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Meritíssimo Juiz de Direito da __ Vara Cível da Qbmarca deDivinópolis/MG

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CLAUDINEI REZENDE SE NPA ALVES, brasileiro,casado, motorista, inscrito no CPF 835.734.376-72, residente e domiciliado nesta cidade à RuaOlinda, 463, Bairro Bom Pastor, cep: 35.500-169,vem perante V.Ex.%, por seu procurador, proporAÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS contraREFRIGERANTES MINAS GERAIS LTDA, com endereço naRodovia BR 262 - Anel Rodoviário KM 2, n.o 2.233,Bairro Engenheiro Nogueira, Belo Horizonte/MO,pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa aaduzir:

"No exercício de sua sagrada missão, o juiz não é mero aplicador do texto frio dalei, mas o protagonista da Justiça de quem se exige o mais elevado espírito público erequintada sensibilidade para perceber as mutações da'sociedade contemporânea,principalmente numa questão que tão fie perto diz com a qualidade de vida e ointeresse das presentes e futuras gerações. Sem essa, de pouco ou de nada se rve oinstrumental jurídico posto a serviço da tomunidade". (Edis Milaré)

DOS FATOS

Foi no dia 16 de junho de 2006, no "Mýar do Maxiraino"nesta cidade, que o autor comprou uma garrafai de COCA-COLA,1,25 litros, produzida pela empresa requerida.'

Estando tudo pronto para o jantar, inclusjtve com apresença de seus filhos, percebeu a presença de corpo estranhono seu interior, motivo pelo qual não procedeu sua abertuta.

Av. Antônio Olimpio de Morais, 71-.centro--cep:35.500-O5-Dvnpols/Mcj-(37)3221-5300/[email protected] '

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Enviada a garrafa à Secretaria Municipal de Saúde, aVigilância Sanitária constatou o seguinte, através daDeclaração anexa (doc.Ol>:

caso,.je v :á . t tahspa-rente em. temperatúrala mbiente;, óuo de Lei g.erante, de. colIamarca C'oca-Cola,, ' contendo 1.,25 L e praz&; devalidade áté 26/04/2006 (meio apagada);- tampaj[plástica amarela com' identificação, de, fonteýIprdutôra:. fabricada e engarrafada por,IRefrígerantes Minas .Gerais Ltda Rodovia'BR 262ýHAnêel. Rodoviário-[M 2. n.o 2.233 - Engenheiro

;Nogueira .Belo l-orizonta-MG; APRESENTAVA EM.ýSEU INTERIOR, ALEM DO CONTEUDO LIQUIDOfiMARRONZADO, UM CORPO ESTRANHO PARECIDO COMIUMA EMBSALAGEM DE BALA." <grifo nosso>

Diante disso, em 13 de julho de 2006, conforme Termode Comparecimento anexo (doc.02>, foi realizada audiência detentativa de conciliação no PROCON desta cidade, e porocasião, lamentavelmente, o autor recebeu proposta esdrúxulado procurador do requerido, aliás, jamais vista nos bastidoresdo Procon, causando perplexidade a todos que lá estavam.

Em troca da garrafa avariada, pasmem, ofereceu umengradado de Coca-Cola e ainda, como cortesia, um passeio atéa fábrica em Belo Horizonte, com intuito de mostrar-lhe osmeandros da fabricação e envasamento nas garrafas.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO

(Da responsabilidade civil por tato do produto)

Não há dúvida que a declaração emitida pelaVigilância Sanitária desta cidade, noticiou a fabricação ecomercialização de produto impróprio para consumo humano, eisque o refrigerante apresenta evidente alteração, colocando emrisco a saúde de quem obviamente viesse a consumi-lo.

Neste sentido, estabelece o artigo 186 do nouveauCódigo Civil que:

"Aquele que, por ação ou omissão voluntária,negligência ou imprudência, violar direito ecausar dano a outrem, ainda que exclusivamentemoral, comete ato ilícito".

Av. Antônio Olímpio de Morais, 7 1-centro-cep:35.500-005-Div inôpolis/ MG-<37)322 1-5300/ 8801-5698 [email protected]

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Ainda, dispõe o artigo 931 cio Código Civil:

"Ressalvados outros casos previstos em leiespecial, os empresários individuais e as empresasrespondem independentemente de culpa pelos danoscausados pelos produtos postos em circulação".

Por outro lado, determina a Constituição Federal queo "Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor"<artigo 50, XXXII). Para tanto, criou-se a Lei n. 8.078/90.

