Sabe-se que o que mais os jovens e ado-
lescentes de hoje prezam são as tecnologi-
as: ficam horas a fio vidrados em uma tela
de celular, Smartphone, Iphone ou qualquer
outro phone por aí. Se puder, passam o dia
jogando algum game ou conversando com
os “amigos” virtuais por alguma rede social.
Sem contar
que, hoje em
dia, todo mun-
do é fotógrafo,
graças ao ins-
tagram e ao
snapchat.
Tudo bem
que isso tudo
faz parte da
nossa realida-
de atual, e que
se não soubermos o mínimo para usar essa
ferramentas seremos tachados de antiqua-
dos, caretas, bregas e alienados.
Mas, há de se convir que o mundo é muito
mais do que uma tela limitada a sistemas
operacionais que contêm data de validade.
E quando esse sistema operacional sim-
plesmente nos deixa na mão? Ou quando o
seu celular cai e quebra? Ou a bateria aca-
ba? nosso mundo acaba também? Pois é,
temos que refletir um pouco mais sobre o
que é viver e o que é a vida.
A geração de hoje está deixando passar
muitas alternativas boas, e muitos estão vi-
vendo na solidão.
Idas ao cinema
com um grupo de
amigos é raro de se
ver. Quando querem
assistir a um filme,
vão logo baixando na
internet, porque é
mais rápido e poupa
esforços. Piqueniques
em parques já não se
vê mais. Visitas a mu-
seus pra quê? É só
entrar no site, lá tem tudo o que queremos
e precisamos ver e saber. Pessoas senta-
das na grama lendo um bom livro, isso já se
tornou utópico.
É uma pena, livro é a melhor forma de
“botar” a imaginação e a criatividade para
funcionar!
Você está lendo essa frase com muita facilidade, não
é? Mas, você já parou para pensar que ler não é tão fácil
assim?
Ler é uma atividade de total interação entre o texto a
ser lido e o leitor e, como toda atividade, a leitura tam-
bém exige concentração. Tal concentração é necessária
para que se assimilem as palavras expressas no contex-
to, dando um significado ao texto. Sabe-se que esse sig-
nificado não será, necessariamente, o mesmo que o au-
tor almejava ao construir o texto. A criação do significado
depende do conhecimento prévio e também do objetivo
do leitor ao ler tal obra.
Desde os primórdios, a leitura é considerada uma ati-
vidade libertadora, pois quem a tinha a seu alcance
deixava a ignorância para viver na sabedoria.
Um bom exemplo dessa possibilidade de acesso de um
sujeito a um tesouro, como era concebida a leitura na Idade
Média, dá-se em uma das principais obras de Umberto Eco,
chamada O Nome da Rosa. O livro narra a investigação
das mortes de sete monges, que ocorreram a partir da bibli-
oteca do mosteiro italiano. Ao final da obra, o motivo das
mortes é desvendado. Essas aconteceram por intoxicação,
após os monges pegarem nos livros da biblioteca, pois es-
se ato era proibido, uma vez que eles acreditavam que os
livros faziam com que as pessoas “enxergassem” e dei-
xassem de viver na ignorância. Dessa forma, os monges
poderiam desenvolver suas habilidades críticas e, a partir
daí, se oporiam às questões que eles acreditavam não es-
tar de acordo com as leis do mosteiro. O título do romance,
“O nome da rosa”, era uma expressão usada na Idade Mé-
dia para denotar o infinito poder das palavras.
Estamos sempre ouvindo discussões à cerca
desse tema: a leitura.
As pessoas mais velhas estão sempre incenti-
vando os jovens a lerem, e os professores, de mo-
do geral, rotineiramente tentam fazer com que seus
alunos leiam, justificando a importância desse hábi-
to em suas vidas.
Será que temos, de fato, conhecimento do por-
quê a leitura tem papel fundamental no nosso coti-
diano? Aqui vão algumas respostas para as nossas
perguntas sem fim.
Ler é tarefa essencial para a construção do co-
nhecimento de mundo e do
autoconhecimento.
Além de um exercício ativo,
que nos faz enxergar com
olhos críticos, é também refle-
xivo, pois nos faz pensar so-
bre o que acabou de ser lido.
