes de
plástico preenchidos com álcool à 70% como fixador prévio, por 24h. Após a fixação, o
material foi desidratado em concentrações crescentes de álcool absoluto a 70, 95 e 100 %,
sendo diafanizado por passagem em 3 banhos de xilol e incluído em parafina (Anexo 8).
Os blocos de parafina com as amostras foram cortados em um micrótomo Leica,
obtendo-se cortes da espessura de 5μm. Os cortes foram colhidos em lâminas de vidro e
corados pelo método da hematoxilina e eosina, em seguida recobertas com lamínulas,
sendo uma lâmina por tratamento totalizando 24 lâminas para estudo morfométrico (Anexo
9).
Para a leitura histológica das lâminas foi utilizado o microscópio óptico Olympus
BX41 (Olympus U-TV 0,5xc3) e acoplado um sistema que captura e analisa imagens
chamado Nikon ACT-1 (Nikon digital câmera DXM 1200) para conseguir as imagens dos
fragmentos do intestino delgado em um aumento de 10x e realizando-se uma média de 20
imagens por lâmina, sendo que cada lâmina tinha 6 campos dos quais se obtinham as
imagens para ser realizado o estudo das seguintes variáveis morfométricas: altura das
vilosidades, comprimento da mucosa, quantidade de células caliciformes, volume parcial e
densidade da superfície da mucosa absortiva do duodeno (Anexo 10).
68
A altura das vilosidades e o comprimento da mucosa foram realizados através do
programa Image Pro Plus (IPWIN32), onde realizou-se em média, a medida de 10
vilosidades e 10 comprimentos da mucosa dentre as 20 imagens capturadas por lâmina
para cada animal (Pascoal, 2009).
Para a determinação do volume parcial (Vv) e densidade de superfície (Sv) da
mucosa absortiva do duodeno utilizou-se a análise estereológica, realizando-se a
sobreposição de um sistema teste do tipo ciclóide nas imagens dos cortes, com 35 arcos
cicloides e 70 pontos teste (Nordi, 2010). Ainda segundo o mesmo autor a estereologia é
uma técnica histomorfométrica usada para quantificar estruturas tridimensionais a partir de
cortes bidimensionais. Mediu-se 3 campos por lâmina para a realização da análise
estereológica (Anexo 11).
A obtenção do volume parcial (Vv) da mucosa absortiva, expresso em
porcentagem, foi calculado através do número de pontos teste sobre a superfície da mucosa
e o número total de pontos na grade, segundo a fórmula Vv = ƩP (MUCOSA)/ ƩP
(VOLUME REFERENCIAL).100, em que ƩP (MUCOSA) é o número de pontos do
sistema teste sobre a camada específica em análise e o ƩP (VOLUME REFERENCIAL) é
o número total de pontos na grade.
Para a obtenção da densidade de superfície (Sv) da mucosa absortiva, expressa em
mm²/mm³, foi calculada através do número de intersecções dos arcos cicloides sobre a
superfície da mucosa, comprimento do arco cicloide presente no grid tipo cicloide e o
número de pontos teste sobre a superfície da mucosa entérica, segundo a fórmula Sv = 2*
ƩI (MUCOSA)/ I(p)* ƩP (MUCOSA), em que ƩI (MUCOSA) é o número de intersecções
dos arcos cicloides sobre a camada específica em análise; I(p) é o comprimento do arco
cicloide (mm) e ƩP (MUCOSA) é o número de pontos do sistema teste sobre a camada
específica em análise (Nordi, 2010).
O estudo das células caliciformes foi desenvolvido a partir das mesmas imagens
onde foram medidas as alturas das vilosidades e o comprimento da mucosa, sendo medindo
10 vilosidades por tratamento (Nordi, 2010).
Os parâmetros estudados foram submetidos a analise de variância e teste “t” de
acordo com os procedimentos do SAS Institute (2002).
69
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os parâmetros Intestino (PR), Estômago (PA), Estômago (PR), Coração (PR) das
fêmeas, foram influenciados (P<0,05) pelos níveis do farelo do bagaço de caju nas dietas,
no entanto, não ocorrendo com os machos castrados, para os outros parâmetros, não foram
observados efeitos (P>0,05) (Tabela 2).
