INCENTIVO À LEITURA ATRAVÉS DE CONTOSBRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS
Maria Salet Warmeling Kürten¹
Luiz Carlos Santos Simon²
RESUMO
Observando o grau de dificuldade e a falta de interesse pela leitura e
escrita dos alunos em contexto escolar, bem como, a resistência dos mesmos
à leitura de obras literárias, fez-se necessária a elaboração deste projeto que
visa a repensar as práticas de leitura para que o aluno adquira competência
comunicativa que lhe permita ler de maneira independente.
Uma das finalidades deste projeto é despertar nos alunos o gosto pela
leitura, através de contos que falem de juventude, pois é também uma etapa de
grandes desafios.
Humor, suspense e surpresas alternam-se nos contos, revelando toda
uma diversidade de experiências cuja principal indagação parace ser
simplesmente: seria a juventude a melhor época da vida?
PALAVRAS-CHAVE: leitura; interpretação; contos; juventude.
¹A autora deste artigo é especialista em Língua Portuguesa e professora do quadro próprio do magistério do Estado do Paraná.²O orientador deste trabalho é professor do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina.
1 INTRODUÇÃO
Neste artigo, discutimos as experiências realizadas em sala de aula,
com alunos do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual de Ivaiporã/PR, na
busca por desenvolver o gosto pela leitura. Para atingir este objetivo, foram
utilizadas leituras de contos que falam de juventude.
Por intermédio desse gênero textual, procuramos realizar diversas
atividades em sala de aula, tendo sempre como foco o desenvolvimento do
gosto/do prazer pela leitura entre os educandos, especialmente pela leitura de
contos.
O projeto de intervenção pedagógica intitula-se “Incentivo à leitura
através de contos brasileiros contemporâneos”, e, como o próprio nome
sugere, a formação de leitores foi cultivada através de contos. Tal escolha
deve-se ao fato de serem textos que chamam a atenção, possuem uma
narrativa relativamente curta e costumam ser envolventes, além de, muitas
vezes, colaborarem para a reflexão dos costumes, ao retratarem conflitos
pessoais ou vividos pelos mais diversos grupos sociais da atualidade entre a
juventude. Ao lermos ampliamos o vocabulário, conhecemos novas palavras e
aprendemos a usá-las em seus diferentes e ricos sentidos.
A leitura nos permite “ver” um assunto sob outras perspectivas, o que
estimula nossa capacidade de aceitar o novo e o diferente, bem como
desenvolver o senso crítico.
Nesse sentido, a função do professor foi propiciar aos alunos, condições
e novas alternativas para a prática de leitura e escrita, uma vez que a razão
fundamental do ensino de língua materna é tornar o aluno capaz de interpretar
diferentes textos que circulam socialmente.
A leitura dos contos foi uma ferramenta valiosa para a assimilação de
conhecimentos, além de ser importante instrumento colaborador do
desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo, pois uma das principais
características do jovem é a curiosidade e a busca por novas informações que
ampliem o seu universo.
A leitura não somente favorece a integração do indivíduo no seu
contexto socioeconômico e cultural, como também cria novas perspectivas no
sujeito, permitindo-lhe posicionar-se criticamente diante da realidade. Ler
desenvolve criticidade e criatividade, por isto “a atividade de leitura se faz
presente em todos os níveis educacionais das sociedades letradas. [...] seria
difícil conceber a escola onde o ato de ler não estivesse presente” (SILVA,
1996, p.31).
A presente proposta teve como principal objetivo despertar no educando
o prazer pela leitura, formando cidadãos e leitores críticos, capazes de lidar
com diversas situações cotidianas, um indivíduo letrado, com capacidade de
questionar um texto, acrescentar sua experiência e ler além das informações
óbvias, explícitas, que observa o implícito e constrói o significado. Acreditamos
que a busca por métodos de incentivo à leitura possa ser o grande diferencial
para a formação de leitores que sintam prazer no ato de ler.
Enfim, todas as atividades aqui propostas foram desenvolvidas com os
nossos alunos e elas possibilitaram o desenvolvimento da oralidade,
favoreceram a análise lingüística e atividades de escrita.
2 A IMPORTÂNCIA DO CONTO NAS PRÁTICAS DE LEITURA
A leitura e a escrita em sala de aula, são hoje um dos maiores desafios
para os educadores. Ler é uma das competências mais importantes a serem
trabalhadas com o aluno, principalmente após recentes pesquisas que
apontam ser esta uma das principais deficiências do estudante.
