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4 Julho | Agosto

Dos campinhos do bairro Boa Esperança para o Petropolitano Football Club e, de lá, para o Botafogo e o Fluminense. O que ninguém poderia imaginar era que, em pouco tempo, um seria o lateral direito

e o outro esquerdo do clube inglês Manchester United. Agora, direto da Inglaterra para a capa da Revista On #5, você vai conhecer a história dos gêmeos petropolitanos Fábio e Rafael. O talento foi descoberto quando ainda eram crianças e viviam uma realidade difícil e humilde. Hoje, os dois desfrutam de um mundo surreal, quando cada gol é uma vitória.

Esta edição também veio para esquentar a temporada fria da região. Período ideal para quem curte o clima das montanhas, acompanhamos uma escalada e contamos, com detalhes, a sensação de sentir adrenalina nas alturas.

Para os apaixonados por cerveja, também tem novidade boa por aí. É a produção artesanal, feita em casa, que tem um sabor diferente, ideal para beber com os amigos e que qualquer pessoa pode produzir. Dê uma bisbilhotada no passo a passo. No passado, também poderá conferir detalhes da segunda guerra mundial. Lembranças que um petropolitano guarda em um galpão exclusivo para sua coleção.

Por falar em coleção, muitos têm enormes quantidades de roupas, mas quando chega a hora de ir a um evento, quem nunca se perguntou com que roupa ir? Confira dicas de moda para caprichar no look neste inverno.

Não nos esquecemos do dia dos pais, que já está próximo. Bravos e rabugentos? Nada disso! Descobrimos que a relação entre pais e filhos está cada vez mais próxima. Alguns trabalham juntos e saem para se divertir.

As próximas páginas ainda abordam as pessoas populares na internet, o Museu de Cera como opção de turismo na cidade e muito mais.

Fique de olho no lance, nas próximas páginas e no conteúdo inteligente.

Boa leitura!

Editorial

Ops! Erramos

Na edição anterior, a matéria sobre a Pé de vento (p. 44) retratou a falta de apoio aos atletas. Porém, quando foi publicada, a equipe já contava com o patrocínio da Caixa.

#5

Direção e Produção GeralFelipe Vasconcellosfelipe@fi obranco.com.br

Produção Sabrina VasconcellosHeverton da Mata

EdiçãoRafael Moraesrafael@fi obranco.com.br

RedaçãoAline RicklyFrederico Nogueira

ComercialBárbara Caputobarbara@fi obranco.com.br(24) 8864-8524

CriaçãoFelipe VasconcellosRobson Silva

Estagiário Neílson Júnior

Colaboração José Ângelo CostaKitty D’AngeloLeonardo FarrocoLeticia Knibel

DistribuiçãoPetrópolis, Itaipava, Nogueira, Corrêas, Pedro do Rio e Posse

Produção Gráfi caWalPrint

Tiragem 5.000

Foto de capa Shutterstock

Fiobranco EditoraRua Prefeito Walter Francklin, 13/404 Centro | Três Rios - RJ25.803-010

Telefone(24) 2252-8524

[email protected]

ÍndiceOpinião

Online

Turismo

Comportamento

You Fashion

Inspiração

Design e Decoração

Eu Sei Fazer

Saúde

Papo de Colecionador

Esporte

Diário de Bordo

Guia

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Dos campinhos do bairro Boa Esperança para o Petropolitano Football Club e, de lá, para o Botafogo e o Fluminense. O que ninguém poderia imaginar era que, em pouco tempo, um seria o lateral direito

e o outro esquerdo do clube inglês Manchester United. Agora, direto da Inglaterra para a capa da Revista On #5, você vai conhecer a história dos gêmeos petropolitanos Fábio e Rafael. O talento foi descoberto quando ainda eram crianças e viviam uma realidade difícil e humilde. Hoje, os dois desfrutam de um mundo surreal, quando cada gol é uma vitória.

Esta edição também veio para esquentar a temporada fria da região. Período ideal para quem curte o clima das montanhas, acompanhamos uma escalada e contamos, com detalhes, a sensação de sentir adrenalina nas alturas.

Para os apaixonados por cerveja, também tem novidade boa por aí. É a produção artesanal, feita em casa, que tem um sabor diferente, ideal para beber com os amigos e que qualquer pessoa pode produzir. Dê uma bisbilhotada no passo a passo. No passado, também poderá conferir detalhes da segunda guerra mundial. Lembranças que um petropolitano guarda em um galpão exclusivo para sua coleção.

Por falar em coleção, muitos têm enormes quantidades de roupas, mas quando chega a hora de ir a um evento, quem nunca se perguntou com que roupa ir? Confira dicas de moda para caprichar no look neste inverno.

Não nos esquecemos do dia dos pais, que já está próximo. Bravos e rabugentos? Nada disso! Descobrimos que a relação entre pais e filhos está cada vez mais próxima. Alguns trabalham juntos e saem para se divertir.

As próximas páginas ainda abordam as pessoas populares na internet, o Museu de Cera como opção de turismo na cidade e muito mais.

Fique de olho no lance, nas próximas páginas e no conteúdo inteligente.

Boa leitura!

Editorial

Ops! Erramos

Na edição anterior, a matéria sobre a Pé de vento (p. 44) retratou a falta de apoio aos atletas. Porém, quando foi publicada, a equipe já contava com o patrocínio da Caixa.

#5

Direção e Produção GeralFelipe Vasconcellosfelipe@fi obranco.com.br

Produção Sabrina VasconcellosHeverton da Mata

EdiçãoRafael Moraesrafael@fi obranco.com.br

RedaçãoAline RicklyFrederico Nogueira

ComercialBárbara Caputobarbara@fi obranco.com.br(24) 8864-8524

CriaçãoFelipe VasconcellosRobson Silva

Estagiário Neílson Júnior

Colaboração José Ângelo CostaKitty D’AngeloLeonardo FarrocoLeticia Knibel

DistribuiçãoPetrópolis, Itaipava, Nogueira, Corrêas, Pedro do Rio e Posse

Produção Gráfi caWalPrint

Tiragem 5.000

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Fiobranco EditoraRua Prefeito Walter Francklin, 13/404 Centro | Três Rios - RJ25.803-010

Telefone(24) 2252-8524

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ÍndiceOpinião

Online

Turismo

Comportamento

You Fashion

Inspiração

Design e Decoração

Eu Sei Fazer

Saúde

Papo de Colecionador

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Diário de Bordo

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6 Julho | Agosto

O consagrado fotógrafo brasileiro Sebas-tião Salgado (“O Globo”, Segundo Ca-derno, 03/06/2012), radicado em Paris, passou longos períodos registrando em

fotos a miséria, as doenças e os fracassos da huma-nidade no projeto denominado “Êxodos”, premiado em todo mundo. Esgotado ao final de sua tarefa, por ter testemunhado e registrado “tanta violência e de-sespero” pelo mundo, passou por um período com-plicado. Saiu do buraco existencial ou foi “salvo” pelo projeto “Gênesis” onde se propôs fotografar as áreas do globo não afetadas pela civilização. E virou novamente um otimista ao encontrar quase metade do planeta em estado genuíno, descontaminado.

Angelino era um atuante promotor de justi-ça, membro do Ministério Público Estadual. Na caçada e na denúncia dos criminosos sempre foi implacável. Corria em suas veias o sangue da jus-tiça e da defesa da sociedade contra as mazelas do crime, organizado ou não. Nesta função granjeou reconhecimento e prestígio na sociedade local. Até que um dia, passou por uma breve doença que o fez repensar a vida. Quando recuperado to-mou uma decisão inesperada. Pediu demissão do cargo público, filiou-se a um partido político e se candidatou a prefeito de sua cidade, queria dar mais de si à sociedade que tanto o admirava.

Angelino era jovem, bonito e muito simpático. Rapidamente entendeu como funcionava a políti-ca. Elegeu-se, foi aclamado pela população. Che-gando ao poder, agiu conforme o poder, só que com um detalhe – era convicto em sua vocação. Em sua equipe só um era credenciado a receber os “agrados” do poder, nada entrava ou saía dos co-fres públicos sem o “agrado” do chefe. No entanto, Angelino, homem inteligente e perspicaz, jamais se aproximava dos esquemas, tinha quem o fizesse por ele. A cidade prosperava e a vida de Angeli-no também. Com poucos anos de mandato já era proprietário de vários imóveis na cidade, coisa que anos de Ministério Público não o permitiu.

Era casado com uma linda mulher, todavia, as-sim como o bíblico profeta Davi era insaciável. Adorava mulheres jovens e, quando as queria, ha-via outro credenciado na equipe de seu governo que se encarregava de levar as selecionadas para um encontro amoroso com ele. Iam em carros se-parados e, acabado o enlace amoroso, o subordina-do de Angelino levava a eleita de volta para seus domínios. Bonito e poderoso, não tinha dificuldade na escolha e aceitação de suas “presas”. Pelo contrá-rio, havia mais oferta do que procura.

Em casa, Angelino era rigoroso na educação de seus dois filhos. Certa feita, a esposa comen-tou com ele que o filho mais novo estava reitera-damente trazendo para casa pertences de outros amiguinhos e, algumas vezes, até objetos de alto valor. Angelino, de portas trancadas, teve uma conversa séria com o menino e o explicou, deta-lhadamente, o respeito que ele devia ter pela coi-sa alheia. – Na vida, meu filho, tem que se acos-tumar a respeitar as coisas dos outros e jamais se apropriar daquilo que não nos pertence de direito – pontuou Angelino. Ele era assim, um típico ho-mem público, convicto.

Ademais um homem de fé, devoto de Santa Rita de Cássia. Possuía em seu gabinete na pre-feitura um enorme quadro de Chico Xavier que se destacava a qua lquer olhar menos atento. Invaria-velmente ia à missa de domingo com sua esposa e comungava a eucaristia. Ia também a quase todos cultos evangélicos da cidade e, quando lá estava, convivia bem com a inexistência da oração Ave--Maria e a não aceitação da intercessão dos San-tos. Ah! Também adorava festas. Em sua cidade geralmente estava em festas junto ao povo e, no exterior, em companhia dos empreiteiros, que eram seus melhores amigos. Enfim, dois homens, Sebas-tião Salgado e Angelino, dois desejos. Como diz Jesus: “se alguém ouve as minhas palavras e não as guarda, eu não o condenarei, porque não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo, 12,47).

DesejosNa vida, meu fi lho, tem que se acostumar a respeitar as coisas dos outros e jamais se apropriar daquilo que não nos pertence de direito.

Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador do município de Areal,

mestre em Direito Tributário - UCAM-Rio,

professor de Direito Tributário da UCP –

Petrópolis – e colunista do Três Rios Online.

[email protected]

Roberto Wagner

OPINIÃO

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TROCA-TROCAConsiderações sobre um direito do consumidor

Oneir Vitor Guedes formou-se em direito

pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atua como advogado

e consultor jurídico nas áreas cível e criminal, além de ser colunistado Três Rios Online.

Oneir Vitor [email protected]ém de Cidade Imperial e capital da

cerveja, Petrópolis já se firmou como um importante centro comercial, so-bretudo nos polos da Rua Teresa e

Itaipava, que atraem compradores (atacadistas e varejistas) de todo o país. E, como em qualquer cidade que tem o setor de vendas aquecido, sur-giram aqui incontáveis processos judiciais nos quais consumidores insatisfeitos alegam ter so-frido alguma violação em seus direitos. Um dos momentos que mais gera discussões é o da troca de mercadorias. Por isso, é importante que todos compreendam bem o que diz a lei sobre o assunto.

De início, é preciso esclarecer que não existe venda sem garantia, porque a própria lei define um prazo no qual o fornecedor do produto é obri-gado a providenciar a reparação das imperfeições do item comprado. A loja pode conceder uma garantia maior, mas o que importa é que o prazo para troca ou conserto nunca será inferior ao esti-pulado pela lei¹ . Conforme preceitua o CDC (Có-digo de Defesa do Consumidor), este prazo varia de acordo com o tipo de mercadoria comprada: se for um produto durável (como um brinquedo, um celular ou um eletrodoméstico) será de 90 dias; se for um produto não durável (como um cosmético ou um alimento) o prazo será de 30 dias. Esse pe-ríodo de tempo é válido mesmo que o defeito seja aparente ou facilmente perceptível e só começa a ser contado a partir de sua constatação pelo com-prador. Caso a mercadoria contenha um problema oculto (que existe, mas demora a se manifestar), o prazo da garantia legal só começa a valer quando o problema é identificado.

O CDC também determina que o fornecedor deva providenciar o conserto em até 30 dias após a comunicação do defeito pelo comprador. Caso ele não efetue a devida reparação neste período, o consumidor poderá optar por uma das três opções: a substituição do produto por outro da mesma es-pécie, a restituição imediata da quantia paga ou abatimento proporcional do preço.

Situação distinta ocorre nos casos em que o consumidor requer a troca de uma mercadoria sem defeito. Se o consumidor adquiriu o item pes-soalmente no estabelecimento comercial, o lojista não será obrigado a trocar a mercadoria que esteja em perfeitas condições. A loja poderá (o que é fa-cultativo) aceitar a troca do produto, mas fará isso somente se quiser, como tática para conquistar a simpatia do cliente. Por outro lado, se o produto foi comprado à distância, via internet ou telefone, o comprador tem o “direito de arrependimento”, mesmo que o produto não apresente qualquer problema, direito este que pode ser exercitado no prazo de até sete dias após a entrega² . O consumi-dor nem precisa justificar o porquê da devolução da mercadoria, já que o exercício deste direito não está sujeito a qualquer condição³ .

Os comerciantes devem compreender que cumprir a lei e facilitar a troca é uma estratégia que aumenta a fidelidade do consumidor e pode ser uma boa oportunidade de conquistar um novo cliente. Por outro lado, os compradores devem desempenhar seu papel com honestidade nesta relação, pois, ao contrário do adágio popular, o consumidor nem sempre tem razão.

1 - Muitos comerciantes afi rmam que produtos em liquidação não podem ser trocados, mesmo que sejam constatados defeitos futuramente. Porém, o lojista não pode ignorar a lei e se negar a reparar os defeitos não declarados, bem como aqueles que estavam ocultos no momento da compra e só foram descobertos em momento posterior.

2- Você certamente já escutou o famoso bordão das propagandas televisivas: “satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”. Na verdade, toda empresa que vende produtos por telefone ou internet está obrigada, por lei, a devolver o dinheiro do cliente que demonstre insatisfação em até sete dias após a compra. Logo a frase “satisfação garantida ou seu dinheiro de volta” não é um benefício dado pela empresa e, sim, uma obrigação imposta por lei.

3- Os valores que já houverem sido pagos pelo comprador que desistiu do produto deverão ser integralmente devolvidos, inclusive corrigidos monetariamente. Além disso, os gastos com transporte ou frete não poderão ser abatidos do valor a ser restituído, pois toda empresa que vende à distancia, deve arcar com os riscos de seu empreendimento.

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8 Julho | Agosto

[email protected]

Helder Caldeira é escritor, articulista

político, palestrante, conferencista, colunista

do Três Rios Onlinee autor do livro “A 1ª

Presidenta”, primeira obra publicada no

Brasil com a análise da trajetória da presidente Dilma Rousseff e que já

está entre os livros mais vendidos do país em

2011. É apresentador do quadro “iPOLÍTICA”

com comentários nos telejornais da

afi liada da Rede Record em Diamantino/MT.

FALSOS ‘PETROPURITANOS’

Helder Caldeira

Perversas mentiras são repetidas de quatro em quatro anos, disfarçadas de promessas palanquistas, e seus resultados posteriores ao processo eleitoral não conseguem deixar a linha paralela à nulidade.

À véspera de uma eleição municipal, Petrópolis não foge à regra da politi-cagem brasileira: faltam cidadãos ver-dadeiramente comprometidos com a

cidade e sobram colarinhos brancos e saias-justas bradando firulas e posando de falsos “petropuri-tanos”. Desde que me entendo por gente, um dos pontos nevrálgicos da Cidade Imperial sempre foi o caos da mobilidade urbana, seja pela deficitária malha de ruas e avenidas para um número cada vez maior de veículos, seja pelo surreal sistema de transporte público, ou mesmo pelas dificuldades impostas pela geografia.

Perversas mentiras são repetidas de quatro em quatro anos, disfarçadas de promessas palanquis-tas, e seus resultados posteriores ao processo elei-toral não conseguem deixar a linha paralela à nu-lidade. O prefeito garante que não há recursos nos cofres municipais; o diretor-presidente da Concer vai pelo mesmo caminho e afirma que a conces-sionária não tem dinheiro suficiente; os vereadores não têm poder, nem querer, para realizar mudan-ças; a intervenção nas empresas de ônibus parece ter piorado o sistema; e o governo fluminense e a União sequer conseguiram atender, dezoito meses depois, as demandas urgentes provocadas pela tra-gédia de 2011. Acreditar em quem?

Enquanto isso, fala-se abertamente sobre a necessidade de aumentar os impostos petropoli-tanos para financiar supostas mudanças que nun-ca conseguem sair do papel. Da mesma forma, a concessionária da BR-040 no trecho Rio/Juiz de Fora anuncia que só realizará a essencial ligação Bingen/Quitandinha (prevista como obrigatória no contrato de concessão) se lhes for permitido um aumento expressivo nas tarifas de pedágio. Não são mais que acintes à inteligência da população.

Adrede de canalhas que pretendem utilizar essa arrecadação para garantir desvios de recursos que bancam as contas partidárias em ano eleitoral.

Em outra instância, um vereador viu-se obrigado a parar na delegacia para registrar ameaças de morte sofridas, logo após denunciar fraudes na validação de vales-transportes em empresa de ônibus sob inter-venção. A propósito, logro no sistema de bilhetagem eletrônica é uma cumbuca expressiva de corrupção nas cidades brasileiras, rendendo altas cifras aos bandidos infiltrados em órgãos públicos. Basta di-zer que uma das acusações que pesa sobre o bicheiro Carlinhos Cachoeira é justamente a criação de uma máfia que hoje domina o sistema de bilhetagem dos transportes públicos no Distrito Federal.

Os petropolitanos seguem no papel de figura-ção, títeres de uma turma que alardeia mudança e renovação, mas que não consegue ultrapassar os limites umbilicais da relação de manutenção das mamatas. Roubam para poder investir pesado em campanhas panfletárias de reciclagem das suas imagens, chamuscadas desde os tempos de Pedro II. Por lamentável, poucas coisas mudam efetiva-mente. Quase nada, na verdade.

Ao fim e ao cabo, esses figurões de sempre já desfilam pelas ruas e avenidas congestionadas e esburacadas em busca de votos, sem qualquer ves-tígio de vergonha na cara, quiçá de compromisso político com uma Petrópolis no limiar da subsis-tência. Não se engane: cada santinho que você receber nesses meses de campanha significa dire-tamente um buraco a mais nas vias, um médico a menos nos postos de saúde e a ameaça cada vez maior ao bolso suado do contribuinte. Estampadas nos panfletos, as caras dos falsos “petropuritanos” podem até parecer quase belas. Bonitinhas, mas or-dinárias, diria Nelson Rodrigues.

Recentemente, a sociedade brasileira ficou atemorizada com a brutalidade do assassinato do diretor executivo de exportações da Yoki, Marcos Matsu-

naga, morto e esquartejado por sua mulher, Elize, no dia 19 de maio.

Matsunaga, formado em administração pela Fun-dação Getúlio Vargas, uma das melhores faculdades do país, conheceu Elize no ano de 2004, através de um site na internet, no qual garotas de programa ofe-recem seus serviços por elevados preços. Em 2006, ainda na condição de amante, Elize começou a cur-sar a faculdade de direito. Depois de alguns anos de relacionamento intenso, o empresário abandonou a primeira mulher e a filha pequena para viver o novo amor. Em 2009 eles se casaram.

Ele (Marcos), um profissional respeitado, nas-cido em uma família nobre de São Paulo, com educação rígida; ela (Elize), uma menina sem pai, de família pobre do interior do Paraná, sem êxito como técnica em enfermagem, virou prostituta. Segundo o relato de pessoas próximas ao casal Matsunaga, eles “viviam como em um conto de fadas”, sendo Marcos um verdadeiro cavalheiro, um homem “à moda antiga”.

Os tempos de felicidade duraram até o dia 17 de maio, a ocasião em que Elize descobriu, por meio de um detetive particular, que o marido mantinha um relacionamento extraconjugal. Ela estava no Paraná visitando a mãe. Dois dias depois (19 de maio) retor-nou para São Paulo, onde o casal residia em um apar-tamento de 500 m2, em uma área nobre da cidade. Por volta das 19h, após colocar a filha recém-nascida para dormir no segundo pavimento da cobertura du-plex, Elize dispensou a babá e iniciou uma discussão veemente com o marido, questionando-o sobre seu relacionamento amoroso fora do casamento, ocasião em que Marcos a insultou. Naquele momento, ela sacou uma pistola 380 de uma gaveta da sala e dis-parou a uma distância de 1,5 m contra a cabeça de Marcos Matsunaga, matando o executivo.

Na manhã do dia seguinte (20 de maio), depois de constatar o enrijecimento do corpo e a conse-

quente redução da vazão de sangue, o que reduz o seu derramamento, Elize iniciou o processo de esquartejamento, utilizando uma faca com lâmina de 30 cm. Ao que tudo indica, ela empregou seus conhecimentos de enfermagem, pois sabia exata-mente onde os cortes deveriam ser feitos, de modo a facilitar seu trabalho, vale dizer, realizado em quatro horas apenas.

A prática funesta levada a efeito por Elize Mat-sunaga caminhou em sentido contrário às lições que lhe foram ministradas durante a faculdade de direito, pois sua conduta cruel, própria de um tribunal inqui-sitivo, julga, condena e penaliza a morte de um ser humano que sequer teve a possibilidade de se defen-der, revelando uma metodologia punitiva de cunho repressivo, aplicada tão somente nos primórdios da civilização, a vingança penal. Esta foi marcada pelo poder e pela religião que, na evolução do direi-to penal, durante os tempos se dividiu em vingan-ça privada, vingança divina e vingança pública, até chegarmos ao conceito atual do Estado como ente imparcial regulador das relações humanas (jurídicas) e solucionador dos conflitos surgidos na sociedade.

O conceito atual nasceu inicialmente na Roma Antiga, sendo aperfeiçoado por grandes pensado-res como Montesquieu (O Espírito das Leis, de 1748), Jean-Jacques Rousseau (O Contrato So-cial, de 1762) e Cesare Beccaria (Dos Delitos e Das Penas, de 1764).

Elize Matsunaga, paranaense de 30 anos, pas-sará um longo tempo na prisão, pois será sub-metida à ação penal sujeita ao procedimento do tribunal do júri, quando o Ministério Público provavelmente irá lhe imputar a prática delituosa prevista no art. 121, §2.º (homicídio qualificado – pena de reclusão de 12 a 30 anos) combinado com o art. 211 (destruição, subtração ou ocultação de cadáver – pena de reclusão de 01 a 03 anos), na forma do art. 69 (concurso material – cumulação de penas), todos do código penal, e, além disso, não terá direito a qualquer tipo de herança. A solução de conflitos cabe ao Poder Judiciário. É impossível se fazer justiça com as próprias mãos!

CASO YOKI: UMA METODOLOGIA DE RETROCESSÃO DO DIREITO PENALO julgamento, a condenação e aplicação da pena segundo a vingança privada

David Elmôr é Advogado Criminalista,

originário de uma das mais respeitáveis

bancas de direito do Brasil (SAHIONE

Advogados), Sócio Sênior do ELMÔR &

CORRÊA Advogados

David Elmô[email protected]

Fontes utilizadas: “O Globo”, “Folha de S.Paulo” e “Revista Veja”

OPINIÃO

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Helder Caldeira é escritor, articulista

político, palestrante, conferencista, colunista

do Três Rios Onlinee autor do livro “A 1ª

Presidenta”, primeira obra publicada no

Brasil com a análise da trajetória da presidente Dilma Rousseff e que já

está entre os livros mais vendidos do país em

2011. É apresentador do quadro “iPOLÍTICA”

com comentários nos telejornais da

afi liada da Rede Record em Diamantino/MT.

FALSOS ‘PETROPURITANOS’

Helder Caldeira

Perversas mentiras são repetidas de quatro em quatro anos, disfarçadas de promessas palanquistas, e seus resultados posteriores ao processo eleitoral não conseguem deixar a linha paralela à nulidade.

À véspera de uma eleição municipal, Petrópolis não foge à regra da politi-cagem brasileira: faltam cidadãos ver-dadeiramente comprometidos com a

cidade e sobram colarinhos brancos e saias-justas bradando firulas e posando de falsos “petropuri-tanos”. Desde que me entendo por gente, um dos pontos nevrálgicos da Cidade Imperial sempre foi o caos da mobilidade urbana, seja pela deficitária malha de ruas e avenidas para um número cada vez maior de veículos, seja pelo surreal sistema de transporte público, ou mesmo pelas dificuldades impostas pela geografia.

Perversas mentiras são repetidas de quatro em quatro anos, disfarçadas de promessas palanquis-tas, e seus resultados posteriores ao processo elei-toral não conseguem deixar a linha paralela à nu-lidade. O prefeito garante que não há recursos nos cofres municipais; o diretor-presidente da Concer vai pelo mesmo caminho e afirma que a conces-sionária não tem dinheiro suficiente; os vereadores não têm poder, nem querer, para realizar mudan-ças; a intervenção nas empresas de ônibus parece ter piorado o sistema; e o governo fluminense e a União sequer conseguiram atender, dezoito meses depois, as demandas urgentes provocadas pela tra-gédia de 2011. Acreditar em quem?

Enquanto isso, fala-se abertamente sobre a necessidade de aumentar os impostos petropoli-tanos para financiar supostas mudanças que nun-ca conseguem sair do papel. Da mesma forma, a concessionária da BR-040 no trecho Rio/Juiz de Fora anuncia que só realizará a essencial ligação Bingen/Quitandinha (prevista como obrigatória no contrato de concessão) se lhes for permitido um aumento expressivo nas tarifas de pedágio. Não são mais que acintes à inteligência da população.

Adrede de canalhas que pretendem utilizar essa arrecadação para garantir desvios de recursos que bancam as contas partidárias em ano eleitoral.

Em outra instância, um vereador viu-se obrigado a parar na delegacia para registrar ameaças de morte sofridas, logo após denunciar fraudes na validação de vales-transportes em empresa de ônibus sob inter-venção. A propósito, logro no sistema de bilhetagem eletrônica é uma cumbuca expressiva de corrupção nas cidades brasileiras, rendendo altas cifras aos bandidos infiltrados em órgãos públicos. Basta di-zer que uma das acusações que pesa sobre o bicheiro Carlinhos Cachoeira é justamente a criação de uma máfia que hoje domina o sistema de bilhetagem dos transportes públicos no Distrito Federal.

Os petropolitanos seguem no papel de figura-ção, títeres de uma turma que alardeia mudança e renovação, mas que não consegue ultrapassar os limites umbilicais da relação de manutenção das mamatas. Roubam para poder investir pesado em campanhas panfletárias de reciclagem das suas imagens, chamuscadas desde os tempos de Pedro II. Por lamentável, poucas coisas mudam efetiva-mente. Quase nada, na verdade.

