Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dosMunicípios Portugueses
Jorge Miguel Bravo1
NOVA IMS, UNL
Lisboa, FCG, 6-7 Out 2016
1Nova University of Lisbon - Infor. Management School ([email protected])Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 1 / 21
Outline
1. Introdução e motivação
2. Projecções de população residente por município
3. Metodologia e dados
4. Resultados
5. Notas finais
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 2 / 21
Motivação
O desenvolvimento sustentável dos territórios pressupõe um equilíbrioentre as dimensões demográfica, social, económica, ambiental,politico-institucional e cultural
A dimensão e composição da população são essenciais aofuncionamento da sociedade e da economia de um território
A sustentabilidade demográfica compreende uma
I Dimensão quantitativaum território é quantitativamente sustentável se forem observados notempo efectivos totais e de população activa mínimos, uma adequadaestrutura etária e uma desagregação por género equilibrada
I Dimensão qualitativaum território é qualitatitativamente sustentável se a população possuiruma base económica viável, uma estrutura sócioecnómica equilibrada(educação, qualificações profissionais, actividades económicas,...), umaidentidade cultural e institucionais consolidadas
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 3 / 21
Projecções de população residente por municípioMetodologia
Método das componentes por coortes com recurso à elaboração dediferentes cenários como forma de lidar com a incertezaModelização da componente mortalidade através do métodoPoisson-Lee-Carter para Portugal e modelos relacionais não lineares eGLMs para a regiões NUTS II, III e Municípios; Projecção dos qx ,tnas idades avançadas via método Denuit-Goderniaux (2005)Projecção da componente fecundidade: especificação de hipótesesquanto à evolução esperada do ISF e da idade média ao nascimentode um filho, modelação das fx ,t através do método de Schmertmann(2003), e uso de modelos relacionais para desagregações territoriaisinferioresPrevisão dos saldos migratórios internos e externos tendo em conta amédia dos saldos migratórios estimados nas últimas décadas,separadamente para fluxos de entrada e de saídaHorizonte temporal de 2040
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 4 / 21
Projecção da componente mortalidade
Modelo Poisson-Lee-Carter (Brouhns et al., 2002) para Portugal
Hipótese: número de óbitos verificados à idade x no ano t segue umadistribuição de Poisson
Dx ,t ∼ Poisson(µx ,tEx ,t
)(1)
comµx ,t = exp (αx + βxκt ) , (2)
e restrições de identificação
tmax
∑t=tmin
κt = 0 exmax
∑x=xmin
βx = 1. (3)
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 5 / 21
Projecção da componente mortalidade
Estimação dos parâmetros pelo método de máxima verosimilhança
A função de log-verosimilhança L (α, β, κ) = lnV (α, β, κ) é definidapor
L (α, β, κ) =tmax
∑t=tmin
xmax
∑x=xmin
{dx ,t (αx + βxκt )− Ex ,t exp (αx + βxκt )}+ c ,
onde α = (αxmin , . . . , αxmax) , β =(
βxmin , . . . , βxmax
),
κ = (κtmin , . . . , κtmax) e c é uma constante.Estimação via algoritmo iterativo de Goodman (1979), assente nométodo de Newton-Raphson
θ̂(υ+1)j = θ̂
(υ)j −
∂L(υ)/dθj∂2L(υ)/dθ2j
, L(υ) = L (α, β, κ)(υ) (4)
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 6 / 21
Projecção da componente mortalidade
Modelos relacionais não lineares no quadro de GLMs para a regiõesNUTS II, III e Municípios
Hipótese: número de óbitos verificados à idade x no ano t segue umadistribuição de Poisson
Dx ,t ∼ Poisson(µx ,tEx ,t
)(5)
comµx ,t = exp
(θ + f1 (x , t) + f2
(log it
(µrefx ,t
)))(6)
onde f1 (·) e f2 (·) são funções não lineares e µrefx ,t denota as taxas demortalidade da população de referência
Estimação dos parâmetros por ML
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 7 / 21
Projecção da componente fecundidade
Método de Schmertmann (2003, 2005) para Portugal e modelosrelacionais para NUTS II/III e Municípios
O modelo assenta na caracterização do perfil das fx ,t em termos detrês eixos: (i) idade mais jovem em que se registam nascimentos, α;(ii) idade em que o perfil das fx ,t atinge o valor máximo, P; (iii) idademais jovem acima de após a qual a fertilidade decresce para 50% doseu valor máximo, H, e na urilização da técnica de splines
Em termos formais,
f (x) = Rφ (x)
φ (x) ={
∑4k=0 (x − tk )2+ , x ∈ [α, xmax]
0, x /∈ [α, xmax]
Estimação dos parâmetros via OLS
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 8 / 21
Projecções de população residente: cenários
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 9 / 21
Projecções de população residente: cenários
Figure: Índice sintético de fecundidade, Portugal, 1980-2040
