Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 1
ADITAMENTO
Herdade da Alápega
Estudo de Impacte Ambiental
(Estudo Prévio)
Aditamento
Março de 2010
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 2
ADITAMENTO
Estudo de Impacte Ambiental
Aditamento
Índice
1. INTRODUÇÃO 3
2. RESPOSTA AOS ELEMENTOS ADICIONAIS 4
2.1. INTRODUÇÃO 4
2.2. PROJECTO 4
2.3. AVALIAÇÃO DE IMPACTES 48
2.4. FACTORES AMBIENTAIS 63
2.4.1. Ordenamento do Território 63
2.4.2. Sistemas Ecológicos 69
2.4.3. Recursos hídricos 77
2.4.4. Paisagem 84
2.4.5. Socio-económica 87
2.4.6. Acessibilidades 89
2.5. RESUMO NÃO TÉCNICO 89
Índice de Anexos
Anexo I – Parecer da Comissão de Avaliação
Anexo II – Análise dos impactes cumulativos
Anexo III – Pedido de Informação Prévia - Relatório Ambiental (Análise Hidrogeológica)
Anexo IV – Peças Desenhadas
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 3
ADITAMENTO
1. INTRODUÇÃO
O presente documento constitui um Aditamento ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do
Estudo Prévio do Empreendimento Turístico na Herdade da Alápega, tendo como objectivo
apresentar os elementos adicionais solicitados pelo parecer da Comissão de Avaliação (CA),
relativo à análise da conformidade do EIA, veiculado pelo Fax 410-DAS/DAAmb/09 da
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, datado de 28 de
Dezembro de 2009, o qual se apresenta no Anexo I.
O pedido de elementos adicionais enquadra-se na verificação da conformidade do EIA,
entregue em Outubro de 2009, de acordo com o disposto no nº 4 do Artigo 13º do Decreto-
Lei nº 69/2000, de 3 de Maio, com a redacção que lhe é dada pelo Decreto-Lei nº 197/2005,
de 8 de Novembro.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 4
ADITAMENTO
2. RESPOSTA AOS ELEMENTOS ADICIONAIS
2.1. INTRODUÇÃO
Nos pontos seguintes pretende-se dar resposta à solicitação dos elementos adicionais por
parte da CA. Para tal, optou-se por respeitar a estrutura do parecer da CA, reproduzindo-se
os comentários produzidos pela comissão e apresentando de seguida a resposta aos
elementos adicionais solicitados. O parecer da CA, na sua íntegra, pode ser consultado no
Anexo I do presente documento.
2.2. PROJECTO:
1- Demonstrar a sustentabilidade sócio económica e ambiental do projecto
Enquadramento
O conceito de Desenvolvimento Sustentável é, normalmente, definido como o
desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração actual, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias
necessidades, possibilitando que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório
de desenvolvimento social e económico e de realização humana e cultural, fazendo, ao
mesmo tempo, um uso razoável dos recursos naturais existentes e preservando as espécies
e os habitats naturais.
O conceito de sustentabilidade aplicado à actividade turística de acordo com a OMT, refere
que "o desenvolvimento do turismo sustentável atende às necessidades dos turistas de hoje
e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e aumenta as oportunidades
para o futuro. É visto como um fio condutor para a gestão de todos os recursos, de tal forma
que as necessidades económicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a
manutenção da integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade
biológica e dos sistemas que garantem a vida.”
Existem inúmeros estudos e relatórios que provam que a taxa actual de consumo de
recursos não é sustentável. Ainda assim, porque esta ideia tem sido tratada a um nível
demasiado abstracto, a sua comunicação tem-se revelado difícil, pelo que é necessário um
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 5
ADITAMENTO
conceito, ou um conjunto de dimensões suficientemente claras, que permitam tornar a ideia
mais concreta e operacional. Se tal for conseguido obter-se-á um bom meio de comunicação
que permite transmitir de forma condensada uma boa imagem da utilização dos recursos e
dos objectivos necessários a atingir, de modo a viver no planeta consumindo parte de
recursos que permita a renovação dos mesmos.
O projecto da Herdade da Alápega, tem como finalidade a prossecução desses objectivos de
impacte ambiental de uma forma que pretende ser adaptável aos diferentes contextos de
vida e situações.
O desenvolvimento do projecto do Empreendimento Turístico da Herdade da Alápega teve
assim em consideração nas suas várias vertentes, a compatibilização entre a protecção do
ambiente e a vertente sócio-económica, no sentido da prossecução de um objectivo de
sustentabilidade para todo o empreendimento, promovendo a utilização sustentável dos
recursos e a manutenção da diversidade biológica e cultural.
O turismo e os impactes ambientais
No que concerne aos impactes sobre os recursos é necessário determo-nos sobre o caso
concreto do país e do tipo de projecto.
Portugal, tal como outros países europeus, está a viver acima do seu limite de consumo de
recursos. Adicionalmente, o país possui algumas particularidades no que respeita à sua
pegada ecológica. Por exemplo, a separação entre a taxa de crescimento dos transportes, da
energia, do consumo de recursos, e a taxa de crescimento socio-económico é praticamente
impossível, constituindo o cenário português um dos piores da Comunidade Europeia (ex.
para aumentar em 1 euro o PIB, a sua grande parte terá de ser gasta em energia).
No que concerne ao tipo de projecto é de apontar que o chamado sector Turístico é
considerado um sistema completamente dependente do conceito de sustentabilidade. A sua
base reside maioritariamente na qualidade dos recursos ambientais, culturais e económicos
do destino turístico em questão. Assim, se não pensado e gerido de um modo a manter
elevados os níveis de qualidade destes recursos de que depende tão explicitamente, corre o
risco, como consequência da sua actividade, de deteriorar e consumir irreversivelmente os
referidos recursos, tornando-se a curto prazo, insustentável.
Em franca expansão, o Turismo é um dos sectores reconhecidos como dos mais significantes
na economia mundial, com inegável potencial na contribuição directa para os objectivos de
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 6
ADITAMENTO
desenvolvimento sustentável definidos recentemente, na Estratégia Europeia para o
Desenvolvimento Sustentável, transposto recentemente no plano estratégico nacional para o
desenvolvimento sustentável.
O plano de implementação de Joanesburgo (World Summit on Sustainable Development)
identificou uma necessidade urgente para a criação de orientações especificas para o sector
do turismo a fim de vencer a inércia dos padrões insustentáveis de produção e consumo.
Desde então que a Europa sente a necessidade de encontrar modelos de planeamento
estratégico adequados a operacionalidade de um turismo sustentável, específico para cada
destino turístico.
Assim as características do país e o facto do Turismo ser cada vez mais encarado como uma
indústria estruturante, impõe dificuldades ambientais específicas que necessitam de ser
abordadas de forma frontal.
Linhas orientadoras da Sustentabilidade na Herdade da Alápega
Para a diminuição do nível de impacte ambiental de qualquer empreendimento, ou, mais
globalmente, de qualquer actividade humana, dever-se-á seguir uma série de premissas. As
porventura mais importantes serão:
gestão da procura versus gestão da oferta (i.e., centrar primariamente no controlo e
gestão das necessidades, e só depois na solução tradicional para a sua satisfação);
análise de todas as alternativas, construtivas ou outras, em termos de impactes
ambientais de modo a encontrar a mais favorável;
reconhecimento sistemático da importância do comportamento humano e das dimensões
sociais na obtenção de qualquer objectivo ambiental seja directamente, na redução do
consumo do recurso, seja indirectamente na escolha da “infra-estrutura” mais adequada
à sua poupança;
considerar o empreendimento do ponto de vista da ecologia industrial, i.e., tentar
acompanhar todo o influxo e refluxo de materiais, energia e resíduos e tentar
transformar outputs em inputs (por exemplo transformando resíduos em adubo e
energia para ajudar a produzir recursos a consumir no empreendimento).
Apresentam-se seguidamente algumas das características do projecto que contribuem para a
sua sustentabilidade ambiental, económica e social:
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 7
ADITAMENTO
Elevada Procura Turística no concelho de Alcácer do Sal – Viabilidade económica do projecto
Os Empreendimentos Turísticos da Herdade da Alápega localizam-se no concelho de Alcácer
do Sal (Alentejo), numa região com uma posição privilegiada no que se refere ao turismo,
tendo em conta a sua proximidade territorial à Área Metropolitana de Lisboa, a contiguidade
com o Algarve, a orla marítima de grandes dimensões e as relações de vizinhança com
Espanha.
Apesar destes factores verifica-se que esta região não tem recebido muitos turistas nos
últimos anos, sobretudo quando comparada com a região do Algarve, sendo que para esta
realidade contribui também o facto da oferta de Alojamento no Alentejo ser ainda reduzida.
Neste sentido, e de acordo com os dados recolhidos pelo INE em 2007, a capacidade de
alojamento do concelho de Alcácer do Sal correspondia a 193 camas, sendo que, o
desenvolvimento deste projecto, por si só acarreta um acréscimo da capacidade de
alojamento concelhio na ordem dos 1 823% (mais 3 519 camas). Também ao nível da
região, a implantação do projecto trará grandes benefícios, uma vez que a construção do
mesmo implicará um acréscimo de cerca de 35% na capacidade de alojamento da região, o
que considerando o facto desta ser a região do Portugal Continental com um menor número
de camas, se considera como sendo um factor de relevante interesse estratégico.
Na figura que se segue é possível visualizar a capacidade de alojamento do concelho de
Alcácer do Sal, região do Alentejo, e a capacidade de alojamento total para o concelho e
região com a implantação do projecto em análise.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 8
ADITAMENTO
Figura 1 – Capacidade de alojamento no concelho de Alcácer do Sal e região do Alentejo , em 2007, e
para os empreendimentos turísticos da Herdade da Alápega.
Verifica-se ainda que o concelho de Alcácer do Sal registava, à mesma data, a taxa de
ocupação-cama anual mais elevada da sub-região (cerca de 42,2%), sendo esta bastante
satisfatória quando comparada com outras zonas do país. Estes dados demonstram que
Alcácer do Sal é um concelho com uma procura turística bastante razoável o que viabiliza a
construção de novos empreendimentos turísticos no concelho.
O projecto prevê-se a criação de 880 unidades de alojamento, correspondendo 170 a quartos
de hotel, sendo a restante área construída destinada a equipamentos complementares.
Quanto ao número de Camas, está prevista a existência de 4.420 camas totais, das quais
340 camas são inerentes à componente hoteleira e as restantes 4.080 camas aos
aldeamentos. A este quantitativo que corresponderá, numa situação de ocupação plena, à
existência de 4.420 habitantes, há que adicionar os visitantes e o pessoal dos serviços de
apoio, que se admite corresponderem a cerca de 20% dos habitantes, ou seja, 884
habitantes. Os consumos desta população não residente correspondem, entretanto, a cerca
de 1/3 dos consumos da população residente, pelo que aquela percentagem de população
não residente corresponde a uma população residente 295 habitantes equivalentes. Assim
sendo, a população máxima diária possível para o Empreendimento rondará os 4.715
habitantes equivalentes.
No entanto, considerou-se, para efeitos de dimensionamento das infraestruturas, que a Taxa
de Ocupação média anual ronde os 50%, naturalmente que variável ao longo do ano,
apontando-se para valores da ordem dos 30% em Janeiro, até perto dos 70% no Verão.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 9
ADITAMENTO
Nestas condições, é expectável uma população média anual da ordem dos 2.360
habitantes equivalentes, sendo que em Janeiro ficará, em média, nos 1.400 habitantes
equivalentes, valor que subirá para cerca de 3.300 habitantes equivalentes nos meses de
Verão.
Em síntese, considera-se que, face à reduzida oferta turística da região, este projecto
assume um carácter estruturante para o desenvolvimento do sector turístico, proporcionando
um efeito de redistribuição, decorrente da sua capacidade em criar uma massa de consumos
turísticos que permite o desenvolvimento do tecido económico da região, sub-região e
concelho, proporcionando oportunidades de dinamização económica e criação de empresas e
empregos, a montante e a jusante na fileira de produção. Igualmente importante é o facto
do projecto em análise poder induzir novas procuras turísticas, ligadas essencialmente ao
património cultural (edificado, artesanal e manifestações culturais).
Trata-se portanto de um empreendimento rentável e economicamente viável.
Contributos para o desenvolvimento da região
O empreendimento incrementará o desenvolvimento da região, reforçando a economia local,
empregando mão-de-obra da região, utilizando bens de consumo de fornecedores locais, e
criando novos e mais serviços/equipamentos, que irão favorecer a população local, e
valorizar a componente cultural e ecológica da região.
Estima-se que o impacto económico do Projecto da Herdade da Alápega seja considerável,
tanto no que se refere ao seu impacto directo referente ao investimento e criação de
emprego, como no que se refere ao seu impacto indirecto, nomeadamente na contribuição
para a concretização dos objectivos estratégicos do Plano Estratégico Nacional do Turismo
(PENT) e para a consolidação da zona de Alcácer do Sal enquanto destino internacional de
referência.
Refira-se que o concelho de Alcácer do Sal se encontra no Litoral Alentejano, definido no
PENT como um dos 6 novos pólos de desenvolvimento turístico, para os quais as apostas no
sector devem ser prioritárias (sendo que os PROT vêm confirmar a prioridade de
investimento turístico nestas áreas).
Relativamente aos impactos económicos directos, o Projecto representará um investimento
aproximado de 310 a 330 milhões de euros, sendo as suas principais componentes as
seguintes:
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 10
ADITAMENTO
Hotel (H1) + spa + Centro de Saúde e Bem Estar: 10 a 15 milhões de euros;
Hotel (H2): 20 a 25 milhões de euros;
Unidades de Alojamento Turístico: 150 a 160 milhões de euros;
Infra-estruturas: 20 a 25 milhões de euros;
Clube de Golfe e Centro Agrícola: 10 a 12 milhões de euros.
O Projecto da Herdade da Alápega contribuirá também para a criação de cerca de 350 a 400
novos empregos na região, distribuídos da seguinte forma:
Gestão/manutenção da componente de alojamento turístico: 180 a 200
Hotelaria: 90 a 100;
Actividades de lazer: 80 a 100.
Indirectamente, o Projecto da Herdade da Alápega pretende contribuir de forma decisiva
para os objectivos centrais do PENT, nomeadamente:
Introdução de um conceito inovador e distintivo, suportado na capitalização da
vocação natural do interior alentejano;
Desenvolvimento de um conjunto de conteúdos inovadores e distintivos, que visam
recuperar/revitalizar as culturas e tradições associadas à História de Portugal, com
representatividade na oferta cultural e gastronómica (a desenvolver no centro de
aprendizagem de artes, ofícios e culturas locais a criar nos empreendimentos
turísticos da Alápega);
Desenvolvimento de uma oferta de inquestionável qualidade, expressa (1) na
abrangência de actividades/conteúdos propostos (que permitirá salvaguardar o
Projecto dos efeitos de sazonalidade), (2) na preservação do meio natural envolvente,
(3) nos baixos índices de construção e ocupação preconizados para a Herdade);
Desenvolvimento de uma oferta diversificada orientada para os mercados-emissores
estratégicos (nomeadamente Portugal, Reino Unido, Espanha e Alemanha), e para os
mercados a desenvolver (países escandinavos, Holanda, Irlanda e Bélgica);
Desenvolvimento do Conceito global com enfoque nos factores “Clima e luz”,
“História, Cultura e Tradição”, “Hospitalidade” e “Diversidade concentrada”;
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 11
ADITAMENTO
Disponibilização de pelo menos 6 dos 10 produtos estratégicos nacionais, a saber:
i. Touring Cultural e Paisagístico; (alavancando também na proximidade a
Alcácer do Sal, Évora, Montemor-o-Novo)
ii. Turismo de Natureza;
iii. Saúde e bem-estar;
iv. Golfe
v. Resorts integrados e Turismo Residencial;
vi. Gastronomia e Vinhos;
Adicionalmente, este Projecto contribuirá em definitivo para, em conjunto com outros
projectos já aprovados/anunciados para o concelho de Alcácer do Sal, consolidar esta região
enquanto destino turístico internacional de referência, com tudo o que tal implica em termos
de benefícios económicos indirectos para o Concelho.
O conceito proposto terá ainda como impacto económico indirecto a revitalização de alguns
ofícios/actividades económicas locais, a explorar na vertente de “Vida Interior” do
empreendimento turístico acima descrita, na qual se pretende promover a gastronomia local,
artesanato e tapeçaria.
Refere-se ainda que a Herdade da Alápega produzirá indubitavelmente um impacto
económico significativo na localidade de Santa Susana, que apresenta uma população
extremamente envelhecida e em declínio, sem factores de ancoragem para a fixação da
população mais jovem, podendo contribuir para a sua revitalização.
Em termos de constrangimentos de um acréscimo de turistas à região, e da sua capacidade
de resposta em termos de acesso a alguns serviços, refere-se que o empreendimento
contempla posto médico e de enfermagem, postos de multibanco, posto de correio,
supermercado, restaurantes, bares, etc, que permitirão satisfazer as necessidades dos
turistas da Herdade, não induzindo pressão acrescida sobre os serviços já existentes nas
localidades envolventes, como seja, a povoação de Santa Susana.
Design do Projecto (adaptação às características naturais do terreno, escolha de soluções naturais e integradas paisagisticamente)
A Herdade da Alápega é actualmente atravessada por uma série de vales que conduzem a
uma ribeira que corre de norte para sul a leste da área do empreendimento. A principal
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 12
ADITAMENTO
estrada norte-sul que atravessa a área do empreendimento conduz a Espanha o que cria
uma dicotomia que se procurou explorar como elemento principal do design e como
elemento essencial do projecto.
O primeiro lado desta dicotomia é definido pela zona a nascente da estrada nacional EN253 e
do caminho municipal (CM1063-1), que parte desta em direcção a noroeste. O uso actual do
solo nesta área é eminentemente florestal: destacando-se uma percentagem significativa de
áreas de sobreiros, alguns eucaliptais e áreas para a produção de mel em pequena escala. A
nascente existe ainda uma significativa área menos humanizada, predominada por
pastagens. O carácter do terreno dentro do seu contexto regional tornou-se uma
grande influência na evolução do conceito de ocupação desenvolvido. Por isso,
procurou-se criar um conceito turístico integrado, baseado na autenticidade da
região, preservando e valorizando os valores naturais.
Destaca-se que o projecto não esqueceu a apetência natural e histórica da Herdade para a
produção florestal e que inclusivamente a maior parte da superfície da Herdade continua
afecta à produção florestal com todas as vantagens que isso apresenta em termos de
diversificação de receitas (contribuindo para a sustentabilidade económica) e de
enquadramento ambiental.
O povoamento rural genuíno do Alentejo apresenta-se tipicamente sob a forma de “aldeias”
ou de aglomerados de pequenas dimensões. O desenho urbano desenvolvido no
projecto em estudo utilizou esta abordagem, em oposição à habitual solução comum nos
resorts de golfe, de residências espalhadas ao longo da periferia do campo, ou de outros
equipamentos e serviços. Nesta zona do empreendimento, cada “aldeia” proposta tem um
carácter único que se relaciona directamente com a sua função e uso da paisagem
adjacente.
É de realçar que, algumas destas “aldeias” confrontam com a grande área natural, que será
acessível a partir de uma rede de caminhos para nascente e um extenso campo de golfe bem
inserido na natureza, para poente. Outra “aldeia” ficará defronte de um grande Centro
Equestre, enquanto outra “aldeia” irá estar diante de uma Quinta, que irá mostrar e
vender os produtos da agricultura da região.
Cada “aldeia” será composta por uma combinação de unidades de alojamento turístico com
as tipologias urbanísticas de apartamentos, moradias em banda ou geminadas e moradias
isoladas. Estas unidades estão cuidadosamente agrupadas, para maximizar a sensação de
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 13
ADITAMENTO
comunidade, mantendo simultaneamente a privacidade e maximizando as vistas da
paisagem “emprestada" pela envolvente do empreendimento. Estas vistas são variadas e vão
desde espaços de golfe a natureza, passando por espaços agrícolas, como é o caso dos
olivais ou das vinhas.
A segunda metade da dicotomia é constituída pela zona poente do caminho municipal
(CM1063-1). Esta zona é essencialmente constituída por uma série de cumes que se
estendem em direcção a poente e proporcionam excelentes vistas, particularmente
apelativas, em especial ao pôr-do-sol. Esta parte da Herdade tem um carácter mais natural,
e pretende-se que as unidades de alojamento turístico se assemelhem a montes alentejanos,
preservando toda a envolvente natural. Refere-se igualmente que estes alojamentos serão
projectados para se implantarem em harmonia com o terreno, com o mínimo de alterações à
topografia. Os edifícios serão envolvidos por terraços e espaços ao ar livre, criando espaços
exteriores ou pequenos jardins privados, com as restantes grandes parcelas mantidas no seu
formato original de modo a manter o carácter natural da área do empreendimento.
Nas “aldeias” poder-se-á caminhar livremente minimizando a dependência em relação ao
carro através da disponibilização de buggies de golfe. No adensamento vegetal e na
utilização ornamental serão utilizadas espécies autóctones, de forma a reduzir a
dependência da irrigação. A utilização da água será devidamente planeada e gerida, e o
recurso à reciclagem incentivado.
A implantação e localização dos edifícios foi tida em consideração no desenvolvimento
do Masterplan, na medida em que tem influência no desenvolvimento sustentável,
nomeadamente no que diz respeito aos recursos energéticos utilizados e aos impactes
regionais e globais na atmosfera, no solo, na água, na flora, na fauna e na população, entre
outros.
À escala urbana, o planeamento e a gestão urbanística têm consequências bastante
significativas para o ambiente e para as condições de conforto nos edifícios. Em termos
urbanísticos, para a Herdade da Alápega foram tidos em consideração os seguintes aspectos:
Meteorológicos (como radiação solar, temperatura do ar, vento, luminância, etc.);
Geográficos (como orientação, morfologia do terreno, etc.);
Biológicos (como fauna e flora do local).
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 14
ADITAMENTO
As formulações existentes em Portugal ao nível destes factores apenas são focadas no RGEU,
onde se refere o dever de serem asseguradas, para a construção ou reconstrução de
edificações, a salubridade dos terrenos, arejamento, iluminação natural e exposição
prolongada à acção directa dos raios solares, bem como o abastecimento de água potável e
evacuação de esgotos.
A iluminação natural é garantida pela formulação de um limite máximo de altura das
edificações, definido por uma linha recta a 45º, traçada em todos os planos perpendiculares
à fachada, e a intersecção do seu plano com o terreno exterior, independentemente da
localização ou orientação da edificação.
Face ao exposto, verifica-se que o empreendimento foi definido a priori tendo em
consideração a preservação e valorização dos recursos naturais e paisagísticos existentes na
herdade.
Zonamento da Herdade tendo em consideração a definição da Estrutura
Ecológica Principal (restrições à implantação de equipamentos, à integração
paisagística, desmatação, terraplenagens, etc)
Para a definição das áreas a incluir na Estrutura Ecológica Principal-EEP (áreas que
praticamente não irão ser intervencionadas no desenvolvimento do empreendimento) foram
tidos em conta os seguintes objectivos:
Garantir a salvaguarda e a manutenção dos sistemas ecológicos de maior valor
e a conservação da natureza, em áreas com dimensão suficiente para que
sejam sustentáveis, por si e permitindo ligações às áreas exteriores de maior
interesse;
Seleccionar para a EEP as áreas com maior potencialidade para instalação de
matos e vegetação que conformem habitats estruturalmente diversificados e
ecologicamente equilibrados e que constitua uma mais-valia ambiental para o
empreendimento e áreas envolventes.
Em termos estatísticos, a Estrutura Ecológica Principal (EEP) totaliza a área de 445,2 ha, a
Estrutura Ecológica Secundária (EES) totaliza a área de 71,2 ha, o que considerando que a
área total da herdade é de cerca de 713 ha, corresponde respectivamente a 62,5% e 10%
da mesma.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 15
ADITAMENTO
Os factores biofísicos identificados na delimitação da EEP não têm todos o mesmo valor e
sensibilidade, no que se refere ao ordenamento do espaço não intervencionado da herdade,
sendo classificada em duas classes – Muito Condicionada e Pouco Condicionada. A Estrutura
Ecológica Secundária, complementar da Primária integra também duas classes de espaços
distintas: Espaços Agro-silvo-pastorís e Espaços de Transição e Enquadramento.
Os Habitats da Rede Natura 2000 – Sítio Cabrela, integram as Estrutura Ecológica Principal
e incidem sobre Espaços de Ocupação muito Condicionada e Espaços de Ocupação Pouco
Condicionada, de acordo com o grau de protecção identificado como necessário.
Foram incluídos nos espaços de Ocupação Muito Condicionada, as áreas com Relevância
Fitocenótica Alta, as Áreas com Riscos de Erosão incluídas na REN e as áreas em que
estas duas condicionantes se sobrepõem.
Caracterizam-se pela presença de valores naturais ou condicionantes biofísicas que, pelas
suas características, devem prosseguir objectivos de protecção e conservação da natureza,
numa perspectiva de protecção do solo e dos ecossistemas, bem como da promoção da
biodiversidade sendo a sua função dominante a conservação da natureza e a biodiversidade.
Desta forma, não são permitidos quaisquer usos não compatíveis com a conservação da
natureza e a biodiversidade, sendo apenas admitidos usos e acções que não coloquem em
causa as funções de conservação do solo, a manutenção do equilíbrio dos processos
morfogenéticos e pedogenéticos e a regulação do ciclo da água, promovendo a infiltração em
detrimento do escoamento superficial.
Simultaneamente à conservação da natureza, poderão ser realizadas acções e actividades
pouco intensivas (trilhos ou percursos pedestres, equestres e cicláveis), desde que
complementadas com acções que favoreçam a estabilização e protecção do solo
nomeadamente adensamento de vegetação.
