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CLEITON JOSÉ MANNES

SEGURANÇA E ACESSO À INFORMAÇÃO EM GED �

GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS:

UMA ABORDAGEM ARQUIVÍSTICA

FLORIANÓPOLIS - SC

2006

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NIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA � UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO � CCE/FAED

DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO

CLEITON JOSÉ MANNES

SEGURANÇA E ACESSO À INFORMAÇÃO EM GED �

GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS:

UMA ABORDAGEM ARQUIVÍSTICA

Trabalho de Conclusão de Curso,

apresentado à disciplina de Projeto de TCC, do curso de Biblioteconomia � Gestão da Informação. Orientador: Profº. Divino Ignácio Ribeiro

Junior Co-orientadora: Noêmia Schoffen Prado

FLORIANÓPOLIS - SC

2006

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FICHA CATALOGRÁFICA

M3151s Mannes, Cleiton José, 1983- Segurança e acesso à informação em GED � Gerenciamento Eletrônico de Documentos: uma abordagem Arquivística / Cleiton José

Mannes; Orientador: Divino Ignácio Ribeiro Júnior; Co-orientadora: Noêmia

Schoffen Prado. � Florianópolis, 2006.

38p. ; 29.7cm. Inclui Referências. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) � Universidade do

Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Departamento de Biblioteconomia e Documentação.

1. Segurança e acesso à informação � GED; 2. Gerenciamento Eletrônico de Documentos; 3. Preservação de documentos digitais � Arquivo. I. Ribeiro Júnior, Divino Ignácio; II. Prado, Noêmia Schoffen; III. Título.

CDD: 025.84

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CLEITON JOSÉ MANNES

SEGURANÇA E ACESSO À INFORMAÇÃO EM GED �

GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE DOCUMENTOS:

UMA ABORDAGEM ARQUIVÍSTICA

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia � Habilitação em Gestão da

Informação da Universidade do Estado de Santa Catarina � UDESC.

Banca Examinadora

Orientador:

Co-orientador:

Membro:

FLORIANÓPOLIS 2006

Professor Dr. Divino Ignácio Ribeiro Júnior Universidade do Estado de Santa Catarina

Professora MSC. Maria de Lourdes Blatt Ohira Universidade do Estado de Santa Catarina

Professora MSC. Noêmia Schoffen Prado Universidade do Estado de Santa Catarina

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me dar o dom da vida e da sabedoria

para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia, permitindo assim, que todos os meus

projetos se realizem.

Agradeço também a minha família por me dar apoio durante toda a minha

vida e, principalmente durante a realização do curso de Biblioteconomia.

Agradeço ainda ao meu tio Juska e à minha prima Letícia por me apoiarem

durante os meus estudos, e, principalmente, durante a realização deste trabalho.

Eu não poderia deixar de agradecer também ao Professor Divino e à

Professora Noêmia, que foram meus orientadores e que contribuíram muito para a

realização deste trabalho.

Aproveito também para agradecer à todos os Professores do curso de

Biblioteconomia da UDESC pelos ensinamentos que nos passaram e que, sem

dúvida, serão de fundamental importância para mim e para os meus colegas de

turma no mercado de trabalho.

Agradeço também à todos aqueles funcionários da UDESC que foram meus

colegas de trabalho durante os quatro anos de curso e em especial aqueles que por

algumas vezes ajudaram na solução daqueles problemas de última hora, que

geralmente acontecem antes da entrega ou apresentação de um trabalho.

Agradeço ainda aos meus colegas de turma pelos quatro anos de

companheirismo e pela ajuda mútua para que possamos todos alcançar nossos

ideais.

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RESUMO

Apresenta um estudo das principais metodologias e técnicas de segurança e preservação

de documentos digitais em sistemas de Gerenciamento Eletrônico de Documento � GED. O objetivo desta pesquisa foi fazer um levantamento e análise das técnicas de segurança e

preservação de documentos eletrônicos existentes, a fim de compilar uma proposta de

recomendações que possam servir como referência para novos projetos de GED, objetivos estes que foram alcançados através de pesquisa bibliográfica. Num primeiro momento apresenta a importância da segurança e preservação dos documentos eletrônicos,

apontando os principais conceitos envolvidos na área de Gerenciamento Eletrônico de

Documentos, com base nos pontos de vista da Informática e da Arquivologia. Destaca algumas das principais técnicas e recomendações propostas atualmente por diversos

órgãos nacionais e internacionais. Com base nas informações obtidas através da pesquisa

bibliográfica, são propostas algumas recomendações que podem servir como ponto de

partida para futuros projetos de GED, garantindo assim, a integridade e o acesso amplo e seguro aos documentos eletrônicos por muitos anos.

PALAVRAS-CHAVE: Segurança e acesso à informação; Gerenciamento Eletrônico de

Documentos; preservação de documentos digitais

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Backup Cópia de segurança

CD Compact Disk

CONARQ Conselho Nacional de Arquivo

GED Gerenciamento Eletrônico de Documentos

GDE Gerenciamento de Documentos Eletrônicos

TI Tecnologia de Informação

UI Unidade de Informação

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Instrumentos para a Gestão de Documentos ..................................19

Figura 2: Conceitos Básicos de Segurança da Informação ............................24

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Elementos Característicos dos Documentos ...................................17

Tabela 2 Pontos Fortes e Fracos das Metodologias Atuais............................28

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................10

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................14

2.1 Segurança e acesso à informação em GED: uma abordagem Arquivística ........14

2.1.1 Arquivologia......................................................................................................15

2.1.2 Documento .......................................................................................................16

2.1.3 Gestão de Documentos....................................................................................18

2.1.3 Segurança e acesso à informação ...................................................................19

2.1.4 GED..................................................................................................................21

2.2 Preservação de documentos digitais...................................................................23

2.2.1 O papel do Bibliotecário e do Arquivista na segurança e preservação dos

documentos...............................................................................................................26

2.2.2 Custos de preservação.....................................................................................27

2.2.3 Pontos fortes e fracos das metodologias utilizadas atualmente .......................28

3 PROPOSTA DE RECOMENDAÇÕES PARA A SEGURANÇA E PRESERVAÇÃO

DOS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS EM GED......................................................30

3.1 Limitações do conjunto de recomendações ........................................................30

3.2 projeto de ged .....................................................................................................31

3.2.1 Definição das atividades...................................................................................31

3.2.2 Definição das responsabilidades ......................................................................32

3.2.3 Definição dos critérios de segurança ...............................................................33

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................36

REFERÊNCIAS.........................................................................................................38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..............................................................................40

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1 INTRODUÇÃO

Com o surgimento de novas ferramentas de Tecnologia da Informação (TI) e

com o aumento considerável na quantidade de informações produzidas diariamente,

tanto em papel como em meio eletrônico é comum ouvir o discurso de que o GED �

Gerenciamento Eletrônico de Documentos - é a solução para os problemas de

gerenciamento e segurança dos arquivos modernos.

É importante lembrar que tanto os documentos em papel (impressos ou

manuscritos), quanto em meios digitais (CD, discos rígidos, WORM, etc.) possuem

um ciclo de vida, ou seja, chegará um momento em que estes não poderão mais ser

acessados, seja pelo desgaste físico do suporte informacional ou pela obsolescência

das tecnologias empregadas na gravação de uma determinada informação.

Arellano (2004), afirma que:

[...] existem, ademais, os efeitos da temperatura, umidade, nível de poluição

do ar e das ameaças biológicas; os danos provocados pelo uso indevido e o

uso regular; as catástrofes naturais e a obsolescência tecnológica.

