3Braslia, 2006
Programa Nacional de Capacitao de Gestores AmbientaisPrograma Nacional de Capacitao de Gestores Ambientais
C Insituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis - IBAMA.
Cadernos de formao volume : Poltica Nacional de Meio Ambiente. / Ministrio do Meio Ambiente. - Braslia: MMA, 006
Contedo: v. . Poltica nacional de meio ambiente. v. . Como estruturar o sistema municipal de meio ambiente. - v. 3 Planejando a interveno ambiental no municpio. - v. . Instrumentos da gesto ambiental municipal. - v. 5. Recursos para a gesto ambiental municipal.
ISBN:857738022X
. Poltica Ambiental. . Gesto Ambiental. I Ministrio do Meio Ambiente. II. Departamento de Articulao Institucional. III. Programa Nacional de Capacitao de Gestores Ambientais. IV. Ttulo
CDU (. ed.)3:50
Catalogao na Fonte
Esta publicao foi produzida no mbito do Programa Nacional de Capacitao de Gestores Ambientais com apoio das diversas secretarias do Ministrio do Meio Ambiente (MMA), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) e da Agncia Nacional de guas.
CooRDenao: Virginia Olga Koeche Mzell
ConCePo: Tereza Moreira
CoMISSo eDItoRIal: Gustavo de Moraes Trindade, Irineu Tamaio, Patricia Kranz,Taciana Neto Leme, Virginia Olga Koeche Mzell, Volney Zanardi Jnior.
PRojeto gRFICo e DIagRaMao: Luis Guilherme Delmont - Vintenove | Santamidia
ReVISo De ConteDo: Cludia Magalhes, Lucia Regina Moreira Oliveira, Maria de Ftima Massimo.
eQUIPe Do DaI: Eugenio Spengler, Evaldo Matheus, Evandro Moretto, Jorge Gabriel Moises Filho, Lorene Lage, Neuza Gomes da Silva Vasconcellos, Renato da Silva Lino, Joo Vitor da Silva Oliveira.
ColaBoRaDoReS: Arislene Oliveira Barbosa, Auristela Monteiro, Cssio Sesana, Celina Lopes Ferreira, Celso Marcatto, Cristhophe Saldanha Balmant, Daisy Mara Jayme Teixeira, Fernando Pimentel Tatagiba, Heloisa Helena Costa Ferreira, Iana Cassaro, Irineu Tamaio, Jandira Valena de Almeida Gouveia, Leila Affonso Swerts, Lucia Regina Moreira Oliveira, Manoel Serro Borges de Sampaio, Mrcia Fernandes Coura, Marcia Regina Lima de Oliveira, Marcio Rosa Rodrigues de Freitas, Maria de Lourdes Ribeiro Gandra, Maria Manuela Moreira, Maria Mnica Guedes de Moraes, Maria Yda Silva de Oliveira, Marly Santos Silva, Michelle Silva Milhomem, Mnica Borges Gomes Assad, Mnica de Azevedo Costa Nogara, Nilo Sergio de Melo Diniz, Otilie Macedo Pinheiro, Patricia Kranz, Paula Cesar Ramos, Paulo Henrique de Assis Santana, Renato Boareto, Sergio Bueno da Fonseca, Taciana Neto Leme, Wilma do Couto Santos Cruz.
agRaDeCIMentoS:
Ana Paula Mendona de Moraes ABEMA Mato Grosso do Sul, Clotilde Maria Benevenut ABEMA Esprito Santo, Elizete Siqueira ANAMMA Esprito Santo, Ivani Zecchinelli ANAMMA Esprito Santo, Julia Salomo ABEMA Bahia, Mauro Maciel Buarque ANAMMA Pernambuco, Yaskara Pompermayer Trazzi ABEMA Esprito Santo, Valtemir Goldmeier CNM, Cary Ann Cadman WBI (Instituto Banco Mundial), Jean Rodrigues Benevides Caixa Econmica Federal, Ronald Walter Caixa Econmica Federal, Flavio Torres Lopes de La Cruz Petrobras, Rosane Aguiar Petrobras, Amrico Machado Martins Petrobras.
FotoS: Ministrio do Meio Ambiente, Arquivo do FNMA, Acervo do PNMA, Paulo Robson, William Masson, Banco de Imagens do IBAMA, Ricardo Maia, Wigold Bertoldo Schaffer, Concurso VERACIDADE (Cooperao Tcnica Brasil-Alemanha MMA GTZ), Claudio Marigo, Ricardo Russo, Acervo do WBI.
5 A gesto ambiental pblica , essencialmente, uma gesto de confl itos. Esta afi rmao,
to conhecida pelos gestores ambientais, implica na construo de mecanismos e ferramentas
polticas capazes de atuarem com efi cincia em um mundo em processo acelerado de mudanas.
A utilizao destas ferramentas deve ser acompanhada de uma atitude humana de humildade e
capacidade de negociao como nunca antes havia sido exigido.
A consolidao da democracia no Brasil, o entendimento das questes ambientais em
sua mais ampla dimenso e o propsito de progredir em direo a um desenvolvimento que seja
sustentvel, levaram ao afl oramento de confl itos que at ento no haviam se revelado. Confl itos
nas relaes entre segmentos sociais com interesses diferentes, confl itos na ocupao do territrio
e na utilizao dos recursos, confl itos na defi nio das responsabilidades de cada um.
O gestor pblico, antes de tudo, precisa responder ao desafi o de construir democraticamente
estratgias capazes de sustentar projetos de longo prazo, assumidos tambm por todos os que
aceitarem compartilhar com ele essa responsabilidade.
Para o desenvolvimento sustentvel, portanto, necessita-se de uma viso de longo alcance
e da capacidade de entender aspectos locais para conseguir traduzir este conceito sobre a realidade
existente. Objetiva-se vislumbrar cenrios futuros, mas no esquecer sua relao com decises
atuais, considerando que alm da utopia importante ter clareza de cada conceito e do papel de
cada ator neste processo.
dentro desta proposta que se coloca o Programa Nacional de Capacitao de Gestores
Ambientais. Representa um passo frente na construo de um processo de longo prazo, que
visa construir e implementar o Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA , fortalecendo os
conselhos municipais e incentivando as prefeituras a assumirem suas importantes funes no
sistema. Compartilhar este processo com o maior nmero possvel de tomadores de decises
pblicas que dar a ele seu verdadeiro signifi cado.
Os Cadernos de Formao so o ponto inicial deste mutiro nacional. O quanto mais eles
puderem ser utilizados, mais ampliaro os horizontes neste enorme desafi o que gerir a riqueza
ambiental do nosso pas de forma compartilhada, descentralizada e democrtica.
marinaSilvaMinistra do Meio Ambiente
prefcio
6
Sumrio
aPReSentao
ConteDo DoS CaDeRnoS De FoRMao
UM RoteIRo PaRa PeSSoaS QUe aPRenDeM PaRtICIPanDo
1. ReCUPeRaR e ConSeRVaR o MeIo aMBIente. o QUe o MUnICPIo teM a VeR CoM ISSo?
2. geSto Se Faz CoM ConheCIMento e PaRtICIPao
3. SISnaMa: geSto aMBIental DeSCentRalIzaDa e IntegRaDa
4. o SISteMa eM MBIto loCal
5. InFoRMao: a alMa Do SISteMa
BIBlIogRaFIa ConSUltaDa
anexo 1. gloSSRIo
anexo 2. legISlao ReFeRente a eSte VolUMe
anexo 3. enDeReoS teIS
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9 Num mundo em rpida transformao, as questes ambientais esto cada vez mais porta
do cidado e da cidad no espao da vida cotidiana que o municpio. Torna-se, portanto, fundamental
responder aos desafi os com informao, qualifi cao e habilidades especfi cas. O Programa Nacional
de Capacitao de Gestores Ambientais (PNC) surgiu em resposta a essa necessidade, defi nida pela
I Conferncia Nacional do Meio Ambiente (003) e reforada na II Conferncia, em 005.
Em sua primeira verso, a Conferncia teve como objetivo apontar caminhos para
o fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). As propostas surgidas
evidenciaram que a efetividade deste sistema depende do fortalecimento dos municpios em sua
caminhada rumo a um desenvolvimento capaz de aliar o bem-estar da populao com a defesa
ambiental. A consolidao de suas polticas ambientais requer, sobretudo, capacitao, valorizao
e estmulo s pessoas, grupos e instituies que j atuam em mbito local.
O PNC foi concebido com este propsito. Trata-se de um programa de capacitao que
visa formar coletivos cuja misso seja criar instncias ambientais no municpio e consolidar as j
existentes, compondo um sistema municipal de meio ambiente efetivamente democrtico. Com
esta iniciativa, o Ministrio do Meio Ambiente refora as bases que norteiam a sua atual gesto:
() busca do desenvolvimento sustentvel; () fortalecimento do SISNAMA; (3) transversalidade; ()
participao e controle social.
Em sua formulao e implementao, o PNC conta com o apoio de importantes
atores da gesto ambiental integrada: a Associao Brasileira de Entidades Estaduais de Meio
Ambiente (ABEMA), a Associao Nacional de rgos Municipais de Meio Ambiente (ANAMMA)
e a Confederao Nacional dos Municpios (CNM). Soma-se tambm ao PNC a articulao dessas
entidades nas Comisses Tripartites Estaduais, responsveis pela implementao do Programa em
mbito estadual, e o importante apoio dos governos dos estados que aderiram ao Programa. Trata-
se de um movimento pioneiro, cujo objetivo maior estabelecer uma dinmica que facilite a criao
de coletivos de gestores e conselheiros ambientais nos 5.56 municpios brasileiros!
volneyzanardiJuniorDepartamento de Articulao InstitucionalMinistrio do Meio Ambiente
apreSentao .
0
contedo doScadernoS de formao
Os cinco cadernos que compem esta coleo fornece linhas gerais para o fortalecimento do
Sistema Nacional do Meio Ambiente em sua inter-relao com os demais instrumentos e atores
da gesto municipal. Foram concebidos para trabalhar conceitos no apenas de forma discursiva.
Por meio de simulaes, exerccios e exemplos pretendem promover sucessivas aproximaes das
pessoas com a realidade local, no sentido de qualifi car a sua atuao.
Dentro de uma proposta de capacitao descentralizada e voltada a atender cada realidade
especfi ca, vale lembrar que os grupos de gestores tm liberdade de buscar informaes e de
criar metodologias que melhor atendam s suas necessidades. Os materiais produzidos pelo PNC
pretendem apontar caminhos, fornecer sugestes e indicar possveis fontes de consulta para que as
pessoas e os grupos busquem respostas s questes suscitadas pela prtica.
