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Caros leitores e colegas!Com mais esta publicação pretende a Info colocar perante vós alguns exemplos dasboas práticas na actividade da nossa Engenharia, patentes em obra feita, assimcomo olhar para o futuro que apresenta enormes desafios. Muita preparação, muito trabalho, muito inconformismo e já agora irreverênciaquanto baste serão necessários para que exploremos as oportunidades damudança de paradigmas.O nosso congresso, este ano sob o tema da “Engenharia ao Serviço do País”, foioportunidade de discussão sobre os problemas da Engenharia e dos engenheirosabarcando temas tão abrangentes como a dependência energética, o bem-estar doscidadãos e o ensino da Engenharia, neste momento em adaptação aos desafios deBolonha. Se a Engenharia e o trabalho dos engenheiros são locomotiva de desenvolvimentoda sociedade e reconhecidos como tal, também ficou na mente de quem aostrabalhos do congresso esteve atento a necessidade de ao engenheiro serreconhecida competência para retomar o papel de gestor nas empresas eorganismos deste país. O advogado e o economista, correcto! Mas… o engenheiro,de novo, também!Perante uma sociedade alicerçada nas tecnologias e portanto cada vez maisdependente da oferta de Engenharia especializada, a Ordem dos Engenheiros (OE)tem obrigação de se lançar num debate profundo para que fique apta a responderde forma eficiente às necessidades do mercado. Através da credibilização ecertificação das suas especializações que deverão resultar de uma clarificação dascompetências como atributo dos engenheiros para o desempenho de tarefasespecíficas. Trata-se de uma tarefa difícil, não impossível, para a qual é obrigaçãodas Ordens, com particular pertinência na nossa, lançar mãos à obra de formaaberta e, indispensável num engenheiro, competente. Foi a olhar para os bons exemplos dos seus profissionais que a Região Norte, nopassado dia 21 de Outubro e a propósito da comemoração do seu Dia Regional,decidiu homenagear o paradigma do rigor e profissionalismo, consubstanciadosnum engenheiro: Belmiro de Azevedo, o colega Belmiro de Azevedo que soube,sabe e saberá utilizar a sua competência ao serviço do empreendedorismo, numavida onde a Engenharia e a competitividade têm caminhado lado a lado.Aqui cabe à Info associar-se fazendo eco e convidando o homenageado a uma cadavez maior intervenção na vida da nossa Ordem e, porque não, nas nossas páginas. Optimizar a rentabilização dos recursos de Engenharia é o mote que a RegiãoNorte persegue associando-se a todas as iniciativas que visam contribuir para oseguro caminhar na espiral do conhecimento através da formação continuada dosseus membros, a par da disseminação das melhores práticas. É esta a nossapostura espelhada na associação com diversos actores da sociedade, na região e nopaís, com vista a, de forma responsável, contribuir para a eficiência nos váriossectores da economia nacional de que são exemplo recente o sector da Construçãoe da Energia e que têm vindo a ser partilhados com os leitores.

Maria Teresa Ponce de Leãotesoureira da OERN

índice4 6OpiniãoNotícias

Entrevista 1612Vida Associativa

24Disciplina

32Destaque

31Perfil Jovem

34Engenharia no Mundo

36Perguntas & Respostas Técnicas

Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região Norte.Director: Luís Ramos ([email protected].).Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Luís Leite Ramos, FernandoAlmeida Santos, Maria Teresa Ponce de Leão, António Machado e Moura, JoaquimFerreira Guedes, José Alberto Gonçalves, Aristides Guedes Coelho, Hipólito Camposde Sousa, José Ribeiro Pinto, Francisco Antunes Malcata, António FontainhasFernandes, João da Gama Amaral, Carlos Vaz Ribeiro, Fernando Junqueira Martins,Luís Martins Marinheiro, Eduardo Paiva Rodrigues, Paulo Pinto Rodrigues, AntónioRodrigues da Cruz, Maria da Conceição Baixinho.Redacção: Susana Branco (edição), Liliana Marques, Natércia Ribeiro, SóniaResende e Rita Machado.Paginação: Paulo Raimundo.Imagens: Arquivo QuidNovi e Getty Images/ImageOne.Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi. Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229388155.www.quidnovi.pt. [email protected]ção trimestral: Out/Nov/Dez – n.º 10/2006. Preço: 2,00 euros. Tiragem: 12500 exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89.Contactos Ordem dos Engenheiros – Região Norte:Jorge Basílio, secretário-geral da Ordem dos Engenheiros – Região Norte.Sede: Rua Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto. Tel. 222 071 300. Fax.222002876. http://norte.ordemdosengenheiros.ptDelegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga. Tel. 253269080. Fax. 253269114.Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1º/Fracção AL. Edifício Celas – 5300-252 Bragança. Tel. 273333808.Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1º/sala 1 – 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258823522.Delegação de Vila Real: Av. 1º de Maio, 74/1º dir. – 5000-651 Vila Real. Tel. 259378473.

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editorial

Ficha Técnica

Lazer

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Agenda

3434

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O mundo enfrenta hoje um processo detransformação acelerado do contextoeconómico e social que coloca três novosdesafios:1 – o novo quadro de globalização:– maior número de economias abertas(Rússia, América Latina, China e Índia)– mercados homogéneos e heterogéneos2 – o domínio de tecnologias avançadas,tecnologias de informação, biotecnologia,nanotecnologias:– a tecnologia como principal fonte devantagem competitiva3 – Redes e parcerias onde os outputsfundamentais são não só tangíveis produtivas, mastambém intangíveis.Este tempo é para os engenheiros um tempo de mudançae uma oportunidade de participar activamente noprocesso de desenvolvimento de países como Portugal eque tem a ambição de recuperar atrasos estruturais evoltar à primeira linha do progresso e dodesenvolvimento.É por demais evidente o contributo da qualificação para odesenvolvimento nacional. A Qualificação/Formação é achave para mais crescimento económico, mais emprego emais coesão social. Os recursos humanos de um paíspermitem o aproveitamento do processo dedesenvolvimento económico, social e cultural. No meu entender a Ordem dos Engenheiros tem comopropósito fundamental contribuir para o progresso daEngenharia, estimulando os esforços e competências dosseus associados nos domínios científico, profissional esocial, bem como o cumprimento escrupuloso das regrasde ética profissional.Um dos objectivos principais da Ordem dos Engenheirosé promover o nível de qualificação dos activosempregados ou em risco de desemprego que carecem dereciclagem ou de actualização das suas competências,face à iminente obsolescência dos seus conhecimentos,assim como daqueles que necessitam de umaprofundamento dessas competências, numa perspectivade inovação organizacional ou de adaptação a novosequipamentos, métodos ou contextos de trabalhoinerentes ao desenvolvimento empresarial.Assim, queria aqui testemunhar a realização pela Ordemde um enorme esforço nessa área, prosseguindo aactividade já levada a cabo desde 2005, por iniciativa

apresentada pela delegação de Braga, juntodo Conselho Directivo da Região Norte eque se traduz numa nova candidaturaapresentada ao Programa OperacionalEmprego, Formação e DesenvolvimentoSocial (POEFDS). Durante o ano de 2006, aOrdem dos Engenheiros – Região Nortelevou a cabo um plano de formaçãoprofissional financiado, destinadoespecificamente aos seus membros, comenorme sucesso e participação.Conseguindo descentralizar a realização dealgumas acções de formação a nível distrital(Porto, Braga, Viana, Vila Real e Bragança),

optámos por descentralizar a nível concelhio (Guimarães,Vila Nova de Famalicão e Barcelos). No meu entender, a Ordem dos Engenheiros – RegiãoNorte deve continuar a evidenciar uma enormepreocupação com a formação dos engenheiros,reconhecendo que os seus associados não poderãoencarar a Licenciatura como o fim da sua formação, poisos avanços organizacionais, tecnológicos e os outrosníveis verificados na sociedade exigem uma aprendizagempermanente e a formação contínua e ao longo da vida.Esta consideração estratégica deve levar a Ordem dosEngenheiros – Região Norte a continuar a dinamizarprojectos inovadores, que melhorem a qualidade doemprego e a competitividade das empresas, em áreasmenos tradicionais para os engenheiros, como a gestão, ainovação, a segurança na construção e a construçãosustentável ou outros aspectos de interesse onde serevelem haver falhas de mercado. O recurso a metodologias de formação que permitam ainteriorização do conhecimento nas empresas e o reforçoda sua situação competitiva, em domínios tãoimportantes como são os factores intangíveis dacompetitividade, orientando o investimento das empresaspara a gestão da inovação pela introdução de novosprocessos de gestão.Queria terminar com um agradecimento muito especial aomeu amigo e colega engenheiro Paulo Rodrigues por terapostado em mim, tendo-me permitido a realização deum sonho, contribuindo para a melhoria da formação dosengenheiros. Um agradecimento também especial aoprofessor Machado e Moura, com quem tive oportunidadede trabalhar nestes dois últimos anos, pela forma sensatae cordial com que coordenou o grupo de trabalho.

Qualificar para vencer!

Paulo Vargas, engenheiro electrotécnico

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Construção de novoedifício do INEGIarrancou em Agosto

Depois de mais de uma década deesforços o Instituto de EngenhariaMecânica e Gestão Industrial (INEGI)vê, finalmente, o projecto deconstrução de novas instalaçõestornar-se realidade. As obras, quearrancaram no passado dia 4 deAgosto, a cargo da empresa Lucio’sConstrução e Obras Públicas, estarãoconcluídas no final do próximo ano.

O novo edifício do INEGI, que ficarásituado no Campus da Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto(FEUP), terá uma área total de 7609m2 e um custo de cerca de 5 milhõesde euros. Do custo total perto de 3milhões de euros são disponibilizadospelo Programa Prime, Medida 5.1,Acção B.Para o professor Augusto Barata daRocha, presidente da direcção do INEGI,o novo edifício trará “enormes vantagenspara a actividade do INEGI, poispermitirá criar condições de trabalhoadequadas à realidade tecnológica do

instituto e, inevitavelmente, aumentaráos níveis de motivação dos seuscolaboradores”. Por outro lado, ainclusão no Campus da FEUP aumentaráa proximidade entre o INEGI e oDepartamento de Engenharia Mecânica eGestão Industrial (DEMEGI) da FEUP,com “claros reflexos na qualidade doensino e uma maior aproximação entredocentes e alunos nas actividades deInvestigação, Inovação eDesenvolvimento”, refere.Entretanto, tendo em conta que emDezembro de 2007 as obras do novoedifício estarão concluídas e nosprimeiros meses de 2008 se daráinício ao processo de transferência detodos os meios físicos e humanos doinstituto para as novas instalações, oINEGI colocou à venda as suasactuais instalações no ComplexoIndustrial do Barroco, em Leça doBalio. Constituídas por pavilhõesindustriais e escritórios, as actuaisinstalações do INEGI encontram-seestruturadas em sete fracções etotalizando 4677 m2. A sualocalização, junto à EN 14 (Via Norte)e futuro nó da A4, é “um dos seuspontos fortes, pois permite acessofácil às principais artérias do GrandePorto”, salienta o professor JorgeLino, vice-presidente da direcção doINEGI, acrescentando ainda que“estamos a dar início ao processo devenda das actuais instalaçõesatempadamente para que, na devidaaltura, a passagem do INEGI para oCampus da FEUP e a cedência destasinstalações para os eventuaiscompradores seja feita de formaorganizada”.Todas as informações sobre oprocesso de venda das actuaisinstalações do INEGI podem serobtidas através do [email protected] ou do número detelefone 22 957 87 10.

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NASA atribui prémio a investigador do INEGI

O NASA H.J.E. Reid Award forOutstanding Scientific Paper foiatribuído ao artigo “Failure criteria forFRP laminates”, publicado na edição39 do Journal of Composite Materials,em 2005, da autoria do investigador doInstituto de Engenharia Mecânica eGestão Industrial (INEGI) PedroCamanho e dos investigadores doNASA Langley Research Center, CarlosDávila e Cheryl Rose.O artigo em questão resulta de umacolaboração prévia entre a NASA e oINEGI, “no contexto de um programamais amplo que tem como objectivodesenvolver modelos analíticos ecomputacionais para projectarestruturas fabricadas em materiaiscompósitos avançados”, como refere oprofessor Pedro Camanho. A colaboração, que existe desde o ano2000, “irá continuar nos próximosanos no âmbito de um projecto de

investigação financiado pela NASA eque decorrerá no INEGI”, assegura oinvestigador. Nesta colaboração, entreo INEGI e a NASA, têm sidodesenvolvidos modeloscomputacionais para a simulação docomportamento mecânico de materiaiscompósitos avançados que, entretanto,foram implementados, por exemplo,no código de elementos finitosABAQUS, utilizado por companhiascomo a AIRBUS, BOEING ou LockheedMartin.Sobre o artigo publicado e ao qual foiatribuído o NASA H.J.E. Reid Award forOutstanding Scientific Paper, esteapresenta novos critérios de roturapara materiais compósitos laminados,ou seja, materiais plásticos reforçadoscom fibras (normalmente fibras decarbono ou de vidro). Estes materiaissão utilizados em várias indústrias, emparticular na indústria aeroespacial.“As estruturas fabricadas nestesmateriais são, frequentemente,projectadas de uma forma empírica ecom recurso a vários ensaios

experimentais. Os critérios de roturaque desenvolvemos permitem prever,com rigor, os diferentes tipos de danoque ocorrem nestes materiais ecompreender melhor o seucomportamento mecânicomelhorando, desta forma, a qualidadedo projecto e evitando ensaiosdispendiosos. Os resultados irão serimplementados em vários códigos deprojecto, como por exemplo noESACOMP”, esclarece o investigadordo INEGI.Para o professor Pedro Camanho que,além de ser investigador do INEGI édocente na Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto, se encontrade Licença Sabática no NASA LangleyResearch Center (Hampton, Virginia,USA) a investigar efeitos de escala nafractura de compósitos laminados,este prémio “é um reconhecimentomuito importante do trabalhosistemático sobre a integridadeestrutural de materiais compósitos quetemos desenvolvido em colaboraçãocom a NASA. É também gratificanteverificar que a investigação quedesenvolvemos tem um impactosocial, na medida que irá ser utilizadapela indústria aeroespacial paraprojectar, de forma mais rigorosa,segura e económica, as estruturasfabricadas em materiais compósitos”.