Pela importância histórica e cultural prevê-se a recuperação do “trilho” que percorre de
forma paralela a margem da Ribeira de São Cristóvão, já na área do regolfo da Albufeira de
Pego do Altar.
Nestas áreas, o uso preferencial é a floresta de protecção, cujas funções principais são as de
assegurar a continuidade da estrutura verde e proteger a diversidade ecológica. As
plantações irão privilegiar as espécies autóctones e as espécies adaptadas às
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 16
ADITAMENTO
condições ecológicas locais e tradicionalmente utilizadas. São interditas as plantações,
em áreas continuas, com espécies de crescimento rápido e/ou consideradas invasoras.
No que respeita aos Espaços de Ocupação Pouco Condicionada, constituem os restantes
espaços identificados com valor natural e biofísico, englobando as manchas de Montado de
Sobro, que inclui povoamentos recentes, e de matos. A salvaguarda do Montado de Sobro
é legalmente obrigatória por se constituir de um elevado valor ecológico.
Em geral, nestas áreas, sem prejuízo no disposto em legislação específica de protecção do
sobreiro, são interditas as acções que coloquem em causa a concretização das funções do
montado e a sua sustentabilidade, pelo que devem ser seguidas as seguintes orientações:
impedir o corte, abate e arranque de sobreiros e azinheiras;
promover plantações ou a regeneração natural de sobreiros e azinheiras;
em situações de consociação de povoamentos de sobro com outras espécies como o
eucalipto, pinheiro manso ou matos, deve-se promover a substituição progressiva
destas espécies, no sentido de constituir montados ou azinhais, onde dominem as
quercíneas, para que estas áreas sejam bem beneficiadas na sua estrutura e
equilíbrio ecológico.
O uso preferencial destas áreas é o montado, mais ou menos denso, consoante as restantes
características do território, devendo também o coberto sub-arbóreo ajustar-se a estas.
Assim, os usos admissíveis devem ter em conta as especificidades do sistema e as
características biofísicas do território, e promover o seu uso múltiplo, quer seja produtivo
(extracção de cortiça, produção de lenha, apicultura, colheita de plantas aromáticas e
medicinais, produção de pastagens para gado) ou recreativo (percursos pedestres, equestres
e cicláveis, educação ambiental, caça).
Promoção da Gestão Sustentável dos Recursos Naturais, e da utilização de
soluções ecológicas
As soluções desenvolvidas no projecto em causa, no que respeita à gestão dos consumos de
água e energia e no destino final das águas residuais e resíduos, são ambientalmente
correctas, promovendo activamente a poupança de recursos, a utilização de energias
renováveis e de recursos endógenos.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 17
ADITAMENTO
A boa política ambiental leva, necessariamente, à procura de soluções de minimização dos
consumos hídricos e de adequação desses consumos à qualidade dos recursos existentes.
Esta preocupação traduz-se na aplicação de um conjunto de medidas que permitem aqueles
desideratos, sendo que a primeira respeita à adequação dos consumos aos recursos.
De acordo com o estabelecido no projecto, a utilização de água potável será reduzida às
funções indispensáveis, nomeadamente aquelas em que há contacto humano directo
(banhos, cozinha) ou indirecto (máquinas de lavar roupa e louça). Para os restantes
consumos, incluindo nestes os gastos nos autoclismos dos sanitários e os consumos
exteriores, nomeadamente abastecimento de piscinas, lavagem de pavimentos, rega de
jardins e campos de golfe, etc., recorrer-se-á, sempre que possível, a água não potável.
No que se refere à utilização de água potável, é adoptado um conjunto de medidas
minimizadoras dos consumos, como seja:
Utilização de torneiras misturadoras e oxigenadoras de baixo débito, que permitem
uma redução significativa dos consumos sem por em causa a qualidade do serviço
prestado;
Opção por máquinas de lavagem de roupa e louça e outros equipamentos utilizadores
de água, de eficiência máxima;
Controle em tempo real da pressão da rede, mantendo a pressão de conforto mas não
permitindo a sua elevação, fruto de redução do caudal total pedido, que leva a
acréscimos significativos de caudal nos equipamentos em funcionamento.
É expectável um consumo de água potável na ordem dos 138.000 m3/ano, tendo origem
exclusiva dos furos existentes no empreendimento, que permitirão satisfazer as
necessidades em ano médio e seco.
No total do Empreendimento, é expectável um volume total anual médio de água não
potável de cerca de 489.000 m3/ano (387.000 m3 em anos secos, derivado da redução de
consumo que se fará à custa da redução da rega do campo de golfe, nomeadamente ao nível
dos fairays e do drivin range).
Para fazer face aos consumos referidos, o Empreendimento dispõe das seguintes origens de
água:
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 18
ADITAMENTO
Águas pluviais recolhidas em cisternas a instalar localmente, no interior dos
lotes – 38.000 m3/ano (sendo nula em ano seco)
Efluentes domésticos tratados derivados da ETAR – cerca de 124.000 m3/ano a
utilizar na rega dos campos de golfe.
Águas subterrâneas, derivadas de captações existentes na propriedade –
102.000 m3/ano
Barragem do Pego do Altar – Tendo em consideração as necessidades de água
bruta, serão utilizados cerca de 175.000m3/ano (sendo zero em ano seco).
Águas superficiais próprias recolhidas nos lagos e albufeiras de barragens a
construir. Estes lagos, que constituirão reservas estratégicas de água,
apresentam uma área total da ordem dos 15 ha, e terão uma capacidade de
armazenamento total da ordem dos 470.000 m3, que se manterá totalmente
preenchida nos anos normais ou húmidos, através dos escoamentos próprios
das suas bacias e do reforço com águas da barragem do Pego do Altar. Nos
anos médios será utilizada cerca de 50.000 m3/ano de água proveniente das
afluências da bacia de drenagem.
Nos anos secos, será usada a reserva estratégica de água armazenada nestes
lagos, correspondendo a cerca de 1/3 da sua capacidade, ou seja, cerca de
161.000 m3, em substituição da água da barragem, e das cisternas.
Neste sentido, o sistema integrado preconizado no projecto, considerando diversas origens
de água, onde se privilegia a reutilização das águas das chuvas e dos efluentes domésticos
tratados, apresenta-se ambientalmente sustentável, satisfazendo as necessidades de água
em períodos de seca através do recurso a reservas estratégicas de água inerentes ao próprio
projecto.
Refere-se igualmente que para obtenção de água potável, está prevista, como solução base,
a construção de uma ETA, no interior do Empreendimento, usando, como origem de água
preferencial, os caudais derivados das captações subterrâneas. Poderá no entanto ser
adoptada uma solução comum com o fornecimento de água à povoação de Santa Susana.
Nesta hipótese, a solução passa pela conclusão e reforço da ETA já parcialmente instalada na
barragem do Pego do Altar que, por razões várias, ainda não está em funcionamento.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 19
ADITAMENTO
Para o tratamento das águas residuais domésticas, está prevista a construção de uma ETAR,
no interior do Empreendimento, como posterior aproveitamento dos efluentes tratados na
rega e consumos afins.
Entretanto, e tal como acontece com a água potável, a povoação de Santa Susana tem uma
ETAR do tipo fitoETAR, cujo funcionamento não será o mais desejado. Assim sendo, o
Promotor está disponível para estudar uma solução comum, promovendo a sustentabilidade
da região. Nesta hipótese, a solução passaria pela instalação de uma ETAR mais tradicional,
e que permita uma variação acentuada das afluências, no local da ETAR actual.
Os resíduos produzidos no Empreendimento serão triados e recolhidos por equipamentos
próprios montados em camiões, que os transportarão para o exterior e os entregarão nos
respectivos Ecocentros, para reciclagem e valorização, seguindo os restantes para aterro.
Admite-se ser possível conseguir uma percentagem de reciclagem e valorização da ordem
dos 50%, o que se considera positivo, sendo os restantes 50% destinados a aterro:
Os resíduos verdes provenientes da gestão e manutenção dos espaços naturais, das áreas
ajardinadas comuns e privadas e do campo de golfe, serão objecto de reutilização e
reciclagem. O material lenhoso pesado poderá ser escolhido, cortado e acondicionado,
constituindo a biomassa para posterior aproveitamento nas lareiras a instalar nas habitações,
hotel, etc.
O aproveitamento deste material lenhoso, derivado de podas de manutenção e não de abate,
traduz-se em energia de Carbono 0, aspecto importante a realçar, no âmbito de uma
correcta política ambiental que se pretende seguir.
Em termos de consumos energéticos, refere-se que serão utilizadas técnicas construtivas,
materiais e equipamentos que permitam a sua efectiva poupança. Dentro desta componente
estrutural, ressaltam os consumos energéticos inerentes à climatização
(aquecimento/arrefecimento) como aqueles onde se deve intervir, nomeadamente ao nível
das soluções passivas.
Outra área onde a capacidade de poupança é potencialmente significativa é a iluminação,
nomeadamente ao nível dos espaços comuns exteriores e das unidades hoteleiras e outras
edificações de uso comum, onde a utilização, por exemplo, de leds, tem provado permitir
poupanças energéticas superiores a 80%. Também a nível das habitações esta poupança é
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 20
ADITAMENTO
possível, substituindo os diversos tipos de lâmpadas por outras de menor consumo, com
poupanças potências da ordem dos 30% a 40%.
Uma terceira área em que se irá intervir refere-se aos diferentes equipamentos,
nomeadamente máquinas de lavar, equipamentos de frio, audiovisuais, etc., onde a opção
por equipamentos de maior eficiência permite poupanças energéticas superiores a 25% em
relação ao cenário tradicional.
No cômputo de todas estas intervenções, considera-se que se conseguirá, indo ao encontro
das preocupações ambientais associadas à energia, nomeadamente no que se refere à
produção de carbono, uma poupança energética da ordem dos 30% em relação ao cenário
usual.
A nível do Empreendimento, e tendo em consideração a população expectável e a sua
variação ao longo do ano, e os demais consumos, nomeadamente os inerentes aos espaços
comuns, à rega, etc., admite-se que os consumos energéticos globais deverão rondar os
8.300.000 kWh/ano.
Quanto ao tipo de energia em jogo, daquele quantitativo total anual de, sensivelmente,
8.300.000 kWh/ano, cerca de 60%, 5.000.000 kWh/ano, corresponderá, em princípio, a
energia eléctrica, gasta na iluminação, frigorífico, equipamentos audiovisuais, etc., cobertos
pela electricidade da rede pública, e por equipamentos de produção local, nomeadamente
painéis fotovoltaicos.
Os colectores solares térmicos, destinados ao aquecimento de águas e, eventualmente, ao
aquecimento ambiente, poderão cobrir cerca de 18% das necessidades energéticas totais.
Os painéis fotovoltaicos, com uma área semelhante à dos colectores solares térmicos, mas
destinados à produção de electricidade, poderão cobrir perto de 15% das necessidades
energéticas.
A biomassa, ou seja, a lenha derivada da manutenção da mata e demais espaços verdes,
responderá por cerca de 5% dos consumos energéticos totais.
Cerca de 38% das necessidades energéticas do Empreendimento poderão ser garantidos
com o recurso a energias renováveis locais, com reduzida produção de carbono.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 21
ADITAMENTO
Entretanto, o gás, importado, será responsável pela cobertura de 17% das necessidades
totais de energia.
Finalmente, a energia eléctrica a fornecer a partir do exterior, cobrirá os restantes 45% do
consumo energético total.
Neste sentido, verifica-se que a gestão dos recursos, água e energia, e dos resíduos, é
efectuada de forma sustentável, considerando práticas ambientais adequadas e inovadoras e
a integração de diferentes soluções que permitem o equilíbrio entre a implementação do
empreendimento, e a protecção dos recursos naturais.
Preocupações com os edifícios
A preocupação em construir edifícios com condições mínimas de salubridade já se faz sentir
há algum tempo.
Neste sentido foi elaborado o ‘Regulamento Geral das Edificações Urbanas’1 (RGEU). Este
regulamento resulta da necessidade de intervenção neste sector, tendo em conta não só as
condições de salubridade dos edifícios, mas também a necessidade de os construir com os
exigidos requisitos de solidez e defesa contra alguns riscos (como incêndios ou derrocadas),
para garantia da sua segurança. Visa também a necessidade dos edifícios serem construídos
tendo em conta condições mínimas de natureza estética.
No que respeita à regulamentação energética nacional na área dos edifícios, esta constitui
um instrumento legislativo capaz de influenciar a sua eficiência energética, impondo um
conjunto de requisitos mínimos, quer em termos construtivos (especificamente no que diz
respeito à qualidade da sua envolvente), quer em termos dos sistemas energéticos
(incidindo, especialmente, no que se refere à utilização dos sistemas energéticos de
climatização).
1 Decreto-Lei 38382, de 7 de Agosto de 1951
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 22
ADITAMENTO
Os regulamentos mais relevantes nesta área são, pois, o ‘Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios’2 (RCCTE) e o ‘Regulamento dos Sistemas Energéticos
de Climatização em Edifícios’3 (RSECE), respectivamente.
O RCCTE, publicado em 1990, constitui uma primeira base regulamentar que visa
directamente a melhoria da qualidade térmica da envolvente dos edifícios, no sentido da
‘melhoria das condições de conforto sem acréscimo do consumo de energia’ (Gonçalves,
Joyce, & Silva, 2002).
Este primeiro regulamento, ainda que considerado muito moderado em termos de exigências,
teve um grande significado na construção de edifícios em Portugal, uma vez que, na
actualidade, já praticamente todos utilizam isolamentos térmicos, muitos deles incorporando
ainda vidros duplos, tendo-se, para além disto, generalizado como prática corrente na
construção nacional.
A revisão deste regulamento impõe ainda que ‘o recurso a sistemas de colectores solares
térmicos para aquecimento de água sanitária nos edifícios abrangidos pelo RCCTE4 é
obrigatório sempre que haja uma exposição solar adequada5’. Em alternativa aos colectores
para aquecer a água, os edifícios podem optar por outras formas renováveis de energia com
capacidade equivalente.
No que concerne ao segundo regulamento apontado, o RSECE, este foi publicado em 1998,
aplicando-se, fundamentalmente, aos edifícios com sistemas de climatização e apresentando
como principal objectivo melhorar a sua eficiência energética. Este regulamento estabelece
um conjunto de regras de modo a que ‘as exigências de conforto e de qualidade do ambiente
impostas no interior dos edifícios, possam vir a ser asseguradas em condições de eficiência
energética’ (ADENE/INETI, 2002).
2 Decreto-Lei 40/90, de 6 de Fevereiro
3 Decreto-Lei 118/98, de 7 de Maio
4 O RCCTE aplica-se aos edifícios novos de habitação e aos de serviços que não tenham sistema central de
climatização. As suas normas são também válidas para grandes remodelações de edifícios já existentes
5 Na prática, os colectores solares são obrigatórios nos edifícios cuja cobertura esteja genericamente orientada a
Sul, desde que não sombreada nas horas de maior insolação
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 23
ADITAMENTO
À semelhança do que foi dito para o RCCTE, este regulamento foi igualmente revisto, com o
objectivo de ir ao encontro das exigências da Directiva Comunitária 2002/91/CE que impõe
aos Estados-membros o estabelecimento e actualização periódica de regulamentos
existentes, por forma a contribuir para a redução dos consumos energéticos nos edifícios
novos e reabilitados, impondo a implementação de todas as medidas com viabilidade técnica
e económica que visem a sua redução efectiva.
No que concerne, mais especificamente, aos materiais de construção, a regulamentação
nacional em vigor ainda não incorpora, de forma significativa, legislação, normas, etc. no
que diz respeito à sua prestação ambiental (nomeadamente medidas que cada indústria deve
tomar para minimizar os impactes ambientais associados à produção, etc.).
Existem apenas, a este nível, algumas normas sobre reciclagem do betão e incorporação de
resíduos na sua constituição, nomeadamente a NP EN 450, referente à classificação e
conformidade de incorporação de cinzas volantes no betão.
A intervenção edificada na Herdade da Alápega cumprirá escrupulosamente as regras e
orientações contidas nos regulamentos referidos, sendo ainda muito provável que o projecto
venha a suplantar estas exigências.
Impactes Ambientais dos Materiais de Construção
A situação ambiental do sector da construção em Portugal é mal conhecida, não sendo
sequer referida no Plano Nacional da Política do Ambiente (Ministério do Ambiente e
Recursos Naturais [MARN], 1995). No entanto, poderá salientar-se que as actividades
incluídas na construção que mais impacte têm no ambiente são as produções de cimento e
de aço (desde a extracção de matérias-primas, até ao consumo energético para
processamento, etc.).
Para além disto, as diminutas soluções de programas de reciclagem para os resíduos da
construção e demolição6 (RCD’s), bem como o total desconhecimento e vontade empresarial
para incluir nos materiais de construção matérias recicladas, faz do sector da construção, de
6 Que são, praticamente na sua totalidade, reutilizáveis ou recicláveis
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 24
ADITAMENTO
entre os restantes sectores da indústria portuguesa, o mais descuidado e atrasado em
termos ambientais.
Só para exemplificar, a produção de Cimento Portland Normal (CPN), uma vez que envolve a
obtenção de altas temperaturas para a formação do clínquer, corresponde a uma actividade
industrial altamente consumidora de energia, apresentando valores de consumo da ordem de
5GJ/ton (Pentalla, 1997), mesmo tendo em conta que o progresso tecnológico no seu
processo de fabrico, de 1960 a 1990, já permitiu reduzir o consumo inicial para
aproximadamente metade. Para além desta questão, há ainda a considerar a extracção de
matérias-primas para fabrico do mesmo. Actualmente rochas calcárias e margas são
extraídas em grandes quantidades, reduzindo habitats e empobrecendo paisagens, quando
há a possibilidade de se substituir parte do cimento utilizado para produzir betão por
resíduos provenientes de outras indústrias, nomeadamente cinzas volantes.
Nos últimos 50 anos, a indústria da construção civil em Portugal tem assentado
essencialmente no betão armado.
O aço é genericamente remetido para estruturas industriais, apresentando pouca relevância
no sector da habitação e escritórios, e a madeira como material de construção é, por seu
lado, praticamente inexistente em Portugal, embora ambos figurem na construção
portuguesa actual.
A abordagem a adoptar, numa fase futura do projecto, no que concerne aos materiais de
construção a utilizar no empreendimento turístico da Herdade da Alápega, privilegiará a
adopção daqueles que no cômputo geral se revelem menos nocivos para o ambiente,
optando-se quando viável, por materiais reciclados. Na figura seguinte apresenta-se a
caracterização típica dos entulhos das demolições (Ribeiro, 1999).
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 25
ADITAMENTO
Alvenaria Betão Madeira Aço Outros
Figura 2 – Caracterização dos entulhos das demolições
Os valores apresentados, apesar de grosseiros, permitem tirar conclusões acerca dos
principais materiais que são utilizados tipicamente na construção de edifícios em Portugal
(bem como das suas respectivas quantidades relativas), se tivermos em conta que a
esmagadora maioria dos mesmos apresenta como destino final o vazadouro7.
Desempenho Passivo
Ao nível do desempenho passivo importa referir que as unidades de alojamento na Herdade
da Alápega terão em consideração uma articulação entre a arquitectura exterior e interior e a
orientação solar, de modo a promover um intervalo de temperaturas de conforto de: 18ºC-
26ºC.
Em função dos resultados que se vierem a obter irá analisar-se a quais os tipos de sistemas
energéticos de climatização que deverão equipar as unidades de alojamento, para alcance do
padrão de conforto desejado
7 De salientar apenas, como já referido aliás, que uma percentagem significativa do aço é tipicamente
reencaminhada para reciclagem, no final do ciclo de vida deste material. Por esta razão, o valor apresentado deverá
ser tomado como (muito) inferior aos reais resíduos de demolição deste material
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 26
ADITAMENTO
Em termos de iluminação natural, apresentam-se, nas figuras seguintes, a posição do sol,
relativamente a uma unidade de alojamento, para os dias maior (21 de Junho) e mais
pequeno (21 de Dezembro) do ano, respectivamente.
Figura 3 – Posição do sol, relativamente a uma unidade de alojamento, no dia 21 de Junho
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 27
ADITAMENTO
Figura 4 – Posição do sol, relativamente a uma unidade de alojamento, no dia 21 de Dezembro
É possível concluir, por observação das figuras anteriores, que soluções de sombreamento
como palas, ou outras, são eficazes, já que permitem, no Verão (período mais luminoso e,
tipicamente, mais quente), barrar a entrada da radiação solar para o interior das unidades
de alojamento. Deste modo, minimizam-se o excesso de luz e o sobreaquecimento nas
unidades de alojamento, aumentando-se, consequentemente, o nível de conforto no seu
interior. Por outro lado, no Inverno, este tipo de soluções permite a entrada da radiação
solar na unidade de alojamento, tornando-a mais luminosa e, simultaneamente,
termicamente mais confortável (mais quente).
Este tipo de soluções passivas serão tomadas em consideração numa fase posterior do
projecto da Herdade da Alápega.
2- Caracterizar todos os elementos de projecto que constituem os
empreendimentos Turísticos na Herdade da Alápega, designadamente, o
campo de golfe, os charcos e as albufeiras, as piscinas e o centro náutico.
No Anexo IV são apresentadas as peças desenhadas que permitirão uma mais adequada
percepção das características dos elementos de projecto que constituem o empreendimento
turístico, e que seguidamente se descrevem.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 28
ADITAMENTO
Campo de golfe
O campo de golfe apresenta uma área de implantação de cerca de 646.258 m2, com um
circuito de 18 buracos e um par de 72 com uma boa variação de buracos., desenhado pela
Mackenzie & Ebert, correspondente a um percurso total de 6.400 metros de jogo. Este
campo que se pretende perfeitamente enquadrado na paisagem envolvente – Figura 5, é
constituído por 4 lotes (G1, G2, G3 e G4) – Figura 6, estruturados pela rede viária definida,
que se articulam entre si.
Figura 5 – Enquadramento dos campos de golfe na paisagem envolvente
A área para este projecto é um antigo terreno agrícola utilizado para pastagem. O local
integra pradarias, bosques e árvores individuais a maioria das quais são protegidas.
Grandes partes da terra têm ondulação significativa como mostra o levantamento topográfico
do local. O solo fica compactado e, portanto, retém a água durante os períodos húmidos do
inverno. Por isso o campo necessitará da instalação de um sistema de drenagem intensiva.
As saídas deste sistema serão os cursos de água existentes e os lagos que serão construídos
no local do campo de golfe.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 29
ADITAMENTO
O projecto envolve a criação de 18 buracos, um driving range8, três buracos de academia,
uma área de jogo curto e putting green9. Haverá duas voltas de nove buracos irradiando da
clubhouse. Nas imagens seguintes apresentam-se as paisagens associadas aos vários locais
do campo de golfe.
Fotografia 1: Vista a partir do 1º
tee
Fotografia 2: Vista por trás do
1º green
Fotografia 3: Vista a partir do 2º
tee
Fotografia 4: Vista por trás do 2º
green
Fotografia 5: Vista a partir do
5º tee
Fotografia 6: Vista a partir do 6º
tee
Fotografia 7: Vista a partir do
8º tee
Fotografia 8: Vista a partir do 9º
tee
8 Driving range: área para treinar golfe
9 Putting green: campo de golfe muito pequeno e sem nenhum obstáculo
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 30
ADITAMENTO
Em determinadas áreas críticas, o afastamento entre as linhas centrais dos buracos e os
limites das áreas destinadas à implantação de unidades de alojamento, são de
aproximadamente 80 metros, distância que é suficiente para garantir a segurança dos
turistas.
A delimitação desta área engloba também alguns lagos e charcas propostos e desenvolvidos
no âmbito do conceito global proposto para o golfe e plano hídrico para a Herdade. A
concepção do campo de golfe assentou em algumas premissas relevantes, inerentes à
preservação das áreas integradas na Estrutura Ecológica que, apesar de integradas nos lotes
do golfe, permanecerão intocadas; à preservação dos sobreiros protegidos existentes na
área do empreendimento; à utilização das características da paisagem existente; e à criação
de um campo que seja ambientalmente responsável e relativamente fácil de manter.
A localização preferencial para a implantação do clube de golfe com cerca de 10.087 m2 de
área, é no topo de um pequeno planalto com vistas privilegiadas em todas as direcções, mas
com foco para sul e oeste.
A área global ocupada pelos lotes de golfe foi contemplada com uma área de construção de
50 m2 para a provável necessidade de construção de instalações sanitárias em pontos chave
do percurso.
Será necessário um sistema abrangente de drenagem dos fairways. Serão necessários dois
tipos de drenagem. Um deles será um sistema de bocas de esgoto para capturar fluxos de
superfície nos fairways durante períodos de chuvas fortes. O outro será um sistema de
infiltração composto por tubos perfurados cercados por pedra que serão utilizados para
reduzir o nível de água do solo em determinados lugares. Ambos os sistemas serão
emissários para os cursos de água existentes e os novos lagos.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 31
ADITAMENTO
Para o estabelecimento de tees, fairways, área semi inculta e envolvente dos greens, serão
usadas relvas das espécies Lolium, Festuca, Poa pratensis e Agrostis. Estas são resistentes à
seca na medida em que se pode permitir que fiquem pardas durante períodos muito secos.
Assim que voltam a receber chuva a cor verde regressa.
Para os greens, serão necessárias superfícies de alta qualidade constituídas por espécies
que irão produzir uma superfície muito lisa com baixa altura de corte. Esta será uma das
espécies de Agrostis stolonifera.