O VolUMe 1 refl ete sobre a importncia da gesto ambiental municipal e mostra qual a
estrutura do SISNAMA em mbitos federal, estadual e municipal. Faz ainda referncias importncia
estratgica do acesso informao na democratizao desse sistema.
O VolUMe 2 mostra, passo a passo, como se faz para estruturar os rgos que compem o Sistema
Municipal de Meio Ambiente. Discorre tambm sobre a legislao ambiental.
O VolUMe 3 trata das diferentes escalas de planejamento municipal, enfatizando a Agenda
Local e os diversos planejamentos micro-regionais e setoriais como nveis de integrao
a serem concretizados em torno de um projeto de desenvolvimento sustentvel para a
comunidade e a regio.
O VolUMe 4 tem como objetivo mostrar como se realiza o planejamento ambiental participativo
e a importncia das aes de fi scalizao, licenciamento, monitoramento e educao como
instrumentos de uma poltica ambiental efetiva.
O VolUMe 5 fornece o mapa da mina para reunir recursos destinados a aes na rea ambiental.
Ensina como montar um projeto, detalha metodologias participativas de monitoramento e avaliao
das aes, alm de mostrar opes de fontes de recursos.
Todos os volumes contm a legislao referente aos temas desenvolvidos, trazem explicaes
sobre termos tcnicos e fornecem dicas de onde obter mais informaes.
Boa leitura... E mos obra!
um roteiro para peSSoaS Que aprendem participando
3
Nossa inteno estabelecer uma comunidade de aprendizagem e de atuao na realidade
municipal. Entendemos que, em grupo, as pessoas cooperam sempre, seja refletindo, criticando,
sugerindo, planejando ou colocando a mo na massa para executar.
No preciso comear do zero. Certamente, em cada municpio j existem organizaes
atuantes. Gente que se rene em torno de questes como sade, educao, agricultura. Podem
ser organizaes do governo local ou entidades religiosas, de produtores, de mulheres.
importante semear a temtica ambiental e a busca do desenvolvimento sustentvel em todos
os espaos onde isso for possvel.
Uma comunidade de aprendizagem deve abrigar e cultivar a diversidade, ou seja, contar com
pessoas que tenham distintos interesses, idades, profisses e que representem diferentes
entidades, grupos sociais e setores econmicos da comunidade.
A aprendizagem permanente e se concretiza por meio de experincias vivenciadas no
cotidiano. Essas experincias geram demandas de informaes relevantes que, por sua vez,
contribuem para iluminar e reformular a prtica.
Conflitos e divergncias existem para fazer avanar. No dia-a-dia da gesto ambiental ser
necessrio desenvolver maneiras pr-ativas de lidar com essas situaes, valendo-se da
criatividade para buscar solues em que todos ganhem.
A comunidade de aprendizagem afirma o poder pessoal: encoraja seus integrantes a promover
trocas, intercmbios com outras realidades, seja no municpio ou em qualquer outra parte do
mundo, pesquisar na Internet, participar de redes.
importante que cada um descubra o seu lugar dentro do sistema municipal de meio ambiente,
atuando a partir da sua posio e colocando em prtica todas as capacidades e as habilidades
que j possui, alm daquelas que ir adquirir nesta capacitao.
Nossa finalidade maior contribuir para que cada pessoa se prepare para cumprir melhor a
funo que lhe cabe. Ou seja: fortalecer-se para participar de forma significativa na vida da
comunidade e do planeta.
1. recuperar e conServar o meio ambienteo que o municpio tem a ver com isso?
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1. recuperar e conServar o meio ambiente o que o municpio tem a ver com isso?
OpreOdecreScerSemlImIteS
9, Estocolmo, Sucia. Pela primeira vez, uma Conferncia das Naes Unidas dedicava-se a
debater os problemas ambientais mundiais. Os pases industrializados comeavam a perceber que
o crescimento econmico ilimitado tinha um preo duplo. De um lado, o esgotamento dos recursos
naturais, de outro, a poluio. Queriam discutir formas de se desenvolver sem precisar pagar esse
preo.
Essa no era a posio defendida por muitos dos chamados pases do Terceiro Mundo, incluindo
o Brasil. Naquela poca, o crescimento econmico era visto como a nica sada para se combater
a pobreza. O discurso oficial da ditadura militar brasileira deixava claro que primeiro era preciso
fazer o bolo crescer para depois dividi-lo. Por isso, a posio do Pas na Conferncia resumia-se na
seguinte frase: queremos a sua poluio!. A prioridade eram investimentos estrangeiros, mesmo
que isso significasse degradaoambiental.
Na dcada de 90, alguns resultados dessa forma de pensar tornaram-se visveis. Exemplos
tpicos so o municpio de Cubato, em So Paulo, e a Baa da Guanabara, no Rio de Janeiro. Trata-
se de dois locais de grande beleza que foram totalmente desfigurados pela falta de planejamento
e pela poluio. At hoje, essas localidades pagam um alto preo para se livrarem dos problemas
ambientais e sociais gerados desde ento.
Exemplos como esses se multiplicam nas principais regies metropolitanas brasileiras. Trinta
e trs anos depois da Conferncia de Estocolmo estamos colhendo os frutos da mentalidade
do crescimento a qualquer preo. O bolo cresceu, mas no foi dividido: o aumento da pobreza
e do desnvel socioeconmico somaram-se ao aumento da poluio e crescente escassez de
recursos naturais. Hoje j no se pode dizer que os problemas sociais e ambientais afetam apenas
os municpios mais populosos do pas. Eles esto presentes no dia-a-dia de quase toda localidade.
Vamos conferir?
pOlUIO a degradao da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a sade, a segurana e o bem-estar da populao, criem condies adversas s atividades sociais e econmicas, afetem desfavoravelmente a biota, afetem as condies estticas ou sanitrias do meio ambiente, e lancem materiais ou energia em desacordo com os padres internacionais estabelecidos.
deGrAdAOAmBIeNtAlAlterao imprpria s caractersticas do meio ambiente.
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Paran
Uruguai
AtlnticoSudeste
AtlnticoLeste
AtlnticoSul
Amaznia
Caatinga
Pantanal
Cerrado
Mata Atlntica
Pampa
diaGnStico localbiomas e regies hidrogr cas
Amaznica
Tocantins Araguaia
Atlntico NE Ocidental
Atlntico NE Oriental
Parnaba
Paraguai
So Francisco
mArqUeOpONtONOmApAONdeeStOSeUmUNIcpIOereSpONdA:
Em que bioma ele se situa?
Quantos habitantes vivem na rea urbana? E na rea rural?
Quais so as principais atividades econmicas? A economia se concentra em poucas atividades ou
elas so diversifi cadas?
As pessoas encontram trabalho com facilidade?
As atividades desenvolvidas respeitam a vocao do ambiente natural?
Voc considera o seu municpio um bom lugar para se viver? Por qu?
H fartura e qualidade na alimentao? Sade? Educao pblica de qualidade? Opes de lazer?
reas verdes? reas protegidas de forma especial (Parque Nacional, Horto Florestal?)
Trata-se de um municpio isolado ou que mantm relaes de boa vizinhana com outras localidades?
Participa de consrcios intermunicipais?
Em que baciahidrogrfica se situa o seu municpio?
A gua farta ou escassa? Tem boa qualidade? Existem disputas pelo seu uso? H assoreamento de
lagoas, crregos e outros cursos dgua?
O que se faz com os resduos gerados pelas atividades industriais, agrcolas, urbanas? Para onde vai
o esgoto das residncias e das empresas? Existem aterros sanitrios?
O solo frtil ou est empobrecido? H poluio por agrotxicos?
Existem disputas em torno do uso do solo? Sem-terra, sem-teto? Crianas de rua? Favelas, ocupaes,
habitaes irregulares? H populaes que foram desalojadas pela construo de grandes obras ou
que perderam seu meio de vida por causa de desmatamento, pesca excessiva, poluio das guas?
A polcia registra muitos casos de violncia?
Quais so as principais foras sociais atuantes no municpio? H associaes, sindicatos, organizaes
de diversos tipos? Como elas se relacionam entre si?
Agora compartilhe suas impresses com pessoas de seu municpio e com gente de outras
localidades. As respostas a essas perguntas podem dar pistas de quais so os principais problemas e
onde o municpio pode melhorar.
BIOmAConjunto de vida (vegetal e animal) defi nida pelo agrupamento de tipos de vegetao contguos e identifi cveis em escala regional, com condies geoclimticas similares e histria compartilhada de mudanas, resultando em uma diversidade biolgica prpria. Biomas so as grandes paisagens vivas existentes no planeta, defi nidas em geral de acordo com o tipo dominante de vegetao. A Caatinga, o Cerrado e a Floresta Atlntica so exemplos de biomas.
BAcIAhIdrOGrfIcAConjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afl uentes e subafl uentes. A idia de bacia hidrogrfi ca est associada noo da existncia de nascentes, divisores de guas e caractersticas dos cursos de gua, principais e secundrios, denominados afl uentes e subafl uentes. A rea fsica, assim delimitada, constitui-se em importante unidade de planejamento e de execuo de atividades scio-econmicas, ambientais, culturais e educativas.
ASSOreAmeNtOObstruo de rio, canal, esturio ou qualquer corpo dgua por acmulo de substncias minerais (areia, argila) ou orgnicas (lodo), o que provoca a reduo de sua profundidade e a fora de sua correnteza (Glossrio Ibama, 2003).
reSdUOMaterial descartado, individual ou coletivamente, pela ao humana, animal ou por fenmenos naturais, que pode ser nocivo sade e ao meio ambiente quando no reciclado ou re-aproveitado.
AGrOtXIcOSubstncia qumica, geralmente artifi cial, destinada a combater as pragas da lavoura (insetos, fungos etc). Muitas dessas substncias acabam por prejudicar tambm os animais inofensivos e o prprio homem. So tambm conhecidos por defensivos agrcolas, pesticidas ou praguicidas (Glossrio Ibama, 2003 ).
Voc j deve ter percebido que o conceito de meio ambiente com o qual trabalhamos
nessa capacitao um pouco diferente do usual. na nossa concepo, meio ambiente
no corresponde apenas rede formada pela interao dos animais, das plantas, dos
microorganismos e das substncias inorgnicas. nossa viso inclui tambm o espao
construdo e a vida social da espcie que maiores alteraes tem causado nesse cenrio:
a espcie humana.
Partimos de uma dimenso socioambiental, em que meio ambiente e qualidade de
vida caminham juntos. afinal, tanto a poluio como as desigualdades sociais afetam
negativamente a qualidade de vida e tm impactos profundos sobre o meio ambiente.
