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D

A

A’

B

B’

D’

50 mN

Piso drenante grafite

Piso drenante branco

Piso drenante marrom

Utilização para trânsito de veículosDrenagem acima de 90%Dispensa uso de rejunte ou argamassaBaixa condutividade térmicaDispensa contrapisoAlta aderência em rampasReaproveitável em remoções

Curso d’água naturalCurso d’água canalizado com estrutura de gabião

C

C’

6

1

2

3

7

4

5

Pomar

Jardim Pindorama

Lâminas d’água

Imagem aérea da área do Jardim San Rafael. Fonte IPPUL

Acessos e barreiras Área de APP

Síntese do padrão construtivo Iluminação pública

Malha urbana de Londrina com destaque para Jardim San Rafael

10 mCorte B B’

Rio Nível intermediário

Parreira

Horta

Nível da rua

Vista 2Vista 110 m Corte A A’

Gabião Lâmina d’água Rua Copaíba

O acelerado processo de urbanização associado ao planejamento excludente se reflete nos espaços urbanos das cidades brasileirasem que áreas habitacionais são produzidas sem qualquer forma de ordenamento e com condições precárias de moradia, sendo umdesses produtos as favelas. Esta forma de morar caracteriza parte significativa das áreas metropolitanas, mas também pode serobservada em cidades médias inseridas num contexto de reestruturação da rede urbana. Este fato reforça a urgente necessidade dereorientação do foco nacional com vistas a garantir maior justiça social, sendo a intervenção pública direta sobre as favelas um modoefetivo de garantir melhores condições de vida para seus moradores (LEITE, 2010). A percepção, neste contexto, do relevante papeldos profissionais responsáveis por pensar o espaço urbano motivou a aproximação e eleição do tema para o desenvolvimento destetrabalho que tem, como objeto de intervenção, a favela Jardim San Rafael, em Londrina-PR.

O rápido crescimento populacional e o expressivodinamismo econômico que teve Londrina, desde seusprimeiros anos, acarretou no acelerado crescimentoterritorial, levando a cidade a experimentar, ainda na décadade 1950, o início de seus problemas urbanos dentre eles afavelização que se contrapõe a uma série de obras deinfraestrutura e embelezamento urbano (BEIDACK, 2009).O Jardim San Rafael consiste em uma pequena área deocupação irregular com 106 lotes junto ao ConjuntoHabitacional Pindorama, localizado em área central dacidade e pertencente à Zona Especial de Interesse Social 1,de acordo com o Zoneamento do município (Lei 12236/2015)- destinada predominantemente à recuperação urbanística, àregularização fundiária, à recuperação de imóveisdegradados e à produção de Habitação de Interesse Social –HIS e Habitação de Mercado Popular – HMP e sujeita aregras específicas de parcelamento, uso e ocupação do solo.O movimento que originou a ocupação do Jardim San Rafael,realizado em 1998, surgiu entre um grupo de moradores doConjunto Habitacional Pindorama. Inseguros com relação asua situação econômica, ocuparam a área de uma antigapedreira desativada anexa ao bairro, que já havia sidoaterrada pelo poder público (POSTALI, 2008).

O ConceitoA análise realizada evidencia que os problemas encontrados naárea do Jardim San Rafael são, na maioria, decorrentes de suadeficiência infraestrutural e não propriamente de seu modo deocupação ou do nível da qualidade construtiva das habitações.Assim, entendemos que a permanência dos moradores deva sergarantida e que a urbanização desta área deva considerar amoradia no sentido amplo do habitat urbano: terra urbana,moradia, saneamento ambiental, infraestrutura urbana,transporte e serviços públicos, trabalho e lazer (BRASIL, 2001). Aurbanização ó o modo mais viável social e econômica poispreserva as relações ali existentes e as possibilidades deemprego, dado que muitos moradores trabalham nasproximidades, como também por se situar em porção da cidadejá consolidada e bem servida de equipamentos públicos.

Ao complexo processo de urbanização de uma favela, devem seintegrar: a regularização fundiária plena de todos os lotes, aextensão das redes de infraestrutura urbana ainda nãorealizadas (esgotamento sanitário e drenagem pluvial nas vias,no caso do Jardim San Rafael) bem como o redesenho dosespaços públicos e coletivos (BUENO, 2000).

