INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais
RESÍDUO DA CASTANHA DA AMAZÔNIA (Bertholletia excelsa) COMO
INGREDIENTE EM RAÇÕES PARA JUVENIS DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum)
CÉSAR AUGUSTO OISHI
Manaus, AM 2007
ii
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM
Programa Integrado de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais
RESÍDUO DA CASTANHA DA AMAZÔNIA (Bertholletia excelsa) COMO
INGREDIENTE EM RAÇÕES PARA JUVENIS DE TAMBAQUI (Colossoma macropomum)
CÉSAR AUGUSTO OISHI ORIENTADOR: Dr. MANOEL PEREIRA FILHO
Dissertação apresentada como
parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas, área de concentração em Biologia de Água Doce e Pesca Interior.
Manaus, AM 2007
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
O39 Oishi, César Augusto Resíduo da castanha da Amazônia (Bertholletia excelsa ) como ingrediente em rações para juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum) / César Augusto Oishi . --- Manaus : [s.n.], 2007. 60 f. Dissertação (mestrado)-- INPA/UFAM, Manaus, 2007 Orientador : Manoel Pereira Filho Área de concentração : Biologia de Água Doce e Pesca Interior 1. Tambaqui – Alimentação e rações. 2. Aqüicultura. 3. Substituição de ingredientes. 4. Desempenho produtivo. 5. Digestabilidade. I. Título. CDD 595.742
Sinopse: Foram analisados os índices produtivos do tambaqui e os coeficientes de digestibilidade da matéria seca e nutrientes das rações experimentais com diferentes níveis de farinha de resíduos da castanha da Amazônia (FCA): 0,0; 10,0; 20,0; 30,0%. O aumento do teor de lipídio na carcaça observado nas análises de composição corporal é proporcional ao aumento dos níveis de inclusão de FCA. Os valores de desempenho produtivo e coeficientes de digestibilidade das rações indicam que, nas condições deste experimento, a inclusão de até 30% de FCA permite excelentes índices produtivos.
iv
Aos meus pais, Walter e Maria Inês, irmãos, Jéssica e Fábio e avós, Ângelo e Anézia, pelo amor, pela família.
DEDICO
v
AGRADECIMENTOS Ao INPA pela oportunidade de realização de mestrado.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, e a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, pelo suporte
financeiro prestado através da bolsa e pelo financiamento do projeto que originou
este trabalho.
A UFAM pelo convênio com o INPA para pesquisa. Ao Dr. Manoel Pereira Filho, pela orientação e acima de tudo pela confiança,
amizade e apoio imprescindível para conclusão do trabalho.
A Sra. Maria Inês de Oliveira Pereira pela dedicação e raça nas análises
bromatológcas.
A Dra. Elizabeth Gusmão pela confiança na utilização do LAFAT.
Ao Sr. Atílio Storti Filho, responsável por todo espelho de água do CPAQ.
A Sra. Suzana Kawashima pela disciplina e carinho com todos no ambiente de
trabalho.
A Sra. Maria de Fátima dos Santos pela amizade e apoio gastronômico.
Aos plantonistas, em especial ao Marquinhos Makiyama, pela preocupação e bem
estar dos peixes nas madrugadas.
Aos “meninos” (funcionários da CPAQ), sempre prestativos e dispostos a colaborar
com os trabalhos realizados.
Ao Dr. José de Castro Correia, da UFAM e ao Dr. Roberto Figliuolo, do INPA/CPPN,
pelo tempo desprendido e equipamentos utilizados no processamento da castanha.
Aos colegas Flávio Augusto Leão da Fonseca, Cristhian Amado Castro Pérez e
Daniel Rabello Ituassú, pelo amadurecimento das idéias, novas perspectivas
apresentadas e paciência desprendida.
Às colegas Elenice Martins Brasil e Jaqueline Andrade pela ajuda nas análises de
água.
À estagiária Aline Simionatto pela ajuda, dedicação e interesse no experimento.
Aos colegas da CPAQ: Eduardo Braga Fernandes, Fábio Soller, Fábio Wegbecher,
pelas risadas e troca de conhecimentos.
No mais, a todas as pessoas que contribuíram, direta ou indiretamente, à realização desta Dissertação.
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS............................................................................................................. 7
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 7 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................................... 7
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 8
3.1. OBTENÇÃO DOS ANIMAIS ....................................................................................... 8 3.2. MANEJO DOS PEIXES............................................................................................. 8 3.3. OBTENÇÃO DOS RESÍDUOS DA CASTANHA DA AMAZÔNIA........................................... 8 3.4. PROCESSAMENTO DOS RESÍDUOS DA CASTANHA DA AMAZÔNIA ................................ 9 3.5. ANÁLISES QUÍMICO-BROMATOLÓGICAS................................................................... 9 3.6. ELABORAÇÃO DAS RAÇÕES EXPERIMENTAIS.......................................................... 11 3.7. PROTOCOLO EXPERIMENTAL................................................................................ 13 3.8. PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DA ÁGUA ............................................................. 13 3.9. BIOMETRIA......................................................................................................... 13 3.10. VARIÁVEIS DE DESEMPENHO PRODUTIVO ............................................................ 14 3.11. COMPOSIÇÃO CORPORAL .................................................................................. 15 3.12. COLETA DE FEZES ............................................................................................ 15
3.12.1. Coletor......................................................................................................15
3.13. DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE.................................................................. 16 3.13.1. Óxido de Cromo (Cr2O3)......................................................................... 16
3.14. ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................................... 18
4. RESULTADOS....................................................................................................... 19
4.1. VARIÁVEIS DE DESEMPENHO PRODUTIVO .............................................................. 20 4.2. COMPOSIÇÃO CORPORAL .................................................................................... 25 4.3. DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE ................................................................... 26
5. DISCUSSÃO.......................................................................................................... 31
5.1. VARIÁVEIS DE DESEMPENHO PRODUTIVO .............................................................. 33 5.2. COMPOSIÇÃO CORPORAL .................................................................................... 37 5.3. DETERMINAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE.................................................................... 39
6. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 45
7. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ........................................................................ 46
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Análise químico-bromatológica (%) dos ingredientes das rações
experimentais para juvenis de tambaqui. ..................................................................12
Tabela 2. Composição percentual das dietas experimentais com níveis crescentes
de inclusão de farinha de resíduos de castanha da Amazônia (FCA) fornecidas para
juvenis de tambaqui. .................................................................................................12
Tabela 3. Análise químico-bromatológica das rações experimentais com níveis
crescentes de inclusão de farinha de resíduo de castanha da Amazônia (FCA). 19
Tabela 4. Média dos parâmetros de qualidade de água monitorados..................... . 20
Tabela 5. Valor médio e desvio padrão dos índices de desempenho produtivo.. .....20
Tabela 6. Influência das dietas experimentais sobre o ganho de peso dos juvenis de
tambaqui nos diferentes períodos analisados (média e desvio padrão)....................21
Tabela 7. Valores da taxa de crescimento específico de juvenis de tambaquis
alimentados com dietas contendo níveis crescentes de inclusão de farinha de
resíduo da castanha da Amazônia nos diferentes períodos analisados (média e
desvio padrão)...........................................................................................................22
Tabela 8. Composição corporal de juvenis de tambaquis alimentados com dietas
contendo níveis crescentes de inclusão de farinha de resíduo da castanha da
Amazônia. .................................................................................................................26
Tabela 9. Composição centesimal (g/100g de MS) das amostras de fezes por
tratamento dos juvenis de tambaqui..........................................................................27
Tabela 10. Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca e dos nutrientes
das rações contendo níveis crescentes de inclusão de farinha de resíduo da
castanha da Amazônia. .............................................................................................28
Tabela 11. Coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca e dos nutrientes
da castanha da Amazônia. ........................................................................................30
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Taxa de crescimento relativo de juvenis de tambaquis alimentados com
dietas contendo níveis crescentes de inclusão de farinha de resíduo da castanha da
Amazônia nos diferentes períodos analisados. .........................................................23
Figura 2. Conversão alimentar aparente (CAA) de juvenis de tambaquis alimentados
com dietas contendo níveis crescentes de inclusão de farinha de resíduo da
castanha da Amazônia. .............................................................................................24
Figura 3. Digestibilidade total das rações contendo níveis crescentes de inclusão de
farinha de resíduo da castanha da Amazônia em juvenis de tambaqui.. ..................29
Figura 4. Energia digestível das rações contendo níveis crescentes de inclusão de
farinha de resíduo da castanha da Amazônia. ..........................................................30
ix
RESUMO
O tambaqui (Colossoma macropomum) é uma espécie onívora, natural da bacia
Amazônica, que possui elevado valor comercial. As características de rusticidade e
desempenho produtivo destacam esta espécie para criação em cativeiro. Em
criações comerciais, a alimentação pode corresponder de 50 a 70% dos custos de
produção, sendo a proteína o nutriente mais caro. A farinha de peixe é a principal
fonte de proteína usada nas rações comerciais para peixes. Seu custo alto estimulou
à utilização de fontes alternativas de proteína como os alimentos de origem vegetal.
Porém, a presença de fatores antinutricionais limita sua inclusão, por diminuírem a
digestibilidade da proteína. Neste trabalho estudou-se o efeito da inclusão de níveis
crescentes de farinha de resíduo de castanha da Amazônia (Bertholletia excelsa)
sobre os parâmetros produtivos e a digestibilidade desse ingrediente teste, bem
como os nutrientes das rações para juvenis de tambaqui. Neste experimento 300
peixes foram distribuídos em 15 cones de fibra de vidro, em um delineamento
experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos de inclusão de
farinha de resíduo da castanha da Amazônia (0,0; 10,0; 20,0; 30,0%) e três
repetições, mais um tratamento para testar a digestibilidade do ingrediente. O
método de coleta de fezes foi por decantação em coluna de água. Os valores dos
coeficientes de digestibilidade aparente das rações e do ingrediente encontrados
foram acima do esperado para todos os tratamentos. Para as variáveis estudadas,
não houve diferença significativa entre tratamentos, indicando que é possível a
inclusão de até 30% de farinha de resíduo da castanha da Amazônia em rações
para juvenis de tambaqui, sem prejudicar a performance dos peixes, apesar do
aumento de gordura visceral nos tratamentos com maiores níveis de inclusão.
x
ABSTRACT
Tambaqui (Colossoma macropomum) is an omnivorous fish, native of the Amazon
drain basin and has presented positive commercial value. Rusticity and high
productive are characteristics that makes this species interesting for farming. In
commercial fish culture, feeding represents about 50 to 70% of the total cost and
protein is the most expensive nutrient. Fish meal is the main protein source for fish
feed. This cost leads to the use of alternative sources, although anti-nutritional
factors limit their inclusion in feeds. The lower protein digestibility is the main limitant
factor. This work studied the effect of crescent inclusion levels of Brazil nut meal
(Bertholletia excelsa) in feed for juvenile tambaqui. This study was carried out in the
CPAq/INPA facilities. 300 juveniles were distributed in 15 plastic boxes in a
completely randomized design with four treatments (0,0; 10,0; 20,0; 30,0 % of Brazil
nut inclusion) and three replicates each and a treatment to test the ingredient
digestibility. Feaces collection method used was a settling water column. Apparent
digestibility coefficients of ingredient and rations were higher then expected for all
treatments. No significant difference was found for all parameters among treatments,
indicating that is possible the inclusion of 30% of Brazil nut meal for feed juvenile
tambaqui.
1
1. INTRODUÇÃO
O intenso crescimento populacional tem aumentado a demanda por pescado
e gerado maior pressão sobre os estoques naturais, diminuindo o desembarque nas
proximidades dos grandes núcleos urbanos da Amazônia (Batista & Petrere Júnior,
2003). A piscicultura tem sido vista como atividade com potencial de mitigar os
efeitos da exploração de algumas espécies de maior valor comercial (Saint-Paul,
1984; Pereira-Filho et al., 1991; Cyrino & Grÿschek, 1997). Fatores como a ausência
de tecnologias de cultivo, falta de insumos, mão-de-obra especializada, deficiência
de infra-estrutura e falta de assistência técnica aos criadores contribuem para a
piscicultura ser considerada atividade de baixo peso econômico na região
Amazônica.
A aqüicultura é praticada em todos os estados brasileiros, abrangendo as
seguintes modalidades: piscicultura (criação de peixes), carcinicultura (camarões),
ranicultura (rãs) e malacocultura (moluscos: ostras, mexilhões, escargot), além do
cultivo de algas em menor escala. Dados oficiais do Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA mostram que a produção
nacional da piscicultura, em 2002 foi de aproximadamente 158.058 toneladas,
correspondendo a 67,1% da produção total da aqüicultura, que foi de 235.640
toneladas (IBAMA, 2004).
A piscicultura regional é uma atividade promissora, quando considerado todo
o potencial hídrico inexplorado (Val & Honczaryk, 1995), além de outros fatores,
como características do solo, clima e diversidade ictiológica. Em 2004 houve
produção de 4.775 toneladas de pescado proveniente da aqüicultura no estado do
Amazonas (IBAMA, 2005). Dentre as espécies mais cultivadas está o tambaqui
(Colossoma macropomum), o matrinxã (Brycon amazonicus) e recentemente o
pirarucu (Arapaima gigas) (Ono, 2005).
O tambaqui possui grande potencial para a aqüicultura na Amazônia e é a
principal espécie amazônica cultivada no Brasil (Saint-Paul, 1986). Estudos mostram
o desempenho deste peixe em diferentes regimes de cultivo, apresentando
características apropriadas para criação, como facilidade de produção de juvenis,
rápido crescimento, resistência a baixos níveis de oxigênio dissolvido, hábito
alimentar diversificado e rusticidade (Silva et al., 1991; Hancz, 1993; Graef, 1995;
2
Rolim, 1995; Val et al., 1998). É cultivado nos países amazônicos e em outros, como
por exemplo, Estados Unidos, China e Taiwan (Araújo-Lima & Goulding, 1998).
O tambaqui, peixe teleósteo de água doce pertencente à ordem
Characiformes, família Serrasalmidae, possui ampla distribuição na Bacia
Amazônica (Géry, 1969). Pode atingir comprimento máximo de aproximadamente
100 centímetros. Na natureza há registros deste peixe atingindo peso ao redor de 30
quilos (Goulding & Carvalho, 1982). Os dentes molariformes lhe permitem triturar
frutos, castanhas, sementes, caramujos, dentre outros alimentos que compõem a
sua dieta natural, sendo considerado onívoro com tendência a frugívoro (Honda,
1974).
Um dos principais fatores que limitam a expansão da aqüicultura é a
formulação de rações balanceadas de baixo custo. A alimentação na piscicultura
pode representar até 80% do custo de produção e a proteína é a mais onerosa na
formulação de ração para peixes (Merola & Pagan-Font, 1988; Cheng et al., 2003). A
principal fonte de proteína em aqüicultura é a farinha de peixe e as rações podem
conter acima de 60% deste ingrediente (Lovell, 1989).
O desenvolvimento de dietas balanceadas para aqüicultura que possuam alta
rentabilidade depende da compreensão dos nutrientes básicos, processos de
formulação de ração e métodos de medida da qualidade dos ingredientes que a
compõem. A capacidade do animal para digerir e absorver estes nutrientes é
variável, de acordo com a espécie, peso e tamanho corporal (Yusoff & Mcnabb,
1989). Outros fatores abióticos como temperatura da água, nível de arraçoamento,
tamanho do pelete, quantidade e qualidade dos nutrientes, podem determinar o
potencial de inclusão do ingrediente em dietas animais (Waldhoff et al., 1996;
Hossain et al., 2000; Waldhoff & Maia, 2000; Sallum et al., 2002).
Rações balanceadas, formuladas a partir de insumos de alta qualidade
apresentam menor potencial poluente, possibilitam acréscimo de produção por
unidade de área superior ao aumento no custo de produção, o que resulta em
incremento da receita líquida obtida por área de cultivo (Roubach et al., 2003).
Dessa maneira, a produção de peixes se torna mais eficiente, pois a dieta fornece
todos os nutrientes exigidos para o crescimento adequado e saúde dos peixes e
para manutenção das funções fisiológicas do organismo (Kubitza, 1998).