Como os greens deverão ser cortados muito rentes, é desejável controlar o equilíbrio hídrico
da mistura de enraizamento com cuidado e, portanto, estas serão criadas de acordo com a
especificação USGA. Será instalado um sistema de drenagem sob os greens. Acima da base
drenada, haverá uma camada de 100mm com 2 a 6 mm de cascalho seguida pela zona de
enraizamento de areia/turfa com a profundidade de 300mm. A zona de enraizamento não
deve conter drenagem, mantendo no entanto uma mistura ideal de água, nutrientes e ar,
essenciais para o crescimento saudável. Esta zona será composta por uma mistura de areia
importada misturada com turfa importada. Para melhorar o estabelecimento das relvas nos
greens de forma a promover a máxima resistência a doenças, e diminuir a necessidade de
fertilizantes / água, pode ser recomendável que haja uma incorporação de fungos
micorrízicos arbusculares na mistura de enraizamento antes da sementeira.
O processo passo a passo para a construção dos greens, será o seguinte:
a. Retirar e amontoar o solo de topo numa única pilha numa área de um lado ou outro
do green que não será remodelada.
b. Dar nova forma ao subsolo para criar as formas especificadas pelo arquitecto para
formar a base do green.
c. Drenar a base do green com tubo de drenagem flexível, com 100 milímetros de
diâmetro e perfurado e cercar o tubo com pedra.
d. A camada de cascalho será adicionada a uma profundidade de 100 milímetros.
e. A camada final será então a de 300 milímetros de zona de enraizamento, como
descrito acima, que se estenderá por 60 centímetros para os lados para cobrir os
contornos da envolvente do green.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 32
ADITAMENTO
f. Todo o solo superior previamente retirado será então recolocado para cobrir o subsolo
em torno das bordas dos greens.
Os tees seguirão a mesma especificação, mas não haverá uma camada de cascalho e a zona
de raiz terá apenas 150 milímetros de profundidade.
Os fairways serão construídos da seguinte forma:
a. Na maioria das áreas o design do campo não exigirá movimentação de terras, mas
alguns dos vales mais íngremes terão de ser elevados e haverá algumas outras áreas de
movimentação de terras para criar áreas de jogo bastantes planas.
b. Onde os níveis tiverem que ser alterados, as áreas serão remodeladas para criar as
formas definidas pelos planos e especificadas pelo arquitecto. Ao procederem ao
nivelamento, será importante respeitar os declives existentes nos terrenos em volta, para
que as novas formas se integrem bem. Nos terrenos mais planos a maior das novas
inclinações serão mais rasas do que 1:6. Em terreno mais íngreme, poderão ser usados
declives maiores, mas estes nunca serão mais acentuados em 1:3. Serão utilizados
operadores de máquinas qualificados com experiência de trabalho em locais de campos de
golfe sensíveis.
c. Os fairways serão cobertos por uma profundidade de 150 milímetros de uma areia
importada / mistura de solo para fornecer o meio de cultura.
Os bunkers necessitam de ser tratados com cuidado, ou então podem ser a característica
mais proeminente de um campo de golfe. Os estilos de bunkers variam de campo para
campo, mas na Alápega, a ideia é que sejam usados com moderação. Outros campos têm
dez vezes ou mais a área de areia que será necessária na Alápega.
Serão modelados com faces cobertas de erva e encostas relativamente íngremes para que a
areia fique principalmente na base garantindo que não é muito visível de longe. A areia para
o preenchimento dos bunkers será importada.
Existem várias maneiras de os golfistas circularem num campo de golfe: a pé ou num
carrinho de golfe. Será necessário um sistema completo de caminhos para os carrinhos de
golfe em todo o campo. A superfície dos caminhos ainda está por decidir, mas será um
material poroso.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 33
ADITAMENTO
Em termos de rega do campo de golfe, refere-se que o objectivo do sistema a
implementar será fornecer uma rega muito eficiente (em termos de cobertura) aos greens,
tees, fairways e áreas semi incultas (uma faixa de 4,5m em torno dos fairways). Este
objectivo será atingido através da utilização de um grande número de aspersores, e os
localizados nas margens da área irrigada (o limite semi inculto / inculto) só girarão
parcialmente regando apenas para o interior. Isto irá assegurar que o lançamento de água
para as áreas incultas será reduzido ao mínimo. No entanto, estes aspersores nas margens
poderão operar num círculo completo durante o período de estabelecimento do campo e em
condições muito secas, quando a relva nas áreas incultas poderá morrer sem rega.
Este sistema utilizará aspersores "pop-up", que serão controlados individualmente por um
sistema central de comando informatizado. Este utilizará toda a flexibilidade da
informatização moderna e terá um sofisticado programa de controlo de fluxo para garantir
que para obter o efeito máximo é aplicada a quantidade mínima de água usando a menor
quantidade de energia. Este permitirá um registo preciso a ser mantido das quantidades de
água que são diariamente utilizadas pelo sistema.
A boa cobertura de irrigação uniforme é essencial num projecto, e é vital para a viabilidade
do campo a longo prazo.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 34
ADITAMENTO
Figura 6 – Apresentação esquemática da localização do campo de golfe no empreendimento
Charcos e albufeiras
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 35
ADITAMENTO
O empreendimento prevê a construção de seis lagos, que corresponderão, dada a topografia
local, a albufeiras criadas por pequenas barragens de terra, que terão as características a
seguir descriminadas.
Quadro 1 – Características dos 6 lagos a construir
A localização de cada um destes lagos poderá ser visualizada nas peças desenhadas
apresentadas no Anexo IV.
Ao nível dos aterros, o coroamento terá 5 m de largura, o talude de montante será inclinado
a 3,0/1,0 (h/v) e talude de jusante a 2,5/1,0 (h/v)
Admite-se a escavação no interior das albufeiras, de modo a criar a capacidade de
armazenamento necessária, seguida do revestimento a geomembrana impermeável se
necessário. O material resultante daquela escavação será utilizado na construção dos
aterros. O material sobrante será usado na modelação do campo de golfe, não havendo lugar
à exportação de terras para o exterior do Empreendimento.
No que se refere aos órgãos hidráulicos, todos os lagos serão equipados com descarga de
fundo e descarregador de superfície.
A descarga de fundo será constituída por uma câmara de entrada, construída no fundo do
lago junto ao aterro, protegida com grelha. Seque-se uma conduta em PEAD envolta em
betão, que atravessa inferiormente o aterro, e que termina, a jusante, numa válvula de
seccionamento, que esgota para a linha de água. Esta válvula será aberta sempre que se
queira esvaziar o lago, para efeitos de manutenção e limpeza.
Lago
Altura
máxima do
aterro (m)
Comprimento do
Coroamento (m)
Área
Inundada
(m2)
Volume
armazenado
(m3)
Área da Bacia
Hidrográfica
(ha)
1 14 120 20.200 161.600 1,83
2 11 100 12.500 66.600 2,51
3 9 80 5.600 22.400 1,82
4 9 320 21.500 86.000 3,55
5 5 70 4.700 12.500 9,94
6 12 170 15.100 120.800 0,37
TOTAL - - 79.600 469.900 20,02
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 36
ADITAMENTO
O descarregador de superfície será constituído por uma soleira descarregadora em poço, à
qual se segue uma conduta de descarga com o diâmetro compatível com o caudal de ponta a
escoar. Esta conduta termina a jusante numa bacia de dissipação de energia, antes de
entregar os caudais na linha de água.
Quanto à drenagem das zonas envolventes, nomeadamente a drenagem sub-superficial das
áreas do campo de golfe a ela sujeitas, como sejam os greens, tees e bunkers, aponta-se
para que as mesmas sejam desviadas dos lagos e encaminhadas para jusante para a linha
de água, no sentido de evitar que caudais com nutrientes promovam a eutrofização dos
lagos. Neste sentido, não se considera necessário adoptar-se sistemas de tratamento.
O enchimento destes lagos será efectuado a partir de bombagem da água da Barragem do
Pego do Altar.
A água armazenada nestes lagos funcionará como reserva estratégica a utilizar em ano
crítico. Assim, estas albufeiras de armazenamento apresentam uma função de regularização
inter-mensal, guardando água de Inverno para a distribuir durante o Verão, e de
regularização inter-anual, guardando água nos anos húmidos, para distribuir nos anos secos.
Aldeamentos e Estabelecimentos Hoteleiros
Prevê-se a criação de 10 aldeamentos turísticos designados de A1 a A10, com categoria
mínima de 4 estrelas. Estes espaços compreendem áreas destinadas à constituição de
unidades de alojamento, espaços de utilização comum, equipamentos, vias de circulação
viária, pedonal, estacionamentos privativos e comuns, espaços verdes ornamentais e
espaços afectos à Estrutura Ecológica.
Os Aldeamentos A1 e A2, situam-se a poente do CM1063-1 sendo constituídos por unidades
de alojamento que integram lotes para a construção de moradias isoladas. Trata-se das
unidades de alojamento de maior dimensão com lotes a variar aproximadamente entre os
1500m2 e os 4000 m2, que privilegiam uma vivência mais naturalizada, marcada pela
envolvente. O Aldeamento A1, ocupa uma área com aproximadamente 40 ha para o qual
está previsto a criação de 86 lotes que integram tipologias T3, T4 e T5, que correspondem a
uma área de construção máxima de 27605 m2. A zona central do aldeamento é marcada pela
presença de um lago que ocupa cerca de 20 ha, ao qual se encontra associado o lote
destinado ao apoio comercial e recreativo do aldeamento.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 37
ADITAMENTO
O Aldeamento A2, com características de ocupação muito semelhantes ao A1, ocupa uma
área com cerca de 16,6 ha, para o qual se prevê a criação de 36 lotes destinados à
constituição de unidades de alojamento. Como referido e à semelhança do Aldeamento A1,
apenas a tipologia de moradia isolada está prevista, em que a dimensão do lote varia entre
os 1500m2 e os 4000 m2 com tipologias, T3, T4 e T5, que correspondem a uma área de
construção máxima de 12720 m2. O aldeamento A2, situa-se a sul do A1, tendo na
envolvente Sul, o estabelecimento hoteleiro H1 que compreende a unidade de spa
(correspondendo a cerca de 88,261 m2 de área de implantação). Este estabelecimento
hoteleiro compreende cerca de 100 camas.
Os Aldeamentos A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9 e A10, situam-se a nascente do CM1063-1,
encontrando-se os aldeamentos A3, A4, A5, entre o CM1063-1 e a EN253, e os restantes a
oriente da EN253. Em complementaridade aos aldeamentos A1 e A2, estes desenvolvem-se
em núcleos de menor dimensão, e apesar de alguns integrarem moradias isoladas, mais
afastadas das zonas centrais do aldeamento, seguiu-se na maior parte da sua área
construída um modelo de ocupação mais concentrado, sugerindo a ideia de pequenas
“aldeias”, procurando aproximar-se do modelo típico do povoamento alentejano. As unidades
de alojamento integram moradias isoladas, moradias em banda e apartamentos com
diferentes tipologias a variar entre T1 (só para apartamentos) e T4.
A dimensão dos lotes de moradias isoladas varia em média entre os 350m2 e os mais de
2500 m2 e para as moradias em banda 150m2 e 350 m2. Os lotes de apartamentos
concentram diferentes tipologias, T1, T2, T3 e T4 e as suas áreas brutas de construção
variam em média entre 90 e 180 m2.
A implantação destes aldeamentos verifica-se em perfeita articulação com o campo de golfe
que se desenvolve longitudinalmente na herdade. Para o Aldeamento A5, pela sua
centralidade prevê-se a constituição de uma área de uso misto, que visa assegurar um
conjunto de funções comerciais associado a unidades de alojamento e tirando partido da
presença de um lago que lhe confere um enquadramento cénico valorizado. Este lote ocupa
uma área com cerca de 1,14 ha, estando previstos 1400 m2 de área de construção para
estabelecimentos comerciais e 1980 m2 para 18 apartamentos (T1, T2 e T3). Embora nesta
fase conceptual seja precoce apresentar o seu programa detalhado pretende-se assegurar a
criação de um percurso de Fitness associado a um ginásio/fitness centre, com uma extensão
de 300m e com 5 estações de fitness/exercícios.
A altura máxima de fachada prevista para a globalidade dos aldeamentos é de 7 metros.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 38
ADITAMENTO
Todos os aldeamentos dispõem de uma área de utilização comum e equipamentos, de
apoio à actividade turística, dinamizador com funções de Praça, Largo ou Praceta com uma
capacidade edificativa média de 200 m2, onde é expectável a construção dos edifícios e
equipamentos para o desenvolvimento de actividades recreativas e de lazer, prevendo-se
igualmente a instalação de algum comércio nomeadamente restaurantes e pequenas
unidades comerciais. Para cada uma destas áreas prevê-se ainda áreas com piscina e pelo
menos um equipamento de desporto e lazer conforme previsto no artigo 16º do DL 39/2008,
por força do estatuído no artigo 13.º, n.º 3, do mesmo diploma.
A acessibilidade aos diferentes espaços dos Aldeamentos é assegurada pela rede viária e
pelas áreas de circulação pedonal propostas.
Para cada aldeamento está igualmente prevista a criação de espaços verdes ornamentais que
visam o enquadramento paisagístico da intervenção. Estas áreas correspondem aos espaços
intersticiais no interior das pequenas “aldeias” dos aldeamentos A3 a A10, caracterizando-se
por serem espaços permeáveis, com utilização de material vegetal e inerte. Destinam-se a
constituir pequenas zonas verdes dentro dos núcleos edificados, com funções dominantes de
enquadramento (ornamentais), devido sobretudo à sua reduzida dimensão.
São áreas que, para além de enquadrarem paisagisticamente as construções, contribuem
para o estabelecimento de um contínuo natural entre as áreas edificadas e os espaços de
transição e enquadramento, favorecendo assim a ligação com a paisagem e a amenização do
ambiente urbano.
Os materiais vegetais a utilizar deverão ser constituídos por espécies herbáceas, arbustivas e
arbóreas adaptadas às condições edafo-climáticas da região, privilegiando-se o uso de
espécies autóctones dos sistemas secos mediterrânicos.
Por se tratar de áreas ornamentais, admite-se uma maior artificialização e a utilização de
espécies vegetais exóticas, desde que bem adaptadas às condições edafo-climáticas da
região e não possuam grandes exigências em termos de rega. Os sistemas de rega deverão
ser automatizados, de baixo débito, preferencialmente do tipo gota-a-gota.
Os materiais e técnicas de construção com inertes a aplicar nestes espaços, especialmente
no que respeita aos revestimentos, devem ter em atenção a manutenção da permeabilidade
do solo.
No Quadro 2 sistematiza-se a informação referente aos Aldeamentos descritos.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 39
ADITAMENTO
Quadro 2: Quadro Síntese das características dos Aldeamentos
ID
Aldeam
Área da Parcela
(m2)
Estrutura ecológica
(m2)
a.b.c
(m2)
N. de lugares de estacionamento
Total Equipamentos de utilização
comum
Privativos De
Utilização Comum
A1 400.297 122.822 27.605 86 86
Piscina e Percurso de fitness associado a um ginásio, com
uma extensão de 300m e com 5 estações de exercícios.
Possibilidade de incluir o lago para algumas actividades de recreio (remo, canoagem).
A2 166.266 35.276 12.920 36 37
Piscina e Parque/circuito de reflexologia (relacionado com o conceito de “Vida Interior” que se quer associar a esta parte
do empreendimento).
A3 74.558 17.881 15.810 103 94 Piscina e campo de ténis;
A4 81.197 18.675 13.495 75 50 Piscina e dois campos de ténis;
A5 91.703 28.841 13.865 78 106 Piscina e campo de ténis;
A6 28.648 3.517 7360 46 29
Piscina e percurso de fitness associado a um ginásio/fitness centre, com uma extensão de
300m e com 5 estações de fitness/exercícios;
A7 52.530 15.723 8770 52 31
Piscina e percurso de fitness associado a um ginásio/fitness centre, com uma extensão de
300m e com 5 estações de fitness/exercícios;
A8 48.038 9.849 12.015 77 33 Piscina e dois campos de
squash/racquetball;
A9 103.346 38.753 12.460 63 52 Piscina e dois campos de
squash/racquetball;
A10 85.936 33.736 15.920 94 63 Piscina e dois campos de ténis;
Total 1.132.092 310.994 140.220 710 581
Relativamente ao número de camas por tipologia de alojamento, tendo em conta o Despacho
do Secretário de Estado do Turismo n.º 11375/2007, de 11 de Junho, procedeu-se à
diferenciação entre o Número de camas para Cálculo de Densidade Máxima e Número
de camas por tipologia para efeitos de licenciamento, obtendo-se os valores que se
apresentam no quadro seguinte.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 40
ADITAMENTO
Quadro 3: Quadro Síntese das características dos Empreendimentos Turísticos
Piscinas
O projecto prevê a construção de várias piscinas em todo o empreendimento, de serviço a
cada um dos Hóteis, spa, e instalações comum aos aldeamentos, e privadas, inerentes a
algumas casas dos aldeamentos. Estima-se uma área de ocupação de cerca de 500 m2 de
piscina para Hotéis, 7.000 m2 para aldeamentos e 450 m2 para Outras tipologias de
equipamentos (ex:spa), num total de cerca de 8.000 m2 de área de implantação de piscinas.
A manutenção das piscinas corresponde às operações de enchimento/limpeza, à reposição
das perdas operacionais derivadas da utilização por pessoas e ao preenchimento das perdas
por evaporação, num consumo unitário anual que se estima em 2,0 m/m2/ano.
Quanto aos consumos anuais previstos, considerando a evaporação, o
enchimento/reposição/limpeza, estimam-se em cerca de 16.000 m3/ano.
Tipologia de Uso
Identificação do Lote
Área da Parcela (m2) (1)
N.º de camas para
cálculo da densidade máxima
(2)
N.º Máximo de unidades
de alojamento
Área Bruta de Construção (max.)
N.º máx. de
Pisos
Altura máxima
de fachada
(m)
Un de Aloja
mento
Lazer, Comércio e Serviços
Estabelec. Hoteleiros
Hotel do spa - H1 (H1a e
H1b) 88.261 100 50 5000 2+cave 8
Hotel do Golfe - H2
31.312 240 120 10800 2+cave 9
Sub Total Estabelecime
ntos Hoteleiros
119.573 340 170 15800
Aldeam. Turísticos
A1 400.297 448 86 27405 200 2+cave 7 A2 166.266 202 36 12720 200 2+cave 7 A3 74.558 409 103 15610 200 2+cave 7 A4 81.197 331,5 75 13295 200 2+cave 7 A5 91.703 345 78 12265 1600 2+cave 7 A6 28.648 200 46 7160 200 2+cave 7 A7 52.530 232,5 52 8570 200 2+cave 7 A8 48.038 313,5 77 11815 200 2+cave 7 A9 103.346 290,5 63 12260 200 2+cave 7 A10 85.936 407 94 15720 200 2+cave 7
Sub Total Aldeamentos
Turísticos
1.132.519
3.179 710 136.82
0 3.400
TOTAL Empreendimentos Turísticos
1.252.092
3.519 880 152.62
0 3.400
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 41
ADITAMENTO
Equipamentos Autónomos
Os Equipamentos Autónomos são estruturantes para a dinamização dos vários
empreendimentos turísticos a implementar na Herdade da Alápega. Neste sentido o
programa prevê a criação de um conjunto de equipamentos que possam diversificar a oferta
e contribuir para assegurar a qualidade desejada para o empreendimento, designadamente o
Campo de Golfe (já descrito anteriormente), o Centro Equestre, o Centro Náutico, o Spa ou
Equipamento Similar e o Centro Agrícola.
Estão ainda previstas três áreas de reserva que para além de poderem servir propósitos de
armazenamento de máquinas e instrumentos (por exemplo, para o golfe) ou para a
implantação de estruturas de apoio, poderão dar resposta aos requisitos necessários à
implementação de um ou dois Conjuntos Turísticos, constituindo potenciais áreas para a
criação das zonas comuns para equipamentos exigidas pelo Decreto-Lei n.º 39/2008 de 7 de
Março.
Centro Equestre
O Lote do Centro Equestre ocupa uma área com aproximadamente 20,8 ha dos quais 1,4 se
destinam à implantação das estruturas edificadas e a restante área adjacente se destina à
utilização lúdica e recreativo outdoor no âmbito da prática equestre, estando prevista para a
mesma a criação de pistas de ar livre para a prática do hipismo, bem como algumas
estruturas leves e não fixas como estábulos e paddocks.
Esta área livre (ver Planta de Implantação à escala 1:5.000) abrange áreas da Estrutura
Ecológica Principal, Muito Condicionada e Pouco Condicionada. Algumas destas áreas poderão
ser utilizadas para pastagens sob-coberto, para os cavalos, e para percursos de passeio a
cavalo, em trilhos definidos e preparados para esse fim, de modo a diminuir os impactos no
meio natural, nomeadamente os riscos de erosão. Poderá também, englobar uma pista de
“cross-country”, destinada a corridas a galope com transposição de obstáculos, desde que
preparada de forma a minimizar os impactos na área da Estrutura Ecológica, e sempre que
possível, evitando as áreas Muito Condicionadas.
As áreas de pastagem terão de ser bem delimitadas e controladas, de forma a garantir a
sustentabilidade do coberto de matos rasteiros e prados permanentes. Nas áreas abrangidas
por habitats, ou de Relevância Fitocenótica Alta, não serão permitidos parques de pastagem.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 42
ADITAMENTO
Nas áreas da EEP Pouco Condicionadas, estes usos e actividades poderão ser mais
intensivos, comportar maior número de percursos e a maior parte da pista, e as pastagens
poderão ser melhoradas, para garantir o sustento do efectivo equino. No entanto não serão
admitidas pastagens regadas.
No que respeita à parte construída estão previstas as seguintes estruturas: Estábulos e
boxes (40), incluindo áreas de apoio; Recepção, administração e serviços complementares;
Picadeiro coberto com área de espectadores; Clubhouse/café e loja; Armazéns.
Centro Agrícola
O lote do Centro agrícola (15 ha) destina-se à implantação de zonas agrícolas, e das
edificações de apoio e gestão.
O Centro terá um carácter manifestamente pedagógico e contemplará zonas interiores
(construídas) e zonas exteriores. A componente construída contemplará estruturas como
recepção, loja, zona de produção artesanal de queijo e de vinho, estufa, pequena cozinha
para actividades pedagógicas, outros espaços pedagógicos, restaurante/bar/cafetaria e zonas
de serviço e armazenamento.
A área de construção prevista é de 1750 m2.
As zonas exteriores serão constituídas por hortas e pomares, jardins de ervas, vegetais e
flores, bem como cercas para gado, assemelhando-se a uma pequena quinta, conformando
uma área de produção e ao mesmo tempo de demonstração e aprendizagem de técnicas e
métodos de produção biológica.
Centro Náutico
O Centro Náutico situa-se no limite sudeste da Herdade, junto à albufeira do Pego do Altar e
já no interior da área que o Plano de Ordenamento da Albufeira do Pego do Altar (POAPA)
classifica como Área com Aptidão para a Localização de Empreendimentos Turísticos.
Pretende assegurar as actividades de recreio náutico (canoagem, windsurf, esqui-aquático,
etc.) associadas à albufeira do Pego do Altar. Prevê-se uma área de ocupação de cerca de
2259m2, inerente aos balneários, armazenagem e outras estruturas de apoio.
Existe um problema sazonal de falta de água na altura do Verão em alguns anos mais secos,
pelo que, não estando comprometida a utilização do Centro Náutico durante grande parte do
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 43
ADITAMENTO
ano, esta poderá ser difícil naquelas alturas. Têm sido estudadas soluções para o problema,
sendo uma delas a possibilidade de se vir a articular o Centro Náutico na localização
proposta com uma eventual concessão noutra zona mais central da Albufeira durante parte
do ano.
Spa ou Equipamento Similar
Para a área do Equipamento Autónomo Spa ou Equipamento Similar determinou-se a criação
de um Centro de Saúde e Bem Estar que funcionará em estreita articulação, ou mesmo em
complemento do spa do hotel.
Este equipamento tem como objectivo diversificar a oferta de equipamentos destinados a
actividades de lazer saudáveis e em contacto com a natureza providenciando o bem-estar
físico e mental, relaxamento da mente/corpo/espírito e de estilos de vida saudável.
Apresenta uma a.b.c. de 900 m2 que para além das necessárias áreas de serviço e apoio,
integrará salas de fitness, salas de massagem e terapias alternativas, uma zona de teatro,
um restaurante de comida saudável e laboratórios de arte e artesanato.
Relativamente ao spa propriamente dito, este integra o lote H1b do Hotel do spa uma vez
que está previsto que venha a funcionar simultaneamente como spa e como corpo principal
desta unidade hoteleira. Terá uma área de construção máxima de 2500m2 que deverá
integrar para além das instalações do spa as estruturas de apoio ao hotel nomeadamente,
recepção, loja, bar e restaurante. O spa contemplará diferentes espaços destinados a
instalações específicas, como: Sauna, Hidroterapia, Piscina interior, salas de tratamento,
área de relaxamento e sala de vapores.
Clube de Golfe
O Clube de Golfe, ou ClubHouse, é a estrutura edificada que dá apoio aos golfistas e que
coordena a gestão do campo de golfe. Implantado num lote de cerca de 1 ha, apresentará
uma a.b.c. de 1250 m2.
O quadro seguinte apresenta as principais características urbanísticas dos Equipamentos
Autónomos.
Quadro 4: Características dos Espaços de Equipamentos Autónomos
Tipologia de Uso Identificação do Lote
Área da Parcela (m2)
Área Bruta de
Construção (max.)
