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Não é com cortes que se desatam nós

#79 NOVEMBRO ‘12 O BOLETIM DO QUE POR CÁ SE FAZMENSAL / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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“Proposta legislativa vai tentar resolver situa-ção dos mendigos” era o título da notícia publicada na página 5 do jornal Açoriano Oriental, no dia 14 de outubro de 2012.Pelo corpo da notícia ficámos a saber que a Associa-ção Ilhas em Movimento “vai apresentar uma pro-posta legislativa no sentido de obrigar as pessoas a não praticarem atos de vadiagem e mendicidade”. Registe-se a subtileza: não se escreve proibir mas sim obrigar a não praticarem.O líder da Associação Ilhas em Movimento (AIM), o advogado Ricardo Pacheco, esclarece: “O que nos propomos a desenvolver prende-se com a suscetibi-lidade de constituir ilícito penal os atos de vadiagem e mendicância, atento o atual estádio de justiça constitucional”.Na parte final do artigo pode ler-se: “a AIM conside-ra que está em causa uma questão de saúde públi-ca, da imagem que os Açores passam aos turistas e das boas regras da convivência social, até “por-que ninguém gosta de andar em artérias públicas e presenciar comportamentos e práticas desagra-dáveis”.Esta problemática já tinha sido objeto da atenção do Conde de Abranhos, Alípio Severo de Noronha Abranhos, nascido em 1826 - vão completar-se 186 anos no dia de Natal deste ano. Problema já antigo, pois. De facto, “a pobreza e os seus aspectos era-lhe odiosa”. ““Isole-se o pobre!” dizia ele um dia na Câ-mara dos Deputados, sintetizando o seu magnífico projecto para a criação dos Recolhimentos do Traba-lho”. “Nestas instituições, os pobres receberiam do

O Trouvée - Um objecto que permite cruzar novos contextos ou criar associações novas.

Persiste um fascínio sobre objectos que pare-cem mortos, sem utilização, inanimados. Mas numa constelação nova eles inspiram-me a contar novos contos.

Às vezes sento-me num café observando as pes-soas, e imagino as histórias que cada uma carrega consigo.

O que deu origem aos contos entre as “peças de corda”. Eles tornaram-se pares de amor, de instru-ção ou de discussão.

São histórias inventadas por mim e para o espec-tador que, se calhar, através de outro olhar, sugere outras novas histórias.

Assim, sinto que a Arte é, muitas vezes, um espe-lho das nossas emoções, quer espelhe as emoções do artista quer as do espectador.

Fazendo Editorial

Capa

2.

Petra Bartenschlager

Fazendo - DirecçãoAurora RibeiroTomás Melo

CoordenadoresAlbino Carla Cook Carlos Alberto Machado Fernando Nunes Filipe Porteiro Helena Krug Lídia Silva Pedro Gaspar Pedro Afonso

CapaPetra Bartenschlager

Colaboradores Andreia GouveiaBeatriz RosaCarla DâmasoCarla GomesCristina LouridoGenuíno MadrugaGonçalo TochaJúlio Correia da SilvaJosé Luís NetoLuís HenriquesMiguel MachetePedro LucasRuth BartenschlagerVerónica AlvesVictor Rui Dores

Design e GrafismoMauro Santos Pereirawww.comunicaratitude.pt

RevisãoCarla Dâmaso

Propriedade Associação Cultural Fazendo

Sede Rua Conselheiro Medeirosnº 19 — 9900 Horta

Periodicidade Mensal

Tiragem 500 exemplares

Impressão Gráfica O Telégrapho

As opiniões expressas nesta edição são dos autores e não necessariamente da direcção do Fazendo

Estado um tecto contra a chuva e um caldo contra a fome. O pobre devia viver ali, separado, isolado da sociedade, e não ser admitido a vir perturbar com a expressão da sua face magra e com narração exa-gerada das suas necessidades, as ruas da cidade”.

“E as classes dirigentes, tendo a certeza de que os seus pobres lá estão, bem aferrolhados, com uma razoável enxerga e um caldo diário, podem dormir descansadas, sem receio de perturbações da ordem ou de revoltas do pauperismo”.Quem sabe se não poderão as ideias do Conde de Abranhos contribuir para que a Associação Ilhas em Movimento aperfeiçoe a sua proposta?

Nota: O pensamento do Conde de Abranhos relati-vamente aos pobres e à mendicidade está aqui ex-posto através de transcrições do romance “O Conde de Abranhos” da autoria de Eça de Queirós.

Júlio Correia da Silva

Petra Bartenschlager, nascida 6.11.1960 em Munique/

Alemanha

1979 - 82 Formação de Carpintaria

1985 Academia International em Salzburgo

1994 - 95 Escola do Maestro Innsbruck/ Austría

Várias exposições com o Collectivo das Mulheres do Isartal

O Conde de Abranhos de visita às Ilhas

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Horta – Cidade Educadora

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A cidade pode ser “intencionalmente” educadora. Uma cidade que educa fá-lo quando, além das suas funções tradicionais – económica, social, política e de prestação de serviços – exerce uma outra função cujo objectivo é a formação para e pela cidadania, promovendo e desenvolvendo o protagonismo de todos/as. Enquanto educadora, a Cidade é também educanda.

Habitar a cidade é comprometer-se a reflectir e participar na estrutura e gestão do seu espaço público (ambientes cuidados e qualificados), nos valores que esta fomenta, na qualidade de vida que oferece, considerando: as suas ruas e praças, as suas árvores e pássaros, o cine-teatro, a biblioteca, o castelo, a Assembleia regional, os seus cafés e res-taurantes, as suas igrejas, as suas empresas e lojas, o seu porto e praia, a baía… enfim, toda a vida que pulsa na cidade.

Por não ser uma tarefa “espontânea” das Cida-des, estala-nos a atenção sobre a vontade política para instaurar a cidadania plena, activa, estabelecer canais permanentes de comunicação e incentivar o

envolvimento da população para que ela assuma, de forma atrevida, o controle social da sua cidade.

A cidade educadora integra, é tolerante e flexí-vel. Surpreende, cativa, deslumbra pelo seu patri-mónio, tecido urbano, áreas verdes, janelões de luz, paredes tortas, cores inesperadas. Problematiza, questiona-nos e reconstrói o olhar diferenciado em percursos inspirados onde o Encontro acontece. Quantas histórias no avesso dos lugares!

As cidades falam de si próprias, preservam a sua memória e transmitem identidade às gerações que chegam. É nos espaços informais de educação que as (re)visitamos, bisbilhotando, deixando-nos levar, recolhendo impressões, ilustrando os passos por curiosidade e paixão. Seja: museu, mercado, Casa de chá, lojas com exposições de fotografia, coreto/palco no jardim, cais com poesia, Banco de artistas, itinerário do Monte da Guia.

A Horta é uma cidade de conjugações imaginadas ao longo da história, oscila entre ambientes aristo-craticamente decadentes, o chão-salgado dos ba-leeiros e a actualidade. Regenera os arrepios, arqui-

Fazendo Actualidade

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tecta cenários, concentra sensibilidades e vontades bem-humoradas. Acumula alegria, prazer, leveza, in-conformismo criativo e aprende a aceitar e respeitar o que o desassossego das intervenções, unidas pelo acaso, quisera ser ou ter sido na alma da cidade.

