Geoprocessamento na Área Tributária
SCM – Sistemas Consultoria e
Métodos Ltda.
Rua Sapucaia, 327- Brumadinho -
MG
Fone: (31) 99645-0801
6/20/2016
Eng. Sebastião Martins Neste documento apresentamos uma
sucinta análise da importância do
Geoprocessamento e o Cadastro Técnico
Municipal na gestão da arrecadação de
tributos municipais, bem como para a
gestão e solução de outros problemas
afetos à municipalidade.
Tal documento expõe a
experiência da prefeitura de Belo
Horizonte com o uso do
geoprocessamento como eficiente
instrumento na gestão dos tributos
municipais.
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planejamento - Slides.ppt
Eng. Eletricista, pós-graduado em Gerenciamento de Projeto pelo IETEC
(Instituto de Educação Continuada – BH, MG), profissional com mais de 30
anos de mercado, com amplos conhecimentos técnicos, administrativo,
projetos e acompanhamento de obras, financeiro, contábil e tributário, adquirido
nas atividades abaixo relacionadas e consolidado pelo desenvolvimento
pessoal de Sistema Gerencial Administrativo, Financeiro e Tributário, já
implantado e em perfeito funcionamento em grandes empresas.
Ex. prof. da UFMG (Universidade Federal do Minas Gerais) e PUC ( Pontifícia
Universidade Católica do Minas Gerais) com vários artigos técnicos
publicados. Conhecimento básico em Direito Tributário, Constitucional,
Administrativo, Participação Público Privada e contabilidade básica / avançada.
Autor dos Livros
a) ISS das Instituições Financeiras (260 páginas),
b) ISS nas operações com cartões de crédito e débito (tese).
http://portalamm.org.br/iii-seminario-de-gestao-e-arrecadacao-municipal/
Aprovado no MPU (classificação 118), Tribunal de Justiça (Classificação 135) e
ALMG (Assembleia Legislativa do Paraná).
Pós-graduação com ênfase em Análise de Investimentos
Análise de Balanço para fins de financiamento junto ao BNDES
1) INFORMÁTICA
Excel, Word, Analista e desenvolvedor de Sistemas (sendo autor de um
Sistema ERP e CRM ) e Planilha (Excel) para avaliação e análise de decisão
em projetos de tubulações nas áreas de saneamento (adutoras e esgoto) e
valor de jazidas de minério de ferro.
2) EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:
Atual-Consultor em Empresas de Saneamento, análise de investimentos
industrial e imobiliário, impostos ISSQN tributário municipal.
Mineração de ferrosos e não ferrosos (cobre e alumínio), Siderurgia e
metalurgia de cobre e alumínio.
http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/101340/estatuto-da-
cidade-lei-10257-01
..\..\Dropbox\Geoprocessamento e planejamento - Slides.ppt
..\..\Dropbox\Aglomerados Subnormais - IBGE.pdf
https://andersonlcnascimento.jusbrasil.com.br/artigos/395406117/a-
arrecadacao-tributaria-com-o-uso-das-ferramentas-da-tecnologia-da-
informacao-ti-o-papel-contributivo-do-geoprocessamento-aplicado-ao-
iptu?ref=topic_feed – Excelente publicação
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3
1) Cadastro tributário ................................................................................................. 4
2.1) Cadastro técnico urbano .................................................................................... 5
2.2) Objetivos do cadastro técnico urbano ................................................................ 6
2.4) Atualização cadastral ......................................................................................... 7
3) CADASTROS ........................................................................................................... 8
3.1) Cadastro Nacional Sincronizado ........................................................................ 8
3.3) Cadastro Técnico Municipal ............................................................................. 10
3.4) A Importância do Cadastro na Auditoria de Tributos ........................................ 12
3.5) A Importância do Cadastro na Arrecadação Municipal ..................................... 15
3.5.1) IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana .............. 15
3.5.2) ITBI - Imposto sobre Transmissão de Bens ............................................... 17
3.5.3) ISSQN - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ............................ 18
3.6) Problemas Encontrados ................................................................................... 19
a) Cadastro municipal ....................................................................................... 19
b) Software de geoprocessamento ................................................................... 20
a) Falta de legislação adequada ....................................................................... 21
b) Dificuldades na tributação da propriedade urbana ........................................ 22
4) O CADASTRO TÉCNICO MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE ............................. 22
4.1) Estruturação do Cadastro Técnico Municipal .................................................. 22
4.2) A situação atual do cadastro em Belo Horizonte .............................................. 23
4.3) Gerência de Cadastros Tributários – Belo Horizonte ........................................ 24
4.4) Projetos da Gerência de Cadastros Tributários ................................................ 25
4.2.1) Projeto de Recadastramento Imobiliário .................................................... 25
4.2.2) Revisão dos Procedimentos de Baixa de Empresas. ................................. 26
4.2.3) Revisão do “Lixo” Cadastral ....................................................................... 26
4.3) Resultados obtidos pela Gerência de Cadastros Tributários ............................ 27
5) Desmoronamento de terra – Fatores de influência ................................................. 27
6) Plano Diretor Municipal ........................................................................................... 28
a) O que é ............................................................................................................ 28
b) Objetivo ............................................................................................................ 29
c) Gestão democrática: a cidade planejada por todos .......................................... 29
6) CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 29
8) CONCLUSÃO ........................................................................................................ 31
INTRODUÇÃO
A velocidade de urbanização e o crescimento desordenado das cidades exigem
dos administradores públicos novos instrumentos e modelos de gestão
municipal.
A cidade informal, dos assentamentos precários e ocupações subnormais,
cresce de forma mais rápida que a cidade legal, com profundos
desdobramentos na vida das pessoas e na gestão municipal.
Os municípios têm pouca informação da cidade informal, da velocidade de seu
crescimento, das suas necessidades prioritárias e da característica sócio
econômica da população, que faz aumentar a dificuldade de planejamento
urbano e gestão das cidades, agravando a desigualdade e o processo de
exclusão social.
Para que os municípios possam minimizar essa dificuldade, se faz necessário a
manutenção de um cadastro tributário coeso, abrangente e, principalmente,
confiável.
O presente estudo visa apresentar as diversas faces que compõem um
cadastro tributário municipal, apresentando suas características particulares,
seus focos principais, suas atividades, bem como sua importância dentro do
contexto de cadastro.
O cadastro municipal não pode ser visto apenas sob a ótica dos tributos
imobiliários, que consiste no cadastro de seus imóveis, mas também sob a
ótica dos indivíduos que dele usam ou poderiam usar e que vai além dos
proprietários de imóveis. Incluem-se nesses indivíduos, os prestadores de
serviços, as empresas existentes no município, enfim toda pessoa que, de
alguma forma, participe da economia do município.
O presente trabalho apresenta conceitos e necessidades ligadas aos diversos
tipos de cadastros existentes, bem como os problemas encontrados e as
possíveis soluções, sendo considerado, para fins elucidativo, a situação atual
do cadastro municipal de Belo Horizonte.
Apresenta, também, as soluções dadas pela Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte para os principais problemas cadastrais encontrados, seus reflexos e
as possíveis melhorias que ainda podem ser realizadas de forma a tornar o
cadastro o mais confiável possível.
Ao se falar em cadastro, qual seria a primeira ideia que vem à mente?
Certamente o pensamento de cadastro como sendo visto como uma relação ou
uma lista de dados de alguma coisa qualquer, mas, quando se trata de
cadastro na área de tributação, quais seriam os conceitos mais apropriados e
relevantes para “cadastro” nessa área?
Uma definição simples do que possa vir a ser cadastro tributário é dado pela
Federação Internacional de Geômetras – FIG e seria um
“ [...] inventário público de dados, metodicamente organizados, concernentes
às parcelas territoriais, dentro de um país ou distrito, baseado no levantamento
dos seus limites”.
O cadastro então significa um tipo de registro de terra que é apoiado em
mapas, e inclui diversas informações sobre o proprietário.
Hoje já se tem um significado mais amplo e diverso sobre o cadastro,
visualizando-se então a sua importante função social, devido às diversas
informações que ele pode conter, deixando de ter somente a função de
taxação, podendo ser então considerado multifinalitário.
Segundo Coelho (1999) um cadastro é uma descrição sistemática das
unidades de terra interiores a uma área, onde a descrição é feita por mapas
que identificam a locação e os limites de todas as unidades, e por registros.
O cadastro, segundo Zancam (1996), é um inventário, um censo dos bens
imóveis de uma cidade, pertencentes ao Estado e aos particulares
(devidamente atualizado e classificado), com objetivo a sua correta
identificação: física, jurídica, fiscal e econômica.
a) Aspecto físico: consiste na identificação dos limites do terreno e
edificações do lote, assim como na sua descrição e classificação.