N.º máx. de
Pisos
Altura de
fachada
máxim
Número de Lugares de
Estacionamento
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 44
ADITAMENTO
a (m)
Centro Equestre A 207.966 4250
2+cave 8 40
Clube de golfe B 10.087 1250 2+cave 9
66
Área de Reserva C1 6.947 1500 2+cave 7
-
Área de Reserva C2 14.860 2500 2+cave 7
-
Área de Reserva C3 10.364 2000 2+cave 7
-
Centro Agrícola D 15.013 1750 2+cave 8
55
Centro Náutico E 2.259 750
1 4 20
Centro de Saúde e Bem Estar
F 6.574 900
2+ cave 9 (5)
Sub-total (Equipamentos A, B, C, D, E e F) 274.072 14.900
181
Lotes para Golfe
G1 242098
50 1 3 G2 136757
G3 88390
G4 312455
Sub-total Golfe 779.700 50
Total Espaços de Equipamentos Autónomos 1.053.772 14.950 181
3- Indicar alternativas ao projecto.
O Projecto do empreendimento turistico em estudo, que se insere na Herdade da Alápega,
não contempla alternativas de localização. Contudo, ao longo do desenvolvimento do
projecto foram consideradas diversas alternativas de conceitos de design, de localização dos
elementos constituintes do empreendimento turístico, que correlacionados com as
condicionantes territoriais e ambientais identificadas, permitiram a obtenção de um projecto
ambientalmente favorável.
Refere-se igualmente, que foram analisadas diversas soluções alternativas de origem de
água para garantir os consumos expectáveis no empreendimento, no sentido da obtenção da
solução mais eficiente e sustentável, tendo em consideração os recursos naturais existentes.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 45
ADITAMENTO
Neste sentido, muito embora a área afecta ao empreendimento se restrinja à Herdade da
Alápega, em termos de viabilidade ambiental do projecto, foram consideradas diversas
alternativas de concepção de projecto, que permitem a minimização de potenciais impactes
negativos e a maximização dos impactes positivos.
4- Definir o horizonte temporal do projecto.
Ao contrário de outras tipologias de projecto, no presente caso, não é possível definir a vida
útil do empreendimento turístico da Herdade da Alápega, estando esta dependente da sua
viabilidade económica a longo prazo.
5- Caracterizar o campo de golfe, utilizando na descrição do mesmo um
conjunto de terminologia técnica especifica associada a esta tipologia de
projecto (ex. Greens, Tees, fairways, rough, ect.)
A descrição do campo de golfe do empreendimento turístico da Alápega, com a referência à
terminologia técnica específica desta tipologia de projecto, foi efectuada na resposta à
Questão 2 do Parecer da Comissão de Avaliação.
6- Apresentar cartografia com o lay-out do campo de golfe e sobreposta às
cartas temáticas apresentadas, a escala adequada e que permita uma eficaz
interpretação da peça desenhada.
No Anexo IV são apresentadas as peças desenhadas, que contemplam o layout do campo de
golfe com a síntese de condicionantes ambientais e territoriais existentes na sua área de
implantação.
7- Explicitar as estratégias sustentáveis adoptadas para a concepção do campo de golfe, indicando a conservação dos corredores de vegetação existentes
(Buffer strips) e respectivas funções.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 46
ADITAMENTO
Na concepção do campo de golfe, as zonas de drenagem natural foram maioritariamente
respeitadas bem como os corredores de vegetação mais importantes, constituídos
normalmente por vegetação ripícola, por faixas de montado ou por outra vegetação de
relevante importância fitocenótica, com o objectivo de salvaguardar os mais importantes
valores naturais em presença, bem como garantir que a continuidade natural da Estrutura
Ecológica não seria rompida pelo campo de golfe.
A manutenção e preservação da vegetação ripicola associada à rede de drenagem e a
aplicação de espécies de importância fitocenótica, confere diversas vantagens ambientais,
como sejam:
• reduzir o fluxo de componentes, como por exemplo de sedimentos;
• transformação e assimilação de nutrientes em processos fisiológicos;
• protecção de habitats, contribuindo, ainda, para o incremento da biodiversidade;
• incremento da qualidade estética da paisagem.
• Diminuição da poluição, resultante da interacção entre o processo natural do solo, a
mobilização da terra, o uso dos fertilizantes e pesticidas e o movimento superficial e
subterrâneo da água, através dos seguintes processos:
- intercepção directa do escoamento superficial, pela transformação dos
nutrientes solúveis. Alguns resultados experimentais, que interessaria verificar
nas nossas condições edafo-climáticas, apontam para uma eficiência na remoção
de nutrientes solúveis provenientes de escorrimento directo, particularmente
azoto e fósforo, de 30 a 100% para uma largura da banda entre 5 a 30 metros.
A remoção de pesticidas é, também, alcançada com sucesso em corredores de
largura semelhante;
- filtragem do escoamento subterrâneo: no caso de nutrientes, em particular
nitratos, transportados por escoamento subterrâneo não superior a 30 cm, a
quase totalidade pode ser removida pela vegetação herbácea ou lenhosa numa
faixa ripícola com largura de 10 metros e, nalguns casos, menor;
- acumulação de sedimentos: este processo permite a transformação e
assimilação de nutrientes, antes da entrada no sistema aquático, facilitando a
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 47
ADITAMENTO
inactivação dos pesticidas. Constata-se que os primeiros dois metros da faixa
ripícola, a partir da área cultivada, são o local por excelência desta acumulação
de sedimentos, embora, para a retenção de partículas mais finas, se torne
necessária uma largura maior.
O habitat da vida selvagem é também uma importante função associada ao corredor de
vegetação. Este aspecto é bastante importante num campo de golfe, pois se as condições
básicas para a vida selvagem, nomeadamente o espaço, o alimento, a cobertura e a água,
forem asseguradas no espaço corredor, os animais não necessitam de se deslocar para
procurar alimento na área de jogo.
Estas funções constituem, assim, um dos principais motivos para a recomendação de
estabelecimento de corredores verdes em campos de golfe, potenciando activamente as
funções ecológicas dos corredores e reduzindo, desta forma, o impacte ambiental dos usos
do solo adjacentes.
8- Caracterizar os lagos previstos para o campo de golfe (dinâmica de funcionamento, origem de água e circuito hidráulico) e especificar como será efectuada a descarga dos lagos em situação de overflow e qual o sistema de tratamento antes da descarga.
A resposta a estas questões encontra-se na alínea 2, onde é solicitada a caracterização dos
lagos previstos no empreendimento.
9- Elaborar as peças desenhadas associadas ao projecto, nas quais contem todos os elementos de projecto a uma escala que permita aferir a interferência dos mesmos com os factores ambientais em causa
No Anexo IV são apresentadas as peças desenhadas, que contemplam a identificação de
todos os elementos de projecto, e a sua interferência nas condicionantes ambientais e
territoriais existentes na sua área de implantação.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 48
ADITAMENTO
2.3. AVALIAÇÃO DE IMPACTES
10- Relativamente a cada elemento/componente de projecto e para todos os
factores ambientais, avaliar os impactos expectáveis, decorrentes da implementação do projecto para as fases de construção, de exploração e de desactivação.
Apresenta-se seguidamente uma análise dos principais impactes inerentes à construção e
exploração dos elementos de projecto para os factores ambientais relevantes para cada
situação analisada.
Durante a fase de construção existem impactes comuns inerentes a todos os
elementos/componentes de projecto, decorrentes da implantação dos estaleiros,
movimentação da maquinaria e pessoal afecto à obra, depósitos temporários, etc.
Associados a todos elementos de projecto surgem, na fase de construção, impactes de
carácter predominantemente temporário e circunscritos ao período de duração dos trabalhos,
que importa referir antes da análise particular de cada elemento de projecto. A saber:
a compactação dos solos e a consequente diminuição da sua permeabilidade e de
capacidade de infiltração, provocada pela circulação de veículos e máquinas
envolvidas na construção assim como a instalação de estaleiros. Embora já exista
uma rede de caminhos definida, a sua estrutura e dimensão é insuficiente para a
satisfação das necessidades construtivas;
a contaminação do solo e linhas de água, a qual pode ser provocada por derrames
acidentais de óleos e outros lubrificantes das máquinas envolvidas na construção do
empreendimento. Este impacte é especialmente negativo tendo em conta que
estamos em presença de linhas de água e uma barragem na área de implantação do
empreendimento;
o incremento dos fenómenos de erosão dos solos que ao ficarem a descoberto, ficam
mais expostos aos processos erosivos;
a perda de solos resultante dos movimentos de terras, por não ocorrer a reposição
dos mesmos nos locais destinados à implantação dos edifícios e dos lagos previstos.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 49
ADITAMENTO
A construção dos edifícios e de algumas infra-estruturas associadas ao
empreendimento, tais como a rede viária e parques de estacionamento, vai provocar
a impermeabilização dos terrenos, o que implica diminuição da recarga do aquífero
nestes locais. Verifica-se no entanto que a área total impermeabilizada pelo projecto
será reduzida face à área total ocupada pelo empreendimento;
As acções de obra tais como os trabalhos de limpeza do terreno e desmatação a
realizar na área de intervenção, a construção de acessos temporários e os
movimentos de terras resultam em impactes directos sobre a ocupação actual do
solo, sendo as classes existentes substituídas por outras;
Esta fase apresenta-se como a promotora de impactes sobre os recursos hídricos
superficiais, como a alteração da drenagem natural, alteração na qualidade das águas
superficiais, produção de efluentes domésticos do estaleiro e a afectação de infra-
estruturas de abastecimento e saneamento;
Irão ser desenvolvidas diversas acções, apoiadas por uma série de estruturas
acessórias como estaleiros, que no seu conjunto e pela sua natureza são capazes de
induzir alterações na qualidade do ar local, podendo originar situações de
incomodidade às populações e aos sistemas ecológicos mais sensíveis. Face à
inexistência de receptores sensíveis na área envolvente do projecto, assim como as
condições de dispersão de poluentes, classificam-se os impactes como negativos,
directos, temporário, reversíveis, de reduzida magnitude e significância;
As máquinas e equipamentos necessários à execução dos trabalhos constituem a
principal fonte de ruído na área de implantação do projecto, induzindo o acréscimo
dos níveis durante a fase de construção. Na Herdade da Alápega não existem
receptores sensíveis e concluindo-se que os impactes sobre o ambiente sonoro são
nulos.
A construção de um empreendimento turístico comporta várias intervenções capazes
de influenciar as biocenoses e que pressupõem um aumento nos níveis de
perturbação, que diminuirão com a finalização da obra, estabilizando em níveis
superiores aos actuais, alterações nos tipos de coberto vegetal existentes e na
composição faunística decorrentes da alteração das fitocenoses.
Relativamente à afectação de exemplares de sobreiro existentes no empreendimento,
refere-se que será efectuado o seu transplante sempre que estes se localizem em
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 50
ADITAMENTO
áreas afectas a cada componente de projecto, de modo que seja evitada/ minimizada
a destruição dos mesmos.
A construção do empreendimento levará a um aumento temporário do número de
postos de trabalho, maioritariamente na indústria da construção, maior rentabilização
dos estabelecimentos de alojamento locais, aumento do tráfego resultante da
circulação de veículos pesados de apoio à construção do empreendimento
A descaracterização de uma paisagem natural por uma paisagem desorganizada e
degradada oriunda do movimento de máquinas e construção de infra-estruturas de
apoio às obras, que embora de carácter temporário, constitui um impacte negativo,
de média significância.
No que respeita aos volumes de terras envolvidos na construção do loteamento e infra-
estruturas associadas, refere-se que não se prevê deficit ou excesso de materiais, uma
vez que virtualmente todos os materiais provenientes das escavações a realizar serão
reutilizados para a construção do projecto e modelação do terreno (nomeadamente no
campo de golfe, espaços verdes, etc). O volume global de terras a movimentar é da
ordem dos 500.000m3.
Devido à tipologia do projecto (empreendimento turístico) não se prevê o término de vida do
mesmo, pelo que não foi incluída no EIA a análise da fase de desactivação do projecto.
Contudo, caso não se verifique a sua viabilidade económica, refere-se que as infra-estruturas
poderão ser utilizadas para outros fins.
ALBUFEIRAS E CHARCAS
No âmbito do empreendimento turístico está prevista a construção de 6 charcas ou pequenos
lagos, constituindo uma área inundada de cerca de 79.600m2, em pontos estratégicos das
bacias das linhas de água, para efeitos de regulação hídrica e de enquadramento das
estruturas construídas e do campo de golfe. Estes lagos foram estudados de forma a
contribuir para uma melhor gestão hídrica do empreendimento, mas que se admite que
venham a contribuir para a criação de condições de abrigo, reprodução e alimento da fauna,
ou ainda para o aumento do valor estético da paisagem.
Para construir os lagos e criar uma capacidade de armazenamento da ordem dos 470.000 m3
(que funcionará como reserva estratégica para anos de seca), serão escavados cerca de
280.000 m3 de terras. Deste Volume cerca de 130.000 m3 serão utilizados nos aterros das
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 51
ADITAMENTO
próprias barragens. Os restantes 150.000 m3 de terra serão usados na modelação grossa do
Campo de Golfe. Será sempre que possível compatibilizar as necessidades dos vários
elementos de projecto, no sentido do equilíbrio do volume de terras necessário e excedente.
As albufeiras e charcas previstas no empreendimento encontram-se localizadas
maioritariamente sobre formações metamórficas do Maciço Antigo, excepção feita para os
lagos 4 e 5 que assentam em depósitos do Miocénico, representados por argilas, margas,
calcários e conglomerados, pertencentes à bacia do Sado, de permeabilidade elevada,
configurando em profundidade um aquífero multicamada. Na fase de exploração este facto
pode contribuir para uma certa diminuição da recarga do aquífero sobre estes dois lagos,
tendo em consideração que inerente ao processo construtivo dos lagos se encontra a
impermeabilização da sua base. Contudo, tendo em consideração que as áreas dos lagos 4 e
5 são reduzidas, o impacte inerente à impermeabilização dos solos em área definida como
apresentando um potencial hidrogeológico moderado será pouco significativo. De um modo
geral, considera-se que o impacte será negativo, pouco significativo e de baixa magnitude,
visto que a impermeabilização nos restantes lagos, sobre litologias com pouco potencial
hidrogeológico, poderá contribuir para a constituição de uma reserva apreciável de água
(470.000 m3), que compensará a utilização de outras origens em épocas de seca.
Quanto à afectação de usos do solo, formações vegetais e habitats da Rede Natura 2000,
refere-se que esta será principalmente de terrenos ocupados por prados e mosaicos de
matos incipientes, com capacidade de uso do solo muito baixa, não constituindo impacte
significativo sobre estes factores ambientais. Em fase de construção e associada à integração
paisagística dos lagos, deverá ter-se especial atenção a introdução de espécies não indígenas
consideradas no Decreto-Lei n.º 565/99 de 21 de Dezembro.
Relativamente aos recursos hídricos superficiais, os principais impactes vão sentir-se durante
a fase de construção, já que os movimentos de terras e escavações inerentes à construção
dos lagos poderá alterar a drenagem natural, modificar o regime de escoamento e alterar a
qualidade das águas superficiais, constituindo um impacte temporário negativo, de médio
significado e magnitude. Contudo com a implementação das medidas de minimização
propostas, estes impactes poderão ser minimizados/evitados. De referir que os lagos 3 e 4
são os espaços de maior sensibilidade relativamente a estes impactes por constituírem a
cabeceira de sub-bacias que drenam para a Albufeira do Pego do Altar. Por este motivo
devem ser postas em prática as medidas de minimização propostas no Estudo de Impacte
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 52
ADITAMENTO
Ambiental. De referir que durante a fase de exploração, os lagos não serão receptores das
águas de drenagem dos campos de golfe, não contribuindo assim para a sua eutrofização.
Relativamente ao Ordenamento do Território, os espaços de implementação dos lagos estão
classificados como Espaços Florestais de Protecção, à excepção do lago 4 que se localiza
numa área classificada em Espaços Florestais de Produção. A afectação destas áreas levará à
reconfiguração espacial e reorganização funcional do território sendo o seu impacte positivo,
significativo, permanente e irreversível, desde que seja promovida uma política urbanística
sustentada e simultaneamente inovadora, dada a forte componente imobiliária inerentes aos
projectos de empreendimentos turísticos, facto que poderia levar à transformação do
carácter rural do território e ter um impacte negativo sobre o ordenamento.
Os lagos não apresentam interferência com áreas classificadas da REN, RAN, e elementos
patrimoniais.
De um modo geral, refere-se que a implantação destes 6 lagos irá proporcionar a criação de
locais de alimentação para a fauna local, criando zonas paisagisticamente agradáveis, e
enquadráveis no ambiente envolvente.
ESPAÇOS PARA ESTABELECIMENTOS HOTELEIROS
Pretende-se a criação de dois Estabelecimentos Hoteleiros situados no centro da Herdade um
a nascente (H2) associado ao Campo de Golfe e um a Poente (H1) associado ao Espaço
destinado ao spa ou Estabelecimento Similar. Para além das unidades de alojamento criadas,
os estabelecimentos hoteleiros deverão também integrar espaços para a realização de
eventos bem como assegurar a existência de determinados serviços como restaurante, bar,
pequena unidade comercial, cabeleireiro, entre outros.
Consideramos que os impactes associados à implantação do Spa ou Estabelecimento
Similiar, considerado no projecto como um Espaço para Estabelecimentos Autónomos, são
semelhantes aos de seguida apresentados para o Hotel do Spa (H1).
O Hotel do Spa apresenta uma área de implantação de cerca de 88.260 m2, e o Hotel do
Golfe uma área de implantação de cerca de 31.310 m2. Estes dois hotéis vão implicar a
movimentação de aproximadamente 29.900 m3 de terras.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 53
ADITAMENTO
Estes elementos de projecto estão situados sobre formações do Paleozóico, compostas por
metassedimentos, com solos incipientes e argiluviados pouco insaturados, com capacidade
de uso de solo muito baixa, sendo os impactes pouco significativos sobre estes factores
ambientais. Em termos hidrogeológicos refere-se que estes hotéis não se localizam em áreas
permeáveis, não induzindo a sua construção impactes com relevo neste factor ambiental.
Estas áreas são ocupadas por prados, povoamentos florestais de eucalipto, matos e esteval,
no caso do Hotel destinado ao Spa, e prados, no caso do Hotel associado ao campo de Golfe.
Relativamente ao Ordenamento do Território, os espaços de implementação das unidades
hoteleiras estão classificados como Espaços Florestais de Protecção no PDM de Alcácer do
Sal. A afectação destas áreas levará à reconfiguração espacial e reorganização funcional do
território sendo o seu impacte positivo, significativo, permanente e irreversível, desde que
seja promovida uma política urbanística sustentada e simultaneamente inovadora, dada a
forte componente imobiliária inerente aos projectos de empreendimentos turísticos, facto
que poderia levar à transformação do carácter rural do território e ter um impacte negativo
sobre o ordenamento.
Quanto aos impactes dos estabelecimentos hoteleiros sobre a componente social estes são,
em regra geral, positivos, directos, significativos a muito significativos de magnitude
variável, pela criação de unidades hoteleiras, reforçando o potencial turístico, contribuindo
para os objectivos principais do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT),
desenvolvimento do sector turístico do Litoral Alentejano, aumento do número de postos de
trabalho, podendo ter um efeito de alavanca na economia local e regional (tanto em fase de
construção como de exploração).
ESPAÇOS PARA ALDEAMENTOS TURÍSTICOS
Prevê-se a criação de 10 aldeamentos que ocuparão cerca de 1.132.000 m2 da Herdade.
Estes espaços compreendem, para além das áreas destinadas à constituição de unidades de
alojamento, espaços de utilização comum, equipamentos, vias de circulação viária, pedonal,
estacionamentos privativos e comuns e espaços verdes ornamentais.
Com uma área de implantação de cerca de 96.500 m2, a construção destes aldeamentos irá
induzir uma movimentação de terras estimada em cerca de 146.000m3.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 54
ADITAMENTO
Os impactes de maior importância na geologia e geomorfologia, ocorrem sobretudo durante
a fase de construção e estão associados à movimentação de 146.000m3 de terras,
necessárias à construção de todas as infra-estruturas associadas a este elemento de
projecto, afectando directamente as formações geológicas, provocando alterações na
modelação natural do terreno e nas condições de drenagem natural da região.
Os aldeamentos A1 e A2 estão localizados numa vasta área com aspecto de plataforma, a
qual foi sendo recortada pelas linhas de água e pelas variações tectónicas. O desenho destes
aldeamentos teve em atenção estas configurações, projectando a implantação nos topos dos
vales, de forma a evitar as vertentes declivosas ou os vales encaixados, permitindo assim
uma melhor adaptação às formas de relevo locais.
Relativamente aos impactes na hidrogeologia, de referir que a maioria dos aldeamentos
situa-se sobre substratos metamórficos pertencentes ao Maciço Antigo e com pouco potencial
hidrogeológico, sendo os aldeamentos 7 e 8 aqueles com características distintas,
assentando sobre a Formação do Vale do Guizo, de natureza sedimentar e de permeabilidade
elevada. Em fase de construção a aplicação de pavimentos semipermeáveis nas vias e
estacionamentos permitirá minimizar os efeitos da impermeabilização. Na fase de
exploração, a impermeabilização do terreno nestes dois aldeamentos, pode contribuir para a
diminuição da recarga das formações aquíferas, tendo em consideração a área de
implantação conjunta de cerca de 14150 m2. Na generalidade dos aldeamentos, o impacte
gerado sobre este factor ambiental será negativo, pouco significativo e de baixa magnitude.
Nos aldeamentos 7 e 8 deverá ser controlada a aplicação de fertilizantes e pesticidas nos
espaços verdes, a fim de evitar a contaminação dos sistemas aquíferos.
O sector norte do aldeamento 10 é atravessado por uma rede de falhas de orientação WNW-
ESE, com um plano de fracturação de forte inclinação. A zona de fractura encontra-se
preenchida por quartzo esmagado e desagregado envolto em materiais silto-argilosos,
provenientes da meteorização das rochas, contribuindo para a reduzida permeabilidade deste
meio ao atravessamento da água e à infiltração de águas de superfície para a componente
subterrânea.
Relativamente aos recursos hidrícos superficiais os principais impactes vão sentir-se durante
a fase de construção, já que os movimentos de terras e escavações inerentes à construção
dos aldeamentos poderão alterar a drenagem natural, modificar o regime de escoamento e
alterar a qualidade das águas superficiais, constituindo um impacte temporário negativo, de
médio significado e magnitude. De referir que os aldeamentos 1, 3, 5 e 10 são os elementos
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 55
ADITAMENTO
de maior sensibilidade relativamente a estes impactes por serem atravessados por cursos de
água. Por este motivo devem ser postas em prática as medidas de minimização propostas no
Estudo de Impacte Ambiental relativamente aos recursos hídricos superficiais. Refere-se
contudo que a concepção dos aldeamentos foi definida no sentido de minimizar as
movimentações de terras e a afectação da rede de drenagem natural, sendo localizados os
aldeamentos sempre que possível em locais de menor interferência com a estrutura
ecológica local.
A ocupação do solo na área de implantação dos aldeamentos é de tipologia variada, apesar
de serem todas de carácter agro-silvo-pastoril ou natural. Ao nível das formações vegetais e
habitats, dá-se a presença dominante de prados e mosaicos de matos incipientes e prados.
Ocorrem também áreas com povoamentos florestais e plantações recentes de eucalipto e
pinheiro-manso e eucaliptais em reconversão. Nos aldeamentos 6 e 9 existe uma
sobreposição marginal com zonas de montado de sobro, embora isso não signifique que
algum sobreiro venha a ser afectado, já que seria necessário confirmar no terreno a
presença efectiva de sobreiros. Caso venha a acontecer, em sede de projecto de execução
serão tomadas medidas para se evitar o arranque de árvores Mesmo que pontualmente
algum sobreiro esteja inevitavelmente sobre alguma área a edificar, considera-se que esta
intervenção constitui, na fase de exploração, um impacte negativo pouco significativo e de
baixa magnitude. Isto porque, apesar do eventual aumento da perturbação directa e da
alteração da configuração e funcionamento destes habitats, será evitada a destruição dos
mesmos, com a integração destes nos espaços da estrutura ecológica do empreendimento e
o transplante dos indivíduos directamente afectados pela construção.
Para cada aldeamento está prevista a criação de espaços verdes ornamentais,
correspondendo a espaços intersticiais no interior aldeamentos A3 a A10. São áreas que
enquadram paisagisticamente as construções e contribuem para o estabelecimento de um
contínuo natural entre as áreas edificadas e os espaços naturais exteriores aos aldeamentos.
Por se tratar de áreas ornamentais, admite-se uma maior artificialização e a utilização de
espécies vegetais exóticas, facto que levará a uma ligeira alteração na composição específica
dos habitats, constituindo um impacte negativo, pouco significativo e de baixa magnitude,
desde que utilizadas espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas adaptadas às condições
edafo-climáticas da região, privilegiando-se o uso de espécies autóctones dos sistemas secos
mediterrânicos e a não introdução de espécies exóticas invasoras constantes no anexo I do
Decreto-Lei n.º 565/99 de 21 de Dezembro.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 56
ADITAMENTO
Ao nível do Plano Director Municipal (PDM) de Alcácer do Sal, aos espaços ocupados é
atribuída a tipologia de Espaços Florestais de Protecção, para os aldeamentos 1 a 8 e
Espaços Florestais de Protecção e Produção, para os aldeamentos 9 e 10. A afectação destas
áreas levará à reconfiguração espacial e reorganização funcional do território sendo o seu
impacte positivo, significativo, permanente e irreversível, desde que seja promovida uma
política urbanística sustentada e simultaneamente inovadora, dada a forte componente
imobiliária inerentes aos projectos de empreendimentos turísticos, facto que poderia levar à
transformação do carácter rural do território e ter um impacte negativo sobre o
ordenamento.