Talvez falte, simplesmente, uma nova atitude cidadã. Mas este “simplesmente” é muito… É tudo! Pequenas acções que nos encorajam a exigir, querer, desejar, formular.

Viver a cidade é andarilhá-la, parar a conversar com as pessoas, sentar a sentir as flores, a maresia, cafézar com os amigos no passeio, apropriar-se dos cheiros, dos sons, dos sabores, dos espaços. Apre-ciar a jóia na paisagem — Pico.

Até o basalto dar flor, a Horta pode ser esta Cidade.

Cristina Lourido

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Fazendo História

Entrevista a António José SaraivaPoderia alguém aceitar o raciocínio simplista de que as moscas possuem espírito universal por-que se espalharam pelo mundo inteiro? — per-gunta António José Saraiva, em entrevista concedi-da ao Fazendo.Há anos atrás, um dos maiores antropólogos por-tugueses já existentes, Luís Lopes, confidenciou que “os mortos bem conversados, dizem mais do que a maior parte dos vivos”. Evidentemente falava de análise e interpretação de esqueletos. Estava eu ainda a dar os primeiros passos na arqueologia. Se se podiam pôr esqueletos e cacos a falar, também o poderíamos fazer com as múmias da cultura por-tuguesa, cobertas de pó e arrumadas no sótão do esquecimento, na esperança de que oiça a sua voz, quem não fôr surdo. Um desses esqueletos do armá-rio da tumba nacional é António José Saraiva, marco da cultura portuguesa, nomeadamente da literária, do Século XX. Em 1946, estando a lecionar no liceu de Viana do Castelo, publica o “Para a História da Cultura em Portugal”. Quase 70 anos decorridos, a ele retornámos para lhe colocar algumas questões prementes e atuais.

Hoje temos ativa a geração mais qualificada de toda a história portuguesa, mas parece total-mente impotente face à crise que atualmente se vive. O que justifica isso?Todos sabemos que em Portugal o ensino universitá-rio é uma convenção. Existe com o nome de Univer-sidade um organismo dispensador de diplomas in-dispensáveis ao exercício de determinadas funções. A Universidade está destinada a ser ultrapassada pelos acontecimentos. Já hoje ela é uma pequena ilha resistindo com tenacidade à nova ordem das coi-sas e à nova cultura correspondente para a qual não está preparada.

Então, o problema português é um problema das suas elites ou da cultura?Ora qual é a massa representada na chamada elite portuguesa? Poderia alguém aceitar o raciocínio simplista de que as moscas possuem espírito uni-versal porque se espalharam pelo mundo inteiro? A história da cultura poderia ser encarada como uma série de tentativas – algumas realizadas, qua-se todas frustradas – para acender dentro da vida colectiva o lume do logos. Há condições históricas mais propícias do que outras. Talvez que o próprio facto histórico da expansão mundial (donde certos concluem, simplisticamente, o nosso universalismo) tenha criado condições que frustraram o acender-se a chama. Há uma estagnação na vida mental portu-guesa a partir da segunda metade do século XVI. Há lume de logos na poesia de Camões.

Então acha que desde Camões não há cultura em Portugal?O século XVII português oferece-nos um espetáculo de uma cultura frustrada, vazia de experiência e de intelecto, em que as palavras chamam as palavras; uma espécie de delírio manso, calmo, convicto, in-corrigível e fixo. Quem quer que pode abarcar no seu conjunto a actividade mental do Padre António Vieira não pode deixar de se pasmar com o incrível dispêndio de argúcia, dialética e energia na demons-tração de chinesices como as profecias do Bandarra. Ora, se bem observarmos, um estado de espírito co-letivo precede Vieira e o século XVII: o sebastianis-mo. E o que vem a ser o sebastianismo? Note-se bem: é a esperança num milagre salvador (que não veio, afinal…); a desesperança nas próprias forças, na própria habilidade e na própria razão; a convicção de que problemas não se resolvem por meios humanos e lógicos; de que não há razão dentro das coisas, mas unicamente acasos, milagres. Dir-se-ia que o portu-guês desiste de pensar e que o lume do logos o aban-donou completamente. No meio deste mundo alegó-rico e milagroso por ele criado, Ulisses atravessou as portas de Hércules e veio sossegadamente aportar ao estuário do Tejo, terra fresca e agradável, onde se esqueceu da fiel Penélope e fundou uma cidade: é assim que, com toda a sisudez, Bernardo de Brito narra a fundação da cidade de Lisboa. E compreen-de-se, neste mundo donde o logos se ausentou, que um herói homérico, filho de uma deusa pagã, se en-contre assim envolvido na história autêntica de um povo por cuja sorte se interessará Cristo em pessoa, transformado em dispensador de milagres. Ora este estado coletivo, a que chamei de sebastianismo teve, ao que parece, causas históricas determináveis.

Isso foi no Século XVII, mas estamos no XXI. Acha que a nossa cultura ainda é sebastiânica?Este sentimento das antinomias conduziu sabe-se a quê. Uma prosa quase perfeita serviu então para dar expressão a um curioso estado de infantilida-de mental. Acaso a história se repetiu. Agora, o D. Sebastião falta-nos, e caímos na escuridão irreme-diável. Condições variadas têm levado até hoje os Portugueses a naufragarem numa ou noutra forma de sebastianismo e a desistirem de levar até ao fim uma atitude crítica, isto é, uma atitude que dispense os D. Sebastiões, todos os deuses, todos os génios – a única atitude indomavelmente humana, de inicia-tiva. Se desistirmos, inventamos um D. Sebastião ou um absoluto que simplesmente suprime o problema, negando a inteligibilidade das coisas.

Mas será um defeito no carácter do português?Apenas digo que os Portugueses não podem ser um recanto escuro, uma falha da inteligibilidade do Universo, e denuncio como insuficientemente lógica e insuficientemente humana qualquer doutrina que o afirme.

Propõe, então, que os criadores culturais devem autonomamente assumir o combate social?Há um problema da cultura em Portugal de que hoje temos consciência cada vez mais nítida, mas que antes de nós foi repetidamente posto. O baixo nível da massa portuguesa. A elevação e eficiência dos ór-gãos dirigentes de qualquer grupo depende, em últi-ma análise, do nível médio desse grupo. Ora com um nível médio extremamente baixo, como queremos ter dirigentes esclarecidos? Em primeiro lugar, não há uma base suficientemente larga para recrutar esse pessoal dirigente; em segundo lugar, o controle dele não pode ser feito satisfatoriamente, dado que esse controle compete ao cidadão, e o nível deste é o que sabemos. Enquanto, pois, o nível médio não su-bir suficientemente é inútil qualquer esforço.

Então propõe que nada se faça, que aceitemos e emigremos?Quer isto dizer que o problema nacional tem de co-meçar a ser resolvido pela base. Quer-se primeira-mente uma população de cultura média suficiente-mente moderna. Mas aqui põe-se outro problema: Como pode ser elevado o nível cultural de uma po-pulação esfomeada? Como pode o nível cultural ser alto onde o nível económico é baixíssimo? Há, por-tanto, preliminarmente, problemas de aparelhagem técnica, de aproveitamento de recursos naturais e de redistribuição de riqueza a resolver. É, portanto, uma equação a três termos: elite – massa – condi-ções de vida. Da variação de cada um destes termos depende a variação dos outros dois. E só deste ponto de vista teremos probabilidades de compreender ca-balmente o problema da viabilidade de Portugal que a nossa história tão repetidamente oferece.