Tabela 2. Peso dos órgãos de suínos alimentados com farelo de bagaço de caju
Parâmetros Níveis de bagaço de caju
0% 15% 30% Média ²CV
Peso (machos) (kg) 96,35
99,70 96,10 97,38 8,28
Peso (fêmeas) (kg) 96,40 96,00 93,45 95,28
Baço PA (machos) (kg)
0,157 0,147 0,167 0,157 16,73
Baço PA (fêmeas) (kg) 0,146 0,146 0,145 0,145
Baço PR (machos) (%) 0,164 0,149 0,175 0,162 14,16
Baço PR (fêmeas) (%)
0,151 0,151 0,154 0,151
Intestino PA (machos) (kg) 3,61 3,48 3,75 3,61 14,81
Intestino PA (fêmeas) (kg) 2,99 3,14 12,39 6,17
Intestino PR (machos) (%) 3,74 3,48 3,90 3,70 8,95
Intestino PR (fêmeas) (%) 3,10b 3,32
ab 3,88
a 3,43
Estômago PA (machos) (kg) 0,567 0,647 0,695 0,636
12,16 Estômago PA (fêmeas) (kg) 0,554
b 0, 611
b 0,691
a 0,618
Estômago PR (Machos) (%) 0,590 0,648 0,719 0,652 9,95
Estômago PR (Fêmeas) (%) 0,574b 0,648
ab 0,743
a 0,655
Pulmão PA (Machos) (kg) 0,955 0,825 0,774 0,851 21,94
Pulmão PA (Fêmeas) (kg) 0,801 0, 788 0,631 0,740
Pulmão PR (machos) (%) 1,00 0,831 0,798 0,878 19,19
Pulmão PR (fêmeas) (%) 0,839 0,820 0,674 0,777
Fígado PA (machos) (kg) 1,73 1,58 1,64 1,65A
15,51 Fígado PA (fêmeas) (kg) 1,45 1,49 1,38 1,44
B
Fígado PR (Machos) (%) 1,79 1,59 1,73 1,70A
13,35 Fígado PR (Fêmeas) (%) 1,50 1,55 1,48 1,50
B
Coração PA (Machos) (kg) 0,326 0,335 0,306 0,322 12,01
Coração PA (Fêmeas) (kg) 0,365 0,328 0,306 0,333
Coração PR (machos) (%) 0,338 0,337 0,320 0,331 8,12
Coração PR (fêmeas) (%) 0,378a 0,344
b 0,328
b 0,350
Rins PA (machos) (kg) 0,325 0,330 0,266 0,307 9,10
Rins PA (fêmeas) (kg) 0,354 0,309 0,287 0,316
Rins PR (Machos) (%) 0,340 0,333 0,276 0,333 8,13
Rins PR (Fêmeas) (%) 0,366 0,326 0,309 0,316 Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na vertical (condição sexual) e minúsculana horizontal
(Níveis de bagaço de caju) diferem entre si(P<0,05) pelo teste “t”. 1CV= coeficiente de variação
70
Resultados semelhantes foram obtidos por Braz (2008) que observaram efeito
significativo dos tratamentos sobre peso do estômago, que aumentou gradativamente com
o aumento do nível de bagaço de cevada na dieta, como reflexo do crescente volume do
bagaço de cevada nas rações.
Estes resultados corroboram com os estudos conduzidos por Gomes (1996), onde
detectou aumento lineares nos pesos do estômago vazio e do coração, expressos em
percentual do peso vivo, em suínos alimentados com feno de coastcross
(Cynodondactylon) como fonte de fibra (FDN).
As fêmeas que consumiram dietas contendo 30% de FBC apresentaram aumento no
Intestino (PR) (P<0,05) em comparação com o tratamento controle. Isto ocorreu,
provavelmente, devido a uma menor concentração de energia digestível nas dietas
formuladas com FBC, provocado pelo uso do alimento fibroso, o que conseqüentemente
pode aumentar o consumo voluntário, aumentando a pressão sobre a mucosa do estômago
do animal e o maior volume do conteúdo intestinal. Esta circunstância conduz a um
esvaziamento gastrointestinal mais lento e conseqüente aumento do volume dos órgãos
digestivos. Entretanto, Vieira et al. (2006) não observaram efeito sobre os pesos de trato
gastrointestinal, do estômago e do fígado de fêmeas suínas, em crescimento, que foram
alimentadas por diferentes níveis (0 á 50%) de bagaço de cevada.