Assim, tem-se que o fato narrado merece ser examinadoà luz dos dispositivos contidos na mencionada lei, eis queelaborada para equilibrar as relações entre fornecedores econsumidores, em uma sociedade caracterizada pela produção econsumo em massa.

Outrossim, ao dispor sobre práticas consideradasabusivas, dispõe o Código de Defesa do Consumidor:

"art. 39. Évedado ao fornecedor de produtos ouserviços:

VIII- colocar, no mercado de consumo, qualquerproduto ou serviço em desacordo com as normasexpedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, senormas especificas existirem, pela AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas ou outra entidadecredenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,Normalização e Qualidade Industrial - CONMETRO"

De igual modo, o art. 60, inciso IV do CDC estabeleceser direito básico do consumidor a proteção contra práticasabusivas, bem como prevê, em seu inciso VI a "efetivaprevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,individuais, coletivos e difusos".

Por tal razão, imprescindivel a condenação dorequerido, a fim de ajustar seus procedimentos, fazendo comque este, a par de reparar os danos causados, também elimine apossibilidade de colocar no mercado produtos que, por sua açãoou omissão, venham a ser considerados impróprios ao consumohumano.

A propósito, segundo o artigo 18, § 60 do CDC, sàoimpróprios os "produtos deteriorados, alterados, adulterados,avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos àvida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo comas normas regulamentares de fabricação, distribuição ouapresentação".

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Ainda neste sentido, o artigo 12 do CDC trataespecificamente da responsabilidade do fornecedor pelo fato doproduto, estabelecendo que o agente econômico deve responder,INDEPENDENTE NTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA, pelos danosocasionados aos consumidores em face de defeitos existentesnos produtos que comercializa:

nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,independentemente da existência de culpa, pelareparação dos danos causados aos consumidores pordefeitos decorrentes do projeto, fabricação,construção, montagem, fórmulas, manipulação,apresentação ou acondicionamento de seus produtos,bem como por informações insuficientes ouinadequadas sobre sua utilização e riscos".

Assim, ao escolher a atividade empresarial e colocarprodutos no mercado, a empresa requerida também assumiu, emcarater objetivo, o risco de produzir danos a coletividade.Neste sentido, ressalta-se que o sustentáculo da obrigaçãoestá na possibilidade do dano que os atos da empresa possamtrazer às pessoas e aos bens e valores naturais.

No presente caso, a empresa requerida produziu ecolocou no mercado produto impróprio para consumo humano,expondo concretamente o autor a danos, notadamente de ordemmoral.

Outrossim, segundo a doutrina, nos termos do artigo12, § 30, inciso II do Código de Defesa do Consumidor,presume-se a imperfeição do produto, cumprindo ao fornecedor oônus de demonstrar a sua inexistência.

Neste sentido, esclarece ANTÔNIO HERMEN DEVASCONCELJOS E BENJAMIN:

"'Consequentemente, nos termos da lei brasileira, oconsumidor, em ação de responsabilidade civil poracidente de consumo, tem que provar apenas seudano e o nexo causal entre este e o produto ouserviço que adquiriu. Cabe ao responsável legal,em seguida, estabelecer que o dano, embora causadopelo produto ou serviço, não o foi em razão de umdefeito; ou ainda, que para o dano, apesar deprovocado pelo bem, não contribuiu qualquer açãoou omissão sua"

Assim, compete ao requerido, no esteio do disposto no

§ 30 do artigo 12 do CDC, para eximir-se da responsabilidade,comprovar que não colocou o produto no mercado (negativa deação> ou, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito

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inexiste (negativa de dano) ou, por fim, a culpa exclusiva doconsumidor ou terceiro (negativa de nexo de causalidade).

Diante de tais considerações, consagrou-se aRESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA do fornecedor (como género)pelos fatos dos produtos e serviços.

Em importante jurisprudência, o Egrégio Tribunal deJustiça de Santa Catarina, em acórdão produto da festejadainteligência do Des. Monteiro Rocha, Relator, examinou casomuito similar ao do autor. (AC 98.009680-4 de Tubarão).

