Download pdf - Historia de Mocambique

Transcript
  • Histria de Moambique O estudo da nossa Histria necessrio para compreendermos o presente.

    Ele mostra-nos as fases que o povo moambicano atravessou no desenvolvimento da sua vida social e de que maneira todas essas fases representam sempre um combate violento entre o novo e o velho, entre oprimidos e opressores, entre explorados e exploradores. No possvel compreender o que representa a fundao da FRELIMO em 1962 nem o que foi o desencadeamento da insurreio geral armada em 1964 contra o colonial-fascismo e o imperialismo, se no conhecermos a forma como a experincia popular de luta contra a ocupao colonial e a explorao influiu decisivamente na definio da nossa linha poltica.

    o estudo da nossa Histria que nos fornece a verdadeira dimenso e significado da luta armada de libertao nacional, da proclamao da nossa independncia e da fase de construo do socialismo que hoje vivemos sob a direco do nosso Partido de vanguarda. atravs dele que podemos compreender claramente como a unidade nacional mergulha as suas raizes ao longo dos sculos na luta contra uma mesma opresso, e como a nossa escolha popular, democrtica e socialista representa hoje a sntese das mais profundas aspiraes histricas do nosso povo. a Histria que nos demonstra que a construo do socialismo uma fase superior do nosso desenvolvimento

  • 2

    poltico, econmico e social, porque s ele garante o princpio do fim da explorao sob todas as suas formas.

    Explicando-nos o que foi o passado, a Histria torna-se assim um guia para o presente e permite ver o que ser o futuro. Estudar Histria necessrio para fazer a Revoluo, para isso que serve a Histria.

    Este pequeno manual uma primeira introduo ao seu estudo. Ele destina-se aos cursos que o Departamento do Trabalho Ideolgico do Partido tem vindo a realizar em todo o pas e foi elaborado de acordo com as necessidades imediatas desses cursos.

    A sua edio segue-se recente publicao da Histria da frica. E a que inicimos o estudo da Histria de Moambique ao estudarmos as migraes dos povos bantu, origem da grande maioria do povo moambicano, o aparecimento das classes e o desenvolvimento dos Estados Zimbabwe e Monomotapa. Nesta edio, estes temas so apenas recordados para. em seguida, se entrar nos captulos dedicados luta secular contra a ocupao e a explorao. Este o seu tema principal. Ele termina com a introduo do colonial-fascismo no nosso pas. A Histria contempornea do nosso povo. da luta de libertao nacional e da proclamao da independncia ser estudada com a Histria da FRELIMO, que a sintetiza.

    Maputo, Maro de 1978.

  • 3

    OS BANTU

    A grande maioria da actual populao da Repblica Popular de Moambique

    descendente dos grupos bantu que aqui se instalaram ao longo dos sculos III (3) e IV (4) da nossa era. Vindos da regio dos Grandes Lagos pela plancie costeira da frica Oriental ou atravs do planalto do Zimbabwe, eles fixaram-se primeiramente ao longo da costa e s depois na regio central.

    A sua chegada ao nosso territrio faz parte da gradual ocupao da Africa Austral pelos Bantu, isto , da sua expanso e fixao na parte Sul do continente africano.

    OS KHOI-KHOI E OS SAN Este processo de expanso e fixao dos Bantu na Africa Austral, fez com

    que eles tivessem por vezes de ocupar terras j ocupadas ou percorridas por grupos dispersos de caadores, recolectores e de pastores, os San e os Khoi-khoi. Estes povos antigos, tambm chamados Khoisan, viviam numa fase de organizao social e de desenvolvimento que os Bantu j tinham ultrapassado h muitos sculos. Eles foram os primeiros habitantes da Africa Austral, incluindo Moambique.

    De pequena estatura e vivendo da caa, da pesca e da colheita de frutos e vegetais selvagens, os San habitavam em cavernas ou mesmo ao ar livre. Os

  • 4

    deus instrumentos de trabalho eram muito rudimentares. Foram eles quem produziu os desenhos e pinturas nas rochas que encontramos em algumas zonas do nosso pais.

    Os Khoi-khoi eram mais altos e fortes e tinham j a criao de gado entre as suas actividades produtivas.

    Muitos destes grupos foram expulsos pelos Bantu. Noutros casos eles passaram a viver conjuntamente, sendo integrados na cultura e sociedade Bantu.

    OS BANTU E O APARECIMENTO DO ESTADO

    As migraes Bantu que no sculo III (3) da n.e. ultrapassaram o rio Rovuma em direco ao Maputo, e que cem anos mais tarde chegaram regio de Manica, tiveram o seu incio no primeiro milnio antes da nossa era. Nesse tempo, os antepassados dos Bantu viviam na zona compreendida entre os rios Ubangui e Chari, na Africa Ocidental. Alimentavam-se principalmente atravs da recoleco e da caa, mas conheciam j a agricultura e a criao de gado, do boi e da cabra.

    O estudo das causas que levaram estes grupos humanos a desenvolver-se e a ter que procurar novas terras para a sua sobrevivncia, faz parte do estudo da Histria da Africa. A estudmos tambm a forma como estavam organizados e produziam, e como a descoberta da tcnica de trabalho do ferro e sua

  • 5

    expanso vo constituir um factor decisivo de desenvolvimento econmico, poltico e social. no processo deste desenvolvimento que as famlias alargadas se vo unir aos cls e, com as guerras, os cls vo originar as tribos. Ao mesmo tempo, a utilizao de instrumentos de ferro na produo levou ao aparecimento de excedentes que permitiram o inicio das trocas entre os vrios grupos Bantu e, gradualmente, ao aparecimento de uma classe dominante que se apodera, em seu benefcio, desses excedentes. enriquecendo cada vez mais. A sociedade dividiu-se assim em duas classes sociais: os explorados e os exploradores. Na Histria de Africa estudmos j de que maneira os Bantu se foram organizando em sociedades de explorao, em Estados. Os interesses dos exploradores, os chefes tribais e de cl, sobre a grande maioria da populao, os produtores, exigiu esse novo tipo de organizao poltica, econmica e social cuja finalidade a defesa e a manuteno do poder da classe dominante.

    Os primeiros Estados Bantu formaram-se antes do fim do primeiro milnio da nossa era na bacia do rio Congo. Foram os Estados Luba, Congo e Lozi.

    O estudo da Histria da frica abrange tambm o estudo dos Estados do Zimbabwe e do Monomotapa, surgidos a partir do sculo X (10) da n.e., bem como a forma como estavam organizados e como se desenvolveram.

  • 6

    OS ESTADOS ZIMBABWE E MONOMOTAPA

    O Estado Zimbabwe comea a desenvolver-se no planalto do Zimbabwe e regies circunvizinhas cerca do ano 1000 da nossa era. Atingiu o seu maior desenvolvimento a partir do ano 1200. por esta altura que foram construdas as muralhas de pedra como as do Grande Zimbabwe ou as de Manhiquene.

    Atravs da explorao da actividade produtiva da populao, a classe dirigente do Estado Zimbabwe tornou-se cada vez mais rica. Trocava ouro e outros metais, bem como marfim e peles de animais, com os comerciantes rabes que, entretanto, se tinham fixado nas regies costeiras. Em troca obtinha bens que apenas serviam para o seu prestgio. como tecidos, miangas coloridas e objectos de vidro e porcelana. Este comrcio um factor importante para a compreenso do rpido desenvolvimento do Estado Zimbabwe.

    Aproximadamente no ano 1450, devido ao grande nmero de pessoas e gado existentes em Grande Zimbabwe, a capacidade da terra para a agricultura e para as pastagens do gado tornou-se insuficiente. Por essa razo, as populaes que ali viviam tiveram necessidade de se deslocar para outras reas. Tambm por esta altura comea a diminuir o comrcio com os rabes da costa, que entretanto tinham iniciado contactos e trocas com outras populaes. Isto marca o incio da decadncia do Grande Zimbabwe.

    Khami, a cerca de 250 quilmetros para oeste, foi a sua continuao directa

  • 7

    e tornou-se o centro do novo Estado Torwa. Ao mesmo tempo, mais ao norte do planalto, junto ao vale do Zambeze,

    surgiu e desenvolveu-se o Estado Monomotapa. Uma longa srie de dinastias (sries de reis, filhos uns dos outros) dirigiu o

    Estado Monomotapa desde cerca de 1425 at 1884. A primeira destas dinastias foi a dos Mutota. A capital do Estado, neste primeiro perodo, foi provavelmente Zwangembe, povoao mais pequena que o amuralhado de Khami, capital de Torwa.

    Depois da morte de Mutota sucedeu-lhe seu filho Matope. Este dedicou-se a aumentar o territrio que lhe fora legado por seu pai. Criou uma federao de Estados com Baru, Manica, Danda, Chedima e Teve, que eram obrigados a pagar-lhe tributo. Cerca do ano 1500, com o enfraquecimento do poder central, estas regies separaram-se do Monomotapa, transformando-se em Estados independentes. Foram alguns destes Estados os primeiros a entrar em contacto com os portugueses que, desde 1505, se tinham estabelecido em Sofala.

    O COMRCIO E AS FEITORIAS COMERCIAIS

    Antes de conhecermos novos factos sobre a Histria de Moambique, devemos saber como se processava o comrcio dos rabes no actual territrio

  • 8

    do nosso pas. Isto importante porque a primeira fase da ocupao portuguesa vai ter como objectivo a expulso dos rabes e sua substituio por comerciantes portugueses.

    O comrcio rabe comeou a desenvolver-se a partir do sculo VII (7) da n.., altura em que comearam a chegar costa oriental da Africa navegadores vindos de diversas regies da Asia. Estes navegadores eram comerciantes indo-nsios, indianos, persas, rabes chineses. O seu objectivo era trocar produtos dos seus pases ou das regies por onde passavam, com produtos das terras africanas.