Quando se comparou os resultados entre sexo, observaram-se valores de fígado
(PA) e fígado (PR) mais elevados para os machos (P<0,05). Isto está relacionado,
provavelmente, devido ao maior peso dos machos e o aumento do consumo voluntário. De
acordo com Schneeman (1999), a digesta percorrendo o trato gastrointestinal continua a
manter a característica de “volume”, fato que provavelmente promove distensão da parede
destes órgãos e subseqüente aumento do peso de alguns dos órgãos digestivos. Em relação
às outras variáveis, não houve interação entre os sexos.
Em estudo com suínos cruzados não melhorados, Gomes et al. (2007) observaram
que somente houve aumento do trato gastrintestinal e estômago vazio em animais que
consumiram ração fibrosa, sendo que, para os demais órgãos, os pesos foram similares,
evidenciando uma adaptação ao consumo da fibra dietética na alimentação de suínos.
Watanabe (2007) observou maior peso de estômago, ceco de suínos em fase de
terminação que receberam níveis crescentes de polpa cítrica (0 à 30%) em programa de
restrição alimentar qualitativa. O maior teor de fibra, nas dietas com polpa cítrica,
71
contribuiu para o aumento da produção de secreção gástrica e a maior fermentação no
intestino grosso, a ocasionar maior peso dos órgãos.
No entanto, suínos em fase de crescimento alimentados com dieta fibrosa (27% de
FDN), não relataram efeito significativo sobre peso do estômago vazio, intestino delgado,
ceco e colo, coração, pulmão, rins e fígado (Hale et al., 1986; Pond et al., 1988). Isto pode
ser explicado por alguns fatores, que podem ter interferido nos resultados, como a
qualidade da fibra empregada, (Hansen et al., 1992) concentração de fibra na dieta e estado
fisiológico do animal, idade e peso vivo.
Neste experimento não foram observados efeito dos Rins (PA) e Rins (PR) dos
animais machos castrados e fêmeas que consumiram níveis mais altos de FBC. Isto pode
ter ocorrido em uma tentativa anatomofisiológica de adaptação ao uso do FBC nas dietas,
desta forma, essas dietas contendo fibra dietética são responsáveis por alterações na
morfologia intestinal de animais não ruminantes.
Arouca et al. (2012) não observaram diferenças no peso absoluto e relativo de
órgãos de suínos, em fase de terminação tardia, alimentados com dietas com diferentes
níveis de cana-de- açúcar em substituição parcial ao milho. Porém, há vários fatores que
podem interferir nos resultados, como o padrão racial dos animais utilizados.
A altura da vilosidade, altura da mucosa e células caliciformes do duodeno não
foram afetados (P>0,05) pelos níveis de FBC nas dietas (Tabela 3). Similarmente, Jin et al.
(1994) também não observaram interferências da dieta sobre o comprimento das
vilosidades do duodeno, jejuno e íleo dos suínos alimentados com rações contendo palhada
de trigo (0 à 10%) em fase de crescimento.
No entanto, Arouca et al. (2012) observaram efeito significativo (P>0,05) dos
tratamentos sobre a altura das vilosidades no duodeno, jejuno e íleo e a profundidade de
cripta no duodeno e jejuno dos animais alimentados com cana-de-açúcar, foram maiores do
que a dos animais alimentados com a ração convencional.
A redução da altura das vilosidades, em decorrência do aumento na taxa de
descamação epitelial, pode ser resultante do incremento da profundidade da cripta para
assegurar a adequada taxa de “turnover” celular e garantir a reposição das perdas de células
da região apical das vilosidades (Araújo et al., 2006; Oetting et al., 2006). Entretanto, neste
experimento não ocorreu, a altura das vilosidades não foi prejudicada, o que pode refletir
em um bom aproveitamento dos nutrientes pelos animais alimentados com FBC.