Os arquivos são responsáveis pela custódia e preservação dos documentos

que fazem parte do seu acervo, independentemente do seu suporte informacional. A

preservação dos documentos eletrônicos é um dos desafios do século XXI, a fim de

garantir o acesso as informações no futuro, permitindo assim que os novos usuários

possam conhecer as tecnologias que foram empregadas na época em que foi

gerado um determinado documento eletrônico, preservando assim a sua história.

Percebe-se atualmente uma grande movimentação por parte das

organizações públicas e privadas para a implantação de sistemas de Gerenciamento

Eletrônico de Documentos � GED. Mas, paralelo à esta movimentação, surgem

inúmeros questionamentos que, se não forem muito bem resolvidos, poderão

comprometer o funcionamento do sistema e causar a perda de informações. Tudo

isso se deve a escassez de técnicas e recomendações padronizadas para a

realização destas atividades. Outro fator que agrava ainda mais a situação no

momento da criação de um projeto de GED é que a maioria dos conjuntos de

técnicas disponíveis até o momento ainda estão em fase de desenvolvimento.

Desta forma, os problemas abordados nesta pesquisa podem ser

caracterizados a partir dos seguintes pontos:

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11

Quais são os procedimentos que podem ser adotados para a segurança e

preservação dos suportes de armazenamento de arquivos eletrônicos?

Quais são as melhores técnicas e suportes para o armazenamento dos

documentos eletrônicos, a fim de garantir sua preservação e acesso no

futuro?

Para responder à estas questões, este trabalho pretendeu analisar as

políticas e técnicas de segurança e preservação da informação existentes na área

de Gerenciamento Eletrônico de Documentos e propor alternativas para melhoria

das técnicas de preservação utilizadas atualmente. Desta forma, os objetivos

específicos desta pesquisa podem ser listados da seguinte forma:

Fazer um levantamento das técnicas existentes para a segurança da

informação em GED;

Analisar as técnicas de segurança utilizadas atualmente apontando seus

pontos fortes e fracos;

Compilar um conjunto consistente de técnicas para a segurança da

informação em GED, com base nos pontos fortes das técnicas utilizadas

atualmente e no ponto de vista da Ciência da Informação;

Disponibilizar um conjunto de recomendações para a segurança e

preservação de documentos eletrônicos, a fim de permitir que este possa ser

utilizado como uma referência pelos gestores da informação que estão em

fase de desenvolvimento e/ou implementação de um projeto de GED.

Nas últimas décadas temos vivido em meio a uma grande explosão

informacional, onde a todo momento ocorre uma espantosa evolução em todas as

áreas do conhecimento, principalmente na área das Tecnologias de Informação (TI).

Daí a importância do GED � Gerenciamento Eletrônico de Documentos � nas

instituições que lidam com grandes fluxos de informações, a fim de garantir seu

acesso de forma rápida e precisa.

Em meio ao grande desenvolvimento de novas tecnologias que garantam o

acesso e a preservação das informações eletrônicas, temos que levar em

consideração a durabilidade dos suportes de armazenamento de informação e o

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surgimento de inúmeras técnicas que têm o objetivo de destruir ou capturar de forma

ilegal estas informações.

Partindo destes princípios, pretendeu-se estudar as técnicas existentes e,

com base nos seus pontos positivos, compilar um conjunto de recomendações para

a segurança e a preservação de documentos eletrônicos em projetos de GED.

Para alcançar os objetivos desta pesquisa lançou-se mão da metodologia de

pesquisa qualitativa e quantitativa.

A pesquisa qualitativa se preocupa com uma realidade que não pode ser

quantificada. Ela trabalha com o subjetivo dos sujeitos (crenças, valores,

atitudes, etc.). Esta abordagem também pode trabalhar com dados, porém o

tratamento não deve envolver estatística avançada. A pesquisa quantitativa

é aquela que tem como suporte medidas e cálculos mensurativos. A

abordagem qualitativa busca a compreensão e a quantitativa a explicação.

(COSTA; COSTA, 2001, p.25).

Sendo assim, foi realizada uma pesquisa bibliográfica das técnicas de

segurança e acesso a informação em GED utilizadas atualmente, a fim de apontar

seus pontos fortes e fracos, para que em seguida, seja possível propor melhorias

e/ou alternativas para a preservação e segurança da informação.

Cervo e Bervian (2006), afirmam que, �qualquer espécie de pesquisa, em

qualquer área, supõe e exige uma pesquisa bibliográfica prévia, quer para o

levantamento do estado da arte do tema, quer para a fundamentação teórica ou

ainda para justificar os limites e contribuições da própria pesquisa�.

As técnicas adotadas para a realização desta pesquisa foram a realização de

uma revisão bibliográfica e análise das recomendações existentes, propostas por

órgãos nacionais e internacionais, como, por exemplo as recomendações do

CONARQ (Conselho Nacional de Arquivos) e a ISO 17799.

Através desta metodologia torna-se possível fazer um levantamento do que

vem sendo estudado e utilizado pelas Unidades de Informação para garantir a

segurança, o acesso e a preservação da informação em meio eletrônico.

Este trabalho está dividido em dois capítulos, sendo que no primeiro é

apresentada uma revisão de literatura, que teve como objetivo definir os principais

conceitos referentes à segurança e preservação de documentos. Além disso, este

capítulo mostra ainda o papel do Bibliotecário na segurança e preservação de

documentos em sistemas de GED.

No segundo capítulo é apresentada uma proposta de recomendações para a

segurança e preservação dos documentos eletrônicos em GED, a fim de que estas

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possam servir como referência para o desenvolvimento de novos sistemas de

Gerenciamento Eletrônico de Documentos.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 SEGURANÇA E ACESSO À INFORMAÇÃO EM GED: UMA ABORDAGEM

ARQUIVÍSTICA

No atual contexto da Sociedade da Informação e com as transformações

trazidas pelas novas tecnologias, surge uma grande preocupação por parte dos

Profissionais da Informação (bibliotecários, arquivistas e especialistas em Ciência da

Informação) no sentido de organizar todo este conteúdo informacional de forma

adequada, garantindo assim a sua preservação e recuperação. Os arquivos, de um

modo geral têm a finalidade de reunir, organizar e garantir a segurança e

preservação dos documentos que lhe foram confiados.

Implementar uma política de segurança da informação de forma adequada,

tem por objetivo atender a todos os requisitos de segurança (física, digital ou

tecnológica e cultural), fazendo com que a informação detenha os atributos

necessários à sua utilização de forma ampla, confiável e a qualquer tempo

(CÂMARA BRASILEIRA DE COMÉRCIO ELETRÔNICO apud LUZ, 2004).

Quando nos referimos a arquivos em meio eletrônico, o problema em relação

a sua segurança e preservação é ainda maior, visto que este tipo de informação

depende muito do tipo do suporte onde está armazenada, ou seja, não basta apenas

a preocupação em tratar a informação como informação em papel, por exemplo. É

preciso ir além disso, pois deve-se considerar o tipo de suporte onde a informação

está armazenada e a plataforma tecnológica necessária para a sua recuperação no

futuro.

Como o foco deste trabalho é fazer um estudo das técnicas de segurança e

acesso à informação em GED, com enfoque voltado para a Arquivologia, torna-se

necessário o estudo de alguns conceitos chave para o desenvolvimento deste

trabalho, como: arquivologia, segurança, acesso à informação e GED.

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15

2.1.1 Arquivologia

Partindo da Arquivovlogia como a ciência que estuda os arquivos e procura

desenvolver técnicas para serem adotadas nos diversos setores onde estes podem

ser encontrados, garantindo assim a sua segurança, preservação e acesso.

