Herança Multifatorial- defeitos da morfogênese: malformações
congênitasGenética Humana, cap. 6
FAG
Professora Luciana Ruggiero
Classificação das características humanas
1. Qualitativas ou descontínuas: monogênica, não influenciado pelo ambiente;
2. Quantitativa ou contínuas: poligênica, influenciado pelo ambiente;
3. Semicontínuas ou quase-contínuas: multifatorial.
Herança Multifatorial
• Conceito: herança onde estão envolvidos vários genes e influenciada por diversos fatores ambientais.
• Características: normais e anormais ou resistentes e suscetíveis (multifatoriais com efeito de limiar); mais susceptível e menos susceptível (multifatorial com efeito de limiar diferencial para os sexos).
Características Multifatoriais Normais Patológicas
Altura Diabetes
Aproveitamento escolar Dislexia
Cor do cabelo Epilepsia
Cor dos olhos Esquizofrenia
Cor da pele Glaucoma
Dermatóglifos Hipertensão arterial
Forma do rosto Malformação congênita
Inteligência Retardo mental leve
linguagem Transtorno de humor bipolar
Personalidade
Peso
Pressão sangüínea
Tempo de erupção dentária
Critérios para o reconhecimento de herança multifatorial
1. Distribuição populacional da característica em forma de uma curva normal;
2. Efeito de muitos genes situados em diferentes locos e de diversos fatores ambientais;
3. Semelhança entre parentes pode ser expressa em termos de correlação ou de concordância entre gêmeos;
4. Herdabilidade indica se o papel dos genes na determinação de um fenótipo é grande ou pequeno;
5. A medida média de uma característica para a descendência, situa-se entre o valor médio observado para os genitores e o valor médio da população;
6. Risco de recorrência versus sexo do probando;
Critérios para o reconhecimento de herança multifatorial
7. Risco de recorrência versus número de afetados;
8. Risco de recorrência versus gravidade do defeito;
9. Risco de recorrência versus parentesco;
10. Risco de recorrência versus freqüência populacional.
Critérios para o reconhecimento de herança multifatorial
Defeitos da Morfogênese
• Conceitos e Classificação: malformação congênita são defeitos de malformação ao nascimento, feto ou embrião.
Anomalias Congênitas
• Malformação: defeito morfológico primário deum órgão, parte de um órgão ou de umaregião maior do corpo, resultante de umprocesso de desenvolvimento intrinsecamenteanormal. Malformação primária.
Malformação
• Disrupção: defeito morfológico de um órgão,parte de um órgão ou de uma região maior docorpo, resultante de uma interferênciaextrínseca em um processo dedesenvolvimento originalmente normal.Malformação secundária. Ex: talidomida
Anomalias Congênitas
• Deformação: é uma forma ou posição anormal de uma parte do corpo, causada por forças mecânicas, que podem ser extrínsecas ao feto ou intrínsecas. Ex: pé torto, raquitismo (def. vitamina D).
Anomalias Congênitas
Deformação
• Displasia: organização anormal das células nos tecidos com anormalidades da histogênese. Com alteração quantitativa classifica-se:
– Hipoplasia; Hiperplasia;
– Hipotrofia; Hipertrofia;
– Agenesia;
– Aplasia;
– Atrofia.
Anomalias Congênitas
Hipoplasia
• Subdesenvolvimento de um organismo, órgãoou tecido, resultante de uma diminuição donúmero de células.
Hipoplasia mamária
Hiperplasia
• Desenvolvimento exagerado de umorganismo, órgão ou tecido com aumento donúmero de células.
Hiperplasia
Hipo e Hipertrofia
• Diminuição e aumento das células, tecidos ouórgãos e/ ou aumento.
Agenesia
• Ausência de uma parte do corpo, devido àinexistência do tecido primordial.
Aplasia
• Ausência de uma parte do corpo devido à umafalha no desenvolvimento do tecidoprimordial existente.
Aplasia nasal
Atrofia
• Diminuição de um tecido ou órgãonormalmente desenvolvido, devido à reduçãodo tamanho ou número de células.
Atrofia cerebral
Seqüência
• Padrão de anomalias múltiplas derivadas deuma única anomalia ou fator mecânicoanterior. Cascata de eventos que levam amalformações. Ex: seqüência de Potter(obstrução uretral do feto com oligo-hidrâmnio, compressão fetal, face achatada,deslocamento do quadril, pés e mãosachatados, hipoplasia pulmonar e morte.
Síndrome
• Padrões de múltiplas anomaliaspatogenicamente relacionadas que nãorepresentam uma seqüência simples e podemser atribuídas a causas conhecidas.
Associação
• Termo usado para anomalias que ocorrem conjuntamente com maior freqüência do que esperada ao acaso. Não são de origem genética.
Importância para aconselhamento genético
• Determinar se anomalia é isolada ou componente de malformação ou seqüência ou síndrome e avaliar risco.