72
Tabela 3. Morfometria intestinal de suínos alimentados com farelo do bagaço de caju
Parâmetros Níveis de bagaço de caju
0% 15% 30% Média *CV
Altura vilosidade (machos)¹ 82,23
82,69 97,23 87,38 12,31
Altura vilosidade (fêmeas)¹ 91,80 99,31 99,68 96,93
Altura Mucosa (machos)¹
227,11 199,00 225,46 217,19 10,05
Altura Mucosa (fêmeas)¹ 218,96 239,98 251,27 236,74
Células Caliciformes (machos) 13,2 11,5 14,0 12,9 12,74
Células Caliciformes (fêmeas)
10,7 12,0 13,2 12,0
Densidade de Superfície (machos)² 0,242 0,257 0,245 0,248 A
6,00
Densidade de Superfície (fêmeas)² 0,242 0,227 0,227 0,232 B
Volume Parcial (machos)³ 69,75 70,00 72,50 70,75B
8,47 Volume Parcial (fêmeas)³ 75,25
b 81,25
a 82,00
a 79,50
A
Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na vertical (condição sexual) e minúscula na horizontal
(Níveis de bagaço de caju) diferem entre si (P<0,05) pelo teste “t”. *CV= coeficiente de variação; ¹µm; ²
mm²/mm³; ³ %
No entanto, Arouca et al. (2012) observaram efeito significativo (P>0,05) dos
tratamentos sobre a altura das vilosidades no duodeno, jejuno e íleo e a profundidade de
cripta no duodeno e jejuno dos animais alimentados com cana-de-açúcar, foram maiores do
que a dos animais alimentados com a ração convencional.
A redução da altura das vilosidades, em decorrência do aumento na taxa de
descamação epitelial, pode ser resultante do incremento da profundidade da cripta para
assegurar a adequada taxa de “turnover” celular e garantir a reposição das perdas de células
da região apical das vilosidades (Araújo et al., 2006; Oetting et al., 2006). Entretanto, neste
experimento não ocorreu, a altura das vilosidades não foi prejudicada, o que pode refletir
em um bom aproveitamento dos nutrientes pelos animais alimentados com FBC.
Neste estudo, os níveis de FBC, não influenciaram (P>0,05) o número de células
caliciformes, cuja a função é secretar muco, o que pode ser resultado da adaptação dos
animais à dieta fornecida.
Segundo Schauffertet al. (2000) o aumento do número das células caliciformes,
representa uma resposta à condição de desafio mecânico, uma vez que a camada de muco
produzida protege e lubrifica o revestimento do intestino.
Gomes et al. (2006) observaram alterações epiteliais no intestino de suínos ao final
da fase de creche e revelaram aumento da produção de muco (3,3%) pelas células
caliciformes do duodeno. No duodeno, houve apenas um ligeiro aumento da produção de
muco e no jejuno, apesar das células da mucosa terem aumentado de tamanho, o volume
73
que ocupavam no epitélio se reduziu. Isso pode ser justificado, por uma adaptação do
epitélio intestinal do suíno jovem causada pelo contínuo período de oferecimento da ração
contendo fibra dietética.
As análises esteorológicas foram utilizadas no presente estudo para descrever
possíveis mudanças na mucosa absortiva do intestino delgado. Como parâmetro de
comparação foram utilizadas medidas do volume parcial (Vv) da mucosa absortiva e a
densidade de surpeficie (Sv) da mucosa abosrtiva (Nordi, 2010).
As fêmeas que consumiram dietas contendo 15 e 30% de FBC apresentaram maior
volume parcial da mucosa absortiva (Vv) no duodeno (P<0,05) em comparação com as
fêmeas alimentadas com dietas 0% de FBC. O aumento do Vv da mucosa absortiva no
duodeno das fêmeas, esta provavelmente relacionado com a função de absorção
(Nordi,2010), que se dá em grande parte neste segmento, embora não tenha se observado
efeito sobre a altura das vilosidades das fêmeas suínas.