De acordo com o Dicionário de Terminologia Arquivística (1996), Arquivologia

é a �disciplina que tem por objetivo o conhecimento dos arquivos e da arquivística�.

Já o termo arquivística, ainda de acordo com o Dicionário de Terminologia

Arquivística, são os �princípios e técnicas a serem observadas na produção,

organização, guarda, preservação e utilização dos arquivos�.

Na literatura existem diversos conceitos para a palavra arquivo, variando de

acordo com as áreas onde estão sendo estudados, como por exemplo, arquivos

públicos, arquivos empresariais, arquivos particulares, etc.

A Lei Nº 8.159, de 08 de janeiro de 1991 que trata de arquivos afirma que:

Art. 2º - Consideram-se arquivos, para os fins desta Lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos instituições de

caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de

atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o

suporte da informação ou a natureza dos documentos.

Independentemente do tipo de arquivo, fica evidente algumas funções que

podem ser encontradas em praticamente todos os tipos de arquivos, tais como a

produção, recebimento, organização, tratamento e preservação dos documentos,

independente do suporte em que estes estejam armazenados.

Paes (1996) afirma que �a principal finalidade do arquivo é servir à

administração, constituindo-se, conseqüentemente, em base de conhecimento da

história. As funções básicas dos arquivos são a guarda e a preservação dos

documentos, visando a sua utilização�.

Com base no exposto acima, torna-se indispensável a realização de estudos

na área de Gerenciamento Eletrônico de Documentos, visto que este estará lidando

com documentos que deverão ser recuperados no futuro e que para isso seja

possível precisam de um bom tratamento, armazenamento e manutenção.

Como o foco principal do trabalho são os documentos eletrônicos, precisamos

entender alguns conceitos que variam um pouco em relação aos propostos pela

arquivologia tradicional.

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16

Na área das Tecnologias da Informação (TI), também há uma grande

preocupação quanto a preservação dos arquivos em meio eletrônico, desta forma

eles também trabalham com alguns conceitos semelhantes em alguns pontos com a

Arquivologia, a começar pelo próprio termo arquivo que, de acordo com o Dicionário

de Informática (1999, p.15) é:

Uma coleção completa de informações identificadas por um nome próprio,

como um programa, um conjunto de dados usado por um programa ou um documento criado pelo usuário. O arquivo é a unidade básica de

armazenamento que permite ao computador diferenciar um conjunto de informações de outro. Os arquivos podem ser gravados em um formato

legível pelas pessoas ou não, ainda assim eles são o elo que une um

aglomerado de instruções, números, palavras ou imagens em uma unidade

que o usuário pode recuperar, modificar, eliminar, gravar ou enviar a um

dispositivo de saída.

Como o assunto a ser tratado é o gerenciamento eletrônico de documentos,

adotamos o conceito de arquivo para definir o local de armazenamento e tratamento

dos documentos e arquivo eletrônico, para definir o conjunto de informações sobre

documentos eletrônicos.

O conceito de arquivo para a TI aproxima-se mais do conceito de documento

para a arquivologia, conforme será apresentado na próxima sessão.

Feita a definição dos conceitos de arquivo, é necessário entender os diversos

conceitos de documentos, de cordo com as abordagens arquivísticas e de TI.

2.1.2 Documento

Na arquivologia, os documentos são a essência dos arquivos, pois reunem

todas as informações que são guardadas, organizadas e preservadas por eles. Sem

documentos não haveria a necessidade de existirem arquivos. Partindo destes

princípios, apresentamos a seguir alguns conceitos sobre o termo documento.

De acordo com o Arquivo Nacional (2006),

Documento é toda informação registrada em um suporte material, suscetível

de ser utilizada para consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprovam fatos, fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem em uma

determinada época ou lugar.

É importante lembrar que existem diversos tipos de documentos, dos quais

podemos citar os documentos de arquivo, os documentos eletrônicos e os

documentos arquivísticos eletrônicos.

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17

O CONARQ (Conselho Nacional de Arquivo) define bem em seu site estes

três tipos de documentos:

Documento Arquivistico: é a informação registrada, independente da

forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer das atividades de uma instituição ou pessoa, dotada de organicidade, que possui elementos

constitutivos suficientes para servir de prova dessas atividades.

Documento Eletrônico: É o documento em meio eletrônico, com um

formato digital, processado por computador.

Documento Arquivistico Eletrônico: É o documento arquivístico

processado por um computador. (Grifo nosso).

Todos os conceitos apresentados acima possuem uma visão arquivística. No

entanto, é necessário observar algumas diferenças e semelhanças entre estes

conceitos em relação à TI, visto que esta lida exclusivamente com documentos

eletrônicos, foco principal do trabalho.

De acordo com o Dicionário de Informática (1999), documento é:

[...] qualquer trabalho criado com um programa aplicativo e gravado em disco, recebendo um nome de arquivo específico através do qual pode ser

recuperado. As pessoas tendem a imaginar que documentos são apenas os

arquivos gerados pelos processadores de textos. Para o computador, porém, os dados são apenas grupos de caracteres e, assim, uma planilha e um gráfico podem ser considerados documentos, tanto quanto qualquer

carta ou relatório.

Para o desenvolvimento deste trabalho adotaremos o conceito acima, quando

nos referir-mos à documento eletrônico, em detrimento aos conceitos genéricos, que

na maioria das vezes não englobam os documentos em meio eletrônico.

Gonçalves (1998, p.18), afirma que, �por mais variados que sejam, os

documentos costumam apresentar elementos característicos comuns: suporte,

forma, formato, gênero, espécie, tipo e contexto de produção�. Para entender melhor

estas características é apresentada a tabela abaixo:

TABELA 1: ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS DOS DOCUMENTOS

Definição Técnica Exemplos

Suporte Material sobre o qual as informações são registradas

Fita magnética, filme de nitrato, papel

Forma Estágio de preparação de

transmissão de documentos Original, cópia, minuta,

rascunho

Formato

Configuração física de um

suporte, de acordo com a natureza e o modo como foi confeccionado

Caderno, cartaz, diapositivo, folha, livro, mapa, planta, rolo de filme

Gênero

Configuração que assume um

documento de acordo com o sistema de signos utilizado na comunicação de seu conteúdo

Documentação audiovisual,

documentação fotográfica,

documentação iconográfica,

documentação textual

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18

Espécie

Configuração que assume um

documento de acordo com a disposição e a natureza das

informações nelas contidas

Boletim, certidão, declaração,

relatório

Tipo

Configuração que assume uma

espécie documental, de acordo

com a atividade que a gerou

Boletim de ocorrência, boletim de freqüência e rendimento

escolar, certidão de

nascimento, certidão de óbito,

declaração de bens, declaração

de imposto de renda, relatório

de atividades, relatório de

fiscalização Fonte: Gonçalves (1998, p.19)

2.1.3 Gestão de Documentos

A partir dos conceitos acima, torna-se fácil entender por que os arquivos

constituem-se, segundo Carvalho e Longo apud Ohira et all (2004, p.9),

[...] em um centro ativo de informações que, precisam estar devidamente

organizados e estruturados para atingirem seus objetivos, que são atender

à administração, evitar erros e repetições desnecessárias, produzir

conhecimento para assessorar as tomadas de decisão e dar continuidade

aos trabalhos das instituições.

Cada vez mais, torna-se necessário a adoção de programas de gestão de

documentos, como o GED, por exemplo, amparado pela Lei nº 8.159 de 8 de janeiro

de 1991 que, no Art. 3º, considera gestão de documentos como

[...] o conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à sua

produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e

intermediária, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda

permanente (BRASIL, 1991).