Para alcançar a tão sonhada cidadania, certamente serão necessárias
soluções construtivas de todos os setores de sociedade, principalmente o da
escola.
Ao lermos ampliamos o vocabulário, conhecemos novas palavras e
aprendemos a usá-las em seus diferentes e ricos sentidos.
A leitura nos permite “ver” um assunto sob outras perspectivas, o que
estimula nossa capacidade de aceitar o novo e o diferente, bem como
desenvolver o senso crítico.
O neurologista e professor da PUC, Ivan Izquierdo, em entrevista ao
Jornal Folha de Londrina, no mês de Outubro de 2010, afirmou que:
“o melhor instrumento que
possuímos para exercitar e manter a
memória saudável é mesmo a leitura.
Porque ao ler, a pessoa exercita
simultaneamente muitas variedades de
memória: de letras, de palavras, de
línguas, de objetos, de pessoas e a
memória visual.”
E o melhor de tudo isso é que a leitura não tem contraindicação e deve
ser iniciada o mais cedo possível, mas mantida durante toda a vida porque é
uma aliada da saúde mental.
O exercício da leitura é fator importante para que o sujeito possa atuar
de modo satisfatório em qualquer situação com que se depare no cotidiano,
contudo são muitos os obstáculos encontrados pelos professores no sentido
de despertar o interesse nos alunos por essa atividade.
A inserção de um projeto de contos contemporâneos, cujo tema é a
juventude, pode trazer para as atividades e para o espaço da sala de aula,
tantas vezes considerados tediosos e austeros, o caráter lúdico e de
interatividade tão desejado pelo jovem.
A possibilidade de estimular a leitura entre os alunos, apresentando o
conto, como um desafio que pressupõe algo produtivo e prazeroso pode levá-lo
a contribuir para a formação do leitor competente e autônomo. A leitura abre
horizontes, faz a diferença, oportuniza ao ser humano o direito a fazer opção, a
posicionar-se consciente e criticamente diante da realidade.
Para propiciar essa leitura, é preciso transformar a escola e a sala de
aula num ambiente estimulador das mais variadas situações de leituras, uma
vez que a leitura aproxima do saber, enriquece o vocabulário e é um dos
caminhos do sucesso, porque quem lê, fala bem, escreve bem e se comunica
bem. E a boa comunicação é a ponte que leva a grandes realizações.
Nesse sentido, a função do professor é propiciar ao aluno condições e
novas alternativas para a prática de leitura e escrita, uma vez que a razão
fundamental do ensino de língua materna é tornar o aluno capaz de interpretar
diferentes textos que circulam socialmente. Agindo desse modo o professor
estará desempenhando um trabalho que realmente tenha relevância.
Tendo em vista que quando a leitura é estimulada de forma criativa e
atraente, a mesma, possibilita a redescoberta do prazer de ler, a utilização da
escrita em contextos sociais e a inserção do adolescente no mundo letrado.
Muito se tem estudado sobre a história da teoria do conto. O conto
cumpre a seu modo o destino da ficção contemporânea. Posto entre as
exigências da narração realista, os apelos da fantasia e as seduções do jogo
verbal, ele tem assumido formas de surpreendente variedade. Ora é quase-
documento folclórico, ora a quase-crônica da vida urbana, ora o quase-drama
do cotidiano burguês, ora o quase-poema do imaginário às soltas, ora, enfim,
grafia brilhante e preciosa voltadas às festas da linguagem. Muitos teóricos da
literatura tentaram encaixar a forma-conto no interior de um quadro fixo de
gêneros. Na verdade, se comparada à novela e ao romance, a narrativa curta
condensa e potencia no seu espaço todas as possibilidades da ficção.
O conto não só consegue abraçar a temática toda do romance, como
põe em jogo os princípios de composição que regem a escrita moderna em
busca do texto sintético e do convívio de tons, gêneros e significados.
Quanto à invenção temática, o conto tem exercido, ainda e sempre, o
papel de lugar privilegiado em que se dizem situações exemplares vividas pelo
homem contemporâneo. O contista é um pescador de momentos singulares
cheios de significação. Inventar, de novo: descobrir o que os outros não
souberam ver com tanta clareza, não souberam sentir com tanta força.