O aldeamento 4 é aquele onde se registam os principais impactes sobre as figuras de
ordenamento e protecção, com a ocupação de uma área classificada da Reserva Ecológica
Nacional, com a tipologia de Área com Risco de Erosão. A afectação destas áreas conduz a
um impacte negativo, pouco significativo e de reduzida magnitude, já que a a faixa ocupada
é totalmente marginal e deverá apenas ser afecta a infraestruturas.
Existe uma linha eléctrica de média tensão que atravessa parcialmente a Herdade,
sobrepondo-se às manchas afectas ao aldeamento 10 e ao Clube de Golfe e ao respectivo
Hotel. Numa próxima fase antevêem-se conversações com as entidades competentes no
sentido de resolver esta situação, que poderá passar pelo enterramento da linha, pela sua
substituição ou simples alteração de traçadoAo nível do projecto de execução será necessário
assegurar que todos os edifícios respeitam a faixa non aedificandi de 20m da Rede
Rodoviária Nacional - Estrada Nacional 235 (no aldeamento 6 verifica-se a existência de uma
sobreposição marginal entre um polígono de implantação e a referida faixa, que pode ser
devida à transposição de escalas, mas que é necessário assegurar). Quanto a infra-
estruturas de abastecimento e saneamento, refere-se a existência de captações de águas
subterrâneas - 1 poço, 1 furo e 5 furos, nos aldeamentos 8, 9 e 10. Estas origens de água
estão incluídas no projecto como origens de água para o abastecimento de água potável e
outras necessidades hídricas do Empreendimento. Durante a fase de construção destes
aldeamentos deverão ser considerados perímetros de protecção às referidas captações, no
sentido de se evitar comprometer a sua utilização. Os impactes dos aldeamentos sobre a
componente social são, regra geral, positivos, directos e significativos a muito significativos
de magnitude variável, pela criação de 710 novas unidades de alojamento, com um total de
3.179 camas, reforçando o potencial turístico local e regional, contribuindo para os
objectivos principais do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), desenvolvimento do
sector turístico do Litoral Alentejano eaumento do número de postos de trabalho, factores
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 57
ADITAMENTO
que poderão ter um efeito de alavanca na economia local e regional (tanto em fase de
construção como de exploração).
CAMPO DE GOLFE
O campo de golfe corresponde a um circuito de 18 buracos, tem um percurso total de 6400
metros de jogo e é constituído por 4 lotes (G1, G2, G3 e G4), estruturados pela rede viária
definida, que se articulam entre si, e ocupam uma área com aproximadamente 78ha. A
delimitação desta área engloba também alguns lagos e charcas propostos e desenvolvidos no
âmbito do conceito global proposto para o golfe e do plano hídrico para a Herdade. A
definição do lote de golfe é substancialmente maior face à área de necessária artificialização
inerente à implementação do circuito definido, pretendendo-se que os espaços de
enquadramento que integram este lote sejam naturalizados.
É expectável que para uma área de implantação de cerca de 646260 m2, ocorram
movimentações de terra na ordem dos 161.500 m3.
Os volumes de movimentação de terras são extremamente baixos em comparação com
muitos campos de golfe em todo o mundo. Números superiores a 1 milhão de metros cúbicos
de terra não são desconhecidos noutros lugares, mas o valor para os 18 buracos e
instalações de treino na Herdade da Alápega será muito menor. O corte e preenchimento
serão feitos de forma a equilibrarem-se. Não haverá necessidade de importação ou
exportação de material (para além da importação de materiais de construção) para ou a
partir da área do empreendimento.
Os lotes G1, G2 e G3 encontram-se sobre a Formação do Pulo do Lobo, dominada por
litologias metamórficas – filitos e quartzitos, não se esperando impactes sobre a componente
geologia e geomorfologia, além dos já enumerados impactes comuns inerentes a todos os
elementos/componentes de projecto, decorrentes da implantação dos estaleiros,
movimentação da maquinaria e pessoal afecto à obra, depósitos temporários, etc. No lote G4
a situação é ligeiramente distinta, merecendo uma especial atenção por diversos motivos. Os
terrenos onde se insere uma boa parte deste lote estão situados em depósitos sedimentares
e portanto mais permeáveis, estando presente uma captação de água subterrânea. Sendo
estas litologias mais permeáveis, numa fase de exploração e como consequência da
manutenção do campo de golfe poderão surgir impactes negativos e de moderada
significância sobre a qualidade das águas subterrâneas, pelo uso intensivo de produtos fito-
sanitários e posterior infiltração das águas de escorrência no lençol freático. Contudo, refere-
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 58
ADITAMENTO
se que a adopção de um sistema de rega eficiente, escolha criteriosa dos produtos a aplicar e
implementação de um plano de monitorização da qualidade das águas subterrâneas
permitirá a redução da significância deste impacte.
As áreas dos lotes do campo de golfe são atravessados por 5 cursos de água e os principais
impactes vão sentir-se durante a fase de construção, já que os movimentos de terras e
escavações inerentes à construção do campo de golfe poderá alterar a drenagem natural,
modificar o regime de escoamento e a qualidade das águas superficiais, constituindo um
impacte temporário negativo, de médio significado e magnitude. A concepção do campo de
golfe valoriza contudo a preservação dos valores naturais, contemplando a preservação das
galerias ripicolas e a implantação de espécies de valor ecológico acrescido nas suas margens,
com as diversas vantagens já explicitadas anteriormente, nomeadamente a retenção dos
poluentes das águas de drenagem dos campos de golfe.
A rega do campo de golfe terá um impacte positivo em termos climáticos, permitindo um
aumento da evapotranspiração a nível local.
Quanto à natureza e capacidade de uso do solo distinguem-se duas situações: os lotes G1,
G2 e G3 situam-se sobre solos incipientes com uma capacidade de uso agrícola muito baixa,
enquanto no espaço do lote G4 dá-se a presença de solos angluviados pouco insaturados e
com capacidade de uso mediana a muito baixa. Os impactes sobre a natureza e capacidade
de uso do solo são comuns a todos os elementos de projecto e surgem como consequência
das movimentações de terras e as acções de desmatação e implementação de estaleiros. As
acções mencionadas levam à perda de solos, a alteração das suas propriedades físico-
químicas, a diminuição da qualidade dos solos devido à compactação, à contaminação ou à
alteração hídrica, assim como um aumento do escoamento superficial e o consequente
aumento de vulnerabilidade aos agentes erosivos. Estes impactes são negativos e tanto mais
significativos consoante a qualidade dos solos afectados, o que na área de implementação do
campo de golfe é maioritariamente reduzida.
Em situações pontuais, partes dos buracos localizam-se dentro de áreas ocupadas por
montado, e sobre as quais concluiu-se não haver necessidade de abate de árvores, dado que
os buracos se desenvolvem nas clareiras. No entanto, no âmbito da elaboração do projecto
de execução, será necessário assegurar estas questões e introduzir eventuais ajustamentos
ao traçado, se tal vier a ser necessário para garantir a preservação de todas as árvores em
zonas de povoamento. Existem alguns pequenos sobreiros nascidos espontaneamente, que
será necessário remover para a realização de alguns dos buracos, o que deverá ser
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 59
ADITAMENTO
antecedido da necessária licença a requerer à AFN (Autoridade Florestal Nacional). Na
concepção do campo de golfe foi efectuado o ajustamento da implantação dos buracos em
áreas com formações vegetais de interesse florístico reduzido – mosaico de matos incipientes
e prados, plantações recentes de pinheiro-manso. As áreas dos lotes de golfe são
substancialmente maiores face às áreas de necessária artificialização, contudo, a utilização
de fertilizantes contribuirá para o acréscimo da vegetação nitrófila e diminuição das espécies
oligotróficas e a uma ligeira alteração na composição específica dos habitats, constituindo um
impacte negativo, pouco significativo e baixa magnitude.
No que se refere ao Ordenamento do Território, os espaços de implementação do campo de
golfe estão classificados no PDM como Espaços Florestais de Protecção (lote G1, G2 E G3) e
Espaços Florestais de Produção (lote G4). A afectação destas áreas levará à reconfiguração
espacial e reorganização funcional do território sendo o seu impacte positivo, significativo,
permanente e irreversível, desde que seja promovida uma política urbanística sustentada e
simultaneamente inovadora, dada a forte componente imobiliária inerente aos projectos de
empreendimentos turísticos, facto que poderia levar à transformação do carácter rural do
território e ter um impacte negativo sobre o ordenamento.
Em fase de projecto de execução no lote G4 deverá ter-se em atenção a faixa non aedificandi
de 20m da estrada nacional 235. De igual modo, no lote G3, deverá ser pensada a
compatibilização com a existência das infra-estruturas da Rede Eléctrica de Média Tensão.
Além dos impactes positivos associados à fase de construção (criação de emprego, reforço
da oferta de equipamentos turísticos, etc.), a implantação do campo de golfe, irá, na fase de
exploração, induzir impactes indirectos positivos, significativos ou muito significativos sobre
a componente social já que permitirá a dinamização de serviços associados, a criação de
novas empresas e de empregos.
CENTRO EQUESTRE
O Lote do Centro Equestre ocupa uma área com aproximadamente 20,8 ha dos quais 1,4 se
destinam à implantação das estruturas edificadas e a restante área adjacente destina-se à
utilização lúdica e recreativa no âmbito da prática equestre, estando prevista para a mesma
a criação de pistas de ar livre para a prática do hipismo, bem como algumas estruturas leves
e não fixas como estábulos e paddocks.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 60
ADITAMENTO
O impacte da implantação deste equipamento prende-se, principalmente, com a presença no
lote de habitats classificados. As pistas de corrida e as áreas de pastagem podem contribuir
para a degradação do coberto vegetal e para o aumento da perturbação directa e da
alteração da configuração e funcionamento do montados de sobreiro. Nestas áreas não serão
permitidos parques de pastagens, de forma a garantir a sustentabilidade do coberto de
matos rasteiros e prados permanentes. Assegura-se que não existirão estruturas edificadas
em áreas condicionadas.
Além dos impactes positivos associados à fase de construção (criação de emprego, reforço
da oferta de equipamentos turísticos, etc.), a implantação do centro equestre, irá, na fase de
exploração, induzir impactes indirectos positivos, significativos ou muito significativos sobre
a componente social já que permitirá a dinamização de serviços associados, a criação de
novas empresas e de empregos.
CENTRO NÁUTICO
O Centro Náutico situa-se no limite sudeste da Herdade, junto à albufeira do Pego do Altar,
com uma área de construção prevista da ordem dos 750m2, sendo constituído por um
conjunto de infra-estruturas, fluviais e terrestres, que permitem aceder em boas condições
às plataformas flutuantes para acostagem e acesso às embarcações, incluindo
provavelmente um passadiço de ligação à margem, pretendendo-se assegurar as actividades
de recreio náutico associadas à albufeira do Pego do Altar. A construção das estruturas de
apoio induzirão uma pequena movimentação de terras, no valor de 560m3.
Desenvolve-se sobre formações metamórficas do Maciço Antigo, com solos incipientes e de
muito baixa capacidade de uso agrícola, com presença de um esteval. O centro náutico está
incluído numa Área com Aptidão para a Localização de Empreendimentos Turísticos, definida
pelo Plano de Ordenamento da Albufeira do Pego do Altar (POAPA). Não se prevêem
impactes negativos da implantação do centro náutico e do desenvolvimento das actividades
propostas, desde que sejam respeitadas as disposições específicas relativas ao uso,
ocupação e ao zonamento aprovado para a zona de intervenção do POAPA. Contudo, o risco
de contaminação por deposição das emissões originadas pelo tráfego junto ao Centro Náutico
e dentro da faixa de protecção da albufeira, poderá constituir um impacte negativo.
De referir que, como no caso dos demais equipamentos previstos, a criação deste centro terá
um impacte positivo e significativo sobre a componente social, já que diversifica a oferta
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 61
ADITAMENTO
turística e leva indirectamente a uma dinamização e criação de serviços associados a esta
infra-estrutura.
SPA OU EQUIPAMENTO SIMILAR
Estando esta infra-estrutura associada ao Hotel do Spa (H1), a análise dos impactes é feita
conjuntamente e considerada no ponto destinado aos Estabelecimentos Hoteleiros.
CENTRO AGRÍCOLA
O lote do Centro agrícola (15 ha) destina-se à implantação de zonas agrícolas, e das
edificações de apoio e gestão. A área de construção prevista é de 1750 m2. As zonas
exteriores serão constituídas por hortas e pomares, jardins de ervas, vegetais e flores, bem
como cercas para gado, assemelhando-se a uma pequena quinta, conformando uma área de
produção e ao mesmo tempo de demonstração e aprendizagem de técnicas e métodos de
produção biológica.
Para esta infra-estrutura não são esperados impactes significativos, além daqueles
considerados transversais a todos os elementos e que se prendem principalmente com a fase
de construção.
REDE VIÁRIA
Para além da Estrada Nacional 253 e do Caminho Municipal 1063-1, que se pretende que
continuem a servir a Herdade, constituindo as únicas acessibilidades da mesma ao exterior,
a intervenção preconiza a constituição de uma rede viária interna que permitirá aceder à
maior parte das áreas dos Espaços Turísticos sem necessidade de recorrer a estas vias. Foi
criada uma rede que em termos de funcionalidade se divide em principal e secundária, tendo
a primeira essencialmente funções de distribuição e a segunda, funções de acesso. Desta
forma, os principais equipamentos (como o campo de golfe e a zona do spa), bem como
todos os aldeamentos e as duas unidades hoteleiras são servidos directamente pela rede
viária principal, enquanto a rede secundária permite o acesso aos restantes equipamentos,
estando também associada à circulação interna da maior parte dos aldeamentos.
A principal via do empreendimento, que naturalmente pertence à rede principal, inicia-se no
sul da Herdade onde deriva da EN253 entre os aldeamentos A10 e A9 e segue para
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 62
ADITAMENTO
norte/noroeste servindo sequencialmente os aldeamentos A8, A7, o campo de golfe e
respectiva clubhouse, o Hotel do Golfe e os aldeamentos A6, A5, A4 e A3. Após atravessar o
aldeamento A3 desemboca no CM1063-1 em frente ao acesso ao aldeamento A1 a partir
deste caminho municipal.
Faz ainda parte da rede principal a via que derivando do CM1063-1 serve o spa e a unidade
hoteleira associada. Todas as restantes vias pertencem à rede secundária.Em termos de
perfis das vias, o seu dimensionamento teve sempre como sustentação a necessidade de
garantir os parâmetros mínimos estabelecidos legalmente, nomeadamente no que diz
respeito à largura que é de 5,5 metros para vias com dois sentidos e 3,5 metros para vias de
sentido único.
Desta forma, todas as vias pertencentes à rede principal apresentam largura de 6 metros e
dois sentidos, à excepção dos troços que atravessam os aldeamentos A3, A4 e A5. Os dois
primeiros troços apresentam duplo sentido, mas por atravessarem aldeamentos optou-se por
uma largura de 5,5 metros para desencorajar velocidades excessivas. O último troço é na
realidade um loop de um só sentido e com 3,5 metros de largura que construi o principal
arruamento da zona de “aldeia” do aldeamento A7.
As vias da rede secundária apresentam sempre larguras de 3,5 ou de 5,5 metros consoante
se tratem, respectivamente, de vias de sentido único ou de duplo sentido.
Teve-se o mesmo cuidado no dimensionamento dos espaços de circulação pedonal onde,
para dar cumprimento aos requisitos das normas da acessibilidade dos transeuntes com
mobilidade condicionada, mas também por razões de conforto para o peão convencional, se
procurou que estes apresentassem sempre uma largura mínima desimpedida de 1,6 metros,
apresentando frequentemente larguras de 3,5 metros fora das zonas mais densas dos
aldeamentos A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9 e A10. As únicas excepções correspondem
exactamente às zonas de circulação pedonal no interior destas zonas mais densas (as
denominadas “aldeias”), onde por vezes, face à impossibilidade de garantir perfis mais
largos, se garantiram no mínimo larguras de 1,2 metros.
A concepção da rede viária teve em consideração a minimização das movimentações de
terras e o respeito pela salvaguarda da topografia original da Herdade.
Os impactes negativos da nova configuração e alargamento da rede viária sentir-se-ão
principalmente ao nível da qualidade do ar e ruído, como resultado do aumento da circulação
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 63
ADITAMENTO
e emissão de gases resultantes da combustão nos motores dos veículos automóveis, e a
consequente diminuição da qualidade do ar e aumento dos níveis de ruído. Contudo,
consideram-se estes impactes como pouco significativos, tendo em consideração a
inexistência de receptores sensíveis e a facilidade na dispersão dos poluentes devido às
características meteorológicas da região, assim como não se prevê a ocorrência de situações
de congestionamento (factor potenciador de emissão de poluentes). De facto, segundo o
estudo de acessibilidades a rede viária envolvente (nomeadamente a EN253) não deverá
apresentar problemas significativos na absorção da geração de tráfego estimada, mesmo
após 10 anos de pleno funcionamento, considerando-se que o empreendimento turístico em
análise, pelas suas características e dimensão, é gerador de um tráfego moderado.
Em fase de funcionamento, o projecto determinará um acréscimo de tráfego rodoviário na
Estrada Nacional 253. Este aumento poderá, também determinar um aumento da morte de
vertebrados por atropelamento, particularmente répteis e anfíbios de fase terrestre extensa,
constituindo um impacte negativo pouco significativo.
11- Avaliar os impactos cumulativos, relativamente a todos os factores
ambientais, com outros projectos existentes e/ou previstos na envolvente da área de implantação do projecto, considerando todos os elementos/componentes do projecto.
O desenvolvimento dos impactes cumulativos apresentados no Estudo de Impacte Ambiental
encontram-se no Anexo II.
2.4. FACTORES AMBIENTAIS
12- Considera-se que deverá ser explicitada a seguinte informação:
2.4.1. ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
a) Enquadrar o projecto no plano regional de ordenamento do território
do Alentejo litoral (PROTALI).
O âmbito regional “(…) define o quadro estratégico para o ordenamento do espaço regional
em estreita articulação com as políticas nacionais de desenvolvimento económico e social,
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 64
ADITAMENTO
estabelecendo as directrizes orientadoras do ordenamento municipal” (artigo 7.º da Lei n.º
48/98, de 11 de Agosto). Materializa-se através dos Planos Regionais de Ordenamento do
Território – PROT’s.
Face à nova geração de Planos Directores Municipais, que se pretendem mais estratégicos,
os PROT’s devem fornecer um quadro de referência estratégica de longo prazo que permita
aos municípios estabelecerem as suas opções de desenvolvimento e definirem regras de
gestão territorial compatíveis com o modelo consagrado para a Região. Neste sentido, os
novos PDM’s cuja revisão já está iniciada ou mesmo concluída terão que se adequar às
orientações do PROT logo que elas sejam formuladas.
Considera-se, neste ponto, o Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo
Litoral – PROTALI, aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 26/93, de 27 de Agosto, que
quando aprovado o PROT Alentejo será revogado por este.
Na sua elaboração pesou um correcto ordenamento do território, no sentido de preservar os
recursos naturais, qualidade do ambiente e valores paisagísticos, centrado numa visão
integrada e compatibilização dos interesses de âmbito nacional, regional e local.
Constitui como área de intervenção com interesse para o projecto o concelho de Alcácer do
Sal, definindo como objectivos fundamentais:
a) “Regulamentar a ocupação, uso e transformação do solo de modo a promover a sua
adequação às potencialidades de cada área;
b) Estabelecer a disciplina da edificabilidade que permita preservar os valores
patrimoniais, urbanísticos e paisagísticos;
c) Constituir um enquadramento de âmbito regional para os planos municipais de
ordenamento do território;
d) Servir de suporte à gestão do território” (artigo 5.º do regulamento do Plano em
questão).
Para efeitos de condicionamento à ocupação urbanística e turística, o PROTALI divide a
respectiva área de intervenção em três faixas, integrando-se a área de estudo em questão,
na denominada Faixa Interior (FI), cujos índices urbanísticos a respeitar na ocupação
turística são definidos em sede de Plano Director Municipal - PDM.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 65
ADITAMENTO
Enquanto modelo territorial proposto, foram constituídos três zonamentos: estrutural, geral e
especial. Neles, são interferidos pelo projecto, os seguintes espaços, conforme figuras que
seguidamente são apresentadas:
1) Zonamento estrutural:
Áreas com interesse regional ou local para a conservação da Natureza,
designadamente a Ribeira de S. Cristóvão. Nelas são proibidas ”(…) actos ou
actividades que deteriorem ou destruam os habitats das espécies da flora e da
fauna abrangidas pelos anexos I e II a Convenção de Berna, aprovada pelo
Decreto-lei n.º 95/81, de 23 de Julho, ou que degradem os habitats naturais
ameaçados” (artigo 14.º do regulamento do PROTALI).
Outras áreas indispensáveis à conservação da natureza, à estabilidade ecológica e
à utilização sustentada dos recursos naturais que integram:
o Áreas de Reserva Ecológica Nacional – REN, com risco de erosão, pelo que se
deve ter em conta o constante no regime da mesma. Remete-se para o
factor ambiental “Solos, RAN E REN”, uma abordagem mais criteriosa ao
regime da REN;
o Sistemas florestais ou silvo-pastoris a proteger e a valorizar (montados e
pinhais mansos), sujeitas a parecer das entidades competentes;
2) Zonamento geral: área de estudo inclusa na sua totalidade em áreas rurais,
classificadas, em termos de edificabilidade, como solo não urbanizável, e mais
especificamente:
Áreas florestais ou pratenses: áreas nas quais são proibidas “(…) todas as acções
que impliquem alteração ao uso dominante (…), salvo quando não diminuam ou
destruam as suas aptidões ou potencialidades para a produção vegetal” (artigo
28.º);
Áreas de matas ou matas de protecção e recuperação: áreas que “(…) assegurem
a protecção e recuperação de recursos naturais e o desenvolvimento de
actividades compatíveis, nomeadamente caça, apicultura, pastoreio, produção
lenhosa e de cortiça, plantas aromáticas e condimentares” (artigo 30.º).
3) Zonamento especial: não se verifica quaisquer condicionamentos na área de estudo.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 66
ADITAMENTO
Nas figuras seguintes apresenta-se a Herdade da Alápega enquadrada no plano
regional de ordenamento do território do Alentejo litoral (PROTALI).
Figura 7 – Enquadramento do projecto com o Plano Regional de Ordenamento do
Território do Alentejo Litoral – Zonamento Estrutural Fonte: PROTALI; s/escala
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 67
ADITAMENTO
Fonte: PROTALI; s/escala
Figura 8 – Enquadramento da área de estudo no Plano Regional de Ordenamento do Território do
Alentejo Litoral – Zonamento Geral
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 68
ADITAMENTO
Figura 9 – Enquadramento da área de estudo no Plano Regional de Ordenamento do Território do
Alentejo Litoral – Zonamento Especial
Tendo em conta que o PROT da Região do Alentejo se encontra em fase de aprovação (tendo
já decorrido o período de discussão pública de 5 de Maio a 7 de Maio de 2009), importa,
reter, no sentido meramente indicativo, que em matéria de desenvolvimento turístico, o
PROT em questão tem em conta na sua proposta de modelo territorial o zonamento de
áreas, potenciando as especificidades sub-regionais referentes aos valores e recursos
turísticos. O concelho de Alcácer do Sal, integra-se na zona E – Litoral Alentejano, cujas
potencialidades permitem a realização de um conjunto de actividades de animação turística,
importantes para a diversificação e consolidação da oferta existente.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 69
ADITAMENTO
2.4.2. SISTEMAS ECOLÓGICOS
b) Enquadrar o projecto no sítio de interesse comunitário Cabrela e
efectuar a respectiva avaliação de impactos, a qual deverá reflectir o grau de interferência do projecto com o sítio Cabrela.
O projecto em análise encontra-se inserido no Sítio de Interesse Comunitário – SIC
PTCON0033 – Cabrela, conforme o exposto na figura seguinte:
Fonte: ICNB; s/escala
Figura 10– Interferência da área de estudo com o SIC Cabrela – PTCON0033
No Relatório Síntese do EIA, a afectação de valores constantes da Directiva Habitats,
habitats e espécies é pormenorizadamente analisada. No quadro 6.8 desse relatório é
avaliada e quantificada a afectação directa de habitats classificados e de outras estruturas de
vegetação.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 70
ADITAMENTO
Quadro 5 - Afectação de ecossistemas por cada uma das componentes do projecto (Extraído
do Relatório de Síntese).
Tipo de coberto vegetal afectado Habitat
classificado
Área afectada aprox.
(em hectares) Esteval com plantações recentes de Sobreiro 4030 0,34 Eucaliptais Não existe 6,00
Matos – Esteval 4030pt5 0,59 Montado com Plantações recentes de Pinheiro-manso Não existe 0,00 Montados de sobro 6310 0,00 Mosaico de matos incipientes e prados Não existe 76,35 Plantações recentes de Pinheiro-manso Não existe 18,79 Plantações recentes de Sobreiro Não existe 3,79 Povoamento Florestal - Eucaliptal (em reconversão) Não existe 0,93 Prados Não existe 99,49
Da análise deste quadro, pode concluir-se alguns aspectos relevantes relativamente à
afectação dos habitats naturais protegidos pela Directiva Habitats e, por maioria de razão,
pela Rede Natura 2000:
A afectação de habitats prioritários não ocorrerá;
A afectação de montados de sobro, não ocorrerá. Saliente-se que, nos termos das
definições de habitats da Directiva, as plantações recentes de montados de sobro
não constituem habitats florestais, pelo que não constituem o habitat 6310 (embora
pudessem evoluir para habitats florestais);
O único habitat classificado que será afectado é o esteval, sub-tipo do habitat 4030
(Charnecas secas europeias). Trata-se de uma afectação de extensão muito reduzida,
de menos de 1 hectare, e acresce que os estevais são uma das formações vegetais
mais abundantes em Portugal.
