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IOCESANAFOLHA

IN FOR MA TI VO DA DIO CE SE DE GUA NHÃES | MG | ANO XVIII | Nº 222 | Dezembro de 2014D

| PÁGINAS 4 E 5 |

Bodas deOuro de“TiaRaquel”cooperadora da famíliacooperadora da família

“Uma vocação não anula a outra. Você só tem quemudar a roupagem. Se fez a escolha, vá em frente”.

| PÁGINA 6 |

“Aprendi muito mais que ensinei.Aqui encontrei uma Igreja Vivaonde o povo é o protagonista

da evangelização.”

“O Natal é a eterna criança divina nascendo dentrode nós, nos redimindo, nos reconciliando com aqueles

e aquelas que estão ao nosso redor”| PÁGINA 3 |

Bodas deOuro de“TiaRaquel”

8 DEZEMBRO2014 DIOCESEEMFOCO

www.diocesedeguanhaes.com.br

O novo site daDiocese de Guanhães

já está na net

Faça-nos uma visita!Divulguem!

Aconteceu no dia 30 de novembro, emVirginópolis, o 18º Rebanhão com aparticipação de aproximadamente1000 pessoas de várias paróquias danossa diocese. Foi conduzido pelo Mi-

nistério de Música “Missão de Viçosa”, e o prega-

dor Wiliam de Paula, membro do Núcleo Nacio-nal do Ministério Jovem. O Tema do Rebanhão“Conservar a unidade do Espírito pelo vínculo dapaz” Ef 4,3 foi o mesmo trabalhado durante todoo ano pela RCC do Brasil. Foi um dia de muitasalegrias expressadas nas músicas, louvores, ora-

ções e adoração ao Santíssimo Sacramento. En-cerrou-se com a Santa Missa presidida por DomJeremias e concelebrada por padre Hermes e pa-dre José Geraldo, nosso Diretor Espiritual, estan-do presente também na Missa o diácono BrunoRibeiro.

O mês de novembro, já no seu fim,marcou também o encerramento docurso de Teologia Pastoral, voltado pa-ra agentes de pastoral atuantes nas co-munidades paroquiais da Diocese deGuanhães. A Escola Diocesana de Teo-logia Pastoral teve seus trabalhos ini-ciados em fevereiro de 2012, com dura-ção de 240 horas/aula, distribuídas em30 módulos.

Para conhecer o projeto, voltamosum pouco no tempo, a julho de 2009,quando foi criada a escola. Com os tra-balhos iniciados em agosto do mesmoano, a caminhada da primeira turmacom 45 alunos durou pouco mais detrês anos. Desse grupo surgiram equi-pes de apoio às várias Pastorais Dioce-sanas, entre elas a equipe de elabora-ção dos roteiros dos Grupos de Refle-xão.

Com início restrito à área citada (SãoMiguel – CITAR PARÓQUIAS), masuma experiência sucedida de tal formaa despertar o interesse de muitos ou-tros paroquianos. Depois da aprovaçãodos vários pedidos para ingresso aocurso, a iniciativa foi transformada emEscola Diocesana de Teologia Pastoral.

O desejo de começar essa caminha-da vem de muito longe; exatamente deAparecida, a capital Mariana do Brasil.A partir da Conferência de Aparecida,veio a necessidade de uma respostadiocesana. O foco do projeto foi ofere-cer capacitação teológica voltada aosagentes de pastoral; a partir do conteú-do apresentado em cada encontro elespodem tornar-se cada vez mais discí-pulos missionários de Jesus Cristo.

Ao longo desses três anos de jorna-da teológica, os agentes de pastoraispresentes na Escola Diocesana de Teo-logia Pastoral assistiram aulas em 14módulos – com variação de um a oito –,de 8h a 64h. Foram ministradas discipli-nas de Introdução à Teologia, Eclesiolo-gia, Liturgia, Doutrina Social da Igreja,História da Igreja, Moral Fundamental,Bíblia, Cristologia, Sacramentos, Espiri-tualidade, Mariologia, Escatologia, Trin-dade e Prática Pastoral.

Da paróquia Nossa Senhora do Pa-trocínio, em Virginópolis, vem um de-poimento simples e forte sobre a expe-riência da Escola Diocesana de Teolo-gia Pastoral. Para Sebastiana Maria Pi-nheiro, foi o ‘tiro’ mais certo da IgrejaCatólica inspirada pelo Espírito Santo.Leigo residente na paróquia Nossa Se-nhora Aparecida, no Pito, em Gua-

nhães, Pedro Pereira teve receio denão poder prosseguir com o curso da-dos os três anos de encontros. Ele jáhavia assumido alguns compromissose temia impedir outra pessoa com maisdisponibilidade em poder participar.Ciente da necessidade de aprofundarseus conhecimentos para servir melhorà sua comunidade, decidiu abrir mão decompromissos para frequentar o curso.“Hoje posso dizer que fiz a melhor es-colha. Tivemos um curso muito partici-pativo, com escolha de disciplinas eprofessores muito bem acertadas, pro-porcionando conhecimento, esclareci-mento e muita alegria. Agradeço à Dio-cese de Guanhães pela iniciativa e pa-rabenizo a todos os professores e alu-nos pela brilhante participação”, con-cluiu Pedro.

A Escola Diocesana de Teologia

Pastoral trouxe duas mu-danças para a vida deMary Barbosa, da paró-quia Nossa Senhora doPorto, em Senhora doPorto: ela passou a ler aFolha Diocesana e dei-xou de ver a Bíblia comoum objeto de enfeite. “Pri-meiramente, eu agradeçoa Deus por ter me inspira-do para que eu procuras-se ler a Folha Diocesana,pois antes não era meucostume; antes, possoconfessar, olhava a Bíbliacomo enfeite, colocando-a em um suporte para en-feitar a minha casa; não

sabia que guardava um tesouro; porém,hoje posso afirmar que este tesouronão é para ser guardado e sim para serdesfrutado”. Ela conclui dizendo: tuapalavra é lâmpada para os meus pés eluz para o meu caminho.

O encerramento da Escola Diocesa-na de Teologia Pastoral foi marcado poruma celebração eucarística em ação degraças, presidida pelo bispo diocesano,Dom Jeremias Antonio de Jesus, e con-celebrada por alguns padres de nossadiocese. Parentes dos que concluíramo curso acompanharam a celebração ea entrega dos certificados, no salão daCatedral, onde também foi servido umjantar aos presentes.

A próxima turma terá início em 2015e os interessados podem procurar o pa-dre de sua paróquia e se informaremmelhor.

ENCERRADA SEGUNDA TURMA DA ESCOLADIOCESANA DE TEOLOGIA PASTORAL

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Page 2: Folha diocesana ed222

Con se lho Edi to rial:

Padre Adão Soares de Souza, padre Saint-Clair Ferreira Filho, Taisson dos Santos BicalhoRevisão: Mariza da Consolação PimentaDupimJor na lis ta Res pon sá vel:

Luiz Eduar do Bra ga - SJPMG 3883En de re ço pa ra cor res pon dên cia:

Rua Amável Nunes, 55 - CentroGuanhães-MG - CEP: 39740-000Fone:(33) 3421-3331fo lha dio ce sa na@ gmail.com

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dien

te2 DEZEMBRO2014

O jornal Folha Diocesana reserva-se o direito de condensar/editar as matériasenviadas como colaboração.Os artigos assinados não refletem necessariamente a

opinião do jornal, sendo de total responsabilidade de seus autores.

COMEMORAÇÃO - DEZEMBRO DE 2014Padres, religiosas, consagradas e seminaristas da diocese de Guanhães

DAREDAÇÃO

03 Maria Inês de Almeida Nascimento

04 Pe. Alípio José de Souza Nascimento/ Ordenação

08 Maria Raquel Mendes Soares Consagração

08 Pe. Itamar José Pereira Ordenação Sacerdotal

10 Dom Jeremias Antonio de Jesus Ordenação Sacerdotal

10 Pe. João Evangelista dos santos Ordenação Sacerdotal

10 Pe. José de Brito Filho Ordenação Sacerdotal

11 Pe. Amarildo Dias de Mendes Nascimento

12 Ir Ana Maria Mendes Nascimento

13 Pe Ismar Dias de Matos Nascimento

17 Dom Marcello Romano Ordenação Sacerdotal

18 Frei Geraldo Monteiro Ordenação Sacerdotal

20 Dom José Maria Pires Ordenação Sacerdotal

21 Sem. André Luiz E. da Lomba Nascimento

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Edito

rial

contribua com a

FOLHADIOCESANA

Dados para depósito bancário:Editora Folha Diocesana de GuanhãesCooperativa: 4103-3Conta Corrente: 10.643.001-7SICOOB-CREDICENM

A FOLHA DIOCESANAPRECISA DE VOCÊ

DEZEMBRO

2 - Estudo da Campanha da Fraternidade 2015 (Pe.Ismar)

06-07 - ECC (Segunda etapa) em Guanhães

9 - PASCOM

10 - Aniversário de ordenação presbiteral do bispo eConfraternização de final de ano dos padres naParóquia de Sabinópolis.

14 - Presença Equipe da Causa do Cônego emSabinópólis.

15 - Início das Novenas de Natal

Que alegria! Já iniciamos mais um novo anolitúrgico na vida da Igreja. Assim como asestações do ano dá ritmo a vida no planeta,também o ano litúrgico dá ritmo a nossa vi-da espiritual, caminhada rumo ao Pai.

O advento é tempo de preparação para celebrarmos aprimeira páscoa de Jesus:o Natal. Por isso mesmonosso bispo nos apresen-ta orientações para apro-veitarmos o máximo pos-sível e colhermos os fru-tos desse momento que aigreja nos proporciona.

É tempo de soltarmosas amarras que nos impe-dem de caminhar, acolhere dar o perdão de modoque iniciemos o ano civilna paz do menino Jesus,nosso salvador; os textosde padre Ismar e Reginanos ajudam a entender is-so: Ano novo, vida nova.

Mais uma vez temos acontribuição do Padre

João Evangelista, com suas orientações litúrgicas sobreo canto, ministério tão rico para Igreja orante que reza elouva a Deus pelos seus feitos no decorrer dos anos.

Acolhemos, com muita satisfação, ao padre Dilton queretorna de uma rica experiência na África. Seja bem vin-do padre, partilhe conosco a riqueza que pôde colher jun-to aos nossos irmãos do outro lado do oceano.

Cinquenta anos não são cinquenta dias, por isso nes-ta última edição do ano a Folha Diocesana lembra os cin-quenta anos de vida consagrada de Maria Raquel, coo-peradora da família. Motivo de alegria e estímulo ao con-templar no seu rosto a alegria de ter “gastado” sua vidaem favor da Igreja Doméstica (a família), sobretudo ospequeninos.

A folha diocesana deseja a todos um abençoado natale feliz ano novo.

Ordenação DiaconalO

trecho bíblico “Servi ao Senhor com alegria” (Sl 99/100), foi o lema de ordenação do neo-diácono Bruno Costa Ribeiro. O povo da diocese de Guanhães/MG se alegra e acolhe essejovem natural de São João Evangelista/MG que oferece sua vida ao serviço de Deus.

A ele e aos demais consagrados (padres, religiosas e consagradas) de nossa diocese, nossa pre-ce e súplica pela perseverança, amor e zelo. E que não faltem operários para a messe do Senhoraqui na diocese de Guanhães/MG e em toda parte.

7DEZEMBRO2014SERVIÇOCIRCULAR Nº 05/2014

ASSUNTO: ORIENTAÇÕES LITÚRGICAS E PASTORAIS PARA O TEMPO DO ADVENTO

Guanhães, 28 de novembro de 2014.

Caros irmãos Presbíteros, Religiosas, Con-sagradas, Seminaristas, Animadores de comu-nidades, Agentes de Pastoral, Grupos e todo opovo de Deus presente na Diocese de Gua-nhães.

Saudações fraternas!

Mais um ano litúrgico chegou ao fim. Umnovo ano litúrgico já começou! Nossos afaze-res e preocupações contribuem para que nãopercebamos o tempo passar! Tudo parece ouestá mais acelerado! A Liturgia nos convida acelebrar o tempo. Ela nos permite parar, sentir,refletir, meditar, rezar, viver e atualizar o Misté-rio! Através da Liturgia nós entramos no Tem-po de Deus que por sua vez entra no ‘nossotempo’ e na nossa história! Com a celebraçãodo Advento iniciamos este novo tempo e estenovo ano. É o tempo que abre para a Igreja agrande celebração da manifestação do Salva-dor em nossa humanidade. É um tempo de pre-paração para as festas epifânicas, a fim de quepossamos receber o Senhor que vem e se ma-nifesta a nós. É tempo de Alegria! Deus pisou anossa terra e estabeleceu entre nós a sua mo-rada!

Um acontecimento assim tão marcante de-ve ser muito bem celebrado. Por isso, venho,através desta, recordar e complementar algu-mas orientações e sugestões litúrgicas e pasto-rais para este tempo tão especial:

1 - “O tempo do Advento possui dupla ca-racterística: sendo um tempo de preparaçãopara as solenidades do Natal, em que se co-memora a primeira vinda do Filho de Deus en-tre os homens, é também um tempo em que,por meio desta lembrança, voltam-se os cora-ções para a expectativa da segunda vinda doCristo no fim dos tempos. Por este duplo moti-vo, o tempo do Advento se apresenta como umtempo de piedosa e alegre expectativa”. O es-paço da celebração deve estar despojado e só-brio. Um tronco com um broto ou um galho se-co com uma flor lilás (pode ser uma orquídea)ajuda a simbolizar o sentido da espera. Lem-brar que a cor litúrgica é a lilás ou a cor rosada,mais relacionada com a piedosa e a alegre es-perança própria desse tempo.

2 - Lembrar que durante o Advento não seusam flores nem se canta o Glória, reservadospara a Festa do Natal.