Ao fim e ao cabo, esses figurões de sempre já desfilam pelas ruas e avenidas congestionadas e esburacadas em busca de votos, sem qualquer ves-tígio de vergonha na cara, quiçá de compromisso político com uma Petrópolis no limiar da subsis-tência. Não se engane: cada santinho que você receber nesses meses de campanha significa dire-tamente um buraco a mais nas vias, um médico a menos nos postos de saúde e a ameaça cada vez maior ao bolso suado do contribuinte. Estampadas nos panfletos, as caras dos falsos “petropuritanos” podem até parecer quase belas. Bonitinhas, mas or-dinárias, diria Nelson Rodrigues.

Recentemente, a sociedade brasileira ficou atemorizada com a brutalidade do assassinato do diretor executivo de exportações da Yoki, Marcos Matsu-

naga, morto e esquartejado por sua mulher, Elize, no dia 19 de maio.

Matsunaga, formado em administração pela Fun-dação Getúlio Vargas, uma das melhores faculdades do país, conheceu Elize no ano de 2004, através de um site na internet, no qual garotas de programa ofe-recem seus serviços por elevados preços. Em 2006, ainda na condição de amante, Elize começou a cur-sar a faculdade de direito. Depois de alguns anos de relacionamento intenso, o empresário abandonou a primeira mulher e a filha pequena para viver o novo amor. Em 2009 eles se casaram.

Ele (Marcos), um profissional respeitado, nas-cido em uma família nobre de São Paulo, com educação rígida; ela (Elize), uma menina sem pai, de família pobre do interior do Paraná, sem êxito como técnica em enfermagem, virou prostituta. Segundo o relato de pessoas próximas ao casal Matsunaga, eles “viviam como em um conto de fadas”, sendo Marcos um verdadeiro cavalheiro, um homem “à moda antiga”.

Os tempos de felicidade duraram até o dia 17 de maio, a ocasião em que Elize descobriu, por meio de um detetive particular, que o marido mantinha um relacionamento extraconjugal. Ela estava no Paraná visitando a mãe. Dois dias depois (19 de maio) retor-nou para São Paulo, onde o casal residia em um apar-tamento de 500 m2, em uma área nobre da cidade. Por volta das 19h, após colocar a filha recém-nascida para dormir no segundo pavimento da cobertura du-plex, Elize dispensou a babá e iniciou uma discussão veemente com o marido, questionando-o sobre seu relacionamento amoroso fora do casamento, ocasião em que Marcos a insultou. Naquele momento, ela sacou uma pistola 380 de uma gaveta da sala e dis-parou a uma distância de 1,5 m contra a cabeça de Marcos Matsunaga, matando o executivo.

Na manhã do dia seguinte (20 de maio), depois de constatar o enrijecimento do corpo e a conse-

quente redução da vazão de sangue, o que reduz o seu derramamento, Elize iniciou o processo de esquartejamento, utilizando uma faca com lâmina de 30 cm. Ao que tudo indica, ela empregou seus conhecimentos de enfermagem, pois sabia exata-mente onde os cortes deveriam ser feitos, de modo a facilitar seu trabalho, vale dizer, realizado em quatro horas apenas.

A prática funesta levada a efeito por Elize Mat-sunaga caminhou em sentido contrário às lições que lhe foram ministradas durante a faculdade de direito, pois sua conduta cruel, própria de um tribunal inqui-sitivo, julga, condena e penaliza a morte de um ser humano que sequer teve a possibilidade de se defen-der, revelando uma metodologia punitiva de cunho repressivo, aplicada tão somente nos primórdios da civilização, a vingança penal. Esta foi marcada pelo poder e pela religião que, na evolução do direi-to penal, durante os tempos se dividiu em vingan-ça privada, vingança divina e vingança pública, até chegarmos ao conceito atual do Estado como ente imparcial regulador das relações humanas (jurídicas) e solucionador dos conflitos surgidos na sociedade.

O conceito atual nasceu inicialmente na Roma Antiga, sendo aperfeiçoado por grandes pensado-res como Montesquieu (O Espírito das Leis, de 1748), Jean-Jacques Rousseau (O Contrato So-cial, de 1762) e Cesare Beccaria (Dos Delitos e Das Penas, de 1764).

Elize Matsunaga, paranaense de 30 anos, pas-sará um longo tempo na prisão, pois será sub-metida à ação penal sujeita ao procedimento do tribunal do júri, quando o Ministério Público provavelmente irá lhe imputar a prática delituosa prevista no art. 121, §2.º (homicídio qualificado – pena de reclusão de 12 a 30 anos) combinado com o art. 211 (destruição, subtração ou ocultação de cadáver – pena de reclusão de 01 a 03 anos), na forma do art. 69 (concurso material – cumulação de penas), todos do código penal, e, além disso, não terá direito a qualquer tipo de herança. A solução de conflitos cabe ao Poder Judiciário. É impossível se fazer justiça com as próprias mãos!

CASO YOKI: UMA METODOLOGIA DE RETROCESSÃO DO DIREITO PENALO julgamento, a condenação e aplicação da pena segundo a vingança privada

David Elmôr é Advogado Criminalista,

originário de uma das mais respeitáveis

bancas de direito do Brasil (SAHIONE

Advogados), Sócio Sênior do ELMÔR &

CORRÊA Advogados

David Elmô[email protected]

Fontes utilizadas: “O Globo”, “Folha de S.Paulo” e “Revista Veja”

Page 10: FB | Revista On Petrópolis #05

10 Julho | Agosto

Coordenador do curso de jornalismo da

Universidade Estácio de Sá (Campus Petrópolis).

Jornalista, mestre em ciência política

[email protected] Aquela pequena gentileza que a empre-sa oferecia e que foi suspensa; aquela cortesia que acompanhava um servi-ço e que desapareceu; aquele peque-

no desconto e aquele serviço personalizado que sumiram; aquele “agrado” que a empresa fazia a seus funcionários e não faz mais... Quando es-sas pequenas vantagens desaparecem e o cliente/consumidor tenta descobrir os motivos, chegará quase sempre à mesma resposta, que não admite réplicas: “É por causa do novo modelo de ges-tão”. Ou, ainda, “foi determinação do gestor”.

O cliente/consumidor é leigo. Não sabe o que é “gestão”. Nem quem são os tais “gestores”. Enten-de, com alguma imprecisão, que este nome genérico abrange a definição de profissionais que, no pas-sado, denominavam-se gerentes, administradores, controladores, chefes, supervisores e que o conceito de gestão sugere não apenas funções – mas, supos-tamente, algo novo, moderno, inovador, diferente.

Sou um cliente/consumidor. Meus conhecimen-tos nas ciências da administração (aliás, “gestão”, certo?) situam-se, portanto, abaixo de zero. Limi-tam-se apenas àquilo que qualquer freguês sabe. E sei que o conceito de gestão está, sim, sustentado em um campo do saber acadêmico-científico que antigamente nós, os leigos, denominávamos sim-plesmente administração. Obviamente, sei também que há inúmeros administradores, gerentes, chefes e controladores bastante competentes – e que, por imposição dos tempos, são hoje definidos generi-camente como gestores.

Mas não é a esses profissionais que me refiro. Re-firo-me aos “gestores”. Assim, com aspas. Refiro--me àqueles que, assumindo este “título” moderno, querem equiparar-se aos administradores de verda-de. Convenhamos, é bem mais “bonito” assinar-se gestor, não é? Parece denotar uma suposta sintonia com os rumos mais modernos da condução de ne-gócios ou pessoas. Neste contexto, incontáveis bu-rocratazinhos orgulhosamente têm se definido como “gestores”. O funcionário que porventura tenha su-bido um degrau na hierarquia torna-se, automatica-

mente, “gestor” de alguma coisa. Qualquer boy de luxo que se pretende, “antenado com o mercado”, assina como “gestor”. Outro dia ouvi de um uma afirmação que chega ao paroxismo da indefinição: “Todos nós somos gestores de alguma coisa” (!).

Este tipo de “gestor” cria situações inesperadas. Aqui e ali surge, por exemplo, uma taxa inédita, por qualquer motivo inimaginável. Um serviço prestado ou produto elaborado por cinco funcioná-rios é assumido por um único. O atendimento pio-ra, a qualidade cai. Mas, no fim do mês, o “gestor” vai anunciar aos quatro ventos que, graças à sua iniciativa, a empresa onde trabalha aumentou seu lucro em, digamos, 1,2% (afirmação amplamente amparada por formidáveis e coloridos gráficos em PowerPoint). Pouco importa se a empresa vai fe-char as portas daqui a um ano: até lá o “gestor” estará em outro canto, comemorando sua própria genialidade. Afinal, ele “bateu metas”, porque cor-tou despesas e foi mais rígido com os devedores. Aliás, tal como administradores competentes já fa-zem há séculos. A diferença é que o “gestor” corta também no essencial, compromete a qualidade do produto/serviço, perde clientes/fregueses, aumenta os lucros rapidamente para perder em longo prazo e justifica qualquer crítica com a irrespondível ex-pressão: é o “novo modelo de gestão”.

Já vimos situações parecidas. Assim como, aos olhos do leigo, o “gestor” atualmente substitui o administrador. Há vários anos, as empresas “mo-dernas” deixaram de ter funcionários, substitu-ídos por “colaboradores”. Essa bobagem, que é trocar nomes sem mudar atribuições ou resulta-dos, não se limita, obviamente, ao mundo dos ne-gócios. Faz lembrar, por exemplo, um ex-prefeito de Petrópolis, “gestor” antes do título virar moda, que em algumas canetadas acabou com todos os morros e favelas da cidade. Todos foram rebati-zados, por decreto, como “comunidades”.

Em casos assim os franceses talvez dissessem que “quanto mais se muda, mais se é a mesma coisa”. Mas talvez não. Às vezes a “mesma coi-sa” pode ser pior.

CULPA DO “GESTOR”

Eduardo de Oliveira

Ao invés de um “novo modelo”, o cliente/consumidor quer o de sempre: qualidade e preço

OPINIÃO

Page 11: FB | Revista On Petrópolis #05

11revistaon.com.br

Page 12: FB | Revista On Petrópolis #05

12 Julho | Agosto

ONLINE

Foi por volta de 1995 que Yuri Pa-dilha Sánchez teve seu primeiro contato com a internet e o novo mundo virtual em Três Rios.

Hoje, empresário e lutador, ele está com 31 anos e recorda os momentos difíceis passados no início desta nova era. “Fico até arrepiado. De raiva”, brinca. “A cone-xão era discada e sempre tinha alguém em casa para falar ‘sai da internet Yuri, quero telefonar’. Agora a facilidade é enorme, a velocidade é incrível, fora os preços e planos que ajudam. E foi anunciada a 4G. Vou amar! Já acordo conectando meu celular e durmo com ele do lado”, afirma. Em seu perfil no Facebook, ele tem pouco mais de 5.200 amigos.

Ele é enfático ao afirmar que não há como viver sem a rede. “Uso para qual-quer coisa que seja. Procurar um lugar, ver a programação de um teatro ou cine-ma, notícias do Vascão, Facebook, e-mail, MSN, Skype, Orkut. Comecei usando o ICQ e sou um dos últimos sobreviventes do antigo Flog Brasil. O meu ainda existe, tem anos e anos de fotos, nunca tiraria do

ar”. O único que o lutador não curte é o Twitter. “Chega de vícios, já são muitas coisas para conectar todos os dias”.

De acordo com Ana Luiza Mano, psicó-loga do NPPI (Núcleo de Pesquisa da Psi-cologia em Informática) da PUC-SP, a po-pularidade na vida virtual é, muitas vezes, reflexo da vida real. “Por exemplo, se você conhece uma pessoa em uma festa, quan-do chegar em casa vai procurá-la nas redes sociais”. Para ela, as relações construídas ou mantidas nos meios eletrônicos podem ser tão verdadeiras como as que existem fora deles. “Se você investe sentimento e se importa com a pessoa, passa a ser indi-ferente se ela está do seu lado ou distante”. Ana Luiza ainda explica que o tempo que uma pessoa fica conectada não é o prejudi-cial, mas as consequências que pode gerar na vida real. “Você pode ficar conectado uma ou 12 horas direto e não te afetar. Mas, se passa a atrapalhar seu trabalho, sua família, sua escola, deve ficar atento”.

Para Viviani Corrêa Teixeira, mestre e doutoranda em sociologia política pela Universidade Federal de Santa Catari-

PERFIL POPULAREles não aparecem diariamente na tela da televisão e seus rostos não estampam capas de revistas ou manchetes de jornais nas bancas do país. Mesmo assim, são cheios de contatos em suas redes sociais. Seus comen-tários geram discussões e chamam atenção de outros internautas. Para você curtir, co-mentar e compartilhar, encontramos alguns dos perfi s mais populares da região.

POR FREDERICO NOGUEIRA FOTOS ARQUIVO PESSOAL

YURI PADILHA SÁNCHEZ | 31 ANOS

5.200 amigos no facebooktambém possui: MSN, Orkut, Skype, fl og

ANA KAYE | 54 ANOS

4.800 amigos no facebooktambém possui MSN

na, é essencial entender que, no espaço das redes sociais virtuais, os reflexos do mundo real e as vidas paralelas convivem juntos e a internet deve ser vista como um bem público da humanidade. “Deve ser-vir como depositório de saberes, divulga-ção e compartilhamento de informações e como uma forma de conhecimento co-laborativo. Através das redes sociais é possível denunciar governos corruptos, casos de exploração de populações opri-midas; divulgar tecnologias alternativas e de baixo custo, descobertas científicas na área de saúde e muitas outras peculia-

ridades. Isso porque a grande rede, ainda é uma mídia não controlada [salvo em alguns países] pelo Estado e empresas privadas de comunicação”.

A pedagoga e jornalista Ana Kaye, moradora de Petrópolis, garante: “Amo meus amigos do Facebook e deixo minha página bem linda para eles”. Aos 54 anos, ela tem pouco mais de 4.800 amigos na rede social e afirma que é impossível co-nhecer todos, mas sabe a origem de cada um. “Sou a mesma pessoa no mundo real e no virtual. Quando estou feliz, todos sabem, quando estou triste, compartilho com todos”. Suas postagens e o número de contatos já renderam histórias curio-sas e emocionantes. “Recebi uma men-sagem que dizia ‘você me incomoda, sua alegria me incomoda e ao mesmo tempo me contagia’. Fiquei muito emocionada. Tenho uma amiga que é espancada por seu companheiro e tento ajudá-la. Outra está grávida e os pais não sabem. Con-verso todos os dias e dou conselhos”.

André Luis de Andrade Mathias Roza, também de Petrópolis, é estudante de di-

reito e está com 23 anos. Já passou dos 3.200 amigos no Facebook. “Sempre tem aquela pessoa que te conhece de vista e adiciona. Mas este número é alto porque conheço muitas pessoas. Sempre que vou a um lugar, encontro um conhecido. Já aconteceu de ir, por exemplo, para Porto Seguro e encontrar um amigo de Petró-polis”.

Curtir, seguir, compartilhar. Os ver-bos passam a ter novos sentidos enquanto a rede cresce e ganha mais adeptos. “É um espaço ‘aberto’ a discussões. Algu-mas redes sociais lembram arenas públi-cas. Através destes espaços, é possível captar as várias tendências de opinião pela possibilidade de interação entre os usuários”, afirma Viviani Corrêa Teixei-ra. Tantos amigos e contatos virtuais, fa-cilidades e confortos na palma das mãos, significa que o ser humano está em pro-cesso de robotização? Ana Luiza garante que não. “A relação através de meios ele-trônicos não substitui, nem substituirá a interpessoal. Ela complementa, traz coi-sas novas, é um ‘algo a mais’”.

ANDRÉ LUIZ ANDRADE

MATHIAS ROSA | 23 ANOS

3.200 amigos no facebook

Page 13: FB | Revista On Petrópolis #05

13revistaon.com.br

Foi por volta de 1995 que Yuri Pa-dilha Sánchez teve seu primeiro contato com a internet e o novo mundo virtual em Três Rios.

Hoje, empresário e lutador, ele está com 31 anos e recorda os momentos difíceis passados no início desta nova era. “Fico até arrepiado. De raiva”, brinca. “A cone-xão era discada e sempre tinha alguém em casa para falar ‘sai da internet Yuri, quero telefonar’. Agora a facilidade é enorme, a velocidade é incrível, fora os preços e planos que ajudam. E foi anunciada a 4G. Vou amar! Já acordo conectando meu celular e durmo com ele do lado”, afirma. Em seu perfil no Facebook, ele tem pouco mais de 5.200 amigos.

Ele é enfático ao afirmar que não há como viver sem a rede. “Uso para qual-quer coisa que seja. Procurar um lugar, ver a programação de um teatro ou cine-ma, notícias do Vascão, Facebook, e-mail, MSN, Skype, Orkut. Comecei usando o ICQ e sou um dos últimos sobreviventes do antigo Flog Brasil. O meu ainda existe, tem anos e anos de fotos, nunca tiraria do

ar”. O único que o lutador não curte é o Twitter. “Chega de vícios, já são muitas coisas para conectar todos os dias”.

De acordo com Ana Luiza Mano, psicó-loga do NPPI (Núcleo de Pesquisa da Psi-cologia em Informática) da PUC-SP, a po-pularidade na vida virtual é, muitas vezes, reflexo da vida real. “Por exemplo, se você conhece uma pessoa em uma festa, quan-do chegar em casa vai procurá-la nas redes sociais”. Para ela, as relações construídas ou mantidas nos meios eletrônicos podem ser tão verdadeiras como as que existem fora deles. “Se você investe sentimento e se importa com a pessoa, passa a ser indi-ferente se ela está do seu lado ou distante”. Ana Luiza ainda explica que o tempo que uma pessoa fica conectada não é o prejudi-cial, mas as consequências que pode gerar na vida real. “Você pode ficar conectado uma ou 12 horas direto e não te afetar. Mas, se passa a atrapalhar seu trabalho, sua família, sua escola, deve ficar atento”.

Para Viviani Corrêa Teixeira, mestre e doutoranda em sociologia política pela Universidade Federal de Santa Catari-

PERFIL POPULAREles não aparecem diariamente na tela da televisão e seus rostos não estampam capas de revistas ou manchetes de jornais nas bancas do país. Mesmo assim, são cheios de contatos em suas redes sociais. Seus comen-tários geram discussões e chamam atenção de outros internautas. Para você curtir, co-mentar e compartilhar, encontramos alguns dos perfi s mais populares da região.

POR FREDERICO NOGUEIRA FOTOS ARQUIVO PESSOAL

YURI PADILHA SÁNCHEZ | 31 ANOS

5.200 amigos no facebooktambém possui: MSN, Orkut, Skype, fl og

ANA KAYE | 54 ANOS

4.800 amigos no facebooktambém possui MSN

na, é essencial entender que, no espaço das redes sociais virtuais, os reflexos do mundo real e as vidas paralelas convivem juntos e a internet deve ser vista como um bem público da humanidade. “Deve ser-vir como depositório de saberes, divulga-ção e compartilhamento de informações e como uma forma de conhecimento co-laborativo. Através das redes sociais é possível denunciar governos corruptos, casos de exploração de populações opri-midas; divulgar tecnologias alternativas e de baixo custo, descobertas científicas na área de saúde e muitas outras peculia-

ridades. Isso porque a grande rede, ainda é uma mídia não controlada [salvo em alguns países] pelo Estado e empresas privadas de comunicação”.

A pedagoga e jornalista Ana Kaye, moradora de Petrópolis, garante: “Amo meus amigos do Facebook e deixo minha página bem linda para eles”. Aos 54 anos, ela tem pouco mais de 4.800 amigos na rede social e afirma que é impossível co-nhecer todos, mas sabe a origem de cada um. “Sou a mesma pessoa no mundo real e no virtual. Quando estou feliz, todos sabem, quando estou triste, compartilho com todos”. Suas postagens e o número de contatos já renderam histórias curio-sas e emocionantes. “Recebi uma men-sagem que dizia ‘você me incomoda, sua alegria me incomoda e ao mesmo tempo me contagia’. Fiquei muito emocionada. Tenho uma amiga que é espancada por seu companheiro e tento ajudá-la. Outra está grávida e os pais não sabem. Con-verso todos os dias e dou conselhos”.

André Luis de Andrade Mathias Roza, também de Petrópolis, é estudante de di-

reito e está com 23 anos. Já passou dos 3.200 amigos no Facebook. “Sempre tem aquela pessoa que te conhece de vista e adiciona. Mas este número é alto porque conheço muitas pessoas. Sempre que vou a um lugar, encontro um conhecido. Já aconteceu de ir, por exemplo, para Porto Seguro e encontrar um amigo de Petró-polis”.

Curtir, seguir, compartilhar. Os ver-bos passam a ter novos sentidos enquanto a rede cresce e ganha mais adeptos. “É um espaço ‘aberto’ a discussões. Algu-mas redes sociais lembram arenas públi-cas. Através destes espaços, é possível captar as várias tendências de opinião pela possibilidade de interação entre os usuários”, afirma Viviani Corrêa Teixei-ra. Tantos amigos e contatos virtuais, fa-cilidades e confortos na palma das mãos, significa que o ser humano está em pro-cesso de robotização? Ana Luiza garante que não. “A relação através de meios ele-trônicos não substitui, nem substituirá a interpessoal. Ela complementa, traz coi-sas novas, é um ‘algo a mais’”.

ANDRÉ LUIZ ANDRADE

MATHIAS ROSA | 23 ANOS

3.200 amigos no facebook

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14 Julho | Agosto14 Julho | Agosto

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15revistaon.com.br 15revistaon.com.br

Page 16: FB | Revista On Petrópolis #05

16 Julho | Agosto

Em 2010 surgiu, em Petrópolis, um novo empreendimento que traz inúmeras possibilidades para fazer aquele dinheirinho

que você tem guardado aumentar. O objetivo é proporcionar mais resultado que a tradicional poupança e permite várias façanhas para a renda crescer com a segurança de uma assessoria personalizada.

A Hiperion Invest surgiu da união de três jovens ex-bancários com a finalida-de de oferecer algo melhor em relação a investimento. A equipe é formada por ex--funcionários de bancos comerciais, ca-racterizados pelo bom atendimento e de grandes players de mercado, como TOV e XP Investimentos, que atuam principal-mente na área educacional e operacional. Pela qualidade do serviço que presta, atu-almente a Hiperion possui 318 clientes. “Quando os primeiros investidores per-ceberam o resultado positivo, foi inevi-tável começassem a se espalhar. Acaba que o próprio cliente traz mais gente”, afirma o assessor de investimento Luiz Arnaldo das Neves Oliveira.

A empresa fornece o serviço tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. O objetivo da Hiperion Invest, de acordo com o asses-sor, é ser, até 2014, a maior gestora de recur-sos do interior do Estado do Rio de Janeiro.

Entre os Serviços oferecidos estão a carteira administrada, renda fixa, o tesou-ro direto, câmbio, clubes de investimento, ações e fundos de investimentos em parce-ria com a Órama (empresa especializada em fundos). “Começamos com carteiras

administradas em bolsas de valores. O cliente queria aplicar um dinheiro na bolsa, mas não sabia como e nós fazíamos para ele. A nossa ideia é tentar um rendimento melhor e fazer a monitoração do risco do investidor, protegendo de eventuais oscila-ções do mercado”, comenta Luiz.

A renda fixa se destaca, conforme o assessor, por ser o título com menor ris-co no mercado, ou seja, a probabilidade de perder dinheiro é quase nula. “É me-nos arriscado do que colocar o dinheiro embaixo do colchão”, diz. O rendimento também é melhor que a poupança.

A empresa oferece, com exclusivida-de, o Star Cash, um cartão que carrega 17 moedas diferentes e facilita a vida de quem vai viajar para o exterior. Ele é o primeiro cartão pré-pago multimoedas do Brasil. É seguro, econômico e prático. A pessoa pode, em caso de roubo ou perda, bloquear imediatamente, além de poder acompanhar a movimentação de qualquer lugar. O Star Cash é isento da cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financei-ras), sem taxa de adesão e não proporcio-

INVESTIMENTO

SEGUROQuem não gostaria de ter dinheiro rendendo a cada mês? Para fazer o “milagre da multipli-cação”, a maioria das pessoas aposta em pou-panças sem saber que existem alternativas no mercado que vão além das expectativas.

FOTOS DIVULGAÇÃO

RENDIMENTO

As aplicações no mercado fi nanceiro mostram-se cada vez mais rentáveis

na surpresas com a variação cambial, pois o câmbio é fechado no momento da carga no cartão, antes da viagem.

A Hiperion, em parceria com a Órama, oferece fundos de investimento exclusivos, como BTG Pactual Hedge. A proposta é dar ao varejo acesso a fundos antes limi-tados aos milionários clientes de private bank que, mesmo em período de crise, [os fundos] renderam mais de 10,33% somen-te em 2012. Não existe faixa etária, nem público definido, qualquer pessoa pode in-vestir na bolsa. “Quando o cliente chega aqui fazemos um levantamento do perfil dele para achar o serviço ideal”, explica Luiz. Entre as vantagens da Hiperion In-vest estão o baixo custo de investimento, a garantia e o fato de ser mais rentável que a poupança, já que há a possibilidade de faturar até quatro vezes mais.

Cliente desde o início, Luiz Alberto Jacob é procurador do estado e aprova o atendimento prestado. “Até hoje não te-nho o que reclamar a respeito da honesti-

dade e seriedade deles”, elogia Jacob. O executivo do grupo Votorantim, Pablo Cucco, investidor no mercado de capi-tais há aproximadamente um ano, acre-dita que o atendimento de excelência é o carro chefe da Hiperion Invest. “Além de tudo, a empresa apresenta bons resul-tados, o que é muito importante. Hoje, invisto um pequeno valor em ações e basicamente em renda fixa que são ope-rações com risco menor”. Para o inves-tidor, bons números fazem a diferença .

Com autorização dos principais órgãos no mercado de capital como a CVM – Co-missão de Valores Mobiliários, a Hiperion Invest tem como principal objetivo ser

mais que uma assessora de investimento, ao oferecer, ao cliente, a oportunidade de conhecer o mercado e com ele se relacionar de maneira segura.

EQUIPE

Ela é treinada e capacitada para atender a demanda

DIFERENCIAL

A empresa oferece aos clientes atendimento de excelência

“A Hiperion Invest surgiu da união de três jovens ex-bancários com a fi nalidade de oferecer algo melhor em relação a investimento”

A empresa oferece o Star Cash, um cartão multimoedas pré-pago que carrega até 17 moedas diferentes e não possui taxa de adesão

Petrópolis

Rua Marechal Deodoro, número 79, sala 117. Tel: (24) 2243 5660

Nova Friburgo

Rua Nicolau Gachet, 75 BCentro - Nova Friburgo - RJTel: (22) 2522-4061

São Paulo

Rua Libero Badaró, 300 - 6º Andar - Centro - São Paulo - SP Tel: (11) 3525-8971

www.hiperioninvest.com.brfacebook.com/hiperioninvest

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17revistaon.com.br

Em 2010 surgiu, em Petrópolis, um novo empreendimento que traz inúmeras possibilidades para fazer aquele dinheirinho

que você tem guardado aumentar. O objetivo é proporcionar mais resultado que a tradicional poupança e permite várias façanhas para a renda crescer com a segurança de uma assessoria personalizada.