Nos autos da apelação civil, o culto Relatorexplicou, citando a melhor doutrina, aos discorrer sobre osdefeitos de produção, que estão incluídos no risco daatividade econômica, inseparável da expectativa de lucro nomoderno mercado empresarial de massa:

"Os defeitos de produção, por sua vez, são aquelesque se manifestam em alguns exemplares do produto,como decorrência de falha instalada no processoprodutivo, mecânico ou manual, e cuja incidência,portanto, encontra-se numa relação imediata com ocontrole de qualidade desenvolvido pela empresa."Entre as características mais marcantes destamodalidade de defeito, podemos assinalar a suainevitabil1idade. Os defeitos de produção escapam aqualquer controle e surgem, por obra do acaso,como parte integrante do risco do negócio. (<.. )Não menos certo, contudo, que a produção em sérieatua como agente multiplicador do risco, e foramestas circunstâncias que deflagraram o advento dateoria da responsabilidade objetiva dosfabricantes, acompanhada da inversão do ônus daprova, seu inafastável corolário". (op. Cit., p.112 - o grifo está no original)

Segundo o Des. Monteiro Rocha, "com o advento doCódigo Civil de 2002, os arts. 12 e 128 a 25 do CDC foramreforçados de maneira significativa, uma vez que o parágrafoúnico do art. 927, e o art. 931, ambos do Código Civil,confirmaram a tendência do Código Consumerista de ampliar aresponsabiliza ção de empresários e empresas, no tocante aosdanos causados aos consumidores".

Os referidos artigos de lei tem a seguinte redação:

"Art. 927 ..."Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar odano, independentemente de culpa, nos casosespecificados em lei, ou quando a atividade

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normalmente desenvolvida pelo autor do danoimplicar, por sua natureza, risco para os direitosde outrem".

"Art. 931. Ressalvados outros casos previstos emlei especial, os empresários individuais e asempresas respondem independentemente de culpapelos danos causados pelos produtos postos emcirculação".

O § 60, inciso II, do art. 18, do CDC, determina que"os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados,falsificados, corrompidos, fra udados, nocivos à vida ou asaúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com asnormas regulamentares de fabricação, distribuição ouapresentação".

In casu, não há dúvida que o dano provocado noconsumidor (de esfera moral), pelo produto defeituoso,caracteriza aquele evento descrito na doutrina consumeristacomo fato do produto.

Vale citar, a titulo explicativo, importantedoutrina colacionada em outro relevante precedente:

"Todas as pessoas que introduzem qualquer produtono mercado de consumo, independentemente de culpa,são responsáveis pela reparação de danos causadosaos consumidores, o conteúdo do caput do art. 12,já mencionado, envolve todas as etapas do fabricode qualquer produto. A descrição hipotética é amais envolvente possível. Compreende todo o cicloprodutivo. Exige um dever de diligente eaperfeiçoada fabricação, a partir do projeto,construção, montagem, fórmulas, manipulação, etc."1"O dano moral consiste na penosa sensação daofensa, na humilhação perante terceiros, na dorsofrida, enfim, nos efeitos puramente psíquicos esensoriais experimentados pela vitima do dano, emconseqüência deste, seja provocada pela recordaçãodo defeito ou da lesão, quando não tenha deixadoresíduo mais concreto, seja pela atitude darepugnância ou de reação a ridículo tomada pelaspessoas que o defrontam" <José de Aguiar Dias, in 'DaResponsabilidade Civil', vol. 20, 6a ed., pág. 431 e432>, in TJSC, 3* Câm.Civ., Ap. Civ. n. 97.001053-2, da

Capital.

Assim, à luz dós princípios previstos no artigo 60 eincisos do CDC, e diante do que dispõe o § 30, inciso III,artigo 12 do CDC, compete ao fornecedor, para não serresponsabilizado, provar a culpa exclusiva do consumidor ou de

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terceiro. Logo, não compete ao autor, de regraHIPOSSUFICIENTE, esgotar as investigações para a busca do"culpado" pelo acidente de consumo. Este, até prova robusta emcontrário, é o fornecedor que pôs no mercado produto avariado.

Entretanto, em contrapartida, tem-se que a mencionadaresponsabilização encontra-se condicionada à demonstração doprejuízo sofrido na saúde, integridade psíquica ou bens depropriedade do consumidor, bem como do nexo de causalidadeentre o dano e o produto defeituoso.

Para tanto, farte nas regras contidas no artigo 60,inciso VIII, da Lei 8.078/90, dar-se-á a INVERSÃO DO ÔNUS DAPROVA, eis que caracterizada está a verossimilhança naalegaçào e a hipossuficiência do autor.

No caso em tela, presentes estão os três elementosque implicam a responsabilidade objetiva da empresa requeridapelo acidente de consumo comprovado: 1- a ação da empresa; 2-o dano; 3- o nexo de causalidade.

I- DA AÇAO DA EMPRESA REQUERIDA

A ação do requerido consistiu em ter colocado nomercado, por ação ou omissão, produto impróprio ao consumohumano, somente se eximindo da responsabilidade se provar nãoo tê-lo feito, conforme artigo 12, § 30, inciso III do CDC.