Quando se comparou os resultados entre sexo, observaram-se valor de Vv da
mucosa absortiva no duodeno mais elevado para as fêmeas (P<0,05). Segundo Paulleti et
al. (2007), o aumento do volume parcial da mucosa absortiva no duodeno esta relacionado
com a presença de vilosidades maiores e mais numeroras, aliado a uma parede intestinal
mais delgada. No entanto, a altura das vilosidades dos suínos machos castrados e fêmeas
não foram influenciadas pelo níveis de FBC. Entretanto, as fêmeas apresentaram maiores
valores quando comparou-se com os suínos machos castrados. O menor volume da mucosa
absortiva dos machos castrados pode está relacionado a mudança da dieta e a fase
transitória do epitélio. O uso do FBC nas dietas dos suínos machos castrados afetou a
função intestinal através da diminuição do Vv, sem alteração estrutural aparente das
vilosidades.
Os suínos machos castrados apresentaram maior valor de densidade da superfície
da mucosa intestinal (P<0,05) quando se comparou os resultados entre sexo. Segundo
Nordi (2010), o Sv do Intestino delgado é representado pelo padrão de comportamento
entre a massa e o volume ocupado pelas vilosidades.
Em relação às variáveis: altura da mucosa, altura da vilosidade e células
caliciformes não houve interação entre os sexos.
74
CONCLUSÃO
A inclusão de FBC nas dietas afetou o peso dos órgãos dos suínos em terminação.
Observaram-se maior peso do fígado e densidade de superfície da mucosa intestinal dos
machos e elevado volume da mucosa absortiva no duodeno das fêmeas. O farelo do bagaço
de caju não piorou a morfometria intestinal dos suínos machos castrados e fêmeas. O FBC
apresentou-se como um ingrediente a ser utilizado em programas de restrição alimentar
qualitativa para suínos na fase de terminação.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPQ e à UFRN por dar suporte ao desenvolvimento deste
experimento. Ao CNPq pelo apoio financeiro a este trabalho.
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?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 21 dez. 2014.
78
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA BRASILEIRA DE SAÚDE E
PRODUÇÃO ANIMAL – RBSPA
ORIENTAÇÕES GERAIS:
O periódico RBSPA é uma publicação eletrônica, com acesso e envio de artigos
exclusivamente pela Internet (www.rbspa.ufba.br). Editado na Universidade Federal da
Bahia, destinase a publicação de artigos de revisão em inglês (a convite do Conselho
Editorial) ou de pesquisas originais nas seguintes seções: Agronegócio; Forragicultura e
pastagens; Medicina veterinária preventiva; Melhoramento genético animal;
Morfofisiologia animal; Nutrição animal; Patologia e clínicas; Produção animal e
ambiente; Recursos pesqueiros/aqüicultura; e Reprodução animal.
Os artigos encaminhados para publicação são submetidos à aprovação do Conselho
Editorial, com assessoria de especialistas da área (revisores ad hoc). Os pareceres têm
caráter imparcial e sigilo absoluto, tanto da parte dos autores como dos revisores, sem
identificação entre eles. Os artigos, cujos textos necessitam de revisões ou correções, são
devolvidos aos autores e, se aceitos para publicação, passam a ser de propriedade da
RBSPA. Os conceitos, informações e conclusões constantes dos trabalhos são de exclusiva
responsabilidade dos autores.
Os manuscritos devem ser redigidos na forma impessoal, espaço entre linhas duplo (exceto
nas tabelas e figuras), fonte Times New Roman tamanho 12, em folha branca formato A4
(21,0 X 29,7 cm), com margens de três cm, páginas numeradas seqüencialmente em
algarismos arábicos, não excedendo a 20, incluindo tabelas e figuras (inclusive para artigos
de revisão). As páginas devem apresentar linhas numeradas (a numeração é feita da
seguinte forma: menu arquivo/configurar página/layout/números de linha.../numerar
linhas).
Não utilizar abreviações não-consagradas e acrônimos, tais como: "o T2 foi menor que o
T4, e não diferiu do T3 e do T5". Quando se usa tal redação dificulta- se o entendimento
do leitor e a fluidez do texto.