A Hiperion Invest surgiu da união de três jovens ex-bancários com a finalida-de de oferecer algo melhor em relação a investimento. A equipe é formada por ex--funcionários de bancos comerciais, ca-racterizados pelo bom atendimento e de grandes players de mercado, como TOV e XP Investimentos, que atuam principal-mente na área educacional e operacional. Pela qualidade do serviço que presta, atu-almente a Hiperion possui 318 clientes. “Quando os primeiros investidores per-ceberam o resultado positivo, foi inevi-tável começassem a se espalhar. Acaba que o próprio cliente traz mais gente”, afirma o assessor de investimento Luiz Arnaldo das Neves Oliveira.

A empresa fornece o serviço tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. O objetivo da Hiperion Invest, de acordo com o asses-sor, é ser, até 2014, a maior gestora de recur-sos do interior do Estado do Rio de Janeiro.

Entre os Serviços oferecidos estão a carteira administrada, renda fixa, o tesou-ro direto, câmbio, clubes de investimento, ações e fundos de investimentos em parce-ria com a Órama (empresa especializada em fundos). “Começamos com carteiras

administradas em bolsas de valores. O cliente queria aplicar um dinheiro na bolsa, mas não sabia como e nós fazíamos para ele. A nossa ideia é tentar um rendimento melhor e fazer a monitoração do risco do investidor, protegendo de eventuais oscila-ções do mercado”, comenta Luiz.

A renda fixa se destaca, conforme o assessor, por ser o título com menor ris-co no mercado, ou seja, a probabilidade de perder dinheiro é quase nula. “É me-nos arriscado do que colocar o dinheiro embaixo do colchão”, diz. O rendimento também é melhor que a poupança.

A empresa oferece, com exclusivida-de, o Star Cash, um cartão que carrega 17 moedas diferentes e facilita a vida de quem vai viajar para o exterior. Ele é o primeiro cartão pré-pago multimoedas do Brasil. É seguro, econômico e prático. A pessoa pode, em caso de roubo ou perda, bloquear imediatamente, além de poder acompanhar a movimentação de qualquer lugar. O Star Cash é isento da cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financei-ras), sem taxa de adesão e não proporcio-

INVESTIMENTO

SEGUROQuem não gostaria de ter dinheiro rendendo a cada mês? Para fazer o “milagre da multipli-cação”, a maioria das pessoas aposta em pou-panças sem saber que existem alternativas no mercado que vão além das expectativas.

FOTOS DIVULGAÇÃO

RENDIMENTO

As aplicações no mercado fi nanceiro mostram-se cada vez mais rentáveis

na surpresas com a variação cambial, pois o câmbio é fechado no momento da carga no cartão, antes da viagem.

A Hiperion, em parceria com a Órama, oferece fundos de investimento exclusivos, como BTG Pactual Hedge. A proposta é dar ao varejo acesso a fundos antes limi-tados aos milionários clientes de private bank que, mesmo em período de crise, [os fundos] renderam mais de 10,33% somen-te em 2012. Não existe faixa etária, nem público definido, qualquer pessoa pode in-vestir na bolsa. “Quando o cliente chega aqui fazemos um levantamento do perfil dele para achar o serviço ideal”, explica Luiz. Entre as vantagens da Hiperion In-vest estão o baixo custo de investimento, a garantia e o fato de ser mais rentável que a poupança, já que há a possibilidade de faturar até quatro vezes mais.

Cliente desde o início, Luiz Alberto Jacob é procurador do estado e aprova o atendimento prestado. “Até hoje não te-nho o que reclamar a respeito da honesti-

dade e seriedade deles”, elogia Jacob. O executivo do grupo Votorantim, Pablo Cucco, investidor no mercado de capi-tais há aproximadamente um ano, acre-dita que o atendimento de excelência é o carro chefe da Hiperion Invest. “Além de tudo, a empresa apresenta bons resul-tados, o que é muito importante. Hoje, invisto um pequeno valor em ações e basicamente em renda fixa que são ope-rações com risco menor”. Para o inves-tidor, bons números fazem a diferença .

Com autorização dos principais órgãos no mercado de capital como a CVM – Co-missão de Valores Mobiliários, a Hiperion Invest tem como principal objetivo ser

mais que uma assessora de investimento, ao oferecer, ao cliente, a oportunidade de conhecer o mercado e com ele se relacionar de maneira segura.

EQUIPE

Ela é treinada e capacitada para atender a demanda

DIFERENCIAL

A empresa oferece aos clientes atendimento de excelência

“A Hiperion Invest surgiu da união de três jovens ex-bancários com a fi nalidade de oferecer algo melhor em relação a investimento”

A empresa oferece o Star Cash, um cartão multimoedas pré-pago que carrega até 17 moedas diferentes e não possui taxa de adesão

Petrópolis

Rua Marechal Deodoro, número 79, sala 117. Tel: (24) 2243 5660

Nova Friburgo

Rua Nicolau Gachet, 75 BCentro - Nova Friburgo - RJTel: (22) 2522-4061

São Paulo

Rua Libero Badaró, 300 - 6º Andar - Centro - São Paulo - SP Tel: (11) 3525-8971

www.hiperioninvest.com.brfacebook.com/hiperioninvest

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18 Julho | Agosto

UM ENCONTRO COM AHISTÓRIA E A FICÇÃOImagine um lugar onde estão reunidas importantes fi guras que marcaram a trajetória política e cultural do Brasil. Agora, pense na possibilidade de ver bem de pertinho os personagens do cinema internacional. Este espaço já existe, é o museu de Cera de Petrópolis. Um espaço único que encanta a mente de quem o visita.

POR JOSÉ ÂNGELO COSTA FOTOS REVISTA ON

Inaugurado em setembro de 2011, o ponto turístico é constituído por padrões artísticos internacionais de hiper-realismo, ou seja, personagens

que marcaram a história política, cultural e social do país e do mundo são retratados através de bonecos feitos de cera. É o úni-co do Brasil com esta técnica. Ao todo, são 14 esculturas distribuídas na casa de dois pavimentos localizada na rua Barão do Amazonas, no centro histórico de Pe-trópolis.

Logo na entrada, o visitante se depara com o mais famoso aviador do mundo, o brasileiro Alberto Santos Dumont. Ves-tindo o inseparável chapéu e trajado com o terno que sempre usava em suas via-gens, o inventor do dirigível foi escul-pido com pelos verdadeiros e os olhos que também parecem reais. Na outra sala do imóvel, estão dois representantes da família Real: o imperador d. Pedro II e a princesa Isabel. Em ambos, os detalhes da genética como imperfeições na pele, veias e unhas são facilmente observados. Além disso, todas as estátuas foram re-produzidas de acordo com tamanho na-tural dos seus respectivos personagens.

Outras figuras importantes como o can-tor baiano Gilberto Gil, o cientista Albert Einstein e o diretor e cineasta inglês Alfred Hitchcock, responsável pela produção dos filmes “O Corvo” e “Psicose”, não pode-riam faltar neste audacioso projeto idea-lizado pelos sócios e produtores culturais Bruno Villas Bôas e Renato Bomtempo. “Um dia, estávamos conversando e surgiu a ideia. Depois, pensamos de forma mais concreta no assunto”, afirmou Bruno. Ele explica que, para a implantação deste tipo de negócio, foi necessário um intenso tra-balho de pesquisa e, é claro, a experiência de já ter conhecido locais semelhantes no exterior. “Decidimos fazer aqui porque, na época, descobrimos que o fluxo de turismo para esse tipo de atividade não existia na capital (Rio de Janeiro) e que Petrópolis era mais apropriada”.

Bruno Villas Bôas revela que durante o levantamento dos dados, verificou-se que o Museu Imperial é um dos mais visitados e o mesmo estudo designou o município como melhor local para a instalação. Após dois anos tratando com o governo fede-ral que o empreendimento seria ícone de

exibição turística e não peças para venda ou negociação, os sócios conseguiram a liberação e a importação das figuras. An-tes, porém, personagens vivos tiveram que autorizar suas representações por meio de bonecos de cera além de disponibilizar to-das as informações pessoais, entre as quais idade, altura, cor dos olhos e peso.

Produção das estátuas

Concluída esta etapa, todo o material foi encaminhado para o estúdio “Alvarez Wax Production”, localizado na Califór-nia, nos Estados Unidos. Nele, o artista Henry Alvarez preparou as esculturas de cera com métodos hiper-realistas e em ta-manho normal. Com mais de 43 anos de experiência neste tipo de trabalho, Henry produz os bonecos se aproximando cada vez mais da textura e aparência da pele. Até hoje ele fornece modelos de alta qua-lidade para museus e colecionadores de todo o planeta. “A experiência dele é da indústria cinematográfica de Hollywood. No Brasil, não temos registro de nenhum profissional que utilize essa técnica, por isso tudo foi feito pelo Henry”, ressalta Bruno Villas Bôas.

Desde o processo inicial de produção ao término do serviço, foram aproxima-damente cinco meses de espera para que,

enfim, as figuras fossem enviadas e tra-jadas adequadamente. Com os modelos prontos para a exposição, todo cuidado é pouco. “Temos que manter a temperatura ambiente de 26°C , limpar e não deixar que toquem nas estátuas porque senão podem sofrer algum dano”, explica Evelyn Loui-se, gerente do museu. De acordo com ela, os manequins chegaram em partes. “No es-túdio, o Henry Alvarez prepara a cabeça de cada personagem, que é o mais importante, e tem os moldes prontos das mãos. Por isso demora até cinco meses para ficar pronto”, salienta Evelyn.

O diferencial

Além da perfeição com que são produ-zidas as esculturas, o grande diferencial do Museu de Cera é a oportunidade do públi-co interagir diretamente com cada pessoa retratada. Na sala onde estão os dois inte-grantes da família Real, por exemplo, foi ambientado o cenário da época como se fosse um dos cômodos do antigo palácio de verão de d. Pedro II. O turista pode sentar em uma das cadeiras colocadas e tirar foto-grafias ao lado do imperador e da princesa

CAPITÃO JACK SPARROW

O personagem principal do fi lme Piratas do Caribe é um dos mais apreciados por crianças e adultos

SANTOS DUMONT

O aviador com a sua famosa roupa utilizada nas viagens pelo mundo

TURISMO

18 Julho | Agosto

Page 19: FB | Revista On Petrópolis #05

19revistaon.com.br

UM ENCONTRO COM AHISTÓRIA E A FICÇÃOImagine um lugar onde estão reunidas importantes fi guras que marcaram a trajetória política e cultural do Brasil. Agora, pense na possibilidade de ver bem de pertinho os personagens do cinema internacional. Este espaço já existe, é o museu de Cera de Petrópolis. Um espaço único que encanta a mente de quem o visita.

POR JOSÉ ÂNGELO COSTA FOTOS REVISTA ON

Inaugurado em setembro de 2011, o ponto turístico é constituído por padrões artísticos internacionais de hiper-realismo, ou seja, personagens

que marcaram a história política, cultural e social do país e do mundo são retratados através de bonecos feitos de cera. É o úni-co do Brasil com esta técnica. Ao todo, são 14 esculturas distribuídas na casa de dois pavimentos localizada na rua Barão do Amazonas, no centro histórico de Pe-trópolis.

Logo na entrada, o visitante se depara com o mais famoso aviador do mundo, o brasileiro Alberto Santos Dumont. Ves-tindo o inseparável chapéu e trajado com o terno que sempre usava em suas via-gens, o inventor do dirigível foi escul-pido com pelos verdadeiros e os olhos que também parecem reais. Na outra sala do imóvel, estão dois representantes da família Real: o imperador d. Pedro II e a princesa Isabel. Em ambos, os detalhes da genética como imperfeições na pele, veias e unhas são facilmente observados. Além disso, todas as estátuas foram re-produzidas de acordo com tamanho na-tural dos seus respectivos personagens.

Outras figuras importantes como o can-tor baiano Gilberto Gil, o cientista Albert Einstein e o diretor e cineasta inglês Alfred Hitchcock, responsável pela produção dos filmes “O Corvo” e “Psicose”, não pode-riam faltar neste audacioso projeto idea-lizado pelos sócios e produtores culturais Bruno Villas Bôas e Renato Bomtempo. “Um dia, estávamos conversando e surgiu a ideia. Depois, pensamos de forma mais concreta no assunto”, afirmou Bruno. Ele explica que, para a implantação deste tipo de negócio, foi necessário um intenso tra-balho de pesquisa e, é claro, a experiência de já ter conhecido locais semelhantes no exterior. “Decidimos fazer aqui porque, na época, descobrimos que o fluxo de turismo para esse tipo de atividade não existia na capital (Rio de Janeiro) e que Petrópolis era mais apropriada”.

Bruno Villas Bôas revela que durante o levantamento dos dados, verificou-se que o Museu Imperial é um dos mais visitados e o mesmo estudo designou o município como melhor local para a instalação. Após dois anos tratando com o governo fede-ral que o empreendimento seria ícone de

exibição turística e não peças para venda ou negociação, os sócios conseguiram a liberação e a importação das figuras. An-tes, porém, personagens vivos tiveram que autorizar suas representações por meio de bonecos de cera além de disponibilizar to-das as informações pessoais, entre as quais idade, altura, cor dos olhos e peso.

Produção das estátuas

Concluída esta etapa, todo o material foi encaminhado para o estúdio “Alvarez Wax Production”, localizado na Califór-nia, nos Estados Unidos. Nele, o artista Henry Alvarez preparou as esculturas de cera com métodos hiper-realistas e em ta-manho normal. Com mais de 43 anos de experiência neste tipo de trabalho, Henry produz os bonecos se aproximando cada vez mais da textura e aparência da pele. Até hoje ele fornece modelos de alta qua-lidade para museus e colecionadores de todo o planeta. “A experiência dele é da indústria cinematográfica de Hollywood. No Brasil, não temos registro de nenhum profissional que utilize essa técnica, por isso tudo foi feito pelo Henry”, ressalta Bruno Villas Bôas.

Desde o processo inicial de produção ao término do serviço, foram aproxima-damente cinco meses de espera para que,

enfim, as figuras fossem enviadas e tra-jadas adequadamente. Com os modelos prontos para a exposição, todo cuidado é pouco. “Temos que manter a temperatura ambiente de 26°C , limpar e não deixar que toquem nas estátuas porque senão podem sofrer algum dano”, explica Evelyn Loui-se, gerente do museu. De acordo com ela, os manequins chegaram em partes. “No es-túdio, o Henry Alvarez prepara a cabeça de cada personagem, que é o mais importante, e tem os moldes prontos das mãos. Por isso demora até cinco meses para ficar pronto”, salienta Evelyn.

O diferencial

Além da perfeição com que são produ-zidas as esculturas, o grande diferencial do Museu de Cera é a oportunidade do públi-co interagir diretamente com cada pessoa retratada. Na sala onde estão os dois inte-grantes da família Real, por exemplo, foi ambientado o cenário da época como se fosse um dos cômodos do antigo palácio de verão de d. Pedro II. O turista pode sentar em uma das cadeiras colocadas e tirar foto-grafias ao lado do imperador e da princesa

CAPITÃO JACK SPARROW

O personagem principal do fi lme Piratas do Caribe é um dos mais apreciados por crianças e adultos

SANTOS DUMONT

O aviador com a sua famosa roupa utilizada nas viagens pelo mundo

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20 Julho | Agosto

Isabel. “Essa foi outra ideia nossa. Fazer cenários que tenham relação com a história dos personagens, porque Petrópolis é uma cidade histórica. Você participa do con-texto”, acredita o empresário Bruno Villas Bôas. Em outra parte da casa, onde está o cantor Gilberto Gil, o visitante poderá su-bir no pequeno palco montado e, até quem sabe, fazer um dueto com o músico baiano.

A iniciativa está trazendo bons resulta-dos para o novo espaço cultural. Somen-te no primeiro mês de funcionamento, o local recebeu mais de 3.000 visitas, entre grupos de escolas e excursões. “Até ago-ra, todo mundo está falando bem. Gostam daqui. Temos um retorno muito bom, além das expectativas”. Bruno revela que para fazer as figuras expostas no museu foi preciso basear-se em fotografias e de-

talhes como a proporção dos objetos pre-sentes nas imagens assim como o tama-nho de cada um deles foi levado em conta. “Veja que na escultura de dom Pedro, ele estava com a mão em uma cadeira e daí, tivemos que tirar as medidas desse móvel para representar a posição dele. Todos eles saíram através de fotos”, salientou.

Contemplando todas as idades

A atração turística foi claramente inspi-rada no “Madame Tussauds”, que está em 12 cidades no mundo, além de Londres, capital da Inglaterra. Ele deslumbra todos

os públicos, entre crianças, jovens e adul-tos. A pequena Ester Luna, de apenas sete anos, veio do Rio de Janeiro e ficou fasci-nada com o que viu. “Gostei, é fantástico esse museu. Tem várias estátuas e a do Batman foi a mais interessante. Também adorei a máscara dele e me amarrei no Superman”, disse a menina entusiasmada. Também da capital fluminense, Marcelo de Souza soube do local apenas quando chegou a Petrópolis para visitar outros pontos turísticos. “Estava passeando por aqui e fiquei curioso. Aproveitei a oportu-nidade para conhecer”.

O carioca, que estava acompanhado da mulher e dos filhos, aprovou a mais nova iniciativa implantada na região serrana do Estado, pois acredita ser necessária a sua existência como opção de entretenimento. “Acho que chama muita gente aqui e sem-pre é bom ter esse atrativo. Essas coisas só vemos em países do exterior”, afirmou. As principais características do corpo huma-no, como manchas na pele, unhas, barba, cabelo e olhos chamou a atenção de Maria Gusmão. Ela e o marido estiveram no mu-nicípio em novembro de 2011 para acom-panhar a exposição das peças. “Excelente.

CENÁRIO

Retratar a ambientação de cada personagem é um atrativo a mais para os turistas

INTERATIVIDADE

Os visitantes podem compor um dueto com o cantor Gilberto Gil

PERFEIÇÃO

O empresário Bruno Villas Bôas mostra a riqueza de detalhes das características humanas presentes nos bonecos de cera

Para o empresário Bruno Villas Bôas, uma das ideias é retratar a história do Brasil e do cinema, fazendo com que o público interaja com o ambiente

Na opinião da carioca Maria Gusmão, o que mais impressiona no espaço cultural é a perfeição com que são reproduzidas todas as esculturas de cera

O que achei mais próximo da realidade foi o Gilberto Gil. Agora o capitão Jack Spar-row está fantástico”, exclama se referindo ao pirata vivido pelo ator Johnny Depp.

Curiosamente, a turista afirma ser ami-ga de um casal petropolitano que não tinha

conhecimento do museu. A moradora do Rio diz ter descoberto a existência dele ao acessar a internet e lamenta a ausência dos familiares nesta viagem. “Se o meu neto estivesse aqui, ia adorar tudo isso. Todos os personagens estão muito bem apresen-

tados. Uma maravilha”. Diversos usuários do Facebook postaram fotos na rede social ao lado dos bonecos.

Investimentos futuros

Entre as imagens artísticas e fictícias, encontram-se ainda o mais popular pre-sidente da República do Brasil, o ex-sin-dicalista Luiz Inácio Lula da Silva, além da atual governante Dilma Rousseff. O Dr. Emmett Brown, da trilogia “De Volta Para o Futuro”, o vilão Pinguim do fil-me “Batman”, e o super atrapalhado Mr. Bean, interpretado pelo comediante britâ-nico Rowan Atkinson, compõe o elenco. A tendência é que outras celebridades fa-çam companhia a eles. Os sócios acredi-tam que daqui a alguns anos, o museu seja composto por até 40 esculturas de cera. Para isso, entretanto, a área física deve-rá ser ampliada. “Temos essa pretensão. Acho que o Pelé e o Ayrton Senna podem ser incluídos nesta proposta”, finalizou Bruno Villas Bôas.

HOMENAGEM

O ator Christopher Reeve foi o escolhido para representar o super homem na escultura de cera

TURISMO

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21revistaon.com.br

Isabel. “Essa foi outra ideia nossa. Fazer cenários que tenham relação com a história dos personagens, porque Petrópolis é uma cidade histórica. Você participa do con-texto”, acredita o empresário Bruno Villas Bôas. Em outra parte da casa, onde está o cantor Gilberto Gil, o visitante poderá su-bir no pequeno palco montado e, até quem sabe, fazer um dueto com o músico baiano.

A iniciativa está trazendo bons resulta-dos para o novo espaço cultural. Somen-te no primeiro mês de funcionamento, o local recebeu mais de 3.000 visitas, entre grupos de escolas e excursões. “Até ago-ra, todo mundo está falando bem. Gostam daqui. Temos um retorno muito bom, além das expectativas”. Bruno revela que para fazer as figuras expostas no museu foi preciso basear-se em fotografias e de-

talhes como a proporção dos objetos pre-sentes nas imagens assim como o tama-nho de cada um deles foi levado em conta. “Veja que na escultura de dom Pedro, ele estava com a mão em uma cadeira e daí, tivemos que tirar as medidas desse móvel para representar a posição dele. Todos eles saíram através de fotos”, salientou.

Contemplando todas as idades

A atração turística foi claramente inspi-rada no “Madame Tussauds”, que está em 12 cidades no mundo, além de Londres, capital da Inglaterra. Ele deslumbra todos

os públicos, entre crianças, jovens e adul-tos. A pequena Ester Luna, de apenas sete anos, veio do Rio de Janeiro e ficou fasci-nada com o que viu. “Gostei, é fantástico esse museu. Tem várias estátuas e a do Batman foi a mais interessante. Também adorei a máscara dele e me amarrei no Superman”, disse a menina entusiasmada. Também da capital fluminense, Marcelo de Souza soube do local apenas quando chegou a Petrópolis para visitar outros pontos turísticos. “Estava passeando por aqui e fiquei curioso. Aproveitei a oportu-nidade para conhecer”.

O carioca, que estava acompanhado da mulher e dos filhos, aprovou a mais nova iniciativa implantada na região serrana do Estado, pois acredita ser necessária a sua existência como opção de entretenimento. “Acho que chama muita gente aqui e sem-pre é bom ter esse atrativo. Essas coisas só vemos em países do exterior”, afirmou. As principais características do corpo huma-no, como manchas na pele, unhas, barba, cabelo e olhos chamou a atenção de Maria Gusmão. Ela e o marido estiveram no mu-nicípio em novembro de 2011 para acom-panhar a exposição das peças. “Excelente.

CENÁRIO

Retratar a ambientação de cada personagem é um atrativo a mais para os turistas

INTERATIVIDADE

Os visitantes podem compor um dueto com o cantor Gilberto Gil

PERFEIÇÃO

O empresário Bruno Villas Bôas mostra a riqueza de detalhes das características humanas presentes nos bonecos de cera

Para o empresário Bruno Villas Bôas, uma das ideias é retratar a história do Brasil e do cinema, fazendo com que o público interaja com o ambiente

Na opinião da carioca Maria Gusmão, o que mais impressiona no espaço cultural é a perfeição com que são reproduzidas todas as esculturas de cera

O que achei mais próximo da realidade foi o Gilberto Gil. Agora o capitão Jack Spar-row está fantástico”, exclama se referindo ao pirata vivido pelo ator Johnny Depp.

Curiosamente, a turista afirma ser ami-ga de um casal petropolitano que não tinha

conhecimento do museu. A moradora do Rio diz ter descoberto a existência dele ao acessar a internet e lamenta a ausência dos familiares nesta viagem. “Se o meu neto estivesse aqui, ia adorar tudo isso. Todos os personagens estão muito bem apresen-

tados. Uma maravilha”. Diversos usuários do Facebook postaram fotos na rede social ao lado dos bonecos.

Investimentos futuros

Entre as imagens artísticas e fictícias, encontram-se ainda o mais popular pre-sidente da República do Brasil, o ex-sin-dicalista Luiz Inácio Lula da Silva, além da atual governante Dilma Rousseff. O Dr. Emmett Brown, da trilogia “De Volta Para o Futuro”, o vilão Pinguim do fil-me “Batman”, e o super atrapalhado Mr. Bean, interpretado pelo comediante britâ-nico Rowan Atkinson, compõe o elenco. A tendência é que outras celebridades fa-çam companhia a eles. Os sócios acredi-tam que daqui a alguns anos, o museu seja composto por até 40 esculturas de cera. Para isso, entretanto, a área física deve-rá ser ampliada. “Temos essa pretensão. Acho que o Pelé e o Ayrton Senna podem ser incluídos nesta proposta”, finalizou Bruno Villas Bôas.

HOMENAGEM

O ator Christopher Reeve foi o escolhido para representar o super homem na escultura de cera

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22 Julho | Agosto

Há alguns anos existia uma li-gação vertical entre pais e filhos, mas atualmente essa concepção mudou e toma cada

vez mais rumos horizontais. Admiração, respeito, carinho, amor e companheirismo regem este relacionamento. Eles trabalham juntos, saem para se divertir e curtir a noite. São, acima de tudo, grandes amigos.

A oficina do Carlos Augusto Pinto da Fonseca, 80, ou do Guto como é mais co-nhecido, foi fundada em 1971 com o apoio dos filhos que, na época, eram adolescen-tes, mas já se interessavam por carros. “Quando eram pequenos e faziam arte, eu levava para a oficina para lavar peças, por fim acabaram gostando”, disse. Guto se aposentou e passou o negócio para os fi-lhos Marcelo Pinto da Fonseca, 54, e Luiz Gustavo Pinto da Fonseca, 53. “A nossa convivência sempre foi ótima. O Guto é muito tranquilo. Nós crescemos dentro da oficina, então nunca tivemos interesse em fazer outra coisa, o que gostamos é de me-cânica”, diz Marcelo. Sobre os benefícios

em trabalhar em família ele cita o fato de já conhecer o jeito de pensar e agir.

Curiosamente os netos do Guto tam-bém despertaram o interesse pelo negócio do avô e lá estão pais, filhos e netos no mesmo ambiente. Diogo Fonseca, 25, é o filho mais velho do Marcelo. Desde pe-queno ia com o pai para a empresa e, com 12 anos, começou a trabalhar. Ele acredi-ta que esta situação tem pontos negativos porque acaba misturando um puxão de orelha que leva na oficina com a relação em casa, mas que os pontos positivos se sobressaem. “Meu pai é meio durão, mas a gente se entende. Ultimamente ele anda mais tranquilo”, diz. Sobre os benefícios

Diogo confessa: “trabalhar com o pai tem algumas regalias, o salário é bom. Já pen-sei em fazer outras coisas, comecei a fa-culdade de engenharia e tranquei, porque gosto de carros e de estar aqui”, afirmou. Durante a entrevista, um fato que chamou a atenção foi na hora da tomada de uma decisão, Diogo contrariou a opinião do pai e resolveu a situação, o que mostra que agora são os netos que tomaram as rédeas do empreendimento. Marcelo diz que o fato deles serem mais novos ajuda, porque eles têm mais ideias. “Eu também já estou meio aposentado”, brincou.