3 - Fazer a coroa do Advento, com ramosverdes, enfeitada com fitas coloridas e, a cadadomingo, introduzir uma vela até completarquatro, no final do Advento. Poderá ser coloca-da junto ao altar ou próxima ao ambão. As ve-las vão sendo acesas, gradativamente, nasquatro semanas do Advento: no primeiro do-mingo, uma; no segundo, duas; no terceiro,três; e no quarto, todas. As velas podem ser to-das da cor lilás, ou três lilases e uma rosa, ouuma verde (esperança), outra branca (paz), ou-tra rosa (alegria) e outra vermelha (amor). A Li-turgia Diária traz uma oração própria para cadadomingo para o momento de acender a vela.Estão presentes na coroa três simbologias sig-nificativas: a luz como salvação, o verde comoa vida que esperamos; a forma arredondadacomo símbolo da eternidade. Ela expressa mui-to bem a espera de Cristo como Luz e Vida pa-ra todos.

4 - No primeiro domingo do Advento, permi-te-se abençoar a coroa do Advento. Pode serno início da celebração, logo depois da sauda-

ção, antes do Ato Penitencial, com a seguinteoração: “Senhor, nosso Deus, a terra se alegranestes dias, e vossa Igreja exulta diante do vos-so Filho que vem como Luz esplendorosa parailuminar os que jazem nas trevas da ignorância,da dor e do pecado. Cheio de esperança emsua vinda, o vosso povo preparou esta coroacom ramos verdes e a adornou com luzes. Àmedida que as velas desta coroa forem sendoacesas, iluminai-nos, Senhor, com esplendordaquele que, por ser Luz do mundo, iluminarátoda a escuridão. Por Cristo, Nosso Senhor.Amém!”

5 - Nos ritos iniciais pode-se realizar o acen-dimento da coroa do Advento. A pessoa quetrouxe a vela coloca-a na coroa, fazendo umabreve oração: “A luz de Cristo que esperamosneste Advento enxugue todas as lágrimas, aca-be com todas as trevas, console quem está tris-te e encha nossos corações da alegria de pre-parar sua vinda!” ou “Bendito sejas, Deusbondoso, pela luz de Cristo, sol de nossas vi-das, a quem esperamos com toda a ternura docoração” ou “Preparemos um caminho parao Senhor! Endireitemos nossas estradas! Paraque todas as pessoas vejam a salvação deDeus” ou “Deus Pai de Bondade, vós en-viastes vosso Filho ao mundo por meio de Ma-ria, vossa serva. Vossas promessas se cumpri-ram naquela que é a imagem da Igreja e suamaternidade nos inspira no discipulado, na es-perança e na alegria da proximidade do Natal.Por ela brilhou para nós a luz da salvação, Je-sus, nosso irmão. Bendito sejais, Senhor!(Apropriada para o Quarto Domingo) A vela po-derá ser acesa por uma mãe grávida. A comu-nidade pode cantar um refrão apropriado.

6 - Dar destaque especial a todo o Rito daPalavra, proclamando os textos bíblicos de ma-neira viva, com dignidade, com espiritualidade,de forma orante, sem pressa, diretamente do li-vro próprio para as leituras. Isso exige que osleitores se preparem bem antes, sobretudo pe-la oração e pela meditação da Palavra a serproclamada. À preparação espiritual para a pro-clamação da Palavra, alia-se a preparação téc-nica: postura do corpo, tom de voz, semblante,a maneira de aproximar-se da mesa da Pala-vra, as vestes... A Palavra é realçada tambémpor momentos de silêncio, por exemplo, apósas leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo aatitude de acolhida à Palavra. No silêncio, o Es-pírito torna fecunda a Palavra no coração dacomunidade, a exemplo de Maria. Cantar sem-pre o salmo, cujo refrão é acompanhado pelaassembléia. Antes da primeira leitura poderáser entoado um mantra ou refrão meditativo,substituindo qualquer comentário. Após a ho-milia, o mesmo mantra ou refrão poderá ser re-petido. Ex: “Desça como a chuva”, “Ó luz doSenhor”, “Onde reina o amor”, “Shemá Israel”,“Escuta Israel”... Trazer o Evangeliário na pro-cissão de entrada depositando-o sobre o Altaraté a proclamação do Evangelho. Esse é um ri-to que deve ser cada vez mais comum aos do-mingos. Após a conclusão do Evangelho (Pala-vra da Salvação), a equipe de música pode re-tomar o Aleluia.

7 - A resposta às preces poderá ser canta-da e expressar desejo e expectativa.

8 - No terceiro domingo do Advento, Domin-go Gaudete, a cor litúrgica pode ser a rósea.Sendo este domingo, o domingo da alegria,usam-se flores com moderação. A vela destedomingo pode ser rosa.

9 - Antes de cada celebração criar um am-

biente de silêncio e contemplação. Durante es-se momento poderá ser entoado um mantra. Éimportante que quem estiver motivando essemantra o faça adequadamente, isto é, comecebem baixo, vai aos poucos aumentando o volu-me da voz e depois abaixe novamente até ficarum sussurro. Após esse momento dá-se inícioa acolhida ou o comentário inicial.

10 - Lembrar da Coleta da Evangelização,dias 13 e 14 de dezembro, cujo percentual de45% será destinado para o serviço pastoral daDiocese.

11 - No quarto domingo do Advento, seráoportuno, durante a celebração, em momentoapropriado, colocar a imagem ou figura de Ma-ria e de José no presépio. Valorizar a participa-ção das mães gestantes e de crianças nos vá-rios momentos da celebração. Após o Evange-lho pode-se fazer uma bênção da árvore deNatal, iniciando-se com este texto de Isaías:“Para ti virá o esplendor do Líbano, pinheiros,olmeiros e ciprestes virão enfeitar minha mora-da” (Is 60,13). Oração: “Bendito sejas, Senhornosso Pai, que nos concedestes recordar comfé os mistérios do nascimento de vosso Filhono meio dos pobres! Concedei--nos a todosnós, reunidos ao redor desta árvore, que seja-mos enriquecidos com os exemplos da vida deJesus Cristo, que vive e reina para sempre.Amém!” No final da celebração, lembrando agravidez de Isabel e Maria, dê-se uma bênçãoespecial às gestantes que forem à celebração.

12 - Em cada celebração, após a homilia,pode-se cantar um refrão meditativo, ou man-tra, para ajudar a interiorizar o sentido aponta-do pelas leituras.

13 - Lembrar que a bênção final é própriado Advento.

14 - O tempo do Advento é marcado degrande riqueza espiritual, alimentando a espe-rança dos cristãos. Para aproveitar bem toda asua riqueza, convém que se cuide com maiorcarinho dos detalhes externos deste tempo(cantos, espaço litúrgico, os diferentes enfo-ques das leituras e das orações, principalmen-te dos Prefácios).

15 - O tempo do Advento é próprio para um“balanço” da caminhada cristã, pessoal e co-munitária, em direção ao Reino definitivo. Porisso, trata-se de um tempo muito adequado pa-ra a celebração do Sacramento da Penitência,acompanhada da confissão sacramental.

16 - Nos últimos anos, muitas comunidadeseclesiais, influenciada pela onda consumistadas festas natalinas e de final de ano, estão as-sumindo o costume de enfeitar suas igrejasbem antes de o Natal chegar. Em pleno tempodo Advento, que é “um tempo de piedosa e ale-gre expectativa”, ornamentam suas igrejas comflores, pisca-pisca, árvore de Natal e outros mo-tivos natalinos, como se já fosse o Natal. Nãofica bem! Não se influencie pelos símbolos con-sumistas da nossa sociedade. Evite-se enfeitara igreja com motivos natalinos durante o Ad-vento. Deixe o Advento ser Advento e o Natalser Natal. Enfeites natalinos dentro da igreja sóquando o Natal chegar. Então, sim! Com certe-za, a festa será melhor! Sobretudo se houverna comunidade uma preparação espiritual ade-quada.

17 - Os instrumentos musicais sejam usa-dos com moderação, conveniente ao caráterpróprio do tempo do Advento, de modo a não

antecipar a plena alegria do Natal do Senhor.

18 - O presépio poderá ser montado aospoucos, a cada semana, até o quarto domingo,ou então, a partir do dia 16 de dezembro (inícioda Novena de Natal). Que a cada domingo acomunidade visualize sinais da aproximaçãoda chegada do Senhor, também por meio daarrumação do presépio. Que seja o quantopossível, expressão de nossa fé cristã e denossa cultura. É muito significativo construir opresépio em mutirão. Se houver árvore de Na-tal, colocar nela frutos de nossa terra e outrossímbolos que expressem nossos sonhos e es-peranças. O presépio deve ser simples, bonitoe de bom gosto, como foi simples e pobre amanjedoura onde Jesus nasceu.

19 - Convém lembrar a importância da no-vena de preparação para a celebração do Na-tal. Incentive-se para que, nestes dias grupos efamílias se reúnam para juntos ouvirem a Pala-vra de Deus, rezarem e, assim, à luz desta Pa-lavra, da oração e da fé, estreitar os laços deamizade e solidariedade entre todos. Valorizartempos de oração comunitária.

20 - Sendo Advento, por excelência, tam-bém um tempo mariano, pode-se destacá-locom alguma imagem ou ícone de Nossa Se-nhora dentro do espaço celebrativo, principal-mente a partir do dia 17 de dezembro. Nunca,porém, colocar a imagem sobre o altar. O me-lhor seria perto da coroa do Advento. Ao finalde cada celebração cantar um hino mariano.Celebrar bem as duas festas marianas queocorrem no Advento: dia 08 de dezembro (Ima-culada Conceição de Nossa Senhora), com flo-res, alfaias brancas, Glória, incensação da ima-gem de Nossa Senhora nos ritos iniciais e tal-vez uma breve homenagem à Mãe do Senhorao final da celebração e dia 12 de dezembro(Nossa Senhora de Guadalupe). No QuartoDomingo seria bom valorizar a imagem de Ma-ria, com uma vela acesa ou arranjo discreto(poucas flores), para não ferir a reserva simbó-lica própria do tempo. Outra sugestão é colocara imagem de Maria em lugar apropriado comuma lamparina a sua frente (sinal de vigília eespera) ou a lamparina entre as imagens deJosé e Maria, e, antes da bênção final, levá-lasao presépio.

21 - Escolher músicas que expressem o de-sejo do coração de ver sinais de vida, de justi-ça e de paz cada vez mais fortes e verdadeirosem nosso tempo, ainda tão marcado pela injus-tiça, violência e morte. O Hinário Litúrgico I –CNBB, acompanhado de CD, e o Ofício Divinodas Comunidades apresentam um repertórioexcelente de cantos para as celebrações destetempo.

22 - Promover a unidade e trabalhar pelaPaz. A CNBB definiu o ano de 2.015 como o“Ano da Paz” para o Brasil. Ano que se inicia noPrimeiro Domingo do Advento 2.014 esse en-cerra no Natal de 2.015.

Desejo que todos tenham um Santo e FelizAdvento e assim, possam se preparar com ale-gria e esperança para celebrar o Natal do Se-nhor Jesus.

Que Maria, a Senhora do Advento, interce-da por todos nós.

Em Cristo Jesus,

Dom Jeremias Antônio de Jesus Bispo Diocesano

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Eu gostaria de fazer umaviagem neste Natal. Via-jar para um lugar que te-nho evitado muito. Queroviajar para dentro de mim

mesmo. E para isso preciso deixarum pouco os relacionamentos vir-tuais, que me tomam muito tempo.Preciso encontrar-me comigo mes-mo, abrir espaço no meu coração pa-ra que nele o Menino Deus possa en-contrar sua manjedoura. E que osAnjos, os Pastores e os Reis venhamvisitá-Lo e me abençoem também.Preciso me dar de presente um tem-po para mim mesmo, tão preciosoquanto o ouro, o incenso e a mirra.Tenho tempo para tanta coisa quaseinútil!

Preciso compreender que o Natalé a eterna criança divina nascendodentro de nós, nos redimindo, nos re-conciliando com aqueles e aquelasque estão ao nosso redor - sobretu-do os pequeninos e humildes -, en-chendo-nos de luz e esperança. Mis-teriosamente, Deus se faz Menino,dizendo-nos que tudo pode recome-çar; que podemos nos reconciliarcom aquilo que julgávamos perdido.

Conscientemente sei que Natalnão é encher alguém de presentesque, muitas vezes, encobrem nossaculpa de pessoas ausentes; não éacender luzinhas na janela e pela ca-sa inteira, sem acendê-las primeirono coração; não é empanturrar-mena ceia calórica, mas alimentar-me

de presenças amigas e reconciliar-me com aqueles com os quais esta-va rompido. Preciso viver isso alémda consciência e da razão.

Natal é a magia de um tempo queescorre nos calendários e, depois,retorna e nos alivia dos pesados far-dos diários. É um tempo sagradocom que o Cristianismo nos presen-teou e o comércio teima em nos rou-bar, ano após ano.

* professor de Filosofia e Cultura

Religiosa na PUC Minas

33DEZEMBRO2014ARTIGOS

Pe. Ismar Dias de Matos *

[email protected]

Fé &

Pol

ítica

NATAL ERECONCILIAÇÃO

...compreenderque o Natal éa eternacriança divinanascendodentro de nós...

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Regina Coele Barroso Queiroz Santos

[email protected]

A ARTE DESER LEVE

Esse é o título do livro dajornalista Leila Ferreira,que vale a pena ser lido,principalmente nestestempos em que a vida es-

tá se tornando pesada.Seguem algumas reflexões feitas

pela autora em seu livro:

Achar que gentileza é algo supér-fluo é miopia. Gentileza é qualida-de de vida. Por um motivo simples:a vida é feita de relacionamentos.Vive melhor quem tem competên-cia para se relacionar e faz partedessa competência tratar o outrocom civilidade e respeito.