    Eles traziam panos de algodo, miangas, sal loua levavam em troca ouro, marfim, ferro, cobre e peles de animais. Por vezes levavam tambm escravos.

    As trocas no se faziam com dinheiro. Os produtos levados eram vendidos nos mercados asiticos com grandes lucros, porque eram muito procurados.

    Destes comerciantes, os que mais importncia tiveram para a nossa Histria foram os rabes.

    Para realizar o seu comrcio, eles construam pequenas povoaes beira-mar ou na margem dos rios, e a se estabeleciam, para trocar as mercadorias vindas de longe, pelos produtos locais. A estas povoaes chamamos feitorias.

    A primeira feitoria fundada em Moambique foi a de Sofala. Depois foram

  • 9

    criadas as feitorias de Angoche da Ilha de Moambique. As trocas comerciais entre as feitorias e os povos do interior africano eram

    feitas por intermedirios rabes e africanos. Os contactos com os Estados Zimbabwe e Monomotapa facilitaram o rpido

    desenvolvimento das feitorias rabes. Nessas feitorias desenvolveu-se o comrcio e da resultou o domnio poltico rabe.

    Os rabes introduziram em certas regies do nosso pas a sua religio, o Islamismo, como forma de manterem. e desenvolverem o seu comrcio. Foram tambm eles, e outros comerciantes asiticos, que introduziram em Moambique as bananas, o arroz, a cana-de-acar, as mangas, as laranjas, os limes e a tcnica de tecelagem de panos de algodo.

    Os navegadores indonsios introduziram a tcnica de construo de barcos de balanceiro, que ainda hoje so feitos em Inhambane, em Pemba e nas Chocas.

    DESENVOLVIMENTO DA PRODUAO LEVOU A DIVISAO DA SOCIEDADE EM CLASSES E A SUA ORGANIZAAO EM ESTADOS.

    ESTADO DO ZIMBABWE ATINGIU O SEU MAIOR

    DESENVOLVIMENTO A PARTIR DO ANO 1200.

    ESTADO MONOMOTAPA DUROU DE CERCA DE 1425 AT CERCA

    DE 1884.

    A PARTIR DO SCULO VII (7) COMEOU A DESENVOLVER-SE UM

    IMPORTANTE COMRCIO COM OS RABES E OUTROS POVOS

    ASITICOS.

  • 10

    II - A PENETRAO COLONIAL E 0 COMRCIO A CHEGADA DOS PORTUGUESES

    Nos finais do sculo XV (15) o Rei de Portugal organizou uma expedio chefiada pelo navegador Vasco da Gama, com o objectivo de descobrir o caminho por mar entre a Europa e a ndia.

    O comrcio na Europa tinha atingido um desenvolvimento muito elevado. Do Oriente chegavam especiarias e outros produtos, mas o percurso por terra tornava os produtos muito caros sua chegada Europa.

    O caminho martimo facilitaria o comrcio, tornando os produtos mais baratos.

    Esta expedio parou em alguns pontos da costa actual do nosso Pais e, em 1498, chegou Ilha de Moambique.

    Os portugueses preocuparam-se desde logo em ocupar a Ilha de Moambique, base que servia fundamentalmente para dar apoio aos navios que por ali passavam.

    Esta posio, de grande importncia para o controlo do caminho martimo para a ndia, assegurava a Portugal praticamente o monoplio do comrcio das

  • 11

    especiarias orientais consumidas na Europa: pimenta, canela, cravo da india, etc.

    Na costa moambicana, os portugueses procuraram dominar outras posies estratgicas ou de interesse comercial. Entre estas destaca-se Sofala, por onde eram escoados o ouro e o marfim vindos do interior. Nos seus planos, os mercadores portugueses pretendiam substituir-se aos rabes no controlo de todo o comrcio da costa oriental de Africa. Os rabes ofereceram uma forte resistncia, mas acabaram por ser praticamente neutralizados.

    Para aniquilar a presena rabe, os portugueses ocuparam Sofala em 1505 e, mais tarde, Quelimane, Sena e Tete, no rio Zambeze. Nestes pontos, os portugueses estabeleceram pequenas empresas comerciais onde os mercadores se abasteciam para o seu comrcio no interior, e colocaram a tropas para proteger os seus interesses.

    Ao eliminar a influncia comercial rabe, e com a ocupao das posies estratgicas nas rotas comerciais, os portugueses criaram condies para penetrarem no interior do territrio.

    A expedio militar comandada por Francisco Barreto, em 1572, tinha como objectivo reforar a dominao comercial portuguesa e visava a ocupao das regies onde se situavam as minas de ouro e prata do Monomotapa. Como pretexto, os portugueses consideraram-na uma expedio punitiva, enviada para

  • 12

    vingar a morte do missionrio Gonalo da Silveira, que desaparecera na corte do Monomotapa aps o ter baptizado e sua famlia. A coluna deparou com forte resistncia armada da populao e, no preparada para lutar nas condies de terreno e de clima que encontrou, foi parcialmente dizimada, longo do caminho que percorreu para chegar ao interior.Reforada por novas tropas fortemente armadas, a expedio portuguesa acabou por entrar em contacto com o Monomotapa, que nessa altura se via ameaado por um Estado rival. O Monomotapa fez por isso a paz com os portugueses, em troca de armas e de auxlio militar capazes de o manter no poder. No entanto no divulgou os locais onde se situavam as minas, utilizando com esse fim vrios subterfgios que conseguiram enganar os portugueses.

    Ficou estabelecido que, para poderem negociar e atravessar as suas terras, os comerciantes portugueses tinham que pagar tributo aos chefes africanos, como j faziam os rabes.

    Para facilitar o comrcio, os portugueses comearam a reunir-se periodicamente em lugares fixos, onde os povos do interior iam levar os seus produtos. Esses locais de comrcio eram chamados Feiras.

    O representante portugus de todas elas junto ao Monomotapa, tinha o titulo de Capito. Ia de tempos a tempos efectuar o pagamento do tributo

  • 13

    capital, no podendo entrar nela nem calado nem armado, em sinal de respeito.

    Esse tributo tinha o nome de curva. Sempre que os portugueses faltassem ao seu pagamento, o Monomotapa tinha direito empata, isto , ao confisco de todos os bens dos comerciantes portugueses que se encontrassem nas suas terras,

    O DOMNIO DO MONOMOTAPA

    As lutas entre o Monomotapa e os chefes rivais aumentaram. Muitas vezes, elas eram incentivadas pelos portugueses que, ao intervir militarmente, obtinham novos privilgios. Outra atitude freqente era a de deixar que o Monomotapa fosse atacado sem lhe prestar a ajuda a que estavam obrigados por acordo, a fim de o enfraquecer ainda mais.

    A situao de dependncia do Monomotapa em relao aos portugueses tornou-se assim cada vez maior. J no podia passar sem ajuda militar, para permitir os ataques vindos do exterior e as constantes revoltas que se verifica-vam no interior do seu Estado.

    Os portugueses comearam a faltar ao pagamento das curvas. O Monomotapa aplicava o seu direito de empata, mas de nada valia porque a reaco portuguesa era sempre violenta.

  • 14

    Em 1627, o Monomotapa era Mavura. Enfrentou uma luta grande contra o seu rival Capranzine pela posse do poder, que acabou por ficar totalmente dependente dos portugueses, pois para vencer o seu rival, teve de pedir uma ajuda enorme. A partir da passou a ser o Monomotapa quem tinha de pagar tributo aos portugueses, em troca da ajuda militar e segundo um acordo que aquele se viu obrigado a assinar.

    Este domnio dos portugueses vai levar rpida decadncia poltica e militar do Monomotapa.

    O ESTADO ROZWI

    Entretanto, um dos chefes do Estado Monomotapa crescera em prestgio e influncia, tornando-se rapidamente muito poderoso, poltica e militarmente. Esse chefe, o Changamire, dirigia o cl Rozwi e negava-se sistematicamente a comerciar com os portugueses e a permitir a sua passagem pelas terras que ocupava. A partir de 1670 o seu prestgio aumentou tanto, que o Monomotapa Mucombu, apoiado pelos portugueses, o atacou em 1684. No conseguiu domin-lo e retirou-se com o seu exrcito derrotado.

    Em 1696, o cl Rozwi veio a dominar o prprio Estado Torwa, que integrou sob a sua direco.

    Devido a uma hbil poltica de alianas e ao poder militar dos Rozwi, os sucessores de Changamire, que governaram o Estado Rozwi, atacaram com

  • 15

    frequncia e destruram por vrias vezes algumas das feiras portuguesas. Como j vimos, estas feiras eram locais de comrcio no interior do territrio, para troca de produtos entre os comerciantes e a populao, mas eram tambm locais de concentrao de soldados portugueses, que as defendiam. Existiam feiras em Massapa, Dambare, Zumbo e Manica, por exemplo.

    Somente em meados do sculo XIX, com as invases dos Nguni, terminou a dominao Rozwi no planalto. A resistncia que ofereceram aos portugueses constituiu sempre um obstculo intransponvel ao domnio e controlo destes.

    O SISTEMA DOS PRAZOS

    Em fins do sculo XVI (16), os portugueses pretenderam controlar e colonizar as terras situadas ao longo do rio Zambeze. Introduziram para isso na regio o chamado sistema dos prazos.

    Prazos eram grandes extenses de terreno que o governo portugus dava aos colonos vindos de Portugal ou de Goa, na ndia.

    Estas terras passavam depois para as filhas desses colonos at terceira gerao. Depois disso, deviam ser devolvidas ao governo portugus. Os prazeiros, isto , os beneficiados com este sistema, deviam casar-se com pessoas vindas de Portugal. Pretendia-se assim instalar em Moambique famlias de colonos que prolongassem a ocupao do territrio.

  • 16

    Podemos dizer que a introduo deste sistema foi a primeira tentativa de colonizao organizada feita pelos portugueses.

