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| O MIRANTEFesta dos tabuleiros - tomar| 30 JUNHO 20112

Na sexta-feira, 8 de Julho, inicia-se o fim-de-semana principal da festa com o cortejo do mordomo a realizar-se ao final da tarde, seguindo-se a abertura, já de noite, das ruas populares ornamentadas que podem ser visitadas pela população.

A Festa dos Tabuleiros começa no sábado, dia 2 de Julho, com várias activi-dades. A partir das 09h00 tem lugar uma exposição de automóveis antigos, junto

Em Tomar não há festa como esta Quinta do Bill, Tony Carreira e Deolinda no cartaz musical da Festa dos Tabuleiros

à piscina municipal Vasco Jacob, orga-nizada pelo Automóvel Club de Tomar. À mesma hora tem lugar um torneio de vólei, no Mouchão Parque, e um tor-neio de ténis no Complexo Desportivo de Tomar. Pelas 10h00, arranca a edição do Tomar BRniCKa Lego Fan Event”, no Pavilhão Municipal Cidade de Tomar.

Nesse mesmo dia vão ser inaugura-das algumas exposições de alunos das escolas básicas de Tomar. Às 15h30, é inaugurada uma exposição de fotogra-fia de António Passaporte, dividida pela Galeria IPT, na av. Cândido Madureira, pela Casa dos Cubos e pela Casa Vieira Guimarães intitulada “Num dia… mui-

tos dias…! Pelas 21h00, destaque para o desfile dos ranchos folclóricos no âm-bito do 27.º Festival Nacional de Folclo-re, desde a Rua Marquês de Pombal até à ponte velha.

Mas é o “Cortejo dos Rapazes” no domingo, 3 de Julho, que vai captar a maior atenção durante o próximo fim--de-semana. Tem início pelas 10h00, a partir da Mata dos Sete Montes, e conta com a participação de crianças do ensi-no pré-escolar, que levam um cestinho, e do 1.º ciclo que já levam um tabuleiro à sua dimensão. Este é sempre um mo-mento de especial emoção para pais, familiares e outros visitantes que se en-contram a assistir.

Os meninos descem a Av. Cândido Ma-dureira, contornam a rotunda Alves Re-dol em direcção à Rua Everard (Levada)

para subirem a Rua Serpa Pinto, termi-nando na Praça da República. Retomam de novo o caminho para a Mata dos Sete Montes onde os familiares os vão buscar. Pelas 15h30 de domingo é lançado na se-de Comissão da Festa (Casa Vieira Gui-marães) o livro “Festa dos Tabuleiros de Tomar” da autoria de Isabel Santinho. A tarde é dedicada aos mais pequenos com um programa de animação infantil que decorre no Mouchão Parque.

Na segunda-feira, 4 de Julho, destaque para a “Noite de Fado” que se realiza no Mouchão a partir das 21h00. O Cine-Te-atro Paraíso recebe, nesse dia, a partir das 21h30, um espectáculo de jazz pela banda “Dixie Gringos”. Na terça-feira, 5 de Julho, o destaque é para o concerto que a Banda Filarmónica Gualdim Pais, a partir das 21h00, no Mouchão. No dia 6 de Julho, a mesma colectividade leva a palco também no Mouchão “A gran-de festa” uma mostra coreográfica. Na quinta-feira, 7 de Julho, destaque para a actuação do Fanfarra “Drama e Bei-ço”, pelas 21h00 no Mouchão. O Cine--Teatro Paraíso recebe nesse dia, pelas 21h30, o musical “Ar de Festa” pela Ofi-cina de Teatro e coro da Canto Firme, espectáculo que repete no dia seguinte, à mesma hora.