Compreende a identificação, aspectos topográficos e equipamentos
urbanos;
b) Aspecto jurídico: consiste em estabelecer a relação do direito da
propriedade e posse dos bens imóveis, mediante a identificação do
cidadão, tributação do proprietário e a inscrição no Registro Público;
c) Aspecto fiscal: o aspecto fiscal consiste em utilizar procedimentos
sistematizados na determinação dos tributos dos bens imóveis;
d) Aspecto econômico: consiste na determinação da avaliação cadastral
do bem imóvel.
1) Cadastro tributário
Cabe aqui dizer que, quando se fala em cadastro tributário na verdade são
vários tipos de cadastros, dentre os quais se destacam o cadastro técnico
urbano, o cadastro técnico multifinalitário e o cadastro fiscal.
2.1) Cadastro técnico urbano
O cadastro técnico urbano compreende o conjunto de informações descritivas
da propriedade imobiliária pública e particular, dentro do perímetro urbano de
uma cidade, apoiado sempre no sistema cartográfico próprio, que é a base
para a representação dos dados de múltiplas finalidades [LOCH,1989].
Um cadastro moderno que usa técnicas avançadas, particularmente em
matéria de computação, representa meio idôneo para fiscalizar, avaliar,
planejar e administrar o uso de um dos recursos mais importantes de toda uma
nação: o solo [EBERL,1981].
De acordo com LOCH,[1992], os cadastros temáticos mais importantes que
compõem o cadastro técnico urbano são:
a) Imobiliário: deve avaliar inicialmente os princípios ou leis vigentes no País
ou Estado, quanto ao parcelamento e ocupação do solo urbano. A área
de um lote deve ser compatível com a área mínima permitida. Após a
definição precisa do perímetro, é necessário analisar o percentual da área
que apresenta edificações, além do posicionamento destas, segundo o
projeto aprovado na prefeitura;
b) Rede viária: a rede viária urbana tem importância fundamental dentro da
cidade, pois proporciona o escoamento das pessoas e produtos. A rede
viária é um dos fatores fundamentais no planejamento de uma cidade,
pois deve prever o aumento demográfico, aumento do fluxo de veículos,
bem como acessos com as demais cidades e regiões;
c) Serviços de infra estrutura: os serviços de infra estrutura urbana são: rede
de água, rede de esgoto, rede de energia elétrica, rede de telefonia e
elementos de urbanização;
d) Planialtimétrico: a importância do cadastro planialtimétrico urbano reside
na necessidade do conhecimento do relevo para implantação dos
serviços de infra estrutura e para a demarcação de áreas de preservação
permanente, devido à declividade do solo;
e) Equipamentos comunitários: plantas cadastrais contendo: escolas,
centros comunitários, igrejas, hospitais, postos de saúde, praças e áreas
de lazer, clubes e correios;
f) Uso do solo: deverá fornecer informações do zoneamento e do uso
permitido, índice de aproveitamento, taxa de ocupação e o número
máximo de pavimentos, de acordo com o plano diretor vigente.
2.2) Objetivos do cadastro técnico urbano
Os principais objetivos do cadastro técnico urbano, são segundo LOCH,[1989]:
a) Coletar e armazenar informações descritivas;
b) Manter atualizado o sistema descritivo das características da cidade;
c) Implantar e manter atualizado o sistema cartográfico;
d) Fornecer dados físicos para o planejamento urbano, amarradas ao
sistema cartográfico;
e) Fazer com que o sistema cartográfico e o descritivo gerem as
informações
f) Comportar as informações necessárias à execução de planos de
desenvolvimento integrado da área urbana;
g) Tornar as transações imobiliárias mais confiáveis, pela definição precisa
da propriedade;
h) Colocar os resultados do cadastro urbano à disposição dos diversos
órgãos públicos envolvidos com a terra;
i) Facilitar o acesso rápido e confiável aos dados gerados pelo cadastro a
todos os usuários que precisam informações de propriedades urbanas.
Um sistema cadastral é multifinalitário, quando as informações reunidas
permitem a solução de diferentes problemas. O sistema maneja eficientemente
diferentes informações fixas e periódicas para fins específicos. Estas
informações influenciam na quantificação e análise dos problemas urbanos,
econômicos, ambientais, sociais, legais e fiscais, subsidiando decisões quanto
ao planejamento, implantação, operação e administração.
Encontramos em Blachut (apud Kelm 1998) a afirmação de que o Cadastro
Técnico Multifinalitário – CTM deve ser entendido como um sistema de registro
da propriedade imobiliária, feito de forma geométrica e descritiva, constituindo-
se desta forma, o veículo mais ágil e completo, fornecendo parâmetros para
modelo de planejamento, levando-se em conta a estruturação e funcionalidade.
2.3) Objetivo do cadastro técnico multifinalistico
Ainda na obra de Kelm (1998) encontramos que suas finalidades mais
imediatas no nível municipal referem-se ao planejamento físico, controle do uso
do solo, à arrecadação municipal e à implantação dos serviços urbanos
(MENDONÇA, 1973).
Para Loch (apud Kelm 1998), o cadastro técnico multifinalitário é fundamentado
em diversos mapas temáticos que, quando relacionados entre si são
ferramentas ideais para o planejamento, mas conforme o mesmo autor grande
parte dos profissionais brasileiros confundem o cadastro imobiliário com o
cadastro multifinalitário.
É importante dizer que o cadastro imobiliário apenas faz a demarcação
fundiária, enquanto o multifinalitário, reúne informações de diversos cadastros
temáticos originais, permitindo a geração de outros produtos conforme as
solicitações dos mais variados clientes ou usuários.
De acordo com Silva (apud Kelm 1998), os objetivos do CTM são os
seguintes:
a) Cobrança justa de impostos;
b) Garantia da propriedade imobiliária;
c) Facilidade e economia nos processos de desapropriações legais;
d) Fiscalização da execução de planos de desenvolvimento regional para
obras em geral;
e) Geração de dados espaciais para um sistema de informações;
f) Geração de um inventário de terras;
g) Geração de uma base física para as operações de serviços públicos de
forma a permitir o(s):
Acuidade no planejamento,
Mapeamento das instalações de subsolo e áreas em escala
compatível com as necessidades,
Atualização cadastral,
Agir como meio de estabelecimento e manutenção de
desenvolvimento e regulamentação técnica.
2.4) Atualização cadastral
Segundo Loch e Silva (1994, p. 25):
[...]" a atualização cadastral é imprescindível para a existência do
Cadastro Técnico Multifinalitário devido à dinâmica do espaço
geográfico.
Esta atualização deve ser permanente e ser planejada juntamente
com a implantação do Cadastro Técnico Multifinalitário".
Segundo Muller e Erba (2000):
“o Cadastro Técnico necessita conhecer, acompanhar e registrar
estas alterações sob pena de ficar desatualizado, e converter-se
num instrumento de confiabilidade duvidosa no momento em que
seu banco de dados for consultado para a realização de avaliações,
transferências, compra e venda de imóveis, definição de valores
para a cobrança de IPTU, ITBI e outros impostos que incidem sobre
a terra, determinação de redes de água, luz, esgoto, telefone, etc.”
O cadastro ágil, preciso e moderno proporciona a garantia necessária para que
a atividade fiscal (tributária) seja exercida de forma justa, além de tornar-se um
canal de comunicação entre o governo e a população.
A administração governamental garante os recursos para novos investimentos,
que reverterão em benefícios para o contribuinte e a sociedade em geral.”
Para Loch [1992], o cadastro técnico multifinalitário é a única forma para
identificar e solucionar os problemas de demarcação, titulação, imposto predial,
uso racional da terra e consequentemente obter a conservação ambiental da
área, uma vez que esta é avaliada rigorosamente em suas características
físicas com o decorrer do tempo.
O conteúdo do cadastro técnico urbano fundamenta a base de cobrança de
impostos sobre a propriedade, que é a essência do cadastro fiscal.
De todos os tipos de cadastro que uma cidade pode necessitar, sem dúvida
nenhuma, no cadastro fiscal reside o de maior importância para uma
administração municipal.
As atenções voltadas para execução de um cadastro fiscal são redobradas,
haja visto que as informações subsidiam a arrecadação de tributos. As
motivações tributárias inscrevem-se entre as que normalmente resultam da
atividade cadastral, mas os verdadeiros fins ultrapassam esses limitados
intuitos fiscalistas.
[GUERREIRO,1989]. O cadastro fiscal numa administração municipal tem a
finalidade de fornecer as informações para a cobrança de impostos como: IPTU
(Imposto Predial Territorial e Urbano), ITBI (Imposto de Transmissão sobre
Bens Imóveis) e ISS (Imposto sobre Serviços).
