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PEDRO HENRIQUE COLENCI SAHADE

INFLUÊNCIA DA DOENÇA PERIODONTAL COM O

NASCIMENTO DE BEBÊS DE BAIXO PESO E

PREMATUROS

Londrina

2016

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PEDRO HENRIQUE COLENCI SAHADE

INFLUÊNCIA DA DOENÇA PERIODONTAL COM O

NASCIMENTO DE BEBÊS DE BAIXO PESO E

PREMATUROS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção de diploma de graduação em Odontologia. Orientador: Prof. Dr. Fernanda Akemi Nakanishi Ito

Londrina 2016

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PEDRO HENRIQUE COLENCI SAHADE

INFLUÊNCIA DA DOENÇA PERIODONTAL COM O NASCIMENTO DE

BEBÊS DE BAIXO PESO E PREMATUROS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção de diploma de graduação em Odontologia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Orientador: Prof. Drª. Fernanda Akemi Nakanishi Ito

Universidade Estadual de Londrina - UEL

____________________________________

Profª. Maria Beatriz Bergonse Pereira Pedriali Universidade Estadual de Londrina - UEL

Londrina, _____de ___________de _____.

3

DEDICATÓRIA:

Á Deus, por sempre estar ao meu lado e ter me

dado forças para continuar e ao meu avô, que

hoje passeia ao redor de um lago limpo e puro,

lá no céu.

4

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais que sempre estiveram comigo, nos momentos bons e ruins;

A minha avó por sempre ser aquele porto seguro e feliz;

A minha tia e ao meu tio, pela força e apoio sempre;

Ao meu irmão, que sempre foi um fiel amigo;

Á Deus, que sempre esteve presente e sempre foi meu refúgio;

Aos meus amigos e amigas, que direta ou indiretamente contribuíram para a

conclusão desse trabalho;

E a mim, por sempre ter acreditado em meu potencial, por ter tido coragem de

enfrentar as mais difíceis situações e concluir de forma honrada esse curso.

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SAHADE, Pedro Henrique Colenci. Influência da doença periodontal com o nascimento de bebês de baixo peso e prematuros. 2016. 21 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2016.

RESUMO

A doença periodontal é o resultado do desequilíbrio entre agressão de microrganismos, fatores externos e a capacidade de defesa do hospedeiro. É uma infecção polimicrobiana, com microrganismos predominantemente anaeróbios gram negativos que podem disseminar para outras partes do corpo. Essa doença, durante a gestação, em conjunto com fatores genéticos, condição socioeconômica e demográfica, diabetes, hipertensão, estresse, estado nutricional materno, obesidade e o uso de tabaco, vem se tornando um importante fator de risco para o nascimento de bebês prematuros (menos de 37 semanas) e de baixo peso (menos de 2500g), principais fatores para a causa da mortalidade infantil, sendo considerado um problema de saúde pública. O objetivo deste trabalho é revisar a literatura sobre a relaçãoentre a doença periodontal com o nascimento de bebês prematuros e de baixo peso, onde foram selecionados artigos publicados nas bases de dados Pubmed, Bireme e Medline, publicados entre 1999 e 2016. A análise dos artigos demonstrou que o tema é controverso, onde alguns autores evindenciam claramente a associação entre a doença periodontal e o nascimento de bebês prematuros e de baixo peso, enquanto outros discordam desta relação. Porém, há um consenso de que a gestante deve realizar consultas odontológicas periódicas, a fim de manter o ambiente bucal livre de patógenos, evitando que complicações sistêmicas surjam das doenças bucais.

Palavras-chaves: Doença periodontal.Nascimento prematuro. Gestação.

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SAHADE, Pedro Henrique Colenci. Influence of periodontal disease with the birth of low birth weight and premature infants. 2016. 21 f. Course Completion Work (Graduation in Dentistry) - State University of Londrina, Londrina. 2016.