Assim, este projeto orientou-se especialmente na direção dodesenho dos espaços públicos: a rede de vias, as praças e oparque de fundo de vale, caracterizando uma nova paisagemurbana para o bairro. Não se trata de um simples desenhoembelezador para a área, mas de uma atitude em favor dacidadania plena de seus moradores. Neste sentido, o conceito deurbanidade pode apontar um caminho coerente nodesenvolvimento das propostas para a área do Jardim SanRafael, entendido como a relação estabelecida entre os espaçosurbanos e o corpo humano, individual e coletivo, portanto umtipo de espacialidade, representada no modo como estes lugaresacolhem as pessoas, ou de um modo mais elucidativo, o maiorou menor grau de gentileza como o fazem (AGUIAR, 2012).

O parqueNa área onde a distância entre o córrego e as edificações émaior, propõe-se a criação de um parque de fundo de vale, cujoespaço é organizado em três níveis: o da rua, um intermediário eo do córrego. O parque é um fator urbano de relativa autonomiaque interage com seu entorno, apresentando condições deabsorver diferenças de acordo com a estrutura urbana e com oshábitos de sua população (KLIASS, 1993). Assim, considerou-seas preexistências do lugar para definir as suas atividades: área decontemplação e vivencia por meio de uma lâmina d'água naantiga área de um laguinho construído por um morador; umahorta comunitária, antes existente; e pequenas áreas depermanência. Tentou-se, sempre que possível, proporcionar umarica vivencia sensorial: o olfato, a audição, o paladar e o tato(ABBUD, 2010). Para a intervenção em APP, considerou-se aspremissas do Ministério do Meio Ambiente para parques fluviaiscomo modo de conservar os cursos d´água urbanos e aResolução Conama 369/2006.

Água como elemento de contemplação e de lazerOnde existia um lago construído por um morador e hoje umlamaçal, foi proposto duas lâminas d’água, recebendo o fluxoconstante de água limpa das nascentes, sendo, portanto,desejável que a população faça uso recreativo deste elemento.O seu entorno acessível também por passarela sobre o córregodeve ser forrado com pedrisco claro, e pode ser área dedescanso sob o sol para quem brinca na água. A contenção daencosta deve ser feita com arrimo por gravidade de gabião,altamente permeável, permitindo o livre escoamento do fluxodas nascentes em direção à agua represada.

Caminho de acesso para pedestresO bairro encontra-se relativamente isolado do entorno emfunção do relevo e hidrografia, impondo a necessidade de longascaminhadas para contorna-la ou a utilização de uma trilhabastante íngreme que liga o bairro à Avenida Theodoro Victorelli.A opção foi oficializar este caminho de desejo, conferindo-lhe umdesenho que solucione questões como segurança e conforto aolongo do percurso que vence um desnível de 13 metros. Aacessibilidade é assegurada por meio de rota lógica e clara parapedestres através de sucessivos lances de escada e de rampa,ambas seguindo juntas e se interceptando o quanto possível.Para constituição deste acesso, dois lotes vagos junto a AvenidaTheodoro Victorelli na cota mais alta devem ser desapropriados.O desenho desta área deve ser convidativo para que seu uso sejanatural e não evitado como de uma viela estigmatizada pelasensação de insegurança. O passeio junto da avenida avança emdireção ao interior da área dos lotes desapropriados, de modoque naturalmente o pedestre seja convidado ao acesso. Algunsdos patamares foram estendidos, servindo como mirante paracaptura da paisagem circundante.

Análise da área de intervençãoAdaptando a metodologia de Ferreira (2012) a este trabalho, foirealizada a análise da qualidade urbanística e arquitetônicasegundo três categorias: inserção urbana, implantação ecaracterísticas habitacionais, elencando para cada uma delas umasérie de parâmetros de qualidade.

Por se situar em região central, o bairro é bem servido porequipamentos urbanos, a uma distância acessível facilmente a péou de bicicleta. Quanto à acessibilidade, o bairro se integraparcialmente ao sistema viário da cidade, dado seu sítio deimplantação, com a presença de cursos d’água e de barreirastopográficas em praticamente 3/4 de seu entorno, ligando-se amalha urbana legal apenas em sua direção Noroeste. Entretanto,nota-se que o acesso ao restante da cidade é facilitado pelapresença de diversas linhas de ônibus nas proximidades.Atualmente, o bairro possui rede de água potável e de energiaelétrica; entretanto, não há esgotamento sanitário nempavimentação das vias. As águas pluviais escoam superficialmente,erodindo lentamente as ruas de terra nos pontos onde adeclividade é mais acentuada.