Citações no texto: são mencionadas com a finalidade de esclarecer ou completar as idéias
do autor, ilustrando e sustentando afirmações. Toda documentação consultada deve ser
obrigatoriamente citada em decorrência aos direitos autorais. As citações de autores no
texto são em letras minúsculas, seguidas do ano de publicação. Quando houver dois
autores, usar & (e comercial) e, no caso de três ou mais autores, citar apenas o sobrenome
do primeiro, seguido de et al. (não-itálico). Menciona- se a data da publicação que deverá
vir citada entre parênteses, logo após o nome do autor. As citações feitas no final do
parágrafo devem vir entre parênteses e separadas por ponto e vírgula, em ordem
cronológica. O artigo não deve possuir referências bibliográficas oriundas de publicações
em eventos técnicocientíficos (anais de congressos, simpósios, seminários e similares),
bem como teses, dissertações e publicações na internet (que não fazem parte de periódicos
científicos). Deve-se, então, privilegiar artigos publicados em periódicos com corpo
editorial (observar orientações percentuais e cronológicas no último parágrafo do item
“Referências”).
Citação de citação (apud): não é aceita.
Língua: Portuguesa, Inglesa ou Espanhola.
79
Tabela: deve ser mencionada no texto como Tabela (por extenso) e refere- se ao conjunto
de dados alfanuméricos ordenados em linhas e colunas. São construídas apenas com linhas
horizontais de separação no cabeçalho e ao final da tabela. A legenda recebe inicialmente a
palavra Tabela, seguida pelo número de ordem em algarismo arábico (Ex.: Tabela 1.
Ganho médio diário de ovinos alimentados com fontes de lipídeos na dieta). O título da
tabela deve ser formatado de maneira que, a partir da segunda linha, o texto se inicie
abaixo da primeira letra do título e não da palavra Tabela. Ao final do título não deve
conter ponto final. Não são aceitos quadros.
Figura: deve ser mencionada no texto como Figura (por extenso) e refere- se a qualquer
ilustração constituída ou que apresente linhas e pontos: desenho, fotografia, gráfico,
fluxograma, esquema etc. Os desenhos, gráficos e similares devem ser feitos com tinta
preta, com alta nitidez. As fotografias, no tamanho de 10 × 15 cm, devem ser nítidas e de
alto contraste. As legendas recebem inicialmente a palavra Figura, seguida do número de
ordem em algarismo arábico (Ex.: Figura 1. Produção de leite de vacas Girsob estresse
térmico nos anos de 2005 e 2006). Chama- se a atenção para as proporções entre letras,
números e dimensões totais da figura: caso haja necessidade de redução, esses elementos
também são reduzidos e correm o risco de ficar ilegíveis. O título da figura deve ser
formatado de maneira que a partir da segunda linha o texto se inicie abaixo da primeira
letra do título e não da palavra Figura. Igualmente, ao final do título não deve conter ponto
final. Tanto as tabelas quanto as figuras devem vir o mais próximo possível, após sua
chamada no texto.
TIPOS E ESTRUTURA DE ARTIGOS PARA PUBLICAÇÃO:
1) Artigos científicos: devem ser divididos nas seguintes seções: título, título em inglês,
autoria, resumo, palavras- chave, summary, keywords, introdução, material e métodos,
resultados e discussão, agradecimentos (opcional) e referências; e
2) Artigos de revisão: devem conter: título, título em inglês, autoria, resumo, palavras-
chave, summary, keywords, introdução, desenvolvimento, conclusões, agradecimentos
(opcional) e referências.
Os títulos de cada seção devem ser digitados em negrito, justificados à esquerda e em letra
maiúscula.
Título: Em português (negrito) e em inglês (itálico), digitados somente com a primeira
letra da sentença em maiúscula e centralizados. Devem ser concisos e indicar o conteúdo
do trabalho. Evitar termos não significativos como “estudo”, “exame”, “análise”, “efeito”,
“influência”, “avaliação” etc. Não ultrapassar 20 termos.
Autores: A nomeação dos autores deve vir logo abaixo do título em inglês. Digitar o
último sobrenome em maiúsculo, seguido pelos pré-nomes (com apenas a primeira letra
maiúscula) também por extenso e completos, separados por vírgula e centralizados (Ex.:
OLIVEIRA, João Marques de). A cada autor deverá ser atribuído um número arábico
sobrescrito ao final do sobrenome, que servirá para identificar as informações referentes a
ele. Logo abaixo dos nomes dos autores, deverá vir justificada a esquerda e em ordem
crescente a numeração correspondente, seguida pela afiliação do autor: Instituição;
Unidade; Departamento; Cidade; Estado e País. Deve estar indicado o autor para
correspondência com o respectivo endereço eletrônico.