ABSTRACT

Periodontal disease is the result of the imbalance between microorganism aggression, external factors and the host defense capacity. It is a polymicrobial infection, with predominantly gram-negative anaerobic microorganisms that can spread to other parts of the body. This disease during pregnancy, together with genetic factors, socioeconomic and demographic condition, diabetes, hypertension, stress, maternal nutritional status, obesity and tobacco use, has become an important risk factor for the birth of preterm infants (less than 37 weeks) and low weight (less than 2500g), the main factors for the cause of infant mortality, being considered a public health problem. The objective of this study is to review the literature on the relationship between periodontal disease and the birth of preterm and low birth weight infants, where articles published in the Pubmed, Bireme and Medline databases published between 1999 and 2016 were selected. Demonstrated that the subject is controversial, where some authors clearly show the association between periodontal disease and the birth of preterm and low birth weight infants, while others disagree with this relationship. However, there is a consensus that the pregnant woman should perform periodic dental consultations in order to keep the oral environment free of pathogens, avoiding that systemic complications arise from oral diseases.

Keywords: Periodontal disease. Preterm birth. Gestation.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 8

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 10

3 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 16

4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 18

5 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 19

8

1 INTRODUÇÃO

As doenças periodontais são infecções polimicrobianas, principalmente

causadas por bactérias anaeróbias gram-negativas, que atingem o periodonto,

provocadas pela interação entre o biofilme e a resposta inflamatória do hospedeiro.

A doença periodontal é caracterizada por dois principais tipos: a gengivite, que é a

inflamação na gengiva e a periodontite, que envolve a destruição do tecido

conjuntivo, do osso alveolar que suporta os dentes, tendo a perda da inserção

clínica. O desenvolvimento e a progressão da doença periodontal num indivíduo são

englobados por fatores externos e internos. Dentre eles podemos citar fatores

genéticos, como por exemplo, os polimorfismos genéticos, diabetes, obesidade,

gravidez, uso de tabaco, medicamentos e nutrição.1-5

Existem evidências de que, as infecções podem ser um importante fator para

parto prematuro. Estudos recentes sugerem que a doença periodontal é um dos

fatores para que ocorra o nascimento de bebês de baixo peso e prematuros. As

principais causas de adversidades na gravidez estão ligadas com: infecções da mãe,

que são transmitidas para o feto; infecções da placenta; as infecções do próprio feto

ou alguma patogenia no útero, que agem em conjunto ou separadamente, causando

ruptura das membranas antes do período e com a interrupção da gravidez

propriamente dita. Os fatores de risco importantes incluem: história do nascimento

anterior prematuro; características demográficas (população carente e sem

informação); doença periodontal e fatores comportamentais; estado nutricional

materno; fatores ambientais; condições de obstetrícia atual, bem como marcadores

biológicos e genéticos; hipertensão; estresse; gravidez múltipla e diabetes.3,6-14

Os bebês nascidos em média pesam em torno de 3200g (variando entre

2500g-3900g). Pesos fora desse intervalo são considerados anormais, podendo

estar associado a patologia neonatal. O baixo peso ao nascer, definido como peso

ao nascimento inferior a 2500g, continua sendo um importante problema de saúde

pública. Partos prematuros (menos de 37 semanas completas de gestação),

juntamente com o baixo peso ao nascer, contribuem para a incapacidade a longo

prazo, problemas respiratórios, anomalias congênitas, problemas neurológicos e

comportamentais, sendo os principais causadores de morbidades e mortalidade

infantil. Um bebê prematuro ou de baixo peso tem maior risco de morrer e mais

9

propenso a sofrer de doenças físicas ou mentais e é considerado o maior problema

na medicina obstétrica.2, 3, 8, 11, 13

Os microrganismos presentes na cavidade bucal de um indivíduo portador

da doença periodontal, podem disseminar para outras partes do corpo, atingindo

níveis sistêmicos. A hipótese que liga a infecção subclínica e o nascimento de bebês

prematuros e de baixo peso sugere que, os microrganismos ou as toxinas

microbianas, como a endotoxina, entram na cavidade uterina durante a gravidez

pela via ascendente do trato genital inferior ou por via sanguínea, quadro esse que

se encaixa em um indivíduo portador de doença periodontal, que é uma doença

infecciosa crônica, que induz partos prematuros através de níveis sistêmicos

elevados de microrganismos patogênicos e suas endotoxinas, ou diretamente

através de mediadores inflamatórios, consequentemente, induzindo o parto

prematuro ou diminuindo a perfusão de nutrientes para o feto. As infecções

periodontais podem mediar o recém-nascido através de: contaminação da unidade

fetoplacentária pelos patógenos oriundos da região periodontal; efeitos do

lipossacarídeo (LPS); efeitos dos mediadores inflamatórios.3, 7

O objetivo desta revisão de literatura é debater sobre aspectos periodontais

e gestacionais, a influência que um tem sobre o outro, a relação entre a doença

periodontal e o nascimento de bebês prematuros e de baixo peso, afim de abordar

esse tema importante que vem sendo colocado em discussão por diversos autores.

10

2 REVISÃO DE LITERATURA

Em todos os grupos populacionais, o peso com que o bebê nasce, é o mais

importante fator de sobrevivência e de desenvolvimento de forma natural e saudável

para o recém-nascido. Com isso, o peso ao nascer tornou-se alvo de investigações

epidemiológicas e um alvo para intervenção no que tange a saúde pública. Devido

ao impacto universal dos altos custos para a saúde pública, tornou-se claro a

pesquisa sobre os fatores causais de tal anormalidade. O baixo peso ao nascer se

caracteriza como sendo o peso do recém-nascido inferior à 2500g, que pode ser

ocasionado devido a um período gestacional curto e/ou crescimento intrauterino

retardado. É o resultado de alterações em um sistema contínuo e estável, seguido

por um evento precoce ou mudança repentina no corpo da grávida.15

Os cuidados pré-natais podem afetar positivamente os resultados para

nascimento de bebês com alto risco de morbidades. Um dos aspectos importantes

se refere à educação em saúde, modificando comportamentos deletérios da mãe.

Aborto, principalmente no primeiro trimestre, está relacionado com desordens

anatômicas, genéticas, hormonais e doenças autoimunes. Durante a gravidez, a

mulher passa por diversas alterações imunológicas e hormonais. Com isso, aumenta

a susceptibilidade a patógenos intracelulares, aumentando a proliferação dos

mesmos durante a gestação.9, 15, 16

Os neutrófilos fazem parte da defesa imunológica do periodonto e qualquer

redução de sua eficácia antimicrobiana, teria um efeito direto sobre a evolução

clínica da doença periodontal, fazendo com que aumentasse a infecção, podendo se

espalhar para outras partes do corpo da mãe, pela corrente sanguínea, incluindo a

placenta. As alterações fisiológicas durante a gravidez têm efeitos diretos sobre a

interação hospedeiro-parasita, encontrada nessas infecções polimicrobianas. O feto,

como já dito, pode também ter influência no nascimento pré-termo, quando este

reconhece um ambiente intrauterino hostil, podendo precipitar o trabalho de parto

por meio da via de parto fetal-placentário. O aumento do risco tem sido associado

com excessiva presença de líquido amniótico contendo IL-1βou com uma

perturbação da biodisponibilidade e/ou bio-resposta desta citocina, que é

fundamental para a reação pró inflamatória contra estímulos infecciosos, fazendo

com que o ambiente intra-uterino se torne hostil para o feto, podendo provocar o

nascimento prematuro.2, 3, 6, 16

11

O periodonto inclui gengiva, osso alveolar, ligamento periodontal e cemento,

dando o suporte ao dente. As pessoas que apresentam anormalidades no

periodonto, são portadoras da doença periodontal, que é uma infecção

polimicrobiana, causado por bactérias anaeróbias gram-negativas, que atingem o

periodonto, provocadas pela interação entre o biofilme e a resposta inflamatória do

hospedeiro. O tipo mais frequente da doença periodontal é a chamada gengivite

(inflamação na gengiva), induzida pelo biofilme, caracterizada por alterações na cor

do tecido, no volume, na temperatura, no exsudato crevicular e pela presença de

sangramento após a sondagem periodontal. Em menor prevalência, encontra-se a

periodontite, também associada ao biofilme dental, que consiste em perda de

inserção, sangramento à sondagem e perda óssea detectada radiograficamente.

Muitos outros tipos da doença com sinais e sintomas graves têm sido classificados,

sendo menos prevalente que a gengivite e a periodontite, que são: relacionados a

condições sistêmicas; relacionados a síndromes genéticas.5

A doença periodontal é um grupo de doenças inflamatórias orais que tem

origem na biopelícula bacteriana, influenciadas por fatores de resposta do

hospedeiro. A destruição dos tecidos se dá, principalmente, devido à ativação de

células imunológicas por componentes da parede celular bacteriana. O corpo tende

a promover uma resposta frente a essa injúria, causando então, a destruição do

periodonto na patogênese da doença. Um crescente grupo de pesquisas sugere que

a doença periodontal inflamatória crônica, envolve uma falha nas vias de

restauração para reestabelecer a homeostase. 2, 3, 17

É certo que os microrganismos do biofilme são os agentes etiológicos

primários da doença periodontal. Os biofilmes são comunidades bacterianas com

matriz fechada que aderem uns aos outros. O epitélio que reveste a boca e as

superfícies dos dentes à nível clínico, constituem o substrato para a adesão desse

biofilme. As condições para que as bactérias possam começar a sua colonização

variam muito, dependendo do tipo de tecido, sua localização e a exposição a forças

de cisalhamento externas. O sulco gengival e a região do col (que faz a ponte entre

a papila gengival adjacente de dentes posteriores) favorecem a colonização

bacteriana de maneira protegida. Os colonizadores pioneiros incluem: espécies orais

dos gêneros Streptococcus, Veillonella, Prevotella, Neisseria, Gemellae outros.5

Desde a colonização inicial até a formação das comunidades à nível supra e

subgengival, o biofilme passa por etapas: colonização, crescimento de bacterias

12

comensais, integração e invasão de bactérias patogênicas. Tais patógenos

oportunistas começam a co-existir com os outros residentes do biofilme, até que

condições ambientais alteradas venham a favorecer a sua expansão e expressão de

suas propriedades patogênicas. As doenças periodontais são consideradas como

infecções oportunistas polimicrobianas. Estes incluem A. actinomycetemcomitans, P.

gingivalis, Tannerella forsythia, Treponema denticola, Prevotella intermedia,

Fusobacterium nucleatum, Eikenella corrodens, Campylobacter rectus, Parvimonas

micra, Streptococcus intermedius. Três espécies, P. gingivalis, T. forsythia e T.

denticola, o chamado ‘complexo vermelho’, estão implicados na progressão da

periodontite crônica.5

Toma-se como verdade a necessidade de intervenção odontológica para

tratamento da doença periodontal, que visa eliminar ou reduzir o risco de mulheres

grávidas de sofrerem o parto prematuro. A terapia periodontal não cirúrgica tem sido

eficaz na redução do aumento da quantidade de inflamação periodontal em

associação com a gravidez. Há um consenso geral de que as pacientes grávidas

podem receber atendimento de forma segura. Intervenções para reduzir a

morbidade e a mortalidade associadas com o nascimento do recém-nascido, podem

ser classificadas como: primárias, secundárias e terciárias. As intervenções

primárias são administradas em todas as mulheres, antes e durante a gravidez,

prevenindo e reduzindo o risco. As intervenções secundárias são destinadas a

eliminar ou reduzir os riscos em mulheres com riscos já conhecidos. As intervenções

terciárias são iniciadas durante ou perto do trabalho de parto, a fim de atrasar a