Nota-se que a malha viária do Jardim San Rafael é bem estruturadae conectada às vias do entorno – ainda que em largura inferior aestas. A implantação dos lotes, ainda na época da ocupação,buscou seguir um ordenamento claro sugerido por moradores deoutras ocupações já realizadas, o que facilitaria uma eventualregularização (POSTALI, 2008). A dimensão do lote padrão é de oitometros de testada por quinze de comprimento, excetuando-se oslotes de esquina e os do miolo de uma das quadras, um poucomais irregular.

O bairro se assenta em área situada entre dois córregos e parteestá em Área de Preservação Permanente (APP). Verifica-se aexistência de uma densa massa arbórea possibilitando, segundo osmoradores, algumas amenidades ambientais por se tratar de umailha de frescor. Entretanto, inexistem praças recreativas e espaçosde lazer.

Para a análise da qualidade construtiva das habitações, colaborouos parâmetros estabelecidos pela Fundação João Pinheiro (2013),para definir domicílios rústicos e improvisados. A análise se baseiaem quatro critérios: a) Materialidade da vedação vertical externa;b) Tipo de cobertura; c) Existência e estado da pintura externa; e d)Aspecto geral da fachada. Para cada critério foi atribuído umaescala de conceitos correspondentes às diversas possibilidades demateriais ou estados das edificações, o que possibilitou produziruma síntese da qualidade construtiva no bairro.

Horta ComunitáriaAo longo do parque, o relevo foi trabalhado em patamares com contenção por blocoscontínuos de gabião, separando três níveis: o da rua, um intermediário e o do córrego.Ao longo do curso d’água, este elemento permeável à água, não representa umacanalização, mas uma segurança contra a erosão. Em ambos os casos, o acabamento emplaca de pedra sobre este elemento o transforma em um banco contínuo.A horta deve comportar, além dos canteiros para plantação, composteira, armazenagemde água e pomar. O cercamento é feito com tela de alambrado de altura de 1.2 metros,não representando barreira visual importante e servirá de suporte para parreira demaracujá, ou eventualmente de outra espécie alimentícia que interesse mais aosmoradores, e, crescendo tanto em direção ao lado interno quanto externo da horta,comporá o paisagismo.

1/2

Vistas do Jardim San Rafael

LEGENDAMuito bomBomRegularRuimMuito ruim

LEGENDA

APP

Curso d’água

Limite da ZEIS

LEGENDA

Acessos precários

Acessos regulares

Barreiras

topográgicas

LEGENDACom iluminaçãoSem iluminaçãoPostes

Jd. San RafaelCentro

FAVELA E CIDADE Uma proposta de urbanidade para o jardim San Rafael

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10 m Corte D D’

Ingazeiro

Aroeira-pimenteira

Cafezeiro do mato

Pau-cigarra

Mulungu-do-litoral

Ipê-amarelo

Manacá-da-serra

Carobinha

Amora-branca

Peroba-rosa

Canafístula

Flamboyant

Sibipiruna

Copaíba

Ipê-roxo

Principais espécies arbóreas utilizadas

Nome Científico / Nome Popular Porte / Altura Luminosidade

Gota-de-Orvalho (Evolvulus pusillus Choisy) Forração - 0,1 m Sol pleno - Meia sombra

Lambari-Roxo (Tradescantia zebrina) Forração - 0,6 m Sol pleno - Meia sombra

Banana-de-Imbé (Philodendron bipinnatifidum) Arbusto - 2,0 m Sol pleno - Meia sombra

Diocondra (Dichondra repens) Forração - 0,3 m Sol pleno - Meia sombra

Afelandra (Aphelandra squarrosa) Arbusto - 0,9 m Sol pleno - Meia sombra

Ruélia-Azul (Ruellia coerulea) Forração - 0,6 m Sol pleno - Meia sombra

Amendoim-Rasteiro (Arachis repens) Forração - 0,3 m Sol pleno - Meia sombra

Grama-Batatais (Paspalum notatum) Forração - 0,15 m Sol pleno

Agave (Agave attenuata) Arbusto - 1,5 m Sol Pleno

Esponja (Calliandra brevipes) Arbusto - 2,0 m Sol Pleno

Maracujá (Passiflora sp) Trepadeira - 12 m Sol Pleno

Caricata (Graptophyllum pictum) Arbusto - 2,0 m Sol Pleno

Bálsamo-de-Duas-Cores (Aphelandra liboniana) Arbusto - 0,9 m Sol Pleno

Jasmim-Manga (Plumeria rubra) Arvoreto - 6,0 m Sol Pleno

Ixora-Rei (Ixora macrothyrsa) Arbusto - 2,0 m Sol Pleno

Caetê-Bravo (Stromanthe sanguínea) Arbusto - 0,9 m Sol Pleno

Abacaxi-Roxo (Tradescantia spathacea) Forração - 0,6 m Sol pleno - Meia sombra

Amoreira-Branca (Maclura tinctoria) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Ingazeiro (Inga feuillei) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Peroba-Rosa (Aspidosperma polyneuron) Árvore - Grande porte Sol Pleno