A farinha de peixe é o ingrediente mais utilizado como fonte de proteína
animal em rações para peixes (Hardy, 1999). O crescimento mundial da aqüicultura
3
aumentou a demanda pela farinha de peixe, diminuindo os estoques naturais de
peixe e forçando o aumento do preço. A produção deste ingrediente está diminuindo
e espécies que atualmente são usadas para consumo humano serão utilizadas para
fabricação da farinha.
O principal fator negativo na utilização deste ingrediente é o custo e a
qualidade da farinha de peixe utilizada, que oscila dependendo da espécie e estado
de conservação do pescado utilizado, apresentando variação quanto aos
componentes nutricionais, presença de agentes patogênicos e toxinas (Naylor et al.,
2000). As rações elaboradas com base em proteína da farinha de peixe possuem
teor de fósforo (P) acima das exigências estabelecidas pelo National Research
Council - NRC (1993). Com isso, a parte não assimilada pelo peixe será excretada
na água, diminuindo a qualidade dos efluentes e podendo levar a alterações nas
características organolépticas da carcaça (Van Der Ploeg e Boyd, 1991; Van Der
Ploeg & Tucker, 1994).
O suprimento limitado, a perspectiva de produção e o custo alto dos
ingredientes atualmente utilizados, têm estimulado pesquisas sobre fontes
alternativas de proteínas, prioritariamente por meio de ingredientes vegetais (Carter
& Hauler, 1999). O uso de fontes de proteína animal ou vegetal mais baratas para
substituir a farinha de peixe é uma área importante da pesquisa em nutrição de
peixes (Webster et al., 2000).
O farelo de soja é a principal fonte protéica utilizada nas dietas de organismos
aquáticos (Boonyaratpalin et al., 1998). O farelo de soja possui perfil de aminoácidos
essenciais balanceados (Lim & Akiyama, 1992), ainda que possua anti-nutrientes,
menor valor de energia digestível e carência de aminoácidos sulfurados (metionina e
cistina), considerados limitantes nos produtos da soja, em vista da exigência desses
aminoácidos para a maioria das espécies de peixes (NRC, 1993). O menor
desempenho obtido com o uso da soja é atribuído à presença de inibidores de
proteases, que reduzem a atividade das enzimas digestivas e aumentam a excreção
de nitrogênio fecal (Krogdahl et al., 1994).
Os produtos de origem vegetal podem sofrer grandes variações em seu valor
de energia digestível, pela diferença nos teores de lipídios, tipo de processamento
empregado para obtenção da matéria prima e seu efeito sobre a digestibilidade dos
carboidratos (Allan et al., 2000). A presença de fatores anti-nutricionais limita a sua
4
inclusão em dietas, além das proteínas geralmente deficientes em alguns
aminoácidos essenciais (Francis et al., 2001).
Uma fonte protéica pode ter conteúdo alto de proteínas e apresentar bom
padrão de aminoácidos essenciais. Porém, apresentando digestibilidade baixa, a
quantidade de cada aminoácido absorvido pode não atender às necessidades para o
crescimento do animal (Webster et al., 1991). Para ingredientes com valores de
digestibilidade altos, há melhor aproveitamento de nutrientes.
A determinação da digestibilidade pode ser por meio de indicadores externos
(óxido de cromo III e carbonato de bário) ou internos (cinza insolúvel em ácido, cinza
insolúvel em detergente ácido, fibra bruta e fibra detergente ácido). O uso de
indicadores externos inertes possibilita a utilização de água corrente, uma vez que
as perdas de fezes podem ser calculadas, proporcionando significativa redução no
estresse (Klontz, 1995).
O tambaqui consome, na natureza, aproximadamente 100 diferentes tipos de
frutos e sementes, principalmente na época de cheia, quando ocorre na floresta
inundada o processo de frutificação e liberação de sementes para dispersão e
colonização de outras áreas e quando a disponibilidade de outros alimentos é
escassa (Silva,1997). As dietas artificiais podem ser formuladas baseadas em
estudos sobre a alimentação natural do tambaqui (Pereira-Filho, 1995), pois revelam
as exigências nutricionais no ambiente natural, sugerindo quais nutrientes devem ser
incorporados em sua dieta (Goulding, 1993).
Resultados de estudos realizados com tambaqui demonstraram a
possibilidade de substituição total de alimentos de origem animal, notadamente a
farinha de peixe, por ingredientes de origem vegetal sem prejuízos ao desempenho
do peixe (Van der Meer et al., 1996; Van der Meer et al., 1997). A inclusão de
produtos regionais em dietas para tambaquis tem sido objeto de estudos (Ximenes-
Carneiro, 1991; Roubach & Saint-Paul, 1994).
Alguns vegetais podem ser utilizados na alimentação de peixes pois são ricos
em vitaminas e compostos com capacidades antioxidantes (Alceste & Jory, 2000).
Fatores como sazonalidade, distribuição não-uniforme das espécies florestais,
ausência de sistemas produtivos estabelecidos para a maioria dessas espécies,
elevado preço de mercado da safra e a ausência de conhecimento sobre a eficiência
nutricional desses ingredientes, resultam no baixo aproveitamento desses produtos
como ingredientes na formulação de dietas (Guimarães & Storti Filho, 2004).
5
A região norte possui produção incipiente de produtos e resíduos agrícolas
para o arraçoamento dos animais criados em cativeiro, aumentando os custos de
produção devido à importação de outros estados (Pereira-Filho et al., 1988).
Ingredientes não convencionais estão disponíveis em grande quantidade na região e
a utilização de produtos endêmicos viabiliza sua obtenção. O uso de resíduos e
subprodutos associados à indústria alimentícia que contém proteínas com alto valor
biológico tem sido alternativa para substituir parcialmente fontes de proteína animal.
A castanha da Amazônia (Bertholletia excelsa) é originária da América
Latina, sendo encontrada em alguns estados da Bacia Amazônica e no Perú,
Colômbia, Bolívia, Venezuela e Equador. Pertence à família Lecythidaceae, possui
porte majestoso, medindo em média 30 metros, podendo alcançar mais de 50
metros de altura e cinco metros de diâmetro. Tem frutificação no período de janeiro
a abril, sendo os frutos recolhidos após queda natural (Müller et al., 1995). O fruto da
castanheira, denominado pixídio ou ouriço, possui casca espessa, lenhosa e dura,
com peso variável, podendo alcançar até dois quilos. Contém de 12 a 25 sementes
cujo tamanho varia entre quatro a sete centímetros de comprimento, e após
remoção da casca dura e rugosa é denominada castanha ou amêndoa.
A amêndoa possui elevado valor energético e é rica em proteínas de alto
valor biológico (Souza & Menezes, 2004). Sun et al. (1987) verificaram que a
semente de castanha da Amazônia contém aproximadamente 16% de proteína/peso
úmido e 50% de proteína/peso seco de farinha desengordurada, concentração de
aminoácidos sulfurados de aproximadamente 8,3%/peso de proteína, constituídos
basicamente de metionina e cisteína. O alto teor de selênio na castanha,
aproximadamente 35 mg/g, torna essa semente saudável e qualificada como
importante antioxidante e imunoestimulante (Vonderheide et al., 2002).
Para redução do elevado valor energético das amêndoas da castanha da
Amazônia, elas são processadas para extração do material graxo, o que resulta em
produto denominado torta, parcial ou completamente desengordurado, dependendo
da metodologia aplicada (Souza & Menezes, 2004). Segundo Glória (1996), a torta
da castanha da Amazônia possui 29,42% de proteína bruta e 42,21% de óleo,
enquanto a torta desengordurada possui 47,64% de proteína e 1,18% de óleo,
tornando-a candidata potencial à substituição de fontes protéicas de origem animal.
As castanhas quebradas ou apresentando defeito são descartadas e podem
servir de matéria-prima para confecção da torta para utilização na alimentação
6
humana ou para extração do óleo. Atualmente, o estado do Amazonas é o maior
produtor nacional de castanhas, representando, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE, 34% da produção nacional (IBGE, 2004). O resíduo
da castanha pode ser adquirido nas indústrias por R$ 0,20, devidamente embalado
em sacos plásticos à vácuo.
O presente trabalho visa à valorização do resíduo da castanha da Amazônia
que apresenta satisfatória composição química e valor nutricional para piscicultura.
A utilização de matéria-prima mais barata e de fácil acessibilidade é essencial à
região, visto que as rações industriais representam a parte mais custosa da
piscicultura, além do fato dos resíduos industriais da castanha não serem
aproveitados, sendo esta a saída mais rentável a pequenos piscicultores e
alternativa interessante para as indústrias produtoras de ração.
7
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Aproveitamento dos resíduos industriais da castanha da Amazônia para
produção de rações para a piscicultura.
2.2. Objetivos específicos
Avaliar o desempenho produtivo e a composição corporal de juvenis de
tambaqui alimentados com rações contendo diferentes níveis de inclusão de farinha
de resíduos da castanha da Amazônia;
Avaliar a digestibilidade “in vivo” dos nutrientes de rações contendo níveis
crescentes de inclusão de farinha de resíduos de castanha da Amazônia, por juvenis
de tambaqui;
Avaliar a digestibilidade “in vivo” do resíduo da castanha da Amazônia em
ração para juvenis de tambaqui.
8
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Obtenção dos animais
Os exemplares de tambaqui foram adquiridos na fazenda comercial Santo
Antônio, Manaus/AM, e transportados para a Coordenação de Pesquisas em
Aqüicultura - CPAQ do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA.
3.2. Manejo dos peixes
Aproximadamente 1000 animais, com peso médio de meio grama (0,5 g),
foram colocados em viveiro escavado de 24 m2. Foram alimentados com ração
comercial contendo 40% PB quatro vezes ao dia (8, 11, 14 e 17h), a taxa de
alimentação de cinco por cento da biomassa. Os parâmetros físico-químicos da
água foram monitorados diariamente às 6h (oxigênio dissolvido, temperatura,
condutividade e pH). Os animais permaneceram nestas condições durante 60 dias.
Após a despesca, os animais foram transportados para o galpão em baldes de 60
litros com sal iodado diluído na proporção de treis ppm como ação profilática onde
foi realizado o experimento.
Os animais foram aclimatados às condições experimentais por dez dias, em
três tanques de alvenaria de quatro metros cúbicos, com renovação de água e
aeração constante até que se observou retomada da sua atividade normal de
alimentação. Foi feita a biometria inicial e separação dos peixes em lotes
homogêneos, quanto a peso e comprimento, nas unidades experimentais. Os peixes
ficaram em jejum durante 24 horas, depois foram alimentados com ração
experimental (32% PB), fornecida perto a saciedade aparente durante dois dias, e
no dia seguinte iniciou-se o experimento.
3.3. Obtenção dos resíduos da castanha da Amazônia
Foram utilizados resíduos da castanha da Amazônia, adquiridos junto a
Associação dos Castanheiros da Amazônia, em conjunto com a Cooperativa
Agroextrativista de Xapuri (Caex) e a Cooperativa Mista de Produção Agropecuária e
Extrativismo dos municípios de Epitaciolândia e Brasiléia (Capeb), estado do Acre.
Após a seleção das castanhas para importação, os resíduos foram moídos,
9
prensados e embalados a vácuo para assegurar a qualidade do produto, evitando a
decomposição, produção de aflatoxinas e também a aquisição de resíduos
estragados. Foram transportados via aérea para Manaus e armazenados em freezer
para análises químico-bromatológicas. O valor do resíduo de castanha da Amazônia,
parcialmente desengordurado, é de R$ 0,20/kg.
3.4. Processamento dos resíduos da castanha da Amazônia
Os resíduos da castanha da Amazônia foram pesados e peneirados (malha
de quatro milímetros) para obtenção de grãos de menor diâmetro. Foram novamente
pesados e armazenados em freezer para posterior utilização nas rações
experimentais.
3.5. Análises Químico-bromatológicas
As análises da composição centesimal das amostras dos resíduos da
castanha, das rações experimentais, das fezes coletadas nos tratamentos e da
composição corporal dos peixes inicial e após o experimento foram realizadas
segundo a metodologia descrita pela A.O.A.C. (1995). Estas análises foram feitas no
Laboratório de Nutrição de Peixes da CPAQ/INPA. As análises químico-
bromatológicas dos ingredientes, dietas, fezes e carcaça foram feitas em triplicatas
com base na matéria seca.
Umidade
A determinação de umidade foi realizada em duas etapas. A primeira a pré-
secagem por meio de liofilização das amostras e posterior equilíbrio com a umidade
ambiente e, a segunda, a determinação da matéria seca após a pré-secagem, pela
perda de peso das amostras submetidas a aquecimento em estufa a 105ºC até
atingir peso constante. A umidade total foi obtida por meio da somatória da umidade
resultante na liofilização e na estufa a 105ºC.
10
Proteína bruta (PB) A quantidade de proteína bruta (PB) presente nas amostras foi calculada por
meio da determinação do nitrogênio total, método de micro-Kjeldahl, baseado nas
concentrações de proteína bruta das amostras, obtidas multiplicando-se os valores
de nitrogênio total pelo fator de conversão desses valores em proteína bruta (N x
6,25), expressos em base seca.
Extrato etéreo (EE) Os teores de extrato etéreo (fração lipídica) foram determinados por extração
contínua com o solvente éter de petróleo em extrator intermitente (aparelho Soxhlet).
Cinza As concentrações de cinza total foram determinadas em amostras incineradas
em mufla a 550ºC durante 3 horas.
Extrato não-nitrogenado (ENN) Os valores do extrato não-nitrogenado das amostras foram calculados pela
diferença entre a totalidade do peso seco de cada amostra menos os valores
percentuais de PB, EE, FB e cinzas segundo as equações:
ENN% = 100 – (%UM + %PB + %EE + %FB + %CZ)
Sendo:
ENN = extrato não-nitrogenado;
UM = umidade;
PB = proteína bruta;
EE = extrato etéreo;
FB = fibra bruta;
CZ = cinza.
Energia bruta (EB) A energia bruta (kcal/100g) de todas as amostras de ração e fezes foi
estimada com base nos valores calculados de energia para proteína, extrato etéreo
e carboidratos (5,64; 9,44; 4,11kcal/g, respectivamente), segundo N.R.C. (1993).
11
3.6. Elaboração das rações experimentais
Para elaboração das rações experimentais, a farinha da castanha da
Amazônia e os demais ingredientes que compuseram as rações (disponíveis no
comércio de Manaus, AM) foram moídos em moinho martelo com peneira, cuja
malha apresentava dois milímetros entre/nós, e pesados em balança METTLER
modelo P-1200 com capacidade de 1,2kg e 0,01g de precisão. A Tabela 1 apresenta
as análises da composição centesimal dos ingredientes utilizados nas rações
experimentais e a Tabela 2 apresenta a composição percentual das dietas. Os
ingredientes foram misturados, umedecidos com água e em seguida processados
em moedor de carne marca C.A.F. modelo 22-S com matriz de seis mm
(peletização). A secagem dos peletes foi feita em estufa com circulação forçada
marca Marconi, modelo MA 035, à temperatura constante de 30oC durante 24 horas.
Foram formuladas quatro dietas experimentais isocalóricas (366,0 ±
4,5kcal/100g) e isoprotéicas (36% PB), com níveis crescentes de inclusão da farinha
de resíduos de castanha da Amazônia (0,0; 10,0; 20,0 e 30,0%). Para determinação
da digestibilidade, as rações foram formuladas com as mesmas proporções de
ingredientes, porém com inclusão de 0,5% de óxido de cromo III (Cr2O3).
Paralelamente foi formulada uma ração substituindo 30% da ração controle
pela farinha de resíduos de castanha da Amazônia, sem balanceamento de
nutrientes, com inclusão de 0,5% de óxido de cromo III para determinação da
digestibilidade do ingrediente, segundo metodologia descrita por Bureau et al.
(1999). Após a formulação das rações, foram coletadas amostras para determinação
de sua composição centesimal e o restante guardado em sacos plásticos
devidamente identificados e estocados em “freezer”.