A psicóloga Célia Regina Carvalho Machado da Costa acredita que o fato de pais e filhos trabalharem juntos tem os prós e contras. Na opinião dela, se o pai tiver um caráter autoritário pode ofuscar a carreira do filho. “É uma relação de cima para baixo. O pai não quer crítica. Neste caso não é saudável”, destaca. Porém, con-corda que, atualmente, há relações mais igualitárias e trabalhar junto é um caminho conveniente para não ter que abrir o pró-

QUASE IRMÃOSEles vivem juntos, dividem o mesmo espaço em casa, às vezes até no trabalho. Nos fi nais de semana saem para tomar um chopp ou para curtir uma balada. Parecem irmãos, mas essa relação é entre pais e fi lhos.

POR ALINE RICKLY FOTOS REVISTA ON

Atualmente, pais e fi lhos são, acima de tudo, grandes amigos

SHU

TT

ER

STO

CK prio negócio. A também psicóloga, Isis

Kronemberg Marinho, destaca que não depende do lugar, mas do diálogo que possuem um com o outro. “Se a conver-sa for fácil, será em casa, no trabalho ou numa festa. Mas se não for, os problemas aparecerão independente da atividade”.

Mas não é só no trabalho que pais e fi-lhos se encontram. Afinal, todos tem um momento de distração. Este é o caso da fo-tógrafa Ana Clara Silveira. Ela ajuda o pai nos negócios desde os 18 anos e também sai para barzinhos, isso quando não se en-contram em boates. “Nosso relacionamen-to é muito tranquilo, ele foi meu primeiro patrão. Trabalhei três anos em outros luga-res e agora voltei para assumir a agência de turismo dele. Claro que rolam os momen-tos de estresse, mas, no geral, nos entende-mos bem”, relata. Para Ana Clara, a proxi-midade no ambiente de trabalho facilita a exposição dos problemas que, consequen-temente, se resolvem mais rápido. “Você não fica sem jeito de falar a verdade, nem tenta contornar os problemas. A intimidade de pai e filha faz com que eu tenha liber-dade de falar sem medos. Isso talvez seja uma desvantagem em algumas horas. Seja um pedido para fazer algo totalmente fora da sua função, ou do seu horário”, sinaliza.

Respeito e admiração são elementos

que o tempo traz. Os pais da Thaís Mello Borges se separaram quando ela tinha um ano. Até os quatro, a jovem se recorda de ver o pai apenas nos finais de semana. “Ele sempre trabalhou muito. Não conhe-ço ninguém com a caixa de e-mail mais cheia de trabalho e com a cabeça lotada de tarefas. Dizer que eu gosto disso é mentira, mas reconheço que é pelo meu futuro e da minha irmã”, diz. Ela conta que o relacionamento com o pai melhorou ao longo dos anos e, foi a partir do próprio amadurecimento que passou a enxergá-lo de outras maneiras. “Antes eu o via com

distanciamento e hoje com muito mais proximidade. Acho que o principal é o respeito mútuo referente à personalidade e pontos de vista. “Meu pai é sinônimo de segurança e certeza. Encontro nele tudo que preciso. Está sempre presente nas ocasiões importantes”, diz.

Isis ressalta um fator importante relativo à infância. “Não podemos deixar de fora o fato de que o vínculo no trabalho ou em festas será decorrente de toda a história que a família já viveu junta. O modo de intera-gir, desde cedo, é a base para a construção da convivência durante a vida”. Isis tam-bém destaca a importância da diferença de gerações e do convívio, pois o pai já viveu muito mais experiências do que o filho, por exemplo. “O pai pode se tornar um bom ouvinte e conselheiro, já que também co-nhece a história do filho. Esta pode ser uma relação acolhedora e compreensiva. Ele fica por dentro das novidades, sendo con-vidado a estar em contato com tudo que a geração mais nova traz”, afirma. Para fina-lizar, Isis remete à volta dos mais velhos no mundo dos mais novos. “Quando os filhos são crianças, o pai brinca de novo, quando são adolescentes, são impelidos a lembrar da sua própria adolescência, pai-xões. É como uma fonte da juventude que permite constante renovação”.

RESPEITO

Thaís passou a enxergar o pai de maneira diferente com o passar do tempo

AR

QU

IVO

PE

SSO

AL

FAMÍLIA

O fundador da ofi cina com seus fi lhos e netos que agora comandam a empresa

PRÓS E CONTRAS

Célia acredita que trabalhar com o pai nem sempre é a melhor opção

COMPORTAMENTO

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23revistaon.com.br

Há alguns anos existia uma li-gação vertical entre pais e filhos, mas atualmente essa concepção mudou e toma cada

vez mais rumos horizontais. Admiração, respeito, carinho, amor e companheirismo regem este relacionamento. Eles trabalham juntos, saem para se divertir e curtir a noite. São, acima de tudo, grandes amigos.

A oficina do Carlos Augusto Pinto da Fonseca, 80, ou do Guto como é mais co-nhecido, foi fundada em 1971 com o apoio dos filhos que, na época, eram adolescen-tes, mas já se interessavam por carros. “Quando eram pequenos e faziam arte, eu levava para a oficina para lavar peças, por fim acabaram gostando”, disse. Guto se aposentou e passou o negócio para os fi-lhos Marcelo Pinto da Fonseca, 54, e Luiz Gustavo Pinto da Fonseca, 53. “A nossa convivência sempre foi ótima. O Guto é muito tranquilo. Nós crescemos dentro da oficina, então nunca tivemos interesse em fazer outra coisa, o que gostamos é de me-cânica”, diz Marcelo. Sobre os benefícios

em trabalhar em família ele cita o fato de já conhecer o jeito de pensar e agir.

Curiosamente os netos do Guto tam-bém despertaram o interesse pelo negócio do avô e lá estão pais, filhos e netos no mesmo ambiente. Diogo Fonseca, 25, é o filho mais velho do Marcelo. Desde pe-queno ia com o pai para a empresa e, com 12 anos, começou a trabalhar. Ele acredi-ta que esta situação tem pontos negativos porque acaba misturando um puxão de orelha que leva na oficina com a relação em casa, mas que os pontos positivos se sobressaem. “Meu pai é meio durão, mas a gente se entende. Ultimamente ele anda mais tranquilo”, diz. Sobre os benefícios

Diogo confessa: “trabalhar com o pai tem algumas regalias, o salário é bom. Já pen-sei em fazer outras coisas, comecei a fa-culdade de engenharia e tranquei, porque gosto de carros e de estar aqui”, afirmou. Durante a entrevista, um fato que chamou a atenção foi na hora da tomada de uma decisão, Diogo contrariou a opinião do pai e resolveu a situação, o que mostra que agora são os netos que tomaram as rédeas do empreendimento. Marcelo diz que o fato deles serem mais novos ajuda, porque eles têm mais ideias. “Eu também já estou meio aposentado”, brincou.

A psicóloga Célia Regina Carvalho Machado da Costa acredita que o fato de pais e filhos trabalharem juntos tem os prós e contras. Na opinião dela, se o pai tiver um caráter autoritário pode ofuscar a carreira do filho. “É uma relação de cima para baixo. O pai não quer crítica. Neste caso não é saudável”, destaca. Porém, con-corda que, atualmente, há relações mais igualitárias e trabalhar junto é um caminho conveniente para não ter que abrir o pró-

QUASE IRMÃOSEles vivem juntos, dividem o mesmo espaço em casa, às vezes até no trabalho. Nos fi nais de semana saem para tomar um chopp ou para curtir uma balada. Parecem irmãos, mas essa relação é entre pais e fi lhos.

POR ALINE RICKLY FOTOS REVISTA ON

Atualmente, pais e fi lhos são, acima de tudo, grandes amigos

SHU

TT

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STO

CK prio negócio. A também psicóloga, Isis

Kronemberg Marinho, destaca que não depende do lugar, mas do diálogo que possuem um com o outro. “Se a conver-sa for fácil, será em casa, no trabalho ou numa festa. Mas se não for, os problemas aparecerão independente da atividade”.

Mas não é só no trabalho que pais e fi-lhos se encontram. Afinal, todos tem um momento de distração. Este é o caso da fo-tógrafa Ana Clara Silveira. Ela ajuda o pai nos negócios desde os 18 anos e também sai para barzinhos, isso quando não se en-contram em boates. “Nosso relacionamen-to é muito tranquilo, ele foi meu primeiro patrão. Trabalhei três anos em outros luga-res e agora voltei para assumir a agência de turismo dele. Claro que rolam os momen-tos de estresse, mas, no geral, nos entende-mos bem”, relata. Para Ana Clara, a proxi-midade no ambiente de trabalho facilita a exposição dos problemas que, consequen-temente, se resolvem mais rápido. “Você não fica sem jeito de falar a verdade, nem tenta contornar os problemas. A intimidade de pai e filha faz com que eu tenha liber-dade de falar sem medos. Isso talvez seja uma desvantagem em algumas horas. Seja um pedido para fazer algo totalmente fora da sua função, ou do seu horário”, sinaliza.

Respeito e admiração são elementos

que o tempo traz. Os pais da Thaís Mello Borges se separaram quando ela tinha um ano. Até os quatro, a jovem se recorda de ver o pai apenas nos finais de semana. “Ele sempre trabalhou muito. Não conhe-ço ninguém com a caixa de e-mail mais cheia de trabalho e com a cabeça lotada de tarefas. Dizer que eu gosto disso é mentira, mas reconheço que é pelo meu futuro e da minha irmã”, diz. Ela conta que o relacionamento com o pai melhorou ao longo dos anos e, foi a partir do próprio amadurecimento que passou a enxergá-lo de outras maneiras. “Antes eu o via com

distanciamento e hoje com muito mais proximidade. Acho que o principal é o respeito mútuo referente à personalidade e pontos de vista. “Meu pai é sinônimo de segurança e certeza. Encontro nele tudo que preciso. Está sempre presente nas ocasiões importantes”, diz.

Isis ressalta um fator importante relativo à infância. “Não podemos deixar de fora o fato de que o vínculo no trabalho ou em festas será decorrente de toda a história que a família já viveu junta. O modo de intera-gir, desde cedo, é a base para a construção da convivência durante a vida”. Isis tam-bém destaca a importância da diferença de gerações e do convívio, pois o pai já viveu muito mais experiências do que o filho, por exemplo. “O pai pode se tornar um bom ouvinte e conselheiro, já que também co-nhece a história do filho. Esta pode ser uma relação acolhedora e compreensiva. Ele fica por dentro das novidades, sendo con-vidado a estar em contato com tudo que a geração mais nova traz”, afirma. Para fina-lizar, Isis remete à volta dos mais velhos no mundo dos mais novos. “Quando os filhos são crianças, o pai brinca de novo, quando são adolescentes, são impelidos a lembrar da sua própria adolescência, pai-xões. É como uma fonte da juventude que permite constante renovação”.

RESPEITO

Thaís passou a enxergar o pai de maneira diferente com o passar do tempo

AR

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IVO

PE

SSO

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FAMÍLIA

O fundador da ofi cina com seus fi lhos e netos que agora comandam a empresa

PRÓS E CONTRAS

Célia acredita que trabalhar com o pai nem sempre é a melhor opção

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24 Julho | Agosto

Uma blusa fina por baixo, ou-tra mais grossa por cima, um casaco, meia calça, jeans, ca-checol, botas, luvas e, ainda,

uma boina só para garantir. Ufa! Quanta roupa! No inverno, o importante é não sentir frio, mas, também, estar sempre atenta às mil maneiras de compor um look sem perder a sofisticação.

Segundo a designer de moda Natalia Vanzillota, todo mundo fica mais chique neste período. Ela dá algumas dicas de peças fundamentais como a tradicional calça legging. “É uma tendência que está

em alta por suprir a necessidade de uma boca mais reta. Temos o costume de usar casacos volumosos e, por isso, o ideal são as calças com as bocas finas. Mas é preciso estar atenta e optar por uma blusa comprida para não ficar vulgar”, aconse-lha. A designer indica as roupas que não podem faltar no guarda-roupa durante o inverno. “Jaquetas de couro, lenços, bo-tas de cano alto, pashiminas e echarpes ajudam a driblar o frio”, garante.

A petropolitana Daniela Vecchi, 23, se considera básica, mas nesse período do ano, investe nos lenços coloridos para re-alçar o look. “Sempre opto por um sobre-tudo ou um casaco mais quente. Por bai-xo, uso um cashmere liso e um lenço para dar um realce. Gosto de jeans, botas de cano alto e, claro, o salto também é sem-pre grande porque dá uma sofisticação a mais”, afirma. A jovem confessa que difí-cil mesmo é escolher uma roupa para um evento social com exigência de traje fino. Aí, segundo ela, o jeito é inovar.

Nestas ocasiões, Natalia recomenda os vestidos de festa de manga compri-da ou as calças de alfaiataria, cetim ou veludo com uma blusa de tecido nobre. “Pode até usar vestido tomara que caia ou de alcinha, desde que tenha uma echar-pe ou um bolero de renda. Em situações como estas, vale destacar a importância do preto que é sempre elegante”, lembra.

A estilista Julia Maria Cogliatti desta-

ca que o inverno está bem colorido. “O frio está brilhante, rendado e com mode-los para todos os gostos”. Outra tendên-cia que já está presente nas vitrines e nas ruas são as jaquetas chamadas “perfect”. “Elas não saíram de moda, pelo contrário, ganharam novos materiais como o couro metalizado e camurça”, diz. A estilista ressalta, ainda, as calças parecidas com pijamas, como a saruel ou a boyfriend, que também estão com tudo. E agora, já sabe com que roupa você vai neste inverno?

COM QUE ROUPA QUE EU VOU?POR ALINE RICKLY

BÁSICA

A petropolitana Daniela gosta de investir em lenços e cachecóis para aquecer o visual

DESIGNER DE MODA

Natalia dá dicas sobre quais peças escolher nesta estação

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“Eu já corri de vento em popa. Mas agora com que roupa? Com que roupa que eu vou. Pro samba que você me convidou?” Noel Rosa, em sua canção, faz alusão a uma frase popular e que as mulheres,

particularmente, adoram. Afi nal, quem nunca se perguntou com que roupa sair de casa? E, no frio, estar arrumada e não congelar parece uma

missão impossível na teoria, mas, na prática, acontece o inverso, pois o que vemos diariamente nas ruas é um verdadeiro desfi le de moda.

YOU FASHION

24 Julho | Agosto

Page 25: FB | Revista On Petrópolis #05

25revistaon.com.br

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Page 26: FB | Revista On Petrópolis #05

26 Julho | Agosto

JOGODUPLONo dia 8 de julho de 1990, aconteceu a fi nal da Copa do Mundo de Futebol realizada na Itália. A Alemanha Ocidental, treinada por Franz Beckenbauer, levou o título. Brasileiros desanimados com a atuação da seleção canarinho não poderiam imaginar que no dia seguinte ao término da competição o futuro já ganharia reforços para os campos. Nasciam, em Petrópolis, os gêmeos Fábio e Rafael. Dos campos da Serra para a Inglaterra e a Seleção Brasileira, duas inspirações para torcedor nenhum colocar defeito.

POR FREDERICO NOGUEIRA FOTOS ARQUIVO PESSOAL

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CK

“Eu cheguei até a chorar. Eu ganhava um salário e minha esposa também. Ela foi ao médico fazer ultrassom e, quando chegou, disse ‘preto, eu es-

tou grávida. Mas de gêmeos’. Fiquei pen-sando como faríamos para cuidar de duas crianças. E já tínhamos um filho. Mas se Deus deu, sabia que também daria força para criar”. Assim começa a história de Fá-bio e Rafael Pereira da Silva nas palavras do pai, José Maria da Silva.

O emprego que lhe rendia um salário era o de caseiro em um sítio, onde a esposa também trabalhava. “Na época era muito difícil, não tínhamos muitas condições”, concorda Laurinda Aparecida Pereira da Silva, a mãe dos gêmeos. Com dificuldade para conciliar os trabalhos no sítio com os desafios de cuidar das três crianças, muda-ram o endereço do emprego. “Encontra-mos um sítio em Boa Esperança, onde só eu trabalharia e ganharia o triplo de antes. Ficamos lá mais de seis anos”, conta José.

E foi nesse sítio que Fábio e Rafa-el começaram a praticar o esporte que transformaria a vida dos jovens e da fa-mília anos mais tarde. No campinho da residência, os irmãos, parceiros desde o útero materno, brincavam e mostravam a paixão pelo futebol. “Eles desciam para o campo e voltavam cheios de lama, iguais uns porquinhos. Chegavam quietinhos em casa com medo de bronca, tomavam banho e logo depois lá estavam eles de novo, do mesmo jeito”, revela o pai.

Com 22 anos recentemente completa-dos, eles recordam o início. “Com quatro ou cinco anos, alguns amigos do pessoal da escolinha do Clube Boa Esperança nos viram jogando e chamaram para o clube. Não tínhamos chuteira nem nada, mas ga-nhamos. Com essa idade já jogávamos no meio da garotada de 12”, conta Fábio, sem deixar de lado as respostas em plural que seguiriam durante boa parte da entrevista.

De lá, os meninos foram para o Petro-

politano, para jogar futebol de salão. “Sem-pre falaram que seria bom para ganhar um pouco mais de técnica”, diz Fábio. “Salão é bom para aprender, mas sempre gosta-mos mais de campo”, completa Rafael. Ainda no clube, também passaram a jogar no Botafogo. Em um primeiro momento, houve dificuldade para os irmãos se apre-sentarem diariamente no clube do Rio de Janeiro. “Minha mãe não tinha condições de levar, não tenho vergonha nenhuma de falar isso”, afirma Fábio. A permanência no time da estrela solitária aconteceu por-que o treinador decidiu buscá-los em casa para treinar. Depois da passagem pelo Bo-tafogo, time do coração dos irmãos, eles chegaram ao Fluminense.

Antes de serem jogadores do Tricolor das Laranjeiras, este já havia sondado os gêmeos, mas o pai disse que não havia condições de levá-los todos os dias e, devido à idade, eles não poderiam mo-rar na concentração. “O Botafogo quis dar casa para a nossa família morar mais perto, mas meu pai já tinha dado a pala-vra ao Fluminense de que iríamos para lá no ano seguinte”, conta Fábio.

Em Xerém, chegaram aos 11 anos para jogar no pré-mirim e morar na concentra-ção, mesmo com a pouca idade, mas com enormes sonhos. “Eles saíam de casa às 5h30 para ir à escola. De lá, iam direto para o Fluminense. Quando voltavam, tinham jogos no Petropolitano e retorna-vam por volta das 21h. Não tinha condi-ção de continuar dessa forma, então pedi para deixar eles lá. Disseram que não ha-via perigo”, lembra o pai. A mãe também recorda o período. “Quando eles foram, claro que ficava preocupada, mas nunca deixei que percebessem”.

Rafael acredita que uma decisão to-mada na chegada ao Fluminense foi fun-damental para o que vive hoje no mundo da bola. “Cheguei jogando como meia e fui colocado na lateral direita pelo treinador. Acho que isso ajudou bas-tante. Talvez se tivesse ficado naquela posição, hoje não estivesse jogando. A competição para jogadores de meio de campo é muito maior que para lateral”.

Para Fábio, um gol logo após a che-gada ao clube foi marcante. “Foi em um jogo contra o Flamengo, em uma final. Foi ótimo porque, assim que chega, o jogador precisa firmar, mostrar que tem um bom

Os irmãos começaram a jogar futebol no sítio onde o pai trabalhava como caseiro

INSPIRAÇÃO

26 Julho | Agosto

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27revistaon.com.br

JOGODUPLONo dia 8 de julho de 1990, aconteceu a fi nal da Copa do Mundo de Futebol realizada na Itália. A Alemanha Ocidental, treinada por Franz Beckenbauer, levou o título. Brasileiros desanimados com a atuação da seleção canarinho não poderiam imaginar que no dia seguinte ao término da competição o futuro já ganharia reforços para os campos. Nasciam, em Petrópolis, os gêmeos Fábio e Rafael. Dos campos da Serra para a Inglaterra e a Seleção Brasileira, duas inspirações para torcedor nenhum colocar defeito.

POR FREDERICO NOGUEIRA FOTOS ARQUIVO PESSOAL

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“Eu cheguei até a chorar. Eu ganhava um salário e minha esposa também. Ela foi ao médico fazer ultrassom e, quando chegou, disse ‘preto, eu es-

tou grávida. Mas de gêmeos’. Fiquei pen-sando como faríamos para cuidar de duas crianças. E já tínhamos um filho. Mas se Deus deu, sabia que também daria força para criar”. Assim começa a história de Fá-bio e Rafael Pereira da Silva nas palavras do pai, José Maria da Silva.

O emprego que lhe rendia um salário era o de caseiro em um sítio, onde a esposa também trabalhava. “Na época era muito difícil, não tínhamos muitas condições”, concorda Laurinda Aparecida Pereira da Silva, a mãe dos gêmeos. Com dificuldade para conciliar os trabalhos no sítio com os desafios de cuidar das três crianças, muda-ram o endereço do emprego. “Encontra-mos um sítio em Boa Esperança, onde só eu trabalharia e ganharia o triplo de antes. Ficamos lá mais de seis anos”, conta José.

E foi nesse sítio que Fábio e Rafa-el começaram a praticar o esporte que transformaria a vida dos jovens e da fa-mília anos mais tarde. No campinho da residência, os irmãos, parceiros desde o útero materno, brincavam e mostravam a paixão pelo futebol. “Eles desciam para o campo e voltavam cheios de lama, iguais uns porquinhos. Chegavam quietinhos em casa com medo de bronca, tomavam banho e logo depois lá estavam eles de novo, do mesmo jeito”, revela o pai.

Com 22 anos recentemente completa-dos, eles recordam o início. “Com quatro ou cinco anos, alguns amigos do pessoal da escolinha do Clube Boa Esperança nos viram jogando e chamaram para o clube. Não tínhamos chuteira nem nada, mas ga-nhamos. Com essa idade já jogávamos no meio da garotada de 12”, conta Fábio, sem deixar de lado as respostas em plural que seguiriam durante boa parte da entrevista.

De lá, os meninos foram para o Petro-

politano, para jogar futebol de salão. “Sem-pre falaram que seria bom para ganhar um pouco mais de técnica”, diz Fábio. “Salão é bom para aprender, mas sempre gosta-mos mais de campo”, completa Rafael. Ainda no clube, também passaram a jogar no Botafogo. Em um primeiro momento, houve dificuldade para os irmãos se apre-sentarem diariamente no clube do Rio de Janeiro. “Minha mãe não tinha condições de levar, não tenho vergonha nenhuma de falar isso”, afirma Fábio. A permanência no time da estrela solitária aconteceu por-que o treinador decidiu buscá-los em casa para treinar. Depois da passagem pelo Bo-tafogo, time do coração dos irmãos, eles chegaram ao Fluminense.

Antes de serem jogadores do Tricolor das Laranjeiras, este já havia sondado os gêmeos, mas o pai disse que não havia condições de levá-los todos os dias e, devido à idade, eles não poderiam mo-rar na concentração. “O Botafogo quis dar casa para a nossa família morar mais perto, mas meu pai já tinha dado a pala-vra ao Fluminense de que iríamos para lá no ano seguinte”, conta Fábio.

Em Xerém, chegaram aos 11 anos para jogar no pré-mirim e morar na concentra-ção, mesmo com a pouca idade, mas com enormes sonhos. “Eles saíam de casa às 5h30 para ir à escola. De lá, iam direto para o Fluminense. Quando voltavam, tinham jogos no Petropolitano e retorna-vam por volta das 21h. Não tinha condi-ção de continuar dessa forma, então pedi para deixar eles lá. Disseram que não ha-via perigo”, lembra o pai. A mãe também recorda o período. “Quando eles foram, claro que ficava preocupada, mas nunca deixei que percebessem”.

Rafael acredita que uma decisão to-mada na chegada ao Fluminense foi fun-damental para o que vive hoje no mundo da bola. “Cheguei jogando como meia e fui colocado na lateral direita pelo treinador. Acho que isso ajudou bas-tante. Talvez se tivesse ficado naquela posição, hoje não estivesse jogando. A competição para jogadores de meio de campo é muito maior que para lateral”.

Para Fábio, um gol logo após a che-gada ao clube foi marcante. “Foi em um jogo contra o Flamengo, em uma final. Foi ótimo porque, assim que chega, o jogador precisa firmar, mostrar que tem um bom

Os irmãos começaram a jogar futebol no sítio onde o pai trabalhava como caseiro

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28 Julho | Agosto

futebol”, cita, sem esquecer, ainda, das partidas que antecederam o convite para o Manchester United. “Estávamos na Chi-na, jogando contra um time russo. Eles eram favoritos, mas nós jogamos muito bem”. Se o convite para jogar fora do país não tivesse surgido, será que hoje esta-riam no time principal do Fluminense? “Futebol a gente nunca sabe, tem muita gente boa”, explica Fábio.

Foi um olheiro do time inglês que en-trou em contato com eles e a família. Neste período, os dois estavam na Seleção Bra-sileira Sub-15, que liberou apenas um, o Rafael, para iniciar os testes no Manches-ter. Semanas depois, Fábio também foi. Os garotos viajavam esporadicamente para a Inglaterra e continuavam no Fluminense. Com 16 anos, assinaram o contrato, mas, pela idade, não poderiam participar dos jogos. “Foi aí que meu pai parou de tra-

balhar, embora não quisesse. Já tínhamos condições de permitir isso, o salário já era bom”, lembra Fábio.

Emprestados ao clube carioca e ape-nas treinando, José Maria entrou em contato com o Manchester e disse que, se era para treinar, seria melhor que já fosse na Inglaterra. Assim, a família se mudou no início de 2008. Fábio lembra que no início as dificuldades foram ame-nizadas por estarem todos juntos.

Se o Brasil é o país do futebol, a Ingla-terra não fica atrás, como observou Rafael. “Os caras são apaixonados. Se tiver jogo no Natal, o estádio enche. Se isso acontece no Brasil, acho que não lotaria. As pesso-as vão para praia, festas, tem opções. Lá não”. Fábio também percebeu diferenças culturais. “O que me chama atenção é a limpeza nas ruas. Eu adoro o Brasil, mas se as pessoas se preocupassem mais com

o meio ambiente, seria ótimo. As pessoas sujam, mas são elas que usam também. Sinto essa diferença”.

Com o talento, a fama seria inevitável. “Logo no início, fiz uma partida muito im-portante, com boas jogadas e começaram a reconhecer nas ruas. A mídia esportiva inglesa é forte. Quando dão moral para um jogador, dão mesmo”, lembra Rafael.

A internet minimiza a saudade dos amigos que ficaram na Serra, mas sem-pre que voltam de férias, não deixam de encontrá-los pessoalmente. Um deles é o estudante de educação física Leonardo Victório Barcellos, 22. Léo, como é cha-mado, jogava no Serrano enquanto Fá-bio e Rafael estavam no Petropolitano. “O conhecemos como adversário há 15 anos. Depois fui jogar com eles no Petrô e fomos para o Fluminense”.