    As terras distribudas aos prazeiros eram conquistadas pelas armas ou obtidas por consentimento das autoridades locais.

    Caracterizando este sistema, Eduardo Mondlane, 1. Presidente da FRELIMO, disse:

    Os prazeiros controlavam muitas vezes distritos inteiros como sua propriedade pessoal, promulgavam leis e s ocasionalmente pagavam vassalagem ao rei de Portugal. Os missionrios jesutas e dominicanos do tempo, tambm possuam vastas terras. Administravam-nas tal como faziam os prazeiros, colectando impostos por cabea e, quando a escravatura se tornou mais rentvel, transformaram os naturais em escravos.

    A razo que levou Portugal a criar os prazos foi o facto de aqueles que eram exilados para Moambique, tal como as autoridades administrativas e os soldados enviados para lutar contra o Monomotapa, se apoderarem de grandes terras onde exerciam o seu poder absoluto sem darem contas a ningum. Desta situao, que no convinha ao rei de Portugal pois perdia benefcios econmicos e polticos, nasceu a ideia de mandar contingentes de pessoas para Mo-ambique, a quem concediam uma parcela de terreno, assegurando assim poltica e administrativamente a dominao colonial.

  • 17

    Sobre a forma como estavam organizados os prazos, estudos recentes dizem que, em muitos deles, os prazeiros passaram, com o correr dos anos, a utilizar os mesmos mtodos de domnio de algumas sociedades tradicionais existentes na poca, na zona do Zambeze. Esta organizao caracterizava-se pela existncia de grandes extenses governadas por um Mambo, ajudado pelos chefes do cl, os Mpfmu, pelos chefes dos povoados. Estes cobravam o imposto que passavam a entregar ao prazeiro. Este imposto, que era obrigatrio para todos, chamava-se Mutsouko (na Zambzia, at ao fim da era colonial, mussoco era o imposto de palhota).

    Quando o Mambo concordava em integrar-se no prazo, os prazeiros davam-lhe uma pequena parte da quantia recolhida no imposto.

    O sistema de prazos foi um fracasso em Moambique, Isso deveu-se a duas razes fundamentais: - Os portugueses agiram mais pela necessidade de

    controlar uma situao do que dentro de um plano de colonizao bem elaborado;

    - A resistncia a este sistema foi sempre muito grande. Assim, por exemplo, em 1675 existiam apenas 50 prazeiros, e grande parte dos prazos tinham sido reconquistados pelos Mambo que originariamente os ocupavam.

    O sistema de prazos existiu apenas na regio do Zambeze, entre Tete e

  • 18

    Sofala,

    A ESCRAVATURA

    A decadncia poltica e econmica do Monomotapa e a ameaa constante do Estado Rozwi, fez com que o comrcio portugus perdesse rapidamente a sua importncia inicial e descesse at aos mais baixos nveis de sempre. Isto obrigava os comerciantes a procurar novas fontes de riqueza e, deste modo, vo desenvolver o comrcio de escravos, a escravatura.

    Por volta de 1645, j os colonos portugueses e alguns sultos rabes vendiam moambicanos como escravos. Estes seguiam para a Arbia, Golfo Prsico, ndia e, mais tarde, para as ilhas do Oceano ndico e para o Brasil. O Brasil era tambm uma colnia portuguesa, onde existiam grandes plantaes de cana-de-acar e cacau, cultivadas inicialmente por escravos idos de Angola e da Guin.

    O comrcio de escravos aumentou no litoral moambicano aps 1735. Nessa data os franceses apoderaram-se das ilhas do Oceano ndico. A estabeleceram grandes plantaes de especiarias, baunilha, cravo da ndia e pimenta, utilizando mo-de-obra escrava.

    Mais tarde, quando a venda de escravos diminuiu na costa ocidental de Africa, a partir de 1810, milhares de moambicanos foram vendidos para as

  • 19

    plantaes do Brasil. Eles seguiam em barcos que demandavam as nossas regies costeiras com essa finalidade, acorrentados aos grupos e amontoados nos pores. Devido s terrveis condies em que se realizavam estes transportes, muitas dezenas morriam durante a viagem.

    A venda de africanos como escravos foi condenada por muitos pases a partir do sculo XIX (19). Apesar disso, os esclavagistas ofereciam dinheiro aos governadores e funcio nrios portugueses para que permitissem e nada revelassem deste comrcio indigno.

    Os missionrios eram tambm subornados para esconderem este comrcio e, em muitos casos, praticavam-no tambm. Os prazeiros foram os principais instrumentos do comrcio de escravos. Umas vezes usavam a violncia militar e o massacre. Outras, utilizavam os chefes e reis tribais que, para enriquecerem, eram capazes de venderem os seus prprios irmos.

    Em Moambique calcula-se que, at 1850 (altura em que a escravatura foi oficialmente proibida), tenham sido levados mais de 20 000 escravos por ano. No entanto. o comrcio clandestino de escravos continuou a realizar-se pelo menos at 1910.

    Como aconteceu em todo o continente africano, os antepassados da grande maioria da actual populao de Moambique sofreram muito com a escravatura. As populaes do litoral da zona de Macuana, de Inhambane e de Cabo

  • 20

    Delgado, foram as mais afectadas

    DESENVOLVIMENTO DO COMRCIO NO MAPUTO

    A partir do sculo XVI (16), os navegadores europeus comeam a comerciar com as populaes que viviam volta da baa do Maputo Desenvolveram-se a cinco chefaturas pertencendo ao cl Ronga: Nhaca, Tembe, Mpfumo, Mena, Lebombo e Manhia.

    Os comerciantes portugueses estabeleceram-se em duas feitorias, na Inhaca e na Xefina.

    As pontas de rinocerontes, utenslios de cobre, carapa as de tartaruga e, principalmente, marfim trazido das grandes caadas ao elefante, na regio do rio Maputo, eram trocados por panos da ndia, miangas e bebidas alcolicas. Gradualmente, este comrcio transformou a baa do Maputo num importante centro comercial.

    Os Ronga faziam expedies ao interior para trazerem as mercadorias que iam vender na costa.

    Durante 300 anos, os Ronga dominaram todo este comrcio a longa distncia. Este comrcio, e a situao geogrfica da baa, eram to importantes que alguns pases capitalistas da Europa cobiavam o domnio desta zona do

  • 21

    Maputo. Em 1721, por exemplo. uma expedio holandesa instalou-se nas terras de

    Mpfumo. Tempos depois, uma companhia comercial austraca construiu trs feitorias no Maputo: uma, nas terras do Mpfumo, outra na Catembe e outra ainda na Inhaca. Queriam dominar o comrcio de marfim. Em 1781, os portugueses expulsaram os austracos e cons truram uma fortaleza no Maputo, assegurando assim o controlo de todo o comrcio da regio sul de Moambique.

    OS AJAUAS E O COMRCIO NO NORTE DE MOAMBIQUE

    semelhana do que os Ronga faziam no Sul, tambm no Norte os Ajauas se dedicaram e especializaram no comrcio a longa distncia.

    Os Ajauas viviam entre o Lago Niassa e o rio Rovuma. Partiam em grupos das suas terras, atravessavam o rio Lrio, passavam por Itoculo e vinham comerciar com os portugueses no Mossuril, mesmo em frente da Ilha de Moam-bique.

    Os Ajauas dedicavam-se ao fabrico de instrumentos de ferro. Estes, juntamente com o tabaco e peles de animais, eram os principais produtos

  • 22

    comerciados. Com o tempo, o marfim passou a ser o principal produto, assim como os escravos. Os europeus e os rabes compravam marfim e escravos, dando em troca panos, miangas, armas de fogo e plvora.

    Durante cerca de cinquenta anos, este comrcio no norte do Pas esteve nas mos dos Ajauas. Por volta de 1755, os portugueses iniciaram uma guerra sangrenta contra os povos das regies ao norte de Moambique, por onde os mercadores Ajauas tinham que passar para virem comerciar ao Mossuril. Como no havia segurana, os Ajauas decidiram desviar o seu comrcio em direco ao Norte, para Kilwa, na costa do Tanganyika.

    Tambm a norte do Rovuma, os comerciantes estrangeiros lutaram entre si para dominar o comrcio que se fazia com os povos africanos. deste modo que os rabes de Oman expulsam os portugueses de toda a costa do actual Kenya e da Tanznia. A regio de Cabo Delgado, passou a ser cobiada por franceses e ingleses.

    Como resposta, Portugal tenta tambm intensificar a sua poltica colonial e, em 1752, cria um Governo-Geral em Moambique, para explorar ainda mais as riquezas da nossa terra. At essa data, os portugueses em Moambique de-pendiam do governo colonial instalado em Goa, na ndia, sendo considerado como uma das suas regies administrativas.

  • 23

    OS NGUNI

    Os Nguni eram um grupo bantu que vivia no Natal. Cerca do ano 1800, uma expedio Nguni atravessou os montes Libombos e entrou em Moambique, comandada por Shochangane. Trs outros cls Nguni abandonaram tambm o Natal, nessa poca. Um comandado por Zuangundaba, fixou-se na zona da Angnia. Dois outros, comandados por Ncaba e por Mzilikatzi, fixaram-se no sul do planalto do Zimbabwe onde vieram a dominar o Estado Rozwi.

    Quais foram as causas que levaram estes grupos a abandonar as suas terras?

    Vamos ver um pouco da Histria dos Nguni do Natal para sabermos quais foram.

    Quando os Nguni, povo de pastores, chegaram ao Natal, eles iniciaram a ocupao dessa terra frtil. A populao cresceu e criavam-se constantemente novas aldeias, que se dedicavam principalmente criao de gado. Os chefes dessas aldeias no estavam submetidos a um poder central e eram independentes.

    Com o aumento da populao, as terras frteis do Natal comearam a tornar-se escassas. Por isso, nos fins do sculo XVIII (18), alguns cls so obrigados a emigrar, fixando-se noutras regies.