Neste contexto, não se pode considerar como relevante a afectação do esteval.
No que respeita às espécies ou subespécies protegidas ou com estatuto de ameaça, as
únicas existentes na área de estudo são Hyacintoides vicentina e Salix salvifolia australis.
Dentro da propriedade da Alapega estas plantas não existem nas áreas afectas aos
empreendimentos turísticos, ocorrendo exclusivamente no vale do rio do Porto..
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 71
ADITAMENTO
Para além destas espécies protegidas, é também na área do rio do Porto que existem
as formações vegetais em melhor estado de conservação. Porém, este local não
será afectado pelo projecto. Por último, saliente-se que, de acordo com o projecto
analisado, nenhuma outra área com valores protegidos pela Directiva Habitats, incluindo
aqueles que levaram à classificação do Sítio, será afectada. Em caso de dúvida, a equipe
da Ambiveritas dispõe-se a efectuar todas visitas ao terreno necessárias para demonstrar
este facto, acompanhando a autoridade de AIA.
O efeito de barreira é um impacte indirecto que decorre, usualmente, da implementação
de projectos lineares como estradas e ferrovias, e mais raramente de projectos como
aquele que agora se aprecia. De um ponto de vista teórico, em casos graves, o efeito de
barreira pode gerar as seguintes consequências negativas:
o Restringe as áreas vitais dos animais que vivem próximo do projecto;
o Dificulta o fluxo de indivíduos em períodos de deficit populacional, podendo impedir o
estabelecimento de metapopulações viável.
o Diminui o fluxo genético entre as populações separadas pela via, com eventual
aumento da taxa de homozigotia.
As espécies mais sensíveis a este factor são os mamíferos de médio porte, porque
apresentam áreas vitais maiores e baixa taxa de reprodução.
A ocorrência de efeitos de barreira significativos na sequência de projectos de urbanização é
rara e depende da estrutura das áreas urbanas e do efeito conjugado com outras estruturas.
Por exemplo, no Norte dos pais, muitas povoações desenvolvem-se ao longo das estradas
tendo, por isso, uma conformação linear, facto que aumenta o efeito de barreira. Este não é
o caso em estudo. De facto, o projecto consiste numa urbanização fluida, pouco densa e não
linear.
No caso em estudo, o efeito de barreira será praticamente nulo porque a fauna manterá
corredores migratórios suficientes para garantir a conectividade populacional, a Norte, Sul,
Este ou Oeste, designadamente:
o A Sul através das margens da barragem de Pego do Altar, zona húmida de elevada
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 72
ADITAMENTO
atractividade para a fauna;
o A leste, sobretudo, através do rio do Porto, zona particularmente relevante do ponto
de vista biológico;
o A Oeste e Norte através das áreas florestais e campos agrícolas existentes, que não
serão afectados pelo projecto;
o Poderá ainda ocorrer atravessamento das áreas do projecto por mamíferos de médio
porte, uma vez que a edificação será fluida, com numerosos espaços verdes e
naturalizados e porque a maior parte destas espécies apresenta comportamentos
nocturnos, associados a um período em que a actividade humana é menor.
c) Analisar, mais aprofundadamente, os impactos decorrentes da implementação das edificações situadas a NW da área de intervenção do projecto, designadamente os aldeamentos A1, A2, o centro de saúde e bem-estar, o hotel Spa, em virtude das mesmas estarem projectadas para zonas muito declivosas, que correspondem aos vales cujas encostas exibem a vegetação natural em melhor estado de conservação, de implicarem uma grande mobilização de terras e excessivas mobilidade de solo com destruição total da vegetação existente e consequência óbvia ao nível da conservação do solo
A concepção do projecto do empreendimento turístico da Herdade da Alápega teve em
consideração desde o masterplan, a adequada integração dos elementos de projecto no
enquadramento paisagístico da região.
O carácter do terreno dentro do seu contexto regional tornou-se uma grande influência na
evolução do conceito de ocupação desenvolvido. Por isso, procurou-se criar um conceito
turístico integrado, baseado na autenticidade da região, preservando e valorizando os
valores naturais.
Foi neste contexto que se considerou a adopção de Aldeamentos Turísticos, de acordo com o
povoamento rural genuíno do Alentejo. O desenho urbano desenvolvido no projecto em
estudo utilizou esta abordagem, em oposição à habitual solução comum nos resorts de golfe,
de residências espalhadas ao longo da periferia do campo, ou de outros equipamentos e
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 73
ADITAMENTO
serviços. Nesta zona do empreendimento, cada “aldeia” proposta tem um carácter único que
se relaciona directamente com a sua função e uso da paisagem adjacente.
É de realçar que, algumas destas “aldeias”, como é o caso dos Aldeamentos A1 e A2
(composto essencialmente por moradias isoladas), apresentam uma disposição adaptada à
topografia local, no sentido da preservação e usufruto das características naturais da
paisagem.
A zona poente do caminho municipal (CM1063-1), a NW do empreendimento é
essencialmente constituída por uma série de cumeadas que se estendem em direcção a
poente e proporcionam excelentes vistas, apresentando um carácter mais natural, razão pela
qual as unidades de alojamento turístico se assemelhem a montes alentejanos, preservando
toda a envolvente natural. A ocupação do solo afecta a estes aldeamentos é essencialmente
de povoamentos florestais de eucalipto, com alguns matos e esteval, apresentando, regra
geral, valor ecológico diminuto. Refere-se igualmente que estes alojamentos serão
projectados para se implantarem em harmonia com o terreno, com o mínimo de alterações à
topografia. Os edifícios encontram-se localizados nas zonas de cumeada ou de vertentes
menos inclinadas, reduzindo significativamente as movimentações de terras afectas à sua
implantação– ver figura seguinte. Como se pode verificar pelas peças desenhadas
apresentadas no anexo IV, as áreas de implantação dos edifícios encontram-se localizadas
de forma organizada junto às estradas a construir.
Figura 11 – Pormenor do perfil do terreno no Aldeamento A1
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 74
ADITAMENTO
As estradas respeitam igualmente a topografia do terreno, sendo inclusivamente adoptados
materiais permeáveis (ao ar e à água) de alta resistência na sua constituição. Estes
materiais poderão igualmente ser utilizados nos parques de estacionamento. Para além de
constituírem superfícies permeáveis, não tóxicas, permitem diminuir a amplitude térmica, e
apresentam capacidade de absorção do ruído, sendo de fácil reparação.
Refere-se igualmente que as desmatações e desflorestações serão reduzidas ao mínimo
necessário, sempre no pressuposto pelo usufruto da paisagem actualmente existente. No
adensamento vegetal e na utilização ornamental serão utilizadas espécies autóctones, de
forma a reduzir a dependência da irrigação. O Projecto de Integração Paisagistica do
empreendimento, a efectuar na fase seguinte contemplará as adequadas medidas de
reflorestação das áreas afectadas pelo projecto.
Fotografia 9 – Vista da área NW do empreendimento
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 75
ADITAMENTO
O Aldeamento A1, que contempla uma área total de cerca de 400.300 m2, apresenta uma
área efectiva de implantação máxima de cerca de 18.470 m2, correspondente a um índice de
0,046, sendo que a restante área será preservada. No que respeita à movimentação de
terras e consequente desmatação, estima-se que a implantação das áreas edificadas induzirá
cerca de 13.800 m3 de movimentação de terras e 55.400 m2 de área desmatada, e, no caso
dos arruamentos, cerca de 24.200 m3 e 60.600 m2, respectivamente. Verifica-se desta
forma, que muito embora a área total do Aldeamento seja grande, as intervenções previstas
serão reduzidas, sendo preservada a paisagem actualmente existente.
O Aldeamento A2, que contempla uma área total de cerca de 166.270 m2, apresenta apenas
uma área efectiva de implantação máxima de 8.680 m2, correspondente a um índice de
0,05, sendo a restante área será preservada. No que respeita à movimentação de terras,
refere-se que a implantação das áreas edificadas induzirá cerca de 6.500 m3, e os
arruamentos, cerca de 12.300 m3. A desmatação associada a estas áreas será de 26.000 m2
para os edifícios e 30.800 m2 para os arruamentos.
O volume de terras que venha a ser retirado da base das moradias servirá para modelar o
terreno envolvente, e a que venha a ser retirada dos arruamentos será usada na modelação
dos lotes limítrofes.
Comparativamente com os restantes aldeamentos que apresentam uma concepção de
projecto diferente dos Aldeamentos A1 e A2, concentrando as edificações, verifica-se que os
índices de implantação são superiores – ver quadro seguinte.
Quadro 6 – Índices de implantação dos aldeamentos previstos no empreendimento turístico
Aldeamento Área
Aldeamento (m2)
Área de Implantação
máx.(m2)
Índice de Implantação
Aldeamento A1 400297 18470 0,046
Aldeamento A2 166266 8680 0,052
Aldeamento A3 74558 11141 0,149
Aldeamento A4 81197 9354 0,115
Aldeamento A5 91703 9877 0,108
Aldeamento A6 28648 5051 0,176
Aldeamento A7 52530 6313 0,120
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 76
ADITAMENTO
Aldeamento A8 480038 7834 0,163
Aldeamento A9 103346 8536 0,083
Aldeamento A10 85936 11307 0,132
De acordo com os estudos efectuados verifica-se que as terraplenagens associadas à
implantação dos Aldeamentos A1 e A2 representam apenas 9,5% do total de terraplenagens
inerentes à construção de todos os aldeamentos turísticos do empreendimento, o que
considerando que a área afecta aos dois representa cerca de 28% da área total de
implantação dos 10 empreendimentos, verifica-se que as intervenções serão bastante
reduzidas para a zona NW do empreendimento.
O Estabelecimento H1 pretende-se constituído por unidades individualizadas e servidas por
uma unidade central. Prevê-se uma superfície de implantação máxima de 3333 m2
(correspondente a um índice de implantação de 0,04), e uma altura máxima de fachada de 8
metros correspondentes a 5000 m2 de área bruta de construção (a.b.c.) para a criação de 50
unidades de alojamento, correspondentes a 100 camas. Este Estabelecimento encontra-se
dividido em dois lotes o H1a e o H1b, sendo que o Lote H1a, se destina essencialmente ao
parque de estacionamento da Unidade Hoteleira, do spa e do Centro de Saúde e Bem Estar,
cuja capacidade mínima será de 70 lugares de estacionamento. O projecto deverá
desenvolver-se em socalcos adoçados à morfologia topográfica, seguindo uma estruturação
conjunta com os vários edifícios a construir neste núcleo. Os projectos de arquitectura serão
desenvolvidos em perfeita harmonia com o enquadramento paisagístico e morfológico em
que se inserem, partindo para uma concepção assente na arquitectura desenvolvida nesta
região.
O Hotel do Spa e o Centro de Saúde e Bem Estar ocupam essencialmente povoamentos
florestais de eucalipto não afectando habitats naturais da rede natura, e implicando
reduzidas movimentações de terras.
O projecto contempla assim, a minimização das intervenções na área NW da Herdade,
designadamente os aldeamentos A1, A2, o centro de saúde e bem-estar, o hotel Spa, e
respectiva rede viária, estando estas intervenções preconizadas para as áreas de cumeada,
não afectando as zonas mais declivosas dos povoamentos florestais. Para além disso, no que
respeita às movimentações de terras, a implantação da tipologia de edifícios previstos não
implica nem grandes mobilizações de terras, nem desmatações/desflorestações
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 77
ADITAMENTO
significativas, circunscrevendo-se apenas às áreas de implantação. O respeito pela natureza
está presente em todo o conceito do empreendimento, privilegiando a preservação da flora
local e as paisagens da Herdade.
2.4.3. RECURSOS HÍDRICOS
d) Apresentar um estudo hidrológico detalhado que permita aferir a garantia da disponibilidade e sustentabilidade dos recursos hídricos subterrâneos
No âmbito do desenvolvimento do Pedido de Informação Prévia (PIP) foi desenvolvido o Relatório “Água, Energia e Resíduos” (Abril de 2009) e o estudo hidrológico detalhado, contemplando a aferição da disponibilidade e sustentabilidade dos recursos hídricos subterrâneos. O Estudo hidrológico é apresentado no Anexo III. A acompanhar o presente Aditamento foi impresso um exemplar do Relatório “Água, Energia e Resíduos”.
e) Demonstrar a sustentabilidade dos consumos previstos, face às disponibilidades hídricas efectivamente existentes, e não apenas com base em suposições. De acordo com os estudos efectuados, as necessidades de água do Empreendimento, no horizonte de projecto, para os anos médio, húmido e seco, serão as seguintes:
Quadro 7 – Consumos de água potável e não potável no empreendimento – Anos
húmidos, médios e secos
Consumo
Ano Húmido
(m3/ano)
Consumo
Ano Médio
(m3/ano)
Consumo
Ano Seco
(m3/ano)
Água Potável 138.000 138.000 138.000
Água Não Potável 443.000 489.000 387.000
Autoclismos 24.000 24.000 24.000
Piscinas 16.000 16.000 16.000
Lavagem de Pavimentos 12.000 12.000 12.000
Espaços Verdes Privados 54.000 60.000 60.000
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 78
ADITAMENTO
Em ano médio, os consumos globais de água rondarão os 627.000 m3, garantidos pelas
origens adiante referidas.
Em ano seco, prevê-se a redução dos consumos do Campo de Golfe em cerca de 30%,
mediante a redução da dotação distribuída nos Fairways, Driving Range e Áreas de
Enquadramento, o que fará baixar as necessidades hídricas globais de 627.000 m3/ano para
522.000 m3/ano.
Quanto às origens de água, para fazer face àquelas necessidades, tem-se o seguinte, para
ano húmido e ano médio:
Quadro 8 – Volume de água de cada uma das origens de água preconizadas no
Projecto em ano húmido
Quadro 9 – Volume de água de cada uma das origens de água preconizadas no
Projecto em ano médio
A
Espaços Verdes Comuns 27.000 30.000 30.000
Campo de Golfe 310.000 350.000 245.000
TOTAL 581.000 627.000 525.000
Origem (ano húmido) Volume
(m3/ano)
Águas Subterrâneas 240.000
Águas das Cisternas 46.000
Afluências às barragens locais 60.000
Águas da barragem do Pego do Altar 111.000
Águas Residuais Domésticas Tratadas 124.000
TOTAL 581.000
Origem (ano médio) Volume
(m3/ano)
Águas Subterrâneas 240.000
Águas das Cisternas 38.000
Afluências às barragens locais (lagos do empreendimento ) 50.000
Águas da barragem do Pego do Altar 175.000
Águas Residuais Domésticas Tratadas 124.000
TOTAL 627.000
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 79
ADITAMENTO
barragem do Pego do Altar, sendo uma grande barragem, com uma capacidade armazenável
da ordem dos 95.000.000 m3, permite uma elevada garantia no abastecimento,
apresentando-se como uma origem de água sustentável para a garantia do fornecimento da
água não potável necessária ao Empreendimento, em anos médios.
Em ano seco mantêm-se as disponibilidades de águas subterrâneas e, consequentemente os
efluentes domésticos tratados, derivados daquelas, após consumo doméstico, mas as
restantes origens podem ser nulas.
Nesta situação, será usada a reserva estratégica de água guardada nos diferentes lagos, cujo
volume útil ronda os 470.000 m3, e que derivou de bombagens, em anos húmidos e médios,
da albufeira do Pego do Altar, durante o período de inverno, quando os restantes consumos
são reduzidos.
Quadro 10 – Volume de água de cada uma das origens de água preconizadas no Projecto em ano seco
Como se pode verificar, num ano seco serão utilizados 161.000 m3 da água armazenada nos
lagos, o que corresponde a 1/3 do total armazenado, indicando que a reserva estratégica
permite garantir o abastecimento em 3 anos secos consecutivos.
Para obtenção de água potável, está prevista, como solução base, a construção de uma ETA,
no interior do Empreendimento, usando, como origem de água preferencial, os caudais
derivados das captações subterrâneas.
No entanto, e tendo em consideração a falta de água potável na povoação de Santa Susana,
situada nas proximidades, o Promotor está disponível para estudar uma solução comum.
Origem (ano seco) Volume
(m3/ano)
Águas Subterrâneas 240.000
Águas das Cisternas 0
Afluências às barragens locais 0
Águas da barragem do Pego do Altar 0
Águas Residuais Domésticas Tratadas 124.000
SUB-TOTAL 364.000
Água Armazenada nas barragens locais 161.000
TOTAL 525.000
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 80
ADITAMENTO
Nesta hipótese, a solução passaria pela conclusão e reforço da ETA já parcialmente instalada
na barragem do Pego do Altar que, por razões várias, ainda não está em funcionamento.
De notar que, neste caso, os consumos globais de água se mantêm, só que a origem de
água potável passa a ser a barragem de Pego do Altar, passando as águas subterrâneas a
garantir os restantes abastecimentos.
Para o tratamento das águas residuais domésticas, está prevista a construção de uma ETAR,
no interior do Empreendimento, com o posterior aproveitamento dos efluentes tratados na
rega e consumos afins.
Entretanto, e tal como acontece com a água potável, a povoação de Santa Susana tem uma
ETAR do tipo fitoETAR, cujo funcionamento não será o mais desejado. Assim sendo, o
Promotor está disponível para estudar uma solução comum.
Nesta hipótese, a solução passaria pela instalação de uma ETAR mais tradicional, e que
permita uma variação acentuada das afluências, no local da ETAR actual.
f) Avaliar os impactos decorrentes da construção e do funcionamento dos vários elementos do projecto.
Esta situação foi analisada na resposta à questão 10.
g) Equacionar uma proposta de origem de água fiável para abastecimento
de água potável aos empreendimentos; considerando-se que as necessidades hídricas para a rega do campo de golfe e de espaços verdes são altamente dependentes de diversas variáveis: existência de volumes armazenados na albufeira de pego do altar em anos secos, da possibilidade de ser autorizada a captação de agua para fornecimento ao empreendimento (pela ARH do Alentejo e não pela associação de regantes do Vale do Sado) e da viabilidade de construção de uma barragem na propriedade, etc.
De acordo com a resposta efectuada na alínea e), verifica-se que existem soluções
sustentáveis de abastecimento de água potável e bruta a todo o empreendimento, em anos
húmidos, médios e secos.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 81
ADITAMENTO
As águas subterrâneas serão a origem de água potável de todo o empreendimento e em
qualquer dos referidos anos, não se verificando flutuações significativas do nível freático de
ano médio para ano seco.
De acordo com o referido anteriormente, em anos secos, o empreendimento não utilizará a
água da albufeira do Pego do Altar, recorrendo a outras origens de água existentes na
Herdade, como sejam, as reservas de água existentes nos lagos, as águas residuais
domésticas tratadas, e as águas subterrâneas.
No que respeita ao Pedido de Concessão para a captação de água da Albufeira de Pego do
Altar, este será solicitado à Administração da Região Hidrográfica, de acordo com o
estabelecido no art. 37 do DL n.º 226-A/2007, onde o procedimento de atribuição de título
de utilização só poderá iniciar-se após a emissão de declaração de impacte ambiental
favorável ou condicionalmente favorável.
Ou seja, a disponibilidade das origens de água referenciadas no presente estudo,
nomeadamente o volume de água proveniente da Albufeira de Pego do Altar, está
dependente da autorização da ARH. Contudo, refere-se que tal como apresentado nos
quadros anteriores, os volumes de água inerentes à Albufeira poderão ser fornecidos pelos
furos existentes na propriedade, em sintonia com o cenário dos anos secos.
Verifica-se deste modo, que os fornecimentos de água potável e bruta ao empreendimento
são viáveis para fazer face aos consumos previstos em cada ano.
h) Invocar a legislação aplicável (decreto lei nº 226-A/2007, de 31 de Maio, portaria nº 1450/2007, de 12 de Novembro e o decreto-lei nº 97/2008, de 11 de Junho), considerando que a pág. 167 é referido que posteriormente, deverá ser solicitado o pedido de utilização do
domínio hídrico das linhas de água cartografadas.
De acordo com a Decreto-Lei n.º 46/94, todas as construções executadas em domínio hídrico
carecem de licença, qualquer que seja a natureza e personalidade jurídica do utilizador. O
Decreto-Lei define como construções todo o tipo de obras, designadamente edificações,
muros e vedações e aterros ou escavações, bem como as respectivas alterações e
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 82
ADITAMENTO
demolições executadas (exceptuam-se as infra-estruturas hidráulicas que são objecto de
tratamento específico).
O licenciamento de construções em terrenos do domínio hídrico depende da obtenção de
licença a atribuir pela respectiva CCDR.
A implementação do empreendimento, prevê a utilização do domínio hídrico, pelo que de
acordo com o exposto na Lei 54/2005 de 15 de Novembro – Lei que estabelece a titularidade
dos recursos Hídricos e a Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro – Lei que transpõe a directiva
quadro da água, em Portugal, numa fase posterior, deverá ser solicitado o pedido de
utilização do domínio hídrico das linhas de água cartografadas.
O Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de Maio, com a primeira alteração introduzida pelo
Decreto-Lei n.º 391-A/2007, de 21 de Dezembro, regula a Lei n.º 58/2005, de 29 de
Dezembro (Lei da Água), estabelecendo o regime da utilização dos recursos hídricos.
A portaria nº 1450/2007, de 12 de Novembro fixa as regras do regime de utilização dos
recursos hídricos.
O Decreto–lei n.º 97/2008, de 11 de Junho estabelece o regime económico e financeiro dos
recursos hídricos previsto pela Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, disciplinando a taxa de
recursos hídricos, as tarifas dos serviços públicos de águas e os contratos - programa em
matéria de gestão dos recursos hídricos.
i) Incluir no capítulo 6.1 Hidrogeologia, uma avaliação de impactos sobre
recursos Hídricos subterrâneos e não sobre a Hidrogeologia, conforme consta no EIA, apresentado. Incluir ainda um subcapítulo (6.5)
referente apenas aos Recursos Hídricos Superficiais.
Os capítulos 6.1.2.2 e 6.1.3.2 do EIA correspondem aos recursos hídricos subterrâneos.
O Capítulo 6.5 do EIA corresponde efectivamente aos Recursos Hídricos Superficiais.
j) Apresentar medidas de minimização referentes aos Recursos Hídricos,
para a fase de construção, de exploração e de desactivação, nomeadamente associadas aos planos de água a construir.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 83
ADITAMENTO
Na construção dos lagos deverá ter-se em consideração as seguintes medidas, para além das
já consideradas no EIA:
Evitar a desestabilização das margens das linhas de água;
A construção do Empreendimento implicará uma movimentação de terras que, no
entanto, não levará nem à exportação nem à importação de terras. Do interior das
albufeiras sairá bastante material, inerente à criação de capacidade de
armazenamento de água que funcionará como reserva estratégica, a usar nos anos
secos. Deste material, o de melhor qualidade será utilizado nos aterros das próprias
barragens e nos aterros das vias primárias.
Haverá, no entanto, lugar à importação de alguns materiais específicos, como sejam
areias, britas e enrocamentos, inexistentes no local. Deverá ter-se em atenção à
origem destes materiais, não devendo ser recolhidas areias de planos de água
existentes fora da Herdade que apresentem características biológicas distintas, que
potenciem o risco de desenvolvimento de espécies alóctones nos lagos do
empreendimento.
A integração paisagística deverá ter em conta, a plantação de espécies ripicolas
autóctones, sendo evitada a implantação de táxones invasores. Para além disso,
deverá ter em consideração a criação de locais de abrigo para a fauna. As plantas
ornamentais poderão ser envasadas como forma de conter o seu enraizamento
descontrolado e potencial indução da eutrofização dos lagos.
Adequada contenção das terras sobrantes, a reaproveitar no empreendimento;
Poderão ser implementadas barreiras de sedimentos nas margens das linhas de água,
evitando o acréscimo de sólidos suspensos na água.
A construção dos lagos deverá ser efectuada, sempre que possível, no Período Seco
(Junho a Setembro), no mais curto espaço de tempo.
A descarga de poluentes nas linhas de água/lagos deverá ser completamente
interdita;
Evitar a colocação de depósitos de materiais nas áreas preferenciais de drenagem
natural.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 84
ADITAMENTO
Evitar descargas de águas residuais nos lagos.
As medidas a adoptar na fase de desactivação serão bastante semelhantes às da fase de
construção, não sendo contudo expectável o fim de vida útil do empreendimento.
Durante a fase de exploração, referem-se as seguintes medidas para além das referenciadas
no EIA:
Adequada manutenção da galeria ripicola dos lagos;
Monitorização da qualidade da água dos lagos, no sentido de se aferir potenciais
contaminações e/ou fenómenos de eutrofização;
Caso se verifique necessidade, realizar trabalhos de consolidação das margens,
limpeza do leito e corte de vegetação marginal na perspectiva da manutenção das
condições ecológicas, evitar riscos de inundação, e promoção da infiltração nas
margens dos lagos;
Condicionar a regularização dos sistemas hídricos promovendo a renaturalização das
margens e consequente melhoramento da qualidade da água (consoante as áreas em
causa);
Restringir o uso de agro-químicos, adoptando técnicas alternativas, como a protecção
integrada e outros métodos biológicos.
2.4.4. PAISAGEM
k) Apresentar as linhas orientadoras do plano de integração paisagística a implementar.