Da época em que jogavam em times

NOVA FAMÍLIA

Segundo a esposa Karla, Rafael está se transformando com o nascimento da pequena Eduarda

MUDANÇAS

Fábio e a esposa Bárbara, acreditam que a mudança para Londres será positiva

INÍCIO

Um raro registro de Fábio e Rafael ainda na concentração do Fluminense

DISCURSO

A brincadeira foi feita na primeira convocação de Fábio

IRMÃO MAIS VELHO

Na foto com Rafael, Luiz Henrique diz que, embora mais novos, os gêmeos são ótimos conselheiros

opostos, ele recorda o que ouvia antes das partidas. “Eles se destacam desde peque-nos. Falavam que o jogo seria contra o time dos gêmeos, afinal, um jogava atrás e outro na frente, parecia mesmo que a equipe só tinha eles”. O amigo sente-se emocionado por saber que em alguns momentos contri-buiu com o sucesso deles, afinal, o futebol é um esporte coletivo, mas não deixa de citar as diferenças entre os irmãos. “São jogadores velozes, fortes. O Rafael é muito tático, sabe a posição dele, o lugar que ele tem que estar. O Fábio já é um pouco mais brasileiro, vai para o ataque. Em minha opinião, é até mais habilidoso”.

O irmão mais velho da dupla, Luiz Henrique Pereira da Silva, 28, considera a agressividade e a determinação dos ir-mãos em campo como responsáveis pelo sucesso. Fora das quatro linhas, ele tam-bém elogia. “Ajudam toda a família, e a quem eles podem. São mais novos que eu, mas sempre dão conselhos”. Sobre as diferenças entre um e outro, ele é objeti-vo: “Fábio é mais calmo e o Rafael mais explosivo”.

No time comandado por Sir Alex Fergu-son, Rafael teve a missão de substituir um ídolo da torcida, Gary Neville, que anun-ciou a aposentadoria no início de 2011. Já Fábio disputava a vaga titular com um dos melhores laterais esquerdos do mundo, Pa-trice Evra. Com isso, um recente aconteci-mento marca a jovem e promissora carreira dos irmãos: a primeira separação.

Enquanto Rafael renovou o contrato no Manchester até 2016, Fábio ficará um

ano emprestado ao Queens Park Rangers, para ganhar mais experiência e retornar aos Red Devills. Mas a mudança, ao contrário do que possa parecer, não foi motivo de tristeza. “Não sabemos o que esperar, mas acho que vai ser bom, ele vai estar perto, em Londres, dá para visitar. Sabíamos que um dia isso ia acontecer”, afirma Rafael. “Futebol é muita prática, vou sair para jo-gar mais”, garante Fábio ao demonstrar a ciência de que, no momento, é o irmão que está em destaque. “Hoje é ele, antes fui eu. Somos muito parecidos. Isso muda muito, é futebol, sempre será assim”, finaliza.

Para o futuro, os dois não escondem o desejo e a vontade de retornar ao Brasil. Fábio quer terminar os estudos [parou no Ensino Médio], pois sabe que a carreira de futebol tem prazo de duração. “Espero que esse dia esteja longe ainda, mas não sei o que fazer depois. Talvez continue no meio do futebol. Se ficar, quem sabe vire treinador ou preparador físico do Flumi-nense. Tenho muito carinho pelo clube”. Rafael também sonha jogar no país natal. “Não que seja mais gostoso, mas é diferen-te”, diz. Fábio também tem o desejo, mas coloca os pontos positivos e negativos na balança. “Se pagasse salário igual, eu viria. Mas no Brasil, tem clubes que o cara fica três meses sem receber. Lá não, no dia cer-to o dinheiro está na conta”.

Sem data certa para este sonhado re-torno, os irmãos aproveitam a boa fase e vivem o sonho de muitos garotos. E já se adaptaram a esta realidade. “Quando en-contrei pela primeira vez com Cristiano Ronaldo, por exemplo, foi estranho. Mas hoje não, já é normal, ele é um jogador como eu, a gente brinca, dou tapa na ca-beça”, exemplifica Rafael, que tem como ídolos Roberto Carlos e Cafú, “talvez por jogarem na mesma posição”, diz. Fábio admira Ronaldo por sua postura dentro de campo. “Fez muita coisa pelo Brasil, alavancou o nome para fora”.

E as emoções não ficam restritas aos dois, como conta o pai. “Quando o Man-chester foi campeão inglês, eu estava lá no campo. Fico meio sem graça porque é diferente. Tem o lugar onde ficam as famí-lias dos jogadores e lá eu estava. Quando acabou, desci e fiquei olhando, por uma grade. Um deles me pegou e me levou para o meio do campo. Foi muita emoção”.

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INGLATERRA

Jogar fora do país sempre foi um sonho, mas não imaginavam que seria realizado tão rápido

TREINO

Marcelo e Rafael na Gávea antes das Olimpíadas

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PARTIDA

Fábio na disputa pela bola no jogo contra Costa Rica

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Fábio acaba de ser emprestado para o Queens Park Ranger, onde poderá jogar mais

INSPIRAÇÃO

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futebol”, cita, sem esquecer, ainda, das partidas que antecederam o convite para o Manchester United. “Estávamos na Chi-na, jogando contra um time russo. Eles eram favoritos, mas nós jogamos muito bem”. Se o convite para jogar fora do país não tivesse surgido, será que hoje esta-riam no time principal do Fluminense? “Futebol a gente nunca sabe, tem muita gente boa”, explica Fábio.

Foi um olheiro do time inglês que en-trou em contato com eles e a família. Neste período, os dois estavam na Seleção Bra-sileira Sub-15, que liberou apenas um, o Rafael, para iniciar os testes no Manches-ter. Semanas depois, Fábio também foi. Os garotos viajavam esporadicamente para a Inglaterra e continuavam no Fluminense. Com 16 anos, assinaram o contrato, mas, pela idade, não poderiam participar dos jogos. “Foi aí que meu pai parou de tra-

balhar, embora não quisesse. Já tínhamos condições de permitir isso, o salário já era bom”, lembra Fábio.

Emprestados ao clube carioca e ape-nas treinando, José Maria entrou em contato com o Manchester e disse que, se era para treinar, seria melhor que já fosse na Inglaterra. Assim, a família se mudou no início de 2008. Fábio lembra que no início as dificuldades foram ame-nizadas por estarem todos juntos.

Se o Brasil é o país do futebol, a Ingla-terra não fica atrás, como observou Rafael. “Os caras são apaixonados. Se tiver jogo no Natal, o estádio enche. Se isso acontece no Brasil, acho que não lotaria. As pesso-as vão para praia, festas, tem opções. Lá não”. Fábio também percebeu diferenças culturais. “O que me chama atenção é a limpeza nas ruas. Eu adoro o Brasil, mas se as pessoas se preocupassem mais com

o meio ambiente, seria ótimo. As pessoas sujam, mas são elas que usam também. Sinto essa diferença”.

Com o talento, a fama seria inevitável. “Logo no início, fiz uma partida muito im-portante, com boas jogadas e começaram a reconhecer nas ruas. A mídia esportiva inglesa é forte. Quando dão moral para um jogador, dão mesmo”, lembra Rafael.

A internet minimiza a saudade dos amigos que ficaram na Serra, mas sem-pre que voltam de férias, não deixam de encontrá-los pessoalmente. Um deles é o estudante de educação física Leonardo Victório Barcellos, 22. Léo, como é cha-mado, jogava no Serrano enquanto Fá-bio e Rafael estavam no Petropolitano. “O conhecemos como adversário há 15 anos. Depois fui jogar com eles no Petrô e fomos para o Fluminense”.

Da época em que jogavam em times

NOVA FAMÍLIA

Segundo a esposa Karla, Rafael está se transformando com o nascimento da pequena Eduarda

MUDANÇAS

Fábio e a esposa Bárbara, acreditam que a mudança para Londres será positiva

INÍCIO

Um raro registro de Fábio e Rafael ainda na concentração do Fluminense

DISCURSO

A brincadeira foi feita na primeira convocação de Fábio

IRMÃO MAIS VELHO

Na foto com Rafael, Luiz Henrique diz que, embora mais novos, os gêmeos são ótimos conselheiros

opostos, ele recorda o que ouvia antes das partidas. “Eles se destacam desde peque-nos. Falavam que o jogo seria contra o time dos gêmeos, afinal, um jogava atrás e outro na frente, parecia mesmo que a equipe só tinha eles”. O amigo sente-se emocionado por saber que em alguns momentos contri-buiu com o sucesso deles, afinal, o futebol é um esporte coletivo, mas não deixa de citar as diferenças entre os irmãos. “São jogadores velozes, fortes. O Rafael é muito tático, sabe a posição dele, o lugar que ele tem que estar. O Fábio já é um pouco mais brasileiro, vai para o ataque. Em minha opinião, é até mais habilidoso”.

O irmão mais velho da dupla, Luiz Henrique Pereira da Silva, 28, considera a agressividade e a determinação dos ir-mãos em campo como responsáveis pelo sucesso. Fora das quatro linhas, ele tam-bém elogia. “Ajudam toda a família, e a quem eles podem. São mais novos que eu, mas sempre dão conselhos”. Sobre as diferenças entre um e outro, ele é objeti-vo: “Fábio é mais calmo e o Rafael mais explosivo”.

No time comandado por Sir Alex Fergu-son, Rafael teve a missão de substituir um ídolo da torcida, Gary Neville, que anun-ciou a aposentadoria no início de 2011. Já Fábio disputava a vaga titular com um dos melhores laterais esquerdos do mundo, Pa-trice Evra. Com isso, um recente aconteci-mento marca a jovem e promissora carreira dos irmãos: a primeira separação.

Enquanto Rafael renovou o contrato no Manchester até 2016, Fábio ficará um

ano emprestado ao Queens Park Rangers, para ganhar mais experiência e retornar aos Red Devills. Mas a mudança, ao contrário do que possa parecer, não foi motivo de tristeza. “Não sabemos o que esperar, mas acho que vai ser bom, ele vai estar perto, em Londres, dá para visitar. Sabíamos que um dia isso ia acontecer”, afirma Rafael. “Futebol é muita prática, vou sair para jo-gar mais”, garante Fábio ao demonstrar a ciência de que, no momento, é o irmão que está em destaque. “Hoje é ele, antes fui eu. Somos muito parecidos. Isso muda muito, é futebol, sempre será assim”, finaliza.

Para o futuro, os dois não escondem o desejo e a vontade de retornar ao Brasil. Fábio quer terminar os estudos [parou no Ensino Médio], pois sabe que a carreira de futebol tem prazo de duração. “Espero que esse dia esteja longe ainda, mas não sei o que fazer depois. Talvez continue no meio do futebol. Se ficar, quem sabe vire treinador ou preparador físico do Flumi-nense. Tenho muito carinho pelo clube”. Rafael também sonha jogar no país natal. “Não que seja mais gostoso, mas é diferen-te”, diz. Fábio também tem o desejo, mas coloca os pontos positivos e negativos na balança. “Se pagasse salário igual, eu viria. Mas no Brasil, tem clubes que o cara fica três meses sem receber. Lá não, no dia cer-to o dinheiro está na conta”.

Sem data certa para este sonhado re-torno, os irmãos aproveitam a boa fase e vivem o sonho de muitos garotos. E já se adaptaram a esta realidade. “Quando en-contrei pela primeira vez com Cristiano Ronaldo, por exemplo, foi estranho. Mas hoje não, já é normal, ele é um jogador como eu, a gente brinca, dou tapa na ca-beça”, exemplifica Rafael, que tem como ídolos Roberto Carlos e Cafú, “talvez por jogarem na mesma posição”, diz. Fábio admira Ronaldo por sua postura dentro de campo. “Fez muita coisa pelo Brasil, alavancou o nome para fora”.

E as emoções não ficam restritas aos dois, como conta o pai. “Quando o Man-chester foi campeão inglês, eu estava lá no campo. Fico meio sem graça porque é diferente. Tem o lugar onde ficam as famí-lias dos jogadores e lá eu estava. Quando acabou, desci e fiquei olhando, por uma grade. Um deles me pegou e me levou para o meio do campo. Foi muita emoção”.

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INGLATERRA

Jogar fora do país sempre foi um sonho, mas não imaginavam que seria realizado tão rápido

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Marcelo e Rafael na Gávea antes das Olimpíadas

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Fábio na disputa pela bola no jogo contra Costa Rica

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Fábio acaba de ser emprestado para o Queens Park Ranger, onde poderá jogar mais

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30 Julho | Agosto

A seleção brasileira

Rafael e Fábio, assim como milhares de garotos, sonhavam vestir a camisa da Seleção, mas não poderiam imaginar que chegariam lá. “Acho que meu pai acredi-tava mais que eu”, diz Rafael. Quem tam-bém esperava por este dia era o irmão mais velho, Luiz Henrique. “Depois que chega-ram ao Manchester, já sabia que era apenas uma questão de tempo até estarem na sele-ção principal”.

O primeiro a ser convocado foi Rafael, em 2010, para um amistoso contra a sele-ção dos Estados Unidos, mas não chegou a atuar. Em outras convocações, no mesmo ano, também não teve a chance de mostrar sua arte nas quatro linhas. Em 2011, foi a vez de Fábio vestir a camisa amarela. Par-ticipou das partidas contra a Costa Rica e o Gabão. Já este ano, no final do primeiro semestre, Rafael foi novamente convocado para amistosos. No último, contra a Argen-tina, foi o que permaneceu mais tempo atu-ando. “Foi um jogo bom. Poderia ter sido melhor, claro, mas acho que não fui mal”, acredita. Assim como você deve imaginar que seria interessante ter os dois atuando juntos pela Seleção, eles esperam por este

dia. “Acredito que vai ter uma nova opor-tunidade para meu irmão. Futebol é esporte de fases. É um sonho jogar na Seleção com ele, ao mesmo tempo”, garante Rafael, que esteve na lista de pré-convocados para sele-ção olímpica deste ano e, no dia 5 de julho, viu seu nome entre os 18 convocados pelo técnico Mano Menezes para as Olimpíadas de Londres. “É uma emoção muito grande. Vou fazer o possível para conquistar este título inédito para o país”, disse.

Essa família é muito unida

Se a pouca idade dos irmãos não foi bar-reira no mundo do esporte, muito menos seria fora dele. Precoces profissionalmen-te, os dois também já são casados. Fábio foi o primeiro. A esposa, Bárbara da Costa Pereira Souza da Silva, o conheceu quando ele estava no Fluminense, através de um amigo em comum. O pedido de casamen-to apareceu após uma das primeiras idas de Fábio para a Inglaterra. “E eu aceitei. Primeiro casei por procuração e, depois, na Catedral, em Petrópolis”. Para ela, o marido é ótimo, embora não negue que, como em todo relacionamento, existam as briguinhas de casal.

Para a mudança recente, Bárbara só tem pensamentos positivos. “Espero que dê tudo certo para ele. Além disso, va-mos estar perto do resto da família, será um ótimo período”.

Rafael também conheceu a esposa na época do Fluminense, mas o relaciona-mento só aconteceu tempos depois, como conta Karla Malafaia. “Foi quando eu tinha 12 anos e ele devia ter 13. Mas não falava muito com ele, conversava mais com o Fá-bio. Foi quando ele estava na Inglaterra que começamos a nos falar através da internet”. Do relacionamento nasceu Eduarda, no iní-cio deste ano. A filha, segundo Karla, está modificando o marido. “Ele é teimoso, mas amoroso. Era mais turrão, mas está cada vez melhor. O nascimento da Duda o fez amolecer ainda mais”, garante.

Durante grande parte da permanência dos gêmeos na Inglaterra, toda a família di-vidiu o mesmo teto. Isto é, eles, as esposas, os pais, o irmão Luiz Henrique, a cunhada Débora e a filha do casal, Rafaela. Nos úl-timos tempos, os pais estavam cuidando da nova casa, em Petrópolis. Com a mudança de clubes de Fábio, o irmão mais velho o acompanhará em Londres, enquanto Rafa-el continua morando com os pais no mes-mo local, segundo José Maria.

Orgulhos de uma multidão de torcedo-res ingleses, eles prometem dar ainda mais orgulho aos brasileiros fanáticos pela Sele-ção sempre que forem convocados convo-cações. Mas, antes dos olhares vindos de todos os cantos, os gêmeos Fábio e Rafael são motivos de alegria para a família, que sonhou junto e viveu cada desafio com eles.

Se as palavras do pai abriram o texto com a revelação de seu choro após a notícia da chegada dos filhos, nada mais justo que também aparecerem aqui. Desta vez, as lá-grimas que podem escorrer são por motivos diferentes. “Não é porque são meus filhos, mas eles são muito bons. Chegaram a um dos maiores clubes do mundo, mas ainda são aqueles garotinhos, humildes, que brin-cavam no campo e ficavam cheios de lama. Hoje trazem muita alegria”, diz José Maria. Também, com esse nome, não teria como Deus deixar de dar as forças que pediu há 22 anos. E o futuro... Bem, o futuro a Ele pertence, como diz o ditado. Por falar nisso, não acredite muito naquele sobre um raio não cair duas vezes no mesmo lugar.

PAIS

Laurinda e José Maria apoiaram a carreira dos fi lhos e não tiveram dúvidas ao acompanhá-los

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PREPARAÇÃO

Rafael e Neymar durante exame de sangue antes dos Jogos Olímpicos

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FOTO OFICIAL

Rafael foi titular no jogo do Brasil contra a Argentina

INSPIRAÇÃO

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A seleção brasileira

Rafael e Fábio, assim como milhares de garotos, sonhavam vestir a camisa da Seleção, mas não poderiam imaginar que chegariam lá. “Acho que meu pai acredi-tava mais que eu”, diz Rafael. Quem tam-bém esperava por este dia era o irmão mais velho, Luiz Henrique. “Depois que chega-ram ao Manchester, já sabia que era apenas uma questão de tempo até estarem na sele-ção principal”.

O primeiro a ser convocado foi Rafael, em 2010, para um amistoso contra a sele-ção dos Estados Unidos, mas não chegou a atuar. Em outras convocações, no mesmo ano, também não teve a chance de mostrar sua arte nas quatro linhas. Em 2011, foi a vez de Fábio vestir a camisa amarela. Par-ticipou das partidas contra a Costa Rica e o Gabão. Já este ano, no final do primeiro semestre, Rafael foi novamente convocado para amistosos. No último, contra a Argen-tina, foi o que permaneceu mais tempo atu-ando. “Foi um jogo bom. Poderia ter sido melhor, claro, mas acho que não fui mal”, acredita. Assim como você deve imaginar que seria interessante ter os dois atuando juntos pela Seleção, eles esperam por este

dia. “Acredito que vai ter uma nova opor-tunidade para meu irmão. Futebol é esporte de fases. É um sonho jogar na Seleção com ele, ao mesmo tempo”, garante Rafael, que esteve na lista de pré-convocados para sele-ção olímpica deste ano e, no dia 5 de julho, viu seu nome entre os 18 convocados pelo técnico Mano Menezes para as Olimpíadas de Londres. “É uma emoção muito grande. Vou fazer o possível para conquistar este título inédito para o país”, disse.

Essa família é muito unida

Se a pouca idade dos irmãos não foi bar-reira no mundo do esporte, muito menos seria fora dele. Precoces profissionalmen-te, os dois também já são casados. Fábio foi o primeiro. A esposa, Bárbara da Costa Pereira Souza da Silva, o conheceu quando ele estava no Fluminense, através de um amigo em comum. O pedido de casamen-to apareceu após uma das primeiras idas de Fábio para a Inglaterra. “E eu aceitei. Primeiro casei por procuração e, depois, na Catedral, em Petrópolis”. Para ela, o marido é ótimo, embora não negue que, como em todo relacionamento, existam as briguinhas de casal.

Para a mudança recente, Bárbara só tem pensamentos positivos. “Espero que dê tudo certo para ele. Além disso, va-mos estar perto do resto da família, será um ótimo período”.

Rafael também conheceu a esposa na época do Fluminense, mas o relaciona-mento só aconteceu tempos depois, como conta Karla Malafaia. “Foi quando eu tinha 12 anos e ele devia ter 13. Mas não falava muito com ele, conversava mais com o Fá-bio. Foi quando ele estava na Inglaterra que começamos a nos falar através da internet”. Do relacionamento nasceu Eduarda, no iní-cio deste ano. A filha, segundo Karla, está modificando o marido. “Ele é teimoso, mas amoroso. Era mais turrão, mas está cada vez melhor. O nascimento da Duda o fez amolecer ainda mais”, garante.

Durante grande parte da permanência dos gêmeos na Inglaterra, toda a família di-vidiu o mesmo teto. Isto é, eles, as esposas, os pais, o irmão Luiz Henrique, a cunhada Débora e a filha do casal, Rafaela. Nos úl-timos tempos, os pais estavam cuidando da nova casa, em Petrópolis. Com a mudança de clubes de Fábio, o irmão mais velho o acompanhará em Londres, enquanto Rafa-el continua morando com os pais no mes-mo local, segundo José Maria.

Orgulhos de uma multidão de torcedo-res ingleses, eles prometem dar ainda mais orgulho aos brasileiros fanáticos pela Sele-ção sempre que forem convocados convo-cações. Mas, antes dos olhares vindos de todos os cantos, os gêmeos Fábio e Rafael são motivos de alegria para a família, que sonhou junto e viveu cada desafio com eles.

Se as palavras do pai abriram o texto com a revelação de seu choro após a notícia da chegada dos filhos, nada mais justo que também aparecerem aqui. Desta vez, as lá-grimas que podem escorrer são por motivos diferentes. “Não é porque são meus filhos, mas eles são muito bons. Chegaram a um dos maiores clubes do mundo, mas ainda são aqueles garotinhos, humildes, que brin-cavam no campo e ficavam cheios de lama. Hoje trazem muita alegria”, diz José Maria. Também, com esse nome, não teria como Deus deixar de dar as forças que pediu há 22 anos. E o futuro... Bem, o futuro a Ele pertence, como diz o ditado. Por falar nisso, não acredite muito naquele sobre um raio não cair duas vezes no mesmo lugar.

PAIS

Laurinda e José Maria apoiaram a carreira dos fi lhos e não tiveram dúvidas ao acompanhá-los

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Rafael e Neymar durante exame de sangue antes dos Jogos Olímpicos

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FOTO OFICIAL

Rafael foi titular no jogo do Brasil contra a Argentina

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32 Julho | Agosto

As pessoas sempre buscaram aplicar no dia a dia a rapidez e praticidade que as ativida-des demandam. Com o tempo,

isto refletiu também na decoração de um espaço. Móveis e objetos que facilitam a organização e a limpeza passaram a ser itens prioritários, mas da mesma maneira que esta tendência minimalista na decora-ção chegou e se padronizou, ela está, aos poucos, mudando. A ideia agora é mesclar o antigo com o moderno, ou seja, adaptar ambientes com antiguidades, com aspecto reformulado, porém, rico em detalhes, que “contenham” uma história e que sejam fa-cilmente harmonizados com peças moder-nas ou, até mesmo, as substituindo.

No entanto, para tal empreendimento, é preciso avaliar alguns aspectos básicos dos móveis antigos, entre eles: tamanho, for-mato, a cor da madeira e entalhes, para não transformar um ambiente chique em algo pesado, com excesso de informação visual.

Para o designer de interiores Rodrigo Emmel, o que chama a atenção nas peças antigas não é a especificidade. Segundo ele, tudo vai depender do gosto da pessoa que vai adquirir e não do objeto em si. O designer ainda explica que essa relação com o objeto é algo que varia também com o estilo do ambiente a ser decorado. Entretanto, complementa, para quem já possui conhecimento sobre antiguidade, o valor, a qualidade, a época e quem a confeccionou são fatores fundamentais na hora de comprá-la. “Uma das van-tagens de ter uma destas peças é poder modificá-la, adaptando ao gosto pessoal e ao ambiente, por exemplo, ao mudar a cor da madeira, ao trocar um puxador, ao colocar um vidro ou um espelho por cima, entre outras opções”, revela Emmel.

“Atualmente há interferência por parte dos arquitetos e decoradores em comprar peças antigas e refazê-las com uma nova ‘leitura’, mais moderna. Por exemplo, pegar uma cômoda bem escura e transformá-la com uma tinta vermelha, amarela ou azul, resulta em um dife-rencial no objeto, no ambiente e, con-sequentemente, ao transportá-lo para a casa de um jovem (perfil do cliente que procura por este tipo de decoração), ele terá uma peça antiga e moderna ao mes-mo tempo,” conclui o designer.

ANTIGOS EMODERNOS

Os móveis antigos deixaram de ser itens apenas de colecionadores e se tornaram peças chave na decoração de ambientes.

POR LETICIA KNIBEL FOTOS REVISTA ON

DESIGN E DECORAÇÃO

32 Julho | Agosto

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As pessoas sempre buscaram aplicar no dia a dia a rapidez e praticidade que as ativida-des demandam. Com o tempo,

isto refletiu também na decoração de um espaço. Móveis e objetos que facilitam a organização e a limpeza passaram a ser itens prioritários, mas da mesma maneira que esta tendência minimalista na decora-ção chegou e se padronizou, ela está, aos poucos, mudando. A ideia agora é mesclar o antigo com o moderno, ou seja, adaptar ambientes com antiguidades, com aspecto reformulado, porém, rico em detalhes, que “contenham” uma história e que sejam fa-cilmente harmonizados com peças moder-nas ou, até mesmo, as substituindo.

No entanto, para tal empreendimento, é preciso avaliar alguns aspectos básicos dos móveis antigos, entre eles: tamanho, for-mato, a cor da madeira e entalhes, para não transformar um ambiente chique em algo pesado, com excesso de informação visual.

Para o designer de interiores Rodrigo Emmel, o que chama a atenção nas peças antigas não é a especificidade. Segundo ele, tudo vai depender do gosto da pessoa que vai adquirir e não do objeto em si. O designer ainda explica que essa relação com o objeto é algo que varia também com o estilo do ambiente a ser decorado. Entretanto, complementa, para quem já possui conhecimento sobre antiguidade, o valor, a qualidade, a época e quem a confeccionou são fatores fundamentais na hora de comprá-la. “Uma das van-tagens de ter uma destas peças é poder modificá-la, adaptando ao gosto pessoal e ao ambiente, por exemplo, ao mudar a cor da madeira, ao trocar um puxador, ao colocar um vidro ou um espelho por cima, entre outras opções”, revela Emmel.

“Atualmente há interferência por parte dos arquitetos e decoradores em comprar peças antigas e refazê-las com uma nova ‘leitura’, mais moderna. Por exemplo, pegar uma cômoda bem escura e transformá-la com uma tinta vermelha, amarela ou azul, resulta em um dife-rencial no objeto, no ambiente e, con-sequentemente, ao transportá-lo para a casa de um jovem (perfil do cliente que procura por este tipo de decoração), ele terá uma peça antiga e moderna ao mes-mo tempo,” conclui o designer.

ANTIGOS EMODERNOS

Os móveis antigos deixaram de ser itens apenas de colecionadores e se tornaram peças chave na decoração de ambientes.