12
Tabela 1. Análise químico-bromatológica (%) dos ingredientes das rações
experimentais para juvenis de tambaqui.
Ingrediente UM CZ EE PB FB ENN Farinha de Peixe 12,4 15,0 9,8 70,9 - - Farelo de Soja 10,2 6,5 2,5 49,9 5,1 25,8 Fubá de milho 10,5 0,6 4,1 9,1 1,8 73,9 Farinha de trigo 9,8 5,1 3,8 17,8 5,8 57,7 Castanha da Amazônia 2,3 5,3 48,8 22,7 4,9 16,0 Protenose 8,8 2,2 0,5 69,0 5,0 14,5 Óleo de soja - - 100,0 - - - Suplemento vitamínico e mineral* - - - - - -
UM = umidade; CZ = cinza; EE = extrato etéreo; PB = proteína Bruta; F=fibra; ENN=extrato não-nitrogenado. * Composição do suplemento vitamínico e mineral por kg: fósforo 0,5%; cobre 2,66mg; ferro 16,66mg;
iodo 0,25mg; manganês 25mg; zinco 16,6mg; vit. A 3,33UI; vit. E 2UI; vit.C 1,000 ppm; vit. D3 800UI;
vit B10,46mg; vit. B12 3,33mg; vit B2 1,66mg; vit K 0,52mg.
Tabela 2. Composição percentual dietas experimentais com níveis crescentes de
inclusão de farinha de resíduos de castanha da Amazônia (FCA) fornecidas para
juvenis de tambaqui.
Dieta experimental Ingrediente (%) Controle 10% 20% 30%
Farinha peixe 10,0 7,5 6,5 5,5 Farelo de Soja 37,0 36,5 35,0 34,5 Fubá de milho 13,0 10,0 6,0 3,0 Farinha de trigo 25,0 17,0 12,0 5,0 Castanha da Amazônia 0,0 10,0 20,0 30,0 Suplemento vitamínico e mineral 1,0 1,0 1,0 1,0 Protenose 14,0 15,0 15,0 15,0 Óleo de soja 0,0 3,0 4,5 6,0 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 PB ração 36,7 36,2 36,0 36,0 EB* ração (kcal/100g) 367,6 371,0 365,4 360,3 EB:PB 10,0 10,2 10,1 10,0
EB=energia bruta; EB:PB= relação energia:proteína.
* Energia bruta calculada com base nos valores de energia para proteína = 5,64 kcal/g, extrato etéreo
= 9,44 kcal/g e carboidrato = 4,11 kcal/g (NRC, 1993).
13
3.7. Protocolo experimental
O experimento foi realizado em quinze cones adaptados para estudos de
nutrição de peixes (anexo), com volume útil de 200 litros, abastecidos com água de
poço artesiano, com taxa de renovação diária de cinco por cento do volume total, e
aeração constante. O experimento foi composto de quatro tratamentos com três
repetições, de acordo com os diferentes níveis de inclusão da farinha de castanha
da Amazônia, sendo estes 0,0; 10,0; 20,0 e 30,0%. O grupo controle foi o tratamento
em que não houve inclusão de farinha de resíduos de castanha da Amazônia.
Paralelamente a esse experimento, a digestibilidade da castanha foi determinada em
três tanques perfazendo três repetições.
Foram alocados vinte juvenis de tambaqui, de aproximadamente 9,6 ± 0,32cm
e 29,0±2,73g, por unidade experimental, em delineamento inteiramente casualizado.
Os tanques foram cobertos por rede de malha de 12 milímetros para evitar perda de
animais. A alimentação dos animais foi efetuada duas vezes ao dia (9h e às 16h),
durante 60 dias, até a saciedade aparente.
3.8. Parâmetros físico-químicos da água
A determinação do oxigênio dissolvido, temperatura e condutividade elétrica
foram realizadas com aparelho digital YSI modelo 85, e o pH com aparelho YSI
modelo 60, diariamente, sempre no período matutino, após a alimentação. Foram
determinados os níveis de amônia total e nitrito semanalmente pelo método do
endofenol e colorimetria, respectivamente.
3.9. Biometria
A biometria foi feita no início do experimento e em intervalos de trinta dias,
sendo feitas no total três biometrias (inicial, 30 e 60 dias). As medidas do
comprimento padrão dos peixes foram efetuadas com ictiômetro, precisão
milimétrica e o peso dos animais em balança, com meio grama de precisão (Filizola
MF-3, Indústrias Filizola S. A., São Paulo, SP, Brasil).
14
3.10. Variáveis de desempenho produtivo
Foram analisadas as seguintes variáveis:
Ganho de peso (GP) GP = Pf - Pi
Sendo:
Pf = peso final (g);
Pi = peso inicial (g).
Taxa de crescimento específico (TCE) TCE(%) = 100 x [(lnWt – lnW0)/t]
Sendo:
Wt = Peso em gramas no tempo t (final);
W0 = Peso em gramas no tempo 0 (inicial);
t = Tempo de duração do experimento (dias).
Taxa de crescimento relativo (TCR)
TCR(%) = 100 x (Pf – Pi) / Pi
Sendo:
Pf = peso final;
Pi = peso inicial.
Conversão alimentar aparente (CAA)
CAA = Quantidade de ração fornecida (g) / Ganho de peso (g)
Taxa de eficiência protéica (TEP) TEP = Ganho de peso (g) / PB ingerida (g)
Sendo:
PB = proteína bruta.
15
Utilização líquida de proteína (ULP) ULP = PBganho / PBconsumido
Sendo:
PBganho = proteína bruta do ganho de peso (g);
PBconsumida = proteína bruta consumida (g).
3.11. Composição corporal
Para medir os efeitos dos tratamentos na composição corporal dos peixes,
dez juvenis de tambaqui foram escolhidos aleatoriamente no início do experimento.
Ao final do experimento foram coletados três peixes de cada unidade experimental.
Os peixes foram separados em sacos plásticos de três quilos devidamente
identificados, congelados, triturados e liofilizados para as análises bromatológicas.
3.12. Coleta de Fezes O método de coleta de fezes utilizado neste experimento foi por decantação
na coluna da água. As fezes decantadas nos tubos coletores foram retiradas,
homogeneizadas e congeladas em placas de Petri para posterior liofilização e
análises bromatológicas. Os peixes foram alimentados com ração sem óxido de
cromo III nos primeiros quinze dias do experimento. A seguir, esta ração foi
substituída por ração equivalente, porém acrescida do marcador externo (óxido de
cromo III), sendo a coleta de fezes efetuada após o quinto dia de arraçoamento. As
coletas de fezes foram realizadas até a obtenção de material fecal suficiente para
realização das análises bromatológicas, por volta de dez gramas de peso seco.
Após o término das coletas de fezes, os peixes voltaram a receber ração sem óxido
de cromo III.
3.12.1. Coletor
As fezes foram coletadas nos cones adaptados para estudos de nutrição de
peixes.Estes cones são de fibra de vidro, com capacidade de duzentos litros cada, e
na sua porção inferior, junto à saída de água, foi adaptado um sistema coletor de
fezes constituído de juntas de PVC com registro hidráulico. A porção terminal do
16
coletor possui rosca para encaixe de pré-formas de garrafa pet com volume de 50ml.
A metodologia de coleta foi descrita por Cho et al. (1985) e Cho (1987), e modificada
por Cantelmo (1998).
3.13. Determinação da digestibilidade
A metodologia aplicada para determinação do coeficiente de digestibilidade
aparente (CDA) da matéria seca e proteína bruta dos ingredientes da ração foi
descrita por Cho et al. (1985) e Cho (1987).
A digestibilidade do ingrediente, no caso a castanha da Amazônia, foi
determinada por intermédio da equação proposta por Bureau et al. (1999), que é a
simplificação matemática da equação apresentada Forster (1996), Sigiura et al.
(1998) e Forster (1999), substituindo 30% da ração padrão pelo ingrediente a ser
testado.
3.13.1. Óxido de Cromo (Cr2O3)
As análises para determinação da concentração de óxido de cromo III nas
amostras de rações e fezes foram realizadas por método colorimétrico, conforme
metodologia descrita por Furukawa & Tsukahara (1966). O óxido de cromo III,
utilizado como marcador inerte para análise de digestibilidade aparente por via
indireta foi misturado às rações (0,5%) em cada tratamento (Ng & Wilson, 1997). A
curva de calibração foi calculada a partir da digestão nitro-perclórica de amostras
com concentrações conhecidas de óxido de cromo III. A leitura foi feita em
espectrofotômetro, ajustado para 350nm de comprimento de onda. As
concentrações de óxido de cromo III nas rações e nas fezes foram determinadas por
meio da equação:
y = a + bx
sendo:
y = concentração ótica;
x = concentração de cromo na amostra.
17
Digestibilidade aparente de nutrientes (CDAn) e energia CDAeb) CDAn/eb = 100 x 1 – (Cr2O3 dieta) x (%f n/e)
(Cr2O3 fezes) x (%r n/e)
Sendo:
CDAn/eb = Coeficiente de digestibilidade aparente de nutrientes e energia;
Cr2O3 dieta = % de óxido de cromo na ração;
Cr2O3 fezes = % de óxido de cromo nas fezes;
%f n/e = % de nutriente ou energia nas fezes;
%r n/e = % de nutriente ou energia na ração.
Digestibilidade total (DT) DT(%) = 100 – 100 x % de Cr2O3 na ração
% de Cr2O3 nas fezes
Energia digestível (ED) ED = Ed – [(Ef x Id)/If]
Sendo:
Ed = energia da dieta;
Ef = energia das fezes;
Id = indicador na ração;
If = indicador nas fezes.
Digestibilidade do ingrediente (DI) CDAingr = CDAteste + ((1-s) Dr/sDi) (CDAteste - CDAcontrole)
Sendo:
CDAingr = CDA do ingrediente testado;
1-s = % da ração controle na ração teste;
Dr = % nutriente da ração teste;
s = % do ingrediente teste na ração;
Di = % nutriente do ingrediente teste;
CDAteste = CDA da ração teste;
CDAcontrole = CDA da dieta controle.
18
3.14. Análise Estatística
A homogeneidade dos peixes nas unidades experimentais, no início do
experimento, foi aferida utilizando o teste de Cochran (Zar, 1996), ao nível de
significância de 5%. Os valores das repetições do coeficiente de digestibilidade
aparente das diferentes dietas experimentais, assim como os parâmetros de
desempenho zootécnico foram submetidos à análise de variância (ANOVA) one way,
com nível de significância de 5%.
Alguns parâmetros zootécnicos foram submetidos à análise de variância com
medidas repetidas no tempo para comparar o desempenho em dois períodos
distintos, sendo o período 1 considerando os primeiros trinta dias de experimento e o
período 2 os trinta dias finais do experimento.
As médias analisadas que diferiram estatisticamente foram discriminadas por
meio do teste de Tukey (p<0,05) (Zar, 1996).
19
4. RESULTADOS
A Tabela 3 apresenta a análise químico-bromatológica das rações
experimentais.
Tabela 3. Análise químico-bromatológica das rações experimentais com níveis
crescentes de inclusão de farinha de resíduo de castanha da Amazônia (FCA).
Porcentagem de nutrientes nas rações experimentais Dieta UM CZ EE PB FB ENN EB EB:PB
Controle 5,5±0,1 5,7±0,2 8,2±5,4a 39,9±0,5 4,1±0,1 36,2±2,6ª 426,4±2,3ª 10,7±0,1ª
10% FCA 5,5±0,1 5,6±0,1 13,8±0,1b
39,2±1,1 4,6±0,1 31,3±2,1b 453,6±1,1b 11,5±0,0b
20% FCA 5,5±0,2 5,4±0,1 18,5±1,2c 39,4±0,0 4,4±0,1 26,8±2,5c 479,1±1,2c 12,2±0,0c
30% FCA 5,5±0,4 5,5±0,2 24,4±0,9d 39,5±0,5 3,3±0,1 21,9±1,7d 513,3±3,1d 13,0±0,1d
UM = umidade; CZ = cinza; EE = extrato etéreo; PB = proteína Bruta; F=fibra; ENN=extrato não-nitrogenado; EB=energia bruta; EB:PB= relação energia:proteína Letras diferentes na mesma coluna representam diferenças significativas (p<0,05).
Para a porcentagem de proteína bruta, as rações dos diferentes tratamentos
não apresentaram diferenças estatísticas significativas. Porém, os valores de
proteína bruta ficaram acima do esperado. Para o extrato etéreo, todos os
tratamentos mostraram diferenças estatísticas significativas, sendo o desvio padrão
total entre os tratamentos de 6,39. A composição de carboidratos também diferiu
significantemente em todos os tratamentos. Os resultados de energia bruta das
rações estão expressos em kcal/100g. Todos os tratamentos apresentaram
diferença significativa para os valores de energia bruta, assim como para a razão
energia:proteína.
O valor médio e desvio padrão dos parâmetros físico-químicos da água
analisados estão descritos na Tabela 4. Os parâmetros monitorados não
apresentaram diferença estatística significativa entre os tratamentos.
20
Tabela 4. Média dos parâmetros de qualidade de água monitorados.
Tratamento Parâmetro Controle 10% 20% 30% Ingrediente
OD (mg/L) 5,1 ± 0,2 5,0 ± 0,2 5,0 ± 0,0 4,9 ± 0,1 4,8 ± 0,2 Temperatura (°C) 27,4 ± 0,0 27,5 ± 0,0 27,5 ± 0,0 27,5 ± 0,0 27,4 ± 0,0 pH 5,2 ± 0,0 5,2 ± 0,2 5,2 ± 0,0 5,2 ± 0,0 5,1 ± 0,0 Condutividade (µS.cm-2) 21,3 ± 0,2 22,2 ± 0,9 21,9 ± 0,7 21,9 ± 0,4 20,9 ± 0,2 Amônia total (mg/L) 0,6 ± 0,2 0,5 ± 0,3 0,6 ± 0,3 0,5 ± 0,2 0,4 ± 0,2 Nitrito (mg/L) 0,01 ± 0,0 0,01 ± 0,01 0,01 ± 0,0 0,01 ± 0,0 0,01 ± 0,0 OD = Oxigênio dissolvido.
4.1. Variáveis de desempenho produtivo
As dietas contendo diferentes níveis de inclusão de FCA não proporcionaram
diferenças estatísticas significativas ao final do experimento para as variáveis de
desempenho produtivo analisadas. Não houve mortalidade durante o período
experimental. A Tabela 5 apresenta os valores médios de ganho de peso, taxa de
crescimento específico, taxa de crescimento relativo, conversão alimentar aparente,
taxa de eficiência protéica e utilização líquida de proteína.
Tabela 5. Valor médio e desvio padrão dos índices de desempenho produtivo.
Tratamento Parâmetro
Controle 10% de FCA 20% de FCA 30% de FCA GP 33,3±2,4 27,4±4,7 31,0±3,5 27,7±4,3 TCE 2,2±0,2 2,0±0,2 2,05±0,3 1,9±0,3 TCR 113,6±7,7 94,0±16,7 105,8±11,8 94,7±14,9 CAA 1,0±0,1 1,0±0,1 1,0±0,0 0,9±0,0 TEP 2,8±0,1 2,8±0,2 2,8±0,1 2,9±0,0 UL P 0,7±0,0 0,6±0,1 0,6±0,0 0,7±0,2
GP = ganho de peso; TCE= taxa de crescimento específico; TCR= taxa de crescimento relativo; CAA= conversão alimentar aparente; TEP= taxa de eficiência protéica; ULP= utilização líquida de proteína.
Os resultados do ganho de peso dos peixes estão representados na Tabela 6.
Foi analisado o ganho de peso dos peixes em duas fases distintas, sendo o
experimento dividido em dois períodos de trinta dias cada, correspondendo as duas
21
biometrias. O período 1 compreendeu os primeiros trinta dias de experimento e o
período 2 os trinta dias subseqüentes.
