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GESTÃO DE RESÍDUOS
Bernardo [email protected]
18 de Novembro de 2008
LEAMB - População, Recursos e Ambiente1º Ano / 1º Semestre - 2007-08Aulas Teóricas
Índice
• Definição de Resíduos;• Evolução Histórica;• Problemática da Gestão de Resíduos. Conceito de
Gestão Integrada e Gestão de Resíduos Urbanos;• Classificação de Resíduos;• Conceitos de fileira e fluxo;• Produção de RU’S.• Prevenção, Redução na Fonte e Reutilização;• Valorização e Tratamento de Resíduos;• Confinamento de Resíduos.• Situação em Portugal.
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Conceito de Resíduos (i)
Entende-se por resíduos, quaisquer substâncias ou objectos de que o
detentor se desfaz ou tem a intenção ou obrigação de se desfazer,
nomeadamente os identificados na Lista Europeia de Resíduos.
(D.L. nº 178/2006 de 5 de Setembro) .
Conceito de Resíduos (ii)
Fonte: DL nº178/2006 de 5 de Setembro
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A evolução histórica da gestão de resíduos
• A problemática da gestão de resíduos é um assunto que tem acompanhado a evolução das sociedades humanas, desde a transição do nomadismo para o sedentarismo.
• A primeira lixeira municipal surgiu em Atenas (500 A.C.) (Melosi, 1981);
• Registos da utilização do compostagem em Knossos, Creta, há cerca de 4000 anos (Rathjee Murphy, 1992);
A evolução histórica da gestão de resíduos (ii)
• 1840 – mundo ocidental entra na “Idade do Saneamento”: novas descobertas científicas no campo da saúde pública dão origem a abordagens colectivas.
• No final do séc. XIX, princípio do XX –desenvolvimento de serviços municipais de saneamento (recolha de resíduos urbanos, limpeza das ruas, drenagem de esgotos.
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A evolução histórica da gestão de resíduos (iii)
• 1874 - Primeiro incinerador surge em Nottingham, Inglaterra sendo depois a tecnologia exportada para os EUA (Nova Iorque) em 1885;
• 1920 - Aterros como obras de engenharia, com base nas preocupações de saúde pública da época.
• Finais da década de 1960, princípio dos anos 70 –surgimento da reciclagem como opção técnica para a gestão dos RU (EUA, Canadá e países mais desenvolvidos do Centro e Norte da Europa;
• Anos 80 e 90 do séc. XX – revolução científica e tecnológica nas tecnologias e práticas de gestão de resíduos.
Problemática Gestão Resíduos
• Taxa crescente de produção de resíduos percapita e diminuição dos potenciais locais para a sua eliminação;
• Disfunções e riscos ambientais associados aos tecnossistemas de gestão, cujas medidas de prevenção e e minimização representam elevados custos;
• Dificuldades numa mudança de filosofia e de estrutura dos sistemas de gestão de resíduos;
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Problemática Gestão Resíduos (ii)
• Necessidade de obtenção de consensos e envolvimento dos vários agentes nos processos de participação em planos de gestão de RU;
• Dificuldades na aplicação de medidas complementares de carácter efectivo (regulamentares, económicas e educativas).
Gestão Integrada de Resíduos
Sistemas, esquemas, operações ou elementos nos quais as unidades
constituintes podem ser desenhadas ou organizadas de tal forma que se engrena na outra para atingir um objectivo global
comum: sustentabilidade ambiental, económica e social (Diaz et al., 1993).
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Gestão de RU
Conjunto de operações de recolha, transporte, armazenamento, tratamento,
valorização e eliminação de resíduos, incluindo a monitorização dos locais de
descarga após o encerramento das respectivas instalações, bem como o
planeamento dessas operações.
Hierarquia de Prioridades na Gestão de Resíduos
• Redução da quantidade e perigosidade dos resíduos;
• Reutilização;• Reciclagem (material e orgânica);• Incineração com valorização energética;• Aterro;• Incineração sem valorização energética.