Com a utilização de ferramentas específicas para a gestão de documentos,

torna-se possível obter uma boa organização dos arquivos, garantindo assim que a

segurança, o acesso e a preservação dos documentos, independente do seu

suporte de armazenamento.

Para que o gerenciamento de documentos seja possível, Ohira apud Ohira et

all (2004) apresenta alguns dos principais instrumento que podem ser utilizados para

a gestão de documentos. Estes instrumentos podem ser observados na Figura 1.

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19

Figura 1: Instrumentos para a Gestão de Documentos Fonte: Ohira apud Ohira et all (2004, p.10)

2.1.3 Segurança e acesso à informação

Com o constante aumento nas produções tecnológicas, existe uma tendência

à adoção das novas tecnologias, com vistas a usufruir dos benefícios adicionais

trazidos por elas, esquecendo-se de preservar as já existentes, pondo assim em

risco toda a produção de informações geradas até o momento.

Arellano (2004, p.15), afirma que:

A natureza dos documentos digitais está permitindo ampla produção e

disseminação de informação no mundo atual. É fato que na era da

informação digital se está dando muita ênfase à geração e/ou aquisição de

material digital, em vez de manter a preservação e o acesso a longo prazo

aos acervos eletrônicos existentes. O suporte físico da informação, o papel

e a superfície metálica magnetizada se desintegram ou podem se tornar

irrecuperáveis. Existem, ademais, os efeitos da temperatura, umidade, nível

de poluição do ar e das ameaças biológicas; os danos provocados pelo uso

indevido e o uso regular; as catástrofes naturais e a obsolescência

tecnológica.

Já existe por parte da Arquivologia uma série de medidas que podem ser

adotadas para a preservação de documentos. O problema é que estas técnicas, na

sua maioria não compreendem os documentos eletrônicos, estando voltadas

Page 21: GED - Uma Abordagem Arquivistica

20

somente para os meios mais tradicionais de arquivamento como em papel e em

microfilme.

Percebe-se na literatura uma importante preocupação por parte dos

estudiosos, tanto da área de Arquivologia, como da Ciência da Informação e das TIs.

Inúmeros estudos vem sendo realizados na área de segurança e preservação da

informação eletrônica em todo o mundo, dentre os quais ARELLANO (2004),

destaca a Carta para a Preservação do patrimônio Arquivístico, produzida pela

Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do Arquivo Nacional (CONARq), além

de projetos internacionais como o InterPARES I e II, o projeto Pittsburgh Functional

and Requirements for Evidence in Recording, o modelo de requisitos para a gestão

de arquivos eletrônicos � MoReq, o United States Department of Defense Records �

DOD e o DIRKS.

Fazendo um cruzamento entre as definições de Arquivo e segurança da

Informação, temos delimitado o objeto da política de segurança da informação a ser

estudada no âmbito dos sistemas de arquivos: a Informação Social contida nos

sistemas de informação (Arquivo, Biblioteca e Novas Tecnologias).

Luz (2004, p.28), destaca alguns aspectos de segurança contidos na ISO

17799 � Código de Prática para a Gestão de Segurança da Informação:

Proteção de dados e privacidade de informações pessoais [como

por exemplo no Prontuário de Paciente];

Promover análise crítica e avaliação da política implementação;

Convém que hardware e software utilizados sejam verificados para

garantir compatíveis com outros componentes do sistema, quando

necessário;

Controle de acesso físico e acesso lógico, com a definição de

razões para níveis específicos de acesso;

Classificação da informação segundo a importância, a prioridade e o

nível de proteção;

Assegurar que os ativos de informação recebam um nível adequado

de proteção;

Rotular e tratar a informação de acordo com a classificação

adotada;

Procedimentos de tratamento da informação devem abranger os

seguintes tipos de atividades de processamento da informação:

cópia [analógicas ou digitais], armazenamento [e empréstimo],

transmissão [qualquer via: correio, fax ou e-mail], transmissão pela fala [telefonia móvel, correio de voz ou secretárias eletrônicas] e

destruição;

Procurar reduzir os riscos de erro humano, roubo, fraude ou uso indevido das instalações;

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Documentar as regras e responsabilidades de segurança, incluindo

as tais em fases de recrutamento e treinamento de usuários;

Um adequado sistema de segurança deve permitir ao administrador do

sistema controlar que pastas e documentos os usuários podem visualizar, que ações

podem executar nesses documentos (editar, copiar, apagar etc). Esse sistema deve

controlar acesso às pastas, aos documentos e até às imagens com tarjas e textos de

uma maneira simples. A habilidade de desenvolver GED para uma grande variedade

de usuários requer um robusto sistema de segurança combinado com a interface do

usuário (LASERFICHE apud MACEDO, 2003).

Agora que já conhecemos os principais conceitos relativos a segurança e

acesso a informação, devemos voltar nossa atenção para o GED � Gerenciamento

Eletrônico de Documentos.

2.1.4 GED

O GED � Gerenciamento Eletrônico de Documentos oferece uma série de

ferramentas modernas para o gerenciamento e acesso às informações disponíveis

tanto em papel como em meio eletrônico. O gerenciamento eletrônico de

informações em papel pode ser feito através da criação de bases de dados onde

estarão contidas todas as informações sobre determinados documentos, a fim de

agilizar a sua recuperação.

Neste trabalho abordamos apenas o Gerenciamento de Documentos

Eletrônicos, também conhecido como GDE, isso porque os documentos em papel ou

outros formatos já fazem parte da rotina de preservação dos arquivos, enquanto que

os arquivos eletrônicos ainda não possuem políticas claramente definidas para

garantir a sua preservação. Esta situação se agrava ainda mais se pensar-mos na

fragilidade e no auto grau de volaticidade das informações eletrônicas.

A diferença entre o GED e o GDE é que o GED trabalha tanto com

documentos eletrônicos, quanto com documentos em papel ou outros suportes,

enquanto que o GDE trabalha exclusivamente com documentos eletrônicos.

De acordo com o CENADEM (2006):

Os sistemas de Gerenciamento Eletrônico de Documentos não são

simplesmente sistemas de gerenciamento de arquivos. O GED é mais, pois

ele implementa categorização de documentos, tabelas de temporalidade,

ações de disposição e controla níveis de segurança. É vital para a

manutenção das bases de informação e conhecimento das empresas.

Page 23: GED - Uma Abordagem Arquivistica

22

A definição de Avedon apud Macedo (2003), sobre gerenciamento eletrônico

de documentos (GED) é de uma configuração de equipamento, software e de

recursos de telecomunicações baseada em computador e automatizada, que

armazena e gerencia imagens de documentos e seus índices codificados, que

podem ser lidos por máquinas e processados por computador para recuperação

quando solicitados. Para KOCH (1998), GED é a somatória de todas as tecnologias

e produtos, isoladamente ou em conjunto, que visam a gerenciar informações de

forma eletrônica, podendo se apresentar na forma de voz, texto ou imagem.

Com base nos conceitos apresentados acima, pode-se afirmar que o GED

objetiva gerenciar o ciclo de vida das informações desde sua criação até o seu

arquivamento. As informações podem, originalmente, estar registradas em mídias

analógicas ou digitais em todas as fases de sua vida. Funciona com hardwares e

softwares específicos e usa a tecnologia da informática para captar, armazenar,

localizar e gerenciar documentos.

O conceito de GED é como um leque que está em constante abertura devido

ao grande número de tecnologias que estão relacionadas à ele. Isso pode ser

verificado durante a sua evolução, pois no princípio a tecnologia de GED enfatizava

basicamente a digitalização de um documento gerado em papel através de um

scanner, permitindo assim a sua visualização na tela do computador, inclusive em

rede, ou seja, ainda não tratavam de GDE.

Atualmente a maioria das empresas têm uma imensa quantidade de

documentos que já são produzidos eletronicamente, como textos, tabelas, gráficos,

planilhas, desenhos de engenharia, e-mails, etc. Por meio destas facilidades de

geração de documentos surgem inúmeras duplicações e perdas de documentos,

exigindo assim que sejam tomadas medidas urgentes para organizar este verdadeiro

caos informacional. Todo o processo histórico de desenvolvimento de GED pode ser

visto com detalhes no site do CENADEM, no endereço: www.cenadem.com.br.

Com base no que foi dito acima, pode-se observar que existem diversas

semelhanças entre as abordagens arquivísticas e de GED, principalmente no que

diz respeito a organização dos documentos e a sua temporalidade. O que nos resta

agora é analisar, comparar e compilar as técnicas de preservação previstas pela

arquivologia e pela informática, a fim de garantir a segurança e o acesso à

informação por um longo período de tempo nos ambientes voltados para o GED.

Page 24: GED - Uma Abordagem Arquivistica

23

2.2 PRESERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DIGITAIS

O volume de informação produzida em formatos digitais tem crescido

consideravelmente ao longo das últimas décadas. Entretanto, os meios utilizados

para transportar e armazenar essa informação são instáveis e a tecnologia

necessária para seu acesso tem sido rapidamente substituída por novas gerações

mais poderosas que, ao final, se tornam incompatíveis com suas precursores.

De acordo com Arellano (2004, p.15):

É preciso chamar a atenção para a importância de informar o contexto do objeto digital a ser registrado (e preservado) para que, dessa maneira, futuros usuários possam entender o ambiente tecnológico no qual ele foi

criado. A preservação dos documentos continua a ser determinada pela

capacidade de o objeto informacional servir às utilizações que lhe são

imputadas, às suas atribuições que garantem que ele continue a ser

satisfatório às utilizações posteriores. Mas, no caso específico dos

documentos em formato digital, a preservação dependerá principalmente da

solução tecnológica adotada e dos custos que ela envolve.

A informação aliada à crescente complexidade do mercado, à forte

concorrência e a velocidade imposta pela modernização das relações corporativas,

elevou seu nível na pirâmide estratégica das organizações, passando assim a ser

um fator delimitador do seu sucesso ou fracasso no mercado.

A Carta Para a Preservação do Patrimônio Arquivístico (2004, p.2), diz que:

A eficácia de um documento arquivístico depende da qualidade e do rigor

dos procedimentos de produção e manutenção realizados pelas

organizações produtoras de documentos. Entretanto, como a informação

em formato digital é extremamente suscetível à degradação física e à

obsolescência tecnológica � de hardware, software e formatos �, essas novas facilidades trazem conseqüências e desafios importantes para

assegurar sua integridade e acessibilidade. A preservação dos documentos

arquivísticos digitais requer ações arquivísticas, a serem incorporadas em

todo o seu ciclo de vida, antes mesmo de terem sido criados, incluindo as etapas de planejamento e concepção de sistemas eletrônicos, a fim de que

não haja perda nem adulteração dos registros. Somente desta forma se

garantirá que esses documentos permaneçam disponíveis, recuperáveis e

compreensíveis pelo tempo que se fizer necessário (CONARQ, 2444 p.2).

Segundo Caciato (2004), a segurança da informação, conforme mostrado na

figura 1, tem como objetivo a preservação de três princípios básicos pelos quais se

norteia a implementação desta prática: confiabilidade � toda informação deve ser

protegida de acordo com o grau de sigilo de seu conteúdo, visando à limitação de

seu acesso e uso apenas às pessoas para quem elas são destinadas; integridade �

toda a Informação deve ser mantida na mesma condição em que foi disponibilizada

Page 25: GED - Uma Abordagem Arquivistica

24

pelo seu proprietário, visando protegê-las contra alterações indevidas, intencionais

ou acidentais; disponibilidade � toda a informação gerada ou adquirida por um

individuo ou instituição deve estar disponível aos seus usuários no momento em que

os mesmos delas necessitem para qualquer finalidade.

Figura 2: Conceitos Básicos de Segurança da Informação Fonte: Caciato (2004)

Internacionalmente vêm sendo tomadas diversas iniciativas tentando

estabelecer metodologias e estratégias que incluam técnicas de preservação

capazes de responder às necessidades de garantir a longevidade das informações

disponíveis nos documentos digitais.

Para Hedstrom apud Boeres e Arellano (2005, p.2),

a preservação digital é um processo distribuído que envolve o

planejamento, alocação de recursos e aplicação de métodos e tecnologias

para assegurar que a informação digital de valor contínuo permaneça

acessível e utilizável.

As primeiras considerações a respeito da preservação digital partiram da

Arquivologia. Fatores como tempo e custo de armazenamento a longo prazo foram

adicionados a decisões sobre o volume e o formato do material a ser preservado.

Também foram os arquivistas que propuseram algumas das características das

ferramentas necessárias para a proteção, cuidado e manutenção de coleções

digitais (BOERES e ARELLANO, 2006).

A Arquivologia também contribuiu com o conceito de que nem tudo que é

produzido ou recebido pela organização precisa ser preservado. Daí a importância

Page 26: GED - Uma Abordagem Arquivistica

25

da criação de uma tabela de temporalidade para o gerenciamento dos documentos

eletrônicos, a fim de delimitar quais documentos devem ser arquivados ou excluídos,

e ainda, determina os setores do arquivo onde estes deverão ser armazenados, ou

seja, se farão parte do arquivo corrente, intermediário ou permanente, apontando

também o tempo que cada documento deve ficar arquivado, para que possa ser

excluído definitivamente ou transferido para o arquivo permanente.

Quanto ao ciclo de vida dos documentos digitais, JSC/NPO apud Boeres e

Arellano (2005), afirma que o ciclo de vida dos documentos digitais é dividido em

cinco partes: data creation (criação de dados), collection management and

preservation (gerenciamento e preservação da coleção), acquisition (aquisição),

retention and disposal (guarda e disposição); data management (administração de

dados); e data use (uso de dados).

Com base nestes princípios começaram a ser desenvolvidos guias

estratégicos para os responsáveis por cada um dos estágios do ciclo de vida dos

documentos digitais. Neles existem recomendações sobre a valorização de um

estágio do ciclo em particular, assim como a relação entre eles e, como as decisões

podem afetar as tarefas dos outros responsáveis.

Em geral as tarefas relacionadas com a preservação digital seriam: os

procedimentos de manuseio e armazenamento da mídia digital, a cópia da

informação contida e migração para novas mídias e a preservação da

integridade da informação digital (BOERES E ARELLANO, 2005, p.4).

Toda organização para obter segurança das suas informações deve seguir as

recomendações propostas pela ISO/IEC 17799 que, segundo Caciato (2004, p.12),

pode ser dividida em três fontes principais:

A primeira fonte é derivada da avaliação de risco dos ativos da organização.

Através da avaliação de risco são identificadas as ameaças aos ativos, as

vulnerabilidades e sua probabilidade de ocorrência é avaliada, bem como o

impacto potencial é estimado. A segunda fonte é a legislação vigente, os

estatutos, a regulamentação e as cláusulas contratuais que a organização,

seus parceiros, contratados e prestadores de serviço têm que atender. A

terceira fonte são as particularidades da organização, objetivos e requisitos

para o processamento da informação que uma organização tem que se

desenvolver para apoiar suas operações

A preservação digital não depende apenas de técnicas de preservação das

mídias de armazenamento das informações ou de técnicas de recuperação em caso

de perdas acidentais ou propositais, causadas por invasões no sistema, por

exemplo. Antes de tudo isso, é preciso pensar na acessibilidade e autenticidade dos

documentos através do tempo, exigindo assim o desenvolvimento de um projeto,

Page 27: GED - Uma Abordagem Arquivistica

26

onde serão contempladas as questões referentes aos documentos que serão

arquivados e preservados, a tabela de temporalidade dos documentos digitais, e, as

técnicas de preservação das informações e de suas mídias de armazenamento. Em

todas estas etapas de desenvolvimento do projeto, deve-se pensar sempre no

usuário final da informação e do sistema onde esta será disponibilizada, buscando

sempre otimizar seu tempo na busca por informações.

2.2.1 O papel do Bibliotecário e do Arquivista na segurança e preservação dos

documentos

Devido à grande explosão informacional vivida nos últimos anos, torna-se

impossível o armazenamento de todos os documentos e informações produzidas no

mundo, ou mesmo, por uma organização.

O Gerenciamento Eletrônico de Documentos surgiu com o objetivo de auxiliar

no processo de organização dos documentos produzidos por uma ou mais

instituições. Ele oferece uma série de recursos tecnológicos para o gerenciamento

de documentos eletrônicos, podendo ir desde a sua criação até o momento do seu

descarte ou arquivamento no arquivo permanente da organização.

Mas qual é o papel do profissional Bibliotecário e do Arquivista neste

processo? Estes profissionais têm um papel fundamental para o sucesso de um

projeto de GED, pois é ele quem deve fazer a seleção dos documentos que devem

ser arquivados ou descartados (baseado nas normas arquivísticas e nos

instrumentos de gestão documental, como a tabela de temporalidade e a legislação

Arquivística), com base nas necessidades do seu usuário final, que não deve ser

perdido de vista em nenhuma das etapas do projeto.

Duranti apud Boeres e Arellano (2005, p.25), afirma que:

qualquer estratégia bem sucedida de preservação precisa repetir os passos

do processo de seleção, com a documentação apropriada, como parte de

um ciclo de longo prazo das ações para manter o acesso nos novos

ambientes tecnológicos. A avaliação dos documentos para definição do que

deve ser preservado pode ser considerada uma das tarefas fundamentais na gestão dos documentos de uma organização. A avaliação deve ser

imparcial, objetiva e profissional.

Boeres e Arellano (2005) seguem ainda apontando algumas questões que

devem ser levadas em consideração, principalmente, pelo profissional que será o

responsável pela seleção dos documentos. �O que preservar? Para quê? Por quanto

Page 28: GED - Uma Abordagem Arquivistica

27

tempo?� Não podemos esquecer ainda do usuário: para quem estes documentos

devem ser preservados.

Um projeto de GED não deve ser feito por apenas uma única pessoa, seja ela

um Bibliotecário, um Arquivista ou outro profissional. Esta atividade deve sempre ser

desenvolvida por um grupo de pessoas, de preferência, composto por membros de

cada um dos setores da organização, a fim de ter-se uma visão geral da

organização e do seu fluxo de informação. Um sistema de GED jamais deve ser

implantado sem que tenha sido realizado um projeto, pois isso poderia trazer sérios

problemas para a organização, podendo levá-la até mesmo à falência.

2.2.2 Custos de preservação

Em meio as constantes transformações do mercado, a agilidade na tomada

de decisões torna-se um fator de extrema importância para as organizações, pois

está diretamente relacionada com o seu sucesso no mercado.

A informação, por sua vez, passou a ser peça fundamental no

desenvolvimento de estratégias de mercado, agregando assim, grande valor

financeiro e intelectual. Sendo assim, o desenvolvimento de políticas de preservação

e garantia de acesso à informação torna-se imprescindível, a fim de evitar perdas

informacionais e, conseqüentemente, grandes prejuízos financeiros.

O valor gasto para a implantação de uma política de segurança de

documentos eletrônicos varia de acordo com o contexto de cada organização, ou

seja, depende da quantidade de documentos gerenciados, as formas de

armazenamento e disponibilização e o valor agregado da informação que cada

documento contém. Por este motivo, torna-se inviável a apresentação de valores

reais, ou seja, os custos para o desenvolvimento e implementação de políticas de

segurança e preservação de documentos digitais utilizados pelos sistemas de GED.

A perda ou roubo de informações pode trazer prejuízos muito maiores para a

organização, se comparados com os gastos necessários para a implantação de uma

política de segurança e preservação dos documentos eletrônicos. Caciato (2004),

afirma que os controles de segurança da informação são consideravelmente mais

baratos e mais eficientes se forem incorporados nos estágios do projeto e da

especificação dos requisitos de segurança.

Page 29: GED - Uma Abordagem Arquivistica

28

É comum algumas organizações implantarem sistemas de Gerenciamento

Eletrônico de Documentos com o objetivo de reduzir custos com o armazenamento e

gerenciamento de documentos. Por um lado, esta afirmação pode ser considerada

verdadeira, pois o GED diminui os gastos com o local onde são guardados os

documentos, com a contratação de funcionários para manter a organização e

limpeza dos documentos e a diminuição nos gastos com a impressão de cópias de

documentos, em caso de processos, por exemplo, que geram diversas cópias

duplicadas do mesmo documento.

Por outro lado, reduzir custos com o armazenamento de documentos e com a

contratação de profissionais responsáveis pela guarda dos mesmos, não significa

que o Gerenciamento Eletrônico de Documentos não necessite de grandes

investimentos financeiros. Com a constante atualização das tecnologias e a

produção acelerada de informações, faz-se necessário um investimento contínuo na

aquisição de novos equipamentos para o tratamento e armazenamento dos

documentos eletrônicos, além de investimentos em treinamento de funcionários para

estarem aptos a trabalhar com as tecnologias mais recentes no mercado,

aumentando assim o poder competitivo da organização e consequentemente,

ampliando sua lucratividade.

2.2.3 Pontos fortes e fracos das metodologias utilizadas atualmente

Com base nos estudos realizados sobre as técnicas de segurança e

preservação utilizadas atualmente pelos sistemas de Gerenciamento Eletrônico de

Documentos, são apresentados a seguir alguns pontos fortes e fracos que devem

ser levados em conta no momento do desenvolvimento de novos sistemas de GED.

TABELA 2: PONTOS FORTES E FRACOS DAS METODOLOGIAS ATUAIS

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

Definição clara das atividades de cada membro da organização ligado ao

sistema de GED.

Não estabelecem claramente que

profissionais devem estar envolvidos no desenvolvimento do projeto de GED e durante a sua implementação e

utilização. Preocupação com a segurança e a

integridade dos documentos, principalmente em relação aos

documentos disponíveis em rede.

Não existem normas padronizadas para

a implementação de sistemas de GED.

Existe uma série de recomendações,

desenvolvidas por diversas instituições.

Page 30: GED - Uma Abordagem Arquivistica

29

Preocupação com a garantia de acesso no futuro, independentemente do suporte de armazenamento dos documentos, através do

desenvolvimentos de técnicas de

migração de suporte e emulação.

Ainda há um pouco de dificuldade de

relacionamento entre a área da

Arquivologia e a Informática, impedindo assim o desenvolvimento de uma proposta mais consistente para o Gerenciamento Eletrônico de

Documentos. Estabelecimento de critérios rígidos para

o controle de acesso aos documentos originais e/ou sigilosos.

Tabela 2: Pontos fortes e fracos das metodologias atuais

Existem diversas tecnologias para o arquivamento e gerenciamento de

documentos, variando de acordo com as necessidades de cada organização. São

apresentadas a seguir algumas vantagens e desvantagens das principais

tecnologias de arquivamento disponíveis atualmente:

A afirmativa de que os documentos digitais não possuem valor legal não é

verdadeira, pois já existe no Brasil a Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto

de 2001,

Page 31: GED - Uma Abordagem Arquivistica

30

3 PROPOSTA DE RECOMENDAÇÕES PARA A SEGURANÇA E

PRESERVAÇÃO DOS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS EM GED

Conforme apresentado no capítulo anterior, pode-se perceber o importante

papel da informação na Sociedade atual, também chamada �Sociedade da

Informação�. Neste contexto, a informação aparece como uma importante

ferramenta estratégica, capaz de determinar o sucesso ou fracasso de uma

organização. Sendo assim, é de fundamental importância que estas informações

sejam muito bem gerenciadas e preservadas, a fim de garantir a sua longevidade.

O Gerenciamento Eletrônico de Documentos � GED, aparece como uma

importante ferramenta para o gerenciamento e disponibilização dos documentos

eletrônicos, podendo ir desde o momento da sua criação até o seu descarte ou

armazenamento no arquivo permanente da organização (obedecendo aos critérios

propostos pela tabela de temporalidade).

A presença de um Bibliotecário ou Arquivista no projeto de implantação de um

sistema de GED é de grande importância, pois, este possui conhecimentos sobre as

técnicas de gerenciamento de documentos e dos instrumentos de gestão

documental, independentemente do seu suporte de armazenamento. Sendo assim,

estes profissionais podem auxiliar no processo de desenvolvimento da tabela de

temporalidade dos documentos, na seleção dos documentos que serão tratados e

na aplicação das técnicas arquivísticas durante a realização das atividades de GED.

3.1 LIMITAÇÕES DO CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES

Devido à grande variedade de organizações existentes atualmente, seria

pouco eficaz a produção de requisitos padrões que pudessem ser adotados por

qualquer tipo de organização, independente do seu segmento de atuação. Isto se

deve ao fato de que durante a execução do projeto de implantação do sistema de

GED devem ser observadas todas as peculiaridades de cada organização.

A política interna das organizações também é um fator importante que varia

de acordo com cada instituição, exercendo influências na tomada de decisões e na

liberação de recursos para aquisição de materiais e contratação de profissionais.

Page 32: GED - Uma Abordagem Arquivistica

31

Outro fator limitador da proposta de recomendações de segurança e

preservação de documentos eletrônicos é a constante atualização das tecnologias,

aumentando assim o índice de obsolescência dos suportes de armazenamento dos

documentos eletrônicos. Por este motivo algumas das recomendações propostas

por este trabalho podem sofrer futuras alterações, ou até mesmo, deixar de existir.

Desta forma, são propostas abaixo algumas recomendações genéricas que

devem ser adaptadas às necessidades de cada organização. Estes itens pretendem

servir como um norte para o desenvolvimento de projetos de GED.

3.2 PROJETO DE GED

Um sistema de Gerenciamento Eletrônico de Documento jamais deve ser

implantado sem a realização de um projeto detalhado de todas as suas atividades

de implementação, alimentação e manutenção.

Para o desenvolvimento de um projeto de GED, deve ser formada uma equipe

que conte com profissionais Bibliotecários, Arquivistas, especialistas em informática

e membros representantes de cada um dos setores da organização, a fim de

garantir o atendimento das suas necessidades de informação.

Normalmente os sistemas de Gerenciamento Eletrônico de Documentos são

implantados por empresas terceirizadas, aumentando ainda mais a importância da

realização de um bom projeto de implantação, a fim de evitar prejuízos para a

organização, visto que a implantação destes tipos de sistemas, normalmente,

possuem custos elevados, além da importância que as informações contidas nos

documentos têm para a organização.

3.2.1 Definição das atividades

O projeto de Implantação de GED deve especificar claramente todas as

atividades relacionadas à implementação do sistema de gerenciamento de

documentos e a sua manutenção.

Nesta etapa de definição das atividades de implementação do sistema,

também devem ser levados em conta os critérios de preservação dos documentos

eletrônicos, devendo estes estarem incluídos nos critérios de manutenção do

sistema, como a realização de backups e/ou a realização de cópias dos arquivos em

Page 33: GED - Uma Abordagem Arquivistica

32

diferentes tipos de suporte de armazenamento, além de prever alternativas de

migração dos documentos digitais para outros suportes de armazenamento ou o

desenvolvimento de emuladores, que simulam o ambiente original em que o

documento foi criado, garantindo assim a sua acessibilidade no futuro, independente

das tecnologias adotadas na época.

3.2.2 Definição das responsabilidades

Além da previsão das atividades envolvidas na implantação do sistema de

GED, também se deve definir claramente as pessoas responsáveis por cada uma

destas etapas.

O projeto também deve estabelecer as responsabilidades pelas atividades,

principalmente, após a implantação do sistema de gerenciamento, a fim de garantir o

seu perfeito funcionamento e permitir a tomada de decisões corretoras, caso haja a

detecção de falhas no gerenciamento de documentos de algum dos setores da

organização.

A equipe responsável pelo desenvolvimento do projeto de implantação de um

sistema de GED deve ser formada por membros dos diversos setores da

organização, a fim de garantir que todos os documentos sejam devidamente

gerenciados e preservados, além de facilitar o acesso aos mesmos no momento em

que estes forem necessários no dia-a-dia da organização.

As atividades referentes à segurança e preservação dos documentos

eletrônicos devem contar com o apoio de pelo menos um profissional Bibliotecário

ou Arquivista, pois, estes possuem conhecimentos referentes às técnicas de

gerenciamento dos documentos, independente do seu suporte de armazenamento.

A parceria entre o profissional Bibliotecário, Arquivista e os profissionais de

informática responsáveis pela implantação e desenvolvimento do sistema de

Gerenciamento Eletrônico de Documentos pode trazer inúmeros benefícios para a

segurança da informação.

O profissional Bibliotecário ou Arquivista, por sua vez, deve possuir

habilidades para lidar com as tecnologias e estar atento ao surgimento de novas

técnicas de gerenciamento de documentos eletrônicos. Além disso, estes

profissionais devem conhecer detalhadamente as necessidades da organização, a

fim de solicitar os aprimoramentos no sistema de GED junto à empresa responsável

Page 34: GED - Uma Abordagem Arquivistica

33

pela manutenção do sistema, já que na maioria dos casos estas atividades são

feitas por empresas terceirizadas pela organização.

Uma outra atividade que normalmente é feita pelo profissional Bibliotecário ou

Arquivista é a seleção e tratamento dos documentos que deverão ser gerenciados

pelo sistema de GED, pois, nem tudo o que é produzido pela organização

necessariamente precisa ser armazenado.

Já os profissionais de informática envolvidos no desenvolvimento e

manutenção do sistema devem estar atentos ao surgimento de novas técnicas e

ferramentas de gerenciamento de documentos eletrônicos, buscando oferecer

melhorias nos serviços. Com o surgimento de novas tecnologias, surgem também

novas ameaças para os documentos eletrônicos. Desta forma os profissionais de

informática devem estar atentos para o surgimento destas novas ameaças e

encontrar novas técnicas que diminuam os riscos à integridade dos documentos

eletrônicos.

Os outros profissionais de um modo geral, que estão envolvidos no projeto de

implantação do sistema de GED devem estar atentos às novas tendências do

mercado e apresentá-las ao resto do grupo, a fim de propor melhorias no sistema de

Gerenciamento Eletrônico de Documentos.