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 10 / 21
Projecções de população residente: cenários
Figure: Saldo migratório, Portugal, 1980-2040
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 11 / 21
Projecções de população residente: Portugal
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 12 / 21
Variação populacional (em %) por município 2013-2040
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 13 / 21
Variação populacional (em %) por município 2013-2040
Cenário 1: apenas os municípios de Alcochete, Arruda dos Vinhos,Benavente, Corvo, Entroncamento, Mafra, Montijo, Odivelas, Seixal,Sesimbra e Sobral de Monte Agraço não registarão perda depopulação entre 2013 e 2040
Cenário tendencial: são esperados crescimentos populacionais em52 dos 308 municípios portugueses, com maior expressão em Sobralde Monte Agraço, Odivelas, Benavente, Mafra, Alcochete, Corvo,Montijo, Santana, Arruda dos Vinhos
Cenário 3: o número de municípios portugueses com crescimentopopulacional esperad sobe para 64
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 14 / 21
Índice de envelhecimento por município, 2013
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 15 / 21
Índice de envelhecimento por município, 2040
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 16 / 21
Índice de envelhecimento por município
Os 10 municípios mais envelhecidos no início de 2013 eram Alcoutim,Almeida, Gavião, Oleiros, Pampilhosa da Serra, Penamacor, Sabugal,Vila de Rei, Vila Velha de Ródão e Vinhais, todos eles localizados nointerior do país e a maioria na zona raianaCom valores inferiores ao valor nacional para o indicador índice deenvelhecimento - 131 idosos por cada 100 jovens —encontravam-seem 2013 um total de 94 municípios (42 deles com valores inferiores a100). Com valores iguais ou superiores ao valor nacional,encontravam-se nesta data 214 municípios, ou seja, 69,5% do totalNo cenário tendencial 2, os 10 municípios mais envelhecidos em 2040serão Abrantes, Alcoutim, Calheta (R.A.A.), Castanheira de Pera,Crato, Gavião, Manteigas, Penamacor, Porto e Seia. Neste cenário,todos os municípios apresentam em 2040 valores do índice deenvelhecimento superiores ao valor nacional de 2013 - 131 idosos porcada 100 jovens, ou seja, registarão um acentuar do envelhecimentodemográfico.
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 17 / 21
Índice de sustentabilidade potencial por município, 2013
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 18 / 21
Índice de sustentabilidade potencial por município, 2040
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 19 / 21
Índice de sustentabilidade potencial, por município
Os 10 municípios com menor índice de sustentabilidade potencial, ouseja, em pior situação demográfica, eram em 2013 Alcoutim,Idanha-a-Nova, Penamacor, Pampilhosa da Serra, Sabugal, Vila Velhade Ródão, Vinhais, Gavião, Mação e Oleiros, correspondendo grossomodo aos concelhos mais envelhecidos. Com valores inferiores aovalor nacional - 340 idosos por cada 100 pessoas em idade activa —encontravam-se 213 municípios, i.e., 69,2% do total
No cenário tendencial, os 10 municípios que em 2040 apresentarãomenor índice de sustentabilidade potencial serão Alcoutim,Castanheira de Pera, Manteigas, Gavião, Porto, Calheta (R. A.Açores) Abrantes, Mértola, Espinho e Monchique. Com valoresinferiores ao valor nacional de 2013 encontravam-se 307 dos 308municípios, sendo que 1 deles (Alcoutim) apresentará mesmo umvalor inferior a 100, ou seja, um número de pessoas com 65 ou maisanos será superior às pessoas em idade activa (15-64 anos)
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 20 / 21
Notas finais
A estrutura e dinâmica populacional projectada para a maioria dosmunicípios portugueses coloca em risco a sustentabilidade dodesenvolvimento territorial do país que depende, de forma crítica, dosrecursos endógenos, sobretudo capital humano
Territórios despovoados, envelhecidos e com baixos níveis dequalificações carecem da massa demográfica crítica suficiente, emtermos quantitativos e qualitativos, para a manutenção edesenvolvimento de boa parte das actividades económicas
A escala demográfica não assegura a continuidade do funcionamentode equipamentos sociais e culturais básicos, públicos privados
O envelhecimento demográfico e as suas consequências para asustentabilidade do desenvolvimento territorial tenderão a agravar-sese não houver uma decisiva e coordenada intervenção dos agenteslocais e/ou externos e dos sectores público, privado e da economiasocial
Jorge Miguel Bravo (NOVA IMS, UNL) Envelhecimento e (In)Sustentabilidade Demográfica dos Municípios PortuguesesLisboa, FCG, 6-7 Out 2016 21 / 21