JOELMA BARBOSA FERREIRAMARCIA GOMES DE OLIVEIRAMARCIO RODRIGO DE MOURA
MARCOS MEDEIROSSEVERINA FERREIRA DOS SANTOS
INTOXICAÇÃO EXÓGENA
JOÃO PESSOA2014
JOELMA BARBOSA FERREIRAMARCIA GOMES DE OLIVEIRAMARCIO RODRIGO DE MOURA
MARCOS MEDEIROSSEVERINA FERREIRA DOS SANTOS
INTOXICAÇÃO EXÓGENA
Trabalho apresentado ao Curso de Enfermagem da Faculdade Mauricio de Nassau, para a disciplina Urgência e Emergência.
Profª. Narjara
JOÃO PESSOA2014
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 3
2 FASES DA TOXICOLOGIA 4
3 CONCEITOS BÁSICOS 4
4 PARÂMETROS TOXICOLÓGICOS 5
5 CIÊNCIAS DA TOXICOLOGIA 6
6 INTOXICAÇAO EXÓGENA AGUDA NA EMERGENCIA 6
8 ABORDAGENS DE DESCONTAMINAÇÃO 10
9 MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA ELIMINAÇÃO 10
10 ALGUNS GRUPOS DE AGENTES QUE CAUSAM INTOXICAÇÕES E SUAS
CARACTERÍSTICAS 13
11 SERVIÇO DE REFERÊNCIA DE TOXICOLOGIA 14
REFERENCIAS 15
ANEXO 16
3
1 INTRODUÇÃO
Um tóxico é qualquer substância, que, quando ingerida, inalada,
absorvida, aplicada na pele ou produzida dentro do corpo em quantidade relativamente
pequenas, lesa o corpo através de sua ação química. Os tóxicos podem penetrar por
qualquer via, mas as mais comuns, pela ordem de frequência, são a digestiva, a
respiratória e a cutânea.
O veneno introduzido no organismo exerce a sua ação de acordo com
o sistema atingido, sangue, aparelho cardiovascular, aparelho respiratório, aparelho
gastrintestinal, aparelho urinário e aparelho nervoso.
O tratamento de emergência para intoxicações tem como fundamental
exigência remover ou inativar o tóxico antes que ele seja absorvido; fornecer
cuidados de suporte na manutenção de sistemas orgânicos e vitais; administrar um
antídoto específico para neutralizar um tóxico específico; programar o tratamento que
acelere a eliminação do tóxico absorvido.
4
2 FASES DA TOXICOLOGIA
Histórico
Fase do descobrimento - Teve início com o homem primitivo em seu contato
com a natureza como meio de sobrevivência, que em seu dia a dia tomou contato
com plantas e animais, surgindo deste contato a identificação de substâncias que
eram ou não benéficas a sua vida.
Fase primitiva - É talvez a parte mais importante, pois estuda os venenos como
meio de suicídio, de homicídio e até punitivo, trazendo importantes conclusões
inclusive para a moderna toxicologia.
Fase moderna - Início a partir de 1800, com o surgimento de métodos de
estudos para identificação de venenos, com o que, diminuiu sua atuação
criminosa, porém a partir deste conhecimento houve um aumento significativo
de intoxicações acidentais (ex. uso de agrotóxicos).
3 CONCEITOS BÁSICOS
Toxicologia é a ciência que estuda a natureza e o mecanismo das lesões tóxicas
nos organismos vivos expostos aos venenos. Segundo definição de Casarett:
“Toxicologia e a ciência que define os limites de segurança dos agentes
químicos, entendendo-se como segurança a probabilidade de uma substancia não
produzir danos em condições especiais”.
Veneno é toda substancia que incorporada ao organismo vivo, produz por sua
natureza, sem atuar mecanicamente, e em determinadas concentrações,
alterações da físico-química celular, transitórias ou definitivas, incompatíveis
com a saúde ou a vida.
Intoxicação Exógena ou Envenenamento: é o resultado da contaminação de
um ser vivo por um produto químico, excluindo reações imunológicas tais como
alergias e infecções. Para que haja a ocorrência do envenenamento são
necessários três fatores: substancia, vitima em potencial e situação desfavorável.