Resumo e Summary: Devem conter entre 200 e 250 palavras cada um, em um só
parágrafo. Não repetir o título. Cada frase deve ser uma informação e não apresentar
80
citações. Deve se iniciar pelos objetivos, apresentar os resultados seguidos pelas
conclusões. Toda e qualquer sigla deve vir precedida da explicação por extenso. Ao
submeter artigos em outra língua, deve constar o resumo em português.
Palavras-chave e keywords: Entre três e cinco, devem vir em ordem alfabética, separadas
por vírgulas, sem ponto final, com informações que permitam a compreensão e a
indexação do trabalho.
Não são aceitas palavras- chave que já constem do título.
Introdução: Deve conter no máximo 2.500 caracteres com espaços. Explanação de forma
clara e objetiva do problema investigado, sua pertinência, relevância e, ao final, os
objetivos com a realização do trabalho.
Material e Métodos (exceto para artigos de revisão): Não são aceitos subtítulos. Devem
apresentar seqüência lógica da descrição do local, do período de realização da pesquisa,
dos tratamentos, dos materiais e das técnicas utilizadas, bem como da estatística utilizada
na análise dos dados. Técnicas e procedimentos de rotina devem ser apenas referenciados.
Resultados e Discussão (exceto para artigos de revisão): Os resultados podem ser
apresentados como um elemento do texto ou juntamente com a discussão, em texto corrido
ou mediante ilustrações. Interpretar os resultados no trabalho de forma consistente e evitar
comparações desnecessárias. Comparações, quando pertinentes, devem ser discutidas e
feitas de forma a facilitar a compreensão do leitor. As conclusões são obrigatórias,
devem ser apresentadas ao final da discussão e não como item independente. Não
devem ser repetição dos resultados e devem responder aos objetivos expressos no artigo.
Desenvolvimento (exclusivo para artigos de revisão): Deve ser escrita de forma crítica,
apresentando a evolução do conhecimento, as lacunas existentes e o estado atual da arte
com base no referencial teórico disponível na literatura consultada.
Agradecimentos: Devem ser escritos em itálico e o uso é opcional.
Referências: Devem ser relacionadas em ordem alfabética pelo sobrenome e contemplar
todas aquelas citadas no texto. Menciona- se o último sobrenome em maiúsculo, seguido
de vírgula e as iniciais abreviadas por pontos, sem espaços. Os autores devem ser
separados por ponto e vírgula. Digitá- las em espaço simples, com alinhamento justificado
a esquerda. As referências devem ser separadas entre si (a separação deve seguir o
caminho parágrafo/espaçamento e selecione: depois seis pontos). O recurso tipográfico
utilizado para destacar o elemento título será negrito e, para os nomes científicos, itálico.
São adotadas as normas ABNT-NBR-6023 - agosto de 2002. No mínimo 70% das
referências devem ser de artigos publicados nos últimos dez anos. Não serão permitidas
referências de livros, anais, internet, teses, dissertações, monografias, exceto que seja
justificada a sua inserção no artigo e desde que não exceda 30% do total.
ORIENTAÇÃO E EXEMPLO PARA REFERÊNCIA:
Periódicos: Os títulos dos periódicos devem ser mencionados sem abreviações e em
negrito. Não é necessário citar o local, somente o volume, o número, o intervalo de
páginas e o ano.
RODRIGUES, P.H.M; LOBO, J.R.; SILVA, E.J.A.; BORGES, L.F.O.; MEYER, P.M.;
DEMARCHI, J.J.A.A. Efeito da inclusão de polpa cítrica peletizada na confecção de
silagem de capim-elefante (Pennisetumpurpureum, Schum.). Revista Brasileira de
Zootecnia, v.36, n.6, p.1751 – 1760, 2007.