POR LETICIA KNIBEL FOTOS REVISTA ON

A arquiteta Cecília Félix Paiva destaca que, antigamente, o público dos antiquá-rios era muito restrito. Os conceitos de pre-servação e sustentabilidade, cada vez mais em moda, alavancaram a ideia de reutilizar móveis, espaços e objetos. “Hoje em dia, nem é preciso ir ao antiquário para obter uma antiguidade. O enredo ‘faça você mes-mo’ costuma nortear alguns clientes para que eles possam dar outra cara ao artefa-to”, explica Paiva que vê a remodelagem de móveis antigos como uma forte corrente no design atual. Ainda de acordo com ela, dar uma nova roupagem àquele objeto es-quecido num cantinho da casa, reitera con-ceitos do reuse, reutilize e recicle.

“Acredito que um bom móvel antigo tem seu valor. O nosso trabalho é, ou não (depende do cliente), dar uma nova cara para aquele objeto de forma que seja ade-quado ao ambiente. Essa tendência não me parece ser passageira, em função do conceito de sustentabilidade”, esclarece

Cecília. Além do mais, a reutilização de determinado móvel vai além da sua fun-ção original, onde é muito comum ver antigos armários como cristaleira ou, até mesmo, uma antiga televisão funcionar como cadeira.

Para Miguel Salles Filho, administrador de um antiquário, a questão do móvel anti-go tem duas importantes abordagens, uma estética (subjetiva) e a outra a da qualida-de (o material usado, o trabalho executado pelo ebanista, na forma como é feito o en-caixe das peças). “Com isso, o bom móvel antigo pode ser considerado eterno em ter-mos históricos”, explica Filho. Por isso o

BELEZA

A riqueza de detalhes e dos entalhes feitos neste móvel demonstram o verdadeiro diferencial dos antigos

REFAZENDO

Uma das opções é transformar as antiguidades, como este móvel, por exemplo, que foi reutilizado no banheiro

CLÁSSICO

Arcas, como esta, fabricada no fi nal de século 19, são bem-vindas em qualquer ambiente

A relação com o objeto varia de acordo com o estilo do ambiente a ser decorado

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34 Julho | Agosto

valor das antiguidades varia devido a estes aspectos avaliados na hora da aquisição. “Apesar da mudança constante na moda, da demanda e da produção em larga esca-la de itens de decoração, o móvel antigo

bem feito, como as peças luso-brasileiras dos séculos 18 e 19, sempre será um artigo ‘fashion’, que nunca sai de moda, além de compor qualquer ambiente com peças con-temporâneas”, conclui Salles.

Ecologicamente fashion

Outra opção para quem busca beleza, qualidade e singularidade nos móveis de decoração é mandar fazer. Existem fábricas que utilizam madeira de demolição (vindas

de casarões, fazendas, prédios antigos) para confeccionar todos os tipos de objetos. Tudo feito por encomenda. Algumas lojas especializadas trabalham com esse tipo de produto. O empresário Antônio Victor Teixeira Gonçalves, responsável por uma fábrica/loja em Itaipava, vende móveis deste tipo. “O estilo mais procurado pelos clientes é o do mobiliário mineiro, mais re-buscado, detalhado, trabalhado com frisos e torneados nos pés”, ressalta. A procura por móveis feitos com madeira de demoli-ção aumentou ao longo dos anos. Segundo o empresário, os clientes buscam por itens que ofereçam praticidade, mas tenham o aspecto e a qualidade de um móvel antigo, como peças que apresentam um estilo mais imponente, mescladas com objetos moder-nos. “A durabilidade, a qualidade e o estilo são algumas das características buscadas pelos compradores na hora de escolher. O valor vai variar de acordo com o projeto e o material usado na produção dos objetos”, conclui o empresário.

CATRE

Este pequeno leito pode ser usado em salas ou varandas, harmonizado com cadeiras e outros objetos modernos

MIL E UMA

UTILIDADES

Esta cômoda, de 1870, pode ser usada também como camiseiro

“Para Miguel Salles Filho, administrador de um antiquário, o móvel antigo tem duas importantes abordagens, uma estética (subjetiva) e a outra da qualidade”

DESIGN E DECORAÇÃO

34 Julho | Agosto

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valor das antiguidades varia devido a estes aspectos avaliados na hora da aquisição. “Apesar da mudança constante na moda, da demanda e da produção em larga esca-la de itens de decoração, o móvel antigo

bem feito, como as peças luso-brasileiras dos séculos 18 e 19, sempre será um artigo ‘fashion’, que nunca sai de moda, além de compor qualquer ambiente com peças con-temporâneas”, conclui Salles.

Ecologicamente fashion

Outra opção para quem busca beleza, qualidade e singularidade nos móveis de decoração é mandar fazer. Existem fábricas que utilizam madeira de demolição (vindas

de casarões, fazendas, prédios antigos) para confeccionar todos os tipos de objetos. Tudo feito por encomenda. Algumas lojas especializadas trabalham com esse tipo de produto. O empresário Antônio Victor Teixeira Gonçalves, responsável por uma fábrica/loja em Itaipava, vende móveis deste tipo. “O estilo mais procurado pelos clientes é o do mobiliário mineiro, mais re-buscado, detalhado, trabalhado com frisos e torneados nos pés”, ressalta. A procura por móveis feitos com madeira de demoli-ção aumentou ao longo dos anos. Segundo o empresário, os clientes buscam por itens que ofereçam praticidade, mas tenham o aspecto e a qualidade de um móvel antigo, como peças que apresentam um estilo mais imponente, mescladas com objetos moder-nos. “A durabilidade, a qualidade e o estilo são algumas das características buscadas pelos compradores na hora de escolher. O valor vai variar de acordo com o projeto e o material usado na produção dos objetos”, conclui o empresário.

CATRE

Este pequeno leito pode ser usado em salas ou varandas, harmonizado com cadeiras e outros objetos modernos

MIL E UMA

UTILIDADES

Esta cômoda, de 1870, pode ser usada também como camiseiro

“Para Miguel Salles Filho, administrador de um antiquário, o móvel antigo tem duas importantes abordagens, uma estética (subjetiva) e a outra da qualidade”

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36 Julho | Agosto

Aquela ansiedade que bate quando chega o fim de se-mana é sinal de que é hora de marcar um encontro com os

amigos para comemorar e relaxar. Para muitos, não há nada melhor para celebrar essa reunião do que tomar uma cerveja bem gelada. Independente da estação do ano, essa bebida continua sendo prefe-rência nacional e ocupa lugar nas mesas e nos copos. Uma curiosidade é que ela também pode ser produzida em casa.

O dentista Gustavo Holderbaum co-meçou a produzir cerveja artesanal há dois anos. Ele conta que sempre teve von-tade de fabricar em casa e resolveu fazer um curso com uns amigos, apenas por ‘hobbie’. “Construímos nosso material e, desde 2010, produzimos cerveja para consumo próprio”, contou.

Esta fabricação requer uma aparelha-gem específica que pode ser comprada ou feita em casa. Vale ressaltar que para a venda da bebida caseira é necessário que o equipamento seja feito em inox. “No meu caso, junto com alguns amigos, deci-dimos construir todos os aparelhos neces-

sários para fazer a cerveja de maneira bem simples. Compramos panelas de alumínio e adaptamos torneiras, os maturadores (responsáveis pelo ‘envelhecimento’ da cerveja) são, na realidade, baldes de plás-tico, ou seja, montamos tudo”, explica Gustavo. Cada peça tem uma função es-pecífica na hora da fabricação do produto.

O processo realizado pelo dentista não tem mistério. Com os ingredientes cer-tos pode-se produzir qualquer cerveja. É importante destacar que existem vários tipos de malte e cada um irá produzir uma bebida diferente. A mistura dos cere-ais resulta, em muitos casos, em receitas inovadoras, de acordo com Holderbaum. Outro ingrediente fundamental é o lúpulo, que dá o amargor e o aroma ao produto. O tempo total da fabricação é de um mês. Em média, cada produção rende até 25 litros com o teor alcoólico de 4,5%, que também varia de acordo com tipo da bebi-da. O dentista ainda destaca que o tempo e temperatura do processo também podem mudar. “Nós desenvolvemos diferentes tipos a partir de determinadas receitas. Para entender melhor é preciso ressaltar

O conceito de “faça você mesmo” existe há anos, mas sempre foi colocado em prática por poucos. Esta concepção virou moda e abrange várias produções, como as de cerveja. Apaixonados por essa bebida, produtores petropolitanos abrem suas geladeiras para mostrar o segredo por trás dessa que é uma das paixões brasileiras.

POR LETICIA KNIBEL FOTOS REVISTA ON

PRODUÇÃO ARTESANAL

PREFERIDO

O estilo de cerveja mais consumido e produzido por Gustavo é o alemão

que existem duas ‘escolas’ principais de cerveja: a belga e a alemã.”

Ainda de acordo com o dentista Gus-tavo Holderbaum, a alemã é a mais tra-dicional de todas, pois permite apenas a utilização de quatro ingredientes para produção: o malte, o lúpulo, o fermento e a água. Já a belga busca inovar e insere em seus produtos outros elementos, como frutas, durante a maturação, assim como algumas indústrias nacionais de cerveja que utilizam o trigo. “Os estilos que mais produzi até hoje são a stout (mais escura e amarga) e a red ale (avermelhada e mais doce, suave), ambas de alta fermentação, com diferença apenas no malte e no lúpu-lo”, conta Gustavo.

As cervejas de baixa fermentação são mais consumidas e produzidas, como a pilsen, por exemplo, mas são mais difíceis de fazer artesanalmente devido ao contro-le de fermentação que é muito específico.

O turismólogo Matheus Taboada Oliveira de Andrade, também cervejeiro artesanal, conta que já produziu diversos estilos da bebida, como porters, pales ales, ipa’s, stouts, wit’s, weiss e destaca que são muitas as diferenças das cervejas industriais para as artesanais, pois estas utilizam, diferentemente da primeira, cereais não maltados (como trigo e cevada) na composição da bebida. Além disso, proporcionam um sabor mais encorpado e o aroma mais apurado do que as produzidas industrialmente. Matheus revela que a vantagem de produzir cerveja em casa é ter um produto de

qualidade superior ao que se encontra no mercado. “A desvantagem é que quando você faz uma cerveja, tem que respeitar os tempos de fermentação e maturação, que é demorado. Porém, quando fica pronta, se torna um prazer degustar e oferecer aos amigos”, diz.

Para Luiz Felipe de Oliveira Winter, também produtor artesanal, a fabricação significa a possibilidade de apreciar de forma mais “verdadeira” a cerveja. Ao trabalhar com escalas reduzidas em um processo manual, consegue-se obter a bebida com sabores e aromas excelen-tes. “A quantidade de cervejeiros artesa-nais aumenta cada vez mais e isso tem proporcionado, felizmente, a divulgação e a consciência de que existe um mundo ainda a ser explorado, dos incontáveis es-tilos de cervejas”, destaca.

Amiga de Holderbaum e apreciadora de cerveja artesanal, Aline Aparecida Lopes Neves destaca que a diferença en-

tre a bebida industrializada e a feita em casa é o cuidado, a preocupação em todo o processo, até mesmo incluir um ingre-diente extra para dar um sabor especial a uma receita já conhecida. “As artesanais conquistam o público que aprecia a de-gustação da bebida exatamente pelo fato de ter em torno delas a ideia de algo mais restrito, de maneira especial, diferente do que estamos acostumados a encon-trar em qualquer bar. Essa é a sensação que tenho ao beber a cerveja do Gusta-vo: algo exclusivo, feito de amigo para amigos e que tem um sabor que foge do comum”, revela Aline.

Para quem tem interesse em começar esse tipo de produção, existem sites so-bre o assunto, nos quais são encontrados diferentes tipos de aparelhos para fazer cerveja artesanal, incluindo as maté-rias-primas. O preço pode chegar a R$ 1.000. Há ainda a opção de improvisar, assim como fez Gustavo. Os sites tam-bém dão receitas e dicas sobre os tipos mais consumidos e produzidos.

A Acerva Petrópolis (Associação de Cervejeiros Artesanais de Petrópolis) tem o objetivo de reunir produtores e apreciadores de cervejas para degusta-ções, bate-papos, compras coletivas e troca de experiência, além de difundir a cultura cervejeira.

Com todas essas dicas, agora é só adquirir os equipamentos, esperar a fer-mentação e reunir os amigos para degus-tar a boa cerveja caseira, mas lembre-se: se for beber não dirija!

“A cada ano aumenta o número de pessoas que buscam cursos para aprender a produzir esta bebida em casa.”

LÚPULO

Além de dar o amargor e o aroma à cerveja, esse ingrediente faz bem à saúde, pois contém antioxidantes naturais

ACESSÓRIOS

Kit básico ajuda o cervejeiro artesanal na produção

FEITO EM CASA

A criatividade é um dos fatores fundamentais na hora de produzir a bebida

EU SEI FAZER

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Aquela ansiedade que bate quando chega o fim de se-mana é sinal de que é hora de marcar um encontro com os

amigos para comemorar e relaxar. Para muitos, não há nada melhor para celebrar essa reunião do que tomar uma cerveja bem gelada. Independente da estação do ano, essa bebida continua sendo prefe-rência nacional e ocupa lugar nas mesas e nos copos. Uma curiosidade é que ela também pode ser produzida em casa.

O dentista Gustavo Holderbaum co-meçou a produzir cerveja artesanal há dois anos. Ele conta que sempre teve von-tade de fabricar em casa e resolveu fazer um curso com uns amigos, apenas por ‘hobbie’. “Construímos nosso material e, desde 2010, produzimos cerveja para consumo próprio”, contou.

Esta fabricação requer uma aparelha-gem específica que pode ser comprada ou feita em casa. Vale ressaltar que para a venda da bebida caseira é necessário que o equipamento seja feito em inox. “No meu caso, junto com alguns amigos, deci-dimos construir todos os aparelhos neces-

sários para fazer a cerveja de maneira bem simples. Compramos panelas de alumínio e adaptamos torneiras, os maturadores (responsáveis pelo ‘envelhecimento’ da cerveja) são, na realidade, baldes de plás-tico, ou seja, montamos tudo”, explica Gustavo. Cada peça tem uma função es-pecífica na hora da fabricação do produto.

O processo realizado pelo dentista não tem mistério. Com os ingredientes cer-tos pode-se produzir qualquer cerveja. É importante destacar que existem vários tipos de malte e cada um irá produzir uma bebida diferente. A mistura dos cere-ais resulta, em muitos casos, em receitas inovadoras, de acordo com Holderbaum. Outro ingrediente fundamental é o lúpulo, que dá o amargor e o aroma ao produto. O tempo total da fabricação é de um mês. Em média, cada produção rende até 25 litros com o teor alcoólico de 4,5%, que também varia de acordo com tipo da bebi-da. O dentista ainda destaca que o tempo e temperatura do processo também podem mudar. “Nós desenvolvemos diferentes tipos a partir de determinadas receitas. Para entender melhor é preciso ressaltar

O conceito de “faça você mesmo” existe há anos, mas sempre foi colocado em prática por poucos. Esta concepção virou moda e abrange várias produções, como as de cerveja. Apaixonados por essa bebida, produtores petropolitanos abrem suas geladeiras para mostrar o segredo por trás dessa que é uma das paixões brasileiras.

POR LETICIA KNIBEL FOTOS REVISTA ON

PRODUÇÃO ARTESANAL

PREFERIDO

O estilo de cerveja mais consumido e produzido por Gustavo é o alemão

que existem duas ‘escolas’ principais de cerveja: a belga e a alemã.”

Ainda de acordo com o dentista Gus-tavo Holderbaum, a alemã é a mais tra-dicional de todas, pois permite apenas a utilização de quatro ingredientes para produção: o malte, o lúpulo, o fermento e a água. Já a belga busca inovar e insere em seus produtos outros elementos, como frutas, durante a maturação, assim como algumas indústrias nacionais de cerveja que utilizam o trigo. “Os estilos que mais produzi até hoje são a stout (mais escura e amarga) e a red ale (avermelhada e mais doce, suave), ambas de alta fermentação, com diferença apenas no malte e no lúpu-lo”, conta Gustavo.

As cervejas de baixa fermentação são mais consumidas e produzidas, como a pilsen, por exemplo, mas são mais difíceis de fazer artesanalmente devido ao contro-le de fermentação que é muito específico.

O turismólogo Matheus Taboada Oliveira de Andrade, também cervejeiro artesanal, conta que já produziu diversos estilos da bebida, como porters, pales ales, ipa’s, stouts, wit’s, weiss e destaca que são muitas as diferenças das cervejas industriais para as artesanais, pois estas utilizam, diferentemente da primeira, cereais não maltados (como trigo e cevada) na composição da bebida. Além disso, proporcionam um sabor mais encorpado e o aroma mais apurado do que as produzidas industrialmente. Matheus revela que a vantagem de produzir cerveja em casa é ter um produto de

qualidade superior ao que se encontra no mercado. “A desvantagem é que quando você faz uma cerveja, tem que respeitar os tempos de fermentação e maturação, que é demorado. Porém, quando fica pronta, se torna um prazer degustar e oferecer aos amigos”, diz.

Para Luiz Felipe de Oliveira Winter, também produtor artesanal, a fabricação significa a possibilidade de apreciar de forma mais “verdadeira” a cerveja. Ao trabalhar com escalas reduzidas em um processo manual, consegue-se obter a bebida com sabores e aromas excelen-tes. “A quantidade de cervejeiros artesa-nais aumenta cada vez mais e isso tem proporcionado, felizmente, a divulgação e a consciência de que existe um mundo ainda a ser explorado, dos incontáveis es-tilos de cervejas”, destaca.

Amiga de Holderbaum e apreciadora de cerveja artesanal, Aline Aparecida Lopes Neves destaca que a diferença en-

tre a bebida industrializada e a feita em casa é o cuidado, a preocupação em todo o processo, até mesmo incluir um ingre-diente extra para dar um sabor especial a uma receita já conhecida. “As artesanais conquistam o público que aprecia a de-gustação da bebida exatamente pelo fato de ter em torno delas a ideia de algo mais restrito, de maneira especial, diferente do que estamos acostumados a encon-trar em qualquer bar. Essa é a sensação que tenho ao beber a cerveja do Gusta-vo: algo exclusivo, feito de amigo para amigos e que tem um sabor que foge do comum”, revela Aline.

Para quem tem interesse em começar esse tipo de produção, existem sites so-bre o assunto, nos quais são encontrados diferentes tipos de aparelhos para fazer cerveja artesanal, incluindo as maté-rias-primas. O preço pode chegar a R$ 1.000. Há ainda a opção de improvisar, assim como fez Gustavo. Os sites tam-bém dão receitas e dicas sobre os tipos mais consumidos e produzidos.

A Acerva Petrópolis (Associação de Cervejeiros Artesanais de Petrópolis) tem o objetivo de reunir produtores e apreciadores de cervejas para degusta-ções, bate-papos, compras coletivas e troca de experiência, além de difundir a cultura cervejeira.

Com todas essas dicas, agora é só adquirir os equipamentos, esperar a fer-mentação e reunir os amigos para degus-tar a boa cerveja caseira, mas lembre-se: se for beber não dirija!

“A cada ano aumenta o número de pessoas que buscam cursos para aprender a produzir esta bebida em casa.”

LÚPULO

Além de dar o amargor e o aroma à cerveja, esse ingrediente faz bem à saúde, pois contém antioxidantes naturais

ACESSÓRIOS

Kit básico ajuda o cervejeiro artesanal na produção

FEITO EM CASA

A criatividade é um dos fatores fundamentais na hora de produzir a bebida

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38 Julho | Agosto

Depoimentos de dependentes químicos trazem histórias de tristeza e abandono. Além dos danos para a saúde, as vítimas

das drogas também veem famílias e pla-nos de vida se desmancharem. No lugar das pessoas amadas e dos objetivos de uma existência fica apenas a dependência.

Diante desses casos, surge uma pergun-ta: o que é possível fazer para recuperar es-tas pessoas? Como trazê-las de volta para uma vida saudável? Foi com estas questões que José Carlos Medeiros Nunes, mais co-nhecido como padre Quinha, deu início ao trabalho da Oficina de Jesus em 1997. De-dicado às causas sociais desde a juventude, o que lhe serviu como motivação para o sa-cerdócio, só apresenta um “vício”: a paixão pelo Fluminense.

“Começamos com o atendimento a moradores de rua dependentes do álcool”, conta o padre. As iniciativas eram realiza-das junto à Pastoral da Sobriedade, um ór-gão da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que busca combater a dependência química. O início foi modes-to, com reuniões realizadas no bairro Cor-

rêas. “Os nossos encontros tinham como objetivo reacender o interesse pela vida. A resposta para o trabalho foi tão boa que o projeto cresceu, até que um dia conse-guimos um sítio para expandir ainda mais nossas atividades”, conta o padre.

Para conhecer de perto o trabalho da “Oficina de Jesus”, a Revista On pegou carona no carro de padre Quinha e foi vi-sitar o sítio Nossa Senhora do Sorriso, em São José do Vale do Rio Preto, um dos lugares onde é realizado o tratamento.

A estrada que faz a ligação entre o distrito da Posse e o sítio tem uma paisa-gem que traz a calma e o aconchego do campo. É possível ter a impressão de que a terapia já começa na viagem. O am-biente urbano gradualmente dá espaço para a natureza – da mesma forma que o asfalto dá lugar para uma estrada de terra batida. “Até que a estrada está boa hoje”, comenta com bom humor o padre, enquanto desvia de um buraco.

O respeito da comunidade pelo páro-co fica em evidência no caminho para o sítio: ao passar por alguma comunidade são constantes os acenos dos moradores

e buzinadas de outros carros.Após um bom pedaço de chão, chega-

mos ao sítio. Depois de descer do carro, Quinha é abordado por alguns internos, que lhe contam as novidades do sítio e o pedem a benção.

A liberdade dos acolhidos é o que mais chama a atenção ao se chegar: não há mu-ros ou cadeados. O que os mantém no local é a própria vontade e o desejo de melhorar.

Em todo canto é possível ver as mar-cas do trabalho realizado. Quartos arru-mados, bancos para relaxar, a paisagem enfeitada com o verde dos canteiros de uma horta e até uma oficina de marcena-ria. Tudo feito pelos próprios atendidos.

Após reunir os internos na capela, também construída pelos abrigados, pa-dre Quinha dá início a uma missa.

Juntos, os presentes dão as mãos e compartilham do momento de serenida-de. Durante o sermão, José Carlos adap-ta o contexto da leitura para a realidade de luta dos dependentes e busca incenti-var a perseverança na recuperação.

Após a missa, o padre pergunta se al-guém tem vontade de compartilhar suas

RESTAURANDO SORRISOSTrabalho da “Ofi cina de Jesus” leva recuperação e esperança a dependentes químicos

POR LEONARDO FARROCO FOTOS REVISTA ON

Page 39: FB | Revista On Petrópolis #05

39revistaon.com.br

Depoimentos de dependentes químicos trazem histórias de tristeza e abandono. Além dos danos para a saúde, as vítimas

das drogas também veem famílias e pla-nos de vida se desmancharem. No lugar das pessoas amadas e dos objetivos de uma existência fica apenas a dependência.

Diante desses casos, surge uma pergun-ta: o que é possível fazer para recuperar es-tas pessoas? Como trazê-las de volta para uma vida saudável? Foi com estas questões que José Carlos Medeiros Nunes, mais co-nhecido como padre Quinha, deu início ao trabalho da Oficina de Jesus em 1997. De-dicado às causas sociais desde a juventude, o que lhe serviu como motivação para o sa-cerdócio, só apresenta um “vício”: a paixão pelo Fluminense.

“Começamos com o atendimento a moradores de rua dependentes do álcool”, conta o padre. As iniciativas eram realiza-das junto à Pastoral da Sobriedade, um ór-gão da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) que busca combater a dependência química. O início foi modes-to, com reuniões realizadas no bairro Cor-

rêas. “Os nossos encontros tinham como objetivo reacender o interesse pela vida. A resposta para o trabalho foi tão boa que o projeto cresceu, até que um dia conse-guimos um sítio para expandir ainda mais nossas atividades”, conta o padre.

Para conhecer de perto o trabalho da “Oficina de Jesus”, a Revista On pegou carona no carro de padre Quinha e foi vi-sitar o sítio Nossa Senhora do Sorriso, em São José do Vale do Rio Preto, um dos lugares onde é realizado o tratamento.

A estrada que faz a ligação entre o distrito da Posse e o sítio tem uma paisa-gem que traz a calma e o aconchego do campo. É possível ter a impressão de que a terapia já começa na viagem. O am-biente urbano gradualmente dá espaço para a natureza – da mesma forma que o asfalto dá lugar para uma estrada de terra batida. “Até que a estrada está boa hoje”, comenta com bom humor o padre, enquanto desvia de um buraco.

O respeito da comunidade pelo páro-co fica em evidência no caminho para o sítio: ao passar por alguma comunidade são constantes os acenos dos moradores

e buzinadas de outros carros.Após um bom pedaço de chão, chega-

mos ao sítio. Depois de descer do carro, Quinha é abordado por alguns internos, que lhe contam as novidades do sítio e o pedem a benção.

A liberdade dos acolhidos é o que mais chama a atenção ao se chegar: não há mu-ros ou cadeados. O que os mantém no local é a própria vontade e o desejo de melhorar.

Em todo canto é possível ver as mar-cas do trabalho realizado. Quartos arru-mados, bancos para relaxar, a paisagem enfeitada com o verde dos canteiros de uma horta e até uma oficina de marcena-ria. Tudo feito pelos próprios atendidos.

Após reunir os internos na capela, também construída pelos abrigados, pa-dre Quinha dá início a uma missa.

Juntos, os presentes dão as mãos e compartilham do momento de serenida-de. Durante o sermão, José Carlos adap-ta o contexto da leitura para a realidade de luta dos dependentes e busca incenti-var a perseverança na recuperação.

Após a missa, o padre pergunta se al-guém tem vontade de compartilhar suas

RESTAURANDO SORRISOSTrabalho da “Ofi cina de Jesus” leva recuperação e esperança a dependentes químicos

POR LEONARDO FARROCO FOTOS REVISTA ON

SAÚDE

Page 40: FB | Revista On Petrópolis #05

40 Julho | Agosto

experiências com outros. Não é preciso insistir para que voluntários se apresen-tem. Durante os depoimentos alguns chegam a se emocionar.

Um rapaz, com não mais que 20 anos, toma a vez para dar seu depoimento. Ele se apresenta e diz ser de Juiz de Fora. Apesar do jeito animado de falar, sua história é bem diferente. Começa com o relato da dependência química de sua mãe e como ele também foi parar nas drogas. Após tentar tratamento em sete clínicas

de desintoxicação, decidiu tentar o mé-todo da “Oficina de Jesus”. “Em outros lugares tomei vários remédios, até perder a conta”, relata ele, emocionado.

Posteriormente, quem fala é um ho-mem, que se apresenta como J. L., alco-ólatra, e que já tentou parar duas vezes, porém teve recaídas. Em seu depoimen-to, aproveita para agradecer a principal lição que teve na instituição: “agora pos-so planejar e definir metas para minha vida. Ao sair daqui quero colocar em prática as lições que tive”.

Já A., de Niterói, convida os atendi-dos a espalharem tudo o que aprenderam com os outros, dentro e fora do projeto: “O importante é acender uma vela den-tro de ti e passar a chama para outro, multiplicar o que se aprendeu”.

