PRIMEIRA IGREJA PRESBITERIANA
DE JOÃO PESSOA
GRUPOS DE CRESCIMENTO 2015
TEMA: JESUS O FILHO DE DEUS
MEDITAÇÕES NO EVANGELHO
SEGUNDO JOÃO
TEXTO: JOÃO 6: 60-71
INTRODUÇÃO:
No estudo passado pudemos perceber
fatos do momento de maior
popularidade de Jesus.
As multidões seguiam ao Senhor sem
lhe dar descanso.
A todo momento Ele estava curando
pessoas, que quase não tinham tempo
nem para se alimentar, tampouco
Jesus tinha. Isto culminou no dia em
que Jesus multiplicou os pães, além
de ter curado vários enfermos.
Naquele momento, o povo quis fazer de
Jesus o Rei.
Ele estava em alta, sua fama era sem
precedentes. Jesus afastou seus
discípulos daquela multidão que o
queria como rei. Essa multidão,
desejosa de fazer Jesus rei, foi
confrontada por Ele, que mostrou
como ela estava equivocada na
maneira de segui-lo.
A motivação deles estava distorcida.
Neste contexto, Jesus quis esclarecer
o quanto eles estavam equivocados,
pois pensavam que Jesus era apenas
um carpinteiro, ao que o Senhor lhes
mostra: Que ele veio do Céu! Que era
enviado de Deus, o Filho de Deus, ou
seja, o próprio Deus.
Mas Jesus, sabendo por si mesmo que
eles murmuravam a respeito de suas
palavras, interpelou-os: isto vos
escandaliza? (lhe fazem tropeçar?)
(João 6.61).
Os discípulos que ouviram aquele
discurso ficaram insatisfeitos,
passando a reclamar dEle.
Observe os contrastes: num
momento, estão felizes com Jesus,
querendo lhe fazer um rei, pouco
depois, no entanto, já querem afastá-
lo, reclamando.
60. Os versículos restantes do
capítulo 6 formam um apêndice ao
discurso, que descreve quantos
ouvintes de Jesus, mesmo os que até
então simpatizavam com ele e eram
contados entre seus adeptos, estavam
escandalizados com seu ensino.
Mesmo sabendo que ele devia estar
usando termos figurados ao falar de
comer sua carne e beber seu sangue,
esta linguagem era insuportável para
eles.
Isto não acontecia somente porque
eles consideravam a metáfora
injuriosa, mas porque todo o tom do
seu argumento trazia embutida a
alegação de que ele era maior do que
Moisés.
Entretanto, será que as pessoas que
reagiram desta maneira eram
discípulos?
Está implícito que elas foram
discípulos até este momento, mas
agora não mais.
Em 8.31, Jesus diz a seus discípulos
como eles podem ser verdadeiramente
seus discípulos - permanecendo em
sua palavra.
Isto é exatamente o que as pessoas
mencionadas aqui se recusaram a
fazer. Em vez de permanecer em sua
palavra, eles a rejeitaram por
considerarem-na intolerável. Tinham
sido discípulos de nome; estavam
longe de ser discípulos de verdade.
CARSON: A linha divisora, para João,
nunca é linhagem, mas receptividade a
Jesus.
Os ‘discípulos’ aqui não permanecem
em sua palavra; eles acham que seu
ensino; é duro e se perguntam: quem
pode suportá-lo?
O adjetivo traduzido por ‘dura’ na NVI
não significa palavra ‘dura de
entender’, mas ‘rude’, ‘ofensiva’ .
Esses ‘discípulos’ não permanecerão
discípulos por muito tempo, porque
eles acham a palavra de Jesus
intolerável.
O que foi que ofendeu as
sensibilidades deles?
Há quatro características na palavra
de Jesus com as quais se ofenderam.
(1) Eles estavam mais interessados
em comida (v. 26), no messianismo
político e nos milagres manipuladores
que nas realidades espirituais para as
quais o milagre da alimentação
apontava.
(2) Eles não estavam preparados
para abandonar sua própria
autoridade soberana mesmo em
questões religiosas e, portanto, eram
incapazes de dar os primeiros passos
da fé genuína (w. 41-46).
(3) Eles se ofenderam
particularmente com as declarações
que Jesus apresentou, afirmando ser
maior do que Moisés, singularmente
enviado por Deus e autorizado a dar
vida.
(4) A metáfora estendida do ‘pão’ é
ela mesma ofensiva para eles,
especialmente quando ataca tabus
evidentes e se torna uma questão de
‘comer carne’ e ‘beber sangue’.
STOTT no livro O Discípulo Radical:
“Ele nos diz também: “Por que me
chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o
que vos mando?” (Lc 6.46).
Confessar Jesus como Senhor, mas
não obedecer a ele, é como construir a
vida sobre a areia. Novamente: “Aquele
que tem os meus mandamentos e os
guarda, esse é o que me ama”, (Jo
14.21).
Aqui estão duas culturas e dois
sistemas de valores; dois padrões e
dois estilos de vida.
Por um lado, há o estilo do mundo ao
nosso redor; por outro, a vontade
revelada, boa e agradável de Deus.
Discípulos radicais têm pouca
dificuldade de fazer suas escolhas.”
61 - Acaso Jesus agora atenua a
dureza de sua palavra?
Será que acalma os discípulos
consternados, dizendo que a intenção
não foi tão radical assim? Nesse caso
ele teria aberto mão da única verdade
redentora.
É certo que ele constata com clareza
qual é a situação de muitos de seus
discípulos:
―Jesus, porém, sabendo por si mesmo
que seus discípulos murmuravam a
respeito de suas palavras, interpelou-
os: Isto vos escandaliza?.
A palavra torna-se para eles um
tropeço que os derruba.
Não conseguem mais acompanhá-lo, e
caem. Contudo, Jesus não pode
mudar essa situação.
CARSON: E por isso que a oração
condicional desse versículo é deixada
em aberto.
A forma como homens e mulheres
reagem a esse supremo escândalo
determina o destino deles.
Uma maneira de alimentar-se de
Cristo é receber com prazer as suas
palavras e obedecê-las; elas são
comida espiritual, que dá vida.
Jeremias descobriu que as palavras de
Deus têm esta propriedade: “Achadas
as tuas palavras, logo as comi; as tuas
palavras me foram gozo e alegria para
o coração” (Jr 15.16).
HENDRIKSEN: E, podemos ainda
acrescentar que não foi a dureza do
sermão, mas sim a dureza dos
corações , que gerou essa reação
desfavorável da parte deles.(Calvino).
63- Todo o seu discurso representou
um único ataque às suas ideias
carnais a respeito do Messias, cuja
raiz está numa valorização errada da
carne.
A carne visa ter um rei que fornece
milagrosamente o pão terreno e
conduz Israel à soberania.
Tudo isso, porém, para nada
aproveita aos olhos de Jesus.
Também a sua própria carne de nada
serviria se ele a preservasse e
guardasse para um reinado segundo
os desejos e as expectativas dos
galileus.
Somente como carne entregue e
sacrificada ela aproveita para alguma
coisa.
Na cruz, o Espírito torna a carne um
sacrifício eficaz e que preenche todos
os espaços e tempos, em favor de um
mundo perdido.
Como diz a carta aos Hebreus, Jesus
pelo Espírito eterno, a si mesmo se
ofereceu sem mácula a Deus, e
unicamente por isso o sangue de
Cristo é capaz de purificar a nossa
consciência de obras mortas (Hb 9.14).
64. Embora a revelação e as
promessas sejam grandes, alguns não
creem.
Se eles não combinam a mensagem
com fé, ela não tem nenhum valor
para eles (Hb 4.2).
Atrás de cada verdadeiro ouvir e
entender está um abrir-se interior
contido na palavra crer.
Quando isso é recusado, o resultado é
a incompreensão e murmuração, e a
palavra ouvida se torna tropeço e
motivo de queda.
É o que acontece com os muitos do
círculo de discípulos.
66 - A decisão interior se concretiza de
forma muito simples.
O relacionamento de discípulo, o
discipulado concretizava-se em de fato
andar com Jesus.
Agora muitos desistem de peregrinar
com ele e retornam, voltam de forma
muito concreta para sua vida anterior
sem Jesus. Colossenses 2.6 e 7
67. Jesus quer aproveitar essa ocasião
para testar a fé do grupo de discípulos
que gozava de sua proximidade e
intimidade.
No original, a maneira como a
pergunta é feita mostra que o Senhor
espera uma resposta negativa.
‘Vocês também não querem ir.
A pergunta é feita mais por causa
deles do que dele.
Eles precisam articular uma resposta
mais do que ele necessita ouvi-la.
Pode-se perceber, pelo ritmo da
narrativa, que, nessa ocasião, a
debandada foi tão substancial que
apenas um número restrito, não mais
do que os Doze, de fato permaneceu.
Jesus não estava preocupado com
números.
68,69. João sempre usa o nome duplo
Simão Pedro em sua narrativa nos
outros evangelhos ele ocorre com
menos freqüência (Mt 16.16, Lc 5.8).
Simão Pedro é quem dá a resposta de
forma gloriosa.
F.F.BRUCE: A vantagem da disposição
constante de Pedro de agir como porta-
voz dos doze era a ausência completa
de sofisticação, sua incapacidade de
dizer outra coisa, a não ser aquilo que
estava bem na superfície da sua
mente. Ele, quando falava, dizia o que
pensava.
70-71 - Um deles era diabo - a
palavra grega diabo/os significa “
difamador” ou “ caluniador” ou “
acusador falso” , mas provavelmente é
usado aqui como correspondendo ao
termo hebraico sãfãn, “adversário”.