Canofístula (Cassia fistula) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Sete-Copas (Terminalia catappa) Árvore - Grande porte Sol Pleno

Flamboyant (Delonix regia) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Pata-de-Vaca (Bauhinia forficata) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Aroeira-Salsa (Schinus molle) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Sibipiruna (Caesalpinia pluviosa) Árvore - Grande porte Sol Pleno

Pêssego-do-Mato (Hexachlamys edulis) Árvore - Pequeno porte Sol Pleno

Pitangueira (Eugenia uniflora) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Copaíba (Copaifera officinalis) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Ipê-Amarelo (Handroanthus albus) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Carobinha (Jacaranda semiserrata) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Araçá-Amarelo (Psidium cattleyanum) Árvore - Pequeno porte Sol Pleno

Oiti (Licania tomentosa) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Aroeira-Pimenteira (Schinus terebinthifolius) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Cafézinho-do-Mato (Cordia ecalyculata) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Ipê-Roxo (Handroanthus impetiginosus) Árvore - Grande porte Sol Pleno

Jaboticaba (Plinia cauliflora) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Amoreira-Negra (Morus nigra) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Goiabeira (Psidium guajava) Árvore - Médio porte Sol Pleno

Acerola (Malpighia emarginata) Árvore - Pequeno porte Sol Pleno

Pau-Cigarra (Senna multijuga) Árvore - Médio porte Sol Pleno

10 m Corte C C’

FAVELA E CIDADE Uma proposta de urbanidade para o jardim San Rafael

Referencia

Quadro de espécies existentes e acrescentadas

Pomar

Talude em gabião

Vista 3

Vista 7

Vista 5

Vista 4

Vista 3

Esquema de orientação dos eixos de circulação dos veículos

Desenho das vias compartilhadas

Imagem do Google Street View, encontro das ruas daAmoreira e da Sibipiruna

2/2A vegetaçãoA determinação das espécies arbóreasempregadas no projeto seguiu trêsdiretrizes básicas:•Manutenção de toda a vegetação jáexistente;•Utilização das espécies nativas - todas asespécies arbóreas adotadas sãoautóctones do bioma local, a florestaestacional semidecidual;•Utilização de espécies que dão nomes àsruas - atitude para conferir identidade aestas, já que todas são denominadas pornomes populares de arvores.

A escolha das espécies arbustivas eforrações procurou privilegiar aquelasespécies mais facilmente adaptáveis aoclima local (tropical/subtropical) demaior rusticidade, demandando poucamanutenção quanto a poda, rega ourefazimento cíclico dos canteiros.

IluminaçãoEmbora já haja iluminação na área, empostes comuns de oito metros, seránecessária a complementação na área doparque, por avançar sobre áreas longedos pontos de iluminação atuais, e nonovo acesso à Avenida TheodoroVictorelli.

Vias e praçasAs reduzidas dimensões das vias, em torno de sete e nove metros, inferior aos quinze metros exigida pelo município de Londrina para seu sistema viário (LONDRINA, 2015), poderia ser um fator limitante a suaregularização. Contudo, se tratando de área consolidada e passível de regras especificas na ZEIS1, adotou-se vias compartilhadas que garantissem a plena “circulação, segurança e fluidez do tráfego” (LONDRINA, 2015),mas que o fizesse dentro da ideia geral de urbanidade que norteia este projeto. O fato do bairro estar incrustado entre as áreas de APP, com vias exclusivamente locais e com baixo tráfego, também orientou estatomada de decisão. O desenho surge da tentativa de conciliar permanência e circulação de veículos e de pessoas nas dimensões reduzidas das vias. Deste modo, procedeu-se a delimitação dos eixos para o qual otrafego de veículos deveria ser orientado, de traçado sinuoso implicando na necessária redução da velocidade dos veículos. Optou-se pela demarcação visual destes eixos de circulação de veículos através dediferenciação da coloração do piso pois garante uma maior legibilidade destes espaços, na acepção trabalhada por Bentley (1999). Contrapondo ao traçado sinuoso que orienta o condutor, um desenho geométricoorienta o acesso as edificações. Uma terceira diferenciação na coloração do piso procura definir áreas onde a permanência deve ser mais favorecida, formando pequenas praças de vizinhança, como salas de estar ao arlivre, localizadas próximas às empenas cegas das edificações.