O tema do qual sairá um bom conto é sempre excepcional, mas sem
querer dizer com isto que um tema deva ser extraordinário, fora do comum,
misterioso ou insólito. Pode tratar-se de uma história trivial e cotidiana.
O tempo e o espaço do conto têm de estar como que condensados,
submetidos a uma alta pressão espiritual e formal. Um conto é ruim quando é
escrito sem essa tensão que se deve manifestar desde as primeiras palavras
ou desde as primeiras cenas. O conto precisa causar um efeito singular no
leitor, muita excitação e emotividade.
Júlio Cortázar, em “Alguns aspectos do conto”, nos lembra:
“se não tivermos uma ideia viva do que
é o conto, teremos perdido tempo, porque um
conto, em última análise, se move nesse
plano do homem onde a vida e a expressão
escrita dessa vida travam uma batalha
fraternal, se me for permitido o termo; e o
resultado dessa batalha é o próprio conto, uma
síntese viva ao mesmo tempo que uma vida
sintetizada, algo assim como um tremor de
água dentro de um cristal, uma fugacidade
numa permanência. Só com imagens se pode
transmitir essa alquimia secreta que explica a
profunda ressonância que um grande conto
tem em nós, e que explica também por que há
tão poucos contos verdadeiramente grandes”.
Diversas são as definições para o conto, porém, todas chegam a
conclusão de que contos são narrativas do gênero literário da prosa de ficção.
Geralmente curtas, nas quais o escritor cria seus personagens e monta uma
determinada situação de maneira bem concisa. Frequentemente contam-se a
amigos histórias sobre acontecimentos da vida diária. Dessa forma, o escritor
precisa saber pintar – com poucos traços – pessoas, cenários e tramas que
sejam convincentes. Os personagens do conto são em geral retratados
rapidamente com poucos detalhes.
O conto originou-se num tempo em que nem sequer existia a escrita; as
histórias eram narradas oralmente ao redor das fogueiras das habitações dos
povos primitivos – geralmente à noite. Por isso o suspense, o fantástico, que o
caracterizou. Nos nossos tempos, em volta da mesa, à hora das refeições,
pessoas trazem notícias, trocam ideias e... contam casos.
Inicialmente, o conto fazia parte da literatura oral, com origem na
narrativa de mitos e lendas. Foi com Boccaccio, autor do Decamerão, que o
conto pela primeira vez ocupou um lugar entre as grandes obras universais.
O antigo e novo testamento também traz muitas outras histórias com a
estrutura do conto, como os episódios de José e seus irmãos, de Sansão, de
Salomé; as parábolas: o Bom Samaritano, o Filho Pródigo, a Figueira Estéril a
do Semeador, entre outras.
Maupassant dizia que escrever contos era mais difícil do que escrever
romances. Ele escreveu cerca de 300 contos e, segundo se diz, ficou rico com
eles.
Machado de Assis também não achava fácil escrever contos: “É gênero
difícil, a despeito de sua aparente facilidade”, (citado por Nádia Battella Gotlib
em Teoria do Conto).
Numa entrevista ao jornal Folha de São Paulo ( de 04 de fevereiro de 1996,
página 5 – 11 ), Moacyr Scliar ( 1937 ), conhecido como romancista e contista,
revela sua preferência pelo conto:
“Eu valorizo mais o conto como
forma literária. Em termos de criação, o
conto exige muito mais do que o
romance... Eu me lembro de vários
romances em que pulei pedaços, trechos
muito chatos. Já o conto não tem meio
termo, ou é bom ou é ruim. É um desafio
fantástico. As limitações do conto estão
associadas ao fato de ser um gênero
curto, que as pessoas ligam a uma idéia
de facilidade; é por isso que todo escritor
começa contista”.
Ítalo Calvino ( 1923 – 1985 ) em, Por que ler os clássicos, diz:
“Penso que, não por casualidade, a
nossa época (anos 80) é a época do
conto, do romance breve”.
Poe, que foi o primeiro teórico do gênero conto, dizia:
“Temos necessidade de uma
literatura curta, concentrada, penetrante,
concisa, ao invés de extensa, verbosa,
pormenorizada... É um sinal dos tempos...
A indicação de uma época na qual o
homem é forçado a escolher o curto, o
condensado, o resumido, em lugar do
volumoso” (citado por Edgard Cavalheiro
na introdução de Maravilhas do conto
universal ).