JAVA5 em livroportuguês

A editora FCA lançou recentemente oprimeiro livro português sobre alinguagem JAVA5, da autoria doprofessor Mário Martins, doDepartamento de Informática daUniversidade do Minho.A linguagem JAVA sofreu uma enormetransformação com o lançamento de

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JAVA5 “Tiger”, tendo sido introduzidosos tipos parametrizados, wildcards,novos iteradores, auto-boxing-unboxing, tipos enumerados e classesgenéricas. Estas novas construçõesfazem de JAVA5 uma nova linguagemde programação por objectos,tornando obsoletas versões anterioresde JAVA. O livro agora lançado pelaFCA aborda todas estas construçõesde forma aprofundada e com muitosexemplos de utilização.

OERN no FórumEmprego 2006

O presidente do Conselho Directivo daOrdem dos Engenheiros – RegiãoNorte (OERN), Gerardo Saraiva deMenezes, foi um dos oradoresconvidados para a conferência“Integração Profissional:competências, estratégias e opções”,no âmbito do Fórum Emprego 2006.Realizado na Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto (FEUP),entre os dias 25 e 28 de Setembro,este evento visou reforçar as ligaçõesentre a universidade e as empresas,estabelecendo uma aproximação realentre o tecido empresarial português eo meio universitário. A mesa de palestrantes, moderadapelo professor da FEUP AntónioMachado e Moura, foi ainda ocupadapor Daniela Amorim, do grupo deconsultoria EGOR, Joana Abreu ePaulo Cruz, em representação daSiemens, e Paula Melo e JoãoCharradas, da Deloitte (umaassociação mundial de sociedadesdedicadas à prestação de serviçosprofissionais de excelência, nas áreasda auditoria, impostos, consultoria eassessoria financeira). Nesta conferência ficou claro que

“cada vez mais o mercado exigeequipas multidisciplinares e serapenas tecnicamente brilhante nãochega”. Desde logo na intervençãosobre as “As competênciastransversais e sua valorização noâmbito do mercado de trabalho”,Daniela Amorim explicou que hoje emdia o conceito de competência assentanuma mudança de paradigma, ouseja, “mais do que o saber importa osaber agir ou reagir e mais do quesaber fazer é preciso querer agir. Destaforma, o indivíduo torna-se noempresário e gestor das suas própriascompetências”. A mesma ideia foireiterada por Joana Abreu, quandofalava sobre “Competênciasprofissionais – Expectativas de umempregador”, que realçou osaspectos comportamentais e técnicosque são esperados pelo empregador:“As capacidades técnicas de umcandidato podem sempre serdesenvolvidas, mas aquilo queverdadeiramente o distingue são assuas características

comportamentais”. De resto, comoafirmou Joana Abreu, a Siemens divideas competências comportamentais emquatro vectores, que são a capacidadede iniciativa e criatividade; acapacidade de análise e decompreensão; a capacidade decomunicar e o trabalho de equipa.Sobre “Consultoria na área daEngenharia”, Paula Melo começou porlembrar que a Deloitte ocupa aprimeira posição no ranking daprestação de serviços integrados e queé também líder de escolha em termosde talentos. “Um terço da nossaprática são engenheiros das diversasáreas”, diz. A versatilidade dasespecialidades de Engenharia foiilustrada com apresentação deexemplos de projectos distintos peloengenheiro informático JoãoCharradas e também por Paulo Cruz.Este engenheiro químico da Siemenscitou mesmo o seu exemplo particular,enquanto gestor da inovação e doconhecimento na área deequipamento médico Medical

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Solutions, para dizer que ascompetências técnicas são muitovastas: “Para esta área que é tãopeculiar e se situa entre a Engenhariae os equipamentos clínicos, o tipo depessoas que procuramos deverão sertambém gestores de projectos. Nósnão vendemos um equipamentoisolado, mas entregamos a chave.Vendemos sim soluções”.A fechar o lote dos subtemas destaconferência, as “Condições de acessoà actividade profissional: A Ordem dosEngenheiros”. Nesta matéria opresidente do Conselho Directivo daOERN, Gerardo Saraiva de Menezes,advertiu para o facto de que “todos osramos da Engenharia têm umacomponente de confiança pública quedeve ser protegida, acautelada ecertificada e é esse o papel principalda Ordem”. Enquanto organismos doEstado e associações que se ocupamde todos os aspectos inerentes aoexercício da profissão, nos domíniosdeontológico e disciplinar, as Ordenssão necessárias. Segundo oengenheiro Gerardo Saraiva deMenezes, “faz sentido que existam asordens, pois estas contribuem para oprogresso da Engenharia, promovendoo cumprimento das regras de éticaprofissional”. Questionado sobre a certificação dasdiversas engenharias, ao abrigo doProcesso de Bolonha, o presidente daOERN foi peremptório: “Por vontadeda Ordem, os cursos acreditadosdeveriam ser mestrados integrados.Três mais dois não é igual a cincoanos”. Finalmente, o engenheiro GerardoSaraiva de Menezes lembrou que ogrupo etário com mais peso dentro daOERN situa-se entre os 25 e os 34anos, enaltecendo a entrada desangue novo na instituição: “A entradade novos engenheiros poderá ajudar a

Ordem a voltar-se mais para omercado de trabalho e não tanto paradentro das universidades”.

Encontro Nacional do Colégio de EngenhariaInformática

Organizado pelo Colégio deInformática da Região Norte terá lugarno próximo dia 2 de Dezembro, noPalácio Vila Flor (em Guimarães), oEncontro Nacional do Colégio,subordinado ao tema “Gestão do Riscoem Informática”. Através de um painel de oradoresconvidados, constituído porespecialistas das maiores empresasnacionais e estrangeiras e poracadémicos com trabalho na área,procurar-se-á ter uma visão abrangentedo problema do risco nos projectos,desde as fases de captura de requisitose análise até ao deployment, e dassuas mais diversas perspectivas(negócio, projecto, tecnologia, etc.).O programa final será brevementedisponibilizado e divulgado a todosos membros do Colégio deInformática.

ECO INEGI venceclasse UrbanConceptna Shell Éco-Marathon2006

O veículo ecológico do Instituto deEngenharia Mecânica e GestãoIndustrial (INEGI) obteve o primeirolugar da classificação na classeUrbanConcept da Shell Éco-Marathon

Chaque Goutte Compte 2006 quedecorreu no circuito de Nogaro, emFrança, entre os dias 19 e 21 de Maio.Depois de um segundo (2004) eterceiro lugares (2005) o ECO INEGIatingiu o lugar mais alto do pódio,em 2006, na classe UrbanConcept daShell Éco-Marathon Chaque GoutteCompte, uma classe cujo objectivo,além do baixo consumo, passa pelaconcepção de um veículo adaptávelao conceito citadino, ou seja, “maisflexível e que obedeça adeterminados critérios,nomeadamente as dimensões, oconsumo e os níveis de poluição, quese pretendem reduzidos”, comoesclarece o investigador do INEGIresponsável pelo projecto, JoséEsteves.Quando questionado sobre asalterações efectuadas que permitiramobter o primeiro lugar, o investigadordo INEGI refere as melhorias emtermos de aerodinâmica do carro econsequente redução do peso mas,acrescenta, “principalmente a grandededicação dos alunos envolvidos edos meios técnicos e humanosdisponibilizados pelo INEGI, onde90% do trabalho desenvolvido emtermos de fabrico/montagem depeças, equipamentos e mão-de-obraforam assegurados pela equipaINEGI/Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto (FEUP). Isso ea persistência de acreditar e lutarsempre até ao limite das capacidadeshumanas e técnicas”.Em termos práticos a participaçãoem eventos do género tem comogrande vantagem a “formação práticados alunos de Engenharia, quepodem aplicar os conhecimentosadquiridos com base teórica na suaformação de engenheiros, quer emactividades curriculares ou extra-curriculares, assim como permitir ao

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INEGI desenvolver investigação nasáreas da Engenharia automóvel,consumos energéticos, e redução daemissão de gases poluentes”, salientaJosé Esteves.Além da participação do ECO INEGI, oinstituto fez-se representar com oINEGI II na classe protótipo, com o 41ºlugar a ficar aquém das expectativas,algo que o investigador justifica“devido às experiências técnicas queefectuámos durante a prova e ao usode novos pilotos. A nossa grandepreocupação foi efectuar testes tendoem vista a participação em 2007.Nesse sentido estamos a preparar oINEGI II com um motor a injecção decombustível”.Depois dos resultados obtidos esteano, José Esteves estabelece comoobjectivos para o futuro “defender oprimeiro lugar do ECO INEGI na classeUrbanConcept”, tentando estabelecerum novo recorde de consumo e, comas alterações que serão efectuadas noINEGI II, “obter uma posição nos dezprimeiros lugares da classificação geralda competição”. O INEGI tem participado regularmentenas Competições de Consumo deCombustível Shell Éco-Marathon,organizadas pela empresa petrolíferaShell (em França), apoiando umprojecto que envolve professores,investigadores e alunos, numacolaboração entre o Departamento deEngenharia Mecânica e GestãoIndustrial da Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto e o INEGI.

Eólicas de Portugalem Viana do Castelo

Liderado pela EDP - Energias dePortugal, o consórcio Eólicas dePortugal apresentou recentemente o

cluster industrial que se vai localizarem Viana do Castelo e que envolve uminvestimento global de 1, 67 milmilhões de euros. Até 2011 serão instalados 48 parqueseólicos que ficarão dispersos pelo paíse terão uma capacidade de 1200megawatts. Anualmente, estes parquesproduzirão um mínimo de 2700 GWhde electricidade limpa, ou seja, 25% daprodução eólica portuguesa nos anos2010/2012 e 4% da produção total deelectricidade.

O contrato prevê ainda a construçãode unidades fabris e serviçosassociados, um fundo parafinanciamento do sistema científiconacional e centros de despacho para agestão da produção eólica. Das setefábricas previstas, cinco deverão ficarinstaladas em Viana do Castelo para aprodução de pás de rotor,mecatrónica, geradores síncronos,torres de betão e fibras de vidro. Asrestantes estão projectadas paraBraga, para a produção de armaduras

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de ferro, e Sever do Vouga, para assecções metálicas para torres debetão. Estas unidades fabris vão criar1800 postos de trabalho, estimando-se que o impacto indirecto doprojecto nos primeiros seis anospoderá levar aos 5500 empregosanuais.

Mota-Engilaumenta lucros

No primeiro semestre deste ano aMota-Engil viu os seus lucrosimpulsionados em 1,7% face ao mesmoperíodo do ano passado. Os contratosinternacionais celebrados com a EuropaCentral e África, nomeadamente Angola,terão sido a causa para a obtenção daempresa de lucros na ordem dos 11, 6milhões de euros. Num comunicado enviado àComissão de Mercado de ValoresMobiliários (CMVM), a maiorconstrutora nacional admitiu que opeso dos contratos no estrangeiro jáatingiu 40% do montante total dacarteira, rondando os 1500 milhões deeuros.A evolução positiva dos lucros nãoimpediu uma retracção das vendasem 4,7% no primeiro semestre,caindo para os 605 milhões de euros.A dívida líquida do grupo Mota-Engilsitua-se nos 595 milhões de euros.

Atrasos e desvios nas obras públicas

A derrapagem de prazos e o desvio decontas na realização das obraspúblicas em Portugal advêm da“desorganização e incompetência dosorganismos do Estado”. A acusação é

do Bastonário da Ordem dosEngenheiros (OE), Fernando Santo.Um sector, diz o Bastonário, ondeexiste falta de fiscalização e detécnicos, nomeadamenteengenheiros, na concretização eacompanhamento dos projectos.A OE enviou ao Governo, emSetembro – altura em que o regimejurídico das empreitadas começou aser revisto- um conjunto de 12recomendações para redução dosdesvios de custos e prazos nasempreitadas de obras públicas.Mudanças que Fernando Santoconsidera necessárias, como aintrodução de mais técnicos nacriação e definição dos projectos deobras públicas (algumas vezes feitossem a participação de umengenheiro), e o regresso dacentralização da regulamentação ecoordenação das obras do Estado noMinistério das Obras Públicas (MOP).Um reforço de competências doLaboratório Nacional de EngenhariaCivil (LNEC), no apoio técnico aosdonos de obra antes da contratação, ea obrigatoriedade de revisão dos

projectos de obras públicas sãoalgumas das propostas que foramapresentadas pela OE.

Francisco Sá Carneiro:o melhor aeroporto daEuropa

De acordo com um estudo divulgadopela Airport Council International (ACI),a organização que representa osinteresses dos aeroportos a nívelmundial, o aeroporto Francisco SáCarneiro, no Porto, foi considerado omelhor da Europa. Baseado na opiniãodos passageiros, este estudo integrou amaioria dos melhores aeroportos domundo, sendo que 72 no benchmarking(comparação das melhores práticas) anível internacional e 49 a níveldoméstico.Relativamente ao aeroporto do Porto, foientão considerado pelos passageirosdomésticos como o melhor da Europa eo 4º melhor da tabela pelos passageirosinternacionais.