Ninguém gosta de conviver compessoas desagradáveis. Ser mal-educado e autocentrado é suicídiosocial.

Nossa sociedade estimula a faltade civilidade. E dois fatores, prin-cipalmente, levam a ela: o estres-se e o anonimato. Estamos vi-vendo em ambientes estressan-tes no trabalho, no trânsito, nosaeroportos, na vida pessoal. E,quando estamos estressados, fi-camos irritadiços, menos toleran-tes com os erros alheios e mais

propensos a explodir.O estresse acabou virando uma

espécie de desculpas universal pa-ra comportamentos injustificáveis.Isso significa o quê? Que estamosperdendo o controle de nossasvidas?

Crie harmonia e beleza em seu en-torno. Para “dar uma melhoradinhano mundo”, basta que cada um cul-tive a gentileza em seu palmo deterra.

Às vezes, uma ou duas palavrasde cortesia são suficientes paradeixar o nosso entorno maisagradável.

Gentileza é o mínimo que deve-mos uns aos outros.

O otimismo não é supérfluo, é umanecessidade vital. O bom humor seaprende. Todas as pessoas pas-sam por acontecimentos positivose negativos. A diferença está naforma com veem esses aconteci-mentos. O indivíduo pode escolhersua maneira de pensar, está apto aadquirir novos hábitos mentais.

Otimismo e senso de humor sãocoisas que a gente aprende e trei-na, da mesma forma que um es-porte. Rir, ter senso de humor, ver

a vida de forma mais leve, faz bemà saúde, garantem as pesquisas.“O pessimista e o mal-humoradopraticamente envenenam seus cé-rebros, argumenta a neurocientistaSílvia Cardoso, da Unicamp,“Quando a pessoa ri, quando é to-lerante, quando pensa de formapositiva, ativa no cérebro as subs-tâncias do bem, como a dopaminae as endorfinas. Isso é bom para asaúde e a longevidade”.

“A esperança nos dá asas. O de-sespero nos dá pés de chumbo”Nossa capacidade de pensar coi-sas boas é que vai estruturar o cé-rebro de tal forma que vamos sen-tir coisas boas.” Temos que apren-der a educar nossos pensamentos.

Descomplicação e desaceleração

um dos possíveis ingredientes pa-ra uma vida mais leve.

Necessitamos de intervalos para aquietude.“Quando diminuímos o peso da

existência para aquelas pessoas quenos cercam é sinal de que vivemosbem.” Diminuir o peso talvez seja es-sa a maior competência em termosde convivência.

Bom fim de anoe um ano novo

repleto deleveza a

todos!

Gentileza é omínimo quedevemos unsaos outros

6 DEZEMBRO2014 ARTIGOS&NOTÍCIAS

Algumas das intervenções da músi-ca na celebração têm como função oacompanhamento de um rito. O objeti-vo destas intervenções é importante,porém, acessório. É o que ocorre, porexemplo, com o canto de abertura dacelebração, que acompanha a entradado presidente, ou o cântico litânico(Cordeiro de Deus), que acompanha afração do pão, ou a aclamação ao evan-gelho, o canto das oferendas e de co-munhão.

Em outras situações o próprio cantoé um rito, o que o torna insubstituível,indispensável. Aqui é o caso do “santo”ou do “glória”, nos quais culminam osritos introdutórios da celebração euca-rística (introdução da celebração e in-trodução do rito eucarístico). Só em si-tuações extraordinárias se proclamamestes cantos-ritos, ou seja, o santo, oglória, o salmo responsorial e, até mes-mo a aclamação ao evangelho. Podese aplicar isso também ao ato peniten-cial e ao “Cordeiro de Deus”.

Porém, tanto a música quanto a pa-lavra precisam de silêncio. É o valor mu-sical deste (o silêncio) que a liturgia va-loriza, ou que o rito necessita. Portan-to, não se pode cantar em todos os es-paços vazios.

Condicionada pelas intervenções doministro e pela assembleia, pela fun-ção ritual e pela forma literária, a músi-ca ganha forma. Na liturgia existem asformas diretas, sem repetição, alternân-cia e nem resposta, e a dialogal, quan-do há anúncio e resposta. Este é o maiselementar, e acontece no diálogo entreo ministro e a assembleia, de maneirarecitativa, ou, em casos especiais e so-lenes, como o Amém da doxologia fi-nal da anáfora (Por Cristo, com Cristo eem Cristo...), aceitam uma forma maiselaborada.

As leituras também podem ser can-tadas, desde que não seja anulado oseu caráter de leitura. E como leitura,temos os salmos que, desde os primei-ros séculos, os cristãos têm por ele umafeto todo especial herdado dos cultosjudaicos. Estes podem ser recitados porum solista, por um solista com respon-sório da assembleia em dois coros, ouproclamada por vários solistas com ver-so e resposta.

As antífonas são destinadas ao can-to. São quase sempre sínteses de tex-tos sálmicos ou de texto bíblico.

Já as aclamações são um dos ele-mentos mais dinâmicos de qualquercelebração, pois são manifestações deentusiasmo e festividade intensa. Ex-pressa o sentimento do coração, movi-do pela fé. É o caso do hosanna, ou doAleluya, ou o Amém, sobretudo da pre-ce eucarística, que são praticamente in-traduzíveis. Também se têm como im-portantes as aclamações depois da ins-tituição, as da prece eucarística, as dedepois do Pai Nosso, entre outras, queseriam necessárias formas musicais pa-ra ressaltá-las, facilitar a participação daassembleia e enriquecê-las, solenizá-las.

Os hinos e cânticos são mais apre-sentados com os salmos. Podem serem forma de prosa ritmada, como oglória e o Te Deum, ou em estrofescom versos ritmados metricamenteiguais, ou em rimas como as prosas eas sequências.

As FormasMusicaise o RitoExperiência Missionária na África e Retorno à Diocese

Nesses 9 meses vivendo aqui na África,mais precisamente na Província do Niassaem Moçambique, falar de experiência mis-sionária é limitar o que se descobre e se ex-periencia todos os dias.

Em outros artigos para publicação naFolha Diocesana já relatei várias vezes queo meu coração inquietava-se levando-mecada vez mais a criar coragem para desins-talar-me e viver, de fato, uma “IGREJA EMSAÍDA”. Alimentando esse desejo missio-nário fui me preparando com cursos de mis-siologia e animação pastoral promovido pe-lo CCM (Centro Cultural Missionário) emBrasília e outros cursos nas PontifíciasObras Missionárias. A minha participaçãoefetiva e afetiva junto ao COMIRE Leste 2,do qual fui Secretário Executivo por 3 anose posteriormente Tesoureiro por 2 anos,contribuíram muito para que eu concretizas-se o “IDE” (imperativo que Jesus usa noEvangelho de Mateus 28, 18-20) e tambémuma outra passagem que diz: “Sai da tuaterra e vai onde te mostrarei”. Assim, não ti-ve mais como ficar parado. Saí rumo à Afri-ca no dia 18 de Março deste ano com o de-sejo de ficar aqui pelo menos 3 anos, masnem tudo sai como a gente quer. Os Planosde Deus diferem dos nossos planos.

Tendo necessidade de revisar a saúde,uma vez que aqui onde eu me encontro aprecariedade dos serviços de saúde ame-drontam qualquer pessoa e sentindo a ne-cessidade de um controle maior da PressãoArterial, resolvi antecipar a volta. Nada mui-to sério, mas que se não cuidar pode seagravar com o tempo. Assim, conversandocom o Dom Armando, bispo responsávelpelo projeto Além Fronteira, da diocese deBacabal, no Maranhão e com o Dom Jere-mias, nosso bispo de Guanhães, acertamoso meu retorno para o dia 20 de dezembropróximo, chegando ao Brasil no dia 21/12.

Aprendi muito mais que ensinei. Aqui en-contrei uma Igreja Viva onde o povo é o pro-tagonista da evangelização. Temos aquiuma Igreja realmente ministerial onde os lei-

gos assumem de verdade o seu papel deevangelizadores. Fazem celebração da pa-lavra, assumem de verdade a catequese,acompanham as famílias cujos casais es-tão em dificuldade no relacionamento, ani-mam a liturgia e cânticos quando da cele-bração da missa. Celebram o batismo, cui-dam das economias da comunidade, enfim,fazem a Igreja caminhar.

Muitos são os desafios! Pobreza extre-ma! É um povo desconfiado, fruto da guer-ra que prejudicou muito essa região até1992, quando foi assinado o Acordo de Pazem Roma. Muitas pessoas tiveram que mi-grar para outras regiões e até para outrospaíses, como o Malawi (faz fronteira com aregião onde estamos). Povo que ainda é to-mado pelo medo, sobretudo dos “MUCU-NHAS” (homens brancos), pois no períododa guerra muitos desses conseguiam apro-ximar-se de alguns nativos e assim pratica-vam sequestros de pessoas e formavamuma organização criminosa que levava in-clusive crianças para serem vendidas e as-sim traficados seus órgãos.

Um fato que me deixou perplexo foiquando de uma visita minha a uma comuni-dade, estando eu, uma Irmã e um leigo dacomunidade, ao pararmos o carro num de-terminado lugar para verificarmos se have-ria possibilidade do carro passar, vimos umjovem (23 anos mais ou menos) que vinhaem sentido contrário em uma bicicleta. Háuns 100 metros mais ou menos, quando elepercebeu que se tratava de “MUCUNHAS”,abandonou ali mesmo a sua bicicleta e nu-ma carreira adentrou o cerrado como se fu-gisse de um bicho muito feroz. Ao pergun-tarmos ao leigo o porquê daquela reaçãodo jovem, veio então a explicação que jáexpus acima.

O sistema educacional é outro pontovergonhoso aqui nesse país. Não há com-promisso dos professores com a missão as-sumida. Alunos são obrigados a carregarareia, pedra, água, capim para reforma e/ouconstrução de escolas. Tivemos casos aqui

de crianças buscando areia pra escolaquando desceu um monte de areia sobreas mesmas matando 2 dessas crianças edeixando outras 3 gravemente feridas. Ospais não reclamam, pois têm medo. Fize-mos as denúncias mas não é tomada ne-nhuma providência até porque os pais nãose manifestam quanto à perda dos própriosfilhos.

Temos ainda outro costume e que fazparte da cultura deles, que é o Rito de Ini-ciação. São pelo menos 3 Ritos: o Muçul-mano, o Tradicional e o Cristão. Problemamaior que detectei é o de saúde públicanesses ritos (não é conveniente publicar is-so aqui). O Rito de Iniciação Cristã, foi colo-cado como alternativa para evitar tantosproblemas de saúde gerado por causa des-ses ritos.

Apesar de todos esses desafios, e ou-tros que preferi omitir, estou me realizandocada vez mais como pessoa, como padre ecada vez mais convicto de que fiz a opçãocerta de sair da comodidade da minha dio-cese, da minha paróquia, da minha famíliapara estar com esse povo, ainda que, porpouco tempo, mas o suficiente para eu con-tinuar lutando e animando a outros padres eleigos a se encorajarem e saírem também,porque se pensarmos que a nossa Dioce-se, a nossa paróquia são também terras demissão, o egoísmo não nos deixará perce-ber que além dos nossos muros há terrasde missão gritando muito mais que “as nos-sas terras de missão” por pessoas corajo-sas que queiram anunciar Jesus Cristo on-de há muitos que não O conhecem ou se-quer ouviram falar d`Ele. “Ai de mim, seu eunão evangelizar”.

No ensejo, desejo à Equipe da FolhaDiocesana e a todos os leitores um FELIZ ESANTO NATAL!

Pe. Dilton Maria PintoPadre do Clero de Guanhães

em Missão na África.

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4 DEZEMBRO2014 5DEZEMBRO2014BODASDEOURO

Bodas de Ouro de “Tia Raquel”, cooperadora da famíliaMARIA RAQUEL: INFÂNCIADEDICADA À FAMÍLIA

A vida da portuguesa Maria RaquelMendes Duarte é como uma peça de teatroencenada em vários atos. Da infância po-bre na aldeia de Ribeira da Pipa, lugarejosem água, luz e estradas, pertencente à fre-guesia de Casével, cidade de Santarém, re-gião centro-oeste de Portugal, aos 50 anosde vida consagrada, celebrados no últimodia 15 de novembro, tia Raquel viu seu pai,Joaquim Duarte, falecer aos 51 anos deidade, vítima de esclerose múltipla, e viveudurante sete anos em Roma, antes de virpara o Brasil.

Foram duas entrevistas para uma pes-soa especial, em uma data especial. TiaRaquel recebeu a Pascom/Folha Diocesa-na na sede do Instituto Secular das Coope-radoras da Família, em Guanhães, e a aco-lhida foi ao melhor estilo de sua simplicida-de, humildade e generosidade. A voz suavee o sotaque carregado, devido à sua origemlusitana, são acompanhados por sorrisos eum semblante meigo. É uma mulher de es-pírito nobre.

Segunda das três Cooperadoras da Fa-mília portuguesas moradoras de Gua-nhães, Maria Raquel foi camponesa no lu-garejo onde residia com seus pais, Joaquim

Duarte e Maria Rosa Mendes, e irmãos,dois rapazes mais velhos e uma irmã caçu-la. “Minha infância foi feliz e simples porqueali tudo era assim. Não havia pessoas emmelhor situação do que nós, portanto eratudo muito difícil. Nasci em 1936, no perío-do de guerra (Segunda Guerra Mundial) e,quando eu tinha sete anos, já com dois ir-mãos mais velhos, nasceu a caçulinha emeu pai adoeceu; na altura ninguém cha-mava de esclerose múltipla, mas seria is-so”. Foram 12 anos de uma doença evoluti-

va até o falecimento quando não mexia ne-nhum músculo ou articulação do corpo. Osjoelhos já praticamente encostavam-se àaltura do peito, segundo relato.