Segundo essa viso, o crescimento econmico sozinho no capaz de garantir
qualidade de vida. Precisamos de desenvolvimento sustentvel, ou seja, de um tipo de
desenvolvimento que tenha durabilidade, seja economicamente vivel, ecologicamente
equilibrado e capaz de propiciar s pessoas condies bsicas para a sua sobrevivncia e
exerccio de cidadania.
CLAREANDO CONCEITOS
deSeNvOlvImeNtOSUSteNtvel
Existem mais de 80 signifi cados diferentes para desenvolvimento sustentvel. Trata-se de um termo em disputa pelos mais diversos setores da sociedade. Nesta capacitao adotamos a defi nio do ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade, segundo a qual, desenvolvimento sustentvel o desenvolvimento que prov a todos os servios econmicos e ambientais bsicos, sem ameaar a viabilidade dos sistemas natural, social e construdo, dos quais esses servios dependem (Toronto/Canad, 1996).
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AS13cArActerStIcASdAcOmUNIdAdeSUSteNtvel
A lista a seguir foi preparada pela organizao inglesa Local Government Municipal Board (LGMB)
com base em critrios socioambientais de sustentabilidade. De acordo com ela, um municpio em
busca do desenvolvimento sustentvel:
No desperdia energia e recursos;
Produz pouco lixo;
Limita a poluio de forma que possa ser absorvida pelos sistemas naturais;
Valoriza e protege a natureza;
Atende s necessidades locais localmente, sempre que possvel;
Prov casa, comida e gua limpa para todos;
D oportunidades para que todos tenham um trabalho do qual gostem. Valoriza o trabalho
domstico;
Protege a sade de seus habitantes, enfatizando a higiene e a preveno de doenas;
Prov meios de transporte acessveis;
Investe em segurana, para que as pessoas vivam sem medo de crimes ou perseguies;
Permite acesso igualitrio s oportunidades;
Garante acesso ao processo de deciso;
D oportunidades de cultura, lazer e recreao.
Um desenvolvimento baseado nos princpios descritos anteriormente coloca as pessoas e o meio
no qual elas vivem em primeiro lugar. Existe at um ramo da economia, a eco-economia, que leva
em conta princpios e leis da natureza para pensar formas de se obter maiores ganhos melhorando
a atuao humana sobre o ambiente. Baseia-se na idia de que a economia tambm est sujeita lei
do equilbrio de matria e energia. Segundo essa lei, tudo o que retirado do meio ambiente retorna
ao mesmo, seja como produto para consumo, seja como resduo. De acordo com essa maneira de
pensar, o meio ambiente pode ser visto de trs maneiras:
como fornecedor de recursos para a produo (matrias-primas e energia)
como fornecedor de bens e servios (belezas cnicas, patrimnio cultural)
como assimilador de resduos, considerando-se tambm que existe alternativa para a matria e
a energia geradas por meio de reciclagem.
eOqUeISSOtemAvercOmcreScImeNtOecONmIcO?
1. Marcatto, C. & Ribeiro, J. C. J. Manual
Gesto Ambiental Municipal em Minas
Gerais. Belo Horizonte : FEAM. 2002. p.
20.
0
OeSqUemAGrfIcO2ABAIXOSINtetIzAeSSAvISO
Quando o crescimento desordenado, gera poluio e esgota os recursos disponveis. Em geral,
esse tipo de crescimento est associado tambm grande concentrao de riquezas nas mos
de poucas pessoas, ocasionando forte desnvel social, aumento de insegurana e de violncia. A
ntima relao entre meio ambiente, desenvolvimento e qualidade de vida indica que a gesto
ambientalno mbito do municpio essencial para a contnua melhoria das condies de vida de
cidados e cidads.
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GeStOAmBIeNtAl
Trata-se de um conjunto de polticas, programas e prticas que levam em conta a sade e a segurana das pessoas e a proteo do meio ambiente. A gesto realizada por meio da eliminao ou da minimizao de impactos e danos ambientais decorrentes do planejamento, implantao, operao, ampliao, realocao ou desativao de empreendimentos e atividades, incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de um produto.
2. Adaptao de Pierce et al., 1995.
In: Manual de Saneamento e Proteo
Ambiental para os Municpios. http://
w w w. e n g e . c o m . b r / s a n e a m e n t o _
municipios.htm
cINcOmOtIvOSpArAOmUNIcpIOAtUArSOBreOmeIOAmBIeNte
. O municpio o espao concreto no territrio em que as coisas acontecem. Nele se podem sen-
tir os impactos tanto dos problemas quanto das solues para a qualidade de vida. Uma obra pode
ser executada para beneficiar todo o Pas, mas fatalmente ser realizada em um espao geogrfico
de um ou mais municpios. E quem sentir as conseqncias no dia-a-dia sero os seus habitantes.
Portanto, os governos locais devem ter o controle das atividades que se instalam em seu territrio,
podendo, inclusive, ser mais restritivos que o Estado e a Unio.
. Alguns surtos de crescimento so como fogo de palha. Produzem muitas riquezas em curto
espao de tempo. Mas aps esgotarem a base de recursos que lhes deram origem, essas atividades
vo para outras localidades, em busca de novos recursos para consumir. Todo mundo conhece
exemplos de cidades que nasceram e morreram em algumas dcadas pela febre dos minrios, da
pesca, da borracha, da cana-de-acar, do caf... Portanto, vale a pena investir em formas de manter
e usar com inteligncia os recursos naturais disponveis.
3. mais fcil e barato prevenir do que remediar. Os custos para resolver problemas decorrentes
dos impactos ambientais: poluio industrial, perda dos solos, assoreamento de rios, contaminao
de lenis freticos,perda de biodiversidade so mais altos do que os esforos para evit-los.
Existem exemplos em todo o mundo de quanto custoso e demorado despoluir um rio.
. Muitos municpios esto descobrindo novas vocaes econmicas que se harmonizam melhor
com os princpios do desenvolvimento sustentvel. Atividades como o ecoturismo, a criao de plos
de alta tecnologia (limpa) e o incentivo instalao de empreendimentos socialmente responsveis
podem gerar riquezas e contribuir para a qualidade de vida da populao. Num mundo cada vez
mais globalizado isso importante vantagem comparativa.
5. No espao do municpio se torna mais fcil garantir a participao de cidados e cidads nas
decises, colocando em prtica o princpio de que as pessoas devem compartilhar com o Estado
a responsabilidade pela conservao do meio ambiente, garantindo transparncia nas aes por
meio do controlesocial.cONtrOleSOcIAlAo de fiscalizao, exercida pela sociedade, sobre os governos, visando garantir transparncia na definio das prioridades das polticas e nos gastos pblicos
leNOlfretIcO
Lenol de gua subterrneo que se forma em profundidade relativamente pequena; lenol superficial, lenol de gua. Pode ser considerado como a parte ou camada superior das guas subterrneas.
BIOdIverSIdAde
Representa a diversidade de comunidades vegetais e animais que se interrelacionam e convivem num espao comum que pode ser um ecossistema ou um bioma (Glossrio Ibama, 2003).
3
em reSumo...
hpoucomaisdequatrodcadas,oBrasiladotouummodelodedesenvolvimentoque
tem gerado trs subprodutos indesejveis: poluio, esgotamento de recursos naturais e
umdosmaioresndicesdedesigualdadesocialdomundo.Osresultadosdessamentalidade
sogritantesnasgrandescidades.masseusefeitosjsefazemsentirtambmnosdemais
municpiosbrasileiros.
muita gente confunde meio ambiente com rvores, rios, animais. em geral, se esquece
quens,ossereshumanos,fazemospartedessecenrioesomososprincipaisresponsveis
pelasalteraesnomeioambiente.tambmtemgentequeconfundedesenvolvimentocom
crescimentoeconmico,achandoquesosinnimos.masqualidadedevidanosignificas
dinheiro.Significatambmbem-estarsocialemeioambientesadio.
com o crescimento econmico desordenado surgem aquelas atividades que produzem
riquezas base de recursos naturais, mas que no tm durabilidade nem viabilidade
socioambientale,portanto,nososustentveis.
Oconceitodedesenvolvimentosustentvelcolocaaspessoaseomeioambienteemque
vivememprimeiroplano.emesmoaeconomiatambmestsujeitaaumaleinatural:tudo
oquesaidomeioambienteretornaaele,sejacomoproduto,sejacomoresduo.emnossa
histriatemosdiversosexemplosdeciclosderpidaprosperidade.masquandoesgotarama
basederecursos,sdeixarampobrezaeterraarrasada.Bastalembrardopau-brasil,doouro,
docaf,daborracha...
Umaobraouempreendimentopodeserexecutadoparabeneficiartodoopas,masnoseu
entornoqueosmaioresimpactosserosentidos.porissoaimportnciadaaomunicipal,
pois nos municpios onde moramos, trabalhamos e nos divertimos que percebemos os
problemasepodemosbuscarsolues.
comomeioambientetambmmaisfcilemaisbaratoprevenirdoqueremediar.s
pensar,porexemplo,quantotempolevaequantodinheirocustaparadespoluirumrio.Ao
pensar em um modelo de desenvolvimento sustentvel os municpios podem descobrir
ou desenvolver novas vocaes e incentivar a participao de seus cidados e cidads,
promovendoaresponsabilidadedetodoscomagestoambiental.
2. GeSto Se faz com conhecimento e participao
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2. GeSto Se faz com conhecimento e participao
GerIrtArefAcOmpleXA
Muito se fala em gesto ambiental. Gerir quer dizer administrar, dirigir, manter determinada situao
ou processo sob controle para obter o melhor resultado. Realizar a gesto do meio ambiente significa
executar uma srie de aes, de forma encadeada e articulada, que resultem em:
maior conscincia sobre as conseqncias da atuao humana sobre o ambiente; e
adoo de prticas e de comportamentos que melhorem essa atuao.
Mesmo em um pequeno municpio, a gesto ambiental tarefa complexa. Quase todas as aes
humanas interferem com o meio ambiente. As atividades agrcolas, a construo de grandes e
pequenas obras, a destinao do lixo domstico e dos resduos das indstrias e dos hospitais, a
movimentao dos veculos... Mesmo naqueles locais onde no h quase nenhuma ao humana,
como nas florestas conservadas, preciso gesto para exercer vigilncia, controlar o fluxo de
pesquisadores, visitantes etc.