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Princípios Gerais de Gestão de Resíduos – DL 178/2006 de 5 de
Setembro
• Auto – suficiência – as operações de gestão de resíduos devem decorrer preferencialmente em território nacional, reduzindo ao mínimo possível os movimentos transfronteiriços de resíduos;
• Responsabilidade pela gestão – a gestão do resíduo constitui parte integrante do seu ciclo de vida, sendo da responsabilidade do respectivo produtor;
Princípios Gerais de Gestão de Resíduos (ii)
• Prevenção e redução – evitar e reduzir a produção de resíduos, minimizando o risco para a saúde e o ambiente;
• Hierarquia das operações de gestão de resíduos – à utilização de um bem deve suceder nova utilização, reciclagem ou valorização;
• Responsabilidade do cidadão – adopção de comportamentos de carácter preventivo em matéria de produção de resíduos, reutilização e valorização.;
• Regulação da gestão –proibição de operações de gestão de resíduos não licenciadas , abandono de resíduos, incineração de resíduos no mar e injecção no solo ;
• Equivalência – compensação tendencial dos custos sociais e ambientais que o produtor gera à comunidade ou dos benefícios que a comunidade lhe faculta, de acordo com um princípio geral de equivalência.
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Classificação de Resíduos
• Fontes (e.g. domésticos, comerciais, industriais);
• Tipo de materiais constituintes (e.g. papel, vidro, plásticos);
• Composição Química (e.g. Inorgânicos, orgânicos);
• Propriedades faces aos sistemas (e.g. compostáveis, combustíveis, recicláveis);
• Grau de Perigosidade (e.g. corrosivos, tóxicos, explosivos);
• Utilizações dadas aos materiais (e.g. resíduos de embalagens, resíduos de demolições).
Os conceitos de fileira e fluxo de resíduos
• Fileira – tipo de materiais constituinte dos resíduos (vidro, papel e cartão, plásticos, metais e matéria orgânica);
• Fluxo de resíduos – tipo de produto componente de uma categoria de resíduos transversal a todas as origens, nomeadamente embalagens, electrodomésticos, pilhas, acumuladores, pneus ou solventes.
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Classificação de Resíduos (ii)
• Resíduos Urbanos;• Resíduos Agrícolas;• Resíduos Hospitalares;• Resíduos Industriais• Fluxos específicos com sistemas de
Gestão;• Outros fluxos de resíduos.
Classificação de resíduos (iii)
• Resíduos Urbanos (RU) –resíduos provenientes de habitações bem como outro resíduo que, pela sua natureza ou composição, seja semelhante ao resíduo proveniente de habitações.
• Resíduos Agrícolas - Resíduos provenientes de exploração agrícola e ou pecuária ou similar;
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Classificação de Resíduos (iv)
• Resíduos Hospitalares – resultantes de actividades médicas desenvolvidas em unidades de prestação de cuidados de saúde, em actividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e investigação, relacionada com seres humanos ou animais, em farmácias, em actividades médico-legais, de ensino e em quaisquer outras que envolvam procedimentos invasivos como acupunctura, piercings e tatuagens.
Classificação de Resíduos (v)
• Resíduos Industriais – resíduos gerados em processos produtivos industriais, bem como o que resulte das actividades de produção e distribuição de electricidade, gás e água.
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Fluxos específicos com sistemas de gestão
• Pneus Usados;• Pilhas e Acumuladores;• Óleos Usados;• Veículos em Fim de Vida;• Equipamentos Eléctricos e Electrónicos;• Embalagens.
Outros fluxos de resíduos
• Resíduos de Construção e Demolição (resíduos provenientes de obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação e demolição e da derrocada de edificações);
• Óleos Alimentares Usados;• PCB;• Acumuladores de Veículos, Industriais e
Similares.
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Factores que fazem variar a Produção de RU’S(i)
• Nível de vida da população (situação socio-económica e cultural);
• Dimensão do agregado familiar;• Tipo e dimensão da habitação;• Estação do ano (devido, p.e., a diferentes
hábitos de alimentação, ao movimento de férias, aos períodos festivos);
Factores que fazem variar a Produção de RU’S (ii)
• Modo de vida das populações (e.g. migrações pendulares, movimento de fins-de-semana e feriados, tipo de actividade profissional);
• Clima (e.g. mais cinzas no Inverno, mais embalagens no Verão);
• Situação geográfica (e.g. interior/litoral);• Evolução tecnológica e de consumo (e.g.
pilhas recarregáveis, mais embalagens, menor durabilidade dos produtos, hábitos de consumo).
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Capitação de RU’S
• É o indicador mais utilizado para expressar os quantitativos de resíduos produzidos;
• Definição: produção de RU (em peso) por habitante (ou por residência) e por unidade de tempo (ano ou dia).