Os integrantes da família Mendes Duar-te trabalhavam no campo. Seu pai, um ho-mem muito austero, e irmãos mais velhoscuidavam de porcos e ovelhas e pouco pu-deram estudar. Apenas o mais velho dos fi-

lhos chegou à quarta classe. Maria Raquelteve uma educação tardia, consequênciados cuidados para com sua irmã caçula afim de sua mãe poder trabalhar. Aos novede vida ela foi para a escola onde ficou pordois anos, quando a necessidade de ajudara família no campo a impossibilitou de con-tinuar os estudos.

Depois de perder o pai, aos 19 anos deidade, Santarém foi o destino de tia Raquel.Lá, ela trabalhou na casa de uma tia, poremas poucas condições financeiras a impe-

diam de pagar o suficiente àsobrinha. Entre os 23 e 28anos, a jovem trabalhou nacasa de um juiz de direito,quando aconteceu a mudan-ça em sua vida. Maria Raquelconheceu a Obra de SantaZita, fundada pelo padre Joa-quim Alves Brás, tambémfundador do Instituto Seculardas Cooperadoras da Famí-lia. A obra e o instituto nasce-ram da percepção de padreJoaquim na necessidade deauxílio às empregadas do-mésticas. Muitas iam para ascidades sem conhecimentoalgum e precisavam apren-der lições escolares e de tra-balho.

Até esse momento de suavida, a jovem portuguesasempre estava se preparan-do para casar. “A essa alturaque eu saí da minha casa pa-ra Santarém, eu já tinha meuenxoval pronto. Como éra-mos pobres não podíamoscomprar de repente, fui fa-zendo tudo direitinho para,quando chegasse a hora,não ter uma despesa gran-de”. Tão logo começou a tra-balhar, os cuidados com aspeças de sua futura casa, aolado de um marido, tiveram

início. Sua mãe diziaque as meninas deve-riam saber fazer cadaitem do enxoval e Ma-ria Raquel, quando ti-nha algum recurso,comprava pano e sededicava a tecer e cos-turar, tudo sob a luz docandeeiro.

Curiosamente, a jo-vem tão dedicada aotrabalho no campo eaos preparativos deseu enxoval não querianamorar. “Não davaconta de aceitar namo-ro. Automaticamenteuma coisa me afasta-va. Não gostava de iraos ajuntamentos dejovens, onde haveriaoportunidades para na-

moros. Eu queria casar, mas não queria na-morar. Mas eu sei que isso era fruto da ora-ção. Deus estava conduzindo. Eu rezava eminha mãe não percebia isso, meu pai nãopodia nem pensar que eu fosse seguir umcaminho desse porque era muito estranhona mentalidade daquele povo, naquela épo-ca. Diziam que se a moça errasse teria que

ir para o convento”.Foram alguns pedidos de namoro. Pala-

vras da futura consagrada: fugia enquantopodia. O envolvimento maior foi com ape-nas um jovem – muito teimoso –, moradorda capital, Lisboa, onde cumpria o serviçomilitar. Ele escreveu várias cartas, nenhu-ma respondida por Maria Raquel e ela faziaquestão de pedir ao rapaz para não escre-ver; ela não iria responder. A insistência ofez conseguir um prazo de um ano para ha-ver uma decisão da moça. Vencido o perío-do, após chegar a trabalharem juntos e elaimpor a condição de ele não comentar comninguém seu interesse em namorar a jo-vem, veio o não definitivo. Era decisão to-mada, contudo ela se valeu da desobediên-cia do pretendente à condição por ela im-posta e encerrou qualquer possibilidade derelacionamento.

O INGRESSO NA OBRADE SANTA ZITA

Já existia a associaçãoque cuidava das jovens em-pregadas domésticas emSantarém, para onde MariaRaquel se mudou a fim detrabalhar na casa da tia. De-pois de participar de retirosna cidade de Lisboa, ela co-meçou a citar sua vocação,fato desconhecido pelas pes-soas próximas até então. “Eunão quero nada, mas o queo Senhor quiser eu quero,não me importa se casadaou solteira. Que seja o que oSenhor quiser”. Tia Raquelentregava sua vida nasmãos de Deus e confiava naprovidência Dele para seu fu-turo.

Tudo se desenrolava e odia de entrada no instituto seaproximava. O falecimento

do pai, aos 19 anos o poupou de ver a filhaseguir a Deus; o irmão mais velho sofreumuito dada a visão da época sobre o in-gresso de moças em convento por motivode erro grave. Após o comunicado da deci-são, ele parou de conversar com a irmã. Eleera motorista de um pequeno caminhão deentrega de gás e sempre parava na rua pa-ra falar com ela. Tal gesto não se repetiu

mais. Com o casamento, a caçula passou amorar perto da mãe, viúva.

“Tem uma coisa sempre gravada emmim. Meu irmão mora perto de Lisboa e mi-nha mãe estava lá porque um neto haviaacabado de nascer. Nesses 15 dias [primei-ra quinzena de novembro] eu fui em casa,arrumei minhas coisas; minha família ficouassustada com minha decisão. Minha mãeiria de Lisboa para Santarém e eu para oinstituto. Às 7 horas da noite, em novembro,o que já é de noite e é frio, fui levar a minhamãe à estação de trem, para ela descer denoite, sozinha, e eu pegar minha malinha eir para Lisboa, com pouca experiência da-quela cidade, bater na casa de Santa Zita.Eu tenho essa imagem, de deixar a minhamãe lá, sentadinha, uma viúva, toda vestidade preto, e ir para o meu destino”.

Tia Raquel narrou essa passagem semderramar uma lágrima sequer. Quando

questionada se isso se deve ao fato de elater a sensação de dever cumprido, de estarno caminho certo, a resposta foi um segurosim. “Naqueles 15 dias eu pareço ter adqui-rido uma couraça, a ponto de levar minhamãe da casa do meu irmão até a estaçãode trem, deixá-la sozinha e sair [para a ca-sa de Santa Zita, onde moraria]”. A carta,escrita e enviada para o instituto, para co-

municar a decisão de entrar para a obra,nunca chegou ao destino, entretanto, em15 de novembro de 1964, Maria RaquelMendes Duarte, ingressou na ordem onde,cinco anos depois, fez seus primeiros votose residiu em Viseu, cidade ao norte de Por-tugal. Os sete anos seguintes foram vividosem Roma, praticamente dentro do Vatica-no, a serviço do austero cardeal belga Ma-ximiliano Furstenberg, como coordenadorade sua casa. Na Itália, a jovem consagradaviveu até o princípio de agosto de 1978, da-ta da morte do papa Paulo VI.

A VINDA PARA O BRASIL

Em uma viagem de trem, Maria Raquelsoube da morte do pontífice. Posteriormen-te, diagnosticada com um nódulo na mama,houve a necessidade de uma cirurgia eapareceu um pensamento: agora não voupara o Brasil. O convite para vir já havia si-do feito. Acontece então uma assembleiageral (fato repetido a cada seis anos) doinstituto, em Portugal, da qual ela participoue o desejo era não viajar para nosso país.Terminado o encontro, decisão confirmada,enquanto todos retornaram às suas casas,

tia Raquel foi para seu quarto e chorou. Odesembarque em solo brasileiro foi em1979.

Ao lado de Maria Otília Nave Tourais,Maria Raquel, observando a necessidadedas famílias de baixa renda, empreende-ram o embrião de uma creche, em feverei-ro de 1981. No início, crianças pobres devários bairros de Guanhães eram atendidaspelas duas cooperadoras portuguesas esuas companheiras brasileiras. Os peque-nos passavam o dia em um salão na casadas consagradas, onde também é a sededo instituto.

“Fizemos as coisas sem saber nada.Começou a partir do grito da Igreja, dentrodos grupos apostólicos. Nós tínhamos umsalão que nos serviu para festas, para nóssobrevivermos, porque sobrevivemos donosso trabalho. Não temos remuneração.Quem é profissional recebe como qualqueroutra pessoa, mas nosso trabalho aqui emcasa não é remunerado. Depois as coisasforam evoluindo e por todos os lados foramabrindo salões e não precisavam mais donosso. Então nós pensávamos que pode-ríamos acolher as crianças aqui, viriamaqui, tomariam uma sopa, seria pelo menosuma refeição por dia”.

Foi feito um levantamento da situaçãodas famílias e nós trabalhamos com as me-

ninas que estavam aqui, muitas até já saí-ram. As responsáveis pelo empreendimen-to social fizeram contato com um consórciode entidades de Governador Valadares eexpuseram a situação das crianças atendi-das. Muitas precisavam atravessar a cida-de para chegar, o que era perigoso. A pri-meira ajuda deles foram mesas e cadeiras,até hoje existentes na sede da Creche Lardos Pequeninos. Outro apoio nessa fase foido senhor Figueiró, então gerente da Itam-bé, em Guanhães. Até material de constru-ção pago em lojas era uma forma de auxí-lio à obra social das Cooperadoras da Fa-mília.

Antes construção do prédio definitivo,em área pertencente à Associação de Cari-dade Nossa Senhora do Carmo, mantene-dora do Hospital Regional Imaculada Con-ceição, Maria Raquel passou por mais umdesafio. A compatriota e companheira deinstituto, Maria Otília, embarcou para Portu-gal, onde esteve por 10 anos, e algumasmoças, ajudantes nos cuidados com ascrianças, deixaram a instituição. Alem dis-so, a prefeitura cedeu um terreno nos arre-dores do cemitério Nossa Senhora da Sole-dade, no alto do bairro Alvorada, para a

obra das instalações da creche.Um local impróprio para receber osfilhos das famílias pobres da cida-de. Juntamente com uma senhorade nome Uilma, Maria Raquel pro-curou o então provedor da Associa-ção de Caridade, o senhor CésarCaldeira, para um acordo sobre oterreno da entidade, ideal para oempreendimento. Dele veio o simpara o acerto, se assim fosse de-sejo da prefeitura. Houve algunsproblemas políticos e burocráticospara o começo das obras e mesmodurante essas, como erros estrutu-rais, mas ficou pronto.

As fundadoras e colaboradoresenfrentaram vários desafios nessaépoca, começo da década de1980, porque o prédio foi erguido

com muitos erros. Eram pisos impróprios,janelas com vidros grandes, sempre que-brados, lavatórios com altura inadequadapara crianças, entre outros. As adaptaçõesnecessárias foram sendo feitas com o pas-sar dos anos, custeadas por recursos oriun-dos de eventos organizados por cidadãosguanhanenses. Hoje, a cooperadora da fa-mília e pedagoga, Arminda de Jesus Batis-

ta, está à frente da Creche Lar dos Peque-ninos. A instituição acaba de passar poruma reforma. Foi construída uma rampaonde havia uma escada, um dos pátios foicoberto e todos receberam piso novo, ade-quado às crianças. Para ver as fotos dasinstalações basta acessar a fanpage no Fa-cebook. O endereço é facebook.com/larpe-queninos.

MENSAGENS AOS VOCACIONADOS,AOS LEIGOS E À GUANHÃES

“Tem que ser um dom de Deus; temque ser um chamado; vocação é um cha-mado. E depois, muita disponibilidade dequem se questiona porque às vezes sãochamados e muitos são os chamados,poucos são os escolhidos. Às vezes a pes-soa é chamada e não se questiona, nãoquer ouvir, não se dispõe. Então tem quehaver o dom de Deus que chama e euacho que Ele chama muita gente que nãoresponde, senão não estávamos com tan-ta pobreza de vocações. Há muita genteque o Senhor chama e não respondem.Tem que haver essa escuta de Deus pelaoração e foi a única coisa que eu sempresenti em minha vida e nunca me deixoupensar que eu fiz uma escolha errada naminha vida. Não foi bom, não foi o que de-

veria ser, não fui aquilo que eu poderia ser,mas foi o que eu fui capaz de fazer, entãosou feliz com isso. Eu acho que os confli-tos que hoje existem é porque as pessoasnão se encontram com Deus, não espe-ram de Deus essa felicidade que Ele dá,em qualquer lugar, em qualquer situação,com ou sem saúde, com ou sem inteligên-cia, mas se tiver condição de saber que

Deus nos conduz, ninguém deixa de serfeliz. Se a pessoa não se ocupar em vivero seu batismo e a sua resposta a Deus – oleigo é chamado e consagrado a Deus pe-lo batismo –, se ele não viver essa dimen-são do seguimento de Jesus e ser mem-bro da igreja e do corpo místico de Cristo,não vai ser feliz. A gente vê tanta feliz por-que faz tudo que pode. Eu admiro comopodem fazer tanto. Há muita gente que po-de fazer mais e a igreja precisa de genteque pode fazer mais, de gente disponívele eu acho que Deus vai nos conceder agraça de aumentar o número de leigos en-gajados”.

À cidade que a acolheu há 35 anos,praticamente metade de sua vida, MariaRaquel chama de menina dos olhos e tam-bém deixa sua mensagem. “Um agradeci-mento muito grande, à Igreja que me aco-lheu, que teve seu lugar para mim. Muitagratidão à Igreja, muita gratidão aos pa-dres que passaram, aos leigos da comuni-dade, tanta gente. Eu fico admirada com oexagero porque eu não fiz nada de espe-cial. Se eu não fizesse nada seria um cri-me, seria uma coisa errada, mas não fiznada de mais. Então, muita gratidão a to-da comunidade e que Deus nos conceda agraça de sermos cada vez mais comuni-dade, igreja de Jesus Cristo”.

“Uma vocação não anula a outra. Você só tem que mudar a roupagem. Se fez a escolha, vá em frente”.

Primeiras que vieram para ao Brasil: da esquerda paradireita: Celeste, Rosa, Maria Otília, Aurora, Benildes Cooperadora Raquel e Zequinha junto com as turmas de 4 a 6 anos.