Ao conhecer o trabalho é possível per-ceber que um dia sem drogas é uma vitó-ria para quem busca se livrar do vício. Al-guns dos colaboradores são ex-pacientes que compartilham depoimentos ou aju-dam na organização do local. Outros são voluntários que buscam compartilhar seu

conhecimento com os acolhidos.Uma das parceiras é a missionária Ce-

rena Rocha, que possui experiência com agricultura sustentável e medicina natu-ral. Ela já realizou projetos na África e em outras cidades do Brasil. Para ela, o projeto realizado pela oficina se distingue de outros que já conheceu: “A diferença do trabalho realizado aqui é que os por-tões estão sempre abertos. Eles não são forçados a ficar. O amor do Padre Quinha e o acompanhamento espiritual também fazem muita diferença”.

O tratamento

Após passar por um processo de tria-gem e avaliação, os atendidos são enca-minhados para um dos sítios da “Oficina de Jesus”, onde recebem o tratamento durante seis meses.

Neste período, eles passam por diver-sas etapas, cada uma com um objetivo definido. “Trabalhamos com o querer de nossos atendidos. O primeiro passo é as-sumir sua condição de dependente e ter

CARINHO

Ao chegar, Padre Quinha é logo abordado pelos internos

vontade de melhorar”, explica Maria Luísa Soares, responsável pelo atendimento psi-cológico na instituição.

Um detalhe que chama a atenção é que toda a estrutura é fruto do trabalho dos internos. Durante o tratamento, é desen-volvida a laboraterapia, processo onde o paciente é mantido ocupado, desenvolven-do tarefas. “Realizamos atividades para devolver disciplina e rotina. O período que passam durante o uso de drogas, os faz per-der estes hábitos”, explica a psicóloga.

Em suas estadias, os acatados redes-cobrem valores e talentos que antes fo-ram deixados de lado pela dependência. Aprendem a controlar seus impulsos e a viver sem depender das drogas para sorrir. O processo busca prepará-los para voltar à vida em sociedade, pois o vício também afeta aspectos de comportamento, como explica a psicóloga: “por causa do perí-odo de dependência, muitos deles ficam desorientados, sem planos. Um dos nossos objetivos é fazer que eles saiam daqui sa-

bendo o que fazer.”Padre Quinha aponta que um dos ob-

jetivos atuais da instituição é reduzir ao máximo o número de recaídas. Para isso, o trabalho da “Oficina de Jesus” também busca o apoio das famílias. Uma vez por mês, os parentes vêm visitar a instituição em um ônibus. Além de matar a saudade, o momento também permite que os laços dos atendidos se fortaleçam. “Buscamos conscientizá-los do valor do ser humano. Muitos deles perderam o contato com seus parentes, por isso buscamos restabelecer estes vínculos”, conta Quinha. É justamen-te a reaproximação entre entes queridos, que, segundo o padre, permitiu colocar um apelido carinhoso para o local de atendi-mento: “apesar do sítio se chamar Nossa Senhora do Sorriso, abreviamos para ‘Sítio do Sorriso’, justamente para homenagear as famílias que já conseguimos restaurar”, completa.

Em novembro de 2011, em função do trabalho realizado pela oficina e de outros projetos sociais, Padre Quinha recebeu a maior condecoração da Câmara Munici-pal de Petrópolis, a Medalha Koeller. No mesmo mês, também recebeu o prêmio João Canuto, promovido pelo Instituto Hu-manos Direitos, ao lado de outras persona-lidades como o ator Marcos Palmeira e o cineasta Cacá Diegues.

Novos desafi os

O crescimento do trabalho também veio acompanhado de novos desafios. A primei-ra mudança foi o local de origem. No início, a maior parte deles era do Centro de Petró-polis, mas atualmente a “Oficina de Jesus” recebe pedidos para acolher pessoas até de outros estados.

Outra mudança foi o tipo de vício. Nos primeiros anos o atendimento era feito para dependentes do álcool, mas depois passou a acolher usuários de drogas ilícitas também. Antes restrito a grandes centros urbanos, agora o crack também encontra usuários em cidades do interior. Dados do Ministério da Saúde mostram que entre os anos de 2005 e 2010 houve um crescimento de 58% no nú-mero de usuários da droga, chegando a mais de 600 mil em todo o país. A droga cria uma dependência mais forte do que a do álcool e demanda mais trabalho na recuperação.

Atualmente, apenas homens são aten-didos, mas padre Quinha conta que existe demanda para o atendimento a mulheres - o que ainda não foi possível colocar em prática por restrições financeiras.

Fé restauradora

Os pacientes possuem histórias e origens variadas. Diferentes lugares, classes sociais distintas. Alguns possuíam emprego e família construída. Outros tomaram a rua como suas casas já na adolescência. Ainda assim, é possível encontrar um ponto em comum entre todas as histórias: o vício. O projeto busca criar outro ponto em comum entre os atendidos: a fé.

Para a oficina, não basta apenas deixá-los longe das drogas. Também é necessário que eles estejam em paz para que não sintam vontade de procurar o vício novamente.

Durante suas visitas ao sítio, padre Qui-nha busca dar atenção individual para os internos. Ouvir suas angústias, entender seus problemas. É dessa forma que ele acredita criar uma relação onde possa dizer aquilo que gostariam e precisam ouvir.

Do lado amargo do mundo, a rotina da maior parte deles dá lugar a um pedaço mais doce da vida, apresentado pelo padre. O trabalho também mostra que, durante o percurso de recuperação, não estão sozi-nhos: os outros atendidos também estão lá, compartilhando experiências e apoio. Para Cerena Rocha, parte do trabalho é mostrar aos atendidos que eles são capazes de se-rem felizes: “aqui é inserida uma semen-te que vai brotar, pois foi plantada com muito amor”.

ACREDITAR

Além de apoio psicológico, também há o suporte religioso

VIDA NO CAMPO

Entre as atividades da instituição, está o zelo por uma horta

FRUTOS DO TRABALHO

A capela foi construída pelos acolhidos

SAÚDE

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41revistaon.com.br

experiências com outros. Não é preciso insistir para que voluntários se apresen-tem. Durante os depoimentos alguns chegam a se emocionar.

Um rapaz, com não mais que 20 anos, toma a vez para dar seu depoimento. Ele se apresenta e diz ser de Juiz de Fora. Apesar do jeito animado de falar, sua história é bem diferente. Começa com o relato da dependência química de sua mãe e como ele também foi parar nas drogas. Após tentar tratamento em sete clínicas

de desintoxicação, decidiu tentar o mé-todo da “Oficina de Jesus”. “Em outros lugares tomei vários remédios, até perder a conta”, relata ele, emocionado.

Posteriormente, quem fala é um ho-mem, que se apresenta como J. L., alco-ólatra, e que já tentou parar duas vezes, porém teve recaídas. Em seu depoimen-to, aproveita para agradecer a principal lição que teve na instituição: “agora pos-so planejar e definir metas para minha vida. Ao sair daqui quero colocar em prática as lições que tive”.

Já A., de Niterói, convida os atendi-dos a espalharem tudo o que aprenderam com os outros, dentro e fora do projeto: “O importante é acender uma vela den-tro de ti e passar a chama para outro, multiplicar o que se aprendeu”.

Ao conhecer o trabalho é possível per-ceber que um dia sem drogas é uma vitó-ria para quem busca se livrar do vício. Al-guns dos colaboradores são ex-pacientes que compartilham depoimentos ou aju-dam na organização do local. Outros são voluntários que buscam compartilhar seu

conhecimento com os acolhidos.Uma das parceiras é a missionária Ce-

rena Rocha, que possui experiência com agricultura sustentável e medicina natu-ral. Ela já realizou projetos na África e em outras cidades do Brasil. Para ela, o projeto realizado pela oficina se distingue de outros que já conheceu: “A diferença do trabalho realizado aqui é que os por-tões estão sempre abertos. Eles não são forçados a ficar. O amor do Padre Quinha e o acompanhamento espiritual também fazem muita diferença”.

O tratamento

Após passar por um processo de tria-gem e avaliação, os atendidos são enca-minhados para um dos sítios da “Oficina de Jesus”, onde recebem o tratamento durante seis meses.

Neste período, eles passam por diver-sas etapas, cada uma com um objetivo definido. “Trabalhamos com o querer de nossos atendidos. O primeiro passo é as-sumir sua condição de dependente e ter

CARINHO

Ao chegar, Padre Quinha é logo abordado pelos internos

vontade de melhorar”, explica Maria Luísa Soares, responsável pelo atendimento psi-cológico na instituição.

Um detalhe que chama a atenção é que toda a estrutura é fruto do trabalho dos internos. Durante o tratamento, é desen-volvida a laboraterapia, processo onde o paciente é mantido ocupado, desenvolven-do tarefas. “Realizamos atividades para devolver disciplina e rotina. O período que passam durante o uso de drogas, os faz per-der estes hábitos”, explica a psicóloga.

Em suas estadias, os acatados redes-cobrem valores e talentos que antes fo-ram deixados de lado pela dependência. Aprendem a controlar seus impulsos e a viver sem depender das drogas para sorrir. O processo busca prepará-los para voltar à vida em sociedade, pois o vício também afeta aspectos de comportamento, como explica a psicóloga: “por causa do perí-odo de dependência, muitos deles ficam desorientados, sem planos. Um dos nossos objetivos é fazer que eles saiam daqui sa-

bendo o que fazer.”Padre Quinha aponta que um dos ob-

jetivos atuais da instituição é reduzir ao máximo o número de recaídas. Para isso, o trabalho da “Oficina de Jesus” também busca o apoio das famílias. Uma vez por mês, os parentes vêm visitar a instituição em um ônibus. Além de matar a saudade, o momento também permite que os laços dos atendidos se fortaleçam. “Buscamos conscientizá-los do valor do ser humano. Muitos deles perderam o contato com seus parentes, por isso buscamos restabelecer estes vínculos”, conta Quinha. É justamen-te a reaproximação entre entes queridos, que, segundo o padre, permitiu colocar um apelido carinhoso para o local de atendi-mento: “apesar do sítio se chamar Nossa Senhora do Sorriso, abreviamos para ‘Sítio do Sorriso’, justamente para homenagear as famílias que já conseguimos restaurar”, completa.

Em novembro de 2011, em função do trabalho realizado pela oficina e de outros projetos sociais, Padre Quinha recebeu a maior condecoração da Câmara Munici-pal de Petrópolis, a Medalha Koeller. No mesmo mês, também recebeu o prêmio João Canuto, promovido pelo Instituto Hu-manos Direitos, ao lado de outras persona-lidades como o ator Marcos Palmeira e o cineasta Cacá Diegues.

Novos desafi os

O crescimento do trabalho também veio acompanhado de novos desafios. A primei-ra mudança foi o local de origem. No início, a maior parte deles era do Centro de Petró-polis, mas atualmente a “Oficina de Jesus” recebe pedidos para acolher pessoas até de outros estados.

Outra mudança foi o tipo de vício. Nos primeiros anos o atendimento era feito para dependentes do álcool, mas depois passou a acolher usuários de drogas ilícitas também. Antes restrito a grandes centros urbanos, agora o crack também encontra usuários em cidades do interior. Dados do Ministério da Saúde mostram que entre os anos de 2005 e 2010 houve um crescimento de 58% no nú-mero de usuários da droga, chegando a mais de 600 mil em todo o país. A droga cria uma dependência mais forte do que a do álcool e demanda mais trabalho na recuperação.

Atualmente, apenas homens são aten-didos, mas padre Quinha conta que existe demanda para o atendimento a mulheres - o que ainda não foi possível colocar em prática por restrições financeiras.

Fé restauradora

Os pacientes possuem histórias e origens variadas. Diferentes lugares, classes sociais distintas. Alguns possuíam emprego e família construída. Outros tomaram a rua como suas casas já na adolescência. Ainda assim, é possível encontrar um ponto em comum entre todas as histórias: o vício. O projeto busca criar outro ponto em comum entre os atendidos: a fé.

Para a oficina, não basta apenas deixá-los longe das drogas. Também é necessário que eles estejam em paz para que não sintam vontade de procurar o vício novamente.

Durante suas visitas ao sítio, padre Qui-nha busca dar atenção individual para os internos. Ouvir suas angústias, entender seus problemas. É dessa forma que ele acredita criar uma relação onde possa dizer aquilo que gostariam e precisam ouvir.

Do lado amargo do mundo, a rotina da maior parte deles dá lugar a um pedaço mais doce da vida, apresentado pelo padre. O trabalho também mostra que, durante o percurso de recuperação, não estão sozi-nhos: os outros atendidos também estão lá, compartilhando experiências e apoio. Para Cerena Rocha, parte do trabalho é mostrar aos atendidos que eles são capazes de se-rem felizes: “aqui é inserida uma semen-te que vai brotar, pois foi plantada com muito amor”.

ACREDITAR

Além de apoio psicológico, também há o suporte religioso

VIDA NO CAMPO

Entre as atividades da instituição, está o zelo por uma horta

FRUTOS DO TRABALHO

A capela foi construída pelos acolhidos

Page 42: FB | Revista On Petrópolis #05

42 Julho | Agosto

Nascido e criado no bairro Bin-gen em 19 de novembro de 1954, Fernando Morelli é, antes de tudo, um apaixonado

pela história da Segunda Guerra Mundial e por antiguidades. Foi justamente este gosto peculiar que o motivou a se tornar colecionador de diversos objetos, muitos dos quais utilizados por milhares de pes-soas, em diferentes épocas e países. Todo o acervo permanece reunido no galpão de 160 metros construído e administrado por ele na rua Coronel Duarte da Silveira. O local, aliás, é conhecido como Pátio 42, mas o desígnio desta nomenclatura tem uma explicação. A terminologia pátio

foi escolhida com o intuito de imaginar o espaço como um estacionamento e o número 42 é uma recordação ao ano em que o Brasil entrou no segundo maior conflito ocorrido no mundo.

Morelli garante não se lembrar do exato momento em que começou a cole-cionar as relíquias, entretanto, alega que, desde cedo, já demonstrava admiração pelo ramo. Em 1998 tornou-se sócio do Imperial Jeep Club, o primeiro clube de viaturas militares da América Latina. A partir daí, passou a viajar para vários lugares participando de eventos interna-cionais relacionados ao tema. Mais tarde, comprou um veículo militar e com todo o material que já havia juntado ao longo dos anos decidiu montar o atual Pátio 42. “Eu morava em casa e logo em seguida fui para um apartamento. Depois vendi a casa, o sítio e senti falta de ter as minhas

A HISTÓRIA ATRAVÉS DE COLEÇÕESPara quem é apaixonado por antiguidades, aí vai uma curiosidade: desde 2004, Petrópolis conta com o Pátio 42. O espaço abriga um vasto acervo composto por inúmeros objetos utilizados pelas gerações antigas e que hoje estão restaurados e permanecem preservados por Fernando Morelli. São peças que marcaram não apenas a Segunda Guerra Mundial, mas também fatos mais próximos do petropolitano,

como o trem subindo a Serra.

POR JOSÉ ÂNGELO COSTA FOTOS REVISTA ON

Quando se mudou para apartamento, Fernando Morelli não tinha onde deixar suas peças e foi aí que decidiu construir um espaço para abrigar a coleção

PAPO DE COLECIONADOR

Page 43: FB | Revista On Petrópolis #05

43revistaon.com.br

Nascido e criado no bairro Bin-gen em 19 de novembro de 1954, Fernando Morelli é, antes de tudo, um apaixonado

pela história da Segunda Guerra Mundial e por antiguidades. Foi justamente este gosto peculiar que o motivou a se tornar colecionador de diversos objetos, muitos dos quais utilizados por milhares de pes-soas, em diferentes épocas e países. Todo o acervo permanece reunido no galpão de 160 metros construído e administrado por ele na rua Coronel Duarte da Silveira. O local, aliás, é conhecido como Pátio 42, mas o desígnio desta nomenclatura tem uma explicação. A terminologia pátio

foi escolhida com o intuito de imaginar o espaço como um estacionamento e o número 42 é uma recordação ao ano em que o Brasil entrou no segundo maior conflito ocorrido no mundo.

Morelli garante não se lembrar do exato momento em que começou a cole-cionar as relíquias, entretanto, alega que, desde cedo, já demonstrava admiração pelo ramo. Em 1998 tornou-se sócio do Imperial Jeep Club, o primeiro clube de viaturas militares da América Latina. A partir daí, passou a viajar para vários lugares participando de eventos interna-cionais relacionados ao tema. Mais tarde, comprou um veículo militar e com todo o material que já havia juntado ao longo dos anos decidiu montar o atual Pátio 42. “Eu morava em casa e logo em seguida fui para um apartamento. Depois vendi a casa, o sítio e senti falta de ter as minhas

A HISTÓRIA ATRAVÉS DE COLEÇÕESPara quem é apaixonado por antiguidades, aí vai uma curiosidade: desde 2004, Petrópolis conta com o Pátio 42. O espaço abriga um vasto acervo composto por inúmeros objetos utilizados pelas gerações antigas e que hoje estão restaurados e permanecem preservados por Fernando Morelli. São peças que marcaram não apenas a Segunda Guerra Mundial, mas também fatos mais próximos do petropolitano,

como o trem subindo a Serra.

POR JOSÉ ÂNGELO COSTA FOTOS REVISTA ON

Quando se mudou para apartamento, Fernando Morelli não tinha onde deixar suas peças e foi aí que decidiu construir um espaço para abrigar a coleção

Page 44: FB | Revista On Petrópolis #05

44 Julho | Agosto

coisas. Daí construí três galpões. Alu-guei dois e fiquei com este pequeno pra mim. Foi quando começou essa parafer-nália”, pontua.

Ao construir o galpão, o aposentado, que demonstra ser detalhista e prioriza a organização, reservou um espaço diferen-ciado para os itens que compõem o acer-vo. De acordo com ele, em cada canto há uma história distinta como, por exemplo, a do bairro Bingen, onde os descendentes de famílias tradicionais e de imigrantes que colonizaram a região doaram fotogra-fias e objetos antigos. Em outra parte do paiol, e talvez uma das mais interessantes de toda a coleção, encontra-se o registro da Segunda Guerra Mundial. Fernando Morelli recebeu o material cedido pelo filho do sargento alemão Ferdinand Von Wieser, um paraquedista do exército na-zista que, ao término do conflito, fugiu

para o Brasil e se instalou em Petrópo-lis, na Fazenda Inglesa. O arquivo pos-sui imagens de Ferdinand na Alemanha, medalhas, isqueiro e uma foto dele na companhia de Adolf Hitler, de quem re-cebeu uma carta.

Quanto à participação dos brasileiros na guerra, o restaurador possui fotogra-fias, itens usados pelos soldados e até um mapa com os nomes de todos os homens convocados que não retornaram ao país. Há ainda outras peças como um barril, que segundo Morelli, na época era jogado de paraquedas com o intuito de abastecer os tanques de guerra. Há também uma bomba de gasolina da empresa Texaco, a primeira a fornecer este combustível para os Estados Unidos durante o confron-to militar global. “Essa bomba deve ter umas quatro ou cinco no mundo. Antes de ter posto de gasolina, alguém que tinha

uma farmácia ou um armazém vendia nas casas. Essa bomba é raridade. Ela foi fa-bricada entre 1908 e 1918”, revela.

Segundo o colecionador, o intuito do acervo é reunir pessoas, amigos e trocar experiências, além de mexer com a ima-ginação dos visitantes incentivando-os a “viajar” pelo passado. Para os mais ve-lhos, é uma forma de recordar a infância, como o próprio Morelli tratou de fazer. Quando garoto, diz ter trabalhado em uma oficina mecânica e por isso, decidiu juntar uma infinidade de ferramentas utilizadas na manutenção de automóveis. “Eu fui trabalhar com o mecânico Arlindo Deister e foi ele quem me ensinou todo esse capri-cho que tenho aqui hoje, porque a oficina dele era assim”. Como não poderia ser diferente, o restaurador também registrou um dos mais importantes acontecimentos da história de Petrópolis: a chegada do trem à cidade. Criativo, montou no topo do galpão o trilho com a miniatura de uma locomotiva e o apito que informava a che-gada deste meio de transporte.

Marcas e produtos tradicionais

Um ponto incomum na coleção ex-posta no Pátio 42 é a diversidade de as-suntos históricos nele representados. Ró-tulos de tradicionais produtos geralmente adquiridos em armazéns e mercadinhos, entre os quais “Quaker”, “Láctea”, “Royal” e “Neston”, despertam a atenção de quem tem a oportunidade de conhecer o lugar, inaugurado em 2004. As pessoas podem recordar o tempo em que a pimen-ta era vendida em pó, algo que nos dias

NÃO PODERIA FALTAR

As bombas de gasolina são do início do século 20

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Fotografi as e objetos de soldados durante o confl ito

HISTÓRIA

No acervo, também constam marcas de produtos tradicionais

THOMAS EDISON

Um espaço foi reservado para a história do inventor do fonógrafo com cilindros

IDEALIZADOR

Fernando Morelli sempre gostou de antiguidades

DIV

ULG

ÃO

de hoje não acontece mais. Fernando Morelli também compila marcas de be-bidas apreciadas em todo o mundo, tais como a Coca-Cola, onde teve a proeza de conseguir o primeiro modelo de gar-rafa lançado no mercado, além, é claro, da boa e velha cerveja Bohemia.

Esforço próprio

Aposentado desde 1998, Morelli ga-rante nunca ter recebido a ajuda de nin-guém na montagem do galpão e gastou do próprio bolso na aquisição das peças que compõem a vasta coleção. Nas palavras do ex-tratorista, a maioria do material foi comprada e poucos objetos foram doa-dos. “A cada dia vem um e te oferece uma coisa, enquanto outros não têm lugar para guardar e acabam deixando comigo. Mui-tos não vendem porque têm pena. Então do am”, revela. Chateado, lembra não ter tido apoio dos familiares, principalmente dos dois filhos, que jamais visitaram ou demonstraram qualquer tipo de interesse pelo hobby do pai. Conta ainda que a mãe está muito idosa e não há como ele dedi-

car todo o tempo ao Pátio 42. Já a atual namorada, segundo ele, não liga muito para este tipo de coisa. A prioridade do acervo, portanto, é apenas proporcionar momentos agradáveis de bate-papo com as pessoas mais próximas. “Não abro isso aqui ao público. Só para as confra-ternizações dos amigos.”

Velhas amizades

O industrial Jorge Alberto Grotz é ami-go de infância do colecionador e também demonstra ser admirador pessoal dele. Pra-ticamente um irmão, assim como define. Tendo a chance de acompanhar de perto o projeto criado por Fernando Morelli, acre-dita que a ideia, a qual classifica como ge-nial e inovadora, é uma forma de resgatar o passado e ainda serve de exemplo para outros petropolitanos. Grotz lembra que em determinada ocasião, uma senhora que visitava o espaço se impressionou ao ouvir a música do extinto programa jornalístico “Repórter Esso”, transmitida por um antigo rádio adquirido pelo colega restaurador. Na verdade, o equipamento está fora de uso, mas através de músicas no celular, Morelli simula o funcionamento do aparelho. “É um passado mais recente para quem viveu a época do Esso ou da radionovela”, salienta. Para Jorge, momentos como este fazem do Pátio 42 um local apreciado por muitos e do colega, um homem empreendedor. “Ele é apaixonado por aquilo ali e uma pessoa do bem. Faz isso com prazer”, concluiu.

RARIDADE

Artefatos do sargento nazista Ferdinand Von Wieser que fugiu para Petrópolis

PAPO DE COLECIONADOR

Page 45: FB | Revista On Petrópolis #05

45revistaon.com.br

coisas. Daí construí três galpões. Alu-guei dois e fiquei com este pequeno pra mim. Foi quando começou essa parafer-nália”, pontua.

Ao construir o galpão, o aposentado, que demonstra ser detalhista e prioriza a organização, reservou um espaço diferen-ciado para os itens que compõem o acer-vo. De acordo com ele, em cada canto há uma história distinta como, por exemplo, a do bairro Bingen, onde os descendentes de famílias tradicionais e de imigrantes que colonizaram a região doaram fotogra-fias e objetos antigos. Em outra parte do paiol, e talvez uma das mais interessantes de toda a coleção, encontra-se o registro da Segunda Guerra Mundial. Fernando Morelli recebeu o material cedido pelo filho do sargento alemão Ferdinand Von Wieser, um paraquedista do exército na-zista que, ao término do conflito, fugiu

para o Brasil e se instalou em Petrópo-lis, na Fazenda Inglesa. O arquivo pos-sui imagens de Ferdinand na Alemanha, medalhas, isqueiro e uma foto dele na companhia de Adolf Hitler, de quem re-cebeu uma carta.

Quanto à participação dos brasileiros na guerra, o restaurador possui fotogra-fias, itens usados pelos soldados e até um mapa com os nomes de todos os homens convocados que não retornaram ao país. Há ainda outras peças como um barril, que segundo Morelli, na época era jogado de paraquedas com o intuito de abastecer os tanques de guerra. Há também uma bomba de gasolina da empresa Texaco, a primeira a fornecer este combustível para os Estados Unidos durante o confron-to militar global. “Essa bomba deve ter umas quatro ou cinco no mundo. Antes de ter posto de gasolina, alguém que tinha

uma farmácia ou um armazém vendia nas casas. Essa bomba é raridade. Ela foi fa-bricada entre 1908 e 1918”, revela.

Segundo o colecionador, o intuito do acervo é reunir pessoas, amigos e trocar experiências, além de mexer com a ima-ginação dos visitantes incentivando-os a “viajar” pelo passado. Para os mais ve-lhos, é uma forma de recordar a infância, como o próprio Morelli tratou de fazer. Quando garoto, diz ter trabalhado em uma oficina mecânica e por isso, decidiu juntar uma infinidade de ferramentas utilizadas na manutenção de automóveis. “Eu fui trabalhar com o mecânico Arlindo Deister e foi ele quem me ensinou todo esse capri-cho que tenho aqui hoje, porque a oficina dele era assim”. Como não poderia ser diferente, o restaurador também registrou um dos mais importantes acontecimentos da história de Petrópolis: a chegada do trem à cidade. Criativo, montou no topo do galpão o trilho com a miniatura de uma locomotiva e o apito que informava a che-gada deste meio de transporte.

Marcas e produtos tradicionais

Um ponto incomum na coleção ex-posta no Pátio 42 é a diversidade de as-suntos históricos nele representados. Ró-tulos de tradicionais produtos geralmente adquiridos em armazéns e mercadinhos, entre os quais “Quaker”, “Láctea”, “Royal” e “Neston”, despertam a atenção de quem tem a oportunidade de conhecer o lugar, inaugurado em 2004. As pessoas podem recordar o tempo em que a pimen-ta era vendida em pó, algo que nos dias

NÃO PODERIA FALTAR

As bombas de gasolina são do início do século 20

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Fotografi as e objetos de soldados durante o confl ito

HISTÓRIA

No acervo, também constam marcas de produtos tradicionais

THOMAS EDISON

Um espaço foi reservado para a história do inventor do fonógrafo com cilindros

IDEALIZADOR

Fernando Morelli sempre gostou de antiguidades

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de hoje não acontece mais. Fernando Morelli também compila marcas de be-bidas apreciadas em todo o mundo, tais como a Coca-Cola, onde teve a proeza de conseguir o primeiro modelo de gar-rafa lançado no mercado, além, é claro, da boa e velha cerveja Bohemia.