Houve diferença significativa no ganho de peso dos peixes entre os períodos
comparados (Tabela 6), ou seja, considerando o ganho de peso de todos os
tratamentos em dois períodos. No primeiro período os peixes obtiveram média de
ganho de peso significativamente maior que o segundo período, 18,4 ± 3,1g e 10,6 ±
2,0g, respectivamente (média e desvio padrão). Porém, não houve diferença
significativa no ganho de peso total dos peixes entre os tratamentos, quando
comparado os dois períodos distintos.
Tabela 6. Influência das dietas experimentais sobre o ganho de peso dos juvenis de
tambaqui nos diferentes períodos analisados (média e desvio padrão).
GP Período 1(*) (g)
GP Período 2(**) (g)
GP Total (***) (g) Dieta
0 - 30 dias 30 - 60 dias 0 - 60 dias Controle 21,5 ± 2,8ª 11,8 ± 0,9b
33,3 ± 2,4 10% 17,0 ± 2,9a
10,4 ± 2,1b 27,4 ± 4,7 20% 19,9 ± 3,1a 11,2 ± 3,8b 31,0 ± 3,5
18,1 ± 2,2ª 9,5 ± 2,2b 27,7 ± 4,3 30% GP = ganho de peso * GP nos 30 dias iniciais do experimento ** GP nos 30 dias finais do experimento *** GP nos 60 dias do experimento Letras diferentes na mesma linha representam diferenças significativas (p<0,05).
Os resultados para a taxa de crescimento específico dos peixes estão
representados na Tabela 7. Não houve diferença significativa entre tratamentos ao
final do experimento (taxa de crescimento específico total, após 60 dias) assim como
entre os dois períodos analisados.
22
Tabela 7. Valores da taxa de crescimento específico de juvenis de tambaquis
alimentados com dietas contendo níveis crescentes de inclusão de farinha de
resíduo da castanha da Amazônia nos diferentes períodos analisados (média e
desvio padrão).
TCE Período 1(*) (cm)
TCE Período 2(**) (cm)
TCE Total(***) (cm) Dieta
0 - 30 dias 30 - 60 dias 0 - 60 dias Controle 1,5 ± 0,2ª 0,8 ± 0,3ª 2,2 ± 0,2ª 10% 1,0 ± 0,4ª 0,9 ± 0,3ª 2,0 ± 0,2ª 20% 1,3 ± 0,2ª 0,7 ± 0,4ª 2,0 ± 0,3ª 30% 0,8 ± 0,3a
1,1 ± 0,6ª 1,9 ± 0,3ª TCE= Taxa de crescimento específico * TCE nos 30 dias iniciais do experimento ** TCE nos 30 dias finais do experimento *** TCE específico nos 60 dias do experimento Letras diferentes na mesma coluna representam diferenças significativas (p<0,05).
Não houve diferença estatística para os valores totais, quando considerado o
tempo total do experimento. Os valores referentes à taxa de crescimento relativo dos
peixes entre os períodos comparados estão representados na Figura 1. Houve
diferença significativa quando considerado os dois períodos distintos do
experimento. No período 1, os peixes apresentaram crescimento relativo de 65%,
superior quando comparado ao crescimento relativo dos peixes no período 2, com
taxa de 23% (valores expressos em porcentagem).
23
MédiaPeríodo 1 Período 2
TEMPO
10
20
30
40
50
60
70
80TC
R (%
)
Figura 1. Taxa de crescimento relativo de juvenis de tambaquis alimentados com
dietas contendo níveis crescentes de inclusão de farinha de resíduo da castanha da
Amazônia nos diferentes períodos analisados.
Os valores de conversão alimentar aparente (CAA) não apresentaram
diferença significativa entre tratamentos ao final do experimento (Figura 2).
24
Média
Controle 10% 20% 30%
Tratamento
0,84
0,86
0,88
0,90
0,92
0,94
0,96
0,98
1,00
1,02
1,04
1,06
1,08
1,10C
AA
Figura 2. Conversão alimentar aparente (CAA) de juvenis de tambaquis alimentados
com dietas contendo níveis crescentes de inclusão de farinha de resíduo da
castanha da Amazônia.
Não houve diferença significativa para a taxa de eficiência protéica (Tabela 5).
Os peixes dos tratamentos controle, 10% e 20% de FCA apresentaram os mesmo
valores (2,8), e os peixes do tratamento com 30% de FCA apresentou o valor de
2,9±0,1. Não houve diferença significativa para utilização líquida de proteína pelos
peixes entre tratamentos com níveis crescentes de inclusão da FCA em rações para
juvenis de tambaqui (Tabela 5).
25
4.2. Composição corporal
Os valores determinados (dados a 100% de matéria seca) na análise da
composição corporal dos juvenis de tambaqui alimentados com as rações contendo
níveis crescentes de inclusão de farinha de castanha da Amazônia estão
representados na Tabela 8. Não houve diferença significativa entre os valores de
umidade nos peixes do início do experimento e demais períodos, assim como entre
tratamentos.
Para os valores de proteína bruta, a composição dos peixes no início do
experimento (53,7±0,0%) foi estatisticamente igual ao tratamento contendo 10% de
FCA (53,1 ± 2,3%), assim como os tratamentos contendo 20% e 30% de FCA
(48,6±1,0% e 48,6±1,2%). Entretanto, o tratamento controle, sem inclusão de FCA,
se apresentou diferente (p<0,05) dos demais tratamentos, e também em relação à
composição inicial dos peixes, com o maior valor de proteína bruta observado na
carcaça dos peixes (58,1±1,1%).
Para o extrato etéreo, não houve diferença significativa na composição
corporal dos peixes no início do experimento e na dieta com ausência de FCA
(tratamento controle), com valores de 24,4±1,0% e 27,6±0,4%, respectivamente.
Porém, estes tratamentos diferiram estatisticamente dos demais tratamentos. Os
tratamentos com inclusão de 20,0 e 30,0% de FCA também não apresentaram
diferenças significativas entre si, com valores de 38,6±0,7% para 20,0% de FCA e
38,7±1,7% para 30,0% de FCA, mas diferiram da composição de extrato etéreo dos
outros tratamentos. O tratamento com 10,0% de FCA diferiu significativamente de
todos os tratamentos, inclusive da composição de extrato etéreo inicial do
experimento.
O valor mais alto de cinza foi encontrado na composição inicial dos peixes,
com valor de 13,3±0,5%, diferindo significativamente de todos os tratamentos. O
tratamento controle foi semelhante aos tratamentos com 10,0% e 20,0% de FCA,
enquanto diferiu significativamente do tratamento com 30,0% de FCA. Os
tratamentos com inclusão de FCA não apresentaram diferença estatística
significativa para os valores de cinza.
26
Tabela 8. Composição corporal de juvenis de tambaquis alimentados com dietas
contendo níveis crescentes de inclusão de farinha de resíduo da castanha da
Amazônia.
Dados a 100% de matéria seca Tratamento
UM (%) PB (%) EE (%) CZ (%) Inicial 71,0 ± 1,0a
53,7 ± 0,0a 24,4 ± 1,0a 13,3 ± 0,5ª Controle 69,7 ± 1,5ª 58,1 ± 1,1b
27,6 ± 0,4ª 9,5 ± 0,6b
10% FCA 68,1 ± 0,1ª 53,1 ± 2,3ª 34,1 ± 2,4b
9,0 ± 0,3bc
20% FCA 66,5 ± 0,3a 48,6 ± 1,0c 38,6 ± 0,7c 8,6 ± 0,8bc
30%FCA 65,9 ± 0,5a 48,6 ± 1,2c 38,7 ± 1,7c 7,8 ± 0,7c
Inicial = análise centesimal dos peixes no início do experimento UM = Umidade; PB = Proteína Bruta; EE = Extrato etéreo; CZ = Cinza Letras diferentes na mesma coluna representam diferenças significativas (p<0,05)
4.3 Determinação da Digestibilidade
Os peixes foram alimentados com ração sem marcador externo (Cr2O3) na
primeira quinzena do experimento, quando foram trocadas por rações marcadas
com óxido de cromo III. As fezes foram coletadas durante trinta dias, quando a ração
foi novamente trocada pela ração não marcada.
As coletas foram efetuadas ao longo do dia, com inicio às 11h e término às
22h. Após uma hora da alimentação matinal, o registro do sistema de coleta de cada
unidade experimental foi aberto para descarte dos peletes não consumidos pelos
peixes, evitando subestimar os coeficientes de digestibilidade. Após o fechamento
do registro, foram encaixados os tubos coletores, seguindo o intervalo de coleta de
uma hora. Na coleta, o registro foi fechado e os tubos coletores retirados, a
quantidade de água em excesso descartada, as fezes depositadas em potes de
plástico de 500 ml e armazenadas em freezer.
Para a determinação dos coeficientes de digestibilidade aparente da matéria
seca e dos nutrientes das rações com níveis crescentes de inclusão de FCA, foram
utilizados dados referentes à composição dos nutrientes e energia das fezes,
apresentados na Tabela 9.
27
Tabela 9. Composição centesimal (g/100g de MS) das amostras de fezes por
tratamento dos juvenis de tambaqui.
Tratamento Nutriente
Controle 10% 20% 30% Proteína bruta (%) 19,2 19,3 18,7 21,5 Extrato etéreo (%) 2,6 4,0 5,4 8,9 Extratos não nitrogenados (%) 57,3 56,4 54,4 49,6 Cinzas (%) 5,3 5,4 5,7 5,7 Energia Bruta (kcal/100g MS) 368,1 378,1 379,9 408,5
Os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca e dos nutrientes
das rações experimentais estão representados na Tabela 10. Para a matéria seca o
maior valor do coeficiente foi da ração com 10% de inclusão de FCA (86%). O
tratamento controle (77±2,1%) e o tratamento com 20% de inclusão de FCA
(78±1,7%) não apresentaram diferenças significativas entre si. Os tratamentos com
10% e 30% (86±0,4% e 82±0,8%, respectivamente) de FCA diferiram entre si, o
mesmo ocorrendo entre o tratamento controle e o tratamento com 10% e 30% de
inclusão de FCA. O coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca do
tratamento com 20% de inclusão difere do coeficiente do tratamento com 30% de
inclusão.
O coeficiente de digestibilidade aparente do extrato etéreo não diferiu entre os
tratamentos analisados, sendo a média dos tratamentos de 94±0,02%. O coeficiente
de digestibilidade aparente protéica do tratamento com 10% de FCA foi de 93±0,4%
e apresentou diferença significativa dos demais tratamentos, assim como para o
extrato não-nitrogenado, que o tratamento com 10% de FCA apresentou coeficiente
de digestibilidade aparente superior aos demais tratamentos.
28
Tabela 10. Coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) da matéria seca e dos
nutrientes das rações contendo níveis crescentes de inclusão de farinha de resíduo
da castanha da Amazônia. CDA (%) dos nutrientes das rações
Dieta CDA ms CDA ee CDA prot CDA enn
Controle 77±2,1a 93±2,2ª 89±1,5ª 60±3,1ª
10% de FCA 86±0,4b
95±0,4ª 93±0,4b 73±1,7b
20% de FCA 78±1,7a 93±0,4ª 88±1,0ª 53±4,0ª
30% de FCA 82±0,8c 93±0,2ª 89±0,9ª 55±1,6ª
CDA=Coeficiente de digestibilidade aparente. ms= matéria seca; ee= extrato etéreo; prot= proteína; enn= extrato não-nitrogenado. Letras diferentes na mesma coluna representam diferenças significativas (p<0,05)
A digestibilidade total considera o quanto da ração foi digerido após
passagem pelo sistema digestório (Figura 3). Os tratamentos controle e com 20,0%
de inclusão de FCA não apresentaram diferenças significativas entre si (76,7±2,0% e
76,6±2,0%, respectivamente), e foram inferiores aos demais tratamentos. O
tratamento com 10,0% de FCA foi o que apresentou melhor digestibilidade
(85,9±0,3%) diferindo estatisticamente dos demais tratamentos, enquanto o
tratamento com inclusão de 30,0% de FCA, com valor de digestibilidade total de
81,1±0,8%, também diferiu dos demais tratamentos.
29
Média
Controle 10% 20% 30%
Tratamento
70
72
74
76
78
80
82
84
86
88
DT
(%)
Figura 3. Digestibilidade total das rações contendo níveis crescentes de inclusão de
farinha de resíduo da castanha da Amazônia em juvenis de tambaqui.
Os valores obtidos para energia digestível para os tratamentos com 10,0% e
20,0% de FCA não diferiram estatisticamente entre si (Figura 4). O tratamento
controle, com menor valor de energia digestível, e o tratamento com inclusão de
30,0% de FCA, com o maior valor, diferiram dos demais tratamentos.
30
Média
Controle 10% 20% 30%
Tratamento
340
360
380
400
420
440
460
480
500E
D (K
cal/g
)
Figura 4. Energia digestível das rações contendo níveis crescentes de inclusão de
farinha de resíduo da castanha da Amazônia.
Os resultados dos coeficientes de digestibilidade aparente do resíduo da
castanha da Amazônia estão representados na Tabela 11.
Tabela 11. Coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca e dos nutrientes
da castanha da Amazônia.
Coeficiente de Digestibilidade Aparente (%) Ingrediente
CDAms CDAee CDAprot CDAenn Castanha da Amazônia 87 93 95 37
CDA=Coeficiente de digestibilidade aparente. ms= matéria seca; ee= extrato etéreo; prot= proteína; enn= extrato não-nitrogenado.
31
5. DISCUSSÃO
Os valores médios monitorados dos parâmetros físico-químicos da água não
apresentaram variações acentuadas que pudessem interferir no desempenho dos
peixes durante todo período experimental. O oxigênio é o segundo gás mais
abundante dissolvido na água, superado apenas pelo nitrogênio, sendo o parâmetro
de maior importância, pois os peixes não sobrevivem em sua ausência. A energia
necessária para o metabolismo da maioria dos peixes provém da oxidação dos
alimentos, produzindo dióxido de carbono e água no processo (Schimedt-Nielsen,
1990).
Na aqüicultura, níveis muito baixos de oxigênio dissolvido na água podem
estressar os animais e causar morte por hipóxia (Madenjian et al., 1987). Kubtiza
(2003) afirmou que, em cultivos comerciais, as concentrações de oxigênio dissolvido
na água devem ser mantidas acima de 4 mg/L para evitar problemas na produção. O
tambaqui tolera níveis baixos de oxigênio dissolvido na água, de aproximadamente
0,5 mg/L (Saint-Paul, 1984). Os valores médios de oxigênio dissolvido na água
durante o experimento não apresentaram diferença significativa entre tratamentos e
atenderam às exigências do tambaqui.
A temperatura da água possui efeito sobre o crescimento, consumo de ração
e o metabolismo dos peixes (Cuenco et al., 1999). É o fator limitante de muitos
processos biológicos e define até mesmo a distribuição ecológica da espécie. Sendo
animais pecilotérmicos, os peixes possuem temperatura do corpo próxima à
temperatura da água e pode influenciar a taxa de evacuação gástrica em peixes e a
digestibilidade dos alimentos consumidos. Segundo Alanärä (1994), a temperatura
controla o metabolismo, as necessidades nutricionais e o esvaziamento gástrico.
Dias-Koberstein et al. (2004) encontraram diferenças significativas na ingestão de
alimento em pacu (Piaractus mesopotamicus), onde, à temperatura de 27oC, os
peixes ingeriram mais alimento (11,86g) do que à temperatura de 23oC (9,14g).
Bendiksen et al. (2003) encontraram diferenças significativas nos coeficientes
de digestibilidade aparente da proteína (90,8±0,4% vs. 91,2±0,4%) e do extrato
etéreo (96,3±0,5% vs. 98,2±0,4%) para salmão (Salmo salar) submetido a
temperaturas de 2 e 8oC, sendo a digestibilidade menor à 2oC. Kim et al. (1998)
também encontraram diferenças nos coeficientes de digestibilidade do concentrado
proteíco de soja pela carpa comum (Cyprinus carpio) em temperaturas de 18 e 25oC.