Entretanto, não é o caso, eis que é fato notório acolocação do produto no mercado.

2 - DO DANO MORAL E DA NECESSIDADE DE SUA REPARAÇAO

Uma vez demonstrada a prática lesiva desenvolvidapelo réu e a absoluta ilegalidade dela, importa trazer à tonaque esse fato ensejou dano a direito do autor.

ora, consoante já se asseverou, o espúrio expedientecomercial utilizado pela requerida conspira de forma agressivacontra a saúde, a dignidade própria da vida do cidadãoconsumidor.

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Ao colocar a garrafa de refrigerante no mercado,ainda mais de marca consagrada mundialmente como a COCA-COLA,contendo visivelmente no seu interior nada mais nada menos queuma "embalagem plástica", mais precisamente um papel de bala,o requerido cometeu uma infração aos direitos e interesses doautor concretamente considerado.

Ao adquirir o produto e não poder consumi-lo, aliás,era seu refrigerante preferido, o Sr. Claudinei Rezende SenraAlves sofreu, em concreto, dano material. No entanto, em quepese tratar-se de um dano de pequena monta, não há dúvidaquanto a relevância moral jurídica do fato, diante daiminência, à qual foi exposto, de ingerir o liquidocontaminado na companhia de sua esposa e filhos.

O mesmo ocorre - ou ocorreu - com outros tantosconsumidores que podem ter adquirido produtos deteriorados e,pela pequena expressão financeira da unidade adquirida,permaneceram em silêncio, circunstância que dificilmentepoderá ser aferida em sua plenitude.

Por outro lado, indubitavelmente, tem-se queencontrar um plástico deteriorado no interior de uma garrafade refrigerante, cuja marca é consagrada mundialmente,ocasiona, em qualquer pessoa de sensibilidade razoável, umsentimento de INSEGURANÇA e de total VULNERABILIDADE.

Em que pese ser "Missão" do requerido proporcionaraos consumidores brasileiros um produto da mais altaqualidade, como bem estampa o documento anexo (doc.03),extraido do site da Coca-Cola, não é bem essa a realidade daempresa.

Mais adiante no documento, como "Diretrizes e valoresda empresa", registram que nada é mais importante para osucesso que a integridade das operações, a absoluta qualidadede cada um dos produtos e o senso de responsabilidade portodas as ações.

Ora, qualidade de cada um dos produtos, integridadedas operações? Isso não existe.

Bom lembrar ainda que, embora o autor não tenhaingerido o refrigerante, fato que será sustentado pelorequerido na defesa, o dano subsistiu, pois é inconcebíveldeparar com fato tão degradante como esse, de HUMLHAÇAO,VERGONHA E IMPOTÊNCIA.

Caso parecido aconteceu com o advogado Alexandre daSilva, que comprou uma garrafa de coca-cola e, momento antes

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de consumir o produto, encontrou mofo e bolor que tornavam oliquido totalmente impróprio para o consumo. Nem por isso, pornão ter ingerido a bebida, deixou a empresa de ser punida,sendo condenada por danos morais em R$ 5.200,00. (doc.04>

Muito fácil para o ofensor sustentar sobre a"indústria do dano moral"; que a "tamig'erada indústria do danomoral" é uma realidade no Brasil, aliás, é o que sempresustentam em suas defesas.

Por outro lado, se o Judiciário tem um papelimportante a desempenhar, não pode comungar com essa tese. oque está havendo é uma inversão de valores, onde a vitima,aquela que sofre todo o tipo de dano, passa a ser a vilã dahistória, ou seja, é reprimida e taxada como a que querenriquecer-se sem justa causa. Ao revés, o.ofensor, aquele quedeveria ser condenado severamente pelo ato ilícito cometidofica impune, recebendo na maioria das vezes pífiascondenações.

Ora, não há que se falar atualmente em "Indústria doDano Moral". Muitas empresas ainda se recordam do passado,vivenciando como se fosse hoje o deslumbramento dosjulgamentos por danos morais na primeira metade da década de90, na qual juizes às vezes empolgados com a normatividadeconstitucional propiciavam verdadeiro enriquecimento imoralaos autores de pequenas ações, para poderem punir os abusos.

ATUALMENTE EXISTE SIM, A VITIMA EM BUSCA DE SEUSDIREITOS, MUITO DAS VEZES DETURPADOS PELO PODER JUDICIÁRIO.QUE INVERSÁO DE VALORES É ESSA? CHEGA DE IMPUNIDADE!