De acordo com Paulo Frei-
re, o ato de ler não se esgota
na decodificação pura da pa-
lavra escrita ou da linguagem escrita, mas se ante-
cipa e se alonga na inteligência do mundo.
A leitura tem também papel fundamental no de-
senvolvimento crítico do indivíduo, na independên-
cia e na autoconsciência sobre suas atitudes e pen-
samentos. O ler nos abre portas, as portas do co-
nhecimento, da criatividade e da imaginação.
Em tempos remotos, reservava-se a poucos o
privilégio da leitura, e mesmo depois de alguns
avanços da humanidade, o ato de ler continuava
restrito à elite culta.
O acesso à leitura, hoje, é oferecido a todos, po-
rém, uma minoria se beneficia dele. Mesmo saben-
do que é ela, a leitura, quem propicia o desenvolvi-
mento das potencialidades intelectuais e espirituais.
Lendo, a pessoa amplia o conhecimento de mun-
do, o cultural, expande o vocabulário, desenvolve o
poder de argumentação e de persuasão. Entretan-
to, para que se tenha o hábito da leitura, é preciso
estímulo e motivação desde cedo. Pesquisadores
afirmam que é necessário que todos, desde gover-
nantes até os pais e pedagogos, estejam convenci-
dos da importância que a leitura tem na vida indivi-
dual, social e cultural, se quiserem fazer algo para
contribuir para a melhoria dessa situação. Da mes-
ma forma, é preciso transferir essa convicção aos
que ainda serão inseridos
no mundo das letras para
que já possam adentrar sa-
bendo do significado de tal
hábito, de modo apropriado
à fase do seu desenvolvi-
mento.
Não se pode esquecer
que a leitura por si só não é
tão completa como quando
unida à escrita. O ler e o escrever são atos comple-
mentares: o domínio da escrita só acontece quando
há o hábito da leitura, pois é por meio dela que o
sujeito absorve todo o conhecimento e o armazena
na memória em longo prazo.
Por essas razões, a leitura é uma forma exem-
plar de aprendizagem. Estudos psicológicos revela-
ram que o aprimoramento da capacidade de ler
também redunda no da capacidade do aprender
como um todo, indo muito além da mera recepção.
E podemos ir além afirmando que a leitura pro-
porciona um “arquivo” de informações que promo-
vem e facilitam nossa argumentação tanto na escri-
ta quanto na oralidade.
É certo que estamos numa era tecnológi-
ca, e sabemos que os jovens de hoje já
nasceram nessa era. É certo também que é
muito mais fácil e cômodo acessar a inter-
net para ver notícias e informações do que
pegar um jornal de papel. É muito mais rá-
pido enviar um e-mail do que mandar uma
carta. É muito menos cansativo conversar
pelo chat do
que ter que ir
até a casa de
um amigo.
A relação
com os mei-
os tecnológi-
cos nos colo-
cou em uma
zona de con-
forto da qual
não deseja-
mos sair,
mas é inevitável que saiamos se não qui-
sermos continuar a regredir.
A internet é uma ferramenta bastante útil
e está ao nosso alcance para ser usada,
porém, deve ser usada com disciplina. Há
de se ter discernimento para saber o que a
internet pode fazer por nós e o que é dis-
pensável a ela.
Como tudo na vida, o uso da internet tem
seus prós e seus contras. As pessoas que a
usam excessivamente, que acham que tudo
é facilmente trocado pela tecnologia, estão
utilizando-a de maneira equivocada.
Para muitos, a internet é uma ferramenta
fantástica, que cria infinitas possibilidades
de manter o indivíduo conectado com o
mundo. Entre-
tanto, é impor-
tante que as cri-
anças não vejam
a internet como
única fonte para
adquirir informa-
ções e, para que
isso aconteça, é
preciso que haja
a interferência
de terceiros
quando for ne-
cessário.
Atualmente, o computador é visto como
um acessório de grande relevância para o
processo de aprendizagem do indivíduo,
porém, é preciso que não se deixe os livros
de lado, valorizando a abundância de infor-
mações neles contida.
O incentivo à leitura deve ocorrer desde os
primeiro anos de vida, mas não basta o incenti-
vo, é preciso que sirvam de exemplo, que as
crianças desejem ser o reflexo dos pais. Para
isso, é imprescindível que o ato de ler já esteja
presente na vida e no lar da família, assim a
criança não verá a leitura como algo obrigatório
e enfadonho. Como já estará familiarizada, verá
a leitura como uma ocupação prazerosa.