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O QUE ENVIAR PARA A REVISTA:
Os trabalhos para publicação são enviados exclusivamente por meio eletrônico pelo
endereço www.rbspa.ufba.br. Serão considerados viáveis para publicação apenas os artigos
cujos autores cumprirem todas as etapas a seguir, enviando:
1. Um arquivo com o texto do artigo no campo de submissão de artigos
(www.rbspa.ufba.br) com as ilustrações (se houver) em P/B.
2. Formulário de Encaminhamento de Artigo, preenchido e enviado peloe-mail do autor
responsável (http://www.rbspa.ufba.br//forms/form_ encam_artigo.doc).
3. Comprovante de pagamento da taxa de encaminhamento do artigo (etapa inicial do
processo) no valor de R$ 30,00 (trinta reais) via fax ou escaneado.
É indispensável apresentação deste comprovante juntamente ao Formulário de
Encaminhamento devidamente preenchido para que o artigo siga tramitação.
4. Comprovante de pagamento da taxa de publicação (etapa conclusiva do processo) via
fax ou escaneado.
Taxa de publicação: quando da aprovação (prelo) serão orientados ao pagamento da Guia
de Recolhimento da União (GRU), no valor de R$180,00. (cento e oitenta reais).
INFORMAÇÕES PARA CONTATO: Telefone: (71) 32836725 Fax: (71) 32836718 E-
mail: [email protected] Site: www.rbspa.ufba.br
82
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão do Farelo do Bagaço de caju como ingrediente de rações em programas
de restrição alimentar para suínos representa um manejo nutricional alternativo, no entanto,
pode interferir na redução de gordura das caracaças.
O uso do farelo do bagaço de caju na alimentação de suínos em terminação traz
como importantes consequências, redução dos custos de produção na suinocultura, com a
substituição do milho e soja, que em determinadas épocas do ano tem seus valores
elevados e o controle da deposição de gordura na carcaça que é uma maneira de conseguir
melhores preços pelos animais produzidos na granja.
. Os resultados das caracterisiticas da carcaça e da qualidade da carne dos animais
alimentados com dietas com níveis de inclusão de 15% e 30% do FBC mostram que esse
subproduto da indústria do suco de caju, pode se constituir uma alternativa alimentar para
esses animais.
É de suma importância que se tenha uma preocupação cada vez maior com a
qualidade da carne. O atual mercado consumidor esta mais exigente e preocupado com a
saúde, apresentam preferencia por carcaças mais leves e com menor teor de gordura. Uma
das medidas a serem tomadas para que se evite o aumento da gordura subcutânea é a
restrição alimentar qualitativa.
O uso do farelo do farelo do bagaço de caju, em dietas de suínos em terminação,
fica condicionado a disponibilidade do subproduto, composição da dieta e do preço do
bagaço de caju em relação ao custo dos ingredientes tradicionais da ração.
83
5. ANEXOS
ANEXO 1
84
ANEXO 2
85
ANEXO 3
Fonte: Bridi e Silva (2009)
86
ANEXO 4
87
ANEXO 5
88
ANEXO 6
89
ANEXO 7
90
ANEXO 8
91
ANEXO 9
92
ANEXO 10
93
ANEXO 11
94
PROTOCOLO N.º 004/2011
Professor/Pesquisador: JOSÉ APARECIDO MOREIRA
Natal (RN), 10 de agosto de 2011.
Prezado Professor/Pesquisador,
Vimos, através deste documento, informar que o projeto “PSEUDOFRUTO DO
CAJUEIRO PARA SUÍNOS EM TERMINAÇÃO”, protocolo n° 004/2011, após análise das
adequações, foi considerado APROVADO por esta Comissão.
Informamos ainda que, segundo o Cap. 2, Art. 13 do Regimento, é função do
professor/pesquisador responsável pelo projeto a elaboração de relatório(s) de
acompanhamento que deverá(ão) ser entregue(s) dentro do(s) prazo(s) estabelecido(s)
abaixo:
- Relatório Final: JUNHO de 2013 (30 dias após a conclusão do projeto).
Agradecemos a sua atenção e nos colocamos a disposição para eventuais
esclarecimentos.
Cordialmente,
Elaine C. Gavioli Coordenadora da CEUA