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FILOSOFIA

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos SUMRIO

PG. I INTRODUO 1.1. Qual a utilidade da filosofia? 1.2. As origens do pensamento filosfico 1.3. A Cosmologia dos Pr-socrticos II OS SOFISTAS 2.1. Scrates 2.2. Plato 2.3. Aristteles III - OS FILOSFOS MODERNOS E A TEORIA DO CONHECIMENTO 3.1. O racionalismo 3.2. O empirismo 3.3. O criticismo de Kant IV - PENSAMENTO E LINGUAGEM 4.1. O que e Linguagem V A FILOSOFIA CONTEMPORNEA 5.1. Sculo XIX 5.2. O sculo XX VI - AS DISCIPLINAS FILOSFICAS 6.1. A Metafsica 6.2. Epistemologia 6.3. tica VII - FILOSOFIA SOCIAL E POLTICA VIII - ESTTICA IX - DIMENSO PEDAGGICA DA FILOSOFIA 9.1. Abordagem Filosfica, Metafsica e Epistemolgica da Formao da Pessoa X - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 01 01 02 02 04 05 05 06 07 08 09 11 11 11 12 12 15 17 17 19 21 23 24 25 26 28

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos Parabns! Voc optou por fazer um curso na modalidade a distncia, um processo diferente da modalidade presencial. Se este seu primeiro contato com a filosofia, voc certamente estar se fazendo a pergunta - O que a filosofia? Se no seu primeiro contato, voc provavelmente j se deu conta de que esta no uma das perguntas mais fceis de serem respondidas. No processo educativo, se pensssemos a filosofia como um instrumento de desenvolvimento de nossa capacidade argumentativa isto j Pitgoras (sc. VI .a.C.) - tambm conhecido como matemtico usou pela primeira vez a palavra filosofia (philos-sophia), que significa amor sabedoria. bom observar que a prpria etimologia mostra que a filosofia no puro logos, pura razo: ela a procura amorosa da verdade. A filosofia propriamente dita tem condies de surgir no momento em que esse pensar posto em causa, tornando-se objeto de uma reflexo. Examinando a palavra reflexo temos

diversos significados: refletir retomar o prprio pensamento, pensar o j pensado, voltar para si mesmo e colocar em questo o que j se conhece.

justificaria sua importncia e relevncia. Se pensarmos a reflexo filosfica apenas como treinamento lgico do pensar, estaremos desvirtuando a filosofia e toda sua histria de interao e interesse pelo processo educacional.

1.1. Qual a utilidade da filosofia?

Para responder a essa questo, gostaria de saber o que voc entende por utilidade?

I - INTRODUO A utilidade da filosofia est no fato de que H uma pergunta que muitos se fazem quando ouve falar de filosofia: que utilidade tem a filosofia? ela, por meio da reflexo permite que o homem tenha mais que uma dimenso. A filosofia a possibilidade de transcendncia humana, a

capacidade que s o homem tem de superar a sua A filosofia, por mais que ignoremos tem exercido uma admirvel influncia at mesmo sobre a vida de gente que nunca ouviu falar nela. Indiretamente, tem sido destilada atravs de sermes, da literatura, dos jornais e da tradio oral, afetando assim toda a perspectiva geral do mundo. imanncia (situao dada e no escolhida). Pela transcendncia o homem surge como um ser de projeto, capaz de construir o seu destino, capaz de liberdade. A filosofia recupera o processo perdido no imobilismo das coisas feitas (mortas porque j ultrapassadas). A filosofia impede a estagnao. Por Voc sabe qual a etimologia da filosofia? isso o filosofar sempre se confronta com o poder,

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos no devendo sua investigao estar alheia tica e poltica. A filosofia a crtica da ideologia. Atentando para a etimologia grega correspondente verdade, observamos que a verdade pr a nu aquilo que estava escondido, e a reside a vocao do filsofo: o desvelamento do que est encoberto pelo costume, pelo convencional, pelo poder. Finalmente, a filosofia exige coragem. Filosofar no um exerccio puramente intelectual. Descobrir a verdade ter a coragem de enfrentar as formas estagnadas do poder que tentam manter o status quo, aceitar o desafio da mudana. Saber para transformar. Em conversa com seus amigos, voc disse que est estudando Filosofia. Mal acabou de falar e logo perguntaram: O que filosofia? E agora, o que voc ir responder? 1.3. A Cosmologia dos Pr-socrticos. Os filsofos Pr-socrticos aparecem entre 1.2. As origens do pensamento filosfico. A filosofia ocidental nasceu na Grcia, entre os sculos VII e VI a.C., com uma preocupao em responder questo da ordem do universo (cosmos). Este momento da histria do pensamento usualmente chamado de passagem do mito ao logos. Esta expresso pode gerar alguns mal-entendidos em funo de seus termos principais: mito e logos. Veja, ento, o que significa cada um: os sculos VII e VI a.C. em todas as colnias gregas que se espalham pela a costa do Mediterrneo, principalmente na sia Menor. A preocupao destes primeiros pensadores era descobrir o princpio que explicasse sua existncia e ordem. Por isso foram chamados filsofos da natureza. Do pouco que sobrou dos escritos do pensamento filosfico destes, nota-se que est permeado de mito (religio), pois seus argumentos so apresentados como verdade revelada pelos deuses. Suas A escrita, que surgiu neste perodo, teve um papel importante nesta passagem, pois o que antes era apenas contado pela tradio oral, passou a ser escrito. Modificando, assim, o pensamento e o homem. Mito So explicaes que se caracterizam por fazer referncias a entidades sobrenaturais como sendo as responsveis pelos fenmenos da natureza. Logos - O termo logos, em grego, significa razo, linguagem, cincia. Dentre os malentendidos comuns, pode-se destacar a suposio de que a passagem do mito ao logos se deu de maneira definitiva, com o abandono total de referncias sobrenaturais, assim como achar que a explicao filosfica dotada de razo, ao passo que o mito seria destitudo dela (REALE e ANTISERI,1990).

explicaes no fazem referncia aos deuses como

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos sendo a causa nica dos acontecimentos deste mundo. Os filsofos Pr-socrticos comeam a indicar inmeros princpios e causas fsicas ou abstratas, que em alguns casos explicam no somente o mundo, mas tambm os deuses como parte dessa mesma estrutura. neste perodo que surge o interesse pelo mundo e pelo significado da prpria existncia, como demonstra os pensadores destacados a seguir: Tales de Mileto (scs. VII-VI a.C.) - Ele achava que a origem de todas as coisas seria a gua. No sabemos o que exatamente ele queria dizer com isso, mas devia estar convencido de que toda forma de vida teria se originado da gua - para onde retorna quando se dissolve. Tales viajou por vrias regies, inclusive o Egito, onde, segundo consta, calculou a altura de uma pirmide a partir da proporo entre sua prpria altura e o comprimento de sua sombra: essa proporo a mesma que existe entre a altura da pirmide e o comprimento da sombra desta. Esse clculo exprime o que, na geometria, at hoje se conhece como teorema de Tales. Anaximandro de Mileto (scs. VII-VI a.C.) - Ele achava que nosso mundo seria apenas um entre uma infinidade de mundos que evoluiriam e se dissolveriam em algo que ele chamou de ilimitado ou infinito. No fcil explicar o que ele queria dizer com isso, mas parece claro que Anaximandro no estava pensando em uma substncia conhecida, tal como Tales concebeu. Talvez tenha querido dizer que a substncia que gera todas as coisas deveria ser algo diferente das coisas criadas. Urna vez que todas as coisas criadas so limitadas, aquilo que vem antes ou depois delas teria de ser ilimitado. evidente que esse elemento bsico no poderia ser algo to comum como a gua. Anaxmenes de Mileto (sc. VI a.C.) - Ele pensava que a origem de todas as coisas teria de ser o ar ou o vapor. Anaxmenes conhecia, claro, a teoria da gua de Tales. Mas de onde vem a gua? Anaxmenes acreditava que a gua seria ar condensado. Acreditava tambm que o fogo seria ar rarefeito. De acordo com Anaxmenes, o ar constituiria a origem da terra, da gua e do fogo. Pitgoras de Samos (cerca de 530 a.C. at incio do sc. V a.C.), grande matemtico da Antigidade, o primeiro a usar o termo filsofo, pois, uma vez indicado como sbio (sophos), teria respondido que apenas era um "amante da sabedoria" (philo, "aquele que ama", sophia, "sabedoria"); desenvolveu uma teoria filosfica baseada na idia de que tudo composto de nmeros entendidos por ele como pequenas partculas materiais e a ordem do universo derivada de harmonias geomtricas. Xenfanes de Clofon (c. 570 a.C.) foi grande crtico da concepo popular e tradicional dos deuses. Tinha como fonte as obras de Homero, crtica esta que reaparecer mais tarde na Repblica de Plato.

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos Herclito de feso (scs. VI-V a.C.) defendeu a idia de que tudo um fluxo contnuo gerado por uma guerra eterna entre os contrrios; nada permanece o mesmo e tudo e no ao mesmo tempo. Parmnides de Elia (scs. VI-V a.C.) criticou a viso de Herclito e seus seguidores afirmando que somente a razo poderia fornecer o conhecimento do que a natureza; para ele, os sentidos percebem o fluxo contnuo do mundo, mas somente a razo pode mostrar que por trs de tudo que muda est o imutvel, o perfeito e eterno, isto , o ser. Zeno de Elia (scs. VI-V a.C.) foi discpulo de Parmnides e desenvolveu uma srie de paradoxos (argumentos que levam a sua prpria contradio) sobre a existncia do movimento. Empdocles de Agrigento (484/481A palavra SOFISTA, originalmente, II OS SOFISTAS A teoria atmica atual muito semelhante a de Demcrito, a natureza composta de diferentes tomos que se juntam para criar, se separam e voltam a se reunir para criar novas coisas. A cincia descobriu que os tomos podem ser divididos em partculas menores chamadas de PRTONS, Demcrito NUTRONS no teve acesso e ELTRONS. aos aparelhos

eletrnicos de nossa poca. Sua nica ferramenta foi a razo, esta lhe dizia que nada surge do nada e nada desaparece, ento a natureza tende ser composta por pecinhas minsculas que se

combinam e depois se separam.

significa "especialista do saber". Mas este termo adquiriu uma conotao negativa aps a crtica e o ataque ferrenho que receberam de Scrates, Plato e Aristteles. O sculo V a.C., uma srie de

424/421 a.C.) se referiu aos quatro elementos (gua, terra, fogo e ar) como os responsveis pela composio de tudo. Anaxgoras de Clazmenas (c. 500-428 a.C.) dizia que tudo na natureza composto de sementes que determinam sua gerao e vida. Leucipo de Mileto e seu discpulo Demcrito de Abdera (sc. V a.C.) criaram a idia de tomo; acreditavam que tudo composto de pequenas partculas indivisveis que se unem e se separam continuamente formando todas as coisas (KIRK e RAVEN, 1982).

transformaes sociais ocorreu no mundo grego, em especial nas grandes cidades. O poder da

aristocracia diminui aps uma srie de reformas sociais que entregam parte considervel do poder poltico ao "demo", o povo. Atenas torna-se uma democracia e, como grande centro cultural da poca, passa a atrair, como as demais cidades, um grande nmero de estrangeiros. Um grupo de pensadores e professores se torna importante nesse perodo, pois modificaram a perspectiva do

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos pensamento que at ento se centrava na questo sobre a natureza, a chamada questo cosmolgica, e se deslocou para a questo antropolgica, a questo sobre o homem e tudo que o envolve. Segundo Guthrie (1995), os sofistas alm de serem responsveis por essa virada na percepo do pensamento, foram responsveis por: difundir e desenvolver a idia do ensino com todos os professores remunerados; estabelecer atravs do nomadismo (viajem de cidade a cidade) uma perspectiva cultural ampla; despertar o interesse pela linguagem, cosmolgicas. Para Scrates, o homem se definia em funo de sua alma (psych) e no de seu corpo. No pensamento de Scrates, as virtudes se designavam na atividade que propicia o

desenvolvimento do intelecto, da alma. Ele defendia a idia de que o mal era fruto da ignorncia e que o conhecimento levava ao bem, propiciador da verdade e do aprimoramento espiritual. Ao ser condenado a morte, no se revolta. Acreditava na imortalidade da alma humana, compreendia a filosofia como uma preparao para a morte, uma vez que esta propiciava o

consolidar um esprito de liberdade de pensamento e revalorizao da lgica.

aprimoramento do esprito, em detrimento da satisfao corporal. Preparada, a alma se livra do corpo e passa a viver em um mundo livre da matria

2.1. Scrates Era ateniense, filho de um escultor e uma parteira. Embora no tenha fundado escola ele ensinava em locais pblicos ou em qualquer um outro lugar que pudesse empreender conversao sobre os mais diversos temas. Causou forte impresso sobre a juventude ateniense e os mais diversos tipos de pessoas, o que o levou a ter um grande nmero de inimizades. Scrates nunca escreveu suas idias, pois acreditava que a verdade devia ser atingida atravs do dilogo. Seu primeiro pensamento tinha ligaes com a filosofia naturalista, mas aps o contato com os mestres sofistas, voltou-se para a questo do homem e do conhecimento. Scrates investigava a natureza humana, enquanto os Pr-socrticos investigavam questes

(PLATO, 1972). Uma importante crtica de Scrates em relao aos sofistas, era o mtodo de ensino remunerado. Scrates acreditava que todos

possuam j dentro de si a verdade eterna e nica e o conhecimento no era adquirido, e sim, lembrado. Como nada escreveu, o pensamento de Scrates pode ser percebido dentro dos escritos de seus discpulos, que sobre ele escreveram

apresentando vises diversas e desenvolvendo escolas filosficas de inspirao socrtica. O seu principal discpulo foi Plato, que escrevia dilogos nos quais Scrates era sempre seu personagem principal. Muitas vezes, residia a dificuldade de diferenciar o que era pensamento de Scrates e o que era pensamento de Plato.

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos 2.2. Plato Plato, cujo verdadeiro nome era Aristocls, era cidado ateniense de famlia aristocrtica descendente de Slon, o legislador. Tornou-se discpulo de Scrates por volta dos vinte anos. Essa convivncia transformou sua vida e pensamento. Aps a morte do mestre, empreende em viagens para Grcia, Itlia e Egito. Em 387 a.C., funda sua escola em Atenas, a Academia. Sua escola se tornou uma revoluo no ensino e plo de atrao de alunos e pensadores. Plato assumiu as idias de seu mestre, Scrates, incorporando a elas, as suas, a ponto de muitas vezes dificultar a diferenciao das idias de um e do outro. Sua principal inovao foi a defesa da existncia de um mundo das idias/formas. Na busca do verdadeiro conhecimento, Plato distingue a episteme (conhecimento) da doxa (opinio). Na episteme se tem o conhecimento verdadeiro e confivel, em contrapartida, na doxa, o mutvel e inconsistente. Como Plato assume a posio socrtica de inferioridade da matria - que amorfa (sem forma) e s possui determinao por que limitada pelas formas/idias -, a alma o elemento eterno e perfeito aprisionado no corpo e que teve sua origem no mundo das idias. A alma imortal, mas precisa se aprimorar por um processo No contnuo dilogo de reencarnao Plato 2.3. Aristteles Aristteles nasceu em Estagira, na Trcia, regio da Macednia. Seu pai foi mdico da corte do rei Amintas, da Macednia, pai de Filipe e av de Alexandre, o Grande. Em 366 a.C., Aristteles entra para a Academia de Plato e l permanece por vinte anos, s se retirando aps a morte do mestre. Enquanto esteve na Academia, Aristteles conheceu uma srie de sbios que ali estavam. Em 343 a.C., se torna preceptor de Alexandre, o Grande - na poca com treze anos. Aps a subida ao trono de Alexandre (336 a.C.), Aristteles volta a Atenas e funda sua escola, prxima ao templo dedicado a Apolo Lcio, da o nome de "Liceu", pelo qual a escola era conhecida. Tambm chamada "escola peripattica", pois suas aulas em meio aos jardins eram comuns (perpatos, "passeio"). At 323 a.C., ano da morte de Alexandre contraposio s crenas contrrias e nega a ligao indissocivel entre corpo e alma. H no pensamento de Plato a identificao entre a virtude e o conhecimento; o mal resultado da ignorncia e o bem equivale ao conhecer. Em sua interpretao do mundo social, Plato via com desconfiana a democracia, uma vez que foi nesse sistema de governo que Scrates foi condenado morte. A sociedade ideal de Plato possua trs estratos: trabalhadores, guerreiros e magistrados, cada um deles composto por

indivduos que j nasciam com um tipo de alma com a predisposio a um dos tipos de atividade.

(metempsicose).

"Fdon",

defende a idia socrtica da eternidade da alma em

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos e incio da reao antimacednica em Atenas, o Liceu se tornou um grande centro de produo filosfica e cientfica, chegando a relegar a segundo plano a Academia. Curiosamente, a mesma acusao feita a Scrates, de impiedade, foi dirigida a Aristteles. Esse vai para Clcis e deixa Teofrasto no comando do Liceu. Morre poucos meses depois, em 322 a.C. Aristteles foi dotado de mente humano tem alma intelectiva, responsvel por sua capacidade racional. Todos os indivduos desejam a felicidade, compreendida das mais diversas formas, mas apenas o desenvolvimento do intelecto e das virtudes propicia a mxima felicidade, o que no caracteriza um desprezo aos aspectos corporais, pois, para Aristteles, as necessidades materiais tm de ser satisfeitas para atingirmos a contemplao. O ser humano um animal racional, mas tambm um animal poltico, social; o ser humano s consegue sobreviver em grupo e nele que desenvolve sua potencialidade.

enciclopdica, leu e escreveu sobre os mais diversos temas, alguns hoje pertencentes s cincias naturais e humanas. Foi o primeiro sistematizador da lgica clssica e seus princpios; estudou os argumentos, seus tipos, falhas, sua composio, sua relao com o raciocnio, etc. Uma das grandes diferenas entre o pensamento de Aristteles e de seu mestre Plato, foi a crtica e recusa da existncia do "mundo das idias". Para Aristteles, as idias no se encontram em um mundo em separado; as idias so produto da abstrao que a mente faz do que percebido pelos sentidos. Aristteles desenvolve a fsica e a

As

teorias

de

Plato

e

Aristteles

fundamentaram debates durante muitos sculos e somente a partir da filosofia moderna de Descartes (1596-1650) que surge uma nova metodologia com o intuito de resolver os temas da metafsica antiga e medieval.

A partir dos contedos estudados, faa um quadro comparativo; entre as teorias de Plato e Aristteles, identificando pontos de convergncia e divergncia.

metafsica iniciadas pelos pr-socrticos. Determina a anlise do mundo pelo que ele tem de geral, desenvolvendo os conceitos de causa (material, formal, eficiente, final), substncia, acidentes, ato, potncia, etc. Dentro de sua perspectiva, o ser humano definido como uma composio de matria e forma, onde seu corpo a matria e sua alma sua forma. A alma princpio de vida e qualquer ser vivo possui um tipo de alma. S o ser

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos III - OS FILOSFOS MODERNOS E A TEORIA DO CONHECIMENTO Essas mudanas tm agora a imprensa para ajudar a propagao. O indivduo agora o cerne das perspectivas econmica, cientfica e O que o conhecimento? Ele possvel? Quais so os seus limites? Existem regras para a obteno de conhecimento verdadeiro? Estas eram algumas questes que ocupavam o pensamento filosfico na modernidade. Em uma situao de mudana, onde a posio da pessoa j no est garantida, a desconfiana para com a tradio se torna a tnica dominante. A dvida e a posio filosfica que a A partir do sculo XIV, uma mudana na civilizao europia comea a se processar. Esse processo de mudana de viso de mundo resultou no fim da Idade Mdia, acompanha, o ceticismo, se tornam o substrato do mundo moderno. As grandes linhas de pensamento que tentam responder a pergunta do conhecimento no Perodo Moderno so duas: o racionalismo e o empirismo. A primeira tem como caracterstica privilegiar a razo em detrimento das percepes Com a expulso dos rabes da pennsula ibrica inicia-se a constituio dos Estados sensoriais, que so vistas como responsveis pelo erro e pelo engano. Ao contrrio, o empirismo defende a idia de que todo conhecimento humano tem origem na percepo sensvel, no existindo idias inatas, como era crena dos racionalistas. religiosa.

convencionalmente determinado pelos historiadores em 1453, com a queda de Constantinopla pelos turcos.

nacionais europeus, o que a superao do sistema feudal, com seu poder poltico desagregado. A filosofia desvincula-se da teologia e o problema central do perodo medieval Deus substitudo por problemas do conhecimento, que se tornam moderno. As descobertas de novas terras e o aparecimento dos Estados - ampliam a percepo cultural do homem moderno. As relaes pessoais so relegadas a um plano secundrio. As relaes com Deus, intermediadas pela Igreja, passam a ser contestadas. as questes centrais do pensamento

3.1. O racionalismo

Com a frase se duvido, porque penso, e se penso, existo

Ren Descartes, o principal pensador do racionalismo, filsofo e matemtico (1596-1650). Nascido em La Haye, em uma famlia de posses seu pai era magistrado da Bretanha - cedo perdeu a me e passou a ser criado por uma ama,

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos sem a presena do pai, que se mantinha ausente por muito tempo. J maior, foi mandado para o principal colgio da Europa, La Fleche, dirigido por jesutas. L mantinha o hbito da infncia de acordar sempre perto do meio-dia. Apesar do horrio flexvel, Descartes desenvolveu uma mente que seria uma das mais frteis da modernidade. Em 1612, cansado da vida na escola e do que havia aprendido ali, parte para conseguir o conhecimento que pretendia, no mais nos livros, mas no mundo. Foi acusado de atesmo, o que negou, mas acabou sendo preso, depois de inmeras disputas tericas. Manteve correspondncia com diversas mais famosa: se duvido, porque penso, e se penso, existo (cogito ergo sum). Descartes, em sua filosofia, distingue duas substncias no mundo: a res cogitans , "a coisa pensante" (alma), e a res extensa, "a coisa extensa" (matria). O mundo (matria) regido por leis mecanicistas. A alma no regida por essas leis, as relaes entre corpo e alma so apenas ocasionais, pois no se influenciam mutuamente. Outros grandes representantes do

racionalismo foram: Blaise Pascal (1623-1662) -

filsofo, matemtico e fsico, que chamou a ateno para os limites da racionalidade ao admitir que "o corao tem razes que a prpria razo

personalidades polticas e intelectuais de sua poca. Essa fama levou com que a rainha Cristina, da Sucia, o convidasse para l viver e fundar a "Academia de Cincias". O clima do pas no lhe foi favorvel alm de ter que dar aulas na corte, no incio da manh em um rigoroso inverno sueco fez com que ele falecesse de pneumonia em 1650. Descartes, em sua procura pelo ponto de partida que garantiria o conhecimento correto, comea um processo de dvida que tinha como objetivo descartar qualquer coisa que pudesse ser objetvel; o que se convencionou chamar "dvida metdica", pois era apenas um caminho para a certeza, no uma desconfiana quanto s

desconhece"; Baruch Spinoza (1632-1677) - o ser uno: a substncia ou Natureza: Deus a prpria ordem geomtrica necessria a tudo. Espinosa elimina o dualismo cartesiano:a essncia das coisas uma. Gottfried Wilhelm Leibniz (16461716) - faz parte da tradio racionalista, mas advoga a impossibilidade da comunicao entre as substncias, defendendo o paralelismo, isto , mente e corpo no interagem, mas tm

comportamentos correlatos.

possibilidades do conhecimento humano. A certeza absoluta a que Descartes chega a constatao da prpria existncia como ser pensante (res cogitans), o que traduziu em sua frase

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos 3.2. O empirismo A mente uma tabula rasa John Locke O empirismo caracterstico do perodo moderno, onde empreende uma crtica filosofia racionalista e s possibilidades de um conhecimento metafsico nos moldes da filosofia antiga e medieval. Dentre os principais pensadores do todos. Para Locke as pessoas decidem pela prpria condio racional, por estabelecer um pacto implcito para a constituio da sociedade, e que ao ceder parte de seus direitos para o governo, essa cesso no incondicional; se o governante no prestar contas de suas obrigaes para com aqueles de onde emana seu poder, pode perder a representatividade, ser destitudo e substitudo. Locke o grande terico da democracia

empirismo destacam-se: Francis Bacon (1561-1626) -

representativa. George Berkeley (1685-1753) Para Berkeley, existir estar na conscincia; ser ser percebido (esse est percipi). Para ele a existncia da matria e o nosso conhecimento se resumem s imagens que temos em nossas mentes (imagens produzidas por nossos sentidos), embora no havendo certeza de que correspondem ao que os objetos so realmente; em outras palavras, no temos acesso ao que as coisas so em si mesmas. Segundo o bispo irlands, o que garante que as coisas existem, mesmo quando no as

revaloriza a observao e o raciocnio indutivo como produtores de conhecimento cientfico. Thomas Hobbes (1588-1679)

defende que apenas existe a substncia material, ou seja, aquilo que pode ser percebido pela mente humana atravs dos sentidos. Esse ser material, (homem), tem como trao natural o egosmo. Seu estado natural o da "guerra de todos contra todos", mas sua racionalidade faz ver que a existncia da sociedade lhe propiciaria uma vida mais longa e segura. Entrega, aps um contrato natural tcito, seus direitos naturais nas mos de um poder soberano, que passa a exerc-los de maneira desptica para garantir a existncia da sociedade e a preservao de seus membros (HOBBES, 1979). John Locke (1632-1704) para ele as idias inatas no existem; todas so derivadas da experincia sensvel. Para ele a mente uma tabula rasa. Da mesma maneira que Hobbes, Locke um contratualista, mas no acredita que em estado natural a situao seja a de guerra de todos contra

percebemos, o fato de tudo estar na mente de Deus, ser percebido por Deus (BERKELEY, 1980). David Hume (1711-1776) - o maior nome do empirismo moderno. David Hume foi um dos primeiros filsofos a advogar explicitamente o atesmo e sofreu as conseqncias de sua posio. Almejou uma cadeira de professor, o que nunca conseguiu, foi assistente de diversos personagens importantes de sua poca e desejou profundamente ser reconhecido, em vida, por suas idias como filsofo, mas isso no aconteceu.

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos Hume, como os demais empiristas, defendia que a nica fonte de idias em nossa mente eram os sentidos. Aquelas percepes mais prximas no tempo e no espao formam as impresses, que possuem mais fora e vivacidade. Quando essas impresses no possuem mais as percepes para lhes garantir a fora, se tornam idias guardadas na memria, mais fracas e tnues. Alm disso, a mente humana liga idias vindas da percepo e cria seres imaginrios. A alma humana apenas o conjunto dessas impresses e idias e, uma vez que cessa a atividade dos sentidos, cessa a alma. Para Hume, nossa mente estabelece uma relao que no est no fato em si, mas apenas na nossa disposio em v-los assim. Todo 3.3. O criticismo de Kant Criador de um dos mais importantes sistemas filosficos do sculo XVIII, Immanuel Kant (1724-1804) nasceu em Knigsberg, de famlia humilde pertencente seita protestante pietista, de grande rigor religioso. A figura da me foi de enorme influncia na vida do pensador; franceses foram em mulher de pouca cultura formal, Regina Reuter instigou o comportamento reto e a admirao ao saber que Kant levaria por toda sua vida. Estudou na universidade da cidade natal, onde se formou em 1747, ano no qual teve que interromper os estudos de titulao que lhe fariam professor universitrio em razo da necessidade de sobreviver. Somente em 1755, alcana o doutorado e ser livre-docente na Universidade de Knigsberg. O perodo na livre docncia tambm no foi fcil. Entre 1770 e 1781, Kant preparou seu sistema filosfico, o que culminou com o aparecimento de sua grande obra, Crtica da Razo Pura (1781), a primeira das emprico, Como voc estudou, Razo e Sentidos travam uma batalha no sculo XVII. Nesta batalha no houve um vencedor, mas sim vencedores. Muitas outras linhas de pensamento tiveram ali, a sua origem. Jean-Jacques do romantismo. Pregava, Rousseau (1712-

1778) foi, ao mesmo tempo, iluminista e precursor dentro do esprito

romntico, uma volta natureza e uma crtica ao progresso cientfico e tcnico.

conhecimento conjetural, uma interpretao que a mente humana realiza sobre os fenmenos

individuais que observa. Alguns influenciados iluministas pelo

pensamento

especial, as idias polticas. Os iluministas criam no poder da razo humana como soluo para os problemas do homem e da sociedade; empenharamse em defender a universalizao do saber - o caso da elaborao da "enciclopdia" por D'Alembert e Diderot -; criticaram o absolutismo; veneravam a cincia como a expresso mxima da verdade; criticaram a tradio; eram otimistas utpicos que acreditavam humanidade. no progresso irreversvel da

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos crticas a que se seguem, Crtica da Razo Prtica (1788) e Crtica do Juzo (1790). Em 1794, Kant proibido de expressar suas opinies sobre a religio; no se retrata, mas no aborda mais o assunto. Morre em 1804. Segundo Kant, a intuio sensvel nos fornece os fenmenos indeterminados, o que por si mesmo no constitui conhecimento, dado serem percepes especficas sem traos de universalidade e necessidade. O conhecimento somente se constitui pela organizao dos dados da intuio sensvel por um elemento a priori que lhes d forma e ordem. Esta estrutura racional ordenadora uma lgica do entendimento e vazia em si mesma, sem contedo. Sua funo objetivar o dado sensorial fornecendo a sntese (unio) entre o particular sensorial e a universalidade da estrutura a priori que permite a prpria constituio do conhecimento. Tanto espao e tempo formas a priori da intuio sensvel que ordenam os fenmenos percebidos quanto as categorias conceitos puros que permitem a ligao dos fenmenos constituem, ao mesmo tempo, o modo prprio daquele que conhece e o objeto conhecido. Os principais objetos de estudo da metafsica so Deus, a alma e a liberdade; esses objetos no podem ser conhecidos pela razo, pois esto alm de seus limites (KANT, 1985). 4.1. O que Linguagem A linguagem um dos principais IV - PENSAMENTO E LINGUAGEM Kant, quanto ao critrio de ao, elaborou uma tica de cunho formal. A ao s deve ser realizada se for possvel imagin-la universal, pois isso determina o que bom em si mesmo e no apenas agradvel. "Age sempre de maneira que fosse seu desejo que todos assim o fizessem"; essa a mxima de Kant, o imperativo categrico (KANT, 2002).

instrumentos na formao do mundo cultural, atravs dela que transcendemos a nossa experincia. Quando damos nome a um objeto da natureza, ns o individualizamos, o diferenciamos do restante que o cerca; ele passa a existir para a nossa conscincia. Com esse simples ato de nomear, distanciamos-nos da inteligncia concreta animal e entramos no mundo do simblico. O nome smbolo dos objetos que existem no mundo natural e das entidades abstratas (existem somente no nosso pensamento), por exemplo, aes, estados ou qualidades como tristeza, beleza, (liberdade). A linguagem pode ser definida como um

A concluso de que Deus no pode ser conhecido pela razo humana, sem nenhuma referncia ao mundo da experincia, no fez Kant, um crente fervoroso, renunciar suas crenas.

sistema simblico, sendo o homem o nico animal capaz de criar smbolos, ou seja, signos arbitrrios em relao ao objeto que representam e, por isso mesmo, convencionados, ou seja, dependentes de

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos aceitao social. o positivismo lgico (Carnap); a filosofia analtica de linguagem V A FILOSOFIA CONTEMPORNEA artificial (Wittgenstein, Ayer) e de linguagem ordinria (Wittgenstein, Austin); A filosofia contempornea corresponde ao pensamento produzido a partir do sculo XIX. Uma srie de acontecimentos polticos determinam essa poca: a Revoluo Francesa; a independncia dos pases latino-americanos no sculo XIX e dos pases africanos e asiticos no sculo XX; o colonialismo tardio no sc. XIX e seu declnio no sc. XX; a ascenso e posterior queda do poderio europeu no mundo; duas guerras mundiais; o perodo de bipolarizao poltica entre Estados Unidos e Unio Sovitica; o crescente e cada vez mais forte processo de interdependncia mundial chamado por alguns de "globalizao" e por outros de "mundializao"; massificao de diversos traos culturais, alm de uma perspectiva, cada vez mais forte, de tendncias fundamentalistas em questes religiosas. Vejamos agora, as principais escolas 5.1. Sculo XIX Georg Wilhelm Friedrich Hegel (17701830) foi o principal representante do idealismo alemo. Hegel criticava a idia de Kant segundo a qual temos acesso ao fenmeno, mas no temos acesso ao nmeno, a coisa em si. Para Hegel, no podemos nem mesmo afirmar a existncia da coisa em si; nosso conhecimento se resume s idias em nossa mente, em nossa conscincia. Na filosofia de Hegel tudo que racional o materialismo dialtico (Marx, Engels); o Sartre); o positivismo (Comte, Stuart Mill); a Heidegger); o pragmatismo (Peirce, James); fenomenologia (Husserl, existencialismo (Kierkegaard, real e tudo que real racional, isto , no h separao, como em Kant, das esferas terica e prtica. H uma identidade entre o pensamento e a realidade; as regras do pensar so tambm as regras do mundo. Essas regras so regidas pelo princpio de contradio, que afirma que nada idntico a si mesmo e tudo se subordina afirmao e negao; Para que voc possa melhor assimilar as grandes perspectivas filosficas, o no-dogmatismo e a diversidade do pensamento contemporneo, o neotomismo (Maritain, Gilson); o neomarxismo ou Escola de

Frankfurt (Adorno, Habermas).

organizamos os principais pensadores por sculo.

filosficas contemporneas e alguns de seus representantes:

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos a dialtica hegeliana que se mostra como princpio de ordenao do mundo material, da histria da humanidade e, principalmente, como processo pelo qual o Esprito (Deus) se desenvolve e se mostra. Assim, Hegel v sua poca - em todos os seus aspectos econmicos, polticos, religiosos, artsticos, cientficos e filosficos - como o momento de culminncia do processo dialtico de desenvolvimento do Esprito; dessa posio, Hegel advogava o "fim da histria", no sentido de que a partir de ento, nada mais haveria de relevante a ser revelado. Coincidentemente ou no, sua filosofia foi o ltimo sistema filosfico da histria produzido por um nico pensador (REALE e ANTISERI, 1990). Hegel teve seus crticos ferrenhos, que em especial discordaram da subordinao do indivduo ao todo, ao universal. Arthur Schopenhauer (1788-1860) hegeliano, o filsofo percebeu o quanto a posio nica da existncia do indivduo causa angstia e desespero. A soluo seria o salto no absurdo da f, que possui princpios incompreensveis razo (KIERKEGAARD, 1979). Crtico tardio de Hegel e de Schopenhauer, Friedrich Nietzsche (1844-1900) um dos pensadores mais instigadores da atualidade. Apesar de alemo, Nietzsche foi crtico da cultura germnica e da religio, em especial da crist. Seus escritos no possuem estilo sistemtico

argumentativo. Os homens fracos e incapazes se defendem frente queles que so superiores por meio de duas armas poderosas: a moral e a religio. Assim como todas as grandes religies, o

Cristianismo prega uma moral de cordeiros onde os medocres (a maioria das pessoas) oprimem aos superiores; os pobres, fracos e humildes merecem tudo e aos fortes, orgulhosos e aristocrticos reservada a condenao. Nietzsche prega o advento do super-homem, aquele que senhor de sua prpria vontade, criador de sua prpria moral. Uma vez que "Deus est morto", somente aquele que superior aos demais tem a capacidade de assumir sua vontade, at ento aprisionada. Esse homem est "alm do bem e do mal", porque no mais a sociedade que lhe impe o certo e o errado, mas

afirmava a predominncia da vontade sobre a realidade. Filsofo pessimista, afirmava que tudo o que tido como bom, belo e agradvel no passa de iluso, por isso nunca atingimos a felicidade. Outro crtico da poca, foi o dinamarqus Sren Kierkegaard (1813-1855), considerado o pai do existencialismo. No pensamento do dinamarqus no h essncia do ser humano; ela construo existencial de cada indivduo, que faz a si mesmo durante sua vida. Extremamente religioso e crtico da

ele que cria as virtudes necessrias a sua vida (NIETZSCHE, 1992). Uma outra vertente o positivismo que tem como seu mais conhecido representante o francs

estrutura da Igreja Luterana da Dinamarca Kierkegaard a acusava de ter trado o esprito do Cristianismo ao se aliar teologia de cunho