Toxicidade é a capacidade de uma substancia produzir efeitos prejudiciais ao
organismo vivo.
5
4 PARÂMETROS TOXICOLÓGICOS
Toxicidade aguda - É aquela produzida por uma única dose, seja por via oral,
dermal ou pela inalação dos vapores.
Toxicidade crônica - É aquela que resulta da exposição contínua a um
defensivo, sendo que este não pode causar não causa toxicidade aguda por
apresentar-se em baixas concentrações. A toxicidade crônica é mais importante
que a toxicidade aguda, pois normalmente ocorre pela contaminação de
alimentos ou lentamente no seu ambiente de trabalho.
Veneno - É todo e qualquer produto natural ou sintético, biologicamente ativo,
que introduzido no organismo e absorvido, provoca distúrbios da saúde,
inclusive morte, ou, se aplicado sobre tecido vivo e capaz de destruído.
Toxicidade - É a capacidade de uma substância química produzir lesões, sejam
elas físicas, químicas, genéticas ou neuropsíquicas, com repercussões
comportamentais.
Intoxicação - É um estado deletério manifestado pela introdução no organismo
de produto potencialmente danoso.
DL50 (Dose Letal) - É a dose letal média de um produto puro em mg/Kg do
peso do corpo. Esta terminologia pode ser empregada para intoxicação oral,
dermal ou inalatória.
Dosagem Diária Aceitável (DDA) - Quantidade máxima de composto que,
ingerida diariamente, durante toda a vida, parece não oferecer risco apreciável à
saúde.
Carência - Compreende o período respeitado entre a aplicação do agrotóxico e a
colheita dos produtos.
Efeito Residual - Tempo de permanência do produto nos produtos, no solo, ar
ou água podendo trazer implicações de ordem toxicológica.
Antídoto - Toda substância que impede ou inibe a ação de um tóxico é chamada
antídoto.
Toxicidade Aguda - O processo tóxico em que os sintomas aparecem nas
primeiras 24 horas após a exposição às substâncias.
Toxicidade Crônica - Processo tóxico em que os sintomas aparecem após as
primeiras 24 horas, ou mesmo de semanas ou meses após a exposição às
substâncias.
6
Toxicidade Recôndita - É o processo tóxico em que ocorrem lesões, sem
manifestações clínicas.
5 CIÊNCIAS DA TOXICOLOGIA
A Toxicologia busca o conhecimento das manifestações produzidas
pelos venenos no organismo e tudo que se relaciona aos mesmos. Por suas variadas
áreas de interesse e uma ciência multidisciplinar, pois e integrada por varias ciências:
· Química Toxicológica: Estrutura Química e Identificação dos Tóxicos.
· Toxicologia Farmacológica: Efeitos Biológicos e Mecanismos de Ação.
· Toxicologia Clinica: Sintomatologia, Diagnóstico e Terapêutica.
· Toxicologia Ocupacional: Prevenção, Higiene do Trabalho.
· Toxicologia Forense: Implicações de Ordem Legal e Social.
· Epidemiologia das Intoxicações.
· Toxicologia Ambiental.
· Toxicologia dos Alimentos.
Estas ciências interessam, portanto, aos profissionais de varias áreas:
médicos, sanitaristas, farmacêuticos, ecologistas, veterinários, biólogos, psicólogos, etc.,
cada um visualizando o veneno por uma determinada ótica.
6 INTOXICAÇAO EXÓGENA AGUDA NA EMERGENCIA
Intoxicação exógena pode ser definida como a consequência clínica
e/ou bioquímica da exposição a substâncias químicas encontradas no ambiente ou
isoladas. Como exemplo de substâncias intoxicantes ambientais, podemos citar o ar,
água, alimentos, plantas, animais peçonhentos ou venenosos. Por sua vez, os principais
representantes de substâncias isoladas são os pesticidas, os medicamentos, produtos
químicos industriais ou de uso domiciliar.
Intoxicação exógena aguda (IEA) representa hoje 5% a 10% dos
atendimentos no pronto socorro, sendo que apenas 5% do total realmente necessitarão
de cuidados em unidade de medicina intensivos. O grande volume de ocorrência é de
7
emergência psiquiátrica, como ideia e tentativa de suicídio sejam com uso de
medicamentos ou drogas ilícitas ou licitas e o uso inadequado de agrotóxico.