A gesto envolve:
. a escolha inteligente dos servios pblicos oferecidos comunidade;
. o equilbrio entre receitas e despesas, com o uso tico e transparente dos recursos pblicos;
3. a edio de leis e normas claras, simples e abrangentes de defesa ambiental local;
. a aplicao das leis, penalizando quem causa algum tipo de dano ambiental;
5. a formao de conscincia ambiental;
6. a gerao de informaes que dem suporte s decises;
. a democratizao das instituies, para que permitam e estimulem a participao de cidados
e cidads;
. o planejamento do desenvolvimento sustentvel local; e
9. a implementao das polticas necessrias para realiz-lo.
6
um mapa das relaes diaGnStico local
vOltANdOAOSeUmUNIcpIO...
. Sobre um mapa existente, indique os locais onde se desenvolvem as atividades ou
empreendimentos que produzem impactos ambientais signifi cativos no seu municpio. Por
exemplo: estradas, ferrovias, portos, oleodutos, gasodutos, linhas de transmisso de energia
eltrica, barragem/usinas de gerao de eletricidade, extrao de minrio, indstrias, aterros
sanitrios etc.
. De que ordem so os problemas apontados? Transportes? Gerao de energia? Sade?
Poluio?
3. Em um papel parte, relacione para cada situao os diferentes grupos (formais e informais),
organizaes governamentais e no-governamentais que atuam naqueles locais, gerando o
problema ou buscando solues. Represente-os em forma de crculos.
. Ligue os crculos por meio de setas, mostrando as relaes que tais organizaes estabelecem
entre si. Coloque setas de cores diferentes para signifi car relaes de cooperao ou de
competio.
5. Voc acaba de mapear os problemas e os atores sociais envolvidos com os problemas ambientais
de seu municpio.
Percorra os locais em grupo, buscando contatar e ouvir todas as pessoas relacionadas com cada
problema. Pergunte: por que isso est acontecendo? Quem est envolvido? Quais so as difi culdades
que se apresentam para resolv-lo? Quais reas da prefeitura podero contribuir para resolver a
situao? Este o primeiro passo para identifi car os gestores ambientais que j atuam no local.
Lembre-se:
Este diagrama um retrato simplifi cado de um sistema complexo e dinmico de interaes. Trata-se da
sua viso (ou da viso de um pequeno grupo de pessoas) e precisa passar pelo teste da realidade. Mas
oferece pistas para iniciar um trabalho de mobilizao social.
INdIcAeSpArAAGeStOAmBIeNtAl
Parta da realidade local, dos problemas e dos atores sociais envolvidos;
Entre em contato com as organizaes existentes no municpio: rgos municipais, assim como
dos governos estaduais e federal presentes na regio, organizaes da sociedade, entidades de
classe e empresariais, instituies de ensino e pesquisa;
Rena conhecimentos e habilidades, identificando as necessidades de atuao;
Mobilize as partes interessadas.
Com isso ser possvel estruturar polticas municipais para que a Prefeitura, em conjunto com
a comunidade, busque caminhos saudveis para o seu crescimento, estabelecendo uma relao
equilibrada com o meio ambiente. Um sistema municipal de meio ambiente estruturado e atuante,
organizado a partir desse processo, fortemente vinculado participao da sociedade local e s
caractersticas de sua realidade social e ambiental.
pOrqUeSedeveGArANtIrApArtIcIpAO?
. Porque sem participao corre-se o risco de encontrar solues tecnicamente perfeitas, mas
que no se aplicam vida prtica das pessoas.
. Porque a contribuio de cidados e cidads com idades, profisses, nveis educacionais,
interesses e envolvimentos diferenciados com a vida da cidade e do municpio tende a ampliar
a viso sobre determinado problema ou necessidade. Alm disso, contribui para somar na busca
de solues.
3. Porque trabalhar em parceria com pessoas e entidades diversificadas, sejam governamentais,
sejam no-governamentais, amplia o impacto das aes, multiplicando os efeitos do que
desejamos produzir.
. Porque, quando as pessoas se comprometem com alguma ao, tornam-se responsveis pelos
resultados e mais capazes de manter esse compromisso ao longo do tempo. Isso faz com que
as aes sejam durveis, ou seja, sustentveis.
AvezdApArtIcIpAO
a implementao das aes visando ao desenvolvimento sustentvel est diretamente
relacionada com a qualidade da participao de cidados e cidads. a populao, que sente
na pele os problemas, a maior interessada em v-los resolvidos. e para isso faz-se necessrio que
sejam criados mecanismos capazes de garantir:
uma escuta quali cada dos problemas,
maiores chances de contar com as pessoas atingidas por estes na busca de solues,
uma tomada de decises que busque consenso,
implementao do controle social sobre as aes empreendidas.
CLAREANDO CONCEITOS
9
recUrSOShUmANOS:UmBemprecIOSO
Gesto ambiental parece assunto exclusivamente destinado a especialistas. H, no entanto, muita
gente que realiza gesto ambiental mesmo sem saber. Muitas lideranas comunitrias atuam na
melhoria da coleta do lixo e do saneamento, outras orientam as famlias sobre a qualidade da gua,
outras ainda lutam contra a poluio gerada por indstrias. Todas essas pessoas so aliadas potenciais
das aes de gesto ambiental no municpio.
Existem ainda grupos com grande potencial de atuao, que podem trazer importantes
contribuies. Os idosos, por exemplo, so pessoas experientes e que representam a memria viva
da comunidade. Alm disso, dispem de tempo e, em geral, tm grande necessidade de se sentirem
valorizadas e teis sociedade. As crianas tambm podem ser importantes aliadas. Afinal, elas so
a porta de entrada para as famlias e tm enorme capacidade de influenciar na mudana de hbitos.
H ainda os grupos religiosos, sensveis para a defesa da vida em suas diversas manifestaes. Vale
a pena fazer um inventrio de todas as foras sociais atuantes no municpio para a mobilizao que
ser necessria a um trabalho de gesto ambiental realmente participativo.
30
AImpOrtNcIAdecApAcItAr-Se
Conhecer a realidade sobre a qual se vai trabalhar um passo importante. Reconhecer os talentos
existentes no local e mobilizar a comunidade tambm. Mas to importante quanto o conhecimento
popular sobre os recursos e as necessidades locais a gerao de capacidade tcnica. E isso se faz
com capacitao especfica voltada para:
esclarecer como se estrutura a poltica ambiental brasileira;
mostrar o papel desempenhado pelo municpio nessa poltica;
facilitar a criao dos rgos que compem o sistema municipal de meio ambiente;
formar recursos humanos capazes de desempenhar o papel que lhes cabe dentro do sistema
municipal de meio ambiente e compor os cargos tcnicos, administrativos, de fiscalizao e de
controle ambiental;
promover o desenvolvimento de mecanismos para a gesto ambiental compartilhada, integrada
e adequada s competncias de cada ente federado;
cAdOSfUNcIONrIOS?
Em 00, de cada 00 servidores municipais, apenas um trabalhava no setor responsvel pelo
meio ambiente. Desse pequeno contingente, apenas 0% tinham nvel de instruo superior3 . Esses
dados foram levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE).
3. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatstica IBGE, Ministrio do Meio
Ambiente, Ministrio do Planejamento,
Oramento e Gesto. Pesquisa de
informaes bsicas municipais Perfil
dos municpios brasileiros. Meio Ambiente
- 2002. Rio de Janeiro : IBGE. 2005. 382p.
3
em reSumo...
Gerirquerdizeradministrar,dirigir,manterdeterminadasituaoouprocessosobcontrole
em busca do melhor resultado. realizar a gesto ambiental significa executar uma srie
deaes,deformaarticulada,queresultememmaiorconscinciasobreasconseqncias
da atuao humana sobre o ambiente; e na adoo de prticas e comportamentos que
melhoremessaatuao.
Nomunicpio,agestoambientalenvolveescolherbemosserviospblicosoferecidos
comunidadeeeditar leisenormasclarasdedefesadomeioambientelocal,zelandopara
quesejamcumpridas.tambmimportantecriarconscinciaambiental,gerarinformaes
eestimularaparticipao.paraissoprecisoplanejamentoeimplementaodepolticas,
semesquecerdobomusodosrecursos.
Gesto requer participao qualificada da populao, que pode contribuir muito na
identificao e na soluo dos problemas, desde que haja vontade poltica e sejam
criados os mecanismos para isso. A participao promove a responsabilidade coletiva e
ocontrolesocial.
O sistema municipal de meio ambiente precisa de recursos humanos capazes de
desempenhar o papel que lhes cabe e compor os cargos tcnicos, administrativos, de
fiscalizao e de controle ambiental. preciso conhecer a estrutura da poltica ambiental
brasileiraeentenderqualopapeldomunicpionela,parapodercriarosrgosquefaro
partedosistemamunicipal.Almdisso,precisodesenvolvermecanismosparaagesto
ambiental compartilhada e integrada, e criar uma sistemtica de comunicao entre os
componentesdoSistema.
criar uma sistemtica de comunicao e de integrao entre os componentes do Sistema,
consolidando a sua implementao, dinamizando as suas funes e aproximando o trabalho
dos trs nveis de governo.
3
3. SiSnama: GeSto ambiental deScentralizada e inteGrada
33
3. SiSnama: GeSto ambiental deScentralizada e inteGrada
OmeIOAmBIeNteeAcONStItUIO
Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de
defend-lo e de preserv-lo para as presentes e futuras geraes. Constituio Federal, art. 5.
A mesma Constituio Federal de 9, em seu artigo 3, determina as competncias da Unio,
dos estados e dos municpios na tarefa de proteger o meio ambiente e combater a poluio
em qualquer de suas formas. Segundo esse artigo, as trs esferas de governo tambm devem
compartilhar a funo de preservar as florestas, a fauna e a flora, e proteger bens de valor histrico,
artstico e cultural, paisagens naturais notveis e stios arqueolgicos. Alm disso, em seu artigo 30, a
Constituio garante aos municpios a competncia para criar leis em defesa do interesse local.
3
OcArterdOeStAdOfederAtIvO
numa Federao, os governos federal, estadual e municipal organizam-se tendo a Constituio
como soberana. Submetidos aos seus princpios, os entes federativos compartilham diferentes
competncias. Cada uma dessas esferas de governo desfruta autonomia poltica, administrativa,
organizativa e legislativa. essa forma de organizao cria um estado composto, no qual existe a
unio das comunidades pblicas em torno da realizao dos objetivos da Constituio. Dessa
forma, o poder no ca concentrado nas mos de uma nica autoridade central; esse sistema faz
com que ele seja repartido entre os entes coletivos que compem a Federao: a Unio como
ordem nacional, os estados como ordens regionais e os municpios como ordens locais.
CLAREANDO CONCEITOS
35
OqUeSISNAmA?
O SISNAMA o modelo de gesto ambiental adotado no Brasil. Foi institudo em 9 pela Lei n
6.93 Poltica Nacional de Meio Ambiente (veja anexo ) e tem como desafio formar uma rede
de organizaes em mbitos federal, estadual e municipal que, juntas, possam alcanar as grandes
metas nacionais na rea ambiental.
A proteo do meio ambiente, por meio do SISNAMA, se consolida mediante:
formulao de polticas pblicas de meio ambiente,
articulao entre as instituies componentes do sistema em mbitos federal, estadual e
municipal,
execuo dessas polticas por meio dos rgos ambientais nos diferentes mbitos e
estabelecimento da descentralizao da gesto ambiental.
cOpIANdOOSSIStemASvIvOS
A idia que deu origem ao SISNAMA baseia-se em um princpio da Ecologia: a teoria dos sistemas
vivos. Segundo essa teoria, sistema um todo composto de partes que dependem umas das outras
e que, atuando juntas, servem para cumprir determinada funo. A natureza possui milhares de
exemplos de sistemas. Cada indivduo, animal, planta, microorganismo um todo integrado, um
sistema vivo. Da mesma forma, as sociedades humanas e o meio ambiente construdo reproduzem
esse modelo: a famlia, a comunidade, as cidades, a malha viria, as redes de telefonia e de distribuio
de alimentos constituem exemplos de sistemas.
De acordo com essa viso, a Terra, tal como a conhecemos, um grande sistema composto de
sistemas encaixados uns nos outros. Como sistema, o SISNAMA foi idealizado para realizar uma
gesto ambiental descentralizada e integrada. Estrutura-se como uma rede capaz de abarcar toda
a complexidade da questo ambiental, por meio de aes compartilhadas entre as esferas federal,
estadual e municipal. Essa teoria representa uma nova forma de ver o mundo, na qual so enfatizadas
as relaes e a integrao que existe entre os componentes do sistema.
36
lIceNcIAmeNtOProcedimento administrativo pelo qual o rgo de meio ambiente avalia e concede licena de localizao, instalao, ampliao e operao de empreendimentos e atividades que utilizem recursos naturais e possam causar danos ou impactos ambientais. A licena prev as aes que sero necessrias para minimizar impactos, considerando-se as disposies legais e regulamentares e as normas tcnicas aplicveis ao caso.
fIScAlIzAOProcedimentos utilizados por rgo competente para verificar se as normas e leis esto sendo cumpridas.
AfUNOdecAdAUm
No SISNAMA, os rgos federais tm a funo de coordenar e emitir normas gerais para a aplicao
da legislao ambiental em todo o Pas. Possuem tambm, dentre outras, a responsabilidade
de promover a troca de informaes, a formao de conscincia ambiental, a fiscalizao e o
licenciamento ambiental de atividades cujos impactos afetem dois ou mais estados.
Aos rgos estaduais cabem as mesmas atribuies, s que no mbito do estado: criao de leis e
normas complementares, podendo ser mais restritivas que as existentes em nvel federal, estmulo
ao crescimento da conscincia ambiental, fiscalizao e licenciamento de obras que possam causar
impacto em dois ou mais municpios.
O modelo se repete tambm para os rgos municipais: licenciamento e fiscalizao em mbito
local, formao de conscincia ambiental local, elaborao de leis que se apliquem ao meio ambiente
do municpio e monitoramento da aplicao destas.
O modelo de gesto definido pela Poltica Nacional de Meio Ambiente baseia-se no princpio do
compartilhamento e da descentralizao das responsabilidades pela proteo ambiental entre os
entes federados e com os diversos setores da sociedade.
mONItOrAmeNtO
Trata-se do ato de acompanhar o
comportamento de determinado fen-
meno ou situao com o objetivo de
detectar riscos e oportunidades.
3
cOmpOSIOdOSISNAmA
De acordo com a lei n 6.93/, que instituiu a Poltica Nacional de Meio Ambiente, o SISNAMA
composto de:
conselhodeGoverno rgo superior do sistema, rene todos os ministrios e a Casa Civil da
Presidncia da Repblica na funo de formular a poltica nacional de desenvolvimento do Pas,
levando em conta as diretrizes para o meio ambiente.
conselhoNacionaldomeioAmbiente(cONAmA) o rgo consultivo e deliberativo, formado
por representantes dos diferentes setores do governo (em mbitos federal, estadual e municipal), do
setor produtivo e da sociedade civil. Assessora o Conselho de Governo e tem a funo de deliberar
sobre normas e padres ambientais.
ministriodomeioAmbiente(mmA) rgo central, com a funo de planejar, supervisionar e
controlar as aes referentes ao meio ambiente em mbito nacional.
Instituto Brasileiro de meio Ambiente e dos recursos Naturais renovveis (IBAmA)
encarrega-se de executar e fazer executar as polticas e as diretrizes nacionais para o meio ambiente.
o rgo executor.
rgosSeccionais, entidades estaduais responsveis pela execuo ambiental nos estados, ou
seja, as secretarias estaduais de meio ambiente, os institutos criados para defesa ambiental.
rgos locais ou entidades municipais responsveis pelo controle e fiscalizao ambiental
nos municpios.
AmArcAdOSANOSpIONeIrOS
Apesar de ter sido concebido como um sistema, o SISNAMA comeou a se estruturar ainda durante
os governos militares em um ambiente institucional fortemente marcado pela centralizao. Havia,
naquele momento, grandes dificuldades para se delegar poderes aos estados e municpios.
A primeira fase da implementao do sistema (dcadas de 90 e 990) caracterizou-se pela
criao dos rgos ambientais, principalmente nos mbitos federal e estadual. At recentemente,
porm, o que se observava na prtica era o surgimento de rgos ambientais sem vnculos entre
si, desarticulados e fortemente marcados pela competio, especialmente no estabelecimento de
competncias para o licenciamento e a fiscalizao.
3
AcONStItUIOde1988
A Constituio Federal de 9, fortemente marcada pelos princpios da descentralizao, trouxe
para os municpios maior autonomia na definio de suas prioridades ambientais , respeitando
as normas gerais editadas pela Unio e pelos estados. Eis alguns princpios estabelecidos
pela Constituio:
Subsidiariedade: tudo o que puder ser realizado pelo nvel local, com competncia e economia,
no deve ser atribudo ao nvel estadual e federal. Isso permite encontrar solues para os problemas
o mais prximo possvel de onde so gerados.
Autonomia: a liberdade e o discernimento individual ou local so valorizados, garantindo-se,
dessa maneira, o mnimo de dependncia para a realizao de aes de interesse local.
responsabilidadecompartilhada: a misso de zelar pelos bens comuns cabe a todos e a cada
um, de acordo com as suas competncias e atribuies.
cooperaoousolidariedade: independentemente da poltica partidria, a cooperao entre os
distintos nveis de governo estimulada, pois isso otimiza custos e agiliza processos.
AlIGAdOSIStemA
Em mbito federal, alguns instrumentos de gesto ambiental previstos pelo SISNAMA e
fundamentais para o funcionamento efetivo do sistema comearam a ser implementados a partir
da dcada de 990:
- fundoNacionaldomeioAmbiente(fNmA), responsvel por captar recursos e financiar as
aes projetadas para a rea ambiental em mbito nacional;
- SistemaNacionaldeInformaessobreomeioAmbiente(SINImA), criado para disponibilizar
informaes e permitir o dilogo, de forma descentralizada, entre as bases de dados geradas
pelas entidades que compem o SISNAMA;
- confernciaNacionaldomeioAmbiente, instrumento de consulta, proposio e avaliao
da poltica ambiental brasileira, realizada bienalmente;
- Agenda Nacional do meio Ambiente, em que constam as prioridades eleitas em mbito
nacional para a melhoria da qualidade ambiental, induzindo ao estabelecimento de prioridades
para todo o sistema;
- relatriodequalidadedomeioAmbiente, instrumento de monitoria e acompanhamento
da qualidade ambiental de todo o Pas.
39
AdIretrIzdefOrtAlecerOSISNAmA
Nos ltimos anos, o Ministrio do Meio Ambiente tem como uma de suas diretrizes o fortalecimento
do SISNAMA. Esse trabalho tem-se pautado, prioritariamente, nas seguintes frentes:
incentivo estruturao de rgos ambientais nos municpios, com a descentralizao da
gesto ambiental;
aumento da articulao e do dilogo na rea ambiental entre as trs esferas de governo, com a
criao das comissestripartites;
estmulo criao de redes de conselhos, rgos e fundos de meio ambiente em mbitos
estaduais, regionais e nacional;
esforo para realizar uma poltica ambiental integrada, no sentido de incluir a dimenso
ambiental nas polticas de governo.
OSISNAmANOSeStAdOS
No nvel estadual, a estrutura da gesto ambiental repete o modelo adotado para o Governo Federal.
Cada estado define a estrutura que considera mais adequada. O rgo central adquire o formato de
secretaria, departamento ou fundao de meio ambiente. Este pode ser exclusivo ou compartilhado
com outras reas. Essas estruturas tm como atribuio formular e coordenar a poltica estadual de
meio ambiente, bem como articular as polticas de gesto de recursos naturais.
Para dar suporte s aes sobre o meio ambiente no mbito estadual existem rgos tcnicos
executivos, com atribuio de executar a poltica ambiental, monitorar a qualidade do meio
ambiente, realizar educao ambiental e atuar em pesquisa.
Alm desses rgos, existem os conselhos estaduais de meio ambiente, que preferencialmente
devem ser rgos normativos, paritrios, de carter consultivo e deliberativo. Em geral, os
conselhos esto vinculados aos rgos centrais de meio ambiente do estado, os quais lhes fornecem
suporte material para que funcionem adequadamente.
Os conselhos, em geral, possuem cmaras tcnicas especializadas em temas como atividades
industriais, infra-estrutura, minerao, entre outros. Sugerem polticas para esses setores e atuam na
elaborao de normas tcnicas para a proteo ambiental.
A maioria dos estados possui tambm fundos de meio ambiente, com a finalidade de reunir
recursos para financiar as aes. O fato de se estruturarem fortalece a deciso de destinar esses
recursos exclusivamente s aes de conservao ambiental.
pArItrIOConstitudo por nmero igual de representantes das diferentes categorias que compem o sistema, a fim de garantir representao em p de igualdade.
cONSUltIvOO carter de ser consultado e de prestar assessoria sempre que necessrio.
delIBerAtIvOSignifica decidir sobre os temas e problemas apresentados.
cOmISSeStrIpArtIteS
Instncia criada para articular os rgos federais, estaduais e municipais de meio ambiente e outras organizaes da sociedade para a promoo da gesto ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes federados. composta por representaes paritrias dos rgos e entidades ambientais da federao, os quais desenvolvem seus trabalhos de acordo com uma lgica de consenso, em que as decises so construdas por unanimidade. A Comisso Tripartite Nacional foi criada pela Portaria MMA n 189 de 25 de maio de 2001. composta por representantes do Ministrio do Meio Ambiente (MMA), da Associao Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (ABEMA) e da Associao Nacional de Municpios e Meio Ambiente (ANAMMA). As Comisses Tripartites Estaduais e a Comisso Bipartite do Distrito Federal, institudas pela Portaria MMA n 473 de 9 de dezembro de 2003, tm as mesmas incumbncias em mbito estadual.
NOrmAtIvOQue tem a atribuio de estabelecer normas.
0
SDS/IPaaM SeC taM
SeMa
SeDaMSeMa/FeMa
SeMa/ FePaM
SeMaRh/agMa
SMa/ CeteSB/
SePlan/ natURatInS
SeMaRh/CRa
SeMa
SeMaSeMaRhn/IMaSeC tMa/CPRh
SeC tMa/SUDeMa
IDeMaSoMa/SeMaCe
SDS/FatMa
SeMa/ IaP
SeMaD/ FeaM SeaMa/
IeMa
SeMaDS/FeeMa
SeMaR
SeMa
SeMaIjUS/ FeMaC t
SeMa/ IMaP
SeMaRh
DaIa
Todo estado tem a sua prpria estrutura para a rea de meio ambiente. Descubra como funciona e
quais so os rgos que compem o sistema no seu estado. Uma boa opo para isso programar
uma excurso de gestores do seu municpio capital, agendando previamente visitas de intercmbio
aos rgos componentes do Sistema Estadual de Meio Ambiente.
Importante: faa um cadastro de todos os tcnicos que forem contatados, destacando aquelas
pessoas que conheam o histrico da estruturao do rgo. Procure estimul-las a compartilhar
como montar ou aprimorar o sistema municipal de meio ambiente do seu municpio.
conhea oS rGoS ambientaiS do Seu eStado
em reSumo...
A constituio federal diz que o meio ambiente um bem de uso comum do povo,
necessrioparaaqualidadedevidaeafirmaquesuapreservaoparaaspresentesefuturas
geraesumdeverdetodos:poderpblicoecoletividade.
para distribuir as responsabilidades entre municpios, estados e a Unio, foi institudo o
Sistema Nacional de meio Ambiente (SISNAmA), um modelo descentralizado de gesto
ambiental, criando uma rede articulada de organizaes nos diferentes mbitos da
federao.
NoSISNAmA,osrgosfederaistmafunodecoordenareemitirnormasgeraisparaa
aplicaodalegislaoambientalemtodoopas.tambmsoresponsveis,dentreoutras
atividades,pelatrocadeinformaes,aformaodeconscinciaambiental,afiscalizaoe
olicenciamentoambientaldeatividadescujosimpactosafetemdoisoumaisestados.
Aosrgosestaduaiscabemasmesmasatribuies,squenombitodoestado:criao
deleisenormascomplementares(podendosermaisrestritivas)queasexistentesemnvel
federal,estmuloaocrescimentodaconscinciaambiental,fiscalizaoelicenciamentode
obrasquepossamcausarimpactoemdoisoumaismunicpios.Omodeloserepeteparaos
rgosmunicipais.
OmodelodegestodefinidopelapolticaNacionaldemeioAmbientebaseia-senoprincpio
docompartilhamentoedadescentralizaodasresponsabilidadespelaproteoambiental
entreosentesfederadosecomosdiversossetoresdasociedade.
SeMaRhn/IMaSeC tMa/CPRh
SeC tMa/SUDeMa
4. o SiStema em mbito local
3
4. o SiStema em mbito localmAISpOderAOSmUNIcpIOS
A crescente autonomia municipal, propiciada pela Constituio Federal, tem estimulado os
municpios a gerirem suas questes em vrias reas, como sade, educao, habitao e meio
ambiente. Apesar da Lei de Responsabilidade Fiscal, que restringe investimentos na estrutura da
Prefeitura e impe limites contratao de tcnicos, houve nos ltimos anos grande aumento no
nmero de rgos ambientais municipais, como secretarias e conselhos.
Isso fica evidente em relao aos conselhos. Segundo dados do IBGE:
Em 999, dos 5.506 municpios que participaram do levantamento Gesto Ambiental e Meio
Ambiente, . (ou seja, ,%) declararam possuir conselhos municipais de meio ambiente.
Em 00, a proporo de municpios com conselhos ativos e no-ativos alcanou 9%.
Em 00, esse nmero subiu para .95, ou seja, 3% dos municpios brasileiros.
Esse crescimento tem reflexos na representao municipal no CONAMA. Em 99, por exemplo,
o plenrio do CONAMA era composto por 5 conselheiros e havia somente um representante dos
municpios. Atualmente h 09 conselheiros e oito deles representam governos municipais.
OqUeeSSeSNmerOSrevelAm?
Que houve aumento de conscincia e de presso das populaes locais por aes de
proteo ambiental;
Que as administraes despertam para o fato de que conselhos instalados e atuantes
permitem aos municpios realizar a gesto ambiental e conseqentemente a conservao do
meio ambiente;
Que aumentou o poder dos municpios e das suas organizaes representativas dentro do
SISNAMA e, conseqentemente, h agora maior capacidade de dilogo das prefeituras com os
governos estaduais e federal na rea ambiental.
21,40%
29%
34%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
1999 2001 2002
Ano
% Municpioscom Conselho deMeio Ambienteno Brasil
Qual a realidade no Seu municpio?
H Conselho Municipal de Meio Ambiente? Em caso afi rmativo, quantas vezes este se
rene por ano?
Qual o rgo que se relaciona mais de perto com a questo ambiental? H uma secretaria
especfi ca? Ou a rea de meio ambiente est associada a outros temas?
O seu municpio realiza licenciamento ambiental? Exerce aes de fi scalizao? Em caso afi rmativo,
para onde vo os recursos provenientes de licenas e multas? So aplicados diretamente em aes
ambientais ou se diluem no oramento municipal?
5
'ERAODE)NFORMAES
0ARTICIPAO0OPULAR
,EGISLAO,OCAL
&ISCALIZAO
%DUCAO!MBIENTAL
%XECUODE0ROJETOS
-ONITORAMENTODA1UALIDADE!MBIENTAL
2ECURSOS&INANCEIROS
prINcpIOSdApOltIcAAmBIeNtAl4
Ao planejar o desenvolvimento do seu territrio sob o ponto de vista da sustentabilidade, os
municpios devem considerar:
uma concepo de crescimento econmico que proporcione melhor distribuio de renda;
a alocao e a gesto mais eficientes dos recursos pblicos;
a adequada utilizao dos recursos naturais, com a reduo do volume de resduos e dos nveis
de poluio, a pesquisa e a implantao de tecnologias de produo limpas e a definio de
regras para proteo ambiental;
maior equilbrio entre os espaos rural e urbano por meio do ordenamento de usos do solo;
o respeito s tradies culturais das populaes urbanas e rurais, valorizando cada espao e
cada cultura.
Para que isso ocorra, a rea de meio ambiente no deve ser vista como mais um departamento da
administrao municipal, isolada, sem recursos e sem funcionrios. O meio ambiente deve se tornar
elemento estruturador das polticas municipais, permeando todos os setores da administrao.
UmAredepArAprOteGerOmeIOAmBIeNteNOmUNIcpIO
No dia-a-dia municipal preciso mais do que a existncia de um ou dois rgos para realizar
a gesto ambiental. Deve-se estabelecer uma poltica voltada para a questo ambiental e para a
formulao de instrumentos que tornem essa poltica efetiva. Veja no esquema grfico as aes
necessrias a um sistema municipal de meio ambiente:
4. Extrado de Manual de Saneamento e
Proteo Ambiental para os Municpios.
6
dOSprINcpIOSpArAAAO
Para se efetivar, a ao ambiental precisa estar assentada sobre uma base institucional composta
por um conjunto de normas locais e por uma estrutura administrativa. A estruturao do sistema
municipal de meio ambiente pressupe:
vontade poltica da prefeitura e sensibilidade para a importncia das questes ambientais;
independncia em relao s instncias partidrias;
estabelecimento de diretrizes para as polticas pblicas municipais nas quais o tema ambiental
oriente a execuo de planos e projetos;
integrao com as demais reas da administrao (veja esquema);
infra-estrutura condizente com as aes a serem realizadas;
equipe com perfil articulador e trnsito nos distintos setores do poder local e com as demais
instncias (estadual e federal);
prioridades de ao claras, a partir de ampla consulta e participao popular;
estabelecimento de metas alcanveis, sujeitas a revises peridicas;
estabelecimento deindicadoresde qualidade ambiental que se tornem referncia para todas
as aes do governo municipal, de preferncia gerados e administrados por um sistema de
informaes sobre o meio ambiente local;
estabelecimento de boas relaes com a Cmara dos Vereadores, pois esta tem um papel
relevante na aprovao de leis referentes ao meio ambiente local, bem como na exigncia do
cumprimento da legislao j existente em mbitos federal e estadual.
Dessa forma, a rea ambiental torna-se uma unidade viva na administrao municipal, atuando
com outras reas da municipalidade como um sistema integrado horizontalmente, e alinhado com
os demais rgos do Sistema Nacional de Meio Ambiente SISNAMA.
INdIcAdOreS
So instrumentos de medida que nos
ajudam a compreender uma determinada
situao. Por exemplo: o nmero de
rvores por habitante de um municpio
indica a sua cobertura vegetal e um dos
indicadores de sua qualidade ambiental.
Este nmero pode ser comparado ao
recomendvel e usado para decidir se
necessrio plantar mais rvores. Depois,
este mesmo indicador servir para medir
o sucesso ou fracasso de um programa de
reflorestamento.
-%)/!-")%.4%
%DUCAO
/BRAS
4RANSPORTES
!GRICULTURA
#ULTURA
4URISMO
!DMINISTRAOE'OVERNO
)NDSTIRAE#OMRCIO
eSqUemAdeINteGrAOhOrIzONtAl*
pOltIcAINteGrAdAcOmeSferASfederAleeStAdUAl
Tudo o que diga respeito ao interesse local pode ser deliberado e executado pelos municpios sem
necessidade de prvia consulta ou consentimento do estado ou da Unio, observadas as normas
e os padres federais e estaduais. recomendvel, porm, que as polticas e as aes ambientais
desenvolvidas pelos municpios sejam executadas em sintonia com as polticas pblicas estaduais
e federais e de acordo com as normas e padres vigentes. Afinal, os rgos ambientais devem atuar
de forma sistmica, integrando planejamento e aes por meio de um esforo cooperativo.