Na sexta-feira, 8 de Julho, inicia-se o fim-de-semana principal da festa com o cortejo do mordomo a realizar-se ao fi-nal da tarde, seguindo-se a abertura, já de noite, das ruas populares ornamentadas que podem ser visitadas pela população. No sábado, 9, realizam-se cortejos par-ciais dos tabuleiros. O cortejo principal tem lugar na tarde de domingo, 10 de Julho. Para segunda-feira, 11 de Julho, está previsto o momento derradeiro da festa que consiste na distribuição do Bo-do. Este ano a carne a distribuir vai ser oferecida pelo Continente.

Filarmónica Fraude actua a 9 de JulhoOs espectáculos musicais vão ser uma

constante na festa. Este ano todos os concertos realizam-se no Estádio Muni-cipal de Tomar. A abrir com a prata da casa, os Quinta do Bill” actuam na sex-ta-feira, 8, pelas 22h30. Também actua a banda tomarense “FH5”. No sábado, 9 de Julho, é a vez de Mickael Carreira actuar, pelas 22h30. Uma hora antes, mas no Cine-Teatro Paraíso, actua a Filarmónica Fraude. No domingo, dia do Cortejo principal, a atracção é o po-pular cantor Tony Carreira que dá um

concerto a partir das 22h00.O espectáculo de encerramento da

Festa dos Tabuleiros está a cargo dos Deolinda que actuam no Estádio Muni-cipal na segunda-feira, 11 de Julho, pe-las 22h00. Outros sons mais alternativos vão soar, sempre a partir das 22h00, no Coreto da Várzea Pequena. No sábado, 2 de Julho, por exemplo, tem lugar um concerto de música dos anos 80, anima-do pelos DJ Paulino Coelho da RR; DJ M. Graça e DJ Hang The DJ’s. Aliás, a animação musical no Coreto da Várzea Pequena, denominada “Noites do Co-reto”, vai ser uma constante em quase todos os dias em que decorre a festa.

TRADIÇÃO. De quatro em quatro anos a cidade enche-se de milhares de pessoas

É o “Cortejo dos Rapazes” no domingo, 3 de Julho, que vai captar a maior atenção durante o próximo fim-de-semana. Tem início pelas 10h00, a partir da Mata dos Sete Montes, e conta com a participação de crianças do ensino pré-escolar

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Num paralelismo com o que acontece na cidade, foram inauguradas três ruas ornamentadas na sede dessa freguesia, com desfiles que emocionaram a assistência.

Agrupamento de escolas Gualdim Pais, Jardim de Infância, Escola Básica n.º 1 e Lar de São Mateus, na Junceira, To-mar, uniram-se na passada semana para “viver” a Festa dos Tabuleiros comoven-do a assistência. Pelas 18h30 já se ouvia o grupo dos Gaiteiros de Carregueiros pelas ruas da sede de freguesia, com o cortejo a ser liderado pelo mordomo da Festa dos Tabuleiros de 2011, João Victal, ladeado pelo presidente da junta, Amé-rico Pereira, e outros convidados. Eram seguidos por muitos pais, encarregados de educação, crianças e espectadores de todas as idades.

Num paralelismo com o que acontece na cidade de Tomar, foram inauguradas três ruas ornamentadas: a Rua da Vinha (no Jardim-de-infância), a Rua das Hor-tênsias (no Lar São Mateus) e a Rua do Olival (na EB1 Junceira). A comitiva fi-cou surpreendida com o empenho dos professores, auxiliares e alunos, alguns dos quais que trajaram a rigor, evocando o Cortejo dos Rapazes que tem lugar já no domingo, 3 de Julho. Um momento particularmente emocionante foi quan-do as crianças entraram no átrio do Lar de São Mateus, onde os idosos os aguar-davam sentados, batendo palmas à sua passagem.

A ideia partiu das professoras Dília Cunha, Rita Casquilho, Eugénia Rocha e Dora Marques que, ao longo do ano lectivo, desenvolveram o plano anual de actividades em redor do tema “Viver a Festa”, que teve como objectivo “tra-

balhar a Festa dos Tabuleiros em toda a sua dimensão”. Desde a confecção do pão, das flores, dos cestos, à plantação do trigo e ao simbolismo de cada ele-mento os alunos aprenderam, ao longo do ano lectivo, toda a história e tradição de um povo que honra o Divino Espírito Santo sempre que, de quatro em quatro anos, realiza a sua tradicional Festa dos Tabuleiros.

Para além das ruas ornamentadas, fo-ram apresentados trabalhos realizados ao longo do ano, não só pelos alunos do Jardim-de-Infância e Escola Básica do 1.º Ciclo como também por toda a comu-nidade como, por exemplo, utentes do Lar de São Mateus, Associação de Pais e Junta de Freguesia. Destaque para uma representação de um desfile dos tabulei-ros em miniatura, onde foram coladas na cara dos bonecos fotos, por exemplo, do mordomo, situação que levou João Victal a reagir com uma gargalhada.

“Esta mostra é o resultado de um vasto trabalho realizado quer a nível da pesquisa das tradições e memórias, quer ao nível da reciclagem de materiais em expressão plástica para a confecção das peças que fazem parte da exposição”, referem as dinamizadoras, que agrade-ceram a todos os colaboradores que fo-ram “incansáveis” na preparação desta iniciativa.

A festa de encerramento do ano lec-tivo na Junceira, que contou com muita música, terminou com a entrega de di-plomas e fitas aos alunos finalistas, após o que se entoou o hino da Junceira, uma das dezasseis freguesias do concelho que já vibra com o momento.

Tabuleiros em exposição na Escola Básica dos Templários

A Escola Secundária Santa Maria do Olival (ESSMO) em Tomar, represen-tada pela sua directora Celeste Sousa, entregou na quinta-feira, 16 de Junho, ao mordomo da Festa dos Tabuleiros 2011, João Vital, um donativo de dois mil euros, verba angariada com as re-ceitas do espectáculo “Ensaio de um Musical - Aqui há Gato”. A peça, en-cenada por Ana de Carvalho, com co-reografias de Fausto e Shirin Matias e canções originais e direcção musical de José Morgado, levou cerca de 2500 pes-soas ao Cine-Teatro Paraíso, esgotando as seis sessões realizadas.

“É um gesto que recebemos com todo o gosto porque representa não só um va-lor material, que faz sempre muito jeito à Festa, mas pelo valor que demonstra a envolvência das escolas, neste caso a ESSMO, na Festa dos Tabuleiros”, disse João Vital a O MIRANTE, salientando que a envolvência das escolas na festa maior do concelho de Tomar é algo que

a Comissão tem vindo a batalhar nas úl-timas festas.

De há alguns anos para cá que a ESSMO realiza um espectáculo de fim--de-ano, que envolve 200 actores e fi-gurantes. Habitualmente não cobram bilhete, optando por oferecer o espec-táculo à comunidade. “Como estamos em ano de Festa dos Tabuleiros, a Ana (de Carvalho) teve a ideia de fazermos uma bilheteira simbólica e que a receita revertesse para a comissão da festa dos tabuleiros. Achei uma excelente ideia e aplaudi”, explicou Celeste Sousa.

Ana de Carvalho, encenadora, diz que não há fórmula mágica e que o sucesso da peça deriva do elevado nú-mero de participantes e de quem vê o espectáculo, gosta e passa a palavra. “O facto de a sala estar cheia acaba por funcionar como pressão para quem se está a expor em cima do palco, ainda por cima sem experiência, mas ao mes-mo tempo é um estímulo”, disse.

Festa dos Tabuleiros evocada em final do ano lectivo na Junceira

GERAÇÃO. Crianças vestiram-se a rigor e mostraram que estão prontas a assegurar o futuro da festa

“Ensaio de um Musical - Aqui há gato” resulta em donativo de dois mil euros para a Festa dos Tabuleiros

DONATIVO. Celeste Sousa entregou o donativo a João Vital na sede da Comissão da Festa

A Escola Básica com Jardim de Infân-cia dos Templários, em Tomar, inaugu-ra na sexta-feira, 1 de Julho, pelas 21h00, nas suas instalações, a exposição dos mais de 60 tabuleiros e cestinhas que os seus alunos irão levar no domingo, dia 3 de Julho, no “Cortejo dos Rapa-

zes”. A exposição vai estar aberta nes-sa noite até às 22h30 e ainda durante o sábado, em horário a comunicar. O evento conta com a presença do mor-domo da festa, João Victal, divulgou Carlos Trincão, coordenador do esta-belecimento de ensino.

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Festa dos Tabuleiros deve continuar a ser de quatro em quatro anosSe a Festa dos Tabuleiros se realizasse anualmente podia haver uma perda de qualidade e grandiosidade da iniciativa mais importante de Tomar. A população tem um grande orgulho na festa e empenha-se para que tudo corra bem. Mesmo quem não usa ou nunca tenha ouvido a expressão “dar o bodo aos pobres”, sabe que a festa termina sempre com a distribuição de alimentos a famílias carenciadas. Quanto às quatro bonecas

de aço que simulam uma silhueta de uma mulher com o tabuleiro à cabeça, colocadas recentemente na rotunda Alves Redol, a principal da cidade, as opiniões dividem-se: uns gostam mas outros confessam a sua indiferença. Em época de crise aproveitámos para perguntar se Portugal estaria melhor se voltasse a ter o escudo como moeda, mas a maioria considera que não é a mudança de moeda que vai resolver os problemas.

Elisabete Costa, 43 anos, cozinheira

“Não há melhor maneira de terminar a festa do que a dar o bodo aos pobres”

Concorda que a Festa dos Tabuleiros se realize de quatro em quatro anos porque “dá imenso trabalho a organizar” e considera que não há melhor maneira de terminar a festa do que a “dar o bodo aos pobres”, nomeadamente a carne, o pão e o vinho. Conhece a expressão mas admite que nunca a empregou em conversas. Elisabete Costa, cozinheira no Restaurante “Convento do Leitão”, confessa que ainda não viu as bonecas colocadas na rotunda Alves Redol mas, pelo que as pessoas lhe dizem, acha que está giro. “Já ouvi críticas é de que em algumas ruas só têm bandeiras até ao meio e os moradores ficam desiludidos com isso”, acrescenta. Contrariamente à opinião dos outros in-quiridos, considera que era benéfico para os portugue-ses voltarem a utilizar o escudo como moeda. “O euro veio dar cabo da economia. Gostava mais do tempo do escudo. As pessoas conseguiam viver melhor”, atesta.

Fernando Simões, 35 anos, empresário da restauração

“Dar o bodo aos pobres é a expressão da festa”

Fernando Simões concorda com o facto da Festa dos Tabuleiros se realizar apenas de quatro em quatro anos. “A festa é muito bonita e cada vez que a gente acaba uma festa ficamos com vontade de fazer outra. Mas é dispendiosa e trabalhosa para a população e se fosse anual acabava por ficar vulgarizada. Assim, há pessoas que ficam na expectativa”, sustenta. Quanto à ornamentação da rotunda Alves Redol com as bonecas dos tabuleiros diz que “gostou de ver” pelo que deviam lá ficar definitivamente. Formado em Economia, é da opinião que trocar o euro pelo escudo era “um passo atrás” que se dava e não era esta a solução para a reso-lução da crise. Fernando Simões conhece desde sempre a expressão “dar o bodo aos pobres” e considera que esta é “a expressão” da festa. “Normalmente, na mi-nha actividade, explicamos aos turistas que no último dia é entregue a carne e o pão aos pobres na Praça da República”, explica o empresário que, curiosamente, gere o restaurante com o nome “Tabuleiro”.

Ludovico Rosa, 67 anos, professor aposentado

“Crise não é motivo para se regressar ao Escudo”

Em tempos de crise Ludovico Rosa diz que as pes-soas estão pouco informadas sobre o que levou à situ-ação em que o país se encontra. “As pessoas só sabem que têm que apertar o cinto”. Mas isso, considera, não é motivo para que Portugal saia do Euro, pelo que en-tende que regressar ao escudo era um “desastre”. O pro-fessor sabe que no final da Festa dos Tabuleiros se dá uma peça de carne e pão às pessoas com necessidades e que isso reflecte a expressão “dar o bodo aos pobres” que também já utilizou em conversas. Para Ludovico Rosa a Festa dos Tabuleiros era complicado organizar a festa anualmente a não ser que, tal como no Carna-val do Brasil, assim que terminasse começassem logo a preparar a próxima. “A Festa tem muito mais realce e força de quatro em quatro anos porque, sendo me-lhor preparada, há possibilidade de ser mais interes-sante a todos os níveis”, refere. Em relação às bonecas que foram colocadas na rotunda refere que, apesar de ter lá passado de carro, não lhes prestou muita aten-ção. “Já as vi em fotografias e, na minha opinião, não gosto de ver ali as bonecas. A festa é demasiado séria para ter apenas umas bonecas ali pelo que se devia fa-zer um estudo sério para encontrar uma solução ou outro símbolo”, opina.

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“O escudo trazia-nos muitas vantagens”

Já ouviu a expressão “dar o bodo aos pobres” e sabe que consiste em distribuir pelos mais ca-renciados alimentos an-gariados com a festa. Em relação à periodicidade da festa, Rosária Nunes, tem uma opinião muito clara: “Se não fosse de quatro em quatro anos já não era a Festa dos Tabuleiros”. Já passou na rotunda Alves Redol e viu as bonecas mas confessa que a sua reacção pautou-se pela indiferença uma vez que pensava que fossem colocados elemen-tos que fossem identifica-dos de forma mais directa com a Festa dos Tabulei-ros. Numa altura em que

“A festa representa um investimento muito grande”

António Nunes da Silva confessa que não conhece a expressão “dar o bodo aos pobres” mas sabe que a Festa dos Tabuleiros acaba sempre com a distribuição do pão e outros alimentos. António da Silva defen-de que faz sentido a festa acontecer apenas de qua-tro em quatro anos. “Está bem assim porque repre-senta um investimento financeiro muito grande. Vale mais termos uma fes-ta bem-feita do que uma menor e que pode dar prejuízo ou criar dívidas”, refere. Diz que já passou pela rotunda Alves Redol mas que nunca reparou

António Nunes da Silva, 51 anos, empresário da construção civil

nas bonecas evocativas da Festa dos Tabuleiros que lá foram colocadas. Lamenta é “os milhões” que ali fo-ram gastos pela autarquia

tomarense e que as em-preitadas sejam sempre atribuídas a empresários de fora do concelho.

Rosária Nunes, 32 anos, empregada de papelaria

a economia está a passar por maus momentos, a hipótese dos portugueses voltarem a ter o escudo co-mo moeda é encarada com desconfiança por Rosária

Nunes. “Neste momento, não acho que fosse bené-fico. O escudo trazia-nos muitas vantagens mas já que mudámos temos que continuar”, disse.

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Odete Rovisco, 66 anos, empresária Estalagem Santa Iria

“Gostava mais de ver um Tabuleiro na Rotunda”

Odete Rovisco já viu as bonecas que foram coloca-das na Rotunda Alves Redol para assinalar a Festa dos Tabuleiros e considera que é uma boa forma de divul-gar a iniciativa numa zona de passagem. Já lá esteve um tabuleiro colocado, o que para mim era lindo. As bonecas são bonitas mas falta ali mais qualquer coisa”, opina. Avisa que não tem conhecimentos suficientes para aferir se o escudo seria mais vantajoso do que o euro mas sabe que com o escudo os portugueses viviam melhor. Mas não sabe se voltar atrás e, perante a união europeia, isso seria melhor para Portugal.

A empresária sabe o que significa “dar o bodo aos pobres” . “Antigamente era o animal que ia no cortejo que se matava para que a carne fosse distribuída mas agora acho que já não é assim”, diz Odete Rovisco, em-presária que detém a concessão da Estalagem de Santa Iria, no Mouchão Parque. E considera que a Festa dos Tabuleiros perdia qualidade se fosse realizada anual-mente pelo que deve manter-se de quatro em quatro anos. “Se fosse anual nem as pessoas participavam com tanto fervor e amizade”, defende.

Sérgio Baptista, 33 anos, empresário

“A essência da festa é a partilha do fruto da terra pelos pobres”

O empresário Sérgio Baptista, que gere um sector de cópias, papelaria e um café, considera que era difícil fazer a Festa dos Tabuleiros anualmente devido à sua dimensão. “De dois em dois anos talvez fosse expectá-vel mas não me repugna nada que seja de quatro em quatro anos uma vez que envolve meios e a população da própria cidade de uma forma massiva”, considera, acrescentando que se fosse anual poderia cansar quem ajuda a fazer a festa, todos eles voluntários.

“A essência da festa é a partilha do fruto da terra pe-los pobres e, com as dificuldades que vivemos nos dias de hoje cada vez tem mais lógica este tipo de iniciati-va”, defende Sérgio Baptista, sobre a expressão “dar o bodo aos pobres”. Em relação à hipótese de mudarmos do euro para o escudo revela alguma desconfiança da eficácia da medida. “Sempre que há mudança de moe-da há sempre alguém que se aproveita. É uma falácia. Hoje em dia pegam-se em pormenores para justificar muitas situações que tenham real importância que lhe dão. A crise que atravessamos agora é, sobretudo, social”, acredita.

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“Não é a mudar para o escudo que se resolve a crise”

“A festa está muito bem assim, a realizar--se de quatro em quatro anos”, defende Sílvia Te-les, empregada da pada-ria Combatente, acres-centando que é uma fes-ta que dá muito trabalho mas que tudo fica prepa-rado como deve ser. Co-nhece a expressão “Dar o Bodo aos pobres” e por isso sabe que consiste na distribuição do pão e da carne pelas pessoas mais necessitadas e que acon-tece sempre no dia se-guinte à festa terminar. Gosta de ver as bonecas na rotunda mas conside-ra que deviam ser feitas

“Se a festa fosse anual dinamizava-se mais o comércio”

Pedro Santos diz que, por um lado, era bom que a festa dos Tabulei-ros fosse anual porque ajudava a dinamizar, por exemplo, o comércio da cidade mas, por outro, com o trabalho que dá compreende que se rea-lize apenas de quatro em quatro anos. O gerente do Café Paraíso conhe-ce bem a expressão “dar o bodo aos pobres” es-pecialmente por causa da festa dos Tabuleiros. Gosta de ver as bonecas na rotunda Alves Redol, até porque são um sím-bolo da festa numa das

Pedro Santos, 42 anos, empresário

principais rotundas da ci-dade. Em relação ao fac-to de voltarmos ao escu-do considera que era dar um passo atrás. “Temos é que tentar acompanhar

o barco e não abandoná--lo. Temos que melhorar a nossa competitividade senão nunca mais chega-mos lá”, aponta.

Sílvia Teles, 46 anos, empregada de padaria

de outro material. “Como são de aço são muito escu-ras e parecem velhas mas ficam lá bem e já não de-viam ser retiradas. Voltar ao escudo é que nem pen-sar. “Agora já nos habitu-

amos ao euro e teríamos que ensinar novamente aos nossos filhos a usar a moeda antiga. Não é por aí que se resolve a crise”, considera.


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