Como ainda há um número crescente da população jovem envolvida
tanto em intoxicação como em óbito por intoxicação exógena, encontramos a
necessidade de que a enfermagem esteja cada vez mais familiarizada com esta
realidade nas unidades de Emergência.
O tratamento de emergência para intoxicações tem como
fundamentais exigências, identificar o agente com uma boa historia clinica (lembrando
que 92% dos casos são de uma única substância); avaliar a gravidade do caso;
fornecer cuidados de suporte na manutenção de sistemas orgânicos e vitais; instalar
medidas de suporte clínico e medidas para prevenir a absorção do agente; fazer uso de
antídoto quando indicado; aumentar a eliminação do agente; prevenir nova exposição:
avaliação psiquiátrica em casos de ideias e tentativa de suicídio.
Fatores que influenciam na Toxicidade
Fatores que dependem do sistema biológico - Idade, peso corpóreo, temperatura,
fatores genéticos, estados nutricionais e patológicos.
Quantidade ou concentração do agente tóxico.
Estado de dispersão - Importante à forma e o tamanho das partículas.
Afinidade pelo tecido ou organismo humano.
Solubilidade nos fluídos orgânicos.
Sensibilidade do tecido ou organismo humano.
Fatores da substância em si.
Durante o exame físico sempre avaliar:
PUPILAS SUGESTIVO A USO DE
Midríase Cocaína, efedrina, anfetamina, etc.
Miose Heroína, morfina, codeína, antipsicóticos, etc.
Histagmo Barbitúricos, fenitoína, carbamazepina, lítio, etanol, IMAO´S.
Tabela 1 – Alterações nas pupilas
8
ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS SUGESTIVO A USO DE
Convulsões Cocaína, anfetamina, teofilina,
antidepressivos, fenotiazinas, inseticidas, lítio,
antiarrítmicos, betabloqueadores, monóxido
de carbono.
Coma Anticolinérgicos, antidepressivos,
hipoglicemiantes, antiepiléticos, lítio,
inseticidas, sedativos, opioídes, álcool.
Agitação Alucinógenos (LSD, quetamina e ecstasy).
Simpaticomiméticos (cocaína, anfetaminas).
Escopolaminas, relaxantes musculares,
atropina, antihistaminico, lítio, lidocaína.
Metais pesados
Tabela 2 – Alterações neurológicas
ALTERAÇÕES
CARDIOVASCULARES
SUGESTIVO A USO DE
Hipertensão \ taquicardia:
geralmente agitado, midríaco.
Simpaticomimético, anticolinérgico, alucinógeno,
inseticida.
Hipertensão \ bradicardia Derivados Ergot, finelefrina, chumbo, carbamatos
e organofosfarados, inseticidas, etc.
Hipotensão \ taquicardia Álcool, agonista beta-adrenérgico, hidralazina,
fenitoína, antidepressivo tricíclicos, metais
pesados (ferro e arsênio), colchicina e nitratos.
Hipotensão \ bradicardia Beta-bloqueadores, bloqueadores do canal de
cálcio, digoxina, alfa metildopa, sedativos,
opioídes, inseticidas e antiarrítmicos.
Tabela 3 – Alterações cardiovasculares
A farmacologia da intoxicação é outro ponto peculiar. Não se podem
aplicar os conceitos de farmacodinâmica ou farmacocinética ao paciente intoxicado. Um
produto, em doses tóxicas, passa a ter efeitos outros que os habituais, em doses
terapêuticas, pois passa a atuar em mecanismos moleculares diversos, muitos dos quais
9
ainda desconhecidos. Conhecer o quadro clínico e o manejo das principais intoxicações
é essencial àqueles que prestam assistência médica de emergência.
O laboratório é uma ferramenta de grande auxílio em toxicologia.
Alguns compostos têm seus metabólitos identificados na urina. Outros podem ser
identificados no soro. A dosagem sérica da substância é um dado importante na
classificação de gravidade da intoxicação por alguns compostos. Dosagens seriadas são
importantes em intoxicações graves, sendo indicadores de resposta ao tratamento, bem
como do momento em que o tratamento específico pode ser interrompido.