As perguntas são nossas, as respostas são excer-

tos fiéis do “Prólogo” e “O português e o universa-

lismo” de “Para a História da Cultura em Portugal”

de António José Saraiva, 1946.

José Luís Neto

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Fazendo Ciência

Observatório do Mar dos Açores

Durante o mês de Novembro o OMA tem o prazer de apresentar uma agenda de acontecimentos sobre a temática do mar para todos os gostos e idades. Em vários espaços da Cidade Mar, poderá visitar o mar dos Açores nas mais variadas vertentes. Aqui fica o cardápio do que temos para lhe oferecer: um convite para a contemplação mas também um desafio à sua participação!

1. “O Canto da Cagarra”

O OMA abre ao público a exposição temática intitu-lada “O Canto da Cagarra” que aborda quatro gran-des temas: Ecologia e História Natural, Investigação Científica, Gestão e Conservação e a Rota da Cagarra.

Visa dar a conhecer esta ave marinha emblemá-tica, contribuindo de forma sustentada para a sua conservação. Enquadrada na iniciativa “A Rota da Cagarra”, consiste num roteiro turístico com suges-tões sobre bons locais para observar e ouvir estas aves nas ilhas do Pico e Faial. A partir de terra é pos-sível observar as cagarras no mar, as aves só voltam ao ninho ao anoitecer, provavelmente para evitar os predadores, e ao final da tarde é possível avistá-las a partir de pontos de observação elevados. Ao anoi-tecer as suas silhuetas começam a perscrutar terra e ouvem-se os primeiros cantos: uma experiência peculiar e inesquecível para quem os ouve pela pri-meira vez.

A cagarra (Calonectris diomedea) é a ave marinha mais abundante dos Açores. Estima-se que nidifi-quem entre 100 a 200 mil casais, correspondentes a cerca de 75% da população da subespécie e 60% da população mundial da espécie, classificada como vulnerável na Europa, por estar ameaçada pela pes-ca (Mediterrâneo) e pela destruição dos seus habi-tats nos locais de nidificação.

Durante a campanha SOS Cagarro a exposição pode ser visitada na Casa do Parque — Monte da Guia

— que funcionará como ponto de encontro e como espaço de recepção, marcação e manuseamento de cagarros, até ao dia 15 de Novembro.

2. “Oásis” - Exposição de Fotografia Subaquática de Nuno Sá

Os Açores...nove pontos verdes na imensidão do oceano Atlântico, as mais Oceânicas e remotas ilhas do Atlântico Norte. A sua localização torna este gru-po de ilhas num autêntico Oásis de vida num imenso deserto azul para a grande quantidade de espécies marinhas que anualmente embarcam em travessias Atlânticas.

A exposição “Oásis” não é mais do que uma pe-quena amostra de momentos captados na imen-sidão do mar que rodeia este arquipélago. Retrata algumas espécies bem conhecidas pelos seus habi-tantes e por amantes da natureza que anualmente procuram estas ilhas, bem como acontecimentos marinhos únicos de rara beleza que o autor teve o privilégio de testemunhar. Muitas destas imagens são fruto de incontáveis horas no mar, no entanto os segredos dos Mar dos Açores são tantos e tão pro-fundos que o objectivo de os revelar e dar a conhecer se torna um desafio inalcançável.

Nuno Sá é fotógrafo profissional desde 2004. Especializou-se em fotografia de vida selvagem de temas marinhos. http://www.photonunosa.com/

3. Campanha Limpa(a)Fundo

Com o propósito de mostrar à população local que a classe piscatória também está preocupada com a poluição marinha, o OMA, juntamente com a Asso-ciação de Espécies Demersais dos Açores – APEDA

- irão organizar uma Campanha Limpa (a) Fundo, des-ta vez no Porto de Pesca da Horta. Com esta acção pretende-se sensibilizar os jovens, a população local e em particular a comunidade piscatória que são os principais utilizadores da zona em questão. Hoje em dia os pescadores estão mais sensíveis ao problema da poluição marinha e por isso iniciativas como esta constituem uma mais valia para uma melhor com-preensão dos efeitos do lixo quando é deitado ao mar. É importante que a sociedade se aperceba do crescente interesse da comunidade piscatória nes-tes assuntos, e assim desmistificar a ideia de que os profissionais da pesca não se preocupam com a con-servação do meio marinho. Esta campanha irá reali-zar-se no âmbito das comemorações do Dia Nacional do Mar, dia 17 de Novembro, pelas 10 horas.

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Uma Mão Cheia de boas razões para Observar o Mar em Novembro Andreia Gouveia, Beatriz Rosa, Carla Dâmaso e Carla Gomes — www.oma.pt

4. Ciclo de palestras “Comunicar o Oceano nas mãos da Ciência”

Este ciclo de palestras pretende promover a discus-são entre especialistas de diferentes áreas de divul-gação científica e cruzar diferentes perspetivas en-tre casos de estudo nacionais e regionais. Os painéis temáticos vão de encontro a temáticas pertinentes que suscitarão debates e reflexões sobre a Comuni-cação do Oceano e a partilha de conhecimento com a comunidade em geral:

— Quais as estratégias atuais para comunicar para públicos diferenciados?

— Como iniciar um ciclo crítico à divulgação cientí-fica que é feita?

— Qual o papel da imagem na comunicação do Oceano?

— Qual o papel dos Centros de Ciência na Divulga-ção Científica?

Esta iniciativa é organizada pelo OMA, na sua va-lência Centro de Ciência, tem como parceiro o Depar-tamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e é apoiada pela Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos. Terá lugar no auditório do DOP/UAç nos dias 23 e 24 de novembro (14h às 18h) e é sujeito a inscrição prévia gratuita. Participe!

Programa Detalhado a Divulgar Brevemente

5. Experimentário da Biodiversidade Marinha dos Açores

A Biodiversidade pode ser definida em termos de genes, espécies e ecossistemas, e é vulgarmente usada para descrever o número e variedade de or-ganismos vivos.

A presente exposição utiliza a Ciência como um instrumento de investigação e de compreensão do mundo. O seu objetivo geral é abordar as diferentes dimensões da Biodiversidade nesta perspectiva, ob-servando a dimensão micro e macro do Oceano. Nes-te espaço para todas as idades decorrem oficinas científicas e os participantes aprendem os segredos que a Biodiversidade Marinha tem por desvendar.

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O filme foi lançado em DVD numa edição especial com 20 extras. O disco é lançado na sexta dia 9 no Teatro Faialense com convidados especiais.Há cerca de um ano, no final da sessão de apresen-tação do “É na Terra, não é na Lua” no Festival Co-penhagen DOX, um dinamarquês comentava com o Gonçalo Tocha e a plateia sobre o quão inóspita e surreal era aquela ilha do Corvo e as personagens que lá habitavam. Que um tipo do norte da Europa fique muito admirado com aquele quadro não me surpreendeu, mas a situação curiosa acontece de seguida com duas portuguesas à minha frente na audiência que, de soslaio, apressam-se a responder que “aquilo” é o que se encontra em qualquer aldeola do interior de Portugal. É?