O conto sempre fascinou o ser humano. Nas palavras ditas ou escritas
de um bom narrador, os acontecimentos adquirem vida. É a arte da
imaginação, onde somos transportados para outro mundo real. Lá
acompanhamos os personagens em suas aventuras e em seus dramas e
compartilhamos suas alegrias e tristezas.
A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de busca de
informações que permitam ao professor ampliar e melhorar sua prática, para
que esta reflita em uma aprendizagem mais significativa.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre num ou
noutro gênero textual, um maior conhecimento do funcionamento dos gêneros
textuais é importante, tanto para a produção, como para a compreensão. Daí
dizer que os gêneros são modelos comunicativos. Servem, muitas vezes, para
criar uma expectativa no interlocutor e prepará-lo para uma determinada
reação. Bakhtin (2003) conceitua o gênero textual como:
“são tipos relativamente estáveis de
enunciado definidos, por seu conteúdo
temático, por seu estilo, por sua construção
composicional.”
Os gêneros que circulam socialmente contribuem para organizar e
estabilizar as atividades comunicativas. Cada gênero apresenta conteúdos
específicos de ensino a ele relacionados, elementos estes que fazem com que
o texto pertença àquele gênero e não a outro. Dentre todos os gêneros, escolhi
o conto para desenvolver meu trabalho.
Para Silva (2005, p. 24; SEED – Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa, p. 57):
[...] a prática de leitura é um
princípio de cidadania, ou seja, o leitor
cidadão, pelas diferentes práticas de
leitura, pode ficar sabendo quais são suas
obrigações e também pode defender os
seus direitos, além de ficar aberto às
conquistas de outros direitos necessários
para uma sociedade justa, democrática e
feliz.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (2001,
p.69) definem a leitura como:
“A leitura é o processo no qual o leitor
realiza um trabalho ativo de compreensão e
interpretação do texto, a partir de seus
objetivos, de seu conhecimento sobre o
assunto, obre o autor, de tudo que se sabe
sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair
informações, decodificando letra por letra,
palavra por palavra. Trata-se de uma
atividade que implica estratégias de seleção,
antecipação, inferências e verificação, sem os
quais não é possível proficiência.
(PCNs,2001)”.
De acordo com Hoffmann (1996, p. 20)
“A leitura faz com que o leitor entre num
processo de participação dos valores culturais
da humanidade! A pessoa que lê se torna mais
consciente da realidade que a cerca,
conseqüentemente se torna mais livre e
tornando-se mais livre torna se mais
responsável e dentro de uma linha de evolução
tornar-se-á mais feliz”.
Quanto à invenção temática, o conto tem exercido, ainda e sempre, o
papel de lugar privilegiado em que se dizem situações exemplares vividas pelo
homem contemporâneo. Se o romance é um trançado de eventos, o conto
tende a cumprir-se na visada intensa de uma situação, real ou imaginária, para
a qual convergem signos de pessoas e de ações e um discurso que os amarra
O contista é um pescador de momentos singulares cheios de
significação. Inventar, de novo: descobrir o que os outros não souberam ver
com tanta clareza, não souberam sentir com tanta força. Literariamente: o
contista explora no discurso ficcional uma hora intensa e aguda da percepção.
Numa entrevista ao jornal Folha de São Paulo ( de 04 de fevereiro de
1996, página 5 – 11 ), Moacyr Scliar ( 1937 ), conhecido como romancista e
contista, revela sua preferência pelo conto:
“Eu valorizo mais o conto como
forma literária. Em termos de criação, o
conto exige muito mais do que o
romance... Eu me lembro de vários
romances em que pulei pedaços, trechos
muito chatos. Já o conto não tem meio
termo, ou é bom ou é ruim. É um desafio
fantástico. As limitações do conto estão
associadas ao fato de ser um gênero
curto, que as pessoas ligam a uma idéia
de facilidade; é por isso que todo escritor
começa contista”.
Júlio Cortázar, em “Alguns aspectos do conto”, nos lembra:
“se não tivermos uma ideia viva do que
é o conto, teremos perdido tempo, porque um
conto, em última análise, se move nesse
plano do homem onde a vida e a expressão
escrita dessa vida travam uma batalha
fraternal, se me for permitido o termo; e o
resultado dessa batalha é o próprio conto, uma
síntese viva ao mesmo tempo que uma vida
sintetizada, algo assim como um tremor de
água dentro de um cristal, uma fugacidade
numa permanência. Só com imagens se pode
transmitir essa alquimia secreta que explica a
profunda ressonância que um grande conto
tem em nós, e que explica também por que há
tão poucos contos verdadeiramente grandes”.