OUtrOSINStrUmeNtOSdAGeStOAmBIeNtAl
Alm dos instrumentos prprios de interveno no municpio, estabelecidos pelo SISNAMA
(legislao, licenciamento, fiscalizao, monitoramento e educao ambiental), o Sistema
Municipal ter de interagir com inmeros outros instrumentos existentes e promover articulaes
interinstitucionais para tornar efetiva a gesto ambiental (veja as interfaces do Sistema Municipal de
Meio Ambiente no volume 3 desta coleo).
* Extrado de: CNM. Meio Ambiente.
Coletnea Gesto Pblica Municipal. v.9.
Braslia: CNM, 2004. p.35.
eqUANtOAOScUStOS?
Algumas prefeituras argumentam que estruturar a rea de meio ambiente custa caro. Em geral, o
motivo dessa preocupao a crnica falta de recursos dos municpios. A criao de um sistema
municipal de meio ambiente no representa custos que justifiquem a sua inexistncia na estrutura
administrativa. Afinal, esse sistema ter de ser compatvel com o tamanho do municpio. Municpios
pequenos, com menos problemas ambientais precisam, obviamente, de estruturas menores.
Alm disso, a formalizao do sistema d autoridade ao municpio para pleitear recursos disponveis,
tanto no mbito do estado quanto do governo federal, destinados a aes ambientais. H atualmente
uma srie de instrumentos, como o ICMS Ecolgico, os fundos constitucionais e outros incentivos
para que as prefeituras possam criar rgos ambientais ativos e operantes (veja caderno 5 desta
coleo). Tambm, as atividades da gesto ambiental geram recursos para a municipalidade com a
cobrana pelos servios executados.
UmA eStrUtUrA cOmpAtvel cOm AS NeceSSIdAdeSmUNIcIpAIS
A implantao do sistema municipal de meio ambiente deve levar em conta a rea do municpio,
sua populao e os seus principais problemas ambientais. Isso determinar a escala da estrutura
necessria. A Confederao Nacional dos Municpios (CNM), em sua Coletnea de Gesto Pblica
Municipal 5 prope diferentes estruturaes dos rgos ambientais no organograma das prefeituras,
de acordo com o porte do municpio:
5. CONFEDERAO NACIONAL DOS
MUNICPIOS. Meio Ambiente. Coletnea
Gesto Pblica Municipal. v.9. Braslia:
CMN, 2004.
9
0REFEITO
#ONSELHODE-EIO!MBIENTE
!SSESSORIADE-EIO!MBIENTE
&UNDO-UNICIPALDE-EIO!MBIENTE
3ADE /BRAS!DMINISTRAOE&INANAS %DUCAO 4URISMO
3ERVIOS-UNICIPAIS
0REFEITO
#ONSELHODE-EIO!MBIENTE
&UNDO-UNICIPALDE-EIO!MBIENTE
3ADE /BRAS!DMINISTRAOE&INANAS %DUCAO
4URISMOE-EIO!MBIENTE
!GRICULTURAE-EIO!MBIENTE
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/BRAS &INANAS %DUCAO !DMINISTRAO 3ADE
*URDICA0LANEJAMENTO!MBIENTAL
3ISTEMASDE)NFORMAO
&ISCALIZAOE#ONTROLE
%DUCAO!MBIENTAL
5RBANIZAOEREAS6ERDES
-EIO!MBIENTE
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-EIO!MBIENTE
pArAmUNIcpIOSdemdIOpOrte (at 50 mil habitantes, rea territorial mdia e grande, razovel oferta de recursos naturais,
caractersticas agro-industriais, industriais mdias, porturias e de cidades-dormitrio)
pArAmUNIcpIOSdepeqUeNOpOrte(populao de at 5 mil habitantes, pequena rea, pouca oferta de recursos naturais, caractersticas
agrossilvopastoris, litorneas de pequeno porte, tursticas, e de estncias hidrominerais).
* Extrado de: CNM. Meio Ambiente.
Coletnea Gesto Pblica Municipal. v.9.
Braslia: CNM, 2004. p.30 e 31.
50
0REFEITO
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-EIO!MBIENTE
pArAmUNIcpIOSdeGrANdepOrte(acima de 50 mil habitantes, rea territorial mdia e grande, razovel oferta de recursos naturais,
caractersticas agro-industriais, mineradoras, industriais, porturias, grandes zonas urbanas ou
regies metropolitanas)
rGOSINteGrANteSdOSIStemA
conselho municipal de meio ambiente rgo superior do sistema, de carter consultivo,
normativo e deliberativo, responsvel pela aprovao e acompanhamento da implementao da
poltica municipal de meio ambiente. Os conselhos devem ser criados por lei municipal especfica.
Sua constituio poder ser paritria, isto , em igual nmero de integrantes de cada setor
representado, e envolver o maior nmero possvel de entidades representativas da sociedade civil.
Seus conselheiros devero ter mandato de, no mnimo, dois anos.
* Extrado de: CNM. Meio Ambiente.
Coletnea Gesto Pblica Municipal. v.9.
Braslia: CNM, 2004. p.32.
5
em reSumo...
rgoexecutivomunicipaldemeioambiente:Secretaria,diretoria,departamentoouseco.
O municpio tem autonomia para defi nir as competncias dos rgos, que em geral envolvem-se
em atividades de coordenao e execuo das polticas de meio ambiente, assim como fi scalizao,
licenciamento, e monitoramento da qualidade ambiental.
fundo municipal de meio ambiente rgo de captao e de gerenciamento de recursos
fi nanceiros alocados para a rea de meio ambiente. Em geral, os fundos de meio ambiente so
criados para captar recursos originados de multas e de atividades relativas gesto ambiental em
mbito municipal e para garantir a permanncia desses recursos no municpio e direcion-los a
programas e projetos de meio ambiente do prprio municpio.
O volume 2 desta coleo desenvolver as competncias, atribuies e estruturao destes rgos.
Aoplanejaroseudesenvolvimentosegundoosprincpiosdasustentabilidade,osmunicpios
devemorganizarasuareaambientaldeformaintegradacomasdemaissecretariasergos
existentes.Afinal,aquestoambientaldevesetornarumelementoestruturadordetodas
assuaspolticas.
para estruturar um sistema de gesto ambiental municipal preciso criar uma base
institucional que tenha um conjunto de normas locais e uma estrutura administrativa
que possa coloc-las em prtica. As polticas municipais devem estar em sintonia com as
estaduaisefederal.
importantepromoverarticulaesinstitucionaiscomaleiOrgnicamunicipal,aAgenda
21,oestatutodascidadeseoscomitsdeBaciahidrogrfica.paraqueagestoambiental
sejaefetiva,precisoquenohajacontradiesinternasentreasdiversasnormaseprincpios
queregemasdecisesnomunicpio.
Aconselha-seque,juntamentecomorgomunicipaldemeioambiente,omunicpiocrie
tambmoseuconselhomunicipaldemeioAmbiente,comoinstrumentodecontrolesocial,
etenhaumfundodemeioAmbiente,paracaptarosrecursosdestinadosconservaoe
preservaoambiental.
5
informao: a alma do SiStema
53
informao: a alma do SiStemaOqUeOSINImA?
O Sistema Nacional de Informao sobre Meio Ambiente (SINIMA) foi institudo pela Lei n 6.93/,
como um dos instrumentos da Poltica Nacional do Meio Ambiente. Esse sistema encontra-se em
plena implementao e tem por objetivo disponibilizar de forma descentralizada e, ao mesmo
tempo integrada, as informaes sobre meio ambiente no Brasil. Pretende-se, com isso, estabelecer
uma poltica de informao consistente para direcionar os esforos de produo, sistematizao e
disseminao de informaes sobre meio ambiente no Brasil.
O SINIMA no se configura como banco de dados centralizado. Ao contrrio, um facilitador do
acesso a informaes ambientais, estejam elas em mbito federal, estadual, municipal ou mesmo em
outros pases, a partir dos prprios bancos que as produzem. Isso quer dizer que a disponibilidade
das informaes e a sua atualizao so de responsabilidade de quem as est gerando.
Essa configurao do SINIMA s possvel devido ao uso de tecnologias de integrao e de
interoperabilidade pautadas em softwares livres (sem custos) a partir da rede mundial de
computadores (Internet). A disponibilizao dos dados por meio desse sistema de informaes
ocorre a partir da livre adeso e de um acordo de responsabilidade entre os interessados.
INterOperABIlIdAdeHabilidade de dois ou mais sistemas
(computadores, meios de comunicao,
redes, software e outros componentes de
tecnologia da informao) de interagir e
de intercambiar dados de acordo com
um mtodo definido, de forma a obter os
resultados esperados. (ISO)
SOftwAreSQualquer programa ou conjunto de
programas de computador.
5
pOrqUeOSINImAUmAferrAmeNtAImpOrtANte
facilita o acesso e disponibiliza as informaes sobre meio ambiente produzidas no Pas;
um instrumento de apoio tomada de deciso do SISNAMA, o que contribui para fortalecer
esse sistema;
tem baixo custo;
garante transparncia no acesso s informaes, facilitando pesquisas em diferentes nveis de
necessidade e contribuindo para o desenvolvimento das polticas pblicas;
fortalece a cidadania brasileira, ao permitir acesso s informaes produzidas em
diferentes instncias;
d suporte construo de uma estrutura slida para o tratamento da questo
ambiental no Pas.
vANtAGeNSpArAOSmUNIcpIOS
A produo de informaes ambientais constitui elemento essencial do planejamento e da gesto
local, bem como da tomada de decises. Ao produzir e trocar informaes, o municpio se fortalece,
sai da dependncia do Estado ao qual pertence e tambm da Unio. Com acesso informao,
ter melhores condies para solicitar Unio e ao Estado aquilo que da responsabilidade destes,
assim como para assumir os encargos que lhe competem. Comea a participar com mais efetividade
de discusses e de negociaes no que diz respeito gesto do seu territrio at mesmo com
organismos internacionais. Abre, dessa forma, novas opes para maior efetividade em suas aes
em prol do desenvolvimento sustentvel.
AArqUItetUrAdOSIStemA
A troca de informaes no SINIMA se d a partir das chamadas unidades de informao. Unidade
de informao o conjunto de dados sobre um mesmo tema. Licenciamento Ambiental, por
exemplo, considerado uma unidade de informao. A gerao e o uso dessas unidades de
informao podem ser compartilhados por diversas organizaes federais, estaduais, municipais,
regionais ou ligadas sociedade civil. Tais unidades so os tijolos da arquitetura do SINIMA.