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O futuro da Engenharia, de acordo com o professorcatedrático da FEUP, passa pelas energias renováveis epor um projecto para todos

Barbedo de Magalhães, engenheiro mecânico

infoPágina 12 ENTREVISTA

Mais do que sonhar, António Pinto Barbedo de Magalhãesgosta de realizar sonhos. Sejam projectos de Engenharia,sejam projectos de vida. Mas neste ponto, segundo oengenheiro mecânico, a política é fundamental, tal como aEngenharia: “Não falo em teoria política mas naconcretização do possível, com os meios existentes.Ambas as coisas são muito próximas em Metodologia”. Deresto, o percurso deste professor catedrático da Faculdadede Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) é pautadopor uma constante luta pela concretização dos seus ideais,muitos deles rejeitados à partida mas validados com otempo. Dentro da FEUP teve sucessos e sofreu algumasderrotas. Fora da faculdade subscreveu um libelo contra apolítica colonial de Salazar, juntou-se à revolta em prol dasliberdades democráticas e tomou posições antagónicas àPIDE em documentos que assinou e distribuiu.Foi também por ser “politicamente suspeito” que emvésperas do 25 de Abril, quando estava a terminar o cursode oficiais milicianos, foi colocado numa especialidade queo levou (em 1974) para Timor-Leste. Terra sobre a qual temuma palavra a dizer e à qual se dedicou de corpo e alma.Filho de um democrata, que nos tempos da ditaduradefendeu Aquilino Ribeiro quando este publicou o livro

“Quando os Lobos Uivam” e um homeopata do Porto cujaterapia era muito mal vista, Barbedo de Magalhães herdouuma cultura familiar baseada numa perspectiva deenfrentar os problemas e materializar as soluções. Todosos irmãos, sete no total, sempre foram habituados a fazerum pouco de tudo. Cada um cuidava do seu pequenocanteiro, onde o lixo orgânico servia de adubo. As fériaseram passadas junto a um estaleiro onde fizeram umacómoda, um candeeiro e até um barco. Barbedo lembra opai como um homem muito culto e evoluído para aquelestempos e com um grande sentido de justiça. Além dequestões como a ecologia, lembra o filho, sempredemonstrou grande preocupação com a segurança.“Facilitava-nos o acesso a tudo, mas nunca sem antes nosadvertir dos cuidados a ter. Fomos habituados, desdemuito cedo, a fazer reparações em materiais eléctricos e ausar busca-pólos. Devia ter uns cinco ou seis anos”, conta.Hábitos directa ou indirectamente decisivos no futuro dos

Projectos de Engenharia e de vida

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info Página 13ENTREVISTA

agora seis irmãos: três engenheiros, um arquitecto e duasesposas de engenheiros. A música foi outra das disciplinas obrigatórias no seiofamiliar de Barbedo de Magalhães, que chegou mesmo aoptar pelas cantorias à volta do piano em detrimento dasensação da época que era o televisor. Talvez por issomesmo o engenheiro defenda uma educação, fora e dentroda escola, equilibrada: “A educação tem que contemplarnão só o desenvolvimento intelectual normal, mas tambémmanual e de comunicação. Não falo só em comunicaçãoescrita e oral, falo também de teatro, de música, de dançae de muitas outras formas de comunicação. O equilíbrioentre a teoria e a prática é o ideal e eu não sou a favor deum dos lados em detrimento do outro”. A multidisciplinariedade e as preocupações com oambiente e com a segurança, que sempre serviram de liçãode vida a Barbedo de Magalhães, são igualmente algunsdos alicerces apontados pelo professor para a formação eexercício dos engenheiros, bem como para o futuro daEngenharia. Enquanto presidente do Departamento deEngenharia Mecânica da FEUP, já lá vão mais de 20 anos,Barbedo foi derrotado em toda a linha quando propôs aintegração da Higiene, Segurança e Ambiente comodisciplina do curso. “Acho que o curso perdeu muito comisso. Perdeu o comboio e perdeu os mercados verdes queestá agora a reconquistar com a energia eólica e comoutras energias renováveis. Foi um prejuízo para odepartamento e para o país”, refere. Há cerca de dois anos congratulou-se com a realização deum Mestrado em Engenharia da Higiene e Segurança naFEUP e desiludiu-se logo de seguida quando ficou a saberque o mesmo não contemplava a segurança rodoviária. “É de longe a vertente da questão da segurança maisimportante em Portugal. Os acidentes e o número demortos provocados por acidentes rodoviários são cerca dedez vezes maiores do que todos os outros”, sublinha. Meioano depois, aventurou-se e garantiu a introdução do temano Mestrado. Mais lento está a ser o processo para a criação de umDoutoramento na mesma área. Um projecto que Barbedode Magalhães tem procurado realizar mas que estácondicionado por falta de pessoas qualificadas. Nestamatéria a ideia, como explica o engenheiro, é fazer algoabrangente: “Um Doutoramento nesta área não seriaapenas numa perspectiva tradicional de Higiene eSegurança, mas pensando sobretudo na terceira idade enos deficientes, na inclusão. Num projecto para todos”. Éainda no âmbito da inclusão que Barbedo admite mais umfracasso pessoal quando olha para a sua própria faculdade,ainda que tenha tentado advertir alguns arquitectos na fasede projecto. “Em algumas reuniões lembrei que o critériopara entrar aqui não era ter boas pernas, mas não serviude nada e agora temos muitos degraus. Eu não convivo

bem com a realidade da minha faculdade, porque ela éagressiva para com os deficientes”, confessa. Apesar denem sempre ter sido ouvido, o professor garante que adirecção da sua faculdade é sensível à mudança e tem feitoum grande esforço nesse sentido, nomeadamente emrelação às novas áreas da Engenharia, como a EngenhariaBiomédica. “Estas novas áreas são muito acarinhadas edesse ponto de vista a faculdade tem felizmente umaexcelente direcção”, conclui.O futuro da Engenharia, de acordo com o professorcatedrático da FEUP, passa pelas energias renováveis eprecisamente por um projecto para todos. Por isso, oengenheiro mecânico considera que “cada vez mais aEngenharia passa pelo casamento com áreas como aMedicina, a Economia, as Ciências do Desporto, aSociologia e a Psicologia”. Só desta forma, como defende oprofessor, é que será possível conquistar um mercadofundamental no futuro que é o mercado da terceira idade.“Para que o envelhecimento em actividade seja digno esaudável, tanto quanto possível, é preciso que haja umsentido social para a vida e assim todas as questões

Texto de Susana Branco. Fotos de Alfredo Pinto

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Barbedo de Magalhães, engenheiro mecânico

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passam pela organização não só do planeamento dascidades e da sua arquitectura, mas pelo estudo da suaorganização social. Pode-se prever ou planear uma cidadena qual haja uma vivência de proximidade entre os maisvelhos e os mais novos”, diz.Os projectos PESC (Projectar, Empreender, SaberConcretizar), que arrancaram na FEUP no ano lectivo de2004/2005, são um exemplo de sucesso de projectosmultidisciplinares. Coordenador dos PESC desde 2004,Barbedo de Magalhães explica que se trata de projectos emcrescimento que contam com o envolvimento deprofessores de vários departamentos, numa partilha deexperiências e de conhecimentos, e com a vantagem decolocarem a trabalhar alunos de diferentes anos que levamà concretização de produtos com valor comercial. “Um engenheiro que não tenha essa sensibilidade com asdificuldades da concretização e a atenção a algunspormenores na prática, é pouco engenheiro e os projectosque daí advêm arriscam-se a ter muitos defeitos”, justifica. Numa perspectiva quase visionária da realidade, como oseu pai parecia já ter, Barbedo de Magalhães viu mais umavez rejeitadas duas das suas ideias para o ensino. Destavez, no entanto, não foi necessário debater-se para asconcretizar, pois o tempo tratou de as tornar realidade.Recentemente, nem toda a gente no seio da FEUP recebeubem a ideia de incluir uma disciplina da área da Biologianos cursos de Engenharia Mecânica, tal como sugeriaBarbedo. “Curiosamente, passados alguns meses, vim asaber que no Massachussets Institute of Technology (MIT)todas as Engenharias tinham uma disciplina da área daBiologia”, afirma.A filosofia de Bolonha é outra das ideias que Barbedo quisintroduzir e, como recorda, tão depressa a expôs comodesistiu dela: “Há muitos anos cheguei a propor emConselho Científico um esquema de três mais dois. Tive deretirar essa proposta muito depressa de tão mal vista quefoi”. Bolonha não incomoda Barbedo de Magalhães, queconsidera que ao abrigo deste processo podem-se formarmelhores quadros, caso seja utilizada uma novapedagogia.“Bolonha veio abanar o sistema e isso foi bom. Bolonhavisa uma maior mobilidade, o que é imprescindível, e háuma coisa muito importante hoje em dia e quenaturalmente Bolonha prevê que é a aprendizagem aolongo da vida”, refere. Nesta matéria o professor da FEUPconsidera um erro formarem-se engenheiros que sãoprodutivos imediatamente e que não conseguem evoluirdepois: “Que os engenheiros sejam imediatamenteprodutivos sim, mas isso resulta muito mais em projectostipo PESC em que eles pegam numa questão e tratam-nadesde a execução da obra até à sua concretização.Desenvolvem ‘soft-skills’, ou seja, capacidades que nãosão as disciplinas teóricas que as vão dar”. Mais uma vez,

Barbedo fala em equilíbrio, na conjugação das duascomponentes em que os planos curriculares devem serreestruturados no sentido de haver um desenvolvimentomais aprofundado da teoria e da prática. Mas, acrescenta,há ainda muito a fazer: “Não é com remendos que se vailá e até agora em vários cursos parece-me que houve maisremendos do que alterações de planos de estudo comconsistência. Além da capacidade de concretização, existeoutra que cultivamos muito pouco e que é essencial: oempreendedorismo. Não temos que ter vergonha de serempreendedores e de ganhar dinheiro com isso”. Com 63 anos, Barbedo de Magalhães sempre trabalhou emfundição, mesmo quando estudava na FEUP. Aliás, do seucurrículo constam cinco patentes registadas comtecnologias na mesma área e muitos projectos com a suacoordenação. No final do curso obteve uma bolsa e doutorou-se emMetalurgia, na Bélgica. Quando regressou foi convidadopelo professor Vasco Sá para trabalhar na FEUP, umafigura que Barbedo venera: “Devo-lhe muito. Foi ele queme convidou, foi ele que me estimulou a fazer oDoutoramento no estrangeiro e foi ele quemdefinitivamente dinamizou a Engenharia Mecânica com acriação do departamento”. Na sua vasta formação escreveu ainda vários artigos naárea pedagógica e técnico-científica, foi várias vezes oradorem conferências e seminários, orientou Doutoramentos eTeses de Mestrado e colaborou em diversos projectos deinvestigação. Sobre Engenharia e sobre Timor-Leste.Dentro da FEUP sente-se uma pessoa feliz e grata: “Tenho sidomuito bem tratado, nomeadamente porque me cederamespaço para poder ter aqui muito material do meu trabalhosobre Timor. Devo isso à direcção da faculdade, aos meuscolegas de departamento e à bibliotecária”.Desde muito jovem, Barbedo interessou-se pelas colóniasportuguesas e em Novembro de 1974 foi destacado paraTimor numa comissão de serviço por imposição. Como era a única pessoa doutorada, foi convidado pelogovernador local para fazer parte de uma equipaencarregue da reestruturação do ensino. Nesse projecto,entretanto interrompido pela instabilidade política que opaís atravessava, Barbedo estabeleceu ligações fortes como país até que em Agosto de 1975 muitas dessas pessoasconhecidas e amigas do engenheiro foram mortas. “Issosignificou para mim uma responsabilidade enorme eenquanto não acabou o genocídio senti-me na obrigaçãode dar voz àqueles que estavam silenciados e daí o meuempenho”, desabafa. O empenho tem-se mantido atéhoje e já valeu ao professor da FEUP o convite, em 1999,do então ministro dos Negócios Estrangeiros, JaimeGama, para a primeira visita oficial a Timor, acondecoração com o grau de Grande Oficial da OrdemInfante D. Henrique pela sua acção em defesa do direito à

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autodeterminação de Timor-Leste (em 2000) e umconvite para integrar a comitiva presidencial que em 2002assistiu às cerimónias da independência de Timor. Sobre os últimos incidentes no país, considera-os gravese perigosos para Timor, mas contudo previsíveis. A causa,diz, está num braço-de-ferro aliado a um contexto difícil:“O prolongamento do braço-de-ferro entre a FRETILIN,liderada por Mari Alkatiri, e o presidente Xanana Gusmãotem conduzido a uma perda de soberania progressiva eesse conflito tem sido dramático. Por outro lado, para osEstados Unidos e Austrália é fundamental que a China emTimor não tenha um papel excessivo; que o uso dosestreitos profundos a Norte de Timor por submarinosnucleares americanos não seja posto em causa. Depoispara a Austrália existem os interesses económicos, diga-se petróleo, que infelizmente pesam demais e levarameste país a ter atitudes de uma enorme hostilidade”. Noentanto, Barbedo acredita que esta situação é reversível.“Primeiro nem Xanana, nem Mari são corruptos e ambossão grandes nacionalistas que de facto prezam o futurodo seu povo. Se forem dados pequenos passos, como arevisão da Constituição e a garantia da democraticidadenos financiamentos e funcionamento dos partidos, era

possível haver uma conjugação de esforços da FRETILIN,do presidente, da igreja e dos outros partidos e entãoTimor teria um futuro completamente diferente”, conclui.A sua visão dos acontecimentos está compilada num livroque Barbedo de Magalhães está quase a concluir. Umaespécie de relatório sobre a última crise no país que oprofessor da FEUP já enviou para os principais líderestimorenses e dirigentes políticos portugueses. Mais um passo para ajudar aquele país que Barbedogostaria de ver em paz e a desenvolver-se. Até porque,como o próprio admite, “gostaria de abandonar esta ‘luta’muito depressa”.A música continua presente entre os membros da famíliaMagalhães que todos os anos se juntam para cantar erepresentar em momentos de festa, durante os quais otelevisor volta a desligar-se. Curiosamente, além dafamília e das artes, a vida de Barbedo também vive de umcasamento: o da Engenharia com Timor. Uma união que oprofessor considera perfeitamente normal: “É evidenteque, na construção de um país, a Engenharia éimportante. Não basta ter discursos patrióticos, é precisopromover o desenvolvimento efectivo e isso faz-se não sómas também com a Engenharia”.