  • 24

    Surgiram assim trs Estados Nguni: o Estado Swazi, chefiado por Sobuza; o Nduandue, chefiado por Zwide e o Mtetua (ou Zulu), chefiado por Dinguisuaio e, mais tarde, por Tchaka.

    A FORMAO DO ESTADO DE GAZA

    Estes trs Estados procuraram, cada um por si, conquistar todos os pequenos grupos que os rodeavam. Em seguida, surgiu uma grande rivalidade entre eles, que deu origem a uma guerra. Cada um queria conquistar e dominar os ou tros, para obter o monoplio do rico comrcio com a baa do Maputo.

    Tchaka. era o mais poderoso. Em 1818, as suas tropas derrotaram Zwide, chefe dos Nduandue, na batalha do rio Malhasse.

    Um dos chefes dos Nduandue, que combatia ao lado de Zwide, era Shochangane, que conseguiu retirar com o seu exrcito. Atravessou os Libombos e fixou-se primeiro nas proximidades da baia do Maputo. Mais tarde atravessou o Limpopo e, depois de submeter as populaes at quase ao Zambeze, funda o Estado de Gaza.

    Shochangane, tambm conhecido por Manicusse, chegou ao sul de Moambique, onde se encontravam os Ronga.

    A falta de unidade entre os vrios cls dos Ronga, permitiu que os Nguni os derrotassem e dominassem. Apoderaram-se assim do comrcio com os portugueses. Todos os comerciantes que se encontravam na sua terra, eram

  • 25

    obrigados a pagar tributos aos Nguni.Shochangane formou assim um grande Estado, que ia do Maputo at ao rio Zambeze, que se chamou o Estado de Gaza.

    Shochangane morreu em Outubro de 1858. Depois da sua morte, uma terrvel guerra atingiu o Estado de Gaza. Os seus dois filhos. Muzila e Maueua, queriam ambos o poder, acabando por se lanarem numa luta fratricida.

    Embora Muzila fosse mais velho, Maueua era o preferido do pai, que o escolhera para sucessor.

    Muzila, despeitado, retirou-se primeiro para Macaringue e depois para o Transvaal. Entretanto Maueua revelou-se um mau chefe. oprimindo as populaes que governava e que se revoltaram, dando apoio a Muzila.

    Na primeira batalha que Muzila e os seus aliados travaram com Maueua, foram derrotados. Muzila no desanimou e acabou por vencer o seu irmo na batalha de Malhacate, prximo da Moamba.

    Para isso, Muzila contou com o auxlio de um grande amigo seu, Joo Albasini, caador de elefantes que vivia perto da fronteira de Moambique com a Africa do Sul, e que tinha grande influncia na regio.

    Joo Albasini, com outros caadores, prestaram ajuda importante a Muzila. Na batalha de Malhacate, os poderosos regimentos de Maueua atacaram os guerrilheiros de Muzila. que comearam a recuar perante eles. Nessa altura, os

  • 26

    caadores de elefantes dirigidos por Albasini intervieram e, com as suas armas de fogo, fizeram vacilar o exrcito de Maueua. Os regimentos de Muzila, com novo nimo, atacaram ento e derrotaram completamente as tropas de Maueua.

    Maueua fugiu para junto do seu av, na Swazilndia. Muzila, que foi um grande dirigente, consolidou desta maneira os domnios

    do Estado de Gaza que Shochangane, seu pai, fundou.

    OS PORTUGUESES SUBSTITURAM OS ARABES NO COMRCIO DA

    COSTA MOAMBICANA E, ATRAVS DO APOIO MILITAR, DOMINARAM

    O ESTADO MONOMOTAPA.

    NOS FINS DO SCULO XVI (16) OS PORTUGUESES CRIARAM O

    SISTEMA DOS PRAZOS.

    MAIS DE 20 000 ESCRAVOS ERAM CAPTURADOS, EM MDIA, POR

    ANO.

    III - 0 IMPERIALISMO

    O INICIO DO IMPERIALISMO A explorao colonial iniciada no sculo XV (15) no se fez sentir apenas no territrio que hoje constitui o nosso pas. Tambm as restantes regies da Africa, a Asia e a Amrica do Sul passaram a ser alvo da mesma explorao

  • 27

    por parte de companhias comerciais europeias. A pilhagem da riqueza dos povos dos trs continentes. determinou o rpido

    desenvolvimento do capitalismo, nos mais avanados pases da Europa. O comrcio, a indstria e os bancos, registaram grandes avanos nesses pases. As grandes companhias tornaram-se cada vez mais poderosas.

    Uma das principais caractersticas deste perodo que estas companhias concorriam entre si, procurando comerciar o mais possvel, como forma de obterem lucros crescentes. Elas podiam explorar as matrias-primas e vender os seus produtos em qualquer parte do mundo.

    A concorrncia implicava que elas procurassem manter baixos os seus preos. Para isso era necessrio que os trabalhadores europeus e os povos das colnias fossem cada vez mais explorados.

    O aumento constante da explorao e da concorrncia provocava crises frequentes, que abalavam todo o sistema capitalista. Levava muitas empresas falncia e fazia com que as revoltas dos trabalhadores contra as condies de explorao se multiplicassem. Isto era um travo para o desenvolvimento do capitalismo e para a sobrevivncia do sistema.

    Gradualmente, verificou-se a juno das companhias comerciais com as industriais e os bancos. O desenvolvimento da tcnica, com novas descobertas, e a concentrao do capital, fez com que este processo se acelerasse. O

  • 28

    objectivo era o de acabar com a concorrncia. A partir de meados do sculo XVIII (18) isto fez com que surgissem grandes

    empresas que passaram a dominar e controlar em exclusivo a produo e a venda de diversos produtos para os mercados internos e mundiais. a este tipo de empresas capitalistas que chamamos monoplios.

    O seu aparecimento representa uma fase superior do desenvolvimento do capitalismo, o imperialismo. Os interesses dos monoplios passam a ser os prprios interesses das classes dominantes dos pases em que surgem. Por isso esta fase caracterizada por grandes rivalidades e, mesmo, por crescentes conflitos armados entre as potncias capitalistas.

    Estas rivalidades nascem porque a classe dominante, em cada um dos pases, quer garantir, para as suas companhias, o direito exclusivo de explorao de determinadas regies do globo. Como todas queriam as regies mais ricas, as disputas nasciam deste facto e, com frequncia, transformavam-se em guerras.

    A PARTILHA DA FRICA

    Nasce, por conseguinte, uma contradio entre as potncias imperialistas a propsito das suas zonas de influncia colonial.

    Essa contradio foi-se agravando durante a segunda metade do sculo

  • 29

    XIX. Para evitar uma guerra, as potncias imperialistas decidem convocar uma conferncia colonial em Berlim, no fim do ano de 1884. Estiveram presentes a Inglaterra, a Frana, a Itlia, a Blgica, Portugal e ainda muitas outras potncias imperialistas que, embora no tivessem pretenses sobre a Africa, queriam no entanto estar presentes respectiva diviso. A conferncia durou at aos fins do ms de Fevereiro de 1885, altura em que, finalmente e aps longas discusses, chegaram a acordo.

    Nesse acordo a Africa foi dividida entre as potncias imperialistas europeias, segundo vrias regies de influncia traadas no mapa do continente.

    Ficou estabelecido que essas regies s passariam a ser consideradas colnias, quando se verificasse a sua ocupao efectiva. Isto significava que os pases colonialistas teriam que proceder ao domnio dos povos dessas regies africanas, instalando ai as suas estruturas de poder e de explorao. Na prtica, a aplicao deste princpio de ocupao efectiva deu origem a uma grande agresso armada contra os povos do continente.

    Os europeus, atravs da sua indstria, possuam armas de guerra muito aperfeioadas e exrcitos bem treinados. Tinham alguns aliados entre os chefes corrompidos de certos Estados africanos.

    Os povos africanos estavam divididos em pequenos Estados. Porque no souberam fazer frente aos colonizadores, eles foram derrotados, apesar da

  • 30

    resistncia que opuseram.

    AS FRONTEIRAS DE MOAMBIQUE

    Na Conferncia de Berlim, Portugal tinha ficado com colnias na Guin, Cabo Verde, S. Tom e Prncipe, Angola e Moambique.

    Como j sabemos, em Moambique os portugueses apenas possuam algumas feitorias ao longo do rio Zambeze e na costa, entre o Maputo e o Rovuma.

    Foi por isso que as fronteiras Sul e Norte ficaram definidas por estas duas regies. As fronteiras com as colnias inglesas. no planalto do Zimbabwe e na regio do Lago Niassa, no foram claramente delineadas. Esse facto levou a uma rivalidade entre Portugal e Inglaterra.

    Portugal dizia que as regies do planalto da Rodsia, entre Angola e Moambique, lhe deviam pertencer, bem como a bacia do rio Chire at ao Lago Niassa. Os ingleses, interessados em unir a cidade do Cabo ao Cairo, diziam que as regies pretendidas pelos portugueses eram suas, porque tinham fora para dominar os povos daquelas zonas. A Inglaterra era uma potncia imperialista mais forte e poderosa que Portugal. Enviou tropas para estas regies. Os portugueses tentaram tambm enviar algumas tropas, mas foram vrias vezes derrotados pelos ingleses na rea de Manica.

  • 31

    Em Janeiro de 1890, os ingleses enviaram aos portugueses uma nota dando-lhes 48 horas para abandonarem as regies que estavam em disputa. Caso no o fizessem, os ingleses cortariam imediatamente relaes com Portugal e ocup-las-iam pela fora. Perante este ultimatum, os portugueses abandonaram definitivamente as suas pretenses sobre aquelas regies.

    O traado de fronteiras entre as colnias portuguesas e as colnias inglesas, veio a ser regulado pelo tratado de 11 de Junho de 1891. A partir dessa altura. Moambique passou a ter as fronteiras que hoje existem.