O conto sempre fascinou o ser humano. Nas palavras ditas ou escritas
de um bom narrador, os acontecimentos adquirem vida. É a arte da
imaginação, onde somos transportados para outro mundo real. Lá
acompanhamos os personagens em suas aventuras e em seus dramas e
compartilhamos suas alegrias e tristezas.
4 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES
A implementação deste projeto de intervenção pedagógica foi
desenvolvida com uma das turmas das séries finais do Ensino Fundamental, do
Colégio Estadual Barão do Cerro Azul, em Ivaiporã.
No primeiro momento da implementação pedagógica do projeto de
leitura “Incentivo à leitura através de contos brasileiros contemporâneos”,
apresentei aos alunos do Ensino Fundamental, o material que seria utilizado
para o desenvolvimento do trabalho, destacando a importância do
desenvolvimento do gosto pela leitura.
Logo de início foi possível perceber o interesse e o entusiasmo da turma
em participar do projeto, nenhum dos envolvidos apresentou resistência.
Antes de iniciar as atividades propriamente ditas, pedi aos alunos que
respondessem alguns questionamentos orais sobre leituras realizadas por eles
no cotidiano. Os alunos responderam as questões e assim procederam de
forma atenciosa.
Após responderem aos questionamentos, disponibilizei aos alunos
diversos tipos de gêneros textuais: revistas, jornais que circulam no município,
gibis, livros de literatura (conto, romance, novela, teatro) e propus que ficassem
à vontade para ler o material exposto em sala de aula.
Em seguida, passamos a comentar algumas histórias lidas, suas
personagens, temas e relações com a realidade atual. Pude constatar que foi
um trabalho muito positivo, pois houve a participação de todos os alunos, eles
expuseram suas opiniões sobre os assuntos ali tratados, especialmente
focamos nosso olhar nos textos contos. Também foi feito um levantamento oral
para saber o que os alunos já sabiam a respeito de gênero textual.
No segundo momento, verifiquei junto aos alunos se já ouviram ou leram
algum conto e o que sabiam a respeito dele. Após isto fiz algumas explicações,
falando sobre as características do conto: a estrutura, o tempo, o espaço, a
temática, os personagens e o mecanismo de construção do conto.
Em outra oportunidade fomos até o laboratório de informática para um
aprofundamento maior sobre o conto. As pesquisas foram fixadas no quadro
mural na sala de aula. Os alunos participaram ativamente de todas as
atividades propostas.
Para a etapa seguinte o trabalho foi individual entre os alunos. Levei
para a sala de aula as obras pré selecionadas. Oportunizei tempo para que os
alunos pudessem confrontar seus livros com os dos colegas e também para
que os mesmos pudessem familiarizar-se com os contos. A leitura foi feita em
sala de aula, porém os educandos puderam levar os livros para casa e assim
continuar a leitura dos mesmos. Puderam também num outro momento fazer a
troca dos livros de contos entre eles, para que pudessem ter contato com
vários contos.
Para esta atividade pedi que formassem grupos de quatro alunos. Na
sequência, eles deveriam selecionar um conto mais impactantes para lê-los ou
contar para a classe. Após os contos terem sido selecionados pelos
educandos, fizemos um grande círculo em sala para a contação dos contos.
Obtive uma excelente participação de toda a classe neste trabalho.
No desenrolar do projeto, passei a distribuir livros de contos entre os
estudantes, pois eles queriam continuar a leitura em casa.
Dando sequência às atividades trouxe para sala de aula o conto: Uma
viagem dentro da noite, de Fernando Bonassi.
A leitura do conto foi realizada com os alunos em sala de aula. Logo
após a leitura, analisamos o espaço onde ocorreu o conflito e a importância
desse espaço para o conto.
Após a realização de atividades de interpretação e de reflexão sobre o
assunto ali tratado, foi proposto aos educandos a elaboração de um novo
desfecho. Eles deveriam escrever esta mesma história, dando um novo
desfecho. Foi uma oficina de produção de texto bastante proveitosa, pois
houve a participação ativa dos alunos. Eles produziram desfechos muito
criativos. Para finalizar, os alunos realizaram a leitura dos seus textos para toda
a classe, a qual dava total atenção a cada final de história que ia sendo
apresentado.