entrega ou para promover a saúde da lactante e do recém-nascido.16

O tratamento periodontal frequentemente é dividido em três fases: Controle

de doenças; fases cirúrgicas e manutenção. Algumas variações durante o

tratamento são necessárias, mas geralmente é aplicada essa sequência. A fase de

controle da doença também pode ser chamada de inicial, pois tem como função, a

eliminação dos patógenos subgengivais e biofilme, bem como os fatores que

influenciam na formação do mesmo. A higiene oral pessoal é de fundamental

importância no tratamento, sendo que os antissépticos também podem

desempenhar um papel na redução da placa. Dá-se início a fase cirúrgica, também

chamada de corretiva, após reavaliar minunciosamente a fase inicial, para constatar

se há ou não presença de infecção residual, ou se há risco de progressão da

doença, caracterizado por uma combinação de processos ressectivos e

13

regenerativos. A terceira fase, a de manutenção da terapia periodontal, também

chamada de suporte, se faz pela prevenção secundária da doença periodontal. Essa

fase só é introduzida após todos os sinais da doença terem sido eliminadas, ou

substancialmente reduzidas, com uma estabilidade dos tecidos e a saúde

periodontal, a longo prazo, ser altamente provável.5

O debridamento mecânico da superfície da coroa clinica e da raiz, tem sido

defendida como principal tratamento das doenças periodontais, removendo o cálculo

dentário. Várias outras terapias, como cauterização usando agentes térmicos ou

químicos, uso de adstringentes sobre os tecidos moles e duros e a remoção de

tecidos moles com o uso de curetas e lâminas cirúrgicas, tem sido defendido em

vários momentos e em várias culturas, como sendo o tratamento para doenças

periodontais. Hoje é aceito, de maneira universal, que a terapia periodontal eficaz

para a resolução das doenças periodontais, requer, inicialmente, a remoção da

inflamação, restabelecendo uma superfície radicular biologicamente limpa de

patógenos, com a remoção mínima de cemento. Os agentes antimicrobianos e

agentes de modulação do hospedeiro podem auxiliar no tratamento, junto com a

abordagem mecânica, com a remoção do cálculo dentário, através do debridamento

da superfície da coroa e da raiz.5

O sucesso na resolução da doença periodontal é alcançado quando a

progressão da doença é interrompida ou significantemente reduzida. A avaliação do

sucesso do tratamento se resume clinicamente na redução do sangramento à

sondagem e a diminuição da profundidade de sondagem, tendo ganhos em nível

clínico de inserção e otimização do controle de placa. A avaliação microbiológica

pode desempenhar um papel útil para orientar a terapia, para saber qual o fenótipo

da doença periodontal.5

A possível relação entre a doença periodontal e o nascimento de bebês

prematuros e de baixo peso, fez com que diversos estudos fossem realizados, a fim

de investigar a veracidade e comprovar se existe ou não essa relação. Um estudo

transversal realizado com 152 mulheres brancas, com a idade entre 14 e 39 anos,

com o objetivo de avaliar a associação entre mães com doença periodontal e o

nascimento de bebês prematuros. Foram divididas em 3 grupos: Grupo saudável (38

mulheres); Grupo gengivite (71 mulheres); Grupo periodontite (43 mulheres). O peso

dos bebês foi registrado no momento do nascimento. A incidência total de bebês

prematuros e de baixo peso foi de 5,3% e 4,6% respectivamente. A incidência de

14

baixo peso ao nascer foi de 3,5% em gestações no tempo certo e de 25% em bebês

prematuros. A conclusão deste estudo foi que a doença periodontal em mulheres

grávidas caucasianas, com idade superior a 25 anos é estatisticamente associada

com o nascimento prematuro e de baixo peso, aumentando as evidências entre essa

associação. 11

Foi feito um estudo com o objetivo de determinar a influência da doença

periodontal com o nascimento de bebês prematuros e de baixo peso. O estudo

incluiu 96 mulheres, onde foram analisadas no primeiro, segundo e terceiro

trimestre, avaliando o índice de placa e profundidade de sondagem. Das 96

mulheres grávidas, 89 tiveram bebês, sendo 16 prematuros e 7 com baixo peso ao

nascer, havendo 7 abortos, todos no segundo trimestre. Não houve relação entre o

baixo peso e o índice de placa. Observou-se uma relação entre o nascimento de

bebês de baixo peso e a profundidade de sondagem. Os autores concluíram que a

doença periodontal é um fator de risco significante para o baixo peso ao nascer, mas