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II Dia Regional Norte do Engenheiro

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A “História da Engenharia Civil” foi o tema escolhido para oII Dia Regional Norte do Engenheiro, que teve lugar noSeminário de Vilar, no Porto, no passado dia 21 de Outubro.Um encontro que foi ainda assinalado pela homenagem aoengenheiro químico-industrial e empresário nortenhoBelmiro de Azevedo. Nas palavras do presidente do Conselho Directivo da Ordemdos Engenheiros – Região Norte (OERN), Gerardo Saraivade Menezes, “este dia serviu mais uma vez de mote parafestejar e homenagear a Engenharia, enaltecendo o seudecisivo contributo para o desenvolvimento e bem-estar dopaís e da região”.Na abertura da cerimónia o engenheiro Luís Braga da Cruz,presidente da Assembleia Regional Norte da Ordem dosEngenheiros, congratulou-se com a troca de experiênciasproporcionada neste tipo de iniciativas, bem como o debatesobre as principais problemáticas relacionadas com oexercício da profissão. Sobre a História da Engenharia, oengenheiro Braga da Cruz valorizou a importância do temaem prol dos novos engenheiros presentes: “Para mim foiuma disciplina muito estimulante e para os jovensengenheiros é fundamental que tenham conhecimento doenquadramento geral da profissão e é uma forma deassumirem a atitude de ser engenheiro”.O professor Adriano Vasco Rodrigues foi o palestranteconvidado para fazer a resenha histórica sobre aEngenharia Civil (ver a versão integral da palestra naspáginas seguintes). Uma abordagem com um especialenfoque na cidade do Porto, pioneira em diversas áreasligadas à Engenharia, como o Urbanismo (associado aostransportes), o Ensino e ainda a Inovação. Como lembrouAdriano Vasco Rodrigues, “a planificação urbana realizadano séc. XVIII, fora da Muralha Fernandina, é um dosprimeiros exemplos de Urbanismo. A Ponte das Barcas,construída em 1806, bem como as restantes pontes sobreo Douro, nomeadamente a Ponte da Arrábida, são bemilustrativas de obras inovadoras de Engenharia. Já aprimeira escola de Engenharia, anexada à Faculdade deCiências em 1911, surge da reforma de Passos Manuelentão ministro do Reino”. O orador definiu ainda a Engenharia como uma área deconhecimento cada vez mais vasta e mais complexa, assenteem duas acções fundamentais: “O pensar e fazer, ou seja, oconhecimento e a acção, fizeram da Engenharia o pilar dacivilização ocidental”. Daí que o professor Vasco Rodriguestenha manifestado alguma preocupação relativamente aoensino desta área. “Devia investir-se mais na qualidade deensino, não a considerando apenas uma responsabilidade

das escolas superiores de Engenharia. É fundamental que apreparação dos futuros engenheiros comece na escolasecundária, pois é a partir daqui que se adquirem métodos ehábitos de trabalho”, diz.A segunda parte deste II Dia Regional Norte do Engenheiro,depois de uma pausa para café, foi marcada pelahomenagem ao empresário Belmiro de Azevedo, que emdeclarações à Info se mostrou grato pela distinção: “Em qualquer circunstância é sempre bom que os cidadãosreconheçam o trabalho de outros cidadãos. Eu souconhecido por resistir às homenagens porque penso quetodos nós devemos, para o bem e para o mal, assumir asnossas responsabilidades. Aquilo que mais aprecio é chegara casa com o sentimento do dever cumprido e a minhamaior compensa foi ter feito a empresa que fiz, foram osjovens e os gestores que lancei. É a nossa obrigação”. Inscrito na Ordem dos Engenheiros (OE) há 40 anos,Belmiro de Azevedo volta assim a ser distinguido pela suaclasse depois de lhe ter sido outorgado o título de MembroConselheiro da OE, durante as comemorações do DiaNacional do Engenheiro que tiveram lugar no ano passado,em Bragança. Ocasiões especiais às quais o empresárioresponde com humor: “Estas homenagens por colegas daprofissão têm outro peso. Estou a subir na escalada davida!”.Amigo de longa data do presidente do grupo SONAE, oengenheiro Valente de Oliveira enalteceu as qualidades dohomenageado que caracterizou como um modelo deempreendedorismo e um entusiasta da formaçãopermanente. “Além da sua força e alegria de viver, é umapessoa com vontade de praticar e simultaneamente ousartodos os dias. A percepção de que os conhecimentos sãotransitórios levam-no a estimular a sociedade para umaaprendizagem permanente. Sempre inconformado, incitatodos a aperfeiçoarem-se, pois a força da razão e doconhecimento são para si fundamentais”, afirmou.Perante uma plateia de mais de duzentos participantes,Belmiro de Azevedo reviu-se nas palavras do amigo Valente deOliveira e aproveitou algumas das qualidades citadas paradeixar uma reflexão: “A irreverência é uma condiçãofundamental para qualquer profissão e a formação constantetambém. Tenho propensão para transformar as empresas emque me envolvo em escolas de negócios e é importante que asempresas portuguesas tenham esse gosto. A função doslíderes é ajudar os candidatos a líder a serem bons líderes enuma empresa não deve haver só um líder, mas vários”.Depois da homenagem ao empresário Belmiro deAzevedo, a cerimónia protocolar de homenagens

Ordem dos Engenheiros – Região Norte

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prosseguiu no Seminário de Vilar com a atribuição,respectivamente, dos pin de bronze, na recepção aosnovos membros da OERN, dos pin de prata, para osmembros com mais de 25 anos de inscrição na instituição,e dos pin de ouro, para os membros inscritos na OERN hámais de 50 anos. Um acto que nas palavras do presidentedo Conselho Directivo da OERN, Gerardo Saraiva deMenezes, simboliza “a experiência dos mais velhos e ajuventude e força dos mais novos no engrandecimento efortalecimento da Região Norte da Ordem dosEngenheiros”.Coube ao Bastonário da Ordem dos Engenheiros aintervenção final do II Dia Regional Norte do Engenheiro.Fernando Santo começou por elogiar o aumento destetipo de encontros, promovidos quer ao nível regional,distrital e nacional, como sendo um sinal de vitalidade daprofissão de engenheiro e uma oportunidade para areflexão dos problemas de cada região. Paralelamente oBastonário da OE anunciou ainda a criação de um fundode pensões para os engenheiros afectos à OE.Sobre a Engenharia, Fernando Santo salientou para a Info

dois aspectos fundamentais a ter em linha de conta nofuturo: “Por um lado, a regulamentação de determinadosactos dos engenheiros que têm que ser praticados apenase só por engenheiros por terem interesse público e, poroutro lado, no plano económico a estratégia a nívelnacional e europeu passa pela competitividade assente noconhecimento e na inovação e os engenheiros têm umpapel fundamental nesse modelo de desenvolvimento”. Os principais protagonistas deste encontro fizeram aindaquestão de salientar a notícia do julgamento do caso daponte de Entre-os-Rios, homenageando os colegasenvolvidos: “A sua absolvição é a prova de que não houveviolação de regras técnicas, de que estes engenheirosdesempenharam bem a sua função e, finalmente, de quefoi feita justiça”, sublinharam. Palavras que mereceramum forte aplauso da plateia. A declamação de um poema dedicado ao engenheiro, por umdos membros da OERN presentes, constituiu a surpresadeste II Encontro Regional Norte do Engenheiro, que teveassim um agradável desfecho ao qual se seguiu um animadoalmoço de confraternização no Seminário de Vilar.

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Reflexão sobre a Engenharia, a Ciência e o Progresso

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O aumento constante de preocupações, que agravam oritmo de vida no mundo do trabalho, reduzem ou limitam anossa capacidade de reflexão para lá do quotidiano,esquecendo a simplicidade original daquilo que hoje écomplexo. Assim, no vasto e crescente mundo dos ramosde Engenharia, onde o saber é imenso, tudo começou pelacorrelação entre as duas capacidades que marcam o serhumano: Pensar e fazer; Conhecimento e acção.Há uns cem mil anos, esta associação caracterizou eidentificou o nosso mais directo antepassado, o HomoSapiens Sapiens.Inserido na natureza e solicitado por ela, criou culturas queao longo dos milénios geraram civilizações diferenciadas,implicando organização social, baseada na família e no clã,povoando espaços onde se sedentarizou, ergueuedificações, dominou cursos de água, levantou fortalezas,melhorou as condições de existência, procurando produziros recursos alimentares.Para o homem primitivo a natureza e o divinoentrelaçavam-se, dando sentido ao Mundo e ao universo.Tudo quanto constituía a actividade humana apresentava-sede forma sincrética.Mas, ao longo do tempo, o Homem aperfeiçoou edesenvolveu o espírito de observação e de análise,separando domínios que hoje são objecto das diferentesciências e também dos vários ramos da Engenharia.No decurso da longevidade do homem evidencia-se, entreas suas criações, a multimilenária civilização ocidental,distinta de todas as outras por ser o berço da democracia edos Direitos Humanos e também do conhecimentocientífico. No passado, com os descobrimentos marítimos, osportugueses contribuíram para a europeização do Mundo.Hoje, os valores da civilização ocidental identificam-seatravés da globalização nos vários continentes.O triunfo da ciência e o seu avanço vieram dar respostas amuitas inquietações do homem, esclarecendo dúvidas,desfazendo mitos, escorraçando preconceitos.O saber e o fazer, o conhecimento e a acção, fizeram daEngenharia o pilar da civilização ocidental e deram aosoutros povos do globo, instruindo-os e fornecendo-lhes osnossos saberes, a oportunidade de nos acompanharem ouultrapassarem em conhecimentos científicos.A grande explosão dos saberes, que globalmente se

multiplicam numa exponencial logarítmica, é o resultadoduma investigação que se baseou na evidência, verificável ecomprovável. Não há um saber absoluto, mas as verdades surgem emcontextos, que podem ser alterados fazendo a ciênciaavançar, contradizendo muitas vezes verdades anteriores.As verdades científicas estão sujeitas a serem revistas à luzde novas evidências. Por isso, a ciência não é constitutamas constituenda, não está concluída, terminada, mas estáa constituir-se, fazendo e refazendo-se constantemente.Este é o grande mérito e a grande superioridade do sabercientífico, impulsionando avanços e progressos, porque asverdades da ciência são revistas à luz de novas evidências.É certo que algumas conclusões parecem definitivas, comopor exemplo a descoberta da gravidade e de que a Terra éum esferóide. Mas a persistência de evidências não implicaa estagnação das leis.Para lá do que dissemos, podemos acrescentar que o sabercientífico é certo, preciso, sintético, mensurável. Está nabase de todos os ramos da Engenharia e do saber fazer dosengenheiros. Não esqueçamos, porém, que as raízes destesaber remontam aos engenhos pré-históricos e àantiguidade.Em Portugal, a Engenharia organizou-se como reflexo daevolução científica ocorrida lá fora, ao longo do séc. XIX. O Porto foi, em Portugal, a cidade precursora dessaexigência, graças à cultura e intuição do insigne políticoManuel da Silva Passos, vulgarmente conhecido por PassosManuel, que, referendando o decreto orgânico de 13 deJaneiro de 1837, transformou a Academia Real da Marinha eComércio do Porto, em Academia Politécnica. Tinha porobjectivo o estudo das ciências industriais, privilegiando aformação de engenheiros civis. Foi no séc. XIX a únicaescola de Engenharia em Portugal. As razões evocadas peloministro do Reino foram a necessidade de plantar asciências industriais, que diferem muito dos estudosclássicos e puramente científicos.Na academia funcionavam cursos de Engenharias dePontes e Calçadas (a designação mostra inspiração naEscola de Paris, com este nome), cursos de Minas,Agricultura, Comércio, Pilotos, Preparatórios Médico--Cirúrgicos, Complementar de Belas-Artes, Directores deFábricas, Construtores de Pontes e Calçadas, Construtoresde Minas e Chefes Mineiros.

Adriano Vasco Rodrigues, director jubilado da Schola Europaea – UE – (Bélgica)

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Em 30 de Dezembro de 1852 foi criada a Escola IndustrialPortuense, a funcionar no Edifício da Academia Politécnica. A reforma de 1885, na sequência de um projecto-de-leiapresentado às cortes pelo conselheiro Wenceslau de Lima,criou, na Academia Politécnica do Porto, o curso deengenheiros civis, de obras públicas, minas e industriais. Depois da revolução de 5 de Outubro de 1910, a AcademiaPolitécnica do Porto foi transformada em Faculdade deCiências, tendo anexa a Escola de Engenharia que, em 31 deAgosto de 1915, se separou, passando a Faculdade Técnica.Em 1926, pelo Decreto nº 12696, de 17 de Dezembro,transformou-se em Faculdade de Engenharia, tendo-seiniciado, a 15 de Março de 1927, a construção de um edifíciopróprio.O professor Augusto Nobre não pode ser esquecido nacriação dos estudos superiores de Engenharia no Porto.Também na sequência da Revolução Republicana foi criado,em 1911, o Instituto Superior Técnico em Lisboa, decreto de23 de Maio, sob proposta de Brito Camacho. Foi organizadopelo engenheiro Alfredo Bemsaúde, formado na Alemanhanas universidades de Hanover e Gotinga, portador de ideiasnovas na área da investigação laboratorial e tecnológica. Os licenciados pelo Instituto Superior Técnico distinguiram-se pela alta qualidade da formação, tal como viria a ocorrercom a Faculdade de Engenharia do Porto. Orgulhamo-nos da cidade Invicta. Sentimo-la como o póloda defesa da liberdade, como pátria do trabalho e dasolidariedade e precursora do ensino superior daEngenharia em Portugal.É a cidade das pontes. Na Roma antiga o imperador era oPontifex Maximus, o senhor das pontes que permitia quetodos os caminhos fossem dar a Roma e fizessem aunidade do império. Com o espírito universal e ecuménico da Igreja, o Papatornou-se o sumo pontífice das vias que aproximam oshomens em nome da fraternidade.Evocando neste encontro a Engenharia em geral, mascondicionado ao escasso tempo para voos tão largos,optei por uma rápida reflexão sobre o urbanismo. Sectorno qual o Porto foi precursor em relação às maisimportantes cidades europeias, com excepção de Lisboanascida do terramoto de 1755. A planificação das grandescapitais europeias fez-se só na segunda metade do séc.XIX. No Porto, em pleno séc. XVIII (1761), já se planificava paralá das muralhas medievais, prolongando a rua das Hortas,seguindo uma urbanização geométrica de tipo pombalino,integrando o arrabal de Lamelas e abrindo a rua de SantaCatarina, cuidadosamente nivelada e perspectivada.Em seguida, rasgaram a rua de S. João. Realizaram umaobra extraordinária para a época, cobrindo o rio da vila comuma abóbada de grossos arcos de cantaria, formando umaespécie de rua subterrânea, que persiste ainda hoje.

Notável foi o arruamento a que foi dado o nome do grandeimpulsionador da revolução urbana do Porto: rua doAlmada, evocando João de Almada, governador da cidade epresidente da junta de obras do Porto, cuja renovação foicontinuada por seu filho, Francisco de Almada. A aberturadesta rua mereceu críticas de que era demasiado compridae larga. Hoje é estreita para o tráfego.Fez-se também, então, o aterro do Ribeiro Frio do Carregal,projectando para ali o Tribunal de Justiça. A colónia inglesaerguia a feitoria e o hospital. Em 1763, estava concluído onosso ex-líbris: a Torre dos Clérigos, projectada por Nasoni.Em 1765, Almada ordenava a construção da casa da Cadeia daRelação e mandava pavimentar o Passeio da Graça até aoLargo dos Ferradores, que é a actual Praça de Carlos Alberto.Também a Nasoni se deve o projecto do imponente PaçoEpiscopal.