32
A média da temperatura da água foi de 27,5±0,1oC e não houve diferença
significativa entre os tratamentos, sugerindo que a temperatura não influenciou os
parâmetros experimentais. Este valor está na média de conforto para esta espécie,
que segundo Cyrino & Kubitza (1996) está entre 25 e 32oC.
Quando o peixe é exposto a pH ácido, a quantidade de muco nas brânquias
aumenta, interferindo as trocas iônicas e gasosas. As brânquias também são
sensíveis a soluções extremamente alcalinas, causando alterações nas células do
filamento branquial e, conseqüentemente, problemas respiratórios (Boyd, 1990). O
tambaqui é tolerante a níveis baixos de pH na água. Segundo Wilson et al. (1999),
em escalas de pH 6,5 e 3,5 o tambaqui foi a única espécie a recuperar o balanço
iônico no plasma após 18 horas de exposição à água com pH 3,5 quando
comparado ao matrinxã (Brycon amazonicum) e o tamoatá (Hoplosternum litorale).
Neste trabalho não foram encontradas diferenças significativas para os
valores de pH entre os tratamentos, oscilando pouco entre as médias (5,2±0,1). O
tambaqui habita naturalmente águas com pH ácido (Araújo-Lima & Goulding, 1998)
e os valores encontrados apresentaram-se dentro dos limites da zona de conforto
dos peixes. Valores próximos de pH (5,92±0,08) foram reportados por Chagas & Val
(2003) em condições experimentais semelhantes, testando a suplementação de
vitamina C em rações para tambaqui (Colossoma macropomum). Melo et al. (2001)
encontraram pH da ordem de 7,5 para produção de alevinos avançados em viveiros
de argila/barragem sem troca de água e pH 6,7 nos viveiros de engorda para
tambaqui no estado do Amazonas. Izel & Melo (2004) encontraram valores de pH
7,5 para engorda de tambaquis em viveiros escavados.
A condutividade elétrica da água é uma medida da habilidade de condução de
cargas elétricas. Está diretamente relacionada à salinidade da água, que influência o
equilíbrio osmótico dos peixes. A condutividade elétrica média entre os tratamentos
não apresentou diferença que pudesse afetar o equilíbrio osmótico dos peixes
durante o período experimental.
A amônia é o principal composto nitrogenado excretado por peixes,
constituindo cerca de 80-90% dos produtos excretados (Jobling, 1994). Esta
molécula é derivada da digestão das proteínas e do catabolismo dos aminoácidos e
a quantidade de amônia não ionizada na água depende de fatores como pH e
temperatura. A porcentagem de amônia não ionizada aumenta para cada grau de pH
que aumente na água (Boyd, 1990).
33
Arana (2004) descreveu que há efeitos tóxicos de concentrações altas de
amônia sobre as células, excreção, osmorregulação, respiração, alterações
histológicas sobre os tecidos, maior suscetibilidade a doenças e diminuição da taxa
de crescimento de peixes. Marcon et al. (2004) registraram para o tambaqui a
CL5096h (concentração que mata 50% dos animais em 96 horas) ao redor de
0,71mg de NH3/L. Para a concentração de amônia no experimento, não foi
observada diferença entre os tratamentos que pudesse afetar o bem estar dos
animais nas unidades experimentais.
O Nitrito (NO2-) é a forma ionizada do ácido nitroso (HNO2). É formado pela
oxidação da amônia por bactérias nitrificantes transformada em nitrito e depois em
nitrato (NO3), composto tóxico aos peixes. Em regiões tropicais, com temperaturas
mais elevadas, a atividade das bactérias nitrificantes é favorecida (Hargreaves,
1998), há aumento da taxa metabólica dos peixes e, conseqüentemente, redução da
quantidade de oxigênio dissolvido na água (Fernandes & Rantin, 1989).
O nitrito oxida o grupo heme-ferro da hemoglobina, transformando para forma
ferrosa e produzindo a meta-hemoglobina, que não pode se ligar ao oxigênio,
comprometendo a capacidade de transporte deste gás. A depreciação dos
parâmetros hematológicos (Williams et al., 1997) pode afetar a sobrevivência e o
crescimento dos peixes. Para o nitrito, não foram encontradas diferenças
significativas entre os tratamentos. Portanto, a capacidade de difusão do oxigênio
não foi alterada durante todo o período experimental, devido a concentrações altas
de nitrito e, conseqüentemente, não houve influência nas variáveis mensuradas.
O abastecimento contínuo das unidades experimentais, com taxa alta de
renovação de água e aeração constante, propiciou a estabilidade dos parâmetros
físico-químicos da água, que permaneceram dentro dos níveis considerados
adequados para o desenvolvimento do tambaqui (Castagnolli & Cyrino, 1986; Boyd,
1990; Sipaúba-Tavares, 1995).
5.1. Variáveis de desempenho produtivo
O ganho de peso dos peixes expressa o ganho de massa corporal ao longo
do tempo. Para o ganho de peso total, após sessenta dias experimentais, não houve
diferença estatística significativa entre os pesos dos peixes submetidos aos
34
diferentes tratamentos. Isso sugere que a inclusão de até 30,0% de FCA não
influenciou o crescimento em biomassa dos peixes.
Os altos valores de desvio padrão nos tratamentos com 10,0% e 30,0% de
FCA (27,4 ± 4,7g e 27,7 ± 4,3g, respectivamente) mostram desigualdade de ganho
de peso nas réplicas destes tratamentos. Pode ter ocorrido dominância de alguns
peixes maiores dentro das unidades em relação ao consumo de alimento. O alto
valor do desvio padrão nestes tratamentos pode ter relação com a ausência de
diferença significativa entre os tratamentos, visto a pequena diferença entre as
médias dos tratamentos (33,3; 27,4; 31,0 e 27,7g).
A diferença significativa ocorreu entre os dois períodos do experimento, onde
o maior ganho de peso no período 1 está relacionado à taxa metabólica. Peixes
menores possuem taxa metabólica mais alta comparada à de peixes maiores,
quando considerado o gasto de energia por unidade de peso (Baldisserotto, 2002).
Portanto, o consumo de alimento é maior em peixes menores, de modo a satisfazer
suas exigências metabólicas e, consequentemente, maior taxa de crescimento.
A taxa de crescimento específica expressa o ganho de tamanho
(comprimento) do animal após determinado período de tempo. O resultado obtido
nesta pesquisa sugere que a inclusão de até 30,0% de FCA em rações para
tambaqui não influenciou no tamanho final dos peixes após sessenta dias de
alimentação.
Do mesmo modo que o ganho de peso, o incremento de tamanho dos peixes
foi maior no período 1. Isto, devido à maior taxa metabólica dos peixes nesta fase
(Baldisserotto, 2002). A ausência de diferenças significativas para a taxa de
crescimento específico, após sessenta dias, pode ter ocorrido devido ao curto
período experimental.
A equação da taxa de crescimento relativo é valida para peixes jovens
observados por um curto período de tempo, pois há redução dessa taxa à medida
que o peso corporal aumenta, sendo a taxa de crescimento relativo subestimada
para peixes maiores (Baldisserotto, 2002). A taxa de crescimento relativo é expressa
em porcentagem do ganho de peso dos peixes após determinado período. Pode-se
afirmar que os peixes dobraram sua biomassa após os sessenta dias de
experimento, com média geral de 102,0±8,2%.
Valores deste parâmetro para os tratamentos de 10 e 30% de inclusão de
FCA não apresentaram diferenças estatísticas para os demais tratamentos devido
35
ao alto valor de desvio padrão nestas unidades. O consumo desigual de ração pelos
peixes nas réplicas dos tratamentos de 10% e 30% de FCA contribuiu para
aumentar o desvio padrão destes tratamentos. Da Silva et al. (1984), em condições
experimentais semelhantes, avaliaram a eficiência do milho (Zea mays) na
alimentação de juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum) e o resultado de
ganho de peso relativo dos peixes foi 118%.
A conversão alimentar aparente significa quanto de ração se consome para
cada quilo de peixe produzido. Melhores taxas de conversão alimentar aparente são
desejadas no cultivo de peixes, visto que quanto menos alimento o animal consumir
sem interferir na sua taxa de crescimento, mais rentável se torna a produção. O
aporte ideal de nutrientes em rações corretamente balanceadas potencializa a
alimentação dos peixes, sem que haja consumo desnecessário de ração. O
suprimento dos nutrientes conforme a demanda de cada espécie depende do
conhecimento da biologia do peixe e das exigências nutricionais.
Quanto maior o peixe, menor a ingestão e pior a conversão alimentar. Neste
trabalho, todos os tratamentos apresentaram bons índices de conversão alimentar,
atribuídos às boas condições de qualidade de água nas unidades experimentais, ao
manejo alimentar e à qualidade das dietas experimentais.
Por serem animais pecilotérmicos, as espécies de clima tropical possuem
melhores taxas de conversão alimentar, pois apresentam atividade metabólica
diretamente relacionada à temperatura da água. O aumento da temperatura da água
promove aumento da taxa de crescimento, enquanto as exigências para
manutenção das atividades metabólicas permanecem constantes, permitindo que a
energia ingerida como alimento seja utilizada para o crescimento (Cho, 1987; Lovell,
1989).
Page & Andrews (1973) constataram que a alta relação energia:proteína na
dieta resultou na diminuição do consumo voluntário de alimento para o bagre de
canal (Ictalurus punctatus), uma vez que os peixes atingem a saciedade antes de
ingerir a quantidade de proteína de que necessitam. Neste trabalho não foi verificado
diminuição do consumo de ração nos tratamentos com níveis de inclusão de até
30% de FCA.
A taxa de eficiência protéica mensura a capacidade de aproveitamento da
proteína consumida pelo animal. Os resultados mostraram que a proteína contida
nas dietas foi utilizada de forma semelhante pelos peixes, independente do nível de
36
inclusão de FCA. Para a utilização líquida de proteína, os resultados mostraram que
houve retenção de proteína pelos tecidos, caracterizando o crescimento do animal.
Vários estudos a respeito da substituição de determinados ingredientes que
normalmente integram as rações, por fontes alternativas de ingredientes, são
reportados, como a ervilha (Gomes et al., 1993; Pfeffer et al., 1995), tremoço (De la
Higuera et al., 1988; Moyano et al., 1992) e diversas sementes (Stickney et al.,
1996). Alguns trabalhos indicaram a potencialidade da substituição de ingredientes
para peixes onívoros. Viola et al. (1981) relataram a substituição da farinha de peixe
pelo farelo de soja em até 50%, na alimentação de carpas (Cyprinus carpio), sem
efeitos negativos ao desempenho dos peixes.
Saint-Paul (1985) avaliou a eficiência do arroz bravo (Oryza glumaepatula),
que possui 9,1% proteína bruta, sobre o desempenho no crescimento do tambaqui e
encontrou diferenças no ganho de peso e na conversão alimentar, comparadas à
dieta controle, que apresentou melhor desempenho. A diminuição de custos foi
enfatizada por Saldaña & Lopez (1988), que substituíram o arroz, trigo e milho por
arroz polido, farelo de trigo e glúten de milho em dietas para tambaqui à base de
pasta de soja e cereais, com 29% de proteína bruta e 3500 kcal/kg. Não houvram
diferenças significativas para a produtividade e rendimento da espécie.
Os índices de desempenho produtivo para o tambaqui não foram alterados no
estudo de Mori-Pinedo et al. (1999), que substituíram o fubá de milho pela farinha de
pupunha (Bactris gasipaes), não influenciando significativamente o crescimento, o
peso e a composição corporal. Shiau & Kwok (1989) verificaram que o crescimento e
a conversão alimentar de tilápias (Oreochromis mykiss) foram reduzidos quando a
dieta continha valores altos de fibra de diferentes fontes. Na presente pesquisa, os
valores de fibra observados neste experimento são considerados baixos para o
tambaqui e não tiveram influência nos índices de desempenho.
Kohla et al. (1992) avaliaram a eficiência da utilização de proteína de fontes
vegetais em juvenis de tambaqui. Concluíram que o crescimento dos peixes quando
receberam ração com 50% de proteína vegetal foi maior na dieta que não continha a
farinha de peixe.
McGoogan & Gatlin (1997) observaram que o crescimento de alevinos de
corvina vermelha (Sciaenops ocellatus) alimentados com farelo de soja foi
prejudicado pela deficiência de aminoácidos sulfurados. A castanha da Amazônia
possui alta concentração de aminoácidos sulfurados, principalmente metionina e
37
cisteína, com aproximadamente 8,3% do peso da proteína (Sun et al., 1987). O
resíduo de castanha utilizado neste experimento possui 22,7% de proteína bruta,
valor superior aos frutos e sementes testados por Roubach (1991), que avaliou o
efeito de quatro dietas à base de frutos e sementes sobre o crescimento, ganho de
peso e composição corporal de alevinos de tambaqui. Concluiu que Pseudobombax
munguba proporcionou melhor ganho em peso, provavelmente por apresentar maior
porcentagem protéica (21,3% da MS) que Hevea spp, Oryza sativa e Cecropia spp.
Da Silva et al. (1984) avaliaram por meio do crescimento do tambaqui, a
eficiência de uma dieta composta com 100% de torta de babaçu (Orbignya martiana)
contendo 24% de proteína bruta. O ganho de peso foi de 448%, no período de 360
dias, ou seja, 74,4% nos primeiros sessenta dias. Este resultado é inferior ao
encontrado nesta pesquisa, onde durante o mesmo período experimental os peixes
obtiveram crescimento de 102,03%.
Os ingredientes de origem vegetal utilizados na alimentação dos peixes, como
sementes de leguminosas, tortas de sementes oleaginosas e tubérculos, entre
outros, são limitados devido à presença de grande variedade de substâncias
antinutricionais (Francis et al., 2001). A presença destes fatores no alimento pode
resultar em crescimento reduzido e conversão alimentar ruim. No presente estudo, a
ausência de alterações significativas das variáveis de desempenho produtivo sugere
que a farinha de castanha da Amazônia não possui quantidade de fatores
antinutricionais de maneira que afete os índices testados. O processamento para
obtenção da farinha ou o processamento da ração pode ter destruído tais
substâncias.
A deficiência em aminoácidos essenciais em peixes causa redução na
utilização da proteína e retarda o crescimento, diminuindo o ganho de peso e a
eficiência alimentar. Isso sugere que o resíduo da FCA, usados neste trabalho,
supriu as exigências em aminoácidos essenciais para juvenis de tambaqui.
5.2. Composição corporal
O único tratamento em que não houve alteração na porcentagem inicial de
proteína corporal dos peixes foi o tratamento contendo 10,0% de inclusão de FCA.
Os tratamentos com maiores níveis de inclusão de FCA (20,0 e 30,0%) resultaram
38
em redução do teor protéico na composição corporal dos peixes, enquanto o
tratamento controle apresentou maior concentração de proteína corporal.
A menor deposição de proteína na composição da carcaça dos peixes pode
estar relacionada ao aumento na concentração de lipídios. Robinson & Li (1997)
observaram que o aumento da concentração de proteína na carcaça do bagre do
canal (Icatalurus punctatus) criado em viveiro escavado depende da relação
energia:proteína da dieta. Dietas altamente calóricas têm mostrado efeito poupador
de proteínas, além de reduzir a perda de nitrogênio para o ambiente (Cho & Kaushik,
1990).
Houve aumento na deposição de gordura corporal dos peixes conforme
aumentados os níveis de inclusão de FCA nas rações. Observou-se que os peixes
arraçoados com a dieta controle praticamente manteve o percentual de gordura
corporal do início do experimento. O aumento da quantidade de FCA nos
tratamentos elevou a quantidade de extrato etéreo das rações.
Diversos trabalhos citam o aumento de lipídios na composição corporal dos
peixes alimentados com rações contendo níveis crescentes de lipídio. Sampaio
(1998) para tucunaré (Cichla sp), Rojas & Verdegem (1994) para guapote
(Cichlasoma manguense) e Brauge et al. (1995) para truta arco-íris (Oncorhynchus
mykiss).
Altas relações energia:proteína resultaram em maior deposição de gordura
em tambaquis, que pode ser observado quando a quantidade de proteína bruta na
dieta foi baixa comparada à energia. Eckman (1987) registrou aumento de 16% no
teor de gordura corporal do tambaqui quando estes foram alimentados com ração
contendo 25%.