Mas para que os distintos rgos possam se comunicar preciso que falem a mesma lngua. Do ponto
55
de vista tcnico, o SINIMA baseia-se em uma arquitetura SOA (Service Oriented Architecture - Arquitetura
Orientada para Servio) de interoperabilidade. Essa arquitetura formada por um conjunto de servios
baseados na Internet (Web Services), que integra as unidades de informao geradas e utilizadas pelos
diversos participantes do sistema por meio de padres abertos (XML), para os quais h servios em
todo o mundo.
O sucesso da proposta e a efetividade do sistema dependem, portanto, de criao de plataformas
comuns para que os dados produzidos conversem entre si. Alm disso, preciso que os principais
interessados, os integrantes do SISNAMA, consigam consenso na definio de suas unidades de
informao bsicas.
GOverNOeletrNIcO
Essa maneira de operar compatvel com as modernas tendncias de governo eletrnico. As redes
de servios interoperantes podem ser acessadas pelos cidados e cidads por meio da Internet.
Dentro dessa viso, um simples quiosque de acesso Internet pode funcionar como poderoso
ponto de atendimento integrado sociedade.
O SINIMA no tem nada a ver com os sistemas convencionais, nos quais cada agncia governamental
apresenta servios auto-suficientes (ou seja, que no operam em interface com os servios de outras
agncias), ficando custa do sacrifcio do prprio cidado o papel de integrar essas informaes.
56
Quer ver como funciona?
. Entre na Internet e acesse o site do Ministrio do Meio Ambiente (www.mma.gov.br).
. Na pgina principal, clique em Portal Nacional de Licenciamento Ambiental (PNLA).
3. Voc ter acesso a informaes sobre licenas ambientais em suas diversas etapas.
. Ali esto os dados sobre licenciamento gerados pelo Ministrio do Meio Ambiente, pelo IBAMA e
por sete estados j integrados ao sistema (Bahia, Cear, Gois, Minas Gerais, Paraba, Paran e Rio
Grande do Sul).
5. Caso voc queira saber sobre legislao referente a licenciamento ambiental s clicar em
legislao e escolher federal - link para a pgina do IBAMA, onde esto reunidas todas as leis,
decretos e portarias referentes questo em mbito nacional, ou links para a legislao de cada
estado integrado ao SINIMA.
6. Se voc quiser conhecer as leis sobre licenciamento do Estado do Cear, por exemplo, clique em
cima do endereo referente e voc estar na pgina do rgo ambiental desse estado (SEMACE).
Tudo automaticamente! assim que o SINIMA funciona.
5
UmSIStemAemcONStrUO
O SINIMA foi institudo em 9, como um dos instrumentos da Poltica Nacional de Meio
Ambiente. Porm, s em 003, com a Lei 0.650/003, que determina o acesso pblico aos dados
e informaes disponveis nos rgos e entidades integrantes do SISNAMA, que passou a ser
implementado. Atualmente, alm do Portal Nacional de Licenciamento Ambiental, encontram-se
no sistema as seguintes unidades de informao:
Cadastro Nacional de Unidades de Conservao,
Rede Nacional de Educao Ambiental,
Sistema de Georreferenciamento de Projetos,
thesaurus de Meio Ambiente,
Indicadores Ambientais no mbito do SISNAMA.
OSGeStOreSdOSIStemA
A construo do sistema envolve um amplo processo de articulao institucional. Para isso, foi
criado um Comit Gestor do SINIMA, coordenado pelo Ministrio do Meio Ambiente. Por meio
desse comit possvel realizar as articulaes necessrias e promover acordos entre os rgos
ambientais e outras entidades representativas do meio ambiente nos estados, nos municpios e na
sociedade civil, de forma a estabelecer a linguagem mais apropriada para facilitar a comunicao
dentro do sistema.
Alm do MMA, fazem parte do Comit Gestor do SINIMA:
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA),
Associao Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (ABEMA),
Associao Nacional de Municpios e Meio Ambiente (ANAMMA),
Agncia Nacional de guas (ANA),
Instituto de Pesquisas do Jardim Botnico do Rio de Janeiro (JBRJ),
Frum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS).
theSAUrUSVocabulrio que define conceitos e cobre de forma extensiva um ramo especfico de conhecimento, como meio ambiente, por exemplo.
5
INterfAce
Dispositivo fsico ou lgico que faz a adaptao entre dois sistemas.
pArASeINteGrArAOSINImA
O SINIMA no um sistema convencional de informaes. Funciona mais como uma plataforma
descentralizada e democrtica. Para comear a falar a mesma linguagem no preciso se
subordinar ao sistema. Por isso, no h uma receita de integrao ao SINIMA. A diversidade dos
municpios brasileiros e de condies locais que vai determinar o tipo de conexo possvel. Para
isso, necessrio que haja no municpio:
Vontade poltica e reconhecimento da importncia e da necessidade de gerar, atualizar e
disponibilizar sua base de dados;
Definio das necessidades em termos de gerao e acesso a dados;
Conhecimento da estrutura conceitual dos temas considerados (unidades de informao) e
Conhecimento da tecnologia de informao envolvida na interoperao.
O municpio pode acessar o SINIMA de diversas maneiras:
Na condio de usurio dos dados: via Internet, seja por meio de linha discada ou banda larga
ou, at mesmo, por meio de CD-ROM;
Na condio de produtor/usurio de dados que fala integralmente a mesma linguagem do
SINIMA;
Na condio de produtor/usurio que compatibiliza o seu padro de dados para operar
em conjunto com o SINIMA apenas em algumas reas, mantendo sua base prpria
e independente.
prefeituras que j dispem de sistemas de informao Estas podero integrar-se
imediatamente ao SINIMA. Basta que construam Web Services, os quais tornaro disponveis (e
recebero) dados relativos s unidades de informao relacionadas ao universo de informaes
de que dispe. Nesse sentido, aes envolvendo municpios, tais como So Paulo, Belo Horizonte,
Salvador e Florianpolis, por exemplo, poderiam ser desenvolvidas imediatamente.
Tal construo barata e rpida, porque aproveita toda a infra-estrutura j existente no sistema
de informao (bancos de dados, motores de busca etc.) e oferece uma interface padronizada
independente. Assim, sistemas que operam com diferentes tecnologias de bancos de dados
podem se comunicar entre si, por meio da Internet, trabalhando como se fossem parte de um
mesmo conjunto.
prefeiturasquenodispemdebancosdedados - importante que entendam a necessidade
de gerar, atualizar e gerenciar as informaes sobre o municpio. Numa sociedade cada vez mais
voltada para a informao, isso constitui importante capital. Os especialistas na rea recomendam
que o sistema de informaes deva se encaixar na lgica de negcios do municpio para que haja
sempre interesse e seja lucrativo mant-lo atualizado.
59
OSUceSSOdOSINImA
Alm de ser um instrumento voltado para o fortalecimento do SISNAMA, o SINIMA deve projetar
sua excelncia em qualidade a partir do compromisso e da responsabilidade institucional dos rgos
do SISNAMA. Para se efetivar, depende de que estes garantam:
funcionamento pleno dos padres de integrao e interoperabilidade,
oferta de informao em formato adequado e atualizado,
compromisso com o desenvolvimento de um servio nacional de informao ambiental que
benefi cie a si prprios e a toda a sociedade.
Para saber mais, acesse:
www.mma.gov.br/sinima
em reSumo...
para apoiar e integrar todo este sistema no territrio nacional est em plena
implementaooSistemaNacionaldeInformaosobremeioAmbiente(SINImA),quetem
porobjetivodisponibilizardeformadescentralizadaeintegradaasinformaessobremeio
ambientenoBrasil.
O SINImA no um banco de dados centralizado e sim um facilitador do acesso s
informaesambientaisapartirdediversosbancosdedadosjexistentes.Nessesistema,
quemgeraasinformaesresponsvelpordisponibiliz-lasemant-lasatualizadas.
A troca de informaes no SINImA baseia-se na criao de uma linguagem comum aos
diversos bancos de dados vinculados ao sistema. funciona com base em unidades de
informao,ouseja,emconjuntosdedadosquetratamdomesmotema.essasunidadesde
informaopodemsercompartilhadaspordiversosrgosepelasociedadecivil,pormeio
daInternet.
estesistema,coordenadopeloministriodomeioAmbientepormeiodeumcomitGestor,
garantetransparncianoacessosinformaesefortaleceacidadania.
fundamentalparaomunicpiodispordeinformaesparapodertomardecisesefazero
planejamentoeagestoambiental,bemcomoparasolicitarUnioeaoestadooqueforda
responsabilidadedeleseparaassumiroquelhecompete.OmunicpiointegradoaoSINImA
podeproduziretrocarinformaeseparticiparmelhordasdiscussesqueoafetam.
60
biblioGrafia conSultada
6
biblioGrafia conSultadaBRaSIl. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE, Ministrio do Meio Ambiente,
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www.mma.gov.br/pnla, acesso em /out./005.
6
aneXo 1 GloSSrio.GloSSrio.GloSSrio
agRotxICo Substncia qumica, geralmente artifi cial, destinada a combater as pragas da
lavoura (insetos, fungos etc). Muitas dessas substncias acabam por prejudicar tambm os animais
inofensivos e o prprio homem. So tambm conhecidos por defensivos agrcolas, pesticidas ou
praguicidas (Glossrio Ibama, 003 ).
aSSoReaMento Obstruo de rio, canal, esturio ou qualquer corpo dgua por acmulo de
substncias minerais (areia, argila) ou orgnicas (lodo), diminuindo sua profundidade e a fora de sua
correnteza (Glossrio Ibama, 003).
BaCIa hIDRogRFICa Conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afl uentes
e subafl uentes. A idia de bacia hidrogrfi ca est associada noo da existncia de nascentes,
divisores de guas e caractersticas dos cursos de gua, principais e secundrios, denominados
afl uentes e subafl uentes. A rea fsica, assim delimitada, constitui-se em importante unidade de
planejamento e de execuo de atividades scio-econmicas, ambientais, culturais e educativas..
BIoDIVeRSIDaDe Representa a diversidade de comunidades vegetais e animais que se
interrelacionam e convivem num espao comum que pode ser um ecossistema ou um bioma
(Glossrio Ibama, 003).
BIoMa Conjunto de vida (vegetal e animal) defi nida pelo agrupamento de tipos de vegetao
contguos e identifi cveis em escala regional, com condies geoclimticas similares e histria
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