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As ruas do Porto eram lageadas e irregulares. Só em 1852 é queos passeios tiveram bermas de granito e, em 1858, forampavimentados com paralelepípedos. Francisco de Almada rodeou-se de engenheiros e arquitectos,entre eles o inglês Whithead, que trabalhou na Feitoria.A ponte mais antiga da cidade Invicta, que ligava esta cidade aVila Nova de Gaia, foi a Ponte das Barcas (cujos 200 anosforam recentemente evocados pela Ordem dos Engenheiros daRegião Norte), pois foi inaugurada a 15 de Agosto de 1806.Compunha-se de 20 barcos ligados por cabos de aço e a suaplanificação deve-se a Carlos Amarante.A 17 de Janeiro de 1843, foi aberta à circulação a ponte Pênsil,concebida pelo engenheiro francês Stalisnas Bigot. Porém, oscálculos foram corrigidos pelo professor José VitorinoDamásio, da Academia Politécnica do Porto. Levantava-se 10metros acima do nível das águas, suspensa por quatro caboscompostos por 220 fios de ferro, cada um. Assentavam emduas colunas de pedra, erguidas em cada margem. Foidesmantelada em 1857.A ponte D. Maria Pia deve-se a Eiffel e foi construída entre 5 deJaneiro de 1876 e 30 de Outubro de 1877. Tem 61 metros dealtura, com um tabuleiro de 354 metros, assente em seispilares. A ponte D. Luís I foi levantada pelo engenheiro Teófilo Seyrig,belga e estagiário de Eiffel. Tem dois tabuleiros e gastou trêsmilhões de quilos de aço. Estas duas pontes são exemplaresmagníficos da arte e Engenharia do ferro.

No dia quatro de Julho de 1891 foi inaugurado o elevador dosGuindais, puxado por uma máquina a vapor, que sofreu umgrave acidente em 5 de Junho de 1893, deixando de funcionar.Em 2003, 110 anos depois, deu lugar ao funicular dosGuindais, na sequência de projecto apresentado à CâmaraMunicipal em 1995. A instalação dos caminhos-de-ferro e a ligação de Lisboaao Porto, servida pela ponte D. Maria Pia, exigiram aabertura do túnel na estação de S. Bento, edificada noConvento de Avé-Maria, da Ordem das Beneditinas. Adestruição do mosteiro começou em 1900 e o edifício daestação, segundo projecto do arquitecto José Marques daSilva, foi terminado em 1916. O túnel e outro que ligou oramal à alfândega ficaram a dever-se ao engenheiro belgaHippollite Baére (um bisneto e uma bisneta estãoinscritos na Ordem dos Engenheiros).157 anos após a construção da ponte das Barcas inaugurava-se,em 1963, a ponte da Arrábida, em betão, projectada peloprofessor Edgar António de Mesquita Cardoso, que foi alunoda Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. O arco,com 270 metros e a flecha com 52, suportando um tabuleiro de493 metros, fizeram dela, na década de 1970, a maior domundo em betão armado.A nossa cidade é um repositório de marcos históricos ligados àtoponímia. Arrábida, por exemplo, é palavra que deriva de Al-Rahat, uma fortaleza-convento mulçumana levantada namargem direita do Douro para impedir a entrada dos vikings,

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Adriano Vasco Rodrigues, director jubilado da Schola Europaea – UE – (Bélgica)

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numa altura em que os mouros ocupavam todo este território.Hoje, a ponte da Arrábida facilita o trânsito de norte a sul, semreservas. Contrastes da História.Vinte anos depois da construção da ponte da Arrábida, oprofessor Edgar Cardoso era responsável pelo projecto daponte de S. João. Posteriormente, mais duas foram erguidas: ado Freixo (em 1995), idealizada pelo professor António Reis, e ado Infante D. Henrique (em 2002), concebida pelo engenheiroAdão da Fonseca.A urbanização moderna fez-se acompanhada duma rede detransportes públicos. Em Portugal, a primeira cidade a iniciá-lafoi o Porto, recorrendo aos carros americanos de tracçãoanimal que circulavam sobre carris de ferro. Tinham sidoinventados nos EUA, em 1832. Entraram em funcionamentoligando a baixa à foz do Douro. Nas descidas desatrelavam osanimais. Dependiam da empresa Companhia Carril Americanodo Porto.Em 1895, com o apoio do engenheiro belga Franck Ross, foielectrificada a linha de Massarelos ao Carmo. Em 1878, aCâmara Municipal autorizou a atrelagem de carruagensamericanas a uma máquina a vapor que ia da estação darotunda da Boavista a Massarelos. Em Lisboa só depois de1902 houve carros eléctricos.A partir do séc. XIX houve um contínuo progresso das ciênciasfísicas. Einstein elaborou a “teoria da relatividade”, pondo emevidência o carácter relativo do tempo e a equivalência damassa e da energia.Ultrapassando Newton demonstrou que não pode existirvelocidade superior à Luz e considerava o Universo como umcontínuo espaço/tempo.Simultaneamente davam-se outros avanços, surgindo novasteorias, como os “quanta” e a “mecânica ondulatória”, pondoem causa o saber tradicional sobre a energia, a matéria e aelectricidade.O debate destas ideias levou os sábios a repensar e a avançarem domínios até então desconhecidos.A Engenharia esteve presente em todo o processo e hoje hámesmo uma Engenharia Espacial que não se limita ao nossoplaneta.A Física, ao realizar em 1939 a fissura do átomo provocando asua reacção, não só deu lugar ao nascimento da EngenhariaNuclear como obrigou a intervenções da Engenharia Civil e daIndustrial.A Engenharia Electrónica acompanhou os progressos da rádio,televisão e radar.Não foram menos importantes os avanços da Química e dasciências da vida. Nasceu a Bioquímica e a Engenharia Genéticaprocurando um melhor conhecimento dos problemasessenciais à transmissão da vida.O estudo dos cromossomas revelou a existência de genes,evidenciados nas moléculas do ADN com o seu código, cujaleitura tem aberto perspectivas extraordinárias. O estudo das

mutações trouxe a esperança de novos caminhos na cura ouprevenção de enfermidades.Em outras áreas, onde a Engenharia anda associada à ciência eà técnica, as suas intervenções são indissociáveis damecanização e da racionalização na actividade humana.O progresso e o desenvolvimento de Portugal não podem ficaralheios a um comportamento industrial.Basta lembrar que hoje estamos dependentes de váriosescravos mecânicos, sobressaindo o automóvel e ocomputador.A difusão do maquinismo trouxe melhorias extraordinárias nodomínio da produtividade, das comunicações, da construçãocivil e do conforto.Hoje, as novas indústrias baseadas na tecnologia de pontaestão a realizar a terceira revolução industrial, assente naelectrónica e seus derivados.Esta é uma tecnologia fundada sobre o comportamento doselectrões. Foi desenvolvida a partir de 1930, tornando-seindispensável à navegação aérea e à marítima.Em 1947, a electrónica conduziu à informática, ciência dainformação automática, apoiada no computador. A parte físicadesta máquina é o hardware, a que se contrapõe o software(matéria cinzenta), ordenada e memorizada segundo umprograma.Em 1968, a electrónica conduziu à tele-informática(telecomunicações e teletratamento) e, em 1975, a electrónicafoi aplicada à robótica (criação de automatismos, podendofuncionar sem intervenção humana).Em trabalhos de escritório a informática e a telemática formama bureatique, palavra nascida em 1976 de bureau (escritório).Não conhecemos tradução em português, pelo queaportuguesamos para “bureotica”. Das telecomunicações e da informática surgiu, em 1978, atelemática, que ultrapassou fronteiras de que resultou amundialização ou globalização servida pelo “vídeo-tex”.Assim, a informática tornou-se um instrumento indispensávelà Engenharia, acompanhando a marcha da terceira revolução.Os engenheiros civis evoluíram, respondendo à complexidadedas exigências, trabalhando em grupo pluridisciplinarmente,sob controlo de um gestor de projectos para maior eficiência epara maior economia.Os engenheiros civis, por exemplo, trabalham sem sedesligarem do terreno, acompanhando os avanços daaeronáutica e edificando aeroportos. O campo é vasto.Algumas universidades europeias, como por exemplo a deLiège, preparam engenheiros civis físicos em Astrofísica,Geofísica e Técnicas Espaciais. Cada vez mais os governantes se preocupam com asexigências da política energética, a fim de manterem aqualidade de vida dos cidadãos, economizando energias.Procuram explorar outras fontes para lá do carvão, do petróleoe do gás natural, pois as reservas não são inesgotáveis.

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A criação de infra-estruturas, onde assenta a produção ouextracção de novas energias, é tarefa dos engenheiros civis,também motivados pela Ecologia. Alguns países europeus, a partir das décadas de 1960-70 e nasequência da crise mundial de energia, deixaram-se influenciarpela propaganda a favor da energia nuclear, o que os levou alançarem-se na construção de centrais sem terem avaliado oscustos do tratamento e os riscos provocados pelos detritosradioactivos, agravando a poluição.A intervenção da Engenharia civil a nível da União Europeiatem sido constante, procurando construir centrais, minorandoo risco de radiações, usando processos avançadosinclusivamente para o armazenamento de detritos e para evitarcontaminações.Os políticos responsáveis pela governação procuram recorrer aoutras fontes de energia menos perigosas do que a nuclearorientando-se para a solar, a geotérmica (alta temperatura dascamadas profundas no interior da terra), a força eólica e afusão termonuclear (projecto Joint European Torus, J.E.T.),aproveitamentos das marés e variedades de energia nãopoluente.O J.E.T. foi discutido pela comissão europeia em 1973 eprojectada a sua viabilização em Calham, no Reino Unido.A nível dos países da União Europeia, nos quais nosintegramos, apresentam-se vários desafios à Engenharia, entreeles o da política das obras públicas, exigindo eficientes infra--estruturas, vias de comunicação, auto-estradas, pontes,viadutos, caminhos-de-ferro, aeroportos e melhoria de portos.Mas também noutros domínios.Além das soluções para problemas de urbanização, foraminaugurados metropolitanos em várias cidades europeias. Já referimos os mais antigos, Londres e Paris, aos quais sejuntaram mais tarde outros, como o de Bruxelas (1969),Antuérpia (1975), e Charleroi (1976). O da cidade do Porto foi oúltimo a ser construído. Também não podemos esquecer as modernas vias férreas parao TGV, iniciado com a ligação da França a Bruxelas e aos PaísesBaixos, em 1990.O número de barragens na Europa cresceu a partir da segundametade do séc. XX.Referimos já que os grandes trabalhos públicos implicamproblemas ecológicos. A abertura ou alargamento de umaestrada reflecte-se no aumento da poluição e na redução doespaço agrícola. Em alguns países da Europa, o pagamentodas expropriações deu lugar a protestos e contendas jurídicas. Os ecologistas opõem-se à construção de megabarragens,baseando-se na amplitude da poluição químico-biológica,podendo ocorrer também um perigoso aquecimento no caso de descargas industriais com poluentes químicos, atacando a vida aquática e perturbando oambiente.A política da água é cada vez mais complexa e os horizontes doseu abastecimento futuro mais negros.

Esta situação implica negociações a nível internacional, não sóna Península Ibérica mas em outros países da união com redeshidrográficas compartilhadas.Também a Engenharia tem de intervir na correcção de erroscometidos contra o património construído e evitar a máplanificação. Os progressos científicos e técnicos a que se vem recorrendopara responder às exigências sociais levaram à criação denumerosos ramos da Engenharia, multiplicando as escolaspara formação de engenheiros. A liberdade de ensinar eapreender e a aprovação do estatuto do ensino particular ecooperativo fomentaram a explosão de novos cursos.A diferença que marcava os engenheiros civis, saídos daFaculdade de Engenharia da Universidade do Porto e doInstituto Superior Técnico de Lisboa, dos outrosengenheiros, era a de que uns planificavam e os outrosexecutavam. O sucesso de uma obra depende dos doistipos de actividade…A multiplicação de escolas superiores, onde se apreendeEngenharia Civil, vem desvalorizando essa diferença.Regista-se igualmente a evolução nos conteúdosprogramáticos da aprendizagem específica. Estamos na Europa unida mas continuamos longe daEuropa do cidadão construída através da educação. Apesardos numerosos estudos já feitos e destinados a melhorar aformação dos estudantes recorrendo a programas como a“Língua”, “Erasmus”, “Comett”, “Tempus”, “Petra”,“Force”, “Eunydice”, “Cecepop”, “Sócrates” e outros, temosde concordar que o próprio Livro Verde sobre a dimensãoeuropeia da educação perdeu cor com o sol de Portugal.Lá fora, a aquisição de hábitos indispensáveis aorendimento escolar inicia-se no Kindergarten, os jardins deinfância, prosseguindo ao longo do básico e do secundárioaté ao superior.Em Portugal, a deficiente aquisição de hábitos de trabalhointelectual é a razão principal da elevada percentagem doinsucesso escolar. O investimento na educação, emboraelevado, não é produtivo como devia ser e as reformas deensino obedecem mais à demagogia dos políticos do que auma planificação feita por técnicos competentes eexperimentados. Os próprios sindicatos de professores dãoprioridade à reivindicação de consumos (salários eprivilégios) do que à defesa da qualidade do ensino. Os vícios da má aprendizagem e dos maus hábitos de trabalhoreflectem-se no ensino superior e na actividade profissional.Fala-se muito da cooperação universidades-empresas. Salvoalguns exemplos, esta cooperação está longe de funcionarcomo devia, quer por descoordenação, quer por razão decrises económicas, quer por impreparação edesactualização de coordenadores. A má planificação decursos e do seu desacerto do mercado do trabalho resultamna frustração de um elevado número de licenciados, caídosno desemprego ou, o que me parece mais grave e

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Adriano Vasco Rodrigues, director jubilado da Schola Europaea – UE – (Bélgica)

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desencorajador, no emprego precário. No passado dia 15,ouvi um canal de televisão afirmar, segundo dados oficiais,que se registam 52 mil licenciados no desemprego. Encontrei já engenheiros a trabalhar como taxistas eengenheiras a procurar profissionalizar-se na área daMatemática para leccionarem no básico e no secundário.Os progressos técnicos sempre em ritmo crescente alteraramprofundamente as condições de existência, criando outro estilode vida e contribuindo para uma uniformização dascivilizações, dando nascimento a um novo mundo sob a égideda tecnologia.O progresso provocou uma aceleração da História e dopensamento e fez retrair a dimensão da Terra, tanto quanto asemissões de rádio e da internet tornaram a comunicaçãoinstantânea.No início desta revolução fantástica, a maior da História, para aqual foi importante o papel da Engenharia, as opiniões doshomens dividiram-se quanto aos resultados e benefíciostécnicos e científicos no futuro.Os optimistas acreditavam que estes avanços iriam acabarcom a miséria e criar uma sociedade mais justa e fraterna.Os pessimistas, chocados com os desastres das duas guerrasmundiais e das que se lhe seguiram, não acreditavam que osavanços técnicos e científicos libertassem o Homem do mal,mas antes o agravassem. A permissividade facilita o triunfodos medíocres e dos maus. Os filósofos, os políticos e osreligiosos sentem necessidade de repensar o problema,vinculando com esperança e ansiedade o devir do Homemquando à ciência e à técnica, repetindo o pensamento deRahelais: “Ciência sem consciência é ruína de alma”.Não falta, felizmente, na Engenharia portuguesa, gente comconsciência e profundo sentido dos outros. Acrescentamos quedesde o séc. XIX, em Portugal, o impulso dado aodesenvolvimento e ao progresso se ficou a dever,principalmente, aos engenheiros, distinguindo-se comoempresários, na indústria, no comércio, na construção civil eaté na exploração mineira, mas também na gestão doMinistério das Obras Públicas, da Economia e da Educação,como os melhores ministros. Certamente, as qualidades comque dignificaram o seu trabalho não se podem separar daformação profissional, privilegiando o rigor, a exactidão e ahonestidade.Não resisto a pedir que me deixem evocar alguns vossoscolegas, meus amigos pessoais, que já partiram e que muitoadmirei pelas suas qualidades. Lembro o meu saudoso amigoe compadre engenheiro Alberto Mendonça, da empresa daSenhora da Hora, carácter impoluto, um verdadeiro senhor nadignidade e no humanismo. Apadrinhou no baptismo o meufilho Luís, que viria a ser engenheiro.Recordo os meus companheiros de juventude, engenheiro Joãode Carvalho, o Joca, e o engenheiro Quim Mendo Jorge,sempre leais, disponíveis e solidários com os necessitados.Não posso esquecer meu primo, o professor e engenheiro