Van der Meer et al. (1996) utilizaram rações com 20% de proteína e
registraram teor de 18% de gordura na carcaça do tambaqui, enquanto houve
deposição de 11% e 8% de gordura quando alimentados com rações contendo 30%
e 40% de proteína, respectivamente. Roubach (1991) observou relação direta entre
a composição corporal dos peixes e a composição dos frutos e das sementes que
ingeriram, predominando a maior quantidade de extrato etéreo nos peixes que
consumiram os alimentos mais energéticos.
Em condições de confinamento, como ocorreu neste estudo, quando os
movimentos dos peixes foram restritos, houve aumento da deposição de gordura
corporal. Lovell (1986) observou que peixes alimentados com baixa quantidade de
39
proteína na dieta usaram a energia sobressalente para acumular gordura visceral ao
invés de incorporar proteína. Altos teores de gordura no alimento não são
desejáveis, pois reduzem o rendimento de carcaça, a qualidade do pescado e o
tempo de prateleira dos produtos processados, além de possuir baixa aceitação pelo
consumidor.
Tacon (1989) estimou as exigências de aminoácidos para peixes baseado na
composição de aminoácidos da carcaça, sugerindo sua aplicação para elaboração
de dietas para as diferentes espécies. Dietas com níveis adequados de aminoácidos
digestíveis reduzem a excreção de nitrogênio para o meio aquático (Furuya et al.,
2001).
A umidade é inversamente proporcional à quantidade de lipídio na carcaça,
conforme relatado por Moshen & Lovell (1990) para o bagre do canal (Icatalurus
punctatus) e Serrano et al. (1992) para corvina vermelha (Sciaenops ocellatus).
Apesar de não terem sido constatadas diferenças significativas na umidade da
carcaça dos peixes, houve diminuição dos valores de umidade conforme aumentou
a deposição de lipídio na composição corporal ao final do experimento.
5.3. Determinação da digestibilidade
A digestão é a combinação de processos mecânicos, químicos e atividades
microbianas que sofre o alimento ingerido, promovendo sua quebra em
componentes que são absorvidos pelo organismo ou que permanecem na luz do
intestino até serem excretados. A digestibilidade expressa a habilidade com que o
animal digere e absorve os nutrientes e energia contida na dieta, sendo a relação
entre os nutrientes ingeridos na dieta e evacuados nas fezes (Andriguetto et al.,
1985). Estudos de digestibilidade são importantes para a formulação de rações para
aqüicultura, pois avalia a capacidade de utilização de determinado ingrediente e a
qualidade das rações para peixes (Sadiku & Juancey, 1995; Jones & De Silva,
1997). É potencial indicador da energia e dos nutrientes disponíveis para o
crescimento, mantença e reprodução do animal.
A técnica de determinação da digestibilidade envolve o uso de marcador
inerte como, por exemplo, o óxido de cromo III, incluído na dieta em concentrações
de 0,5 a 1,0 % (Ng & Wilson, 1997). Considera-se que as quantidades do marcador
no alimento e nas fezes permaneçam constantes durante o período experimental e
40
que todo o marcador ingerido aparecerá nas fezes. Existem críticas quanto ao uso
do óxido de cromo III (Shiau & Liang, 1995; Urbinati et al., 1998), contudo o óxido de
cromo III é um indicador externo efetivo para estimar os coeficientes de
digestibilidade aparente (CDA) dos alimentos para tambaqui (Vidal et al., 2004).
O intervalo de tempo entre coletas de uma hora foi utilizado para evitar
subestimar os coeficientes de digestibilidade em razão da lixiviação de nutrientes na
água, como se esta fração de nutriente tivesse sido aproveitada pelo peixe.
Abimorad et al. (2004) verificaram que para o pacu (Piaractus mesopotanicus) o
intervalo de coletas pode interferir nos resultados de digestibilidade de proteína em
sistema semelhante de coleta.
As fezes são compostas de materiais não digeridos do alimento e de resíduos
não absorvidos pelo próprio corpo do animal. Esses resíduos são os restos de
células da mucosa, enzimas digestivas, proteínas do muco e outras secreções
liberadas dentro do trato digestório do animal, juntamente com os resíduos de
microorganismos que naturalmente habitam o trato. O nitrogênio fecal de origem do
próprio animal, e não oriundo da ingestão de alimentos, pode subestimar os valores
do coeficiente de digestibilidade (Nyachoti et al., 1997).
As comparações dos CDA entre espécies para qualquer ingrediente são
comprometidas devido a diferenças na metodologia utilizada. Apesar de alguns
autores reportarem similaridades nos coeficientes de digestibilidade mensurados por
diferentes métodos de coleta (Cho et al., 1982; Hajen et al., 1993) outros
observaram discrepância de resultados (Henken et al., 1986).
A ração contendo 10,0% de FCA apresentou os maiores valores dos CDA
para todos os nutrientes. Entretanto, as rações dos demais tratamentos
apresentaram valores muito próximos, permitindo que sejam consideradas rações
altamente digestíveis quando comparados a estudos de digestibilidade de rações
contendo ingredientes similares aos utilizados neste estudo (Gaylord & Gatlin III,
1996; Joshua & Rebecca, 2000).
Para os valores da digestibilidade total das rações, que considera quanto da
ração foi digerida pelo peixe, a ração contendo 10,0% de FCA se mostrou mais
digestível, devido aos melhores resultados para os coeficientes de digestibilidade
aparente de todos os seus nutrientes.
Georgopoulos & Conindes (1999) relataram que a energia digestível do
carboidrato do milho aumentou como resultado dos processos de gelatinização do
41
amido. Segundo Stone et al. (2003), o menor valor para o coeficiente de
digestibilidade aparente do amido cru, quando comparado ao amido gelatinizado,
deveu-se à reduzida solubilidade e, conseqüentemente, o impedimento da ação da
enzima alfa-amilase.
O milho utilizado na formulação das rações experimentais foi previamente
cozido em água para a gelatinização do amido. Os resultados dos CDA dos extratos
não-nitrogenados podem ser considerados satisfatórios. No entanto, a literatura
aponta que os peixes não utilizam de forma eficiente os carboidratos, mas estes são
necessários para síntese de diversos compostos essenciais aos peixes (Wilson,
1994). Provavelmente esta afirmação sobre a eficiência de utilização de carboidratos
se aplique mais a peixes carnívoros que onívoros, como o tambaqui.
Os peixes são capazes de desaminar as proteínas por meio da formação de
amônia, a qual é excretada passivamente pelas brânquias, utilizando a proteína
mais eficientemente que as aves e mamíferos. Segundo De la Higuera et al. (1988),
a determinação da digestibilidade das proteínas é um dos requisitos para avaliar
suas possibilidades como componente da dieta.
Carneiro (1981) verificou que o CDA da proteína de dietas isocalóricas para o
tambaqui reduziu na dieta com 26% de proteína, devido ao teor protéico estar acima
do exigido pelo tambaqui. No presente estudo, não houve redução da digestibilidade
protéica, uma vez que os valores dos coeficientes de digestibilidade aparente da
proteína são altos em dietas contendo em média 39% de proteína bruta.
Os valores dos CDA dos nutrientes e energia de todas as rações foram
superiores aos resultados de Silva et al. (2003), que testaram rações substituindo o
fubá de milho (Zea mays) por farinhas elaboradas com frutos e sementes da dieta
natural do tambaqui. Silva et al. (1999) observaram que os CDA do jauari
(Astrocaryum jauari), da seringa barriguda (Hevea spruceana), da seringa comum
(Hevea brasiliensis) e da munguba (Pseudobombax munguba) para tambaqui foram
baixos, mas concluíram que os resultados encontrados para CDA da proteína
mostraram-se dentro dos padrões de aproveitamento da proteína de origem vegetal
pelos peixes. O CDA da proteína da amêndoa do jauari consumido in natura pelo
tambaqui foi de 10,0%.
Eckmann (1987) usou farinha de sangue de boi como fonte de proteína para
alimentar alevinos de tambaqui, e recomendou não usar este produto como única
fonte de proteína, pela baixa digestibilidade que apresenta, não atendendo às
42
exigências nutricionais da espécie. Os resultados dos CDA deste trabalho estão na
média dos valores estipulados por Mohanta et al. (2006) para diversos ingredientes
de origem vegetal para o silver barb (Puntius gonionotus), como o gergelim e cascas
de sementes.
Hanley (1991) determinou os CDA da proteína bruta e energia bruta de vários
ingredientes para tilápia (Oreochromis niloticus) e encontrou os CDA para a proteína
da farinha de soja de 91% e, para a farinha de peixe de 86%. Os resultados deste
estudo mostraram CDA de proteínas de 95% e digestibilidade de lipídios de 93%
para o resíduo da castanha da Amazônia.
Fontaínhas-Fernandes et al. (1999) determinaram a digestibilidade de
diversos ingredientes para tilápia (Oreochromis niloticus), como o tremoço, soja sob
diferentes técnicas de processamento e farinha de peixe. O resíduo da castanha
apresentou maior digestibilidade que os ingredientes testados por este autor, que
encontrou CDA do lipídio inferior ao observado para farinha de peixe (91,5%). Hofer
et al. (1985), em estudo com ciprinídeo onívoro (Rutilus rutilus), com dietas à base
de gramíneas e vermes, encontraram coeficiente de digestibilidade total da matéria
orgânica vegetal de 47,6% e 82,4% para a farinha animal. Ambos os resultados
foram inferiores aos obtidos neste experimento.
Hossain & Jauncey (1989) determinaram a digestibilidade da proteína e da
energia pela carpa comum (Cyprynus carpio) alimentada com dietas formuladas com
ingredientes de origem vegetal. A mostarda, linhaça e gergelim apresentaram CDA
protéica de 85,3%, 85,8% e 78,9%, respectivamente. Oliveira et al. (1997)
determinaram a digestibilidade aparente dos nutrientes da torta de dendê e do farelo
de coco em pacu (Piaractus mesopotanicus). Os resultados dos foram inferiores aos
resultados deste estudo, com exceção da digestibilidade dos lipídios do farelo de
coco (97,5%).
Watanabe et al. (1996) obtiveram o CDA da proteína de ingredientes de
origem vegetal para tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), carpa comum (Cyprynus
carpio), ayu (Plecoglossus altivelis) e a truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss). Foi
analisada a farinha de filé de peixe, farinha comercial de peixe, farinha de carne,
polpa do bicho da seda, glúten de milho, dentre outros. O valor do CDA da proteína
da FCA foi superior a todos os ingredientes testados por esses autores.
Neste estudo, o valor do CDA do extrato não-nitrogenado foi considerado
normal (37%). Boscolo et al. (2002) encontraram valores altos de digestibilidade de
43
carboidratos em vários ingredientes para tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus).
Concluiram que a tilápia utiliza de forma eficiente os carboidratos da dieta, sendo
essa característica desejável, visto que geralmente os alimentos ricos em amido são
fontes de energia de menor custo.
A determinação da energia metabolizável em dietas para peixes é
tecnicamente difícil devido à metodologia para mensurar a quantidade das perdas
urinárias e brânquiais. Portanto, a utilização da energia digestível para formulação
de dietas para peixes é recomendada, pois os valores são obtidos por métodos
menos suscetíveis a erros grosseiros (Cho et al., 1982). Deficiência ou excesso de
energia digestível na dieta pode reduzir as taxas de crescimento dos peixes (NRC,
1993). Porém, não foram verificadas alterações nas taxas de crescimento dos peixes
alimentados com dietas contendo até 30,0% de inclusão de FCA.
A energia bruta aumentou conforme acrescida a quantidade de FCA nas
rações, sendo diretamente proporcional ao aumento da energia digestível das
rações. A ração com 30% de inclusão de FCA apresentou o maior valor de energia
digestível (470 kcal/g).
O acúmulo de restos alimentares não digeridos pelos peixes diminui a
qualidade de água do cultivo, ocasionando doenças e aumentando o custo de
tratamento. A utilização de ingredientes altamente digestíveis reduz o potencial
poluente das rações para peixes. Neste estudo, o resíduo da castanha da Amazônia
obteve valores altos para a digestibilidade dos nutrientes (MS = 87%, EE = 93%, PB
= 95%).
Pesquisas referentes à digestibilidade do resíduo da castanha da Amazônia
são limitadas na literatura. Não há estudos de digestibilidade da castanha da
Amazônia para nenhuma espécie de peixe. Tampouco estudos sobre a utilização
deste insumo como fonte de proteína e energia para animais. Poucos estudos são
relativos ao potencial de utilização da castanha para alimentação humana (Hasan
Arshad & Gant, 2001).
A digestibilidade do resíduo da castanha da Amazônia foi superior aos
resultados de digestibilidade da farinha de peixe mensurados por Hossain & Jauncey
(1989) e Ufodike & Matty (1983) para carpa comum (Cyprinus carpio). Souza &
Menezes (2004) observaram que a proteína da castanha da Amazônia é rica em
todos os aminoácidos essenciais, com elevado teor de aminoácidos sulfurados
(metionina e cisteína), geralmente carentes em fontes protéicas vegetais.
44
Segundo Glória (1996) a castanha da Amazônia possui proteína de excelente
qualidade, pois apresenta quantidades de aminoácidos essenciais suficiente,
comparado ao perfil de aminoácidos da proteína de referência recomendada pela
FAO. O único aminoácido limitante é a lisina, que pode ser encontrada na forma
sintética para venda e diversos trabalhos citam a suplementação de lisina como
sendo viável para formulação de rações para peixes (Rodehutscord et al., 2000).
45
6. CONCLUSÃO
É viável a inclusão de até 30,0% de farinha de resíduo de castanha da
Amazônia em rações para juvenis de tambaqui sem que haja comprometimento da
qualidade da água e dos parâmetros de desempenho zootécnico. No entanto, este
nível de inclusão resultou em aumento na deposição de lipídios na carcaça dos
peixes.
Baseado na composição centesimal dos aminoácidos da Castanha da
Amazônia, na alta digestibilidade dos nutrientes e das rações com níveis crescentes
de inclusão, a farinha de resíduo de castanha da Amazônia apresenta potencial para
substituição de insumos como a soja e a farinha de peixe em rações para peixes.
46
7. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
Abimorad, E. G.; Carneiro, D. J., 2004. Métodos de coleta de fezes e determinação
dos coeficientes de digestibilidade da fração protéica e da energia de
alimentos para o pacu, Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887). Revista
Brasileira de Zootecnia, 33 (5): ct.
Alanärä, A. 1994. The effect of temperature, dietary energy content and reward level
on the demand feeding activity of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss).
Aquaculture, 126: 349-359.
Allan, G.L.; Scott, P.; Booth, M.A. 2000. Replacement of fish meal in diets for
Australian silver perch, Bidyanus bidyanus. I. Digestibility of alternative
ingredients. Aquaculture, 186: 293-310.
Alceste, C.C.; Jory, D.E. 2000. Tilápia – Alternative protein sources in tilapia feed
formulation. Aquaculture Manegement, 26(4): 7-13.
Andriguetto, J.M.; Perly, L.; Minardi, I. 1985. Nutrição animal. Nobel 4.ed. São Paulo,
SP. 395p.
Association of official analytical chemists - A.O.A.C. 1995. Official methods of
analysis. 12th Edition. George Banta Co. Inc. Manasha, Winsconsin, USA.
937 p.
Arana, L. A. V. 2004. Princípios químicos de qualidade da água em Aqüicultura: uma
revisão para peixes e camarões. Ed. UFSC 2ed. Florianópolis, SC. 231p.
Araújo-Lima, C.; Goulding, M. 1998. Os frutos do tambaqui: ecologia, conservação e
cultivo na Amazônia. Sociedade Civil Mamirauá/CNPq. Tefé, AM. 187 p.
Baldisserotto, B. 2002. Fisiologia de peixes aplicada à piscicultura. Santa Maria. Ed.
UFSM. 212p.