Crianças catequizadas pelacooperadora Raquel em 1983

Mutirão: carregando materialpara construir casas Formandos do pré primário com professora paraninfo e a cooperadora Raquel

Mutirão: carregando materialpara construir casas

Servindo refeiçãoaos pequeninos

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4 DEZEMBRO2014 5DEZEMBRO2014BODASDEOURO

Bodas de Ouro de “Tia Raquel”, cooperadora da famíliaMARIA RAQUEL: INFÂNCIADEDICADA À FAMÍLIA

A vida da portuguesa Maria RaquelMendes Duarte é como uma peça de teatroencenada em vários atos. Da infância po-bre na aldeia de Ribeira da Pipa, lugarejosem água, luz e estradas, pertencente à fre-guesia de Casével, cidade de Santarém, re-gião centro-oeste de Portugal, aos 50 anosde vida consagrada, celebrados no últimodia 15 de novembro, tia Raquel viu seu pai,Joaquim Duarte, falecer aos 51 anos deidade, vítima de esclerose múltipla, e viveudurante sete anos em Roma, antes de virpara o Brasil.

Foram duas entrevistas para uma pes-soa especial, em uma data especial. TiaRaquel recebeu a Pascom/Folha Diocesa-na na sede do Instituto Secular das Coope-radoras da Família, em Guanhães, e a aco-lhida foi ao melhor estilo de sua simplicida-de, humildade e generosidade. A voz suavee o sotaque carregado, devido à sua origemlusitana, são acompanhados por sorrisos eum semblante meigo. É uma mulher de es-pírito nobre.

Segunda das três Cooperadoras da Fa-mília portuguesas moradoras de Gua-nhães, Maria Raquel foi camponesa no lu-garejo onde residia com seus pais, Joaquim

Duarte e Maria Rosa Mendes, e irmãos,dois rapazes mais velhos e uma irmã caçu-la. “Minha infância foi feliz e simples porqueali tudo era assim. Não havia pessoas emmelhor situação do que nós, portanto eratudo muito difícil. Nasci em 1936, no perío-do de guerra (Segunda Guerra Mundial) e,quando eu tinha sete anos, já com dois ir-mãos mais velhos, nasceu a caçulinha emeu pai adoeceu; na altura ninguém cha-mava de esclerose múltipla, mas seria is-so”. Foram 12 anos de uma doença evoluti-

va até o falecimento quando não mexia ne-nhum músculo ou articulação do corpo. Osjoelhos já praticamente encostavam-se àaltura do peito, segundo relato.

Os integrantes da família Mendes Duar-te trabalhavam no campo. Seu pai, um ho-mem muito austero, e irmãos mais velhoscuidavam de porcos e ovelhas e pouco pu-deram estudar. Apenas o mais velho dos fi-

lhos chegou à quarta classe. Maria Raquelteve uma educação tardia, consequênciados cuidados para com sua irmã caçula afim de sua mãe poder trabalhar. Aos novede vida ela foi para a escola onde ficou pordois anos, quando a necessidade de ajudara família no campo a impossibilitou de con-tinuar os estudos.

Depois de perder o pai, aos 19 anos deidade, Santarém foi o destino de tia Raquel.Lá, ela trabalhou na casa de uma tia, poremas poucas condições financeiras a impe-

diam de pagar o suficiente àsobrinha. Entre os 23 e 28anos, a jovem trabalhou nacasa de um juiz de direito,quando aconteceu a mudan-ça em sua vida. Maria Raquelconheceu a Obra de SantaZita, fundada pelo padre Joa-quim Alves Brás, tambémfundador do Instituto Seculardas Cooperadoras da Famí-lia. A obra e o instituto nasce-ram da percepção de padreJoaquim na necessidade deauxílio às empregadas do-mésticas. Muitas iam para ascidades sem conhecimentoalgum e precisavam apren-der lições escolares e de tra-balho.

Até esse momento de suavida, a jovem portuguesasempre estava se preparan-do para casar. “A essa alturaque eu saí da minha casa pa-ra Santarém, eu já tinha meuenxoval pronto. Como éra-mos pobres não podíamoscomprar de repente, fui fa-zendo tudo direitinho para,quando chegasse a hora,não ter uma despesa gran-de”. Tão logo começou a tra-balhar, os cuidados com aspeças de sua futura casa, aolado de um marido, tiveram

início. Sua mãe diziaque as meninas deve-riam saber fazer cadaitem do enxoval e Ma-ria Raquel, quando ti-nha algum recurso,comprava pano e sededicava a tecer e cos-turar, tudo sob a luz docandeeiro.

Curiosamente, a jo-vem tão dedicada aotrabalho no campo eaos preparativos deseu enxoval não querianamorar. “Não davaconta de aceitar namo-ro. Automaticamenteuma coisa me afasta-va. Não gostava de iraos ajuntamentos dejovens, onde haveriaoportunidades para na-

moros. Eu queria casar, mas não queria na-morar. Mas eu sei que isso era fruto da ora-ção. Deus estava conduzindo. Eu rezava eminha mãe não percebia isso, meu pai nãopodia nem pensar que eu fosse seguir umcaminho desse porque era muito estranhona mentalidade daquele povo, naquela épo-ca. Diziam que se a moça errasse teria que

ir para o convento”.Foram alguns pedidos de namoro. Pala-

vras da futura consagrada: fugia enquantopodia. O envolvimento maior foi com ape-nas um jovem – muito teimoso –, moradorda capital, Lisboa, onde cumpria o serviçomilitar. Ele escreveu várias cartas, nenhu-ma respondida por Maria Raquel e ela faziaquestão de pedir ao rapaz para não escre-ver; ela não iria responder. A insistência ofez conseguir um prazo de um ano para ha-ver uma decisão da moça. Vencido o perío-do, após chegar a trabalharem juntos e elaimpor a condição de ele não comentar comninguém seu interesse em namorar a jo-vem, veio o não definitivo. Era decisão to-mada, contudo ela se valeu da desobediên-cia do pretendente à condição por ela im-posta e encerrou qualquer possibilidade derelacionamento.

O INGRESSO NA OBRADE SANTA ZITA

Já existia a associaçãoque cuidava das jovens em-pregadas domésticas emSantarém, para onde MariaRaquel se mudou a fim detrabalhar na casa da tia. De-pois de participar de retirosna cidade de Lisboa, ela co-meçou a citar sua vocação,fato desconhecido pelas pes-soas próximas até então. “Eunão quero nada, mas o queo Senhor quiser eu quero,não me importa se casadaou solteira. Que seja o que oSenhor quiser”. Tia Raquelentregava sua vida nasmãos de Deus e confiava naprovidência Dele para seu fu-turo.

Tudo se desenrolava e odia de entrada no instituto seaproximava. O falecimento

do pai, aos 19 anos o poupou de ver a filhaseguir a Deus; o irmão mais velho sofreumuito dada a visão da época sobre o in-gresso de moças em convento por motivode erro grave. Após o comunicado da deci-são, ele parou de conversar com a irmã. Eleera motorista de um pequeno caminhão deentrega de gás e sempre parava na rua pa-ra falar com ela. Tal gesto não se repetiu

mais. Com o casamento, a caçula passou amorar perto da mãe, viúva.

“Tem uma coisa sempre gravada emmim. Meu irmão mora perto de Lisboa e mi-nha mãe estava lá porque um neto haviaacabado de nascer. Nesses 15 dias [primei-ra quinzena de novembro] eu fui em casa,arrumei minhas coisas; minha família ficouassustada com minha decisão. Minha mãeiria de Lisboa para Santarém e eu para oinstituto. Às 7 horas da noite, em novembro,o que já é de noite e é frio, fui levar a minhamãe à estação de trem, para ela descer denoite, sozinha, e eu pegar minha malinha eir para Lisboa, com pouca experiência da-quela cidade, bater na casa de Santa Zita.Eu tenho essa imagem, de deixar a minhamãe lá, sentadinha, uma viúva, toda vestidade preto, e ir para o meu destino”.

Tia Raquel narrou essa passagem semderramar uma lágrima sequer. Quando

questionada se isso se deve ao fato de elater a sensação de dever cumprido, de estarno caminho certo, a resposta foi um segurosim. “Naqueles 15 dias eu pareço ter adqui-rido uma couraça, a ponto de levar minhamãe da casa do meu irmão até a estaçãode trem, deixá-la sozinha e sair [para a ca-sa de Santa Zita, onde moraria]”. A carta,escrita e enviada para o instituto, para co-

municar a decisão de entrar para a obra,nunca chegou ao destino, entretanto, em15 de novembro de 1964, Maria RaquelMendes Duarte, ingressou na ordem onde,cinco anos depois, fez seus primeiros votose residiu em Viseu, cidade ao norte de Por-tugal. Os sete anos seguintes foram vividosem Roma, praticamente dentro do Vatica-no, a serviço do austero cardeal belga Ma-ximiliano Furstenberg, como coordenadorade sua casa. Na Itália, a jovem consagradaviveu até o princípio de agosto de 1978, da-ta da morte do papa Paulo VI.

A VINDA PARA O BRASIL

Em uma viagem de trem, Maria Raquelsoube da morte do pontífice. Posteriormen-te, diagnosticada com um nódulo na mama,houve a necessidade de uma cirurgia eapareceu um pensamento: agora não voupara o Brasil. O convite para vir já havia si-do feito. Acontece então uma assembleiageral (fato repetido a cada seis anos) doinstituto, em Portugal, da qual ela participoue o desejo era não viajar para nosso país.Terminado o encontro, decisão confirmada,enquanto todos retornaram às suas casas,

tia Raquel foi para seu quarto e chorou. Odesembarque em solo brasileiro foi em1979.

Ao lado de Maria Otília Nave Tourais,Maria Raquel, observando a necessidadedas famílias de baixa renda, empreende-ram o embrião de uma creche, em feverei-ro de 1981. No início, crianças pobres devários bairros de Guanhães eram atendidaspelas duas cooperadoras portuguesas esuas companheiras brasileiras. Os peque-nos passavam o dia em um salão na casadas consagradas, onde também é a sededo instituto.

“Fizemos as coisas sem saber nada.Começou a partir do grito da Igreja, dentrodos grupos apostólicos. Nós tínhamos umsalão que nos serviu para festas, para nóssobrevivermos, porque sobrevivemos donosso trabalho. Não temos remuneração.Quem é profissional recebe como qualqueroutra pessoa, mas nosso trabalho aqui emcasa não é remunerado. Depois as coisasforam evoluindo e por todos os lados foramabrindo salões e não precisavam mais donosso. Então nós pensávamos que pode-ríamos acolher as crianças aqui, viriamaqui, tomariam uma sopa, seria pelo menosuma refeição por dia”.

Foi feito um levantamento da situaçãodas famílias e nós trabalhamos com as me-

ninas que estavam aqui, muitas até já saí-ram. As responsáveis pelo empreendimen-to social fizeram contato com um consórciode entidades de Governador Valadares eexpuseram a situação das crianças atendi-das. Muitas precisavam atravessar a cida-de para chegar, o que era perigoso. A pri-meira ajuda deles foram mesas e cadeiras,até hoje existentes na sede da Creche Lardos Pequeninos. Outro apoio nessa fase foido senhor Figueiró, então gerente da Itam-bé, em Guanhães. Até material de constru-ção pago em lojas era uma forma de auxí-lio à obra social das Cooperadoras da Fa-mília.

Antes construção do prédio definitivo,em área pertencente à Associação de Cari-dade Nossa Senhora do Carmo, mantene-dora do Hospital Regional Imaculada Con-ceição, Maria Raquel passou por mais umdesafio. A compatriota e companheira deinstituto, Maria Otília, embarcou para Portu-gal, onde esteve por 10 anos, e algumasmoças, ajudantes nos cuidados com ascrianças, deixaram a instituição. Alem dis-so, a prefeitura cedeu um terreno nos arre-dores do cemitério Nossa Senhora da Sole-dade, no alto do bairro Alvorada, para a

obra das instalações da creche.Um local impróprio para receber osfilhos das famílias pobres da cida-de. Juntamente com uma senhorade nome Uilma, Maria Raquel pro-curou o então provedor da Associa-ção de Caridade, o senhor CésarCaldeira, para um acordo sobre oterreno da entidade, ideal para oempreendimento. Dele veio o simpara o acerto, se assim fosse de-sejo da prefeitura. Houve algunsproblemas políticos e burocráticospara o começo das obras e mesmodurante essas, como erros estrutu-rais, mas ficou pronto.

As fundadoras e colaboradoresenfrentaram vários desafios nessaépoca, começo da década de1980, porque o prédio foi erguido

com muitos erros. Eram pisos impróprios,janelas com vidros grandes, sempre que-brados, lavatórios com altura inadequadapara crianças, entre outros. As adaptaçõesnecessárias foram sendo feitas com o pas-sar dos anos, custeadas por recursos oriun-dos de eventos organizados por cidadãosguanhanenses. Hoje, a cooperadora da fa-mília e pedagoga, Arminda de Jesus Batis-

ta, está à frente da Creche Lar dos Peque-ninos. A instituição acaba de passar poruma reforma. Foi construída uma rampaonde havia uma escada, um dos pátios foicoberto e todos receberam piso novo, ade-quado às crianças. Para ver as fotos dasinstalações basta acessar a fanpage no Fa-cebook. O endereço é facebook.com/larpe-queninos.