    Para evitar que os ingleses pudessem vir a cobiar novas regies do territrio

    da colnia de Moambique, os portugueses enviaram tropas para dominar os povos de Moambique e estabelecer a ocupao efectiva.

    Comea ento uma nova fase de penetrao para o interior. A explorao deixou de ser feita por intermedirios, e foram enviadas expedies militares que, partindo de bases instaladas junto costa, tm como objectivo garantir a ocupao, controlo e explorao sistemtica e organizada de todo o nosso Pas, em moldes capitalistas. Com frequncia, este processo de ocupao militar e econmica vai ter que enfrentar uma resistncia popular crescente.

  • 32

    SHOCHANGANE FUNDA O ESTADO DE GAZA.

    EM FINS DE 1884 - PRINCPIOS DE 1885 - EM BER

    LIM, AS POTNCIAS COLONIAIS PROCEDEM A PARTI

    LHA DA AFRICA.

    AS ACTUAIS FRONTEIRAS DE MOAMBIQUE FORAM TRAADAS EM

    1891.

  • 33

    IV - A RESISTNCIA POPULAR AO COLONIALISMO

    A LUTA SECULAR CONTRA A EXPLORAO

    A sua chegada s regies costeiras do actual territrio de Moambique, tanto os rabes como os portugueses foram recebidos com grande hospitalidade pelas populaes que as habitavam. Isto foi possvel enquanto os navegadores estrangeiros no utilizaram as armas e o seu poderio para as, dominar e explorar.

    A partir da altura em que se tornou claro que estes eram os seus objectivos, a luta de resistncia dos antepassados do nosso povo passou a ser constante.

    Apesar das alianas que estabeleceram com as classes dominadas, os invasores tiveram sempre que enfrentar a oposio da grande maioria da populao e de muitos dos seus dirigentes. a este facto que nos referimos quando falamos na resistncia secular do povo de Moambique contra a ocupao estrangeira e a explorao.

    Estudmos j a forma como, em 1569, um forte exrcito composto por 750 soldados portugueses, utilizando as mais modernas armas da poca e que tinha como objectivo subjugar o Monomotapa, foi derrotado com ataques constantes das populaes que viviam ao longo do caminho que seguiam. O seu chefe foi morto e os poucos sobreviventes obrigados a fugir em desordem. Esta foi a

  • 34

    primeira grande vitria do nosso povo contra o domnio colonial. Vimos tambm como Changamira dirigiu o seu povo contra os portugueses,

    atacando as suas feiras defendidas por unidades militares e levando bancarrota todo o comrcio estrangeiro na regio.

    Por seu lado, os Baru derrotaram os portugueses por duas vezes, em 1690 e 1776.

    Ainda antes do perodo de ocupao efectiva definido pela Conferncia de Berlim, outros factos histricos comprovativos da resistncia secular do nosso povo podem ser referidos.

    Entre muitos outros, merece ser salientada a resistncia oposta pelos Tongas ocupao dos prazos. Derrotados em fins do sculo XVII e obrigados a integrar-se naquele sistema, eles no deixaram nunca de criar as maiores difi-culdades sua implantao no vale do Zambeze onde, com frequncia, se verificaram revoltas camponesas. Mais recentemente, no princpio do sculo XIX, as atrocidades cometidas pelos governadores de Cabo Delgado levaram a populao desta regio a revoltar-se. Os chefes Muane, Cherejo e Movera, dirigiram essa revolta. De 1800 a 1810 os portugueses no conseguiram l penetrar. Finalmente, organizaram uma grande expedio militar, com muitas armas de fogo e, integrando os rabes de Quitongonha como aliados. conseguiram vencer aqueles chefes.

  • 35

    Em 1896, os Namarrais, aliados aos Maraves e aos Matibanas, derrotaram os portugueses na batalha de Mugenga. S mais tarde o Estado Namarral foi ocupado, quando o chefe Mocuto-Muno e os seus sucessores foram obrigados a submeter-se coroa portuguesa.

    Aps 1885, e para seguirem a norma ditada pela Conferncia de Berlim sobre a ocupao efectiva de Moambique, os portugueses lanaram grandes campanhas militares para submeterem o povo moambicano sua dominao.

    Desde os primeiros tempos dessa ocupao efectiva de Moambique, verificou-se o aumento dos movimentos de resistncia em diversos pontos do Pais. As populaes manifestavam-se de vrias maneiras: recusavam-se a pagar impostos, no respeitavam as autoridades portuguesas e no permitiam a penetrao dos comerciantes no interior. A este tipo de resistncia, chamamos resistncia passiva.

    AS CAMPANHAS DE OCUPAO A resistncia activa tomou a forma de levantamentos armados. A

    resistncia activa, juntamente com as novas normas de ocupao decididas na Conferncia de Berlim, levaram o governo portugus a iniciar as Campanhas de Ocupao que designaram como campanhas de pacificaco.

    Os portugueses utilizaram vrios mtodos de opresso, nestas campanhas. As expedies punitivas e o suborno de alguns chefes corrompidos, foram os

  • 36

    mais utilizados. Depois destas expedies, veio a implantao pela fora da administrao colonial portuguesa.

    A resistncia dos diferentes Estados africanos, fracassou totalmente porque no tinha unidade. Os chefes tribais limitavam-se defesa dos interesses locais, que por vezes se chocavam com os interesses dos Estados ou tribos vizinhos.

    So entre 1885 e 1902. os portugueses lanaram 15 grandes campanhas militares contra as populaes do vale do Zambeze.

    Em resposta a isto, algumas tribos uniram-se contra o inimigo comum, sob a direco de alguns chefes tribais, como por exemplo Chisinga, da tribo Macanga.

    igualmente o caso da aliana entre os Baru e o Monomotapa, que combateram juntos durante 16 anos antes de serem vencidos pelos colonialistas.

    Apesar destes casos, deve-se notar que as divises entre as tribos facilitaram a vitria dos portugueses.

    Esta vitria foi tambm alcanada devido ao armamento tecnicamente superior dos colonialistas.

    Com a derrota do povo do vale do Zambeze, comea uma nova fase de colonizao intensiva e de resistncia local.

  • 37

    Comea tambm a imposio do chibalo, do imposto obrigatrio (Mussoco), a utilizao do chicote e a monocultura.

    A resistncia popular passou ento a caracterizar-se pelo ataque aos smbolos do colonialismo ou aos seus agentes directos como, por exemplo, os cipaios. Essa resistncia teve vrias formas:

    Resistncia no dia a dia: Diminuio no ritmo de trabalho, como resposta aos maus tratos dos colonialistas. Grupos organizados: Eram grupos que fugiam do trabalho e se organizavam para atacar postos administrativos ou cipaios e que queimavam as aldeias que colaboravam com o inimigo. Os camponeses consideravam estes combatentes como heris, dando-lhes apoio, refgio e comida.

    Entre estes grupos, devemos salientar o exemplo notvel do chefe Mapondera. A sua fama era to grande. que havia quem acreditasse que ele tinha poderes sobrenaturais e mgicos no corpo. Todos os seus antepassados tinham fama de agitadores e rebeldes. Comeou a sua actividade quando tinha vinte anos e consultavam-no sempre que havia problemas. A princpio, ele tinha boas relaes com os portugueses, com quem negociava em marfim. Mais tarde, um incidente em que os portugueses maltrataram a populao da sua aldeia, colocou-o definiti-

  • 38

    vamente do lado do povo, onde lutou durante 15 anos contra o invasor. - Emigrao: Uma outra forma indirecta de resistncia foi a emigrao para os

    pases vizinhos. Calcula se que, entre 1900 e 1910, fugiram mais de 50 OUO pessoas para a colnia inglesa da Rodsia.

    - Revoltas camponesas: Verificaram-se diversas revoltas contra os ocupantes portugueses. em que os camponeses. devido ao dio acumulado, destruam lojas e armazns. matavam cipaios e destruam plantaes. Estas aces no eram planificadas, duravam pouco e eram espordicas.

    Entre 1890 e 1905. verificaram-se 16 revoltas, muitas das quais se deram em Quelimane. Sena e Tete.

    Nestas aces, os camponeses atacavam e fugiam para a sua aldeia, onde ficavam isolados, sem contacto com outras aldeias.

    - Rebelies: Distinguem se das revoltas porque j tm objectivos mais avanados.

    Pretendiam o fim do colonialismo para restabelecerem a sociedade feudal-tradicional que existia antes de chegarem os colonos.

    Os chefes tribais, ao verem que cada vez tinham menos poder, provocavam essas rebelies para tentarem restabelecer o seu domnio.

    Conhecem-se pelo menos trs rebelies de grande amplitude, nos anos de 1896, 1897 e 1904. A primeira no Monomotapa e as duas ltimas dirigidas pelos

  • 39

    chefes Shona. Todas essas rebelies foram esmagadas pelos portugueses. Houve outra rebelio importante em 1917, na regio do Zambeze. As suas

    causas fundamentais, foram:

    - Aumento do trabalho forado quando, entre 1915 e 1917, os portugueses resolveram abrir uma estrada entre Tete e Massequece e recrutaram pela fora 10 000 trabalhadores com essa finalidade;

    - Aumento de abusos com as mulheres e as crianas; - Recrutamento massivo (10000 homens) para lutar contra os alemes. numa

    guerra com a qual os moambicanos no tinham nada a ver. Cerca de 80% desses recrutados morreram em combate durante o primeiro ano;

    - Estabelecimento da (,Companhia de Moambique a quem foi atribuda esta zona (Zambeze) para o cultivo obrigatrio do algodo.Uma caracterstica importante desta rebelio foi o facto de ela ter surgido entre o prprio povo, que assim ultrapassou a autoridade de alguns chefes tribais. Demasiado comprometidos com o colonialismo, estes tinham-se recusado a dirigir a luta. Foi o que sucedeu, por exemplo, com os chefes do Monomotapa e do Baru.

    Esta rebelio tambm foi sufocada, devido grande superioridade tcnico-militar dos colonialistas portugueses.

  • 40

    Outros casos de resistncia activa contra a ocupao efectiva e a explorao colonialista portuguesa foram. porm, dirigidos pelos chefes tribais.

    Por exemplo, em 1899, no Niassa, onde o chefe Mataca era senhor de imensos territrios e como tal reconhecido pelas populaes que o habitavam. Tentando ali-lo ao governo portugus, o Governo-Geral da colnia enviou-lhe emissrios corri propostas e ofertas nesse sentido. O chefe Mataca recusou-se e mandou matar esses emissrios. Dirigindo o seu exrcito, ele preparou-se para fazer frente s represlias, mas uma expedio fortemente armada derrotou-o e reprimiu cruelmente as populaes que lhe eram fiis.

    Tambm por essa altura o sulto de Angoche, Mussa Quanto e, depois. o seu sucessor Fareley, levantaram-se contra a administrao portuguesa. Aliando-se em fins do sculo XIX (19) com os chefes Namarrais, Maraves e Nhapacos de Angoche, eles derrotaram os portugueses. Somente em 1910 Fareley foi vencido e preso.

    No Baru rebentou em 1902 uma grande rebelio dirigida pelo Macombe. que se estendeu at regio de Gorongosa.

    No Sul, e principalmente devido represso cometida pelos governadores, entre os quais Dionsio Ribeiro, revoltaram-se diversos cls Ronga. Dirigidos pelos seus chefes. o cl Zixaxa e outros atacaram Loureno Marques, matando aquele governador.

  • 41

    A OCUPAO DO ESTADO DE GAZA

    Como vimos, o Estado de Gaza, fundado por Sochangane, tinha uma grande extenso, compreendendo regies entre o Zambeze e o Maputo.

    Muzila, filho e sucessor de Sochange, seguiu a politica do pai e preocupou-se principalmente em conservar as fronteiras do Estado.

    A poltica seguida por seu filho, Gungunhana, foi diferente. Quando este toma o poder, transfere a capital de Gaza para Manjacaze e o

    Estado reduziu se regio compreendida entre os rios Pngo e Incomti. A atitude deste chefe explica-se por duas razes: a necessidade de ocupar melhores terras no vale do Limpopo e a necessidade de assegurar a soberania Nguni em toda a regio a Sul do Save.

    Os ingleses dominavam por esta altura o Transvaal. Como esta colnia no tinha sada para o mar, eles tentaram apoderar-se da Baa do Maputo. Para isso, quiseram transformar o Estado de Gaza numa colnia sua. Nasceu assim um novo conflito entre Portugal e a Inglaterra.

    Gungunhana procurou aproveitar-se desse conflito para se opor

  • 42

    penetrao colonial e continuar a chefiar o seu Estado. Contava tambm com um forte exrcito, que organizara segundo os

    princpios militares dos Nguni. exrcito de Gungunhana estava dividido em Mangas (correspondentes a

    um batalho actual), que eram comandados por Indunas. Cada Manga estava dividida em Mabanjas (correspondentes a uma

    companhia), comandadas por Mabanjas. chefe mximo dos Indunas era o prprio Gungunhana, cujo exrcito

    contava com cerca de 15 000 homens. Possua 2000 espingardas. poderio de Gungunhana era suficientemente grande para causar

    preocupaes aos portugueses. Por esse motivo, o governo portugus enviou um Comissrio Rgio, chamado Antnio Enes, chefe militar colonialista, com a tarefa de pacificar os povos do Sul.

    Na regio do Maputo, havia tribos que se submeteram aos portugueses e outras que eram fiis a Gungunhana, como por exemplo Manhia, Magaia, Zixaxa e Moamba. Foi contra estes que os portugueses lanaram as suas tropas. Os portugueses aproveitaram um perodo em que havia contradies na tribo Magaia entre dois herdeiros: Maazul, que no aceitava a soberania de Portugal, e Maveja, que aceitava submeter-se a ela.

    Tendo conhecimento que os portugueses estavam dispostos a auxiliar

  • 43

    Maveja, Maazul aliou-se ao cl Zixaxa, dirigido por Mativejane, e avanou contra Loureno Marques.

    Apesar de bem defendida, conseguiram entrar na cidade, obrigando os portugueses a refugiarem-se na fortaleza. A cidade foi saqueada e a fortaleza atacada.

    Entretanto, os navios de guerra portugueses atracados no porto bombardearam os atacantes, conseguido assim que se retirassem da cidade. Os seus chefes refugiaram-se na corte de Gungunhana.

    Os portugueses ameaaram ento Gungunhana de que, ou ele entregava os chefes Maazul e Mativejane, ou haveria guerra. Gungunhana recusou.

    Em Setembro de 1895, as tropas portuguesas avanaram em trs colunas diferentes. Uma, pelo rio Incomti, outra, pelo rio Limpopo e a terceira, a mais importante, por Inhambane, descendo o rio Inharrime. A coluna do Incomti foi a primeira a entrar em combate com as foras de Gungunhana, em Magul, onde viviam os dois chefes. Enquanto estes abandonavam o local, travou-se um violento combate que os portugueses venceram. Entretanto, saa a coluna de Inhambane, comandada por Mouzinho de Albuquerque, e que se compunha de infantaria e artilharia. Os portugueses voltaram a fazer a mesma ameaa. Gungunhana no aceitou entregar os dois chefes e reuniu todas as

  • 44

    suas Mangas sob o comando do chefe militar Maguiguana, para combater as tropas portuguesas. A batalha deu-se no vale de Coolela. Os portugueses vencem outra vez e espalham o terror no seio da populao, incendeiam aldeias e massacram populaes indefesas. Isto leva muitos chefes tribais a render-se.

    Gungunhana, desmoralizado, refugia-se em Chaimite mas trado, e os portugueses conseguem prend-lo. Mais tarde ser deportado para os Aores, com a sua famlia.

    Mas Maguiguana, embora derrotado em Coolela, prossegue a luta. Comeou por atacar todos os pequenos postos militares que, entretanto, os

    portugueses tinham comeado a construir. Causou a fuga e a desmoralizao de muitos soldados portugueses.

    Encorajado por estas vitrias, Maguiguana consegue o apoio de muitas tribos que tinham acreditado na superioridade dos portugueses, e resolve atacar Chibuto, importante guarnio militar dos colonialistas.

    Alarmados, os portugueses chamam Mouzinho de Albuquerque, que se encontrava a combater no Norte contra os Namarrais.

    A grande arma do exrcito portugus era a cavalaria. Maguiguana concentra as suas tropas na localidade de Macontene, etapa final do ataque a Chibuto.

    Mouzinho de Albuquerque resolve ir ao encontro de Maguiguana. pois se

  • 45

    ficasse em Chibuto e fosse cercado, de nada lhe serviriam os cavalos. Em Macontene d-se a batalha e Maguiguana sai derrotado. Os cavalos,

    devido sua mobilidade, conseguem desorientar as tropas moambicanas. Maguiguana foge mas alcanado nos Montes Libombos, quando estava

    prestes a atravessar a fronteira. Em vez de se render, como faziam muitos chefes, resiste matando inimigos at ele prprio cair morto.

    Maguiguana uma das grandes figuras da Histria de Moambique, e o seu exemplo inspirou vrias geraes. Maguiguana um dos nossos heris e precursores do nacionalismo moambicano.

    AS COMPANHIAS MONOPOLISTAS

    Na ltima dcada do sculo XIX (1890-1900), a sociedade capitalista europeia tinha atingido j a sua fase suprema, o imperialismo. Uma das caractersticas do capitalismo a explorao dos operrios e camponeses por uma classe burguesa, no seu prprio pas. Como vimos, o imperialismo caracteriza-se pela expanso dessa explorao aos povos de outros pases e continentes.

    Em Africa, essa dominao comeou na segunda meta de do sculo XIX, para tingir o seu ponto mximo depois da Conferncia de Berlim, em 1884-1885. Enquanto o colonialismo foi capitalista, a explorao colonial era feita

  • 46

    por meio do roubo descarado das riquezas africanas, atravs da escravatura e do comrcio. Na fase imperialista, essa explorao tomou outras formas. Tornado

    predominante na Europa, o capital financeiro vai ser tambm exportado para as colnias onde, por meio das matrias-primas baratas (plantaes e monocul-turas) e da mo-de-obra barata (trabalho obrigatrio), se reproduzia enormemente. As matrias-primas eram enviadas para as metrpoles, onde eram transformadas e depois reexportadas para a Africa. Dessa maneira, os pases capitalistas obtinham enormes lucros.

    capital financeiro foi exportado para a Africa atravs da criao de Companhias Monopolistas, isto , companhias que tinham poderes totais de explorao no campo econmico, administrativo e social.

    Todos os pases imperialistas, tais como a Gr-Bretanha, a Alemanha, a Frana e a Blgica, criaram companhias desse tipo nas suas colnias africanas.

    Em Moambique, em 1891, o governo portugus deu a capitalistas estrangeiros, ingleses e franceses, o direito de explorar as regies de Moambique compreendidas entre o rio Zambeze e o Save, constituindo assim a Companhia de Moambique.

    No ano seguinte, o governo portugus deu concesses idnticas a outros capitalistas estrangeiros, alemes e franceses, nas regies de Niassa e Cabo

  • 47

    Delgado - Companhia do Niassa, e Zambzia - Companhia da Zambzia. governo portugus fez estas concesses porque, sendo um pas pobre,

    embora colonialista, no tinha capital financeiro suficiente para investir nas colnias.

    Estas companhias tinham poderes absolutos nas regies em que estavam implantadas. Cobravam impostos. batiam moeda, administravam e exploravam as plantaes, coagiam ao trabalho obrigatrio e s monoculturas.

    As Companhias de Moambique, de Niassa e da Zambzia, eram autnticos Estados dentro da colnia.

    POVO DAS VARIAS REGIES RESISTIU PELAS ARMAS A

    OCUPAO COLONIALISTA.

    NO ESTADO DE GAZA OS PORTUGUESES TIVERAM GRANDES

    DIFICULDADES PARA VENCER AS TROPAS DE GUNGUNHANA E

    MAGUIGUANA.

    PORTUGAL FACILITOU A EXPLORAO DE GRANDES ZONAS DE

    MOAMBIQUE PELAS COMPANHIAS MONOPOLISTAS ESTRANGEIRAS.

    GOVERNO PORTUGUS E AS COLNIAS INGLESAS DO INTERIOR

    ASSOCIAVAM-SE NA EXPLORAO DO NOSSO POVO.

  • 48

    V - CARACTERSTICAS DO COLONIALISMO PORTUGUS

    OPRESSO E DEPENDNCIA

    Quando a resistncia do povo moambicano ocupao militar portuguesa foi abafada pela fora das armas, o colonialismo portugus passou montagem da sua mquina de opresso colonial.

    idelogo da colonizao, nos fins do sculo XIX, princpios do sculo XX, foi Antnio Enes.

    Foi ele que planeou a administrao colonial. dividindo Moambique em distritos, circunscries e postos. O administrador era a unidade bsica desse regime, que tinha como objectivo oprimia e explorar o povo moambicano.

    administrador tinha poderes arbitrrios muito amplos. Era o representante directo do governo colonial. Cobrava os inmeros impostos a que a populao estava sujeita, o mais cruel dos quais era o mussoco, ou imposto de palhota. Era tambm o administrador que fazia o recrutamento para o trabalho forado nas plantaes dos grandes colonos e das companhias de monocultura. Fazia tambm de juiz nos conflitos entre as populaes e entre os colonos e os colonizados.

    administrador simbolizava a opresso colonial portuguesa em Moambique.

  • 49

    Outra ideia de Antnio Enes foi a de permitir aos capitalistas no portugueses, virem explorar e oprimir o povo de Moambique. O maior exemplo foi a criao das vrias Companhias Monopolistas.

    Foi tambm sob sua orientao que foram criadas as linhas de caminho de ferro que ligam o litoral moambicano Repblica da Africa do Sul e colnia britnica da Rodsia. A Rodsia no tem sada para o mar e precisa dos nossos portos para exportar os seus produtos.

    Essas linhas de caminho de ferro no ajudaram a desenvolver a economia de Moambique, porque no faziam a ligao dumas provncias com as outras. Pelo contrrio, elas contriburam para tornar a economia de Moambique ainda mais dependente da economia dos pases vizinhos e do imperialismo.

    No mesmo ano da inaugurao da linha de caminho de ferro Maputo-Pretria, foi assinada entre. o governo portugus e o governo sul-africano uma conveno segundo a qual Moambique deveria fornecer anualmente 100 000 trabalhadores para as minas do Transvaal.

    Esta poltica de explorao colonial continuou durante a Repblica Portuguesa que comeou em 1910.

    O FASCISMO PORTUGUS

    Com a subida ao poder de Salazar, em- 1926. comeou um novo perodo de

  • 50

    opresso colonialista no nosso Pas. A este perodo chamamos de colonial -fascista.

    O fascismo uma forma de opresso capitalista que utiliza o terror para manter a sua dominao sobre as classes trabalhadoras. Foi um perodo de grande opresso, tanto para o Povo portugus, como para o Povo moambicano, angolano, guineense, cabo-verdiano e timorense.

    O governo fascista no permitia que as pessoas discutissem os seus problemas e manifestassem a sua vontade e opinies, nem que discordassem dos abusos cometidos. Um dos meios para poder conseguir controlar a situao e reprimir as pessoas, foi a criao de uma policia poltica, a PIDE (Polcia Internacional e de Defesa do Estado), a qual a partir de 1969 passou a chamar-se DGS (Direco -Geral de Segurana).

    A PIDE - DGS foi responsvel pelo sofrimento e tortura de inmeros moambicanos, muitos dos quais morreram nas prises. As duas principais eram a da Machava e a da Ilha do Ibo.

    Para realizar com maior eficcia a explorao das riquezas e dos povos das colnias, era necessrio que o controlo desses territrios estivesse bem seguro nas mos do governo fascista.

    A primeira lei feita por Salazar com esse objectivo foi o Acto Colonial, em 1930. A partir de ento vai sendo feita, atravs de sucessivas leis, a

  • 51

    reorganizao administrativa, que atingiu a sua forma definitiva em 1951, quando as colnias passaram a ser chamadas provncias ultramarinas, na ONU.

    Moambique passou a ser submetido autoridade de um Governador-Geral e dividida em nove distritos, cada um deles com um Governador Distrital, que superintendia nos Administradores, Chefes de Posto e todos os outros funcio-nrios da administrao colonial.

    Governador -Geral e os Governadores Distritais eram nomeados directamente pelo governo colonial de Lisboa, e seguiam rigorosamente as orientaes que recebiam.

    A POLITICA ECONMICA COLONIAL Uma das disposies do Acto Colonial impedia o estabelecimento de

    Companhias Monopolistas e estipulava que as existentes teriam o seu fim no termo dos respectivos contratos.

    Esta foi a primeira medida tomada para estender a administrao colonial portuguesa a todo o territrio moambicano.

    objectivo era eliminar os privilgios dos capitalistas estrangeiros ligados a essas Companhias, e defender os interesses do capitalismo portugus, que era mais fraco e no podia concorrer com eles.

    Esta proteco dos interesses da burguesia colonial portuguesa e do seu retrgrado colonialismo, uma das caractersticas do fascismo.

  • 52

    Estas mudanas no trouxeram nenhum benefcio ao Povo moambicano. Tratava-se apenas de desenvolver a explorao de Moambique em favor dos capitalistas portugueses e de no compartilhar os frutos dessa explorao com as classes capitalistas de outros pases.

    facto de haver uma administrao bem montada, teve como resultado um grande aumento de trabalho forado e facilitou a imposio das culturas obrigatrias do algodo, ch, sisal e cana-de-acar.

    Estes produtos, que serviam para a exportao, davam grandes lucros aos colonialistas custa dos moambicanos, que no podiam cultivar nas suas terras os produtos que eram necessrios sua alimentao.

    nmero de trabalhadores moambicanos enviados para as minas da Africa do Sul e da Rodsia, aumentou. Esta era outra forma de explorao do Povo moambicano, porque os governos desses territrios pagavam ao governo de Portugal uma certa quantidade de ouro por cada trabalhador que ia para as minas.

    A DISCRIMINAO RACIAL Durante o perodo fascista houve uma intensificao da colonizao. Colonos portugueses, camponeses vtimas de uma grande explorao na sua terra e a quem eram prometidas melhores condies de vida, eram enviados para Moambique, servindo como instrumentos da classe

  • 53

    dominante portuguesa. Estes colonos eram instalados nas zonas rurais, em terras que o governo portugus expropriava aos moambicanos, seus legtimos donos. Estas terras assim ocupadas pelos colonos portugueses, constituam os colonatos. Ao mesmo tempo, deu-se um crescimento nos servios pblicos e nas

    empresas particulares, o que originou a vinda de mais portugueses. Os moambicanos, sujeitos a uma forte discriminao racial, no eram

    admitidos nesses servios ou empresas, a no ser para desempenharem funes de auxiliares. Mesmo os que realizavam tarefas idnticas s dos portugueses, recebiam salrios muito menores.

    A discriminao racial estava estabelecida pela lei colonial, que dividia as pessoas em trs categorias: os portugueses, os indgenas e os assimilados.

    A primeira categoria era formada pelos europeus, provenientes de Portugal, e por todos os seus descendentes. sendo os nicos que tinham todos os direitos.

    Os indgenas, que constituam a maioria do Povo moambicano, formavam a camada mais explorada da populao. No tinham direitos e eram considerados inferiores. Estavam sujeitos a toda a espcie de discriminao, sendo obrigados a apresentar um documento de identidade, a caderneta, sem a qual eram presos

    e enviados para trabalhar, sem receberem nada nas plantaes, na construo

  • 54

    de estradas e noutros trabalhos pesados. Por fim, existia a terceira categoria, constituda por alguns moambicanos

    que, por saberem falar e escrever a lngua portuguesa e terem condies econmicas mais favorveis, no estavam sujeitos a uma discriminao to grande. Eram os assimilados_

    Uma das condies para se ser assimilado. ou civilizado, era renunciar cultura moambicana, espezinhada e considerada inferior pelos colonialistas.

    A POLTICA DE OBSCURANTISMO DO COLONIALISMO PORTUGUS

    Esta diferenciao social reflectia-se tambm no ensino e na sade. A maioria dos moambicanos no tinham recursos econmicos que permitissem suportar os custos do ensino.

    Alm disso, as poucas escolas existentes estavam concentradas nos centros urbanos, longe das zonas-rurais onde vivia a maior parte da populao.

    Havia duas espcies de ensino: um na cidade - o ensino oficial, outro no interior - o ensino de adaptao ou ensino rudimentar.

    Este ltimo era feito nas misses. Limitava-se a iniciar os alunos na aprendizagem da lingua portuguesa e tinha como principal objectivo espalhar a religio crist, que foi uma grande aliada do sistema colonial, porque pregava a

  • 55

    resignao e a aceitao da explorao. Nas colnias, a ligao do Estado fascista portugus com a Igreja Catlica,

    estava regulamentada pelo Acto Missionrio de 1940 e pelo Estatuto Missionrio de 1941.

    Atravs destes acordos, que tinham por base a Concordata, o governo portugus comprometia-se a proteger e subsidiar a aco dos padres e missionrios enviados para as colnias.

    O governo fascista apoiava a Igreja Catlica na sua obra de evangelista dos povos das colnias. Em troca, a Igreja Catlica apoiava a sua poltica de dominao colonial.

    O analfabetismo foi uma das caractersticas da poltica do colonialismo e do fascismo.

    Na sade, o aspecto geral era o mesmo. S havia hospitais e mdicos nas grandes cidades, estando o Povo moambicano, portanto, privado de assistncia mdica.

    Como as autoridades no tinham nenhum interesse pelas condies de sade do povo, no faziam campanhas de educao sanitria.

    A LTIMA FASE DO COLONIALISMO PORTUGUS

    At ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1939-45, o fascismo portugus

  • 56

    no escondeu as suas intenes de explorar desenfreadamente os recursos naturais e humanos das colnias.

    Poucos anos depois, as circunstncias internacionais, o anticolonialismo crescente, obrigaram o governo salazarista a tentar esconder essas realidades. Foi assim que se comearam a verificar alteraes nas leis, principalmente a partir de 1951.

    As leis mudaram, mas a explorao continuou. As colnias passaram a ser chamadas Provncias Ultramarinas, mas o colonialismo continuou.

    A partir de 1961, houve mais modificaes legais, como por exemplo a abolio do regime de indigenato e das leis que permitiam o trabalho forado e as culturas obrigatrias. Isto foi devido situao criada pela independncia de numerosos pases africanos e ao aparecimento da luta armada, iniciada pelo MPLA. em Angola, e depois pelo PAIGC, na Guin, e pela FRELIMO, em Moambique.

    Para defender a sua posio nas colnias, o governo portugus mudou a sua atitude inicial em relao ao imperialismo.

    Em troca do apoio financeiro e militar de que Portugal necessitava para fazer a guerra contra os povos das colnias, foi dada a possibilidade, aos capitalistas de outros pases, de compartilharem as vantagens da explorao das riquezas das colnias.

  • 57

    Um dos exemplos mais flagrantes em Moambique foi a barragem de Cahora -Bassa.

    A INSTAURAO DO FASCISMO EM PORTUGAL AUMENTOU A

    OPRESSO NAS COLNIAS.

    O POVO ESTAVA DIVIDIDO EM: PORTUGUESES, INDGENAS E

    ASSIMILADOS.

    NA LTIMA FASE DO COLONIALISMO PORTUGAL PERMITIU A

    EXPLORAO DAS NOSSAS RIQUEZAS PELOS SEUS ALIADOS

    IMPERIALISTAS.

    VI - CONCLUSO

    A FRELIMO E A INDEPENDNCIA NACIONAL

    estudo que acabamos de fazer demonstra-nos que a resistncia dominao colonial uma constante da nossa Histria. Demonstra-nos tambm que todas as formas de explorao e represso determinaram, ao longo dos sculos, formas correspondentes de resistncia e luta.

    perodo que se segue introduo do capitalismo no nosso pas foi

  • 58

    caracterizado, como vimos, pela generalizao dessa resistncia em todas as regies em que os colonialistas procuravam tornar extensivo o princpio de ocupao efectiva, ditado pela Conferncia de Berlim em 1885.

    colonial-fascismo. que teve como objectivo consolidar essa ocupao e fomentar uma explorao crescente das nossas riquezas e do nosso povo, vai determinar novas formas de resistncia. At 1962, estas formas de resposta opresso continuam no entanto a ser espordicas, espontneas e muito localizadas. Por isso elas foram facilmente esmagadas pela represso colonial-fascista, tal como, ao longo dos sculos anteriores. tinham sido sufocadas todas as revoltas e tentativas de combate ao ocupante.

    Estudaremos com mais pormenores estas novas formas de luta opresso quando estudarmos a Histria contempornea do nosso povo, que a Histria da FRELIMO, nosso Partido de Vanguarda, sintetiza. Na Histria do Povo moambicano, a fundao da FRELIMO, em 25 de Junho de 1962, marca o incio de uma fase qualitativamente diferente da nossa luta contra a explorao e opresso colonialistas.

    Com a fundao da FRELIMO esta luta passou a ser diferente porque, baseada em toda a histria do nosso povo, a FRELIMO proclamou a unidade do Povo moambicano do Rovuma ao Maputo como sendo um factor essencial para a vitria contra o colonialismo portugus.

  • 59

    Organizado e dirigido pela FRELIMO, o Povo moambicano, finalmente unido do Rovuma ao Maputo, desencadeu a luta armada de libertao nacional em 25 de Setembro de 1964. Aps dez anos de guerra popular, o colonial-fascismo foi derrotado no nosso pas e conquistada a nossa independncia nacional.

    Em 25 de Junho de 1975 foi proclamada a Repblica Popular de Moambique, fruto da resistncia do nosso povo contra todas as formas de explorao, Estado de trabalhadores para trabalhadores. CRONOLOGIA DA HISTRIA DE MOAMBIQUE

    SECULO.

    IV n.e. - Grupos Bantu chegam regio de Monica. VII n.e. - Navegadores rabes e asiticos desenvolvem o comrcio com

    Moambique.

    ANO

    1425 - Fundao do Estado de Monomotapa. 1480/86 - Os rabes fixam-se na Ilha de Moambique. 1498 - Vasco do

    Gama chega a Moambique. 1507 - Funda-se a feitoria de Moambique.

  • 60

    1530 - Portugueses e rabes entendem-se e comea a interveno econmica directa no interior.

    1534 - Bula papal que institui o bispado de Malabar (com sede em Goa) abrangendo todo a costa oriental do frica.

    1560 - Os Jesutas chegam a Moambique. 1601 - O Monomotapa faz doao das minas de ouro ao rei de Portugal. 1631 - O Monomotapa Mavura agraciado com o hbito de Cristo.

    1721 /30 - Os holandeses tentam ocupar a Baa do Esprito Santo. 1750 - Movimentos de resistncia em Cabo Delgado e

    Nampula, chefiados por Morass e Morimo. 1752 - O Governo de Moambique separado do da ndia. 1821 - Incio dos migraes Nguni. 1835 - Os Nguni atravessam o Zambeze. 1838 - Publicada legislao tendente a fixar colonos em

    Moambique. 58

    1843 - Os rgulos Magaia e Maamba atacam a presdio de Loureno Marques. 1845 - Marte de Zwagendaba, fragmentao do grupa Nguni. 1849 - Por ordem de Manicusse, Inhambane atacada e a governador morto. 1859, 11 de Outubro - Morre Manicusse, av de Gungunhana.

  • 61

    1867 - Vicente da Cruz, o bonga, derrota as tropas portuguesas em Massangano.

    1869, 25 de Fevereiro -- Abolida a escravido em Portugal e seus domnios. 1874 - Assinatura do contrata para a construo do Caminho de Ferro de Loureno Marques/Transval. 1875, 24 de Julho - Sentena arbitral de Mac-Mahon sobre a posse das ilhas da Inhaca e Elefantes. 1887 - Revolta dos Namarrais. 1890 - Ultimatum ingls. 1891 - Concesso das territrios de Monica e Sofala a uma companhia

    Magesttica denominada Companhia de Moambique)). 1892, 24 de Setembro - So entregues Companhia da Zambzia todos os

    prazos da coroa situadas a Norte do Zambeze e a Oeste dos rias Luenha e Mazai.

    1894 - Os rgulos Magaia e Zixaxa do as primeiros sinais de rebelio atacando o posta militar de Ancuabe.

    - Ataque a Loureno Marques feita por Zixaxa, Moamba e Magaia. 1895, 13 de Janeira - Desembarca em Loureno Marques Antnio Enes.

    - Magaia e Zixaxa fomentam a revolta geral de Loureno Marques; - Ataque a Marracuene; - Combate de Mogul; - Combate de Caolela;

  • 62

    - Priso de Gungunhana, em Chaimite. 1897, 10 de Agosto - Morte de Maguiguana. 1904 - Revolta do Baru. 1906, 23 de Dezembro - Morre Gungunhana. 1911,20 de Novembro - Aprovada a delimitao de Moambique a Norte e a Sul

    do rio Zambeze, pelos governos ingls e portugus. 1920,20 de Junho - Nasce Eduardo Chivambo Mondlane. 1920, 5 de Setembro - Proclamao de estado de stio em Loureno Marques e

    movimentas grevistas das classes ferrovirios e industriais particulares. O estado de stio s levantado em 16 de Outubro.

    1923 - 2.A Sesso do Ill Congresso Pan-Africano, organizada em Lisboa, pela Liga Africana, com representantes de Angola, Moambique, negras das Carabas e das EUA.

    1928 - Proclamao em Portugal do Cdigo do Trabalha dos indgenas. 1933, 29 de Setembro - Nasce Somara Moiss Machel.

    1947 - Greve nas docas de Loureno Marques e nas plantaes de Gaza; - Massacre de Xinavane.

    1948 - Priso de centenas de moambicanos em Loureno Marques que so deportadas para S. Tom.

    1949 - Criao da NESAM (Ncleo dos Estudantes Secundrios de Moambique).

  • 63

    1951 - As colnias portuguesas passam a designar-se provncias. 1953 - Promulgao da Lei Orgnica do Ultramar Portugus, abolio do

    estatuto de assimilada. 1957 - Implantao da PIDE nas colnias portuguesas. 1960, 16 de Junho - Massacre de Mueda;

    2 de Outubro - Fundao da UDENAMO. 1961 - Criao da UNAMI, na Malawi;

    - Portugal tem em frica 20 000 saldadas; - Mondlane visita Moambique como funcionria da ONU, onde estabelece

    importantes contactas com grupos de nacionalistas; 18 de Abril: Assembleia Constituinte da CONCP (Conferncia das

    Organizaes Nacionalistas das Colnias Portuguesas), em Casablanca. Reformulao da reunio de Paris, importante declarao sobre o povo portugus e abertura em relao aposio portuguesa. Marcelino dos Santas eleita secretria-geral. A UDENAMO, recentemente formada na Rodsia, encontra-se representada.

    1962, 25 de Junho - Fundao da FRELIMO.