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FOLIA DAS PALAVRAS
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ATHYLLA BORBOREMA
FOLIA DAS PALAVRAS
(1ª edição – 2015)
São Paulo
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Copyright©2015 Athylla Borborema Cardoso
Capa: Deejay Designer
Revisão: A. Zarfeg
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
(CIP)
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C 268 CARDOSO, Athylla Borborema, 1970– Folia das Palavras / Athylla Borborema Cardoso. São Paulo: PerSe, 2015. 75p.
ISBN 978-85-8196-942-8 1. Literatura brasileira. 2. Poesia. 3. Poesia brasileira. I. CARDOSO, Athylla Borborema. II. Título
CDD: B869.1
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Catalogação na publicação
PS AUTOPUBLICAÇÃO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS LTDA
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Contato: [email protected]
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PREFÁCIO
Jornalista experimentado e letrado, com alguns títulos
na praça, Athylla Borborema apresenta a sua primeira
incursão nos versos com este “Folia das Palavras”.
Antes, porém, precisamos esclarecer que os textos
jornalístico e literário têm propostas diferentes – este está
para a emoção assim como aquele para a informação –,
embora o chamado Jornalismo Literário (New Journalism)
tenha conseguido fundi-los. No caso do texto poético,
então, as diferenças são mais evidentes.
Isto posto, já podemos dizer que foi com grande
alegria e enorme curiosidade que recebemos os originais de
“Folia...” para dar uma olhada e, também, uma opinada.
Fizemos as duas coisas.
Gostamos sobretudo dos textos dedicados às cidades
da região, como Porto Seguro, Prado, Teixeira de Freitas e
Caravelas. De modo bem coloquial – utilizando-se de uma
linguagem próxima à do cordel –, Athylla apresenta as
cidades; oferece um panorama cultural e histórico sobre
elas; revela suas belezas naturais; e, de quebra, se lhes
declara. “Em Prado cresci, amei, sonhei e vivi”, confessa no
poema “Prado”.
De maneira descontraída e informal (nisso reside o
mérito desta estreia), o jornalista/poeta vai passando em
revista as cidades mais relevantes do extremo sul baiano,
com riqueza de detalhes, mas dedica alguma atenção
também a temas mais gerais, como em “Nascimento do
Brasil” e “Quilombo”, nos quais identificamos a voz do
profissional da notícia, do artista e do cidadão. Aqui, ele
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nos revela um Zumbi dos Palmares “negro forte, valente e
indomável”.
Bem-sucedido, Athylla tem todos os motivos para se
orgulhar da sua origem e se posicionar criticamente diante
das injustiças sociais. Por isso, não economiza nos elogios
ao seu herói predileto:
“Por que minha cor / Te ofende assim? / Sou negro sim
/ Tenho orgulho sim / Sou o grito forte da liberdade / Sou
Palmares / Sou Zumbi”
A esta altura, nos deparamos com poemas
notadamente líricos, que, à primeira leitura, ficam aquém
dos primeiros. O engajamento e o naturalismo do primeiro
momento, com efeito, dão lugar ao lirismo singelo e bem-
intencionado do segundo momento.
Com efeito, em textos como “A mais bonita que eu
conheço”, “Brisa” e “Bebê”, o eu lírico do poeta extravasa
toda a emotividade de que é capaz. Ama, sente e se declara
amorosa e sentimentalmente.
Agora, não podemos nos furtar a acrescentar duas
palavras, à guisa de conselhos (que, se fossem bons, seriam
vendidos e não dados): 1º: Poesia é palavra. É linguagem.
Todo o gênio do poeta reside na invenção verbal (Jean
Cohen). 2º: Na poesia, a língua ultrapassa sua função
meramente comunicativa e se torna, ela própria, a matéria-
prima para a obra de arte (Guia de Produção Textual –
PUCRS).
Por fim, desejamos que Athylla continue progredindo
poeticamente.
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A. Zarfeg é poeta e jornalista baiano.