MENSAGENS AOS VOCACIONADOS,AOS LEIGOS E À GUANHÃES

“Tem que ser um dom de Deus; temque ser um chamado; vocação é um cha-mado. E depois, muita disponibilidade dequem se questiona porque às vezes sãochamados e muitos são os chamados,poucos são os escolhidos. Às vezes a pes-soa é chamada e não se questiona, nãoquer ouvir, não se dispõe. Então tem quehaver o dom de Deus que chama e euacho que Ele chama muita gente que nãoresponde, senão não estávamos com tan-ta pobreza de vocações. Há muita genteque o Senhor chama e não respondem.Tem que haver essa escuta de Deus pelaoração e foi a única coisa que eu sempresenti em minha vida e nunca me deixoupensar que eu fiz uma escolha errada naminha vida. Não foi bom, não foi o que de-

veria ser, não fui aquilo que eu poderia ser,mas foi o que eu fui capaz de fazer, entãosou feliz com isso. Eu acho que os confli-tos que hoje existem é porque as pessoasnão se encontram com Deus, não espe-ram de Deus essa felicidade que Ele dá,em qualquer lugar, em qualquer situação,com ou sem saúde, com ou sem inteligên-cia, mas se tiver condição de saber que

Deus nos conduz, ninguém deixa de serfeliz. Se a pessoa não se ocupar em vivero seu batismo e a sua resposta a Deus – oleigo é chamado e consagrado a Deus pe-lo batismo –, se ele não viver essa dimen-são do seguimento de Jesus e ser mem-bro da igreja e do corpo místico de Cristo,não vai ser feliz. A gente vê tanta feliz por-que faz tudo que pode. Eu admiro comopodem fazer tanto. Há muita gente que po-de fazer mais e a igreja precisa de genteque pode fazer mais, de gente disponívele eu acho que Deus vai nos conceder agraça de aumentar o número de leigos en-gajados”.

À cidade que a acolheu há 35 anos,praticamente metade de sua vida, MariaRaquel chama de menina dos olhos e tam-bém deixa sua mensagem. “Um agradeci-mento muito grande, à Igreja que me aco-lheu, que teve seu lugar para mim. Muitagratidão à Igreja, muita gratidão aos pa-dres que passaram, aos leigos da comuni-dade, tanta gente. Eu fico admirada com oexagero porque eu não fiz nada de espe-cial. Se eu não fizesse nada seria um cri-me, seria uma coisa errada, mas não fiznada de mais. Então, muita gratidão a to-da comunidade e que Deus nos conceda agraça de sermos cada vez mais comuni-dade, igreja de Jesus Cristo”.

“Uma vocação não anula a outra. Você só tem que mudar a roupagem. Se fez a escolha, vá em frente”.

Primeiras que vieram para ao Brasil: da esquerda paradireita: Celeste, Rosa, Maria Otília, Aurora, Benildes Cooperadora Raquel e Zequinha junto com as turmas de 4 a 6 anos.

Crianças catequizadas pelacooperadora Raquel em 1983

Mutirão: carregando materialpara construir casas Formandos do pré primário com professora paraninfo e a cooperadora Raquel

Mutirão: carregando materialpara construir casas

Servindo refeiçãoaos pequeninos

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Eu gostaria de fazer umaviagem neste Natal. Via-jar para um lugar que te-nho evitado muito. Queroviajar para dentro de mim

mesmo. E para isso preciso deixarum pouco os relacionamentos vir-tuais, que me tomam muito tempo.Preciso encontrar-me comigo mes-mo, abrir espaço no meu coração pa-ra que nele o Menino Deus possa en-contrar sua manjedoura. E que osAnjos, os Pastores e os Reis venhamvisitá-Lo e me abençoem também.Preciso me dar de presente um tem-po para mim mesmo, tão preciosoquanto o ouro, o incenso e a mirra.Tenho tempo para tanta coisa quaseinútil!

Preciso compreender que o Natalé a eterna criança divina nascendodentro de nós, nos redimindo, nos re-conciliando com aqueles e aquelasque estão ao nosso redor - sobretu-do os pequeninos e humildes -, en-chendo-nos de luz e esperança. Mis-teriosamente, Deus se faz Menino,dizendo-nos que tudo pode recome-çar; que podemos nos reconciliarcom aquilo que julgávamos perdido.

Conscientemente sei que Natalnão é encher alguém de presentesque, muitas vezes, encobrem nossaculpa de pessoas ausentes; não éacender luzinhas na janela e pela ca-sa inteira, sem acendê-las primeirono coração; não é empanturrar-mena ceia calórica, mas alimentar-me

de presenças amigas e reconciliar-me com aqueles com os quais esta-va rompido. Preciso viver isso alémda consciência e da razão.

Natal é a magia de um tempo queescorre nos calendários e, depois,retorna e nos alivia dos pesados far-dos diários. É um tempo sagradocom que o Cristianismo nos presen-teou e o comércio teima em nos rou-bar, ano após ano.

* professor de Filosofia e Cultura

Religiosa na PUC Minas

33DEZEMBRO2014ARTIGOS

Pe. Ismar Dias de Matos *

[email protected]

Fé &

Pol

ítica

NATAL ERECONCILIAÇÃO

...compreenderque o Natal éa eternacriança divinanascendodentro de nós...

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Regina Coele Barroso Queiroz Santos

[email protected]

A ARTE DESER LEVE

Esse é o título do livro dajornalista Leila Ferreira,que vale a pena ser lido,principalmente nestestempos em que a vida es-

tá se tornando pesada.Seguem algumas reflexões feitas

pela autora em seu livro:

Achar que gentileza é algo supér-fluo é miopia. Gentileza é qualida-de de vida. Por um motivo simples:a vida é feita de relacionamentos.Vive melhor quem tem competên-cia para se relacionar e faz partedessa competência tratar o outrocom civilidade e respeito.

Ninguém gosta de conviver compessoas desagradáveis. Ser mal-educado e autocentrado é suicídiosocial.

Nossa sociedade estimula a faltade civilidade. E dois fatores, prin-cipalmente, levam a ela: o estres-se e o anonimato. Estamos vi-vendo em ambientes estressan-tes no trabalho, no trânsito, nosaeroportos, na vida pessoal. E,quando estamos estressados, fi-camos irritadiços, menos toleran-tes com os erros alheios e mais

propensos a explodir.O estresse acabou virando uma

espécie de desculpas universal pa-ra comportamentos injustificáveis.Isso significa o quê? Que estamosperdendo o controle de nossasvidas?

Crie harmonia e beleza em seu en-torno. Para “dar uma melhoradinhano mundo”, basta que cada um cul-tive a gentileza em seu palmo deterra.

Às vezes, uma ou duas palavrasde cortesia são suficientes paradeixar o nosso entorno maisagradável.

Gentileza é o mínimo que deve-mos uns aos outros.

O otimismo não é supérfluo, é umanecessidade vital. O bom humor seaprende. Todas as pessoas pas-sam por acontecimentos positivose negativos. A diferença está naforma com veem esses aconteci-mentos. O indivíduo pode escolhersua maneira de pensar, está apto aadquirir novos hábitos mentais.

Otimismo e senso de humor sãocoisas que a gente aprende e trei-na, da mesma forma que um es-porte. Rir, ter senso de humor, ver

a vida de forma mais leve, faz bemà saúde, garantem as pesquisas.“O pessimista e o mal-humoradopraticamente envenenam seus cé-rebros, argumenta a neurocientistaSílvia Cardoso, da Unicamp,“Quando a pessoa ri, quando é to-lerante, quando pensa de formapositiva, ativa no cérebro as subs-tâncias do bem, como a dopaminae as endorfinas. Isso é bom para asaúde e a longevidade”.

“A esperança nos dá asas. O de-sespero nos dá pés de chumbo”Nossa capacidade de pensar coi-sas boas é que vai estruturar o cé-rebro de tal forma que vamos sen-tir coisas boas.” Temos que apren-der a educar nossos pensamentos.

Descomplicação e desaceleração

um dos possíveis ingredientes pa-ra uma vida mais leve.

Necessitamos de intervalos para aquietude.“Quando diminuímos o peso da

existência para aquelas pessoas quenos cercam é sinal de que vivemosbem.” Diminuir o peso talvez seja es-sa a maior competência em termosde convivência.

Bom fim de anoe um ano novo

repleto deleveza a

todos!

Gentileza é omínimo quedevemos unsaos outros

6 DEZEMBRO2014 ARTIGOS&NOTÍCIAS

Algumas das intervenções da músi-ca na celebração têm como função oacompanhamento de um rito. O objeti-vo destas intervenções é importante,porém, acessório. É o que ocorre, porexemplo, com o canto de abertura dacelebração, que acompanha a entradado presidente, ou o cântico litânico(Cordeiro de Deus), que acompanha afração do pão, ou a aclamação ao evan-gelho, o canto das oferendas e de co-munhão.

Em outras situações o próprio cantoé um rito, o que o torna insubstituível,indispensável. Aqui é o caso do “santo”ou do “glória”, nos quais culminam osritos introdutórios da celebração euca-rística (introdução da celebração e in-trodução do rito eucarístico). Só em si-tuações extraordinárias se proclamamestes cantos-ritos, ou seja, o santo, oglória, o salmo responsorial e, até mes-mo a aclamação ao evangelho. Podese aplicar isso também ao ato peniten-cial e ao “Cordeiro de Deus”.

Porém, tanto a música quanto a pa-lavra precisam de silêncio. É o valor mu-sical deste (o silêncio) que a liturgia va-loriza, ou que o rito necessita. Portan-to, não se pode cantar em todos os es-paços vazios.

Condicionada pelas intervenções doministro e pela assembleia, pela fun-ção ritual e pela forma literária, a músi-ca ganha forma. Na liturgia existem asformas diretas, sem repetição, alternân-cia e nem resposta, e a dialogal, quan-do há anúncio e resposta. Este é o maiselementar, e acontece no diálogo entreo ministro e a assembleia, de maneirarecitativa, ou, em casos especiais e so-lenes, como o Amém da doxologia fi-nal da anáfora (Por Cristo, com Cristo eem Cristo...), aceitam uma forma maiselaborada.

As leituras também podem ser can-tadas, desde que não seja anulado oseu caráter de leitura. E como leitura,temos os salmos que, desde os primei-ros séculos, os cristãos têm por ele umafeto todo especial herdado dos cultosjudaicos. Estes podem ser recitados porum solista, por um solista com respon-sório da assembleia em dois coros, ouproclamada por vários solistas com ver-so e resposta.

As antífonas são destinadas ao can-to. São quase sempre sínteses de tex-tos sálmicos ou de texto bíblico.

Já as aclamações são um dos ele-mentos mais dinâmicos de qualquercelebração, pois são manifestações deentusiasmo e festividade intensa. Ex-pressa o sentimento do coração, movi-do pela fé. É o caso do hosanna, ou doAleluya, ou o Amém, sobretudo da pre-ce eucarística, que são praticamente in-traduzíveis. Também se têm como im-portantes as aclamações depois da ins-tituição, as da prece eucarística, as dedepois do Pai Nosso, entre outras, queseriam necessárias formas musicais pa-ra ressaltá-las, facilitar a participação daassembleia e enriquecê-las, solenizá-las.

Os hinos e cânticos são mais apre-sentados com os salmos. Podem serem forma de prosa ritmada, como oglória e o Te Deum, ou em estrofescom versos ritmados metricamenteiguais, ou em rimas como as prosas eas sequências.

As FormasMusicaise o RitoExperiência Missionária na África e Retorno à Diocese

Nesses 9 meses vivendo aqui na África,mais precisamente na Província do Niassaem Moçambique, falar de experiência mis-sionária é limitar o que se descobre e se ex-periencia todos os dias.

Em outros artigos para publicação naFolha Diocesana já relatei várias vezes queo meu coração inquietava-se levando-mecada vez mais a criar coragem para desins-talar-me e viver, de fato, uma “IGREJA EMSAÍDA”. Alimentando esse desejo missio-nário fui me preparando com cursos de mis-siologia e animação pastoral promovido pe-lo CCM (Centro Cultural Missionário) emBrasília e outros cursos nas PontifíciasObras Missionárias. A minha participaçãoefetiva e afetiva junto ao COMIRE Leste 2,do qual fui Secretário Executivo por 3 anose posteriormente Tesoureiro por 2 anos,contribuíram muito para que eu concretizas-se o “IDE” (imperativo que Jesus usa noEvangelho de Mateus 28, 18-20) e tambémuma outra passagem que diz: “Sai da tuaterra e vai onde te mostrarei”. Assim, não ti-ve mais como ficar parado. Saí rumo à Afri-ca no dia 18 de Março deste ano com o de-sejo de ficar aqui pelo menos 3 anos, masnem tudo sai como a gente quer. Os Planosde Deus diferem dos nossos planos.

Tendo necessidade de revisar a saúde,uma vez que aqui onde eu me encontro aprecariedade dos serviços de saúde ame-drontam qualquer pessoa e sentindo a ne-cessidade de um controle maior da PressãoArterial, resolvi antecipar a volta. Nada mui-to sério, mas que se não cuidar pode seagravar com o tempo. Assim, conversandocom o Dom Armando, bispo responsávelpelo projeto Além Fronteira, da diocese deBacabal, no Maranhão e com o Dom Jere-mias, nosso bispo de Guanhães, acertamoso meu retorno para o dia 20 de dezembropróximo, chegando ao Brasil no dia 21/12.

Aprendi muito mais que ensinei. Aqui en-contrei uma Igreja Viva onde o povo é o pro-tagonista da evangelização. Temos aquiuma Igreja realmente ministerial onde os lei-

gos assumem de verdade o seu papel deevangelizadores. Fazem celebração da pa-lavra, assumem de verdade a catequese,acompanham as famílias cujos casais es-tão em dificuldade no relacionamento, ani-mam a liturgia e cânticos quando da cele-bração da missa. Celebram o batismo, cui-dam das economias da comunidade, enfim,fazem a Igreja caminhar.

Muitos são os desafios! Pobreza extre-ma! É um povo desconfiado, fruto da guer-ra que prejudicou muito essa região até1992, quando foi assinado o Acordo de Pazem Roma. Muitas pessoas tiveram que mi-grar para outras regiões e até para outrospaíses, como o Malawi (faz fronteira com aregião onde estamos). Povo que ainda é to-mado pelo medo, sobretudo dos “MUCU-NHAS” (homens brancos), pois no períododa guerra muitos desses conseguiam apro-ximar-se de alguns nativos e assim pratica-vam sequestros de pessoas e formavamuma organização criminosa que levava in-clusive crianças para serem vendidas e as-sim traficados seus órgãos.