PomarAo longo da Rua daCanafístula, a existência deum talude expressivo (entretrês e quatro metros)separando o nível da rua e odo fundo de vale onde seencontra a vegetação densajunto ao córrego, sugere aextensão da via até a bordado desnível, abrindo-se emuma ampla área, ao longo daqual é proposto um pomarde espécies variadas(pitangueira, acerola,pêssego do mato, araçáamarelo, goiabeira,jabuticaba e amora negra),oferecendo frutos em épocasdiferentes do ano, o quedeve garantir uma maioratratividade para a área.

Praça do Flamboyant. procurou-se fazer a delimitação dos espaços através da diferenciação de recortes de canteiros em alturas variadas, os quais em alguns pontos fazem as vezes do encosto para os bancos

Na situação proposta, parecebastante interessante a saída deum modelo tradicional dearborização nas laterais das viaspara um desenho mais livre, comas árvores podendo estar no meioda rua. Esta situação pode serfavorável não só esteticamente,mas por evitar o eventualsombreamento excessivo sobre os

Para o estabelecimento de umaárea de permanência nocruzamento da Rua do Ingazeirocom a Rua da Sibipiruna foiutilizada vegetação arbórea emrenques, formando uma barreiraque conduz lateralmente o fluxo deveículos, ao mesmo tempo quetorna mais confortável e seguro apermanência nestas áreas. Esterecurso procura organizar melhorestes espaços, conferindo-lhesmaior legibilidade.

Importante para o processo de desenvolvimentoprojetual, foi a apreensão das preexistências, isto é, oreconhecimento das latências evidenciadas pelaespacialidade no que se refere às permanências ouarborizações, por exemplo

lotes, lembrando serem estes de dimensões bastante reduzidas (no geral 120m²) e comalta taxa de ocupação (em alguns casos de, aproximadamente, 100%), onde as aberturaspara a via pública são, eventualmente, o único meio de ventilação e recebimento de luznatural. O emprego amplo do Mulungu do Litoral nas vias mais estreitas favorece estasituação, por serem arvores que caducam completamente no inverno.

ReferenciasABBUD, B. Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística. 4ª ed. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2010.AGUIAR, D. Urbanidade e a qualidade da cidade. Urbanidades. Rio de Janeiro: Letra & Imagen, 2012. BEIDACK, A. R. dos S. Análise da produção do espaço urbano de Londrina: de cincão à zona norte: 1970 – 2007. Londrina, 2009. Dissertação (Mestrado em Geografia, Meio Ambiente e Desenvolvimento) - Programa de Pós-Graduação em Geografia, Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2009.BENTLEY, I. et al. Entornos vitales: hacia un diseño urbano y arquitectónico más humano manual práctico, 1999. BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. BRASIL. Resolução Conama nº 369, de 28 de março de 2006. Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP Publicada no DOU no 61, de 29 de março de 2006, Seção 1, páginas 150 – 151. BUENO, L. M. de M. Projeto e favela: metodologia para projetos de urbanização. São Paulo, 2000. 362p. Tese (Doutorado em Arquitetura) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.FERREIRA, J. S. W. (coord.). Produzir casas ou construir cidades? Desafios para um novo Brasil urbano. Parâmetros de qualidade para a implementação de projetos habitacionais e urbanos. São Paulo: LABHAB ; FUPAM, 2012. FUNDAÇÃO João Pinheiro. Centro de Estatística e Informações. Déficit habitacional municipal no Brasil. Belo Horizonte, 2013. GEHL, J.. Cidades para pessoas. Tradução Di Marco, A. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015.KLIASS, R. Parques urbanos de São Paulo. São Paulo: Pini, 1993.LEITE, M. E. Favelas em cidades médias: algumas considerações. Caminhos de Geografia, v. 11, n. 34, 2010.POSTALI, V. B. Autoconstrução e circuito inferior da economia: uma análise da produção habitacional em Londrina/PR –estudo de caso dos jardins São Jorge e San Rafael. Londrina, 2008. Dissertação (Mestrado em Geografia, Meio Ambiente e Desenvolvimento) - Programa de Pós-Graduação em Geografia, Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.LONDRINA. Lei nº 12.236, de 29 de janeiro de 2015. Dispõe sobre o uso e a ocupação do solo no município de londrina e dá outras providências.

Reflorestamento em APPparticular

Reflorestamento em APPpública

50 mN


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