Freqüência
• Anomalias congênitas presentes em 3% de recém-nascidos e chegam a 5%;
• Existem anormalidades menores e maiores e chegam de 10% a 20%;
Anomalias Congênitas Maiores e menores
Anomalias congênitas maiores Anomalias congênitasmenores
Defeito do septo atrial Depressões labiais
Persistência do canal arterial Estenose do ducto lacrimal
Anencefalia Manchas de Brushfield na íris
Hifrocefalia Pregas epicânticas
Microcefalia Pregas palmar única
Ânus imperfurado Depressão ou covinha sacral
Atresia esofágica Hérnia umbilical
Hérnia diafragmática Hidrocele
Lábio leporino, palato fendido Mamilo extranumerário
Rins policísticos
Freqüência das anomalias estruturais em abortos, nativivos e mortes em diferentes
fases da infânciaPeríodo de desenvolvimento Freqüência (%)
Abortos 1º trimestre 80-85
Abortos 2º trimestre 25
Nativivos anormalidade maior congênito 2-3
Nativivos anormalidade maior posterior 2
Nativivos anormalidade menor 10
Mortes no período perinatal 25
Mortes no primeiro ano de vida 25
Mortes de 1 a 9 anos 20
Mortes de 10 a 14 anos 7,5
Etiologia
Agente etilológico Freqüência (%)
Alterações cromossômicas 6
Herança monogênica 8
Herança multifatorial 20-30
Agentes teratogênicos 5-10
desconhecido 50
Agentes Teratogênicos
• São aqueles que agem sobre o organismo em formação, produzindo anomalias características ou gerais ou aumentando e incidência de uma anomalia na população. Ex: radiações, vírus, drogas e doenças.
Agentes teratogênicos
• São influenciados por:
– Tempo de exposição ao teratógeno;
– Dosagem do teratógeno;
– Genótipo materno;
– Genótipo e suscetibilidade do embrião;
– Atividade enzimática do feto;
– Interação entre teratógenos;
– Especificidade dos teratógenos
Agente Etiológico Desconhecido
• Metade das anomalias congênitas não apresentam uma causa estabelecida e o fato de não se conhecer o seu agente não a torna irrelevante. Podem resultar de mutação e microdeleção.
Períodos críticos do desenvolvimento intra-uterino
• Fase de pré-diferenciação: teratógeno mata o embrião ou afeta poucas células;
• Fase embrionária: mais prejudicada. No período de 15 a 25 dias: cérebro; 24 a 40: olhos; 20 a 40: coração; 24 a 36: membros; 45 dias em diante: genitália.
• Fase fetal: menos atingida e existem estruturas que continuam se diferenciando, cerebelo, cérebro, sistema endócrino e urogenital.
Malformações congênitas
• São malformações isoladas presentes ao nascimento e de herança multifatorial.
• São as que envolvem sistema nervoso central, cardiovascular, esqueletal e urinário.
Lábio Leporino com ou sem palato fendido
• 2M: 1F;
• Características: Parte de inúmeras síndromes (Roberts) autossômicas recessivas; síndromes esporádicas de herança desconhecida e síndromes cromossômicas (Patau), de herança multifatorial e por causas teratogênicas;
• Alterações e correções: alimentação dificultada, fonação e audição. Cirurgia recomendada: LL até 3 meses; PF até 1 ano e meio; LL com deformação do nariz, até 4 anos partes moles e 12 parte óssea.
• Freqüência: difícil estabelecer devido a elevada ocorrência de mortes intra-uterinas de fissurados. Orientais > caucasóides > negróides
Lábio leporino
Estenose Pilórica
• 5M: 1F;
• Características: hipertrofia da camada muscular circular do estômago na região do piloro. Cura com cirurgia.
• Freqüência: 2.5/10000 M e 0,5 /1000 F
Estenose Pilórica
Pé torto• 2M: 1F;
• Forma mais severa e grave de pé torto e pode haver malformação associada: frouxidão generalizada das juntas, hérnia inguinal e defeitos menores nas extremidades.
• Causa primária esquelética, neurológica ou muscular ou fatores mecânicos como posição fetal inadequada, pressão intra-uterina exagerada e persistência da conformação equinovara já ao nascimento.
• Freqüência: 1-2/1000. Correção cirúrgica.
Talipes equinovarus (pé torto)
Anencefalia com ou sem espinha bífida
• 2F: 1M;
• Características: falha do fechamento do tubo neural. Anencefalia (falha de desenvolvimento do cérebro e crânio) e espinha bífida: falha de desenvolvimento da medula espinhal e coluna vertebral (lombar).
• Freqüência: dependente das condições sócio-ambientais.
Anencefalia e espinha bífida
Deslocamento congênito do quadril
• 6F:1M;
• Manobra de Ortolani;
• Características: fragilidade ligamentar da articulação, condições sócio-econômicas, apresentação pélvica ao nascer. Cirurgia ou engessamento.
• Freqüência: 1/10000
Deslocamento congênito do quadril
• F>M
• Talipes calcaneus valgus (pé virado para fora) e no talipes metatarsus varus o pé vira para dentro.
Talipes calcaneus valgus, talipes metatarsus varus e pé postural
Talipes
Malformação cardíaca
• M:F
• Características: defeito do septo ventricular, atrial, persistência do canal arterial, estenose aórtica e transposição dos grandes vasos. Herança multifatorial e ou alterações cromossômicas.
• Freqüência: 2 a 8/1000. Cirurgia ao nascimento ou quando detectada.