Um fato que me deixou perplexo foiquando de uma visita minha a uma comuni-dade, estando eu, uma Irmã e um leigo dacomunidade, ao pararmos o carro num de-terminado lugar para verificarmos se have-ria possibilidade do carro passar, vimos umjovem (23 anos mais ou menos) que vinhaem sentido contrário em uma bicicleta. Háuns 100 metros mais ou menos, quando elepercebeu que se tratava de “MUCUNHAS”,abandonou ali mesmo a sua bicicleta e nu-ma carreira adentrou o cerrado como se fu-gisse de um bicho muito feroz. Ao pergun-tarmos ao leigo o porquê daquela reaçãodo jovem, veio então a explicação que jáexpus acima.

O sistema educacional é outro pontovergonhoso aqui nesse país. Não há com-promisso dos professores com a missão as-sumida. Alunos são obrigados a carregarareia, pedra, água, capim para reforma e/ouconstrução de escolas. Tivemos casos aqui

de crianças buscando areia pra escolaquando desceu um monte de areia sobreas mesmas matando 2 dessas crianças edeixando outras 3 gravemente feridas. Ospais não reclamam, pois têm medo. Fize-mos as denúncias mas não é tomada ne-nhuma providência até porque os pais nãose manifestam quanto à perda dos própriosfilhos.

Temos ainda outro costume e que fazparte da cultura deles, que é o Rito de Ini-ciação. São pelo menos 3 Ritos: o Muçul-mano, o Tradicional e o Cristão. Problemamaior que detectei é o de saúde públicanesses ritos (não é conveniente publicar is-so aqui). O Rito de Iniciação Cristã, foi colo-cado como alternativa para evitar tantosproblemas de saúde gerado por causa des-ses ritos.

Apesar de todos esses desafios, e ou-tros que preferi omitir, estou me realizandocada vez mais como pessoa, como padre ecada vez mais convicto de que fiz a opçãocerta de sair da comodidade da minha dio-cese, da minha paróquia, da minha famíliapara estar com esse povo, ainda que, porpouco tempo, mas o suficiente para eu con-tinuar lutando e animando a outros padres eleigos a se encorajarem e saírem também,porque se pensarmos que a nossa Dioce-se, a nossa paróquia são também terras demissão, o egoísmo não nos deixará perce-ber que além dos nossos muros há terrasde missão gritando muito mais que “as nos-sas terras de missão” por pessoas corajo-sas que queiram anunciar Jesus Cristo on-de há muitos que não O conhecem ou se-quer ouviram falar d`Ele. “Ai de mim, seu eunão evangelizar”.

No ensejo, desejo à Equipe da FolhaDiocesana e a todos os leitores um FELIZ ESANTO NATAL!

Pe. Dilton Maria PintoPadre do Clero de Guanhães

em Missão na África.

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Page 7: Folha diocesana ed222

Con se lho Edi to rial:

Padre Adão Soares de Souza, padre Saint-Clair Ferreira Filho, Taisson dos Santos BicalhoRevisão: Mariza da Consolação PimentaDupimJor na lis ta Res pon sá vel:

Luiz Eduar do Bra ga - SJPMG 3883En de re ço pa ra cor res pon dên cia:

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2 DEZEMBRO2014

O jornal Folha Diocesana reserva-se o direito de condensar/editar as matériasenviadas como colaboração.Os artigos assinados não refletem necessariamente a

opinião do jornal, sendo de total responsabilidade de seus autores.

COMEMORAÇÃO - DEZEMBRO DE 2014Padres, religiosas, consagradas e seminaristas da diocese de Guanhães

DAREDAÇÃO

03 Maria Inês de Almeida Nascimento

04 Pe. Alípio José de Souza Nascimento/ Ordenação

08 Maria Raquel Mendes Soares Consagração

08 Pe. Itamar José Pereira Ordenação Sacerdotal

10 Dom Jeremias Antonio de Jesus Ordenação Sacerdotal

10 Pe. João Evangelista dos santos Ordenação Sacerdotal

10 Pe. José de Brito Filho Ordenação Sacerdotal

11 Pe. Amarildo Dias de Mendes Nascimento

12 Ir Ana Maria Mendes Nascimento

13 Pe Ismar Dias de Matos Nascimento

17 Dom Marcello Romano Ordenação Sacerdotal

18 Frei Geraldo Monteiro Ordenação Sacerdotal

20 Dom José Maria Pires Ordenação Sacerdotal

21 Sem. André Luiz E. da Lomba Nascimento

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FOLHADIOCESANA

Dados para depósito bancário:Editora Folha Diocesana de GuanhãesCooperativa: 4103-3Conta Corrente: 10.643.001-7SICOOB-CREDICENM

A FOLHA DIOCESANAPRECISA DE VOCÊ

DEZEMBRO

2 - Estudo da Campanha da Fraternidade 2015 (Pe.Ismar)

06-07 - ECC (Segunda etapa) em Guanhães

9 - PASCOM

10 - Aniversário de ordenação presbiteral do bispo eConfraternização de final de ano dos padres naParóquia de Sabinópolis.

14 - Presença Equipe da Causa do Cônego emSabinópólis.

15 - Início das Novenas de Natal

Que alegria! Já iniciamos mais um novo anolitúrgico na vida da Igreja. Assim como asestações do ano dá ritmo a vida no planeta,também o ano litúrgico dá ritmo a nossa vi-da espiritual, caminhada rumo ao Pai.

O advento é tempo de preparação para celebrarmos aprimeira páscoa de Jesus:o Natal. Por isso mesmonosso bispo nos apresen-ta orientações para apro-veitarmos o máximo pos-sível e colhermos os fru-tos desse momento que aigreja nos proporciona.

É tempo de soltarmosas amarras que nos impe-dem de caminhar, acolhere dar o perdão de modoque iniciemos o ano civilna paz do menino Jesus,nosso salvador; os textosde padre Ismar e Reginanos ajudam a entender is-so: Ano novo, vida nova.

Mais uma vez temos acontribuição do Padre

João Evangelista, com suas orientações litúrgicas sobreo canto, ministério tão rico para Igreja orante que reza elouva a Deus pelos seus feitos no decorrer dos anos.

Acolhemos, com muita satisfação, ao padre Dilton queretorna de uma rica experiência na África. Seja bem vin-do padre, partilhe conosco a riqueza que pôde colher jun-to aos nossos irmãos do outro lado do oceano.

Cinquenta anos não são cinquenta dias, por isso nes-ta última edição do ano a Folha Diocesana lembra os cin-quenta anos de vida consagrada de Maria Raquel, coo-peradora da família. Motivo de alegria e estímulo ao con-templar no seu rosto a alegria de ter “gastado” sua vidaem favor da Igreja Doméstica (a família), sobretudo ospequeninos.

A folha diocesana deseja a todos um abençoado natale feliz ano novo.

Ordenação DiaconalO

trecho bíblico “Servi ao Senhor com alegria” (Sl 99/100), foi o lema de ordenação do neo-diácono Bruno Costa Ribeiro. O povo da diocese de Guanhães/MG se alegra e acolhe essejovem natural de São João Evangelista/MG que oferece sua vida ao serviço de Deus.

A ele e aos demais consagrados (padres, religiosas e consagradas) de nossa diocese, nossa pre-ce e súplica pela perseverança, amor e zelo. E que não faltem operários para a messe do Senhoraqui na diocese de Guanhães/MG e em toda parte.

7DEZEMBRO2014SERVIÇOCIRCULAR Nº 05/2014

ASSUNTO: ORIENTAÇÕES LITÚRGICAS E PASTORAIS PARA O TEMPO DO ADVENTO

Guanhães, 28 de novembro de 2014.

Caros irmãos Presbíteros, Religiosas, Con-sagradas, Seminaristas, Animadores de comu-nidades, Agentes de Pastoral, Grupos e todo opovo de Deus presente na Diocese de Gua-nhães.

Saudações fraternas!

Mais um ano litúrgico chegou ao fim. Umnovo ano litúrgico já começou! Nossos afaze-res e preocupações contribuem para que nãopercebamos o tempo passar! Tudo parece ouestá mais acelerado! A Liturgia nos convida acelebrar o tempo. Ela nos permite parar, sentir,refletir, meditar, rezar, viver e atualizar o Misté-rio! Através da Liturgia nós entramos no Tem-po de Deus que por sua vez entra no ‘nossotempo’ e na nossa história! Com a celebraçãodo Advento iniciamos este novo tempo e estenovo ano. É o tempo que abre para a Igreja agrande celebração da manifestação do Salva-dor em nossa humanidade. É um tempo de pre-paração para as festas epifânicas, a fim de quepossamos receber o Senhor que vem e se ma-nifesta a nós. É tempo de Alegria! Deus pisou anossa terra e estabeleceu entre nós a sua mo-rada!

Um acontecimento assim tão marcante de-ve ser muito bem celebrado. Por isso, venho,através desta, recordar e complementar algu-mas orientações e sugestões litúrgicas e pasto-rais para este tempo tão especial:

1 - “O tempo do Advento possui dupla ca-racterística: sendo um tempo de preparaçãopara as solenidades do Natal, em que se co-memora a primeira vinda do Filho de Deus en-tre os homens, é também um tempo em que,por meio desta lembrança, voltam-se os cora-ções para a expectativa da segunda vinda doCristo no fim dos tempos. Por este duplo moti-vo, o tempo do Advento se apresenta como umtempo de piedosa e alegre expectativa”. O es-paço da celebração deve estar despojado e só-brio. Um tronco com um broto ou um galho se-co com uma flor lilás (pode ser uma orquídea)ajuda a simbolizar o sentido da espera. Lem-brar que a cor litúrgica é a lilás ou a cor rosada,mais relacionada com a piedosa e a alegre es-perança própria desse tempo.

2 - Lembrar que durante o Advento não seusam flores nem se canta o Glória, reservadospara a Festa do Natal.

3 - Fazer a coroa do Advento, com ramosverdes, enfeitada com fitas coloridas e, a cadadomingo, introduzir uma vela até completarquatro, no final do Advento. Poderá ser coloca-da junto ao altar ou próxima ao ambão. As ve-las vão sendo acesas, gradativamente, nasquatro semanas do Advento: no primeiro do-mingo, uma; no segundo, duas; no terceiro,três; e no quarto, todas. As velas podem ser to-das da cor lilás, ou três lilases e uma rosa, ouuma verde (esperança), outra branca (paz), ou-tra rosa (alegria) e outra vermelha (amor). A Li-turgia Diária traz uma oração própria para cadadomingo para o momento de acender a vela.Estão presentes na coroa três simbologias sig-nificativas: a luz como salvação, o verde comoa vida que esperamos; a forma arredondadacomo símbolo da eternidade. Ela expressa mui-to bem a espera de Cristo como Luz e Vida pa-ra todos.

4 - No primeiro domingo do Advento, permi-te-se abençoar a coroa do Advento. Pode serno início da celebração, logo depois da sauda-

ção, antes do Ato Penitencial, com a seguinteoração: “Senhor, nosso Deus, a terra se alegranestes dias, e vossa Igreja exulta diante do vos-so Filho que vem como Luz esplendorosa parailuminar os que jazem nas trevas da ignorância,da dor e do pecado. Cheio de esperança emsua vinda, o vosso povo preparou esta coroacom ramos verdes e a adornou com luzes. Àmedida que as velas desta coroa forem sendoacesas, iluminai-nos, Senhor, com esplendordaquele que, por ser Luz do mundo, iluminarátoda a escuridão. Por Cristo, Nosso Senhor.Amém!”

5 - Nos ritos iniciais pode-se realizar o acen-dimento da coroa do Advento. A pessoa quetrouxe a vela coloca-a na coroa, fazendo umabreve oração: “A luz de Cristo que esperamosneste Advento enxugue todas as lágrimas, aca-be com todas as trevas, console quem está tris-te e encha nossos corações da alegria de pre-parar sua vinda!” ou “Bendito sejas, Deusbondoso, pela luz de Cristo, sol de nossas vi-das, a quem esperamos com toda a ternura docoração” ou “Preparemos um caminho parao Senhor! Endireitemos nossas estradas! Paraque todas as pessoas vejam a salvação deDeus” ou “Deus Pai de Bondade, vós en-viastes vosso Filho ao mundo por meio de Ma-ria, vossa serva. Vossas promessas se cumpri-ram naquela que é a imagem da Igreja e suamaternidade nos inspira no discipulado, na es-perança e na alegria da proximidade do Natal.Por ela brilhou para nós a luz da salvação, Je-sus, nosso irmão. Bendito sejais, Senhor!(Apropriada para o Quarto Domingo) A vela po-derá ser acesa por uma mãe grávida. A comu-nidade pode cantar um refrão apropriado.

6 - Dar destaque especial a todo o Rito daPalavra, proclamando os textos bíblicos de ma-neira viva, com dignidade, com espiritualidade,de forma orante, sem pressa, diretamente do li-vro próprio para as leituras. Isso exige que osleitores se preparem bem antes, sobretudo pe-la oração e pela meditação da Palavra a serproclamada. À preparação espiritual para a pro-clamação da Palavra, alia-se a preparação téc-nica: postura do corpo, tom de voz, semblante,a maneira de aproximar-se da mesa da Pala-vra, as vestes... A Palavra é realçada tambémpor momentos de silêncio, por exemplo, apósas leituras, o salmo e a homilia, fortalecendo aatitude de acolhida à Palavra. No silêncio, o Es-pírito torna fecunda a Palavra no coração dacomunidade, a exemplo de Maria. Cantar sem-pre o salmo, cujo refrão é acompanhado pelaassembléia. Antes da primeira leitura poderáser entoado um mantra ou refrão meditativo,substituindo qualquer comentário. Após a ho-milia, o mesmo mantra ou refrão poderá ser re-petido. Ex: “Desça como a chuva”, “Ó luz doSenhor”, “Onde reina o amor”, “Shemá Israel”,“Escuta Israel”... Trazer o Evangeliário na pro-cissão de entrada depositando-o sobre o Altaraté a proclamação do Evangelho. Esse é um ri-to que deve ser cada vez mais comum aos do-mingos. Após a conclusão do Evangelho (Pala-vra da Salvação), a equipe de música pode re-tomar o Aleluia.

7 - A resposta às preces poderá ser canta-da e expressar desejo e expectativa.

8 - No terceiro domingo do Advento, Domin-go Gaudete, a cor litúrgica pode ser a rósea.Sendo este domingo, o domingo da alegria,usam-se flores com moderação. A vela destedomingo pode ser rosa.

9 - Antes de cada celebração criar um am-

biente de silêncio e contemplação. Durante es-se momento poderá ser entoado um mantra. Éimportante que quem estiver motivando essemantra o faça adequadamente, isto é, comecebem baixo, vai aos poucos aumentando o volu-me da voz e depois abaixe novamente até ficarum sussurro. Após esse momento dá-se inícioa acolhida ou o comentário inicial.

10 - Lembrar da Coleta da Evangelização,dias 13 e 14 de dezembro, cujo percentual de45% será destinado para o serviço pastoral daDiocese.

11 - No quarto domingo do Advento, seráoportuno, durante a celebração, em momentoapropriado, colocar a imagem ou figura de Ma-ria e de José no presépio. Valorizar a participa-ção das mães gestantes e de crianças nos vá-rios momentos da celebração. Após o Evange-lho pode-se fazer uma bênção da árvore deNatal, iniciando-se com este texto de Isaías:“Para ti virá o esplendor do Líbano, pinheiros,olmeiros e ciprestes virão enfeitar minha mora-da” (Is 60,13). Oração: “Bendito sejas, Senhornosso Pai, que nos concedestes recordar comfé os mistérios do nascimento de vosso Filhono meio dos pobres! Concedei--nos a todosnós, reunidos ao redor desta árvore, que seja-mos enriquecidos com os exemplos da vida deJesus Cristo, que vive e reina para sempre.Amém!” No final da celebração, lembrando agravidez de Isabel e Maria, dê-se uma bênçãoespecial às gestantes que forem à celebração.

12 - Em cada celebração, após a homilia,pode-se cantar um refrão meditativo, ou man-tra, para ajudar a interiorizar o sentido aponta-do pelas leituras.

13 - Lembrar que a bênção final é própriado Advento.

14 - O tempo do Advento é marcado degrande riqueza espiritual, alimentando a espe-rança dos cristãos. Para aproveitar bem toda asua riqueza, convém que se cuide com maiorcarinho dos detalhes externos deste tempo(cantos, espaço litúrgico, os diferentes enfo-ques das leituras e das orações, principalmen-te dos Prefácios).

15 - O tempo do Advento é próprio para um“balanço” da caminhada cristã, pessoal e co-munitária, em direção ao Reino definitivo. Porisso, trata-se de um tempo muito adequado pa-ra a celebração do Sacramento da Penitência,acompanhada da confissão sacramental.

16 - Nos últimos anos, muitas comunidadeseclesiais, influenciada pela onda consumistadas festas natalinas e de final de ano, estão as-sumindo o costume de enfeitar suas igrejasbem antes de o Natal chegar. Em pleno tempodo Advento, que é “um tempo de piedosa e ale-gre expectativa”, ornamentam suas igrejas comflores, pisca-pisca, árvore de Natal e outros mo-tivos natalinos, como se já fosse o Natal. Nãofica bem! Não se influencie pelos símbolos con-sumistas da nossa sociedade. Evite-se enfeitara igreja com motivos natalinos durante o Ad-vento. Deixe o Advento ser Advento e o Natalser Natal. Enfeites natalinos dentro da igreja sóquando o Natal chegar. Então, sim! Com certe-za, a festa será melhor! Sobretudo se houverna comunidade uma preparação espiritual ade-quada.

17 - Os instrumentos musicais sejam usa-dos com moderação, conveniente ao caráterpróprio do tempo do Advento, de modo a não

antecipar a plena alegria do Natal do Senhor.

18 - O presépio poderá ser montado aospoucos, a cada semana, até o quarto domingo,ou então, a partir do dia 16 de dezembro (inícioda Novena de Natal). Que a cada domingo acomunidade visualize sinais da aproximaçãoda chegada do Senhor, também por meio daarrumação do presépio. Que seja o quantopossível, expressão de nossa fé cristã e denossa cultura. É muito significativo construir opresépio em mutirão. Se houver árvore de Na-tal, colocar nela frutos de nossa terra e outrossímbolos que expressem nossos sonhos e es-peranças. O presépio deve ser simples, bonitoe de bom gosto, como foi simples e pobre amanjedoura onde Jesus nasceu.

19 - Convém lembrar a importância da no-vena de preparação para a celebração do Na-tal. Incentive-se para que, nestes dias grupos efamílias se reúnam para juntos ouvirem a Pala-vra de Deus, rezarem e, assim, à luz desta Pa-lavra, da oração e da fé, estreitar os laços deamizade e solidariedade entre todos. Valorizartempos de oração comunitária.

20 - Sendo Advento, por excelência, tam-bém um tempo mariano, pode-se destacá-locom alguma imagem ou ícone de Nossa Se-nhora dentro do espaço celebrativo, principal-mente a partir do dia 17 de dezembro. Nunca,porém, colocar a imagem sobre o altar. O me-lhor seria perto da coroa do Advento. Ao finalde cada celebração cantar um hino mariano.Celebrar bem as duas festas marianas queocorrem no Advento: dia 08 de dezembro (Ima-culada Conceição de Nossa Senhora), com flo-res, alfaias brancas, Glória, incensação da ima-gem de Nossa Senhora nos ritos iniciais e tal-vez uma breve homenagem à Mãe do Senhorao final da celebração e dia 12 de dezembro(Nossa Senhora de Guadalupe). No QuartoDomingo seria bom valorizar a imagem de Ma-ria, com uma vela acesa ou arranjo discreto(poucas flores), para não ferir a reserva simbó-lica própria do tempo. Outra sugestão é colocara imagem de Maria em lugar apropriado comuma lamparina a sua frente (sinal de vigília eespera) ou a lamparina entre as imagens deJosé e Maria, e, antes da bênção final, levá-lasao presépio.

21 - Escolher músicas que expressem o de-sejo do coração de ver sinais de vida, de justi-ça e de paz cada vez mais fortes e verdadeirosem nosso tempo, ainda tão marcado pela injus-tiça, violência e morte. O Hinário Litúrgico I –CNBB, acompanhado de CD, e o Ofício Divinodas Comunidades apresentam um repertórioexcelente de cantos para as celebrações destetempo.

22 - Promover a unidade e trabalhar pelaPaz. A CNBB definiu o ano de 2.015 como o“Ano da Paz” para o Brasil. Ano que se inicia noPrimeiro Domingo do Advento 2.014 esse en-cerra no Natal de 2.015.

Desejo que todos tenham um Santo e FelizAdvento e assim, possam se preparar com ale-gria e esperança para celebrar o Natal do Se-nhor Jesus.

Que Maria, a Senhora do Advento, interce-da por todos nós.

Em Cristo Jesus,

Dom Jeremias Antônio de Jesus Bispo Diocesano

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IOCESANAFOLHA

IN FOR MA TI VO DA DIO CE SE DE GUA NHÃES | MG | ANO XVIII | Nº 222 | Dezembro de 2014D

| PÁGINAS 4 E 5 |

Bodas deOuro de“TiaRaquel”cooperadora da famíliacooperadora da família

“Uma vocação não anula a outra. Você só tem quemudar a roupagem. Se fez a escolha, vá em frente”.

| PÁGINA 6 |

“Aprendi muito mais que ensinei.Aqui encontrei uma Igreja Vivaonde o povo é o protagonista

da evangelização.”

“O Natal é a eterna criança divina nascendo dentrode nós, nos redimindo, nos reconciliando com aqueles

e aquelas que estão ao nosso redor”| PÁGINA 3 |

Bodas deOuro de“TiaRaquel”

8 DEZEMBRO2014 DIOCESEEMFOCO

www.diocesedeguanhaes.com.br

O novo site daDiocese de Guanhães

já está na net

Faça-nos uma visita!Divulguem!

Aconteceu no dia 30 de novembro, emVirginópolis, o 18º Rebanhão com aparticipação de aproximadamente1000 pessoas de várias paróquias danossa diocese. Foi conduzido pelo Mi-

nistério de Música “Missão de Viçosa”, e o prega-

dor Wiliam de Paula, membro do Núcleo Nacio-nal do Ministério Jovem. O Tema do Rebanhão“Conservar a unidade do Espírito pelo vínculo dapaz” Ef 4,3 foi o mesmo trabalhado durante todoo ano pela RCC do Brasil. Foi um dia de muitasalegrias expressadas nas músicas, louvores, ora-

ções e adoração ao Santíssimo Sacramento. En-cerrou-se com a Santa Missa presidida por DomJeremias e concelebrada por padre Hermes e pa-dre José Geraldo, nosso Diretor Espiritual, estan-do presente também na Missa o diácono BrunoRibeiro.

O mês de novembro, já no seu fim,marcou também o encerramento docurso de Teologia Pastoral, voltado pa-ra agentes de pastoral atuantes nas co-munidades paroquiais da Diocese deGuanhães. A Escola Diocesana de Teo-logia Pastoral teve seus trabalhos ini-ciados em fevereiro de 2012, com dura-ção de 240 horas/aula, distribuídas em30 módulos.

Para conhecer o projeto, voltamosum pouco no tempo, a julho de 2009,quando foi criada a escola. Com os tra-balhos iniciados em agosto do mesmoano, a caminhada da primeira turmacom 45 alunos durou pouco mais detrês anos. Desse grupo surgiram equi-pes de apoio às várias Pastorais Dioce-sanas, entre elas a equipe de elabora-ção dos roteiros dos Grupos de Refle-xão.

Com início restrito à área citada (SãoMiguel – CITAR PARÓQUIAS), masuma experiência sucedida de tal formaa despertar o interesse de muitos ou-tros paroquianos. Depois da aprovaçãodos vários pedidos para ingresso aocurso, a iniciativa foi transformada emEscola Diocesana de Teologia Pastoral.

O desejo de começar essa caminha-da vem de muito longe; exatamente deAparecida, a capital Mariana do Brasil.A partir da Conferência de Aparecida,veio a necessidade de uma respostadiocesana. O foco do projeto foi ofere-cer capacitação teológica voltada aosagentes de pastoral; a partir do conteú-do apresentado em cada encontro elespodem tornar-se cada vez mais discí-pulos missionários de Jesus Cristo.

Ao longo desses três anos de jorna-da teológica, os agentes de pastoraispresentes na Escola Diocesana de Teo-logia Pastoral assistiram aulas em 14módulos – com variação de um a oito –,de 8h a 64h. Foram ministradas discipli-nas de Introdução à Teologia, Eclesiolo-gia, Liturgia, Doutrina Social da Igreja,História da Igreja, Moral Fundamental,Bíblia, Cristologia, Sacramentos, Espiri-tualidade, Mariologia, Escatologia, Trin-dade e Prática Pastoral.

Da paróquia Nossa Senhora do Pa-trocínio, em Virginópolis, vem um de-poimento simples e forte sobre a expe-riência da Escola Diocesana de Teolo-gia Pastoral. Para Sebastiana Maria Pi-nheiro, foi o ‘tiro’ mais certo da IgrejaCatólica inspirada pelo Espírito Santo.Leigo residente na paróquia Nossa Se-nhora Aparecida, no Pito, em Gua-

nhães, Pedro Pereira teve receio denão poder prosseguir com o curso da-dos os três anos de encontros. Ele jáhavia assumido alguns compromissose temia impedir outra pessoa com maisdisponibilidade em poder participar.Ciente da necessidade de aprofundarseus conhecimentos para servir melhorà sua comunidade, decidiu abrir mão decompromissos para frequentar o curso.“Hoje posso dizer que fiz a melhor es-colha. Tivemos um curso muito partici-pativo, com escolha de disciplinas eprofessores muito bem acertadas, pro-porcionando conhecimento, esclareci-mento e muita alegria. Agradeço à Dio-cese de Guanhães pela iniciativa e pa-rabenizo a todos os professores e alu-nos pela brilhante participação”, con-cluiu Pedro.

A Escola Diocesana de Teologia

Pastoral trouxe duas mu-danças para a vida deMary Barbosa, da paró-quia Nossa Senhora doPorto, em Senhora doPorto: ela passou a ler aFolha Diocesana e dei-xou de ver a Bíblia comoum objeto de enfeite. “Pri-meiramente, eu agradeçoa Deus por ter me inspira-do para que eu procuras-se ler a Folha Diocesana,pois antes não era meucostume; antes, possoconfessar, olhava a Bíbliacomo enfeite, colocando-a em um suporte para en-feitar a minha casa; não

sabia que guardava um tesouro; porém,hoje posso afirmar que este tesouronão é para ser guardado e sim para serdesfrutado”. Ela conclui dizendo: tuapalavra é lâmpada para os meus pés eluz para o meu caminho.

O encerramento da Escola Diocesa-na de Teologia Pastoral foi marcado poruma celebração eucarística em ação degraças, presidida pelo bispo diocesano,Dom Jeremias Antonio de Jesus, e con-celebrada por alguns padres de nossadiocese. Parentes dos que concluíramo curso acompanharam a celebração ea entrega dos certificados, no salão daCatedral, onde também foi servido umjantar aos presentes.

A próxima turma terá início em 2015e os interessados podem procurar o pa-dre de sua paróquia e se informaremmelhor.

ENCERRADA SEGUNDA TURMA DA ESCOLADIOCESANA DE TEOLOGIA PASTORAL

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