Talvez. Na realidade toda a terriola tem as suas peculiaridades, mas umas têm mais que outras, e o Corvo, não me lixem, tem tudo para bater a compe-tição. Os jogos políticos da funcionária da queijaria, o sucateiro que “até tem umas coisas para fazer mas não lhe apetece nada” ou as amarguras de um forasteiro que foi esconder as suas angústias para o sítio mais recôndito que encontrou podiam bem ser noutro recanto do país, até noutro país, mas nunca com os mesmos contornos e nunca com um contexto social, histórico e geográfico tão singular.

Conheceram a “local shop for local people” da Liga de Cavalheiros Extraordinários? Aparte os des- varios sexuais da dona, a minha (muito superficial) visita ao Corvo há uns 7 ou 8 anos deixou-me a im-pressão de estar a visitar a versão lusitana dessa loja — eu era um forasteiro e o facto de lá poder ir deixar dois ou três trocos de turista não compen-sava a invasão de território. Há uma ilha pequena e bonita, uma vila pitoresca com ruas que não fica-riam envergonhadas ao pé dos labirintos de Alfama, mas, do contacto com as pessoas lembro-me da má vontade em nos vender 3 papo-secos na padaria,

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Fazendo Arte

Troca de GalhardetesNesta edição Pedro Lucas, de “O Experimentar na m’incomoda” fala de “É na Terra não é na Lua” de Gonçalo Tocha. Na próxima edição será Gonçalo Tocha, realizador de “É na Terra não é na Lua” a falar de “O Sagrado e o Profano”, novo disco de “O Experimentar na m’incomoda”.

uma discussão com o taxista por causa de um recibo e meia dúzia de olhares de esguelha pela vila.

Serve isto para dizer que ir para o Corvo de câma-ra na mão tentar documentar “tudo” o que ilha tem é empresa para gente tesa. No Corvo, ou por exemplo na Fajã de Santo Cristo em S. Jorge, o isolamento em pequenas comunidades normalmente cria uma ex-periência social muito reservada, difícil de penetrar e susceptível às não raras crispações “internas”. O desafio de captar essas pequenas dinâmicas, das melhores às não tão boas, e criar um documento genuíno (mais do que fiel) daquela comunidade só se ultrapassa com uma curiosidade verdadeira e res-peitadora, sem o pretensiosismo fácil de se tentar passar por um deles ou o paternalismo sobranceiro de bimbos citadinos. E essa genuinidade encontra-mo-la em “É na Terra, não é na Lua”.

Dona Inês, misto de afabilidade de avó e esperte-za crua de quem já leva uns anos disto, vai cozendo um gorro do Corvo ao longo do filme. O gorro ganha forma e serve-nos de mapa cronológico das filma-gens, as mãos da D. Inês e a sua casa acolhem-nos de forma cada vez mais familiar à medida que nos

vão sendo revelados outros detalhes sobre a ilha e daqueles que nela vivem. Desses pedaços de me-mória individual vamos imaginando essa comunida-de onde toda a gente conhece pelo nome os bocados de verde e azul à sua volta, e onde o cinzento é visita constante. A natureza, mais austera que idílica, se-para as várias partes do filme e vai-nos dando a per-ceber os limites físicos da ilha.

“É na Terra não é na Lua” é uma ideia megalóma-na e bonita: filmar tudo o que há para filmar numa ilha, “todas as casas, todas as pessoas” dizia o rea-lizador na apresentação do filme. Se o fez? Presumo que sim. A nós chega-nos o resumo dessas imagens numa viagem profunda a esse universo que durante 3 horas nos vai mantendo agarrados ao ecrã, entre respirações reflectivas e picos de maior intensidade, ora com humor ora com emoção. Um documento fei-to com conteúdo e sensibilidade, e com o estoicismo de criar algo para além da efemeridade, e este filme vai ficar na memória.

pedro lucas

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Fazendo Arte

Fazendo Arte

Uma Nota Biográfica

Henrique de Faria

A única referência biográfica relativa a Henrique de Faria é nos dada por Diogo Barbosa Machado na sua Bibliotheca Lusitana, relatando que este tinha nascido e morrido no Crato (Portalegre) e que tinha vivido durante a primeira metade do século XVII.

Faria foi mestre de capela nas igrejas lisboetas de Santa Justa e nos Mártires. També ocupou esse pos-to na Igreja Matriz de Nossa Senhora de Conceição, no Crato.

Segundo Barbosa Machado, Faria foi discípulo de Duarte Lobo, sendo um mestre hábil na arte da música. Barbosa Machado também menciona vá-rias obras de Faria existentes na Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Contudo Nenhuma obra de Henrique de Faria sobreviveu até aos nossos dias. No catálogo da biblioteca musical de D. João IV são mencionadas duas obras de deste: um salmo, Lauda Jerusalem, para oito vozes e um vilancico para uma e oito vozes.

Luís Henriques

www.luiscfhenriques.com

A barquinha feiticeiraHá cantigas que pela sua toada nos-tálgica e melancólica não se destinam ao “bailho” mas ao canto e, por conse-guinte, não fazem parte dos chama-dos “bailes de roda”. É o caso da can-tiga “A barquinha feiticeira”, cantada nas ilhas do Pico e do Faial.

No seu livro O folclore da ilha do Pico, João Homem Machado avança com a opinião de que a “Barquinha fei-ticeira” é uma cantiga do tipo “trovas

pegadas”, ou dos “romances rimados”. Por isso mesmo estamos perante uma canção que não será de criação local. E isto por três ordens de razões. Em primeiro lugar porque a cantiga está registada no Cancioneiro Popular, de César das Neves, embora com música diferente (sinal da tal criatividade po-pular açoriana de que já aqui falei). Em segundo lugar porque a canção, em compasso 3 por 4 e 6 por 8, remete-

-nos para uma qualquer cançoneta ou valsinha que terá vindo parar a estas ilhas. Em terceiro lugar porque a le-tra revela uma poeticidade elaborada e rebuscada.

Júlio Andrade, no seu livro Bailhos, Rodas e Cantorias, informa que foi o faialense Constantino do Amaral, professor do ensino primário, a pri-meira pessoa a passar esta cantiga a partitura, tendo-a orquestrado para

uma rapsódia cantada no Teatro Faia-lense no primeiro quartel do século XX.

Conclusão: como a “Barquinha fei-ticeira” não é referida pelos nossos mais antigos musicólogos, fácil é a conclusão de que não será cantiga de criação local.

Victor Rui Dores

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Fazendo ArteAlameda Barão de Roches - 1858 versus 2012

Duplas

Tomás Melo

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Fazendo Arte

Tão natural como a sede de aprender

...das coisinhas e das coisitas estão nascendo coisas... e coisas... outras coisas, novas coisas!

Inês Ribeiro

Foi assim, com naturalidade, ao ritmo de Santo Ama-ro, esse paraíso entre o mar e a montanha, que cinco jovens artistas vieram aprender as técnicas artesa-nais das tranças e bordados de palhinha, de escamas de peixe, e utilizá-las para o desenvolvimento dos seus próprios projectos. Uma artesã, um designer, uma arquitecta, uma artista plástica e uma joalheira.