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos Auguste Comte (1798-1856), cuja filosofia muito influenciou o pensamento e a histria do Brasil. Para Comte e os positivistas, somente a observao fonte de conhecimento cientfico e todos os demais conhecimentos no passam de iluso. O positivismo defendia a idia de progresso contnuo e irreversvel da humanidade, cuja face mais visvel era o desenvolvimento da cincia e da tcnica. Para Comte, as civilizaes passam por trs fases de desenvolvimento: a primeira, associada a infncia, a fase mtica ou religiosa, onde as explicaes ocorrem sempre com referncias s divindades; a segunda, a juventude, encontra-se a fase metafsica, onde princpios abstratos e no materiais so indicados como acontecimentos; a ltima a maturidade, a fase cientfica, onde tudo explicado pela observao e referncia aos fenmenos. Comte foi expulso da Escola Politcnica de Paris (devido suas idias republicanas) e comeou a dar aulas particulares em casa; entre seus primeiros alunos j havia brasileiros que estudavam na capital francesa. A exposio do pensamento no sculo XIX no estaria completa sem a apresentao do pensamento do alemo Karl Marx (1818-1883). Marx era filho de advogado que, obrigado a escolher entre poder exercer a profisso ou respostas aos permanecer protestantismo. Marx estudou na Universidade de Berlim, e se formou em 1841. No mesmo ano comeou a trabalhar como jornalista no jornal "Gazeta judeu, se "converteu" ao

Renana", que foi logo fechado pelo governo. Nessa poca, Marx toma contato com as idias de Ludwig Feuerbach (1804-1872), de quem assumir a posio de que no Deus que cria os homens, mas os homens que criam Deus. Em 1843 vai para Paris, onde conhece Friedrich Engels (1820-1895), filho de industrial que havia, tambm aps a leitura de Feuerbach, abandonado o idealismo hegeliano e abraado o materialismo. Engels se tornaria - mesmo aps a pssima impresso que deixou em Marx no primeiro encontro dos dois - o amigo e colaborador de Marx at o fim da vida desse; os dois escreveram juntos o "Manifesto Comunista", pequena obra que

sintetizava a viso de mundo dos dois. Marx, em consonncia com o positivismo assume a crena no progresso inevitvel da humanidade. As leis dialticas so leis da matria e por isso mesmo, determinantes de uma mudana contnua. A situao do modo de produo capitalista produz as condies para superao desse mesmo sistema, pois o capitalista maximiza os lucros atravs da explorao do trabalho do proletariado, mas isso tem um limite na capacidade fsica do trabalhador. O capitalismo aumenta a produo e os lucros maximizando a tcnica, que exige cada vez menos trabalho assalariado,

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos aumentando a produtividade. Ao mesmo tempo, desemprega uma massa de trabalhadores que no ter renda para consumir, o que leva a crises sucessivas de excesso de produo. A influncia das idias de Marx na poltica foi imensa, forjando parte da histria do sculo XX e produzindo o ordenamento mundial atual. A filosofia de Heidegger extremamente influente. considerado um dos filsofos da "morte da filosofia", pois dizia que a filosofia, como vinha sendo produzida desde Scrates, no propiciaria a posse da verdade Nietzsche fazia a mesma crtica dizendo que a verdadeira filosofia era a dos prsocrticos e a sada seria o retorno linguagem potica, que seria a nica a permitir a posse do ser. 5.2. O sculo XX No sculo XX temos uma pluralidade de perspectivas filosficas. As principais so: Pragmatismo - os principais representantes so Charles Sanders Peirce (1839-1914), William James (1842-1919) e John Dewey (1859-1952). O pragmatismo uma reao ao materialismo positivista que escolhe o caminho da prtica. O pragmatismo afirma de maneira clara que o mtodo pragmtico consiste no estudo de vrias doutrinas do ponto de vista de suas conseqncias prticas e seus resultados. Fenomenologia seu principal Sartre se tornou o mais popular filsofo do sculo XX. Dentro do existencialismo e da

fenomenologia, flertou com o marxismo sovitico e chins; foi da Resistncia na poca da Segunda Guerra Mundial; participou ativamente da poltica francesa do ps-guerra apoiando sindicatos e greves; participou do movimento de estudantes de 1968; escreveu romances e peas teatrais; foi agraciado com o Nobel de literatura, mas recusou; viajou o mundo apoiando revolues sociais. O existencialismo de Sartre era ateu e sua filosofia pregava o controle da nusea e da angstia inevitveis ao se perceber que Deus no existe e que todos os atos so de inteira responsabilidade do indivduo, que no se reporta a nada para decidir sua existncia e determinar sua prpria essncia (REALE; ANTISERI, 1990) (SARTRE, 2004). Neomarxistas - os tericos da Escola de do Frankfurt recriaram em novos moldes a abordagem de Marx (teoria crtica), por isso so chamados de neomarxistas.

representante foi Edmund Husserl (1859-1938). Husserl argumenta que devemos compreender os fenmenos como eles nos aparecem, independentes de suas relaes. A fenomenologia o mtodo privilegiado do existencialismo. Os principais representantes

existencialismo no sc. XX so: Martin Heidegger (1889-1976), Karl Jaspers (1883-1969), Jean-Paul Sartre (1905-1980), Gabriel Marcel (1887-1973) e Maurice Merleau-Ponty (1908-1961).

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos lgica No devemos confundir o pensamento de Frankfurt com os ditos marxistas, que eram idelogos do mundo sovitico; o marxismo da Escola de Frankfurt no era aceito pela ortodoxia dos pases comunistas. cincia simblica. Era essa linguagem que

propiciaria a unificao das cincias, um ideal dos neopositivistas. O projeto faliu; mesmo a fsica, modelo de para os positivistas lgicos, possui

proposies metafsicas, que no podem ser verificadas.

Usando a teoria de Marx e dela fazendo uma mescla com outras doutrinas por exemplo a psicanlise, esses tericos desenvolveram uma crtica da sociedade de massas, da cultura, das artes, da cincia e da razo instrumental ligada tcnica. Neopositivismo, ou positivismo lgico responsvel por uma das revolues do pensamento filosfico no sculo XX. Com ele a filosofia sofre o que se convencionou chamar de "giro lingstico", determinando que a anlise da linguagem se tornasse a atividade primordial da filosofia. Segundo os positivistas lgicos, somente so consideradas cincias aquelas reas de

A preocupao do positivismo com a questo da demarcao cientfica era reflexo da extrema importncia que a cincia adquiriu dentro da sociedade ocidental. Em funo desse interesse pelo conhecimento cientfico, uma rea especfica da filosofia surgiu no sculo XX: a filosofia da cincia. Karl Popper (1902-1994) assumiu a questo de determinar o que ou no cincia. Crtico do positivismo lgico, Popper defendeu um novo critrio de demarcao, que segundo ele, no estaria na verificao, mas no carter falsificvel de uma teoria. Somente uma teoria que se coloca prova dizendo exatamente o que admite ou no e como isso pode ser testado - tida como cientfica. Teorias que nunca podem ser falsificadas so teorias metafsicas. Mas, ao contrrio dos positivistas lgicos, Popper no dizia que teorias metafsicas no possuam sentido; eram plenas de sentido e muitas vezes fonte de teorias cientficas (POPPER, 1993, 1994).

conhecimento, cujas sentenas so verificveis. Alm desse critrio de verificao, que estabelecia uma separao entre o que e o que no cientfico, os positivistas lgicos chamavam a ateno para o fato de que a linguagem comum no seria adequada para o conhecimento cientfico; defendiam, ento, que somente uma linguagem artificial lgica e simblica poderia tratar do conhecimento. O trabalho da filosofia estaria resumido anlise da linguagem das cincias por meio da

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos VI - AS DISCIPLINAS FILOSFICAS A filosofia divide suas disciplinas em funo dos problemas a que responde. So cinco as grandes reas de investigao da filosofia: a metafsica; a conhecimento; a tica; a filosofia poltica; e a esttica; Dentro destas grandes reas, temos divises em disciplinas mais especficas que tiveram sua delimitao estabelecida a partir do sculo XIX e durante o sculo XX. O nome dado por Andrnico veio a se tornar aceito, em especial porque o termo se refere coisas que esto alm do que fsico. No caso de Aristteles, a "filosofia primeira", ou metafsica, seria a rea da filosofia que abordaria as causas primeiras de toda a existncia, o ser em si mesmo, Veja um exemplo! Dentro da epistemologia h a filosofia da cincia que, alm da perspectiva geral que procura falar de todas as cincias, pode se dividir em filosofia das cincias naturais, formais e sociais. Estas divises no tornam as disciplinas filosficas estanques, pelo contrrio, os problemas filosficos se encontram e se inter-relacionam, constituindo uma rede com diversos ns de ligao. As trs primeiras disciplinas que voc estudar so: metafsica, a epistemologia e a tica. Que tal comear? De maneira introdutria pode-se dizer que a metafsica trata dos problemas do ser e da existncia. O que existe? O que define a existncia especfica de algo e do todo? Que tipo de existncia pode-se advogar da essncia das coisas? Existem causas e quais? O que necessrio e o que contingente? Todas estas so questes metafsicas. (ARISTTELES, 1984). Aristteles j igualava o estudo metafsico ao estudo de Deus e essa tem sido uma preocupao constante dentro da filosofia. Desde a Antigidade, 6.1. A Metafsica Este termo o ttulo de uma das principais obras de Aristteles, apesar do filsofo grego no o os filsofos tm se perguntado pela possibilidade da existncia ou no de uma entidade supra-natural, criadora ou co-eterna com o mundo. Muitos ao que Aristteles identificava como Deus. epistemologia, ou teoria do ter utilizado. Andrnico de Rodes, organizador da obra completa de Aristteles no sculo I a.C., ordenando os livros em ordem alfabtica grega, percebeu um problema, pois o livro posterior "Fsica" no tinha nome. Andrnico o nomeou "o livro que vem depois da Fsica", em grego "t met t fisic"; da "metafsica". Aristteles utilizava a expresso "filosofia primeira" para se referir disciplina que hoje denominamos metafsica.

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos longo do tempo desenvolveram argumentos Pascal utiliza um teorema da probabilidadeestatstica (teorema de Bayes) para advogar a utilizam racionalidade da crena em um Deus pessoal, em especial o do Cristianismo (SWINBURNE, 1998); A razo da existncia pessoal e da existncia como um todo, tambm um problema metafsico e com reflexos imediatos para o nosso viver cotidiano. Por exemplo, os objetivos que voc traa em sua vida e as aes que realiza para alcanlos. Em especial este problema se coloca quando o homem se defronta com condio mortal.

favorveis crena na existncia de Deus. Os argumentos elaborados

inmeras abordagens, observe: Plato chegou a identificar as idias do Belo e do Bom com Deus e negou as divindades gregas como representativas da Divindade

verdadeira (PLATO, 2001); Aristteles falava de uma causa primeira, dentre todas as causas observadas, que ele identificou como uma divindade co-eterna ao universo (ARISTTELES, 1984); Santo Toms de Aquino desenvolveu os argumentos de Aristteles dentro de uma

A morte apressa as questes acerca do significado da vida, alm da definio de que algo bom ou ruim. Procurar sentido no que fazemos pode

perspectiva crist, o que ficou conhecido como as "cinco vias" sobre a existncia de Deus (AQUINO, 2002); Santo Descartes Agostinho, santo um Anselmo argumento e

estar nos desejos pessoais, nas preocupaes sociais, ou em algo fora desse mundo. Alguns filsofos argumentam que no h sentido na existncia pessoal, que se daria pelo acaso e demandaria a produo livre e pessoal de um significado, sob pena de se admitir at mesmo o suicdio como resposta falta de significado da existncia. Outros diro que mesmo que se produza significado, este apenas subjetivo, pois o universo

desenvolveram

chamado de ontolgico que afirmava a existncia de Deus a partir da prpria idia de Deus (AGOSTINHO, 1984) (ANSELMO, 1979)

(DESCARTES, 1979); Pascal, poca de Descartes, desenvolveu um argumento baseado na maior probabilidade de acerto da crena na existncia de Deus (PASCAL, 1973); Kant afirmou a necessidade moral da crena em Deus, sem a qual nenhuma vida moral poderia se constituir (KANT, 2002); Richard Swinburne - filsofo britnico da contemporaneidade - inspirado no argumento de

demonstra uma indiferena constante existncia e ao que o ser humano produz, j que tudo ser consumido pelo tempo e desaparecer para sempre, mesmo as lembranas que tenham de ns e de nossas aes. Talvez o ser humano no devesse se

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos preocupar tanto com sua existncia como um ser nico, achando que ele especial (NAGEL, 2001, 2004). Que a de no saber para que vivem Nem saber o que no sabem? "Constituio ntima das cousas"... "Sentido ntimo do Universo" ... Tudo isto falso, tudo isto no quer dizer nada. incrvel que se possa pensar em cousas dessas, como pensar em razes e fins Quando o comeo da manh est raiando, e pelos lados das rvores Um vago ouro lustroso vai perdendo a escurido. Pensar no sentido ntimo das cousas acrescentado, como pensar na sade Ou levar um copo gua das fontes. O nico sentido ntimo das cousas elas no terem sentido ntimo nenhum. No acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, Sem dvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro Dizendo-me, Aqui estou! (Isto talvez ridculo aos ouvidos De que, por no saber o que olhar para as cousas, No compreende quem fala delas Com o modo de falar que reparar para elas ensina.) Mas se Deus as flores e as rvores E os montes e sol e o luar, Ento acredito nele, Ento acredito nele a toda a hora, E a minha vida toda uma orao e uma missa, E uma comunho com os olhos e pelos ouvidos. Mas se Deus as rvores e as flores E os montes e o luar e o sol, Para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e rvores e montes e sol e luar; Porque, se ele se fez, para eu o ver, Sol e luar e flores e rvores e montes, Se ele me aparece como sendo rvores e montes E luar e sol e flores, que ele quer que eu o conhea Como rvores e montes e flores e luar e sol. E por isso eu obedeo-lhe, (Que mais sei eu de Deus que Deus de si prprio?), Obedeo-lhe a viver, espontaneamente, Como quem abre os olhos e v, E chamo-lhe luar e sol e flores e rvores e montes, E amo-o sem pensar nele,

Antes de continuar d uma parada e leia a poesia de Fernando Pessoa, denominada O Mistrio das Cousas, ela possibilitar a reflexo sobre o que voc estudou. O Mistrio das Cousas

Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) H Metafsica bastante em no pensar em nada. O que penso eu do mundo? Sei l o que penso do mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso. Que idia tenho eu das cousas? Que opinio tenho sobre as causas e os efeitos? Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma E sobre a criao do Mundo? No sei. Para mim pensar nisso fechar os olhos E no pensar. correr as cortinas Da minha janela (mas ela no tem cortinas). O mistrio das cousas? Sei l o que mistrio! O nico mistrio haver quem pense no mistrio. Quem est ao sol e fecha os olhos, Comea a no saber o que o sol E a pensar muitas cousas cheias de calor. Mas abre os olhos e v o sol, E j no pode pensar em nada, Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos De todos os filsofos e de todos os poetas. A luz do sol no sabe o que faz E por isso no erra e comum e boa. Metafsica? Que metafsica tm aquelas rvores? A de serem verdes e copadas e de terem ramos E a de dar fruto na sua hora, o que no nos faz pensar, A ns, que no sabemos dar por elas. Mas que melhor metafsica que a delas,

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos E penso-o vendo e ouvindo, E ando com ele a toda a hora. 6.2. Epistemologia A epistemologia, ou teoria do conhecimento, trata de todas as questes acerca do conhecimento humano: como procede; de onde parte; seus limites; seus tipos. Ao procurar conhecimento, pretende-se encontrar crenas verdadeiras justificadas. Dentro desta definio encontram-se dois conceitos que devem ser clarificados: verdade e justificao. Existem diversas teorias que definem o que a verdade. Dentre elas temos a mais comum, a "teoria da correspondncia" ou "teoria especular". O termo "especular" se refere a espelho, pois supe que os conhecimentos que cada pessoa possui se espelham a realidade ou correspondem ao mundo como ele . Assim, verdadeira a crena que reproduz a estrutura do mundo e falsa a crena que no reflete esta estrutura. Uma outra teoria, mais nova, a Veja uma explicao! Se o que pretendo provar um teorema matemtico, o procedimento de justificao se resume ao conjunto de regras lgicas de

demonstrao e no necessito de evidncia alm do prprio clculo lgico. O mesmo no acontece se a crena que pretendo justificar a de que determinado vrus o causador de uma doena especfica; neste caso preciso de evidncia

observacional que dever ser coletada, mensurada e relacionada com os efeitos que pretendo explicar. Ao tentar defender a existncia da mente como algo imaterial a justificativa dever possuir no s uma argumentao logicamente correta, mas tambm apresentar fatos plausveis e no

contraditrios em defesa do que se pretende afirmar como verdade. Todas estas caractersticas dizem respeito ao conhecimento, mas h uma rea especfica da epistemologia que se consolidou no passar dos sculos XIX e XX: a filosofia da cincia. O conhecimento cientfico, em especial o das cincias naturais, se desenvolveu enormemente a partir do incio da modernidade com a Revoluo Cientfica e a Revoluo Industrial. A cincia se tornou, durante o sculo XIX e ainda hoje para alguns, o conhecimento privilegiado. A cincia tem uma enorme importncia na sociedade de hoje, o que pode ser apreciado ao notar o grande interesse e dependncia que se possui das questes cientficas e tecnolgicas. Aos filsofos interessam indagar o que caracteriza o conhecimento cientfico, seu

pragmatista. Segundo esta teoria, a verdade uma caracterstica provisria das crenas, ou seja, enquanto estas produzem o resultado esperado em termos de finalidades prticas, elas sustentam o status de verdadeiras. Quanto justificao, sua definio est ligada ao tipo de conhecimento que se pretende advogar, o procedimento necessrio para atingi-lo e as evidncias relevantes.

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos mtodo ou mtodos, suas teorias e a realidade da qual pretende falar. 6.3. tica Os problemas ticos, assim como os polticos, so os que mais se relacionam com o bom lembrar que o problema da demarcao do que ou no conhecimento cientfico vem desde o incio dos questionamentos em filosofia da cincia e est ligado questo do progresso da cincia. nosso dia-a-dia. As questes ticas so relativas ao agir humano. O que certo fazer? O que no

devemos fazer? Qual ou quais so as fontes da moralidade? H alguma relao entre o certo e o til? A felicidade pessoal a justificativa final das

importante ressaltar ainda, uma das posies mais radicais contra as convices realistas do conhecimento: o ceticismo. O ctico um terrorista do conhecimento que pretende deixar em escombros o edifcio do conhecimento. A metfora do edifcio do

aes humanas? Alm das questes ticas de cunho geral referidas acima, existem as questes mais

especficas, relativas poca em que se vive, em especial aquelas que dizem respeito vida.

conhecimento foi utilizada por Descartes em sua obra "Discurso do Mtodo", onde pretendia se defender dos argumentos cticos. O ctico chama ateno para o fato de que constantemente o ser humano erra: nosso raciocnio se mostra errado, somos enganados pelos sentidos, confundimos sonho e realidade, e nossas teorias esto

Veja estes exemplos! O aborto poderia ser eticamente

justificado? A eutansia no seria apenas um assassinato? Pode-se realizar pesquisas com clulas-tronco embrionrias?

Estas

questes

esto

ligadas

com

a

permanentemente se mostrando falhas.

concepo de ser humano. A moral tradicional e as religies tentam respond-las, mas como as

Em suma, no podemos dar crdito s nossas percepes e crenas, pois no

concepes morais so variadas e as religies so muitas, o papel da filosofia se mostra primordial, pois com o uso da nossa capacidade racional comum pode-se tentar o acordo. Se prestarmos ateno histria da

possumos garantia alguma da correo delas; no mximo podemos afirmar que temos opinies acerca do mundo, nunca

conhecimento de como ele realmente .

humanidade, perceberemos que os diferentes povos e civilizaes possuam concepes contraditrias acerca do certo e do errado; as sociedades hoje existentes, tem percepo do bem e do mal tambm

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos variadas. A concluso destas observaes para o relativista moral a de que a norma moral depende da sociedade em que se vive; o que certo aquele tipo de ao que a sociedade procura incentivar ou toma como normal, e o que errado a ao que aquela sociedade tenta proibir. racionalmente ao que usualmente chamamos de "regra urea", uma norma moral universal. Nisto esto ao lado das maiores tradies religiosas da histria da humanidade (SINGER, 2002). As crticas ao relativismo e ao subjetivismo esto centradas na idia da impossibilidade de crtica moral, de educao moral e reforma social ao Deste modo, para o relativista moral no podemos condenar moralmente as aes de determinado povo, pois este est simplesmente fazendo aquilo que pensa estar certo. Qualquer tipo de repreenso moral seria derivada de uma atitude etnocntrica. Como, por exemplo... As posies relativistas vm desde a Antigidade. Alguns de seus mais famosos Posso condenar um ato terrorista se esta pode ser uma ao vista como correta dentro do grupo ao qual o terrorista pertence? Olhe para os inmeros subgrupos dentro da sociedade em que voc vive. Se em um destes subgrupos a prtica religiosa diferente da maioria da sociedade, ela teria que ser condenada como errada? admitirmos a posio relativista. Segundo os crticos do relativismo, basta que voc se pergunte quais seriam as razes para condenar um ato em um grupo social diferente do seu ou em um subgrupo social da sociedade em que se est inserido.

representantes foram os sofistas, na Grcia Antiga, e Montaigne, no incio do Perodo Moderno. A crtica ao relativismo tambm to antiga quanto seus representantes. Scrates constituiu seu

pensamento na luta contra as posies cticas e relativistas dos sofistas, assim como Plato. H uma coincidncia nas diversas respostas dadas ao relativismo moral, mesmo quando estas respostas no derivam teorias ticas comuns. Plato, Aristteles, os filsofos cristos da Idade Mdia, os racionalistas modernos, os empiristas, os utilitaristas, Kant e diversos outros pensadores no coincidiram em suas propostas de uma teoria tica definidora do certo e do errado no agir humano, mas todos eles coincidiram em suas crticas ao relativismo e na possibilidade de chegarmos

No

caso

do

subjetivismo

tico,

os

problemas se repetem. Imagine voc se o certo e o errado fossem os objetos do desejo dos indivduos. A responsabilidade moral, assim como a imputao de culpa, no poderiam ocorrer dentro da sociedade. Novamente, como pais e educadores agem? Dizem a seus filhos e alunos "faam o que desejam"? A idia de educao moral est justamente baseada no controle dos desejos subjetivos. Como bem disse Thomas Hobbes, se esta a natureza

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos egostica do homem, o estado da natureza a guerra de todos contra todos (HOBBES, 1979). H uma tentativa, com base no pensamento de Kant, de controlar o subjetivismo. Esta faz referncia ao conceito de "observador ideal". O pensador que defende esta terica foi o filsofo americano John Rawls. Nesta teoria, ao decidir sobre a ao, o indivduo deve se colocar na posio de um observador ideal que procuraria ter o mximo conhecimento possvel sobre a ao a ser realizada inclusive as possveis conseqncias e procurar agir com total imparcialidade nas aes, isto , levando os interesses de todas as pessoas incluso ele prprio igualmente em considerao Kant responsvel por uma das mais influentes elaboraes ticas da filosofia. Kant estabeleceu uma regra moral de aplicao universal que se configurou no chamado "imperativo O determinismo defende que todas as aes no mundo esto determinadas por causas anteriores a elas, incluso as aes humanas. O ser humano tem que ter autonomia na escolha. Em algum momento nossa capacidade de deciso ou nossa vontade de poder escolher deve ocorrer sem nenhum constrangimento. Isso possvel? Pense em voc! Quando decidiu fazer este curso, voc no foi influenciado por nada a tomar esta deciso?

(RAWLS, 2002). Uma das crticas a esta posio est ligada exigncia de total imparcialidade.

categrico": age de tal maneira que seja seu desejo que todos ajam da mesma forma. A tica de

Imagine! Voc levaria igualmente em considerao os interesses de seus familiares e de um desconhecido?

Kant extremamente rgida e vinculada noo do "dever"; se voc faz o que certo, mas o faz almejando algo mais alm de fazer o que certo, ento a ao foi viciada.

A

questo

mais

central,

diante

das Agora, voc estudar mais duas

conseqncias para a possibilidade de uma tica a questo do livre-arbtrio. Os seres humanos so efetivamente livres ao tomarem uma deciso ou isto no passa de uma iluso? Diversos determinismo como autores a defenderam terica o mais

disciplinas filosficas: a filosofia poltica e a esttica.

VII - FILOSOFIA SOCIAL E POLTICA

posio

A estrutura poltica, dos sistemas de governo e da justia j era comum no pensamento dos filsofos da Antigidade grega.

apropriada ao nosso conhecimento sobre o mundo e o ser humano.

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos Porm h dois tipos de contraposies tericas clssicas na filosofia poltica. A primeira diz respeito origem da sociedade e est dividida entre naturalistas e contratualistas. A segunda trata das relaes entre tica e poltica que apresenta aqueles que defendem uma regulao tica da poltica e aqueles que defendem uma regulao exclusivamente poltica. Os pensadores naturalistas so aqueles que afirmam o aspecto natural e evolutivo do Quase dois mil anos depois de Aristteles, o diplomata e pensador poltico florentino Nicolau Maquiavel ir se contrapor ligao entre tica e poltica. Para Maquiavel, a poltica possui regras prprias e o agir poltico deve ser definido pelos seus fins inerentes, que para ele so a manuteno do poder e da ordem na sociedade. Maquiavel estabelece uma diferena entre o que hoje chamamos "razo de Estado" e as razes pessoais do governante.

aparecimento e desenvolvimento das sociedades. Seu representante foi Aristteles que definia o ser humano como um animal poltico. Para ele, o Estado apenas o pice do desenvolvimento social e gregrio da natureza humana. O ncleo social bsico a famlia, e dela vm as demais organizaes sociais. Esta progresso natural e evolutiva, pois o homem no uma besta que vive solitria, nem um deus que no precisa dos outros para existir (ARISTTELES, 1985). Os contratualistas afirmam que qualquer sociedade surge em funo de um pacto implcito entre os indivduos que a comporo. As pessoas possuiriam diversos direitos que so naturais e por meio de uma deciso racional decidem por viver em grupo, abdicando de todos ou de alguns direitos naturais. Para Aristteles, a poltica a continuao da tica. Um ser humano somente se define em sociedade, pois nela que deve se esforar por adquirir hbitos virtuosos. Se necessrio aos fins especficos do Estado, o governante deve agir na sua dependncia, mesmo que pessoalmente em sua vida particular no o fizesse. O lema "os fins justificam os meios" a expresso da desvinculao entre os preceitos ticos pessoais e os preceitos polticos pblicos Aquilo que individualmente para uma pessoa seria o correto fazer, no necessariamente certo para um governante.

(MAQUIAVEL, 1973). Para finalizar as referncias aos problemas e respostas abordados dentro da filosofia poltica, faamos referncia questo da justia e sua distribuio. John Rawls e Robert Nozick foram dois filsofos americanos atuais que representaram idias contrrias sobre a justia distributiva. Rawls defendeu a importncia do Estado como o elaborador e realizador de mecanismos sociais e econmicos que produzam justia social.

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos Caberia ao Estado diminuir as distncias das diferenas entre as condies materiais dos esttica a da imitao. Em Plato, todo o mundo fsico imitao do mundo das idias, o que percebemos atravs da nossa capacidade racional que ultrapassa o sensorial e apreende a idia imaterial e eterna do belo, a beleza em si mesma. Na perspectiva de Aristteles a arte por definio arte imitativa. Quanto mais perfeita a imitao realizada, mais a arte permite o a

indivduos que compem uma sociedade. Nozick, era frontalmente contra qualquer tipo de ao que interferisse nos direitos naturais de uma pessoa. A ao dos indivduos dentro da sociedade deve ser livre de qualquer constrangimento.

aprimoramento VIII - ESTTICA A esttica a rea da filosofia que trata da beleza e da arte. A apreciao esttica parte do nosso cotidiano.

humano,

pois

possibilita

percepo e a vivncia de experincias mltiplas. Alguns outros tericos se concentraram na emoo, tanto a que o artista pretenderia expressar, quanto aquela que ocorre em quem aprecia. Mas os problemas logo aparecem. Como posso ter certeza da apreenso correta da emoo do artista?

Observe: Pode-se dizer que certas composies musicais so belas; quo bonita uma paisagem; fala-se sobre a beleza de algumas pessoas; encanta-se com os quadros e as esculturas como belas. Mas o que h de comum em uma paisagem, uma msica, uma pessoa e um quadro quando dizem que todos so belos?

Quanto emoo produzida naquele que percebe a situao no menos problemtica. Se a emoo esttica produzida por algo diferente em duas pessoas porque aquilo falho? No posso admitir que algo seja arte sem que aquilo produza em mim algum tipo de emoo? Um outro tipo de posio em esttica advoga uma posio sociolgica e histrica. Esta concepo afirma que a beleza e a arte so definidas em funo das condies psicolgicas e sociais

Voc j deve ter se perguntado sobre isso e j deve ter percebido que, alm de falar da beleza de coisas diferentes, as pessoas tm opinies diferentes sobre o que belo ou no. A tendncia natural chegar concluso de que gosto no se discute. Nem todas as teorias estticas advogam um subjetivismo extremo, a mais usual perspectiva

existentes em determinados perodos e locais. Arte aquilo que foi estabelecido como arte pelos manuais de histria, pelos artistas, pelos marchands e pelos crticos. O mesmo ocorreria com a concepo de beleza. Dentro desta perspectiva h uma coincidncia com o relativismo moral em tica

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos e com o ceticismo em epistemologia (GARDNER, 2002). Atualmente, o padro de identificao do que belo est ligado ao fato de evolutivamente as espcies reconhecerem a relao entre sade e organismos de corpos simtricos. Esta hiptese explicativa fruto de uma aliana nem sempre aceita entre esttica e biologia evolucionista (WRIGHT, 1996). IX DIMENSO FILOSOFIA PEDAGGICA DA Iniciaremos revisitando Plato e Scrates. A concepo de ser humano encontrada em Plato permite o aprimoramento pessoal, mas a prtica educacional defendida por ele no permite variedade. Plato estabelece estritas regulaes do processo educacional em relao aos tipos A partir de agora vamos nos aprofundar nestes aspectos que envolvem o processo educativo. pela prudncia, e esta prudncia se aplica prtica.

psicolgicos que acreditava existirem. A imagem do A preocupao grega com a formao do indivduo se desdobrou nas inmeras interpretaes do que o ser humano e as condies de maleabilidade de formao a que est submetido. A filosofia no pretende somente justificar a interpretao do que o homem, como tambm produz normatizao acerca dos procedimentos de formao. Uma concepo antropolgica da natureza humana mais comedida seria a interpretao aristotlica do ser humano como um ser com caractersticas prprias, mas malevel em sua formao, que se dar de maneira interativa com os outros e com as situaes com que se defronta. Por exemplo: aristotelicamente, diramos que: A educao envolve aspectos sociais, polticos e ticos que fazem dela uma arte regida 9.1. Abordagem Filosfica, Metafsica e Epistemolgica da Formao da Pessoa A filosofia possibilitar a formao do indivduo quando retomar a noo de razo prtica, entendida como orientao para a vida. Scrates mestre a de um indivduo preocupado com os caminhos que o conhecimento e o aprimoramento moral do indivduo poderiam tomar. Scrates apresentado nos dilogos de Plato como mais preocupado com o procedimento do que com o resultado final do empreendimento cognitivo. O processo educacional no termina, assim como a verdade no se apreende de todo. Esta perspectiva socrtica vai at o advento do Cristianismo. Aps a vitria do Cristianismo como religio dominante no mundo ocidental, a misso de preparar a vida deixa de ser uma funo da filosofia e passa a ser da religio.

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos Para isto devemos levar em considerao alguns fatores importantes para uma abordagem filosfica, metafsica e epistemolgica da formao da pessoa. humano est desvinculado de seu momento histrico e dos valores que constituem as

comunidades. No perceber a historicidade dos procedimentos educacionais impede a compreenso da mudana e a contextualidade destes processos.

Educao:

a

busca

de

uma

A linguagem como veculo dos processos educativos. A linguagem o veculo privilegiado dos processos educacionais. A ateno aos significados e crenas vinculados no processo educacional nos remete estrutura da argumentao, do dilogo, da formao pragmtica do significado. A linguagem o meio de compartilhamento de crenas. A linguagem produz significado dentro da

constituio estvel do ser humano que no muda com o tempo Ao advogarmos um modo especfico de educar estamos supondo uma constituio estvel do ser humano que no muda com o tempo. A indicao de propriedades definidoras no empreendimento fcil e devemos ter o cuidado em no cristalizar interpretaes e prticas, a ponto de se tornarem prejudiciais formao da pessoa. Ausncia processo educacional A falta de regularidade do processo educacional tambm deve ser levada em conta para uma perspectiva pedaggico-filosfica de regularidade do

comunidade de falantes, que determina o uso dos termos. Perceber a educao como um jogo lingstico ajuda a tom-la como um processo de interao segundo regras. A cultura enquanto um conjunto de valores para as comunidades A cultura apresenta um conjunto de valores que norteiam todas as atividades dentro de uma comunidade. Uma educao plena e democrtica deveria reproduzir os valores, critic-los, rep-los, compar-los e dissemin-los em sua pluralidade. Aspectos influenciam a educao um Por ltimo mas no seriam s estes os fatores existentes citamos os aspectos econmicos de influncia na educao. As condies materiais podem ser um fator decisivo para tolher as prticas econmicos que

enriquecedora. A figura do Scrates inquiridor exemplar dos descaminhos do processo educacional. Podemos justificar certas prticas educacionais, mas a dificuldade de que tais prticas ocorram sempre da mesma forma e resultem nos resultados pretendidos uma pretenso que at a cincia natural contempornea problematiza pelo uso contnuo da estatstica e do clculo de probabilidades. A processo histrico A educao e seus processos obedecem a uma referncia histrica. Nenhum procedimento educao enquanto

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UNI UNIO NACIONAL DE INSTRUOEnsino de Jovens e Adultos educacionais, ou para increment-las. Aristteles j fazia referncia necessidade de um mnimo material para a vida de contemplao e a obteno de felicidade. Assim, filosofia no basta reconhecer a importncia dos meios materiais, mas necessrio justificar como eticamente ARANHA, Maria Lcia de A.; MARTINS, Maria Helena P. Temas de Filosofia. 2 ed. So Paulo, SP: CONCLUINDO.... Moderna, 1992. ARANHA, Maria Lcia de A.; MARTINS, Maria Helena P. Filosofando: Introduo filosofia. 2 ed. So Paulo, SP: Moderna, 1993. X - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

indispensvel o acesso a tais condies.

Foi um prazer ter concludo o estudo dessa unidade com voc. Certamente voc percebeu que os aspectos focados nesta unidade nos mostra a necessidade de, continuar questionando e buscando sempre, novos modos de pensar a realidade. Mostrando os limites da filosofia, estamos valorizando o pensamento que abre novas estradas entre a cincia e a filosofia. Essa finitude do saber filosfico no acidental. Basta olhar para o sentido etimolgico do termo filosofia. Os gregos deram a esse saber, o nome philosophia; assim, filsofo significa aquele que busca a sabedoria, o apaixonado pela sabedoria.

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