• A produção de RU embora correlacionada com o aumento da população, tem aumentado mais rapidamente que a taxa de crescimento desta.
Evolução da produção e composição de RU’s
Fonte: Martinho e Gonçalves, 1999
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Prevenção, Redução na Fonte e Reutilização
Prevenção (i)
Prevenção pode ser definida como englobando todo o género de actividades, ou grupo de actividades, que tenham por finalidade evitar consequências nefastas, para a saúde e o ambiente, provenientes
dos resíduos em si mesmos e de qualquer operação ou processo do seu
tecnossistema de gestão (Lobato et al., 1997).
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1st Priority 2nd Priority Last Priority
Primary Pollutionand Waste Prevention
• Change industrialprocess to eliminateuse of harmful chemicals
• Purchase differentproducts
• Use less of a harmfulproduct
• Reduce packaging andmaterials in products
• Make products that last longer and arerecyclable, reusable oreasy to repair
Secondary Pollution and Waste Prevention
• Reduce products
• Repair products
• Recycle
• Compost
• Buy reusable andrecyclable products
Waste Management
• Treat waste to reducetoxicity
• Incinerate waste
• Bury waste inlandfill
• Release waste into environment fordispersal or dilution
Prevenção(ii)
Minimização da quantidade e/ou perigosidade dos resíduos, através:
• Utilização de matérias primas sem ou com a menor quantidade possível de elementos poluentes;
• Modificação do processo produtivo (quando aplicada à indústria);
• Subsitituição ou modificação dos produtos por outros ambientalmente mais compatíveis;
• Reutilização dos RU, em particular resíduos de embalagem.
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Redução na Fonte
• Redução da quantidade e/ou perigosidade dos resíduos, no local onde são gerados, antes de entrarem no sistema de recolha.
Medidas de redução na fonte
Fonte: Martnho e Gonçalves, 1999
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Técnicas de redução na fonte
Fonte: Martnho e Gonçalves, 1999
Reutilização
• Reutilização pode ser definida como a reintrodução em utilização análoga e sem alterações , de substâncias, objectos ou produtos nos circuitos de produção e ou consumo, por forma a evitar a produção de resíduos.
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Valorização e tratamento de resíduos
Valorização
• A valorização inclui qualquer das operações que permitam o reaproveitamento de resíduos e que se englobem em duas categorias: reciclagem (material ou orgânica) e valorização energética.
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Operações de Valorização
• Reciclagem Material (por fileiras e fluxos);
• Compostagem;• Biometanização (ou digestão
anaeróbia);• Incineração
Reduces globalwarming
Reduces aciddeposition
Reduces urbanair pollution
Make fuelsupplies
last longer
Reducesair pollution
Savesenergy
Reducesenergy demand
Reduceswater pollution
Recycling
Reduces solidwaste disposal
Reducesmineraldemand
Protectsspecies
Reduceshabitat
destruction
Os benefícios da reciclagem
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Usebleach,
detergents,water,
pollution
Manufacturingenergy, waste,
pollution
Packagingpaper, plastics,waste, pollution
Reuseless resource
use and waste,less pollution
Raw materialsfertilizer,
energy, water,pollution
Processingenergy,
cleaners,dyes,
pollution
Transportenergy,pollution
Recycle
Disposalwaste, pollution
Análise de Ciclo de Vida de uma T-Shirt
Power plant
Steam
TurbineGenerator Electricity
Crane
Furnace
Boiler
Wetscrubber
Electrostaticprecipitator
Conveyor
Water Bottomash
Conven-tionallandfill
Wastetreatment
Hazardouswastelandfill
DirtywaterWaste pit
Smokestack
Flyash
Esquema de um Incinerador de RU’s.
Fonte: Martinho e Gonçalves, 1999
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Trade-Offs
Reduced trashvolume
Less need forlandfills
Low waterpollution
Quick andeasy
Incineration
High cost
Air pollution(especiallytoxic dioxins)
Produces ahighly toxic ash
Encourageswaste production
DiscouragesRecycling and wastereduction
Advantages Disadvantages
Confinamento de Resíduos
Aterros sanitários
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Confinamento
• O confinamento é a operação terminal de um tecnossistema de gestão de RU’s e pode assumir as seguintes modalidades (aLobato et. al., 1997):– Lixeira;– Vazadouro controlado;– Aterro sanitário;– Armazenagem subterrânea;– Confinamento técnico.
Características de um Aterro Sanitário
• Vedação Total;• Cobertura diária dos resíduos;• Impermeabilização dos taludes e fundo;• drenagem, recolha, tratamento e posterior
rejeição das águas lixiviantes, cumprindo as normas de descarga legais;
• Drenagem de biogás;• Plano de monitorização durante as fases de
operação e pós-encerramento;• Plano de recuperação pós-encerramento.
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Topsoil
Sand
Clay
Garbage
Garbage
Sand
Synthetic liner
Sand
Clay
Subsoil
When landfill is full,layers of soil and clayseal in trash
Methane storageand compressor
building
Electricitygeneratorbuilding
Leachatetreatment system
Methane gasrecovery
Pipe collect explosivemethane gas used as fuel
to generate electricity
Compactedsolid waste
Leachatestorage tank
Leachatemonitoringwell
Leachatemonitoringwell
Groundwatermonitoringwell
Groundwatermonitoringwell
Leachate pipesLeachate pipes Leachate pumped upto storage tanks for
safe disposal
Leachate pumped upto storage tanks for
safe disposal
Clay and plastic liningto prevent leaks; pipescollect leachate from
bottom of landfill
Probes to detect methane leaks
Groundwater
Entradas e saídas num aterro sanitário
Fonte: Martinho e Gonçalves, 1999
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Advantages
No open burning
Little odor
Low groundwater pollution ifsited properly
Can be built quickly
Low operating costs
Can handle large amounts of waste
Filled land can be used for otherpurposes
No shortage of landfill space inmany areas
Disadvantages
Noise and traffic
Dust
Air pollution from toxic gases and volatile organiccompounds
Releases greenhouse gases (methane and CO2) unless they are collected
Groundwater contamination
Slow decomposition of wastes
Discourages recycling waste reduction
Eventually leaks andcan contaminategroundwater
Sanitary Landfills
Trade-Offs
Situação da Gestão de Resíduos em Portugal
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Sistemas de Gestão de Resíduos em Portugal
Fonte:APA, 2008
Infra-estruturas e equipamentos de Gestão de RU
• 34 aterros;• 8 centrais de valorização orgânica;• 2 centrais de incineração com
recuperação de energia (LIPOR e Valorsul);
• 76 estações de transferência;• 26 estações de triagem;• 185 ecocentros e 28 723 ecopontos.
Nota: Situação em finais de 2007. Fonte: APA, 2008
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Produção de Resíduos Urbanos
Fonte: REA 2007, APA
Fonte: REA 2007, APA
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Fonte: REA 2007, APA
Fonte: REA 2007, APA
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Fonte: REA 2007, APA
Fonte: Martinho e Gonçalves, 1999
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Produção de Resíduos (cont.)
Fonte: REA 2004, IA
Produção de Resíduos (cont.)
Fonte: REA 2004, IA
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Produção de Resíduos (cont.)
Fonte: REA 2004, IA
Produção de Resíduos (cont.)
Fonte: REA 2004, IA
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Tratamento e Destino Final de Resíduos
• Em 2004 cerca de 66% dos RU produzidos tiveram como destino final o aterro santário, 20% a incineração, 7% a compostagem e 7% a recolha selectiva.
Fonte: REA 2004, IA
• Em 2002 foram produzidos 1,3 milhões de toneladas de Resíduos Industriais. Os Resíduos Industriais Perigosos (RIP) constituem aproximadamente 1,4% do total de Resíduos Industriais.
Tratamento e Destino Final de Resíduos (cont.)
Fonte: REA 2004, IA
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Valorização de Resíduos
• Os quantitativos de resíduos retomados pela SPV têm aumentado todos os anos, tendo atingido cerca de 271 mil toneladas em 2004.
Fonte: REA 2004, IA
Valorização de Resíduos (cont.)
Fonte: REA 2004, IA
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Valorização de Resíduos (cont.)
Fonte: REA 2004, IA
Links• http://www.apambiente.pt• http://ec.europa.eu/environment/waste/index.htm• http://waste.eionet.europa.eu/• http://www.eea.europa.eu/themes/waste• http://epp.eurostat.ec.europa.eu/• http://www.basel.int• http://www.oecd.org• http://www.itn.pt/• http://www.ecopilhas.pt/• http://www.pontoverde.pt/• http://www.valorpneu.pt• http://www.amb3e.pt/• http://www.erp-portugal.pt/• http://www.sogilub.pt/• http://www.valorcar.pt/