Ao visitar a escola de artesanato durante esta re-sidência artística percebe-se logo que mais do que uma boa ideia, esta residência é o caminho óbvio a seguir no que ao artesanato regional diz respeito (e porque não a todas as áreas do saber?). A escola ganhou outra vida, a D. Alzira e a D. Conceição tam-bém. Como a residência já está próxima do fim, até já estavam era tristes por antecipação.

Calor humano, troca de tudo, saberes, ideias, emoções. Intensivo e próximo. E nem só no domínio do artesanato. Coisas antigas, comidas, objectos, plantas e coisas novas: linguagens, estratégias, for-mas. A ocupação do espaço e a comunicação.

Esta gente nova andou a vasculhar, a brincar e a descobrir um universo criado a quatro mãos. Tudo o que existe ali dentro daquelas salas, desde chapéus, bonecos, candeeiros, tapetes, roupas, flores, e imi-tações de frutas e legumes é a obra de uma vida de duas irmãs curiosas, hábeis e fazedoras. Objectos que servem agora de fonte de inspiração aos novos residentes...

Será isto uma inovação muito grande? Não, é simplesmente a forma de aprendizagem mais tra-dicional que existe: mestre-aprendiz. O Centro de Apoio ao Artesanato (CRAA), promotor da iniciativa, soube, nos dias de hoje, voltar a pôr em prática este tipo de dinâmicas. E bem.

Residência Artística na Escola de Artesanato de Santo Amaro

Patrícia BarbosaArquitecta, do Porto, dedica-se à recuperação de móveis e foi nesta área que apresentou o projecto para a Residência: uma namoradeira ligada por tran-ças de palhinha. Se de início contava que a trança tivesse um papel estrutural na obra, o contacto com o material, mais frágil do que imaginara, levou-a a alterar um pouco a ideia original, dando à palhinha uma carga mais simbólica. Nos estaleiros de Santo Amaro pôde complementar a sua aprendizagem e incluiu nas cadeiras algumas formas, cores e técni-cas herdadas da construção naval.

https://www.facebook.com/primeirademao.mobiliario

Susana Caetano de MeloJoalheira de Ponta Delgada, já mestre na técnica das escamas e uma inovadora na aplicação de técnicas tradicionais nas suas peças, veio aprender a técnica da palhinha, para também a incluir no seu trabalho. As assimetrias das suas peças fazem realçar a rique-za decorativa da cor e da trama da trança de palha.

https://www.facebook.com/pages/Caetanas/189831781057980?fref=ts

Idalina NegalhaArtesã da Lomba da Maia, também já mestre em muitas das tradicionais técnicas açorianas, veio es-pecificamente para aprender a dificílima técnica do bordado a palha no tule. Logo de início as anfitriãs lhe disseram que ela havia de se “esmirrar” de traba-lhar no tule. Não esmirrou mas reconhece que é um trabalho difícil e que requer muita paciência. O seu projecto foi o de fazer um vestido de noite com bor-boletas (a sua paixão), mas já tem novas ideias (como aliás todos os outros) para utilizar estas técnicas em novas criações.

Bruno CarvalhoDesigner, de Lisboa, tinha projectado uma luminária (vulgo candeeiro) com recurso à escama de peixe, mas o contacto directo com o material mostraram-

-lhe que o que tinha projectado não era exequível. Em luta com o processo criativo e com a vontade de criar um conceito válido, vendável e rentável, foi experimentando e é de todos o que mais vezes vol-tou ao início. Acabou por criar uma forma de forrar as tradicionais bóias das redes de pesca com esca-mas criando um sofisticado padrão texturado para a base do candeeiro.

Inês RibeiroArtista plástica de Leiria, vive em Angra, Terceira, tem dedicado grande parte do seu trabalho à ilustra-ção, com uma linguagem muito própria, estilizada e multicolorida. No seu projecto planeava incluir as es-camas de peixe, que depois de tingidas, são elemen-tos coloridos que se integram com perfeição nas suas criações, trazendo novas dimensões à mesma. Também fez o contrário, levando algumas das suas cores e padrões para as tradicionais flores de esca-mas, dando-lhes uma cara nova, lavada e fresca.

Aurora RibeiroSusana Caetano de Melo

Idalina Negalha

Inês Ribeiro

Bruno Carvalho

Patrícia Barbosa

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O oceano que rodeia os Açores dá-nos uma mensa-gem de tranquilidade mesmo no Inverno; é selva-gem e encantador! Quando, de manhã, passamos pela via rápida e vemos os pastos e colinas verdes cheios de vacas, lembramo-nos que há um Deus e que existe mais vida para além dos nossos dramas diários. O problema é que os estrangeiros não são muito bem aceites porque a sociedade é muito fe-chada, e isso faz com que a ilha se torne um pouco triste e melancólica!

Eleni Kouris

(grega, empresária, vive nos Açores)

É um sítio tão absolutamente diferente. A simpa-tia das pessoas, a topografia da terra, a geografia das nove ilhas e a possibilidade de poder escapar totalmente da vida citadina. Além disso, penso que o facto de sabermos que estamos tão longe de uma plataforma continental tanto a este como a oeste faz com que nos sintamos mais separados de tudo, e torna tudo mais remoto e mais excitante.

Tom Quilty

(inglês, consultor, viveu nos Açores)

What makes Açores look like Açores?#79 NOVEMBRO ‘12

.10

Os Açores têm para mim a dimensão social certa: uma comunidade humana em que nem todos se conhecem, mas uma proximidade que nos protege das solidões metropolitanas. Nem o sufoco dos gru-pos fechados, nem o anonimato que nos nega o ser. Aqui todos, afinal, viemos de outro sítio qualquer, e longamente descobrimos as nossas histórias, par-tilhando os destinos, as memórias e o esquecimento. E depois: o mar, obviamente, a luz instável, a vege-tação que logo toma conta de qualquer espaço que o homem abandona. Os vulcões, os ventos, os dias serenos e as chuvas torrenciais. Outras tantas lições de relatividade: a noção da impermanência que real-ça o valor das existências individuais.

Cátia Benedetti

(italiana, professora e tradutora, vive nos Açores)

Paisagens… Pouca gente mas boa gente que nos dá comida e boleia… Estar fechado… O mar, baleias… Fajãs e caminhos… E uma amizade que não se es-quece.

François Dalaine

(francês, professor, viveu nos Açores)

O mar, a vida selvagem, as paisagens, a geotermia, o clima com quatro estações num dia, a vida dos ma-rinheiros que passam e as suas histórias. Os Açores estão longe de ser as únicas ilhas que estão no meio do Atlântico, mas há qualquer coisa de muito dife-rente num sítio onde há mais vacas do que pessoas.

Irene Sempere

(espanhola, bióloga marinha, viveu nos Açores)

Em 2012, já não entro em Ponta Delgada como an-tigamente: pela Avenida Mónaco abaixo sob uma dança de nuvens, até desembocar emocionado na Rua de Lisboa. Logo a seguir, e voltando à esquer-da na Rua da Vila Nova, subir devagar, como quem bebe o passado, até à casa da minha mãe. Agora quando saio do aeroporto, estou numa autoestrada europeia. No entanto, mesmo que perdidas algumas referências, reconheço que estou na ilha e rente aos braços do mar. Não sou objetivo, eu sei. Sou emo-cional. O amor, um grande amor, tem destas coisas. A verdade, porém, é que os Açores não são apenas as inúmeras vozes dos meus parentes e dos meus mortos. São também esta aliança de luz e sombra, esta catarse, estas lágrimas de pedra que acaricio com o olhar na viagem apaixonada pela cidade, pas-so a passo, redescobrindo em mim as mais inextricá-veis raízes.