No que tange à prova do dano desta natureza,doutrina e jurisprudência pátrias já fixaram o conceito deque não é necessário (e até mesmo possível> invadir-se aesfera psicológica de quem alega que sofre a dor paraverificar se há, de fato, sofrimento.

Nestes casos presume-se o dano moral a partir daprova da existência do ato ilícito. É o que ocorre no caso emtela. Há muito já foi superada pela jurisprudência pátria atese que requer prova cabal do dano moral. Afinal, o que sepoderia esperar? A juntada de um invólucro contendo lágrimasde desgosto? A captura fotográfica da expressão de abalo doautor lesado?

É de se entender, data venia, ser mais quepresumível o constrangimento causado àquele que tem a suaintegridade psicológica conspurcada pela presença de um corporepugnante no interior da garrafa de refrigerante que estava

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prestes a ser consumida e só não o foi porque percebido, desúbito, o estado do produto. Seria ilógico considerar que nãosofreu abalo emocional diante do presumível nojo,considerando seu histórico de consumidor do produto.

In casu, o desvalor do procedimento em não procedercom as cautelas necessárias à limpeza e esterilização dagarrafa foi imenso. Não se pode conceber que numa sociedadedemocrática, onde se luta pelo aperfeiçoamento dos mecanismosque venham garantir ao cidadão o pleno exercício dos atributosda cidadania, inclusive com a efetiva implementação dalegislação consumerista, onde estão insculpidas garantiasbásicas ao consumidor, como o respeito à vida, à saúde, àdignidade, apareçam ainda casos, diríamos, "NOJENTOS EBIZARROS" como esse.

A tudo isso, questiona-se também os mecanismos defabricação do refrigerante, pois se de tudo, nos deparamos comuma embalagem de bala, imagine-se o que o autor e milhares deconsumidores andam ingerindo de impurezas, principalmentequando não se está ao alcance visual.

Que refrigerante é esse Excelência, que prega junto amídia, por exemplo, ser a parceira mais antiga da FIFA, quegasta bilhões e bilhões de marketing por ano e às ocultas pecapela higiene na sua fabricação? Onde está o controle dequalidade dessa empresa?

Como bem estampa o documento colacionado anexo(doc.05>, extraido do siÉe do IDEC, a empresa requeridaRefrigerantes Minas Gerais Ltda já é velha conhecida da,justiça, pois mesmo sofrendo condenação, ainda insiste em nãoprocurar aperfeiçoar seus mecanismos de fabricação. A decisãofoi do Meritíssimo Juiz da 4' Vara Cível de Belo Horizonte/MG,condenando a empresa a pagar uma indenização de R$ 20.000,00(vinte mil reais> a um garoto e a seus pais, por ter o meninoingerido um FIO METÁLICO que estava dentro de uma lata deCoca-Cola.

No caso em tela, não fosse a diligência do autor,poderia ter ingerido o liquido, como também seus filhos teremservido e tomado o refrigerante contaminado por conta própria,vindo a levá-los a óbito, por que não?

Por força desse posicionamento, é de se indagar: Parao ocorrência do dano moral, deve o consumidor sujeitar-se atodo tipo de contaminação, intoxicação e até mesmo risco demorte? Evidente que não Excelência.

Av. António Olímpio de Morais,. 71-centro-cep:35.500-OO5--Divinápolis/MG-(37J3221-5300/SSOL-569 8 [email protected]

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Cumpre destacar aqui, trecho do posicionamento doDesembargador Relator Luiz Ary Vessini de Lima, em decisãoprolatada em face da Apelação Cível no 70002240265 da 108Câmara Cível do tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,segundo o qual 11 .. Na verdade, os consumidores em geral nãodispõem de conhecimento técnico e científico para avaliar aqualidade dos produtos que utilizam. Tampouco possueminformações a respeito da forma como são fabricados, se naoseguidas normas basilares de higiene nas etapas desseprocesso. Por isso, a confiança nos fornecedores é um aspectofundamental para a tranqüilidade de todos os cidadãos. De suaquebra, decorre uma sensação de medo e impotência, já que, navida moderna, tornou-se praticamente impossível não fazer usode bens manufaturados ..."1.

Em referido julgado, foi consagrada a seguinteementa:

"ELAÇAO CíVEL. DANO MORA.-1ESPONiSAILIDADE6ÕFORNECEDOR PELO -FATO DO PRODUTO. Nos termos do{artigo 12. do Lei 8.0,78/90, cumpre ao agente1econôomico a reparação do abalo psicológico sofridopelo-. çonstmidor .-quê- e encontra . fragmento .s de barataf,nó interior de uma gar rafa de refrigerante, emborainão consumida. Dâno moral caracterizado. Quebra da!co.nfiança. Sentimento de vulnerabilidade. e,impotência. Nexo de causalidade evidente entre .ailesão e o produto defeituoso. Presunção doiidefeito, em consonância com o artigo 12, § 30, Irdo CDC, e maciço entendimento doutrinário..Ausência de demfonstração por parte da ré da sua,;inexistência. Não conhecimento do agravo retido.!Falta de reiteração nas contra-razões recursais.jApeio. provido." Apelação Cível n. 700022A40265,iDécima Câmara Cí:vel,, Tribunal de Justiça do, RSI1Relator: Des. Luiz_ Ary Vessini de Lima, julgado em,

Ainda, em situações semelhantes, destacam-se osseguintes julgados pertinentes aos danos psicológicos:

~ÃPELAÇO CI-V "SPÕN4SABILIDAbÉ CIVIL. DANO' MORAL.CHOOLAE Com LARVAS INCRUSTADAS.. ACIDENTE DE CONSUMO..

'FATO DO? PRODUTO. DEVER -DE QUALIDADE. RESPONSABILIDADE,OBJETIVA. DM40 MORAL IN RE IPSA. INOCORRENCIA DE FATO'DE TERCEIRO. QUMJTUM INDENIZATÓRIO.Chocolate contendo larvas incrustadas, 'detectadasquando- o consumidor abriú a -embalagem, configuraacidente. de consumo por -defeito do produto,.,~ uma vez,ýque: ;não.- ofereceu:..'. a- segurança. -que 'dét&l podiaý

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ýÁmais~ nova e rnbderna -doutrina~ aponta àdeverw., dejIguliddenas relações de' cór½sumô como um,'dos grandesi

Inortes instituídos* pelo código de defesa dod!consumidor.Consid 'era"n -do-se a aplicação da legislação especial ao,caso em? tela, impõe-se a responsabilização dofornecedor na forma objetiva, o que significa aýdispensa da prova de culpa para restar evidenciado o,dever de indenizar, bastando a existência do dano e dopnexo de causalidade.Não há falar da prova,~ do dano moral no caso em

jéomentõ: urna vez que este não se comprova -através dos',mesmos meios utilizados: para verificação do dano;'material. Basta, para tanto, apenas a prova daexistência dó ato ilícito. O dano moral. existe ia rejipsa. Provada a ofensa,. ip.so. facto está demonstrad& o,dano moral.

Em nome. -de uma exegese mais consentânea ao espiritoý

l egislàtiyo,., de amparo à parte 1mais fraca na relaçAo!de consumo e conseqüente facilitação da defesa do,:consumidor, o comerciante, ou seja, aquele que estoca;ie/ou guarda a mercadoria em seu, estabelecimento, não'%pode ser tomado como terceiro na lide.

O valor arbitrado na indenização por danos morais deve;atender a uma dupla finalidade: reparação e repressão.,E, portanto,, deve ser observada a capacidade econômIca.'do atingido, mas também dos ofensores, de molde a que~não haja enriquecimento injustificado, mas que tambémýçnàão iastreie indenização que não atinja o caráterl;pedagógico a, .que se propõe, razão pela qual se f ixa o'Iva1or de 10 salários mnimos.lAPELO2PROVIDO.- *

IApelação.Cível: No'na CâniáráC ivel .È-

Comarca dle Porto AlegreEICA HELENA DA SILVA LOCOLICHIO: APELANTE

KRAFT FOCOS. BRASIL S A: APELADO

~&O'Sti1IÇOR½OLC j CÔM.RSTOS DE INSEÈTO. J5Nõ mORA

ýCONCEDIDO. FUNÇAO INIBITÓRIA. PRINCÍPIOS DAPROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE. VALOR ELEVADO

ýSEGUNDO PRECEDENTE, DA. CAMAPA. JUROS E CORREÇAO.PUBLICAÇAO. PEDIDO NAÓ CONSTANTE NA INICIAL. APELAÇÃO~PARCIALMENTE PROVIDA. MAIORIA. <APELAÇÃO CÍVEL. NO.

i70005902952, DÉCIMA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL 'DE JUS.TIÇA-L DO RS, "RELATOR: LUIZ ARY VESSINI DE. LIMA, JULGADO EM,

-RESPONSBILIDADE 'CIVIL. DANO MORAL. MOSTRA-SE INEGAVEL;A RESPONSABILIDADE DA ENGARRAFADORA, UMA VEZ TENDO A

AUTORA ENCONTR.ADO CORPO. ESTRANHO EM GARRAFA,ýCONSISTENTE . EM ýPROVAVEIS RESTOS DE INSETO' OU' DE,AANKÀ'> AO' ABRIR O _REFRIGERANTE. DANO MORAL'

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~ãÃRATERIADO PLO SN!TMENTO DEREUSA TEDHILHACAO POR SER LEVADA A DEPARAR COM REFRIGERANTE:

,EM CIRCUNSTANCIA TAO DEGRADANTE AO SER HUMANO.- VALOR''DA REPARACAO REDUZIDO, SEM ALTEEACAO, DA DISTRIBUICAO',DA SUCUbffENCIA, POR TER, A QUANTIA INDICADA NA.iINICIAL, CAPATER APENAS ESTIMATÓRIO. APELACAO PROVIDA,EM PARTE-, (APELAÇÃO. CÍVEL No 70004112710, QUINTAýCÂMARA CÍVEL, . TRIBUNAL *DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: LEOILIMA, JULGADO EM 08/08/2002). NOS termos do art. 12 daý'Ilei 8.,078 /90, .cump.te :ãáo agente econ ômico a reparaçãoýjdo ãbarlô psicológido- sofrido -pelo consumidor queýjencontta fragmentas-.'de barata no 'interior. de umajgarrafà -de refrigerante. 'Dano - moral caracterizado.''Quebra da confiança. Sentimento de vulnerabilidade eýimpotência. Nexo de causalidade evidente entre a lesãoeo produto defeituoso. Presunção do defeito, em:

ýcononncia com o art. 12, § 30; 11, do CDC, e maciç&ýentendimento doutrinário. Ausência de demonstração po<ý

~atedar d sainexistência. Não conhecimento doagravo retido. Falta de reiteração nas contra-razões:ýrecursais. Apelo provido. (APELAÇÃO CÍVEL Noý70002240265v DÉCIMA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

ijDO RS, RELATOR: LUIZ ARY VESSINI DE LIMA, JULGADO EM

Assim, confirmada a ocorrência do dano e da suareparabilidade pelo agente econômico, cumpre quantificá-lo.Para tanto, mister sejam analisadas as condições em que se deua ofensa, bem como sua gravidade e o porte econômico doofensor e do ofendido. Ainda, há de se considerar o caráterrepressivo da indenização, fixando-se um valor que sirvatambém como inibidor à repetição de condutas semelhantesàquela ocorrida.

Neste sentido, uma vez que o fato ocasionou, além detranstornos práticos à vida do consumidor diretamente lesado -

Sr. Claudinei Rezendle Senra Alves - profundo constrangimento emal-estar ao perceber o corpo estranho no interior da garrafajustamente na hora do jantar e na presença de sua esposa efilhos, que ficaram frustrados por não poderem consumir abebida, situação embaraçosa e bastante desagradável, bem aindapela magnitude e porte econômico do Refrigerantes Minas GeraisLtda, um dos fabricantes da linha COCA-COLA na região Sudeste,mister seja atribuido um valor correspondente ao mal causado,a ser rigorosamente arbitrado por Vossa Excelência.

Enfim, repita-se, se a Justiça civil tem ai um papela desempenhar na sociedade, ele será necessariamente o deprover no sentido de prevenir ofensas a tais interesses, oupelo menos de fazê-las cessar o mais depressa possível eevitar-lhes a repetição; nunca o de simplesmente oferecer aosinteressados o pifo consolo de uma indenização que de modo

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nenhum os compensaria adequadamente do prejuízo acaso sofrido,insuscetível de medir-se com o metro da pecúnia.

Extrai-se do documento anexo <doc.06), oriundo doMinistério Público de Santa Catarina, entendimento doMeritíssimo Juiz, que julgando caso semelhante aos dos autos,ponderou na sentença que "ninguém em sã consciência,consideraria justo que um indivíduo recebesse, por exemplo,duzehtos mil reais porque quase tomnou um refrigerante com uminseto dentro". Diz que "valores desta monta implicariam,necessariamente, em enriquecimento ilícito 'legitimado' pordecisão judicial". Por outro lado, conclui que "ninguémpoderia considerar suficiente que uma empresa do porte daPepsi-Cola, por exemplo, fosse condenada a pagar apenas dezmil reais a titulo pedagógico".

Ora Excelência, hipoteticamente, o que são,efetivamente, dez mil reais para uma companhia multimilionáriacomo a COCA-COLA? Haveria, de tato, um elemento educativo emtal condenação, ou seja, seria um estimulo para que a empresaefetivamente viesse a se preocupar mais ainda com o controlede qualidade e com a ausência de lesividade de seus produtos?

A equação que tem por variáveis "justa indenização àvitima" e "condenação pedagógica do responsável" raramenteencontra equilíbrio quando se trata de consumidoresindividualmente considerados, de um lado, e de grandesempresas, de outro. Isso porque a teoria é fruto de umdesenvolvimento do direito civil que foi importante, é certo,mas que perdeu a atualidade.

Se entre um cidadão e uma pequena empresa o modelo ébastante apropriado, não deixa de ser uma piada de mal gosto,data venia, para Vossa Excelência, ter que dele dispor emmilhares e milhares de casos concretos que abarrotam asComarcas, nos quais litigam as grandes empresas condenadas,geralmente, em valores íntimos do ponto de vista pedagógico.

Vale lembrar ilustre julgador que, a situação é detal modo ridícula que as verbas para pagamento deindenizações por danos morais já integram orçamentos eplanejamento financeiro das grandes corporações, eis queconstituem uma despesa praticamente fixa, cujas razões deexistir deixam de ser atacadas porque é mais barato pagarmuitas pequenas indenizações do que investir especiticamentena prevenção de lesões ao consumidor.

Isso porque, como já se disse alhures, nem todolesionado recorre à via judicial, e também porque ascondenações tem sido modestas, pois os magistrados pretendem

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evitar o enriquecimento exagerado dos consumidoresindividuais, restando constrangidos a condenar em quantiasefetivamente significativas as empresas que lesam, diária esistematicamente os consumidores, como se as lesõesintegrassem (e de fato integram> o cálculo de custo daatividade empresarial.

Desculpe Excelência, mas o que temos visto emresposta a tais casos,são que as condenações por danos moraisderivados de fatos de produtos ou serviços, tem sidoconfortável aos juizes. Arbitram danos em valores que sãoconsideráveis para as pessoas lesadas, mas insignificantespara as empresas, aliás, que não fazem nem cócegas noplanejamento econômico - <muitos tem até mesmo rubrica"condenações judiciais">.

Portanto, se é para evitar a ridicularização dajustiça, o valor a ser arbitrado por Vossa Excelência deveráser no sentido de dar efetividade ao caráter educativo einibidor da condenação.

3 - NEXO DE CAUSALIDADE

Por fim, os requisitos necessários à configuração doilícito e respectiva responsabilidade civil do requeridoencontram-se devidamente comprovados nos autos, já que aquestão da culpa não se impõe nesta natureza de relaçãojurídica.

DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer a vossa Excelência:

a> A CITAÇÃO do requerido, por meio de carta com AR, napessoa de seu representante legal para responder,querendo, no prazo legal, a presente ação, sob pena derevelia e julgamento antecipado;

b) Seja julgado PROCEDENTE o pedido, condenando o requeridoao pagamento de indenização por danos morais a serexemplarmente arbitrada por Vossa Excelência, comcorreção monetária a partir do ajuizamento da presenteação;

c) A condenação do requerido nas custas processuais ehonorários advocatícios em 20% (vinte por cento) sobre ovalor da condenação;

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d> A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA em favor do consumidor, nostermos do art. 60, inciso III do Código de Defesa doConsumidor.

e> A concessão dos benefícios da GRATUIDADE JURÍDICA (Lei1.060/50>, urna vez que o autor nào reúne condições dearcar com as custas e despesas processuais, sem prejuízopróprio e de sua família, consoante Declaração de Pobrezaanexa e Declaração de ISENTO do IR.

f> Para fins de prova material e consequentemente pericial,requer a juntada da garrafa de refrigerante avariada, queficará em poder e guarda da secretaria desta distinta Vara.

g) O translado de todo o processado ao Membro do MinistérioPúblico, Curadoria do Consumidor, para as providênciaslegais cabiveis, bem como a expediçào de ofício à ANVISA(Agência Nacional de Vigilância Sanitária>, para queinspecione rigorosamente as dependências do requerido,sobretudo quanto à higiene nos mecanismos de produção dorefrigerante.

DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios deprovas admitidos em direito, especialmente pelo depoimentopessoal do representante legal do requerido, sob pena deconfesso, oitiva de testemunhas, cujo rol será declinadooportunamente e pericial, sem prejuízo do mais queeventualmente se fizer necessário à completa elucidação dosfatos nesta articulados.

VALOR DA CAUSA

À causa, para fins meramente fiscais, dá-se o valorde R$ 5.000,00.

Pede Deferimento.

Divinópolis, 24 de julho de 2006.

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