Outra atividade foi realizada com o conto: O primeiro beijo, de Clarice
Lispector. Pudemos destacar as seguintes características no conto:
• História curta.
• Poucos personagens.
• Ação limitada a poucos lugares (espaço limitado).
• Tempo limitado a um momento significativo na vida dos personagens.
• Focaliza um momento importante, conflituoso, na vida do personagem
principal. Para finalizar os estudantes fixaram no mural da sala de aula os
contos, juntamente com as outras informações já coletadas sobre o gênero
conto.
Foram realizadas ainda outras oportunidades de leitura de contos como:
O primeiro amor, de Ana Miranda e O sorriso de Lúcifer, de Moacyr Scliar.
Os alunos foram convidados a ler livremente os textos, sem cobranças
posteriores, apenas pelo prazer de ler. E eles adoraram o texto, o ato de ler foi
prazeroso, fomentando o gosto pela leitura e impulsionando o hábito de ler.
E para finalizar a implementação do projeto de leitura os alunos fizeram
um trabalho de pesquisa com o título: Alunos em ação.
JOVENS DE ONTEMX
JOVENS DE HOJE
O que mudou? O que continua igual?
Cada geração de jovens tem os próprios interesses, gostos e também
um certo tipo de atitude que a caracteriza. Isso costuma variar muito de
geração para geração, em virtude do contexto histórico e cultural de
determinada época em que vivem ou viveram.
Pensando neste contexto fizemos uma pesquisa com os jovens de
ontem e de hoje. O que pensam os jovens de hoje, quais seus desejos e
gostos? E o que pensavam os jovens de ontem?
De fato, este projeto desencadeou uma grande procura por livros de
contos. Organizamos uma estante de leituras de contos na biblioteca para que
os alunos realizassem leituras de textos desse gênero, o que resultou numa
prática mantida até os dias atuais e que, continuamente, iremos alimentar, pois
colhemos seus resultados.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho de pesquisa buscou fazer um estudo sobre a importância
dos contos para o desenvolvimento do gosto pela leitura. Por meio dele,
nossos alunos adquiriram um hábito saudável de leitura.
O tema dos contos trabalhados juventude veio de encontro aos
interesses da época pela qual estão vivendo. Trabalharam com grande
interesse, queriam conhecer os mistérios dessa fase, muitas vezes complicada
e conturbada para alguns dos jovens. Também expuseram seus dramas e
casos vividos, cada um queria narrar suas histórias. Foi muito gratificante poder
desenvolver junto a uma turma de jovens um trabalho grandioso como esse.
Pude no decorrer das atividades conhecer um pouco mais da vida desses
jovens, suas preferências, seus gostos, seus medos, suas angústias, suas
expectativas para o futuro, enfim seu dia a dia.
Quanto à participação dos alunos nos trabalhos, estes demonstraram
grande empenho e entusiasmo durante todas as etapas de desenvolvimento do
projeto. Como resultado deste investimento pedagógico, vimos o
desenvolvimento da expressão oral, da habilidade em leitura e em análise
linguística e de maior facilidade na escrita. Além disso, o trabalho favoreceu a
conscientização sobre o tema abordado.
Esta pesquisa tem o propósito de ser mais um subsídio à disposição
dos colegas professores para a formação de novos leitores. Por intermédio
deste estudo, foi possível constatar que a maioria dos educandos precisam
receber estímulos para que possam desenvolver o prazer e o hábito da leitura.
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Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003, pp.275-326
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<http://www.jackbran.pro.br/redacao/teoria_do_conto.htm>. Acessado em:
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2008.
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Auxiliadora (Orgs.) Gêneros textuais e ensino. Rio de janeiro: Lucerna, 2005
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GUIMARÃES, Ana Maria de M.; CASTILHOS, Daiane Campani; DREY,
Rafaela Fetzner. Gêneros de texto no dia-a-dia do Ensino Fundamental. 1.
ed. Mercado Letras, 2008.
Ladeira,Julieta de Godoy. Antologia de Contos Brasileiros
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fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 2001.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da
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SILVA, Ezequiel Theodoro da. A produção da leitura na escola. 2 ed. 5 imp.
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SILVA, E.T. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia da leitura. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.