Eduardo Bettencourt Pinto

(angolano, escritor, viveu nos Açores)

Os Açores são uma terra de passagem para muitos. Para mim, representam o período em que ganhei a independência verdadeira e só ficando tão longe do meu mundo o podia conseguir. As ilhas ficam im-pressas na história da minha vida.

Elena Brindani

(italiana, pintora, viveu nos Açores)

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What makes Açores look like Açores?.11

(des)Fazendo

#79 NOVEMBRO ‘12

Sempre sonhei viver perto do mar e num sítio onde pudesse apanhar o maior peixe do mundo. Depois fiquei mais velho e o desejo do peixe mudou para o sonho de encontrar o mais raro pássaro vindo do continente americano. As paixões fazem-nos ficar amarrados a um lugar e nem mesmo o maior tempo-ral me podia agora arrancar destes rochedos verdes. A única razão que me permite conseguir viver no meio do oceano é que vivo em nove pequenos mun-dos e saltar de um deles para os outros permite-me escapar da claustrofobia de cada um.

Gerbrand Michielsen

(holandês, guia de birdwatching, vive nos Açores)

É um povo com bom coração, caloroso e simpático. Mas, ao mesmo tempo, percebes que afinal é obriga-do a ser simpático para sobreviver, é uma questão hi-pócrita. A “simpatia” alimenta a vida social num meio muito fechado e as pessoas usam isso para nunca serem odiadas pelos outros – é uma forma conve-niente de existir. A nível profissional, a vida torna-se muito fácil, porque as pessoas são pouco exigentes, têm poucos objectivos de vida e dão muita “graxa”. Quanto mais vives assim, mais percebes que não é aceitável mas por outro lado já estás adaptado porque se não fizeres o mesmo não sobrevives.

A natureza é óptima. Mas, culturalmente, faltam um teatro de ópera, um ballet e admiro-me como é possível viver assim… Para mim, este choque cultural foi e é enorme.

Ninguém cumpre prazos nem horários; as reu-niões de trabalho não servem para resolver nada, servem para dizer mal de quem não está e concluir que não podemos modificar o estado geral. Mas o lado positivo é que as pessoas têm um grande sen-tido de humor e divertem-se com tudo.

Resumindo, a característica principal é o isolamento: Açores estão à parte do mundo, separados. Vive-mos como que “a fingir”. O que quer que seja que se consiga, o comentário é “está muito bom, assim já é muito bom!” e nada avança para realmente bom. Os Açores são um paradoxo: um paraíso que te permite desligares-te do mundo, mas vivendo sempre de-pendente dele!

Anónima identificada

(cidadã de Leste, professora, vive nos Açores)

São um lugar onde o ritmo de vida é mais lento para que se possa aproveitar a natureza que nos rodeia. Podes aí dar-te conta da imensidade do oceano e das maravilhas que o habitam. Outra coisa inte-ressante destas ilhas é o modo como as tradições e costumes variam de umas para as outras, mesmo no que diz respeito à personalidade – base dos habi-tantes de cada ilha. Cada ilha é muito singular, embo-ra pertença ao conjunto Açores.

A riqueza dos Açores também se mede pela gas-tronomia e aí os Açores estão em muito boa posição, porque têm uma excelente variedade culinária.

A nível pessoal, conheci gente incrível. Não os vejo muito, mas continuam a fazer parte da minha vida. Quem vai aos Açores, enamora-se das ilhas e não as pode esquecer.

Jorge Bonet

(espanhol, biólogo, viveu nos Açores)

A maneira como o sol torna as casas amarelas duran-te o amanhecer; as colinas e os picos verde-profun-do; o Ilhéu da Vila; as hortênsias que cobrem a ilha e a fazem tão bonita no Verão… à distância parecem minhocas que se alongam, criando túneis pelas es-tradas; a cor do oceano.

Emilie Speleman Smith

(sueca, empresária, vive nos Açores)

O cheiro do mar… a solidão e a imensidade no mes-mo instante. Um dia, andando nas ruas de S. Miguel, sentei-me frente ao mar e um senhor começou a falar comigo e disse-me que cada pessoa que de alguma forma na sua vida compartilhou aí um olhar, uma emoção durante um dia ou um ano, ficará para sempre nos Açores. Mas também me disse que nas-cer e viver nos Açores pode, para muitas pessoas, ser uma limitação… mas na verdade é um privilégio para poucos. O que torna os Açores únicos para mim é que me deram esse privilégio e mudaram a minha vida para sempre.

Davide Alfano

(italiano, músico, viveu nos Açores)

Um pequeno paraíso em pleno oceano Atlântico, onde cada das 9 ilhas é um caleidoscópio de paisa-gens e gentes com tradições, vivendo em equilibro com uma Natureza muito bela e tão diversa! .(em conjunto seguem umas fotos que a própria Sa-brina tirou enquanto morava nos Açores)

Sabrina Steinmuller

(belga, fotógrafa, viveu nos Açores)

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CaleidoscópioÉ um ensaio de teatro onde cinco per-sonagens, três atrizes, uma cantora e um pianista, numa viagem lúdica e divertida, atravessam alguns dos pontos altos da cultura alemã, desde a Idade Média até aos dias de hoje.

com Anabela Morais, Ruth Bartenschlager ,

Verónica Alves, Sónia Machado,

Marcello Guarini

12.

O yin e o yang — os dois princípios da natureza — e as quatro estações são o princípio e o fim de tudo e são igual-mente a causa da vida e da morte. Os que respeitam as leis do Universo permanecem isentos de doenças peri-gosas, pois a eles foi concedido o Tão.

(Imperador Amarelo,

reinou entre 2698 AC a 2599 AC)

Saúde é o estado de completo bem-es-tar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença.

(Organização Mundial de Saúde, 1948)

A saúde é o objectivo social mais im-portante a nível mundial e que requer uma acção efectiva de muitas outros sectores sociais e económicos.

(Conferência de Alma-Ata, 1978)

A saúde foi definida como o processo de capacitar as pessoas a aumentar o seu auto controlo e a promover a sua saúde. Novo alento a uma metodolo-gia em saúde de base salutogénica em alternativa a uma abordagem pa-togénica.

(Carta de Ottawa, 1986)

Pensando Saúde

#79 NOVEMBRO ‘12

Fazendo Saúde

Retalhos, detalhes, juntar pedacinhos de muitas cores e tece-los numa manta de sentidos cheia de força e de beleza, polvilhar o todo com um forte espirito de humor inspirando-me de um dos mais conhecidos humoristas de lingua alemã Wilhelm Busch.