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SUMÁRIO
NASCIMENTO DO BRASIL, 09 COSTA DO DESCOBRIMENTO, 11 PORTO SEGURO, 13 PRADO, 16 MUCURI, 17 NOVA VIÇOSA, 19 TEIXEIRA DE FREITAS, 20 CARAVELAS, 22 MONTE PESCOÇO, 24 TEU AR, 25 VENDE-SE, 27 CAHY, 28 MINHA ALDEIA, 29 QUILOMBO, 31 HOMEM DO CAMPO, 35 A MAIS BONITA QUE EU CONHEÇO, 37 BRISA, 38 AMOR DA NATUREZA, 40 ESPERANÇA, 42 BEBÊ, 43 SOMENTE MINHA, 44 AMOR DISTANTE, 45 FOLIA DO AMOR, 46 LINDA MENINA, 47 SORRISO, 48 EDUCAÇÃO É A PORTA, 49 VIDA ETERNA, 50 VIVER, 51 CANTANDO, 52 VIVENDO, 53 VIÉS, 54 VIDA, 55 AGINDO, 56 NATUREZA, 57
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OPORTUNIDADE, 58 SABEDORIA, 59 VALEU A PENA, 60 CANÇÃO, 61 SORRIR, 62 MINHA MORTE, 63 FRASES, 65
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NASCIMENTO DO BRASIL Que abençoada luz Primeiro uma ilha avistei Terra de Vera Cruz Seguindo em frente Uma grande porção de terra encontrei Terra de Santa Cruz De Portugal ao Senegal Do Senegal direto ao oeste Ao oeste a força naval chegou Uma terra subtropical Pedro Álvares Cabral avistou Na foz de um rio a esquadra ancorou Ao cair da tarde do dia 22 de abril De “foz do Rio Cahy” Cabral batizou Aos fundos um belo monte A semana da páscoa homenageou O morro passaria se chamar Monte Pascoal O primeiro contato com os índios ocorreu Espelhos aos nativos foram dados Por astúcia de Nicolau Coelho A troca de presentes a todos surpreendeu No dia 24 de abril Ao norte do litoral Cabral 65 quilômetros percorreu Um pouso seguro se procurava Uma bela baía se localizava
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Ali a esquadra aportou De Porto Seguro Cabral denominou Mais foi na foz do rio Mutari Dia 26 de abril Frei Henrique Coimbra a primeira missa celebrou Uma nova cultura aos índios presenteou Terra onde o mar faz a curva Onde as árvores são banhadas pela chuva Nativos encantados com a fé dos estranhos de joelho De Corroa Vermelha a terra por Cabral foi batizada Dia primeiro de maio a segunda missa foi celebrada Dia dois a esquadra partiu a caminho das Índias Na viagem apenas 25% sobreviviam Das nossas terras as lembranças e a beleza Das cartas do mestre João, escritor anônimo, e Caminha Os melhores relatos guardados pela história De tanta gente nua e muita natureza Assim a Costa do Descobrimento nasceu Para nos orgulhar de um Brasil todo seu Foz do Rio Cahy ao pouso seguro De Porto Seguro a Coroa Vermelha Dez dias de descobertas O suficiente para o Brasil nascer
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COSTA DO DESCOBRIMENTO Aos 21 municípios do Extremo Sul Da Bahia sua bênção A Costa do Descobrimento pertence Para alegria dos municípios mães De sol, mar e céu azul Prado, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália Cidades que têm como patrono O capitão-mor Pedro Álvares Cabral Costa do Descobrimento e sua bela região O charme das suas praias primitivas em qualquer época do ano Praias, sol, calor e gente especial Principalmente no verão Belo Extremo Sul baiano Você é o próprio charme do recanto Para quem quer fugir um pouco da agitação Lugares mais calmos, com praias virgens e um jeito interiorano Falésias, rios, bicas e ilhas de pedras Ninguém resiste à sedução das suas raras belezas Cachoeirinhas, coqueiros e represas de água natural Muita sombra e as tradicionais moquecas Vida mansa e frutas naturais Praias belas e modeladas Balneários banhados por uma sonhada beira-mar Terra descoberta por Cabral Em 1500 aqui chegou
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Atraído pelo seu clima subtropical Toda sua biodiversidade Caminha muito bem descreveu seu litoral Terra minha, sua, nossa e vigiada pelo Monte Pascoal
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PORTO SEGURO
Deu a minha hora Preciso ir embora E eu não posso ficar Quem me chama é o brilho da lua Tenho que ir pra rua A Passarela do Álcool me chama Arraial D’Ajuda me inflama Porto Seguro me encanta Tudo na terra mater me seduz Em Porto Seguro me sinto em casa As suas belas praias o clima me conduz Belos shows suas barracas produzem Gringos e brasileiros se misturam No ritmo que só a Bahia traduz Porto Seguro de Cabral Terra mater do Brasil Charmosa e de belo litoral O mundo aos seus pés Tudo por um pouso seguro Voos, velejamentos e enduros Passeios, concursos e mergulhos Tudo em Porto Seguro se produz Aventuras, vela e mar Vela para me levar As minhas ondas quebrar
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Caraíva um belo balneário Um paraíso com fascinante litoral Praia do Espelho Cheia de desejos De lindas falésias vermelhas Quem conhece se encanta por Trancoso Panorama único e animoso Onde a culinária e a arte têm um amor apetitoso De povo culto e amistoso Lagoa azul aqui ainda tudo é deserto Quis vir aqui, eu confesso Uma bela caminhada Tive receios e cansaço Mesmo com outros portos por perto Arraial D’Ajuda à luz do sol e da noite Da Rua Mucugê à Praia de Pitinga Tudo me fascina Pra Recife de Fora seguir Meu medo era afundar Mesmo assim quis continuar Mas tudo lá é inconfundível E com a natureza pude contribuir A animação da Praia de Mundaí Seu encanto sempre a evoluir Céu azul da Praia de Taperapuã Símbolo dos indígenas e do caranguejo a sua puã Litoral norte marcado pelos voos de aracuãs O verde da natureza e o mar da vida Sob os cantos das arapuãs
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Aqui não é escuro Aqui é Porto Seguro Terra mãe do Brasil Terra de gente bonita e varonil