E, por fim, é no relacionamento médico-paciente que talvez se
encontre a maior dificuldade no atendimento em toxicologia. São frequentes os
sentimentos de raiva e de desprezo, principalmente contra os que tentam
autoextermínio. Não nos cabe, neste espaço, discutir os motivos que levam nossos
pacientes a buscar tal solução para seus problemas. Muito menos, nos é permitido não
lhes prestar a devida assistência médica e humanitária. Nem só de problemas físicos
padecemos. Temos como exames complementares obrigatórios:
Bioquímica: hemograma, ureia, creatinina, TAP, gasometria, sódio e potássio.
ECG: realizar para todos os casos, podendo encontrar:
a) Bradicardia e bloqueio AV: digoxina, betabloqueadores, etc.
b) QRS alargado: lítio, fenitoína, antidepressivo tricíclico etc.
c) Taquicardia supraventricular: cocaína, anfetamina, efedrina,
escopolaramina, hormônio tireoidiano.
d) Taquicardia ventricular: solventes, cocaína, potássio.
RX de tórax:
a) Opacidade: lembrar-se de substâncias aspirativas como hidrocarboneto,
lítio, metais pesados.
b) Edema pulmonar de origem não cardiogênica: opioides,
organofosforato, carbamato, salicilato, etc.
Situações de alto risco podem ser observadas durante a ocorrência
como obstrução de vias aéreas, dor torácica, dor intensa, febre com neuropnia,
hemoptise, enterorragia, hematemêse. Conduta em sala de emergência: MOV -
Monitorização (PA, FC, Saturação); oxigênio, venóclise.
10
7 MEDIDAS GERAIS
Avaliar os sinais vitais e mantê-los em parâmetros adequados é o
manejo básico, que deve ser dispensado a todo paciente em um atendimento de
emergência. Isso pode ser feito de modo a manter os mecanismos fisiológicos, ou
auxiliando-os, como no caso da ventilação mecânica, e é valido para o paciente
intoxicado. Devemos ainda, despender todo o esforço possível na tentativa de retirar do
organismo a substância causadora da intoxicação. Para tal, dispomos de algumas
medidas gerais, aplicáveis a quase todos os casos de intoxicação.
8 ABORDAGENS DE DESCONTAMINAÇÃO
Lavagem gástrica
A lavagem gástrica deve ser indicada em intoxicações exógenas que
preencham todos os seguintes critérios: tempo de ingestão menor que um a hora,
substância potencialmente tóxica ou desconhecida e que não haja contraindicações à
lavagem gástrica.
Contraindicações à lavagem gástrica
Rebaixamento do nível de consciência com perda dos reflexos de proteção das
vias aéreas. Neste caso, indicado IOT antes da lavagem.
Ingestão de substâncias corrosivas como ácidos ou bases.
Ingestão de hidrocarbonetos.
Risco de hemorragia ou perfuração do trato gastrointestinal, inclusive se
cirurgias recentes e presença de comorbidades.
Êmese
O uso de xarope de ipeca ou de outro indutor de vômito não é medida
terapêutica aceitável nos nossos dias, pelo potencial risco de dano aos tecidos, quando
expostos à substância tóxica mais de uma vez, bem como pelo risco de aspiração,
principalmente em casos de vias aéreas desprotegidas (coma ou convulsões).
11
Carvão ativado
Medida posterior à lavagem gástrica. Também deve ser realizada em
todos os intoxicados, sendo as exceções as mesmas para a lavagem gástrica. Seu efeito é
melhor dentro da primeira hora após a intoxicação. Dificilmente se consegue estabelecer
a relação temporal entre a exposição e a chegada do paciente ao hospital, sendo assim,
tal medida deve ser tomada em todos os casos de intoxicação.
Devemos lembrar que o carvão ativado é inefetivo contra alguns
compostos, entre eles: álcalis cáusticos, lítio, álcoois e sais de ferro. Tem pouca
efetividade contra organoclorados e digoxina.
Tem grande capacidade de adsorver várias substâncias e prevenir a
sua absorção sistêmica. Dose recomendada: 0,25 a 0,5g de carvão/kg 4/4h a 6/6h.
Contraindicações ao carvão ativado
Rebaixamento do nível de consciência com perda dos reflexos de proteção das
vias aéreas. Neste caso, indicado IOT.
Ingestão de substâncias corrosivas como ácidos ou bases.
Ingestão de hidrocarbonetos.
Risco de hemorragia ou perfuração do trato gastrointestinal, inclusive se
cirurgias recentes e presença de comorbidades.
Ausência de ruídos gastrointestinais ou obstrução.
Substâncias que não são adsorvidas pelo carvão: álcool, metanol, atilenoglicol,
cianeto, ferro, lítio e flúor.
Laxativos
O principal utilizado é o manitol, em solução a 20%. A dose utilizada
é de 100 a 200ml, até de 8 em 8 h, nas primeiras 24 h. Sua utilização tem importância
em associação ao carvão ativado, nos casos de compostos de elevada toxicidade,
diminuindo a chance de absorção por reduzir o tempo de contato com o trato
gastrointestinal.
12
Irrigação intestinal
Método: uma solução é administrada através de sonda nasogástrica, a
uma taxa de 1500ml a 2000ml/hora. O objetivo é que a mesma solução administrada
pela sonda seja recuperada por via retal, provocando uma limpeza ‘’ mecânica’’do trato
gastrointestinal. Muito raramente, esse método é utilizado para diminuir a absorção de
tóxicos. É útil para indivíduos que ingeriram grandes doses de ferro ou outros metais
pesados.
9 MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA ELIMINAÇÃO
Diurese forçada e alcalinização da urina
Compostos de eliminação renal podem ter sua depuração aumentada
por simples hiper-hidratação e uso de diuréticos potentes. Uma condição especial de
hiper-hidratação é a realizada nas intoxicações graves por barbitúricos, quando também
se provoca a alcalinização urinária, conhecida como esquema de Briggs.
SF 0,9% 1000ml 8/8h ou 6/6h para alcançar um débito urinário de 100-400ml/h.
cuidado com congestão pulmonar.
Principais tóxicos que têm sua excreção aumentada com a hiper-hidratação:
álcool, brometo, cálcio, flúor, lítio e potássio.
Manter o pH urinário maior que 7,5 aumenta a excreção de fenobarbital,
salicilatos, clorpropamida, flúor, metotrexato e sulfonamidas. Utiliza-se SG 5%
850ml + bicarbonato de sódio a 8,4% 150ml.
Hemodiálise e Hemoperfusão
Esses dois métodos não são indicados com frequência, e, se mal
indicados, podem causar maior morbidade ao invés de ajudar na recuperação do
paciente. É essencial que se tenha o conhecimento, se o tóxico em questão é extraído
13
por tais métodos. São indicados em casos graves, casos com dosagem sérica em níveis
letais, deterioração progressiva do quadro clínico a despeito de terapia adequada e casos
de compostos com toxicidade retardada. Podem ser utilizadas em intoxicações por
alcoóis, barbitúricos, salicilato, lítio, arsênicas, paraquat, compostos de ferro, mercúrio
e chumbo entre outros.
Antídotos e Antagonistas
Também têm indicações precisas. É importante que se conheçam as
indicações e se pese a necessidade para cada caso. Além disso, devem ser conhecidas e
respeitadas às doses para um composto, a fim de não se causar nova intoxicação ao
paciente. Abaixo, listamos os principais compostos, com suas indicações.
10 ALGUNS GRUPOS DE AGENTES QUE CAUSAM INTOXICAÇÕES E SUAS
CARACTERÍSTICAS
Medicamentos: Tipo mais frequente de intoxicação em todo o mundo, inclusive no
Brasil. Ocorre frequentemente em crianças e em tentativas de suicídio.
Domissanitários: Produtos de composição e toxicidade variada, responsável por muitos
envenenamentos. Alguns são produzidos ilegalmente por “fabricas de fundo de quintal”,
e comercializados de “porta em porta”. Geralmente tem maior concentração, causando
envenenamentos com maior frequência e de maior gravidade que os fabricados
legalmente.
Inseticidas de uso Doméstico: São pouco tóxicos quando usados de forma adequada.
Podem causar alergias e envenenamento, principalmente em pessoas sensíveis. A
desinsetização em ambientes domiciliar, comercial, hospitalar, etc., por pessoa ou
“empresa” não capacitada pode provocar envenenamento nos aplicadores, moradores,
animais domésticos, trabalhadores e principalmente em pessoas internadas, ao se
utilizarem produtos tóxicos nestes ambientes.
14
Pesticidas de Uso Agrícola: São as principais causas de registro de óbitos no Brasil,
principalmente pelo uso inadequado e nas tentativas de suicídio.
Raticidas: No Brasil, só estão autorizados os raticidas a base de anticoagulantes
cumarinicos. São grânulos ou iscas, pouco tóxicos e mais eficazes que os clandestinos,
porque matam o rato, eliminam as colônias. A utilização de produtos altamente tóxicos,
proibidos para o uso doméstico tem provocado envenenamentos graves e óbitos.
Animais Peçonhentos: Constitui o grupo de maior numero de casos registrados em
nosso Estado. Isto se deve a alguns fatores ambientais e locais, influenciados pelo
habitat e coleta e conservação da guarda adequada do lixo.
11 SERVIÇO DE REFERÊNCIA DE TOXICOLOGIA
O CEATOX/PB é um serviço oferecido pelo Hospital Universitário
Lauro Wanderley (HULW) através do Departamento de Ciências Farmacêuticas do
Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba e integrado a Pró-
Reitoria de Assuntos Comunitários. A assistência é prestada por farmacêuticos, biólogos
especialistas em Toxicologia e Toxinologia e, estudantes dos cursos de Enfermagem,
Farmácia e Medicina, devidamente treinados, capacitados a reconhecer os diversos
problemas que ocorrem em casos de intoxicação em parceria com as clínicas do HULW
(Departamento de Doenças Infectocontagiosas e Serviço de Pronto Atendimento Adulto
e Pediátrico), além de outros hospitais da rede pública e privada. O CEATOX atua na
prevenção, diagnóstico e tratamento das intoxicações por substâncias químicas e
acidentes provocados por animais peçonhentos. O Centro oferece informações sobre
diversos temas: medicamentos, agrotóxicos, produtos de uso doméstico, produtos
industriais, abuso de drogas, plantas tóxicas, alimento e animais peçonhentos. O serviço
é dirigido à população em geral em regime de plantões vinte e quatro horas por dia, sete
dias por semana.
15
REFERENCIAS
ANDRADE FILHO, A.; CAMPOLINA, D.; DIAS, M.B. Toxicologia na Prática Clínica.Belo Horizonte: Folium, 2001, pp. 133-136, 167-168 e 295-299.
Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba. Hospital Universitário Lauro WanderleySite: www.ufpb.br/ceatox. E-mail: [email protected].
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX).Casos registrados de intoxicação humana por agente tóxico e centro, 2010. [Internet]. [acesso em: 12 mar 2014]. Disponível em: http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/media/nd1.pdf.
OLIVEIRA RDR & MENEZES JB. Intoxicações exógenas em
SCHVARTSMAN C, et al. Intoxicações exógenas agudas. J. pediatr. (Rio J.). 1999; 75 (Supl.2): S244-S250
Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Sistema de informação sobre agrotóxico (SIA). Brasília, 2009. [Internet]. [acesso em: 12 mar 2014].Disponível em : http://www.anvisa.org.br/toxicologia/sia.htm.
LARINI, LOURIVAL. Toxicologia. São Paulo: Manole, 1987, pp. 240-246 e 290-292. Clínica Médica. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 472-479, abr./dez.2003. Postado em 23de Out 2012 por Hélio Ortiz .
Intoxicações exógenas o que fazer. Acessado em 11 mar 2014. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/intoxicacao-exogena-o-que-fazer/16207/#ixzz2vaJqP6Xy
Irwin e Rippe, Medicina intensiva; sexta edição; volume dois; paginas 1208 a 1430.
ANEXO
FIGURA 1 – Modelo de Ficha de Investigação Toxicológica / SINAN
FIGURA 2 – Modelo de Ficha de Investigação Toxicológica / SINAN