Era em 2009, estava então a es-tudar canto no nosso conservatório e através da música recontatei com a minha bela língua materna, o alemão. Dr. Luis São Bento, diretor da Biblioteca da Horta desafiou–me a escrever um

espetáculo sobre a cultura germânica.E lá estava eu sentada no silencio

da minha casa no Capelo em frente ao vulcão, perto do pedacinho de terra mais novo de Portugal a mergulhar-me nos traços de cultura alemã que podia juntar aqui mesmo na ilha, no livro de historia de literatura guardado desde o tempo do liceu, nos livros da minha própria biblioteca, foi procurar infor-mações no Goethe-Institut de Lisboa, amigos trouxeram-me textos e parti-turas da Suiça e da Alemanha e percorri o espolio da nossa biblioteca à procu-ra de textos traduzidos e sobretudo reflecti muito sobre as diferenças e semelhanças das duas culturas. Assim nasceu com o precioso e professional contributo dos meus colaboradores-

-artistas a peça de teatro “Caleidoscó-pio” que foi representada pela primeira vez em 2010.

Sou uma pessoa apaixonada pela interculturalidade. Não imagino uma

vida sem o contato com várias culturas e várias línguas. Aprendi com o tempo que a outra cultura mostra-me a re-latividade da minha própria cultura e encontro na cultura do outro às vezes partes de mim que a minha cultura não deixava vingar.

Na peça “Caleidoscópio” colaboram cinco pessoas de quatro nacionalida-des. Imagina a riqueza e por vezes a confusão! Não pensamos da mesma maneira! Não fazemos as coisas de ma-neira igual! E os contratempos no uso da língua! Aprender em conjunto, com espirito de profissionalidade, usando cada um os seus dons e saberes artis-ticos....que bela escola de vida!

O resultado deu prazer aos espe-tadores. Lutamos para dar continui-dade a este projeto. Pensamos que as criações locais deviam ter uma vida mais longa e expandir–se pelas ilhas vizinhas, rentabilizar melhor o investi-mento inicial.

Saúde é o estado e, simultaneamente, a representação mental da condição individual, o controlo do sofrimento, o bem-estar físico e o conforto emo-cional e espiritual.

(Ordem dos Enfermeiros, 2001)

Saúde é o que nos faz bem. Coisas… que nos fazem bem. É o nosso bem.

(António Ramos, 9 anos, 2012)

Construir uma vida saudável implica em adoptar certos hábitos - como é o caso da actividade física e da alimen-tação saudável - enfrentar condições ou situações adversas; e também es-tabelecer relações afectivas solidárias e cidadãs, adoptando uma postura de ser e estar no mundo com o objectivo de bem viver.

(Miguel Gomes, Professor Universitário,

2012)

Saúde é tudo de melhor que há para o ser humano. È uma riqueza muito importante.

(Ema Porto, doméstica, 84 anos, 2012)

(des)Fazendo

Neste sentido convidamos todos a par- tilhar connosco este novo encontro entre a cultura portuguêsa e a cultura alemã. E não tenha medo, o espetáculo é pensado para todos os públicos, há muitos textos em português e é uma bela oportunidade para ouvir a língua alemã através de exertos escritos pelos mais famosos escritores e ouvir lindíssimas peças de canto e de música.

Agradecemos às entidades que permitiram a realização destas novas representações: o Goethe-Institut de Lisboa, a Direção Regional das Comu-nidades, a Biblioteca Pública ARJJG e a ESB Cardeal Costa Nunes da Madalena do Pico.

As representações são na ESB Ma-dalena dia 08 de nov. às 14h30 e na Bi-blioteca de Horta dia 09 de nov. às 21h.

Veronika Scholer Brasil Alves, de origem

suiça, vivendo no Capelo deste 1985

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Cartas do Exílio V

260 anos

Fazendo Viagens

Ainda no comboio, parece que já pas-saram semanas…

A cada 4 horas paramos para abas-tecer com provisões vendidas pelas mulheres locais nas estações:

Pickles, rabanetes, frango grelha-do, a obrigatória beterraba e, natural-mente (claro) a Vodka, mais barata do que o vinho, a cerveja e a água…

Em Ulan Ude a carruagem do res-taurante fica para trás - ninguém ver-te uma lágrima.

Aqui os russos já não parecem rus-sos mas mongóis - bochechas verme-lhas, caras redondas e morenas com sorrisos simpáticos.

Até à Mongólia são mais 6 horas, nestas passamos lagoas e belas vi-las, vacas magrinhas que levantam as suas cabeças para ver o comboio, há montanhas no horizonte, onde come-ça a Mongólia. Depois da estação de Ulan Ude os corredores tornam-se no local mais transitável, os mongóis es-tão a tentar esconder as suas compras por causa da alfândega.

Naushki, à saída da Rússia: quatro horas parados, três destas fechados dentro do comboio. Confisco de pas-

saportes, homens que ladram, equi-pados com lanternas e cães (que tam-bém ladram) e que fazem uma busca completa, desmontam tectos falsos, cada cama e sanita é virada de cima abaixo, cada mala aberta… em segre-do rezo pelos mongóis e pela sua mer-cadoria escondida.

Quatro horas depois recebemos os nossos documentos e partimos, só para parar 10 minutos depois mais uma vez, no meio do nada. Soldados saem pelos arbustos ao lado dos car-ris e estão agora a controlar a parte de baixo da carruagem. Vinte minutos depois chegamos à entrada oficial da Mongólia, o mesmo procedimento co-meça de novo: passaportes, buscas…

Bem, vinda da Europa, e habituada a viajar dentro da Europa, estou talvez um bocadinho mimada em relação às fronteiras - mas assim? É mesmo ne-cessário? O que aconteceu à globali-zação?

Em Ulan Bataar, a capital de Mon-gólia, iurtas ao lado de arranha-céus, uma nova carruagem de restaurante é adicionada - e não podia ser mais dife-rente do que a que deixámos para trás:

à entrada abre-se um mundo novo, o cinzento é substituído pelo dourado, as básicas e quase inexistentes deco-rações transformam-se em entalhes ornamentais de madeira, nas paredes há figuras de bronze penduradas e os pés das mesas têm a forma de instru-mentos musicais; cortinas de seda, toalhas de mesa de linho, mas o mais significante é o sorriso dos emprega-dos, largo como um horizonte.

A partir daí começa o deserto de Gobi. Não é um deserto de areia tipo Sahara mas estepes de relva seca (só fica verde no verão). E é impressio-nante pelo seu vazio, só às vezes pas-samos por alguns cavalos ou camelos, e mais raramente por uma iurta sozi-nha à distância. Infelizmente os tum-bleweed* são substituídos por sacos de plástico.

À noite chegamos à China e que recepção!

Entrar numa estação iluminada como um árvore de natal, abrandan-do lentamente, com soldados de 20 em 20 metros que saúdam o comboio enquanto uma valsa clássica sai das colunas da plataforma - pouco depois

ouve-se um anúncio em chinês e em inglês:

“Welcome to the People´s Republic of China. After passport formalities you are allowed to step off the train and enjoy you happiness in our beautiful train station.” **

Mas uma vez dentro da estação fo-mos forçados a ficar 3 horas sentados numas cadeiras plásticas, rodeados por flores plásticas, à procura da feli-cidade.

*Tumbleweed – traduzindo à letra: “erva que rebola”. É o nome genérico

(em inglês) para uma parte de certas plantas que contem sementes ou es-poros e que é arrastada pelo vento. É característica de zonas desertas, ári-das ou secas e muito presente nos fil-mes de cowboys.

** “Bem-vindos à República Popular da China. Após as formalidades com os passaportes, é-vos permitida a saí-da do comboio e o usufruto da vossa felicidade na nossa linda estação de comboios.”

Ruth Bartenschlager

Nas minhas viagens à volta do Mundo, a bordo do Hemingway levei muitas coisas materiais e outras, que faziam parte deste mundo ilhéu, me acom-panharam pelos” quatro cantos do mundo”. Eram as saudades, as nossas festas, o Espírito Santo...as nossas fi-larmónicas, etc, tantas coisas que “po-voaram” os meus dias e noites no mar, nas terras por onde passei. Sempre que num qualquer sitio escutava os sons de uma banda, orquestra ou fi-larmónica, falava destas nossas lindas ilhas, das cento e tal filarmónicas...No sul da ilha de Santa Catarina, mais pro-priamente na ponta dos naufragados, prestou-se a devida homenagem aos náufragos Açorianos que, partindo da ilha de St.Catarina seguiam para o Rio grande do Sul tendo como objetivo fundar Porto Alegre. Por todo o Brasil

há traços importantes da nossa arqui-tetura, da religião e gastronomia que os nossos antepassados implantaram. Honra e glória às mulheres e homens que partindo destas nossas lindas ilhas fundaram cidades, foram até ao Uruguai, e lá está San Carlos!

É pois com muito orgulho e honra que, vencidos inumeros obstáculos, acompanhado pela filarmonica Unani-me Praiense, regresso ao Rio Grande do Sul comemorando os 260 anos da chegada dos nossos antepassados àquele estado, e ao Uruguai nas ceri-monias comemorativas dos 250 anos da fundação da cidade de San Carlos. Estão previstos concertos da Unani-me Praiense em catedrais e teatros e apresentaçao do livro “O Mundo que

eu vi” Em Porto Alegre, será assinada pelos presidentes dos respetivos Mu-nicipios, a geminação de Horta e Porto Alegre. Os nossos sinceros agrade-cimentos às Entidades oficiais e aos amigos que no Uruguai, Brasil e Açores tornaram possivel a deslocaçao desta embaixada cultural Açoriana, pas-sando pelos tocadores da Unanime Praiense e seu maestro. Um agradeci-mento especial à Beatriz - alma deste projeto. Honra e glória às mulheres e homens que passados 260 anos ho-menageamos.

Genuíno Madruga

Fazendo Viagens

.13#79 NOVEMBRO ‘12

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O que é que pequeno-almoçaste?Torradas e capucino (descafeinado) com leite e uma peça de fruta (pêra). Se o Conde Drácula viesse cá às ilhas onde o le-varias?Levava-o a almoçar a casa dos primos na Rua Mar-celino Lima. Qual é a semelhança entre o Pico e o Faial?Para ir de uma para a outra tem que apanhar-se o cruzeiro do canal. Se não gostas de chuva o que é que estás aqui a fazer?A questão devia ser: se não gostas de chuva dentro de casa o que é que estás aqui a fazer. Na escola que outra “disciplina” deveria ser obrigatória?Civismo e cidadania. Porque é que tens alguns projectos na gaveta?Não cabem todos na mesa.

O que é que mais odeias na internet?A manipulação a que está(mos) sujeita(os). Que forma de arte é que te aguça os caninos?Música. O que é que gostavas de ter nascido?Maleitas do juízo à parte estou bem na pele de homo sapiens, obrigado. Gostavas de ir morrer longe?Longe é o Capelo pá.

Entrevista com o MorcegoMiguel A. G. C. Chancerelle de Machete

Nome: Miguel A. G. C. Chancerelle de MacheteIdade: 37Profissão: Coordenador do Programa de Observação das Pescas dos Açores (POPA)

14.#79 NOVEMBRO ‘12

Fazendo Avarias

ComunicarAtitude

www.comunicaratitude.pt

Tratamosa sua imagem

[email protected]

Page 15: fazendo 79

Exposições

Cartoons “Paródias no Pico”Autor: Rui PimentelSegunda a sexta-feira das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30Fins-de-semana: 14h00 às 17h30Data: até 16 de dezembroLocal: Museu dos Baleeiros, Lajes do PicoIlha do Pico

ailleursAutor: Helena LousinhaTerça a sexta-feira das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30Local: Casa Manuel Arriaga, HortaIlha do Faial

Actividades

Teatro de Sombras Data: 22 outubro até 30 de novembroLocal: Museu da HortaIlha do FaialDestinatários: alunos do Pré-Escolar e 1º CicloMarcações pelo telefone 292 202 573 ou [email protected]

Caleidoscópio - Teatro Data: 9 novembroHora: 21 horasLocal: Biblioteca Pública da HortaIlha do Faial

Os Monólogos da Vagina - Teatro Data: 9 novembroHora: 21 horasLocal: Auditório Municipal das Lajes do Pico, Ilha do Pico

O Experimentar Na M’IncomodaData: 9 novembroHora: 22 horasLocal: Teatro FaialenseHorta, Ilha do Faial

Mercado de TrocasData: 10 novembroHora: 15 horasLocal: Castelo de São Sebastião, HorasIlha do Faial

Palmilha Dentada Dimas e Cestas Data: 10 novembroHora: 21h30Local: Teatro FaialenseHorta, Ilha do Faial

Mercadinho de TrocasData: 11 novembroHora: 15 horasLocal: Parque Florestal de São joão, Lajes do PicoIlha do Pico

Agenda Novembro / dezembro ‘12

Publicidade

GatafunhosTomás Melo

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Campanha Limpa a Fundo Data: 17 novembroHora: 10 horasLocal: Porto da HortaIlha do Faial

The New York Ensemble Data: 23 novembroHora: 21h30Local: Auditório Municipal das Lajes do Pico, Ilha do Pico

The New York Ensemble Data: 24 novembroHora: 21h30Local: Teatro FaialenseHorta, Ilha do Faial

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Horários

Horta — Madalena7h30; 10h30; 13h15; 15h15; 17h15

Madalena — Horta8h15; 11h15; 14h00; 16h00; 18h00

Cedros — Horta7h00; 12h45; 16h00;Sábados: 8h00

Piedade — S. Roque — Madalena6h15; 13h30;Domingos e feriados: 13h15

Piedade — Lajes — Madalena5h45; 12h55;Domingos e feriados: 12h55

Madalena — Lajes — Piedade10h00; 17h45;Domingos e feriados: 9h30

Horta — Cedros11h45; 15h20 (Hospital); 18h15;Sábados: 13h15

P. Norte — Horta7h00; 12h45;Sábados: 8h00

Madalena — S. Roque — Piedade10h00; 17h45;Domingos e feriados: 9h30

Horta — P. Norte11h45; 17h30;Sábados: 13h15

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Índice

Fazendo Actualidade

O Conde de Abranhos de Visita às Ilhas

Horta - Cidade Educadora

Fazendo História

Entrevista a António José Saraiva

Fazendo Ciência

Observatório do Mar dos Açores

Fazendo Arte

Troca de Galhardetes

A Barquinha Feiticeira

Henrique de Faria

Duplas

Tão natural como a sede de aprender

(des)Fazendo

What Makes Açores Look Like Açores

Caleidoscópio

Fazendo Saúde

Pensando Saúde

Fazendo Viagens

Cartas do Exílio V

260 anos

Fazendo Avarias

Entrevista com o Morcego

Agenda

Gatafunhos

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