Esforço próprio

Aposentado desde 1998, Morelli ga-rante nunca ter recebido a ajuda de nin-guém na montagem do galpão e gastou do próprio bolso na aquisição das peças que compõem a vasta coleção. Nas palavras do ex-tratorista, a maioria do material foi comprada e poucos objetos foram doa-dos. “A cada dia vem um e te oferece uma coisa, enquanto outros não têm lugar para guardar e acabam deixando comigo. Mui-tos não vendem porque têm pena. Então do am”, revela. Chateado, lembra não ter tido apoio dos familiares, principalmente dos dois filhos, que jamais visitaram ou demonstraram qualquer tipo de interesse pelo hobby do pai. Conta ainda que a mãe está muito idosa e não há como ele dedi-

car todo o tempo ao Pátio 42. Já a atual namorada, segundo ele, não liga muito para este tipo de coisa. A prioridade do acervo, portanto, é apenas proporcionar momentos agradáveis de bate-papo com as pessoas mais próximas. “Não abro isso aqui ao público. Só para as confra-ternizações dos amigos.”

Velhas amizades

O industrial Jorge Alberto Grotz é ami-go de infância do colecionador e também demonstra ser admirador pessoal dele. Pra-ticamente um irmão, assim como define. Tendo a chance de acompanhar de perto o projeto criado por Fernando Morelli, acre-dita que a ideia, a qual classifica como ge-nial e inovadora, é uma forma de resgatar o passado e ainda serve de exemplo para outros petropolitanos. Grotz lembra que em determinada ocasião, uma senhora que visitava o espaço se impressionou ao ouvir a música do extinto programa jornalístico “Repórter Esso”, transmitida por um antigo rádio adquirido pelo colega restaurador. Na verdade, o equipamento está fora de uso, mas através de músicas no celular, Morelli simula o funcionamento do aparelho. “É um passado mais recente para quem viveu a época do Esso ou da radionovela”, salienta. Para Jorge, momentos como este fazem do Pátio 42 um local apreciado por muitos e do colega, um homem empreendedor. “Ele é apaixonado por aquilo ali e uma pessoa do bem. Faz isso com prazer”, concluiu.

RARIDADE

Artefatos do sargento nazista Ferdinand Von Wieser que fugiu para Petrópolis

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46 Julho | Agosto

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ADRENALINANAS ALTURAS

Lá em cima tudo fi ca mais belo, mais fascinante e traz a sensação de um momento único de paz e tranquilidade em contato com a natureza. Seja em uma escalada ou caminhada, o montanhismo leva aos praticantes a vontade de querer sempre mais. Embarque nesta aventura pelos pontos mais altos de Petrópolis, afi nal a temporada está aberta!

POR ALINE RICKLY

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“É uma mistura de alívio, satisfa-ção, felicidade. No meu caso, ge-ralmente só assimilo a experiência depois de algum tempo. É algo tão

pessoal que não pode ser colocado em palavras. Para mim, nem sempre chegar ao topo é a finalidade. Há casos em que é obrigatório, não só por desejo, mas como a única forma de escapar com vida. São as escaladas conhecidas como ‘alpinas’. Nestas, os escaladores fazem a ascensão de rotas complexas e sem grandes possi-bilidades de descida pela via de subida. Daí a obrigatoriedade do topo para aces-sar a rota de descida. Nestes casos, ele é especial”, diz Marcel Leoni Pacheco, 35.

Desde criança o inspetor de controle de qualidade industrial se interessa pelas montanhas. Aos seis anos subiu pela pri-meira vez com o pai e o primo. Depois ele confessa que continuou o esporte mesmo escondido dos pais, mas sempre na com-panhia de amigos. “Em 1993 fiz um curso básico de escalada em rocha através do

CEP (Centro Excursionista Petropolita-no). Foi quando esta modalidade passou a ser o meu estilo de vida e principal ati-vidade”, conta. Ele diz que escalar nunca foi rotina. “Quem gosta de verdade apro-veita todas as oportunidades que se apre-sentam. Na vida agitada que vivemos, acabamos por não dispor de muito tempo para estas atividades diferenciadas. Mas não basta querer, outros fatores são fun-damentais, como as condições climáticas favoráveis.” Para Marcel, a altura não é o mais importante. O inspetor já esca-lou vias com mais de 1.000 metros, mas diz que é a complexidade e a beleza que atraem de verdade. “Claro que a altura também é legal, pois, quanto mais alto, mais amplo é o visual.”

O estudante de biofísica Felipe Moraes Lucena, 20, também é fanático por tudo o que envolve as rochas e as montanhas. O jovem começou a fazer trilhas também aos seis anos, mas se apaixonou mesmo quando fez a travessia Petrópolis – Tere-sópolis com o pai e o irmão. Ele já che-gou a escalar quatro vezes por semana, porém a rotina mudou devido aos com-promissos do dia a dia. Contudo, os fi-nais de semana são sempre reservados às aventuras. “É uma sensação fantástica, ainda mais quando se trata de um cume que só pode ser atingido escalando. Um sentimento de realização, de recompen-sa, além do visual único e belíssimo que as montanhas proporcionam”.

Especificamente na escalada, alguns equipamentos são de extrema importân-cia como a baudrier (cadeirinha), o freio, a corda dinâmica (para evitar quedas), diversos mosquetões (anel metálico que possui um segmento móvel, chamado ga-tilho, que se abre para permitir a passagem da corda), sapatilhas especiais (aderentes e precisas), capacete e um saco de mag-nésio (para secar o suor das mãos). A au-sência deles pode implicar em acidentes e, por este motivo, os materiais devem ser usados com segurança. Segundo Marcel, são artefatos muito especiais. “Eles são desenvolvidos, fabricados e testados sob uma legislação muito rigorosa. Seu ma-nuseio requer conhecimento específico e treinamento qualificado, para sua melhor performance e, principalmente, para evi-tar imprevistos”, explica.

De acordo com o vice-presidente da Femerj (Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro) Julio Mello, o montanhismo, assim como todo esporte praticado na natureza, tem uma parcela de risco. “Qualquer montanha é um ter-ritório desconhecido e selvagem, por isso todo praticante deste tipo de esporte deve estar ciente dos perigos, já que ninguém está isento de um raio cair, uma árvore tombar, uma rocha rolar ou até de um contato com algum animal peçonhento. O mais importante neste tipo de atividade é a formação e experiência do praticante”. Julio explica que a prática desta ativida-de requer planejamento e conhecimen-to do ambiente. “É um esporte de risco calculado, onde as regras devem ser res-peitadas assim como os limites (físico e técnico) por parte do praticante”, diz. O vice-presidente alerta que, na maioria das vezes, os acidentes têm causa huma-na, como incapacidade técnica e psicoló-gica, inexperiência, distração, negligên-cia de normas de segurança e até mesmo o clima desfavorável.

Julio ainda acrescenta que Petrópolis é uma das cidades que atrai um número grande de montanhistas. “Seja por sua beleza contemplativa de paisagens sem igual, pelos desafios de suas grandiosas montanhas ou pela exuberância do am-

SEGURANÇA

Felipe Almeida mostra os equipamentos necessários antes de começar a escalar

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EQUIPAMENTOS

Alguns itens são indispensáveis para os praticantes de escalada

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FREIO

Quem fi ca na base controla a corda para o que está subindo

biente e riquezas da fauna e flora”, avalia. O período entre maio e outubro é consi-derado mais indicado para praticar o es-porte, “pois são os meses mais secos do ano, com temperaturas mais amenas, o que torna mais agradável o contato com a natureza”, destaca.

O diretor técnico do CEB (Centro Ex-cursionista Brasileiro) Horácio Ragucci in-forma que a instituição possui atualmente 300 associados. “Geralmente os pratican-tes tem idade entre 12 e 75 anos e o núme-ro entre homens e mulheres é equivalente”, completa. Entre as principais montanhas da cidade, cita a Pedra do Cortiço, do Re-tiro, Alcobaça, Açu e Alto da Ventania. O diretor ressalta que, para este tipo de espor-te, um bom preparo aeróbico é indispensá-vel, assim como estar acompanhado de um guia. “Se a proposta for escalar, é indicado efetuar previamente um curso básico onde serão ministradas as técnicas essenciais para garantir a segurança”, enfatiza.

As trilhas de montanha também são bastante exploradas nesta época do ano. Só no Parnaso (Parque Nacional Serra

dos Órgãos) há um aumento de 560% nas visitações no período entre abril e setembro. Segundo o chefe de setor de uso público do parque, Leonardo de Frei-

tas, a procura está relacionada à menor incidência de chuvas na região. “Mas as trilhas ficam abertas à visitação durante todos os meses do ano”, acrescenta.

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ABERTURA DE VIA

Em alguns casos os escaladores optam por dormir na rocha

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“É uma mistura de alívio, satisfa-ção, felicidade. No meu caso, ge-ralmente só assimilo a experiência depois de algum tempo. É algo tão

pessoal que não pode ser colocado em palavras. Para mim, nem sempre chegar ao topo é a finalidade. Há casos em que é obrigatório, não só por desejo, mas como a única forma de escapar com vida. São as escaladas conhecidas como ‘alpinas’. Nestas, os escaladores fazem a ascensão de rotas complexas e sem grandes possi-bilidades de descida pela via de subida. Daí a obrigatoriedade do topo para aces-sar a rota de descida. Nestes casos, ele é especial”, diz Marcel Leoni Pacheco, 35.

Desde criança o inspetor de controle de qualidade industrial se interessa pelas montanhas. Aos seis anos subiu pela pri-meira vez com o pai e o primo. Depois ele confessa que continuou o esporte mesmo escondido dos pais, mas sempre na com-panhia de amigos. “Em 1993 fiz um curso básico de escalada em rocha através do

CEP (Centro Excursionista Petropolita-no). Foi quando esta modalidade passou a ser o meu estilo de vida e principal ati-vidade”, conta. Ele diz que escalar nunca foi rotina. “Quem gosta de verdade apro-veita todas as oportunidades que se apre-sentam. Na vida agitada que vivemos, acabamos por não dispor de muito tempo para estas atividades diferenciadas. Mas não basta querer, outros fatores são fun-damentais, como as condições climáticas favoráveis.” Para Marcel, a altura não é o mais importante. O inspetor já esca-lou vias com mais de 1.000 metros, mas diz que é a complexidade e a beleza que atraem de verdade. “Claro que a altura também é legal, pois, quanto mais alto, mais amplo é o visual.”

O estudante de biofísica Felipe Moraes Lucena, 20, também é fanático por tudo o que envolve as rochas e as montanhas. O jovem começou a fazer trilhas também aos seis anos, mas se apaixonou mesmo quando fez a travessia Petrópolis – Tere-sópolis com o pai e o irmão. Ele já che-gou a escalar quatro vezes por semana, porém a rotina mudou devido aos com-promissos do dia a dia. Contudo, os fi-nais de semana são sempre reservados às aventuras. “É uma sensação fantástica, ainda mais quando se trata de um cume que só pode ser atingido escalando. Um sentimento de realização, de recompen-sa, além do visual único e belíssimo que as montanhas proporcionam”.

Especificamente na escalada, alguns equipamentos são de extrema importân-cia como a baudrier (cadeirinha), o freio, a corda dinâmica (para evitar quedas), diversos mosquetões (anel metálico que possui um segmento móvel, chamado ga-tilho, que se abre para permitir a passagem da corda), sapatilhas especiais (aderentes e precisas), capacete e um saco de mag-nésio (para secar o suor das mãos). A au-sência deles pode implicar em acidentes e, por este motivo, os materiais devem ser usados com segurança. Segundo Marcel, são artefatos muito especiais. “Eles são desenvolvidos, fabricados e testados sob uma legislação muito rigorosa. Seu ma-nuseio requer conhecimento específico e treinamento qualificado, para sua melhor performance e, principalmente, para evi-tar imprevistos”, explica.

De acordo com o vice-presidente da Femerj (Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro) Julio Mello, o montanhismo, assim como todo esporte praticado na natureza, tem uma parcela de risco. “Qualquer montanha é um ter-ritório desconhecido e selvagem, por isso todo praticante deste tipo de esporte deve estar ciente dos perigos, já que ninguém está isento de um raio cair, uma árvore tombar, uma rocha rolar ou até de um contato com algum animal peçonhento. O mais importante neste tipo de atividade é a formação e experiência do praticante”. Julio explica que a prática desta ativida-de requer planejamento e conhecimen-to do ambiente. “É um esporte de risco calculado, onde as regras devem ser res-peitadas assim como os limites (físico e técnico) por parte do praticante”, diz. O vice-presidente alerta que, na maioria das vezes, os acidentes têm causa huma-na, como incapacidade técnica e psicoló-gica, inexperiência, distração, negligên-cia de normas de segurança e até mesmo o clima desfavorável.

Julio ainda acrescenta que Petrópolis é uma das cidades que atrai um número grande de montanhistas. “Seja por sua beleza contemplativa de paisagens sem igual, pelos desafios de suas grandiosas montanhas ou pela exuberância do am-

SEGURANÇA

Felipe Almeida mostra os equipamentos necessários antes de começar a escalar

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Alguns itens são indispensáveis para os praticantes de escalada

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Quem fi ca na base controla a corda para o que está subindo

biente e riquezas da fauna e flora”, avalia. O período entre maio e outubro é consi-derado mais indicado para praticar o es-porte, “pois são os meses mais secos do ano, com temperaturas mais amenas, o que torna mais agradável o contato com a natureza”, destaca.

O diretor técnico do CEB (Centro Ex-cursionista Brasileiro) Horácio Ragucci in-forma que a instituição possui atualmente 300 associados. “Geralmente os pratican-tes tem idade entre 12 e 75 anos e o núme-ro entre homens e mulheres é equivalente”, completa. Entre as principais montanhas da cidade, cita a Pedra do Cortiço, do Re-tiro, Alcobaça, Açu e Alto da Ventania. O diretor ressalta que, para este tipo de espor-te, um bom preparo aeróbico é indispensá-vel, assim como estar acompanhado de um guia. “Se a proposta for escalar, é indicado efetuar previamente um curso básico onde serão ministradas as técnicas essenciais para garantir a segurança”, enfatiza.

As trilhas de montanha também são bastante exploradas nesta época do ano. Só no Parnaso (Parque Nacional Serra

dos Órgãos) há um aumento de 560% nas visitações no período entre abril e setembro. Segundo o chefe de setor de uso público do parque, Leonardo de Frei-

tas, a procura está relacionada à menor incidência de chuvas na região. “Mas as trilhas ficam abertas à visitação durante todos os meses do ano”, acrescenta.

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ABERTURA DE VIA

Em alguns casos os escaladores optam por dormir na rocha

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50 Julho | Agosto

O atleta Nino Ambrosini, 24, aproveitou o mês de maio para se aventurar pela quarta vez no Açu, mas também é adepto a subir outras montanhas como o Morro do Boné, Castelinho e o Cortiço. “Além da caminha-da como exercício, podemos desfrutar do ar puro da natureza e do deslumbrante visual lá em cima. É uma sensação de paz e tran-quilidade”. O jovem diz que chegou a pegar 2ºC na madrugada. “Neste período, o clima fica mais seco e não tem muito perigo de raios e chuvas fortes”, afirma.

Os interessados em conhecer a ativida-de podem procurar, em Petrópolis, o CEP (Centro Excursionista de Petrópolis). Na sede, há uma programação mensal de tri-

lhas, caminhadas e escaladas. Além disso, anualmente acontecem cursos para guias. Agora que você já conhece os riscos e pôde ter noção dos bons fluidos que a montanha traz, é só preparar os equipamentos, procu-rar um guia e curtir a adrenalina nas alturas.

Curiosidades

Julio Mello esclarece algumas dúvidas sobre a prática do montanhismo. “Este é um nome geral da atividade esportiva que engloba escalada e caminhada (com ou sem dormida na montanha). Algumas pessoas falam em alpinismo referindo-se a ativi-dade, porém, ele é o praticado nos Alpes,

assim como o andinismo é praticado nos Andes, da mesma forma o himalaismo é o praticado no Himalaia (Everest, K2, etc..)”. Ele ainda explica que o termo alpinismo é muito falado porque o esporte começou nos Alpes, França, com a conquista do Mont Blanc (8 de agosto de 1786).

O vice-presidente também concorda que Petrópolis é um ótimo lugar para escalar. “Depois de ter rodado por todo o Brasil, posso afirmar que a cidade é, sem dúvida, a ‘Meca’ da escalada no Brasil. É inexplicá-vel que tenhamos as mais lindas montanhas e tão poucos frequentadores. Escaladores do mundo todo sempre afirmam isso ao conhecer nossas paredes”, elogia.

SERRA DOS ÓRGÃOS

Durante a temporada de montanhismo a procura pelos pontos mais altos aumentam

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CABEÇA DE CACHORRO

Marcel se dedica ao esporte desde os seis anos de idade

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No parque nacional, a vista ao amanhecer e entardecer impressiona os visitantes

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PEDRA DO SINO

Na alta temporada, o parque nacional registra um aumento de 560% nas visitações

ESPORTE

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O atleta Nino Ambrosini, 24, aproveitou o mês de maio para se aventurar pela quarta vez no Açu, mas também é adepto a subir outras montanhas como o Morro do Boné, Castelinho e o Cortiço. “Além da caminha-da como exercício, podemos desfrutar do ar puro da natureza e do deslumbrante visual lá em cima. É uma sensação de paz e tran-quilidade”. O jovem diz que chegou a pegar 2ºC na madrugada. “Neste período, o clima fica mais seco e não tem muito perigo de raios e chuvas fortes”, afirma.

Os interessados em conhecer a ativida-de podem procurar, em Petrópolis, o CEP (Centro Excursionista de Petrópolis). Na sede, há uma programação mensal de tri-

lhas, caminhadas e escaladas. Além disso, anualmente acontecem cursos para guias. Agora que você já conhece os riscos e pôde ter noção dos bons fluidos que a montanha traz, é só preparar os equipamentos, procu-rar um guia e curtir a adrenalina nas alturas.

Curiosidades

Julio Mello esclarece algumas dúvidas sobre a prática do montanhismo. “Este é um nome geral da atividade esportiva que engloba escalada e caminhada (com ou sem dormida na montanha). Algumas pessoas falam em alpinismo referindo-se a ativi-dade, porém, ele é o praticado nos Alpes,

assim como o andinismo é praticado nos Andes, da mesma forma o himalaismo é o praticado no Himalaia (Everest, K2, etc..)”. Ele ainda explica que o termo alpinismo é muito falado porque o esporte começou nos Alpes, França, com a conquista do Mont Blanc (8 de agosto de 1786).

O vice-presidente também concorda que Petrópolis é um ótimo lugar para escalar. “Depois de ter rodado por todo o Brasil, posso afirmar que a cidade é, sem dúvida, a ‘Meca’ da escalada no Brasil. É inexplicá-vel que tenhamos as mais lindas montanhas e tão poucos frequentadores. Escaladores do mundo todo sempre afirmam isso ao conhecer nossas paredes”, elogia.

SERRA DOS ÓRGÃOS

Durante a temporada de montanhismo a procura pelos pontos mais altos aumentam

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Marcel se dedica ao esporte desde os seis anos de idade

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No parque nacional, a vista ao amanhecer e entardecer impressiona os visitantes

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PEDRA DO SINO

Na alta temporada, o parque nacional registra um aumento de 560% nas visitações

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52 Julho | Agosto

MéxicoCapital Cidade do México

Área 1.972.550 km²

População 113,7 milhões

Moeda Peso mexicano

Fuso horário GMT -6

VIAGEM DIÁRIO DE BORDO

rabalho com turismo desde 1995 e isso implica em ter pouco tempo para grandes e longas viagens. Pelo meu estilo de vida, na maioria das vezes busco uma viagem onde a beleza natural sobreponha a vida urbana e, neste

momento, acabo de voltar de um lugar especial, que conheci no réveillon de 1996 e jurei um dia voltar. Cancun no México.

Um único detalhe seria suficiente para voltar lá 1.000 vezes: a cor do mar do Caribe. Uma variedade de

tonalidades de azul com uma transparência impressionante.Ok, mas não fica só por aí: os mexicanos criaram um lugar para turista algum

botar defeito. A beleza natural se mistura com perfeição das centenas de resorts, shoppings, restaurantes, casas noturnas e parques temáticos interligados por estradas perfeitas, sinalizadas e onde tudo funciona com precisão. Impressiona muito bem quem trabalha com turismo.

O período mínimo para ficar ali é de oito noites para aproveitar ao máximo e compensar o tempo perdido com avião e aeroporto. Na verdade, se eu voltar, vou dividir meu pacote em duas regiões: Cancun e Playa del Carmen, na Riviera Maya, que é um sonho.

Em Playa del Carmen, que fica a aproximadamente 50 minutos de carro de Cancun, você pode escolher entre mega resorts ou pousadas charmosas. Vá de pousadinha. Lá me lembra muito, muito mesmo, Porto de Galinhas, em Pernambuco, uma mistura de ruas cheias de lojinhas, restaurantes, bares e milhares de pessoas de todos os cantos do mundo, um mar alucinante e dezenas de resorts nas proximidades. Tudo limpo e arrumado. Dali, estamos muito perto do fantástico e imperdível parque de Xcaret, lugar onde você perde ao menos um dia inteiro.

TBruno WanderleyDE VOLTA A CANCUN

Quando ir A temporada principal é de de-

zembro a maio. Em março tem o “Spring Break” ideal para quem gosta de festas alucinantes. Eu fui em abril.

Como chegar Os voos mais em conta são os da

Copa Airlines. Porém, faz escala no Panamá.

Onde fi car Flamingo Resort. Os quartos são

de frente para o mar, amplos e bem equipados. Além da localização, é pró-ximo a vários bares e shoppings.

Onde comer Gostei muito do ambiente e da

comida do La Madonna no Shopping La Isla. Além deles estive no Puerto Madero e no animadíssimo Margari-taville.

O que fazer Visitar Playa del Carmen, Xca-

ret, Cozumel, Tulun e Xe-ra. Para quem tem mais tempo, vale a ida a Chichén-Itzá, a maior ruína da civili-zação Maia. A noite de Cancun é uma loucura e as casas Coco Bongo, Señor Frog’s e Dady’o são incríveis.

DicaUsar muito protetor solar e um

bom sombreiro.

Page 53: FB | Revista On Petrópolis #05

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Também de Playa sai o ferry boat que vai para a alucinante ilha de Cozumel, paraíso do mergulho e dona da segunda maior bancada de corais do mundo. E lá se vai mais um dia inteiro. Com mais 30 minutos de carro chegamos nas incríveis ruínas Maias de Tulun, as únicas que ficam junto ao mar. Que mar... Os Maias sabiam das coisas. Ainda podemos dividir o dia e curtir o ecológico Parque de Xe-ra, ou seja, um dia reservado para ficar de papo para o ar na própria Playa del Carmen e mais três dias para Xcaret, Cozumel, Tulun e Xe-ra. Isso porque eu passei por cima de várias outras atrações que não tive nem tempo de conhecer. Se você não tem filho pequeno esqueça qualquer pacote de hotel, afinal, ninguém fica trancado por ali.

Os outros três dias eu dedicaria para Cancun, sua praia, seus shoppings, sua vida noturna e para fazer uma coisa que só descobri no dia de ir embora: uma empresa permite a você pilotar o carro dos seus sonhos em autódromo fechado a um valor convidativo. Ferrari, Lambos e outros monstros estão a sua disposição para momentos que só estão ao alcance de poucos mortais no nosso querido Brasil.

Ah, esqueça a ideia de ter dias tranquilos de descanso, lá você não tem tempo para isso. Perdi inclusive duas noites inteiras de sono e nem sei onde foram parar. A mais importante dica é usar muito protetor solar e um bom sombreiro!

Page 54: FB | Revista On Petrópolis #05

54 Julho | Agosto

A banda petropolitana apresenta, em seus shows, um trabalho autoral e de resgate aos ritmos

nordestinos da música brasileira. Muito mais que forró, o grupo recria os clássicos de Luiz Gonzaga

com arranjos modernos. As infl uências dos integrantes vão do jazz ao rock, do blues ao choro, da

MPB ao Manguebeat.

O grupo é formado por Gabriel Tauk (baixo elétrico, compositor, produtos e multi-instrumentista),

Guido Martini (voz e violão, além de compositor), Toni Magdalena (voz e triângulo), Bruno

Guimarães (fl autas e sax), Guto Menezes (cavaquinho e viola caipira), Alexandre Pereira

(zambumba) e Anderson Maia (percussão).

O primeiro disco “De mudar o coração de cada um”, vendeu mais de 3.000 exemplares.

Recentemente a banda lançou o segundo CD intitulado “Venha ver o sol”, com apresentação no

Palácio de Cristal para mais de 600 pessoas.

Para conhecer maisfacebook/tribodegonzaga | myspace.com/tribodegonzaga

NOITE EM CLARO

Martha Medei-ros apresenta uma mulher que escreve sua história em uma noite de insônia. Um convite à refl exão em uma leitura agradável. (L&PM, R$ 5)

ENSAIO EM CORES

Ana Carolina inter-preta músicas de no-mes consagrados como Djavan e Lenine, além de canções inéditas. A banda que a acompanha é composta apenas por mulheres. (R$ 29,90)

50 ANOS DE ESTRADA

O concerto comemora 50 anos de estrada de Erasmo Carlos. O pai do rock brasileiro e rebelde romântico ainda recebe Roberto Carlos e Ma-risa Monte. (R$ 32,90)

GUIA DE ESCALADAS DE PETRÓPOLIS

Luciano Bender e Paulo Loureiro descrevem as vias de escalada em todo o município. São mais de 200 vias, distribuídas por 33 montanhas da cidade. (R$ 49)

BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR

O livro é inspira-do na tradicional história da branca de neve e os sete anões. Esta nova versão promete tirar o fôlego dos leito-res. (Novo con-ceito, R$ 29,90)

FALA SÉRIO, PAI!

Thalita Rebouças apresenta Arman-do, o pai de Malu. O texto vai desde a descoberta de que estava “grá-vido” até a saída da fi lha de casa. (Rocco, R$ 24,70)

Livros

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Música Cinema

Com estreia prevista para este segundo semes-

tre de 2012, o fi lme “Os Penetras” conta com

Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch, duas reve-

lações do humor, como protagonistas.

Dirigido por Andrucha Waddington, o longa

mostra as aventuras passadas por Marco e

Beto, personagens de Marcelo e Edu, respec-

tivamente. Os dois se conhecem às vésperas

de um réveillon no Rio de Janeiro e são com-

pletamente opostos. Um é festeiro e animado,

enquanto o outro é tímido e inseguro.

Na busca do amor de Beto, os dois passam por

diversas aventuras. Entre situações engraça-

das, alguns planos funcionam e muitos outros

servem para arrancar risadas dos espectadores.

O elenco tem as participações especiais de An-

dréa Beltrão, Mariana Ximenes, Luis Gustavo e

Susana Vieira.

TRIBO DE GONZAGA

OS PENETRAS(ANDRUCHA WADDINGTON – 2012)

GUIA