Neftali da Fonsenca, ligado à Faculdade de Engenharia e dasMinas de S. Pedro da Cova, vivendo os problemas dosoperários, sempre pronto a ajudar os que precisavam.Trago à memória o meu amigo engenheiro António RibeiroSoares, o primeiro a dar um importante passo na transiçãourbana para a moderna arquitectura da cidade da Guarda, masque ali se distinguiu pelo seu amor e ajuda aos pobres,presidindo ao albergue distrital e intervindo em obras deassistência. Evoco também o engenheiro Amaro da Costa, com quemtrabalhei no Ministério da Educação e, mais tarde, naAssembleia da República. Foi um lutador pela dignidadehumana e um defensor da justiça social. Viajámos juntos deLisboa para o Porto, num avião da TAP, na noite anterior à suatrágica morte.Concluo, lembrando outro velho amigo, que muito admireipela honestidade, frontalidade e lealdade, o engenheiro RuiMarrana, cuja morte, ocorrida há menos de um mês, mechocou profundamente pelo inesperado desfecho da suaenfermidade.No espaço que nos rodeia, com morte e com vida de permeio,marcado pelos constantes avanços da ciência e da técnica etambém, muitas vezes, pelos recuos do Homem, utilizando asarmas para destruição do semelhante, os senhoresengenheiros, intervindo com o vosso labor e engenho nummundo sem sentido, estão construindo civilização e lutandopelo conforto e bem-estar dos cidadãos, dando assim sentidoao Mundo.Bem hajam, senhoras e senhores engenheiros!

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A sustentabilidade na construção

Nos passados dias 27 e 28 deOutubro realizou-se na Exponor, emLeça da Palmeira, o 2.º Congressosobre Construção Sustentável.Integrado na Concreta – FeiraInternacional de Construção e ObrasPúblicas – e organizado pela Ordemdos Engenheiros - Região Norte(OERN), este congresso teve comoprincipal objectivo relacionar diversasquestões da Construção Sustentável,nomeadamente a gestão da energiana construção e nos edifícios, osmateriais sustentáveis, a arquitecturasustentável, a gestão ambiental naconstrução e a valorização deresíduos de construção e demolição.“Sustentabilidade de soluções

construtivas” foi o primeiro temaabordado. Luís Bragança, professorda Universidade do Minho, começoupor salientar que “uma construção sópode ser considerada sustentávelquando as diversas dimensões dodesenvolvimento sustentável –

ambiental, económica, social ecultural – são ponderadas durante afase de projecto”. Assim sendo,considerou que o objectivo daavaliação da sustentabilidade é reunirdados que posteriormente servem debase aos processos de decisão quedecorrem durante as diversas fasesdo ciclo de vida de um edifício.Por sua vez, António Joyce, doInstituto Nacional de Engenharia,Tecnologia e Inovação (INETI), fezuma apresentação do Edifício SolarXXI, onde está a direcção dodepartamento de energias renováveisdo INETI. Com cerca de 1600 m2, nelefoi implementado um conjunto desoluções técnicas de forma a obterum bom desempenho energético semcomprometer o conforto.De salientar as soluções relativas àorientação do edifício, ao níveldiferenciado de aberturas nasfachadas sul e norte, bem como oisolamento de toda a envolventeexterior e à maximização da utilizaçãode iluminação natural.Este edifício integra uma fachadafotovoltaica, onde o calor gerado nas

costas dos módulos é aproveitadopara aquecimento de ambiente epromoção de ventilação cruzada,possui um sistema de colectoressolares térmicos do tipo CPC paraaquecimento do ambiente através deconvectores e tem um sistema deaproveitamento da temperatura dosolo.No que respeita aos materiaissustentáveis Hipólito de Sousa,professor da FEUP, concluiu que emPortugal e nos edifícios a abordagemadoptada na construção é insustentávelno plano ambiental, na qualidade deprodutos e ao nível da durabilidade.Garantindo que ainda há muitocaminho a percorrer na ConstruçãoSustentável, disse ainda que a falta deobjectividade na referência à“sustentabilidade”, “reabilitação” e“qualidade” pode arrastar efeitosperversos para o sector. Assim sendo,este engenheiro chamou a atenção parauma nova cultura dos profissionais edos utentes das construções para queassim se alcancem soluçõessustentáveis. “É seguramente amudança mais difícil, pois vai implicarretroceder em facilidades que hoje sãoconotadas com desenvolvimento emodernidade”, afirmou.Em declarações à Info, Hipólito deSousa reiterou a necessidade deinteriorizar muito mais os conceitos,bem como alguns valores dasustentabilidade em todos os agentesda construção e do processoconstrutivo.“Estamos a fazer as coisas pela rama,mas temos que apostar na substância”disse, acrescentando que a máximaurgência se encontra no ordenamentoambiental, nas exigências mínimas dasconstruções e nas soluçõesarquitectónicas. Fazendo uma referência concreta aosmateriais, salientou a importância de

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perspectivar o ciclo de vida dosmateriais, a reutilização, arecuperação e a reciclagem. “É umapreocupação que deve ser encaradade uma forma diferente naconstrução”.No âmbito da gestão ambiental naconstrução foram apresentadasdiversas matérias nas vertentes daconcepção, construção e fiscalização.Tiago Rogado, engenheiro emrepresentação das Estradas dePortugal (EP), salientou a importânciado acompanhamento ambiental deempreitadas de infra-estruturasrodoviárias na perspectiva de dono deobra. Por sua vez, o engenheiro daSomague Miguel Tomé apresentou osdesafios dos adjudicatários em fasede obra, atribuindo importância àgestão ambiental em obra, à tipologiade exigências em função de dono deobra, à sensibilidade desubempreiteiros para as questõesambientais e à diversidade deentidades públicas e de legislaçãoambiental aplicável.Salientando o papel da Ordem dosEngenheiros nesta temática, omoderador da sessão, LuísMarinheiro, coordenador do ConselhoRegional Norte do Colégio deEngenharia do Ambiente, enalteceutambém a promoção de um grupo detrabalho dedicado à elaboração de umguia de boas práticas ambientais parao sector da construção civil e de umfórum de reflexão dedicado àhomogeneização de cadernos deencargos de empreitadas em termosdo acompanhamento ambiental emobra.Enquanto presidente da comissãoorganizadora do evento, José Mendesmostrou a sua satisfação pela altaqualidade das apresentações.Considerando a temática “incipienteem Portugal”, adiantou que é

necessário manter a actualização,uma vez que o primeiro congresso foirealizado em 2004.

Intervenção dos engenheiros na determinação do nível de conservaçãodos imóveis

No passado dia 25 de Outubro oauditório da Fundação Dr. AntónioCupertino de Miranda, no Porto,encheu-se de público interessado emassistir ao seminário subordinado aotema “A Intervenção dos engenheirosna determinação do nível deconservação dos imóveis”. Organizado pela Ordem dosEngenheiros (OE) e pelo InstitutoNacional de Habitação (INH), esteevento contou também com o apoiodo Laboratório Nacional deEngenharia Civil (LNEC). O Novo Regime de Arrendamento

Urbano (NRAU) estabelece que aactualização do valor das rendasdependa, entre outros factores, daprévia determinação do nível deconservação dos imóveis.De acordo com Ricardo Bexiga,membro do Conselho Directivo doInstituto Nacional de Habitação(INH), “até agora em Portugal alegislação do arrendamento urbanocriou uma situação de grandeinjustiça da relação contratual entreos proprietários, senhorios e osinquilinos havendo, de facto,necessidade de descongelar asrendas. Como tal, é importante que asrendas tenham um valor real,correspondente ao estado deconservação do edifício e à qualidadede habitabilidade que faculta aoinquilino”.Segundo foi divulgado nesteseminário, a avaliação do coeficientede conservação dos edifícios deveráser efectuada por um arquitecto ouengenheiro com mais de cinco anosde inscrição nas suas associaçõesprofissionais e que tenha sidocredenciado para o efeito.

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Segundo o engenheiro HipólitoSousa, da Ordem dos Engenheiros – Região Norte, esta medida“reconhece competência técnica aquem de facto a tem, coisa que nãotem sido muito corrente na legislaçãoactual portuguesa, e, por outro lado,esta iniciativa é também muito bemsuportada tecnicamente por umtrabalho feito pelo LNEC, que permitede forma muito objectiva fazer aavaliação”. O contributo que é dado por estesprofissionais na determinação donível de conservação acaba porrevelar-se num “coeficiente dejustiça”. Tal como sublinha AnaRibeiro, do INH, “os proprietáriosque têm os seus imóveis em bomestado de conservação merecemefectivamente que a renda esteja deacordo com as condições queoferecem aos arrendatários e estesque acham que não têm essecoeficiente de conservação podemefectivamente requerer uma avaliaçãopor forma a que o senhorio lhesreponha as condições dehabitabilidade ou, em última instância– que é a questão polémica –,adquirir a casa”. O seminário teve por objectivoapresentar o enquadramento legal,assim como esclarecer a aplicação doMétodo de Avaliação do Estado deConservação dos Edifícios (MAEC)que visa determinar, com rigor,objectividade e transparência, oestado de conservação dos edifícios ea existência de infra-estruturasbásicas. O engenheiro VasconcelosPaiva, do LNEC, considerou que foidefinido um método “suficientementeuniversal para que pudesse seraplicado a todas as situações”, aaplicar a qualquer locado.“Independentemente do uso(habitacional ou não), da data de

construção, dos processosconstrutivos, da localização, do custoda construção, das dimensões...”,acrescentou. Durante as sessões foram aindadebatidas com a plateia diversasquestões que se inserem no âmbitoreferido, visando a melhor preparaçãodos engenheiros que pretendaminscrever-se para o exercício daquelasfunções. A equipa do LNEC presente noseminário divulgou um conjunto deprocedimentos e critérios que devemser cumpridos pelos técnicos duranteas vistorias, complementando taisexplicações com um exercício prático depreenchimento das fichas de avaliação.

Segurança no Trabalhode Construção debatidaem Viana do Castelo

Com o objectivo de aproximar aplateia à mesa, o auditório do MuseuMunicipal de Viana do Castelo foi

palco de uma tertúlia, cujo temaassentava na Segurança no Trabalhode Construção. Organizada peladelegação de Viana do Castelo daOrdem dos Engenheiros – RegiãoNorte (OERN), esta contou com apresença dos engenheiros AntónioCruz, João Casais Baptista, Sónia Eliase Filipe Casal Ribeiro.Segundo o delegado da Ordem dosEngenheiros no distrito de Viana doCastelo, António Cruz, este é umtema que está na primeira linha dosgrandes problemas na construção e,como tal, “corta transversalmentetodas as Engenharias”. O mesmodelegado regional acrescentou aindaque “a Segurança é aquela matériaque devemos ter presente”. O engenheiro João Casais Baptista,moderador desta sessão, referiu aimportância desta temática queoriginou uma das iniciativas daOERN, ou seja, o CongressoInternacional de Segurança naConstrução. “Desempenhada como umaespecialidade como outra qualquer no

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ramo da Engenharia, a Segurança noTrabalho de Construção tem um papelrelevante no correctodesenvolvimento da própria obra”.Esta é a opinião de Sónia Elias que,como coordenadora de segurança,acrescentou que esta actividade émarcada por uma forte evolução anível de mentalidades mas que, noentanto, continua muito aquémdaquilo que se pretende, pois estaevolução não se verifica a curto mas alongo prazo.Passando por uma série deespecificações que vão além do usode botas e capacete, a coordenaçãode segurança encontra algumasbarreiras como a capacidade deresposta das empresas. No entantoisto não se aplica a todos, vistoalgumas dessas empresas já estaremdotadas de Departamentos deSegurança e técnicos especializadosem contraste com as pequenas emédias empresas que apresentamdiversas lacunas. Tudo isto passa também por umprocesso de sensibilização dostrabalhadores como forma deminimizar os riscos.Relativamente a obras públicas eprivadas, ainda segundo a engenheira,as primeiras foram as que semostraram inicialmente maisreceptivas a esta actividade. Situaçãoessa que passou a inverter-se nosúltimos dois anos, altura em que severificou um aumento do apoio porparte das obras privadas.Com um perfil ainda por definir nalegislação, o Coordenador deSegurança da Construção pertence aosector onde morre mais gente. De resto, 50% dos acidentes mortaisverificam-se na construção, umaspecto que nos coloca na cauda daEuropa, conforme relata JoãoBaptista.

Também neste campo, o engenheiroFilipe Casal Ribeiro referiu aimportância do “Coordenador deSegurança ser alguém com umaestrutura base de Engenharia Civil,com um curso de técnico superioracreditado, com experiência em obra,quer como engenheiro, quer comoCoordenador ou como técnico desegurança”, como forma de fazer facea ocorrências, imprevistos,protegendo em primeiro lugar otrabalhador. Esta temática é marcada por umaevolução: “Nota-se algum progressomas não podemos viver à sombradesse progresso”, manifestou oengenheiro Ribeiro Torres, realçandoque a questão dos custosrelativamente aos equipamentos deprotecção colectiva passa por“convencer as entidades executantesde que a Segurança custa dinheiro”.