3) CADASTROS
3.1) Cadastro Nacional Sincronizado
O Cadastro Nacional Sincronizado, ou simplesmente CADSIN, é a integração
dos procedimentos cadastrais das pessoas jurídicas nos diversos entes
estatais. Desde a substituição do antigo Cadastro Geral de Contribuintes - CGC
do Ministério da Fazenda a partir de 01/07/1998, pelo Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica - CNPJ, espera-se das administrações tributárias das
diferentes esferas do governo do País uma cooperação na busca da
simplificação de obrigações para os diversos cadastros. Entretanto, em função
de questões de legislação e de dificuldades de ordem operacional,
principalmente tecnológicas, apontadas à época, o CNPJ não conseguiu
atender aos objetivos previstos.
Em dezembro de 2003 foi aprovada a Emenda Constitucional nº 42, que
introduziu o inciso XXII ao art. 37 da Constituição Federal, determinando que
as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
cadastros e de informações fiscais.
Com a realização do 1º ENAT - Encontro Nacional de Administradores
Tributários, em 2004, que teve como objetivo a busca de soluções conjuntas
das três esferas de Governo, que possibilitassem uma atuação integrada e o
compartilhamento de informações fiscais e cadastrais entre as administrações
tributárias municipais, estaduais e federal, ficou acordado, através do
Protocolo de Cooperação ENAT nº 01/2004, a construção de um cadastro que
atendesse aos interesses das respectivas Administrações Tributárias.
Em 2005 é realizado o 2º ENAT e nele foram assinados novos protocolos de
cooperação, dentre eles o nº 01/2005, que altera o nº 01/2004, onde os
signatários se comprometem a envidar esforços para integrar ao sistema de
cadastro sincronizado, além das juntas comerciais e os cartórios de registro de
pessoas jurídicas, todos os demais órgãos da administração tributária e demais
entidades que participem do processo de formalização e legalização de
entidades e regulação de atividades econômicas.
Pode-se definir o Cadastro Sincronizado Nacional como a integração dos
procedimentos de cadastramento tributário entre as Administrações Tributárias
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e demais órgãos e
entidades que fazem parte do processo.
3.2) Objetivos do CADSIN - Cadastro Sincronizado Nacional
Os principais objetivos do CADSIN são:
a) A simplificação e racionalização dos processos de inscrição, alteração e
encerramento das pessoas jurídicas e demais entidades, e, como
consequência, a redução de custos e prazos;
b) A busca por uma harmonização das informações cadastrais das
pessoas jurídicas e demais entidades, de forma a permitir a realização
de procedimentos inerentes às administrações tributárias no Brasil, com
maior eficiência e eficácia.
A base do Projeto é a utilização do CNPJ como única inscrição cadastral em
todas as esferas de Governo, quais sejam, Federal, Estadual e Municipal. Não
haverá um cadastro único, mas sim, uma sincronização entre os cadastros dos
órgãos conveniados que continuarão a ter autonomia e gestão sobre os seus
respectivos cadastros.
As inscrições, alterações e baixas dos dados cadastrais dos estabelecimentos
serão efetuadas com o deferimento compartilhado entre os órgãos envolvidos
sendo que os atos de cadastro, praticados de ofício por um conveniado,
respeitadas as normas legais e sua competência, serão acatados pelos
demais. No caso de exigências cadastrais não impeditivas deverão ser
estabelecidos, pelos conveniados, prazo máximo de atendimento das
exigências pelo cidadão solicitante. Na falta do atendimento, decorrido o prazo,
o ato cadastral será considerado indeferido.
3.3) Cadastro Técnico Municipal
A deficiência de informações fidedignas sobre sua própria realidade é uma das
características de um grande número de municípios brasileiros. É muito
frequente o fato de executivos e legisladores municipais desconhecerem a
porção de seu território que é ocupada ilegalmente por edificações, assim
como é frequente, também, o desconhecimento da dimensão dos domicílios
em favelas ou dos loteamentos irregulares, apenas para citar dois exemplos.
A ausência de cadastros e mapeamentos confiáveis e atualizados constitui
obstáculo a uma política fiscal e ao planejamento urbano adequado. A
velocidade de urbanização e o crescimento desordenado das cidades exigem
dos administradores públicos novos instrumentos e modelos de gestão
municipal.
A cidade informal dos assentamentos precários e ocupações subnormais
cresce de forma mais rápida que a cidade legal, com profundos
desdobramentos na vida das pessoas e na gestão municipal.
Panorama das Aglomerações Subnormais segundo IBGE
..\..\Dropbox\Aglomerados Subnormais - IBGE.pdf
O Cadastro Técnico Municipal pode ser estabelecido para fins fiscais (com
avaliação e tributação equitativa), fins legais (transferência de títulos), para
apoiar no gerenciamento e uso do solo (para planejamento e outras finalidades
administrativas), e proporciona desenvolvimento sustentável e proteção
ambiental. Ele compreende desde as medições, que representam toda a parte
cartográfica, até a avaliação socioeconômica da população; a legislação local;
e a parte econômica, em que deve ser considerada a forma mais racional de
ocupação do espaço, desde a ocupação do solo de áreas rurais até o
zoneamento urbano.
O Cadastro Técnico Municipal foi proposto originalmente para finalidades de
tributação das propriedades rurais e urbanas. Embora algumas administrações
públicas municipais já utilizem este acervo para melhorar o desempenho dos
planejamentos ambiental, urbano, uso do solo rural e urbano, e outras
atribuições, a maioria dos municípios ainda não enxergou o potencial deste
cadastro.
O Cadastro Técnico Municipal pode ser definido como sendo um inventário de
propriedades urbanas e rurais, formado essencialmente por mapas ou plantas
que definem a situação espacial de propriedades, seus limites e suas
características, e por uma documentação descritiva que define dados técnicos,
econômicos e jurídicos, sendo que, ligado ao mapa cadastral, deve-se ter um
banco de dados que deve conter informações ligadas às finalidades para as
quais se realizou o cadastro.
Outra definição pode ser a de uma coleção sistematizada das informações
associadas que representam geometricamente e descritivamente o município,
incluindo informações sobre: cartografia, educação, tributos, fisco, infra
estrutura, legislação, obras, segurança, saúde, perímetro urbano, perímetro
rural e outros temas de responsabilidade da administração pública municipal.
O principal objetivo do Cadastro Técnico Municipal é dotar a Prefeitura de um
instrumento que oriente, sustente e dê apoio às tomadas de decisões, além de
ser um elemento fundamental e básico para a arrecadação municipal. Como o
Cadastro Técnico Municipal apresenta diversas subdivisões, cada uma possui
um objetivo próprio que juntos irão atender ao objetivo principal. Cabe aqui,
então, apresentar as subdivisões existentes bem como seus objetivos:
a) Cadastro imobiliário: Conjunto de arquivos nos quais são registradas
todas as propriedades, tanto os terrenos como também as construções,
ou seja, é conjunto de dados contendo o registro de dados da base
imobiliária do município.
b) Cadastro da infra estrutura urbana: Conjunto de arquivos contendo
dados sobre a rede de água, rede de esgoto, rede de energia elétrica,
rede telefônica, galerias de águas pluviais e elementos de urbanização.
c) Cadastro de equipamentos e serviços urbanos: É aquele que abrange o
universo de órgãos prestadores de serviços de ensino, saúde,
recreação, assistência técnica, etc.
d) Cadastro de produtores e prestadores de serviços ou cadastro
mobiliário: É aquele responsável pelo controle dos contribuintes, donos
de estabelecimentos comerciais, industriais, e de produção ou prestação
de serviço, inclusive dos profissionais liberais. Sua finalidade principal é
oferecer à gestão municipal informações necessárias para efetuar a
tributação sobre atividades econômicas.
e) Cadastro de usuários: É aquele que contém os dados (Nome, Endereço)
dos usuários de um determinado serviço.
f) Cadastro fiscal: Segundo Liporoni (2003), o Cadastro Fiscal é produto
decorrente da extração e processamento de dados do Cadastro Técnico
Urbano, da Base Cartográfica e da Planta de Valores
Georreferenciados. Este cadastro não se constitui como um instrumento
técnico, mas compõe o conjunto de dados do Sistema de Informações
Cadastrais do município, incluindo os dados necessários ao lançamento
dos tributos municipais, tais como: os impostos sobre a propriedade
imobiliária e sua transmissão e as taxas de serviços públicos. Entre
esses dados, destacam-se a identificação dos proprietários dos imóveis,
as áreas e valores venais de terrenos e edificações, inclusive os padrões
construtivos observados. O processamento destes dados, conforme a
legislação que institui a Planta de Valores e a legislação tributária
municipal vigente, resulta nos valores de lançamento de impostos e
taxas de base imobiliária.
g) Cadastro do patrimônio público: É uma relação de bens pertencentes ao
patrimônio público.
h) Cadastro técnico multi-finalitário: Trata-se do grande conjunto de
informações integradas de todas bases cadastrais citadas, de acordo
com o plano diretor de informação municipal. O Cadastro Técnico
Multifinalitário é um banco de dados fundamentado em medições no
plano das unidades imobiliárias, na legislação que rege a ocupação do
espaço e na economia, devendo ser o mais completo possível de
maneira que quaisquer usuários, sejam pessoas jurídicas ou instituições
públicas, possam recorrer a ele como base para fundamentar os
investimentos, resguardando-se as informações consideradas sigilosas,
tais como identificação de proprietários e dados a eles pertinentes. Pelas
suas características, o Cadastro Técnico Multifinalitário deve ser a base
dos planejamentos locais, municipais ou regionais.
3.4) A Importância do Cadastro na Auditoria de Tributos
Segundo Jund Filho (2000, p.32):
“A auditoria tributária objetiva o exame e a avaliação de
planejamento tributário e a eficiência e eficácia dos procedimentos e
controles adotados para a operação, pagamento e recuperação de
impostos, taxas e quaisquer ônus de natureza fisco-tributária que
incida nas operações, bens e documentos da empresa”.
O processo de Auditoria Fiscal pode resultar na detecção de procedimentos
que resultaram no não cumprimento da obrigação tributária (principal ou
acessória). O não cumprimento da obrigação tributária resulta em multas
pecuniárias, penas, ou aplicação de normas administrativas (certidões
positivas, não contratar com ente público, suspensão de isenções ou
imunidades etc.). Caracterizado a intenção dolosa do não cumprimento da
obrigação fiscal é evidenciado o ilícito tributário: fraude, sonegação ou crime
tributário.
Podemos perceber então que a auditoria de tributos é a administração dos
tributos por parte do Estado, e para que essa administração possa atingir
índices razoáveis de satisfação é necessária a identificação dos gargalos nas
seguintes fases:
a) registro e cadastro de contribuintes;
b) processamento da apuração do imposto e pagamentos; sistemas de
informática;
c) controle de omissos e inadimplentes; cobrança dos estoques em atraso;
auditoria; sanções e penalidades; serviços aos contribuintes e
publicidade; administração, organização e pessoal.
Como o presente trabalho trata exclusivamente do cadastro tributário, vamos
focar somente nos gargalos dessa fase. O registro e o cadastro são à base do
funcionamento do sistema. É fundamental a existência de controles e a
atualização constante de dados e informações. Para a manutenção de um bom
sistema, é salutar a utilização de um limite para registro, evitando-se o
cadastramento de um número excessivo de contribuintes.
Além do limite para registro de contribuintes, há a necessidade de que esse
registro seja o mais completo e o mais verídico possível, uma vez que será
através dele que identificaremos o contribuinte. Imaginemos, por exemplo, um
registro de contribuintes, pessoas físicas, sem a informação de CPF. Com
certeza encontraríamos o problema de homônimos sem a possibilidade de
identificação de qual seria o contribuinte responsável pelo tributo, o que
acarretaria no não recebimento do valor correspondente e a impossibilidade da
cobrança do mesmo. Outra possibilidade que podemos encontrar em um
registro incompleto ou inverídico é o caso de constituição de uma empresa cujo
endereço não existe, ou existe, mas a empresa não funciona no local, seria
impossível auditar a empresa para verificação se os impostos estão sendo
recolhidos de acordo com a legislação.
Hoje, na Prefeitura de Belo Horizonte, vem sendo feito um trabalho minucioso
de saneamento do cadastro tributário, como foi visto no item 9.2.3, visando
justamente minimizar as perdas causadas por informações incompletas ou
inverídicas constantes em nosso sistema. Vários são os problemas
encontrados no cadastro da PBH como, por exemplo, contribuintes
cadastrados sem CPF, nomes abreviados, contribuinte cadastrado com CPF do
pai ou do cônjuge, um mesmo contribuinte cadastrado diversas vezes, dentre
outros. Essas falhas no cadastro têm trazido enormes perdas aos cofres
municipais, uma vez que a Procuradoria Geral do Município não pode executar
uma cobrança judicial sem a correta informação do contribuinte, que consiste
em nome correto, e completo, atribuído ao correspondente número de CPF
cadastrado na Receita Federal.
Dentre as principais tarefas executadas no trabalho de saneamento do
cadastro tributário em Belo Horizonte, se destacam as seguintes:
• Unificação de pessoas iguais: consiste simplesmente em unificar os
cadastros de um determinado contribuinte, desde que esse apresente a
mesma grafia do nome e o mesmo CPF na base de dados. Por exemplo,
se existem 5 “José da Silva”, cadastrados sob o CPF “012.012.012-25”,
estes são unificados em um único registro. É feito automaticamente
através de uma rotina que roda periodicamente, vasculhando toda a
base cadastral. Até dezembro de 2009, já haviam sido unificados,
aproximadamente, 10.000 registros, que se transformaram em
aproximadamente 3.000.
• Acerto de CPF cadastrado: aqui o trabalho é executado manualmente.
Através de um relatório gerado através de consulta à base de dados,
onde foram identificadas duas ou mais pessoas cadastradas com o
mesmo CPF, são feitas consultas à base da Receita Federal, primeiro
para identificar qual o nome cadastrado para o referido número de CPF
e, depois, para tentar identificar o número de CPF correspondente aos
demais nomes. Aqui, também, podemos encontrar apenas pequenos
erros na grafia do nome.
Em dezembro de 2009 já haviam sido feitos, aproximadamente, 2.000 acertos.
• Pesquisa CPF contribuinte: bem semelhante ao anterior, só que aqui se
encontram os casos de contribuintes cadastrados sem número de CPF.
São feitas pesquisas na base da Receita Federal na tentativa de
identificação do CPF correspondente. Vale salientar que nas pesquisas
realizadas na tentativa de localizar o CPF são usados dois parâmetros
básicos: o nome tem que ser exatamente o mesmo e o endereço
cadastrado na Receita tem que ser o mesmo que um dos endereços
cadastrados na base da PBH. Em dezembro de 2009, aproximadamente
6.000 CPF’s foram incluídos.
• Acerto de nomes abreviados: pode ser executado nos dois trabalhos
anteriores ou sozinho. Pode ser que apareça o mesmo CPF, diferente
de 0, para um nome grafado completo e para o mesmo, só que
abreviado, e pode ser que um mesmo contribuinte sem CPF cadastrado
apresente um nome completo e outro abreviado. Além disso, ocorrem os
casos em que o nome está simplesmente abreviado e não se encaixa
nas condições citadas. Como esse serviço pode ter sido executado em
conjunto com os demais, não temos como estimar um número de
acertos aqui executados.
Esses, portanto, são os principais esforços que a Prefeitura de Belo Horizonte
vem executando, na busca de um cadastro mais “limpo” e correto para ajudar,
tanto na auditoria fiscal dos tributos, quanto na execução de cobrança judicial.
Vale dizer que ainda há muito a se fazer para tornar todo o cadastro tributário
mais seguro e confiável. Esses são esforços corretivos, ainda há de se fazer
uma concentração de esforços na questão evolutiva do cadastro.
3.5) A Importância do Cadastro na Arrecadação Municipal
A receita líquida de um município é composta por sua arrecadação própria e
pelas transferências constitucionais previstas. A arrecadação própria é
composta pelo IPTU, ISS, ITBI, Taxas e outras. Já entre as transferências se
destacam o FPM, o IPVA, o ICMS dentre outras. A composição desta receita
pode ser avaliada como sendo as transferências o volume principal,
principalmente em municípios de pequeno porte, e a arrecadação própria um
volume bem inferior. O crescimento das receitas próprias é a fonte mais
importante, juntamente com a racionalização de despesas, para a geração de
novos recursos.
Os municípios não podem se iludir com promessas de solução para seus
problemas financeiros e descuidar das suas receitas próprias, que vêm
crescendo devido ao esforço em dar resposta às demandas da população,
agravada pela descentralização de responsabilidades para os municípios,
desde 1989.
O orçamento é a peça mais importante da administração, pois nele estão
previstos todos os recursos a serem gastos ao longo do ano, que devem ser
iguais ao volume de receita prevista. Nesse volume, existem as receitas
próprias e as transferidas e, raramente, empréstimos. A soma dos impostos,
taxas e contribuições mais as transferências e, se houver, os empréstimos,
constitui a receita que deve empatar com as despesas previstas no orçamento.
3.5.1) IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
O IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - é o
segundo tributo em importância na receita tributária municipal, no caso
específico do município de Belo Horizonte. O fato gerador do IPTU é, nos
termos do Código Tributário Nacional, a propriedade, o domínio útil ou a posse
de bem imóvel, por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil,
localizado na zona urbana do município. Define-se fato gerador como a
ocorrência que permite ao poder tributante constituir o crédito tributário; é o
fundamento legal do tributo, a união entre o fato e a lei. O IPTU é calculado
multiplicando o valor venal do imóvel (valor atribuído pela Prefeitura) pela
alíquota.
O valor venal é obtido dos dados cadastrais e dos valores de m² do terreno e
da construção. Os dados cadastrais dos imóveis são fundamentais, desde o
nome do proprietário, endereço, localização do imóvel, área do terreno e suas
dimensões, área da construção, tipo, padrão e idade da construção.
A alíquota pode ser progressiva (cresce com o valor do imóvel) ou proporcional
(única e não depende do valor do imóvel). Muitos municípios cobram alíquota
progressiva, pois com isso fazem justiça fiscal, melhoram a arrecadação e
podem diminuir o ônus da cobrança do IPTU sobre imóveis de menor valor.
Muitas Prefeituras cobram alíquotas diferentes de acordo com o tipo de imóvel
(residencial, comercial, industrial e terreno). Para a cobrança deste imposto,
pressupõe-se que exista um mínimo de organização da Prefeitura para
atualização do seu cadastro, refletindo o que se passa realmente na Cidade.
a) Empecilhos à cobrança do IPTU
Vários são os empecilhos em que administração municipal esbarra para
cobrança justa do imposto:
O primeiro é político. O aumento do IPTU pode não ser bem visto, pois
afeta um número elevado de eleitores, que pressionam diretamente os
vereadores, que pressionam o prefeito, para diminuir os valores;
Outro problema reside no fato de que a arrecadação do IPTU às vezes
corresponde a uma parcela relativamente pequena na arrecadação total
do município, onde o aumento do imposto representa um incremento
relativamente pequeno de divisas. Além de incremento pequeno com
desgaste político, há necessidade de um grande investimento inicial,
para execução de um cadastro técnico, dinheiro de que o município
normalmente não dispõe.
b) Resultados do Geoprocessamento aplicado ao IPTU
Após todo o procedimento realizado pelo GIS é possível colher os resultados
do cadastramento ou do recadastramento. Somente para maior percepção
que a ferramenta de T. I. pode auxiliar à Fazenda Pública, algumas
majorações percentuais do IPTU ocorreram em diversos Municípios que
utilizaram o sistema.
Como exemplo, cita-se matéria publicada pelo INPE (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais) acerca do Município de São Sebastião, Estado de São
Paulo, cuja arrecadação do IPTU teve aumento de surpreendentes 31,71%
após implementar o GIS em 1999, apresentando tais resultados no ano de
2001.9
Corrobora a necessidade do GIS na melhoria da arrecadação, segundo
exemplo do Município de Rio Preto, interior de São Paulo, que no exercício
fiscal de 2009 apresentou incremento de 38% só no IPTU10.
Seguindo a mesma linha, bem mais recente, ocorreu em Ponta Grossa,
quarta cidade mais populosa do Estado do Paraná. Em 2014, com o uso do
geoprocessamento, a Prefeitura conseguiu angariar aos cofres públicos cerca
de R$ 24 milhões, somente em razão da cobrança sobre construções
irregulares11.
São inúmeras as matérias a respeito do Geoprocessamento como ferramenta
usada pelos Municípios para o aumento da arrecadação tributária. Ao
mencionar os Municípios, principalmente os de interior, o IPTU é um dos
tributos mais importantes do ente público, pois é aquele quem mais
representa a possibilidade de arrecadação por recursos próprios.
Sendo assim, natural e necessário o aumento da busca pelos Municípios de
empresas prestadoras do serviço do geoprocesssamento. A tecnologia
investida, como visto em alguns exemplos, traz evidente benefícios
financeiros aos cofres públicos, o que possibilita reverter em projetos e
iniciativas da gestão administrativa.
3.5.2) ITBI - Imposto sobre Transmissão de Bens
O ITBI - Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis é cobrado quando da
venda de um imóvel. Antes de 1989 era cobrado pelo Estado e repassado a
metade do valor arrecadado aos municípios. Após a Constituição de 88,
passou a ser de integral responsabilidade do município. Era comum fazer-se
uma escritura por valor muito inferior ao da transação real.
Normalmente tem uma alíquota de 2%, sobre o valor da transação ou o venal,
o que for maior.
Atualmente, as Prefeituras preocupam-se em obter o valor correto do imóvel. O
valor venal passou a ser importante, não apenas para o IPTU, mas também
para o ITBI, servindo a Planta de Valores para os dois impostos.
Quando se obtém o valor da escritura, a Prefeitura pode controlar o valor das
transações, estabelecendo que para a transação ocorrer é necessário o aval da
Prefeitura quanto ao valor.
A Planta de Valores, como o próprio nome diz, são plantas da zona urbana da
cidade que apresentam os valores dos m² dos terrenos com ou sem
benfeitorias, quadra por quadra e que tem sua maior função na arrecadação
dos tributos imobiliários. A elaboração ou a atualização da planta de valores é
essencialmente técnica.
Uma planta de valores atualizada proporciona, dentre outros, os seguintes
benefícios:
a) Publicidade dos valores de mercado dos imóveis, evitando que a
população desinformada seja explorada ou ludibriada;
b) Valores ajustados ao mercado, de forma uniforme e sem prejudicar ou
beneficiar determinado grupo de proprietários;
c) Possibilidade de aplicação de uma política tributária transparente e com
justiça fiscal;
d) Diminuição da sonegação de IPTU, ITBI e outros tributos;
e) Aumento da arrecadação, principalmente do ITBI, e aplicação desses
recursos em benefício do cidadão;
f) Possibilidade de diminuição dos impostos, em razão do aumento da
arrecadação.
3.5.3) ISSQN - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza
O ISS - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é mais cobrado nos
municípios médios e grandes. O setor de serviços é o que mais cresce no país
e o que apresenta maior potencial de cobrança.
Na prática, poucos contribuintes são responsáveis pela maior parte da
arrecadação, enquanto a participação da maioria representa pequena parte do
total. O cálculo do ISS tem como base o preço dos serviços prestados.
A fiscalização é difícil, especialmente em pequenos estabelecimentos, pois
normalmente boa parte não emite nota fiscal. Para esses casos, estima-se qual
deve ser o volume aproximado de prestação de serviços e, sobre esse volume,
se aplica um determinado percentual. Isso permite diminuir os custos da
fiscalização e crescer a arrecadação.
Com relação aos estabelecimentos de maior porte que pagam com base no
preço dos serviços prestados, o problema é, muitas vezes, o atraso ou a falta
do recolhimento do imposto, sendo de suma o controle sobre eles.
As alíquotas mais comuns utilizadas pelos municípios e definidas em Lei
Municipal são as seguintes:
a) 2 ou 3% para os serviços de construção civil, de saúde e de educação,
b) 10% para diversões públicas e,
c) 5% para os demais serviços.
A alíquota mínima pela Constituição é de 2%. A Lei Complementar nº 116/02
ampliou a lista de serviços sujeitos ao ISS e estabeleceu o local da prestação
dos serviços como base para o recolhimento.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp116.htm.
3.6) Problemas Encontrados
Observa-se, nos últimos anos, uma crescente preocupação com a questão
territorial, especialmente em países em desenvolvimento, devido ao rápido
aumento populacional e consequente demanda pela terra, o que provoca a
elevação do seu valor de mercado.
Diante desta situação, A FIG (Federação Internacional de Geômetras)
recomenda aos seus países membros, do qual o Brasil é parte integrante,
melhorar o sistema de registros territoriais legais e técnicos para obter um
maior aproveitamento econômico e social do recurso "Terra". No Brasil, o
Cadastro municipal, na sua atual interpretação, está longe de possuir o atributo
"Napoleônico".
Em áreas urbanas, as prefeituras limitam este registro às necessidades
tributárias para o cálculo e o gerenciamento do IPTU.
a) Cadastro municipal
O Cadastro municipal, para atender às necessidades do sistema registral, deve
ser aperfeiçoado e modernizado de forma a apresentar um registro técnico do
domínio da propriedade imóvel, no sentido do "Cadastro Napoleônico", onde os
dados da posse são registrados apenas como mais um "atributo" das unidades
legais, os lotes ou parcelas.
É comum encontrar nas prefeituras municipais brasileiras departamentos de
cadastro imobiliário, com informações desatualizadas e nem sempre
disponíveis para a população ou mesmo para outros departamentos da própria
prefeitura.
A situação precária em que se encontram os atuais sistemas cadastrais da
maioria das prefeituras brasileiras, ou seja, a falta de metodologias de
implantação dos sistemas cadastrais em menor tempo e com menos erros,
tanto nos levantamentos de campo quanto na informatização dos dados
levantados, pois esses trabalhos são reconhecidamente morosos e sujeitos a
muitos erros humanos, proporcionando um alto custo dos mesmos.
b) Software de geoprocessamento
Além disso, as administrações municipais necessitam de programas de
informática que possam ser integralmente implantados nas prefeituras, onde os
próprios funcionários possam manipulá-los tanto para atualização cadastral e
elaboração de relatórios quanto para cálculo de impostos, taxas e emissão de
boletos de cobrança.
Atualmente, esses programas de informática são implantados nas prefeituras,
na maior parte das vezes, em sistema de locação, ou seja, a prefeitura possui
uma concessão de uso mediante um pagamento periódico e normalmente tem
acesso apenas às funções de atualização e elaboração de relatórios, ficando
assim dependente da empresa fornecedora do programa de informática para a
geração dos arquivos de cálculo de impostos e taxas, além da emissão de
boletos de cobrança.
Não se deve deixar de mencionar um importante aspecto técnico que influencia
fortemente as intenções políticas de mudanças, no que diz respeito à
modernização da administração municipal, através da implantação de Sistemas
de Informações Geográficas (SIG). Trata-se do fato de os atuais sistemas de
tributação e gerenciamento de informações cadastrais não utilizarem uma
arquitetura com banco de dados único e relacional, ou seja, o mesmo banco de
dados utilizado por um Sistema de Informações Geográficas.
Vale ressaltar o SIG (Sistemas de Informações Geográficas) que se baseia na
utilização de um banco de dados comum entre a tributação referente ao
imóvel e o destinado a outras funções da administração territorial dos
municípios, além de ser um poderoso instrumento de planejamento, poderá
trazer valiosos benefícios na busca da justiça tributária.
Embora o Cadastro Imobiliário contenha as informações referentes aos imóveis
a serem tributados, sabe-se que a eficiência e a justiça tributárias dependem
também dos outros componentes do sistema tributário, tais como, da
metodologia avaliatória e da legislação municipal. Grande parte das injustiças
tributárias é produzida por uma metodologia ultrapassada herdada do primeiro
cadastramento imobiliário realizado há mais de trinta anos.
Por exemplo, a adoção de zonas fiscais para o cálculo do valor do terreno ao
invés de valores por face de quadra. Com relação às edificações, o erro
concentra-se na eleição de um critério de pontos, muitas vezes ilógico e
complexo, ao invés da classificação dos imóveis em tipologias construtivas, de
forma simples e lógica.
Em outros casos, os problemas advêm da legislação tributária municipal,
contendo várias alíquotas espacial e de valor, que produzem descontinuidades
e, principalmente, iniquidades (imóveis de valor semelhante com tributos
distintos).
O controle administrativo em separado das funções do registro imobiliário e
levantamento cadastral tem sido uma das maiores barreiras nos processos de
reforma cadastral. É muito importante considerar, no entanto, que decisões
sobre sistemas de registro e cadastro devem considerar os contextos sociais,
culturais e políticos locais.
a) Falta de legislação adequada
O cadastro urbano recente-se da falta de leis cadastrais que possam direcionar
e impor linhas de ação mínima para a implantação e atualização de projetos
cadastrais.
Quando se atua no assessoramento de projetos cadastrais nos municípios
brasileiros, antes da falta de legislação, normalmente se encontram os
seguintes problemas:
Falta de pessoal nas equipes de cartografia, cadastro e
geoprocessamento; Falta de recursos em termos de equipamentos e
programas de informática para a gestão da informação;
Falta de harmonia e de integração entre as equipes de gestão e de
coleta de informações;
Demora para a realização dos projetos devido a entraves burocráticos;
insuficiência de dados de qualidade para a gestão do território visando a
geração de planos.
b) Dificuldades na tributação da propriedade urbana
Para Averbeck (2005), a tributação da propriedade urbana deve levar em
consideração uma série de elementos:
a) Os municípios não estão conseguindo manter atualizados os cadastros
imobiliários e as plantas de valores, para o planejamento urbano e a
política tributária local;
b) A cidade informal possui baixo índice de registro legal, de cadastro nos
órgãos públicos, agravando a desigualdade social;
c) As políticas públicas e leis de planejamento urbano têm dificuldade de
atendimento às demandas das classes mais desfavorecidas;
d) A conquista de uma lei de desenvolvimento urbano (Estatuto da Cidade)
trouxe instrumentos de intervenção no território favorecendo ações para
seu melhor ordenamento, mas que exigem o conhecimento da realidade
local;
e) A LRF e os TCE exigem dos administradores públicos maior
responsabilidade na gestão dos recursos;
f) A desatualização dos cadastros e plantas de valores é elevada e
provoca baixa arrecadação;
g) A política tributária fica prejudicada, com forte componente de injustiça
fiscal.
4) O CADASTRO TÉCNICO MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE
4.1) Estruturação do Cadastro Técnico Municipal
Segundo documento produzido pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), o Cadastro Técnico Municipal (CTM) deve ser
estruturado em cinco cadastros básicos:
a) O Cadastro Único de Contribuintes, com os dados de todas as pessoas,
físicas e jurídicas, sujeitas a algum tributo municipal;
b) O Cadastro Imobiliário Municipal, contendo as características de todos
os imóveis e edificações existentes no município;
c) O Cadastro de Logradouros (Ruas, Avenidas, Praças, etc.); e o
d) O Cadastro econômico, com os dados dos contribuintes sujeitos a algum
tipo tributo (ISS, IPTU, etc.).
O modelo adotado em Belo Horizonte não difere muito dessa proposta, mesmo
tendo sido criado anteriormente a ela, além de contar com os dados
organizados e categorizados de modo a permitir melhor distribuição de
responsabilidades entre as diversas áreas de negócios envolvidas.
Belo Horizonte possui um acervo considerável de dados e mapas, que vão
desde na época de sua fundação até os dias atuais. A implantação do
Cadastro Técnico Municipal na década de 70 alterou substancialmente a forma
de obter, manter e divulgar as informações urbanas básicas. O órgão
responsável pelo armazenamento e atualização desse acervo foi a
PRODABEL, empresa de Informática e Informação do Município de Belo
Horizonte, trazendo vantagens consideráveis para a administração municipal
uma vez que o trabalho o resultado de integração da equipe especializada em
cartografia e a especializada em informática do que possibilitou a troca de
experiências no compartilhamento de informações de ambas as partes.
A manipulação da mapoteca passou a ser mais organizada e sistemática e os
especialistas em cadastro puderam assim ter contato com sistemas
informatizados como os do IPTU e do ISS.
A cartografia digital possibilitou a sua utilização para a atualização das bases
de dados desses sistemas, assim como fazer levantamentos em campo que
servissem para atualizar a mapoteca existente, refletindo nos sistemas
alfanuméricos.
4.2) A situação atual do cadastro em Belo Horizonte
Há alguns anos atrás o Município de Belo Horizonte apresentava em seu
cadastro tributário algumas características que o transformavam no grande
vilão da arrecadação municipal. Dentre essas características destaca-se que o
cadastro tributário estava desconectado dos demais cadastros, encontrava-se
desordenado, desatualizado e incompleto, além de apresentar
incompatibilidades e de se mostrar indisciplinado em alguns aspectos.
Algumas questões que confirmam essa situação seriam:
A questão da base de dados se encontrava dispersa entre as diversas
unidades da PBH;
A atualização dessa base de dados era feita esporadicamente e sem
nenhum tipo de planejamento prévio;
A infraestrutura deficiente e o pouco treinamento dos funcionários
envolvidos;
Dificuldades no contato com atores fora da Secretaria de Finanças;
O desconhecimento do potencial do Geoprocessamento e sua utilização
localizada; e,
Séries históricas pontuais e restritas a algumas unidades.
Então, começou-se a pensar no que seria o cadastro ideal para Belo Horizonte
bem como seriam as medidas para se alcançar esse objetivo, chegando-se a
conclusão de que, para tornar o cadastro tributário municipal eficiente, seria
necessário que houvesse não só uma reestruturação normativa, organizativa e
tecnológica do cadastro, bem como sua atualização e modernização.
4.3) Gerência de Cadastros Tributários – Belo Horizonte
Em agosto de 2006 foi criada a Gerência de Cadastros Tributários, dentro da
estrutura da Secretaria Municipal de Finanças, com a competência de
administrar as atividades relacionadas aos cadastros tributários, base para o
lançamento dos tributos municipais, bem como acompanhar e coordenar os
trabalhos de reformulação da base geográfica dos cadastros municipais e sua
utilização como instrumento de informação, aglutinação e integração inter
setorial, coordenar as atividades de compatibilização das informações relativas
aos cadastros tributários nos sistemas legados e sua manutenção integrada e
promover, acompanhar e coordenar a sistematização dos conceitos e
terminologias adotadas pelas diversas áreas envolvidas na geração e utilização
das informações cadastrais.
A Gerência de Cadastros Tributários encontra-se subdividida em outras
gerências para poder administrar os diversos cadastros que compõem o
Cadastro Técnico Municipal. Essas gerências são:
• Gerência de Informações do Cadastro Físico, que tem como atribuições
básicas planejar, controlar e coordenar os procedimentos de inscrição
de imóveis no Cadastro Imobiliário Tributário Municipal, além disso,
procura manter a base cartográfica de referência da inscrição imobiliária
além de planejar, controlar e coordenar os procedimentos de inscrição
de engenhos de publicidade. Ou seja, toda a parte que diz respeito ao
cadastro imobiliário está sob a responsabilidade desta gerência;
• Gerência de Informações do Cadastro Econômico, com os objetivos de
planejar, controlar e coordenar os procedimentos de inscrição tanto dos
proprietários de imóveis do Cadastro Imobiliário, como das pessoas
jurídicas que compõem o Cadastro Municipal de Contribuintes de
Tributos Mobiliários, e demais pessoas jurídicas e profissionais
autônomos que compõem o Cadastro Econômico Tributário Municipal,
além de planejar, controlar e coordenar os procedimentos de
georeferenciamento dos dados do Cadastro Econômico Tributário
Municipal;
• Gerência de Informação Cadastral e Saneamento, com a competência
de coordenar as ações de saneamento, controle e acompanhamento
das bases cadastrais tributárias, bem como coordenar, administrar e
manter as informações dos cadastros tributários na base geográfica
digital além de produzir análises espaciais para o gerenciamento de
ações relacionadas aos tributos municipais. Ainda deve promover
estudos e pesquisas que identifiquem problemas nas bases cadastrais
tributárias, propondo soluções para o seu saneamento.
4.4) Projetos da Gerência de Cadastros Tributários
No intuito de melhorar a qualidade do cadastro tributário bem como a
arrecadação municipal, a Gerência de Cadastros Tributários desenvolve alguns
projetos que envolvem toda a sua estrutura gerencial e empresas terceirizadas
para auxílio na execução desses projetos.
Vamos apresentar alguns desses projetos, sendo que alguns já estão
concluídos, outros em andamento e outros ainda para iniciar.
4.2.1) Projeto de Recadastramento Imobiliário
O projeto em questão tem como objetivo principal melhorar a qualidade do
Cadastro Imobiliário, atualizando sua base de dados de acordo com a situação
fática dos imóveis e aumentar sua cobertura para toda a área do Município, à
exceção das Vilas e Aglomerados não aprovados, utilizando os produtos do
levantamento aerofotogramétrico e do perfilhamento a laser. Ele encontra-se
subdivido em dois subprojetos:
4.2.1.1 Áreas não Lançadas no Cadastro Imobiliário - O objetivo deste
subprojeto é efetuar o cadastro de todos os imóveis existentes em
Belo Horizonte e não incluídos no Cadastro Imobiliário. Esse
subprojeto já teve seu início com a implementação de um projeto
piloto desenvolvido em uma determinada área da cidade, bairro Novo
Santa Cecília na regional Barreiro, no período de julho a outubro de
2009 e que tem como resultado esperado incluir todos os imóveis
pertencentes ao referido bairro, promovendo o lançamento tributário
do IPTU para 2010 e criar a metodologia de inclusão para as demais
áreas do município. Deverão ser cadastros aproximadamente 480
imóveis na região, o que já causará um impacto na arrecadação do
município para o próximo exercício (2010).
4.2.1.2 Recadastramento de Acréscimos Construtivos Apontados pelo
Aerolevantamento e Perfilamento a Laser - O objetivo aqui é
recadastrar algo em torno de 95.000 imóveis com acréscimo
construtivo apontado pelo aerolevantamento. A partir da identificação
dos imóveis com acréscimos construtivos, realizado a partir da
comparação entre o cadastro atual e o resultado do levantamento
aerofotogamétrico e do perfilamento a laser, apurar e atualizar o
Cadastro Imobiliário desses 95.000 imóveis.
Esse projeto teve seu início em julho de 2008 e tem como prazo final dezembro
de 2010.
4.2.2) Revisão dos Procedimentos de Baixa de Empresas.
Esse projeto visa melhorar o ambiente de negócios de Belo Horizonte com a
redução dos prazos para fechamento de empresas, com foco na otimização
dos processos relacionados à Secretaria Municipal de Finanças.
Assim como o projeto de Recadastramento Imobiliários, aqui também
encontramos dois subprojetos:
4.2.2.1 Revisão dos Procedimentos de Baixa de Micro-Empresas e Empresas
de Pequeno Porte - O que se pretende com esse projeto é reduzir o
prazo médio de 60 dias para 10 dias em 90% do total de concessão de
baixa de microempresas, empresas de pequeno porte e dos
empreendedores individuais, após o recebimento do pedido do
contribuinte. Para alcançar tal objetivo serão necessárias a otimização
do processo de baixa de empresas de pequeno e médio porte no
município de Belo Horizonte, bem como dos processos de trabalho e a
automação dos procedimentos de identificação levantamento e
eventual lançamentos de créditos tributários. O projeto teve seu início
em julho de 2009 com previsão de término para maio de 2010.
4.2.2.2 Revisão dos Procedimentos de Baixa por Mudança de Endereço
entre Municípios - Aqui o objetivo é melhorar o ambiente de negócios
de Belo Horizonte com a redução dos prazos para fechamento de
empresas, com foco na otimização dos processos relacionados à
Secretaria Municipal de Finanças. Pretende-se, com isso, reduzir o
prazo médio de 20 (vinte) dias para 1 (hum) dia da baixa de qualquer
empresa, por solicitação de mudança de endereço do município de
Belo Horizonte para qualquer município do Brasil, com previsão de
implantação até agosto de 2009.
4.2.3) Revisão do “Lixo” Cadastral
Esse projeto visa corrigir toda informação cadastral que esteja errada ou
incompleta na base de dados da Prefeitura. Os erros mais comuns são os de
nomes de contribuinte grafados errados, contribuintes cadastrados sem o
número do CPF/CNPJ, o mesmo CPF/CNPJ cadastrado para contribuintes
diferentes, dentre outros. Dentro deste projeto também está a alteração de
lotes e quarteirões do índice cadastral de imóveis para se evitar duplicidades
de índices. É um projeto sem data fim uma vez que está sempre sendo
executado para se apurar e corrigir os referidos erros.
4.3) Resultados obtidos pela Gerência de Cadastros Tributários
A execução dos projetos listados anteriormente já começa a apresentar
resultados. Por exemplo, na execução do projeto de “Revisão do Lixo
Cadastral” já foram atualizados mais de 20.000 (vinte mil) CPFs/CNPJs de
contribuintes que, ou não tinham o número cadastrado, ou o nome continha
algum erro na grafia. Ainda nesse projeto, foram também corrigidos mais de
4.000 (quatro mil) índices em relação a área de terreno ou fração ideal e em
cerca de 37.000 (trinta e sete mil) índices foi efetuado o acerto com relação a
Zona Fiscal do mesmo.
O projeto-piloto do subprojeto “Áreas não Lançadas no Cadastro Imobiliário”,
relativo ao bairro Novo Santa Cecília, em novembro de 2009, já está em fase
de inclusão dos índices cadastrais gerados, cerca de 470 (quatrocentos e
setenta), no sistema de cadastro imobiliário.
Já o projeto “Recadastramento de Acréscimos Construtivos” apresentou, até o
mês de novembro, algo em torno de 25% do total previsto já apurado e,
consequentemente, alterado no cadastro.
Esses são os projetos que já apresentaram resultados, enquanto os demais
estão em fase final de implantação, faltando apenas a realização de testes para
começarem a ser utilizados e gerarem os resultados almejados em seus
objetivos principais.
5) Desmoronamento de terra – Fatores de influência
O geoprocessamento é instrumento útil na avaliação de probabilidades de
escoamento de terra decorrente da ocupação humana desordenado do solo
que representa o fator decisivo na aceleração dos processos erosivos que são
comandados por fatores naturais passiveis de previsão através dos dados
obtidos e informações geradas por esta ciência.
a) Volume d’água que atinge o terreno: o volume d’água e sua distribuição
no tempo e espaço são determinantes da velocidade dos processos
erosivos;
b) Cobertura vegetal: o tipo de cobertura vegetal determina a maior ou
menor proteção contra o impacto e a remoção das partículas de solo
pela
c) água;
d) Tipo de solo/rocha: determina a suscetibilidade dos terrenos à erosão (à
erodibilidade), em função de suas características texturais (argilosos,
siltosos e arenosos), estruturais, de espessura de solos etc.;
e) Lençol freático: a profundidade do lençol freático nos solos é fator
decisivo para o desenvolvimento de voçorocas;
f) Topografia: maiores declividades determinam maiores velocidades de
escoamento das águas, aumentando sua capacidade erosiva. Maior
g) comprimento da encosta implica maior tempo de escoamento e,
consequentemente, maior erosão.
6) Plano Diretor Municipal
a) O que é
O Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento do
Município. Tem como finalidade regular a ocupação e proporcionar
sustentabilidade e melhores condições de vida para a população.
O Plano Diretor deve propor diretrizes que norteiem os agentes públicos e
privados sobre o que deve ou não ser feito no território do município. Nele são
identificadas e delimitadas as áreas urbanas e rurais e traçadas as estratégias
para o seu desenvolvimento, buscando assim assegurar os direitos
fundamentais, a sustentabilidade e o atendimento pleno às demandas da
população.
“A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no
plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos
cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao
desenvolvimento das atividades econômicas, (…)” (BRASIL. Lei nº
10.257 de 10 de julho de 2001, capítulo III, art. 39)
O Plano Diretor está previsto na Constituição Federal e no Estatuto da Cidade
(Lei nº 10.257/2001) como um dos instrumentos básicos da política urbana. É
altamente recomendado para todos os municípios brasileiros, e obrigatório
para cidades:
Com mais de vinte mil habitantes;
Integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
Integrantes de áreas de especial interesse turístico; ou
Inseridas em área de influência de empreendimentos ou atividades com
significativo impacto ambiental.
b) Objetivo
O Plano Diretor tem como objetivo orientar as ações do poder público, à fim de
promover a ordenação dos espaços do município, a urbanização e a
sustentabilidade, garantindo o direito à cidade e à cidadania de forma mais
justa e a qualidade de vida à população local, tornando possível o
desenvolvimento das funções sociais da cidade como um todo, bem como de
cada propriedade em particular.
c) Gestão democrática: a cidade planejada por todos
É importante que haja a participação da população ao longo das etapas de
elaboração do Plano Diretor. Para isso, o Estatuto da Cidade, no artigo 40, §4º,
define a realização de audiências públicas e debates com a participação da
população e outros agentes envolvidos na comunidade, como elemento a ser
garantido pelos Poderes Legislativo e Executivo municipais. Essa ação não
deve ser realizada apenas para cumprir uma exigência legal, trata-se de um
elemento fundamental na identificação das questões municipais que envolvem
toda a comunidade. Para que haja melhora na qualidade de vida da população
é importante que a população se expresse e seja ouvida.
6) CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao fim deste trabalho de pesquisa pode-se concluir que, como as diversas
definições apresentadas e a evolução histórica dos cadastros, tanto no mundo,
quanto no Brasil, o cadastro tributário é o alicerce da arrecadação municipal.
A receita líquida de um município é composta por sua arrecadação própria e
pelas transferências constitucionais previstas. Se o cadastro tributário
municipal não for confiável, com informações desatualizadas e nem sempre
disponíveis para a população ou mesmo para outros departamentos da própria
prefeitura, isso refletirá direta e negativamente em sua arrecadação.
O cadastro tributário no município de Belo Horizonte, que foi utilizado como
referência, apresenta ainda muitos problemas que, aos poucos, com várias
medidas corretivas e também preventivas, estão sendo sanados.
A criação de uma gerência específica para tratar do cadastro tributário, dentro
do âmbito da Secretaria Municipal de Finanças, vem se mostrando uma medida
altamente produtiva para se alcançar o que deve ser um cadastro ideal.
As ações que já estão sendo desenvolvidas pela gerência já mostram uma
melhora considerável na arrecadação municipal, não só pelas revisões nos
atos de baixa de empresas e o projeto de recadastramento imobiliário, mas,
principalmente, pela limpeza do lixo cadastral existente.
Só o fato de se tirar do cadastro tudo aquilo que não serve para nada, acertar
aquelas informações que estão divergentes das reais e completar aquelas que
faltam, não só geram um ganho de arrecadação como facilitam a execução de
diversas outras tarefas, que, certamente, também irão refletir na melhora da
execução dos serviços prestados pela administração.
No que tange a auditoria dos tributos, o cadastro se mostra altamente
relevante para a obtenção de sucesso nos serviços, afinal a auditoria de
tributos é a administração dos tributos por parte do Estado, se existir um
gargalo na fase de registro e cadastro de contribuintes, este deverá ser
identificado e combatido.
O registro e o cadastro são as bases do funcionamento do sistema. Um
cadastro com informações abrangentes e confiáveis torna o serviço de
auditoria fiscal mais simples, fácil e eficiente, sem contar que economiza
bastante tempo para a execução dos serviços.
Na Prefeitura de Belo Horizonte, o que podemos perceber, com as medidas
adotadas pela Gerência de Cadastro, é uma melhora considerável na produção
dos serviços de auditoria fiscal, o que acarreta no incremento da arrecadação,
além de ajudar nos serviços da Procuradoria Geral do Município, em suas
execuções fiscais, com a possibilidade de localização e identificação do real
responsável pelo tributo.
O cadastro tributário merece ser tratado com todo cuidado pela administração
pública, pois ele é a fonte de recursos para a execução e manutenção de
medidas essenciais para a sobrevivência dos municípios, estados e da União.
Todas as possibilidades de melhoria na constituição, manutenção e correção
dos cadastros devem ser avaliadas e colocadas em execução, para facilitar a
execução dos serviços e melhorar a captação dos recursos de maneira a
garantir a melhor justiça tributária para seus contribuintes.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm
http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/101340/estatuto-da-
cidade-lei-10257-01
..\..\Dropbox\Geoprocessamento e planejamento - Slides.ppt
7) Geoprocessamento na arrecadação tributária
Pela excelência da publicação referente à aplicação do geoprocessamento no
aumento da arrecadação tributário municipal, apresentamos o link abaixo:
https://andersonlcnascimento.jusbrasil.com.br/artigos/395406117/a-
arrecadacao-tributaria-com-o-uso-das-ferramentas-da-tecnologia-da-
informacao-ti-o-papel-contributivo-do-geoprocessamento-aplicado-ao-
iptu?ref=topic_feed
8) CONCLUSÃO
Conforme visto, o Geoprocessamento é uma ferramenta da Tecnologia da
Informação (T. I) que auxilia o fisco na arrecadação e na fiscalização
tributária. O fisco, porém deve se ater aos limites impostos
pela Constituição e pelas leis infraconstitucionais, para que não sejam
acometidos abusos de direito ou excesso de poder.
Conclui-se que a gestão tributária é válida, pois a tecnologia permite que os
tributos instituídos pelos Entes Federativos possam ser efetivamente
cobrados, evitando-se a evasão fiscal, além de permitir o melhor
acompanhamento da fiscalização.
Consequentemente, o impacto sobre a melhor arrecadação dos tributos pelo
uso do GIS é notória e de suma importância ao fisco, vez que com a
majoração da arrecadação, a Administração Pública poderá CONVERTER
os valores arrecadados em melhorias dos serviços públicos, obras e
reformas. É válido e importante ao fisco, como também à coletividade.
Quanto mais completo for os dados, melhor o Georreferenciamento realizado
pelo Poder Público evitando-se os embates entre as partes
(contribuintes versus fisco). A cautela do gestor deve ser ressaltada, posto
que existem os limites constitucionais ao poder de tributar, porém o uso
adequado da tecnologia lhe permite ser a arma aliada na gestão
administrativa.
_________________________________
Autor : Eng. Sebastião Carlos Martins
E-Mail : [email protected]
Fone : (31) 99645-0801
REFERÊNCIAS
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em: HTTP://www.receita.fazenda.br/cadastrosincronizado (acesso em março
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Científica. São Paulo: PINI, 1998. 242 p.
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avaliação da progressão da degradação ambiental em área de mineração de
carvão. [on line] disponível em:
http://www.geodesia.ufsc.br/geodesiaonline/arquivo/cobrac98/109/109.htm.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm
http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/101340/estatuto-da-
cidade-lei-10257-01
..\..\Dropbox\Geoprocessamento e planejamento - Slides.ppt
Geoprocessamento na arrecadação tributária
https://andersonlcnascimento.jusbrasil.com.br/artigos/395406117/a-
arrecadacao-tributaria-com-o-uso-das-ferramentas-da-tecnologia-da-
informacao-ti-o-papel-contributivo-do-geoprocessamento-aplicado-ao-
iptu?ref=topic_feed