Batista, V. S.; Petrere Júnior, M. 2003. Characterization of the commercial fish
production landed at Manaus, Amazonas State, Brazil. Acta Amazonica 33(1):
53-66.
47
Bendikesen, E.A.; Arnesen, A.M.; Jobing, M. 2003. Effects of dietary fatty acid profile
and fat content on smolting and seawater performance in Atlantic salmom
(Salmo salar L.). Aquaculture, 225: 149-163.
Boonyaratpalin, M.; Suraneiranat, P.; Tunpibal, T. 1998. Replacement of fish meal
with various types of soybean products in diets for the Asian seabass, Lates
calcarifer. Aquaculture, 161: 67-78.
Boscolo, W. R., Hayashi, C., Meurer, F. 2002. Digestibilidade aparente da energia e
nutrientes de alimentos convencionais e alternativos para a tilápia do Nilo
(Oreochromis niloticus, L.). Revista Brasileira de Zootecnia, 31(2): 22-27.
Boyd, C. 1990 Water quality in ponds for aquaculture. London: Birminghan
Publishing. 482 p.
Brauge C., Corraze G. and Medale F. 1995. Effects of dietary levels of carbohydrate
and lipid on glucose oxidation and lipogenesis from glucose in rainbow trout,
Oncorhynchus mykiss, reared in freshwater or in seawater. Comp. Biochem.
Physiol., 111: 117–124.
Bureau, D.P., Harris, A.M., Cho, C.Y., 1999. Apparent digestibility of rendered
animal protein ingredients for rainbow trout (Oncorhynchus mykiss).
Aquaculture, 180: 345–358.
Cantelmo, O. A. 1998. Características físicas e avaliação biológica de rações para
peixes confeccionadas com diferentes aglutinantes e técnicas de
processamento. Tese de Doutorado, Universidade Estadual Paulista,
Botucatu, SP. 65 p.
Carneiro, D. J. 1981. Digestibilidade protéica em dietas isocalóricas para o
tambaqui, Colosoma macropomum CUVIER (Pisces, Characidae). In:
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AQUICULTURA, Jaboticabal: Associação
Brasileira de Aqüicultura, p.78-80.
Carter, C. G.; Hauler, R. C. 1999. Fish meal replacement by plant meals in extruded
feeds for Atlantic salmon, Salmo salar L. School of Aquaculture, Univ. Of
Tasmania, Launceston, Australia.
Castagnolli, N.; Cyrino, J.E.P. 1986. Piscicultura nos Trópicos. São Paulo: Ed.
Manole.
48
Chagas, E. C.; Val, A. L. 2003. Efeito da vitamina C no ganho de peso e em
parâmetros hematológicos de tambaqui. Pesq. Agropec. Bras., Brasília, 38(3):
397-402.
Cheng, Z.J.; Hardy, R.W.; Usry, J.L. 2003. Effects of lysine supplementation in plant
protein-based diets on the performance of rainbow trout Oncorhynchus
mykiss and apparent digestibility coefficients of nutrients. Aquaculture, 215(1-
4):255-265.
Cho, C. Y.; Cowey, C. B.; Watanabe, T. 1985. Finfish nutrition in Asia:
methodological approaches to research and development. Otawa, IDRC. 154
p.
Cho, C. Y.; Kaushik, S. J. 1990. Nutritional energetic in fish. Energy and protein
utilization in rainbow trout (Salmo gairdneri). World Review Nutrition Diet, 61:
132-172.
Cho, C. Y.; Slinger, S. J.; Bayley, H. S. 1982. Bioenergetics of salmonid fishes:
energy intake, expenditure and productivity. Comparative Biochemistry
Physiology, 73: 25-41.
Cho, C.Y. 1987. Fish nutrition, feeds, and feeding: with special emphasis on
salmonid aquaculture. Food Reviews International, 6(3): 333-357.
Cuenco, M.; Stickney, R.; Grant, W. 1999. Fish bioenergetics and growth in
aquaculture ponds: II. Effects of interactions among size, temperature,
dissolved oxygen, unionized ammonia and food on growth of individual fish.
Ecological Modeling, 27: 191-206.
Cyrino, J.E.; Grÿschek, J.M. 1997. Perspectivas da piscicultura como Agroindústria
no Brasil. In: Cyrino, E. e Kubitza, F (Eds). Anais do I simpósio sobre manejo
e nutrição de peixes. Colégio Brasileiro de Nutrição Animal. Campinas, SP.
30 p.
Cyrino, J.E.; Kubitza, F. 1996. Piscicultura. Ed. Sebrae. Coleção Agroindústria.
Cuiabá, MT. 8: 86-90.
Da Silva, A.B.; Dos Santos, E.P.; De Melo, J.T.C.; Sobrinho, A.C. Melo, F.R., 1984.
Quantitative analyses of a preliminary fish culture experiment of tambaqui,
Colossoma macropomum (CUVIER). Revista Ciência e Cultura, 36: 82-86.
49
De la Higuera, M.; Garcia-Gallego, M.; Sanz, A.; Cardenote, G. Suaez, M. D.;
Moyano, F. J. 1988. Evaluation of lupin seed meal as alternative proten
source in feeding of rainbow trout (Salmo gairdneri). Aquaculture, 71: 37-50.
Dias-Koberstein, T. C. R.; Carneiro, D. J.; Urbinati, E. C. 2004. Comportamento
alimentar de alevinos de pacu (Piaractus mesopotamicus, Holmberg, 1887)
por meio das observações do tempo de retorno do apetite e do tempo de
saciação dos peixes em duas temperaturas de cultivo. Acta Scientiarum.
Animal Sciences, 26 (3): 339-344.
Eckmann, R., 1987. Growth and body composition of juvenile Colossoma
macropomum CUVIER 1818 (Characidae) feeding artificial diets. Aquaculture,
64: 293-303.
Fernandes, M.N., Rantin, F.T., 1989. Respiratory responses of Oreochromis niloticus
(Pisces, Cichlidae) to environmental hypoxia under different thermal
conditions. J. Fish Biol., 35: 509–519.
Fontaínhas-Fernandes, A.; Gomes, E.; Reis-Henriques, M.A.; COIMBRA, J. 1999.
Replacement of fish meal by plant proteins in the diet of Nile tilapia:
digestibility and growth performance. Aquaculture International, 7: 57–67.
Forster, I. P. 1996. A revised equation to calculate coefficients of digestibility for
nutrients in feedstuffs for fish. VII International Symposium on Nutrition and
Feeding of Fish, 11-15 August, College Station, TX.
Forster, I. 1999. A note on method of calculating digestibility coefficients of nutrients
provided by single ingredients to feeds of aquatic animals. Aquaculture
Nutrition, 5: 143-145.
Francis, G.; Makkar, H.P.S.; Becker, K. 2001. Antinutritional factors present in plant-
derived alternate fish feed ingredients and their effects in fish. Aquaculture,
199: 197-227.
Furukawa, A.; Tsukahara, H. 1966. On the acid digestion method for the
determination of chromic oxide as an index in the study of digestibility of fish
feed. Bull. of the Jap. Soc. Sci. Fisheries, 32: 502-506.
Furuya, W.M., Pezzato, L.E., Barros, M.M., Miranda, E.C., Pezzato, L.E. 2001.
Coeficientes de digestibilidade e valores de aminoácidos digestíveis de
50
alguns ingredientes pela tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Revista da
Sociedade Brasileira de Zootecnia, 30: 1143-1149.
Gaylord, G. T.; Gatlin III, D. M. 1996. Determination of digestibility coefficients of
various feedstuffs for red drum (Sciaenops ocellatus). Aquaculture, 139: 303-
314.
Georgopoulos G.B.; Conindes A.J. 1999. Study on the effects of dietary starch on
growth, food conversion and digestibility of adult gilthead seabream (Sparus
aurata L. 1758). Journal of Aquaculture in the Tropics, 14:143-152.
Géry, J. 1969. The fresh-water fishes of South America. In: Fittkau, E.; Illies, J;
Klinge, H.; Schwabe, G.H.; Sioli, H. (Eds). Biogeography and ecology in South
America. Vol. 2 (E. J. Fittkau et al., eds.). The Hague. p. 828-848.
Glória, M. M.. 1996. Obtenção e caracterização de concentrado e isolado protéico
de torta de castanha-do-Pará. Dissertação de Mestrado. Universidade de São
Paulo, Campinas, SP. 71 p.
Gomes, E. F.; Corraze, G.; Kaushik, S. 1993. Effects of dietary incorporation of a co-
extruded plant protein (repessed and peãs) on growth, nutrient utilization and
muscle fatty acid composition of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss).
Aquaculture, 113: 339-353.
Goulding, M.; Carvalho M.L. 1982. Life history and management of the tambaqui
(Colossoma macropomum, Characidae) an important Amazonian food fish.
Rev. Brasil. Zool., 1(2): 107-133.
Goulding, M. 1993. Flooded forests of the Amazon. Scient. Amer., 268 (3): 113-120.
Graef, E.W. 1995. As espécies de peixes com potencial para criação no Amazonas.
In: Val, A.L.; Honczaryk, A. (Eds.). Criando peixes na Amazônia. Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Manaus, AM. p..29-43.
Guimarães, S. F.; Storti Filho, A. 2004. Produtos agrícolas e florestais como
alimento suplementar de tambaqui em policultivo com jaraqui. Pesq. Agropec.
Bras., 39(3): 293-296
Hajen, W.E., Higgs, D.A., Beames, R.M., Dosanjh, B.S., 1993. Digestibility of various
feedstuffs by post-juvenile chinook salmon Oncorhynchus tshawytscha.in sea
water: 2. Measurement of digestibility. Aquaculture, 112: 333–348.
51
Hancz, C. 1993. Performance of the Amazonian tambaqui, Colossoma
macropomum, in pond polyculture. Aquacult. Engen., 12: 245-254.
Hanley, F., 1991. Effect of supplementary diets containning varying levels of lipid on
growth, food conversion and body composition of Nile tilapia (Oreochromis
niloticus). Aquaculture, 93: 323-334.
Hardy, R. W. 1999. Aquaculture`s rapid growth requirements for alternative protein
sources. Feed Manegement, 58: 25-28.
Hargreaves, J.A., 1998. Nitrogen biogeochemistry of aquaculture ponds.
Aquaculture, 166: 181-212.
Hasan Arshad, S.; Gant, C. 2001. Allergy to nuts: how much of a problem really is
this?. Clinical and Experimental Allergy, 31: 5-7.
Henken, A.M.; Lucas, H.; Tijsse, P.A.T.; Machiels, M.A.N. 1986. A comparison
between methods used to determine the energy content of feed, fish and
faeces. Aquaculture, 58: 195-201.
Hofer, R.; Krewedl, G.; Koch, F., 1985. An energy budget for an omnivorous cyprinid
Ruttilus ruttilus. Hydrobiologia, 122(1): 53-59.
Honda, E.M.S. 1974. Contribuição ao conhecimento da biologia de peixes do
Amazonas. II. Alimentação do tambaqui, Colossoma bidens, (Spix). Acta
Amazonica, 4: 47-53.
Hossain, M. A. R.; Haylor, G. S.; Beveridge, M. C. M. 2000. The influence of food
particle size on gastric emptying and growth rates of fingerling African catfish,
Clarias gariepinus Burchel, 1822. Aquaculture Nutrition, 6: 73-76.
Hossain, M.A. & Jauncey, K., 1989. Studies on the protein, energy and amino acid
digestibility of fish meal, mustard oilcake, linseed and sesame meal for
common carp (Cyprinus carpio L.). Aquaculture, 83: 59-72.
IBAMA. 2004. Produção brasileira da aqüicultura e pesca, por Estado e espécie,
para o ano de 2002. CEPENE.
IBAMA. 2005. Estatística da Pesca Brasil: Grandes regiões e Unidades da
federação. Brasília, DF.
IBGE. 2004. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br.>. Acesso em: 25 nov. 2005.
52
Izel, A. C. U.; Melo, L. A. S. 2004. Criação de tambaqui (Colossoma macropomum)
tanques escavados no Estado do Amazonas. Embrapa Amazônia Ocidental.
Série Documentos 32. 19 p.
Jobling, M. 1994. Fish bioenergetics. Chapman & Hall, London, 294p.
Jones. P. L.; De Silva, S. S. 1997. Apparent nutrient digestibility of formulated diets
by the Australian freshwater crayfish Cherax destructor Clark (Decapoda,
Parastacidae). Aquaculture Research, 28(11): 881-891.
Joshua, R.; Rebecca, L. 2000. Comparative aspects of feed and feedstuffs by yaqui
and channel catfish. Journal of Aquaculture, 62(4): 279-284.
Kohla, U.; Saint-Paul, U.; Friebe, J., 1992. Growth, digestive enzyme activities and
hepatic glycogen levels in juvenile Colossoma macropomum Curvier from
South America during feeding, starvation and refeeding. Aquaculture
Fisheries Management, 23(1): 189- 208.
Kim, J. D.; Kaushik, S. J.; Breque, J. 1998. Nitrogen and phosphorus utilization in
rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) fed diets with or without fish meal.
Aquatic Living Resources, 11: 261-264.
Kohla, U.; Saint-Paul, U.; Friebe, J. 1992. Growth, digestive enzyme activities and
hepatic glycogen levels in juvenile Colossoma macropomum Curvier from
South America during feeding, starvation and refeeding. Aquaculture
Fisheries Management, 23(1): 189-208.
Klontz, G.W. 1995. Care of fish in biological research. Journal of Animal Science,
73(11): 3485-3492.
Krogdahl, A., Lea, T.B., Olli, J.J. 1994. Soybean proteinase inhibitors affect intestinal
trypsin activities and amino acid digestibilities in rainbow trout (Oncorhynchus
mykiss). Comparative Biochemistry and Physiology, 107(A): 215-219.
Kubitza, F. 1998. Nutrição e alimentação de peixes cultivados. Campo Grande, MS.
44 p.
Kubitza, F. 2003. Qualidade de água no cultivo de peixes e camarões. Jundiaí, SP.
229 p.
53
Lim, C., Akiyama, D.M. 1992. Full-fat soybean meal utilization by fish. Asian
Fisheries Science, 5: 181-197.
Lovell, T. 1986. Weight gain versus protein gain for evaluating fish feeds.
Aquaculture Magazine,12: 45-47.
Lovell, T. 1989. Nutrition and feeding of fish. Van Nostrand Reinhold. New York,
USA. 260 p.
Madenjian, C.; Rogers, G.; Fast, A. 1987. Predicting night time dissolved oxygen
loss in prawn ponds of Hawaii: part I. Evaluation of traditional methods.
Aquacultural Engineering, 6: 191-208.
Marcon, J. L.; Moreira, S. S.; Fim, J. D. I. 2004. Median lethal concentration (LC50)
for un-ionized ammonia in two Amazonian fish species, Colossoma
macropomum and Asronotus ocellatus. In: VI International Congress on the
Biology of Fish, 1: 105-116.
Mcgoogan, B.B.; Gatlin, D.M. 1997. Effects of replacing fish meal with soybean meal
in diets for red drum Sciaenops ocellatus and potential for palatability
enhancement. Journal of the World Aquaculture Society, 28(4): 374-385.
Melo, L. A. S.; Izel, A. C. U.; Rodrigues, F. M. 2001. Criação de tambaqui
(Colossoma macropomum) em viveiros de argila/barragens no Estado do
Amazonas. Embrapa Amazônia Ocidental. Série Documentos 18. 30 p.
Merola N.; Pagan-Font F. A. 1988. Pond culture of the amazon fish tambaqui,
Colossoma macropomum - a pilot-study. Aquacultural engineering, 7(2):113-
125.
Mohanta, K. N.; Mohanty, S. N.; Jena, J. K.; Sahu, N. P. 2006. Apparent protein, lipid
and energy digestibility coefficients of some commonly used feed ingredients
in formulated pelleted diets for silver barb, Puntius gonionotus. Aquaculture
Nutrition, 12: 211-218.
Mori-Pinedo, L.A.; Pereira-Filho, M.; Oliveira-Pereira, M.I. 1999. Substituição do fubá
de milho (Zea mays, L.) por farinha de pupunha (Bactris gasipaes, H.B.K.) em
rações para alevinos de tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818).