não para o nascimento de bebês prematuros. 10

Outro estudo, com a finalidade de testar a ligação entre a doença periodontal

em mulheres grávidas com a prematuridade e o nascimento de bebês de baixo

peso. O estudo transversal incluiu 449 grávidas do sul do Brasil, que foram

examinadas e entrevistadas em até 48 horas após o parto. Foram investigados três

resultados: Baixo peso ao nascer; Prematuridade; Prematuridade e baixo peso ao

nascer. A doença periodontal foi definida como pelo menos um sítio com bolsa

periodontal e a presença de bolsa em quatro ou mais sítios. Os resultados indicaram

que não houve associação entre doença periodontal e baixo peso ao nascer. A bolsa

periodontal não foi associada com baixo peso ao nascer e ou nascimento prematuro.

A bolsa periodontal em pelo menos um local foi associado à prematuridade. Após a

introdução de variáveis em relação à saúde materna durante a gravidez, essa

associação desapareceu. O estudo concluiu que não foi encontrada associação

entre a doença periodontal materna e o baixo peso ao nascer. Uma associação

entre prematuridade e bolsas periodontais apareceu, mas foi confundida por

variáveis da saúde materna.18

Um coorte com 81 mulheres da Croácia, com idades entre 18 e 39 anos, a

fim de testar a força e a influência da periodontite como fator de risco para

nascimento de bebês prematuros e de baixo peso. Nascimentos prematuros foram

definidos como partos espontâneos com menos de 37 semanas completas de

15

gestação, que foram seguidos por trabalho de parto espontâneo ou ruptura

espontânea das membranas. Controles, foram partos normais durante ou após 37

semanas completas de gestação. Exame periodontal foi realizado em todas as

mães. Os resultados mostram que os casos de nascimentos prematuros tinham

estado periodontal pior do que os controle. Concluiu-se que a doença periodontal

apresenta um forte fator de risco para o nascimento prematuro. Existem importantes

indicadores de que a terapia periodontal deve fazer parte do pré-natal na Croácia.2

16

3 DISCUSSÃO

No período gestacional, a atenção à saúde bucal da mãe, deve ser

redobrada, devido a maior prevalência de anormalidades, como a hiperemia, o

edema e a maior tendência de sangramento gengival. A maior produção dos

hormônios femininos durante a gravidez pode ser considerada como o responsável

pela exacerbação da reação inflamatória gengival, devido sua ação vasodilatadora.

O aumento dos níveis de estrogênio faz com que diminua a queratinização do

epitélio e acúmulo de água no tecido conjuntivo, aumentando a permeabilidade do

sulco gengival à ação das bactérias, favorecendo assim, o transporte das toxinas

bacterianas. Já a progesterona, (ambos hormônios aumentados devido à gravidez),

possui ação vasodilatadora, que faz com que aumente a produção de

prostaglandina, desempenhando ação de quimiotaxia inicial para os neutrófilos,

aumentando a ação do estrogênio, resultando, então, numa maior permeabilidade

tecidual, implicando na elevação da passagem de bactérias do sulco para o

conjuntivo.19, 20

Como já foi dito, uma das causas para o nascimento de bebês prematuros e

de baixo peso, pode estar relacionado com um foco de infecção presente na mãe

que é transmitida para o feto. A infecção causada pelas bactérias presentes no

biofilme dental da mãe com o quadro de doença periodontal, pode ser uma das

causas responsáveis para este evento. As bactérias liberadas dos biofilmes

localizados em bolsas periodontais, podem entrar na corrente sanguínea a partir de

ulcerações no epitélio da bolsa e colonizar outras partes do corpo. Além disso,

podem excitar reações inflamatórias nos tecidos afetados, estimulando a liberação

de citocinas pró-inflamatórias ou proteínas de fase aguda, contribuindo para uma

inflamação sistêmica.5

A doença periodontal é um reservatório para a disseminação hematogênica

de bactérias orais e mediadores inflamatórios para a unidade materno-fetal. Uma

bacteremia de baixo grau ou uma circulação de mediadores inflamatórios tais como

a interleucina, poderia ter um efeito deletério até mesmo para órgãos distantes,

como o útero em período de gestação. Tendo em vista esse processo, uma relação

entre a periodontite e o nascimento prematuro, se resume numa tendência

generalizada para a produção excessiva de mediadores inflamatórios em resposta a

infecção. 9, 16

17

As endotoxinas das bactérias gram-negativas encontradas no periodonto de

uma pessoa infectada pela doença periodontal, entra na circulação em níveis

suficientemente altos para estimular a produção de mediadores inflamatórios, tais

como a prostaglandina, pelo âmnio, criando um ambiente hostil para o feto. Em outro

ponto, as bactérias do periodonto infectado conseguem atravessar a placenta e

alcançar níveis elevados para estimular o desenvolvimento do feto para produção de

anticorpos IgM contra esses patógenos, encontrado no sangue do cordão umbilical

dos bebês prematuros, evidenciando a exposição do feto a esses patógenos. A

infecção do fluído amniótico tem se mostrado como sendo uma complicação da

gravidez e possível causa dos nascimentos prematuros. O acesso pelo útero das

bactérias orais, parecem retardar o crescimento fetal.16

Com a contaminação da unidade fetoplacentária, através da diminuição dos

nutrientes da mãe para o feto ou da redução dos fatores de crescimento, o

nascimento do bebê se dá de forma prejudicial, fazendo com que ele nasça com

baixo peso. Já no caso do parto prematuro, ele se dá a partir da contaminação da

unidade fetoplacentária também, que irá inflamar os receptores do tipo Toll 4,

importante na imunidade inata, além de começar a produção de PGE2, que ao se

ligar ao receptor EP3, promove maior contração do músculo liso da unidade uterina

e ambos irão induzir o nascimento prematuro, através da ruptura das membranas e

contração do útero. Já alguns, afirmam que não há evidências suficientes para essa

afirmativa, julgando que não há amostras suficientes e que os achados na literatura

se mostram com pouca consistência devido à diferença entre os grupos

populacionais e os métodos utilizados para avaliar, para a conclusão de que a

doença periodontal irá influenciar no nascimento de bebês prematuros e de baixo

peso.21

18

4 CONCLUSÃO

Com a revisão feita a partir dos estudos, para alguns autores, fica clara a

evidência da influência da doença periodontal com o nascimento de bebês de baixo

peso e prematuros, com a prerrogativa de que essa influência se dá a partir das

bactérias presentes na boca, que entram na corrente sanguínea e induzem a

resposta imune do hospedeiro, que através de citocinas pró inflamatórias que irão

sinalizar para as células de defesa combater essa invasão dos patógenos, gerando

a inflamação, além dos mediadores inflamatórios, que vão reativar ou aumentar a

inflamação, tentando impedir ou barrar a sua progressão, gerando então uma

instabilidade e uma quebra da homeostase, criando um ambiente hostil para o feto.

Esse tema se mostra controverso na literatura, sendo necessário mais estudos, com

uma mesma abordagem nos métodos de avaliação das mães e a relação ou não

com o nascimento de bebês prematuros e de baixo peso. Fica a critério do Cirurgião

Dentista, expandir às áreas de conhecimento acerca da Doença Periodontal e a

influência da mesma com as desordens sistêmicas, aumentando assim, a

assistência ao paciente, em conjunto com a comunidade médica, para o tratamento

definitivo e mesmo com essa controversa, chega-se há um consenso que,

independente se há ou não essa relação, as gestantes devem sim fazer consultas

periódicas com o Cirurgião Dentista, a fim de manter o ambiente bucal livre de

patógenos, evitando assim que complicações sistêmicas surjam das doenças

bucais.

19

REFERÊNCIAS

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