Delegação de Vila Real da OE comemora 20 anos

Com o propósito de comemorar os 20anos de existência da sua delegação,a Ordem dos Engenheiros – RegiãoNorte promoveu dia 11 de Novembro,pelas 21h30, o colóquio “A BaciaHidrográfica do Rio Douro” no hotelMiracorgo, em Vila Real.Este colóquio, realizado com o intuitode homenagear a criação dadelegação de Vila Real e osengenheiros nela inscritos, contoucom a presença de vários membrosda Ordem dos Engenheiros – Região Norte, assim como umrepresentante do presidente daCâmara Municipal de Vila Real,Nazaré Pereira.

Perante uma plateia atenta, a aberturada sessão foi realizada pelo anfitrião eactual delegado distrital de Vila Real,Eduardo Paiva Rodrigues, queagradeceu a presença de todos paracomemorarem a criação da sededistrital da Ordem dos Engenheirosem Vila Real, assim como o empenhodedicado por todos nesta delegação.Simões Cortez, Bastonário na alturada criação da delegação, caracterizoua repartição de Vila Real como “umadelegação de luta, responsável eactuante”, partilhando depois a suaopinião sobre a Ordem dosEngenheiros na sua relação com asociedade, na importância de manterum contacto constante com aadministração e a na importânciadesta se manifestar em relação aoprocesso de Bolonha, falando dosbenefícios e danos do mesmo para asociedade em geral.De um modo descontraído eemocionado, Mário Romeu, actualdelegado-adjunto da delegaçãodistrital de Vila Real e um dosimpulsionadores da criação dadelegação, falou da história dacriação, referindo que não foi oespírito da Ordem que os fez criar adelegação, mas sim, um decreto-leilançado na altura. Contudo, após se reunirem ediscutirem qual a melhor atitude atomar, pensando mesmo emabandonar a Ordem em conjuntocomo sinal de desaprovação,chegaram à conclusão que seriadentro da Ordem que iriam criarcondições para lutar contra taldecreto. Neste sentido, angariaram asassinaturas suficientes, percorrendo odistrito, procurando engenheirosresidentes e conseguindo deste modoa formação da delegação.Mário Romeu apelou ainda para que odia da comemoração dos 20 anos de

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delegação passasse a ser o dia defundação, dando assim azo a umacomemoração anual do denominado“Dia da Delegação Distrital de VilaReal.” Já o representante da CâmaraMunicipal de Vila Real, NazaréPereira, parabenizou a delegação ereferiu que “este não é só um marcona história da cidade, mas uma pedrano caminho do progresso, nocaminho do desenvolvimento dacidade de Vila Real”, esperando umaactuação mais forte não só desta masde outras delegações situadas em VilaReal.Gerardo Saraiva de Menezes,presidente do Conselho Directivo daRegião Norte, agradeceu todas aspresenças, em especial a do ex-Bastonário Simões Cortez, que trouxeo espírito da época até àquela sala.Gerardo de Menezes prosseguiu comum pequeno resumo da história eactual estado da delegação de VilaReal, referindo que esta é uma“delegação jovem”, pois é composta

na maioria por jovens. Com menos de35 anos, estes jovens sãomaioritariamente residentes em VilaReal e distribuem-se pelas áreas deCivil, Electrotecnia e, ao contrário dosnúmeros nacionais, pela área de

Agronomia. Um contributo daformação prestada pela Universidademais próxima, a Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro.O presidente do Conselho Directivoda Região Norte referiu também quaisos objectivos da Ordem, a curtoprazo, dentro da prestação dosserviços que faz, sendo estes acriação de comissões de arbitragemno novo regime de arrendamentourbano, já discutido anteriormente noPorto; a inserção da Ordem dosEngenheiros – Região Norte nossistemas de gestão da qualidade,passando a ser certificada; a criaçãode um novo portal; a aproximação deengenheiros mais novos e maisvelhos através de iniciativas como asecção de Perguntas & RespostasTécnicas da Info; a forte aposta naformação mas sem concorrer com asempresas do mercado, procurandochegar a locais onde as empresas nãoapostam, como é o caso de Vila Real;investir na actividade editorial, comoé caso de um livro de memórias da

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Ordem dos Engenheiros e um livrosobre a história da Engenharia Civil,além de livros técnicos sobrereabilitação de edifícios e outro sobreestruturas metálicas.Deste modo, o engenheiro aproveitoua oportunidade para desafiar o poderlocal a ceder um espaço para aconstrução e remodelação darepartição, de maneira a criar a umadelegação com condições em VilaReal, pois a actual não funciona numedifício próprio.Gerardo Saraiva de Menezesaproveitou ainda uma frase de MárioRomeu para referir que “a Ordem nãosão eles, os dirigentes, a Ordemsomos todos nós, por isso, elasempre será aquilo que quisermosque seja.”Uma deixa para o colóquio doengenheiro Machado e Moura que deuma forma crítica mas entusiasmadafalou do mau aproveitamento feito, atéà data, da Bacia Hidrográfica do Douroe apresentou soluções que comprovamcomo esse aproveitamento pode serbenéfico para o país.

Visita à Polonia

Mais uma vez a Ordem dos Engenheirosda Região Norte transpôs fronteiras ecom alguns colegas foi testemunhar a“Internacionalização da EngenhariaPortuguesa”.Desta vez, durante cinco dias de visitaà Polónia (entre sete e 12 deOutubro), tendo como posto abelíssima Cracóvia, tivemos oprivilégio de conhecer para além dosmonumentos, a sua gastronomia e assuas gentes locais, bem como a suacapital – Varsóvia.Mas sempre com os nossosobjectivos presentes, efectuamos avisita à fábrica da Martifer – PolskaSp z o.o., situada em Gliwice, onde

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infoPágina 30 VIDA ASSOCIATIVA

fomos acolhidos pelo director geral,Paulo Ferreira, que nos informou quefoi iniciada a laboração em 2003 comsete trabalhadores e hoje tem a seuserviço 230 trabalhadores tendo comoobjectivo em 2010 os 500trabalhadores.Visitamos ainda a fabrica SimoldesPlásticos – Polska, situada em Jelcz-Laskwice, onde fomos recebidos pelodirector financeiro, Luis Miranda, quenos deu a conhecer a fábrica. Com8.000 m2 e as obras de ampliação demais 6.000 m2, esta fábrica iniciou asua laboração em 2004 com 100

trabalhadores, tendo neste momento350 trabalhadores nos seus quadros.Assim, foi com orgulho quetestemunhamos, pois tratam-se deempresas com visão de futuro, acoragem dos seus engenheiros paradesenvolver os seus trabalhos numpaís com língua e cultura diferente.Desta forma, não perdemos aoportunidade de transmitir, entreoutros assuntos, à Ordem dosEngenheiros – Colégio de Civil –polaca, na pessoa do director queamavelmente nos recebeu da PolskaIzba Inzynirów Budownictwa, em

Varsóvia, Andrzej Orczykowski, apresença de alguns dos nossosengenheiros portugueses na Polónia,que gostariam de eventualmenteefectuar a sua inscrição nestaassociação.Finalmente e como não poderia deixarde ser, como patriotas que somos,fomos apoiar a nossa selecçãoportuguesa onde não conseguimosgritar mais alto que os mais de40.000 polacos presentes no estádiode Slaski, em Chorzów.

Ricardo da Cunha Reis

Page 30: INFO nº10

Rui Pedro Oliveira Simões

Melhor Estágiode Engenharia Mecânica 2005

Rui Pedro Oliveira Simões é o autor do trabalho “Sistemade Recolha de Dados Via GSM e Caracterização do Regimede Ventos na Área do Vale do Minho” que foi distinguidocom o prémio Melhor Estágio 2005, na especialidade deMecânica. Natural do Porto, o engenheiro de 29 anoslicenciou-se na Faculdade de Engenharia da Universidadedo Porto (FEUP) e foi no seu primeiro emprego, enquantobolseiro estagiário na secção de Energia Eólica do Institutode Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), quedesenvolveu um longo trabalho de campo e de pesquisarelacionados com o tema que elegeu. No INEGI, Rui Pedrofoi responsável pelo tratamento de dados de ventoprovenientes das campanhas de medição realizadas noâmbito de protocolos estabelecidos entre a instituição ediversos clientes, nomeadamente os EmpreendimentosEólicos do Vale do Minho. “Esta experiência como bolseironuma instituição como o INEGI foi bastante agradável,tendo sido igualmente proveitosa na medida em que foipossível conciliar uma actividade prática, muitas vezesesquecida nas faculdades, com a forte componenteacadémica”, diz.No âmbito de um estudo de caracterização do regime deventos em 12 locais seleccionados na zona de influência daAssociação de Municípios do Vale do Minho, o trabalho deestágio do jovem engenheiro tem a particularidade derecorrer à tecnologia GSM para a recolha de dados e tele-monotorização das respectivas estações metereológicas. Em todos os locais foram instaladas torres metálicas detreliça, com 40 metros de altura, equipadas com sensores adois níveis: 20 e 40 metros acima do nível do solo. O sistemade medida instalado compreende ainda um datalogger,AMMONIT, para aquisição e registo de dados. Segundo ojovem engenheiro, “a adopção da tecnologia GSM paravigilância e recolha de informação revelou-se numinvestimento bastante proveitoso, na medida em que seconseguiram bons índices de disponibilidade de dados devento para a generalidade das estações de medida”.Enquanto conclui a tese de Mestrado em Design Industrial,na FEUP, Rui Pedro Simões é actualmente director de umsector produtivo, ligado às novas tecnologias numa empresade Vila Nova de Gaia que produz mobiliário contemporâneo,objectos decorativos e esculturas de autor. Nesta área, RuiPedro elogia uma personalidade com quem lidaregularmente: “Para além de o conhecer pessoalmente e deaprender bastante com as suas reuniões de trabalho, dá-meimenso prazer poder colaborar em projectos da autoria doreconhecido arquitecto português Álvaro Siza Vieira”.A personalidade vincada que caracteriza o engenheiro condiz

com a sua intuição para a Engenharia que nasceu muitocedo. “Quando era adolescente lembro-me de ter feito ummecanismo artesanal para ajudar a minha avó a abrir a portada rua sem ter necessidade de descer as escadas. Para mimfoi um feito notável!”. Este episódio sublinha a convicção deRui Pedro de que, ainda que num período pouco consistente,a sua alma foi e será sempre de engenheiro.Amante do mar e do surf, da leitura sobre a Física e o cosmose de jazz, o engenheiro do Porto tem ainda como hobbie apesquisa sobre novas tecnologias adaptadas ao campo daEngenharia de produção. Gostos tão intrínsecos quanto a sualigação à profissão. “Sinceramente não me estou a ver aexercer outra função. Como a Engenharia Mecânica está tãoligada ao mundo da Física (mais do que qualquer outra) énatural que eu sinta uma paixão semelhante pela Física. Senão fosse um aplicador de leis físicas – engenheiro –, estariaprovavelmente a tentar descobri-las – físico!”, refere.

info Página 31PERFIL JOVEM

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infoPágina 32 DISCIPLINA

Acórdão do Conselho Disciplinar da RegiãoNorte da Ordem dos Engenheiros – SínteseProcesso CDISN 01/2005

Factos provados:Que o participante foi o autor de um projecto dearquitectura registado na Câmara Municipal de L(Processo n.º 129/03), cujo licenciamento foi requeridopela firma Y, representada pelo Sr. Z.Que deu entrada a 30 de Setembro de 2004 no Tribunal daComarca do Porto, a Acção Ordinária autuado comoProcesso n.º N/04, cuja causa de pedir era a falta depagamento de honorários por parte da firma Y aoarquitecto participante, mas na qual aquela firma tinhadeduzido um pedido reconvencional contra o arquitecto,pedindo a sua condenação no pagamento de diversasimportâncias a título de indemnização por danos que afirma sofreu em resultado do alegado incumprimento docontrato por parte daquele arquitecto.Que deu entrada a 2 de Novembro de 2004, na CâmaraMunicipal de L, um aditamento ao projecto do arquitectoparticipante, subscrito pelo engenheiro aqui arguido,contemplando diversas alterações ao projecto dearquitectura que eram necessárias para a obtenção dalicença de utilização e diziam respeito a pormenores deexecução da obra no interior do edifício.Que o arquitecto participante não passou qualquerdeclaração de cedência dos seus direitos de autor naqueleprojecto de arquitectura.Que o arguido não contactou o arquitecto participanteantes de aceitar substituí-lo como responsável técnicopelo projecto de arquitectura em questão.Que o arquitecto participante abandonou as obras da firma Y, tendo sido esse facto que esteve na origem da contratação de um novo técnico por parte desta última.Que o Tribunal da Comarca do Porto julgou improcedenteo pedido indemnizatório que o arquitecto participantehavia deduzido contra a firma Y, condenado, isso sim, nos termos da reconvenção deduzida pela Ré, o primeiro a pagar à segunda uma indemnização de 30.274,90 euros por danos que o seu incumprimento do contratocausou àquela firma, acrescida dos demais prejuízos queainda vierem a ser liquidados em sede de execução desentença.Que o arguido não tem antecedentes disciplinares.

Factos não provados:Que, aquando da entrada na Câmara Municipal de L deum aditamento ao projecto do arquitecto participante,subscrito pelo engenheiro aqui arguido, não existianenhuma incompatibilidade de carácter profissional entreo arquitecto participante e o requerente do projecto,verificando-se, apenas, uma situação de incumprimentocontratual por parte deste último.Que sem a entrada na Câmara Municipal de L doaditamento ao projecto do arquitecto participante,subscrito pelo engenheiro aqui arguido, a obra emquestão estivesse em condições de lhe poder ser atribuídaa licença de utilização.