Acta Amazonica, 29(3): 447-453.
54
Moshen A.A. and Lovell R.T. 1990. Partial substitution of soybean meal with animal
protein sources in diets for channel catfish. Aquaculture, 90: 303-311.
Moyano, F. J.; Cardenete, G.; de la Higuera, M. 1992, Nutritive value of diets
containing a high percentage of vegetable proteins for trout (Oncorhynchus
mykiss). Aquat. Living Resour, 5: 23-29.
Müller, C. H.; Figueiredo, F. J.; Kato, A. K.; Carvalho, J. E. U. de. 1995. A cultura da
castanha-do-Brasil. EMBRAPA. Coleção plantar, 23. 65 p.
National Research Council – NRC. 1993. Nutritional Requirements of fishes.
National Academy Press. Washington, DC, USA. 114 p.
Naylor, R. L.; Goldburg, R. J.; Primavera, J. H.; Kautsky, N.; Beveridge, M. C. M.;
Clay, J.; Folks, C.; Lubchenco, J.; Mooney, H.; Troell, M. 2000. Effect of
aquaculture on world fish supplies. Nature, 405(6790): 1017-1024.
Ng, W.K.; Wilson R.P. 1997. Chromic oxide inclusion in the diet does not affect
glucose utilization or chromium retention by channel catfish, Ictalurus
punctatus. Journal of Nutrition, 127: 2357-2362.
Nyachoti, C. M.; de Lange, C. F. M.; McBreide, B. W.; Schulze, H. 1997. Significance
of endogenous gut nitrogen losses in the nutrition of growing pigs: A review.
Journal of Animal Science, 13: 149-163.
Oliveira, A. C. B. ; Cantelmo, O. A.; Pezzato, M. A. R.; Ribeiro, M. M.; Barros, M. M.
1997. Coeficiente de digestibilidade aparente da torta de dendê e do farelo de
coco em pacu (Piaractus mesopotanicus). Revista Unimar, 19(3): 897-903.
Ono, E.A. 2005. Cultivar peixes na Amazônia: possibilidade ou utopia? Panorama
da Aqüicultura, 90: 41-48.
Page, J.W.; Andrews, J.W. 1973. Interaction of dietary levels of protein and energy
on Channel catfish (Ictalurus punctatus). Journal of Nutrition, 103:1339-1346.
Pereira-Filho, M.; Graef, E. W.; Storti Filho, A. 1988. Preparo e utilização de
ingredientes produzidos em Manaus, no arraçoamento do matrinxã, Brycon
sp II. Teste experimental. In: Anais do V Cong. Bras. Eng. de Pesca, 26-31,
july 1987, Fortaleza, CE. p. 187-199.
55
Pereira Filho, M; Guimarães, S.; Storti Filho, A.; Graef, E. 1991. Piscicultura na
Amazônia brasileira: entraves ao seu desenvolvimento. In: Val, A.; Figliuolo,
R; Feldberg, E. (Eds). Bases científicas para estratégias de preservação e
desenvolvimento da Amazônia. Vol. 1, Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (INPA). Manaus, AM. p. 373-380.
Pereira-Filho, M. 1995. Alternativas para a alimentação de peixes em cativeiro.
In: Criando peixes na Amazônia. A.L. Val & A. Honczaryk. (Eds.). p. 75-82.
Pfefer, E.; Kinzinger, S.; Rodehutscord, M. 1995. Influence of the proportion of
poultry slaughter by-products ond of untreated or hydrothermically treated
legume seeds in diets for rainbow trout, Oncorhynchus mykiss, on apparent
digestibililites of their energy and organic compounds. Aquaculture Nutrition,
1: 111-117.
Robinson, E.H.; Li, M.H. 1997. Low protein diets for channel catfish Icatalurus
punctatus raised in earthen ponds at high density. Journal of the World
Aquaculture Society, 28: 224-229.
Rodehutscord, M.; Borchert, Z.; Gregus, Z.; Pack, M.; Pfeffer, E. 2000. Availability
and utilizatiuon of free lysine in rainbow trout Oncorhynchus mykiss 1. Effect
of dietary crude protein level. Aquaculture, 187: 163-176.
Rojas, J. B. U.; Verdegem, M. C. J. 1994. Effects of the protein:energy ratio in
isocaloric diets on growth of Cichlasoma managuense (Günther 1869).
Aquaculture, 25: 631-637.
Rolim, P.R. 1995. A infra-estrutura básica para criação de peixes no Amazonas. In:
Val, L.A. & Honczark, A. (Eds). Criando peixes na Amazônia. Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Manaus, AM. p. 7-16.
Roubach, R. 1991. Uso de frutos e sementes de florestas inundáveis na alimentação
de Colossoma macropomum (CUVIER, 1818) (PISCES, CHARACIDAE).
Dissertação de Mestrado. INPA/FUA, Manaus-AM. 79p.
Roubach, R.; Saint-Paul, U. 1994. Use fruits and seeds from Amazonian inundated
forest in feeding trials with Colossoma macropomum (Cuvier, 1818) (Pisces,
Characidae). Journal Applied Ichthyology, 101: 34-140.
56
Roubach, R.; Correia, E. S.; Zaiden, S.; Martino, R. C.; Cavalli, R. O. 2003.
Aquaculture in Brazil. World Aquaculture, 34(1): 28-34.
Sadiku, S. O. E.; Juancey, K. 1995. Digestibility, apparent amino acid digestidility
and waste generation potential of soybean flour: poultry meat blend based
diets for tilapia, Oreochromis niloticus (L.), fingeings. Aquaculture Research,
26: 651-657.
Saint-Paul, U. 1984. Ecological and physiological investigations of Colossoma
macropomum, a new species for fish culture in Amazonia. Mems. Asoc.
Latinoam. Acuic., 5(3): 501-518.
Saint-Paul, U., 1985. The neotropical serrasalmid Colossoma macropomum, a
promising species for fish culture in Amazonia. Animal Research and
Development, 22: 7-31.
Saint-Paul, U. 1986. Potential for aquaculture of South American fresh water Fishes:
A review. Aquaculture, 54: 205-240.
Saldaña, A.L.; Lopez, M.E.M., 1988. Formulación y evaluación de dietas para
Colossoma macropomum en México. An. VI Simp. Latinoamericano de
Acuacultura e V Simp. Brasileiro de Aqüicultura, Florianópolis-SC. 323-336.
Sallum, W. B.; BertechinI, A. G.; Cantelmo, O. A.; Pezzato, L. E.; Logato, P. R. V.
2002. Coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína bruta
e extrato etéreo de ingredientes de ração para o matrinchã (Brycon cephalus,
Günther 1869) (Teleostei, Characidae). Ciênc. agrotec., 26(1): 174-181.
Sampaio, A.M.B.M. 1998. Relação energia:proteína na nutrição do tucunaré Cichla
sp.. Dissertação de Mestrado. Escola Superior de Agricultura "Luiz de
Queiroz", ESALQ/USP. Piracicaba, SP. 49p.
Serrano J.A., Nepatipour G.R. and Gatlin D.M. 1992. Dietary protein requirement of
the red drum (Sciaenops ocellatus) and relative use of dietary carbohydrate
and lipid. Aquaculture 101: 283-291.
Schmidt-Nielsen, K. 1990. Fisiologia Animal – Adaptação e Meio Ambiente. Editora
Santos. 600 p.
Shiau, S-Y. & Kwok, C.C., 1989. Effects of cellulose, agar, carrageenin, guar gum
and carboxymethylcellulose on tilapia growth. World Aquacult., 20(2): 60.
57
Shiau, S.Y.; Liang, H.S. 1995. Carbohydrate utilization and digestibility by tilapia
(Oreochromis niloticus x O. aureus), are affected by chromic oxide inclusion in
diet. Journal of Nutrition, 125(4): 976-982.
Sigiura, S. H.; Dong, F. M.; Rathbone, C. K.; Hardy, R. W. 1998. Apparent protein
digestibility and mineral availabilities in various feed ingredients for salmonid
feeds. Aquaculture, 5: 177-202.
Silva, P.C.; Mesquita de, A.J.; Palma, C.S.; Oliveira de, A.N. 1991. Aspectos
biométricos, bacteriológicos e físico-químicos do tambaqui (Colossoma
macropomum) criado em consórcio com suínos. Bol. Red Reg. Acuicult., 5(3):
6-8.
Silva, J.A.M. 1997. Nutrientes, energia e digestibilidade aparente de frutos e
sementes consumidos pelo tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier,
1818) nas florestas inundáveis da Amazônia Central. Manaus/Am. Tese de
Doutorado. INPA/UFAM. 142 p.
Silva, J.A.M.; Pereira-Filho, M.; Oliveira-Pereira, M.I. 1999. Digestibility of seeds
consumed by tambaqui (Colossoma macropomum Cuvier,1818): an
experimental approach. In: Val, A.L.; Almeida-Val, V.M.F. (Eds.) Biology
tropical fishes. Manaus:Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 1999.
p.137-148.
Silva, J. A. M.; Pereira-Filho, M.; Oliveira-Pereira, M. I. 2003. Frutos e Sementes
Consumidos pelo Tambaqui, Colossoma macrompum (Cuvier, 1818)
Incorporados em Rações. Digestibilidade e Velocidade de Trânsito pelo Trato
Gastrointestinal. R. Bras. Zootec., 32(6): 1815-1824.
Sipaúna-Tavares, L. H. S. 1995. Limnologia aplicada à aqüicultura. Jaboticabal.
Funep. 72 p.
Souza, M. L. de; Menezes, H. C. de. 2004. Processamento de amêndoa de torta de
castanha-do-Brasil e farinha de mandioca: parâmetros de qualidade. Ciênc.
Tecnol. Aliment., 24(1): 120-128.
Stickney, R. R.; Hardy, R. W., Koch, K.; Harrold, R.; Seawright, D.; Masse, K. C.
1996. The effects of substituting selected oilseed protein concentrates for fish
58
meal in rainbow trout Oncorhynchus mykiss diets. Journal World Aquaculture
Society, 27: 57-63.
Stone, D.A.J.; Allan, G.L.; Andersen, A.J. 2003. Carbohydrate utilization by juvenile
silver perch, Bydianus bydianus (Mitchell). II. Digestibility and utilization of
starch and its breakdown products. Aquaculture research, 34: 109-121.
Sun, S. S. M.; Leung, F. W.; Tomic, J. C. 1987. Brazil nut (Bertholletia excelsa H. B.
K.) proteins: fractionation, composition, and identification of a sulfur-rich
protein. J. Agric. Food Chem., 35: 232-235.
Tacon, A.J. 1989. Nutrición y Alimentación de Peces y Camarones Culivados:
Manual de Capacitación. Food and Agriculture Organization, Brasília, DF.
572p.
Ufodike, E.B.C.; Matty, A.J. 1983. Growth responses and nutrient digestibility in
mirror carp (Cyprinus carpio) fed different levels of cassava and rice.
Aquaculture, 31: 41-50.
Urbinati, E.C.; Silva, B.F.; Borges, R. 1998. Inclusão de cromo e vanádio para
melhorar o aproveitamento de carboidrato da dieta do pacu, Piaractus
mesopotamicus. Aquicultura Brasil. Simbraq. Recife, CE. 153 p.
Val, A.L.; Honczaryk, A. 1995. A criação de peixes na Amazônia: um futuro
promissor. In: Val, A.L.; Honczaryk, A. (Eds). Criando peixes na Amazônia.
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Manaus, AM. p. 1-5.
Val A. L.; Silva M. N. P.; Almeida-Val V. M. F. 1998. Hypoxia adaptation in fish of the
Amazon: a never-ending task. South African Journal of Zoology, 33(2): 107-
114
Van Der Meer, M. B.; Huisman, E. A.; Verdegem, M. C. J. 1996. Feed consumption,
growth and protein utilization of Colossoma macropomum (Cuvier) at different
dietary soya meal/ fish meal ratios. Aquaculture Research, 27: 531-538.
Van Der Meer, M. B.; Faber, R.; Zamora, J. E.; Verdegem, M. C. J. 1997. Effect of
feeding level on feed losses and feed utilization of soya and fish meal diets in
Colossoma macropomum (Cuvier). Aquaculture Research, 28: 391-403.
59
Van Der Ploeg, M.; Boyd, C.E. 1991. Geosmin production by cyanobacteria (blue
green algae) in fish ponds at Auburn, Alabama. Journal of the World
Aquaculture Society, 22: 207-216.
Van Der Ploeg, M.; Tucker, C.S. 1994. Seasonal trends in flavor quality of channel
catfish, Ictalurus punctatus, from commercial ponds in Mississippi. Journal of
Applied Aquaculture, 3: 121-140.
Vidal J.R.; M. V.; Donzele, J. L.; Andrade, R. D. de; Santos, L. C. dos. 2004.
Determinação da digestibilidade da matéria seca e da proteína bruta do fubá
de milho e do farelo de soja para tambaqui (Colossoma macropomum),
utilizando-se técnicas com uso de indicadores internos e externos. R. Bras.
Zootec., 33(6): 2193-2200.
Viola, S.; ARIELI, J.; Rappaport, Y.; Mokady, S. 1981. Experiments in the nutrition of
carp replacement of fish meal by soybean meal. Journal of Aquaculture,
33(2): 35-49.
Vonderheide, A. P.; Wrobel, K.; Kannamkumarath, S. S.; B’Hymer, B.; Montes-
Bayon, M.; Ponce de Leon, C.; Caruso, J. A. 2002. Characterization of
selenium species in Brazil nuts by HPLC-ICP-MS and ES-MS. J. Agric. Food
Chem., 50: 5722-5728.
Waldhoff, D.; Saint-Paul, U.; Furch, B. 1996. Value of fruits and seeds from the
floodplains forests of Central Amazonia as food source for fish. Ecotropica,
2(2):143-156.
Waldhoff, D.; Maia, L. 2000. Production and chemical composition of fruit from trees
in floodplain forests of Central Amazonia and their importance for fish
production. In: The Central Amazon Floodplain: Actual use and options for a
sustainable management. W.J. Junk; J.J. Ohly; M.T.F. Piedade & M.G.M.
Soares (Eds.). Backhuys Publishers, Leiden. p. 393-410.
Watanabe, T.; Takeuchi, T.; Satoh, S.; Kiron, V. 1996. Digestive crude protein
contents in various feedstuffs determined with fourfreshwater fish species.
Fisheries Science, 62(2): 278-282.
60
Webster, C.D.; Tidwell, J.H.; Yancey, D.H. 1991. Evaluation of destiller's grain with
solubles as a protein source in diets for channel catfish. Aquaculture, 96: 179-
190.
Webster, C.D.; Thompson, K.R.; Morgan, A.M. 2000. Use of hempseed meal, poultry
by-product meal, and canola meal in practical diets without fish meal for
sunshine bass (Morone chrysops x M. sxatilis). Aquaculture, 188: 299-309,
Williams, E.M., Nelson, J.A., Heisler, N., 1997. Cardio-respiratory function in carp
exposed to environmental nitrite. J. Fish Biol., 50: 137–149.
Wilson, R. P. 1994. Utilization of dietary carbohydrate by fish: Review. 1994.
Aquaculture, 124: 67-80.
Wilson R.W.,Wood C.M., Gonzalez R.J., Patrick M.L., Bergman H.L., Narahara A. &
Val A.L., 1999. Ion acid-base balance in three species of Amazonian fish
during gradual acidification of extremely soft water. Physiological and
Biochemical Zoology, 72: 277-285.
Ximenes-Carneiro, A.R. 1991. Elaboração e uso de ensilado biológico de pescado
na alimentação de tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818).
Dissertação de mestrado. INPA/FUA. Manaus, AM. 81p.
Yusoff, F.M.; Mcnabb, C.D. 1989. Effects of nutrient availability and fish production in
fertilized tropical pounds. Aquaculture, 78: 303-332
Zar, J.H. 1996. Biostatistical analysis. 3ª ed. Prentice-Hall, Englewood Clifes, NJ.
662p.
Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo