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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: Mais que dar nome às coisas da língua

Autor Roseli Mendonça

Escola de Atuação Escola Estadual Heitor de Alencar Furtado. Ensino Fundamental

Município da escola Paiçandu

Núcleo Regional de Educação Maringá

Orientador Luciana Ferreira Dias Di Raimo

Instituição de Ensino Superior UEM

Disciplina/Área Português

Produção Didático-pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar História e Geografia

Público Alvo Alunos de 5ª série do Ensino Fundamental

Localização Escola Estadual Heitor de Alencar Furtado. Ensino Fundamental

Rua Ibirapuera, 620, Jardim Santa Lúcia, Paiçandu

Apresentação:

Optou-se pela Unidade Didática a partir do conto popular “O macaco e a velha” por este se constituir num gênero textual compatível com os interesses dos alunos da 5ª série. Tem como objetivo possibilitar um trabalho na/ pela língua portuguesa com vista a compreender a relação entre elementos gramaticais atinentes à construção dos sentidos e a uma concepção de língua como interação social. Refere-se às atividades de 32 horas/aula. Está subdividido em etapas que refletem o trabalho com a obra nas dimensões da interação, do léxico, da gramática, da textualidade, e do aprimoramento da produção escrita e oral dos alunos. Ao longo das atividades vão permeados vários comentários esclarecedores sobre os assuntos abordados, direcionados ora ao professor, ora aos alunos.

Palavras-chave Interação; léxico; gramática; textualidade.

Unidade Didática: MAIS QUE DAR NOME ÀS COISAS DA LÍNGUA

Professora PDE: Roseli Mendonça

Professora Orientadora: Luciana Ferreira Dias Di Raimo

ETAPA 1DURAÇÃO: 4 horas/aula

CONVERSA COM O (A) PROFESSOR (A):

Antes de iniciar a leitura do conto para a turma, seria interessante que você envolvesse os

alunos para uma particularidade do texto que irão ouvir e ler: ele tem todas as características

próprias das narrativas (das historinhas que conhecem), ou seja, nele aparecem personagens

que se envolvem em conflitos, que passam por situações desafiadoras, ocorridas num tempo e

lugar até chegarem a um desfecho, mas tudo isso narrado em versos! Poderia ser ressaltado

que se trata de um conto popular, de autoria do João de Barro (conhecido por Braguinha) e

encontrado também em discos de vinil ou em CD, pois a narrativa aparece, inclusive, na forma

cantada, além de ser registrado em antologias de contos e histórias para crianças.

Para você, seria interessante que tivesse, em mãos, o livro “O macaco e a velha”, pois

facilita o trabalho sempre que abordamos o contexto de produção do texto.

Se julgar necessário, pode fazer, oralmente ou por escrito, comentários sobre a diferença

entre textos escritos em prosa e em verso. O mais importante é levar o aluno a entender que o

texto a seguir é especial porque contém em si características do gênero conto e do gênero

poema.

Exemplo de lembrete:

Conto é uma narrativa pequena, envolvendo certos personagens, em tempos e lugares reais, psicológicos ou imaginários.

Poema é um texto escrito em versos com palavras harmonicamente arranjadas a fim de dar espaço ao lado poético do autor.

Diga à turma que a história que você escolheu tem o nome “O macaco e a velha” e

pergunte se com essa informação é possível adiantar algo sobre o que vão conhecer.

Após ouvir os comentários, já poderá dizer como o título já é uma boa pista para ir

verificando qual será a temática do texto.

Entregue para cada aluno uma cópia do conto, se possível, já com a seguinte legenda no

alto da página, para facilitar as leituras que se darão em sala:

Leia o conto para a classe. Como você bem sabe, a entonação da voz é uma excelente

forma de “vender nosso peixe”, ou seja, envolver nossos alunos numa leitura atraente é ponto

alto para quem quer formar leitores.

Precisamos, pela natureza do que nos propusemos a fazer nesta Unidade Didática,

deixar claro que, por se tratar de um trabalho correspondente a 32 horas de aplicação com os

alunos, não vamos focar atenção em trazer mais exemplos do gênero conto. Nosso propósito é

propiciar para e com o aluno uma abordagem de como o texto se constrói com a parceria da

gramática e de como esta não se constitui em algo estanque, desvinculado do texto, ou seja,

mostrar como a aula de Português pode e deve alargar os horizontes muito além do estudo

demasiadamente minucioso de regras e de nomenclatura gramatical somente.

Nada impede que, nas várias situações de sala de aula, você estenda o estudo sobre o

gênero conto popular, considerando, neste caso, a especificidade do texto de ser narrado em

versos e possibilitar ainda que a história seja contada e “cantada”. Até poderá ser feita uma

N1- Narrador 1 (primeira estrofe de narração)

N2- Narrador 2 (segunda estrofe de narração)

N3- Narrador 3 (terceira estrofe de narração)

N4- Narrador 4 (quarta estrofe de narração)

Que se revezarão até a leitura final do texto.

V- Velha

M - Macaco

B- Boneco

C- Caçadores

Vz – Vizinhos (restante dos alunos que não

quiseram ou não puderam participar da leitura,

conforme os itens desta legenda)

OBS.: Enumere ou peça para os alunos

enumerarem as estrofes para facilitar as

releituras durante as análises.

relação com a literatura de cordel, também permeada de poemas narrados ou de narrativas em

versos. As possibilidades são muitas.

OBS.: De agora em diante, os interlocutores deste trabalho serão os alunos, mas, ao longo da

Unidade, haverá momentos de interação voltados ainda para você, professor (a), com o intuito

de dar sugestões quanto aos possíveis procedimentos didáticos.

ATIVIDADES COM OS ALUNOS

DIMENSÃO DA INTERAÇÃO

Alunos, primeiramente, vamos focar nossa atenção para o fato de que a construção e

análise de um texto passam, digamos, por várias dimensões, ou seja, precisamos pensar na:

- dimensão da interação;

- dimensão do léxico (das palavras);

- dimensão da gramática;

- dimensão da textualidade.

OBSERVAÇÃO: Não se preocupem, é natural, agora, não

entenderem as implicações dos termos acima. Fiquem tranquilos – no

decorrer das nossas aulas, vamos discutindo e verificando que o texto

só se constrói com a integração desses quatro elementos.

Professor (a), por respeito às leis de direitos autorais, o livro “O macaco e a velha” que nos serve de base para o trabalho não será aqui reproduzido, mas poderá ser encontrado conforme referência ao final desta Unidade Didática.

Para que você possa ter uma preliminar sobre o que se passa nele, trata-se da história, narrada em versos, de uma velha que, ao se sentir prejudicada pelo fato de não poder comer as bananas produzidas em seu bananal, porque o macaco Simão as roubava, resolveu fazer uma armadilha para o indesejado vizinho. Ela confeccionou um boneco de alcatrão e nele pôs umas bananas. O macaco, ao ver o boneco, foi tomar satisfação. Quanto mais tentava bater no “intruso”, mais ficava grudado nele, até que a velha chegou e deu uma surra no macaco. Este, após acordar de um desmaio provocado pela atitude da velha, passou um tempo planejando uma vingança. A oportunidade chegou quando ele encontrou uma pele de leão e, entrando nela, deu um susto na velha. Esta, apavorada, tentou fugir e caiu num poço. O macaco logo se arrependeu e com grande esforço salvou a vizinha. Depois disso, a inimizade entre ambos acabou.

1- Observem o livro “O macaco e a velha”. É neste suporte que se encontra a história que vocês

acabaram de ter contato. Verifiquem as ilustrações e reflitam sobre as alterações e/ou

complementações que elas dão ao texto, o seu caráter artístico, enfim as implicações que elas

provocam.

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2-Agora que foram acompanhando aí com o texto em mãos esta história que acabei de ler,

vocês conseguem definir o gênero discursivo? Por quê?

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3- O que vocês tinham previsto pela leitura do título se concretizou?

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4- Para que serve um gênero como esse?

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5- Quem lê esse gênero?

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6- Por que se faz um gênero como esse?

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7- Em que esfera social costuma circular um gênero como esse?

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8- Quem costuma geralmente produzir esse gênero?

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Como viram, no texto que receberam, há uma legenda nos orientando. Gostaria de mobilizar

toda a turma para a releitura do conto. Esta se dará sempre que considerarmos necessário.

Vocês observaram como o autor do nosso texto, considerando que o conto é popular e,

ainda, destinado a crianças (como insistidas vezes vamos ressaltar aqui e que pode ser

comprovado principalmente através do 5º verso da 9ª estrofe), soube recontá-lo, utilizando-se da

musicalidade do poema, do lado cômico sugerido já pelo nome Firinfinfelha, da graciosidade

sugerida pela escolha do espaço e pelas peripécias das personagens, tudo com o propósito de

deleitar o leitor?

Ainda falando sobre interação, é necessário discutirmos como é comum mudarmos nosso

jeito de escrever e de falar de acordo com as pessoas a quem nos dirigimos. Exemplo: Se for um

recado para alguém de casa, pegamos qualquer papelzinho (suporte simples) e escrevemos

sem muita preocupação. Agora, se for para uma pessoa com a qual não temos muita

familiaridade, nossa preocupação tanto na escrita quanto no suporte já é maior.

Professor, fale um pouco sobre João de Barro (Braguinha). Se estiver com o livro, há informações interessantes no final. Caso contrário, a Internet pode ser a fonte bem prática.

Professor (a), você pode reproduzir a legenda no quadro e ir anotando os nomes dos alunos que se prontificarem a fazer a leitura. Assim, ficará mais fácil saber de quem será a vez na leitura. Note que no item Vz (vizinhos) todos os que não participaram, até então, terão sua chance.

O momento é propício para lembrar aos alunos a importância de se adequar o tom de voz à situação de uso social da linguagem.

Então podemos afirmar que o propósito de quem vai escrever, a preocupação com o

destinatário e a esfera social na qual vai circular o texto são fundamentais para encontrarmos o

suporte e a linguagem adequados. Portanto, sempre haverá uma interação entre quem produz e

aquele para quem o texto é direcionado.

ETAPA 2

DURAÇÃO: 4 horas/aula

DIMENSÃO DO LÉXICO

Tudo na vida depende das escolhas que as pessoas fazem. As grandes e as

pequeníssimas escolhas fazem parte do nosso dia-a-dia, nem que não prestemos atenção nisso.

Exemplos: estudar pra valer ou vir para a escola tentar atrapalhar o colega, escovar ou não os

dentes, ouvir as orientações da família ou “cair” na conversa de algumas pessoas que não se

importam muito conosco, comprar bala ou chiclete, etc.

Num texto é assim também. Ele é o resultado de uma série de ESCOLHAS. Vamos

verificar isso no conto “O macaco e a velha”.

Voltando nossa atenção para o léxico, isto é, para as palavras: Estas não puderam e não

foram escolhidas sem mais nem menos pelo autor. Não podemos esquecer que, por ser um

conto popular, já temos uma pista e tanto de que o léxico pertencerá ao nível mais informal,

solto, leve da linguagem.

Vamos fazer um levantamento para perceberem como a escolha do léxico contribuiu para

a construção da textualidade, do texto compreensível. É importantíssimo perceber o que foi dito

da forma como o texto foi escrito. Não adianta querer dizer uma coisa e não encontrar as

palavras “certas” para isso.

Olhem para o texto: o narrador, isto é, aquele que nos conta a

história, fala de uma velha e, ainda por cima, com o nome de

Firinfinfelha. Que sensações isso nos causa? É, a personagem foi

apresentada sem eufemismo (polidez) nenhum e o seu nome, não só

não agrada, como se torna até engraçado. Com isso podemos já

perceber que se trata de um texto de caráter bem popular e até cômico.

Numa outra situação social de linguagem, por exemplo, numa

reportagem sobre terceira idade, o adjetivo “velha” seria menos

adequado que “idosa” ou, até mesmo, inaceitável.

Vamos destacar com lápis as palavras que caracterizam o personagem Boneco (novos

exemplos de adjetivos). Os exemplos como: pretinho, ladrão, moleque, negrinho guiné, etc.

podem nos indicar o quê?

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Viram que essas palavras, além do linguajar popular, indicam até mesmo um caráter

racista que, para a atual sociedade, já não são aceitas sem levantar discussões?

Observaram, então, que condições sociológicas têm influência nas escolhas das

palavras?! Em outros termos: as palavras e as expressões, assim como os costumes, por

exemplo, estão vinculados às circunstâncias históricas e culturais da sociedade. O que é aceito

sem controvérsias, num dado momento e lugar, passa a não ser aceito numa outra época ou

contexto e vice-versa.

Continuando: Os substantivos banana, bananal, moleque, tabuleiro, macaco, floresta,

caçadores, poço, etc. remetem para uma situação bem brasileira, própria de décadas atrás,

quando o conto foi recontado por Braguinha. Notem ainda que não é qualquer animal um dos

Professor (a):

Para facilitar a interação com o aluno, você pode convidá-lo a um debate sobre a relação entre a linguagem e as condições histórico-sociais. Daí a relação deste conto com a História e a Geografia

Fazer pequenas pausas para que a turma faça anotações no caderno também é importante.

protagonistas : é o macaco Simão, personagem bastante conhecido pela esperteza, pela

malandragem misturada, no entanto, ao caráter não de todo negativo.

Como podemos comprovar isso no conto lido?

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Que justificativas existem para os verbos serem registrados nas formas “tá’ e “tô”?

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Destaquem na sequência do conto as palavras: velha, coitada, bananas, cansada,

macaco, boneco, moleque, roubando, enfrentar, malvada, surrar, vingança, bote, vizinho,

susto, poço, bem. Vamos só deixá-las assim, destacadas. O importante mesmo é percebermos

que as palavras num texto (e isso vale para toda atividade de leitura e escrita) são elementos

importantes que colaboram, que dão sinais para podermos ir desvendando e interagindo com o

texto, até o entendermos mais profundamente.

Outro fator importante é recorrer ao dicionário quando não conseguimos, só pela leitura,

entender o significado de alguns termos, o que, com certeza, nos impediria de entender melhor o

texto. Porém, é de igual importância perceber durante a pesquisa que não é qualquer item de

resposta lá do dicionário que se ajusta ao significado atribuído no texto. É preciso sempre levar

em consideração o contexto e não as palavras soltas.

Está dada a dica: observem sempre as palavras porque elas nos vão direcionando para o

entendimento textual. Para perceberem o quanto isso é necessário, imagine o quanto ficaria

estranho, incoerente, se, naquele cenário ficcional que lemos, aparecesse a palavra “ipad”, por

exemplo.

Somente para ilustrar como o texto ficou atrelado ao nível coloquial, retire dele exemplos

de:

a) marcas de oralidade:

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b) expressões com gosto de coloquialidade (jeito simples de se expressar):

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ETAPA 3DURAÇÃO: 4 horas/ aula

DIMENSÃO DA GRAMÁTICA:

Quanto à dimensão da gramática, precisamos deixar claro que em todo texto analisado é

preciso fazer um “recorte” do que é interessante não ”passar em branco”, isto é, sempre será

para o entendimento do texto em si que iremos voltar nossa atenção para determinado elemento

gramatical. Sempre será o texto que nos indicará quais conhecimentos gramaticais precisamos

“dominar” para nos tornar usuários bem competentes da língua. Se ficássemos voltados para

muitos aspectos gramaticais ao mesmo tempo, poderíamos, além de não aprender com maior

profundidade, perder o texto de vista.

Gostaria que vocês voltassem a atenção para o estudo de um item gramatical chamado

VOCATIVO. Ele ocorre nitidamente quando a velha, ao necessitar da clemência do macaco

Simão, chama-o de “vizinho” (35ª estrofe) e “seu moço”( 38ª estrofe). Esses “chamamentos”, na

gramática, recebem o nome de VOCATIVO. Aqui neste conto, se destacam porque por meio

deles é possível perceber claramente a astúcia da velha em construir um novo discurso como

forma de sobrevivência (Num primeiro momento, a personagem se referia ao vizinho como

“ladrão”). Assim, através dos chamamentos, o leitor pode perceber que a arrogância inicial da

personagem poderia render a ela, talvez, o seu fim.

Para tirar possíveis dúvidas, leiam as informações extras abaixo e observem como os

vocativos são utilizados com frequência nas mais diversas situações de prática social da

linguagem.

Vocativo, também conhecido pelo termo “chamamento”, é a forma como alguém é invocado num texto.

Exemplos: “Moço, quanto custa esse ioiô? “ “Ô, seu barbeiro, não sabe pra onde está indo?”

Nas duas situações, marcadas por vírgulas, há, por trás das palavras escolhidas, pontos de vista que revelam, pelo menos sutilmente, direcionamentos para o entendimento de um texto. O primeiro exemplo, de polidez; o segundo, de falta de refinamento.

Vamos observar, agora, o discurso do macaco Simão: O vocativo “velhinha” (porque é a

forma com ele chama a vizinha) na 36ª estrofe tem o mesmo sentido de quando reaparece na

41ª estrofe? Por quê? Perceberam como o uso do diminutivo pode ser um recurso bem

interessante na construção do texto?

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Qual implicação para o texto pelo fato de o macaco Simão acrescentar o pronome “minha”

antes da palavra “velha”, na 44ª estrofe? Não esqueçam que as palavras devem ter um propósito

no texto e o leitor mais avisado deve ficar sempre atento a isso!

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Ainda focando nosso olhar para as expressões vocativas do conto, nós como leitores

atentos que somos ou, pelo menos, estamos tentando nos tornar, não podemos deixar de

considerar o modo como o macaco Simão se dirige ao boneco de alcatrão. Vamos transcrever

aqui três vocativos:

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Que pistas eles dão a respeito do macaco? Isso colabora para que o leitor possa fazer

juízos de valor favorável ou desfavorável ao macaco?

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Professor (a): conduza o aluno a perceber que tanto pelo uso do diminutivo, quanto pela opção de se acrescentar o pronome “minha”, pode-se observar um repentino valor afetivo no discurso do macaco, já que ele só queria assustar a vizinha e não, matá-la.

Notem que não é simplesmente estudar vocativo por si só, mas perceber como esse

recurso gramatical contribui para o leitor ficar atento às modificações no discurso dos

personagens.

É muito pertinente também o estudo dos sinais de pontuação. Eles são fontes riquíssimas

para uma análise bem interessante, pois não foram colocados no conto sem mais, nem menos:

possuem sua carga de contribuição ao sentido do texto. Portanto, tentem verificar por que foi

necessário aparecer várias vezes o emprego de:

a) pontos de exclamações (!)

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b) travessões (_)

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Por que aparecem vírgulas na 35ª e 36ª estrofes?

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Por qual motivo o autor optou por colocar reticências (...) nas estrofes formadas por uma

única palavra ?

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Professor, você pode conduzir a aula de forma que os alunos percebam que, dentre os sinais de pontuação, os citados abaixo merecem uma atenção especial pela grande quantidade de vezes em que aparecem e isso contribui para a construção de sentidos do texto:

• Os pontos de exclamação (!) já que os personagens dialogam, em boa parte, estando com as emoções um tanto quanto exacerbadas;

• Os travessões (_) que facilmente revelam os turnos de fala durante os diálogos e discussões;

• As vírgulas que sinalizam, algumas vezes, a presença de vocativos no texto;

• As reticências (...) numa estrofe formada por uma única palavra e recorrente três vezes, sinalizando para o leitor que ela, a estrofe, tem muito mais a dizer e também com o objetivo de atenuar os momentos de agressividade do personagem macaco em relação ao boneco. Recurso interessante, uma vez que o destinatário primordial é o público infantil.

ETAPA 4DURAÇÃO: 4 horas/ aula

DIMENSÃO DA TEXTUALIDADE

Para discutirmos a respeito do conto “O macaco e a velha” sob o prisma da

TEXTUALIDADE temos de, em primeira mão, considerar que texto tem a ver com tessitura. Daí

podemos até lembrar a palavra tecido, um conjunto de linhas que, dispostas de forma

organizada, forma o pano. Palavras soltas são como fios soltos que desarranjam o tecido.

Muito se poderia discutir aqui. No entanto, a respeito desse conto, vamos observar:

a) Estrutura composicional (como o texto se compõe)

O texto em questão pode ser reconhecido como conto poético, uma vez que se trata de

um texto com as particularidades narrativas, porém, estruturado em versos rimados e agrupados

em estrofes.

b) O posicionamento do narrador

O narrador se comporta diante do que narra, levando o “fio da meada” na direção de

tentar envolver o leitor ora contra, ora a favor das atitudes do macaco.

Vamos ao início do texto. Copiem da primeira estrofe o verso que demonstra, bem

sutilmente, a opinião do narrador sobre a velha. Agora, observem o 2º verso da 3ª estrofe e o 4º

da 5ª estrofe. Percebem como o narrador vai dando a entender que a velha está certa e que o

macaco é malandro? Em algum momento o narrador mencionou algo parecido como sendo

natural o macaco se alimentar de bananas das redondezas onde vivia? Observem ainda como

já na primeira fala do macaco é possível perceber a petulância do bichinho.

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No entanto, o posicionamento do narrador em relação ao macaco parece mudar logo

depois que este leva uma surra da velha. Registre a estrofe que comprova esta afirmação e

destaque a palavra que melhor retrata esta mesma afirmação.

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c) A relevância informativa

Todos os textos contêm informatividade. Uns mais; outros, menos. Quanto mais

“novidades” (novos conhecimentos), mais informatividade. Neste em questão, ela se revela mais

elevada devido ao fato de ser um texto do tipo narrativo, mas com o diferencial de ser disposto

em versos, o que “casa bem” com o estilo popular e com o destinatário: o público infantil.

O grau maior ou menor da informatividade no texto também está estreitamente

relacionado ao leitor. O que pode ser considerado “novidade” para um leitor pode não ser para o

outro. Portanto, o repertório de leitura de cada indivíduo tem grande relevância.

Como já mencionei no início deste trabalho, o conto pode ter lá suas relações com a

literatura de cordel.

d) A progressão do tema

Todo texto tem um percurso, ou seja, vai progredindo de forma que algo diferente vai

sendo acrescentado a um mesmo tema. Isso se chama progressão. É o andar da “fila das

Professor(a): Seria interessante que você citasse alguns exemplos de textos orais e escritos que apresentam baixa informatividade, como aqueles “célebres” trechos de redações de vestibulares veiculados via internet, ou situações do dia-a-dia da sala de aula, tomando, claramente, o cuidado de não expor os autores de tais textos.

ideias”. Essa “fila”, no entanto, precisa estar encadeada, articulada para que o texto tenha

unidade. Caso contrário, não há texto, não há tessitura (coesão) que é condição para a

coerência (sentido, adequação).

As marcas de temporalidade no texto são uma das maneiras de se dar progressão às

ideias. Observem no conto como os fatos vão desenrolando. Vamos verificar as várias marcas

de temporalidade no texto. Façam aqui os registros:

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Olhem que todos eles têm em comum a função de marcar a progressão, o desenrolar dos

fatos até chegar ao desfecho, mesmo não se referindo a tempo cronologicamente demarcado.

Pela escolha das palavras (lembram aquelas que nós destacamos?), pelo posicionamento

do narrador, pelo estilo coloquial da linguagem, até pela disposição gráfica em versos, podemos

ir rumando para a interpretação do tema, de maneira bem simples, o assunto principal.

Qual seria, então, a temática desse conto?

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ETAPA 5DURAÇÃO: 16 horas/aula

DIMENSÃO DO APRIMORAMENTO DA COMPETÊNCIA

COMUNICATIVA

Agora é a vez de cada aluno produzir um texto. Quando as produções estiverem prontas,

serão expostas no mural do pátio, com as devidas informações às demais turmas da escola. O

texto predominantemente oral será apresentado na sala de aula.

Primeiro, leiam as opções de produção que vocês terão. Depois, cada aluno fará a sua

escolha.

1) Vamos imaginar que um dos vizinhos tenha denunciado a velha Firinfinfelha a um agente

de algum órgão protetor dos animais por esta ter surrado o macaco. Redija agora um

depoimento em que a velha tenta desprestigiar o macaco e convencer o tal agente de que ela

está sendo vítima da situação.

2) Agora, vamos imaginar que, numa das vezes em que a velha fora roubada, resolveu chamar

um policial e apresentou-lhe queixas sobre o vizinho. Você é este policial e precisa redigir um

boletim de ocorrência.

3) Vocês poderão também optar por uma outra atividade bastante interessante,

principalmente porque desenvolve, mais especificamente, nossa competência linguística na

modalidade oral, que é imaginar como seria noticiado o conflito entre a velha e o macaco em

jornais televisivos mais contidos e jornais mais sensacionalistas. Depois de bem preparado (o

que não significa que haja necessidade de construir cenários) fazer uma apresentação para a

turma. O que realmente importa é a ação discursiva que se desenrolará, segundo os objetivos

esperados.

Alunos, antes de escolherem uma alternativa, vocês precisam saber primordialmente que a redação de um B O (Boletim de Ocorrência) é um documento muito importante, elaborado pela polícia, por fornecer uma série de dados sobre fatos que exigiram uma intervenção policial. Ex.: nomes dos envolvidos, vestígios, motivo desencadeador, etc.

Quem vai escrever não pode ser tendencioso, ou seja, não pode “puxar a brasa pra sardinha” de nenhum dos envolvidos. Precisa ser coerente, objetivo, claro e não se esquecer de utilizar o padrão culto da linguagem.

No boletim devem aparecer as respostas para as seguintes perguntas: Quem? Quando? Onde? Como? Por quê? ( se conhecer a causa)

Professor (a), se possível, leve para a sala um ou mais modelos de B O para trabalhar com os alunos. Isso facilitaria o entendimento sobre o gênero. Uma sugestão seria pesquisar modelos na internet.

OBSERVAÇÃO: Aqueles que escolherem esta modalidade deverão planejá-las por escrito

porque nos jornais televisivos os profissionais também precisam utilizar de informações assim.

Depois, ensaios curtos, num cantinho da sala ou num ambiente mais reservado da escola, se

esta o tiver e permitir, serão necessários. Em dia previamente combinado, deverão apresentar

para os colegas da turma.

PROCUREM,

NO QUE SE REFERE À DIMENSÃO DA INTERAÇÃO:

- Reler seu próprio texto como se você fosse o interlocutor;

- Considerar a importância do suporte (lugar onde vai ser registrado o texto na versão final) e o

local em que vai circular (esfera social);

- Adequar o seu texto, pensando no destinatário e no propósito comunicativo;

NO QUE SE REFERE À DIMENSÃO LEXICAL:

- Dar especial atenção à escolha do léxico, pois isso tem a ver com a unidade temática e com o

posicionamento do autor ao escrever;

– Observar os prováveis efeitos de sentido que a escolha das palavras vai provocar no texto;

Professor(a), seria importante trabalhar com a turma:

a) algumas marcas típicas de jornais de estilo mais formal como: impessoalidade (o que não significa imparcialidade velada), tom de voz mais comedido, apego ao padrão culto da linguagem, enfim, tudo o que a formalidade carrega consigo;

b) marcas próprias dos jornais mais sensacionalistas como: repetições que enfatizam de forma, às vezes, exagerada certos fatos, gestos um tanto quanto exacerbados, informalidade, apreciação pessoal sobre os fatos narrados, etc.

Talvez seja necessário ver com a turma trechos de jornais televisivos, além de debater sobre o estilo dos que os alunos estão acostumados ver.

Obs.: A escolha do léxico revela também o maior ou menor grau de aproximação com a norma

culta e, por consequência, com um vocabulário mais refinado.

NO QUE SE REFERE À DIMENSÃO GRAMATICAL:

– Atentar sobre elementos gramaticais mais relevantes para que o seu texto tenha maior êxito

comunicativo e social. Ex.: cuidados com a ortografia, pontuação, norma culta, coesão oferecida

por determinadas palavras, etc.;

NO QUE SE REFERE À DIMENSÃO DA TEXTUALIDADE:

– Considerar a composição característica do gênero textual solicitado;

- Fazer adequações pela escolha da modalidade oral ou escrita;

– Analisar o grau de informatividade do que foi escrito. Se houve informações óbvias demais, o

texto teve baixa informatividade;

- Atentar para o caráter de maior ou menor formalidade que se quer dar ao texto;

- Ficar atento às palavras que servem para “costurar” o texto, dando encadeamento e

progressão de fatos e/ou ideias;

– Tomar cuidado com a forma de escrever porque, nem sempre, o que ficou registrado no

suporte corresponde ao que se tinha intenção de registrar. Daí o texto “falará” por quem o

escreveu.

Professor (a), é de extrema importância esclarecermos que trabalhar o texto, segundo o critério de análise das dimensões da interação, do léxico, da gramática e da textualidade se constitui num recurso de tentar empreender a visão geral do texto e, não, que possa haver um isolamento dessas mesmas dimensões. Uma está estreitamente ligada à outra. Por exemplo: a coesão, citada na dimensão da textualidade, é intrínseca à dimensão da gramática por seus recursos coesivos sinalizados pelas conjunções. As conjunções, por sua vez, estão ligadas à dimensão do léxico.

É importante para o aluno saber que existem essas dimensões simplesmente como forma de entender como se dá a construção e a análise de um texto.

O que realmente nos importa é deixar claro que numa perspectiva da linguagem como meio de interação, tornar as aulas de Português espaço para exaustivos exercícios de nomenclaturas e regras tira dos alunos a oportunidade de ver que a gramática funciona como referência, como recurso para o uso efetivo da língua e não como um fim em si mesmo, estanque do texto.

Consideradas as escolhas feitas e discutidas as dicas, chegou o momento de deixar bem

claro que a escrita requer três fases: o planejamento, a escrita e a reescrita. Isso é

completamente natural aos que querem escrever bem, e a aula de Português é sua aliada neste

desafio. Vamos lá?!

Na fase do planejamento é importante pensar nos objetivos e no gênero da produção, em

como se pretende ordenar as informações e, ainda, em toda a adequação necessária para

promover a interação com os possíveis interlocutores. Na fase da escrita, façam a primeira

produção, ou seja, o rascunho. Depois quero que entreguem o material feito para mim.

Para a fase da reescrita, vocês estão recebendo o rascunho de volta. Façam uma leitura

atenta para verificarem todos os aspectos que possam comprometer a comunicação com seu

interlocutor. Observem as dicas acima e peçam minha orientação, quando necessário. Fiquem

atentos às discussões que serão feitas nesta e nas próximas aulas para depois reescreverem os

seus textos.

Reescrevam o texto agora numa folha de caderno.

Finalmente chegou o momento de fazermos os últimos retoques. É hora de checarmos

todos os itens (confirmar se os objetivos foram alcançados: se há encadeamento entre as ideias,

Professor(a): uma sugestão é que você apresente para a turma, no quadro ou em papel, exemplos dos problemas mais frequentes observados por você nos rascunhos. Assim, conseguirá mais facilmente envolver toda a turma no aprimoramento da escrita.

Procure criar um clima de colaboração, no qual as suas intervenções e as dos colegas da sala sejam vistas como cruciais para o aprimoramento de toda a turma. Outra dica é não mencionar o(s) nome(s) do(s) autor (es) do texto ou trecho escolhido. Analisar um texto bastante aproximado do que foi proposto é outro procedimento importante.

Professor(a), recolha o material dos alunos. Assim que possível, leia os textos, mas não atribua notas agora. Neste momento, faça um registro, à parte, dos principais itens que requerem discussões e análises coletivas em sala de aula.

unidade temática, clareza, coerência; se foram respeitadas as regras de ortografia, pontuação,

paragrafação, etc.). Para isso, releiam os textos e observem se há ainda necessidade de se

fazer alguma alteração.

Observação: Os alunos que optaram pelos textos escritos podem entregá-los numa folha de

caderno, ou similar, à professora para que sejam digitados por um funcionário da escola ou por

alguém que se habilite a fazê-lo, conforme as normas necessárias. Depois, como previamente

combinado com a turma, os textos poderão ser expostos no pátio para apreciação dos alunos da

escola e como forma de incentivo à leitura do conto. Quanto aos que preferiram fazer a atividade

predominantemente oral, chegou o momento de reservar parte da aula para apresentação.

REFERÊNCIAS:

ANTUNES, I. Análise de Textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola

Editorial, 2010.

_______. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola, 2003.

_______. Muito além da Gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho.

São Paulo: Parábola, 2007.

BARRO, João de. O macaco e a velha. 13ª ed. São Paulo: Moderna, 2006.

NEVES, M. H. M. Que gramática estudar na escola?Norma e uso na Língua

Portuguesa. São Paulo: Contexto, 2003.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Língua Portuguesa. Curitiba:

SEED, 2008.

Professor (a): São tantos os momentos em que o aluno pode e deve ser avaliado. Cada profissional e/ou escola possui suas estratégias de avaliação. Aqui, sugerimos que se converse com a turma sobre esse assunto desde o início das atividades e que se considere o “percurso” que o aluno tenha feito durante as aulas e sua produção final.

POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática. 4ª ed. Campinas, SP: Mercado das

Letras, 1996.

TRAVAGLIA, L. C. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática no

1º e 2º graus. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2000.