CAMBIASSU – EDIÇÃO ELETRÔNICA Revista Científica do Departamento de Comunicação Social da
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São Luís - MA, julho/dezembro de 2013 - Ano XIX - Nº 13
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JORNALISMO CONVERGENTE: o portal
de notícias G1 Maranhão
Marcos Arruda Valente de FIGUEIREDO37
RESUMO: Este artigo trata sobre as mídias digitais e sua influência no comportamento das
pessoas com base nos conceitos de convergência, interatividade e mobilidade. Abordaremos o
portal de notícias G1Maranhão, implantado em março de 2012, como vetor do surgimento de
novos recursos e modelos no processo de comunicação na realidade maranhense. Esse novo
cenário representa um desafio para o jornalismo online e para as empresas de comunicação.
PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo online. Convergência. Interatividade. Mobilidade.
ABSTRACT: This article is about digital midia and their influence on people behavior based
on concepts of convergence, interactivity and mobility. We will discuss about the news portal
G1Maranhão, deployed on march 2012, emergence as vector of new means and models of
process on comunication of maranhense reality. This new scenario represents a challenge for
the online journalism and for business comunication.
KEY WORDS: Online journalism. Convergence. Interactivity. Mobility.
1 Apresentação
As mídias digitais transformaram – e continuam transformando – a forma de
comunicação no mundo. A internet está revolucionando o jornalismo e modificando o
comportamento da sociedade. Estamos em plena revolução tecnológica. Novidades surgem
diariamente trazendo novas possibilidades de interação com o público, ampliando, assim, sua
experiência com as mídias. O tradicional modelo de comunicação de massa baseado no envio
de mensagens a uma audiência homogênea está cedendo lugar a um novo sistema capaz de
abranger e integrar todas as formas de expressão, diversidade de interesses e valores, por meio
de uma rede caracterizada por seu alcance global e pela interatividade.
37 É jornalista, professor adjunto do Departamento de Comunicação Social da UFMA, mestre em Comunicação
pela Universidade Federal Fluminense e doutorando em Comunicação pela Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]
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Os avanços das tecnologias digitais estão sendo rapidamente incorporados não
somente ao cotidiano das pessoas e das empresas de comunicação, mas também estão
transformando a maneira de viver e de fazer jornalismo, proporcionando novas formas de
comunicação e relacionamento. A internet faz com que as noções tradicionais de tempo e
espaço sejam superadas, ao permitir a comunicação e o compartilhamento de informações e
conhecimentos de maneira mais rápida, a qualquer momento, e de qualquer lugar do mundo.
Houve um grande salto na capacidade de difusão de informação, conhecimento e
opinião – e de acesso a tudo isso. Assim, estamos nos referindo aqui não só a uma simples
rede de computadores, mas a uma rede de pessoas. Ao pensarmos em sociedade em rede,
inevitavelmente recorremos a Castells (2003), para quem a revolução da tecnologia da
informação é um dos principais pontos de partida para a compreensão de nossa
contemporaneidade. Segundo o autor, essa revolução tecnológica alterou a noção de espaço e
de tempo, categorias básicas de nossa relação com o outro e com o mundo. Em síntese, as
modernas tecnologias mudaram o sentido social do espaço e do tempo.
É importante ressaltarmos os impactos dessas mudanças tecnológicas também nos
processos de produção jornalística, gerando novos formatos como os infográficos interativos;
novas estruturas, como a organização centralizada dos mecanismos de apuração; novas
possibilidades narrativas a partir dos hipertextos e links, e, por fim, de um novo papel para o
receptor em uma relação agora com potencial mais dialógico e participativo. Para analisarmos
algumas dessas mudanças tomamos por base o site G1Maranhão.
Apesar de já dispor de um portal de notícias criado no começo dos anos 2000 e
consolidado como o maior portal de notícias do Maranhão (imirante.com), a TV Mirante,
afiliada da Rede Globo no Maranhão, foi levada, pelas ligações que tem com as organizações
Globo, a lançar em 15 de março de 2012, o G1Maranhão (g1.globo.com/ma/maranhao), portal
de notícias regional do G1 para o qual, a exemplo das demais afiliadas em todo o Brasil,
converge exclusivamente todo o conteúdo da TV Mirante e da própria Rede Globo.
Na visão do coordenador do G1Maranhão, jornalista Zeca Soares38
, o alto custo do
processo de produção de notícias regionais foi decisivo para que a Globo implantasse o portal
G1 nas afiliadas. Soares afirma “que a TV Mirante foi uma das últimas afiliadas da TV Globo
38 Em entrevista concedida ao autor em 16/11/2012.
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a aderir ao projeto do portal de notícias e que, no Sistema Mirante, atualmente a internet é a
mídia que mais cresce em audiência e com mais baixo custo operacional.”.
Desde então, a Mirante vem inovando com a implantação de uma redação unificada
para o atendimento das demandas dos dois suportes. As equipes da televisão e do portal
compartilham o mesmo espaço físico. Uma equipe reduzida, composta por 10 pessoas,
incluindo o coordenador e o webdesigner, é responsável pela sustentação do portal que opera
de 2ª a 6ª feira, das 6 da manhã à meia noite e nos fins de semana em regime de plantão.
De acordo com Soares, a maior parte das matérias é produzida a partir da redação,
utilizando-se telefone ou internet para o contato com as fontes. Outras são produzidas em
colaboração com as equipes de reportagem da televisão e só raramente são realizadas
reportagens presenciais, em que o jornalista se desloca para encontrar a fonte.
O portal de notícias G1Maranhão disponibiliza aos seus usuários a possibilidade de ter
acesso a notícias, serviços e entretenimento e trouxe como novidade o lançamento, em
novembro de 2012, do portal GE Maranhão (globoesporte.globo.com/ma) com notícias
produzidas a partir de matérias exibidas no Globo Esporte pela TV Mirante e desdobradas
para o portal.
Neste contexto, o internauta pode acessar diretamente as notícias produzidas
especificamente para o site, ou no espaço telejornais ter acesso a matérias veiculadas pela
Rede Globo e/ou TV Mirante. De maneira semelhante, pode acessar as notícias do esporte
diretamente no link GE Maranhão, recém criado, ou rever as matérias exibidas pelos
programas esportivos da rede e/ou afiliadas. O internauta pode ainda obter informações sobre
a situação dos vôos nos aeroportos de São Luís e Imperatriz ou participar no link VC no G1
da produção de notícias, utilizando o conceito de jornalismo colaborativo.
A colaboração online é um fenômeno próprio das mídias digitais que surgiu a partir da
expansão da internet em fins da década de 1990 (MADUREIRA, 2010). A internet
transformou a forma de produção, de publicação e de consumo de notícias, potencializando a
circulação de informações a milhões de pessoas, possibilitando ao internauta participar da
elaboração da notícia.
De acordo com Madureira (2010, p.37), o jornalismo colaborativo está diretamente
associado
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[...] à popularização do acesso à internet, ao aumento da velocidade das
conexões, à construção de websites mais sofisticados, [...] e também ao desenvolvimento de aparelhos portáteis de registro da realidade capazes de
abastecer estes bancos de dados online com informações do mundo sensível –
textos, fotos, sons e vídeos.
O conceito de jornalismo colaborativo parte do entendimento de que qualquer cidadão
é potencialmente um jornalista e pode participar da captação, produção e publicação de uma
notícia. Assim, no jornalismo digital o internauta-leitor, ao tornar-se um interlocutor que
opina, discute, reflete, sugere acerca dos temas propostos, assume um lugar de fala específico
no universo midiático.
Ao analisar as características do jornalismo online, Mielniczuk (2001) destaca o
resultado de estudos desenvolvidos por pesquisadores como Bardoel e Deuze (2000), que
estabelecem quatro elementos que refletem as potencialidades oferecidas pela internet a este
novo modelo de jornalismo: interatividade, customização de conteúdo, hipertextualidade e
multimidialidade. Palacios (1999) aponta cinco características ao jornalismo online:
multimidialidade/convergência, interatividade, hipertextualidade, personificação e memória.
Quer por razões técnicas ou mesmo de aceitação do público consumidor, nem todas as
características anteriormente citadas foram identificadas no presente estudo.
Sobre a interatividade, Bardoel e Deuze (apud MIELNICZUK, 2001, p. 3) consideram
que a notícia no jornalismo online propicia ao leitor/internauta sentir-se parte do processo de
construção da notícia. Essa participação pode acontecer de diferentes formas, seja nos fóruns
de discussão, seja pela troca de e-mails com a equipe de redação, entre outras.
Uma das possibilidades de interatividade do internauta no portal de notícias
G1Maranhão pode-se dar no espaço VC no G1 (conforme figura 1), em que o leitor envia
vídeos, fotos e textos, em sua maioria, de situações flagrantes do cotidiano que vão
complementar a cobertura do portal.
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Fig. 1 - Você no G1
Fonte: g1.globo.com/ma/maranhao em 15/11/2012
Segundo Soares, Cidade é a editoria mais trabalhada pelos internautas do VC no G1
(85%), com abordagens relacionadas a acidentes e congestionamentos no trânsito, denúncias
de buracos em ruas e avenidas, entre outros assuntos. Em seguida, a editoria de Cultura (7%),
com a divulgação de eventos de música, teatro e dança e na editoria de Esportes (5%) com
esporte amador e as competições locais.
Ao buscar informações complementares ou mesmo ao manifestar sua opinião, o
telespectador participa da produção de matérias, cria uma nova relação da audiência com a
mídia, e rompe com o clássico modelo de receptor-passivo, assumindo o papel de sujeito da
ação em um novo processo comunicativo.
Na televisão, essa postura não era vivenciada em sua plenitude. Percebe-se agora, com
a intermediação da internet e a mobilização das redes sociais, a tendência de construir um
telejornalismo baseado na colaboração de seus telespectadores, com o agenciamento dos
cidadãos repórteres (TARGINO, 2009).
Dessa forma, a participação do internauta não está restrita ao conteúdo do portal. Ele
pode, através do espaço interatividade, sugerir temas para a cobertura de todos os telejornais
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(locais) da TV Mirante, como é o caso da enquete mostrada em destaque na figura 2, onde
fica evidente a possibilidade de escolha da pauta da reportagem especial a ser exibida no
telejornal Bom dia Mirante.
Fig.2 – Interatividade
Fonte: g1.globo.com/ma/maranhao em 15/11/2012
Em todas as matérias publicadas no G1Maranhão é possível identificar recursos de
interatividade concedidos ao leitor no espaço “Comente agora”, através do qual ele pode
participar da notícia ao emitir comentários conforme se observa na figura 3.
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Fig.3 – Comente agora
Fonte: g1.globo.com/ma/maranhao em 02/12/2012.
A personalização ou Customização do conteúdo é a característica que consiste na
disponibilização de produtos jornalísticos, configurados de acordo com os interesses
individuais do usuário.
Há portais de notícias que permitem a prévia seleção de temas, de acordo com o
interesse do leitor. Entretanto, a personalização ainda não é uma característica explorada pelo
G1Maranhão para alavancar o número de acesso e popularizar o conteúdo do portal. O portal
não dispõe de ferramentas capazes de permitir ao leitor a escolha de assuntos específicos
sobre os quais deseja ter rápido acesso ou ainda de mecanismos que possibilitem o envio de
newsletter, por exemplo.
Segundo Bardoel e Deuze (apud MIELNICZUK, 2001, p. 4), a hipertextualidade é
uma característica apontada por alguns pesquisadores como específica do jornalismo online,
que traz a possibilidade de interconectar textos através de links. Para os autores, esse recurso
possibilita ao leitor, a partir do texto noticioso, acessar outros textos e sites relacionados ao
tema, além de materiais de arquivo.
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Esta característica é encontrada com bastante frequência no portal G1Maranhão, e
pode ser percebida nas manchetes e chamadas com letras em tamanhos maiores. A produção
das matérias é pensada de forma a dar ao leitor a opção de construir o próprio percurso de
leitura, de acordo com seus interesses e desejos de informação. Os links são dispostos em
algumas matérias oferecendo opções (ver figura 4), que desdobram o material, apontando
textos complementares ou de assuntos correlatos.
Fig.4 – Hipertextualidade
Fonte: g1.globo.com/ma/maranhao em 01/12/2012
É importante destacar uma qualidade encontrada no G1Maranhão que é o padrão
Globo a ser seguido pelos sites das afiliadas abrigados no portal G1. Com isso, a possibilidade
de hipertextualidade só aumenta na medida em que o leitor pode ser direcionado a todo o
conteúdo produzido pelo portal da Globo (G1), pelos portais regionais, pela TV Globo e
afiliadas.
No contexto do jornalismo online, a Multimidialidade/Convergência tanto na
perspectiva de Bardoel e Deuze (2000) quanto na de Palacios (1999), citados por Mielniczuk,
(2001), consiste na reunião de formatos da mídia tradicional, ou seja, em imagens, textos e
sons na construção da narração do fato jornalístico.
Alguns recursos utilizados frequentemente pelo portal G1Maranhão, para seguir a
tendência de multimidialidade, são a oferta de fotos e vídeos (figura 5) para complementar a
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informação visual da matéria. Dessa forma, o internauta pode assistir ou mesmo rever
matérias apresentadas nos programas jornalísticos, ou não, da TV Globo ou mesmo das
afiliadas.
Fig.5 – Multimidialidade
Fonte: g1.globo.com/ma/maranhao em 01/12/2012
Mais recentemente, contudo, as discussões sobre o processo de convergência39
no
jornalismo ganharam uma nova dimensão a partir do entendimento de Jenkins (2009, p. 29-
30) de que “representa uma transformação cultural, à medida que consumidores são
incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos
dispersos”.
39 O termo convergência é entendido a partir do contexto de cultura da convergência que define mudanças
tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo como as mídias circulam em nossa cultura e não apenas
como uma situação em que diferentes suportes coexistem e compartilham conteúdo. Fonte: JENKINS, Henry.
Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.
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Para o autor, o conceito extrapola a noção de simples fusão dos formatos da mídia
tradicional na produção de notícias na internet:
A convergência das mídias é mais do que apenas uma mudança tecnológica. A
convergência altera a relação entre tecnologias existentes, indústrias, mercados,
gêneros e públicos. A convergência altera a lógica pela qual a indústria midiática
opera e pela qual os consumidores processam a notícia e o entretenimento. Lembrem-se disto: a convergência refere-se a um processo, não a um ponto final.
[...] Graças à proliferação de canais e à portabilidade das novas tecnologias de
informática e telecomunicações, estamos entrando numa era em que haverá
mídias em todos os lugares. A convergência não é algo que vai acontecer um dia,
quando tivermos banda larga suficiente ou quando descobrirmos a configuração
correta dos aparelhos. Prontos ou não, já estamos vivendo numa cultura da
convergência. (JENKINS, 2009, p.43)
Neste sentido, O G1 buscou a convergência de conteúdos da TV Mirante e, por
consequência, de toda a programação da Rede Globo de Televisão com o site G1 Maranhão.
A intersecção das mídias televisão e portal de notícias amplia a capacidade de articulação da
sociedade em rede (CASTELLS, 2003) e de uma nova forma de consumo. Afinal, os meios
estão cada vez mais parecidos entre si e se constituem em núcleos de produção de informação
multimídia e multiplataforma, com uma dinâmica caracterizada pela agilidade de produzir e
distribuir notícias.
Sobre a memória no jornalismo online, Palacios (1999, apud MIELNICZUK, 2001)
destaca o fato de que o arquivo das informações é técnica e economicamente mais viável do
que nas mídias tradicionais. Desta forma, o volume e velocidade de informações, que podem
ser disponibilizadas imediatamente ao internauta, facilitam o acesso a material antigo.
O arquivamento de informações e documentos nos portais de notícia é operado por
meio de mecanismos de busca que, com o recurso de cruzamento de palavras-chave e datas,
possibilitam o acesso do usuário aos mais variados assuntos procurados.
No G1 Maranhão, quando uma palavra é submetida a busca, os resultados se
apresentam organizados de forma cronológica crescente, facilitando o acesso inicialmente às
últimas notícias publicadas, classificando-as por editoria.
Palácios (2002) acrescenta ainda a questão da atualização contínua das informações,
que para ele está entre as principais características do jornalismo online. Essa característica
possibilita a modificação de determinados padrões do jornalismo convencional, já que, na era
digital, as informações diferenciam-se dos meios tradicionais, e tudo o que está na rede é
provisório, pode ser modificado, complementado, diferentemente de outros suportes.
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Ao buscar mais informações sobre determinado assunto no G1Maranhão, é possível
encontrar uma série de notícias relacionadas com novos desdobramentos publicados nos mais
diferentes horários. Dessa forma, o internauta pode acompanhar a cobertura atualizada do
assunto de seu interesse.
Outro aspecto importante diz respeito à presença do jornalismo nos dispositivos
móveis, que implica mudanças que passam pelas práticas jornalísticas, pela circulação de
conteúdos, e, especialmente, pela ampliação da audiência. É possível imaginar o potencial
desse aumento tanto para o portal G1Maranhão quanto para a TV Mirante, a partir dos
conteúdos disponibilizados nos novos dispositivos portáteis como smartphones e tablets, que
possibilitam a mobilidade do internauta. Segundo Soares, o G1Maranhão ainda não produz
conteúdo específico para estes dispositivos, mas dispõe de um programa que atualiza
automaticamente os conteúdos do portal para os referidos equipamentos.
2 Considerações Finais
No início do segundo decênio do século XXI, com o surgimento de novas tecnologias
de informação e comunicação, e a complexidade das formas de se viver em sociedade, as
pesquisas sobre os processos de comunicação ganharam novas possibilidades de ampliar o
entendimento sobre a dimensão das influências que os meios de comunicação exercem sobre
o comportamento humano. Com as mudanças instituídas por intermédio das modernas
tecnologias, houve uma reconfiguração na dinâmica social, transformando não só as formas
de comunicação, mas toda a vida social, as relações no trabalho, as relações de consumo, a
educação e o entretenimento.
Podemos falar em emissão na internet, como falávamos de emissão nos mass media?
Houve uma mudança radical no processo de comunicação. Existe hoje uma emissão
diversificada, aberta e plural, em que qualquer pessoa pode emitir, e isso cria novas e diversas
possibilidades de se construir o processo de comunicação. Muda também toda a configuração
do receptor. Significa dizer que estamos diante do desafio de dar forma conceitual a um
campo de investigação em processo de mudança com impactos complexos e indefinidos e
com implicações na cultura e na sociedade.
Neste sentido, faz-se oportuna uma reflexão que procure identificar linhas e tendências
convergentes, entre pesquisas de comunicação de massa e novos modelos teóricos, para
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explicar as configurações dos processos de comunicação na sociedade atual. Não há como
pensar o mundo contemporâneo sem uma reflexão sobre as mudanças tecnológicas operadas
no poder, representado pelos grandes conglomerados de comunicação.
O portal G1Maranhão, por ainda não explorar de forma plena as possibilidades
oferecidas pelo ambiente digital, encontra-se diante do desafio de se reorganizar para o
desenvolvimento de novos produtos jornalísticos na busca de atingir um novo segmento de
mercado caracterizado por um grupo de leitores bem mais exigente. Dessa forma, os
dispositivos móveis são uma opção a ser trabalhada pelo G1Maranhão no sentido de
desenvolver conteúdo específico para manter atualizados seus usuários.
Outros produtos jornalísticos podem ser desenvolvidos a partir do conceito de
personalização de conteúdos, de acordo com o perfil e os interesses individuais do leitor.
Enfim, muitas são as possibilidades e potencialidades das novas tecnologias da informação e
comunicação. A convergência, a interatividade e a mobilidade permitirão, cada vez mais,
novas formas de relacionamentos, dando voz àqueles que antes não a possuíam. As exigências
do público e dos consumidores continuarão a impulsionar essas inovações.
Sem hierarquias e mediações o internauta, produtor de conteúdo, dispõe de todas as
ferramentas necessárias: a internet, o computador pessoal e milhares de usuários dispostos a
ler o conteúdo. Logo, com a democratização das ferramentas de produção, a internet e as
redes sociais consolidam-se como fonte de notícia e participação, diferenciando-se do antigo
modelo em que espectadores e leitores eram elementos passivos.
Estamos apenas no começo da era digital, imersos em um processo de transição que
ainda vai transcorrer pelas próximas décadas, quando novos modelos de comunicação
impostos pela Revolução Digital passarão por processos de desenvolvimento e consolidação.
Esses novos cenários ainda estão sendo experimentados, por isso, os profissionais devem estar
atentos às novidades que surgem diariamente no mercado e mais abertos em relação aos
meios, aos processos e às tecnologias.
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REFERÊNCIAS
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Editora Aleph, 2009.
MADUREIRA, Francisco Bennati. Cidadão-fonte ou cidadão-repórter? O engajamento do
público no jornalismo colaborativo dos grandes portais brasileiros. 2010. Dissertação
(Mestrado em Interfaces Sociais da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponíveis/27/27154/tde-08112010-115607/>. Acessado em:
22 nov. 2012.
MIELNICZUK, Luciana. Características e implicações do jornalismo na web. In: II
Congresso da SOPCOM, Lisboa, 2001. Disponível em:
<http://www.facom.ufba.br/jor/pdf/2001_mielniczuk_caracteristicasimplicaçoes.pdf>.
Acessado em: 19 nov. 2012.
NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
PALACIOS, Marcos. Jornalismo online, informação e memória: apontamentos para
debate. Disponível em:
< http://www.facom.ufba.br/jor/pdf/2002_palacios_informaçaomemoria.pdf>. Acessado em:
20 nov. 2012.
SANTAELLA, Lucia. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007.
TARGINO, Maria das Graças. Jornalismo Cidadão: informa ou deforma? Brasília: IBICT-
UNESCO, 2009.