3.2.3 Definição dos critérios de segurança

Como a informação é uma importante ferramenta estratégica para as

organizações, é de fundamental importância que sejam tomadas medidas de

segurança e preservação da integridade dos documentos eletrônicos.

O próprio conceito de segurança da informação é muito amplo, pois, pode

referir-se tanto à segurança física do ambiente e das mídias de armazenamento (no

caso dos documentos eletrônicos) contra incêndio, roubo, catástrofes naturais etc.,

como à segurança dos documentos disponíveis em rede, evitando o acesso não

autorizado às informações e garantindo a sua integridade.

Um projeto de GED jamais deve deixar de incluir critérios relativos à

segurança da informação em todos os sentidos, ou seja, durante toda a vida do

documento.

Este trabalho aponta para um aspecto muito importante para a segurança dos

documentos eletrônicos, que é a preservação dos seus suportes de

Page 35: GED - Uma Abordagem Arquivistica

34

armazenamento. Outro ponto importante que não deve ficar fora de um projeto de

GED é a definição de critérios que garantam a acessibilidade das informações no

futuro, independente das tecnologias disponíveis, ou seja, devem ser definidos os

melhores suportes de armazenamento dos documentos eletrônicos, prevendo a sua

garantia de acesso no futuro, seja por meio da mudança de suporte de

armazenamento para uma mídia mais recente, ou por meio do desenvolvimento de

programas emuladores, que simulam o ambiente em que o documento foi gerado,

permitindo assim o acesso ao seu conteúdo.

A ISO 17799 apresenta alguns critérios de segurança da informação

eletrônica que devem ser observados no momento do desenvolvimento de um

projeto de GED. São destacadas abaixo algumas destas recomendações, citadas

por Luz (2004, p.28):

Proteção de dados e privacidade de informações pessoais [como por exemplo, no Prontuário de Paciente];

Promover análise crítica e avaliação da política implementação;

Convém que hardware e software utilizados sejam verificados para

garantir compatíveis com outros componentes do sistema, quando

necessário;

Controle de acesso físico e acesso lógico, com a definição de

razões para níveis específicos de acesso;

Classificação da informação segundo a importância, a prioridade e o

nível de proteção;

Assegurar que os ativos de informação recebam um nível adequado

de proteção;

Rotular e tratar a informação de acordo com a classificação

adotada;

Procedimentos de tratamento da informação devem abranger os

seguintes tipos de atividades de processamento da informação:

cópia [analógicas ou digitais], armazenamento [e empréstimo],

transmissão [qualquer via: correio, fax ou e-mail], transmissão pela

fala [telefonia móvel, correio de voz ou secretárias eletrônicas] e

destruição;

Procurar reduzir os riscos de erro humano, roubo, fraude ou uso indevido das instalações;

Documentar as regras e responsabilidades de segurança, incluindo

as tais em fases de recrutamento e treinamento de usuários.

Um sistema adequado de gerenciamento eletrônico de documentos deve

garantir ao administrador o controle de acesso aos documentos, ou seja, devem ser

definidas políticas de acesso às informações, delimitando quem pode acessar e qual

a permissão que cada pessoa possui (editar, copiar, apagar etc.).

Page 36: GED - Uma Abordagem Arquivistica

35

Além de prever os critérios de segurança da informação, o projeto de GED

também deve prever a revisão das políticas adotadas, a fim de adequá-las às novas

tendências do mercado e às novas tecnologias, além de adequar-se às novas

ameaças que afetam diretamente ou indiretamente os documentos eletrônicos.

Page 37: GED - Uma Abordagem Arquivistica

36

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o constante aperfeiçoamento das ferramentas de Tecnologia da

Informação (TI) e com a grande quantidade de informações produzidas diariamente

no mundo, tanto em papel, como em meio eletrônico, o GED � Gerenciamento

Eletrônico de Documentos � é apontado muitas vezes como a solução para o

problema de gerenciamento dos documentos eletrônicos.

De fato, o GED pode ser apontado como uma das possíveis soluções para o

gerenciamento de documentos eletrônicos, desde que bem planejado, ou seja,

desde que sejam observando as recomendações da Arquivologia e da Informática

para a segurança, preservação e acesso à informação.

Os arquivos são responsáveis pela custódia e preservação dos documentos

que fazem parte do seu acervo, independentemente do seu suporte informacional. A

preservação dos documentos eletrônicos é um dos desafios do século XXI, a fim de

garantir o acesso às informações no futuro, permitindo que os novos usuários

possam conhecer as tecnologias que foram empregadas na época em que foi

gerado um determinado documento eletrônico, preservando assim a sua história.

Um dos principais objetivos deste trabalho foi a elaboração de uma proposta

de recomendações para a segurança, preservação e acesso aos documentos

eletrônicos, com base nos levantamentos bibliográficos e nas recomendações

nacionais e internacionais. Sendo assim, um dos principais requisitos verificados foi

a formação de uma equipe heterogênea, ou seja, com profissionais de cada um dos

setores da organização, com o objetivo de atender melhor as necessidades dos

usuários e garantir a preservação de todos os documentos que são importantes para

cada setor.

A participação de um profissional Bibliotecário ou Arquivista é de fundamental

importância em todo o processo de gerenciamento dos documentos, pois este fará a

seleção dos documentos que deverão ser tratados e armazenados, com base nas

técnicas arquivísticas, na tabela de temporalidade da organização e nos demais

instrumentos de gestão documental.

Normalmente os sistemas de Gerenciamento Eletrônico de Documento são

implementados por empresas terceirizadas. Daí a importância de se desenvolver um

Page 38: GED - Uma Abordagem Arquivistica

37

bom projeto para a implementação do GED, a fim de evitar futuros prejuízos

financeiros, pois os custos com a implantação do sistema normalmente são

elevados, e, principalmente, evitar prejuízos informacionais, com a perda de

documentos importantes para a organização.

Durante a elaboração do projeto, deve-se estabelecer claramente as

atividades que cada um dos profissionais envolvidos no processo de gerenciamento

eletrônico de documentos deve realizar, facilitando assim o desenvolvimento das

atividades e agilizando a tomada de decisões corretoras, em caso de verificação de

falhas em algum setor, possibilitando também a punição dos responsáveis, caso

esta falha tenha sido causada por negligência humana.

Recomenda-se ainda a definição dos critérios de segurança que deverão ser

adotados pela organização, com o objetivo de garantir a integridade dos

documentos. Estes critérios deverão prever tanto a segurança física dos

documentos (contra roubo, incêndio, catástrofes naturais etc.), como a segurança da

integridade em caso de transmissões em rede.

Estas propostas de recomendações para a segurança, preservação e acesso

aos documentos eletrônicos possuem algumas limitações, tais como: a grande

variedade de organizações que atuam em diversos seguimentos, a política interna

de cada organização e a grande obsolescência tecnológica. Desta forma, seria

pouco eficaz a produção de uma proposta padrão para todos os tipos de

organizações.

Devido à brevidade desta pesquisa, recomenda-se a realização de estudos

mais detalhados sobre cada um dos aspectos apontados no conjunto de

recomendações: segurança, preservação e acesso à informação.

Page 39: GED - Uma Abordagem Arquivistica

38

REFERÊNCIAS

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BELLOTO, H. L. et alli. Dicionário de Terminologia Arquivística. São Paulo: AAB-RSP, 1996.

BOERES, Sonia A. de Assis; ARELLANO, Miguel A. Márdero. Políticas e estratégias

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arquivos públicos e privados e dá outras providências. Diário Oficial da República

Federativa do Brasil. Brasília, v. 130, n. 91, p. 6.030, maio 1992. Seção I.

CACIATO, Luciano Eduardo. Gerenciamento da Segurança de informação em

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