O projecto de integração paisagística visa dotar o projecto de ferramentas que permitam
enquadrar paisagisticamente todas as intervenções do projecto com a sua envolvente natural, com
destaque para os empreendimentos turísticos e para os equipamentos autónomos, através da
definição de regras de intervenção nos espaços de uso comum e dos materiais e espécies a utilizar
nos mesmos.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 85
ADITAMENTO
Considerando-se que o projecto apresenta duas componentes, uma de índole “natural”, constituída
por espaços verdes e florestais, e outra de índole “artificial”, constituída fundamentalmente pelos
empreendimentos turísticos, equipamentos autónomos e infraestruturas, as intervenções
paisagísticas são naturalmente diferenciadas em cada um dos casos.
No primeiro caso, nas áreas de floresta, nomeadamente aquelas que se encontram fora das bolsas
destinadas aos empreendimentos turísticos e aos equipamentos autónomos vigorará o Plano de
Gestão Florestal (PGF). Este plano enquadra com rigor e detalhe as formas e locais de
intervenção sobre os espaços florestais, pelo que se remete para o mesmo a explicitação das
intervenções paisagísticas nestes espaços.
Deixam-se contudo as seguintes linhas orientadoras chave para as intervenções em espaço
florestal, contempladas quer no PIP, quer no PGF:
Adensamento de vegetação com plantações que privilegiem as espécies autóctones e as
espécies adaptadas às condições ecológicas locais e tradicionalmente utilizadas, com
destaque para os sobreiros e azinheiras;
Interdição de plantação de espécies consideradas invasoras;
Remoção regrada e progressiva de eucaliptos;
Sempre que seja possível, na implantação de rede viária,e caminhos locais de acesso aos
lotes, deverão ser utilizados pavimentos permeáveis/semipermeáveis. A utilização de
pavimentos impermeáveis fica condicionada a situações pontuais, onde se verifique a
impossibilidade de aplicação de soluções alternativas e desde que complementada por
implementação de sistemas biofísicos de drenagem que promovam a infiltração da água
no solo, compensando assim as impermeabilizações que forem efectuadas;
Nos espaços de transição e enquadramento deve ser privilegiada a criação de espaços
verdes de enquadramento, com utilização de material vivo e inerte, sendo admitido
pontualmente, uma maior artificialização. No caso de materiais vegetais, a sua aplicação
deve ter em conta as especificidades edafo-climáticas da região em que o empreendimento
se insere, devendo recorrer-se a espécies autóctones específicas dos ecossistemas
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 86
ADITAMENTO
mediterrânicos. Quanto aos materiais inertes, devem ser escolhidos em função da sua
correcta integração paisagística e deve ser dada preferência ao uso de materiais da região.
Sendo que o objectivo destas áreas é o enquadramento das unidades mais artificiais e a
transição para os espaços naturais, a sua configuração poderá ir do mais artificial
(ornamental) para o mais naturalizado (exclusivamente autóctones, sem rega);
A implementação de albufeiras e charcas deverá sempre ter em conta o correcto
enquadramento paisagístico e ambiental, diminuindo ao mínimo o seu impacto e
aumentando o seu efeito positivo em termos de conservação da natureza e da qualidade
estética da paisagem. As margens destes sistemas lacustres deverão reproduzir as
condições biofísicas que se enquadrem na região em que se inserem;
No Centro Agrícola as zonas exteriores serão constituídas por hortas e pomares, jardins de
ervas, vegetais e flores, bem como cercas para gado, assemelhando-se a uma pequena
quinta, conformando uma área de produção e ao mesmo tempo de demonstração e
aprendizagem de técnicas e métodos de produção biológica;
Por estar também em espaço florestal destaque ainda para a proposta de recuperação do
“trilho” que percorre de forma paralela a margem da Ribeira de São Cristóvão, já na área
do regolfo da Albufeira de Pego do Altar, pela importância histórica e cultural que
apresenta.
No que respeita à envolvente das áreas construídas, nomeadamente relacionadas com os
empreendimentos turísticos (aldeamentos turísticos e estabelecimentos hoteleiros), com os
equipamentos autónomos e com as infraestruturas salientam-se as seguintes orientações genéricas
a pormenorizar no projecto de intervenção paisagística:
Nas áreas de usos comum, assim como nos espaços verdes ornamentais, os materiais
vegetais a utilizar deverão ser constituídos por espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas
adaptadas às condições edafo-climáticas da região, privilegiando-se o uso de espécies
autóctones dos sistemas secos mediterrânicos. Por se tratar de áreas ornamentais, admite-
se uma maior artificialização e a utilização de espécies vegetais exóticas, desde que bem
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 87
ADITAMENTO
adaptadas às condições edafo-climáticas da região e não possuam grandes exigências em
termos de rega. O mesmo se aplica aos taludes que seja necessário construir;
Os sistemas de rega deverão ser automatizados, de baixo débito, preferencialmente do tipo
gota-a-gota;
Os materiais e técnicas de construção com inertes a aplicar, especialmente no que respeita
aos revestimentos, devem ter em atenção a manutenção da permeabilidade do solo;
No campo de golfe pretende-se que os espaços de enquadramento que integram este lote,
sejam naturalizados. Aliás, existem áreas integradas na Estrutura Ecológica que, apesar de
integradas nos lotes do golfe, permanecerão intocadas. Sempre que possível, os roughs e
as zonas arbustivas adjacentes aos buracos serão mantidas e será promovida a recolha de
espécies indígenas para reutilização na composição paisagística dos campos. O objectivo é
que os campos de golfe representem ao máximo a região e as suas paisagens naturais;
A construção das zonas de jogo do campo de golfe e dos espaços verdes ornamentais,
assim como a escolha da relva, serão efectuadas com o objectivo de garantir a melhor
adaptação às características climatéricas locais, nomeadamente no que respeita à
escorrência de águas e resistência a variação de temperaturas e humidade;
Os pavimentos deverão, sempre que possível, ser permeáveis ou semi-permeáveis.
2.4.5. SOCIO-ECONÓMICA
l) Analisar os efeitos do acréscimo de população que o projecto induzira, localmente, no ambiente económico e social, não descurando a componente de equipamentos, colectivos para além dos referentes à saúde (saneamento, educação, energia, transportes públicos, culturais
e segurança).
Com o empreendimento em análise é esperado um efeito de alavancagem da economia local
e regional, pelo valor acrescido que a sua implementação irá trazer para este território.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 88
ADITAMENTO
Assim, poderá existir um efeito de atractividade deste território para residência, o que
poderá levar a um ligeiro acréscimo de população residente.
Relativamente à população presente, estima-se um aumento considerável neste concelho,
estando prevista uma população média anual na ordem dos 1 877 habitantes equivalentes.
Como se pode constatar pelo exposto anteriormente, o principal acréscimo de população
deverá ocorrer pelo aumento da população presente, ou seja população existente em
determinado momento mesmo que aí não resida. Neste sentido, para equipamentos como os
de educação não são esperados quaisquer impactes decorrentes da construção do projecto
em análise.
Relativamente ao saneamento e energia salienta-se que o projecto em estudo contempla
uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e várias formas de recolha de
energia (como por exemplo, colectores solares térmicos e painéis fotovoltaicos),
encontrando-se deste modo grandemente minimizados os impactes neste tipo de
equipamentos. Para além disso, a energia eléctrica a fornecer a partir do exterior, cerca de
45% do consumo energético total, será derivada da rede pública da EDP e deverá cobrir a
energia eléctrica em falta, ou seja, cerca de 3.750.000 kWh/ano. Será efectuada a derivação
da linha de média tensão existente na Herdade, de acordo com o previamente definido com
a EDP.
No que se refere aos equipamentos de saúde, verifica-se que o projecto contempla um posto
de saúde para primeiros socorros nas suas instalações, sendo que para casos mais graves
poder-se-á recorrer ao Hospital de Évora que se encontra a cerca de 100Km de distância.
Por último, relativamente aos restantes equipamentos não se prevê que este aumento
demográfico, a existir, seja de dimensão suficiente para provocar uma sobrecarga nos
mesmos. Contudo, no caso desta procura induzir a criação de novos equipamentos para
responder a estas novas necessidades os impactes serão positivos, temporários ou
permanentes, directos e significativos, desde que contribuam para colmatar alguma carência
que exista a este nível.
m) Definir medidas de minimização de eventuais constrangimentos que possam surgir, decorrentes da implementação dos empreendimentos e do consequente aumento da oferta turística.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 89
ADITAMENTO
Propõem-se as seguintes medidas de minimização adicionais às já preconizadas no Estudo de
Impacte Ambiental:
As autoridades distritais, municipais e regionais deverão planear e gerir de modo
eficaz o desenvolvimento local por forma a antecipar os casos onde se possa vir a
verificar maior sobrecarga dos equipamentos ou infra-estruturas e
consequentemente, criar mais e/ou desenvolver os actuais caso seja necessário.
As entidades municipais poderão ainda promover acções de sensibilização dos turistas
em geral, no sentido de preservar o património e os recursos naturais locais.
2.4.6. ACESSIBILIDADES
n) Apresentar um mapa de enquadramento com a localização da propriedade no contexto das acessibilidades regionais, indicando, alem da rede viária regional, as acessibilidades na zona próxima da propriedade.
O mapa de enquadramento solicitado pode ser visualizado no Anexo IV. No que respeita às
acessibilidades na Herdade, refere-se que o Esboço Corográfico, apresentado no EIA,
identifica toda a rede viária existente na região afecta à Herdade.
2.5. RESUMO NÃO TÉCNICO
1- Todas as siglas apresentadas devem ser explicitadas por extenso na primeira vez que foram utilizadas (PDM,POA – pagina 3; REN – pagina 5;Ren – pagina 13);
2- Evitar o recurso à utilização de termos técnicos sem a devida explicação. Na componente biológica (pagina 18), explicar o significado de alguns dos termos utilizados ( antropogeneizados, herpetológica);
3- Deverão ser corrigidos alguns lapsos ortográficos, nomeadamente; 4- Corrigir a palavra “termos” no segundo parágrafo da página 2. 5- Retirar a palavra “que” do terceiro paragrafo da página 8. 6- Substituir “ localizado” por localizada no segundo parágrafo da página 14. 7- Retirar o parêntesis do quarto parágrafo da página 14. 8- Substituir “Alapega” por Alàpega no último parágrafo da página 21.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega Página 90
ADITAMENTO
9- A intervenção prevista esta traduzida na figura 2 (folhas 1 e 2) do RNT, pelo que se afigura incorrecta a referencia ao “desenho EIA – RF, 00-RNT-02” (pgina6).
10- O RNT devera fazer referência à fase de desactivação do projecto. 11- Apresentar a descrição do projecto, (ponto 5, do RNT), explicando com
clareza quais as componentes do projecto (ex: Refere-se que “a intervenção proposta para a herdade. Estrutura a ocupação do solo da seguinte forma: (…) Albufeiras e Charcas que integram todos os planos de água existentes e propostos para o interior da Herdade”), indicando quais as intenções concretas relacionadas com a criação de novas infra-estruturas hidráulicas.
12- Referir qual será a origem da água para consumo humano, na pág. 9 “consumos de Água” apenas se referem os consumos de água para abastecimento humano.
13- Rectificar, no capítulo 6. “Elementos afectados pelo projecto” (pag.12), onde é apresentado um ponto relativo às “Águas Subterraneas2 (pág. 13), e posteriormente (pág. 15), existe um ponto relativo a “Recursos Hídricos”, dado que as águas são uma componente dos Recursos Hídricos.
O Resumo Não Técnico foi reformulado de acordo com as recomendações do Parecer da Comissão de Avaliação, constituindo um documento autónomo.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
ANEXO I
PARECER DA COMISSÃO DE AVALIAÇÃO
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Página deixada propositadamente em branco
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
ANEXO II
ANÁLISE DOS IMPACTES CUMULATIVOS
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Página deixada propositadamente em branco
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
IMPACTES CUMULATIVOS
1- Enquadramento
De modo à realização da análise dos impactes cumulativos do presente projecto com outros
existentes ou previstos na sua envolvência procedeu-se ao levantamento de base dos
seguintes aspectos relevantes para a análise:
1. A povoação de Santa Susana com 501 habitantes residentes (segundo dados dos censos 2001);
2. Empreendimentos previstos ou existentes na envolvência directa do projecto (segundo figura
seguinte e segundo dados da Câmara Municipal de Alcácer do Sal).
3. Explorações mineiras na envolvência do projecto
4. Rede rodoviária e ferroviária
5. Regadios
6. Rede de infra-estruturas de abastecimento e saneamento
Por envolvência directa considerou-se um raio de 20 kms centrado no projecto da Herdade
da Alápega incluindo todos os empreendimentos previstos pela Câmara Municipal de Alcácer
do Sal neste raio de acção. Este limite será representativo dos impactes cumulativos que
poderão ser causados quer em termos biofísicos, nas vertentes da geologia e geomorfologia,
hidrogeologia, solos, recursos hídricos superficiais, ocupação do solo e biologia, quer em
termos de implicações com a qualidade do ar, ruído, Reserva Ecológica Nacional,
ordenamento do território e componente social.
Geologia, Recursos Hídricos e Hidrogeologia com o objectivo de demonstrar as
pressões sobre o relevo e recursos hídricos superficiais e subterrâneos;
Solos, Uso Actual do Solo com o objectivo de analisar qual a área a ocupar e
respectivos efeitos face à situação existente;
Qualidade do Ar e Ruído com o objectivo de analisar a diminuição da qualidade do
ar e aumento dos níveis de ruído, como consequência do aumento do tráfego, que
poderá advir da eventual utilização das vias de acesso à Herdade da Alápega por
outros empreendimentos;
Reserva Ecológica Nacional e Ordenamento do Território com o objectivo de
analisar quais as pressões imobiliárias a que o concelho estará sujeito após
concretização dos empreendimentos em referência;
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Componente biológica – com o objectivo de avaliar as pressões sobre os habitats
naturais e sobre o Sítio de Cabrera;
Componente Social com o objectivo de analisar quais os efeitos dos
empreendimentos existentes e previstos na dinâmica social do concelho.
São também considerados, na avaliação de impactes do projecto em estudo, os elementos
de projecto mais relevantes, como sejam os lagos, os espaços para estabelecimentos
hoteleiros e aldeamentos turísticos, o campo de golfe, centro náutico, o Spa ou equipamento
similar e a rede viária.
2- Breves Considerações relativamente a outros projectos existentes na região
A captação de água para abastecimento das populações no concelho de Alcácer do Sal é
totalmente de origem subterrânea.
Em 2003, cerca de 99% da população do concelho de Alcácer encontrava-se servida pelo
sistema de abastecimento de água, sendo o concelho do Alentejo Litoral que cobria a maior
percentagem de residentes. Quanto ao sistema de drenagem de águas residuais, pode
considerar-se que Alcácer apresenta uma boa situação, já que 92% da população se
encontra servida por este sistema.
Ao revés, a percentagem de população servida por Estações de Tratamento de Águas
Residuais (ETAR) é das mais baixas deste conjunto de concelhos pois apenas 60% está
abrangida por ETAR.
Em consequência, a taxa de tratamento de águas residuais é bastante baixa (64,9%) num
conjunto de concelhos em que a maioria apresenta já uma cobertura de 100%.
As águas residuais não tratadas são canalizadas para cursos de água e para infiltrações no
solo. Em quatro freguesias do concelho ocorriam, em 2002, encaminhamento de águas
residuais para cursos de água (66,7% do total das freguesias) e em 3 ocorriam infiltrações
de águas residuais para o solo.
No que concerne à recolha do lixo, todas as freguesias dispõem de recolha em contentores
colectivos, não ocorrendo situações de recolha porta a porta.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
O destino destes lixos é o aterro sanitário, devendo referir-se que não existem lixeiras,
aterros controlados, unidades de incineração ou compostagem.
De acordo com o Relatório do Plano Director Municipal de Alcácer do Sal, os maiores
problemas de degradação, com origem no concelho relacionam-se com a degradação das
águas. “Este problema é particularmente grave atendendo a que para além da poluição com
origem no concelho existem, também, aqueles que incidem neste mas que têm origem nos
concelhos a montante.
Por outro lado, a progressiva eutrofização das albufeiras, das quais pelo menos a de Vale de
Gaio já está em estado eutrófico avançado (...) .
Há ainda a realçar os aspectos decorrentes do assoreamento dos cursos de água e a erosão
do solo, assim como a expansão de sistemas florestais, com espécies de crescimento rápido.
Julga-se, contudo, que este último aspecto é facilmente ultrapassado desde que se observem
as condições decorrentes da aplicação da legislação promulgada sobre estas espécies”.
No que respeita a estes aspectos refere-se que o projecto apresentará os seus próprios
furos, e uma ETAR para tratar os efluentes, não induzindo sobrecarga de exploração noutros
sistemas vizinhos. O recurso à água da Albufeira do Pego do Altar, será evitada nos anos
secos, estando já previstas diversas reservas estratégicas no empreendimento, que
permitirão suprir esse volume de água captado. Tendo em consideração que a referida
albufeira fornece igualmente água ao regadio de Pego do Altar, os promotores do
empreendimento já efectuaram as diligências necessárias junto da Associação de Regantes,
no sentido da disponibilização do volume de água necessário para a rega do campo de golfe
da Herdade. Esta autorização está contudo dependente da ARH, a qual só poderá ser
solicitada aquando da emissão da DIA.
Os resíduos serão alvo de uma gestão criteriosa, sendo triados e reencaminhados para o
destino final adequado.
No que concerne ao impacte cumulativo do projecto com outros localizados ou previstos para
o sítio Cabrera, refere-se que muito embora o empreendimento corresponda a uma área de
cerca de 712 ha, o conceito turístico adoptado promove a sustentabilidade ambiental,
baseando-se na autenticidade da região, preservando e valorizando os valores naturais, e
promovendo a biodiversidade. Para além disso, não existe a afectação de habitats naturais
da Rede Natura, e são preservados os povoamentos de sobreiros existentes na herdade.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Desta forma, não são permitidos quaisquer usos não compatíveis com a conservação da
natureza e a biodiversidade, sendo apenas admitidos usos e acções que não coloquem em
causa as funções de conservação do solo, a manutenção do equilíbrio dos processos
morfogenéticos e pedogenéticos e a regulação do ciclo da água, promovendo a infiltração em
detrimento do escoamento superficial.
As plantações irão privilegiar as espécies autóctones e as espécies adaptadas às condições
ecológicas locais e tradicionalmente utilizadas. São interditas as plantações, em áreas
continuas, com espécies de crescimento rápido e/ou consideradas invasoras.
Em geral, nestas áreas, sem prejuízo no disposto em legislação específica de protecção do
sobreiro, são interditas as acções que coloquem em causa a concretização das funções do
montado e a sua sustentabilidade, pelo que devem ser seguidas as seguintes orientações:
impedir o corte, abate e arranque de sobreiros e azinheiras;
promover plantações ou a regeneração natural de sobreiros e azinheiras;
em situações de consociação de povoamentos de sobro com outras espécies como o
eucalipto, pinheiro manso ou matos, deve-se promover a substituição progressiva
destas espécies, no sentido de constituir montados ou azinhais, onde dominem as
quercíneas, para que estas áreas sejam bem beneficiadas na sua estrutura e
equilíbrio ecológico.
Assim, os usos admissíveis irão ter em conta as especificidades do sistema e as
características biofísicas do território, e promover o seu uso múltiplo, quer seja produtivo
(extracção de cortiça, produção de lenha, apicultura, colheita de plantas aromáticas e
medicinais, produção de pastagens para gado) ou recreativo (percursos pedestres, equestres
e cicláveis, educação ambiental, caça).
Neste sentido, os impactes cumulativos do projecto relativamente à expansão de sistemas
florestais, com espécies de crescimento rápido, não irão ocorrer; e a pressão sobre o Sitio da
Rede Natura, muito embora ocorra, não será significativa, pelas características de
preservação da natureza inerentes à concepção do projecto.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Figura II. 1 - Quadro Sintese de Impactes Cumulativos
Empreendimento da Boavista e Sampaio –
cerca de 3.000 camas estimadas
Empreendimento do Rio Mourinho – cerca
de 1.015 camas estimadas
Empreendimento da Barrosinha – cerca
de 8.000 camas estimadas
Empreendimento do Laranjal – cerca de
3.099 camas estimadas
Empreendimento de Vale dos Reis – cerca
de 4.720 camas estimadas
Residencial de Santa Susana – 8 camas
em exploração Empreendimento
com cerca de 3.750 camas estimadas
Empreendimento com cerca de 200 camas estimadas
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
3- Quadro Síntese de Impactes Cumulativos
No quadro seguinte apresentam-se os impactes cumulativos do projecto com alguns dos projectos existentes e previstos na região.
Quadro II.1 – Impactes cumulativos do projecto em análise com outros projectos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
Geologia, Geomorfologia,
Hidrogeologia e Recursos hídricos
subterrâneos
Alterações no relevo provocadas
por obras de aterro e escavação
de todos os elementos de
projecto
A impermeabilização inerente à
construção das charcas,
aldeamentos turísticos A7 e A8,
e rede viária pode contribuir
para a diminuição da recarga
das formações aquíferas (a SW
da Herdade)
Contaminação dos sistemas
aquíferos por aplicação de
fertilizantes e pesticidas nos
espaços verdes, mais relevante
nos aldeamentos turísticos A7 e
Realização de aterros e escavações
associados a outros
empreendimentos turísticos a
construir na região em estudo
Pedreiras em exploração na região –
alteração do relevo, erosão do solo,
O abastecimento de água potável à
povoação de Santa Susana é
efectuado com recurso a furos.
Impermeabilidade de formações
aquíferas de elevada permeabilidade
com a construção de outros
empreendimentos turísticos
Actividade agrícola na região,
Aumento das alterações provocadas no
relevo da região
Aumento da impermeabilização do solo,
e das formações hidrogeológicas com
permeabilidade.
Alteração da qualidade das águas
subterrâneas
Os impactes não se revelam
significativos.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
A8 e no lote G4 do Campo de
golfe
Indução da redução dos
recursos subterrâneos pelo
abastecimento de água potável
ao Empreendimento, que se
realizará a partir de 9
furos/poços
nomeadamente, dos regadios, que
potenciam a contaminação do
aquífero, com a percolação dos
fertilizantes e pesticidas
Solos
Compactação dos solos e a
consequente diminuição da sua
permeabilidade e de capacidade
de infiltração, provocada pela
circulação de veículos e
máquinas envolvidas na
construção assim como a
instalação de estaleiros
Contaminação do solo
provocada por derrames
acidentais de óleos e outros
lubrificantes das máquinas
envolvidas na construção do
empreendimento
Construção e Exploração de projectos
semelhantes ao presentemente em
análise existentes ou a construir na
zona
Destruição do coberto vegetal,
instabilidade nos solos não
protegidos, exposição aos agentes
erosivos, e alteração dos padrões de
drenagem em função da
implementação de diferentes
projectos.
Contaminação dos solos com
poluentes
Degradação da qualidade produtiva dos
solos pelo aumento de situações de
contaminação
Aumento da erosão hídrica dos solos
Perda de solos pela expansão de áreas
impermeabilizadas (aumento da rede
viária, expansão de áreas urbanas)
Os impactes não se revelam
significativos.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
Destruição do coberto vegetal,
instabilidade nos solos não
protegidos e exposição aos
agentes erosivos
Perda de solos resultante dos
movimentos de terras, por não
ocorrer a reposição dos mesmos
nos locais destinados à
implantação dos edifícios e dos
lagos previstos
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
Recursos hídricos superficiais
Interferência com a rede
hidrográfica
Adopção de uma ETAR que
poderá ser utilizada pela
povoação de Santa Susana –
impacte positivo
Contaminação das linhas de
água provocada por derrames
acidentais de óleos e outros
lubrificantes das máquinas
envolvidas na construção do
empreendimento.
Alteração da drenagem natural e
da qualidade das águas
superficiais na fase de
construção (aumento de
materiais sólidos em suspensão)
resultado dos movimentos de
terra e escavações inerentes à
construção dos lagos,
aldeamentos turísticos A1, A3,
Captação de água da albufeira pela
Associação de Regantes do Pego do
Altar
Construção e exploração de outros
empreendimentos turísticos dentro da
mesma bacia ou sub-bacia
hidrográfica
Construção e exploração da rede
viária na região – impermeabilização
dos solos, movimentação de terras
durante a fase de exploração e
descargas de águas de escorrência da
plataforma nas linhas de água da
região
Construção e exploração de outros
empreendimentos turísticos
Aumento das pressões antropogénicas
nas bacias hidrográficas da ribeira de
Alcáçovas e da ribeira de Santa Susana
degradação da qualidade das águas
superficiais da região como resultado da
aplicação de produtos químicos
utilizados na manutenção dos espaços
verdes, campos de golfe, regadios,
descargas das ETARs das povoações
(nomeadamente de Santa Susana), etc.
Contudo, no que respeita ao
empreendimento da Alápega, refere-se
que o contributo de carga poluente
poderá ser bastante diminuto,
considerando os sistemas de
tratamento de águas residuais
previstos, e o facto da aplicação de um
controlo apertado na escolha dos
produtos utilizados, nas quantidades a
utilizar e no modo de aplicação dos
produtos no campo de golfe, reduzirem
significativamente as quantidades de
poluentes efluentes às linhas de água.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
A5 e A10 e Campo de golfe
Captação de água da albufeira
para fornecimento de água não
potável ao Empreendimento
(anos médios e húmidos)
Potencial diminuição da
qualidade da água na albufeira
pela utilização recreativa
associada ao Centro Náutico
Aumento do escoamento superficial
resultante do acréscimo de
impermeabilização do solo
Ocupação do Solo
Os trabalhos de limpeza do
terreno e desmatação, a
construção de acessos de obra e
os movimentos de terras
resultam na substituição
temporária de classes de uso
existentes por outras
Alteração aos usos do solo nos
locais destinados à implantação
dos elementos de projecto
Alteração da ocupação do solo (e.g.
impermeabilização derivada outros
projectos de forte componente
urbana
Substituição de usos por abandono e
reconversão de outros espaços
florestais
Substituição de áreas florestais por
usos urbanos
Redução de áreas com exploração
florestal e potencial abandono por falta
de viabilidade
Redução de áreas com ocupação
natural
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
Biologia
Destruição do coberto vegetal,
degradação e substituição das
comunidades vegetais
A construção influencia as
biocenoses e pressupõe um
aumento nos níveis de
perturbação, que diminuirão
com a finalização da obra,
estabilizando em níveis
superiores aos actuais
Alterações nos tipos de coberto
vegetal existentes e na
composição faunística
decorrentes da alteração das
fitocenoses
Ligeiro aumento da perturbação
directa e da alteração do
funcionamento dos montados
Criação de locais de alimentação
para a fauna local (nos lagos a
Degradação e substituição habitats
noutros espaços em transformação
de usos
Efeito barreira, em função da
construção e exploração de projectos
rodoviários na região
Perturbação ambiental, resultante do
aumento das actividades antrópicas
numa região em transformação
Alteração da ocupação do solo no
Sítio Cabrera – introdução de outros
empreendimentos turísticos,
expansão dos espaços urbanos,
exploração dos regadios, das
pedreiras, etc
Diminuição de áreas ocupadas com
vegetação natural no Sitio Cabrera
Aumento dos níveis de perturbação nas
comunidades florísticas e faunísticas
Alteração à composição e estrutura das
fitocenoses
Diminuição da diversidade faunística
resultante do aumento da presença
humana
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
criar)
A utilização de fertilizantes
contribuirá para o acréscimo da
vegetação nitrófila e diminuição
das espécies oligotróficas
Aumento da morte de
vertebrados por atropelamento,
particularmente répteis e
anfíbios de fase terrestre
extensa, como resultado do
aumento da circulação na rede
viária existente e proposta
Qualidade do Ar
Irão ser desenvolvidas diversas
acções de obra que no seu
conjunto e pela sua natureza
são capazes de induzir
alterações na qualidade do ar
local
Diminuição da qualidade do ar,
como resultado do alargamento
da rede viária e aumento da
Emissões provenientes da circulação
automóvel existente
Emissão de poluentes atmosféricos
inerentes à construção de projectos
semelhantes ao presentemente em
análise
Pedreiras em exploração na região
Ligeiro decréscimo da qualidade do ar
na região, sendo contudo este impacte
mais significativo durante a fase de
construção dos projectos, contituindo-
se como temporário e reversível.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
circulação de veículos a motor
Ambiente Sonoro
Durante a fase de construção irá
verificar-se a emissão de ruído
associado à circulação de
máquinas, equipamentos e
veículos afectos à obra
Aumento dos níveis de ruído,
como resultado do alargamento
da rede viária e aumento da
circulação de veículos a motor
Exploração da rede viária local
Emissão de ruído associado à
construção e exploração de projectos
semelhantes ao presentemente em
análise
Acréscimo dos níveis sonoros no ruído
ambiente da região
Reserva Ecológica Nacional
(REN)
Afectação pontual de áreas
classificadas da REN como
“Áreas com risco de erosão” no
aldeamento turístico A4
Afectação de áreas de REN por outros
empreendimentos turísticos, rede
viária, regadios, pedreiras, etc
Diminuição de áreas afectas à Reserva
Ecológica Nacional
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
Componente Social
A construção do
empreendimento levará a um
aumento temporário do número
de postos de trabalho,
maioritariamente na indústria da
construção
Maior rentabilização dos
estabelecimentos de alojamento
locais
A criação de unidades hoteleiras
permite o reforço do potencial
turístico
Contribuição para os objectivos
principais do Plano Estratégico
Nacional do Turismo (PENT)
Desenvolvimento do sector
turístico do Litoral Alentejano
Efeito de alavanca na economia
local e regional
Construção e Exploração de projectos
semelhantes ao presentemente em
análise existentes ou a construir na
zona
Impulso à actividade económica local e
regional
Reforço do potencial turístico
Desenvolvimento do sector turístico do
Litoral Alentejano
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
Na fase de exploração o reforço
da oferta de equipamentos
turísticos vai permitir a criação
de emprego, dinamização de
serviços associados ao
empreendimento e a criação de
novas empresas
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Factor Ambiental Impactes Associados ao
Projecto em Estudo
Impactes Associados a Outros
Projectos e/ou Acções Existentes
e Previstas
Impactes Cumulativos
Ordenamento do Território
Descaracterização de uma
paisagem natural por uma
paisagem desorganizada e
degradada oriunda do
movimento de máquinas e
construção de infra-estruturas
de apoio às obras
Risco de contaminação por
deposição das emissões
originadas pelo tráfego junto ao
Centro Náutico e dentro da faixa
de protecção da albufeira
Reconfiguração espacial e
reorganização funcional do
território
Transformação do carácter rural
do território
Acréscimo de tráfego rodoviário
na Estrada Nacional 253
Construção e Exploração de projectos
semelhantes ao presentemente em
análise existentes ou a construir na
zona
Desenvolvimento previsto para a área
em análise preconizado pelos
diversos instrumentos de gestão e
ordenamento territorial em vigor para
a área de estudo
Ocupação de áreas afectas a solo rural
e florestal
Conflito de usos
Se o município de Alcácer do Sal não
promover uma política urbanística
sustentada e simultaneamente
inovadora, o conjunto de investimentos
poderá levar a impactes negativos
sobre o ordenamento do território, dada
a forte componente imobiliária inerente
aos mesmos
Terá de haver forçosamente a
integração das modificações impostas
pelo projecto no modelo territorial e nos
instrumentos de gestão e ordenamento
do território
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
4- Análise de impactes cumulativos com outros empreendimentos turisticos
existentes ou previstos na região
Seguidamente apresenta-se a análise de impactes cumulativos considerando os projectos de
tipologia idêntica ao da Herdade da Alápega (de acordo com o apresentado no EIA)
GEOLOGIA, RECURSOS HÍDRICOS E HIDROGEOLOGIA
Os impactes cumulativos sobre a geologia resultantes da execução e funcionamento do
empreendimento e de outros empreendimentos previstos e existentes resultam
principalmente do aumento das alterações provocadas no relevo da região.
Os impactes cumulativos sobre os recursos hídricos resultantes da execução e
funcionamento do empreendimento em estudo e de outros empreendimentos previstos ou
existentes na envolvência directa do projecto, identificados no presente capítulo, traduzem-
se num aumento do escoamento superficial, derivado da impermeabilização do solo.
No entanto, o acréscimo do escoamento superficial resultante da implantação das infra-
estruturas referidas, somente será quantificável após o conhecimento aprofundado das
características hidrológicas do escoamento nas zonas de desenvolvimento dos projectos.
Relativamente à qualidade da água superficial, e considerando que serão preconizadas todas
as medidas adequadas (nomeadamente o tratamento das águas residuais, entre outras), não
é expectável que o funcionamento simultâneo dos projectos venha a traduzir-se em impactes
significativos sobre os recursos hídricos.
Em termos hidrogeológicos, os impactes cumulativos estão associados à construção dos
edifícios e de algumas infra-estruturas associadas ao empreendimento, tais como a rede
viária e os parques de estacionamento, cujas consequências são o aumento das áreas
impermeabilizadas e consequente redução da recarga dos níveis aquíferos.
No caso de serem implementados espaços verdes associados a outros projectos, os impactes
ao nível da qualidade nas águas subterrâneas promovidos pela infiltração das águas de
escorrência contaminadas por fertilizantes ou outros poluentes, são susceptíveis de
aumentar.
Outro factor a considerar, é a instalação de outros estaleiros associados e necessários ao
apoio de futuras obras na envolvente ao Projecto, o que conduzirá ao aumento da produção
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
de efluentes residuais e de outras fontes relacionadas, como águas de lavagem de máquinas
e óleos usados nos motores, entre outros. Deste modo, considera-se que a significância e
magnitude dos impactes podem aumentar se não forem tomadas as devidas medidas e
cumpridas boas práticas ambientais.
USO ACTUAL DO SOLO
No que diz respeito a este descritor, os impactes cumulativos prendem-se com a previsão,
existência e funcionamento de projectos semelhantes na região. Consideram-se cumulativos
os impactes relativos à substituição do uso actual do solo, em particular de áreas silvo-
pastoris, por outros tipos de ocupação; a impermeabilização do solo; a afectação de zonas
de montado bem conservado; e a criação de novos usos (por exemplo, campos de golfe);
entre outros.
A implantação de novos projectos de âmbito turístico na região implicará necessariamente
uma alteração ou uma reformulação das actividades económicas locais, sendo previsível uma
crescente adopção do modelo centrado nos serviços turísticos, em detrimento das práticas
agrícolas e silvo-pastoris, cuja tendência se adivinha de abandono crescente. No que
concerne aos montados de sobro e azinho, tratando-se de formações agro-florestais
protegidas por lei (Decreto-Lei n.º 169/2001 de 25 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei nº
155/2004, de 30 de Junho), considera-se que a sua afectação constitui um impacte negativo
e significativo.
Por outro lado, esta reconversão de unidades agrícolas e silvo-pastoris em unidades
turísticas possibilita a abertura de novas vertentes económicas, potencialmente geradoras de
valor em muito maior grau que a actividade agrícola actual.
BIOLOGIA
No projecto em análise não se prevêem impactes cumulativos significativos, nos descritores
de fauna, flora e vegetação, entendidos como impactes cujas consequências não são
meramente aditivas, mas em que, pelo contrário, os impactes de vários projectos têm um
efeito sinergístico, que os torna, em conjunto, superiores à soma dos impactes parciais. Esta
conclusão baseia-se no facto de, de acordo com a avaliação efectuada nos capítulos
anteriores, não se prever que o projecto contribua significativamente para o aumento da
probabilidade de extinção de alguma espécie, ou para o desaparecimento de algum tipo de
vegetação raro ou ameaçado em território nacional.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Assim, os impactes avaliados devem, simplesmente, somar-se aos impactes de outros
projectos. Por exemplo, a perda de áreas de elevado valor deve somar-se à perda do mesmo
habitat decorrente de outros projectos.
RUÍDO
Ao nível do ruído importa perceber qual o incremento de tráfego que será provocado pelas
intervenções inerentes ao projecto e em que medida é que o projecto em estudo,
cumulativamente com estes, causará impactes no ambiente sonoro vivido actualmente na
área em questão.
Da análise de impactes realizada no capítulo respectivo foram apresentados os resultados de
níveis de ruído tendo em conta o tráfego provocado pelo funcionamento do empreendimento
da herdade da Alápega em conjunto com o que já existe actualmente.
Desta análise concluiu-se que os níveis de ruído previstos estão, por um lado abaixo dos
valores limite impostos pela legislação e por outro que, sendo o empreendimento um
receptor sensível, este não seria afectado negativamente pelo tráfego previsto.
Agora, e para uma análise de impactes cumulativos com outros empreendimentos previstos
e com a povoação de Santa Susana necessitamos primeiro de averiguar se os acessos à
Herdade da Alápega coincidem com os dos restantes empreendimentos. Sendo assim,
analisaram-se os casos um a um como se descreve:
1. Empreendimento de Vale dos Reis – cerca de 4.720 camas estimadas:
O acesso a este empreendimento será realizado a partir da A2 não existindo influência
relevante (apenas na própria A2 se verificará um aumento residual dos utilizadores de
ambos os empreendimentos) com a EN253 que dá acesso à Alápega.
Sendo assim, no que diz respeito ao ruído provocado pelo aumento de tráfego, este
empreendimento não tem qualquer impacte cumulativo.
2. Empreendimento do Laranjal – cerca de 3.099 camas estimadas
A localização deste empreendimento encontra-se prevista para uma zona a Oeste da A2,
sendo o acesso efectuado por esta via e pelo IC1. Sendo assim, pelas razões expostas para o
empreendimento de Vale dos Reis não se considera significativo o impacte cumulativo
provocado por este empreendimento em conjunto com o previsto para a Herdade da
Alápega.
3. Residencial de Santa Susana – 8 camas em exploração
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
A residencial de Santa Susana está actualmente em exploração e possui 8 camas
disponíveis.
De facto, o tráfego que terá como destino a Herdade da Alápega circulará principalmente
pela EN253 passando por Santa Susana e consequentemente acumulará com o já existente
(que serve quer a localidade quer a residencial).
Do estudo de acessibilidades realizado, verifica-se que:
os fluxos actuais da área em estudo são residuais e restringem-se, praticamente, ao
tráfego na EN253;
o movimento de pesados é muito baixo;
não se prevêem taxas de crescimento elevadas para os fluxos contabilizados na rede
viária analisada e no período considerado (ver figuras abaixo);
o movimento mais penalizado, correspondente à viragem à esquerda desde os
acessos à Herdade, acaba por não o ser de uma forma evidente nestas intersecções
devido aos volumes em causa, que pela sua pouca expressão (mesmo na EN253) não
impõem tempos de espera a estes veículos.
Figura II. 2- Fluxos de Tráfego – ano de 2014 (sem empreendimento) – veículos/hora
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Figura II. 3 - Fluxos de Tráfego – ano de 2014 (com empreendimento) – veículos/hora
Nota: DU – Dia útil, Dom - Domingo
Como se pode observar, (na zona da EN253 mais próxima da Residencial de Santa Susana –
a sul do empreendimento) em termos de veículos por hora, serão acrescentados, na EN253,
cerca de 30 a 40 veículos por hora em dias úteis e cerca de 150 veículos por hora ao
domingo.
Relativamente ao acréscimo em dias úteis, não se considera significativo o impacte causado.
Já no que diz respeito ao domingo, o acréscimo será maior podendo existir um impacte
negativo associado ao aumento de tráfego.
Tal como referido este impacte é o aumento em cerca de 150 veículos por hora do tráfego na
EN253 sendo considerado de reduzida significância face ao limite temporal (apenas no dia de
domingo).
4. Empreendimento com cerca de 200 camas estimadas
O acesso privilegiado a este empreendimento (segundo informações da Câmara Municipal de
Alcácer do Sal) será realizado pela EN253 com origem a norte (através da A6 em Montemor-
o-Novo).
Sendo assim, uma vez que o fluxo principal gerado pela Herdade da Alápega será no sentido
norte-sul (em direcção a Santa Susana), considera-se que este impacte cumulativo não é
significativo.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
5. Empreendimento com cerca de 3.750 camas estimadas
À semelhança do empreendimento referido no ponto anterior, o acesso a este
empreendimento será realizado por norte não existindo, neste caso, qualquer ligação à
povoação de Santa Susana (excepto pelo cruzamento junto a São Cristóvão (figura abaixo).
Figura II. 4 - Localização do cruzamento que dará acesso a Santa Susana a partir do empreendimento
com 3.750 camas estimadas
6. Empreendimento do Rio Mourinho – cerca de 1.015 camas estimadas
De todos os empreendimentos analisados este é sem dúvida o que mais poderá provocar
impactes cumulativos com o empreendimento da Herdade da Alápega. Isto deve-se ao facto
do empreendimento do Rio Mourinho se localizar na proximidade directa da herdade em
estudo e dos seus acessos serem, à partida, os mesmos.
Não obstante, é de referir que as 1.015 camas do empreendimento do Rio Mourinho serão
divididas entre ambos os lados da barragem verificando-se neste caso, acessos repartidos
quer pela EN253 a Norte (através da A6) quer pela EN253 a Sul (através da A2).
Uma vez que não existe ainda conhecimento de qual a quantidade de camas que se
verificará em ambos os lados da Albufeira, será realizada uma análise tendo em conta a
Empreendimento com cerca
de 3.750 camas estimadas
Cruzamento para acesso
a Santa Susana
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
existência da totalidade na zona oeste de modo a correr o pior cenário possível em termos
de impactes cumulativos com a herdade da Alápega.
Sendo assim, assumindo que existirão 1.015 camas a acrescer na EN253 pode considerar-se
um acréscimo de 12 veículos horários em dias úteis e de 44 veículos horários ao domingo
(valores extrapolados para o número de camas do Rio Mourinho).
Com estes dados calcula-se um acréscimo de veículos em direcção a Santa Susana de cerca
de 52 veículos horários em dias úteis e de 194 veículos horários ao domingo quando
somamos ambos os empreendimentos previstos (Herdade da Alápega e Herdade do Rio
Mourinho).
Tendo em conta que este tráfego atravessará Santa Susana, os impactes far-se-ão também
sentir na Residencial desta localidade já falada no ponto 3 do presente texto.
Sendo assim, considera-se existir neste ponto um impacte cumulativo negativo inerente ao
ruído uma vez que o acréscimo de veículos provocará consequentemente um aumento dos
níveis de ruído em Santa Susana.
Uma vez que o tráfego com destino ao empreendimento do Rio Mourinho provirá
principalmente de Santa Susana e que os veículos abandonarão a EN253 antes de chegarem
ao limite da herdade da Alápega, não se prevê uma alteração significativa ao mapa de ruído
realizado no capítulo da análise de impactes.
No entanto, o principal impacte será no empreendimento do Rio Mourinho que, no caso de
ser efectivamente construído terá de efectuar um estudo cuidadoso de ruído e ter em conta
os impactes cumulativos com a herdade da Alápega.
7. Empreendimento da Boavista e Sampaio – cerca de 3.000 camas estimadas
O acesso a este empreendimento será realizado a partir da A2 e do caminho existente a sul
da Albufeira de Pego do Altar não existindo influência relevante (apenas na própria A2 se
verificará um aumento residual dos utilizadores de ambos os empreendimentos) com a
EN253 que dá acesso à Alápega.
Sendo assim, no que diz respeito ao ruído provocado pelo aumento de tráfego, este
empreendimento não tem qualquer impacte cumulativo.
8. Empreendimento da Barrosinha – cerca de 8.000 camas estimadas
O acesso a este empreendimento será realizado a partir da A2 e da EN5 não existindo
influência relevante (apenas na própria A2 se verificará um aumento residual dos utilizadores
de ambos os empreendimentos) com a EN253 que dá acesso à Alápega.
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Sendo assim, no que diz respeito ao ruído provocado pelo aumento de tráfego, este
empreendimento não tem qualquer impacte cumulativo.
Tendo em conta os pontos considera-se que no que diz respeito ao ruído, os impactes far-se-
ão sentir principalmente ao fim de semana, na povoação de Santa Susana, sendo o
empreendimento do Rio Mourinho, o que poderá induzir e sofrer com impactes sobre o
tráfego e consequentes níveis de ruído nas imediações da EN253.
ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
Pese embora o contributo de empreendimentos turísticos desta natureza no desenvolvimento
do cluster turístico apontado nas diferenciadas estratégias e modelos de desenvolvimento, e
no impacte positivo na diversificação da oferta em áreas exteriores à linha de costa, a
verdade é que inerentemente à sua implementação, poderá potenciar-se um efeito de
pressão turístico-urbanístico sobre o território e consequências advindas daí, essencialmente
nas áreas de alto valor paisagístico e em muitos casos ambientalmente sensíveis.
No seguimento, os impactes avaliados para o empreendimento em estudo serão semelhantes
aos impactes gerados pela implementação de outros identificados na sua envolvente, pelo
que cumulativamente se afigurem de maior magnitude e significância.
Neste sentido, tem-se em consideração o constante nas estratégias e modelos de
desenvolvimento de âmbito regional e local. Para o efeito, é de interesse mencionar o PROT
Alentejo está em fase de aprovação e implicará uma adequação do Plano Director Municipal -
PDM - de Alcácer às estratégias por ele definidas.
Nele se estabelece um nível máximo de intensidade turística por sub-região, ponderado
através da relação entre o número de camas turísticas e o número de habitantes residentes.
Assim, para a sub-região do Alentejo Litoral, a Intensidade Turística Máxima é dada pela
relação de 1 cama turística por 1 habitante residente (1:1).
A intensidade turística máxima para o concelho de Alcácer do Sal deverá ser obtida mediante
a ponderação diferenciada da variável população (proporção da população residente
concelhia no total da população da sub-região onde se localiza o concelho), e da variável
área (proporção da área do concelho no total da área da sub-região onde se localiza o
concelho). A variável população é ponderada pelo factor 0,6 e a variável área é ponderada
pelo factor 0,4. Refira-se que a intensidade turística concelhia efectiva é definida em PDM, no
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
quadro das opções de estratégia de desenvolvimento turístico local, não podendo ultrapassar
o limite máximo estipulado.
Atendendo que a fixação do índice máximo proposto é fundamentada pela necessidade de
garantir a preservação de elevados níveis de sustentabilidade ambiental, cabe ao município
controlar o licenciamento dos empreendimentos turísticos previstos (que ainda se encontrem
numa fase incipiente do processo), com base no pressuposto do uso racional do território
face às pressões turístico-urbanísticas (demasiada concentração espacial) potenciando,
subsequentemente impactes ao nível da descaracterização da paisagem rural do concelho e
na redução da capacidade de carga do território.
COMPONENTE SOCIAL
Segundo informações recolhidas junto da CM de Alcácer do Sal, encontram-se actualmente
previstos para a envolvência directa do projecto em análise, 7 empreendimentos turísticos,
contabilizando, todos juntos, uma capacidade de alojamento correspondente a 23.784
camas.
Considerando a capacidade máxima de alojamento nos vários empreendimentos da Herdade
da Alápega (3.519 camas) acrescida da capacidade de alojamento resultante dos projectos
previstos para o território em análise, registar-se-á um aumento na oferta de alojamento
concelhia na ordem das 27.303 camas, o que corresponde a um acréscimo global de cerca de
14.000% na oferta de alojamento turístico (correspondente ao aumento de 27.110 camas)
comparativamente à situação que se vivia em 2007 (ano em que, segundo dados recolhidos
no INE a capacidade de alojamento do concelho de Alcácer do Sal era de apenas 193
camas).
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Figura II 1 - Capacidade de alojamento máxima: 1) em 2007 em Alcácer do Sal; 2) com a construção
dos empreendimentos turísticos associados à Herdade da Alápega; 3) com os empreendimentos
turísticos previstos para o concelho, segundo informações recolhidas junto da CM de Alcácer do Sal.
Deste modo, na componente social, os impactes cumulativos que resultam da operação de
todos os empreendimentos turísticos aprovados ou em apreciação, bem como do projecto
em estudo, são:
- Dinamização da economia concelhia e alargada à sub-região do Alentejo Litoral, a
três níveis: hotelaria, restauração e actividades de produção e comercialização de
bens alimentares e bebidas – impacte directo, positivo, muito significativo.
- Aumento do potencial de exploração de actividades de atracção turística através da
redução do risco de investimento (tendo em conta o aumento do número de
turistas) aumentado as possibilidades de desenvolvimento de actividades de
carácter turístico-cultural (ex. artesanato), e facilitando a reconversão de
actividades menos rentáveis (ex. reconversão da pesca artesanal em pesca
turística) – impacte indirecto, positivo, muito significativo.
- Estima-se que no seu conjunto os empreendimentos aglutinarão um número de
trabalhadores considerável. Ainda assim, será a dinamização das actividades
económicas provocada pelos mesmos que conduzirá a um aumento das taxas de
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
emprego e redução das taxas de desemprego não só no concelho, mas alargado
mais uma vez ao Alentejo Litoral. Este é um impacte positivo, muito significativo.
- O aumento de postos de emprego na área do Alentejo Litoral torná-la-á mais
atractiva para as populações desempregadas, podendo gerar fluxos migratórios que
conduzirão a um acréscimo da população residente. Esta população incorporará
principalmente uma população activa numa faixa etária intermédia e jovem, com
possibilidade de aumento de fixação de famílias e aumento da taxa de natalidade,
contribuindo para um saldo natural mais positivo e redução das taxas de
envelhecimento da população, quer ao nível das freguesias, quer ao nível concelhio,
gerando um impacte positivo, indirecto e muito significativo.
Concluindo, o projecto em estudo, juntamente com os outros projectos previstos para o
concelho, contribuirá para a consolidação desta região como destino turístico de referência a
nível nacional e internacional, com grandes benefícios indirectos ao nível da economia local
para o concelho de Alcácer do Sal.
Contudo ressalve-se que, atendendo ao acréscimo tão acentuado na oferta turística
concelhia, os impactes positivos estimados só ocorrerão se esta evolução for devidamente
acompanhada pelas entidades distritais e municipais responsáveis. Caso contrário do grande
aumento previsto de população presente no concelho poderá resultar a sobrecarga de
estruturas, serviços e equipamentos municipais actualmente existentes, com impactes
negativos, permanentes, indirectos e muito significativos
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Página deixada propositadamente em branco
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
ANEXO III
PEDIDO DE INFORMAÇÃO PRÉVIA -RELATÓRIO
AMBIENTAL (ANÁLISE HIDROGEOLÓGICA)
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
Página deixada propositadamente em branco
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
ANEXO IV
PEÇAS DESENHADAS
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
.
Página deixada propositadamente em branco
Estudo de Impacte Ambiental da Herdade da Alápega
ADITAMENTO - Anexos
INDICE
EIA-AD-00.DPJ.01 – PLANTA DE ENQUADRAMENTO
EIA-AD.00DPJ.02 – PLANTA DE LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
EIA-AD.00DPJ.03 – ELEMENTOS DE PROJECTO E ESTRUTURA ECOLÓGICA
EIA-AD.00.PGT.01 – SINTESE DE PRINCIPAIS CONDICIONANTES
EIA-AD.00.UAS.01 – USO ACTUAL DO SOLO
EIA-AD.00.DPJ.04 – ENQUADRAMENTO DO CAMPO DE GOLFE
EIA-AD.00PGT.02 – CAMPO DE GOLFE E PRINCIPAIS CONDICIONANTES