Se a família tiver conhecimento das vanta-
gens de se tornar um leitor, e enxergar a leitura
como uma porta que, ao abri-la encontrará um
milhão de possibilidades de crescer socialmen-
te, será muito mais fácil compartilhar esse sen-
timento com a criança e fazer surgir nela um
gosto sincero pelo ato de ler.
Do mesmo modo, na escola, a leitura não
pode ser vista como um objetivo exclusivo e,
muitas vezes, descontextualizado. Ela tem que
ser mantida como parte integrante do currículo
escolar.
Não existe uma forma de incentivar o aluno
à leitura, mas existem várias estratégias que
fazem com que ele tenha vontade de ler:
Ler uma história para os filhos antes de
dormir: não há melhor forma de incentivo à
leitura do que essa. Ler para os filhos e com os
filhos.
Comente sobre livros: não deixe de falar
sobre aquele livro que você leu e amou!
Não impor quantidades de páginas a se-
rem lidas para determinado dia: Para a leitu-
ra ser algo agradável, o indivíduo tem que se
sentir um personagem da história e não ficar
pensando em quantas páginas devem ser lidas.
Esse método frequentemente usado nas esco-
las pode ser um forte elemento para a redução
no número de jovens leitores.
Falar sobre filmes baseados em obras li-
terárias: haverá sempre aquele filme que os
jovens adoram e que foram baseados nos li-
vros, mas que eles desconhecem essa informa-
ção. Sempre que houver a possibilidade, é inte-
ressante comentar sobre isso com eles e dizer
que o livro é sempre muito mais detalhado que
o filme, instigando assim a curiosidade dos jo-
vens pela leitura. Alguns exemplos atuais são:
Harry Potter, Percy Jackson, Jogos Vorazes,
entre outros.
Cientes de todos esses aspectos que abran-
gem a leitura e o prazer de ler, os coordenado-
res do Ensino Fundamental II do Colégio Polie-
dro foram em busca de alternativas para moti-
var a leitura, pelo menos dentro do ambiente
escolar. Por meio dessas buscas, conheceram
o projeto Círculos de Leitura.
O projeto consiste em única e basicamente
desenvolver as práticas de leitura em sala de
aula.
Num ambiente em que, cada vez mais, avan-
ça a tecnologia, não podemos deixar que os
alunos esqueçam o quão maravilhosa pode ser
a história de um livro, com suas capas duras e
o cheiro das folhas.
A coordenadora do projeto Círculos de Leitu-
ra, a psicanalista Catalina Pagés, esteve várias
vezes no Colégio, ministrando encontros de ca-
pacitação para que os professores iniciassem
as aulas revigorados pelo poder transformador
das palavras.
No decorrer dos encontros com a coordena-
dora do projeto, recheados com muita leitura
(de livro e de mundo), os professores de Língua
Portuguesa do colégio se viram prontos e desa-
fiados a trazerem os alunos para o mundo fan-
tástico dos contos de fadas, da ficção, dos ro-
mances e outras tramas. Com muita interação
e reflexão, cada um tem o seu momento de
compartilhar ideias, resgatar memórias e, prin-
cipalmente, ouvir. Ouvir o que o outro tem a di-
zer, disponibilizar um momento para interagir
com o grupo.
O objetivo principal é fazer com que o aluno
entenda que, além das vantagens cognitivas,
em que o indivíduo, por meio da leitura, expan-
de o seu conhecimento de mundo, a capacida-
de de interpretação, aumenta o vocabulário,
desenvolve o poder de argumentação etc., a
leitura também proporciona uma autorreflexão.
Quando o aluno se aproxima do personagem é
capaz de se reconhecer nele. A partir daí, pas-
sa a (re)pensar e questionar seus atos e ideais,
podendo mudar sua forma de enxergar os ou-
tros e o mundo, tornando-se um ser humano
melhor.
Criação e Conteúdo
Miriele Amorim
Revisão
Profª Girlayne Faria
Editoração e diagramação:
aluno Marcus Nakamura
COLABORAÇÕES
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