Decisão:É verdade que o arguido introduziu alterações no projectoelaborado pelo arquitecto participante, sem consultaprévia ao autor do projecto, mas também se provou que oarquitecto participante abandonou a obra da firma Y e otribunal julgou improcedente a alegada falta depagamento de honorários por parte da firma Y àquelearquitecto, condenando-o, ao invés, no pagamento àquelafirma de diversas importâncias a título de indemnizaçãopor danos que esta sofreu em resultado doincumprimento do contrato por parte daquele arquitecto.Verificou-se, por conseguinte, que a empresa Y, tendonecessidade de concluir a obra, foi forçada a recorrer àcontratação do engenheiro aqui arguido com vista a queeste assumisse a responsabilidade por determinadasalterações ao projecto de arquitectura, que eramnecessárias para a obtenção da licença de utilização ediziam respeito a pormenores de execução da obra nointerior do edifício, uma vez que o arquitecto participantedeixou de dar qualquer assistência à obra e se recusou asubscrever aquelas alterações.Face a este circunstancialismo, apurado no decorrer dopresente processo, não se pode considerar que oengenheiro arguido tenha violado a norma deontológicaprevista no n.º2 do artigo 89º do Estatuto da Ordem dosEngenheiros, nos termos da qual o engenheiro deveexercer o seu direito de autor com respeito pelapropriedade intelectual de outrem e com as limitações

Page 32: INFO nº10

Página 33

impostas pelo bem comum, sendo certo que o arquitectoparticipante, ao invocar os seus direitos de autor contra oarguido quando foi ele próprio que deu causa à situaçãoque obrigou a intervenção daquele engenheiro, consoanteficou provado em tribunal, está a agir com manifestoabuso de direito (vd. artigo 334º do Código Civil).É verdade que o arguido não contactou o arquitectoparticipante antes de aceitar substituí-lo como responsáveltécnico pelo projecto de arquitectura em questão, mas a suacontratação para assumir a responsabilidade pelo aditamentoao projecto de arquitectura foi feita após a empresa ter tidoconhecimento da acção contra ela interposta pelo arquitectoparticipante e o facto é que era necessária para resolver agrave situação de impasse em que se encontrava a obra, o queatenua a culpa do arguido no eventual incumprimento danorma deontológica prevista no n.º5 do artigo 89º do Estatutoda Ordem dos Engenheiros, que estabelece que “umengenheiro deve recusar substituir outro engenheiro, só ofazendo quando as razões dessa substituição forem correctase dando ao colega a necessária satisfação”.

Face a estas circunstâncias atenuantes da conduta doarguido e tendo em consideração que a letra do n.º5 doartigo 89º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros serefere explicitamente a engenheiros, sendo defensáveluma interpretação da mesma no sentido de que a suaaplicação entre engenheiros e arquitectos obrigaria osengenheiros a uma deferência deontológica perante os“colegas” arquitectos, sem garantia de reciprocidade, umavez que os arquitectos estão sujeitos a um Estatutoprofissional próprio e distinto, pode considerar-se que,mesmo que a violação daquela norma deontológica setivesse verificado in casu, o arguido agiria com falta deconsciência da ilicitude, pelo que não poderia sercondenado pela prática da correspondente infracçãodisciplinar.Pelo que acima vem exposto, decide-se absolver o arguidoda prática das duas infracções disciplinares de que vinhaacusado, consistentes na violação culposa das normasdeontológicas previstas nos números 2 e 5 do artigo 89ºdo Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

info DISCIPLINA

Pin da Ordem dos Engenheiros – Região Norte à venda na sede

e nas delegações distritais por 5 euros

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infoPágina 34 ENGENHARIA NO MUNDO

Universidade do Minhocom projecto para a Ford Motor Company

Optimizar o comportamento ao impactode componentes e peças para a indústriaautomóvel é o principal objectivo de umprojecto de investigação científica que oInstituto de Polímeros e Compósitos(IPC) da Universidade do Minho (UM)está a desenvolver desde Setembro emcooperação com a Ford Motor Company.Ricardo Simões, Júlio Viana, GustavoDias e António Cunha integram a equipade investigação deste projecto, na qualse incluem também quatro bolseiros. O projecto permitirá aos bolseirosprogredir em termos de formaçãoacadémica, nomeadamente nodesenvolvimento de teses deDoutoramento. Ricardo Simões, um doscoordenadores deste projecto, explicou àInfo que a parceria com a Ford nasceuespontaneamente: “Esta colaboraçãoteve uma origem bastante informal,quando conheci numa conferênciacientífica os investigadores da Ford queestavam a assistir à minha palestra.Depois de uma troca de ideias,concluímos rapidamente que algumas

das preocupações actuais da Fordcoincidiam com uma linha específica deinvestigação do IPC e, portanto, seriaideal combinarmos os nossos esforçosnesse sentido”.Financiada pela empresa americana em240 mil dólares, distribuídos por trêsanos, a investigação visa encontrar omelhor desempenho mecânico aoimpacto, especificamente através dacriação de novas metodologias deprojecto, utilizando ferramentas desimulação computacional quepossibilitem aumentar a capacidadepreditiva do desempenho mecânico depeças técnicas de base polimérica. No IPC estão programadas tarefas emtodas as etapas de um projecto deinvestigação, desde a científica,passando pela simulação até à faseexperimental. Nesta altura de arranque,de acordo com Ricardo Simões, “está aser feito um levantamento do estado daarte a nível mundial, está a ser delineadoum plano experimental preliminar eestão a ser modeladas peças degeometria simples que serão utilizadasnas primeiras simulaçõescomputacionais”. Embora este projecto de investigaçãotenha objectivos delineados para daqui atrês anos, além dos resultados previstospara etapas intermédias, a unidade deinvestigação da UM pretende prolongar acolaboração com a Ford Motor Company.“É nosso intuito que essa cooperaçãoseja a longo prazo, embora muitoprovavelmente no âmbito de diversosprojectos com várias áreas de actuação.Obviamente é impossível prever o queacontecerá daqui a três anos, masestamos confiantes que o sucessodeste projecto abrirá caminho a essacooperação”, refere o investigador do IPC.Os investigadores da UM esperam comesta investigação dar um contributodecisivo no desenvolvimento de soluções

de segurança que diminuam osacidentes de viação. Soluções, dizRicardo Simões, benéficas para todas aspartes: “Espera-se que os resultadosdeste projecto permitam obtercomponentes para a indústria automóvelcom melhor comportamento emsituações de impacto, com óbviasvantagens para os fabricantes e para osutilizadores”.Criado em 2002, como unidade deinvestigação da Fundação para a Ciênciae Tecnologia (FCT), o IPC estáactualmente envolvido em 62 projectosde investigação e desenvolvimento, 21projectos FCT, 8 projectos europeus e 33projectos em cooperação com aindústria. O IPC acaba igualmente de estabelecerum protocolo de cooperação com a AirForce Research Laboratories quecomeçou por ser inicialmente umprojecto de cariz experimental, comoresume Ricardo Simões: “Estacooperação tem vindo a aumentar nosúltimos anos. Inicialmente foiimplementado um projecto que tinhacomo principal objectivo o estudo daspropriedades mecânicas e eléctricas depolímeros reforçados com nanofibras decarbono. Actualmente temos outroprojecto em curso que visa desenvolverferramentas de cálculo computacionalpara simulação do comportamentodestes polímeros reforçados. Embora seestude a influência das nanofibras emdiversas propriedades físicas, o focoprincipal é nas propriedades eléctricasque possibilitarão no futuro que estesnanocompósitos possuam respostainteligente a estímulos exteriores”.Ricardo Simões sublinha no entanto que“apesar de neste projecto existir umacomponente teórico-científica maisacentuada, demorará mais tempo atéque os resultados sejam materializadosem componentes com novasfuncionalidades”.

Page 34: INFO nº10

Agostinho Peixoto, consultor/especialista em Turismo

info Página 35LAZER

Uma viagem de trêsdias pela Região de Turismo Verde Minho

1º dia

Vamos encetar a nossa viagem porBraga, cidade com mais de dois milanos, apreciada pela sua altareligiosidade, donde se destaca a suaCatedral e o Bom Jesus do Monte. Apósesta visita e de termos provado o“bacalhau à moda de Braga”, e odelicioso pudim Abade de Priscos,fazemos uma rápida passagem peloMosteiro de Tibães. Aproveitando paravisitar a galeria Maio Cerqueira, uma dasmais conceituadas em arte moderna daEuropa. Seguimos para Vila Verde esubimos até Mixões da Serra, ondedesfrutamos de uma paisagemmagnificente ao mesmo tempo queexalamos o mais puro do Baixo Minho.Logo a seguir, ao passar de novo em Vila

Verde, temos que admirar os seusfabulosos “lenços de namorados”.Continuamos, agora a caminho deAmares, e vamos encontrar o Conventode Santa Maria de Bouro, hoje a maisaprazível pousada de Portugal.Aproveitamos para provar as famosas“papas de sarrabulho”.Continuando a nossa viagem, entramosem Vieira do Minho, saltando daBarragem do Ermal até à Aldeia Turísticade Agra, encravada na Serra da Cabreira,ainda selvagem e de inolvidável beleza eaproveitamos para pernoitar numa Casade Turismo de Aldeia, após um soberbojantar à lareira deste património ruralminhoto.

2º dia

No dia seguinte tomamos caminho atéà Póvoa de Lanhoso, visitamos o seualtivo Castelo, que abrigou DonaTeresa, mãe do primeiro Rei dePortugal. De seguida, rumamos para afreguesia de Travassos e

contemplamos o Museu do Ouro, semcontudo parar na Diverlanhoso, omaior Parque de Aventura e Desportoda Europa, e jogar um pouco depaintball, fazer um slide e percorrer amata virgem. Daqui damos um saltoaté Fafe, conhecida como a “Sala deVisitas do Minho” a que se junta a suamagnifica gastronomia, com destaquepara a “Vitela à Moda de Fafe”.Damos, então, um salto até Vizela,esse novel concelho, e deliciamo-noscom o seu Parque Termal e apuramoso palato com o “Bolinhol”, pão-de-lócoberto de Vizela, na ConfeitariaKibom, cuja família é fiel depositáriada receita original.A seguir, vamos dar uma volta portodo o Vale do Sousa, já Distrito doPorto, mas de incomparável beleza.Zona enormemente industrial, desde ocalçado de Felgueiras, à Rota daIndústria dos Móveis em Paredes e aodiversificado comércio do móvel emPaços de Ferreira, e também aodesportivo concelho de Lousada.Devemos ainda, aqui, apreciar a suagastronomia e deliciarmo-nos com opão-de-ló de Margaride, voltando apernoitar numa Casa Rural do Vale doSousa, magníficas e solarengas. Emcomplementaridade, devemospercorrer a Rota do Românico do valedo Sousa, testemunho de umpatrimónio rico e único.

3º dia

No dia seguinte, último dia de viagem,rumamos até Vila Nova de Famalicão evisitamos a Casa de Camilo CasteloBranco, esse grande obreiro da literaturaportuguesa. O museu de Indústria Têxtilé de visita obrigatória. Tem, aqui, uma visita-relâmpago por estaRegião, que lhe irá abrir o apetite parafuturas visitas, mais repousadas eprofundas, estou certo disso.

Page 35: INFO nº10

PERGUNTA DE: Paulo Jorge Moreira Lobarinhas, membro n.º 010921/041447

RESPOSTA DADA POR: Teresa Ponce de Leão, vice-presidente do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI)

Gostaria de saber qual o ponto da situação do novo Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios (RSECE).

1º - Existe algum manual em papel?

Os manuais vão estar disponíveis aquando dos cursos sobre o RSECE que irão ser ministrados pela Agência para a Energia(ADENE).

2º - Existe alguma folha de cálculo?

Vai ser disponibilizado software durante os mesmos cursos.

3º - Vão existir sessões de esclarecimento ou formação por parte da Ordem dos Engenheiros?

Após a realização dos cursos a OE (e em particular a Região Norte) vai colocar à disposição dos interessados acções de formaçãodevidamente anunciadas nos portais da região e nacionais.

infoPágina 36 PERGUNTAS & RESPOSTAS TÉCNICAS

AVISOAs respostas apresentadas nesta secção são elaboradas com fins essencialmente pedagógicos, não podendo ser-lhes atribuído valor formal. A aplicação a casosconcretos, ainda que similares aos aqui descritos, deve ser sempre objecto de estudo específico. Neste sentido, os autores das respostas, a Info e a OERN, nãoassumem qualquer responsabilidade pela utilização em concreto que possa seja feita destas respostas.

Page 36: INFO nº10
Page 37: INFO nº10

infoPágina 38 AGENDA

ENCONTROS, CONGRESSOS E SEMINÁRIOS EXTERNOS

13 A 16 DE DEZEMBROLOCAL: LISBOA, LNECORGANIZAÇÃO: LNEC – LABORATÓRIONACIONAL DE ENGENHARIA CIVILGPBE – GRUPO PORTUGUÊS DO BETÃOESTRUTURAL4as JORNADAS PORTUGUESASDE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

1 A 4 DE ABRIL 2007LOCAL: UNIVERSIDADE DO MINHO,GUIMARÃESORGANIZAÇÃO: UMINHO5th INTERNATIONAL WORKSHOP ON APPLICATIONS OF COMPUTATIONALMECHANICS IN GEOTECHNICAL ENGINEERING

10 E 11 DE JUNHO 2007LOCAL: FEUP, PORTOORGANIZAÇÃO: EIASM - EUROPEAN INSTITUTEFOR ADVANCED STUDIES IN MANAGEMENT14th INTERNATIONAL PRODUCT DEVELOPMENTMANAGEMENT CONFERENCEMais informações:http://www.eiasm.org/frontoffice/event_announcement.asp?event_id=504

26 A 28 DE OUTUBRO 2007LOCAL: FEUP, PORTOORGANIZAÇÃO: FEUPSÍSMICA 20077º ENCONTRO DE SISMOLOGIA E ENGENHARIA SÍSMICA

ENCONTROS, CONGRESSOS E SEMINÁRIOS OE

2 DE DEZEMBRO LOCAL: PALÁCIO VILA FLOR, GUIMARÃESORGANIZAÇÃO: COLÉGIO DE INFORMÁTICA DA REGIÃO NORTE ENCONTRO NACIONAL DO COLÉGIO DE ENGENHARIA INFORMÁTICA “GESTÃO DO RISCO EM INFORMÁTICA”.

7 DE DEZEMBROLOCAL: CASINO DA PÓVOA DO VARZIMORGANIZAÇÃO: OERNCOMEMORAÇÕES DOS 70 ANOS DA ORDEMDOS ENGENHEIROS; INÍCIO DAS OBRAS DA SEDE; CERTIFICAÇÃODA QUALIDADE E LANÇAMENTODA MONOGRAFIA COMEMORATIVA– HISTÓRIA DA OERNMais informações: [email protected] ou 22 207 13 00

11 DE DEZEMBROLOCAL: SEDE DA ORDEMHORA: 21HORGANIZAÇÃO: CDRN ASSEMBLEIA REGIONAL

FORMAÇÃO OE

NOTA: OS CURSOS JÁ SE ENCONTRAM PREENCHIDOS ATÉ AO FIM DESTE ANO

2007

18 A 20 DE MAIO 2007ORGANIZAÇÃO: OERNLOCAL: PONTE DE LIMAII ENGINEER’S TROPHY

31 DE MAIO A 1 DE JUNHOLOCAL: PORTO (A CONFIRMAR)7º CONGRESSO DE HIGIENE, SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO